diário para o futuro

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Afinal o que faz uma vida valer à pena? Foi a partir dessa inquietação que certo dia eu resolvi escrever para meus bisnetos lá no futuro, para lhes contar um pouco sobre mim e ver se achava algo que me respondesse a essa pergunta. Eu me perguntei o que teria de interessante para lhes dizer, , uma questão importante desde o início, então resolvi contar sobre alguns encontros que eu tive na vida que ajudaram a construir a pessoa que sou hoje; e através do que digo, espero, eles me conheçam um pouco melhor.

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São Paulo 2012

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Copyright © 2011 by Editora Baraúna SE Ltda

CapaAF. Capas

Projeto GráficoTatyana Araujo

Revisão Daniel de Souza

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________R71d Rosangela, Maria Diário para o futuro: os encontros que tive na vida / Maria Ro-sangela. - São Paulo: Baraúna, 2011. ISBN 978-85-7923-407-1 1. Rosangela, Maria. 2. Mulheres - Brasil - Biografia I. Título.

11-7067. CDD: 920.72 CDU: 929-055.2

20.10.11 01.11.10 030844 ________________________________________________________________

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua Januário Miraglia, 88CEP 04507-020 Vila Nova Conceição São Paulo SP

Tel.: 11 3167.4261

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Quero dizer a vocês, meus filhos, netos, bisnetos... que tentei rever o passado para poder viver o presente, para quem sabe, assim, poder alcançar o futuro.

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O AGORA: advérbio que indica o pre-sente. Presente que indica um lugar no tempo que tem a importância de se tornar um momento que constrói o meu futuro.

O futuro depende e se escreve no agora, dizem mui-tos. Confio nessa afirmação.

Como será o futuro?O futuro é um grande ponto de interrogação, é a úni-

ca coisa que posso dizer. Mas como estará o mundo daqui a setenta anos? Oitenta anos? Como serão as roupas no fu-turo? Sobre o que serão os filmes? Como serão as músicas? Como estará a Educação? A Economia? Os carros? Será que ainda existirá a camada de ozônio e as pessoas poderão sair à luz do Sol? Ainda haverá a floresta Amazônica? Será que as baleias e os golfinhos ainda existirão em seu habitat natural? Será que haverá algum animal novo? Como estará a vida? O que estarão fazendo as pessoas?

Queria poder estar viva para ver as coisas do futuro. Hoje me dei conta que queria conhecer meus bisne-

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tos, tataranetos, já que os netos eu espero conhecer. Ai, Deus! Será que meus filhos terão filhos?

Como será que meus bisnetos serão? Queria poder estar viva para vê-los. Quantos anos a mais terei de vida?Acho que isso não é algo que eu gostaria de saber

de fato, mas tem sido algo que vem me preocupando. Infelizmente acho que não viverei até os cento e trinta anos para poder ver como o mundo se desenvolverá, e ter o privilégio de conhecer e conversar com meus bisnetos. Mas o louco é que o inverso pode acontecer! Tudo bem, não será um diálogo, eles não poderão falar comigo, mas eu posso falar com eles. Em todo caso eu adoraria poder estar aí (ou lá?) e ver a carinha deles!

Qual é a importância que minha vida tem para o mundo deles? Possível e diretamente nenhuma impor-tância. Mas, sinceramente, espero, bem lá no fundo que tenha para mim.

Sou uma pessoa comum. Não sou nenhuma lenda da História, mas eu existi um dia e, de algum modo, de uma forma mais concreta, quero poder fazer parte da vida deles.

Acredito em uma frase que muitas pessoas já disse-ram que eu mesma vivi, que fala mais ou menos o seguin-te: “Enquanto uma pessoa estiver na mente, no coração e nas lembranças de alguém, ela permanecerá viva”.

Será que ser uma lembrança, um conhecimento vago e distante não bastaria?

Hum! Vai que eles nem perguntem quem eu fui... Não chego nem a ser lembrança! Deixo até de ser alguém que já existiu um dia, isto me assusta.

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Então, diante do inevitável destino de todos nós, que-ro deixar para o futuro um registro: o registro de quem sou, e da minha vida. Não só do que lembro, e nem de tudo que lembro, sobretudo do que vivo exatamente agora e um pouco do que vivi antes deste agora — quem fui e quem eu sou hoje. Quero que vocês, bisnetos, possam me conhecer, e tudo o que possam dizer sobre mim (se é que irá existir alguém que possa dizer algo sobre mim) não terá o mesmo efeito, do que eu mesma tenha a dizer direta-mente para vocês. Embora seja estranho que nem eu mes-ma seja capaz de dizer tudo sobre mim. Mas, quero deixar minha versão. Então, diante disto resolvi que vou deixar de herança para vocês, bisnetos, a minha história contada por mim enquanto ainda me lembro dela.

Grande coisa?Talvez seja... talvez não! O que tenho de interessante para dizer? Não sei

muito bem.Saibam que eu queria ter podido ter um registro

destes sobre minha bisavó, talvez soubesse um pouco mais sobre mim.

Seria muita pretensão da minha parte impor a mi-nha história para pessoas que não vou conhecer?

Talvez. Acho que nem sempre receber uma heran-ça é algo bom. Normalmente é melhor que consigamos conquistar as coisas por conta própria na vida. Embora não seja contra ganhar presentes. Mas, na verdade, acho que no final das contas estou pensando em mim. Já achei que ter pretensão era um grave defeito. Hoje já não me incomodo de me achar pretensiosa, então não acho mais

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que seja um defeito. No momento vivo realmente uma total pretensão: a pretensão de manter a minha vida viva!

Acho que seria melhor dizer que estou deixando um diário para o futuro, porque o que irei contar para vocês foi retirado dos meus diários que tenho escrito ao longo da minha existência e do meu diário mental: um arquivo que eu criei para me orientar na vida.

O que teria de interessante para dizer para vocês, bisnetos?

O que há de melhor na vida para ser dito ou vivido?Na realidade não sei muito bem por onde começar...A ideia de escrever para vocês surge num momento

bem difícil. Momento em que eu me sinto totalmente de-primida, perdida e estagnada na vida. Então como nem sem-pre temos pessoas que nos aguente num momento como este, eu tenho no papel e no computador grandes amigos. Na realidade eu sempre acreditei que por meio da escrita eu conseguia falar, então, é com este meio de comunicação tão especial para mim, que eu conto a minha história. No fundo, essa minha mania de escrever sobre minhas coisas, sobre o que eu sinto, acabou virando neste momento um projeto, cuja função é de me colocar na ativa novamente. Queria poder me sentir viva de novo e, para mim, escrever faz com que eu me sinta assim. E, que outro modo eu teria para conversar com vocês aí no futuro?

Então vamos lá...Caros bisnetos, provavelmente não vamos nos co-

nhecer pessoalmente, só se acontecer um milagre! Torço, porém, que vocês vejam minhas fotos, e se perguntem quem eu fui. Vocês verão nessas mesmas fotos que, espero

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se mantenham com o tempo, que sou morena (por causa dos cabelos castanhos), não muito alta, nem muito ma-gra... Normalmente (nas fotos) tenho (tinha?) um sorriso quase sempre aberto...

Não sei, bisnetos, se na época de vocês existirá esse costume, mas é muito utilizado hoje em dia. Normal-mente, perguntamos à uma pessoa quando a conhece-mos, às vezes de modo direto, outras de forma indireta: quem ela é; o que ela faz da vida. Contudo, existe outra questão que me deixa curiosa: — o como ela é — cuja resposta, na maioria das vezes, acaba sendo concluída por mim mesma. Por mais que uma pessoa teime em dizer “como ela é”, normalmente percebo que acabo por definir alguém tirando as minhas próprias conclusões, a partir das minhas impressões, ao longo do meu relacio-namento com ela. E nem sempre o que eu acho dela vai condizer com o que ela é de fato. Percebo, com isso, que nem sempre somos justos uns com os outros. Por outro lado, não é bom jogar fora totalmente as impressões que temos sobre as pessoas, nem sobre as coisas. Então, a partir de agora, convido vocês a tirarem suas próprias conclusões sobre mim!

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A Vida quando ela era somente a pretensão de ser vivida...

O início de tudo está no passado, que para mim foi logo ali, outro dia... Quase ontem, eu diria. Começou muito antes de eu nascer, mas é na minha infância que eu volto sempre porque foi nela que eu comecei a viver, por-que foi a minha estreia na vida, o início das contradições e (in) coerências da minha existência.

Sabe, é bem difícil dizer de fato quando uma vida co-meça... Muito pior é querer definir alguém por este viver. A verdade é que não tenho muito como me definir, mas já achei que pudesse... Mas antes de falar qualquer coisa sobre isto, quero dizer para vocês que quando criança eu não tinha conhecimento nem vocabulário para nomear os fatos que aconteciam comigo, nem as emoções e os sentimentos que eu sentia, como os que eu tenho hoje. Muito do que sei so-bre mim vem das minhas memórias. Muito do que aprendi sobre mim e sobre o começo da minha vida, foi contado por outros. É bom ressaltar que muitas das coisas que eu me