diario do congresso nacional -...

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, DIARIO República Federativa do Brasil DO CONGRESSO NACIONAL SEÇÃO I ANO XLm - N'71 CAPITAL FEDERAL QUAIlTA·FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 1988 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATADA64<SESSÃODA2'SESSÃOLEGIS. LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 16 DE AGOS- TO DE 1988 I- Abertura da Sessão 11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior DI - Leitura do Expediente IV - Pequeno Expediente NILSON GIBSON - Inconveniência da extinção da Embrater e das Emater. JOSÉ GENOÍNO - Incapacidade do Governo José Sarney de administrar a crise econômica. Cará- ter plebiscitário das e!cições municipais de 15 de novembro. PAULO RAMOS - Fracassada administração Moreira Franco, Estado do Rio de Janeiro, em rela- ção à segurança pública. ANTONIO DE JESUS - Trabalho de amparo ao menor abandonado desenvolvido em Paraúna, Estado de Goiás. 9LÍVIO DUTRA-Posição do PT em face da disciplinação do direito de greve no futuro texto codstitucional. . PAULO PAIM - Solidariedade ao líder negro Nélson Mandela, preso na África do Sul por lutar contra o regime do apartbeid. Direito de greve no 'futuro texto constitucional. Apoio à idéia de realiza- ção 'de esforço concentrado para agilização dos tra- balhos da Assembléia Nacional Constituinte. HÉRMES ZANETI-Manutenção, no segundo, turno de votação do Projeto de Constituição, do direito facultativo do voto aos maiores de 16 e meno- res de 18 anos de idade. Protesto contra a anunciada transferência dos serviços de educação, da compe- tência da União, .para os Estados e Municípios. AMAURY MULLER - Majoração de preços de produtos alimentícios essenciais. Publicação de pes- quisa no jornal Correio do Povo a respeito do perfil inicial do eleitorado gaúcho. SÓLON BORGES DOS REIS - Desempenho dos servidores da Empresa Brasileira de Carreiras e Telégrafos, em São Paio, Estado de São Paulo. FELIPE MENDES - Participação do Congresso Nacional na discussão das medidas de caráter econ6- mico a serem adotadas pelo Governo Federal atra- vés de denominada Desmonte". GONZAGA PATRIOTA-Realização de es- forço concentrado para finalização dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte. OSVALDO BENDER - Princípios de inelegibi- lidade aplicáveis no próximo pleito. BENEDICTO MONTEIRO - Violência em Be- E!a.!ica<:1.a"'por marginais contra membros de faID11ia do orador e o presidente'do Diretqrio Municipal do PTB. JOAO DE DEUS ANTUNES-Reunião do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. VICENTE BOGO-Inversão da pauta da Or- dem do Dia das próximas sessões do Congresso Na- cional para apreciação dos decretos-leis editados pe- lo Presidente José Sarney. VICTOR FACCIONI - Comprovação, pelo Tri- bunal de Contas da União, de denúncias de irregula- ridades feitas pelo orador contra a gestão do ex-Mi- nistro Rapbael de Almeida Magalhães na Pasta da Previdência e Assistência Social. ANTÓNIO FERREIRA - Disciplinação, no fu- turo texto constitucional, da comercialização de san- gue e hemoderivados. DENISAR ARNEIRO-Necessidade de maior fiscalização governamental no transporte das safras agrícolas no Brasil. IVO MAINARDI - Saudação aos agricultores do vale do Rio Pardo, .Estado do Rio Grande do Sul, pela perspectiva da colheita de grande safra de inverno. JOSÉ LUIZ MAIA - Produção e produtividade alcançadas pelos projetos de irrigação implantados no Vale do Gurgéia, Estado do Piauí. JOFRAN FREJAT-"Carta Aberta à Nação", documento de responsabilidade da Associação dos Servidores da Sudepe sobre irregularidades na admi- nistração do Sr. Aécio Moura da Silva. FRANCISCo' DORNELLES - Entraves ao de- senvolvimento contidos no Projeto de Constituição. COSTA FERREIRA - Indicadores de saúde no País. Maior empenho do Ministério da Saúde em prol da melhoria da qualidade de vida dos brasi- leiros. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Inclusão da cadeira de Oncologia no currículo das Faculdades de Medi- cina. UBIRATAN SPINELLI - Criação das Zonas de Processamento de Exportação.. MENDES RIBEIRO - importância das eleições municipais de 15 de novembro. JOSÉ LUIZ DE SÁ-Inconveniência da extin- ção da Embrater e das Emater. PAULO MACARINI -Prejuízos causados pela importação de alho ao produtor nacional. MARCOS QUEIROZ - da isenção do Imposto de Renda e manutenção dos incentivos fiscais com base no ICM para implantação de novos empreendimentos nas áreas da Sudene e Sudam. FERES NADER - Reforrnulação da ligação en- tre as rodovias Lúcio Meira e Presidente Dutra, em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro. LUIZ SOYER - Assinatura pelo Governo de Goiás e o Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário para a realização de obras de engenharia em projetos de assentamento no Estado. BENITO GAMA-Transcurso da data come- morativa de Nossa Senbora do Alívio, Padroeira de Ituaçu, Estado da Bahia. v- Comunicações das Lideranças RUY NEDEL - Participação de representantes do PMDB no 11 Congresso Anfiteónico, realizado no Panamá. União dos países ibero-americanos em torno da discussão da dívida externa. CHAGAS bÜARTE-Amparo às comunida- des indígenas do norte do Território de Roraima, LÍDICE DA MATA-Realização do l' C'on- gresso Nacional de Entidades EmanCipacionistas do Movimento de Mulheres. Direito de voto aos maio- res de 16 e menores de 18 anos. Inexistência de discriminações com referência à eventual candida- tura de Gilberto Gil à Prefeitura Municipal de Salva- dor, Estado da Bahia. ANTÓNIO PEROSA - Entrevista do economis- ta Kenneth Galbrait, publicada na revista "Man- chete", sobre impossibilidade, pelo Brasil, de supe- ração do subdesenvolvimento com o atnal montante da dívida externa. NORBERTO ScHWANTES - Condição do Es· tado do Mato Grosso como terceiro produtor de soja do País. ADYLSON MOTTA -Parecer do Ministro Adhemar Ghisi, do Tribunal de Contas da União, sobre irregularidades na compra de imóveis durante

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,

DIARIORepública Federativa do Brasil

DO CONGRESSO NACIONALSEÇÃO I

ANO XLm - N'71 CAPITAL FEDERAL QUAIlTA·FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 1988

CÂMARA DOS DEPUTADOS

SUMÁRIO

1- ATADA64<SESSÃODA2'SESSÃOLEGIS.LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 16 DE AGOS­TO DE 1988

I - Abertura da Sessão

11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior

DI - Leitura do Expediente

IV - Pequeno Expediente

NILSON GIBSON - Inconveniência da extinçãoda Embrater e das Emater.

JOSÉ GENOÍNO - Incapacidade do GovernoJosé Sarney de administrar a crise econômica. Cará­ter plebiscitário das e!cições municipais de 15 denovembro.

PAULO RAMOS - Fracassada administraçãoMoreira Franco, Estado do Rio de Janeiro, em rela­ção à segurança pública.

ANTONIO DE JESUS - Trabalho de amparoao menor abandonado desenvolvido em Paraúna,Estado de Goiás.

9LÍVIO DUTRA-Posição do PT em face dadisciplinação do direito de greve no futuro textocodstitucional. .

PAULO PAIM - Solidariedade ao líder negroNélson Mandela, preso na África do Sul por lutarcontra o regime do apartbeid. Direito de greve no'futuro texto constitucional. Apoio à idéia de realiza­ção 'de esforço concentrado para agilização dos tra­balhos da Assembléia Nacional Constituinte.

HÉRMES ZANETI-Manutenção, no segundo,turno de votação do Projeto de Constituição, dodireito facultativo do voto aos maiores de 16 e meno­res de 18 anos de idade. Protesto contra a anunciadatransferência dos serviços de educação, da compe­tência da União, .para os Estados e Municípios.

AMAURY MULLER - Majoração de preços deprodutos alimentícios essenciais. Publicação de pes­quisa no jornal Correio do Povo a respeito do perfilinicial do eleitorado gaúcho.

SÓLON BORGES DOS REIS - Desempenhodos servidores da Empresa Brasileira de Carreirase Telégrafos, em São Paio, Estado de São Paulo.

FELIPE MENDES - Participação do CongressoNacional na discussão das medidas de caráter econ6­mico a serem adotadas pelo Governo Federal atra­vés de denominada "Op~ração Desmonte".

GONZAGA PATRIOTA-Realização de es­forço concentrado para finalização dos trabalhos daAssembléia Nacional Constituinte.

OSVALDO BENDER - Princípios de inelegibi­lidade aplicáveis no próximo pleito.

BENEDICTO MONTEIRO - Violência em Be­l~m,J.\stado d~Pará,E!a.!ica<:1.a"'por marginais contramembros de faID11ia do orador e o presidente' doDiretqrio Municipal do PTB.

JOAO DE DEUS ANTUNES-Reunião doConselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.

VICENTE BOGO-Inversão da pauta da Or­dem do Dia das próximas sessões do Congresso Na­cional para apreciação dos decretos-leis editados pe­lo Presidente José Sarney.

VICTOR FACCIONI - Comprovação, pelo Tri­bunal de Contas da União, de denúncias de irregula­ridades feitas pelo orador contra a gestão do ex-Mi­nistro Rapbael de Almeida Magalhães na Pasta daPrevidência e Assistência Social.

ANTÓNIO FERREIRA - Disciplinação, no fu­turo texto constitucional, da comercialização de san­gue e hemoderivados.

DENISAR ARNEIRO-Necessidade de maiorfiscalização governamental no transporte das safrasagrícolas no Brasil.

IVO MAINARDI - Saudação aos agricultoresdo vale do Rio Pardo, .Estado do Rio Grande doSul, pela perspectiva da colheita de grande safrade inverno.

JOSÉ LUIZ MAIA - Produção e produtividadealcançadas pelos projetos de irrigação implantadosno Vale do Gurgéia, Estado do Piauí.

JOFRAN FREJAT-"Carta Aberta à Nação",documento de responsabilidade da Associação dosServidores da Sudepe sobre irregularidades na admi­nistração do Sr. Aécio Moura da Silva.

FRANCISCo' DORNELLES - Entraves ao de­senvolvimento contidos no Projeto de Constituição.

COSTA FERREIRA - Indicadores de saúde noPaís. Maior empenho do Ministério da Saúde emprol da melhoria da qualidade de vida dos brasi­leiros.

INOCÊNCIO OLIVEIRA - Inclusão da cadeirade Oncologia no currículo das Faculdades de Medi­cina.

UBIRATAN SPINELLI - Criação das Zonas deProcessamento de Exportação..

MENDES RIBEIRO - importância das eleiçõesmunicipais de 15 de novembro.

JOSÉ LUIZ DE SÁ-Inconveniência da extin­ção da Embrater e das Emater.

PAULO MACARINI -Prejuízos causados pelaimportação de alho ao produtor nacional.

MARCOS QUEIROZ - Pn:~rrogação da isençãodo Imposto de Renda e manutenção dos incentivosfiscais com base no ICM para implantação de novosempreendimentos nas áreas da Sudene e Sudam.

FERES NADER - Reforrnulação da ligação en­tre as rodovias Lúcio Meira e Presidente Dutra,em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro.

LUIZ SOYER - Assinatura pelo Governo deGoiás e o Ministério da Reforma e DesenvolvimentoAgrário para a realização de obras de engenhariaem projetos de assentamento no Estado.

BENITO GAMA-Transcurso da data come­morativa de Nossa Senbora do Alívio, Padroeirade Ituaçu, Estado da Bahia.

v - Comunicações das Lideranças

RUY NEDEL - Participação de representantesdo PMDB no 11 Congresso Anfiteónico, realizadono Panamá. União dos países ibero-americanos emtorno da discussão da dívida externa.

CHAGAS bÜARTE-Amparo às comunida­des indígenas do norte do Território de Roraima,

LÍDICE DA MATA-Realização do l' C'on­gresso Nacional de Entidades EmanCipacionistas doMovimento de Mulheres. Direito de voto aos maio­res de 16 e menores de 18 anos. Inexistência dediscriminações com referência à eventual candida­tura de Gilberto Gil à Prefeitura Municipal de Salva­dor, Estado da Bahia.

ANTÓNIO PEROSA - Entrevista do economis­ta Kenneth Galbrait, publicada na revista "Man­chete", sobre impossibilidade, pelo Brasil, de supe­ração do subdesenvolvimento com o atnal montanteda dívida externa.

NORBERTO ScHWANTES - Condição do Es·tado do Mato Grosso como terceiro produtor desoja do País.

ADYLSON MOTTA -Parecer do MinistroAdhemar Ghisi, do Tribunal de Contas da União,sobre irregularidades na compra de imóveis durante

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~22 Quarta-feira 17

a gestão do Sr. Raphael de Almeida Magalhães noMinistério da Previdência e Assistência Social.

OLÍVIO DUTRA - Posição do Partido dos Tra­balhadores sobre definição de território destinadoao povo palestino.

ALOíSIO VASCONCeLOS - Necessidade deantecipação do início do horário de verão.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

VI - Apresentação de Proposições

OLÍVIO DUTRA, FRANCISCO AMARAL.

VII - Grande Expediente

ERALDO TRINDADE - Apoio à elevação doTerritório do Amapá à categoria de Estado.

Agosto de 1988

vm - Encerramento

2 - MESA- (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DE PARTIDOS(Relação dos membros)

4 - COMISSÕES (Relação dos membros das Co­missões Permanentes e de Inquérito)

Ata da 64~ Sessão, em 16 de agosto de 1988

Presidência dos Srs.: Albérico Cordeiro, Segundo-Secretário; Bezerra de Mello, artigo 76 do Regimento Interno

As 09:00 HORAS COMPARECEM os SENHO·RES:

Acre

Alércio Dias - PFL; Francisco Diógenes - PDS;Geraldo Fleming - PMDB; José Melo - PMDB; Ma­ria Lúcia - PMDB; Narciso Mendes - PFLl OsmirLima - PMDB; Rubem Branquinho - PMDB.

Amazonas

Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize - PSDB;Carrel Benevides - PTB; Eunice Michiles - PFL;Ézio Ferreira - PFL; José Dutra - PMDB; SadieHauache - PFL.

Rondônia

Arnaldo Martins - PMDB; Assis Canuto - PFL;Chagas Neto - PMDB; Francisco Sales - PMDB;José Guedés - PSDB; José Viana - PMDB; RaquelCândido - PDT; Rita Furtado0- PFL.

Pará

Ademir Andrade - PSB; Aloysio Chaves - PFL;Amilcar Moreira - PMDB; Arnaldo Moraes ­PMDB; Asdrubal Bentes - PMDB; Benedicto Mon­teiro - PTB; Carlos Vinagre - PMDB; DomingosJuvenil-PMDB; Eliel Rodrigues -PMDB; GabrielGuerreiro - PMDB; Gerson Peres - PDS; Jorge Ar­bage - PDS; Manoel Ribeiro - PMDB; Paulo Ro­berto - PMDB.

Maranhão

Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar ­PMDB; Cid Carvalho - PMDB; Costa Ferreira ­PFL; Davi Alves Silva - PDS; Edivaldo Holanda ­PL; Enoc Vieira - PFL; Francisco Coelho - PFL;Haroldo Sabóia - PMDB; Jayme Santana - PSDB;Joaquim Haickel - PMDB; José Carlos Sabóia - PSB;José Teixeira - PFL; Onofre Corrêa - PMDB; Vieirada Silva - PDS; Wagner Lago - PMDB.

Piauí

Átila Lira - PFL; Felipe Mendes - PDS; HeráclitoFortes - PMDB; Jesualdo Cavalcanti - PFL; JesusTajra - PFL; José Luiz Maia - PDS; Mussa Demes- PFL; Paes Landim - PFL; Paulo Silva - PSDB.

Ceará

Aécio de Borba - PDS; Bezerra de Melo - PMDB;Carlos Benevides - PMDB; Carlos Virgílio - PDS;César Cals Neto - PSD; Expedito Machado - PMDB;Firmo de Castro - PMDB; Furtado Leite - PFL;José Lins - PFL; Lúcio Alcântara - PFL; Luiz Mar­ques - PFL; Manuel Viana - PMDB; Mauro Sampaio- PMDB; Moema São Thiago - PSDB; Moysés Pi­mentel - PMDB; Orlando Bezerra - PFL; Paes deAndrade - PMDB; Raimundo Bezerra - PMDB;Ubiratan Aguiar - PMDB.

Rio Grande do Norte

Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL;Iberê Ferreira - PFL; Ismael Wanderley - PMDB;Vingt Rosado - PMDB; Wilma Maia - PDT.

Paraíba

Adauto Pereira - PDS; Agassiz Almeida - PMDB;Aluízio Campos - PMDB; Antonio Mariz - PMDB;Cássio Cunha Lima - PMDB; Edivaldo Motta ­PMDB; Edme Tavares - PFL; Evaldo Gonçalves ­PFL; João Agripino - PMDB.

Pernambuco

Egídio Ferreira Lima - PMDB; Fernando BézerraCoelho - PMDB; Fernando Lyra - PDT; GeraldoMelo - PMDB; Gilson Machado - PFL; GonzagaPatriota - PMDB; Rarlan Gadelha - PMDB; Inocên­cio Oliveira - PFL; Joaquim Francisco - PFL; JoséCarlos Vasconcelos - PMDB; José Jorge - PFL; JoséMendonça Bezerra - PFL; José Moura - PFL; ~osé

Tinoco - PFL; Luiz Freire - PMDB; Marcos QueIroz- PMDB; Nilson Gibson - PMDB; Osvaldo Coelho- PFL; Paulo Marques - PFL; Ricardo Fiuza - PF~;

Roberto Freire - PCB; Salatiel Carvalho - PFL; WIl­son Campos - PMDB.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PFL; Antonio Ferreira - PFL;Eduardo Bonfim - PC do B; Geraldo Bulhões ­PMDB; José Costa; José Thomaz Nonô - PFL; RenanCalheiros - PSDB; Roberto Torres - PTB; ViniciusCansanção - PFL.

Sergipe

Acival Gomes - PMDB; Antonio Carlos Franco ­PMDB; Bosco França - PMDB; Cleonâncio Fonseca- PFL; Djenal Gonçalves - PMDB; João MachadoRollemberg - PFL; José Queiroz - PFL; Messias Góis-PFL.

Bahia

Abigail Feitosa - PSB; Ângelo Magalhães - PFí.;Benito Gama - PFL; Carlos Sant'Anna - PMDB;Domingos Leonelli -; Eraldo Tinoco - PFL; Fernan­do Gomes - PMDB; Fernando Santana - PCB; Fran­ça Teixeira - PMDB; Francisco Benjamim - PFL;Francisco Pinto - PMDB; Genebaldo Correia ­PMDB; Haroldo Lima - PC do B; Jairo Azi - PDC;Jairo Carneiro -PDC; João Alves -PFL; João CarlosBacelar - PMDB; Jonival Lucas - PDC; Jorge Hagc- PSDB; Jorge Medauar - PMDB; Jorge Vianna ­PMDB; José Lourenço - PFL; Leur Lomanto - PFL;Lídice da Mata - PC do B; Luiz Eduardo - PFL;Luiz Vianna Neto - PMDB; Manoel Castro - PFL; .Marcelo Cordeiro - PMDB; Mário Lima - PMDB;Milton Barbosa - PDC; Miraldo Gomes - PDC; Nes­tor Duarte - PMDB; Raul Ferraz - PMDB; SérgioBrito - PFL;· Uldurico Pinto - PMDB; Virgildásiode Seima - PSDB; Waldeck Ornélas - PFL.

Espírito Santo

Hélio Manhães - PMDB; Nelson Aguiar - PDT;Nyder Barbosa - PMDB; Pedro Ceolin - PFL; StélioDias-PFL.

Rio de Janeiro

Adolfo Oliveira":' PI.; Amaral Netto - PDS; AnnaMaria Rattes - PSDB; Arolde de Oliveira - PFL;Artur da Távola - PSDB; Benedita da Silva - PT;Bocayuva Cunha - PDT; Brandão Monteiro - PDT;Carlos Alberto Caó - PDT; César Maia - PDT; Deni­,sar Aroeiro - PMDB; Edésio Frias - PDT; EdmilsonValentim - PC do B; Fábio Raunheitti - PTB; FeresNader - PTB; Francisco Dornelles - PFL; José CarlosCoutinho - PL; José Luiz de Sá - PL; José Maurício- PDT; Juarez Antunes - PDT; Luiz Salomão ­PDT; Lysâneas Maciel - PDT; Márcio Braga -.PMDB; Messias Soares - PTR; Miro Teixeira ­PMDB; Osmar Leitão - PFL; Oswaldo Almeida ­PL; Paulo Ramos - PMN; Roberto Augusto - PTB;Roberto D'Ávila - PDT; Roberto Jefferson - PTB;Ronaldo Cezar Coelho - PSDB; Simão Scssim - PFL;Sotero Cunha - PDC; Vivaldo Barbosa - PDT; Vladi­mir Palmeira - PT.

Minas Gerais

Aécio Neves - PMDB; Aloisio Vasconcelos ­PMDB; Alysson Paulinelli -PFL; Bonifácio de Andra­da - PDS; Carlos Cotta - PSDB; Carlos Mosconi- PSDB; Célio de Castro - PSDB; Chico Humberto- PDT; Christóvam Chiaradia - PFL; Dálton Cana-brava - PMDB; Elias Murad - PTB; Genésio Bernar­dino - PMDB; Hélio Costa - PMDB; Homero Santos- PFL; Humberto Souto - PFL; Israel Pinheiro ­PMDB; João Paulo - PT; José da Conceiç~o ­PMDB; José Geraldo - PMDB; José Santana de Vas­concellos - PFL; José Ulísses dc Oliveira - PMDB;Lael Varella - PFL; Luiz Alberto Rodrigues ­PMDB; Marcos Lima - PMDB; Mário Assad - PFL;Mário de Olivcira - PMDB; Maurício Campos-PFL;Maurício Pádua - PMDB; Mauro Campos - PSDB(Mello Reis - PDS; Milton Lima - PMDB; MiltonReis - PMDB; Octávio Elísio - PSDB; Oscar Correa- PFL; Paulo Delgado - PT; Pimenta da Veiga ­PSDB; Raimundo Rezende - PMDB; Raul Belém ­PMDB; Roberto Brant -; Ronaldo Carvalho ­PMDB; RODaro Corrêa - PFL; Rosa Prata - PMDB;Sérgio Naya - PMDB; Virgílio Galassi - PDS; Virgí­lio Guimaráes - PT; Ziza Valadares - PSDB.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho - PDT; Afif Domingos- PL; Agripino de Oliveira Lima - PFL; Airton San­doval-PMDB; Antoniocarlos Mendes Thame - PFL;Antônio Perosa - PSDB; Antônio Salim Curiati ­PDS; Arnaldo Faria de Sá - PJ; Arnold Fioravante­- PDS; Caio Pompeu - PSDB; Cardoso Alves ­PMDB; Cunha Bueno - PDS; Del Bosco Amaral ­PMDB; Delfim Netto - PDS; Dirce Tutu Quadros- PSDB; Dorcto Campanari - PMDB; Eduardo Jorge- PT; Fábio Feldmann - PSDB; Farabulini Júnior- PTB; Fausto Rocha - PFL; Fernando Gasparian- PMDB; Florestan Fernandes - PT; Francisco Ama-ral- PMDB; Francisco Rossi - PTB; Gastone Righi ­-PTB; Geraldo Alckmin Filho - PSDB; Gerson Mar­condes - PMDB; Gnmercindo Milhomem- PT; HélioRosas - PMDB; Irma Passoni - PT; Jayme Paliadn- PTB; João Cunha - PDT; João Herrmann Neto

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Agosto de 1988

- PSB; João Rezek - PMDB; Joaquim Bevilacqua- PTB; José Camargo - PFL; José Carlos Grecco- PSDB; José Egreja - PTB; José Genoíno - PT;José Maria Eymael - PDC; José Serra - PSDB; JoséYunes - PMDB; Koyu Iha - PSDB; Luis Gushiken- PT; Luis Inácio Lula da Silva - PT; Maluly Neto- PFL; Mendes Botelho - PTB; Michel Temer-PMDB;NelsonSeixas-PDT;PauloZarzur-PMDB;Plínio Arruda Sampaio - PT; Ricardo Izar - PFL;Robson Marinho - PSDB; Samir Achôa - PMDB;S6lon Borges dos Reis - PTB; Theodoro Mendes":""PMDB; Tito Costa - PMDB; Ulysses Guimarães ­PMDB.

Goiás

Aldo Arantes - PC do B; Antonio de Jesus ­PMDB; Délio Braz -PMDB; Jalles Fontoura - PFL;João Natal - PMDB; José Freire - PMDB; LúciaVânia - PMDB; Luiz Soyer-PMDB; Maguito Vilela- PMDB; Mauro Miranda - PMDB; Naphtali Alvesde Souza - PMDB; Nion Albernaz - PMDB; PauloRoberto Cunha - PDC; Pedro Canedo - PFL; Ro­berto Balestra - PDC: Siqueira Campos - PDC.

Distrito Federal

Augusto Carvalho - PCB; Francisco Carneiro ­PMDB; Geraldo Campos - PSDB; Jofran Frejat ­PFL; Márcia Kubitschek - PMDB; Maria de LourdesAbadia - PSDB; Sigmaringa Seixas - PSDB; ValmirCampelo - PFL.

Mato Grosso

Antero de Barros - PMDB; Joaquim Sucena ­PTB; Jonas Pinheiro - PFL; Júlio Campos - PFL;Norberto Schwantes - PMDB; Osvaldo Sobrinho ­PTB: Rodrigues Palma - PTB; Ubiratan Spinelli ­PDS.

Mato Grosso do Sul

Ivo Cers6simo - PMDB; José Elias - PTB: LevyDias - PFL; Plínio Martins - PMDB; Ruben Figueir6-PMDB; Saulo Queiroz - PSDB; Valter Pereira­PMDB.

Paraná

Airton Cordeiro - PFL; Alarico Abib - PMDB;Alceni Guerra - PFL; Antônio Ueno - PFL; BasílioVilIani - PTB: Darcy Deitos - PMDB; Dionísio DalPrá - PFL; Ervin Bonkoski - PTB; Euclides Scalco- PSDB; Hélio Duque - PMDB; Jovanni Masini ­PMDB; Matheus Iensen - PMDB; Maurício Fruet­PMDB; Maurício Nasser - PMDB; Max Rosenmann- PMDB; Nelton Friedrich - PSDB; Nilso Sguarezi- PMDB; Osvaldo Macedo - PMDB; Oswaldo Trevi-san - PMDB; Paulo Pimentel-PFL; Renato Bernardi- PMDB; Renato Johnsson-PMDB; Santinho Furta­do - PMDB; Sérgio Spada - PMDB; Tadeu França- PDT; Waldyr Pugliesi - PMDB.

Santa Catarina

Alexandre Puzyna - PMDB; Antôniocarlos KonderReis - PDS; Artenir Werner - PDS; Cláudio Ávila- PFL; Eduardo Moreira - PMDB; Francisco Küster-PSDB; Henrique Córdova -PDS; Ivo Vanderlinde- PMDB; Luiz Henrique - PMDB; Orlando Pacheco- PFL; Paulo Maearini - PMDB; Renato Vianna -PMDB; Ruberval Pilotto - PDS; Victor Fontana ­PFL; Vilson Souza - PSDB; Walmor de Luca ­PMDB.

Rio Grande do Sul

Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta - PDS;Amaury Müller - PDT; Antônio Britto - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Darcy Pozza - PDS; EricoPegoraro - PFL; Floriceno Paixão - PDT; HermesZaneti - PSDB; Hilário Braun - PMDB; Ibsen Pi­nheiro - PMDB; Ivo Lech - PMDB; Ivo Mainardi- PMDB; João de Deus Antunes - PTB; Jorge Ue­qued-PMDB; Júlio Costamilan -PMDB; Lélio Sou­za - PMDB; Luís Roberto Ponte - PMDB; MendesRibeiro - PMDB; Nelson Jobim - PMDB; OlívioDutra-PT; Osvaldo Bender-PDS; Paulo Mincarone-PMDB; Paulo Paim-PT; RospideNetto-PMDB;

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Ruy Nedel - PMDB; Telmo Kirst - PDS; VicenteBogo - PSDB; Victor Faccioni - PDS.

Amapá

Annibal Barcellos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovani Borges - PFL; Raquel Capiberibe - PSB.

Roraima

Chagas Duarte - PFL; Marluce Pinto - PTB; Moza­rildo Cavalcanti - PFL; Ottomar Pinto - PMDB.

I - ABERTURA DA SESSÃO

o SR. PRESIDENTE (Albérico Cordeiro) - A listade presença registra o comparecimento de 123 senhoresdeputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessãoanterior:

11 - LEITURA DA ATA

o SR. ANTONIO DE JESUS, servindo como 2'-Se­crctário, procede à leitura da ata da sessão antecedente,a qual é, sem observaçôes, assinada.

O SR. PRESIDENTE (Albérico Cordeiro) - Passa-seà leitura do expediente.

lU - EXPEDIENTE

Não há expediente a ser lido.

O SR. PRESIDENTE (Albérico Cordeiro) - Passa-seao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Tem a palavra o Sr. Nilson Gibson.

O SR. NILSON GmSON (PMDB - PE. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Depu­tados, recebi inúmeras mensagens de repúdio à chama­da "Operação Desmonte", que visa a tornar a EmpresaBrasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural(Emater), mero departamento do Ministério da Agri­cultura, sem a autonomia com que até aqui tem sidolegalmente privilegiada.

Essa entidade tem prestado ao País os mais relevantesserviços, beneficiando os pequenos produtores ruraisdissemiÍlados por todo O território nacional, através dasEmater - 6rgãos que a ela são vinculados e da qualrecebem repasses periódicos de recursos que garantem,parciaimente, o cumprimento de seus objetivos institu­cionais.

A Emater - PE, é uma empresa pública vinculadaà Secretaria de Agricultura de Pernambuco, dotada depersonalidade jurídica de direito privado, criada pelaLei Estadual n' 7.007, de 2 de dezembro de 1975. Tempor objetivo planejar, coordenar e executar programasde assistência técnica e extensão rural, visando à difusãode conhecimento de natureza técnica, econômica e so­cial, para aumento da produção e da produtividade agrí­colas e a melhoria das condições de vida no meio rural,de acordo com as políticas de ação dos Governos Esta­dual e Federal. Atua em 140 Municípios do Estadode Pernambuco, com um quadro funcional de 593 técni­cos e 397 funcionários administrativos, caracterizando­se como instituição que tem condições de:

a) informar sobre toda a área rural do Estado;b) implementar, com rapidez, políticas e ações do

Governo do Estado, junto aos pequenos produtoresrurais;

c) estudar e analisar a zona rural de Pernambucoe oferecer diagnósticos a respeito da mesma;

d) contribuir com outros órgãos que atuam no meiorural nos campos da educação, saúde pública e fomentoagrícola.

A sua programação ,orçamentária prevista para o anode 1988, até a presente data, está em torno de Cz$

Quarta-feira 17 2823

üoo.ooo.Ooo,oo, sendo a participação do Estado de30%, da Embrater de 29%, do PAPP de 36% e dasdemais fontes de 5%.

No Estado de Pernambuco a Emater-PE assiste25% dos 700 mil produtores ali existentes oi mantém,programas instrutivo~ em 36 emissoras de rádio, bemassim contribui para o programa de reforma agrárialevado a cabo sob orientação do Mirad. Toda a imprensapernambucana abriu generosos espaços para a defesade tão justa causa, obrigando-me a também patrociná-Iaem nome da' representação pernambucana nesta Casalegislativa.

Se consumada a descabida deliberação, praticar-se-áclamorosa injustiça contra os trabalhadores do componordestino, que deixariam de contar com a assistênciapermanente de um órgão idôneo, com relevante contri­buição prestad~ ao desenvolvimento nacional.

O Ministro lris Rezende, com a sua experiência dehomem público, principalmente pelo excelente trabalhoque desenvolve no Ministério da Agricultura, não con­cordará com uma providência de tão má inspiração,sustando as providências em curso e assegurando a pre­servação dos recursos administrados pela Embrater, ea sua própria manutenção na estrutura administrativada União.

Diante da apreensão reinante a respeito, entendi demeu dever trazer o assunto a debate no plenário daCâmara dos Deputados, confiando em que o PresidenteJosé Sarney venha a interferir pessoalmente para impe­dir que se efetive essa despropositada "Operação Des­monte'1.

Oportunamente, voltarei ao assunto.Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, oGoverno Sarney, por intermédio do seu último feitopolítico, a reforma ministerial, dá um exemplo claroe cristalino da crise, e digo até de uma espécie de <lefi­nhamento de um Governo cuja administração virouuma articulação entre fiéis ou amigos, onde fugiramda avaliação presidencial os critérios de política econô­mica e de planos administrativos. Estes passaram a ser'predominantemente critérios de fidelidade, amizade e

,intimidade em torno da família palaciana.Sr. Presidente, o País atravessa uma crise econômica

onde a ~ação está fora de controle; em que o prÓPrioMinistro Maílson da Nóbrega, para ser tornar uma espé­cie de Ministro confiável e ficar à frente da Pasta daFazenda, preéisou almoçar com o General LeônidasPires e receber o apoio do Presidente do Citicorp, umbanqueiro internacional. Temos um Ministério que nãotem grandes estrelas políticas, grandes personalidades,do ponto de vista da elaboração de uma estratégia deGoverno. Atravessar uma crise como essa com um Go­verno fraco, dividido, em que sobressaem exatamenteas questiúnculas, os problemas pessoais, vamos dizer,os amigos da coIte formada no Palácio do Planalto,é preocupante. Preocupante, Sr. Presidente, porque,com essa característica, ressalta-se exatamente o sentidoconservador e autoritário do Governo dentro deste cor­te, desta flexão feita na própria transição democrática.

Por outro lado, colocar esse Governo como uma espé­cie de única alternativa porque, do contrário virá opior - e este País vive sempre entre o pior e o menospior - é uma espécie de camisa-de-força que nós doPT não aceitamos.

Sr. Presidente, açho que o País, o povo brasileiromerecem algo melhor, pois lutou por isso na campanhadas diretas e quando pediu quatro anos de mandatopara o Presidente Sarney. Essa era a grande saída polí­tica;porque, com a realização de eleições presidenciaisabrir-se-ia um novo horizonte no País para procurarmosalternativas de Governo, discutir os problemas nacio­nais e buscar novas saídas. Dizia-se, que o Sr. JoséSarney, após a vitória dos cinco anos, iria governar,mas aconteceu exatamente o contrário: depois dessadefinição veio a ingovernabilidade, porque com ela vie­ram exatamente a cobrança dos juros, os ônus decor­rentes da distribuição de favores etc.

Sr. Presidente, esse Governo é incapaz de administrara crise econômica, não consegue tornar qualquer me­dida decorrente de um plano econômico mais articuladoe mais estratégico, mesmo do ponto de vista dos inte-

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resses da burguesia, dos interesses dos capitalistas, eteDde a ser' hoje um elemento de aprofundamento dacrise política.

Nesse sentido, é muito importante que as eleiçõesmunicipais de 15 de novembro se transformem numaeleição plebiscitária do protesto, se tomem uma eleiçãoplebiscitália do "não" a esse Governo e, ao mesmotempo, preparem melhor as condições da grande dispu­ta política que, será a eleição presidencial de 1989., Por outro lado, é importante que a Assembléia Nacio­

nal Constituinte mantenha as conquistas, os avançosque conseguimos, meramente parciais, do ponto de vis­ta de alguns interesses, no caso concreto o direito dostrabalhadores, e procuremos avançar mais eliminandodispositivos que representam obstáculos ã luta populare operária no Brasil.

Por isso, Sr. Presidente. neste momento - e refiro­me particularmente à situação em que a sociedade civil,as massas populares vivem, de perplexidade e angústiamuito grandes - é muito importante que despertemosnova esperança em uma saída política. E essa novaesperança passa pela negação e denúncia contra esseGoverno, um dos maiores responsáveis pela crise, an­gústias. desesperança e frustração do povo brasileiro.

. O SR. PAULO RAMOS (PMN - RJ, Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente. Sr~ e Srs. Deputados,o povo do Rio de Janeiro enfrenta verdadeiro suplício,em face dos altos índices de criminalidade, decorrentesda inação do Governo na área da segurança públic~.

Conforme sabe a população daquele Estado. a prin­cipal bandeira da campanha eleitoral do Sr. MoreiraFranco foi a segurança pública. No entanto, já commais de um ano e meio de administração, constata-seque o Governo mentiu, pois não dispõe de qualquerprojeto responsável para manter a tranqüilidade públi­ca. A característica do projeto irresponsável se verificanão s6 na repressão, mas também na mentira e na cor­rupção insatisfação e revolta também estão presentesDOS corações dos profissionais responsáveis pela segu­rança pública. A repressão se verifica até com referênciaaos movimentos organizados, haja vista o que tem acon­tecido com os professores do Estado, já em greve háquase dois meses. O Governo do Estado, utilizando-sedos profissionais responsáveis pela segurança pública,procurou reprimir o movimento dos professores - hojejá vitorioso. Aquele movimento conseguiu fazer comque 'o aumento dos servidores públicos, antes apenasuma promessa de 64%, como num passe de mágica,fosse para 95%. E o Governador Moreira Franco, queafirmava não dispor de recursos, apresentou nova pro­posta, que ainda fica abaixo da reivindicação preten­dida. Foi, assim, o movimento dos professores o respon­sável pela conquista de todos os servidores públicos.

A repressao nàO ocorre simplesmente contra os movi­mentos organizados. Os princípios profissionais da se­gurança pública que são utilizados na repressão, quandoreivindicam, são também apenados. Os diretores daColigação dos Policiais Civis foram punidos com trintadias de suspensão, estando sujeitos a exoneração sim­plesmente porque manisfestaram solidariedade aos pr?­fessores e participaram de sua passeata. O Secretánode Polícia Civil, antes um homem honrado, digno decredibilidade, um democrata, hoje assume indevida­mente uma pasta com a qual não tem sequer intimidade.Além de agir repressivamente, ainda mente.

Tivemos a oportunidade de encaminhar ao Gover­nador Moreira Franco e ao Secretário de polícia Civildocumento subscrito por quase vinte Constituintes, soli­citando revisão na punição aplicada aos diretores daColigação dos Policiais Civis. E o que fez o Dr. HélioSabóia? Além de não, rever sua posição, além de nãorever a punição, escreveu aos subscritores do docu­mento, dizendo que não puniu ninguém. Em seguida,em entrevista a um jornal do Rio de Janeiro, afirmouque não aplicou qualquer tipo de punição. Mente, por­que o boletim da Secretaria aplica a suspensão de trintadias, a Dão ser que, na mentalidade agora repressivac autoritária do Dr. Hélio Sabóia, suspensão de trintadias não seja punição. Para ele, punição talvez sejaa demissão do serviço público de servidores respon­sáveis pela segurança, que ousam .lutar por melhorescondições de vida e trabalho para a categoria.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Vem ainda a corrupção, já verificada em diversossetores do Governo, não s6 no Departamento de Trân­sito, mas também na Polícia Militar. E, na Polícia Mili­tar, denúncias de irregularidades administrativas, com­provadas em inquérito policial. Alguns integrantes daPoücia Militar vêem seus nomes estampados em todaa imprensa, como se tivessem praticado qualquerirregu­laridade administrativa, quando a principal irregulari­dade consiste cm ter aquela ccntenária corporação ãfrente dos seus destinos certo Coronel Manoel Elísio,antes envolvido em greves irregularidades, até com o"Esquadrão da Morte". Denúncias foram publicadasem todos os jornais e até hoje não contaram com nenhu­ma apuração. Enquanto isso, o Comandante-Geral daPolícia Militar, para esconder sua própria imagem, com

,estardalhaço, promove inquérito policial para tentar ilu­dir a opinião pública, sob o pretexto de que sua adminis­tração busca a moralização. A bem da verdade, aquelacentenária e tradicional corporação policial-militar pagaalto preço por ter ã frente dos destinos do Estado umGoverno corrupto e ã frente dos seus pr6prios destinosum comandante sem o necessário respaldo moral c semo desejado preparo profissional para conduzi-la.

Fica o meu protesto contra a administração do Sr.Moreira Franco no campo da segurança pública e adenúncia que faço aos integrantes da Câmara dos Depu­tados, não só à bancada do Rio de Janeiro, mas tambéma todas as bancadas representativas das diferentes uni­dades da Federação. No Rio de Janeiro, no que serefere à segurança pública, o Governo Moreira Francoé repressivo, mentiroso e corrupto.

O SR. ANTÔNIO DE JESUS (PMDB - GO. Semrevisão do orador.) -Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Deputa­dos, um dos assuntos quc tem preocupado autoridadesde diversos segmentos da sociedade brasileira se refereao menor abandonado. Outrora, o problema já me cha­mara a atenção, quando, em meu Estado, tive oportu­nidade de ser um dos diretores da Fundação do Bem­Estar do Menor.

Na minha experiência cristã-evangélica, várias vezesrealizei seminários, fiz encontros, procurando promo­ver o menor, fazendo com que ele se dedicasse a umaocupação, dando-lhe a orientação devida, a fim de quepudesse ajustar-se a um futuro melhor. Inúmeras vezes,também como professor, tive oportunidade de promo­ver palestras e colaborar na área de prevenção ao t6xico,onde, por sinal, tivemos alguns delinqüentes recupe­rados, com muito amor e dedicação.

Recentemente, domingo passado, comemoramos oDia dos Pais. É até bom que se faça aqui esse registro,em homenagem aos pais, porque, se o Dia das Mãesé sempre bem lembrado, o Dia dos Pais também deveser enaltecido, valorizando aquele homem que real­mente dá suporte ã família e respaldo moral e espiritualao seu lar. Aproveito para cumprimentar os pais e dizer­lhes que estive na data em referência na cidade de Pa­raúna, no meu Estado, onde tive oportunidade de reali­zar uma festa com as crianças do Município, que sãobem orientadas através de convênios com a Prefeiturae a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, junta­mente com outros 6rgãos que visam ao amparo sociale ã proteção comunitária. Ali, em boa hora, o Prefeitoe a Primeira Dama se dispõem a criar meios para ocuparo menor, desde os 7 aos 14 anos. Principalmente nestafaixa etária, os menores se ocupam no trabalho emhorta, cerâmica, olaria, artesanato etc. Acho impor­tante que se criem alternativas de atividades em cadaMunicípio brasileiro e que os recursos públicos venhama ser aplicados no amparo' ao menor, em atividadesprofissionalizantes, porque o menor, trabalhando, ten­do uma ocupação, fica fora da vadiagem e, conseqüente­mente, não é atingido por hábitos nocivos existentesna comunidade.

O homem que trabalha, cuja mente está sempre ocu­pada, é protegido de muitos males.

E o que vimos ali foi a criançada trabalhando comdois monitores, produzindo tijolos para vender, a preçobllfato, aos menos favorecidos da comunidade. Real­mente, algo lindo de se ver. Os meninos trabalhamna horta, plantando verduras e ajudando no laf. Asmeninas trabalham em confecções de roupa, bordados,em pinturas e tecelagem. Éssas são ocupações que aju­dam as crianças e as protegem c que lhes dão outro

Agosto de 1988

caminho que não o da ociosidade. Portanto, que essascrianças sejam trazidas para dentro de instituições orga­nizadas e tenham uma ocupação, não somente diversão.porque a melhor terapia que ainda existe é a ocupa­cional.

Assim sendo, dcixo aqui este registro, para que sirvade reflexão às autoridades dos vários Municípios, quegastam tanto dinheiro, mas não criam outras alterna­tivas de atividades mais simples.

O trabalho honesto sempre dignifica o homem. Disseum poeta que "o que é belo e sempre novo é ver ofilho do povo lutar e subir de braços dados com a gl6liae no panteão da história conquistar o porvir" .

O SR. OLÍVIO DUTRA (PT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Con­gresso constituinte retoma nesta terça-feira o debate,a discussão ea negociação em torno de um dos direitosfundamcntais para a classe trabalhadora, o direito degreve.

O Partido dos Trabalhadores tem posição no sentidode que o direito de greve deve ser assegurado no textoconstitucional, sem nenhuma lei que o limite. que orestrinja e que o impeça de ser elCcrcido. Aqucles quetentam restringir o direito de greve, na verdade, assu­mem uma posição autoritária, de tutores da classe traba­lhadora, como se esta não soubesse o que fazer coma liberdade que quer conquistar; como se os trabalha­dores, diante da liberdade e da autonomia de poderemsuspender o trabalho no bojo de uma negociação, pu­dessem transformar esse ato em algo prejudicial a simesmos.

Toda e qualquer limitação ao direito de greve nostraz de volta ã legislação autoritária existente no nossoPaís. Na verdade, numa sociedade capitalista como anossa - esta Constituição não vai mudar esse caráter-o empresário aumenta o preço das mercadorias quan­do bem entende, e o faz de maneira muito sutil, masque pode ser vista aqui. Quando um comerciante ouuma rede de supermercados ou lojas esconde merca­dorias, ou quando o fazendeiro esconde o boi, espe­rando a alta do preço, na verdade estão fazendo greve.Ocorre que o capital se constitui de mercadorias dasmais diferentes espécies. resultado do trabalho de ter­ceiros, e os seus preços são definidos pelo pr6prio capi­tal. Especula-se constantemente. Os banqueiros tam­bém fazem greve com dinheiro que não lhes pertence,promovendo constantemente aumentos de preços, di­minuindo os investimentos, dificultando recursos a se­rem canalizados para a área produtiva.

A mercadoria do trabalhador é a sua força de traba­lho, e o Governo, mancomunado com o capital, pre­tende fixar preços de forma permanente. Por isso, osalário, que é a mercadoria oferecida pelo trabalhador,é sempre abaixo da inflação. A sua força de trabalhoé remunerada sempre abaixo do preço e da remunc­ração dos bens e da mercadoria do capitalista. Por isso,entendemos que os trabalhadores devem ter asseguradono texto constitucional o direito de greve e lhes deveser atribuída a liberdade de definir como fazê-la, assu­mindo a responsabilidade pela hora e o momento derealizá-Ia. Nenhuma outra autoridade pode tentar tute­lar esse direito legítimo, praticamente natural, daqueleque vive do seu esforço, da riqueza que produz coma sua força e a sua capacidade de trabalho.

O Partido dos Trabalhadores entende que a redaçãodada ao art. 9', aprovado por mais dc 280 votos, portan­to a maioria do Congresso constituinte, no primeiroturno, embora não seja ideal e perfeita, é bem melhordo que as redações que estão sendo propostas por aque­les que querem restringir o direito de greve.

O Partido dos Trabalhadores entende que este pata­mar é o mínimo que se pode aceitar no avanço de umtexto constitucional que deve abrigar, no seu bojo, odireito fundamental dos trabalhadores - o direito degreve.

Muito obrigado, SI; Presidente.

O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, os jornaisde todo o mundo, em manchete, falam que NélsonMandela se encontra num hospital da África do Sulem estado grave.

Gostaria de lembrar, neste momento, que NélsonMandela, o maior sÚllbolo da luta contra o apartbeld

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Agosto de 1988

na África do Sul, está preso porque só aceitará sualiberdade quando todo o povo negro da África do Sultambém ficar livre.

Recentemente, uma comissão de parlamentares fezuma visita ao Embaixador da África do Sul, aqui emBrasília, e ele nos disse que Mandela está preso porquequer, que lhe foi oferecida a liberdade, já que estácom 70 anos de idade - 26 de prisão -, desde queMandela assinasse um termo de compromisso a~irman­

do que não lutaria mais pela liberdade. Mandela serecusou a assinar este compromisso e deixou claro queprefere morrer nos cárceres da África do Sul a assinarum documento em que ele se posiciona contra a lutapela liberdade e o fim do apartheid.

Nem que Mandela morra, tenho certeza, Sr. Presi­dente, Srs. Deputados, a luta contra o apartheld emcima do simbolo nacional, que é Nélson Mandela, conti­nuará até que em nenhum país do mundo exista a polí­tica racista do apartheid.

Quero também registrar que hoje à tarde votaremosduas questões de fundamental importância para a classe

.trabalhadora. A primeira é o direito de grcve, que foimuito bem exposto pelo nosso colega Olívio Dutra.Gostaríamos apenas de reafirmar que temos ouvido asmais variadas argumentaçõcs contra o direito de greve.O direito de greve é uma realidade na maioria dospaíses do mundo, inclusive na Constituição de Portugal,da Alemanha, dos Estados Unidos, da França, da Itáliae de tantos outros países. Este direito, que foi aprovadono primeiro turno, .na verdade é um pálido direito degreve, porque consta no inciso II do artigo da greveque todo e qualquer abuso será punido, na forma dalei. E sabemos que inúmeros juristas já estão colocandoque um piquete ou uma concentração em frente a fábri­ca poderá ser considerado um abuso. Conseqüentemen­te, os responsáveis serão punidos. Diria até que é deuma irresponsabilidade total dizer que de repente ostrabalhadores farãb greve porque até mesmo nos Esta­dos Unidos, por exemplo - ouvi isso -, foi eleitoo candidato democrata ou republicano.

Essa é a política do absurdo, não é uma política séria.E os trabalhadores sabem da responsabilidade da greve,bem como todos os dirigentes sindicais também sabemque uma greve mal encaminhada representa o suicídiodo sindicato e da categoria.

Vamos participar, ainda hoje pela manhã, das nego­ciações, mas não iremos aceitar qualquer redação quevenha a piorar ainda mais o que neste momento adqui­rimos com relação ao direito de greve. A intenção do"Centrão" está clara: tentar restringir o direito de gre­ve, dizendo que ela só pode ocorrer no âmbito muni­cipal. Temos muito claro, por exemplo, o seguinte fato:se os jornalistas de São Paulo estiverem em greve eos patrões mandarem imprimir os jornais no Rio Gran­de do Sul, os trabalhadores da mesma área, naqueleEstado, também deverão entrar em greve, e não somen­te ficar restrita ao Município.

Complementando, Sr. Presidente, gostaria tambémde reafirmar nosso total apoio à posição indicada ontem,aqui, pelo Presidente da Assembléia Nacional Consti­tuinte, Sr. Ulysses Guimarães, no sentido de que, apartir do dia 25 deste mês, haja um esforço concentradopara concluirmos os trabalhos da Assembléia NacionalConstituinte.

Estivemos viajando pelo nosso Estado durante essefim de semana, ocasião em que pudemos constatar queo que a população mais pede é a conclusão dos trabalhosda Constituinte. Por isso apelo para que fiquemos aquinos próximos quinze dias, a partir do dia 25. Temosa certeza de que há condições de, no mês de setembro,promulgarmos a nova Constituição.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. Paulo Paim, o Sr.Albérico Cordeiro, 2'-Secretário, deixa a cadeirada presidência, que ~ ocupada pelo Sr. Bezerra deMelo, artigo 76 do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Bezcrra de Melo) - Tem apalavra- o Sr. Hermes Zaneti. (Pausa.)

O SR. HERMES ZANETI (PMDB - RS. Sem revi­são do orador.) -Sr. Presidente, SI"" e Srs. Deputados,a Assembléia Nacional Constituinte deverá apreciar ho­je, em definitivo, o direito ao voto facultativo aos meno­res com idade entre 16 e 18 anos.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Na Comissão de Sistematização esse direito da juven­tude brasileira foi garantido por 58 votos a favor contra22. No plenário, em primeiro turno, esse mesmo direitofoi reafirmado com 355 votos a favor, 98 contra e 38abstenções.

Quero manifestar a minha confiança em que a Assem­bléia Nacional Constituinte manterá sua decisão ante­rior, integrando a juventude brasileira no processo polí­tico.

Durante muitos anos a juventude brasileira foi amor­daçada, proibida de se manifestar, destituída da suaperspectiva de participação política. Agora é dever daAssembléia Nacional Constituinte, quando lança as ba­ses para a estrutura institucional da democracia brasi­leira, chamar a juventude para participar da construçãoda democracia. Neste sentido, considero fundamentalo direito facultativo ao voto.

É, inclusive, Sr. Presidente - V. Ex' é educador- uma atitude pedagógica facultarmos à juventude des-·sa faixa etária o direito à participação, como eleitor,no processo político brasileiro.

Recebi algumas informações preocupantes esta ma­nhã, no sentido de que as forças conservadoras, a direitareacionária deste País está-se mobilizando para derru­bar esta conquista. Por isso vim a esta tribuna parafazer um apelo aos co-autores desta proposta e a todosos Constituintes que se preocupam e têm responsabi­lidade com o futuro do nosso País: que se mobilizemneste instante para reverter uma eventual tendênciaimposta de fora para dentro, que poderá fazer retro­ceder decisões anteriores da Assembléia Nacional Cons­tituinte. A juventude brasileira está alerta e estará aquihoje à tarde, representada por expressivas liderançasdos seus movimentos. Confio ainda em que aquele!Constituintes que no primeiro turno e na Comissão deSistematização decidiram por integrar a juventude bra­sileira no processo político mantenham hoje a sua deciosão. Voltaremos hoje à tarde com este assunto.

Sr. Presidente, antes de finalizar, queria dar a minhaopiuiãO sobre um segundo ponto. Vemos hoje nos jor­nais o resultado da reunião do Sr. Presidente da Repú­blica com seus Ministros. Segundo noticia a imprensa,está em andamento a "Operação Desmonte", segundaa qual o Governo Federal pretende desmontar os seusserviços e transferir mais de mil deles para os Estadose Municípios. Fala-se na questão da educação, da saúde,do transporte, especialmente da construção de estradas,e outras. Educador, como V. Ex', Sr. Presidente, estouseguro de que a Assembléia Nacional Constituinte man­terá, no mínimo, as conquistas - especialmente emrelação a recursos - obtidas nas suas decisões nas vota­ções anteriores. Por isso, desde logo quero dizer quenão procede a determinação do Governo Federal dereduzir os investimentos em educação, através da trans­ferência do serviço para os Estados e Municípios. Aimposição de investimento mínimo de 18% de sua recei­ta de impostos estará selada por definitivo na Consti­tuição hrasileira, e o Governo Federal não poderá exi­mir-se desta tarefa, essencial em qualquer governo, es­pecialmente em um País em processo dc desenvolvi­mento, que queira preparar as basés estruturais parao seu futuro. A educação é o instrumento absoluta­mente fundamental para qualquer processo de desen­volvimento. Por isso queremos chamar a atenção dopoder político brasileiro, e especialmente da Assem­bléia Nacional Constituinte, no sentido de impedir queo Governo Federal, numa espécie de represália, queiravoltar-se contra a educação e os investimentos funda­mentais que nela devem ser feitos. É verdade que muitastarefas serão descentralizadas, até em decorrência dareforma tributária, mas não pode pensar o GovernoFederal que por essa via vai cximir-se de sua responsa­bilidade e de sua ação em relação à educação brasileira,até porque, em relação ao ensino fundamental a aogigantesco número de analfabetos que temos em nossoPaís, há uma proposta nossa nas Disposições Transi­tórias que impõe ao Governo Federal a coordenaçãode um amplo trabalho para a eliminação do analfabe­tismo e a garantia de vagas no ensino fundamentàl atéo ano 2000.

Com a descentralização dos recursos, através da re­forma tributária, estarcmos poupando prefeitos e gover­nadores de continuarem de pires na mão, a dependeremde um Governo central o mais das vezes insensível e

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sempre discriminatório que atende a seus compadrese amigos e não àqueles que eventualmente professemuma proposta política diferente. É hora de acabar comisso, é hora de garantir que as necessidades dos Muni­cípios e das regiões prevalecerão sobre a vontade polí­tica de um eventual Presidente de plantão a nível fede­ral.

Por isso, Sr. Prcsidente, quero relembrar a necessi­dade de estarmos mobilizados para defender os direitosque a Constituinte está assegurando ao povo brasileiro,quer o direito ao voto facultativo a quem tem entre16 e 18 anos de idade, quer a educação como o grandeinstrumento de construção da democracia brasileira.

Muito obrigado.

O SR. AMAURY MÜLLER (PDT-RS. Scm revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,os vapores etílicos do Poder parecem ter embriagadoliteralmcnte o Sr. José Sarney, que, a esta altura, perdi­do em contradições, não consegue mais vislumbrar se-quer um milímetro adiante do seu nariz. .

Enquanto anuncia que foi possível reduzir a cercade 1% do Produto Interno Bruto o déficit público eantecipa cortes drásticos num orçamento que - quemsabe? - ele não terá o direito de elaborar, a orgiados aumentos persiste, esmagando os direitos do traba­lhador e reduzindo substancialmente o seu já insigni­ficante poder de compra.

Hoje, com um certo estardalhaço, os jornais anun­ciam novos aumentos, sobretudo de alimentos para amesa quase vazia do trabalhador. O povo brasileiro,graças às loucuras cometidas pelo Governo, come hojeo pão que o diabo amassou. O aumento autorizadopelo Governo foi de 20%, de tal forma que o pãozinhode 50 gramas, que nem sempre tem 50 gramas, já custaa bagatela de Cz$ 13,20. O aumento acumulado dopão, apenas este ano, foi de 338%. No mesmo período,a inflação corroeu as entranhas da Nação em algo como232%. Então, Sr. Presidente, o pão, que deveria serum alimento permanentemente presente ã mesa do tra­balhador, aumentou de preço 45% acima da já insupor­tável taxa de inflação. E o Governo mantém o processoinflacionário sob controle! Piada grosseira e sem graça.

O leite, fundamental para a alimentação do nossopovo, sofreu aumento, a partir de hoje, de 20,83%.Aqui em Brasília. nas barbas de um Governo irrespon­sável, o litro do leite tipo "C" já custa Cz$ 94,50.. Oaumento acumulado este ano foi de 298%, algo como25% acima da taxa de inflação.

As passagens aércas, que não dizem respeito direta­mente aos direitos fundamentais do trabalhador, masque, de alguma forma, influem sobre o conjunto docusto de vida, também. registraram, a partir de hoje,um aumento de 17,69%. A elevação acumulada nessessete primeiros meses do ano foi de 291,92%, algo como25 % acima da taxa de inflação.

A cebola, que na dona-de-casa chega a causar lágri­mas, mas que não causa lágrimas nem de crocodilono Governo, em apenas uma semana registrou um au­mento de 67%.

Este País, mal administrado, mal conduzido, está-seencaminhando rapidamente para uma encruzilhada pro­blemática, já se afunda no abismo insondável, o queconstitui um sério e gravíssimo risco para o processode redemocratização, para a rápida consecução da tran­sição, para que a NaçãO fique imune a quaisquer agres­sões das minorias direitistas que, sempre à espreita,pretendem golpear a liberdade e a democracia.

Isto é extremamente perigoso, Sr. Presidente, a me­nos que a Assembléia Nacional Constituinte, por seusmembros, recrie a vergonha que está perdendo, reassu­ma os compromissos com a dignidade e a honradez,conclua, o mais rapidamente possível, o segundo turnode votação e remeta à promulgação um texto que possacontemplar, em parte, os direitos, espezinhados e esma­gados, do povo brasileiro.

Quero, por último, Sr. Presidente, com a permissãode V. Ex', referir-me a umá pesquisa publicada ontempelo jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, sobreo perfil inicial do eleitorado gaúcho - um univcrsode cerca de 1.200 pessoas, de todas as classes sociais- com vistas às eleições municipais deste ano.

O jornal, na sua primeira página, desde logo cometeum equívoco ao atribuir ao meu partido, o PDT. quanto

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à preferência desse universo de 1.200 pessoas, um jJer­centual de apenas 1,8%. Na página central, que trazo resultado global de dez bairros consultados, o PDTexibe os seguintes resultados: Centro-Bonfim, 14,5%- l' lugar; Menino Deus e Cidade Baixa, 4% - 4'lugar; Moinhos de Vento, Auxiliadora e Boa Vista eRio Branco, 7,5% - 3' lugar; Petrópolis, Três Figueirase Jardim Botânico, 8,6% - 2' lugar; Passo da Areiae Cristo Redentor, 8,2% --'- 3' lugar; Partenon e SãoJosé, 6,9% ~ 3' lugar; Cristal, Tristeza e Ipanema,13,3% -1' lugar; Teresópolis, Glória e Nonoai, 4,2%- 4' lugar; Sarandi, 11,4% -1' lugar; e, finalmente,Vila Restinga, 8,2% -2' lugar. Somando-se.estas par­celas, chega-se a um total de 86,6%, que,1 divididospelos dez bairros pesquisados, dão ao PDi um totalde 8,66%, portanto, o 3' lugar, ligeitame*e abaixodo desgastado PMDB e do PT, que está realmente emfase de crescimento.

Alguns jornais de Brasília, tomando por "'ase a pri­meira página do Correio do Povo, que exibo a, V. Ex',e não percebendo o equívoco cometido por falta derevisão, atribuíram ao PDT um desempenho realmentecomprometedor, de apenas 1,8%, quando, na reali­dade, pelos dados que apresentei à Casa, o PDT temum desempenho equivalente a 8,6%.

Mas fiz esta observação apenas para restabelecer averdade e ensejar aos jornais não agirem tão precipita­damente, sem uma leitura mais demorada, sem umareflexão mais profunda a respeito de resultados de pes­quisas. O que interessa, Sr. Presidente, é que o PMDB,no caso dessa pesquisa feita pela agência "Perfil" parao jornal Correio do Povo e rádio e televisão Guaíba,apresenta um índice de rejeição altamente comprome­tedor: 22,9%. Nenhuma das pessoas consultadas nessenível desejaria mais votar no PMDB, o que significaque, embora o seu candidato a Prefeito de Porto Alegrehaja largado na frente, na medida em que os debatesocorrerem, as posições forem explicitadas, ele cairá ver­ticalmente, porque, de algum modo, direta ou indireta­mente, é responsável pela crise que está erodindo aspróprias energias nacionais e matmIdo as esperançasdo povo brasileiro. '

Espero, Sr. Presidente, que o Sr. José Sarney, depoisdesses aumentos insuportáveis, também crie vergonhana cara e não fique anunciando controle da inflação,controle dos preços dos gêneros de primeira necessi­dade, controle do déficit público, como se estivessefazendo um favor ao povo brasileiro. Que S. Ex' cumprao seu dever e, se não tiver condições de cumpri-lo,se estiver cego e embriagado pelo poder, que faça aquiloque a Nação toda Ilspera: renuncie e abra a possibilidadede o País inteiro, ele sim, manifestando a sua vontade,escolher um dirigente que csteja à altura do momentohistórico e contribua para que possamos construir aNação que todos queremos, uma Nação mais igualitária,mais justa, mais limpa, mais decente, mais humana e,sobretudo, mais cristã.

o SR. SÓLON BORGES DOS REIS (PTB - SP.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, hoje, congratulo-me com o carteiro brasileiro. EmSão Paulo, neste último domingo, cinco milhões de cor­respondências foram entregues à população, por 6.500funcionários, que trabalharam com seiscentos e cin­qüenta veículos e puseram praticamente em dia todoo atraso de um mês que se operou na distribuição decorrespondências em virtude da greve reivindicatóriade caráter salarial que o cartciro e os demais trabalha­dores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafospromoveram. Na realidade, numa época em que, nestePaís, ninguém acredita mais em nada e em ninguém,é auspicioso verificar que a instituição Correios, no pas­sado muito anatematizada pela opinião pública e a quemse atribui todas as falhas, hoje; apesar de tudo, inspiragrande confiança popular. E a figura pessoal do cartei­ro, que faz a entrega direta, de casa em casa, da corres­pondência, é realmente daquelas que conta não só coma confiança, mas com a solidariedade, a'simpatia e atémesmo o afeto dos brasileiros em toda ,parte. Aconteceque, ultimamente, os trabalhadores dos Correios, assimcomo os demais trabalhadores do Brasil, viram-se obri­gados ainterromper seu trabalho para, em greve reivin­dicatória, exclusivamente salarial, defender seus legíti­mos direitos e suas legítimas aspirações. Uma política

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

salarial 'confusa e que ~empre se opera em prejuízodo trabalhador leva os que dependem do próprio traba­lho a recorrer ao últimq recurso na sua luta reivindi­catória, que é a paralisação do trabalho, ou seja, agreve, direito universal 110 trabalhador. Acontece que

ds próprios governos, ab partirem para uma políticade arrocho salarial, acabam por ensinar, ou melhor,apontar ao trabalhador búnico caminho de satisfazeras suas reivindicações legítimas e o atendimento dosseus direitos. Tem sido sempre assim: através de enten­dimentos, negociações, reivindicações e outros cami­nhos que não a paralisação do trabalho, o que temacontecido é que não há atendimento ao trabalhadore qualquer política de contenção de gastos corta semprea carne do trabalhador. Por isso, o trabalhador apren­deu a lição que os governantes lhes vêm: ensinando:se não re'corre à cirurgia da greve, mas tenta a clínicaou a homeopatia dos entendimentos, não merece respei­to dos governos. Os governantes só tcm atendido otrabalhador ém última instância, quando não há maiscomo resistir. Por isso é que os carteitos do Brasil eos demais trabalhadores da Empresa Brasileira de Cor­reios e Telégrafos, bem como de outros setores, vêem-sena contingência de recorrer à greve, que deve, realmen­te, ser o último recurso do trabalhador, para o atendi-,mento dos seus direitos e legítimas reivindicações. De­pende muito do poder público verificar até onde podechegar e até onde deve chegar, porque nem todos ostrabalhadores vão à greve pela greve. Há, naturalmen­te, as organizações que preferem a greve pela greve,para a conscientização ou a politização de uma determi­nada direção ideológica. E isso é, do seu ponto de vista,ideológico. Mas o trabalhador, de nm modo geral, des­cartando qnalquer outra conotação, só recorre à grevequando não tem realmente outro instrumento de defesados seus legítimos direitos. Por isso, é hoje auspiciosoverificar, que, voltando ao trabalho, os carteiros doBrasil estão dando uma lição. Nesse mutirão de SãoPaulo fica um exemplo de como, em poucas horas,cinco milhões de correspondências foram entregues adomiCilio, na maior cidade da América do Sul.

O SR. FELIPE MENDES (PDS - PI. Sem revisãodo orador.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados, o jornalCorreio Braziliense de ontem publicou uma extensa ma­téria a respeito dos anunciados cortes no orçamentogeral da União, que denominou "operação desmonte",ou seja, a transferência de encargos do Governo Federalpara os Estados e Municípios~ como conseqüência dasmedidas aprovadas pela Constituinte transferindo re­cursos para estes. Quero externar, aqui, a minha preo­cupação com referência a alguns projetos que estãolistados entre aqueles suscetíveis do corte. São projetosque interessam às regiões mais pobres, como o Nortee Nordeste, entre os quais o Projeto Padre Cícero, Cer­rados Nordestino, Saneamento Básico Rural, Ações deSaú!le no Nordeste Rural, Projeto São Vicente, Apoioàs Micro e Pequenas Empresas das Regiões Norte eNordeste e Ferrovia Transnordestina. Estes os que maisde perto interessam à região nordestina. Além desses;temos, também, o Pólo Noroeste, o Programa NovaFronteira, o Desenvolvimento do Pantanal e o Desen­volvimento Agrícola do Vale Araguaia, entre outros.

Sr. Presidente, refiro-me a esses projetos porque afutura Constituição mantém como competência daUnião o desenvolvimento regional. Acho que os cortesno orçamento são necessários. É preciso equilibrar oorçamento público, não apenas do Governo Federal,mas dos Estados e Municípios. Porém, neste caso, oque se está verificando é apenas uma transferência deencargos em função da transferência dos recursos; naverdade, no conjunto dos recursos públicos de todosos três níveis do Governo, não há qualquer reduçãode déficit.

Outra medida anunciada, que também me causapreocnpação, é a fusão do Departamento Nacional deObras e Saneamento - DNOS, com o DepartamentoNacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, e coma Companhia de Desenvolvimento do Vale São Fran­cisco, para formar uma futura Empresa Brasileira deIrrigação e Drenagem. Acho que é preciso, que essasmedidas sejam debatidas no Congresso Nacional. Te­mos a responsabilidade de defender também os inte­resses das nossas regiões.

Agosto de 1988

Sr. Presidente, quero aqui externar, nestas brevespalavras, a preocupação do Nordeste e de outras regiõesmais subdesenvolvidas em relação às medidas anun­ciadas pelo Governo Federal, o qual tomará, até quinta­feira próxima, algumas decisões.

Por último, Sr. Presidente, quero registrar o aniver­sário de minha cidade, Terezina, capital do Piauí, quehoje completa 136 anos, homenageando aquela popula­ção, que tem demonstrado um grande anseio de desen­volvimento e progresso.

Muito obrigado.

o SR. GONZAGA PATRIOTA (PMDB - PE. Semrevisão do orador.) -Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputa­dos, quero, usando a tribuna, congratular-me com oPresidente Ulysses Guimarães, que convocou a Assem­bléia Nacional Constitninte para um esforço concen­trado, no sentido de concluir, até o final deste mês,os trabalhos do segundo turno da nova Constituiçãobrasileira.

Isso é muito importante não apenas para os Srs. Cons­tituintes, mas paia toda a Nação, que espera a promul­gação da Carta. Ao mesmo tempo, repudio as declara­ções do Líder do PFL, Deputado José Lourenço, quechama de demagógica a pretensão do esforço concen­trado - pretensão não só do Presidente Ulysses Guima­rães, mas acho que da grande maioria dos Srs. Consti­tuintes. Disse S. Ex' que não convocará sua bancadapara esse esforço. Mas conhecemos os Constituintesde sua bancada. Patriotas que são, certamente estãointeressados em resolver os problemas da Nação, queestá parada. Temos certeza de que não apenas os Cons­tituintes de outros partidos, mas também os deputadosindependentes doPFL farão parte desse esforço concen­trado.

Trago outro assunto, Sr. Presidente.As eleições municipais a serem realizadas no próximo

mês de novembro têm, no meu Estado, uma caracte­rítica especial, pois apesar de tudo o que se apregoaem contrário, o PMDB é o grande estuário do descon­tentamento e das desilusões do povo pernambucano,em face das desastrosas administrações do PFL na esma­gadora maioria dos municípios.

O que ocorreu na eleição de 1986, quando o PMDBfez a quase totalidade dos Governadores, está em viasde acontecer a nível municipal no Estado de Pernam-'buco. Mesmo considerando o desprestígio do partidoa nível nacional, em face do descumprimento de seuprograma pelos que assumiram o poder e, ainda, peladescaracterização de suas ações nesta malfadada NovaRepública, frustrando as expectativas populares, oPMDB representa em Pernambnco uma força que su­planta a todo e qualquer esforço do PFL e de outrassiglas de menor porte e presença inferior no contextoeleitoral no Estado. Os candidatos que estão disputandoas prefeituras de Pernambuco pelo PMDB representamo novo e preparam-se para o poder, somando seus esfor­ços ao Governador Miguel Arraes para que Pcrnam­buco dê um exemplo ao País, confirmando a mudançaque toda a população reclama. Estou convencido,Sr. Presidente, de que o PMDB sairá vitorioso nas re­giões onde o PFL elegeu praticamente todos os prefeitosem 1982. Há seis anos o povo espera a oportunidadede recuperar as prefeituras de municípios que, pela im­portância que têm no Estado, precisam de dirigentescomprometidos com programas sérios, dentro da linhapartidária e em consollância com o Governo Arraes,no qual a tônica é a participação popular e a gestãodemocrática.

Excetuando o Município de Itapetim, onde o PMDBelegeu o prefeito em 1982, por sinal uma administraçãoeficiente e moderna, o PFL elegeu no sertão todos osatuais prefeitos, os quais, em sua totalidade, desagra­daram ao povo pelos desmandos praticados e pela inefi­ciência com que conduziram seus mandatos.

Em função desses desastres administrativos, o PMDBirá eleger para as prefeituras do sertão do São Franciscoos nomes de Moisés Severiano para Afrânio, Petrolina;Diniz Cavalcanti, em Santa Maria da Boa Vista; Eldo­van Carvalho, em.Cabrobó; Dcrmeval Menezes; noSertão do Araripe: Araripina; Pedro Batista, em Trin­dade; Geraldo Lins. em Ipubi - Trajano; No sertãocentral: Parnamirim - Plácido Angelim, Cedro, Marti­nho dos Anjos, Salbueiro - Alvinho Patriota, Verde-

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Agosto de 1988

jante - José Eudes, Terra Nova - Elizaldo Sá, Miran­diba - Nelson Carvalho, São José do Belmonte ­Robério Carvalho; sertão do Pajeú: Serra Talhada ­Luciano Duque, Triunfo - Carlos Ferraz, Flores ­Arnaldo Santana, Carnaíba - Manoel de Louro, Afo­gados da Ingazeira' - Orisvaldo Inácio Silva, Ingazeira- Antonio Siqueirl\, Tuparetama - Edmilson

, São José do Egito - Raimundo Eufrásio,Itapetim - José Lopes, Santa Terezinha - Harol­do ; Sertão do Moxotó: Sertânia - ArlindoFerreira, Arcoverde - Julião Julu, Custódia - Bel­chior Nunes; Agreste: Agrestina - Cláudio Damas­ceno, Aguas Belas - João Secundino, Itaiba - Joa­quim Bezerra, Surubim - Flávio Guerra.

Os nomes acima, Sr. Presidente, contam com o meuapoio pessoal e representam o que mais expressivoaqueles municípios podem apresentar para a implan­tação de um novo sistema político e admin,istrativo,condizente com as necessidadcs do povo pernambucanoe que possam ajudar Arraes a consolidar o governopopular para o qual a grande maioria dos eleitores dcPernambuco o elegeu.

O SR. OSVALDO BENDER (PDS"':'"RS. Sem revisãodo orador.) Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, quan­do de minha última viagem pelo interior do Rio Grandedo Sul, constatei muito descontentamento por partedos Srs. Prefeitos com os quais mantive contato, comrelação a certos casuísmos aprovados para os Parlamen­tares. Por exemplo: o Parlamentar pode ser candidatoa Vice-Prefeito sem ter que renunciar, podendo exerceros dois cargos em conjunto, e também ser candidatoa Prefeito, sem que para isso tenha que renunciar aoseu mandato.

Embora isso seja uma tradição, os Srs. Prefeitos criti­caram-nos, porque eles sequer podem ser reeleitos ouser candidatos a Parlamentar sem antes renunciaremaos seus mandatos.

Sr. Presidente, tudo isso ainda é admissível e aceitá­vel, uma vez que é praticamente uma tradição e umapraxe ligada aos Parlamentares. Mas o jornal "CorreioBraziliense" de hoje noticia o seguinte:

"Acordo arruma jeito de parente se eleger"

Um dispositivo do art. 14 impede que parentes pos­sam ser candidatos a cargos eletivos. No entanto, segun­do o jornal, nas disposições transitórias os Constituintesaprovarão um dispositivo que ressalva a condição doscandidatos que são Parlamentares. No caso de um De­putado que seja filho de prefeito ainda investido nocargo, pela Constituição, ele não poderia se candidatar.Mas o texto constitucional a ser aprovado agora ressalvaas candidaturas dos Parlamentares.

Para não parecer casuísmo, os Líderes decidiram quea ressalva valerá somente para a eleição deste ano."Com o acordo resolvemos os problemas de alguns Parla­mentares que já estão com suas candidaturas lançadas.Assim, vamos aprovar sÓ um casuismozinho, comentao Deputado José Genoíno. O Líder do PMDB na Cons­tituinte, Deputado Nelson Jobim, tinha revelado ante­riormenteo desejo de suprimir o § 7', mas depois deconsultar a bancada considerou que a fórmula do acordoassegura um texto razoável."

Sr. Presidente e Srs. Deputados, acordos dessa natu­reza é que desmoralizam todos nós, especialmente aAssembléia Nacional Constituinte, porque tudo isto éfeito em nome da nova Carta, dos Srs. Constituintes,quando se aprovam casuísmos, quando se fazem leisem benefícios próprio. Ora, quero alertar os Srs. Líde-res para que reflitam sobre isso. 'I

Se esse casuísmo for adotado, que o seja de formageneralizada, para todos os brasileiros. Não podemoslegislar aqui apenas a nosso favor. Sabemos o quantoo político é desprestigiado no momento, e com coisasassim, a cada dia que passa, ele fica mais desvalorizado,mais desmoralizado.

Então, faço este alerta, com veemência, e manifes­to-me contra os casuísmos: ou se faz para todos osbrasileiros, ou não se faz.

Então, ainda seria melhor suprimir o § 7' do art.14, em vez de apenas legislarmos e fazer uma lei apenaspara essas eleições.

Era isso o que queríamos registrar com veemência,.alertando os Líderes, dizendo que eles não podem, deforma alguma, legislar em causa própria.'(Palmas.)

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

O SR. BENEDICTO MONTEIRO (PTB -PA. Semrevisão do orador.) -Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputa­dos, às vezes fico em dúvida se a Constituição liberalque estamos escrevendo está à altura do momento histó­rico que os povos estão vivendo no mundo, nos paísessubdesenvolvidos, principalmente no Brasil. Digo issoporque já denunciei várias vezes aqui, desta tribuna,que as sociedades vivem hoje uma situação de guerrilhaanárquica, onde as organizações, tanto as oficiais comoas particulares, não têm capacidade de dirigir os seuspróprios associados.

Recentemente, no meu Estado, em Belém do Pará,meu filho, advogado, com sua esposa, gestante de novemeses, em vias de ter uma criança, estava na fila dosupermercado, num dia de sábado, para se abastecer,quando foi agredido por um cidadão, um empresárioda cidade, e enqnanto tentava proteger o filho que traziaao' colo para poder discutir com o dito indivíduo, foigolpeado com uma garrafa cheia de rum, que quebrouna sua cabeça. Foi para o hospital, onde recebeu 38pontos, e ficamos muito preocupados com a possibi­lidade de ter ele algum problema no cérebro. A esposa,gestante, tentando defender o marido, recebeu umagarrafada na mão, teve que ser operada e recebeu 32pontos. Nenhuma providência foi tomada.

Hoje, de madrugada, f~i acordado com uma notíciade Belém. O presidente do Diretório Municipal do meupartido, Dr. Brito, teve sua casa invadida por' quatroindivíduos e, apesar de implorar aos invasores, aos cri­minosos, teve sua filha de 20 anos assassinada friamenteno recinto do seu lar.

Esses dois fatos não só significam que existe no mun­do, principalmente nos países subdesenvolvidos, parti­cularmente neste País, uma guerrilha anárquica quese deflagra, às vezes, até aqui, nas galerias deste Con·gresso, no recinto desta Casa, nas imediações e emtodos os pontos das grandes cidades. Isso constitui umalerta de que o nosso aparelho policial, de que a segu·rança do cidadão estão profundamente descuidados,neste momento em que vivemos. A polícia, além 'dafalta de preparo, dos vícios que ela toda tem, pela vivên­cia com o crime há tanto tempo, não tem sequer elemen­tos materiais e humanos capazes de atender ao cidadãonessas circunstâncias dramáticas em que vivem as famí­lias nas suas casas, nas ruas, no trabalho e até no própriolazer.

Por isso, Sr. Presidente, quero registrar qui, da tribu­na da Câmara, esse fato dramático que acaba de acon­tecer com o presidente do Diretório Municipal do meupartido, em Belém do Pará, na capital do meu Estado.Quero fazer um apelo às autoridades, principalmenteao Sr. Mínistro da Justiça, que deflagrou uma campa­nha, um mutirão de segurança, ao Governador do meuEstado, para que tenham m,ais cuidado com esse proble­ma da segurança do povo. E muito difícil hoje o cidadãoque tem uma vida pacata, que não está envolvido emnenhum conflito, ser assassinado ou ter membros desua família assassinados dentro de 'sua própria casa,e depois, com raríssimas oportunidades, esses crimessão apurados e quase nunca punidos os seus autores.Quando punidos, esses marginais, que geralmente sãoreincidentes, vãopara as penitenciárias e produzem ou­tro tipo de guerrilha que, a todo momento, espoea n!!~

páginas das revistas, dos jornais e nos noticiários datelevisão e do rádio.

Por isso, Sr. Presidente, profundamente compungí­do, constrangido, faço este registro, neste momento,desta tribuna eu, que nunca tive a oportunidade deusá-Ia para trazer assuntos pessoais, quer sejam meus,da minha família, quer sejam dos meus amigos. Tragoestas duas notícias para que as autoridades vejam queestamos caminhando cada vez mais para a exacerbaçãodessa guerrilha, que está intranqüilizando tódo o povobrasileiro.

O SR. JOÃO DE DEUS ANTUNES (PTB - RS.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr"e Srs. Deputados, ontem, 15-8-88, às 11 horas, na sededa Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janei­ro, tivemos a oportunidade de assistir apenas (fomosimpedidos de participar) a uma reunião do ConselhoNacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC, quecongrega as Igrejas Católica Apostólica Romana, IgrejaCristã Reformada, Igreja Episcopal, Igreja de Confis-

Quarta-feira 17 2827

são Luterana, Igreja Metodista e 'Igreja PresbiteriáriaUnida.

Referida reunião foi convocada com a finalidade deos membros do CONIC se manifestarem em nome dosevangélicos (segundo eles) sobre a matéria "A Consti­tuição Segundo os Evangélicos", veiculada no Jornaldo Brasil no dia 7-8-88. .

Entre os "democráticos e justos" líderes presentese que representavam o CONIC, estavam as seguintes"autoridades" eclesiásticas: Bispo Paulo Loehman ­Igreja Metodista; Hélcio Lessa - Igreja Batista; AryBandeira - Igreja Congregacional; Jorge Macedo ­Igreja Episcopal; Paulo MoreIli - Católica Romana;Jeter Pereira Ramalho - Igreja Congregacionalj CelsoFranco - Igreja Episcopal; Alzir Baldino Nascimento- Missão Latino-Americana; José Carlos Torres ­Igreja Batista (candidato a Vereador) e Mozart Noro­nha - Igreja Luterana.

Pois esses senhores, que, com suas igrejas, repre­sentam a parcela íntima de no máximo.3 % das Igrejasevangélicas (as pentecostais, só da Assembléia de Deus,no Brasil, chegam a 50 mil templos) foram pegos desurpresa quando este que fala a V. Ex" e mais o Depu­tado Salatiel Carvalho entraram no recinto e tentaramparticipar da reunião.

Fomos informados de que não tínhamos sido convida­dos. Alegamos que ali estávamos com o propósito deao menos tentar apresentar documentos e fazer nossadefesa, pois, até então, tínhamos sido acusados, ataca­dos com declarações inverídicás e infames sem que tivés­semos a mínima oportunidade de defesa, e se eles real­mente estavam em busca da verdade deveriam ouvira outra parte, a acusada, pois o direito de defesa éo mais elementar dos direitos numa democracia, e aliestávamos para ser ouvidos.

O "pseudodemocrata" Paulo Lochman, que dirigia'os trabalhos, disse-nos que primeiro outros falariamc que nós ficaríamos para o final.

Aceitamos e aguardamos nossa vez, visto que a afir­mação partira de um Bispo (fardado e tudo) e nós nãopoderíamos duvidar de sua palavra, pois parecia-nosque realmente estávamos diante de um santo homemde Deus, que por sua vez estava em busca da verdade.

Não há papel que comporte a avalancha de acusações,ofensas até, saídas da boca "santa" de muitos, comodo candidato a vereador José Torres e do barbudo Mo­zart Noronha, de "refinada educação".

Esse cidadão nos causou a mais profunda impressão(negativa, é claro) pois se dizendo "pastor" e de dedoem riste no nosso rosto nos chamou de "fascista" eidiota, ao que lhe respondi que estranhava sua atitude.uma vez que ele falara em justiça e tantas outras vezesem democracia e, mais ainda, se apresentava como pas­tor (bem, não há só pastores dc ovelhas... )

Também fomos convidados para "sair na rua paranos acertarmos" , convite este que foi feito pelo jovem"pastor" Juinglio, da Igreja Presbetiriana Unida, verda­deiro "apascentador" (ou é apaucentador) do rebanho.

Realmente não esperáv,amos uma "acolhida" tão ma·ravilhosa como aquela que recebemos; verdadeira in­quisição.

Que exemplo de democracia'nos deram esses preten­sos líderes, que não se dignaram convidar um represe­nante da Assembléia de Deus para se manifestar!

Aquele que desejou fazê-lo foi impedido, não lhefoi dada a oportunidade, visto que o mesmo não fazparte do CONIC.

Há uma evidente "dor-de-cotovelo" por parte dessessenhores.

José Carlos Torres disse, na sua fala, que "era precisoesgotar todos os recursos possíveis para pôr fim à CEB,enfrentá-la com seriedade", (Assim como fizeram co­nosco, certamente: ofensas e a não oportunidade denos defender.)

Que exemplo de democracia (marxista parece), poissó vale o que eles dizem!

São tão democráticos que, se alguém discordar desuas idéias, acaba surrado ou indo para o paredão. Eeles não se aperceberam de que o regime que queremimplantar não tem dado certo nem na Rússia?

Queremos deixar bem claro que a CEB funcionouaté 64, quando, por incompetência de seus diretorese outras coisas mais,)endo acabado falida, com seu

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patrimônio diminuído, desaparccendo do cenário nacio­nal durante o período revolucionário.

É evidente que aqui chegamos para defender a ideo­logia que achamos a mais acertada.

Não somos progressistas de esquerda, pois a açãodesses fere os nossos princípios, e mais, a Perestroikaestá aí.

Este direito que todos os Deputados têm de se expres·sar segundo as suas convicções e consciências.

Temos o direito de ficar do lado que quisermos. Entrea esquerda radical, entre os senhores feudais e a direitareprcsentada pelo Govcrno, cu prefiro, ainda que nãoseja O melhor, ficar com a última.

Fomos acusados de inconseqüentes e agora terão queprovar o que disseram perante a Justiça.

Nossa vontade é que se ache a verdade o mais rápidopossível.

Isto se fará através de documentos, importantes porsinal, de tomada de depoimentos e até de uma CPI,que a nobre Deputada Dirce Tutu Quadros requereupara apurar toda a verdade.

Não temos nada a esconder, é do nosso interesseque muitos sejam ouvidos.

S6 quero saber sc aqueles que pediram o espaço con­tra n6s poderão provar o que disseram.

São elementos incompetentes, sem capacidade de fa­zer a metade do que estamos fazendo; apenas mandamseus assessores para a reunião do CONIC e lá não com­parecem, não têm coragem de nos enfrentar num debatefranco c aberto para que todos saibam a verdade.

É muito fácil fazer declarações inverídicas, depre­ciativas e remetê-la para o Correio Braziliense e Jornaldo Brasil.

Ontem as câmaras de televisão estiveram na reuniãodo CONIC; fomos ouvidos, no final, por alguns jorna­listas; mas assim como fizeram os "democráticos" líde­res presentes, nossa fala não foi colocada ao ar, aomenos para que nossa comunidade soubesse o que aliestava acontecendo.

É fácil acusar. E o ônus da prova incumbe a quemalega.

Que nossos acusadores se preparem, breve terâo notí­cias nossas.

Quanto ao item "Igrejas Evangélicas sc distanciamda Confederação Evangélica do Brasil", assinado pcloSr. Godofredo G. Boll, devemos esclarecer que a in­competência, repito, daqueles que administravam aCEB não os deixou ou lhes deu coragem para se insurgi­rem contra o que o Sr. Boll diz ter sido omissão duranteos 21 anos de ditadura militar.

Não o fizeram porque não quiseram, tinham o direitopara tanto. Seria medo de algum revés? Alguma "culpacm cart6rio?"

A administração da atual diretoria se iniciou em 87,diante da inoperância daqueles que se diziam donosda falida CEB.

Digo-lhe, Sr. Boll: o ressurgimento da CEB, quciramos senhores ou não, é e será "um instrumento adequadode testemunho comum no exercício do amor c do scrviçoao povo, para a justiça e para a paz, conforme a orien­tação das igrejas" que não estejam ligadas ao CONIC.

Nunca gostci de elementos covardes que não têmcoragem de assumir suas declarações.

Para finalizar:Tive, infelizmente, uma dccepção muito grande com

aqueles que se dizem "os salvadores da moral cristã".Na verdade, o despeito é porque perderam o seu espaçoe um pouco dc verbas. Não muitos como outros 6rgãoschamados de elite que recebem subvenção estrangeira,em dólares, marcos, em nome dos pobres, mas quena verdade tais rcmcssas são canalizadas para organi­zaçõcs populares; greves, direitos humanos ctc.

o SR. VICENTE BOGO (PSDB - RS. Sem revisãodQ orador.) - Sr. Presidcnte, Sr~ e Srs. Dcputados,já "faz um ano e mcio que o Governo Federal vemadministrando o País à base de decretos-leis devidoao fato de o Congresso Nacional- Câmara dos Depu­tados e Senado Federal- cstar reunido em AssembléiaNacional Constituinte e não dispor do tempo nccessáriopara legislar sobrc questõcs conjunturais. Nesse senti­do, já chegaram ao Congresso Nacional algumas deze­nas de dccretos-leis, na vcrdade, mais de cem, do anopassado para cá, scndo que 105 deles estão em regime

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

de votação, muitos a serem incluídos na Ordem doDia para leitura c outros quc ainda dcverão chcgar,já que foram expedidos pelo Presidente da República.Nós juntamente com outras lideranças e Constituintes,por scrmos contrários à rejcição de alguns dos decrctos,ou pelo menos parte do teor de alguns, tivemos que,em alguns casos, obstruir as sessões do Congresso Na­cional para que não fossem aprovados por decurso deprazo. Há alguns prontos para serem aprovados, já queestão incluídos na pauta da sexta ou da sétima sessãode votação e, portanto, com mais três ou quatro sessõespassarão por decurso de prazo.

Para tentar superar essas dificuldades, Sr. Presidentc,e para também não ficar a impressão de que o Congressoestá contra o Govcrno, ou inviabilizando a adminis­tração federal, há pouco foi rcalizada uma rcunião nogabinete do Presidente do Congresso Nacional, SenadorHumberto Lucena, com a prcscnça das Lideranças dospartidos, onde se fez uma avaliação de todos os decre­tos-leis que estão em regime de votação. Foi feito tam­bém um acordo de Lidcranças no sentido de que numasessão a ser ainda convocada pelo Presidente do Con­gresso, possivelmente para amanhã, às 9:30h, seriamvotados aqueles que não sejam polêmicos, que não cau­sem constrangimento ao Congresso ou a alguns doslíderes dos partidos políticos.

Assim sendo, pretendemos fazer um requerimento,ou as Lideranças, no sentido de inverter a ordem devotação, para que, do total de 105 decretos-leis, 21sejam colocados no final da pauta, para serem aprecia­dos numa outra oportunidade e para que, em canse·qüência, 84 decretos-leis baixados pelo Presidente daRepública sejam aprovados na próxima sessão do Con­grcsso Nacional, para dar mais tranqüilidade ao próprioGoverno, a nível de administração, e também para qucnão fiquem todos esses decretos-leis acumulados, a nívelde Congresso Nacional, criando dificuldades quase queinsuperáveis pela administração, e até para que se ame­nizem as pressões feitas sobre os parlamentares.

Comunico aos colegas desta Casa que houve esseentendimento entre as Lideranças e, portanto, devere­mos aprcciar, amanhã, na sessão especial do CongressoNacional a ser convocada, esses 84 decretos que enten­demos devam ser aprovados.

Muito obrigado.

oSR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS) - Sr. Presi­dente, Sr" e Srs. Deputados, quando convocamos oMinistro Raphael de Almeida Magalhães, da Previdên­cia Social, para comparecer a esta Casa, colocamos paraS. Ex' diversas denúncias de irregularidades na desas·trosa gestão que fez, à época, naquele importante Minis­tério do Governo brasileiro. Agora, o Tribunal de Con­tas da União está confirmando tais denúncias de irregu­laridadcs, por exemplo, na compra dos 328 famigeradosapartamentos para os diretores da Previdência.

Então, S. Ex' foi evasivo, não respondeu a uma SÓ

questão. Depois, seu gabinete de imprensa distribuiuum release à imprensa nacional, dando a impressão deque o Ministro havia satisfeito aos deputados no ques­tionamento que se formulou. Ao contrário, S. Ex" nãorespondeu concretamente a nenhuma das perguntas so­bre as irregularidades que apontávamos, e agora vamosdissecar, uma a uma, tais afirmações. Começo hojepedindo a transcrição nos Anais desta Casa do parecerdo Ministro-Relator do Tribunal de Contas da União,Adhemar Ghisi, aprcsentado na sala de sessôes do Tri­bunal de Contas da União no dia 3 deste mês, queleva o número TC-009.729187-9 e diz o seguinte:

"Sr. Presidente,Srs. Ministros,Sr. Procurador-Geral,

Este Tribunal, em Sessão de 21-7-87, deferiu onosso requerimento de solicitação de informações,ao Ministério da Previdência e Assistência Social,versando sobre a aquisição de 328 apartamentospara servidores do SINPAS, na Capital Federal,pOJ Cz$ 1.030.000.000,00 (um bilhão e trinta mi­lhões de cruzados).

Agosto de 1988

A tramitação do feito, nesta fase de instrução,ensejou procedimentos e diligências várias que cu­mularam os autos com um processo principal dedez volumes anexos.

As irregularidades apontadas pela bem elabo­rada instrução, a cargo da 7" lGCE, revelam, anosso ver, a existência de várias infrações a normasde administração financeira e orçamentária, confi­gurada na gestão temerária de bens e valores daUnião, por parte das autoridades do l' escalão doMPAS, a começar pelo seu pr6prio titular, à épo­ca."

Quem era o titular da Pasta à época? O MinistroRaphael de Almeida Magalhães.

É bom que a opinião pública brasileira tome conheci­mento da comprovação das denúncias de irregularida­des na gestão do Ministro da Previdência Social; é bomque o Presidente desta Casa, que também é PresidentcNacional do PMDB, partido do Sr. Raphael de AlmeidaMagalhães, tome ciência e providências, em nome damoral pública. Já não falo em ética e lei.

A impunidade que grassa neste País está ficando ummonstro capaz de devorar o que resta de credibilidadeda parte dos brasileiros para podermos fazer deste Paísuma democracia.

Prossigo, Sr. Presidente, com a leitura do parecerdo Ministro-Relator do Tribunal de Contas da União:

"Considerando que os órgãos do Sistema Nacio­nal de Previdência e Assistência Social, dentre eleso lAPAS, integram o conjunto de entidades que"prestam contas a esta Corte;

Considerando quc, nas diversas etapas percor­ridas pelo processo, não se fez ainda presente amanifestação do Sr. Presidente do Instituto de Ad­ministração Financeira da Prcvidência e Assistên­cia Social, sobre a globalidade dos aspectos neleenfocados;

Considerando, ainda, a necessidade de estabele­cer-se o contradit6rio entre as partes envolvidasno feito;

Determinei, por despacho singular, ao órgão ins­trutivo - nos termos do art. 95 do RegimentoInterno - a oitiva preliminar do Titular do lAPASpara que, no prazo irrecorrível de 30 dias, pronun­cie-se acerca das irregularidades emanadas dos au­tos, quais sejam:"

O Ministro-Relator cita, então, sete irregularidades,quc rogo a V. Ex' sejam consideradas como lidas.

Deixo a íntegra do parecer do Ministro-Relator comoparte do meu pronunciamento. Os Srs. Deputados quedcsejarem ter ciência das irregularidades especificadaspoderão verificá-Ias no documento quc passo às mãosdeVo Ex'

Sr. Presidente, csta é uma das muitas questões levan­tadas pelas denúncias que formulávamos dentre outras,se refere à compra, em Brasília de 328 apartamentos.E há outras, Sr. Presidente. O que foi feito com oprédio da Dataprev no Rio de Janeiro, com o prédioda Previdência Social em Belo Horizonte e com o con­trato que a Dataprev fez de prestação de serviços àFurnas Centrais Elétricas? Não são serviços de energiaelétrica, mas administrativos, com vencimentos, à épo­ca, de 650 mil cruzados por mês, que hoje, corrigidos,em OTN, iriam a 2,3,4, 5 milhões de cruzados. Sãoos "marajás" da Previdência Social, em detrimento dofiliado, do aposentado, que não recebe o reajuste daaposentadoria, do trabalhador doente, que não conse­gue hospitalização. E os gastos publicitários? Enfim,existe todo esse caos na Previdência Social, verdadeiraorgia de gastos públicos, em decorrência da malversaçãodo dinheiro público, promovida, dentro outros, pelocx-Ministro da Previdência Social, da intitulada NovaRepública do PMDB, Raphael de Almeida Magalhães.

Este registro para as conseqüências do desdobramen­to das denúncias formuladas e para que possamos che­gar um dia à responsabilização, porque, ficando embrancas nuvens, na impunidade, como tem ficado, esta­mos contrariando toda a expectativa da opinião públicanacional e deixando de exercer as responsabilidadcsda representação popular que exercemos na Câmarados Deputados. (Palmas.)

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~gosto de 1988

PARECER A QUE SE REFERE O ORADOR:

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC - 009.729/87-9

Sr. Presidente,Srs. Ministros,Sr. Procurador-Geral,

Este Tribunal, em Sessão de 21-7-87, deferiu o nossorequerimento de solicitação 'de informações, ao Minis­tério da Previdência e Assistência Social, versando so­bre a aquisição de 328 apartamentos para servidoresdo SIMPAS, na Capital Federal, por Cz$1.030.000.000,00 (um bilhão e trinta milhões de cruza­dos).

A tramitação do feito, nesta fase de instrução, ense­jou procedimentos e diligências várias que cumularamos autos com um processo principal de dez volumesanexos.

As irregularidades apontadas pela bem elaborada ins­trução, a cargo da 7' IGCE, 'revelam, a nosso ver, aexistência de várias infrações à normas de administraçãofinanceira e orçamentária, configurada na gestão teme­rária de bens e valores da União, por parte das autori­dades do l' escalão do MPAS, a começar pelo seu pr6­prio titular, à época.

Considerando 'que os 6rgãos do Sistema Nacional dePrevidência e Assistência Social, dentre eles o lAPAS,integram o conjunto de entidades que prestam contasa esta Corte;

Considerando que, nas diversas etapas percorridaspelo processo, não se fez ainda presente a manifestaçãodo Sr. Presidente do Instituto de Administração Finan­ceira c!a Previdência e Assistência Social, sobre a globa­Iidade dos aspectos nele enfocados;

Considerando, ainda, a necessidade de estabelecer-seo contradit6rio entre as partes envolvidas no feito;

Determinei, por despacho singular, ao 6rgão instru­tivo, - nos termos do art. 95 do Regimento Interno,- a oitiva preliminar do Titular do lAPAS para que,no prazo irrecorrível de 30 dias, pronuncie-se acercadas irregularidades emanadas dos autos, quais sejam:

1) desobediência aos princípios de Planejamento eCoordenação, na transferência de 6rgãos do SIMPASpara Brasília, deixando no Rio de Janeiro a DATA­PREV (art. 6' e 73, Decreto-lei n' 200/67);

2) avaliação dos im6veis adquiridos pelo lAPAS porEmpresa não credenciada (art. l' do Decreto n' 74.409,de 14-8-74), e contratada sem o devido procedimentoIicitat6rio;

3) transferência, para Brasília, das Direções-Geraisdo INPS, INAMPS e lAPAS, através da: Portaria n'4.044, de 7-7-87, do Ministério da Previdência e Assis­tência Social, em desacordo com norma regulamentarem vigor (art. l' do Decreto n' 86.211, de 15-7-81);

4) dispensa de licitação, na aquisição de 328 aparta­mentos em Brasília, sob a justificativa de "im6veis desti­nados ao serviço público", apesar de essa caracterizaçãonão enquadrar-se nas disposições dos arts. 64, 76, 80e 92, do D'ecreto-Iei n' 9.760, de 5-9-46 (art. 2' do Decre­to-lei n' 2.300, de 21-11-86);

5) inexistência do Plano Trienal de' Obras, previstono Regulamento da Gestão Administrativa, Financeirae Patrimonial do SIMPAS - art. 31 e sens §§ (Decreton' 83.266, de 12-3-79), à época da aquisição dos im6veis;

.6) ausência de aprovação presidencial- via Decreto- nos Orçamentos das entidades do Sistema Nacionalde Previdência e Assistência Social (art. 107 da Lein' 4.320/64), cujo beneplácito deu-se ilegalmente atra-v~s da Port. MPAS n' 4.057, de 22-7-87; ,

7) fixação de valor para a OTN inferior àquele vigen­te, no mês .de assinatura da escritura (julho/87), acarre­tando prejuízo de 35,81% para a Previdência Social,na conversão do saldo devedor, em quantidade de OTNpara cruzados (Lei n, 4.357, de 16-7-64); .

8) inexistência do Plano Plurianual de Custeio doSIMPAS. (art. 18 e § I', da Lei n' 6.4}9, de 1-9-77)à época da transação indigitada.

E o que tinha a comunicar ao nobre Colegiado, porespecial atenção a seus dignos Membros.

Sala das Sessões, 3-8-88. - Adhemar Ghisi, Ministro­Relator.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

o SR. ANTÔNIO FERREIRA (PFL - AL. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, a questão do sangue no Brasil merece o estudoaprofundado do legislador constituinte, de quem porigual se requer solução breve dos problemas que vêmsendo gerados pelas doenças transmitidas pelas trans­fusões.

Na forma do texto aprovado em primeiro turno, dis­põe-se sobre "as condições e os requisitos que facilitema remoção de 6rgãos, tecidos e substâncias humanaspara fins de transplante, pesquisa e tratamento, bemcomo a coleta, processamento e transfusão de sanguee seus derivados, vedado todo tipo de eomercialização",de aeordo com a lei.

Como se vê, a legislação complementar obriga-se adispor sobre o assunto, observando a impossibilidadede qualquer forma de comercialização do sangue e deseus derivados, o que significa dizer que será sempregratuita a sua coleta, processamento e transfusão.

O Estado, assim, assumiria esse serviço. Não se per­guntou, porém, se ele teria condições de fazê-lo, emcurto prazo, e se seria razoável desse modo interromperas atividades das empresas e profissionais brasileirosdedicados ao setor.

Hematologistas, hospitais, bancos de sangue e cen­tros de ciência nacionais opinaram que o Governo, res­ponsável por tão-somente um terço dos atendimentos,não teria condições de assumir, de imediato, a totali­dade desse encargo, pelo que seria imperativo emendaro texto para evitar o colapso do setor.

Por isso, apresentei proposição modificativa do pará­grafo 4" do artigo 204, com a anuência da Liderançado meu Partido, objetivando suprimir do dispositivoa expressão "vedado todo tipo de comercialização",assim permitindo a continuidade, por mais algum tem­po, dos serviços particulares que se dedicam a essa áreafundamental para a vida humana.

Justificando-a, argumentei que a frase poderia invia­bilizar a obtenção de sangue e de seus derivados, emquantidade compatível com o atendimento da popula­ção, e imporia ao Poder Público o dever, para o qualnão está preparado, de suprir as necessidades totaisde hemoderivados do País.

No exclusivo interesse da saúde da população brasi­leira, portanto, era imprescindível assegurar o forneci­mento de sangue e de seus derivados, e evitar maioresdificuldades à assistência médico-hospitalar devida peloEstado.

Infelizmente, porém, as posições assumidas pelosConstituintes que defendem essa tese, vêm sendo con­traditadas pelos que, em função de convicção política,e não científica, apresentam os autores dessas emendascomo delegados dos interesses de multinacionais da áreamédico-hospitalar.

Seguramente, não é o meu caso. Volto a insistir quede nenhuma forma é possível pôr em risco a vida docidadão, que sempre deverá receber o sangue ou deri­vado de que necessitar para sobreviver. Nesse sentido,parece-me, a solução alvitrada pela Relataria pode con­duzir a questão a bom termo, pelo menos parcialmente.

Concordando com a minha emenda, entenderam osRelatores que pelo menos a comercialização. de hemo­derivados deve ser permitida, assegurando-se assim aplenitude do atendimento da população e o prossegui­mento da atividade empresarial no País dedicada a essesegmento científico-industrial.

Quanto ao mais, fica mantida a proibição de comer­cialização, como querem os Relatores, "pelos efeitosdanosos que representa à saúde pública".

Era o que tinha a dizer.

O SR. DENISAR ARNEIRü (PMDB - RI. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs..Deputados, "O Passeio das safras agrícolas no Brasil"- Quanto mais nos aprofundamos nos mistérios dostransportes das nossas safras agrícolas, mais nos perde­mos, pois todas as informações que nos chegam sãocontradit6rias. Comenta-se até que há desaparecimen­to, não de centenas ou milhares, mas de milhões 'detonel~das. Vários 6rgãos da administração pública eprivada movimentam esse volume imenso de safra desuas áreas de produção para armazéns em inúmeroslocais e até para Estados diferentes e, segundo denúnciada imprensa, grande parte dele nunca chega ao destino.

Quarta-feira 17 2829

Como transportador rodoviário, desejo alertar npssasautoridades para que os contratos de transportes quefazem não podem ser realizados com firmas fantasmasque, ap6s uma safra, desaparecem como por encanto.O Ministério da Agricultura, a CFP, cooperativas eaté a Fepasa deveriam manter contato estreito com oDNER, para saber se as empresas que estão sendocontratadas estão aptas para realizar o trabalho a queestão se propondo.

O jornal O Estado de S. Paulo do dia 4 de agostocorrente denuncia, numa página inteira, essas irregula­ridades, que já eram do nosso conhecimento, comoempresário. Mas agora, vindo elas a público, nos senti­mos no dever de, como Deputado Federal, represen­tando o povo do Estado do Rio e com a obrigaçãode zelar pela economia nacional, esclarecer o assunto.Podemos atestar que esse problema já é antigo e que,com o incremento das safras que vem ocorrendo nosúltimos dois anos e tendem a aumentar a cada ano,os abusos serão cada vez m3iores~ e os prejuízos doGoverno incalculáveis. Segundo O Estado de S. Paulo:

"Ninguém explica o sumiço da produção. Das10,8 milhões de toneladas de milho e 4,4 milhõesde toneladas de arroz compradas pelo Governonas safras 1985/86 e 1986/87 calcula-se que, no míni­mo, 1,5 milhão de toneladas (ou 1,5 bilhão de qui­los, ou o equivalente a 300 milhões de sacos dearroz de cinco quilos) desapareceram inexplicavel­mente de armazéns credenciados pela Companhiade Financiamento da Produção (CFP), segundo es­timativas feitas por técnicos do pr6prio Governo.Ninguém sabe o número total das perdas e é issoque uma nova comissão de sindicância está ,tentan­do descobrir, além do paradeiro de 54 processospara contratação de empresas de transportes, feitospela agência da CFP em Curitiba. Tudo leva acrer que eles sumiram em meio a toneladas dearroz e milho e que vinham sendo desviadas dosarmazéns. Se as 1.500 mil toneladas de arroz emilho que se perderam dos estoques governamen­tais, por desvio, quebra ou troca.de qualidade,fossem exportadas proporcionariam uma receita aoPaís de US$ 210 milhões, o que em cruzados signifi­caria Cz$ 51,9 bilhões (ao câmbio de Cz$ 247,77).O Presidente da CFP, Luiz Norberto Ratto, queassumiu o cargo em dezembro do ano passado,procurou desmobilizar o esquema de contrataçãode fretes que era feito através da Fepasa e estátentando implantar um novo regulamento tornan­do obrigat6ria a licitação pública apesar das resis­tências do diretor de operações, Genésio de Bar­ros, que, segundo o pr6prio Ratto, não pode serafastado do cargo pqr ser homem indicado por polí­ticos de Goiás. Ratto demite Terrível- O máximoque Ratto conseguiu até agora foi demitir o prin­cipal auxiliar de Genésio de Barros, o superinten­dente de movimentação de estoques, Nélson Terrí·vel- também de Goiás - mesmo assim dando-lheem troca o cargo de coordenador das agências daempresa nos Estados. Descobrir o tamanho dorombo das contas da CFP será a missão mais difícilda nova comissão de sindicância. O volumede re­cursos envolvidos na aquisição de produtos agríco­las, no pagamento de armazenagem e na contra­tação de fretes desde 1985 é tão grande que vaiexigir a instalação de uma auditoria contábil a nívelnacional. S6 no ano passado foram gastos no pro­grama de AGF (Aquisições do Governo Federal)cerca de Cz$ 50 bilhões, além de Cz$ 12,2 bilhõesem despesas adicionais. S6 o Banco do Brasil, queteoricamente tem a obrigação de fiscalizar a integri­dade dos estoques governamentais, levou de comis­são Cz$ 1,4 bilhão".

Assuntos como este somos obrigados a denunciar datribuna da Câmara, para que os responsáveis fiquemsabendo que o Legislativo também está atento àquiloque ocorre de errado no País e não sermos chamadosde omissos, desatentos e irresponsáveis pelo contribuin­te que, no final, vai pagar a conta de muitos brasileirosirresponsáveis.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. IVO MAINARDI (PMDB - RS. Pronunciao seguinte diseurso.) - Sr. Presidente, Srs.. !;)eputados.

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2830 Quarta-feira 17

como representante da região do Vale do Rio Pardo,no Rio Grande do Sul, desejo saudar o esforço, a dedi­cação e a coragem dos agricultores gaúchos que, apesardas incertezas, apostaram na produção e estão na imi­nência de colher uma das mais significativas safras deinverno dos últimos anos.

Nem mesmo o intenso frio e as geadas obstaculizaramo desen)'olvimento das plantações, e no trigo, por exem­pio, teremos a colheita de um milhão, quinhentas eoitenta e seis mil, novecentas e vinte e uma toneladas,o que significa uma expansão de 0,27%, em relaçãoà safra de 1987, no que se refere à área de plantio.Também é esperada uma colheita de 103 mil 776 tone­ladas de aveia e, no alho, é aguardada uma produçãode 2.942 quilos por hectare, o que totalizará uma produ­ção de'7.494 toneladas desse produto. ,

No trigo, tivemos uma redução significativa, pois acolheita de 2milhões, 537 mil e 036 toneladas foi inferiorà do ano passado.

Contribuiu para isso, a instabilidade econômica pelaqual passamos e que faz com que nossos produtorespensem muito antes de investir.

Por tudo isso, conhecendo como conhecemos a nossatristc realidade, onde a inflação leva a custo dos insumosa alturas inacessíveis, precisamos saudar o esforço eo denodo dos nossos produtores, que desafiando tudo,investiram na produção dos alimentos dos quais tantonecessitamos, dando exemplo de coragem e de confían­ça no nosso País.

o SR. JOSÉ LUIZ MAIA (PDS - PI. Pronunciao seguinte disc:urso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,os projetos de irrigação estimulados pelo apoio do Mi­nistro Vicente Fialho no vale do Gurguéia, no Estadodo Piauí, já podem ser considerados como ponto inau­gurai de um novo e revolucionário ciclo na produçãoagrícola daquele Estado e de todo o Nordeste, nãoSÓ pelos alvissareiros resultados obtidos na primeiracolheita, como, e, acima de tudo, pela comprovada po­tencialidade da região, onde a prtldutividade alcançaíndices altamente compensadores.

Segundo noticiam os jornais, os agrônomos e técnicosagrícolas aos quais o Ministério da Irrigação destinoulotes experimentais no Nordeste já começaram a colhera primeira safra, obtendo resultados surpreendentes,como constatou o próprio Ministro, que no último fimde semana procedeu a uma visita de inspeção aos perí­metros irrigados.

No projeto do DNOCS, no vale do Guguéia, essestécnicos estão obtendo produção e produtividade queextrapolam todas as exPectativas, apesar de ainda esta­rem no primeiro ano de trabalho, cada um explorandoapenas os vinte hectares que lhes foram designados den­tro do projeto de colonização em que se asscntam outrostantos pequenos produtores.

Em quatro meses de atividade, a produção de arroz,em um desses lotes, alcançou 1.300 sacas de 60 quilos,prod!!tividade jamais verificada em toda a região. Oprodutor vendeu o resultado da colheita a três mil cruza­dos a saca, atingindo uma receita bruta de três milhõese novecentos mil cruzados, contra uma despesa de ummilhão e quinhentos mil. Isto vale dizer que o trabalhode quatro meses ofereceu um lucro líquido de dois mi­lhões e quatrocentos mil cruzados, o que comprovaa alta rentabilidade da agricultura nas áreas irrigadasdo Nordeste.

Em outro lote, a produtividade do feijão registrou260 sacas de 60 quilos, e o resultado das primeiras centoe sessenta sacas já comercializadas cobriu o débito con­traído junto à rede bancária, contando o produtor comlucro líquido sobre as cem sacas restantes, cuja comer­cialização poderá, inclusive, aguardar melhor oferta depreços.

O projeto Gurguéia tem cerca de 13.500 hectares,dos quais 1.900 irrigados por aspersão convencional,pivô central c irrigação de superfície. Ali já se concen­tram nada menos de 190 famílias de irrigantes, seispequenos empresários, além de 18 técnicos agrícolase 10 agrônomos. Nenhum deles, até hoje, desistiu dotrabalho, e existe mesmo uma fila enorme à esperade oportunidade, tanto no Gurguéia como nos demaisprojetos de irrigação do Nordeste. Atualmente, estãosob treinamento cerca de 100 técnicos, para ocupaçãode lotes em outros perúnetros.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Somente para este ano, o projeto Gurguéia prevê'a produção de 4 mil toneladas de feijão; 3.135 toneladasde melancia; 217 toneladas de arroz; 200 de bananae 60 de cítricos, além de pequenas colheitas de hortifru­tigranjeiros, o que vai representar, com certeza, umavanço inestimável na sistemática de produção de ali­IIÍentos no Estado do Piauí.

Isto tudo'é justo proclamar, deve-se ao interesse doGoverno Sarney, através do Ministro Vicente Fialho,cuja meta de promover ao máximo o sistema de irriga­ção da região vem sendo cumprida impecavelmente.Com a adoção, a médio prazo, do represamento dorio Contrato, no vale do Gurguéia, a tendência naturalé a ampliação da fronteira agrícola do Piauí, gerandoempregos e contribuindo, de maneira irreversível, paramaior oferta de alimentos no mercado interno brasi­leiro.li este, Sr. Presidente, o registro que me cabe fazer

neste momento, reafirmando minha esperança no soer­guimento da economia rural do Nordeste através dosprojetos de irrigação que vêm sendo criteriosam,enteimplementados.

O SR. JOFRAN FREJAT (PFL - DF. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr" e Srs. Depu­tados, a administração do atual Presidente da Sudepe,Sr. Aécio Moura da Silva, está sendo objeto de críticase denúncias dos servidores do órgão, consubstanciadasem documento intitulado "Carta Aberta à Nação", on­de são apontadas irregularidades que teriam sido come­tidas pelo referido dirigente.

Procedente da Associação dos Servidores da Sudepe,a Carta em questão relata uma série de procedimentosilegais, especialmente o uso indevido dos dinheiros pú­blicos pertencentes à autarquia, empregados, segundoos signatários, em reforma e mobiliário destinados aouso, em proveito próprio, de um imóvel localizado noLago Sul, até então utilizado como creche para os filhosdos funcionários que ali trabalham.

As denúncias dessas e de outras práticas contráriasao interesse público foram instruídas com documentoscomprobatórios dos atos e medidas considerados comodesmandos administrativos, arbitrariedades na condu­ção política de pessoal (com o afastamento de todoservidor que manifestasse inconformidade com a situa­ção de constrangimento criada pelo Superintendentedo órgão), formando um circunstanciado dossiê quefoi encaminhado ao Tribunal de Contas da União peloSr. Joélio de Amorim Souza, suscitando a ação imediatadaquela Corte fiscalizadora da ação do Executivo.

Acredito que a denúncia de corrupção, pela impor­tância de que se reveste, deve chegar ao conhecimentode todos os membros desta Casa, para as providênciascabíveis, motivo pelo qual proponho à Mesa se dignedeterminar a inscrição, nos Anais da Câmara dos Depu­tados, do inteiro teor da citada "Carta Aberta à Nação".

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORA­DOR

CARTA ABERTA À NAÇÃO

A Associação dos Servidores da Sudepe recebeu có­pia de um dossiê, encaminhando ao Tribunal de Contasda União pelo Sr. Joélio de Arnorim Souza, contendosérias acusações ao Senhor Superintendente AécioMoura da Silva, referente ao desvio de recursos públicosna aquisição de eletrodomésticos, tapetes, móveis e re­forma total "Casa do Lago" que já foi utilizada cornocreche para os filhos dos servidores, para transforma-lá,contrariando o Decreto n' 93.902/87 em residência ofi­ciaI.

Por se tratar de denúncia documentada, assinada peloSenhor Joélio de Amorim Souza, CPF n' 063.363.704-10com firma reconhecida em Cartório, achou por bemo Presidente da Associação dos Servidores da Sudepelevá-la ao conhecimento geral dos Servidores em As­sembléia Geral realizada no dia 18 de julho último.

O clima geral de trabalho na Sudepe, hoje, é desani­mador, tendo em vista as medidas exdrúxulas adotadaspelo Superintendente, que seja por uma desastrada polí­tica de "enxugamento de pessoal", quer pelo terrorismoimplantado, com constantes ameaças de demissões,quer pelo abuso constante do "Poder" de, mandar a

Agosto de 1988

autarquia executar trabalhos que agridem os técnicose aviltam os profissionais da casa, ou sejam pelos gastosexcessivos e desnecessários, visando única e exclusiva­mente fortalecer a imagem política - institucional ­religiosa do Sr. Aécio em detrimento de outras priori­dades de real interesse para n setor pesqueiro nacional.Não fosse por isso, ainda reina, hoje, na Sudepe, umarevolta dos servidores por serem acusados irresponsa­velmente pelo Senhor Aécio de serem "marginais", eligados a grupos que, segundo ele, "estariam lhe chanta­geando". Isto tudo, levou os servidores a votar, porunanimidade, no encaminhamento deste documento àsautoridades e à população brasileira, visando resgataro nome do Servidor Público que, hoje, é apontado comoresponsável pelo déficit público, quando na realidadeos gastos estão muito longe dos minguados contrache­ques desses trabalhadores.

Os servidores da Sudepe, não suportam mais tantascalúnias, tantos desmandos, tantas arbitrariedades etantas demagogias.

A Sudepe convive atualmente, com o sexto superin­tendente deste Governo, e cada um que por aqui pas­sou, quebrou um pouco a estrutura organizacional desta"Casa" que, hoje, o Sr. Aécio, contrariando toda aPolítica Econômica do Governo insiste em afirmar quevai transformar em "Aut~rquia Especial". O servidorda Sudepe já, não acredita em promessas vãs de melhó­ria salarial via "tabelas de gratificações", pois sabem,que a atual política do Governo é a de conter o déficitpúblico, através, principalmente do arrocho salarial dofuncionário público ditado pelos próprios credores in­ternacionais.

Não existem mais motivações da Casa, exatamenteporque não existe mais a credibilidade do Governo co­mo um todo. Ouvimos um discurso e presenciamos ati­tudes totalmente disassociadas. O próprio Superinten­dente, que nos vende uma imagem de homem sério,honesto, seguidor da lei de Deus, aparece no dossiê,como um homem sem escrúpulo, sem pudor para coma coisa pública; que usa sua Igreja, Religião e a crençade seus seguidores, para "dar o golpe"; uma pessoaque diz falar com Deus para atingir seus objetivos eco­nômicos; diz abrir as portas da Sudepe para que qual­quer contribuinte venha questionar o que ele está fazen­do com o dinheiro público, mas quando o próprio servi­dor da Sudepe, que também é cQntribuinte, questionaa legalidade ou mesmo a moralidade dos seus· atos,é sumariamente colocado à disposição da SEDAP. "Atransparência da administração do Senhor Aécio estárestrita a seu gabinete e seus interesses inescrupulosos,pois o que anda fazendo com o dinheiro público, somen­te agora pode ser comprovado.

Acusações

Segundo o "dossiê" em poder da Associação dos"Servidores da Sudepe": o superintendente vem resi­dindo ilegalmente a casa do Lago Norte, de propricdadeda Autarquia, que anteriormente era utilizada comocreche para os filhos dos funcionários da Casa.

Contrariando ponderações do Departamento de Ad­ministração, o superintendente autorizou fazer uma re­forma na referida casa, contratando obras de urna firmadesconhecida, e sem capital exigido por lei, orçadasem mais de quatro milhões de cruzados.

Constam das obras e serviços prestados, todos oscustos altíssimos, realizadas em março deste ano:

- colocação de 54 nr de cortinas com forros nosquartos e salas;

- aquisição de dois freezers (um horizontal e outrovertical);

-um fogão de luxo;- uma máquina de lavar louças;- um bebedouro;- colocação de 7 m' de espelhos;-plantio de grama;- colocação de armários modulados;- construção de depósito e banheiro na parte externa

da casa;-colocação de um exaustor;- corte de árvores e cerca viva (custo total de Cz$

38 mil);- retirada dos sanitários infantis (utilizados anterior­

mente na creche); e a sua substituição por vasos sanitá-

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Agosto de 1988

rios e bidê; além de serviços de limpeza geral da CaSae das infiltrações encontradas.

Edição do Jornal da Pesca: a edição do número 11do referido informativo, jan/fev/88, foi feita na GráficaSião. A composição e a diagramação do jornal foramfeitas no Ministério da Agricultura e a referida gráficacobrou da Sudepe Cz$ 394 mil, para a impressão deapenas 10 mil exemplares o que ocasionou uma revoltados Técnicos de Comunicação já que o preço de mer­cado era bem menor. Já o número 12 foi feito no Jornalde Brasília, que para imprimir 15 mil exemplares cobrouCz$ 240 mil valor surpreendentemente menor que edi­ção anterior. O número 13, o último veiculado, foi im­presso no Departamcnto dc Imprensa Nacional (ju­Iho/8S), com uma tiragem de 20 mil exemplares, a umcusto de Cz$ 260 mil o dobro da tiragem do n' 11,com valores inferiores isso 6 (seis) meses depois. Desta­camos que a referida Gráfica Sião já realizou outrostrabalhos na Sudepe, inclusive a impressão de uma carti­lha de "Rizipiscicultura" C"Diretrizes" apesar de nãoser a menor das propostas apresentadas, foi escolhidapelo Superintendente, talvez pelo fato de o seu proprie­tário ser também um evangélico.

Desaparecimento de processo

Encontra-se desaparecido do Gabinete do superin­tendente da Sudepe o processo que trata dos recursosdo FISETlPesca que foram liberados para a implantaçãodo projeto da Empresa Vale do Corumbá S/A, numtotal de Cz$ 122.344.917,00 (valor 1988). O projetoaté a presente data, continua inacabada e sem condiçõesde devolver aos cofres públicos as vultosas importânciasconsumidas sem nenhum retorno. Vale ressaltar que,na época, o Senhor Aécio foi o mentor deste projetoe executor como diretor técnico associado ao grupoempresarial do Torre Palace Hotel, proprietário da Valedo Corumbá.

Nomeação

O superintendente Aécio Moura da Silva nomeou,em Pernambuco, um coordenador regional que estáindiciado em sindicância por ter desviado material depesea. Ele atestou o recebimento de equipamentos depesca que não foram encontrados, uma vez que a empre­sa nunca entregou a mercadoria (num total de Cz$ 509mil). Ao invés de punir o responsável, Aécio premiou-ocom o cargo de coordenador regional do órgão em Per­nambuco, só demitindo-o após desavenças particularesem 10-7-1988.

Justiça e Fé

O superintendente da Sudepe está comprometidocom a justiça dos homens e também com a Divina,conforme denúncias dos seus próprios irmãos de fé.Existem certidões fornecidas pelos eartórios de Brasíliacomprobatórias dos delitos praticados por Aécio nomundo dos negócios, através de condenações na Justiçapara o pagamento de débitos não honrados, de títulosprotes~ados e em situaçõ~s que seriam suficientes paraJ~pedIrq.uem quer que seja de dirigir um órgão público,mnda mms nele ser mantidos seus sócios e empregadosna indústria de Conf. HEAVEN Lida. e ATHOS Com­putadores, assim como seus irmãos de fé, denunciamAécio em seus negócios confusos, em que misturadoscom a exploração da fé, e revelam os meios, métodose expedicntes usados pelo superintendente para alcan­çar seus objetivos, utilizando até mesmo os recursosda Igreja Batista Central de Brasília, na qual é diácono.

Demissão

O superintendente Aécio Moura da Silva demitiu odiretor do Departamento dc Administração do órgão,Barbosa, única e exclusivamente por ele não ter concor­dado com as compras e reformas irregulares que foramrealizadas na casa da Sudepe localizado no Lago Norte.Além dele, Aécio vem, de maneira arbitrária e tirana,afastando diretores de departamentos técnicos por nãoconcordarem com os seus métodos de trabalho e comas promessas demagógicas e mirabolantes, como acon­teceu com José Augusto Aragão - diretor do PDP,engenheiro de pesca, e antigo servidor da Sudepe quecontestou a impropriedade de sua ação.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Vídeos

Além do Jornal da Pesca, utilizado quase que unica­mente promoçâo pessoal, o superintendente contratoua empresa Apoio Vídeo Lida. para a realização de filme­tes sobre as atividades desenvolvidas pela sua adminis­tração à frente da Sudepe, com recursos superiores aCz$ 3,5 milhões, contrariando, assim, recomendaçõesdo Governo Federal que é a de conter gastos. Posterior­mente estes filmes foram reproduzidos para serem en­viados a autoridades, novamente como forma de pro­moção da pessoa do Sr. Aécio. Para a realização dessesfilmes, técnicos da Coordenadoria de Comunicação So­cial da Sudepe opinaram desfavorávelmcntc sob a formade sua realização, por contrariar toda a política de Co­municação Social do Poder Executivo. Foram realiza­dos, na realidade, três filmes, sendo que o de maiorduração retrata em mais de 50% da produção, umaimagem de falsa "administração de Aécio", quandoele usa a própria imagem e depoimentos favoráveis àsua conduta". Sem contar as irregularidades adminis­trativas. O Processo n' s/432/88 cuja nota de empenho199, de 23-3-88 com valor de Cz$ 1.919.000,00 faz refe­rência a um processo que não tramitou oficialmentena Sudepe. O Processo referido s/119/88 com a notade empenho 0066, de 27-1-88, anterior portanto, nãofez nenhuma referência ao contrato aludido posterior­mente.

É flagrante ai, a burla para fraccionar despesas eassim escapar da exigência legalpara a tomada de preço,o "dossiê" aponta ainda muitas irregularidades nessemesmo processo.

Acusações

Defende-se hoje na Sudepe, mais o interesse de umaBancada Evangélica, que se compromete na hora devotar, e vota contra os interesses da população, (viderelação dos que votaram favoravelmente aos quatroanos de mandato), entre outras questões de real inte­resse nacional, do que propriamente as do setor pes­queiro.

Os servidores da Sudepe são acusados pelo SenhorSuperintendente de pertencerem à folha de pagamentode um "ex-sudepiano", exatamente para desestabilizaro Setor pesqueiro; diz ainda ser vítima de chantagemde grupos empresariais que estão ém dívida com a Sude­pe, mas podendo aí, está cometendo até mesmo umcrime de prcvaricação, quando não identifica nem pro­cessa essas pessoas que, segundo ele, estão prestandoum desserviço à nação.

A propósito, além da propaganda - nem semprecalcada na verdade ou na realidade dos fatos - nadase viu de concreto na administração do Sr. Aécio. Seviu, isto sim, um processo de distanciamento entre aDireção - nem sempre coesa - e o quadro funcional.

Esperávamos uma profunda reforma administrativa,que começasse com a definição precisa de um planoestratégico; que passasse por uma revisão de estruturaorganizacional e, finalmente, chegasse à uma reestrutu­ração do quadro funcional. Um trabalho calcado, ini­cialmente, em treinamentos e aperfeiçoamento do pes­soal e, só após, aqueles que não se adequassem às novasfunções e que seriam redistribuídos. Mas o que assisti­mos foi uma inversão total desta proposta gerando,logo de início, uma revolta irrecuperável.

Com ação puramente demagógica, iniciou Aécio umprocesso no qual colocou, compulsoriamente, pratica­mente 500 funcionários à disposição da Sedap, abrindoas portas da Sudepe para aqueles que quisessem sairvoluntariamente, patenteando uma falta tótal de pro­posta alternativa e negando crença à proposta de trans­formação da Sudepe em Autarquia Especial. Tal com­portamento gerou notícia de repercussão nacional, di­vulgada em termos de "saneamento financeiro", comose de fato, o orçamento da Sudepe, ou da União, estives­sem sendo beneficiados com tais liberações. E, o maistriste: gerou-se uma imagem de que aqui, nesta Casade tradições históricas, estivesse um reduto de desocu­pados, ou de marginais. Se a qualidade da imagem do.Serviço Público Nacional, ou do Servidor Público emparticular não é dos melhores, tal não se deve a estepobre, sofrido, desgastado e desmotivado servidor, masà própria política administrativa,. capenga, do Governocomo um todo. Não será a proposta de "enxugamento"

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de recursos da maneira como Aécio a executa que irámelhorar a imagem como um todo.

Mesmo porque, o Superintendente afirmou àquelaépoca, que a Sudepe não necessitava de tantos servi­dores e que resolveria a multiplicação dos peixes commenos da metade deis servidores aqui !otados. E foiassim, repetimos, de forma indiscriminaoa, dispensan­do a todos os que tinham função de fato nesta Casa,sem levar em consideração a extensão das atividadesda Sudepe, de pesquisa, de fomento e de normatizadorado Setor Pesqueiro, sem divulgar que os servidores dis­pensados, não estavam lotados num só departamento,como insiste em citar os 20 Técnicos de Comunicação,os 17 procuradores entre outras funções, mas distri­buídas também pelas 22 Coordenadorias Regionais, 03Centros de Pesquisas, Agências e Estações de Piscicul­turas. Em ato paralelo, traz para cá "colaboradores"seus mas que, ao longo do tempo mostraram-se incapa­zes o que caracterizou "empreguismo'" pessoas sempreparo ou qualificação, sem vivência, até pela poucaidade de alguns de tais assessores (18 anos), o que agridee avilta o próprio ambiente. Vexame maior passa estaCasa quando tais pessoas sem preparo algum repre­sentam o Superintendente em reuniões, limitando-sea ouvir pois nada de concreto sabem sobre o que estádiscutindo, isto a nível ministerial, como se sabe temocorrido. Uma atitude que desprestigia seus homensmais próximos que por desconhecimento de causas, aca­bam colocando os servidores e técnicos da Sudepe comoum grupo de incapazes perante a opinião pública, ser­vindo até, de motivo de piadas, bem ao contrário daimagem que Aécio erroneamente divulga.

Mas de demagógica, a ação de colocar servidor àdisposição da Sedap passou à paranóia, assim entende­mos e assim sentimos, ao analisarmos fatos recentesdaqueles servidores que não concordam com certos pro­cedimentos administrativos, por considerá-los .inade­quados às normas vigentes; ou, em outros, o fato. deserem desligados da Sudepe servidores que não quise­rem se submeter à prestação de serviços de ordem pes­soal e de cunho ou intimidade doméstica, do Sr. Aéciono horário do expedicntc ou fora dele, sem qualquergratificação de hora extra ou de recompensa alimentícia"ticket refeição". Resportamo-nos, por oportuno ­e citando caso concreto, um servidor que não concor­dando em mudar parecer em processo de licitação consi­derado ilegal, foi imediatamente encaminhado a Sedap,como forma de castigo pqrsua "insubordinação à ordemsuperior". Mas enquanto isso, o Senhor Aécio continJ.lllindevidamente usando transporte e funcionário públicopara suas atividades particulares. Desvia recursos finan­ceiros destinados às estações de agricultura para proje­tos sem prioridade, desconsiderando parecer técnico.Utiliza inapropriadamente instalações de centros depesquisas para confraternização de grupo adventista.Dispõe oe recursos fioanceiros para reprodução de có­pias de documentário para sua autopromoção.

Surpreende-nos tal comportamento, se não partindode um dirigente do segundo escalão do Governo Fede­ral, também de um evangélico, que o é, pregador daigualdade entre os homens e, para tanto, invocandoo nome Divino. Mas, ao contrário, o Superintendente,em ato contíguo, ameaça e age com tais colocaçõesà disposição funcionários dos mais honrados desta Casa,gerando um ambiente de terrorismo entre os que ficam,que assusta e que humilha àqueles que ainda acreditamno setor, na autarquia e na honradez que é possíveldesenvolver no serviço público.

Afirmamos que a "reforma" foi invertida e falsa,também pelo fato de Aécio ter ~e apropriado da maioriadas diretrizes que um grupo de trabalho, de gestõespassadas, elaborou sob o título "Proposta para umaPolítica Pesqueira e Reestruturação da Sudepe", frutode intensa e profunda discussão ocorrida no conjuntodos servidores. Este fato inicialmente gerou grande ex­pectativa pois acreditamos na época, que teríamos final­mente uma administração com bases sólidas e apoiadanum profundo conhecimento do setor, já que nossodocumento tinha sido elaborado através de profundosestudos por aqueles que realmente conhecem as poten­cialidades e deficiências do setor pesqueiro. Nós frustra­mos quando constatamos que nossos estudos haviamsido manipulados pelo Sr. Aécio para definir "suas dire-

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trizes" de execução questionáveis sobretudo pela faltade diálogo, de debate justamente com àqueles técnicosque, minimante, poderiam vislumbrar a factibilidadetécnica e a obtenção de recursos para operacionalizartais projetos.

Assim, lançou o Sr. Superintendente um conjuntode programas, das "Diretrizes", dos quais os mais expe­rientes técnicos dos setor não tiveram qualquer partici­pação e, por isso, não assumem os mesmos compro­missos, principalmente quanto ao Programa de Remo­dernização da Frota Industrial; o Multipeixe, o Coo­peixe, os 100 mil hectares de cultivo de camarões entreoutros.

Esta Casa assistiu, nos últimos anos, a passagem deinúmeros superintendentes, a maioria apoiados por par­lamentares e que aqui chegavam com promessas varia­das; outros de comportamento discreto, quase anôni­mos, mas nenhum com propostas tão exdrúxulas quantoesta de multiplicar a produção de pescado em cincoanos quando conhece-se a crise nacional e sabe-se queapenas a implementação s6 do Projeto "Mutipeixe"a Sudepe já deveria ter assegurado recursos na ordemde Cz$ 4.000.000.000,00 (quatro bilhões de cruzados).

A realidade é esta, mas, ainda assim, multiplica-se,as declarações, proliferam-se os anúncios de projetos,alardeam-se propostas milagrosas, tudo em nome deuma administração "transparente e séria" como se ver­dade fosse.

Esta Casa, o SI. Aécio bem sabe, foi construída aolongo dos anos pela abnegação de muitos, que na dispo­sição do trabalho do dia-a-dia, mesmo naqueles emque a crise nacional era maior, mantinham o entusias­mo, a esperança, a expectativa e - aí sim - doavam-sepor ver no setor o respeito à Pessoa, ao Servidor. Omesmo respeito pregado pelo Evangelho, que o SI.Aécio bem o conhece, mas que o interpreta errado,com certcza, pois se Dele tivesse tirado os ensinamentosmilenares mas sempre atuais - talvez não estivessese valendo deste pedestal temporário e transitório doPoder para, com autoritarismo, espezinhar os que aquibuscam fazer suas carreiras profissionais, de forma ho­nesta e legal.

Este é, enfim, um protesto e um desabafo de quemnão suporta mais este falso discurso, por mais transpa­rente que tente ser; de quem se cansou de ver gastosexagerados para justificar a sua pressa de publicidades'inoportunas, por exemplo.

O que se busca, é uma orientação segura, concreta,sem falsidades de objetivos, para que este servidor pú­blico, espremido economicamente pela política salarialque afeta o País, tenha no mínimo uma satisfação fim­cional e realização profissional. - Associação dos Ser­vidores da Sudepe, Francisco Chagas Machado, Presi­dente -ASS.

o SR. FRANCISCO DORNELLES (PFL - RJ. Pro:nuncia o seguinte discurso.) - SI. Presidente, Srs. De­putaôos, o Projeto de Constituição incorporou algunsdispositivos que, caso mantidos no texto final, poderãocriar sério desestímulo ao investimento, com graves con­seqüências para o desenvolvimento do País. Alguns ou­tros dispositivos podem criar grande discriminação emrelaçáQ.a pessoas e setores.

O art. 177, § 2', estabelece que, na aqulSlçao debens e serviços, o Poder Público dará tratamento prefe­rencial à empresa brasileira de capital nacional. Muitosdefendem a manutenção do dispositivo sob o funda­mento de que ele é adotado em outros países, estandoinclusive incorporado ao "American ACT". Existe umadistorsão nesse raciocínio. O ato mencionado estabe­lece,.em alguns casos, nas compras governamentais doGoverno Norte-Americano, preferência para os bense serviços produzidos ou prestados por empresas quemantém um estabelecimento permanente nos EstadosUnidos, em relação a empresas domiciliadas no exteriorque exportam para esse país. O princípio inserido noProjeto de Constituição é diferente. Estabelece umadiscriminação entre empresas domiciliadas no Brasilque produzem, empregam, pagam impostos e contri­buições no País, pelo fato de uma delas ter a composiçãodo capital diferente da outra. Estabelece de fato umadiscriminação entre brasileiros. Os empregados de em­presas brasileiras de capital nacional terão seu empregogarantido, enquanto os empregados de empresa brasi-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

leira de capital estrangeiro passarão a ter o seu empregoameaçado. O empregado da Gurgel, por exemplo, teráa segurança de emprego que faltará ao empregado daFord ou da Volkswagen. O artigo mencionado estabe­lece, pois, odiosa discriminação no texto constitucional.

O art. 25, § 2', dispõe que aos Estados cabe explorardiretamente ou mediante concessão à empresa estatalos serviços locais de gás. Por que a concessão só poderáser feita a empresa estatal? Será que todos os Estadosbrasileiros estão financeiramente fortes para realizarinvestimentos nessa área? Por que motivo deve ser im­pedido que a poupança privada possa ser dirigida paraesse setor? O dispositivo mencionado, de natureza tipi­camente cartorial, pode eventualmente atender ao inte­resse de algumas cidades, como Rio de Janeiro e 'SãoPaulo, mas contraria o interesse da maioria das cidadesdo País, bem como dos consumidores, para os quais.o mais importante é ter um serviço de gás eficiente,com os menores preços possíveis. Na medida em queestá definido no texto que a exploração por terceirosse fará mediante concessão, o interesse público estaráassegurado, porque, caso prejudicado, o contrato pode­rá ser automaticamente rescindido, tenha ele sido cele­brado com empresa cstatal ou privada.

O art. 182, § 1', estabelece que a pesquisa e a lavrados recursos minerais só podem ser efetuados por em­presas brasileiras de capital nacional. Com a teoria "OMinério é nosso", O Brasil corre o risco de deixar oseu minério enterrado para sempre, mesmo porque éfato conhecido que outros países, menos dotados pelanatureza que o Brasil, trabalham ativamente para criarsubstitutos desses minérios. Caso as empresas brasi­leiras de capital estrangeiro que operam na área mineralvenham a encerrar suas atividades no Brasil, será difícilexplicar a seus empregados que eles perderam o empre­go porque a Assembléia Nacional Constituinte não per­mitiu que a poupança externa permanecesse no Brasilpara gerar empregos e divisas.

O art. 177, § 4', tabela as taxas de juros reais paraa concessão de créditos em 12%. Para emprestar a 12%,as instituições só poderão remunerar as aplicações querecebem com taxas mais reduzidas. Isto significa que,quando as taxas de juros internacionais estiverem maiselevadas que 12%, não haverá fluxo de poupança exter­na para o Brasil. Nenhuma instituição financeira públicaou privada do País poderá captar recursos do exteriorpagando uma taxa superior a 12% para emprestá-losa uma taxa mais reduzida. Ocorrendo tal situação, comoem passado recente, fica paralisado o fluxo de recursosexternos para o Brasil, sendo também criado um atra­tivo para a fuga da poupança nacional para o exterior,bem como o seu deslocamento para outros ativos. Odinheiro é uma mercadoria como outra qualquer, cujopreço é fixado em decorrência das condições do merca­do. Caso fosse possível controlar por norma jurídicao preço do dinheiro, essa norma deveria fixar a taxade juros em 1% ou 2%, e não em 12%. Deveria havertambém outras normas jurídicas para fixar o preço detodas as demais mercadorias. Qualquer dispositivoconstitucional ou legal fixando a taxa de juros não teráoutro efeito senão afugentar a poupança interna e exter­na, reduzindo drasticamente as taxas de crescimentoda economia do País.

O Projeto de Constituição não veda à União, aosEstados e aos Municípios conceder, através de lei, bene­fícios financeiros ou fiscais às atividades comerciais,industriais ou agrícolas, mas veda a essas unidades fede­rativas a destinação de recursos públicos para as ativi­dades privadas na área da. educação e da saúde. Istosignifica que os recursos públicos, através de incentivosou subsídios, podem ser destinados para a instalaçãode fábricas de bebidas ou para o cultivo do fumo, masjamais para subvencionar entidades privadas de educa­ção ou saúde, mesmo quando elas sejam instaladas emlocais e cidades onde O setor público não possui escolase hospitais.

A Assembléia Nacional Constituinte deverá iniciarbrevemente a votação final do Projeto. É a última opor­tunidade que temos de eliminar do Texto Constitucionaldispositivos retr6grados, cartoriais e xenófobos. Esperoque dentro de um grande entendimento se possa apro­var uma Constituição moderna e compatível com o graude desenvolvimento do País.

Agosto de 1988

O SR. COSTA FERREIRA (PFL - MA. PronunciaO seguinte discurso.) -SI. Presidente, Srs. Deputados,a saúde do povo brasileiro vai mal. As endemias assolamo País, fazendo a cada dia maior número de vítimas.Enfraquecidas, as pessoas se arrastam pela vida apenasà espera da morte. As crianças já nascem depauperadasem conseqüência da desnutrição materna, e uma grande'parte delas não chega a completar o primeiro ano devida.

Nossos indicadores de saúde são vergonhosos. O coe­ficiente de mortalidade infantil, o melhor indicador daqualidade de vida das populações, é absurdamente alto.Para o Brasil, é 67 por 1.000 nascidos vivos, mas noNordeste é de 121 e na Paraíba chega a 15J..

A Paraíba, portanto, só perde para a Etiópia. Bolíviae Venezuela, países vizinhos, mais pobres, de economiamuito menos desenvolvida que a nossa se encontram,todavia, em melhores condições no que tange à saúde.O coeficiente de mortalidade infantil na Venezuela éde 37 para 1.000 nascidos vivos. Até a Índia, país demarcantes desigualdades sociais, encontra-se em melho­res condições que o Nordeste brasileiro, apresentandoum coeficiente de 89 por 1.000.

No Nordeste, raras são as pessoas não afetadas poruma doença endêmica, sendo a grande maioria vítimade duas ou mais dessas enfermidades. A mais grave,porém, a desnutrição endêmica, já está comprometendoas novas gerações, produzindo o nanismo, uma raçade anões.

As grandes endemias de que é vítima nosso povoé a conseqüência direta, imediata e inseparável da secu­lar injustiça social que pesa sobre as grandes populaçõesdesse imenso Brasil. Vegetando na ignorância, sem pre­paro para o trabalho, com remuneração insuficienteà sobrevivência, o povo só pode ser doente.

Quando nos orgulhamos de ser a oitava economiamundial, nos esquecemos de nos envergonhar com aforma como conseguimos esses resultados. Ao oitavolugar da economia mundial corresponde o 74' em rendaper ca~' _" o 48' nos itens sociais como saúde e educa­ção, por' exemplo.

O desrespeito para com a qualidade de vida do nossopovo fica transparente quando se analisa o corte deverbas ministeriais, nos momentos de crise. São, inva­riavelmente, os Ministérios da Saúde e da Educaçãoos primeiros e os mais profundamente atingidos. Naépoca das vacas gordas, os Ministérios econômicos sãoos privilegiados, com as maiores verbas para estímuloaos investimentos. Não é, pois, de admirar que a saúdedo povo esteja tão má.

Povo doente é povo fraco, submisso, alienado. Jamaischegaremos à construção de uma grande nação se nãoatacarmos, com determinação, os nossos graves proble­mas sanitários. Para isso, duas coisas são indispensáveis.Mais recursos para a saúde e melhoria substancial naforma de utilização desses recursos. No momento, amonstruosa burocracia consome cerca de 80% dos par­cos recursos que chegam às áreas sociais. É desperdíciodemais. Isso não pode continuar dessa forma. Os labi­rintos da burocracia devem ser desfeitos c a vaidadehumana substituída pelo ideal de transformar este paísem terra de gente saudável.

Faço um apelo veemente ao SI. Ministro da Saúde,Borges da Silveira, no sentido de colocar aquele Minis­'tério a serviço da saúde do povo brasileiro na sua pleni­tude, da melhoria da qualidade de vida das populações,capaz de proporcionar às pessoas uma vida longa, livredas vergonhosas endemias, apesar de combatidas porS. Ex', que minaI]l as energias de nossa gente, livresdas mazelas que destroem o nosso maior patrimônio,a grande riqueza do País, o povo brasileiro.

A despeito desse quadro tão desolador, não tenhoa menor dúvida sobre o empenho do Governo Sarney,através de suas firmes decisões, em transformar todaessa situação, implantando uma política nacional desaúde adequada às exigências atuais, para o bem detodos.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL - PE. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. De­putados, sempre defendemos a instituição em caráterobrigatório, como disciplina nas Faculdades de Medi­cina, da cadeira de oncoloeia.

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Ninguém desconhece que o cânccr é o responsávelpela perda de inúmeras vidas humanas, em face dafalta de assistência médica adequada, seja porque apopulação não está suficientemente esclarecida quantoà necessidade de exames preventivos, seja porque nãoestão os médicos preparados para enfrentar esses tiposde doenças.

O câncer ataca com mais freqüência, o colo do útero,a pele, os seios e a cavidade bucal, regiões que permitemo diagnóstico precoce. De um lado, as pessoas devemser conscientizadas a procurar os serviços médicos paraexames preventivos, pois no início da doença pode ha­ver cura. Por outro lado, o País deve ter um elencode facultativos capazes e preparados para o diagnósticodessa doença e para o seu combate eficaz.

Acreditamos que ainda se faz necessário, sobretudono interior do nosso País, a presença do médico genera­lista; portanto, o conhecimento da oncologia fará comque os nossos profissionais da medicina estejam prepa­rados para diagnosticar a doença, orientando o trata­mento mais adequado e importante para a sua cura.

Era o que tinha a dizer.

o SR. UBIRATAN SPINELLI (PFL - MT. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" Srs.Deputados, o Diário OficiaI da União, de 30 de julhoúltimo, publicou decreto que autoriza o Poder Execu­tivo a criar Zonas de Processamento de Exportação,visando a fortalecer o balanço de pagamentos, reduzirdesequilíbrios regionais e promover a difusão tecnoló­gica e o desenvolvimento econômico e social do País.

Cada ZPE que vier a ser criada deverá sê-Ia em áreaque preencha cer!J:Js requisitos, já estabelecidos no refe­rido decreto, como acesso adequado a portos e aero­portos internacionais, disponibilidade de uma infra-es­trutura mínima e serviços capazes de atender às necessi­dades do parque industrial a ser implantado, bem comoà compatibilidade com os interesses da segurança nacio­nal e com as normás de proteção ao meio ambiente.

Desde o início dos estudos relacionados com a im­plantação das ZPE, a Prefeitura Municipal de Cácercse a Loja Maçônica "União e Força" demonstraramgrande interesse pelo projeto, tendo em vista sua poten­cialidade relativa ao desenvolvimcnto econômico e so­cial e à possibilidade de se criar um novo corredor deexportação , através do Estado de Mato Grosso.

Nesse sentido envidaram, desde então, todos os esfor­ços, tendo contado com o apoio de todos os cidadãoscientes da importância do empreendimento, especial­mente no que diz respeito ao desenvolvimento econô­mico daquele Estado. Sem falar, evidentemente, dasrePercussões positivas na economia nacional e nas con­dições sociais das comunidades nele envolvidas.

O próprio Governo do Estado tornou-se um defensorda idéia de se implantar uma ZPE em Cáceres, especial­mente com vistas às facilidades de ligação com o portode Arica, no Chile, através do qual o Brasil poderácomercializar seus produtos com os diversos mercadosdo Oceano pacífico, atualmente de díficil acesso paranós.

Além do mais, a implantação de uma ZPE em pontopor si só bastante estratégico, comercialmente, facilitaráa desejada integração dos países sul americanos e acriação do Mercado Comum Latino-Americano, sobrecuja importância julgo ocioso argumentar neste mo­mento.

Convém destacar, no entanto, que a escolha de Cáce­res para sediar uma ZPE é decorrente do fato de seraquela cidade o mais importante porto fluvial mato­grossense e principal escoadouro da produção não sóregional, mas de grande parte do Estado, para o quejá conta com um terminal portuário em plcno funciona­mento, além de provisionamento alfandegado e todaa infra estrutura necessária para tal fim.

·É dispensável acrescentar o quc isso representa, emtermos de economia e facilidade, para a implantaçãoe instalação da ZPE pretendida.

Sabemos que os principais objetivos da criação deZPE são o aumento das receitas de exportação, a trans­ferência (je tecnologia e abertura de novas frentes deemprego, ou, em outras palavras, progresso e desenvol­vimento, quer econômico, quer social

Não nos parece justo, pois que as ZPE ora criadasse destinem tão-somente ao Norte e Nordeste do País.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

onde evidentemente são necessárias e, mesmo, impres­cindíveis, mas não podemos aceitar que outras regiõesbrasileiras se vejam impedidas dc bcncficiar-se com es-,ses novos instrumentos desenvolvimentistas.

Mato Grosso, em que pese ao seu positivo índicede crescimento, enfrenta grandes dificuldades financei­ras e sociais, agravadas por sua extensão territorial epelo considerável número de migrantes que para lá setêm dirigido nos últimos anos, à procura de melhoresoportunidades.

Além de oferecê-las aos que bnscam um futuro maispromissor, nosso estado, a par de sua natural fertili­dade, conta ainda com a hospitalidade de sua gente.

O espírito progressista e batalhador que a populaçãoe as autoridades e lideranças de Cáceres partilham entresi - cracteristica também de todos os mato-grossenses- constitui por si mesmo garantia de êxito para qual­quer empreendimento.

Confio, portanto, na compreensão e descortino da­queles a quem será confiada a tarefa de estudar e auto­rizar a implantação das ZPE, determinado as áreas maisadequadas para recebê-las. Se os pontos positivos emfavor de Cáceres forem considerados em toda a suaextensão, certamente ali teremos em breve uma dasprimeiras ZPE do Brasil. Para orgulho e realização deMato Grosso, mas também para maior grandeza doBrasil e dos brasileiros.

É o que vim dizer.

O SR. MENDES RmEIRO (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidentc, Srs. Deputados,por eleitor, apenas eleitor, marco. Por eleitor, apenaseleitor, repito. As eleições de novembro representametapa decisiva da transição.

São o pórtico do novo Brasil.Brasil governado de baixo para cima. Com os Prefei­

tos recuperados eI1l suas verdadeiras dimensões. Primei­ros e mais próximos representantes das comunidades.Ao alcancc do voto. E da fiscalização. Com dinheiro.Aliviados do humilhante fardo de mendigar nos corre­dores palacianos, distantes e indiferentes aos problemas'da pequena, média ou grandc localidades.

Se todos os candidatos merecem nosso respeito eadmiração, as exceções, os capazes de fazer o jogo dadupla face, prometendo exercer o mandato e maqui­nando interrompê-lo para buscar outro posto, pedemo repúdio popular.

Primeiro, porque enganar é dos inconfiáveis.Depois, porque, enganando uma vez, enganarão sem-

pre. .Fácil, pois, é concluir. A missão dos Prefeitos será

ingrata. Os postulantes têm de ser prestigiados. Olhadoscom o reconhecimento devido a quem não titubeia emprotelar planos. Segurar a barra de partidos em convul­são. Apostar em tempos de mudança que, da teoriaâ prática, podem trazer problemas que, embora natu­rais, criarão incompreensões.

Digo mais. O primeiro ano dos eleitos em novembroserá marcado pela adaptação. Métodos diferentes. Par­lamentos renovados. Câmaras prestigiadas. Cobrançasdiárias. Exigências dc quem custa a compreender aslimitações de quem começa. Máquinas emperradíssi­mas. Viciadas. Empurradas pela democracia que, so­menlie depois da Constituição, com as eleições, come·çará a andar efetivamente.

E os Prefeitos, os Vereadores, são da casa.Passam nas ruas.Moram nas cidades.São encontradiços nos bares.Nas esquinas.Ficam pr6ximos.Bendita proximidade. Cara-a-cara. Com o efetivo po­

liciamento.Eis o que perturbou os sempre donos do poder. A

descentralização. Significa perder parcela do mando.Transferir área de influência. Deixar de ser centro. Se­nhores do Estado.

Vivemos nas comunidades.Nelas plantamos sonhos.Colhemos realidades. Triunfos e frustrações.E, nelas, semearemos, em novembro, o alicerce do

novo Brasil. Brasil das Prefeituras autônomas. Brasildas instituições tonificadas. Brasil do jogo aberto. Liso.Brasil das cobranças.

Quarta-feira 17 2833

Ninguém é obrigado a concorrer. Concorrendo, assu­me. Assumindo, governa. Até o fim.

É o pressuposto de ser digno dos votos que pedir.

O SR. JOSÉ LUI~ DE SÁ (PL - RI. Pronunciao seguinte discurso.) ...l Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Depu­tados, o Governo Federal, no intuito de eliminar odéficit público, vem insinuando diversas medidas, mas,efetivamente, não tem demonstrado até agora que cami­nho seguirá. Fala-se muito e, sobretudo, busca-se sentira reação daqueles que seriam diretameute atingidos pa­ra, só então, serem formuladas as diretrizes desse plano.

Rá dias, de maneira não muito ostensiva, mas inten­sa, circulam notícias de que o Governo estaria plane­jando o desmantelamento da Empresa Brasileira deAssistência Técnica e Extensão Rural - Embrater.Afirmativas do Ministro da Fazenda falam em esvazia­mento e desmantelamento da Embrater. Isso causa per­plexidade, pois essa empresa atua no meio rural e temsido um fator preponderante para que o nosso Paíspossa, seguidamente, ter obtido safras recordes degrãos. Atuando em conjunto com as Empresas Esta­duais de Assistência Técnica e Extensão R\iral- Ema­ter, ela propicia ao produtor rural técnicas e métodosde melhoria da produtividade e atua, permanentemen­te, em programas prioritários nas áreas de reforma agrá­ria, nos projetos de irrigação e na defesa do meio am­biente e da ecologia, dentre outras importantes ativi­dades.

Servindo a este sistema, Sr. Presidente, temos hojecerca de 23 mil servidores atuantes em mais de 90%dos Municípios brasileiros, trabalhando com 35 mil co­munidades com 1,3 milhão de produtores rurais. Quemconhece nossa realidade agrícola sabe da importânciadas Emater para os pcqucnos agricultores. Não há emqualquer rincão deste País um humilde lavrador quenão tenha pelo menos ouvido falar sobre o trabalhodesenvolvido pelos técnicos e agrônomos da Embrater,através das Emater. A possibilidade de esvaziamentoe extinção da Embrater comprometeria a integridadedo Sistema Nacional de Assistência Técnica e ExtensãoRural, pois ela é uma empresa exclusivamente coorde­nadora, sem nenhum paralelismo com a ação dos Esta­dos. Ao contrário, executando a missão que lhe é defe­rida em lei, apóia, estimula, orienta, assessora, supervi­siona e coordena o serviço de extensão rural formadopor 25 empresas estaduais e territoriais, as Emater,Empac, c Astcr.

Não acredito que o Presidente José Sarney, Sr. Presi­dente, Sr" e Srs. Deputados, consinta nessa atitudede se pretender acabar com a Embrater. Recorde-seque ele mesmo, no Palácio do Planalto, na solenidadecomemorativa dos 30 de atividade do Sistema Embra­ter, declarou enfaticamepte:

"O Sistema Brasileiro de Extensão Rural viabi·liza tecnológica, econômica e socialmente as pe­quenas e médias unidades familiares de produçãoagropecuária. Por isso cle merece decidido apoio."

Não acredito que, entre 4 de dezembro de 1986, quan­do esse elogio foi proclamado, e a prcsente data tenhaocorrido fato ou acontecimento tão grave que faça comql.\e a atitude presidencial se possa modificar.

No Estado do Rio de Janeiro, Sr. Presidente, 75 milprodutores e empresários rurais espalhados por todosos municípios dão base econômica a mais de 400 comu­nidades e distritos. Conheço bem de perto esse trabalho.E, em nome do povo fluminense, deixo registrada aminha apreensão diante dessa anunciada possibilidadede esvaziamento do Sistema Embrater. Graças a ele,os produtores rurais e suas famílias recebem assistênciatécnica e apoio efetivo para as suas conquistas na áreado bem-estar social. Engenheiros, agrônomos, veteri­nários, técnicos agrícolas, assistentes sociais, sociólo­gos, educadores, psic610gos, economistas, administra­dores, comunicadores e outros profissionais qualifica­dos - num total de 14 mil técnicos -levam ao campotecnologias agropecuárias e gerenciais. Como disse an­teriormente, Sr. Presidente, basta verificar, principal­mente entre os humildes agricultores desassistidos pelasmais avançadas técnicas agrícolas, a importância funda­mental da assistência prestada pelas Emater.

O produtor rural, Sr. Presidcnte, não pode ficar de­samparado. Ele, quc mesmo diante de tantos sacrifíciose incertezas dessa polftica econômica, jamais deixou

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2834 Quarta-feira 17

de oferecer a sua colaboração para o progresso e oengrandecimento deste País, não pode ser sacrificado,O Sistema Embrater é fundamental para o desenvol­vimento das técnicas utilizadas no meio rural.

Não acredito que neste momento em que o Brasilbusca consolidar-se no cenário mundial como celeirodo mundo, atingindo a cada ano uma safra recordede grãos, empresas como a Embrater sejam simples­mente extintas. São inegáveis os benefícios ao nossoPaís oriundos do processo acelerado de industrializaçãoimplantados no Brasil nas últimas décadas, mas esteprocesso causou também a danosa desaceleração dapolítica agrícola relegada a segundo plano e sem receberos devidos incentivos.

Nas décadas de 60170 tínhamos no Brasil uma popu­lação essencialmente rural, eom 70% na zona rural e30% na zona urbana. Hoje a inversão deste quadro!Jlostra-nos o momento de buscar alternativas para aaceleração de nossa produção de grãos.

As safras recordes que estamos atingindo ano a anosão conseqüências da ousadia de empresários rurais comcapacidade para investir cm pcsquisas c tecnologias,mas o pequeno produtor se sentirá completamente de­sassistido caso se concretize a ameaça de esvaziamentoda Embrater. Por isso. deixo meu apelo para que asautoridades do Governo se debrucem sobre outras áreasque não são produtivas e devolvam ao produtor rurala tranqüilidade de que ele tanto neccssita para conti­nuarmos tendo safras recordes.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

oSR. PAULO MACARINI (PMDB -SC. Pronunciao scguinte discurso.) - Sr. Presidente, os acordos co­merciais que O Brasil está realizando, na área agrícola,com seus parceiros da América Latina, são. em princí­pio, prejudiciais à agropecuária brasileira.

Infelizmente a Nação assiste, estarrecida, indevidas,intempestivas, desnecessárias e desastrosas importaçõesde gêneros alimentícios, como ocorreu, há algum tem­po, com carne \Jovina, carcaças suínas do leste europeu,arroz, café etc.

Mais recentemente. a importação de maçã e de alhotem transtornado o mercado interno c levado os produ­tores ao desãnimo, quando não ao desespero.

Esse clima de intranqüilidade continua se espalhandoem Santa Catarina, e os nossos insistentes apelos nãotêm sido considerados. mas continuaremos a insistir,eis que a luta prossegue para fixar o homem ao solo,aumentar o poder aquisitivo da área rural e alcançarmais produção e melhor produtividade.

Mas, o inconformismo e a irresignação dos produ­tores prosseguem estampadas no seguinte tclex:

"O Estado de Santa Catarina, maior produtorde alhos nobres do Brasil, vem manifestar a suapreocupação com a evolução dos acordos comer­ciais com a Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia.

As safras nesses países coincide com a da RegiãoSul (SC. PRo RS) e os volumes atualmente negocia­dos de 13 'mil toneladas (alho in natura) mais asafra nacional é suficiente para abastecer o paísem dez meses, sem considerar a produção de MG,GO, ES, SP, MS e Nordeste (suficiente para abas­tecer durante cinco meses)".

Assim sendo, tomo a liberdade de voltar a insistirjunto aos Ministérios da Agricultura, da Indústria edo Comércio, da Fazenda e de Relações Exteriorespara que, nos acordos comerciais, se preserve a produ­ção nacional, eis que a grandeza de nossos vizinhosnão deve alicerçar-se sobre a miséria, o sofrimento ea descapitalização do produtor nacional.

Era o que tinha a dizer.

O SR. MARCOS QUEIROZ (PMDB - PE. Pronun­cia o seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, repetidas vezes as desagradáveis injunções do mo­mento obrigam-nos a tomar lugar nesta tribuna a fimde defender os interesses dos Estados do Nordeste.Todavia, mais que isso, um persistente problema nosconduz ao inarredável dever de protestar, veemente­mente, contra a injusta desigualdade que condena deforma cruel a toda uma região cujas carências, bemcomo potcncialidades, testemunham a impcriosidadede se dispensar tratamento, no mínimo, em igualdadede condições com relação ao restante do País.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Solicitamos, portanto, a prorrogação da isenção doImposto de Renda, bem como a manutenção dos incen­tivos fiscais com basc no ICM, visando a estimular aimplantação de novos empreendimentos nas áreas daSudene e Sudam.

No momento, por força das diferenças regionais eestaduais estabelecidas pela legislação que disciplinaa concessão de incentivos fiscais, o Norte e o Nordestese encontram,sériamente ameaçados. Ocorre que, en­quanto Estados mais ricos da Federação contrariam aLei Complementar n' 24, oferecendo, mesmo sem auto­rização dos outros Estados, vantagens ilimitadas paraatrair novos empreendimentos industriais, o Nordestevai ficando para trás, impossibilitado de participar da

, corrida que se promove, atualmente, entre alguns go­vernos estaduais com o objetivo de promover o pro-gresso local.

Hoje, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sultravam entre si o que se pode chamar de uma autênticaguen'a fiscal com repercussões bastante negativas sobreoutros Estados. A título de ilustração, vale mencionarum episódio noticiado recentemente pela imprensa. De­terminado empresário, depois de anunciar que, conside­rando os incentivos fiscais oferecidos, iria investir umasignificativa quantia de recursos financeiros para insta­lar uma nova fábrica na região da Sudene; terminou,em detrimento do Nordeste, aceitando uma vantajosaproposta formulada pelo Secretário de Indústria e Co­mércio do Paraná. Acontecimentos como esse, sem dú­vida. servem para agravar ainda mais as alarmantese inaceitáveis desigualdádes sociais e econômicas queestigmatizam o País.

Esta situação, no entanto, se torna mais surpreen­dente quando constatamos que, se de um lado os Esta­dos do Sul gozam de relativa liberdade na concessãode estímulos para instalação de empresas nos limitesde seus territórios, inclusive não obedecendo a regrascomuns, por outro lado, os Estados do Nordeste sesubordinam todos, sem qualquer distinção, às decisõesemanadas do Confaz (Conselho de Política Fazendária).Cabe esclarecer, sobretudo, que as leis vigentes assegu­ram, no ,caso do Nordeste, incentivos federais e esta­duais durante prazos extremamente reduzidos. Assimsendo, diante da incerteza e instabilidade geradas noNordeste, os novos empreendedores preferem a segu­rança e a profusão com que são conferidos os incentivosfiscais no Sul, onde se concede desde o terreno paraconstrução da fábrica, além da instalação de energiaelétrica, telex e telefone segundo a necessidade do in­vestidor, até adiamento do pagamento de impostos efinanciamento a juros abaixo dos praticados no mercadofinanceiro .

No caso de isenção do Imposto de Renda, a legislaçãofixa a data limite de 31-12-88. Tal dispositivo, entre­tanto, afasta o interesse do empresário, uma vez quenão há condições de se instalar nova fábrica em prazomenor do que cinco anos. O mesmo acontece com rela­ção aos incentivos estaduais baseados no ICM, limitadostambém ao final deste ano. Lamentavelmente, o Confazinsiste em prorrogar por apenas um ano a vigência des­tes incentivos, a exemplo do que resolveu por ocasiãoda celebração do Convênio ICM 6/88.

Enquanto isso, no Nordeste, nem mesmo os incen­tivos previstos por esse convênio são efetivamente con­cedidos. Em Pernambuco, para citar um caso apenas,não se concede incentivo com base no ICM desde31-12-88.

Renovamos, por fim, a expectativa em torno de que,a partir da prorrogação ora pretendida, scja adotadauma política de incentivos estável, capaz de permitirao Nordeste transpor as atuais dificuldades impostaspor um modelo de desenvolvimento excessivamentecentralizador.

O SR. FERES NADER (PTB - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,a cidade de Volta Redonda, localizada na região suldo Estado do Rio de Janeiro, com uma população decerca de 350 mil habitantes, tem convivido diuturna­mente com cenas sangrentas de atropelamento e coli­sões de veículos, sempre com vítimas fatais. Além disso,enfrenta congestionamentos de trãnsito que se esten­dem, às vezes, por 5 e até 6 quilômetros.

Agosto de 1988

Não é aceitávet que uma das avenidas centrais dacidade, projetada para absorver um trânsito compatívelcom sua crescente população, continue a servir de liga­ção entre as Rodovias Lúcio Meira e Presidente Dutra,obrigando-a a suportar a passagem de pelo menós-15mil veículos por dia, o que poderá levá-la a um colapso.

Já tivemos a oportunidade de ocupar esta tribunapara expor as grandes dimensões deste problema, aler­tando o DNER para a gravidade do quadro. Na oportu­nidade.lembrávamos que o trajeto mais viável já estavanas mãos do Governador do Estado do Rio de Janeiro.

Em novembro do ano passado, fomos informadosde que as obras seriam iniciadas em janciro deste ano.Entretanto, já estamos em agosto e o quadro não evo­luiu.

Algo precisa ser feito. objetivamente, pelo GovernoEstadual e pelo DNER, para evitar que o colapso che­gue antes da solução.

Quando se raciocina politicamente - no sentido maisamplo do termo - pode-se avaliar o real benefíciosocial de uma obra. E o raciocínio político tem de virdo Palácio Guanabara e do DNER.

Esperamos, Sr. Presidente, que as providências sejamdinamizadas, a fim de que 350 mil pessoas possam pros­seguir, com paz e segurança, na sua faina diária.

O SR. LUIZ SOYER (PMDB - GO. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputa­dos, o Governador Henrique Santi1lo e o Sr. Iris Rezen­de, na qualidade de Ministro interino da Reforma edo Desenvolvimento Agrário, acabam de assinar umconvênio promovendo a descentralização da reformaagrária, segundo a qual O Estado de Goiás receberádo Mirad dezessete bilhões de cruzados para imple­mentar obras de engenharia para beneficiar dezesseteprojetos de assentamento.

Evidentemente, essa rede viária servirá para o maispresto escoamento da produção, incentivada pelo pró­prio Governo e que tem encontrado, em ruralistas cagricultores, os responsáveis pelo seu excelente desem­penho no abastecimento de várias cidades do cerrado.

Além disso, como assinala o Governo, esse convêniorepresenta o reconhecimento, pelo Mirad, do granderitmo implantado pelo Governo goiano no assentamen­to de agricultores no Estado e da ampliação da frenteagrícola.

Enquanto isso, o Presidente José Sarney assinou de­cretos desapropriando, para fins de reforma agrária,um total de trinta mil hectares em trezc imóveis, locali­zados em oito Estados, beneficiando quase novecentasfamílias de trabalhadores rurais, desapropriando terras,para esse efeito, no Pará, em Pernambuco e no RioGrande do Sul.

Verifica-se que o Ministério da Reforma e do Desen­volvimento Agrário cresce em importância no contextoeconômico do País, procurando dar aos lavradores semterra glebas localizadas e produtivas, o que contribuirá,decisivamente, para o aumento da produtividade agro­pecuária nacional, influindo, de maneira pronunciada,no preço dos produtores agrícolas, em benefício dapopulação dos centros urbanos, que continua a enfren­tar os preços elevados dos alimentos.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente, Sr" eSrs. Deputados.

O SR. BENITO GAMA (PFL - BA. Pronuncia oseguinte discurso.) -Sr. Presidente, Se" e Srs. Deputa­dos, quero nesta oportunidade, congratular-me com to­da a comunidade do Município de Ituaçu, no Estadoda Bahia, minha terra natal, pela passagem, ontem,do dia da padroeira do Município, Nossa Senhora doAlívio.

Todos os anos a comunidade se organiza para prestarhomenagem à sua santa protetora, numa festa que setransforma em homenagem regional, de muita fé.

Neste ano não pude ali comparecer, em virtude dosmeus compromissos com a Constituinte, que exige nãosomente a minha presença em Brasília, mas a de todosos colegas que no momento, ultimam os trabalhos deelaboração da nova Carta Constitucional, mas daquipresto também o meu preito de homenagem, à nossapadroeira, Nossa Senhora do Alívio.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Está findoo tempo destinado ao Pequeno Expediente.

Vai-se passar ao horário de

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,Agosto de 1988

v - COMUNICAÇÕESDAS LIDERANÇAS

o Sr. Ruy Nedel - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. RUY NEDEL (PMDB - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o PMDBse fez representar por dois Parlamentares no II Con­gresso Anfiteônico realizado no Panamá, no períodode 9 a 12 deste mês. É preciso lembrar que o I CongressoAnfiteônico foi convocado e realizado por Simon Bolí­var, em 1826, na mes)Tla cidade do Panamá, com ointuito bem claro na época de deixar a Hispano-Américacom uma conjugação de esforços para que seus diversosEstados e nacionalidades pudessem, num trabalho con­junto, promover o desenvolvimento dos países e o bem­estar de seus povos.

Atualmente existe uma filosofia mais ampla no IICongresso. Não haverá somente o encontro da Hispa­no-América, mas dos ibero-americanos, portanto detoda a América Latina, incluindo-se nosso País-con­tinente, o Brasil. Sentimos que há uma necessidade,às vezes dolorosa, gritante, de união desses povos lati­no-americanos com base em seus sofrimentos comuns,numa solidaricdade para com seus próprios problcmas.

Sabendo-se que a Europa criou o Mercado ComumEuropeu, é uma falta de competência política toda estaAmérica Latina terceiro mundista, com os problemascaracterísticos de países que têm suas riquezas espolia­das, não se unir em benefício de seus povos e paraa solução de suas necessidades. Sente-se que sÓ assima América Latina poderá dar um salto rumo ao desen­volvimento, reduzir os problemas gigantescos que en­frenta, minimizar as discrepâncias dentro de suas socie­dades e engrandecer-se a si mesma e aos seus povos.Mas, quando se toca na questão da dívida externa, per­cebe-se bem claro que o problema é comum e só poderáser tratado em conjunto. Não haverá condições de seresolverem os problemas da América Latina na questãoda dívida externa senão através de uma posição de nego­ciação conjunta com o grande capitalismo imperialistainternacional, que procura sufocar este continente rico,talvez o mais rico do globo terrestre e, portanto, tam­bém o mais visado para o beneplácito dos impérios.Na questão da dívida externa é fundamental que o Brasilse una aos devedores da América Latina e que promo­vam novas negociações em conjunto, porque da formacomo estão sendo feitas, ela é impagável. Esta dívidaexterna latino-americana é efetivamente impagável,qualquer que seja a negociação realizada, pelo 'mcnosa curto e médio prazos.

Todavia, entrando em negociaçõcs isoladas junto aoFMI, estaremos massacrando nosso povo, aumentandoo sofrimento popular, aumentando o desemprego e afome, e não resolvendo absolutamente nada. Ficou cla­ro em estudos, em discussões demoradas dia após dia,que não só ao Brasil, mas a toda a América Latina,faltam condições de sair das suas crises econômicas senão for efetivamente para uma moratória de pelo menos5 anos de duração.

São alguns dados que queríamos deixar registradospara que esta Casa se sensibilize. E nós, como Consti­tuintes, parece que cometemos um equívoco em nãodeixar sequer um ponto de estudo na Assembléia Nacio­nal Constituinte que se refira a essa unidade latino-ame­ricana, a um mercado comum entre os irmãos da Ibero­América, mas que, independente das normas constitu­cionais, temos plenas condições, embora não estandoregistrado especificamente na nova Constituição, de tra­tar desses assuntos a nível de Governo, de Parlamentoe também de·socicdadc. Só assim chegaremos às trans­formações que tanto se fazem necessárias.

Era isso que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O Sr. Chagas Dnarte -Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

O SR. CHAGAS DUARTE (PFL - RR. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,as comunidades indígenas do norte de Roraima encon­tram-se em sérias e preocupantes dificuldades, necessi­tando de imediato socorro por parte dos órgãos compe­tentes do Governo Federal, sob pena, inclusive, da per­da de preciosas vidas.

Primeiro, foi o forte verão que assolou o Estado,especialmente aquela região, com a destruição das la­vouras, única atividade econômica de seus moradores,impedindo qualquer colheita para garantir-lhes o sus­tento.

Agora, impiedoso inverno castiga Roraima, com oalagamento dos roçados e prejuízos totais, deixandoa BR-2ü2 sem condições de tráfego, com pontes des­truídas.

O que se vê na região, Sr. Presidente, Srs. Deputados,é um quadro desolador, com inúmeras famílias despro­tegidas, passando fome e sujeitas a várias doenças eprivações, numa verdadeira situação de calamidade,que põe cm risco a saúde e a vida das populações dasmalocas.

A perda das roças de subsistência deixará as casassem provisões de alimentos básicos, como o milho, ofeijão e a mandioca, que não floresceram, alagadosque foram por fortes chuvas. Além disso, a praga dalagarta acabou com o que restou das plantações de mi­lho.

Esses, nobres colegas, foi o drama por mim consta­tado, pessoalmente, por ocasião de recente visita aoJ;lstado. Foram-me, então, apresentadas as reivindica­ções mínimas para amenizar a tristc situação que afligeaquelas comunidades indígenas.

E o que pedem, Sr. Presidente? Nada mais do quefarinha, arroz, feijão, óleo, açúcar, sal e leite, gênerosindispensáveis à sua sobrevivência até que tenham con­dições de novamente plantar e colher em suas roças,o que será possível somente no próximo ano.

Não podemos, Srs. Deputados, permanecer insen­síveis diante de tanto sofrimento! Precisamos utilizaros meios ao nosso alcance para mobilizar tantos quantostenham possibilidade de prestar ajuda aos nossos irmãosindígenas de Roraima, principalmente os órgãos fede­rais, responsáveis por sua assistência.

Este é o apelo que formulo, a partir do Ministériodo Interior, ao qual se subordina a Funai, da SEACe da LBA, esperando imediatas providências, para queo auxílio solicitado não chegue tarde demais, pondoem risco a saúde e a vida dos indígenas do norte <jeRoraima.

A SI" Lídice da Mala - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PC 40 B.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

A SRA. LÍDICE DA MATA (PC do B - BA. Semrevisão da oradora.) - Sr. Presidente, uso o horáriode Liderança do meu partido para registrar o primeiroCongresso Nacional de Entidades Emancipacionistasdo Movimento de Mulheres, ocorrido há uma semana,na Bahia. Esse primeiro Congresso, que teve a partici­pação de delegações e movimentos de mulheres do Paísinteiro - cerca de 1.500 mulheres participando e deba­tendo em seu plenário - contou também com a pre­sença importante dos principais políticos de nossa terra,a Bahia, e o apoio decisivo do Governador Waldir Pirespara a sua realização em Salvador.

Sem dúvida alguma, o Congresso marca a arrancadado movimento autônomo indep'endente de mulheresem nosso País, após um período de luta pela institucio­naIização das bandeiras e das idéias do movimento femi­nista no Brasil, com a criação do Conselho Nacionaldos Direitos da Mulher e das Delegacias da Mulher.Além disso, esse Congresso marca um novo períodode reflexão sobre o movimento feminista no Brasil.O Congresso dá ainda um passo significativo no sentidodo avanço da nossa organização, com a criação da UniãoBrasileira de Mulheres, presidida pela' companheira JôMoraes, do Movimento Popular de Mulheres de MinasGerais, e que hoje é, sem dúvida alguma, uma dasexpressões da elaboração do pensamento feministaavançado no Brasil. Queria, portanto, saudar as compa­nheiras integrantes da diretoria da União Brasileira dasMulheres e, em particular, sua Presidente.

Quarta-feira 17 2835

Em segundo lugar, Sr. Presidente, qnero lembrar que.hoje à tarde, provavelmente, estaremos enfrentandouma discussão importante, um dos pontos referenciaisdas mudanças políticas que esta Constituição poderáviabilizar em nosso País, que é a consolidação da idéiado voto aos 16 anos.' O voto aos 16 anos significouaté então um avanço político importante, uma conquistafundamental da juventude brasileira, hoje principal seg­mento propulsor da esperança de modificações políticasefetivas em nosso País. Apelamos às diversas lideranças,aos diversos companheiros nesta Casa: sejam sensíveisao apelo da juventude mobilizada no País inteiro, paragarantirmos essa conquista, que será a da democracia,do avanço político da Nação brasileira expressa na con­solidação do voto aos 16 anos.

Por último, Sr. Presidente, só para tratar de umaquestão baiana neste plenário, que hoje foi tão visitadopelos gaúchos, quero deixar nosso testemunho sobreum debate que está ocorrendo na imprensa nacionaia respeito da sucessão municipal na Bahia. Através daopinião pública e de alguns intelectuais brilhantes emnosso País - a exemplo do cineasta Cacá Diegues,em artigo no .Tornai do Brasil desta semana - queabordam a participação do cantor c compositor GilbertoGil na política baiana de forma ainda equivocada, tem­se passado e divulgado a idéia de que as forças políticasdemocráticas e avançadas na Bahia teriam tido umaatitude discriminatória de veto e até de insinuações deracismo em relação a candidatura de Gilberto Gil. Gos­taria de dar aqui o nosso testemunho, como força inte­grante da Frente Salvador, que participou ativamenteda discussão política na nossa terra, de que o tratamentoque recebeu o cantor e compositor Gilberto Gil, pelasforças democráticas da Bahia, foi de profundo respeitoe admiração pelo trabalho que desenvolveu até hojena cultura brasileira, de inovador e de contribuição àluta democrática em nosso País e na nossa terra. Épor isto que estas forças democráticas cobram do com­positor Gilberto Gil uma posição em relação a estasquestões, mas particularmente naquilo que significa ver­dadeiramente a modernidade e o novo em nosso País.Não podemos apoiar uma candidatura que aposta na­quilo que há de mais velho na Nação brasileira, ·queé o Governo José Sarney. Tivemos em Gilberto Gila mesma posição que o cantor e compositor teve naseleições municipais de 1985, na Bahia, que foi a deapoiar a candidatura Edvaldo Brito, negro, porém doPFL, apoiado pelas forças de atraso do carlismo emSalvador, e que apoi~u o Prefeito Mário Kertz, branco;que naqueles momentos expressava exatamente a corn:­lação de forças mais avançadas, no sentido de abriruma fenda significativa em Salvador, para que consoli­dassem a vitória das forças anticarlistas e dessemos amaior expressão eleitoral que a Bahia já deu em votosa um Governador, que foi a eleição do GovernadorWaldir Pires. Portanto, queremos esclarecer a posiçãodas forças democráticas baianas em relação a esse deba­te nacional, que se está dando de forma equivocadae pouco informativa, porque não aborda o cerne daquestão da verdadeira modernidade, das estruturas dasociedade brasileira, mas, de forma equivocada e super­ficial, aborda o modernoso e falacioso.

O Sr. Antônio Perosa - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PSDB.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. ANTÔNIO PEROSA (PSDB - SP. Sem revi­são do orador) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, dese­jo fazer uma pequena comunicação a respeito de opor­tuna entrevista sobre a nossa dívida externa, publicadapela revista Manchete , nesta semana, com o grandeeconomista americano John Kenneth Galbraith. Dizaquele estudioso dos assuntos econômicos mundiais omesmo que as forças de oposição ao Governo Sarneytêm dito há muito tempo; mas o Governo, ao aceitaressa posição, não soube aplicar a medida propugnadacom a devida grandeza e coragem: o instrumento damoratória em relação à dívida externa.

Diz Galbraith, com todas as letras, que não existeum país subdesenvolvido no concerto da economiamun­dial capaz <je sair do subdesenvolvimento, do atrasoe da miséria com uma dívida externa do tamanho e

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das proporções da dívida externa brasileira. Eevidenteque não se fala aqui de subserviência, está-se falandode um economista que liderou a área econômica dogoverno.4emocrata de Kennedy; está·se falando de pes­soas que têm independência econômica. Não se estáfalando de ministros da Fazenda ql!e'nãq têm essa inde­pendência e de um país cuja situação política, com ogoverno enfraquecido, não lhe proporciona a devidasustenção para implantar esse tipo de instrumento de'política econômica. É evidente, mais uma vez, que nas­cido de um governo já fraco, um Ministro fraco naáÍea econômica, como é o Ministro Marlson da Nóbre­ga, não tem como aplicar um instrumento como esse.Ao contrário, esclarece a todos, através da imprensa,que o acordo realizado com o FMI é favorável aosinteresses do povo brasileiro. É preciso que fique claroque nós, do PSDB, ainda confiamos no instrumentoda moratória. Não existe, como diz Galbraith, econo­mista que tem o maior compromisso social, a possibi­lidade de o País sair da miséria, do atraso e do subdesen­volvimento sem recorrer à moratória. E dá como exem­plo - e é preciso que aqueles defensores do atual Go­verno leiam essa entrevista - os Estados Unidos, quenão pagaram sua dívida externa à Inglaterra, e a Ingla­terra, que não pagou, nos anos 30, a sua dívida, decre­tando a moratória pura e simplesmente. Da mesmaforma ocorreu na Alemanha logo após a I Guerra Mun­dial, quando uma inflação de 25.000% -uma hiperin­flação causada pela dívida externa assolou o país, ea única forma de controlá-Ia foi, mais uma vez, apli­cando o instrumento da moratória. No nosso País, sub­desenvolvido, pobre e vassalo das grandes nações capi­talistas mundiais, o déficit público é eoloeado comoa causa principal da inflação. O exemplo da Alemanhademonstra que a dívida externa, e s6 ela, é o grandemotor da inflação, que corrói os salários e a vida dotrabalhador brasileiro.

Registro essa entrevista do grande economista ameri­cano John Kenneth Galbraith, sugerindo que a leiamtodos os interessados em tirar o País deste atraso ecolocá-lo no lugar que merece no grande concerto mun­dial.

Muito obrigado. (Palmas.)

o Sr. Norberto Schwantes - Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como Líder doPMDB.

o SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. NORBERTO SCHWANTES (PMJ?B. - MT.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.' Presidente, Srs.Deputados, o Estado de Mato Grosso cresceu do zeroao 3' produtor de soja do País.

A Coopercana, a maior cooperativa no Estado, estáentregando, neste próximo fim de semana, o prêmioanual de produtividade que, na área de soja, já alcançouuma JIlédia de 62 sacos por hectare, média que é forteconcorrente a ser das melhores colhidas no mundo.

Mas este milagre tem assinatura. Ele é fruto do sacri­fício de milhares de famOias de pioneiros, que, ficandosem terra no Sul, na década de 70, se negavam a emigrarpara as favelas urbanas e se aventuraram rumo às novasfronteiras agrícolas.

É fruto também das disposições do Banco do Brasil,que, na época, resolveu bancar a aventura e acreditarnela, financiando terras, máquinas e lavouras, visto queaqueles agricultores eram totalmenie descapitalizados.

É fruto também do trabalho da Embrapa e dos Cen­tros de Pesquisas Agropecuárias, e sobretudo, do traba­lho fantástico da Emater e das cooperativas que levarama tecnologia pesquisada e as novas variedades até osagricultores. Tudo isto está pronto, Sr. Presidente, Srs.Deputados, e as lavouras estão preparadas. Os princi­pais investimentos estão feitos, o adubo já está empi­lhado na lavoura, a semente selecionada adquirida ­

.e nesses insumos foram investidos todos os recursospróprios disponíveis, além dos financiamentos de cus­teio concedidos - tudo está pronto. Falta apena·s. umacoisa importante, principalmente nas terras ácidas dafronteira agrícola no Mato Grosso: falta a verba parao investimento em calcário, com a qual' os agricultoresprecisam contar, e que já está aprovada nas agênciasdo Banco do Brasil, aguardando o repasse. Essa verba

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

não excede 1,5 bilhões, e estará retomando em 8 meses,com um lucro que dificilmente o País obterá em qual­quer outro setor produtivo, principalmente tendo-se emvista as expectativas de mercado externo e a segurançaque o clima no Mato Grosso oferece a esta lavoura.

O nosso problema não é investir, porque conheçopoucos países com tanta capacidade dc gastar dinheirocomo o nosso. O problema sempre foi gastar o valorcerto, no lugar certo, na hora certa.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, tenho absoluta con­vicção de que esse valor está calculado corretamente,e é de 1,5 bilhões. Entretanto, o lugar certo para inves­ti-lo, nesta hora, são as lavouras de Mato Grosso. Ea hora certa é esta, e não pode passar desta semana.

O Sr. Adyson Motta - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PDS.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. ADYLSON MOTTA (PDS - RS) - Sr. Presi­dente, Srs. Deputados, fui autor, com mais três Deputa­dos, de um requerimento de convocação do então Mi­nistro, hoje Sccretário da Edueação do Rio de Janeiro,Raphael de Almeida Magalhães, para que prestasseesclarecimentos, nesta Casa, sobre infrações, compro­vadas por documentos, irregularidades e situações duvi­dosas nos negócios da Previdência Social.

Não era minha intenção retomar esse assunto, nãofora a entrevista concedida pelo eminente político aojornal Folha de S. Paulo, em que diz que foram rigorosa­mente afastadas as suspeitas de irregularidades na com­pra de apartamentos e ambulâncias. Mais adiante, afir­ma que todos os esclarecimentos sobre essas e outrassuspeitas de irregularidades já foram apresentadas emseu depoimento ao Congresso.

Sr. Presidente, não obstante o respeito que tenhopela figura do ex-Ministro, quero dizer que S. Ex' nãoesclareceu praticamente nada quando aqui compareceu.Apenas teve mais sorte, porque contaa com a coberturada imprensa para as suas declarações, o que não ocorreucom aqueles que o questionaram.

Vou referir~me a alguns fatos aqui, rapidamente. Naocasião do depoimento de S Ex', apresenteiu um docu­mento - que tenho em mãos, podendo, se for o caso,pedir sua transcrição - do INAMPS, um boletim, queautoriza o Presidente do INAMPS e óutro funcionário,com diárias e passagens pagas, a virem a Brasília para

uma convenção do PMDB. Isso está explícito aqui, numdocumento oficial.

Fiz também uma pergunta sobre o gasto de 240 mi­lhões de cruzados em passagens aéreias do Rio de Janei­ro a Joinville.

Não t"nho conhecimento de qualquer esclarecimentoou punição nos dois casos aos quais me referi.

Levantei também denúncia sobre o dinheiro da Previ­dência que estava sendo desviado para patrocinar umCongresso Constituinte para os bairros do Rio de Janei­ro. O funcionário que se recusou a enquadrar essa des­pesa no orçamento da Previdência foi exonerado, se­gundo informações extra-oficiais. Não tive qualquer es­clarecimento oficial.

Agora recebo um documento -e acho que é a melhorresposta, embora o Deputado Victor Faccioni já tenhapedido sua transcrição - assinado pelo Ministro Adhe­mar Ghisi, no qual apresenta oito itens mostrando ainveracidade das afirmações prestadas pelo então Minis­tro Raphel de Almeida Magalhães na sua re.cente entre­vista. Diz o Ministo Adhemar Ghisi:

"Determinei, por despacho singular, ao órgãoinstrutivo, - nos termos do art. 95 do RegimentoInterno, -a oitiva preliminar do Titular do lAPASpara que, no prazo irrecorrível de 30 dias, pronun­cie-se acerca das irregularidades emanadas dos au­tos, quais sejam:

1) desobediência aos princípios de Planejamen­to e Coordenação, na transferência de órgãos doSINPAS para BrasOia, deixando no Rio de JaneiroaDATAPREV (art. 6' e 73, Decreto-lei n'200/67);

2) avaliação dos imóveis adquiridos pelo lAPASpor empresa não credenciada (art. l' do Decreton" 74.409, de 14.08.74), e contratada sem o devidoprocedimento lieitat6rio;

Agosto de 1988

3) transferência, para Brasília, das Direções­Gerais do INPS, INAMPS e lAPAS, através daPortaria n' 4.044; de 07.07.87, do Ministério daPrevidência e Assistência Social, em desacordocom norma regulamentar em vigor (art. l' do De­creto n' 86.211, de 15-7-81);

4) dispensa de licitação, na aquisição de 328apartamentos em Brasília, sob a justificativa de"im6veis destinados ao serviço público", apesarde essa caracterização não enquadrar-se nas dispo­sições dos arts. 64,76,80 e 92, do Decreto-lei n'9.760, de 05.09.46 (art. 2' do Decreto-lei n' 2.300,de 21.11.86);"

Na verdade, eram imóveis para residência de funcio­nários, não se caracterizando, portanto, como destina­dos ao serviço público.

"5) inexistência do Plano Trienal de Obras, pre­visto no regulamento da Gestão Administrativa,Financeira e Patrimonial do SINPAS - art. 31e seus §§ (Decreto n' 83.266, de 12.03.79), à épocada aquisição dos imóveis;

6) ausência de aprovação presidencial- via De­creto - nos Orçamentos das Entidades do SistemaNacional de Previdência e Assistência Social (art.107 da Lei n' 4.320/64), cujo beneplácito deu-seilegalmente através da Porto MPAS n' 4.057, de22-7-87;

7) fixação de valor para OTN inferior àquelevigente no mês de assinatura da escritura (ju­Iho/87), acarretando prejuízo de 35,81 % para aPrevidência Socia.l, na conversão do saldo devedor,em quantidade de OTN, para cruzados (Lei n'4.357, de 16-7-64);

8) inexistência do Plano Plurianual de Custeiodo SINPAS (art.18 e § 1', da Lei n' 6.439, de1'-9-77) à época da transação indigitada."

Sr. Presidente, faço esse registro para que não fiquea impressão de que a Câmara dos Deputados cometeugrande injustiça contra o Sr. Raphael de Almeida Maga­lhães, que, na verdade, deve à Nação esclarecimentossobre dúvidas surgidas durante sua gestão à frente doMinistério da Previdência e Assistência Social.

O Sr. Olívio Dutra - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do ·PT.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. OLÍVIO DUTRA (PT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,em nome da Liderança do PT quero registrar posiçõesdo nosso partido a respeito de questões sérias.

Estaremos tratando"de assuntos pertinentes ao Con­gresso constituinte, mas também vamos nos referir aquestões internacionais não menos sérias, que interes­sam a todos aqueles que lutam pela paz, pela demo­)eracia, pela liberdade e pelo socialismo.

Nesta tarde, o Congresso constituinte estará deba­tendo e votando duas questões fundamentais para opovo do nosso País, para que a democracia brasileirapossa ser real: a Lei de Greve e o voto facultativoaos dezesseis anos.

Já nos referimos a esses pontos em outras ocasiões.Passaremos agora ligeiramente sobre elas, para dizerque nosso partido está em conversações com outraslideranças acerca dessas duas questões. Não abrimosmão, no entanto, de que o direito de greve seja assegu­rado no texto constitucional, sem uma lei ordinária queo limite, ou que o impeça de ser exercido. Firmamostambém nossa posição de que o direito de voto faculta­tivo aos brasileiros e 'brasileiras de dezesseis anos temde ser aprovado por maioria neste segundo turno doCongresso constituinte, como já o foi no primeiro.

Sr. Presidente, SI'" c Srs. Deputados, quatro questõesinternacionais dominam hoje as preocupações de todosnós: a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão,o fim negociado da guerra entre o Irã e o Iraque, astratativas entre a OLP e o Governo de Israel para adefinição do território onde o bravo povo palestino pos­sa construir seu Estado e ali abrigar sua nação; e aevolução da crise centro-americana.

Quanto a este último ponto, quero trazer a posiçãodo Partido dos Trabalhadores sobre a visita que o Se~re-

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Agosto de 1988

tário de Estado dos Estados Unidos, George Shultz,fez a'o nosso País nos primeiros dias do mês em curso,do seguinte teor:

"A evolução da crise centro-americana, ap6s ofracasso de Washington e sua tentativa de conseguirum acordo com os seus quatro afilhados na região,a fim de institucionalizar o endurecimento de atitu­de frente à Nicarágua (por oposição da Guatemalae Costa Rica), foi O ponto que tirou Shultz damorna cautela com que tratou todas as outras ques­tões da sua agenda quando da sua visita no iníciodeste mês".

"0 contencioso comercial dos Estados Unidos,do governo americano com o governo brasileiroem torno da química fina, a reserva da informáticae até a venda de armas brasileiras (que mereceuduras condenações do governo norte-americanomeses atrás, devido às transações com a Líbia) fica­ram na ret6rica evasiva de "remeter esses proble­mas ao exame de grupos especializados".

O Interesse de Shultz em conhecer a posiçãodo govcrno brasileiro sobre a átual situação da Ni­carágua foi também demonstrado na sUa visita àArgentina, onde recebeu como resposta do Chan­celer Dante Caputo que a Argentina mantém, arepeito da crise centro-americana, a posição denão-intervenção e de solução pacífica dos conflitos.

A resposta do Ministro de Relações Exterioresdo Brasil, Abreu Sodré, deve ter agravado ao re­presentante do governo norte-americano, pois con­seguiu a m~is clara condenação aO regime do lídernicaraguense, Daniel Ortega, que o secretário pôdeouvir elll toda sua visita à América Latina. AbreuSodré respondeu: "sobre esse ponto eu tenho umaposição pessoal que coincide com a do SecretárioShultz. Foi a Nicarágua que se afastou dos outrosquatro paíset da América Cental (Honduras, Gua­temala, Costa Rica e El Salvador), foi a Nicaráguaque se afastou do Grupo de Contadora, c não ocontrário. O que n6s esperamos é que a Nicaráguase reaproxime de n6s, para que ela possa voltaraO leito da democracia" (Folha de São Paulo,6-8-88). .

Às tímidas propostas conciliat6rias de Sodré, oSecretário norte-americano respondeu negativa­mente, em uma ostentat6ria posição belicista con­tra a Nicarágua.

"Diante deste fato, o PT, solidário com o gover­no sandinista, vê com preocupação o que aparente­mente pode constituir um recuo das posições dapolítica externa brasileira. Exigimos do MinistroAbreu Sodré a reafirmação do princípio de não-in­tervenção, defendido pelo grupo dos Oito e deContadora, mantendo total in<:lependência frenteà política intervencionista do imperialismo norte-a­mericano."

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O Sr. Aloísio Vasconcelos - Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como Líder doPMDB.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. ALOísIO VASCONCELOS (PMDB - MG.Sem revisão do Orador.) - Sr. Presidente, Se" e Srs.Deputados, como profissional da engenharia eletricista,muito me preocupa a questão energética no nosso Bra­sil.

Durante longos anos, militei no setor como empre·gado das Centrais Elétricas de Minas Gerais.

Nesta mesma tribuna, já abordei o assunto relativoaO racionamento de energia no Nordeste, apontado asrazões de sUa ocorrência, sem nenhuma culpa da famosaCentral Hidroelétrica de Três Maria, no meu Estado,Minas Gerais.

Falei também, há algum tempo, sobre a demora dogrupo criado pelo Ministério das Minas e Energia emconcluir seu projeto sobre aS Centrais Hidroelétricasa serem priorizadas, para se evitar a crise de energia,lamentavelmente prevista para 1991192, se não foremconstruídas em ritmo acelerado as centrais hidroelé­tricas que o País requer.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Hoje venho falar sobre assunto de interesse nacional,ainda dentro da área de energía, ou seja, a necessidadede que o Governo, através do Ministério, antecipe ohorário conhecido popularmente como de verão.

Ora, Sr. Presidente, nobres Deputados, o frio anor­mal que tivemos recentemente é prenúncio - e qual­quer homem da raça sabe disso - de que teremos seca.Esta seca vai dificultar - é claro - os mananciais quesustentam os lagos para a produção da energia hidroe­létrica. Assim, acho que seria de bom alvitre que seantecipasse o início do horário de verão, porque estáprovado que nesse período se poupa energia com amudança do horário de pico, pois normalmente às 18hhá o acúmulo de consumo de energia rcsidencial e indus­trial.

Temos escutado alguns Ministros dizerem que o Con­gresso não colabora, s6 critica. Então, aqui vai a colabo­ração da Câmara dos Deputados para com o Governo,especificamente para S. Ex' o Dr. Aureliano Chaves,Ministro das Minas e Energia, no sentido de anteciparo início do horário de verão. O País precisará tomaressa medida, para não chorar depois, quando a energiacomeçar a faltar,. É preciso que se tome essa decisão,e aí vai a iniciativa de um modesto Deputado do PMDBque apenas quer ajudar a solucionar um problema pres­tes a acontecer em dezembro, janeiro ou fevereiro.

Portanto, que se tomem as providências antes queo mal aconteça. Espcro que o Ministro Aureliano Cha­ves, homem de bem, nosso adversário político, mastambém engenheiro. tenha visão suficiente para enten­der a nossa mensagem de interesse do País e que atendea qualquer setor industrial ou mesmo populacional. Éuma providência simples que já deu certo, s6 que esteano é preciso que se inicie mais cedo, eu virtude dascondições climáticas anormais por que possamos.

VI- APRESENTAÇÃO

DE PROPOSIÇÕES

o SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Os Srs.Deputados que tenham proposições a apresentar quei-ram fazê-lo. '

OLÍVIO DUTRA - Projeto de lei que acrescentadispositivo ao art. 513 da Consolidação das Leis doTrabalho; para assegurar aos sindicatos de empregadoso direito de reunião nos locais de trabalho.

FRANCISCO AMARAL - Projeto de lei que intro­duz alteração no art. 145, do C6digo Penal.

O SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Passa-seao

VII- GRANDE EXPEDIENTE

Tem a palavra o Sr. Eraldo Trindade.

O SR. ERALDO TRINDADE (PFL - AP. Sem revi­~ão do orador.) -Sr. Presidente, Sr'. e Srs. Deputados,na. verdade, não utilizarei todo o tempo que me é desti­nado neste Grande Expediente. Farei apenas algumasconsiderações sobre o Territ6rio Federal do Amapá,futuro Estado da Federação, assim que seja promulgadaa nova Constituição.

Exatamente no dia 13 de setembro de 1943, o entãoPresidente Getúlio Vargas assinava um decreto criandoos Territ6rios do Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta­Porã c Iguaçu. O Amapá tinha uma área de cento equarenta e dois mil quilômetros quadrados.

Há quarenta e quatro anos, o Territ6rio vem-se de­senvolvendo de forma equilibrada. Entretanto, comoTerrit6rio, não tem podido alcançar o grau de progressoque todos n6s, amapaenses, desejamos, em função dalegislação, que, além de ser exdrúxula, tem, ao longodesse tempo, impedido o' seu desenvolvimento, umavez que todas as decisões dependem das autoridadesfederais.

Quarta-feira 17 2837

Qualquer projeto que diga respeito a qualquer Terri­t6rio precisa da anuência do Ministério do Interior,com o aval, a homologação de S. Ex' o Presidente daRepública. .

Ao longo de quarenta e quatro anos, o Amapá temcontribuído bastante com a União nas exportações deouro, manganês, madeiras de lei e pescado. A partedos impostos destinada ao Territ6rio do Amapá é insig­nificante e muito pouco contribui para o seu desenvol­vimento. Pouco ressarcimento temos com aS exporta­ções, na verdade.

Com a criação de mais quatro Minicípios, o Amapáhoje tem as seguintes unidades municipais: Amapá, Cal­çoene, Oiapoque, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho,Laranjal do Jari, Marzagão, Macapá e Santana. Essaredivisão, feita há algum tempo, tem contribuído paraque os Prefeitos, principalmente os dos novos Municí·pios, possam iuiciar um programa de desenvolvimentoregional, que irá contribuir bastante para o crescimentodo futuro Estado do Amapá.

Além das riquezas que aqui citamos, temos a.valiado,em diversos pronunciamentos, não s6 nesta Casa comotambém nas sessões da Assembléia Nacional Consti­tuinte, que a dcscentralização tributária se faz ncces­sária e inadiável. Esses aspectos já defendíamos na Sub­comissão dos Municípios e Regiões, da qual partici­pamos no início dos trabalhos da Constituinte. Masa descentralização tributária, para alguns segmentosaqui representados, não é o mais importante. Temosenfrentado inúmeras dificuldades quanto a isso, porqueentendemos que é impossível a União continuar centra­lizando tudo. Os mínimos projetos têm de ser avaliadospelo Ministério do Interior, as mínimas decisões preci­sam ter a homologação, por lei, do Presidente da Repú­blica.

A transformação do Territ6rio do Amapá em Estadochega em boa hora, porque entendemos que já atingi­mos o teto que deveríamos alcançar na condição deTerrit6rio.

O Projeto de Constituição explicitava, no art. 39,depois de toda a luta desenvolvida pelos Constituintesdo Amapá e Roraima, na Subcomissão dosMinicípiose Regiões e na Comissão da Organização do Estado,o seguinte: "Lei Federal disporá sobre a organizaçãoadministrativa e judiciária dos Territ6rios".

Este era um aspecto que considerávamos retr6gradoporque em muito pouco ia ajudar os Territ6rios doAmapá e Roraima.

Houve, então, um esforço conjunto dos Constituintesdos dois Territ6rios, no sentido de tomarem uma posi­ção favorável à transformação desses Territ6rios emEstados, defendida no plcnário da Comissão da Organi­zação do Estado e qUI:, felizmente, foi aceita, sendoposteriormente colocada em apreciação e avaliação naComissão de Sistematização. A proposta recebeu votosfavoráveis, e em conseqüencia já incluída no Projetode Constituição, nas "Disposições Transit6rias". OsTerrit6rios de Amapá e de Roraima serão transfor­mados em Estados, com a posse dos Governadores elei­tos, em 1990.

Nossa capital, Sr. Presidente, conceutra hoje trezen­tos mil habitantes. A centralização tem sido altamenteprejudicial. Passo, neste momento, a fazer algumas cem­siderações a respeito deste assunto. Nosso crescimentoestá em torno de 5,6% ao ano, em termos popula­cionais. Os bairros periféricos de nossa capital expan­dem-se de forma horizontal, em função da falta de umplanejamento urbano condizente com a realidade doAmapá. A educação conta hoje com uma populaçãoestudantil de trinta mil pessoas, não s6 na área urbanacomo, também, na rur"l. E a falta de escolas tem sidoo ponto que sempre debatemos neste Congresso Nacio­nal. Há falta de incentivos, não s6 porparte do Governoregional, como do Governo Federal, à educação.

Lembro-me, neste instante, de uma revista de circula­ção nacional que publicava, não faz muito tempo,.maté­ria com entrevistas do Ministro da Educação, que, àque­la altura, dizia que a educação ia mal no País. Na verda­de, vai mal, Sr. Presidente, principalmente nas regiõesmais distantes, como é o caso do Territ6rio do Amapá-volto a dizer-onde temos uma população estudantilem torno de trinta mil pessoas e onde a falta de profes­sores tem contribuído bastante para sucessivas grevesno sistema educacional do Territ6rio. Temos aproxima-

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2838 Quarta-feira 17

damente cinco mil professores mantidos cm regimesde convênios. Os pagamentos, por falta de recursosdestinados exclusivamente ao magistério, atrasam, pro­vocando greves sucessivas.

Na ocasião, quero fazer um apelo, não só a S. E~o Ministro do Interior, como também ao Exm" Sr. PresI­dente da República, no sentido de que voltem suasatenções para os Territórios 'do Amapá e de Rora~m~,

procurando destinar maior volume de recursos, pnncl­palinente para a educação. Um país sem educação éfadado a ter a sua cultura atrasada. O Brasil, infeliz­mente, tem um número muito grande de analfabetosem função da falta de um plano educacional que reflitila sua realidade, principalmente nas regiões mais distan­tes.

Além da educação, também temos problemas de sa­neamento básico. Faltam recursos. Uma população semágua tratada, sem saneamento básico, terá com certeza,problemas de saúde.

Há um projeto que deverá, em curto espaço ?e tem­po, ser desenvolvido no Território do Amapá. E o Pro­jeto Cura, que, segundo o Govern~dor do Amapá, Jor­ge Novais da Costa, virá contribUir para a soluça0 detodos os problemas relacionados com saneamento bási­co e abastecimento de água tratada, especialmente nosbairros da periferia.

A agricultura no Territó~iodo AmaJ.lá segue o.m~smocaminho da agricultura a mvel dc Brasl1, onde a mdlspo­nibilidade de recursos e a falta de adoção de um plano,no setor primário, que reflita nossa realidade, têm con­tribuído para o aumento do fluxo migratório e do êxodorural. Muitas vezes, o pequeno agricultor tem sua terra,mas não tem condições de produzir, sendo, então, obri­gado a deslocar-se para as grandes ~idadcs, cri.an~o

dessa forma problemas sociais nos batrros de penfenae aumentando o índice de desemprego. Por falta deum plano de Governo, a agricultura n~o se torna produ­tiva desestimulando os pequenos agncultores a perma­nec~rem no campo. E a situação no Território do Ama-pá não é diferente. .

Finalizando, quero dizer que - não ocuparei .todo .o tempo que me foi destinado no Grande Expediente_ a transformação dos Territórios do Amapá'e de Ro­raima em Estado chega em boa hora. A descentra­lização tributária está praticamente assegurad~ p~loProjeto de Constituição. Os Estados e o MumclpIOspoderão cobrar royallies sobre as exportações de recur­sos minerais. O Território do Amapá é muito rico emmanganês, ouro e pescados. Haverá, também, a eleiçãodiretã para Governador, assegurada para 1990. São to-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

dos esses avanços que a Assembléia Nacional Consti­tuiote garantirá aos futuros Estados da Federação.

Temos certeza de que essas decisões serão muito im­portantes e irão contribuir para que essas duas futurasUnidades da Federação, localizadas em um plano bemdistante, tomando-se por referência Brasília, implemen­tem um plano de desenvolvimento que corresponda à

. realidade regional e que satisfaça às populações doAmapá e de Roraima.

Vamos trabalhar para que, após a promulgação da'nova Constituição, possamos ter, por parte do GovernoFederal, o apoio 'neccssário, a fim de que o Governodo Território desenvolva, nessa fase de transição, umplano de governo com a implantação eficaz e positivado novel Estado.

Era o que tinha a dizer.

VIII - ENCERRAMENTO

o SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Nadamais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARER OS SENHORES:

Amazonas

José Fernandes - PDT.

Pará

Dionísio Hage - PFL; Fausto Fernandes - PMDB;Fernando Velasco - PMDB.

Maranhão

Eliézer Moreira - PFL; Victor Trovão - PFL.

Piauí

Myriam Portella - PpS.

Ceará

Etevaldo Nogueira - PFL; Gidcl Dantas - PDC;Osmundo Rebouças - PMDB.

Rio Grande do Norte

Henrique Eduardo Alves - PMDB; Jessé Freire ­PFL.

Paraíba

João da Mata - PDC; José Maranhão - PMDB;Lucia Braga - PFL.

Agosto de 1988

Pernambuco

Cristina Tavares - PSDB; Maurílio Ferreira Lima-PMDB.

Babla

Celso Dourado - PMDB; Joaci Góes - PMDB.

Espírito Santo

Lezio Sathler - PMDB; Rita Camata - PMDB;Rose de Freitas- PSDB; Vasco Alves - PSDB; VitorBuaiz-PT.

Rio de Janeiro

Aloysio Teixeira-PMDB; Álvaro Vallc -PL; Da­·so Coimbra - PMDB; Flavio Palmier da Veiga ­PMDB; Gustavo de Faria - PMDB; Jorge Leite ­PMDB; Nelson Sabrá - PFL; Noel de Carvalho ­PDT; Rubem Medina - PFL; Sandra Cavalcanti ­PFL.

Minas Gerais

Álvaro Antônio - PMDB; Leopoldo Bessone ­PMDB; Mário Bouchardet - PMDB; Melo Freire ­PMDB; Roberto Vital - PMDB; Sérgio Werneck ­PMDB; Sílvio Abreu -,- PSDB.

São Paulo

Felipe Cheidde - PMDB; Manoel Moreira ­PMDB.

Goiás

Iturival Nascimento - PMDB.

Mato Grosso do Sul

Gandi Jamil - PFL.

Paraná

Jacy Scanagatta - PFL; José Carlos Martinez ­PMDB; José Tavares - PMDB; Mattos Leão ­PMDB.

Rio Grande do Sul

Carlos Cardinal- PDT; Irajá Rodrigues - PMDB.

o SR. PRESIDENTE (Bezerra de Melo) - Está en­cerrada a sessão.

(Encerra-se a Sessão às l2 horas e 36 minutos.)

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MESA MAIORIA LIDERANÇASPT

PMDBe PFL Líder:

Presidente:Líder: Vice-Líderes:

Luiz Inácio Lula da Silva

Carlos Sant'AnnaVice-Líderes:

Ulysses Gulmaries - PMDBInocêncio Oliveira Plínio Arruda Sampaio

PMDB Ricardo IzarLíder: Erico Pegoraro

José Genoíno

1º-Vice-Presidente: Ibsen Pinheiro PDCHomero Santos - PFL

Jesus TajraVice-Líderes: José Teixeira

Líder:

João Herrmann Neto Iberê Ferreira Siqueira Campos

2°_Vice-Presidente: Miro Teixeira Dionísio Hage Vice-Líderes:

Paulo Mincarone - PMDB Ubiratan Aguiar Stélio DiasJairo Carneiro

Walmor de Luca Luís Eduardo José Maria Eymael

lO-Secretário: Gabriel Guerreiro Ronaro Corrêa Roberto Balestra

Paes de Andrade - PMDB Genebaldo Correia Rita Furtado PSB

Maunlio Ferreira Lima PSDBLíder:

2'-Secretário:João Natal Líden

José Carlos SabóiaPL

Albérico Cordeiro - PFLMárcia Kubitschek Pimenta da Veiga"Denisar Arneiro Lider:

Dálton Canabrava PDS Adolfo Oliveira

3º-Secretário: Maguito Vilela Líder: Vice-Líder:

Heráclito Fortes - PMDB Ronaldo Carvalho Amaral Netto Afif Domingos

Raimundo Bezerra Vice-Líderes: PCdoB

4'-Secretário: Maurício Pádua Bonifácio de Andrada Líder:

Cunha Bueno - PDSCid Carvalho Aécio de Borba Aldo Arantes

Rospide Neto PTB Vice-Líder:

José Ulisses de Oliveira Líder: Eduardo Bonfim

Manoel Moreira Gastone Righi PCBJorge Uequed Vice-Líd_eres: Líder:José Tavares Joaquim Bevilacqua Roberto Freire

Suplentes Sérgio Spada Sólon Borges dos Reis Vice-Líderes:Fernando Gasparian Elias Murad Fernando Santana

José Carlos Vasconcellos Roberto Jefferson Augusto Carvalho

Daso Coimbra - PMDB Ruy Nedel PDT PTRFernando Velasco Líder: Líder:

Mendes Botelho - PTBRenato Vianna Brandão Monteiro Messias Soares

Vice-Líderes: PMB

Amaury MüllerLíder:

Irma Passoni - PT PFLArnaldo Faria de Sá

Vivaldo Barbosa PSDLíder: Adhemar de Barros Filho Líder:

Osvaldo Almeida - PL José Lourenço José Fernandes César Cals Neto

DEPARTAMENTO DE Titulares Suplentes

COMISSÕES PFL

Diretor: Carlos Brasil Araujo João Alves Enoc Vieira Denisar Aroeiro Júlio Costamilan

Local: Anexo II - telefone ramal 7053 Jofran Frejat Furtado Leite Firmo de Castro Lézio Sathler

Coordenação de Comissões Permanentes Benito Gama Simão Sessim Francisco Sales Maria Lúcia

Diretora: Silvia Barroso Martins Mussa DemesIvo Cersósimo Paulo Silva

Local: Anexo II - Telefone: 224-5719, ramal 6890Joaquim Haickel Percival Muniz

PDS

COMISSÃO PERMANENTE Jorge Arbage

Comissão de Fiscalização e ControleJosé Luiz Maia PFL

Presidente: Fernando Gasparian - PMDBPDT Alércio Dias Dionísio Dal Prá

1,-Vice-Presidente: Benito Gama - PFL José Fernandes Arolde de Olivéira Fausto Rocha

2'-Vice-Presidente: Jorge Arbage - PDSPTB Arnaldo Prieto Lael Varela

Ottomar de Souza Pinto Cláudio ÁvilaPT'

Titulares Irma PassoniPMDB PL PDS

Domingos Juvenil José Serra Adolfo Oliveira Francisco Diógenes

Edivaldo Motta Joaci Góes Mello Reis

Fernando Gasparian Miro Teixeira PDT

Genebaldo Correia Nilso Sguarezi Suplentes Moema São Thiago

Ismael Wanderley Nion Albernaz PMDB PT

Irajá Rodrigues Osmundo Rebouças Aécio Cunha Luiz Gushiken

Ivo Vanderlinde Roberto Brant Aluízio Campos José Costa PDC

.José Carlos Vasconcellos Bosco França José Dutra Siqueira Campos

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DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL

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Caixa Econômica F~deral - Agência - PS-CEGRAf, conta cor­rente n9 920001-2, a favor do

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CEP: 70160.

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LEIS ORGÂNICAS DOS MUNiCípIOS

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Textos atualizados e consolidados das Leis Orgânicasdos Municípios de todos os Estados da Federação brasileira.

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3 volumesPreço: Cz$ 300,00

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Federal, Anexo I, 229 andar - Praça dos Três Poderes, CEP 70160 .- Brasília, DF - Telefone: 211-3578.

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Anteprojeto Constitucional

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19 volume: (594 páginas) - Textos das Constituições de 1824, 1891,1934, 1937, 1946 e 1967 e suas alterações.

Texto constitucional vigente consolidado (Constituiçãodo Brasil de 1967, com a redação dada peta Emenda Consti­tucional n9 1, de 1969 e as alterações introduzidas pelasEmendas Constitucionais n9s 2, de 1972 a 27, de 1985).

29 volume: (254 páginas) - lndice temático comparativo de todas asConstituições brasileiras.

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