dicas de ouro para melhor escrever - fábio c. martins

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Dicas de Ouro Para Melhor Escrever Fábio C. Martins Primeira Edição 2013

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Dicas par a escritores, o autor Fábio C. Martins transforma em livro dicas de seus blogs.

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  • Dicas de Ouro

    Para Melhor

    Escrever

    Fbio C. Martins

    Primeira Edio

    2013

  • Sumrio:

    1 - Escreva um Conto: 8 dicas para contistas

    2 - Escreva Melhor: 7 dicas para escritores

    3 - Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos

    4 - Leia Melhor: 6 Dicas para uma Boa Leitura

    5 5 Dicas Para Criar um Personagem

    6 - Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos

  • Dicas de Ouro

    para Melhor

    Escrever

    Fbio C. Martins

  • 1 - Escreva um Conto: 8 dicas para contistas

    Como havia prometido nas 7 dicas para escritores. Hoje, vou

    apresentar algumas dicas para quem pretende comear a escrever

    seus contos.

    Porm, antes de iniciarmos, nada melhor do que entendermos as

    diferenas entre o Conto e a Crnica.

    O Conto, como o prprio nome j diz, o ato de contar uma

    histria, ou seja, narrar, em prosa, uma pequena histria com

    poucos personagens. Ao escrever, necessrio manter a conciso, a

    preciso e a profundidade. O conto no pode ser uma simples

    narrativa, preciso que o final seja forte, produzindo uma euforia,

    uma excitao no leitor. Portanto, uma histria curta e

    emocionante, com um final que surpreenda o leitor.

    A Crnica, por outro lado, utiliza-se de acontecimentos dirios para

    compor a narrativa. O Cronista acrescenta, aos fatos reais de sua

    narrativa, pitadas de fico e fantasias, podendo, em certos textos,

    acrescentar a crtica como ponto mais alto do texto.

    Portanto, o Conto, por envolver um lado mais emocional, torna-se

    mais abstrato que a crnica, na qual, os fatos e crticas so a sua

    maior expresso. No entanto, no pense que o Conto seja pura

    fantasia, pois, atravs dos fatos reais que o contista desenvolver

    suas narrativas, mas sem estar preso a elas. ;)

    Bom, agora que j sabemos a diferena entre Contos e Crnicas,

    vamos s dicas de como escrever um Conto.

  • 8 Dicas para escrever um Conto

    1. Escolha uma situao

    A situao no precisa ser uma histria completa, basta ser um

    acontecimento, como, por exemplo: uma bola no telhado, uma

    batida de carro, uma pessoa acordando aps um sonho. Enfim, um

    momento no tempo; uma pintura. Esse ser o incio do teu conto,

    ou seja, a narrativa comear a partir daquele evento.

    2. Apresente o evento

    Essa uma das partes que eu mais gosto. nesse momento que

    voc comear a sair da realidade para fico, ou seja, neste

    ponto que sua narrativa deixa de lado os fatos reais para entrar

    numa realidade totalmente diferente do evento observado, onde

    ganhar um personagem e um ambiente. Nesse momento,

    portanto, a hora que voc pode tudo!

    2.1 Descreva o evento

    A descrio ajuda tanto o leitor quanto o escritor. atravs dela

    que voc poder dividir o mesmo ambiente com o personagem e o

    leitor; aquele momento mgico onde a tua imaginao ganha asas

    e cria um mundo totalmente novo e inesperado. Assim, se o seu

    momento for, por exemplo, uma batida de carro, descreva a batida

    e introduza o teu personagem na situao.

    Voc pode querer ser detalhista, descrevendo os cacos de vidros, a

    gritaria, as sirenes das ambulncias, o alvoroo formado Enfim,

    permitir que o leitor entre na tua imaginao. Porm, no perca

    muitas linhas com isso; descreva o ambiente para que o seu leitor

    possa entrar na histria como um observador. Se a descrio for

  • muito longa, pode ser que seu leitor acabe desistindo da leitura

    antes do grande final.

    2.2 No descreva o evento

    Apesar de gostar muito da descrio, para se iniciar o conto no

    necessrio o uso da descrio. Utilize o evento somente para dar

    incio narrativa, deixando, caso queira, a descrio para uma outra

    situao.

    Assim, imagine que a batida ocorreu diante de uma barbearia e que

    o seu personagem principal o barbeiro ou o cliente que aguardava

    sua vez. Da, devido batida, o personagem principal, ao sair para

    ver o que havia acontecido, no percebeu que seu celular havia

    cado atrs do banco onde estava sentado. Ento, por exemplo, seu

    conto poderia comear da seguinte forma: Cludio no teria como

    imaginar que aquela batida seria o incio de um pssimo dia

    3. Fuja do bvio

    Normalmente, sempre imaginamos o bvio. Acredito que, ao ler o

    exemplo da batida, voc imaginou que o personagem principal seria

    um dos envolvidos no acidente, estou certo? Se acertei, no se

    preocupe, isso normal, alis, esse exemplo foi proposital,

    justamente para explicar esta terceira dica.

    O evento s serve para iniciar a narrativa, pouco importa se o seu

    personagem , ou no, um dos envolvidos, o importante que voc

    no fique preso ao que 90% das pessoas pensariam. Veja que a

    batida somente serviu para dar incio ao exemplo, pois, o

    personagem no estava envolvido diretamente com o evento. Alis,

    uma batida de carro pode dar incio a vrios contos! A quantidade

    de pessoas envolvidas indiretamente com a batida, dependendo da

    cidade, pode chegar a mais 30. Portanto, no se deixe enganar pelo

  • bvio, lembre-se: o momento da apresentao do evento o mais

    interessante e divertido, onde TUDO pode acontecer.

    4. Desenvolvimento da narrativa

    Agora que voc j apresentou seu personagem, j situou ele no

    tempo e no espao, vem a parte que mais exige da sua imaginao,

    ou seja, a criao da narrativa, propriamente dita. Nessa parte voc

    dever narrar os acontecimentos posteriores situao inicial;

    portanto, Cludio (personagem de nosso exemplo) voltar para a

    barbearia, cortar o cabelo e seguir a sua vida, cuja narrativa

    caber a voc.

    Ao dizer que a batida de carro seria o incio de um pssimo dia, voc

    j deixou o leitor curioso, logo, os acontecimentos posteriores tero

    que caminhar para justificar o motivo da curiosidade, isto , o

    pssimo dia. Mantenha sempre a conciso e a preciso na narrativa.

    Por exemplo, se o pssimo dia foi causado pela batida, Cludio, ao

    esquecer o celular na barbearia, no recebeu as ligaes de sua

    esposa, uma mulher extremamente ciumenta, que acabar

    sofrendo um acidente de carro porque teve uma crise de cimes

    quando no conseguiu conversar com seu marido.

    Veja que este poderia ser o final da sua narrativa, um final que seu

    leitor no imaginar com tanta facilidade, pois, sendo uma mulher

    ciumenta, o bvio seria a morte de algum personagem. Logo, tendo

    nas mos a cartada final, voc deve conduzir o leitor durante todo o

    trajeto at que, finalmente, ele chegue ao fatdico momento.

    5. Use dilogos

    Os dilogos so essenciais para apresentar o personagem. Com ele,

    voc pode abusar de erros gramaticais, caso queira demonstrar que

    o seu personagem no possui uma educao elevada; pode

  • demonstrar que o seu personagem mais introspectivo, mais

    extrovertido, mais brincalho Enfim, uma forma de ajudar na

    elaborao do personagem, deixando a cargo do leitor a criao

    psicolgica do personagem, por exemplo. Voc pode evitar a

    descrio direta do personagem atravs dos dilogos. Portanto, no

    subestime os dilogos, eles so excelentes ferramentas para

    quebrar a ligao entre o narrador e o personagem.

    6. Anote suas ideias

    Muitos acreditam que so inspirados por Deus e, portanto, no

    precisam de mais nada alm de um simples papel e caneta. No

    acredite nisso! Apesar de existirem, esses casos so raros. O

    trabalho de um escritor 99% de pesquisa e 5% de inspirao,

    como diz o dito popular. Por mais simples que possa parecer,

    escolher uma situao no garante a continuidade do conto,

    causando-nos o to preocupante bloqueio mental e suas

    consequncias.

    O maior problema ao escrever um Conto no est no incio, nem no

    desenvolvimento, mas no final, pois, se ele tem que surpreender de

    alguma forma o leitor, encontrar essa surpresa poder demorar

    bastante, causando desconforto ao escritor que, misturado com o

    bloqueio causado pela insegurana, impedir o desenvolvimento da

    histria. Portanto, uma forma de evitar essas travadas manter

    as suas ideias sempre anotadas, mesmo as mais absurdas. Um

    caderno cheio de ideias so prticos na hora de finalizar o conto,

    pois, muitas vezes, o final de um determinado conto pode estar no

    comeo de outro e vice-versa. Ento, no deixe de anot-las! Alm

    do mais, pode ser que outros contos estejam prontos para surgirem

    dessas anotaes. ;)

    7. O Final

  • O final de um Conto deve trazer uma euforia, uma excitao. No

    precisa ser rebuscado, basta ser inesperado, algo que o leitor no

    estava esperando ou, pelo menos, que no fosse to bvio, como,

    por exemplo, o final do nosso exemplo, onde a esposa de Claudio

    morre em um acidente de carro, alis, um final com a mesma

    situao que gerou toda a histria. Essa estrutura cativa o leitor,

    deixando ele pensativo e vido para deixar seu comentrio. ;)

    Para comear a escrever um Conto, basta vontade, boa imaginao

    e alguma situao.

    Espero que essas dicas possam ajud-los de alguma forma. O intuito

    deste post no foi criar uma regra, uma frmula de como escrever

    um conto, mas, dar uma orientao e algumas ferramentas para

    que voc possa escrever seus textos.

  • 2 - Escreva Melhor: 7 dicas para escritores

    O maior medo de qualquer escritor, seja ele iniciante ou

    profissional, o inesperado Bloqueio Mental. Um momento de

    angstia e decepo pessoal.

    Infelizmente, o bloqueio mental no um privilgio de escritores.

    Muitos adolescentes, em fase de vestibular, tm essa dificuldade,

    principalmente quando ouvem do professor: Escrever uma redao

    simples, basta seguir o feijo com arroz: Introduo

    Desenvolvimento Concluso. Uma tcnica simples, mas, quando

    uma foto aparece combinada com uma frase e o candidato precisa

    fazer uma relao entre as duas, essa tcnica se torna praticamente

    intil diante do desespero momentneo que assola o cidado.

    Certamente, tanto eu quanto voc j passamos por situaes como

    essas, tanto na vida acadmica quanto profissional. Mas saiba que

    existe uma forma perder esse medo ou, pelo menos, evitar que suas

    consequncias durem mais do que 3 minutos.

    A verdade que no h uma frmula para se escrever bem ou

    aquilo que se pedido, mas h dicas que podero te dar uma

    segurana maior, isso com certeza. Porm, antes de entrarmos nas

    dicas, deixaremos dois conselhos valiosos para que voc possa

    aprimorar o seu lado escritor:

    1 Ter um bom dicionrio:

    Um dicionrio no s ajuda escrita como proporciona a

    descoberta de novas palavras. Alm de dispor de conjugaes

    verbais, regras de gramtica e, em muitos casos, sinnimos que

    ajudam a encorpar seu texto, o dicionrio te dar, tambm, uma

    segurana na hora de escrever, como uma pedra fundamental da

    vida educacional de qualquer indivduo.

  • 2 Ter uma Leitura diversificada:

    Leia livros, revistas, bulas de remdios, panfletos, notas de rodap.

    Leia tudo que aparecer pela tua frente, sem preguia e com calma.

    Manter contato com diversos textos (literrios, jornalsticos ou

    informativos) possibilitar o desenvolvimento do seu lado crtico,

    permitindo melhores escolhas de leituras no futuro, pois, ningum

    sabe o que lhe agrada ou no, sem antes conhecer o tema. Apesar

    de ser a parte mais trabalhosa, a leitura agrega conhecimentos que

    ficaro com voc at o ltimo dia de sua vida, ou at o incio de um

    mal de Alzheimer.

  • 7 Dicas para Melhorar a Escrita:

    1. Transcreva um dilogo.

    Escolha uma entrevista de rdio, televiso ou at de vdeos na

    internet e transcreva aquele dilogo. Tente pontuar corretamente,

    usando um dicionrio se for preciso. Alm de aprender as formas de

    pontuao utilizadas em um dilogo, voc poder se preparar para

    as prximas dicas que viro.

    2. Escreva um dirio.

    Por mais bobo que isso possa parecer, escrever um dirio

    proporciona um autoconhecimento como te ajuda a perder o medo

    da escrita. Escrevendo somente para voc, o medo de escrever

    errado e ser criticado somem, deixando voc livre para se expressar

    verdadeiramente. Sem contar que, no futuro, voc ir me agradecer

    por essa dica! ;)

    3. Escolha um local, uma foto ou um quadro.

    Focalizando na imagem, tente descrever o ambiente em que a

    imagem foi inserida. Por exemplo: se for a imagem de uma cadeira,

    descreva o material que ela feita, o local onde ela foi colocada, a

    iluminao que entrava pela janela, ou a iluminao artificial que fez

    com que a imagem aparecesse. Descreva o clima: estava frio? Era

    inverno, vero, primavera ou outono? Tente se imaginar como um

    mero observador da cena. A descrio permite que o leitor entre na

    histria. Nunca subestime o poder da sugesto.

    4. Siga o exemplo do Twitter.

    Descreva o seu quarto (ambiente com a tua cara) em 140 palavras .

    Saber enxugar o texto fundamental, principalmente quando voc

  • precisa demonstrar conhecimento em poucas palavras, como o

    caso de redaes de vestibular. Tente tirar proveito dessa tcnica

    em outras mdias, seja um texto, uma redao ou at em pequenos

    contos. Se voc no v muito sentido nisso, veja como Ea de

    Queiroz descreve o Primo Baslio num dos primeiros pargrafos do

    livro:

    A sala esteirada, alegrava, com o seu teto de madeira pintado a

    branco, o seu papel claro de ramagens verdes. Era em julho, um

    domingo; fazia um grande calor; as duas janelas estavam cerradas,

    mas sentia-se fora o sol faiscar nas vidraas, escaldar a pedra da

    varanda; havia o silncio recolhido e sonolento de manh de missa;

    uma vaga quebreira amolentava, trazia desejos de sesta, ou de

    sombras fofas debaixo de arvoredos, no campo, ao p dgua; nas

    duas gaiolas, entre as bambinelas de cretone azulado, os canrios

    dormiam; um zumbido montono de moscas arrastava-se por cima

    da mesa, pousava no fundo das chvenas sobre o acar mal

    derretido, enchia toda a sala dum rumor dormente.

    Esse pargrafo descreve como Lusa se sente; trancada em seu

    mundo, sem muita perspectiva de futuro. Quem leu, sabe que esse

    sentimento que d base para todo o livro. Enfim, Ea de Queiroz

    era um Gnio da descrio; portanto, sigam-no os bons.

    5. Escolha um texto cientfico.

    Escolha um texto cientfico e monte uma tabela sobre os pontos

    abordados. Foque nas ideias principais e veja como o autor

    estabelece a ligao das ideias para a concluso do texto, o velho: A

    + B = C.

    Essa prtica ajudar na formulao de futuros textos mais crticos.

    Pois, alm de te fornecer novos pontos de vista, voc poder utilizar

  • a estrutura das concluses em textos futuros. No pense que na

    escrita tudo deve ser novo e original.

    6. Entreviste uma pessoa.

    Monte uma lista com perguntas, como naqueles cadernos de

    enquete do colgio, sem ser infantil. Tente fazer a lista como se

    cada resposta fosse um gancho para outra pergunta. Esse

    mecanismo ajuda tanto o entrevistado quanto os leitores,

    mantendo uma sequncia lgica e temporal do que est sendo dito

    e lido. Teste com seus familiares, amigos e com voc mesmo!

    7. Seja um observador.

    Muitas histrias surgem de um simples acontecimento, como por

    exemplo, uma bola sobre o telhado, um tombo na rua, uma batida

    de carro, uma chuva de sapos. Enfim, tudo que est ao seu redor faz

    parte de uma histria, portanto, se quiser ser um bom contador de

    histrias, seja, antes de tudo, um bom observador. Observe o

    mundo, as pessoas, os animais, os comportamentos humanos e o

    balano das rvores. Deixe sua mente fluir naquelas histrias e volte

    pra casa repleto de novos acontecimentos e histrias para contar.

  • Melhores Dilogos: Entenda os 3 tipos de discursos

    Na ltima postagem sobre Dicas, disse que iria fornecer alguns

    conselhos sobre dilogos, mas, por mais que seja divertido brincar

    com os dilogos dos personagens, de extrema importncia que o

    escritor conhea os trs tipos de discursos para conseguir elaborar

    bons dilogos. Sendo assim, peo desculpas pela mudana, mas

    tenho certeza que essa a melhor forma.

    Com tudo devidamente explicado, vamos seguir com as dicas do

    Folhetim.

    Hoje, vou introduzir o conceito de discursos que, segundo o

    Dicionrio Houaiss quer dizer: enunciado oral ou escrito em que se

    supe um locutor e um interlocutor. Assim, temos, ento, o

    Discurso Direto, Indireto e o Indireto Livre, tcnicas narrativas

    extremamente utilizadas em textos literrios.

    Tenha em mente que o correto uso dos discursos pode influenciar

    na fluncia da histria e, consequentemente, no sucesso com os

    leitores. Portanto, no deixe de conferir como cada discurso

    produzido e quais as melhores formas de utiliz-lo para ter um texto

    mais interessante.

  • Discursos: o Direto; o Indireto e o Indireto Livre

    1. Discurso Direto

    O discurso direto o mais conhecido. Com ele, o narrador

    interrompe a narrativa com as falas do personagem, permitindo que

    ele possa conversar diretamente com o leitor, isto , o narrador

    entrega a palavra ao prprio personagem.

    Sua estrutura muito simples, as falas so introduzidas por um

    verbo declarativo, dois pontos e, na outra linha, travesso.

    O interessante, neste discurso, que o escritor permite que o

    personagem tome vida atravs de suas prprias palavras. Ou seja,

    atravs do discurso direto, podemos estabelecer um vnculo direto

    com o personagem de forma integral e literal.

    Vamos a um exemplo de Discurso Direto:

    Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e foi at a mesa de Jlia,

    uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretenso, perguntou:

    Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!

    2. Discurso Indireto

    Nesta forma de discurso, o narrador, ao invs de deixar o

    personagem expressar suas opinies, toma a fala para si e a

    reproduz em suas prprias palavras, interferindo na ligao entre o

    personagem e o leitor.

    Muitas vezes, o uso do discurso indireto pode ser utilizado para

    esconder a personalidade do personagem, pois, como o narrador

    que expressa a fala do personagem, a integralidade e literalidade da

    fala se perde na traduo do narrador.

  • Vale lembrar que no Discurso Indireto, o tempo verbal ser sempre

    no passado e na 3 pessoa, diferente do discurso direto, onde a fala

    ocorre naquele exato momento.

    Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:

    Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou at a mesa

    de Jlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando mesa, como

    se no a conhecesse, perguntou se ela era a Jlia, aquela antiga

    amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que

    h muito no se encontravam.

    3. Discurso Indireto Livre

    O Discurso Indireto Livre o resultado de uma mistura dos dois

    discursos anteriores, ou seja, uma pitada de discurso direto e

    indireto para compor as falas dos personagens.

    Essa tcnica uma excelente ferramenta para expressar o que os

    personagens esto imaginando. Quais so seus sonhos, desejos e

    aes que faro no decorrer da histria, permitindo que o leitor

    entre, verdadeiramente, na cabea do personagem, podendo se

    identificar com ele e, porque no, torcer para que ele se d bem no

    final da histria.

    O uso do discurso indireto livre pode ser muito gratificante para a

    histria. Pois, com ele, o personagem acaba recebendo um maior

    destaque caso seja necessrio. Porm, para que esse discurso seja

    utilizado, o narrador precisa ser onisciente, isto , aquele sabe tudo

    sobre os personagens; seus medos, anseios e desejos. Portanto, v

    que essa tcnica muito utilizada para o personagem principal,

    assim como para outros que necessitam de maior destaque, como,

    por exemplo, o vilo.

  • Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:

    Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor

    fase, no s pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas

    As noites em claro que passava conversando com uma, duas, trs,

    ou at quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que

    muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores

    chatos e provas. Enfim, conversas descartveis, mas que rendiam

    boas horas de diverso.

    Porm, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que

    varriam a madrugada adentro, parando somente para o caf da

    manh. Conversas que ele s tinha com Jlia, uma aluna do 2

    perodo, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a

    melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Jlia e suas

    conversas. E, sentado, esperando Joo que havia sado para fumar,

    Carlos se lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria

    acontecido com Jlia desde o final da faculdade, e se arrependendo

    por no ter mantido contato com ela.

    Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garom e pediu mais

    uma poro de batata frita, como Joo havia lhe pedido, antes de

    sair. Porm, ao virar-se para procurar Joo, que j estava fora h

    mais de 15 minutos, Carlos no pode acreditar no que via. Jlia, a

    aluna do 2 semestre, estava sentada a duas mesas de distncia,

    sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo

    da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela

    viso, certificou-se que era a mesma Jlia e, sussurrando, afirmou

    em voz baixa: ela!

    Como se algo o forasse a levantar, criou coragem e sem pretenso

    alguma, dirigiu-se at sua mesa e perguntou:

  • Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!

    E esses so as trs tcnicas.

    Me pretendi a utilizar os mesmos personagens e as mesmas

    circunstncias para que voc pudesse ver o quo importante so

    esses trs discursos. E espero que vocs tenham notado que,

    dependendo do discurso adotado, muita coisa pode mudar. Alis,

    quem no imaginou que Carlos era mais um rapaz em um bar

    querendo se dar bem com Jlia?

  • Leia Melhor: 6 Dicas para uma Boa Leitura

    Dando continuidade s Dicas do Folhetim, nesta semana vou listar

    algumas formas de como poderemos melhorar a nossa leitura para

    desenvolvermos um hbito de leitura.

    Muitos afirmam que no conseguem ler por alguma limitao, seja

    uma questo de tempo, de lugar ou de disposio. Mas, na verdade,

    o que no conseguimos manter um hbito de leitura. Somente

    atravs do exerccio constante que conseguiremos manter uma

    rotina de leitura. Imagine que voc acabou de entrar na academia,

    no ser em duas semanas que seu corpo atingir a perfeio

    desejada, ser? Ento, por que pensar diferente com o hbito de

    leitura? Ler um exerccio como qualquer outro.

    Assim, depois dessa explicao cafona, dou-me por satisfeito e

    posso comear as valiosas dicas.

  • 6 Dicas para uma Boa Leitura

    Antes de tudo, lembre-se: essas dicas so baseadas nas minhas

    experincias de leitura. Portanto, se voc j possui um hbito ou

    outras dicas, deixe seu comentrio para que outros leitores possam

    melhorar sua leitura.

    1. Escolher um livro

    Parece bobagem, mas saber escolher um livro fundamental para

    uma boa leitura. Muitos acabam escolhendo os livros pela capa,

    pela fama ou por uma simples indicao, deixando de lado o que

    mais importa: o que voc tem vontade de ler.

    Para criarmos um hbito de leitura, devemos comear, SEMPRE, por

    algo que nos d prazer em ler. Por exemplo, se voc gosta de

    romances, no procure uma fantasia, pois bem capaz que voc a

    deixar de lado nas primeiras pginas.Por mais bobo que isso possa

    parecer, escolher um livro que se adapte as nossas vontades pode

    despertar o prazer pela leitura. Portanto, se voc gosta de

    romances, v de romances e no se preocupe com a opinio alheia.

    Seja firme e decidido, na hora da escolha. Fuja daquela velha

    histria de que tal livro bom por ter sido escrito por fulano ou

    sicrano. Livro bom aquele que, ao final, te dar uma sensao de

    felicidade e satisfao.

    Siga os teus instintos e escolha o livro certo.

    2. O Local

    Ter um bom livro nas mos j meio caminho andado para uma

    boa leitura. Porm, de nada adiantar ter o livro e a vontade de

    devor-lo se voc no estiver em um local favorvel para a leitura.

  • Normalmente, pela falta de tempo, muitas pessoas acham que a

    melhor opo para uma leitura a cama, a nossa boa e velha amiga.

    Mas, enganam-se. Sem dvida que um lugar aconchegante,

    distante de tudo e de todos, porm, sua funo principal servir

    para o nosso descanso dirio; portanto, esquea a cama, ela no

    ser o melhor local para uma boa leitura.

    Uma boa leitura se faz com um ambiente calmo, iluminado e

    arejado. Nunca, em hiptese alguma, comece a leitura em um

    ambiente barulhento, pois, alm de lhe tirar a ateno, as chances

    de que voc fique irritado com a fonte do barulho so altas, e esta

    no ser a melhor forma de comear a leitura. Portanto, escolha

    locais mais apropriados, tais como: a sala de sua casa, o jardim do

    prdio, um parque Qualquer lugar calmo e tranquilo j suficiente

    para iniciar uma leitura. Lembre-se: o interesse pelo livro comea

    nas primeiras pginas. Se a histria no te cativar nos primeiros

    captulos, certamente voc no ter uma boa experincia.

    A escolha do local correto, portanto, favorece a leitura e permite

    que sua imaginao flua junto com a narrativa. Por exemplo, j

    imaginou como seria interessante ler Mobi Dick em uma viagem de

    barco? Acredito que s de pensar nessa possibilidade voc j ficou

    com vontade, no ? Ento, nada de procurar um lugar qualquer.

    Escolha o local mais apropriado para o tipo de leitura, seguindo os

    conselho dados sobre o ambiente.

    3. A Postura

    Como eu havia dito, ler um livro deitado no a melhor postura

    para uma boa leitura. Ento, qual seria a melhor postura? Se voc

    respondeu: sentado. Parabns, voc acertou.

    Por mais que parea estranho, ler um livro sentado continua sendo

    a melhor posio para atingir um melhor aproveitamento. Alguns

  • diro que, mesmo deitados, conseguem aproveitar a leitura.

    Realmente, existe pessoas que j adquiriram esse hbito, porm, se

    voc ainda no chegou nesse nvel, no abuse da sorte, escolha a

    postura convencional: cadeira e mesa.

    Sentado, sua estrutura corprea estar relaxada, evitando tenses

    na musculatura dos ombros, coluna e pescoo, regies que so

    importantssimas para ter uma leitura de boa qualidade. Portanto,

    procure uma mesa adequada, onde seus braos possam formar um

    ngulo de 90 graus quando apoiados a ela. Utilize uma cadeira firme

    e sem muita inclinao para que voc possa apoiar sua coluna

    totalmente. Ah, e se puder deixar o livro com uma inclinao de 40

    graus em relao mesa, seu conjunto estar perfeito.

    4. Amaciando o Livro

    Se j estiver com o livro nas mos, num bom ambiente e na postura

    adequada para uma boa leitura, agora s falta preparar o livro (essa

    dica no ser bem acolhida pelos apaixonados por livros).

    Por mais paixo que tenhamos pelos livros, no podemos trat-los

    como jias, tentando evitar as marcas de utilizao um livro tem

    que demonstrar que foi lido. O livro precisa ser amaciado, surrado

    e, por assim dizer, aberto; caso contrrio, o virar de pginas ser um

    transtorno sem igual.

    Portanto, vejamos uma forma interessante para se amaciar o livro:

    Apoie o livro sobre a mesa sem o suporte para inclinao;

    Vire a capa e mais 5 pginas e passe o dedo no meio do livro at

    formar um vinco;

    Puxe mais umas 15 pginas e faa o mesmo;

  • Repita esse procedimento at chegar ltima pgina;

    Feche o livro e abra-o aleatoriamente, forando sua estrutura at

    que ele esteja fcil de abrir (tome cuidado para no quebrar a

    lombada).

    At o final da semana, terei um vdeo explicando essa 4 Dica.

    Se voc seguiu os conselhos corretamente, seu livro j estar mais

    malevel, evitando que as pginas voltem ao ponto de origem.

    5. Pausa Durante a Leitura

    No queira ler um livro inteiro sem algumas pausas veja o que

    falamos sobre a competio na leitura. As pausas so to

    importantes quanto a postura, pois, mesmo estando em uma

    posio favorvel, aps algumas horas sua circulao sangunea

    estar debilitada. Portanto, aps uma hora ou duas de leitura

    (dependendo do quo animado voc estiver), faa uma pausa de 10

    a 20 minutos para descansar, porm, no mais do que isso. Pois,

    caso contrrio, bem capaz que sua ateno seja retirada da

    narrativa por outros fatores externos.

    Portanto, quando for fazer uma pausa, siga essas instrues:

    Vire a cabea para a sua direita/esquerda e faa um giro completo.

    Inicie de um lado (esquerdo/direito), suba como se fosse olhar para

    o cu, desa at o lado oposto (direito/esquerdo), finalize

    completando o crculo at o lado inicial (esquerdo/direito) (faa

    esses movimentos tanto para esquerda quanto para a direita);

    Faa movimentos circulares com os ombros;

    Levante-se e caminhe um pouco (suas pernas necessitam de um

    relaxamento).

  • Essas pausas em conjunto com os exerccios melhoraro a sua

    circulao, dando-lhe mais energia para continuar a leitura,

    portanto, no deixe de utiliz-las.

    6. Escreva uma Resenha

    Depois que tiver escolhido o livro, o local, tiver se posicionado

    corretamente, tiver amaciado o livro, tiver feito as pausas

    necessrias e terminado a leitura, nada melhor do que fazer uma

    resenha e compartilhar sua experincia com seus amigos. Lembre-

    se, no basta dizer que o livro bom, preciso indicar os pontos

    fortes, cativando o leitor histria. Alm do mais, uma boa resenha

    permite a fixao da histria, e serve, tambm, para avaliar o

    quanto foi absorvido do livro. Ademais, uma resenha bem feita

    aprenda a escrever uma resenha pode ajudar outras pessoas a

    fazerem uma boa escolha de leitura.

    Espero que essas dicas possam ajud-los de alguma forma. E

    conforme digo em todos os posts de dicas, essas dicas no so

    regras, so diretrizes, ferramentas para que voc possa melhorar a

    sua experincia e aproveitamento.

  • 5 Dicas Para Criar um Personagem

    Seguindo as Dicas do Folhetim, nesta semana vamos ver alguns

    conselhos para que voc possa criar o seu personagem, portanto,

    fique atento e pegue o lpis e papel.

    A palavra pessoa tem sua origem mais remota na Antiga Grcia

    como prsopon ou aspecto, passando ao antigo etrusco como

    phersu, sendo denominada pelos latinos como persona, que

    hoje conhecemos como personagem. Essa derivao ocorreu devido

    utilizao da palavra persona para identificar as mscaras

    utilizadas pelos atores teatrais, pois, sua estrutura possua um

    orifcio por onde a voz dos atores era propagada.

    Depois dessa breve explicao do significado da palavra, vamos ao

    que realmente interessa:

  • 5 Dicas Para Criar um Personagem

    1. Ficha de Personagem

    Muitos deixam de lado essa dica, acreditando que se lembraro de

    quais so todas as anotaes sobre o personagem que esto prestes

    a criar.

    Manter uma ficha separada somente para o personagem ajuda no

    decorrer da histria, pois, evita a releitura total do texto para achar

    alguma informao sobre como ou o qu personagem tem sua

    disposio.

    Assim, portanto, primeira dica bsica : Mantenha uma ficha do seu

    personagem.

    [button link=http://www.folhetimonline.com.br/wp-

    content/uploads/2011/12/ficha-de-personagem.pdf color=silver

    newwindow=yes] Ficha de Personagem[/button]

    2. Tipo de personagem

    Agora que voc j possui a sua ficha de personagem, vamos ao

    prximo passo que ser a escolha do papel que o seu personagem

    ir desempenhar durante a histria.

    O papel do personagem deve ser estabelecido logo no incio da

    histria, pois, ser esse papel que dever (ou no, dependendo da

    sua narrativa) representar durante toda a histria. Portanto, veja a

    tabela abaixo e identifique qual o papel do seu personagem na

    histria. Ele ser um protagonista, um antagonista, um coadjuvante

    e etc.

  • Personagens

    Significado

    Protagonista. o personagem mais importante da obra, no qual a

    histria gira em torno dele. Geralmente o heroi e alguns casos

    pode existir mais de um.

    Co-protagonista. o personagem de segunda maior importncia da

    obra. Geralmente a pessoa que ajuda o heri e alguns casos pode

    existir mais de um.

    Antagonista. o personagem que rivaliza o protagonista, quase

    sempre batalha com o mesmo no final da obra. Geralmente o

    vilo e alguns casos pode existir mais de um, no entanto, o

    antagonista no precisa ser necessariamente uma pessoa, podendo

    ser um objeto, um animal ou um fato que dificulte os objetivos do

    protagonista (como a situao financeira do mesmo, problemas

    culturais e/ou sociais, deficincias fsicas e/ou psicolgicas etc.).

    Oponente. o personagem que ajuda o antagonista. Da mesma

    forma que o coadjuvante em relao ao protagonista, geralmente

    amigo ou parente do antagonista principal, embora s vezes

    trabalhe o sirva para o mesmo.

    Coadjuvante ou personagem secundrio. o personagem que ajuda

    o protagonista, na maioria das vezes tem amizade ou parentesco

    com o mesmo. A importncia dele pode variar dependente da obra.

    Figurante um personagem que no fundamental para a trama

    principal, que tem como nico objetivo ilustrar o ambiente e o

    espao social que so representados durante o desenrolar de uma

    ao da trama.

  • (tabela retirada do Wikipdia: link externo)

    Sabendo qual o tipo do seu personagem, agora voc precisa

    determinar como ele se portar na sua histria, qual ser sua

    posio e seu papel durante a trama. Ou seja, na parte de resumo

    da Ficha de Personagem, faa um breve resumo sobre a sua histria

    de vida, determinando o momento exato que ele ir iniciar na sua

    histria.

    3. Resumo do Personagem

    Neste momento que voc determinar se o seu personagem

    essencial para a histria, conforme j analisado na dica anterior. Em

    sua ficha de personagem, no campo do Resumo, determine se o teu

  • personagem ir conduzir a histria como um protagonista ou ser

    conduzido pelo narrador. (veja as dicas sobre os trs tipos de

    discursos). E lembre-se, no tente fazer um livro sobre o

    personagem. Esta etapa serve para dar um norte ao personagem.

    Essa dica est em conjunto com a segunda dica, portanto, ao

    escrever o resumo do seu personagem, utilize a tabela dos tipos

    para que voc possa fazer um bom resumo. Portanto, sabendo

    quais so os personagens e como eles participaro da histria,

    podemos passar para a terceira dica.

    4. Descrio Fsica

    Alguns acreditam eu tambm que a descrio fsica do

    personagem ir lhe garantir uma personalidade, ou mscara. Ou

    seja, a caracterstica fsica ser fundamental para a utilizao do

    personagem durante a trama. Portanto, no seja negligente nesta

    parte, utilize as dicas anteriores para dar ao teu personagem uma

    descrio condizente com a sua personalidade.

    Infelizmente, nesta hora que certos pr-conceitos so

    estabelecidos. Por mais que todos digam que no deveria existir

    esse tipo de coisa, h um arqutipo para cada tipo de personagem,

    seja ele mora moral ou fsico, fugir destes padres pode prejudicar a

    sua histria, como tambm pode enaltec-la. Portanto, tome

    cuidado. Quebrar paradigmas no uma tarefa fcil.

    5. Pontos de Desenvolvimento

    Esta dica serve mais para manter o teu personagem atualizado,

    mantendo-o na histria sem a quebra da lgica, pois, se o teu

    personagem em algum momento disser ou desenvolver um medo

    de alturas (algo que voc no previu no resumo), durante toda a

  • histria voc dever manter este medo, evitando que haja uma

    quebra na lgica.

    Felizmente, mesmo durante a elaborao do personagem, no nos

    damos conta de como ele poder ganhar vida prpria,

    desenvolvendo medos, conquistando certos objetivos e etc.

    Portanto, manter essas informaes sobre o seu prprio

    desenvolvimento importante. No se esquea.

    6. Anotaes

    Durante a narrativa, pode ser que surja uma ideia legal para aquele

    personagem, porm, o momento no apropriado, mas, voc sabe

    que aquela ideia ser bem interessante para o crescimento da

    trama. Logo, esta ltima dica fundamental!

    Na Ficha de Personagem, existe um campo razovel para esse tipo

    de anotao, portanto, use-o sem a menor preocupao. Alm do

    mais, mesmo que voc no venha a utiliz-las, estas ideias podem

    fazer parte de outros personagens em sua trama.

  • Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos

    Na ltima postagem sobre Dicas, disse que iria fornecer alguns

    conselhos sobre dilogos, mas, por mais que seja divertido brincar

    com os dilogos dos personagens, de extrema importncia que o

    escritor conhea os trs tipos de discursos para conseguir elaborar

    bons dilogos. Sendo assim, peo desculpas pela mudana, mas

    tenho certeza que essa a melhor forma.

    Com tudo devidamente explicado, vamos seguir com as dicas do

    Folhetim.

    Hoje, vou introduzir o conceito de discursos que, segundo o

    Dicionrio Houaiss quer dizer: enunciado oral ou escrito em que se

    supe um locutor e um interlocutor. Assim, temos, ento, o

    Discurso Direto, Indireto e o Indireto Livre, tcnicas narrativas

    extremamente utilizadas em textos literrios.

    Tenha em mente que o correto uso dos discursos pode influenciar

    na fluncia da histria e, consequentemente, no sucesso com os

    leitores. Portanto, no deixe de conferir como cada discurso

    produzido e quais as melhores formas de utiliz-lo para ter um texto

    mais interessante.

  • Discursos: o Direto, o Indireto e o Indireto Livre

    1. Discurso Direto

    O discurso direto o mais conhecido. Com ele, o narrador

    interrompe a narrativa com as falas do personagem, permitindo que

    ele possa conversar diretamente com o leitor, isto , o narrador

    entrega a palavra ao prprio personagem.

    Sua estrutura muito simples, as falas so introduzidas por um

    verbo declarativo, dois pontos e, na outra linha, travesso.

    O interessante, neste discurso, que o escritor permite que o

    personagem tome vida atravs de suas prprias palavras. Ou seja,

    atravs do discurso direto, podemos estabelecer um vnculo direto

    com o personagem de forma integral e literal.

    Vamos a um exemplo de Discurso Direto:

    Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e foi at a mesa de Jlia,

    uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretenso, perguntou:

    Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!

    2. Discurso Indireto

    Nesta forma de discurso, o narrador, ao invs de deixar o

    personagem expressar suas opinies, toma a fala para si e a

    reproduz em suas prprias palavras, interferindo na ligao entre o

    personagem e o leitor.

    Muitas vezes, o uso do discurso indireto pode ser utilizado para

    esconder a personalidade do personagem, pois, como o narrador

  • que expressa a fala do personagem, a integralidade e literalidade da

    fala se perde na traduo do narrador.

    Vale lembrar que no Discurso Indireto, o tempo verbal ser sempre

    no passado e na 3 pessoa, diferente do discurso direto, onde a fala

    ocorre naquele exato momento.

    Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:

    Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou at a mesa

    de Jlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando mesa, como

    se no a conhecesse, perguntou se ela era a Jlia, aquela antiga

    amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que

    h muito no se encontravam.

    3. Discurso Indireto Livre

    O Discurso Indireto Livre o resultado de uma mistura dos dois

    discursos anteriores, ou seja, uma pitada de discurso direto e

    indireto para compor as falas dos personagens.

    Essa tcnica uma excelente ferramenta para expressar o que os

    personagens esto imaginando. Quais so seus sonhos, desejos e

    aes que faro no decorrer da histria, permitindo que o leitor

    entre, verdadeiramente, na cabea do personagem, podendo se

    identificar com ele e, porque no, torcer para que ele se d bem no

    final da histria.

    O uso do discurso indireto livre pode ser muito gratificante para a

    histria. Pois, com ele, o personagem acaba recebendo um maior

    destaque caso seja necessrio. Porm, para que esse discurso seja

    utilizado, o narrador precisa ser onisciente, isto , aquele sabe tudo

    sobre os personagens; seus medos, anseios e desejos. Portanto, v

    que essa tcnica muito utilizada para o personagem principal,

  • assim como para outros que necessitam de maior destaque, como,

    por exemplo, o vilo.

    Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:

    Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor

    fase, no s pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas

    As noites em claro que passava conversando com uma, duas, trs,

    ou at quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que

    muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores

    chatos e provas. Enfim, conversas descartveis, mas que rendiam

    boas horas de diverso.

    Porm, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que

    varriam a madrugada adentro, parando somente para o caf da

    manh. Conversas que ele s tinha com Jlia, uma aluna do 2

    perodo, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a

    melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Jlia e suas

    conversas. E, sentado, esperando Joo que havia sado para fumar,

    Carlos se lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria

    acontecido com Jlia desde o final da faculdade, e se arrependendo

    por no ter mantido contato com ela.

    Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garom e pediu mais

    uma poro de batata frita, como Joo havia lhe pedido, antes de

    sair. Porm, ao virar-se para procurar Joo, que j estava fora h

    mais de 15 minutos, Carlos no pode acreditar no que via. Jlia, a

    aluna do 2 semestre, estava sentada a duas mesas de distncia,

    sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo

    da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela

    viso, certificou-se que era a mesma Jlia e, sussurando, afirmou

    em voz baixa: ela!

  • Como se algo o forasse a levantar, criou coragem e sem pretenso

    alguma, dirigiu-se at sua mesa e perguntou:

    Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!

    E esses so as trs tcnicas.

    Pretendi utilizar os mesmos personagens e as mesmas

    circunstncias para que voc pudesse ver o quo importante so

    esses trs discursos. E espero que vocs tenham notado que,

    dependendo do discurso adotado, muita coisa pode mudar. Alis,

    quem no imaginou que Carlos era mais um rapaz em um bar

    querendo se dar bem com Jlia?