diario do congresso nacional -...

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, DIARIO República Federativa do Brasil DO CONGRESSO NACIONAL SEÇÃO I ANO XLII - N' 46 lO CAPITAL FEDERAL QUARTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 1987 CAMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATA DA 54' SESSÃO DA l' SESSÃO LEGIS- LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 3 DE NO· VEMBRO DE 1987 1- Abertura da Sessão fi - Leitura e lIIIIiDatura da ata da sessão anterior m- LeItura do Expediente SIQUEIRA CAMPOS (Questão de ordem) - Inconveniência de reunião da Câmara dos Depu- tados em horário noturno. PRESIDENTE - Resposta à questão de ordem do Deputado Siqueira Campos. FRANCISCO KÜSTER (Questão de ordem) - Existência de matérias importantes para deliberação da Casa até o fin.l do presente ano legislativo. PRESIDENTE - Resposta à questão de ordem do Deputado Francisco Küster. IV - Pequeuo Expediente NILSON GIBSON - Artigos "Usurpação de po- deres" e "O inviável parlamentarismo", publicados pelo jornal O Globo. AMAURY MÜLLER (Questão de ordem) - Protesto contra a não realização de sessão ordinária da Câmara dos Deputados no período matutino. PRESIDENTE - Resposta à questão de ordem do Deputado Amaury Müller. ANTÔNIO DE JESUS - Horário de funciona· mento da rede bancária no Município de Anápolis, Estado de Goiás. MÁRIO LIMA - Omissão do Governo quanto ao comportamento das fábricas nacionais de veículos automotores. SÉRGIO SPADA - Falta de apoio governamen- tal aos agricultores e suinocultores do oeste para- naense. AUGUSTO CARVALHO - Solidariedade do PCB aos rol1oviários de Brasíliií, ém greve. ÁTILA LIRA - Posse do Senador Hugo Napo- leão no Ministério da Educação. JOFRAN FREJAT - Greve dos rodoviários de Brasília, Distrito Federal. UBIRATAN AGUIAR - Posse do Senador Hu- go Napoleão no Ministério da Educação. FRANCISCO KÜSTER - Demora na remessa, pelo Poder Executivo, ao Congresso Nacional, do projeto dispondo sobre o plano de cargos e carreiras para funcionários da Previdência Social. Retalia- ção, pelo Governo do Estado de Santa Catarina, contra professores grevistas da rede oficial. JOÃO DE DEUS ANTUNES - Artigo "O im- pério da lei da selva", publicado pela revista Man- chete. OSVALDO BENDER - Protesto dos produ- tores de leite do Rio Grande do Sul contra estabele- cimento de cota extra de produção. Suspensão da importação de leite em pó. ADROALDO STRECK - Denúncias contra o Presidente José Sarney pela adoção de atos atenta- tórios à Constituição Federal. Artigo "Um Minis- tério Clandestino no Planalto", publicado pelo jor- nal O Estado de S. Paulo. OSWALDO LIMA FILHO (Questão de ordem) - Inclusão, na pauta da Ordem do Dia, do Projeto de Lei n' 1.204, de 1983, dispondo sobre o inqui- linato. PRESIDENTE - Resposta à questão de ordem do Deputado Oswaldo Lima Filho. ARNALDO FARIA DE SÁ - Aplausos pela aprovação de requerimento de urgência para apre- ciação de projeto de lei dispondo sobre benefícios às microempresas. Insucesso do orador em ação cau- telar e ação popular contra pagamento de duas fo- lhas laudatórias, publicadas na imprensa nacional, do ex-Ministro Raphael da Almeida Magalhães. JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS - Falta de recursos para liberação, pelo Banco do Brasil, de parcelas de contratos de financiamento de custeio agrícola no Centro-Sul do País. JOSÉ ELIAS MURAD - Alijamento da maioria dos Constituintes na feitura da nova Constituição. ADYLSON MOTI A- Falta de iniciativa da Mesa da Cãmara dos Deputados para instalação de CPI destinada a apurar irregularidades na impor- tação de alimentos. Ajustamento do Regimento In- temo da Câmara dos Deputados ao da Assembléia Nacional Constituinte, para funcionamento normal da Casa. Retenção, pelo Poder Executivo, de decre- tos editados pelo Presidente José Sarney. Alijamen- to da maioria dos Constituintes na feitura da nova Constituição. AÉCIO DE BORBA - Transcurso do septua- gésimo aniversário de fundação e trigésimo quinto de implantação no Brasil do Lions Internacional. RUY NEDEL - Reajuste do preço do trigo em- face da eliminação de subsídios para a triticultura. OSVALDO TREVISAN - "Compromisso com a Nação", firmado pela Aliança Democrática. AMAURY MÜLLER - Não cumprimento, pela Nova República, de compromissos assumidos em praça pública. Responsabilidade do clero progres- sista da Igreja Católica por conflitos fundiários no País. Defmição da Mesa da Câmara dos Deputados sobre o aumento de vencimentos do funcionalismo da Casa. ANTONIOCARLOS MENDES THAME - Transcurso do centésimo décimo aniversário de imi- gração dos trentinos no Município de Piracicaba, Estado de São Paulo. TITO COSTA - Comemoração dos vinte e cinco anos de atividades do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica. VICTOR FACCIONI - Instalação de CPI desti- nada a apurar as causas e conseqüências da não consolidação do Pólo Petroquímico do Sul. DENISAR ARNEIRO - Críticas ao capítulo "Dos Direitos Sociais", do substitutivo ao projeto de Constituição, aprovado pela Comissão de Siste- matização. JORGE ARBAGE - Homenagem a Dom Tadeu Henrique Prost, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, pelos vinte e cinco anos de ordenação episcopal. FRANCISCO AMARAL - Ação da Sociedade Pestalozzi de Campinas em favor do menor abando- nado. AMARAL NETIO - Desempenho da delega- ção brasileira na 78' Conferência Interparlamentar, realizada em Bangkok.

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,DIARIO

República Federativa do Brasil

DO CONGRESSO NACIONALSEÇÃO I

ANO XLII - N' 46lO

CAPITAL FEDERAL QUARTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 1987

CAMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

1- ATA DA 54' SESSÃO DA l' SESSÃO LEGIS­LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 3 DE NO·VEMBRO DE 1987

1 - Abertura da Sessão

fi - Leitura e lIIIIiDatura da ata da sessão anterior

m - LeItura do Expediente

SIQUEIRA CAMPOS (Questão de ordem) ­Inconveniência de reunião da Câmara dos Depu­tados em horário noturno.

PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Siqueira Campos.

FRANCISCO KÜSTER (Questão de ordem) ­Existência de matérias importantes para deliberaçãoda Casa até o fin.l do presente ano legislativo.

PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Francisco Küster.

IV - Pequeuo Expediente

NILSON GIBSON - Artigos "Usurpação de po­deres" e "O inviável parlamentarismo", publicadospelo jornal O Globo.

AMAURY MÜLLER (Questão de ordem) ­Protesto contra a não realização de sessão ordináriada Câmara dos Deputados no período matutino.

PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Amaury Müller.

ANTÔNIO DE JESUS - Horário de funciona·mento da rede bancária no Município de Anápolis,Estado de Goiás.

MÁRIO LIMA - Omissão do Governo quantoao comportamento das fábricas nacionais de veículosautomotores.

SÉRGIO SPADA - Falta de apoio governamen­tal aos agricultores e suinocultores do oeste para­naense.

AUGUSTO CARVALHO - Solidariedade doPCB aos rol1oviários de Brasíliií, ém greve.

ÁTILA LIRA - Posse do Senador Hugo Napo­leão no Ministério da Educação.

JOFRAN FREJAT - Greve dos rodoviários deBrasília, Distrito Federal.

UBIRATAN AGUIAR - Posse do Senador Hu­go Napoleão no Ministério da Educação.

FRANCISCO KÜSTER - Demora na remessa,pelo Poder Executivo, ao Congresso Nacional, doprojeto dispondo sobre o plano de cargos e carreiraspara funcionários da Previdência Social. Retalia­ção, pelo Governo do Estado de Santa Catarina,contra professores grevistas da rede oficial.

JOÃO DE DEUS ANTUNES - Artigo "O im­pério da lei da selva", publicado pela revista Man­chete.

OSVALDO BENDER - Protesto dos produ­tores de leite do Rio Grande do Sul contra estabele­cimento de cota extra de produção. Suspensão daimportação de leite em pó.

ADROALDO STRECK - Denúncias contra oPresidente José Sarney pela adoção de atos atenta­tórios à Constituição Federal. Artigo "Um Minis­tério Clandestino no Planalto", publicado pelo jor­nal O Estado de S. Paulo.

OSWALDO LIMA FILHO (Questão de ordem)- Inclusão, na pauta da Ordem do Dia, do Projetode Lei n' 1.204, de 1983, dispondo sobre o inqui­linato.

PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Oswaldo Lima Filho.

ARNALDO FARIA DE SÁ - Aplausos pelaaprovação de requerimento de urgência para apre­ciação de projeto de lei dispondo sobre benefíciosàs microempresas. Insucesso do orador em ação cau­telar e ação popular contra pagamento de duas fo­lhas laudatórias, publicadas na imprensa nacional,do ex-Ministro Raphael da Almeida Magalhães.

JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS - Falta derecursos para liberação, pelo Banco do Brasil, deparcelas de contratos de financiamento de custeioagrícola no Centro-Sul do País.

JOSÉ ELIAS MURAD - Alijamento da maioriados Constituintes na feitura da nova Constituição.

ADYLSON MOTIA - Falta de iniciativa daMesa da Cãmara dos Deputados para instalação deCPI destinada a apurar irregularidades na impor­tação de alimentos. Ajustamento do Regimento In-

temo da Câmara dos Deputados ao da AssembléiaNacional Constituinte, para funcionamento normalda Casa. Retenção, pelo Poder Executivo, de decre­tos editados pelo Presidente José Sarney. Alijamen­to da maioria dos Constituintes na feitura da novaConstituição.

AÉCIO DE BORBA - Transcurso do septua­gésimo aniversário de fundação e trigésimo quintode implantação no Brasil do Lions Internacional.

RUY NEDEL - Reajuste do preço do trigo em­face da eliminação de subsídios para a triticultura.

OSVALDO TREVISAN - "Compromisso coma Nação", firmado pela Aliança Democrática.

AMAURY MÜLLER - Não cumprimento, pelaNova República, de compromissos assumidos empraça pública. Responsabilidade do clero progres­sista da Igreja Católica por conflitos fundiários noPaís. Defmição da Mesa da Câmara dos Deputadossobre o aumento de vencimentos do funcionalismoda Casa.

ANTONIOCARLOS MENDES THAME ­Transcurso do centésimo décimo aniversário de imi­gração dos trentinos no Município de Piracicaba,Estado de São Paulo.

TITO COSTA - Comemoração dos vinte e cincoanos de atividades do Conselho de FraternidadeCristão-Judaica.

VICTOR FACCIONI - Instalação de CPI desti­nada a apurar as causas e conseqüências da nãoconsolidação do Pólo Petroquímico do Sul.

DENISAR ARNEIRO - Críticas ao capítulo"Dos Direitos Sociais", do substitutivo ao projetode Constituição, aprovado pela Comissão de Siste­matização.

JORGE ARBAGE - Homenagem a Dom TadeuHenrique Prost, Bispo Auxiliar da Arquidiocesede Belém, pelos vinte e cinco anos de ordenaçãoepiscopal.

FRANCISCO AMARAL - Ação da SociedadePestalozzi de Campinas em favor do menor abando­nado.

AMARAL NETIO - Desempenho da delega­ção brasileira na 78' Conferência Interparlamentar,realizada em Bangkok.

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3326 Quarta-feira 4

OSCAR CORRÊA - Desempenho da delegaçãobrasileira na 78' Conferência Interparlamentar, rea­lizada em Bangkok.

V - Comunicações das Lideranças

JOSÉ ELIAS - Apoio e engajamento da socie­dade brasileira ao Programa de Ação Govemamen-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

tal - PAG, lançado pelo Governo para o períodode 1987 a 1991.

AMAURY MÜLLER - Protesto contra a anun­ciada transformação de parte da dívida externa bra­sileira em capital de risco nas empresas estatais.

GENEBALDO CORREIA - Acerto da políticaadoada pelo Ministro Bresser Perreira, da Fazenda,na renegociação da dívida externa brasileira.

Novembro de 1987

VI - Apresentação de Proposições

VICTOR FACCIONI, FRANCISCO AMA-RAL.

vn - Encerramento

2 - MESA (Relação dos Membros)3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DE PARTIDOS

(Relação dos Membros)

Ata da 54l.1 Sessão, em 3 de novembro de 1987Presidência dos Srs.: Homero Santos, Primeiro-Vice-Presidente; Irma Passoni, Suplente de Secretário.

ÀS 22:00 HORAS COMPARF:C"EM OS SENHO­RES:

Acre

Alércio Dias - PFL; José Melo - PMDB.

Amazonas

Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize - PSB; Car­rel Benevides - PMDB; José Dutra - PMDB; JoséFernandes - PDT.

Rondônia

Arnaldo Martins - PMDB; Assis Canuto - PFL;Francisco Sales - PMDB; José Guedes - PMDB;José Viana - PMDB; Raquel Cãndido - PFL; RitaFurtado - PFL.

Pará

Ademir Andrade - PMDB; Aloysio Chaves -PFL;Amilcar Moreira - PMDB; Arnaldo Moraes ­PMDB; Jorge Arbage .- PDS; Manoel Ribeiro ­PMDB.

Maranhão

Cid Carvalho - PMDB; Costa Ferreira - PFL; EnocVieira - PFL; Francisco Coelho - PFL; Haroldo Sa­bóia - PMDB; Jayme Santana - PFL; Joaquim Haic­kel- PMDB; José Carlos Sabóia - PMDB; José Tei­xeira - PFL; Wagner Lago - PMDB.

Piauí

Átila Lira - PFL; Felipe Mendes - PDS; JesualdoCavalcanti - PFL; Jesus TaJfa - PFL; José Luiz Maia- PDS; Paes Landim - PFL.

Ceará

Aécio de Borba - PDS; Bezerra de Melo - PMD B;César Cals Neto - PDS; Etevaldo Nogueira - PFL;Expedito Machado - PMDB; Furtado Leite - PFL;Gidel Dantas- PMDB; José Lins- PFL; Lúcio Alcân­tara - PFL; Luiz Marques - PFL; Manoel Viana ­PMDB; Mauro Sampaio - PMDB; Moema São Thiago- PDT; Moysés Pimentel- PMDB; Orlando Bezerra-PFL; Osmundo Rebouças -PMDB; Paes de Andra-de - PMDB; Raimundo Bezerra - fMDB; UbirataoAguiar -PMDB.

Rio Grande do Norte

Iberê Ferreira - PFL; Ismael Wanderley - PMOB;Vingt Rosado - PMDB.

Paraíba

Agassiz Almeida - PMDB; Aluízio Campos ­PMDB; Antonio Mariz .- PMDB; Edme Tavares ­PFL; João Agripino - PMDB; João da .\-lata - PFL;Lucia Braga - PFL.

Pernambuco

Cristina Tavares - PMDB; Egídio Ferreira Lima- PMDB; Fernando Lyra - PMDB; Gilson Machado- PFL; Gonzaga Patriota - PMDB; Harlan Gadelha- PMDB; Inocêncio Oliveira - PFL; José Moura -PFL; José Tinoco - PFL; Nilson Gibson - PMDB;Oswaldo Lima Filho - PMDB; Paulo Marques - PFL;Ricardo Fiuza - PFL; Roberto Freire - PCB; SalatielCarvalho - PFL.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PFL; Eduardo Bonfim - PCdo B; Geraldo Bulhões - PMDB; José Costa ­PMDB; José Thomaz Nonõ - PFL; Roberto Torres-PTB.

Sergipe

Acival Gomes - PMDB; João Machado Rollemberg- PFL; José Queiroz - PFL; Messias Góis - PFL.

Bahia

Abigail Feitosa - PMDB; Ângelo MagalhãesPFL; Carlos Sant'Anna -- PMDB; Celso Dourado­PMDB; Domingos Leonelli - PMDB; Eraldo Tinoco- PFL; Fernando Santana - PCB; Francisco Benja­mim - PFL; Francisco Pinto - PMDB; GenebaldoCorreia - PMDB; Haroldo Lima - PC do B; JairoCarneiro - PFL; João Alves - PFL; Jonival Lucas- PFL; Jorge Hage - PMDB; Jorge Vianna - PMDB;José Lourenço - PFL; Jutahy Júnior - PMDB; LeurLomanto - PFL; Lídice da Mata - PC do B; LuizEduardo - PFL; Mário Lima - PMDB; Miraldo Go­mes - PMDB; Raul Ferraz - PMDB; Sérgio Brito- PFL; Uldurico Pinto _. PMDB; VirgíldáslO de Senna- PMDB; Waldeck Ornélas - PFL.

Espírito Santo

Nelson Aguiar - PMDB; Nyder Barbosa - PMDB;Pedro Ceolin - PFL; Rita Camata - PMDB; StélioDias - PFL.

Rio de Janeiro

Adolfo Oliveira - PL; Amaral ~etto - PDS; Arturda Távola - PMDB; Brandão Monteiro - PDT; Car­los Alberto Caó - PDT; Daso Coimbra - P.\-lDB;Denisar Arneiro - PMDB; Fábio Raunheitti - PTB;Feres Nader - PDT; José Maurício - PDT; Luiz Salo­mão - PDT; Lysâneas Maciel - PDT; Márcio Braga- PMDB; Miro Teixeira - PMDB; "Ielson Sabrá­PFL; Oswaldo Almeida -- PL; Paulo Ramos - PMDB;Roberto Augusto - PTH; Sandra CavalcantI - PFLSimão Sessim - PFL Vivaldo Barbosa - PDT; Vladi­mir Palmeira - PT.

Minas Gerais

Aloísio Vasconcelos ~- PMDB; Álvaro Antônio ~PMDB; BonifácIO de Andrada -- PDS; Carlos Cotta- P.\-lDB; Célio de Castro - PMDB; Chico Humberto- PDT; Christóvam Chiaradia - PFL; Dálton Cana-

brava - PMDB; Homero Santos - PFL; HumbertoSouto - PFL; Israel Pinheiro - PMDB; João Paulo- PT; José Elias Murad - PTB; José Geraldo ­PMDB; José Mendonça de Morais - PMDB; José San­tana de Vasconcellos - PFL; José Ulísses de Oliveira- PMDB; Lael Varella - PFL; Leopoldo Bessone- PMDB; Luiz Alberto Rodrigues - PMDB; MarcosLima - PMDB; Mário Assad - PFL; Maurício Pádua- PMDB; Milton Reis - PMDB; Octávio Elísio ­PMDB; Oscar Corrêa - PFL; Paulo Delgado - PT;Pimenta da Veiga - PMDB; Raimundo Rezende ­PMDB; Roberto Vital - PMDB; Ronaro Corrêa ­PFL; Rosa Prata - PMDB; Sérgio Werneck - PMDB;Snvio Abreu - PMDB; Virgnio Galassi - PDS; Virgí­lio Guimarães - PT; Ziza Valadares - PMDB.

São Paulo

Agripino de Oliveira Lima - PFL; Airton Sandoval- PMDB; Antoniocarlos Mendes Thame - PFL; An­tõnio Perosa - PMDB; Arnaldo Faria de Sá - PTB;Arnold Fioravante - PDS; Cardoso Alves - PMDB;Fausto Rocha - PFL; Florestan Fernandes - PT;Francisco Amaral - PMDB; Francisco Rossi - PTB;Gastone Righi - PTB; Geraldo Alckmm Filho ­PMDB; Gerson Marcondes - PMDB; Irma Passoni- PT; Jayme Paliarin - PTB; João Rezek - PMDB;Joaquim Bevilácqua - PTB; José Carlos Grecco ­PMDB; José Genoino ~ PT; José Serra - PMDB;Koyu lha - PMDB; Luis Inácio Lula da Silva - PT;Manoel Moreira ~ PMDB; Michel Temer - PMDB;Nelson Seixas - PDT; Paulo Zarzur - PMDB; PlínioArruda Sampaio ~ PT; Ricardo Izar - PFL; RobsonMarinho - PMDB; Sólon Borges dos Reis - PTB;Theodoro Mendes - PMDB; Tito Costa - PMDB;Ulysses Guimarães - PMOB.

Goiás

Aldo Arantes - PC do B; Antonio de Jesus ­PMDB; Délio Braz - PMDB; Fernando Cunha ­PMDB; Jalles Fontoura - PFL; João Natal- PMDB;José Freire - PMDB; Luiz Soyer - PMDB; MauroMiranda - PMDB; Naphtali Alves de Souza - PMDB;Nion Albernaz - PMDB; Pedro Canedo - PFL; Si­queira Campos - PDC.

Distrito Federal

Augusto Carvalho - PCB; Francisco CarneiroPMDB; Geraldo Campos - PMDB; Jofran Frejat ­PFL; Maria de Lourdes Ahadia - PFL; SigmaringaSeixas - PMDB; Valmir Campelo - PFL.

Mato Grosso

Antero de Barros - PMOB; Joaquim Sueena ­PMDB; Jonas Pmheiro - PFL; Rodrigues Palma ­PMDB; Ubiratan Spinelli - POSo

Mato Grosso do Sul

Gandi Jamil - PFL; José Elias - PTB; Plínio Mar­tins _. PMDB; Ruhen FigueirlÍ-- PMDB; Saulo Quei­rlÍz ~ PFL.

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~ovembro de 1987

ParllDá

Alceni Guerra - PFL; Basilio VilIani - PMDB;Dionísio Dal Prá - PFL; Euclides Scalco - PMDB;Hélio Duque - PMDB; José Tavares - PMDB; Jova­nni Masini - PMDB; Maurício Nasser - PMDB; Nel­ton Friedrich - PMDB; Oswaldo Trevisan - PMDB;Paulo Pimentel- PFL; Sérgio Spada - PMDB; TadeuFrança - PMDB.

Santa Catarina

Antoniocarlos Konder Reis - PDS; Cláudio Ávila- PFL; Francisco Küster- PMDB; Henrique Córdova- PDS; Ivo Vanderlinde - PMDB; Neuto de Conto- PMDB; Orlando Pacheco - PFL; Renato Vianna- PMDB; Ruberval Pilotto - PDS; Vilson Souza -PMDB.

Rio Grande do Sul

Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta - PDS;Amaury Müller - PDT; Antônio Britto - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Carlos Cardinal- PDT; DarcyPozza - PDS; Ibsen Pinheiro - PMDB; João de DeusAntunes - PDT; Júlio Costamilan - PMDB; LélioSouza - PMDB; Luís Roberto Ponte - PMDB; Men·des Ribeiro - PMDB; Nelson Jobim - PMDB; Osval­do Bender - PDS; Paulo Mincarone - PMDB; RuyNedel- PMDB; Victor Faccioni - PDS.

Amapá

Annibal Barcellos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovani Borges - PFL; Raquel Capiberibe - PMDB.

Roraima

Chagas Duarte - PFL; Marluce Pinto - PTB; Moza­rildo Cavalcanti - PFL; Ottomar Pinto - PTB.

5.14

I - ABERTURA DA SESSÃO

o SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - A listade presença registra o comparecimento de 257 SenhoresDeputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão

anterior.

11- LEITURA DA ATA

o SR. ALBÉRICO CORDEIRO, Segundo-Secretárioprocede à leitura d ata da sessão antecedente, a qualc, sem observações, assinada.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Passa-seà leitura do expediente.

IH - EXPEDIENTE

Não há expediente a ser lido.

O Sr. Siqueira Campos - Sr. Presidente, peço apalavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDC - GO. Sem revi­são do orador.) - Sr. POesidente, solicito a V. Ex'que faça gestões junto ao Presidente Ulysses Guimarãespara mudarmos horários como o desta noite para ses­sões da Câmara dos Deputados, quando não é possívelaprovarmos nada, nem darmos atenção a nada.

Acredito que essas reuniões não farão bem ao País,nem aos homens que integram esta Casa. Se não formostodos homens de bem, se houver alguns que desejemaproveitar essas sessões noturnas, às quais ninguémcomparece, eles estarão muito à vontade para golpearos seus adversários e os interesses da Nação. É preciso

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

que se arranje um melhor horário para as sessões destaCasa. As manhãs de quartas e quintas-feiras estavamlivres, e nós, da Comissão de Sistematização, vamosaproveitá-las. É necessário encontrar um horário ade­quado para os nossos trabalhos, pois na calada da noite,todos estão cansados ou há muitos auesentes. Quantaspessoas há neste plenário? Não há trinta. Esta situaçãoé extremamente desagradável. Sei que fizemos uma reu­nião de líderes para aprovarmos as reuniões da Comis­são de Sistematização e da Assembléia Nacional Consti­tuinte, mas sessões da Cãmara neste horário não foramaventadas. Esta foi uma solução posterior.

Tenho uma grande admiração pelo Presidente Ulys­ses Guimarães, que sei um homem correto. Realmente,não sobravam horários. Mas hoje estamos vendo quehá algumas manhãs livres durante a semana ou podemostrabalhar mesmo aos sábados. Vamos reunir-nos de dia,porque tarde da noite não fica bem. Estamos fazendocada coisa errada. Isso se reflete no Congresso, na Cons­tituinte, em tudo. Já não chega o Governo? Este, quan­do faz dez coisas, quinze são erradas. Isso também está­se refletindo na vida política nacional. Daqui a poucoas instituições políticas estarão todas desacreditadas,estaremos vaiados, sendo chamados de "prostituintes"no meio da população, e já não agüentamos isso, Sr.Presidente. Vamos vér se acertamos as coisas.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Esta Presi­déncia levará ao Presidente Ulysses Guimarães a recla­mação de V. Ex'

O Sr. Francisco Küster - Sr. Presidente, peço apalavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.

o SR. FRANCISCO KÜSTER (PMDB -Se. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, indago da Mesa,em primeiro lugar, quantas sessões a Câmara tem con­diçôes de realizar até o recesso, ou até o dia5 de dezem­bro. Não conhecemos previamente a programação daMesa. Sabemos apenas, no ato, quando a Mesa resolve,parti prls, por conta própria, dizer se vai ou não haveralguma sessão da Câmara. Esta é a primeira indagação.

A segunda indagação que faço à Mesa, Sr. Presidente,é se existem matérias importantes a serem votadas. Emcaso positivo, queremos alertar para o fato de que nãoconvalidaremos acordos de cúpulas para aprovação deLideranças. Os Líderes que acordaram com a idéia dassessões da Câmara, a esta hora da noite, a meu ver,relegaram a plano secundário uma sessão importante.Gostaria, então, repito, que V. Ex' nos informasse.primeiro, de quantas sessões da Câmara dispomos atéo recesso e, segundo, se existem matérias importantestramitando sobre as quais haveremnos de nos pronun­ciar e de deliberar. Já anuncio de pronto, no entanto,minha decisão de rebelar-me contra conchavos de cú­pula.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - A Presi­déncia informa ao ilustre Deputado que as seSSÕes daCâmara estão dependendo das reuniões da AssembléiaNacional Constituinte. Com relação â pauta, as matériassão todas elas disciplinadas e escolhidas pelos líderespartidários.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte.

REQUERIMENTO

Senhor Presidente,Requeremos, nos termos regimentais, urgência para

a tramitação da Mensagem n' 163, do Poder Executivo,que "submete à consideração do Congresso Nacionalos textos das Convenções e Recomendações adotadaspela Confederação Internacional do Trabalho".

Sala das Sessões, de setembro de 1987. ~ IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - Amaral Netto, Líder doPDS - Gastone Ripl, Líder do PTB - José Lourenço,Líder do PFL - Amaury Milller, Líder do PDT ­Luiz Inácio Lula da Silva, Líder do PT.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pau­sa.)

Aprovado.

Quarta-feira 4 3327

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Senhor Presidente:Nos termos regimentais, requeremos urgência para

a tramitação do Projeto de Lei n' 8.169, de 1986, que"dispõe sobre a estrutura das Categorias Funcionaisdo Grupo-Atividades de Apoio Judiciário dos ServiçosAuxiliares da Justiça do Distrito Federal e dos Territó­rios, e dá outras providências".

Sala das Sessões, de outubro de 1987. - IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - Mello Reis, Líder do PDS-Gl5tone Righi, Líder do PTB -Aldo Arantes, Líderdo PC do B - José Lourenço, Líder do PFL - AmauryMilUer, Líder do PDT - Luiz Inácio Lula da SilvaLíder do PT. '

SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs. queo aprovam queiram permanecer como estão. (Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Senhor Presidente,Requeremos, na forma regimental, urgência para o

Prlljetode Lei Complementarn"9, de 1987, que "alteradispositivos da Lei Complementar n' 48, de 10 de de­zembro de 1984".

Sala das Sessões, 25 de agosto de 1987. - GlISlonlRighi, Líder do PTB - Amaral Netto, Líder do PDS- Brandão Monteiro, Líder do PDT - Adolro Oliveira,Líder do PL - Roberto Freire, Líder do PCB - IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - José Lourenço, Líder doPFL - Luiz Inácio Lula da SUva, Líder do PT.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pau­sa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos De­putados

Nos termos do art. 128, inciso X, combinado comos arts. 127, inciso XI, e 192 e incisos. todos do regi­mento interno, requeremos a Vossa Excelência a inclu­são na ordem do dia, em regime de urgência do Projetode Lei Complementar n' 11/87, do Deputado OsvaldoBender. que "altera o limite da receita bruta anualdas pessoas jurídicas e firmas individuais para o fimde sua caracterização como microempresas".

Sala das sessões, 3 de novembro de 1987. - AmaralNetto, Líder do PDS - José Loureuco, Líder do PFL- Luiz Inácio Lula da Silva, Líder do PT - IbsenPlnheiru, Líder do PMDB - Brandão Monteiro. Líderdo PDT - Gastone Righi, Líder do PTB.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senho­res que o aprovam queiram permanecer como estão(Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Senhor Presidente, requeremos, nos termos regimen­tais, urgência para a tramitação do Projeto de Lei n"216, de 1987, Mensagem n" 297 do Poder Executivo,que "institui o plano nacional de gerenciamento costeiroe dá outras providências".

Sala das sessões, de setembro de 1987. -1ben Plnhel.ro, Líder do PMDB - Amaral Netto. Líder do PDS- Gastone Righi, Líder do PTB - José Lourenço, Líderdo PFL - Amaury Müller, Líder do PDT - Luiz InácioLula da Silva, Líder do PT.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senho­res que o aprovam queiram permanecer como estão.(Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte

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3328 Quarta-feira 4

REQUERIMENTO

Excelcntíssimo Senhor Presidente da Câmara dos De­putados

Nos termos do art. 128, inciso X, combinado comos arts. 147, inciso XI, e 192 e incisos, todos do Regi­mento Interno, requeremos a Vossa Excelência a inclu­são na ordem do dia, em regime de urgência. do Projetode Lei n'·' 223, de 1'187, de autoria do Deputado OsvaldoBender. que "altera o limite da receita bruta anualdas pessoas jurídicas e firmas individuais para o fimde sua caracterização como microempresas".

Sala das sessões, de novembro de 1'187. - Ama-ral Netto. Líder do PDS ~ José Lourenco. Líder doPFL ~ Luiz Ináeiu Lula da Silva, Líder do PT ~ IbenPinheiro, Líder do PMOB - Brandão Monteiro, Líderdo POT - Gastone Righi, Líder do PTB.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senho­res que o aprovam queiram permanecer como estão.(Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) -- Há sobremesa e vou submeter a votos (1 seguinte.

REQUERIMENTO

Senhor Presidente.. Requeremos, nos termos regimcntais, urgência para

dlscussao e votação do Projeto de Lei n' 3.250-A. de1'183, que "Cria o Serviço Social dos Bancános e Securi­tário~ (SESBS), de autoria do Deputado Siqueira Cam­pos, Ja aprovado por todos os órgãos técnicos da Casa.

Sala das Sessões, de outubro de 1'187. - IbsenPinheiro, Líder do PMDB - Amaral Netto, Líder doPDS - Gastone Righi, Lídcr do PTB - Adolfo OliveiraLíder do PL - Aldo Arantes, Líder do PC do B --'José Lourenço, Líder do PFL - Brandão MonteiroLíder do POl' - José Genoino, Líder do PT~ Siqueir~Campos, Líder do PDC ~ Beth Azize, Líder do PSB- Roberto Freire, Líder do PCB.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pau­sa.)

Aprovado.

O Sr. Nilson Gibson - Sr. Presidente. peço a palavrapela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. NILSON GIBSON (PMDB - PE. PronunciaO seguinte discurso.) -- Sr. Presidente, S~ e Srs. Depu­tados, desejo fazer um registro muito especial: o dahomenagem na base aére,. de Brasília, com a presençade cerca de 120 generais e pelo menos 500 oficiais,ao Ministro Leônidas PIres Gonçalves, que viajava paraLondres, iniciando uma visita oficial de seis dias à Grã­Bretanha.

"Gosto de conviver com minha gente vestida de ver­de-ohva. Estou emocionado. Pareee-me que eles estãoaqui para deixar claro O apoio pela forma como tenhoconduzido o Ministério do Exército", disse o GeneralLeônidas Pires Gonçalves.

O Ministro do Exército criticou. com veemência, adeclaração do Presidente da Comissão de Sistemati­zaç.ão, Senador Afonso Arinos, de que o parlamen­tan~mo pode ser um recurso contra golpes e de queos ConslltUlntes devem votar "sem medo de golpe arma­do".

"Eu ouvi com tristeza, da boca de um políticoaltamente experimentado e culto como o SenadorAfonso Arinos, o argumento de que este sistema(parlamentar) teria como mérito acabar com osgolpes militares. Francamente, o fato de um ho­mem da vivência do Senador Afonso Arinos usarum argumento desses, surrado, deixou-me triste.E~e sabe perfeitamente que nunca as intervençõesmlhtares foram baseadas no regime de governo,mas~ SIm, na incompetência daqueles que estavamna dlteção do governo, quer político, quer adminis­tradores, ao longo da nossa História toda" disseo Ministro do Exército. '

Para o Gcneral Leõnidas, o Senador Afonso Arinosnão só mostrou desconhecimento sobre as Forças Arma-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

das, em particular o Exército, como "cometeu umainjustiça, não lavendo em consideração a maneira irre­preensível como as Forças Armadas se têm comportadono apoio à transição e aos trabalhos da Constituinte".

O Ministro do Exército disse ainda:

"Eu acho que ainda não dá para saber em quedireção se inclinarão as tendências da Constituinte.Mas tenho muita confiança em que nós chegaremosao meio, à parte central, porque no plenário, ondeas forças poderão manifestar-se e onde as forçasse digladiam, onde haverá 55'1 votos, é que vamosver mesmo qual é a tendência que tem o nossoCongresso Constituinte."

O Ministro do Exército foi recebido em Londres pelaGuarda de Honra da Inglaterra. e o Comandante dasForças Armadas Britânicas pronunciou um discurso emportuguês, homenageando o General Leônidas PiresGonçalves.

Sr. Presidente, S~ e Srs. Deputados, passo a fazerleitura de matéria divulgada pelo jornal O Globo, nasemana passada, após o parlamentarismo ser aprovadopela Comissão de Sistematização.

"USURPAÇÃO DE PODERESQual é a origem do poder constituinte do atual

Congresso? Todos a reconhecem, sem hesitaçãoe sem possibilidade de controvérsia: está na Emen­da Constitucional número 26, de 1985, promulgadapelo Congresso anterior, emenda que dispôs sobreo processo e a forma de discussão, votação e pro­mulgação da futura Constituição.

Ora, não se emenda o que não existe. Se seaprovou uma emenda constitucional, é porque sereconheceu a vigência de uma Constituição, ressal­vada a matéria submetida à revisão, de pouco va­Icndo proclamá-la mais adiante espúria e carentede legitimidade. exceto como força dc cxpressãoe recurso retórico.

Pela Emenda número 26, o povo, titular do po­der constituinte, delegou aos que estavam sendoeleitos para o atual Congresso a prerrogativa dereformar a Constituição: a qualificação dos atuaisconstituintes não lhes vcm da Assembléia em queestão reunidos; nem é ela o quadro de refcrênciaspara a discussão sobre seu poder. A titulação doconstituinte veio junto com o voto para represen­tação no Congresso, em novembro de 1'186.

Pouco depois de instalado o Congresso, asseve­rou-se ali que não tcria cabimcnto discutir-lhe asoberania, de vez que soberania discutida é sobe­rania que deixa de se afirmar. é soberania quedeixa de existir. Foi um sofisma, ou pelo menosum equívoco trágico: a única soberania que nãose discute é a inerente à comunidade dos cidadãos,que os congressistas, constituintes ou não, repre­sentam.

O povo não fez uma revolução, ge radora de umpoder de fato, inicial, absoluto, ilimitado e incondi­cionado. O povo compareceu às eleições, no qua­dro de um Estado e~lstente e sob uma ordem jurí­dIca reconhecIda. Nao deu, pois, mais legitimidadea?s congressistas que a admitida, pelo menos impli­CItamente, no titular da Presidência da República,pelo tempo já estipulado de seu mandato.

_Configura-se, assim, uma tentativa de usurpa­çao: valer-se de um poder derivado, poder de direi­to, poder constituído e, conseqüentemente, limita­do, para deliberar sobre o que só caberia ao poderconstituinte originário ou inicial - modificar, porexemplo, o tempo de mandato do Presidente da~epública, recebido já da Constituição cuja vigên­cIa se reconheceu.S~m dispor do poder constituinte originário, os

cammhos do atual Congresso Constituinte na dis­cussão do sistema de governo e de matérias corre­latas abrem-se mais sobre a subversão da ordemjurídica que sobre o fortalecimento das instituiçõese da credlblhdade do poder político: quando seprescmde do povo, não há mais crédito possívelpara o poder político; fazendo letra morta da condi­ção de constitucionalidade. o poder constituintedenvado compromete todas as instituições políticase lesa o dIreIto do povo à segurança jurídica."

Novembro de 1987

"O INVIÃVELPARLAMENTARISMO

Na Comissão de Sistematização prevaleceu amaioria parlamentarista, em salto inaceitável, porsua própna natureza de risco para a estabilidadepolítica e para a unidade nacional. Temos dito erepetido,. com fundamentação histórica, que aopreSIdencIalIsmo o Brasil deve a preservação desua unidade político-territorial, desde a Proclama­ção da República.

Por isso colocamos toda a nossa confiança navotação que restabelecerá, no texto constitucionalo sistema de governo responsável pela grandez;alcançada pela nosso País. Não se trata de umaopinião caprichosa ou preconceituosa, mas de umadisposição de continuar lutando pelo sistema degoverno que poderá continuar garantindo um futu­ro de ordem e progresso em nossa Pátria.

O parlamentarismo não tem mais raízes histó­ricas. cem anos passados sob regime federalivo erepublicano. A incompatibilidade do parlamenta­rismo com a ordem federativa foi sentida pelosgovernadores, que reunidos no Rio deixaram evi­dente a preferência deles pelo sistema presidencialde governo. Foi a voz de tantos governadores elei­tos pelo povo em pleito recente, por isso mesmouma voz altamenle representativa da vontade po­pular.

A declaração do Rio de Janeiro só veio confir­mar, com toda a autoridade, O resultado dos inqué­ritos de opinião que quase sempre deram maioriaexpressiva à inclinação presidencialista do povohrasileiro. Tais inquéritos confirmaram, décadasapós, o resultado do plebiscito que restabeleceuo governo presidencial, após breve período de par­lamentansmo estável e improdutivo, instalado emcondições de emergência e repelido na primeiraconsulta popular.

O voto da Comissão de Sistematização não refle­te, estamos convictos, o perfil presidencialista doplenário. Houve, sem dúvida, na indicação dos no­mes para a Comissão de Sistematização um propó­sito político-parlamentarista. A liderança, à época,da bancada do PMDB na Constituinte influiu deci­sivamente na seleção de partidários do parlamen­tarismo. Essa bancada da liderança agiu contra apreferência presidencialista do Depulado UlyssesGuimarães. Daí a falta de correspondência entreo perfil da Comissão e o perfil do plenário, verifi­cação que se fará nitidamente quando este últimofor convocado a votar.

Há razões que justificam falar-se em salto arris­cado na proposta parlamentarista. O Brasil nãopossui infra-estrutura administrativa estável e pre­parada para a experiência parlamentarista improvi­sada, nos termos em que ela é apresentada ao julga­mento do plenário. O parlamentarismo só confereestabilidade política e continuidade administrativase opera sobre uma infra-estrutura burocrática queseja capaz de manter a continuidade dos serviçosdo Estado, mesmo quando inexistam ministros.

Dificilmente esse sistema de governo parlamen­tar se conforma com o Estado Federativo. Essedesajustamento se tornará mais gritante na pers­pectiva que se abre, no novo texto constitucionalde tendências fortemente descentralizadoras e fe:deralista.

Tudo isso poderá ocorrer, com seu'alto índicede malignidade, na hora em que se esfacelam ospartidos e se acentuam os regionalismos.

Pensar-se em parlamentarismo na situação acimadescrita, e sem garantia preliminar de um sistemaeleitoral baseado nos distritos, é rematada insen­satez política.

Na ausência de condições favoráveis, o parla­mentarismo estará fadado a morrer ao impacto decompanhas eleitorais próximas, que tomarão o ca­rãter de um novo plebiscito restaurador do presi­dencialismo."

Sr. Presidente, Sl'" e Srs. Depulados, o tão mal-afa­mado parlamentarismo do Governo João Goulart tem,até certo ponto, semelhança com a idéia de impor aoPresidente José Sarney uma redução de prerrogativas

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Novembro de 1987

na parte final de seu mandato. A diferença é que, naque­le episódio, a redução foi imposta pelos ministros milita­res, mas consagrada pelo voto dos congressistas, queassim não puderam escapar à responsabilidade de umamutilação que repugnava à consciência nacional, con­forme logo a seguir se demostrou num plebiscito.

Hoje a situação é diferente, mas o princípio é o mes­mo. E esse é o ponto em que a crise pode concentrar-se,já que a questão da duração do mandato está pratica­mente resolvida: cinco anos de mandato, sendo o quartoainda com o presidencialismo e o último já sob a vigên­cia plena do regime de Gabinete.

Concluo: as mesmas forças políticas que souberamsuperar dificuldades maiores, em momentos mais gra­ves, hão de encontrar mais uma vez o caminho da transi­gência mútua e da solução de mais esse problema.

Oportunamente voltarei ao assunto.

O Sr. Amaury Müller - SI. Presidente, peço a pala­'ra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Constituinte.

O SR. AMAURY MÜLLER (PDT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, quero indagar de V. Ex'se esta sessão é ordinária ou extraordinária. Se é ordinã­ria, não há como não obedecer à estrutura regimentalde uma sessão ordinária, que deve começar pela leiturada Ata e pelo Pequeno Expediente. Verifico, para mi­nha surpresa e perplexidade, que V. Ex' colocou emvotação requerimentos de urgência, que até aprovo,em nome do meu partido, antes da Ordem do Dia,invertendo inteiramente as coisas, a menos que sejauma sessão extraordinária. Do contrário, não há comoadotar esse procedimento, Por isso mesmo, diz o Depu­tado Gastone Righi, do alto de sua inteligência e doseu conhecimento, que é sessão extraordinária.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - É extraor­dinária.

O SR. AMAURY MÜLLER - Então, Sr. Presidente,não há mais regimento nesta Casa. A sessão ordináriada Cámara deveria realizar-se às 9 horas de hoje, masnão o foi e, pelo que entendi da leitura dos jornais,pois não participo dos conchavos das Lideranças, assessões ordinárias da Câmara seriam realizadas, dora­vante, em benefício dos trabalhos constitucionais, àsterças e quintas-feiras, às 21 horas. Ordinárias, e nãoextraordinárias. Mas, se V. Ex' diz que é extraordinária,sinto-me satisfeito embora continue registrado o meuveemente protesto.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Está findaa leitura do expediente.

Passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTETem a palavra o Sr. Antônio de Jesus.DIscurso pronunciado pelo Deputado Antônio de Je­

sus(PMDB-GO), na Sessão de 3-11-87.

O SR, ANTÔNIO DE JESUS (PMDB-GO. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, ST" e Srs.Deputados, a comunidade de Anápolis esté sendo pena­lizada por dificuldades impostas pelo horário de funcio­namento dos bancos locais, que, por não obedeceremao horário das 10:00 às 16:30 horas, estão criando sériosobstáculos ao bom desempenho dos negócios, naquelapraça.

Desejamos salientar, nesta oportunidade, ao Presi­dente do Banco Central, que Anap6lis é um grandecentro empresarial e que o volume de negócios queali se realiza diariamente é mais do que o suficientepara credenciar a cidade como município de primeiracategoria.

A rede bancária sediada em Anapólis, em virtudeda importância e do volume de dinheiro que movimen­ta, possui serviços de compensação integrada ou interli­gada com Goiânia, de acordo com a Resolução n' 428,do próprio Banco Central.

Entretanto, em virtude do horário de funcionamentode seus estabelecimentos bancários estar em discordân­cia com o dos bancos de Goiânia e outras grandes metró­poles do País, os usuários têm tido dificuldade de movi­mentar seus recursos ou efetuar pagamentos em outrascidades.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Por esse motivo, o Prefeito de Anapólis, o nobreex-Deputado Adhemar Santillo, cioso de suas responsa­bilidades, está empenhado em conseguir do Banco Cen­trai uma decisão no sentido de colocar Anapólis dentrodos efeitos da Circular n' 1014-8C, de 25 de marçode 1986, a mesma que estabeleceu o horário de 10:00às 16:30 horas para o funcionamento dos bancos nosgrandes centros.

Trata-se de assunto do maior interesse dos anapolinose, em conseqüência, de todo o Estado de Goiás. Epor nosso mandato inteiramente voltado para a defesados interesses de nossos conterrâneos, fazemos, destatribuna, veemente apelo aos dirigentes do Banco Cen­tral, no sentido de determinem urgentes providênciaspara solução deste pequeno impasse, que está retar­dando o processo de desenvolvimento de Anapólis.

Durante o discurso do Sr. Antônio de Jesus oSr. Homero Santos, 1'-Vice-Presidente, deixa a ca­deira da presidência, que é ocupada pelo S,. IrmaPassoni. Suplente de Secretário.

O SR. PRESIDENTE - (Irma Passoni) - Tem a pala­vra o SI. Mário Lima. (Pausa.)

O SR. MÁRIO LIMA (PMDB - BA. Sem revisãodo orador) - Sr' Presidente, Srs. Deputados, lemosnos jornais que as fábricas nacionais de veículos fazemno País o que querem. Ora anunciam que vão encerrarsuas atividades, ora que não mais venderão seus produ­tos no mercado interno.

O povo brasileiro, que necessita de veículos para selocomover, para transportar passageiros e cargas, emque situação fica? Não se ouve, no entanto uma palavrado Governo para tranqüilizar a Nação. Essas fábricasfazem o que querem. Tem-se a impressão de que, noPaís, não há Governo. O Brasil não pode importarveículos, e o consumidor brasileiro fica à mercê dasfábricas, que têm um mercado cativo.

O Sr. Ministro da Indústria e do Comércio, muitoloquaz, nada diz. No passado, o Governo pelo menosdizia alguma coisa, dava alguma explicação, certa ouerrada. Hoje, há o silêncio, o mutismo. Mas quandoo trabalhador se manifesta para defender seus direitos,aí, sim existe Governo. Ele se posiciona, exige, ameaça.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, esse o registro quequero aqui deixar, esperando que as autoridades gover­namentais se dirijam à Nação para prestar-lhe esclareci­mentos sobre até quando o consumidor brasileiro ficaráà mercê dos interesses estrangeiros implantados no País.

Muito obrigado, ST" Presidenta.

O SR. SÉRGIO SPADA (PMDB - PRo Pronunciao seguinte discurso.) - SI' Presidenta, Srs. Deputados,volto a usar esta tribuna para denunciar, novamente,o total descaso do Governo para com os agricultorese suinocultores do oeste paranaense.

São lamentáveis, ofensivas e repugnantes as atitudesassumidas pelo Governo no setor. Dentro de um mesmouniverso de problemas, encontramos uma diversificaçãode medidas de natureza solucionadora, mas de carátertotalmente protecionista, além de uma manipulação in­teresseira, covarde e exterminadora.

Quisera poder usar desta mesma tribuna para enalte­cerr o bom senso e a eficácia do Governo na soluçãodos problemas que afligem a agricultura e a suinocul­tura, mas minha formação não permite que eu repre­sente,-uma farsa.

É necessário que o Governo tenha maior seriedadee rapidez nas soluções aos problemas apresentados, pa­ra evitar a transformação de uma expectativa de falêncianuma realidade sem retorno, como é o caso de centenasde agricultores paranaenses, os quais já vislumbrama sombra da bancarrota caminhando a passos largosao seu encontro.

O Paraná está desacreditado. Nem mesmo o compro­metimento público do Ministro da Agricultura, tam­pouco o comprometimento da efetivação do acordo pro­movido em reunião junto ao Ministério da Fazendase tornaram realidade. Foi mais uma armadilha.

Os suinocultores paranaenses reivindicaram o rea­juste da carne suína, ficando acertado que o mesmoseria aprovado através de voto ao CMN, emitido peloMinistro íris Rezende, na última reunião do mês deoutubro. O voto fez parte da pauta. O acordo forasem validade, pois o voto não foi aprovado.

Quarta-feira 4 3329

Outro fator de denúncia, nesta Casa, foi quanto aofamigerado Pronagri.

Os agricultores paranaenses e brasileiros, que adqui­riram maquinários agrícolas através de financiamentospelo Pronagri, estão ã beira da falência, vendo suasterras escaparem de sua posse, uma vez que servemde garantia para tais financiamentos.

O Pronagri, cuja verba foi contratada junto ao BIRD,não permitia, em suas cláusulas, a aplicação fora dacategoria de agroindústria.

À época dos financiamentos, quando o Governo cla­mava por ajuda dos brasileiros, com a promessa dcinflação quase zero, os agricultores foram os primeirosa colaborar para a estabiliação econômica. Prova distoé a super-safra conseguida.

Com a falta de recursos para aplicação no setor e,culminando com o volume de dinheiro contratado Juntoao BIRD, sem ter onde aplicar, o Governo, atravésdo Banco Central, sem o menor respeito para com oagricultor, autorizou que o mesmo fosse desviado doPronagri, para atendimento dos financiamentos rurais

Os agricultores foram traídos e induzidos covarde­mente a contrair o fator falimentar Pronagri.

Quando do vencimento do primeiro ano do contrato,veio a surpresa: a correção foi aplicada de forma plenasobre o débito, contrariando totalmente as promessase argumentações quando da efetivação do contrato.

Para se ter uma idéia, hoje, passados dois anos, temosa seguinte situação: Débito inicial 376.000,00; garantiareal (terra) 960.000,00; penhor (máquina) 570.000.00;débito atual 2.120.000,00; garantias 2.500.000,00.

Note-se que, em dois anos de contrato, as garantiasequiparam-se ao débito, faltando ainda três anos parao fim do contrato.

Promessas foram feitas. Comprometimentos púbhcosmanifestados, mas até o momento () que se tem é odescrédito e o desinteresse para se encontrar a soluçãopara o caso, o que somente agrava o problema e aumen­ta o risco de falência de centenas de agricultores.

Ante tamanha irresponsabilidade, vemos a situaçãode preferência que existe quanto às soluções econômicasaprovadas pelo Governo.

No caso Pronagri, o Governo se diz impossibilitadode atender às reivindicações por falta de recursos dispo­níveis; entretanto não existe falta de verbas para isentarda correção monetéria os débitos de médios e grandesagricultores do Nordeste, vale do Jequitinhonha e Espí­rito Santo, como foi aprovado na última reunião doCMN.

Além disso, na mesma reunião, existiram verbas para"socorrer" a Transbrasil, numa concessão de 6,05 mi­lhões de OTN.

O que se entende é que o Governo é sensivel à iminên­cia de uma situação falimentar, desde que tal situaçãonão esteja representada por agricultores.

Com tal fato, nos parece que o Governo deixou deacreditar na agricultura ou, quem sabe, não necessitamais deste segmento para ajudá-lo em seus programas.

De tudo isso, a situação concreta que existe é a defalência de centenas de agricultores brasileiros, casoo Governo não agilize a soluçâo única para o caso,que é a isenção de aplicação da correção monetária,nos contratos do Pronagri, desviados para financiamen­tos rurais.

Finalizando, quero resumir minha preocupação quan­to à situação existente através de adágio popular quebem explica o caso presente: ..A defesa da propriedadefala mais alto do que a própria vida".

O SR. AUGUSTO DE CARVALHO (PCB - DF.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, novamente, com a greve dos rodoviáriosdo Distrito Federal, Brasília expõe perante a Naçãoa gravidade da situação em que se encontra o transportede massas, não só aqui como também em todos os gran­des centros urbanos do País. Os rodoviários reivindicamreposição das perdas que têm sofrido em face dos suces­sivos experimentos salariais do governo Sarney, e aquiqueremos mais uma vez registrar a solidariedade doPartido Comunista Brasileiro com os rodoviários e to­dos os que lutam para que tenhamos no Brasil umademocracia econômica, social e política.

Por outro lado, SI' Presidente. cabe aqui a denúnciados pretextos utilizados por menos de meia dúzia de

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3330 Quarla-feú.:a 4 ..

empresários do setor para continuar descarregando so­bre os ombros dos trabalhadores usuários desse serviçoessencial ""':via aumento de tarifas·- o atendimento(se,mpre parcial) das justas reivindicações dos rodoviá-,rioS: Apesar dos aumentos constantes que vêm sofrendoas tarifas, para satisfazer a ganância desses poucos em­presários ..a qualidade do serviço prestado à populaçãocontinua bem abaixo da recomendada por organismosinternacionais. Assim, Brasília transporta, em média,

,nos ônibus em circulação, 10 pasageiros por metro, qua~drado, sendo que o máximo deveria ser apenas quatro.

Mas o pior, SI' Presidente, é que os empresários,além das tarifas, querem aumento também no volumede recursos que o Governo do Distrito Federal lhesrepassa, a título de subsídio. Depois serão os primeirosa entoar a cantilena dos qlle élamam cOl).tra a interven­ção do Estado na'economia e em favór da livre inicia~

tiva; qu~ nunca foi livre neste País, longe das' asas acon­chegantes dos governos municipais, \estaduais ou fede-ra!.' ' ' . :

Não 'podemos concordar com essa sangria perlDa­nente' de recursos arrancados do pClVO, por meio deimpostos pesados, para injetar na liberdade dos empre­sários.• Não podemos tolerar a ajuda 'de 50 milhões dedólares para a Transbrasil; outro tanto para a multina­cionar Sharp, e tantas outras empresas amparadas. Nocaso dos transportes coletivos, nós, dÓ PCB, defende­mos a sua estatização no País inteiro,\ por ser serviçofundamental que não pode ficar à mercê da ganânciadaqueles que recebem dos governos a ~oncessão parasua exploração; mas que exploram os trabalhadorescomsalários aviltados, Infernizam a vida dos que dependemdeles para a'continuidade da pr6pria 'produção de rique­zas, e sorvem do Estado o dinheiro essencial à implan­tação de program'as emergenciais' na ár~!" da saúde,educação e mwadia. , " ' '.

O SR. ÁTILA LIRA (PFL - PI. Pronunci~o seguintediscurso.)- SI' Pnisidente, Srs. Deputados, partici­pamos, hoje, da transmissão de cargos no Ministérioda Educação, quando o Dr. Aluísio Sotero deixou aPa,sta, transferindo-a para o Senador Hugo Napoleão.

-: Quero registrar os dados biográficos do SenadorHugo Napoleão: , " , .Hugo Napoleão (Hugo Napoleão do Rego Neto)Senador - PFL - Piauí, '

'Profissões: Advogado e Professor.NasCimento: 31 de outubro de 1943, Portland, Oregon,.EUA' .

, Filiação: AlUízio Napoleão de F,Regoe Regina Marga-rida P. A. N. de F. Rego. ,Cônjuge: Tânia Luíza Mascarenhas Napoleão do Rego. 'Filhos: Patrícia e Aluízio ..Estudos e graus universitários: Direito,PUC, Rio deJaneiro (1967). , , '" " "

Mandatos eletivos: Deputado Federal, 1975-1979, PI,Arena; Deputado Federal, 1979-1983, PI .i\rena;Go­vernador,1983-1986, PI, PDS; Senador (Constituinte),1987-1995,-Í'I, PFL. '

Obras Publicadas: "Fatos da História do Piauf'. Riode Janeiro, APEC, 1974. "O Leasing no Brasil". Forta­leza,,1973. "Incentivos fiscais"; Fortaleza,1975. ,

Missões, no exterior: Membro !ia Delegação Brasi- :leira à II Reunião dos Parlamentos Europeu e latino-A­mericano, Luxemburgo (1975), Viagem aos 'EUA, aconvite do Departamento de Estado (1977). Membro

,da Delegação à VIII Reunião da Assembléia Geral da'Associação Internacional dos, Parlamentos de LÚlguaFrancesa, Paris (1977). Visita a Israel, a convite doGoverno daquele País (1978).,

Outras uiformações: Chefe de Assessoria Jurídica doBanco Denasa de Investimentos (1968~1974).Proféssordo Institúto deAdmióistração e Gerêócia da PontifíciaUniversidade' Cat6lica. :Membro (1975-1979)' e 'ViCe­Presidente (i976j 'da Comissão de Relações Exteriores;Suplente das Comissões de Economia, Indústria e Co-'mércio'(197S:1976); de Minas e Energiá(l97H978),De Redação e Coristituiçãoe Justiça (1979),Membroda CPI das Muitinacionais, do Consumidor, dos Com­bustíveis'Não-Derivados do Petróleo e da SUDENE;Vice-Líder da Arena (1979) e do PDS (1982); Líderdo Govemo - Câmara dos Deputados. Membro doDiretório Regional da Arena no Piauí (1975). Membroda Comissão Executiva Nacional do PDS(1981-1983).Fundador do Partido da Frente Liberal''"- PFL (1985).

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) .

Convém destacar que o novo Ministro tem uma postu­ra política liberal, tendo-se destacado como DeputadoFederal e Governador de Estado por uma permanenteatitude para o diálogo: É um democrata por excelência:Governou o Piauí com respeito aos direitos do cidadão'e da sociedade.

Foi o Governador do período p6s-autoritário, reto­mouo diálogo com sindicatos e associações'de classe,especialmente Com instituições do magistério. ,

Foi um adiministrador que deu prioridade à políticade melhoria das condições funcionais dos servidorespúblicos. ," , , " ,,' .

Nunca permitiu que o Poder Público fosse instru­mento para perseguir, punir injustamellle ou oprimiros despossuídos, ou qualquer cidadão. '.'

Na área de educação adotou o ensino básico, o com­bate à repetência e evasão escolar como preocupaçõesessenciais do seu Governo., '

Criou a universidade estadual, a televisão educativa,a rádio educati~a, regularizou a situação funcional detodos os servidores (especiallDente, professores) do Es­tadoadmitidos à título precário ..

A educação e os educadores brasileiros terão na ges-.tão do novo ministro a retomada das preocupações como ensino público e gratuito, gesfão democrática das insti­tuições de ensino, em todo os DÍveis; plano de carreiraunificado; mais verbas para a educação, destinação daverba pública como prioridade para a escola pública,podendo estender-se às escolas comunitárias e religio­sas, sem fins lucrativos desde que tenham a participaçãonos seus conselhos de membros 'das associações e sindi­catos de classe, bem como a determinação pelo diálogopermanente com as associações docentes e o interesseda sociedade.

o SR. JOFRANFREJAT(PFL~DF.Sem revisão.do orador.) ~SI'Presidente, Srs. Deputados, o DistritoFederal hoje amanheceu mais uma vez diante de uma,greve, desta vez a dos empregados do setor rodoviário.

Esses trabalhadores estão 'sendo acusados de intransi­gentes por aqueles que nada querem resolver e nãoestão interessados numa solução adequada para o pro­blema do transporte públicO' em Brasília, Mas não háque se falar em intransigência dos trabil1hadores: Estãoexatamente na sua data-base e há mais 'de dois mesessolicitara.m avaliação do reajuste salarial. A intransi­gência parte exatamente do setor elllpresarial e do Go­verno do Distrito 'Federal, qüe não se'conipuseram nosentido de oferecer a essa classe laboriosa o reajuste'a que'faz jus:

O transporte rodoviário públicouo Distrito Federalé um dos piores e mais caros de todo <> País. Apenastrês companhiaS privadas e uma estatal, que mal funcio­na; estãoservindo à nossa população. Têm linhas cati­vas, fazem, o que bem entendem, no seu interesse parti~

cular, com os recursos da população, e nenhum Go­verno até agora se propôs a resolver os problemas dosusuários e dos trabalhadores dessa área. Se há intransi­gência, é exatamente por' parte daqueles que vão trans­fem para'a população o ônus de um aumento de tarifaspara justificarem um possível aumento para essa classe 'trabalhadora. ' .... ' '."

É l~~entávelque m~i~~ma vez recaiam sobre osombros' do 'trabalhodor usuáiio dos coletivos todas asdificuldades e encargos de um Govemo que não sesensibiliza com a situação do transporte público no Dis'trito FederaL A classe empre~arial e o Governo doDistrito ,F~dl?ra! precisam entender ,que a populaçãode. Brasília está sofrendo' as 'agruras do não-entendi­mento,da falta'dec()Ínpreensão para as dificuldadespor que 'passa esta cidade. '

Brasília, boje, está também ameaçada de sofrer gre­ves em outros setores, mas nenhum é tão grave quantodos rodoviários: Nenhum servidor, nenhum empregadodo setor rodoviário sepropõs a'furar essa greve, o quedemonstra',quená'verdade esses trabalhadores estãoganhando mal, porque não estão conseguindo manteras suas famílias. Portanto não há que se falar em intran- .sigência., Simplesmente estão reclamando aquilo a quetêm direito. .

Infelizmente,.,o Governo do Distrito Federal e os'empresários mais uma vez transferirão para a populaçãodo Distrito Federal a responsabilidade pelo aUOlentode tarifa, e os trabalhadores, seguramellte;vão receber

Novembro de 1987"

lima pequena parcela daquilo a que verdadeiramentetêm direito. • '

OSR. UBIRATAN AGUIAR (PMDB ~ CE.Semrevisão do ,orador.) - SI' Presidente, Srs. Deputados,há poucos momentos o nobre Deputado Átila Lira dava'ciência a esta Casa da posse do novo Ministro da Educa-çãó, Senador Hugo Napoleão. , ..

Homem ligado a esta área, faço votos de que possaS. Ex' restaurar à credibilidade na educação brasileira,abalada pelo total abandono da administração que deixaa Pasta. Hoje, quem transita naquele Ministério, quemconversa com alguém da ál;ea educacional senteodesa·lento da falta de um planejamento que venhaao encon-"tro 'dos interesses' maiores dos que fazem a educação'neste País. É a educação básica, o primeiro e'segundograus, é, o ensino especial totalmente esquecido;, é oensino profissionalizante posto de lado, 'é a falta decrença nas escolas públicas' o que faz éom' que, anoap6s ano, os números de evasão e repetência tragamo testemunho maior do descaso com a educação públicaneste País. E por que não 'sé 'falar do magistério, quaseconstantemente em greve, em luta por melhores saláriose reclamando o Plano Nacional de Carreira, que nunca'lhe foi dado?

Esperamos que o Ministro Hugo Napoleão possa res­gatar ao País essa imagem, que depõe contra o anseiomaior de toda a comunidade brasileira, sabedora deque a 'educação' é o' caminho seguro para o desenvol~

vimento.Há instantes, conversando com o Deputado Átila

Lira, ex-Secretário da Educação do Piauí, Estado quetrouxe'à Constituinte o Ministro Hugo Napoleão, ouviade S. Ex' uma rápida avaliação desse quadro em quese encontra a educação brasileira. Esperamos que S.Ex' interceda com sua voz, seu trabalho e sua afinidadepolítica junto ao novo Ministro, para que se possamcorrigir os rumos da educação brasileira. , ,

Este o registro que faço no momento em que é inves­tido no Ministério da Educação o Senador Hugo Napo­leão.

O SR. FRANCISCO KüSTER (PMDB - SC. Semrevisão do orador.) - SI' Presidente, Srs. Deputados,quero manisfestar nesta oportunidade uma preocupa­ção.

Há poucos dias, os previdenciários deflagraram' ummovimento paredista reivindicat6rio, uma greve justa.Através de acordo precedido de amplas negociações,das quais participaram os líderes do movimento e, comcerto destaque, o então Líder do meu partido, compa­nheiro Luiz Henrique, ficou acertado que o Governoremeteria a esta Casa, para apreciação, discussão e vota­ção, ainda antes do recesso, o Plano de Cargos e Car­reiras dos Funcionários da Previdência.

A preocupação que nos assalta no momento é como fato de estarmos diante de uma trágica realidade:a apenas um mês do encerramento 'dos trabalhos daCâmara, não poderemos realizar sequer mais dez ses­sões ordinárias e, conseqüentemente, não teremos tem·po suficiente para apreciação de matéria tão impor-tante., "

Os previdenciários obtiveram, através de negociação,um adiantamento de 50% sobre seus vencimentos,' nomês de outubro, e mais 50% em novembro. Corremo risco de, nos meses de dezembro e janeiro, perderesse aoiantamento, porque isso foi feito via patronal,através de acordo entre o Governo e as Liderançasdo movimento.

Quero fazer um apelo às Lideranças de todos os parti­dos,. inclusive o meu, no sentido de que se preocupemcom 'essa questão, que é importante e,poderá desem­bocar em'novomovimento'paredista, emnova greve,se o Governo adoiar medidas protelat6rias com relaçãoà remessa desse projeto a,esta'Casa.

SI' :Presidente, caros colegas, quero registrar outrofato - e faço constrangido, até porque tenho de falardo Go'verno do meu Estado. Há, cerca de quatro meses,os professores, funcionários públicos, do meu Estadorecorreram a,uma,greve. A partir daí não houve climapara entendimento entre funcionários e Governo, queaté hoje vem punindo os grevist~s. E os funcionários,através de associações, remetem-nos uma missiva dandoconta de que alguns contracheques distribuído,aos pro­fessores constavam 15 centavos, 25 centavos; de outros,

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15 cruzados, e por aí afora. Na véspera de fim de ano,data em que os funcionários precisam adquirir algumacoisa para seus familiares, eles sequer recebem o neces­sário para fazer o rancho. A intolerância chega ao pontode os Secretârios da Administração e da Educação domeu Estado, ao invés de encontrarem uma solução,recorrem a esse expediente de punição sumária a profis­sionais que estão repondo as aulas referentes àqueleperíodo em que estiveram parados nos finais de semanae feriados. Mesmo assim, o Governo do meu Estadoinsiste em puni-los.

Faço este registro - repito porque o Governadoré do meu partido. Mas não posso calar-me, diante daintolerância, da arrogância e do autoritarismo do Go­verno do meu Estado.

Para encerrar, reitero às Lideranças que se preocu­pem com o Plano de Cargos e Carreiras dos funcionáriosda Previdência, que o façam aportar nesta Casa aindaantes do recesso, sob pena de frustrarmos os previden­ciários mais uma vez, contribuindo desta forma parao desgaste da imagem que já não é boa, de n6s outros,políticos, perante a opinião pública. Parece-me que,se deixarmos o projeto por conta da vontade e da dispo­sição do Governo, ele não chegará a esta Casa antesdo recesso.

o SR, JOÃO DE DEUS ANTUNES(PDT-RS. Pro­nuncia o seguinte discurso.). SI" Presidente, Srs. Depu­tados, Alexandre Garcia, da Revista "Manchete," des­taca com muita propriedade, no seu artigo "O impérioda lei da selva," alguns pontos que nem todos os brasi­leiros ficaram sabendo e que ocorrem na AssembléiaNacional Constituinte, principalmente na Comissão deSistematização.

Primeiro foi a tentativa de se retirar a expressão "soba proteção de Deus", do preâmbulo do Projeto Consti­tucional.

Realmente, o diabo anda solto, e isto não é novidade,pois em 11 Tes: 2:7 se lê: "O ministério da injustiçajá opera." Mas Deus foi exaltado e a vit6ria dos cristãosfoi maior do que se esperava: 74 a 1.

Agora, vimos a tentativa de proteger ou estimularfacínoras, através da redação dada à Carta. A penade morte foi derrotada por 88 a 5.

A intenção primeira de alguns Constituintes era quea tortura, o terrorismo e o tráfico de drogas - a chagado século - fossem considerados crimes sem prescri­ção, com cumprimento integral da pena, em recintofechado.

Mas o que vimos foi o contrário do que se esperava.Os traficantes e terroristas conseguiram escapar da lei.Poderão ser soltos sob fiança, terão o crime prescrito,receberão anistia ou indulto e ainda poderão ter a penareduzida ou cumpri-la fora da prisão.

Só os torturadores não foram beneficiados. Também,pudera! Vejam e entendam V. Ex" que não estou defen­dendo nenhum torturador. Mas pergunto: e O trafi­cante, o terrorista, também não pratica um tipo de tortu­ra? É contra o povo, contra a sociedade, contra a ordeme os bons princípios.

Parece-nos que bá a nítida intenção de proteger essessafados. Será que o povo que nos elegeu está satisfeitocom esta decisão? Fiquem atentos, senhores eleitores,pois nossos filhos e esta Nação vão continuar sujeitosà ação nefasta desses elementos tão perniciosos.

Os Constituintes de bom senso devem lutar contraesse estado de coisas que se tenta implantar no Brasil.

Não queremos pena de morte, mas também não que­remos anarquia. Senão, vejamos: O texto do DeputadoCabral previa concessão de asilo político "aos perse­guidos em razão da defesa dos direitos e liberdadesfundamentais da pessoa humana".

Infelizmente, o texto foi mudado para "asilo a estran­geiros, perseguidos em razão de convicções políticas".

Os anarquistas de outros países serão aqui tratadoscom carinho e impunidade, apesar de terem incendiado,explodido, matado e seqüestrado, nos seus países deorigem.

Alguma coisa mais séria está se tentando fazer nesteBrasil combalido. Será que não há interesses escusossendo resguardados na Carta por elementos interes­sados, em futuro próximo, em invocar seu direito, suaproteção, sua imunidade, após jogar algumas bombi­nhas e matar alguns brasileiros?

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Meus parabéns, Alexandre Garcia. Você abriu osolhos de muitos daqueles que irão atuar no Plenárioda Assembléia Nacional Constituinte, quando da vota­ção daquilo que foi votado até aqui pela Comissão deSistematização.

O Brasil tem de saber, a Nação, nossos filhos e asociedade em geral têm de acompanhar e cobrar daque­les que estão fazendo esta Carta.

A inversão de valores é gritante. Bandido e mocinhotrocaram de posição. O bandido é tratado como berói;o policial, como bandido.

Realmente, Garcia, talvez seja por isso que se tentouretirar "sob a proteção de Deus". Aí, sim. Estaríamosperdidos.

O SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - SI" Presidente, S.... e Srs. Deputados,encaminhamos a S. Ex', o Sr. Presidente da República,ao Ministro da Fazenda e ao Ministro da Agriculturatelex com a seguinte solicitação: em virtude de termosrecebido muitas reclamações dos produtores de leitedo Rio Grande do Sul, pedimos que seja revogada aResolução n' 068, de 16 de dezembro de 1985, quepune cotas extras de produção de leite. Estabeleceu-se,através dessa resolução, que o leite seria adquirido pelasindústrias, tendo-se como ponto de referência determi­nada média obtida a partir da época de menor produção,que seria, por exemplo, no Rio Grande do Sul, noinverno e, evidentemente, nas outras regiões do País,no tempo de estiagem.

Se nesse período o produtor vender 50 litros de leitepor dia, nas demais épocas do ano só poderá excederessa cota em 20%, o restante sendo considerado cotaextra, sobre a qual o produtor receberá 34% menosdo que apreço de tabela. Ora, quando se poderia produ­zir mais, por baver pastagens, o produtor recebe menos.

Solicitamos às autoridades a revogação dessa resolu­ção, como também a suspensão da importação de leiteem pó. Que no seu lugar seja adquirido o produto dasindústrias nacionais. Por termos tido contato com aárea de laticínios, sabemos que eles não conseguemvender o leite em pó para o mercado interno, ou melhor,para o próprio Governo que diariamente distribui leite.Então, gostaríamos que esse leite fosse adquirido pelopróprio Governo.

É nesse sentido que fazemos essa nossa intervenção.Queremos deixar registrado o apelo, porque achamosque os produtores estão sendo injustiçados e preju­dicados.

O SR. ADROALDO STRECK (PDT - RS. Sem revi­são do orador.) - SI" Presidente, Srs. Deputados, oPresidente José Sarney poderia, num rasgo de geniali­dade, renunciar ao cargo que assumiu em março de1985, onde chegou em situação inédita no mundo: semvoto algum, nem o próprio. Mas como não teremosesse benefício - tenho certeza disto - porque S. EX'é o tipo de homem que não abre mão, mas quer sempreacrescentar, estou complementando, hoje, denúnciaque apresentei ao Presidente Ulysses Guimarães, naterça-feira passada, a propósito de atos do Presidenteque atentam contra a Constituição Federal, definidosna Lei n' 1.079, de 10 de abril de 1950, e que passoa ler:

"Exrn' Sr. Presidente da Câmara dos Deputados.Em aditamento à denúncia que fiz do Exm' Sr.

Presidente da República, Dr. José Sarney, em 27de outubro de 1987, da prática de atos que atentamcontra a Constituição Federal, definidos na Lei n'1.079, de 10 de abril de 1950, quero que constedo referido processo mais as seguintes imputações:

1 - Não aceito que o Brasil tenha sido o segundomaior exportador de carne do mundo em 1985 eque, um ano depois, tenhamos nos transformadono maior importador desse produto. Certamentea culpa não é das estrelas.

2-No ano passado, importamos arroz de máqualidade, quando tinhamos o suficiente para su­primento interno. Por isto, ao final da pr6ximasafra contaremos co~excedentes do produto esti­mados em mais de 3 milhões e 200 mil toneladas.Ninguém é responsável por esta irregularidade cri­minosa?

Quarta-feira 4 3331

3 - Pelo Decreto-Lei n' 2.303, de 21 de novem­bro de 1986, o Presidente da República "esquen­tou" dinheiros mal-havidos mediante o pagamentode 3% de tributo. Não se trata, Sr. Presidente,de um flagrante desrespeito a quem sempre agiucorretamente?

4 - Jovens brasileiros, em quantidade alarman·te, procuram consulados estrangeiros, informan­do-se sobre oportunidades de trabalho fora do País.Boa parte deles têm-se lançado à aventura do des­conhecido pela marginalização a que foram relega­dos pela irresponsabilidade e incompetência doGoverno Sarney.

Sr. Presidente, quando um jovem morre lutandopor sua terra, mesmo na tragédia, existe perspec·tiva de vida. Mas, quando a seiva da Nação ­a juventude - desesperadamente, procura sobre­viver fora do próprio País de nascimento, precisa­mos admitir o equívoco, sob pena de repetirmoso avestruz, que diante do perigo enterra a cabeça.deixando o corpo a descoberto.

5 - Não me convence que depois de acusaçõesde ex-integrantes do Governo sobre irregularida­des cometidas por assessores diretos do Presidenteda República, continuemos a ignorar os fatos, co­mo se vivêssemos num regime de absoluta norma·lidade.

Sr. Presidente, a Nação inteira sabe que rataza·nas crescem e engordam à sombra do Poder Execu­tivo e nós, integrantes de um Poder fiscalizador,a tudo assistimos, passivamente, como cidadãosalheios aos interesses do Brasil.

Digo a V. Ex', Sr. Presidente, e aos meus pares,que me sinto constrangido integrando esta Consti­tuinte, enquanto acusações sérias feitas a homensque cercam o Presidente da República não foremexaminadas, com rigor, aos olhos de todos os brasi­leiros.

É humilhante demais saber que a 300 metrosdeste Poder, dito fiscalizador, existam suspeitas defraude, de roubo, de imoralidade imperdoável.

Finalmente, que V. Ex" Sr. Presidente, em nomede todos os brasileiros atingidos pelo processo ace­lerado de degeneração das nossas instituições, pro­mova, o mais depressa possível, nos termos da mi­nha denúncia, devassa completa na administraçãoSarney. S6 então teremos a suficiente tranqüilidadepara continuarmos escrevendo um documento quese destina ao futuro do nosso País, e, por isto,da mais absoluta seriedade.

SI" Presidente, leio, para que conste dos Anais daCasa, denúncia que faz o jornalista Ruy Lopes, 4ueacaba de sair da Empresa Brasileira de Notícias, sobreo estabelecimento da censura e o direcionamento dasverbas de publicidade para condicionar a opinião pübli­ca através dos meios de comunicação.

Esta matéria foi publicada hoje, 3 de novembro de1987, no "Caderno de Política", de O Estado de S.Paulo, com a seguinte manchete: "Um Ministério C1an·destino no Planalto".

Livre do peso que era dirigir a Empresa Brasi­leira de Notícias (EBN), o jornalista Ruy Lopesdespediu-se do governo denunciando a existênciade um verdadeiro complô d~ntro do próprio gover­no, voltado para a manipulação de notícias, o esta­belecimento da censura e o direito das verbas depublicidade para condicionar a opinião dos meiosde comunicação, através de um ministério clandes·tino. O complõ está sendo montado num gabinetepróximo ao do presidente José Sarney, no terceiroandar do Palácio do Planalto, e tem autor: o jorna­lista Getúlio Bittencourt, chefe da Secretaria Espe·cial de Comunicação da Administração Federal(Secaf).

Ruy Lopes, cuja demissão do cargo, a pedido.foi assinada pelo Presidente da República no finalda semana passada, entrou em rota de colisão comGetúlio Bittencourt desde março quando se recu­sou a seguir a "cartilha" de procedimentos da Se­caf, que o obrigava, entre outras coisas, a dirigiro noticiário num sentido que só interessasse aogoverno, e a atender pedidos de empregos feitospor polfticos também ligados ao Planalto. Nessa

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3332 Quarta-feira 4

ocasião. elc mandou um relatório ao ministro dajustiça, Paulo Brossard, ao qual a EBN está subor­dinada, denunciando o comportamento do colegae manifestando sua indisposição de continuar áfrente da Empresa.

Fora do cargo, Lopes sentiu-se livre para denun­ciar as manobras de Bittencourt, principalmenteagora quando se articula a transferência da EBNpara a Presidência da República c a unificação dosistema de comunicação do Governo. Ele confirmaa existência do projeto de transformar a Secaf num"Ministério de informaçóes clandestino", assim co­mo o de acabar com a participação da EBN napublicidade legal obrigatória. Por força de lei. aEBN controla as contas oficiais (editais) de 54 em­presas. inclusive o Banco Central, c, segundo Lo­pes. a estratégia da Secaf é montar um mecanismopelo qual "certos grupos possam mamar á larganas tetas do Governo",

A insinuaçao de corrupção fez o próprio Bitten­court romper o silêncio que o cerca no isolamentoda Secaf, onde a tarefa de planejar as "estratégias"de comunicaçao do Governo Já lhe valeu até aalcunha de "bruxo", "mentiroso", "incompeten­te". "moralmente corrupto" c "desequilibradomeotal" foram algumas das qualificaçóes que esco­lheu para o ex-PreSidente da EHN. Hoje mesmll.Bittencourt procurará os serviços do Consultor-Ge­rai da República. Saulo Ramos. na tentativa deprocessar criminalmente Ruy Lopes. "Se neces­sário, vou levá-lo às barras dos tribunais", decla­rou. em seu apartamento. ao mesmo tempo emque acusava Lopes de manipular cargos na EBN,favorecendo inclUSive um filho.

Numa resposta por escrito. Lopes explica ter no­meado o filho Márcio Euletério Lopcs, para traba­lhos na área de informática por um sahírio igualaos dos contínuos, e que apás as eleiçáes de novem­bro, esgotado seu contrato, demitiu-o. "Isto é cor­rupção?", pcrgunta ele. Ruy Lopes desconfia queBitteneourt não seja tão intransigente com relaçãoao Presidente José Sarney, que mantém um grandenúmero de lamiliares - ioclusive a própria filha.Roseana Sarney Murad - ás custas dos cofres pú­blicos, repartindo vários cargos na administraçãofederal.

Na épuca em que travou o primeiro contato comGetúlIO Bittencourt. Ruy Lopes ficou impressio­nado com a tática que se movia através do Paláciodo Planalto contra a EBN. "A conversa foi escabro­sa", lembra. "Fiquei pensando se nao teria umgravador escondido para me testar_ pata ver atéonde e se eu aceitava aquelas coisas, que acho,no funuo, uma grossa corrupçé1o"

Segundo ele, o .\1inistro Brossard sabia, desdeo dia 20 de fevereiro, do "descontentamento" doPlanalto com a direção da EBN e das pressoesda Secaf para controlar a empresa c impor umplano de trabalho baseado na troca de verbas depublicidade pela "boa vontade" dos meIOs de eo­municar.;üo. Brossanl sahia. tarnhém. "das tenta­tivas de censurar o noticiário da EBl\ ou falseá-lopara deformar a opiniao pública". Uma dessas ten­tativas tinha por objetivo evitar que divulgasse notí­cias sohre quatro anos de mandato e reforma agr<í­ria.

Ruy Lopes desconhece, porém. se essas denún­cias chegaram ao conhecimento do Presidente JoséSarney. E estranha que o porta-voz Frota Neto,designado para dirigir a EBN em seu lugar. nuncao tenha procurado para discutir o plano de reformada empresa. que ficará subordinada diretamenteà Presidéncia da República. O arranjo palaciano_com o aval de Sarney, foi conduzir a EHN paraa esfera do Gabinete Civil da Presidência. Lopesconclui que o Presidente da República está ouvindoapenas um lado da história.

"Acredito que o Presidente Sarnev está sendoinduzido a isso, pois desde a minha primeira con­versa com o Getúlio, ficou claro que ele queriapassar a mao na máquina da EBN. Poderia sercomigo se cu me prestasse ao papel ou com outrapessoa desde que fosse da confiança dele". afir­mou. O perigo, na sua opinião, está na concen-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

traçáo de poderes que o chefe da Secaf pode usu­fruir, levando a agência oficial de notícias a traba­lhar até pela desestabilização de Ministro', quandobem entender.

Para Ruy Lopes, se tiver que assumir o papelde uma agência de propaganda, nao faz sentidoa existência da EBN. "Se você faz uma máquinade propaganda, na verdade desinforma a opiniãopública, o que não é correto numa democracia",acrescentou.

O episódio serviu ainda para Ruy Lopes confir­mar uma suspeita que há muito ronda os observa­dores da política desenvolvida pelo Presidente Sar­ney: existem dois governos no Brasil. Há. segundoele, uma equipe de Ministros e uma equipe doPalácio, "que revisa ou joga fora o que a equipedo Governo fez"

Revoltado, Biltencourt respondia ontem comacusaçoes de que Ruy Lopes é beneficiário do"trem da alegria", que possibilitou a contrataçãode pessoal sem concurso para o Senado Federal,e protegido do PMDB. Lopes responde às duasacusaçóes lembrando que trabalha como assessordo Senador Severo Gomes desde 1982, a convitedeste. "Aceitei e creio ter retribuído com trabalhoa cada centavo do que me foi pago antes de irpara a EBN". disse. Quanto à segunda denúncia,"ele sabe muito hem que não fui indicado por essepartido e que nunca me filiei a sigla nenhuma.Foi uma escolha pessoal do Ministro Brossard, en­dossada pelo Presidente Sarney".

Na esteira dessa discussáo seguem também diver­gências profissionais. Diretor da sucursal da Folhade S. Paulo em Brasíha no início do Governo Fi­gueiredo, Ruy Lopes acusa Bittencourt de escon­der a sua participação na entrevista com o entãoPresidente da Repúblic:a, que valeu o "Prêmio Essode Jornalismo". A entrevista foi assinada por Bit­tencourt e o jornalista Haroldo Cerque ira Lima,mas Lopes imputa a -ele próprio alguns méritos,como, por exemplo, ter substituído um dos pala­vrões de Figueiredo pela frase que se tornou céle­bre - "eu expludo".

Segundo Biltencourt. o máximo que Lopes fezfoi emprestar a máquina, na qual, juntamente como companheiro da entrevista. escreveram mais de800 linhas. "Ele enlouqueceu", afirmou. No entan­to, Ruy Lopes sustenta sua versão.

Eis a Íntegra da carta de demissão de Ruy Lopesao Ministro da Justiça. Paulo Brossard:

"Sr. Ministro,Soube, pela televisào, que o Sr. Presidente da

República havia decidido substituir os dirigentesda Empresa Brasileira de Notícias. No dia seguinte,o porta-voz do Palácio do Planalto teve a gentilezade telefonar-me, confirmando a informação.

A intençao de unificar o sistema de comunicaçaodo Governo na Presidência da República não énova, c na verdade encerra alguns méritos, desdeque o projeto seja conduzido tendo por única finali­dade o interesse público. Há superposições eviden­tes nessa área, e a correção dessas distorçoes pro­porcionaria notável reduçao de gastos. Aliás, naocusta lembrar que o Governo do Presidente Figu ei­redo chegou a fazer essa tentativa, com a Secomdo .\1inistm Said Farah.

O que nao se pode, Sr. Ministro, é constituirum Ministério clandestino, nos desvaos do Palácio.controlado por burocratas de terceiro escalão. ]\ãose pode fazer porque tal Ministério envolve umdos princípios basilares da democracia, a liberdadede imprensa.

Organismos como e....se só devem existir soh abso­luto controle da sociedade, por duas razoes muitosimples. A primeira é a manipulação de informa­çoes; a segunda é a corrupçao da imprensa atravésdo direcionamento da publicidade oficial, que mo­vimenta dezenas de bilhões de cruzados anuais

Esses dois problemas, por sinal. estão na raizdo descontentamento palaciano com a direção daEBN. Em relatórios que dirigi a V. Ex' em 20dc fevereiro c 4 de maio do corrente ano, expusa, pressóes da direçáo da Secaf para controlar aEmpresa Brasileira de Notícias e impor seu plano

Novembro de 1987

de trabalho. baseado exatamente na troca de ver­bas de publicidade oficial pela "boa vontade" dosmeios de comunicação. V. Ex' está igualmente apar das tentativas de censurar o noticiário da EBNou falseá·lo para deformar a opinião pública, poisnos ajudou a conjurar essas ameaças em mais deuma oportunidade.

Ora, um sistema oficial de notícias só tem razãode existir enquanto voltado para cumprir o deverdo Estad? de garantir informaçoes corretas aos ci­dadaos. E assim na Inglaterra, na França, na Ale­manha e demais nações democráticas. A alterna­tiva é a máquina de propaganda dos países totalitá­rios, cm que se usa o dinheiro do povo para bajularos governantes.

Sabe V. Ex' que, por nao compactuar com oprojeto em andamento nos setores de comunicaçãodo Governo, solicitei-lhe minha exoneração há me­ses. Mais precisamente em março. Permaneci naPresidência da EBN enquanto pude obstar esseatentado à dignidade de nossas instituiçoes. Agora,nenhum esforço faz mais sentido.

Recebi o cargo das maos de V. Ex', c a V. Ex'o devolvo. Ao despedir-me. quero manifestar mi­nha profunda gratidáo pelo apoio que nos foi dis­pensado, e o respeito pelas posições desassombra­damente democráticas que V. Ex' sempre adotouna defesa da liberdade de informação. Cordialmen­te, Ruy Lopes."

Sr' Presidenta_ na semana que vem, estarei fazendouma investigação mais a fundo - voltei à condiçãode repórter - sobre irregularidades grossas que conti­nuam campeando neste Governo. (Palmas.)

O Sr. Oswaldo Lima Filho - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) - Tem a pala­vra o nobre Constituinte.

O SR. OSWALDO LIMA FILHO (PMDB - PE,Sem revisão do orador.) - SI' Presidenta_ na sessãoda Câmara dos Deputados do dia 29 de outubro entrouem discussão única o Projeto de Lei n° 1.204, de 1983,de minha autoria, que altera as leis sobre o inquilinato,regulando o valor dos aluguéis dos imóveis residenciaisurbanos. Este projeto teve parecer oral do nobre Depu­tado Nilson Gibson, que lhe ofereceu diversas emendas.

Foi anunciado, nessa sessão, que o projeto voltariaá Ordem do Dia. as>im que fossem publicadas as referi­das emendas, para discussão e votaçao final.

Sr' Presidenta, peço as providências da Mesa, poisse trata de matéria urgente, nao só pela própria natu­reza, como por ter recebido pedido de urgência da maio­ria dos membros da Câmara dos Deputados e de quasetodos os líderes de partidos, com exceção do nobreLíder do PFL, e que, portanto. exige uma votação naforma regimental.

A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) _. Nobre De­putado Oswaldo Lima Filho, a matéria a que V. Ex'se refere está incluída na Ordem do Dia da sessão dequinta-feira, que se realizará às 21 horas.

O SR. OSWALDO LIMA FILHO - Muito obrigado.

A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) - Tem a pala­ira o Sr. Arnaldo Faria de Sá. (Pausa.)

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP Semrevisão do orador.) - Sr' Presidenta, Srs. Deputados,inicialmente quero cumprimentar a Casa por ter apro­vado a urgência do projeto de lei que pode salvar asmicroempresas deste País, até porque a OTN que servede base para a liquidação de suas obrigaçoes, é de Cz$106.40, portanto a mesma de fevereiro do ano passado.Todas as microempresas estariam, ao final deste ano,obrigatoriamente_ desenquadradas e, nos Estados, tri­butadas pelo total do faturamento feito durante o exer­cício de 1987.

Em segundo lugar, quero comunicar. com pesar, aesta Casa que procurei a Justiça Federal para tentarsustar o pagamento das duas folhas laudatórias, publi­cadas em todos os jornais do Brasil, do ex-MinistroRaphael de Almeida Magalhães. (Palmas.) Entrei comuma medida cautelar que foi distribuída à 9- Vara e

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Novembro de 1987

- pasmem, Srs. Deputados - o despacho do Juiz foio seguinte: "falta legitimidade ao autor" .

Não contente com o despacho do Juiz, apelei, entran­do com uma ação popular, juntando certidão da Câmarados Deputados, provando estar no exercício do man­dato. Foi a minha petição distribuída à 3' Vara, e odespacho do Juiz foi o seguinte: "o autor não provouque é eleitor, portanto deixo de apreciar a liminar".

Está provado que os Juízes da Justiça Federal nãoestão interessados em fazer justiça. Se um Deputado,quando busca justiça, encontra tantas dificuldades, co­mo não serão as de qualquer um do povo quando procu­ra fazer o mesmo? É duro, mas é a realidade! Eu nãoquis fazer este pronunciamento hoje, pela manhã, paranão influenciar as votações que estavam em curso, nestaCasa, sobre o Poder Judiciário. Mas, certamente, deve­ríamos dar a resposta a esse Judiciário falido, que nãomerece respeito e que, sinceramente, traz achincalhesdessa ordem. É duro, mas é a realidade! Justiça, peloamor de Deus!

o SR. JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS (PMDB ­MG. Sem revisão do orador.) - ST' Presidente, Srs.Deputados, retorno do interior de Minas Gerais, ondepude ouvir 05 agricultores daquela região ansiosos paraque o Governo cumpra a parte que lhe compete, dehonrar os contratos de financiamento de custeio agríco­la, já registrados em cartório, com parcelas, inclusive,liberadas.

Os agentes financeiros, principalmente os do Bancodo Brasil, informam que não atendem às liberaçõesde parcelas posteriores não há recursos disponíveis. ASuperintendência Regional não estava autorizada a lhesrepassar dinheiro para a liberação das parcelas do cus­teio agrícola.

Meu apelo ao Ministro da Agricultura, aos Ministrosda área econõmica, ao Banco Central e à direção doBanco do Brasil é para que, em nome dos brasileirosque irão passar fome por falta dos alimentos que deixa­rão de ser produzidos por outros brasileiros, em decor­rência da falta de recursos, atendam ao contrato assina­do de fmanciamento agrícola. Que o Governo repasse,para as agências, os recursos necessários e suficientespara que estas, pelo menos, honrem os contratos assi­nados.

Deixo esta reclamação como um alerta ao Governo,porque a situação está muito séria, justamente no mo­mento exato do plantio no Centro-Sul do País. Nãoestamos dando conta de honrar os compromissos assu­midos com os fornecedores de matéria-prima, de se­mentes, de insumos modernos, de adubos, de defen­sivos, de herbicidas etc. E por quê? Porque os agentesfinanceiros não liberam os recursos necessários.

Esta reclamação deve chegar às mãos das autoridadescompetentes. Para isto, solicito aos assistentes parla­mentares desses Ministérios que não escondam estasreclamações dos titulares das Pastas, mas que as levematé eles. Peço que, amanhã, o Departamento de Taqui­grafia desta Casa, me forneça cópia deste pronuncia­mento, a fim de que eu faça chegar diretamente àsmãos dos Ministros interessados a reclamação que agoraestou íormulando.

Muito obrigado.

O SR. JOSÉ ELIAS MURAD (PTB - MG. Pronun­cia o seguinte discurso.) - ST' Presidente, Srs. Deputa­dos, a todo-poderosa Comissão de Sistematização prati­camente vai elaborar sozinha a nova Constituição brasi­leira. Como se sabe, ela é formada apenas por 93 parla­mentares, o que representa exatamente 16,6 por centodos 559 membros que formam a Assembléia NacionalConstituinte, eleitos em 15 de novembro de 1986.

É interessante observar que a maioria de seus mem­bros não foi eleita. Por exemplo, os relatores das 24subcomissões e das 8 comissões Temáticas, como sesabe, foram escolhidos através de acordo das liderançasdos partidos. Tampouco os líderes dos 11 partidos exis­tentes foram eleitos para compõ-Io ou quase todos en­traram nela exatamente pelo fato de serem líderes. Orestante - exceto o Relator Bernardo Cabral e 8 com­ponentes das Comissões Temáticas - foram tambémindicados por meio de "acordos" - para não dizerconchavos - entre as lideranças partidárias, repartin­do-se o bolo levando-se em conta o número de membrosde cada partido.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Agora, essa minoria da Assembléia Nacional Consti­tuinte toma decisões da mais alta importância, pratica­mente decide os destinos do País, sem que a maioriados parlamentares tome parte nessas decisões. Há maisde uma mês que essa parcela majoritária da AssembléiaNacional Constituinte está alijada das discussões e dasvotações em plenário. Quando muito pode permanecercomo mera observadora dos debates, com direito àvoz, mas sem direito a voto. E mesmo a voz não temsido fácil de se fazer ouvir. Basta dizer que, com oargumento de que os trabalhos estavam muito lentos,se tentou diminuir os destaques solicitados pelos parla­mentares, reduzindo-os em 90 por cento da sua totali­dade. Tal decisão chegou mesmo a ser acertada entreos líderes e, se não fosse a reação geral das centenasde Parlamentares prejudicados, tal violência antidemo­crática ter·se-ia consumado.

Fracassada esta iniciativa, derivada mais uma vez doschamados acordos das lideranças - onde uma dezena,ou pouco mais, decide assuntos da maior relevânciageralmente sem ouvir liderados -tentou-se sensibilizaros Parlamentares, solicitando-se que voluntariamenteretirassem a maior parte dos seus destaques. Pedidoutópico, senão ingênuo, porque. se um .constituintesolicita destaque de uma ou mais de suas emendas,é porque as julga importantes e, é lógico, não vai retirá­las voluntariamente, tanto assim que quase ninguémdesistiu de seus destaques.

Agora, tenta-se outra manobra com a finalidade deobstacular a participação da maioria nas decisões plená­rias. Com o início do funcionamento simultâneo da Co­missão de Sistematização e do Plenário da AssembléiaNacional Constituinte no dia 4 de novembro, decide-se- não se sabe quem, nem como - ao arrepio do Regi­mento Interno, que ql!alquer destaque para ser levadoà discussão no Plenário da Assembléia Nacional Consti­tuinte deverá ter trinta e cinco assinaturas de Parla­mentares.

O Presidente da Assembléia Nacional Constituinte,Deputado Ulysses Guimarães, afirmou, recentemente,que, no plenário, não haverá exame de artigo por artigo.As lideranças partidárias deverão promover reuniõesdiárias para fazer urna espécie de enxugamento da maté­ria a ser votada, o que confirma a nossa afirmaçãode que quase nada será mudado daquilo que a todo-po­derosa Comissão de Sistematização tiver aprovado. OPresidente disse que tudo já está suficientemente deba­tido e esclarecido. Onde? - pergunto eu. Ora, maisuma vez, na Sistematização.

Corno se vê, todas as decisões são tomadas com umúnico fim: obstacular, ao máximo, a modificação dequalquer coisa já aprovada na todo-poderosa Comissãode Sistematização. Mesmo supondo-se que o parlamen­tar consiga essas 35 assinaturas, o seu destaque, paraser aprovado, terá de ter 280 votos no plenário, alémde já contar antecipadamente sua proposta com 50,60, 70, 80 ou mais votos, daqueles que, na Comissão,votaram a favor da proposta que se deseja modificar.Tarefa hercúlea, quiçá impossível em reuniões que têmsido marcadas pelo absenteísmo de vários Parlamen­tares. Vejamos, como exemplo, a questão do parlamen­tarismo, aprovado por 56 votos a favor e 37 contra.Alguém que desejar solicitar destaque para uma pro­posta presidencialista terá de arranjar, inicialmente. 35assinaturas para ela. Conseguido isso, terá de ter, navotação de plenário, 280 votos a seu favor, sem contaraqueles 56 da Sistematização que já votaram contrao presidencialismo. É, sem sombra de dúvidas, um han­dicap difícil de ser sobrepujado. É só esperar para ver.

O que se conclui é que aqueles que têm em suasmãos a direção e o funcionamento da Assembléia Nacio­nal Constituinte vêm adotando a política pouco demo­crática dos braços desiguais. Um braço longo e outrocurto: o longo, para dificultar os trabalhos e a partid­pação da maioria, e o curto, para distribuir facilidadese defender certos interesses. Só que este, sendo curto,atinge apenas aqueles que estão muito perto deles.

O SR. ADYLSON MOITA (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - SI' Presidente, SI" e Srs. Deputados,aproveito este final de sessão apenas para pedir a V.EX' -embora estejamos em sessão extraordinária, comV. Ex' eventualmente ocupando a Presidência -a gen­tileza de fazer chegar à Mesa Diretora da Casa minha

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preocupaçáo em obter respostas para assuntos que con­sidero de extrema importância e gravidade. Darei doisexemplos: náo posso entender por que até hoje sequertenha sido dada uma r~sposta a um pedido do DeputadoJosé Maria Eymael sobre a instalação de uma CPI paraapurar as irregularidades na importação criminosa dealimentos, quando já temos indícios suficientes de queo assunto comporta a CPI. Tanto é que o Governonomeou uma comissão, que concluiu por trinta itensincriminatórios, incluindo instituições e pessoas do Go­verno, inclusive aquele que hoje se apresenta comofuturo candidato à Presidência da República, o ex-Mi­nistro da Fazenda Dilson Funaro.

Até hoje não houve sequer uma explicação para essaomissão e conivência da Mesa com atos de tamanhairresponsabilidade. E se me alegarem que é porqueo Regimento não o permite, quero dizer a V. Ex' queoutro assunto que tem de ser explicado é o motivopor que até hoje não se deu curso aqui a uma propostado Deputado César Cals Neto de ajustamento do Regi·menta da Câmara dos Deputados, a fim de que pudesseela Iuncionar normalmente, embora neste período defeitura da Constituição.

O terceiro ponto é que exijo que a Mesa da Cãmarados Deputados encare com seriedade uma denúnciapor crime de responsabilidade que fiz contra o Presi­dente da República. O fato de ele ter enviado a estaCasa. no dia imediato, ou dois dias depois, vinte esete decretos, que estavam sendo retidos criminosa­mente no Palácio do Planalto não o isenta da continui­dade desse processo. Faço isto porque me move o pro­pósito único de resguardar o que ainda resta de digni­dade nesta Casa. Não o faço por mim, nem para apare­cer em jornais - até porque os jornais têm sido muitoparcimoniosos nesse tipo de notícia - mas para quese resgate o mínimo que existe ainda de respeitabilidadedentro deste Parlamento.

Quero também dizer da minha inconformidade como que está havendo no Congresso Nacional - não porculpa da Mesa, quero fazer justiça - em relação aessa apatia existente. pois durante todo o ano de 1987não tivemos qoorum uma vez sequer para aprovar os129 decretos-leis baixados, sendo que 87 do atual Go­verno, que prometeu nunca usar esse instituto. Queroainda manifestar minha discordância com essa ditaduraque se implantou na Comissão de Sistematização, sendoque nós, os Constituintes, somos cerceados no nossodireito de participar com as propostas que pensamoster por objetivo aperfeiçoar o texto constitucional queestá sendo elaborado.

Deixo este registro porque, amanhã ou depois, quan­do eu não estiver mais nesta Casa, não for mais Depu­tado, pelo menos terei a tranqüilidade de abrir os Anaise constatar que não fui omisso, não aceitei de braçoscruzados esses atos de violência, essa negligência e essairresponsabilidade muitas vezes atribuídos aos Depu­tados Constituintes no Congresso Nacional, na Càmarae na Assembléia Nacional Constituinte. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - V. Ex' seráatendido regimentalmente e suas reclamações serão en­caminhadas ao Presidente da Câmara dos Deputados.

O SR. AÉCIO DE BORBA (PDS - CE. PronunciaO seguinte discurso.) - SI' Presidente, Srs. e ST" Depu­tados, para mim é motivo de indizível alegria, proclamardesta tribuna nosso regozijo pela transcorrência, no diaoito último, das comemorações pela passagem dos se·tenta anos de existência universal do Lioos Interna­cional e trinta e cinco anos de sua implantação no Brasil.

Instituição disseminada em mais de cento e cincoentapaíses, o Lions possui em torno de um milhão e quinhen­tos mil sócios. pugnando e contribuindo para a pazentre os povos. Divididos em clubes espalhados pelomundo inteiro, estes sócios baseiam suas atividades empostulados que encarnam o civismo, o amor à verdadeà prática da boa cidadania e inúmeras outras voltada~para a excelência da personalidade. Nas comunidadeso Lions atua como prestador de serviços e o faz desinte:ressadamente. Nesta área, as realizações leonísticas seespalham no campo da saúde, educação, na assistênciaaO me~or, ao idoso e ao necessitado e desamparado.O apolO chega, não somente no campo material, mas,especialmente, na presença, na palavra, no carinho ena amizade. No Brasil, os Lions já ultrapassaram as

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mil e quinhentas obras físicas permanentes construidas,que prestam relevantes serviços comunitários.

Através da Fundação Lions Internacional, qualquercalamidade ocorrida no mundo tem recebido ajuda e,no Brasil, incontáveis foram as oportunidades nas quais,o Lions acudiu as vítimas de enchentes e secas.

Como de resto em outras atividades, o Lions brasi­leiro tem-se destacado mundialmente. Um brasileiro- ProL João Fernando Sobral - já chegou à Presi­dência Internacional, sem dúvida fazendo uma das maisbrilhantes gestôes, afora vários diretores internacionais,que souberam dar seu contributo ao desenvolvimentode tão útil organização.

Rendendo nossas homenagens ao leonismo brasilei­ro, pela transcorrência desta data, o fazemos na pessoado nobre leão - Aurélio Pires, que neste ano presideo Conselho Nacional de Governadores do Lions, e quesabemo" está fazendo notável administração.

o SR, RUY NEDEL (PMDB - RS. Sem rcvlsaodo orador.) - Sr' Presidente, Sr" e Srs. Deputados,o Ministro da Fazenda eliminou todo e qualquer subsí­dio à agricultura, à produção primária do nosso País.Quando se adota procedimento desse tipo, é funda­mental, para que o setor da produção primária possasobreviver, quc haja preço. Não quero discutir o erroou acerto da medida, mas, no momento em quc taldecisão foi tomada, deveriam ter sido adotadas medidasno sentido de que os preços da produção primária fos­sem reajustados mensalmeote, de acordo com a própriacorreção dos índices de correção do dinheiro dos finan­ciamentos do respeetivo setor.

Ocupamos, pois, a tribuna, para requerer à Mesaque transmita, com a maior hrevidade possível, aosMinistérios da Agricultura e da Fazenda nosso apelono sentido de que reajustem os preços do trigo, a fimde que o agricultor - o produtor dc trigo - tenhacondições de lucro, tendo em vista uma safra primorosade alta produtividade. É fundamental que isto ocorrao mais breve possível. Portanto, esperamos que estaCasa oficie de imediato aos Ministérios competentespara que promovam esse reajuste.

o SR. OSWALDO TREVISAN (PMDB - PRo Semrevisão do orador.) - Sr' Presidente, Srs. Constituintcs,tenho em mãos o "Compromisso com a Nação", firma­do pela Aliança Democrática. Entre os vários compro­missos aqui assumidos. vemos que:

"É dever do Estado erradicar a miséria queafronta a dignidade nacional, assegurar a igualdadede oportunidades, propiciar melhor distribuição darenda e da riqueza, proporcionar o reencontro comos valores da nacionalidade.

Este Brasil será edificado com o sacrifício, a cora­gem e as inesgotáveis reservas de patriotismo desua gente. Esta é a tarefa que cumpre empreen­der."

Sr' Presidente, no momento em que esta Casa elaboraa nova Constituição, é importante que haja uma refle­xão por parte de todos sobre os compromissos coma Nação, assumidos há três anos, em um momento histó­rico, quando toda a sociedade brasileira se mobilizoupor mudanças e transforrnaçôes. Mister se faz que estecompromisso esteja vivo na mente de todos nÓs e quepossamos realmente dar as respostas que a sociedadebrasileira espera desta Casa.

A distribuição de renda é feita de maneira injustae inú.lua. Não podemos continuar com um salário míni~

mo da ordem de 40 dólares, quando; neste mesmo País,há mais de vinte anos, ele alcançou o nível de 120 dóla­res. É importante cumprirmos integralmente o compro­misso de recuperar o poder de compra do salário dotrabalhador e, em curto espaço de tempo, rccompô-Io,colaborando com isso para diminuir essa grande deSI­gualdade na distribuição de renda em nosso País.

Também é importantc, Sr. Presidentc, Srs. Deputa­dos, termos um Podcr Judiciário ágil c eficaz, quc possadar respostas urgente,,; às divergências da sociedade.

Torna-se também importank construírmo~ uma uni~

vcrsidade moderna, que dê aos nossos jovens um ensinodc qualidade, preparando-os para as condições de nossaeconomÍa c do nosso mercado dc trabalho.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Esses são alguns dos compromissos que urgentementeprecisamos realizar para também cumprirmos as pro"postas da Aliança Democrática.

O SR. AMAURY MÜLLER(PDT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr' Presidentes, Srs. Deputados, depoisque uma sessão da Cãmara dos Deputados passou deordinária para extraordinário, nada mais surpreendenesta Casa e neste País.

Não pode haver surpresa da parte do nobre DeputadoArnaldo Faria de Sá que um Juiz Federal, em nomedo bom senso, num julgamento lhano e sereno, indefirauma ação que ele propõe contra o ex-Minisrro da Previ­dencia Social. sob a estranha, absurda e inaceitável ale­gaçáo de que não provou que é eleitor, embora sejaParlamentar e Deputado Federal Constituinte.

Nada mais surpreende, SI" Presidcntes, depois quea Nova República, instalada sob os auspícios de umaextraordinária luta popular contra o regime militar eopressor, não tenha cumprido, até hoje, sequer 1,,{;dos compromissos assumidos com a sociedade brasi­leira.

Prova disso, Sr' Presidente, é que todos os órgãosde reprcssão, montados habilmente pelo regime militar,continuam atuando aberta e ostensivamente, apesar devivermos hoje sob a égide da liberdade e da democracia.

Documento publicado inicialmente de forma sigilosae, agora, ostensiva pela Secretaria Geral do Conselhode Segurança Nacional, exatamente no dia 3 de junhode 1986, portanto, mais de um ano depois de instaladaa Nova República, procura demonstrar que o clero pro­gressista da Igreja Católica é responsável pelo surgi­mento de focos de tensão em todo o País, em especialpor conflitos fundiários e entre índios e não-índios. Dizesse documento que foi encaminhado - e isso nãopode causar estranheza ao Deputado Roberto CardosoAlves - que essa minoria, ocupando a direção daCNBB, propugna melhorias salariais para as faixas maiscarentes da população, pregando, no entanto, o usoda força, os movimentos de massa e mudanças rápidase radicais, mantcndo acuada a maioria conservadorada Igreja.

Este é um documento muito grave, Sra. Presidente.Já não bastam as denúncias feitas contra o Conselholndigenista Missionário de que seria responsável poruma nova tentativa de internacionalização das áreasindígenas e das fronteiras deste País. Agora surge maisesse documento. Não posso compreender que o novoregime, alçado ao poder sob o influxo da vontade popu­lar, embora de forma ilegítima, por um Colégio Eleito­ral espúrio, imoral e inconstitucional, mantenha funcio­nando a todo vapor órgãos como esse, que se intitulamjuízes do comportamento de uma Igreja que, finalmen­te, depois de séculos de submissão às minorias privile­giadas se. voltou para o povo ~ passou a ser a verdadeiraIgreja de Cristo. Será pmpor uso da força pregar umareforma agrária que faça justiça social aos milhões depárias e semipárias que deambulam por este País embusca de um pedaço de chão~ Será propor o uso daforça defender o trabalhador assalariado, que recebeum salário de fome, incompatível com a própria digni­dade humana? Será propor o uso da força defendero interesse nacional contra o apetite voraz do capitalestrangeiro, que tem as portas da economia deste Paísescancaradas pela irresponsabilidade de um Governoque voltou as costas para o povo?

Sr' Presidente, quero lamentar, primeiro, que a ses­são ordinária da Câmara tenha sido transformada emsessão extraordinária; segundo, por essa manifestaçãoextcmporânea, intempestiva e autoritária de um JuizFederal, que exige de um Deputado Constituinte a pro­va de que é eleitor; e terceiro, pela continuidade tristede órgãos que pretendem policiar o comportamentoda sociedade brasileira, mantendo-a sob o tacão do au­toritarismo de um regime que pretende escravizar von­tades e consciências.

Quero, por último, fazer uma mdagação à Mesa, emnome da justiça social. Qual o comportamento da Mesaante o aumento proposto pelo Governo Federal parao funcionalismo público civil da União, em relação aosfuncionários. aos servidores da Casa'! Será um aumentode 15, 12, 20~,~ ou, afinal., a Mesa assumirà este compro­mIsso histórico de um dia fazer justiça àquelcs quc pe­dcm e precisam de justiça?

Novembro de 1987

A SRA, PRESIDENTE (Irma Passoni) - Sr Depu­tado Amaury Müller, esta Presidência encaminhará àMesa da Cãmara as preocupações de V. Ex' no quese refere ao aumento do funcionalismo da Casa e tam­bém quanto à questão da convocação das sessões.

o SR. ANTONIOCARLOS MENDES THAME (PFL- SP. Pronuncia o seguinte discurso) - Sra. Presi­dente, Srs. Deputados, em conseqüência de guerrascontínuas, reflexos ainda das lutas napoleônicas, e prin­cipalmente pelas lutas motivadas pela unificaçào da itá­lia à Província de Trento, então território sob o domínioaustríaco, a região foi assolada pela fome e falta detrabalho remunerador. Atraídos pelas mirabolantespromessas da lendária América, que lá ao longe acenavacomo futuro feliz, um grupo de aproximadamente 30famílias tirolesas decidiu emigrar para o Brasil.

Resolvido isto, com passaporte austríaco, partiramde Gênova no dia 31 de julho de 1877, embarcadosno navio "Nord America", aportando no Rio de Janeiroem 23 de agosto do mesmo ano, após uma viagem cheiade riscos, já que a embarcação, muito velha, a cadainstante parava para reparos em suas máquinas. A pou­ca segurança do mesmo ficou provada, pois consta que,na viagem de retorno, afundou com carregamento decafé.

Dentre as 30 famílias, quase todas aparentadas entresi ou oriundas de localidades vizinhas, destacavam"seas de sobrenome; Vitti, Stênico, Pompermayer, Forti.Correr, Degasperi, Brunelli, Cristofoletti.

Como conseqúência da campanha abolicionista defla­grada no Brasil, seguida por leis que, aos poucos, iamcerceando a facilidade na aquisição e manutenção deescravos negros, houve necessidade premente de se pro­curar outros braços para a lavoura para substituir aque­les. Passaram os fazendeiros a aliciar por todos os meioscolonos imigrantes da Europa, que já então começavama aparecer, vindos principalmente dos países sulinosdaquele continente.

O Visconde de Indaiatuba, grande fazendeiro do Es­tado de São Paulo, possuía em Campinas a FazendaSete Quedas. Conhecedor da chegada de grande levade tiroleses com destino ao Sul do País, enviou seuadministrador à Capital Federal com o fito de atraí-los.Apenas o navio aportou, entrou em contato com oschefes das famtlias, fazendo-lhes boa proposta contra­tual. Os tiroleses aceitaram a oferta e desembarcaramcom sensação de alívio por terem encontrado de ime­diato campo para o trabalho.

A longa viagem pelo interior do Estado não foi peno­sa, já que a alegria de um destino certo tudo superava.Um lauto jantar os aguardou na sua chegada à fazenda.Em sua transbordante alegria, não se esqueceram dedar vivas ao Brasil e ao Visconde.

Cada família foi alojada em casa própria. Rapida­mente angariaram a simpatia da família do Visconde,dos administradores e feitores da propriedade, em razãode sua firme religiosidade, do trabalho sério e da hones­tidade a toda prova. A sua bondade calou fundo nocoração dos escravos, que neles encontravam interces­sores leais junto aos administradores severos. Os negrospassaram a chamá-los de padrinhos.

Para minorar a saudade da pátria longiqua, alegravamseus descansos cantando canções em seu dialeto nativo,provocando a curiosidade da assistência.

O contrato de trabalho foi feito nas seguintes bases;prazo de nove anos; trato dos cafezais, sem nenhumganho, recebendo 500 réis por alqueire na colheita docafé; não havendo serviço de capinação, o fazendeiroera obrigado a dar-lhes trabalhos avulsos em fazendasvizinhas. Tinham, além disso, direito ao uso de terraspara (J plantio de cereais, sem limites e condições, obri­gando-se o contratante a fornecer os víveres para osustento das famílias, para posterior desconto após ascolheitas do café.

Para quem passava fome em seu país. estas condiçõescontratuais eram suaves e compensadoras. Gente dis­posta ao trabalho e com saúde de ferro, labutava diae noite. À noite, sim. porquc não poucas vezcs, paradar conta da tarefa, capinavam à luz dos lampióes. Aharmonia e a fraternidade entre eles era exemplar.Quando uma família. por uma razão qualquer, se viaem dificuldades de dar conta do recado, juntavam-seem mutirão para ajudá-Ia a safar-se.

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Durante sua estada na fazenda do Visconde de In­daiatuba, foram visitadas pelo Imperador D. Pedro IIe pela Imperatriz. A ilustre comitiva tratou-os com fami­liaridade, entrando em suas modestas moradias, inda­gandose estavam contentes e se eram bem tratados.Ao deixá-los, entregou-lhes o casal imperial uma moedade ouro destinada ao casal do primeiro casamento detiroleses no Brasil.

Deste episódio nasceu a admiração quase filial dostiroleses para com D. Pedro II' levando-os a ter emsuas salas de visitas a figura veneranda do Imperadordo Brasil.

Em 1881 nova leva de compatriotas veio aumentaro seu número na Fazenda Sete Quedas. Formavam-naas famílias Correr, Forti, Degasperi, Brunelli, Zotelli,Defant e outras. Não pequenos dissabores sofreramnos primeiros tempos, motivados principalmente peladificuldade de se exprimirem na língua da nova pátria.

Findo o contrato de nove anos, o mesmo foi prorro­gado por mais um só por algumas famílias. É que amaioria já tinha conseguido amealhar bons cobres, es­tando eles dispostos a tomarem-se proprietários.

Em conseqüência disso, um grupo deles dirigiu-se.para a cidade de Rio Claro, outro para Capivari, outropara Amparo, alguns para Rio das Pedras, e outrosmais para as vizinhanças da cidade de Piracicaba.

Mais tarde o grupo de Rio Claro dividiu-se em dois,ficando um no mesmo Município, dirigindo-se o outropara o Município de Piracicaba, juntando-se aos quejá ali estavam. Estes últimos agruparam-se nos bairrosde Santana, Santa Olímpia, Glória, Limoeiro e redon­dezas, onde ainda se mantêm, deixando numerosa des­cendência, com suas tradições e costumes, língua e reli­gião.

Comemora-se o centenário dessa gente, neste anode 1987, contente e satisfeita por ter podido contribuirpara o progresso do Município de Piracicaba, de SãoPaulo e do Brasil.

E é como homenagem de todo o povo piracicabanoaos imigrantes tiroleses que solicito a transcrição dorelato histórico que acabo de pronunciar nesta tribuna,de autoria do eminente historiador Guilherme Vitti.Ao mesmo tempo peço a transcrição nos Anais destaCasa do discurso proferido pelo engenheiro agrônomoOr. Remo Inama, Presidente do Circolo Trentino deSão Paulo, em Piracicaba, em 22-8-87, na presença doCdosul Marco Marsilli e do Dr. Bruno Fronza, Presi­dente da Associazone Trentini nel Mondo, por ocasiãodos festejos dos 110 anos da imigração trentina no Bra­sil, nos seguintes termos:

"É com grande satisfação e - por que não?- com bastante orgulho que, em nome do CirooloTrentino de São Paulo, o qual tenho a honra depresidir, e em nome da Diretoria do nosso Circolo,aqui presente, desejo agradecer às autoridades lo­cais O convite oom que nos distinguiram para parti­cipar da solenidade do centésimo décimo aniver­sário da imigração trentina de Sant'Ana, SantaOlímpia e Negri aqui no Município de Piracicaba.

É motivo de grande júbilo poder oomemorar esteaniversário da imigração trentina.

Outrora os nossos mortos abandonaram pátria,aldeias, familiares, amigos, amores, língua e hábi­tos. Aventuraram-se aoS reveses do destino, às con­tingências do desconhecido. Robustecidos peloideal e coragem, cunharam o ferro no fogo, desbra­varam e lutaram. Sentimentos e lágrimas transfor­maram-se em bravura e esperança. Por feliz ooinci­dência, ainda que impingidos por sacrifícios supre­mos, enoontraram nesta terra o verdadeiro espaçopara sua história. Rememorar esses heróis, reviveros sinistros da imigração é exaltar, para a posteri­dade, o patrimônio cultural de seu povo.

Somos espiritualmente uma única pátria. E seé certo que os povos e nações têm alma coletiva,que traduz em síntese as almas de seus filhos, talvezas metafísicas observassem uma estranha metemp­sicose entre brasileiros e italianos, uma curiosa epermanente. migração de estCmulo, nascidas doamor recíprooo e de íntimacompreensão reinantesentre tais povos.

Se este fenômeno oaorre em todo o nosso País,o que dizer-se do Estado de São Paulo, que justa-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

mente há mais de um século começou a crescersob o influxo da emigração italiana, da "BuonaGente" que veio rasgar a terra para plantar. Comoencontrar palavras para narrar essa epopéia quearrancou do chão brasileiro uma das maiores rique­zas agríoolas do Planeta?

Cada grão de arroz, cada grão de milho ou cadagrão de café era um glóbulo de sangue dos valentescolonos aqui aportados, transfundindo na econo­mia brasileira.

No guatambu e nos arados, calejando as mãosno amanho da terra, os emigrantes trentinos revi­viam o valor e a fortaleza dos colonizadores roma­nos, que construíram o mais vasto império de todosos tempos, levando ao mundo inteiro o poder dainteligência, o culto das leis do Direito Romano,a graça das artes, o fervor da religiosidade, o espí­rito da família e o amor ao trabalho.

Nós somos irmãos, nossas raízes comuns - étni­cas, idiomáticas, cristãs, políticas e ideológicas ­asseguram-nos uma parentela que os tempos nãodiluem e os conflitos não abalam.

Ao contrário, os embates de toda ordem, quedilaceram as relações humanas e sociais da atuali­dade, robustecem o sentimento de solidariedadeentre as nações italiana e brasileira. E sendo doispovos sensoriais e apaixonados, incapazes de ren­der-se aos frios apelos da tecnocracia e aos desespe­rados recursos da violência, cumprimos na humani­dade o difícil mas nobilitante papel de preservara beleza e a dignidade ocidental, opondo-nos abárbarie que ameaça destruir as mais brilhantesconquistas do homem.

O perfeito entendimento de índole e tempera­mento existente entre brasileiros e italianos nãoé produto de protocolos diplomáticos ou de trata­dos de intercâmbio cultural; nasceu à primeira vis­ta, ao primeiro toque de mãos, como nascem osverdadeiros e duradouros amores. Vivemos peloscinco sentidos, cultivamos as virtudes humanas queenfatizam a igualdade, o perdão, a alegria de vivere a ternura pelos nossos semelhantes. Jamais houveentre os primeiros emigrantes italianos que cruza­ram o Atlãntico para se radicar em nosso País eos brasileiros que os receberam de braços abertosa nesga de uma divergência.

Aqui chegados, tornavam-se nossos patrícios, in­tegravam-se imediatamente aos nossos costumes,compartilhavam de nossa liberdade.

Seus filhos, seus descendentes, desde pequeni­nos, orgulhavam-se da origem de seus avós e deseus pais, mas faziam questão de acablocar-se, desentir-se visceralmente brasileiros, de sofrer, derir, de lutar, de coexistir, de comungar conosco.

E se dentro - aqui nascidos e estruturados ­sempre houve um pouquinho de gênio italiano,sempre houve o ideal libertário de Mazzini e deGaribaldi; a centelha fulgurante de Miquelângeloe Da Vinci; o romance de Edmundo Amicis e sem­pre houve a música imortal dos líricos e dos canço­netistas do bel canto.

Lembremo-nos que o símbolo do caboclismo na­cional- Juca Mulato - foi criado por um homemque se assina Menotti Del Picchia, uma sucessãode sílabas rasgantes, incorporadas ao florilégio denossa literatura típica.

Lembremos também que um filho de emigrantesvenetas, Cândido Portinari, projetou a pintura bra­sileira no cenário mundial, como um dos maioresgênios expressionistas de todos os tempos; não nosesqueçamos de que a história de nosso ingressono ciclo industrial e agríoola, iniciado em São Pauloe no Sul do País, foi escrita por homens que acredi­taram no Brasil, operosos e honestos operáriosanônimos, chefes de oficina, artesãos, agricultores,tanto quanto por ilustres empresários italianos queaté hoje têm seus nomes em evidência, em virtudedo trabalho, da fé, da criatividade, e da obstinaçãode seus fundadores.

Nossas pátrias espirituais alongam-se do Oiapo­que ao Chuí, do litoral Atlântioo aos primeiroscontrafortes andinos, das penedias da Sict1ia aosAlpes, das águas douradas do mar Adriático aoazul do mar Tirreno.

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A unidade espiritual das duas pátrias anula adescontinuidade geográfica dos dois países.

Nós somos irmãos livres, convivendo juntos emum país que tem condições de oferecer o testemu­nho, ao mundo inteiro, de uma liberdade pura­mente humana.

Senhoras e Senhores, esta é a viva voz de muitosque a longo tempo deixaram o seu trentino, levan­do, além oceano, O espírito, a operosidade, a honrae a tenacidade típica trentina, e, radicando-se emum país de grandeza continental como o Brasil,mantiveram no coração e transmitiram aos seusdescendentes o orgulho de serem bons trentinos.

Para finalizar, gostaria de desejar a todos os pre­sentes o transcurso de horas felizes aqui neste peda­ço trentino e de lembrar aos responsáveis por estafesta memorável de no anos que o Ciroolo Tren­tino de São Paulo permanece ao seu dispor parauma profícua colaboração no desempenho de suasatividades.

O SR. TITO COSTA (PMDB - SP. Pronuncia oseguinte discurso) - Sra. Presidente, Srs. Deputados.em comemoração aos vinte e cinco anos de atividadedo Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica, <luere­mos registrar nesta Casa a importância dessa eniidadeem São Paulo, da qual fui um dos fundadores.

Relembrar o nascimento do nosso Conselho de Fra­ternidade," pelos idos de 1962, será sempre uma formade meditar sobre a importãncia de seu papel, ao longodesses vinte e cinco anos de permanente atividade, nabusca do ideal de unir cristãos e judeus.

Os que vieram primeiro talvez nem acreditassem quea idéia tomaria forma e atravessaria os anos. Afinal,começamos antes do Concílio Vaticano lI, de onde sur­giu, formalmente concretizado, o movimento ecumê­nico universal, solidificado pouco depois com o apareci­mento da encíclica "Nostra Aetate". Nesse importanteavanço histórico das relações judaico-cristãs, avulta afigura inesquecível do Papa João XXIII, confirmandoas palavras de Paul Démann, para quem a influênciaconjugada de fatores os mais diversos vem contribuindopara os esforços que se fazem, "no mundo cristão, parareencontrar e aprofundar a inteligência do destino deIsrael, para definir e propagar uma atitude cristã autên­tica para com os judeus e o judaísmo, especialmenteno ensino religioso sob todas as formas, para multiplicaros contatos e as colaborações com o mundo judeu, bemoomo para lutar contra tudo o que se opõe a essa evolu­ção: o fermento do desprezo e o ódio, os preconceitosinveterados, que têm em seu favor as forças irracionaisda paixão, do hábito, da inconsciência e da inércia"(Os Judeus - Fé e Destino, pág. 25).

Temos caminhado. Claro que há obstáculos e trope­ços pelo caminho. Há indiferença, desconfiança, princi­palmente em decorrência desse fermento, que vem danoite dos tempos e que, insidiosamente, procura sepa­rar, em vez de unir irmãos, que crêem no mesmo Deuse buscam, na fé e no amor, a realização do bem comume da paz entre os homens.

Nesses vinte e cinoo anos de atividades do nosso Con­selho de Fraternidade Cristão-Judaica, muito se fez e,seguramente, muito faremos, no sentido de quebrararestas, aplainar estradas, fIDeando marcas que não seapagarão. Nas nossas celebrações conjuntas, de verda­deiro sentido ecumênico, podemos sentir, cada vezmais, oomo são muito mais numerosos os pontos quenos unem, em cotejo com os que, até mesmo por equí­Voa0, nos possam separar.

Como um dos fundadores do Conselho, tenho acom­panhado oom alegria seus passos, recordando hoje, comsaudade, dos companheiros que se foram, deixando oexemplo de sua confiança no ideal que nos impulsiona.Para nós, cristãos, os judeus não são os "irmãos separa­dos", mas sim cada vez mais próximos, pela História,pela religião, pela fé, pelas nossas origens comuns e,sobretudo, pela nossa busca de salvação e de reencontrona Casa do Pai. Do mesmo Pai que nos deu a Leie os Profetas. E que nos faz, pela oração e pela fé,sermos dignos de seu amor e do amor de nossos irmãos.

O SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS. Pronunciao seguinte discurso) -SI' Presidente, SI" e Srs. Deputa­dos, o Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul, criadoem 1975, e cuja conquista uniu todas as correntes polí-

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ticas gaúchas, tinha tudo, na ocasião, para se constituirnum grande e poderoso instrumento para que o Estadoatingisse um novo e decisivo estágio de desenvolvimentoeconômico.

Paradoxalmente, enquanto nos últimos anos o PóloNordeste, localizado em Camaçari, na Bahia, recebeutoda a sorte de estímulos e isenções fiscais. o de Triunfo.no Sul, foi alvo de inadmissível discriminação, enfren­tando hoje grandes dificuldades para a sua consolida­ção.

O Projeto do Pólo Petroquímico do Rio Grande doSul, desde sua concepção. ainda na elaboração do Pro­grama de Governo de Euclides Triches, em 1974, levou,para sua elaboração, cerca de quatro anos, praticamcn­te. Durante este tempo igualmente foram-se desenvol­vendo as negociações para aprovaç~1(} pelo GovernoFederal, autorização que só veio a acontecer um anodepois, já no Governo seguinte. O Governo EuclidesTriches. do qual participei desde o início, foi quemplantou. e o seu sucessor colheu os louros do plantioanterior. Mas não importa, são fatos passados. poiso que interessa hoje é a expansão e consolidação deum programa de investimentos que remonta a 1970,e cujos desdobramentos não podem mais tardar.

Em 1986. o Deputado Nelson Marchezan apresentouo Projeto de Resolução de n" 408/86, propondo a criaçãode Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apu­rar as causas e conseqüências da não-consolidação doPólo Petroquímico do Sul.

Designados os membros. por força da Resolução n'26, de 1986. a CPI, entretanto, não chegou a ser insta­lada.

A omissão e o descaso do Governo Federal, por outrolado, em relação ao Pólo do Sul. tem custado muitocaro aos projetos de crescimento económico dos gaú­chos. E agora, apesar da frustração das justas aspiraçõesdo povo daquela região. em termos de expansão do111 Pólo Petràquímico, o Governo vem de decretar acriação do IV Pólo Petroquímico, localizado no Riode Janeiro, o que poderá, inclusive. aumentar as indefi­nições e dificuldades para a consolidação do Pólo doSul.

Dadas estas razões. propusemo-nos a reativar a pro­posição feita pelo Deputado Nelson Marchezan, na le­gislatura anterior, no sentido de reinicíar as tratativasdestinadas a averiguar quais as razões que levaram àinterrupção da implantação de muitas das unidades pre­vistas no projeto inicial; quais os estudos e critériosque levaram à tomada desta decisão e quais as conse­qüéncias que daí advirão, bem como as possíveis impli­cações que trará para a consolidação do IH Pólo a cria­ção do IV Pólo Petroquímico, recentemente decido peloGoverno Federal.

Estas questões precisam ser analisadas e esclarecidas,razão pela qual requeremos a renovação da constituiçãoda Comissão Parlamentar de Inquérito. para a qualprecisamos contar com todo o apoio dos empresáriosdo setor e das lideranças políticas, para, acima das pai­xões políticas, de ordem pessoal ou partidária, somar­mos todos em favor do desenvolvimento econômicoe social do Estado, assim como do desenvolvimentonacional.

o SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronun­cia o seguinte discurso.) ~ Sra. Presidente, Srs. Depu­tados, quando vamos iniciar a votação do projeto defini­tivo da nossa Constituição, nós, brasileiros. democratase preocupados realmente com os problemas sociais donosso País, não podemos deixar de comentar algunstópicos do Capítulo H - "Dos Direitos Sociais".

Nossa preocupação nãn é com o dia de hoje, mascom o futuro desta Nação gigante que precisa, a cadaano, empregar mais um milhão e meio de patrícios.Constarem da Constituição de um país, artigos e pará­grafos que deveriam ser discutidos em leis ordináriase nos acordos sindicais, acho que não é um avanço.como os chamados progressistas desejam fazer enten­der. Passarem pelo Plenário da Constituinte. sercmaprovados por uma Casa com 559 Parlamentares eleitospelo povo. sem que maior reflexão seja feita e sobreos efeitos que poderão causar em nossa economia, achoque é uma irresponsabilidade de nossa parte.

No art. 7", item XVII - "Licença remunerada àgestante, sem prejuízo do emprego e do salário, comduração mínima de cento e vinte dias" -, vamos quase

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

que inviabilizar o cmprego para a jovem que a cadadia se prepara para assumir suas responsabilidades deigualdade com o sexn masculino em todas as atividades,seja no comércio, indústria, escritórios etc. Setores in­dustriais como o têxtil, em que 80% da mão-de-obrasao femininos. não terão condições de manter a gestanteremunerada em casa c contratar outra para suhstitui-Ia,e. no retorno ao serviço, dispensar a anterior.

Vamos iniciar a discriminaçao da mulher em qualquersetor de trabalho, quando houver condições de contra­tação de homem para o mesmo serviço. Oue conheceo excesso de garantias e vantagens dadas à trabalhadorado sexo feminino, na Itália, poderá testemunhar o quan­to de prejudicial foram para elas estas pseudo conquis­tas.

No mesmo artigo, item XV - "Remuneraç<io emdobro do serviço extraordinário" ~-só quem não conhe­ce as condições de dificuldade por que passa a maioriados comerciantes ou industriais brasileiros poderá acharque é possível pagar horas extraordinárias em dobroVamos fazer uma Constituição para valer. não paraenganar os nossos trabalhadores.

Ainda no mesmo artigo, item XXVI- "Náo incidên­cia da prescrição no curso do contrato de trabalho eaté dois anos de sua cessação" - o passivo trabalhistaquc ficará pesando sobre uma empresa vai inviabilizarqualquer negociação do seu controle acionário, não ~en­

do possível a manutenção de tal espada sobre qualquercabeça, mesmo porque o próprio Ministério do Traba­lho, pelo seu órgão local, já acompanhou a demissãodo empregado, garantindo seus direitos.

Deixamos para comentar no final do artigo o itemI - "garantia de emprego, protegido contra despedidaimotivada, assim entendida a que não se fundar em:suas letras a, b e c" Não existe país no mundo emque a estabilidade seja garantida por uma constituição.Não entendemos que passam os chamados progressistasda Constituinte ser tão ingênuos a ponto de pensarque a aprovação da estabilidade vai contribuir para esti­mular os empresários a investirem mais. É loucura pro­curar-se garantir emprego através da Constituição deum país. Quem adquire estabilidade é o próprio empre­gado, com seu trabalho. sua honestidade, seu zelo, suaresponsabilidade. Se o funcionário é bom, nenhum em­pregador será louco para persegui-lo ou despedi-lo. Fal­ta neste país mão-de-obra especializada, mão-de-obrahonesta, mão-de-obra responsável. Não vamos nivelaro nosso trabalhador por baixo, garantindo no empregoo irresponsável, como se a maioria da classe irrespon­sável fosse. O trabalhador precisa do seu emprego, co­mo o empregador precisa do seu trabalho. O traba­lhador precisa garantir também emprego para seu filhoe seus parentes. e não será pela via constitucional queos empresários manterão seus empregados sob quais­quer condiçôes e ainda investirão mais, criando novasempresas e novas oportunidades de trabalho. No mo­mento em que, por lei, se desejar fechar a porta desaída da empresa, fechar-se· á automaticamente a portade entrada para seus filhos. A economia brasileira pre­cisa de medidas de abertura, e não de fechamento.Os empresários brasileiros não poderão ficar passivosdiante de lances demagógicos daqueles que visam muitomais a seus interesses eleitoreiros imediatos, a seus inte­resses pessoais, do que à saúde econômica do País.

Estã mais que provado que a estahilidade induz aocomodismo, à ociOSidade, rebaixando a produtividade;faz a empresa criar dificuldade para admissão de novoscandidatos a emprego, desestimula novos empresários,espanta o capital produtivo, quebra pequenas e médiasempresas, inibe projetos de expansão, criando. comisto, () caminho da deterioração de qualquer país desen­volvido ou em desenvolvimento.

Ainda há tempo para evitarmos este desastre queestá por vir. O que foi votado pela Comissão de Sistema­tização não atende nem aos interesses do empresário,muito menos aos dos trabalhadores. Temos de procuraras verdadeiras lideranças do tralhador para conversar,para dialogar, para nos entendermos e acharmos o cami­nho mais curto e mais certo para que os interesses daspartes sejam atendidos, sem caminharmos com a econo­mia do Brasil para o fundo do poço, demonstrandoirresponsabilidade daqueles que foram incumbidos deelaborar uma nova Constituição para o nosso País.

Era o que tínhamos a dizer.

Novembro de 1987

o SR. JORGE ARBAGE (PDS - PA. Pronunciao seguinte discurso) - Sra. Presidente. neste I" de no­vembro do Ano Mariano de 1987, o Pará vivcu a glóriade um evento muito singular para sua gente e a históriada Igreja de Jesus Cristo: a comemoração do 25" aniver­sário de ordenação episcopal de D. Tadeu HenriqueProst, OFM. Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém.

Há, no itinerário dos homens, aqueles que se distin­guem pelas conquistas científicas e culturais, ou aindapelas raízes da bondade que cultivam nos corações,fazendo-se escravos da humildade para melhor serviremàs missões traçadas nos planos de Deus.

Crcio não exagerar em admitir que D. Tadeu Prost,essa figura admirável, Santo e Sacerdote, corporifiquena sua invulgar personalidade todos os atributos exigi­dos para torná-lo Pastor Espiritual da Igreja, numa re­gião que contrasta Slla imensa riqueza natural com asede da fé e do amor, preconizados na doutrina cristã.

O Espírito Santo terá inspirado nosso Arcebispo Al­berto Ramos a incluir na lista tríplice para a escolhade dois Bispos Auxiliares nomes como os de D. TadeuProst e Monsenhor Milton Correa Pereira. E não foracertamente por acaso, que a Santa Sé designasse ambos,em decisão de 23 de agosto de 1962, enquanto o terceiroiria dirigir uma Diocese do sertão baiano.

O exemplo dc trabalho dedicado à causa da evange­lização no Pará. com passagens por regiôes difíceis,como o Tapajós, pode testificar a vocação sacerdotalde D. Tadeu no ideário de levar a palavra de Deusaos que dela necessitam para o esforço da conversãona busca dos legítimos caminhos da salvação.

Ordenado Bispo para Belém, durante 25 anos vemse dedicando totalmente à nossa Arquidiocese, comabnegação e humildade, muito embora nem sempregoze de saúde plena.

Nasceu D. Tadeu em Chicago, nos Estados Unidos,filho de luxemburgueses. Depois de ter cursado, duran­te algum tempo, o Seminário Arquidiocesano, transfe­riu-se para a Ordem dos Franciscanos Menores. Orde­nado sacerdote, em Teutópolis, Illinois, a 24 de junhode 1942, ofereceu-se para vir ser Missionário na Amazô­nia, e mereceu ser escolhido como participante da pri­meira turma de franciscanos norte-americanos que, em1943. vieram trabalhar no Tapajós. Um dos seuscompa­nheiros foi o entusiasta Dom Frei Tiago Ryan, Bispoemérito de Santarém.

Vale ressaltar que os predicados morais de D. Tadeunão ficaram conhecidos e confinados somente na regiãoda Fordlândia. Foi designado visitador para a ProvínciaFranciscana de Goiás c pouco depois era nomeado Pro­curador da Prelazia de Santarém. em Belém. e veioresidir no Colégio Nazaré, ocasião em que marcou suapresença como orientador espiritual de muitas geraçõesparaenses. Simultaneamente organizou a Procuradoria,adquirindo uma residencia na Praça Batista Campose construindo a Capela de Santo Antônio de Lisboa.A esse tempo era também assistente eclesiástico dosHomens da Ação Católica. E lecionava Religião emdiversos colégios.

Um acontecimento religioso ligado à Igreja - a pri­meira sessão do ConCilio Ecumenico Vaticano 11, obri­gou a ausência de D. Tadeu no Pará. Teve de seguirpara os Estados Unidos, levando consigo a missão dereunir os três bispos necessários para a sagração, encon­trando sérias dificuldades, pois quase todos tinham se­guido para Roma.

Há um fato curioso que deve ser registrado comoa força da vocação sacerdotal, que mais empolga o espí·rito criativo de D. Tadeu Prost: o fascínio pela amplia­ção de espaços físicos onde possam ser instalados osmecanismos indispensáveis ao processo da difusão doEvangelho. Tanto que, ao assumir suas funções na Ar­quidiocese de Belém, teve a corajosa incumbência deiniciar a construção do novo seminário e a orientaçãoespiritual das religiosas. A despeito. o pouco tempodisponível para refazer-se da árdua jornada de trabalho,empregava em viagens ao interior, acompanhando D.Alberto Ramos nas visitas às localidades mais distantes,o que fazia com singular sacrifício e devotado interessena prática da evangelização.

Credite-se, ainda, ao esforço desse extraordináriomissionário de Cristo a serviço da Igreja no Pará ofato de que, quando o Hospital Guadalupe estava na

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Novembro de 1987

sua estrutura nua, a Congregação das Innãs Adoradorasdo Sangue de Cristo pensou em vendê-lo para servirde hotel, ou mesmo hospital. A continuidade da obraficou condicionada à direção de D. Tadeu. Com o con­sentimento do arcebispado, tomou imediatamente asmedidas cabíveis, adquiriu material na fonte, regula­rizou as finanças e conseguiu que Belém não perdesseesse importante e tão útil nosocômio.

Mas. Sr. Presidente. é relevante destacar neste mo­desto pronunciamento que a grande realização conquis­tada ao longo dos vinte e cinco anos de vida sacerdotalpor D. Tadeu Prost foi sem dúvida O Seminário SãoPio X. que teve concluída sua obra à custa de muitosesforços. E explica-se a razão dessa inusitada euforia:o belo edifício que serve ao educandário não foi edifi­cado com a contribuição de generosos milionários, oude multinacionais. nem mesmo com ajuda de verbaspúblicas. Foi obra construída com modesta colaboraçãoda família católica paraense, somada à cooperação deparoquianos norte-americanos que atendiam aos ape­los, quando, autorizado pelos bispos respectivos, seuidealizador fazia pessoalmente as coletas durante as mis-sas nas Igrejas. .

Creio suficiente para registro nos Anais desta augustaCasa do povo brasileiro o histórico sobre a vida, o traba­lho e a dedicação de D. Tadeu Prost, na espinhosa,mas também gratificante per~grinação de mais de duasdécadas, espargindo entre milhões de fiéis as bênçãosevangélicas que Cristo ensinou e ordenou que seus discí·pulos ensinassem a todos os povos.

É oportuno dizer que os 25 anos de ordenação episco­pal de D. Tadeu motivaram a suprema gratidão dosparaenses, em nome dos quais muito me orgulha tradu­zir em palavras singelas a imensa alegria em festejá-losem comunhão de orações que são elevadas aos céus,pedindo a Deus, Nosso Senhor e Salvador. que preserveesse servo na sua reconhecida santidade e sempre fielaos ditames da Igreja e seu pastor supremo, o PapaJoão Paulo 11.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. FRANCISCO AMARAL (PMDB - SP. Pro­nuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srs. De­putados, artigos e mais artigos de jornais denunciam,quase todos os dias. o problema do menor abandonadono Brasil.

O Brasil tem hoje entre 65 a 70 milhões de habitantes,com idade até 18 anos; destes, 36 milhões, isto é, maisda metade, estão no abandono. E, alguns, além decarentes e sem teto, são ainda deficientes físicos oumentais.

Se educar crianças comuns já é tarefa difícil, imagi­ne-se a soma de esforços necessários para educar e pro­curar desenvolver potencialidades em crianças porta·doras de deficiências mentais e físicas, e ainda carentesde recursos. É assim a clientela atendida pela SociedadePestalozzi de Campinas, que mantém escola especia­lizada. O atendimento é gratuito. e, além de professorescom fonnação especial na área, possui médico, psicó­logo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, pedagogo e assis­tente social, toda uma equipe de profissionais de altogabarito. Esta equipe é necessária, pois os alunos. alémda deficiência mental, apresentam outras deficiênciasassociadas, como a da fala e motora.

Considerada de utilidade pública federal, a EscolaPestalozzi funciona, atualmente, em prédio próprio, ea história do levantamento deste prédio revela quantode sacrifício representou para sua diretoria e colabora­dores. Cada tijolo, cada pedra, cada palmo erguidoatestam um esforço muito grande de generosidade einvulgar dedicação. A sua realidade atual representauma vitória, tanto para os que colaboraram em suaconstrução quanto para as crianças que lá brincam eestudam.

O nome Pestalozzi foi escolhido em homenagem aoeducador suiço Johann Henrich Pestalozzi, que traba­lhou a vida inteira com crianças difíceis e carentes, dan­do-lhes atenção. carinho e amor.

A filosofia das Sociedades Pestalozzi existentes emtodo território nacional é educar para integrar. Hoje,numerosas delas se estendem de Norte a Sul, fonnandouma federação nacional, Fenasp.

Obra de tanto alcance, exigindo tanto. não seria pos­sível sem verbas e, principalmente. sem a ajuda incondi­cional de grupos de voluntários. Além das verbas ofi-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ciais, sempre modestas, há a notável dedicação parti­cular de inúmeros colaboradores.

A eles o nosso agradecimento, pois, desta fonna,estão procurando cooperar na solução desse quadrosocial caótico, para que esta situação inaceitável domenor não permaneça no plano das lamentações esté­reis.

Queremos congratular·nos com a Federação Pesta­lozzi, pelo seu desempenho, desejando que o exemplode assistência ao menor carente, dado pela entidade.frutifique em todo o País. E, em Campinas, deixamoso registro, na pessoa da Dr Maria Letícia de Barros,invulgar e incansável batalhadora da causa, cumprimen­tando nela todos os que, no Brasil, se empenham gene­rosamente no setor.

O SR. AMARAL NETTO (PDS - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr Presidente, Srs. Deputados,o Congresso Nacional esteve presente à 78" Conferência1nterparlamentar realizada em Bangkok entre os dias12 e 17 do mês de outubro. Tive a honra de participarda delegação brasileira. integrada pelos representantesdo PMDB, do PDS, do PFL, do PDT, do PTB e doPT, sob a presidência do Deputado Paes' de Andrade,que respoode pelo Grupo Brasileiro da União Interpar­lamentar.

Talvez não se tenha avaliado ainda entre nós a impor·tância do vínculo de nosso Legislativo com o Parlamentomundial, integrado por congressistas de 120 nações.Recentemente, o nobre Deputado Paes de Andrade,parlamentar exemplannente aderido a todos os proble­mas da representação popular, publicou um valioso li­vro sobre a interparlamentar e os direitos humanos.

O grupo brasileiro, hoje presidido por nosso colegaPrimeiro Secretário da Câmara, é uma entidade fonna·da por Senadores, e Deputados federais, reconhecidacomo serviço de cooperação interparlamentar. na con­formidade da Resolução número 9, de 1955, e pelaResolução número 28,do mesmo ano, assinadas pelosentão Presidentes do Senado e da Câmara, SenadorNereu Ramos e Deputado Carlos Luz.

As raízes da União lnterparlamentar - como lembraem seu livro sobre esse organismo o Deputado Paesde Andrade, estão na Primeira Conferência Interparla·mentar, promovida em 1889. por iniciativa de dois par·lamentares europeus, os Srs. William Randal Cremer,da Inglaterra, e Fréderic Passy, da França. A partirdaí, a idéia de um Parlamento mundial consolidou-see frutificou, adquirindo uma estrutura própria, inclusiveum secretariado internacional e a criação de rrupos na­cionais, eleitos pelas assembléias de cada nação. A forçajurídica e moral em que se funda a entidade foi tal,que ela atravessou as duas guerras mundiais, marcandosua presença como uma espécie de "Plaza Mayor", defórum universal a serviço da paz e do entendimentoentre os povos.

Quando o arbítrio das ditaduras sufoca as liberdadese os direitos humanos. em qualquer parte do planeta,a União Interparlamentar se transfonna sempre na tri­buna mais alta e mais eficaz para a defesa do estadode direito.

A conquista da independência de inúmeros povosque viviam em estado colonial até a primeira metadedeste século, passou pelo fórum da Interparlamentar.E é nele que têm surgido também as propostas maisassíduas e mais viáveis com que contam os governose as nações para a luta pelo desarmamento, para aconsolidação da paz mundial, para a eliminação do ra­cismo, do apartbeid e de todas as vigências de perversãojurídica na vida da sociedade.

Nos quatro dias de intenso trabalho do Parlamentodo mundo reunido neste mês em Bangkok, a delegaçãobrasileira participou ativa e efetivamente de todos osdebates. Nosso colega, Deputado Oscar Corrêa trouxeao Plenário uma proposta de contribuiçâo dos parla­mentos ao respeito, ao desenvolvimento e à proteçãodos direitos humanos.

O Deputado Jorge Uequed, em lúcido pronuncia­menta, recolheu a solidariedade do Plenário para oproblema da dívida externa que hoje estrangula os paí­ses do Terceiro Mundo. E, finalmente. o Presidentedo grupo brasileiro, Deputado Paes de Andrade, falan­do em nome de nossa delegação, apresentou um verda·deiro painel das dificuldades e das distorções que assina·

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Iam os dias temerários que vivem as nações. à belfada guerra, da fome e da injustiça social instituciona­lizada.

A reunião de Bangkok aprovou, com o voto dos re·presentantes brasileiros, vários projetos de resolução.contemplando a promoção e o desenvolvimento do>direitos humanos, em áreas particularmente ainda afe­tadas por regimes de arbítrio. Foram também aprovadasproposias no sentido de isolar e atenuar os conflitosannados que podem ser a semente de uma guerra mun­dial e que atonnenta os povos do Oriente Médio, doGolfo Pérsico, da América Central e da África. Rece­beu ainda destaque especial a resolução que recomendaa eliminação dos últimos resíduos coloniais em di versospontos do mundo. Ainda agora, a imprensa mundiale os círculos da política internacional estão creditandoà Uniâo Interparlamentar os avanços das negociaçõesde paz para o fim do conflito Irã x Iraque.

No frontispício de seu livro sobre a vocação dos parla­mentos em geral e do Parlamento mundial em particu'lar, o Deputado Paes de Andrade anotava a advertênciade Albert Camus a todos os que temos um mandatodo povo para a defesa de suas causas, dentro e loradas fronteiras nacionais:

- "Sim, o que é necessário combater hoje" ­lembra Camus - "é o medo e o silência. junta·mente com a separação dos espíritos e das almasque eles acarretam. O que é preciso defender êo diálogo e a comunicação universal dos homens.uns com os outros. A servidão, a injustiça e a men'tira são o flagelo que rompe essa comunicação einterdita esse diálogo. Por isso devemos repeli-Ias".

Sr Presidente, sem poderes de decisão. os Parlamen·tos cumprem essa missão indicada pela palavra de Ca­mus, e acreditam na força poderosa e fecunda das idéias.

Para registrar melhor o desempenho da delegaçãobrasileira à Conferência de Bangkok, peço a V. Ex',Sr. Presidente, que encaminhe para transcrição nosAnais a íntegra dos pronunciamentos dos parlamentaresbrasileiros, a seguir:

DEPUTADO PAES DE ANDRADE (Presidentedo Grupo Brasileiro da União Interparlamentar) - Se­nhor Presidente, Senhores Delegados,

Nossas reuniões têm sido marcadas, sempre. peloespírito fraterno que nos iguala, não apenas nos senti·mentos universais, mas, também, nas justas preocu­pações com os problemas que envolvem a pessoa huma­na em qualquer recanto do nosso planeta.

Por isso mesmo, torna-se quase uma rotina lembrar.em cada reunião, a necessidade que temos de pregara paz entre os homens e as nações.

Temos o poder moral, a palavra reforçada por essesentimento que nos faz innãos uns dos outros em qual­quer lugar em que nos encontremos, mas falta-nos opoder coercitivo que torne operantes nossos sonhos deuniversalidade.

Em reuniões anteriores, levantamos nossos votos pelapaz no Oriente Médio, onde os cadáveres de irmãosem humanidade, lado a lado, constituíam um justo cla­mor contra a violência que se apresentava no mais duroretrato da angústia de populações civis, vítimas da guer­ra e da destruição.

Depois, em Seul, reclamamos a paz para os irmãosdo Iraque e do Irã, consumindo·se numa guerra quenão apenas destrói as riquezas acumuladas ou as reser­vas de abastecimento da humanidade, mas milhões devidas preciosas, especialmente de jovens que fazem omundo curvar-se nas lágrimas da frustração pela impos­sibilidade de uma providência eficaz e urgente.

E aqui nos encontramos novamente, nesta cálida esuave capital da Tailândia, envoltos nos mesmos pensa­mentos de fraternidade e de universalidade.

E falo por um país que ergue a bandeira da paz comoo símbolo maior de sua história e como objetivo essen­cial de seu povo.

Nossa preocupação como nação e comunidade vol·ta-se para a utilização pacífica dos recursos da tecno·logia nuclear.

Os povos dos dois hemisférios submetem·se ao Trata­do Internacional da Assembléia das Nações Unidas so­bre os princípios que devem reger as atividades dosEstados na exploração e utilização do espaço ultrater-

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restre. Disciplinam juridicamente o princípio da liber­dade de ocupação do cosmo interplanetário e a renúnciaa toda pretensão de soberania na exploração colonialistadesse espaço.

felizmente, as duas grandes potências que pratica­mente monopolizam esse espaço interplanetário - aUnião Soviética e os Estados Unidos da América doNorte - iniciam um diálogo que tudo indica eficazpor intermédio de seus dois líderes, Ronald Reagane Gorbacbov.

Os primeiros atos dos dois dirigentes repercutem,hoje, em todo o mundo, como a primeira ação sériae efetiva em favor da paz universal, com atos de desmili­tarização e de compromissos na redução da corrida ar­mamentista.

Não se compreende que u homem possa dominaras energias mais poderosas e, em lugar de utilizá-lasem seu proveito, delas faça a arma para o extermíniode seus irmãos e do próprio planeta.

O Brasil domina, agora, o processo de enriqueci­mento do urânio, técnica fundamental para a utilizaçãoeconômica da energia atômica e, em razâo da possedessa tecnologia, toma-se um daqueles países com con­diçôes de fabricar a bomba atômica.

Mas essa grave condição desperta em nosso povoe em nosso governo, conforme bem explicitou O Presi­dente da República do Brasil, José Sarney, um senti­mento pacifista ainda mais acentuado.

Dominando o processo tecnol6gico que nos incluino clube das nações privilegiadas no setor avançadoda ciência nuclear, o Brasil é, no entanto, a expressãodesse sentimento pacifista, tornando-se desnecessáriaa imposição de condições restritivas à sua atividade nocampo da pesquisa e ao seu desenvolvimento tecnol6­gico, porque nem o governo admite processar a energiapara a beligerância, nem o seu povo admitiria uma admi­nistração que desviasse para os objetivos de guerrasos recursos dessa avançada conquista da humanidade.

O mercado abrangido pelo.Clube Atômico movimen­ta anualmente 150 bilhões de d6lares em reatores, má­quinas, equipamento e combustíveL

Nossas recomendações, como eleitos pelo povo emsua mais legítima representação, só podem ser as deque esses recursos somente possam servir à causa dapaz e do progresso da humanidade.

Se focalizamos mais especialmente esse tema, tãoimportante para O mecanismo político da construçãoda paz universal, é porque, hoje, integrados no ClubeAtômico, temos mais responsabilidade que qualqueroutro povo na destinação dos recursos técnicos e finan­ceiros para benefícios dos que sofrem a miséria e afome, o analfabetismo e as doenças, num mundo divi­dido entre os que têm muito e os que não têm nada.

Há, agora, além do encaminhamento diplomático dapaz através dos líderes das duas maiores potências, apossibilidade de utilizarmos os recursos que a ciênciae a pesquisa nos colocam às mãos exatamente paraconstruir o mundo melhor com que sonhamos.

Até mesmo o mercado do urânio enriquecido, como reforço que traz o Brasil, democratiza esse comércioestimado atualmente em cerca de 15 bilhões de d6laresanuais, dos quais 60% fixados nos Estados Unidos, au­mentando com nossa presença a diversificação de pro­dutores, forma democrática de reduzir a concentraçãode poder, facilitando a construção da paz.

Não é pela vaidade de termos ingressado no reduzidoclube de privilegiados da tecnologia que destacamosestes aspectos de atualidade científica e política, masê exatamente porque, fortalecidos, podemos ser umponto de apoio a todas as naçôes que aspiram viverum futuro de tranqüilidade e de trabalho e, quem sabe,uma forma de equilíbrio mais sólido entre as grandesnações controladoras do átomo e de sua industriali­zação.

Em condição de enriquecer o urânio em escala indus­trial, o Brasil pode ser o instrumento útil na construçãoda paz, pois superamos, inclusive, o dificílimo problematecnol6gico de encontrar uma liga metálica para resistirà extrema corrosividade do hexafluoreto, bem comoa barreira que poucos países puderam superar para con­ter as vibrações indesejáveis das centrífugas, que tam­bém em nosso País já construímos.

Não esquecemos, porém, que somos uma nação doTerceiro Mundo, como numerosos outros, comprome-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

tidos com a dívida externa que a ganância das taxasexorbitantes de juros sufocou no seu processo de desen­volvimento.

Com a comunidade latino-americana que necessitada solidariedade universal para atravessar o seu críticoprocesso de crescimento, o Brasil pleiteia o apoio desteplenário para que as negocIações visando ao pagamentodessa dívida sejam feitas à base de critérios justos eviáveis, sem que a imposição do sacrifício interno reduzao mercado de trabalho e suste ou retarde sua etapadesenvolvimentista.

Sabemos que somente será possívcl obter resultadospositivos, com o tratamento político da dívida. E esta­mos certos de que os ilustres delegados-das demais na­ções aqui presentes representarão em sua manifestaçãode solidariedade aos nossos países endividados, umacontribuição importante para que o pagamento dos nos­sos débitos internacionais não se faça à custa da fomedas nossas comunidades, segundo muito bem expressouO saudoso Presidente Tancredo Neves.

Nosso povo vive o sacrifício imposto para permitiruma renegociação da dívida externa, mas sabe que essesacrifício atingiu o seu limite máximo. Impõe-se, agora,o encontro de soluções políticas para a questão queé, igualmente. das demais nações latino-americanas,algumas delas comprometidas, com a nossa, pela admi­nistração irresponsável de governos que não tiveramo respaldo popular das urnas e que arrebataram o poderatravés da força e da violência. Felizmente esta é umafase dolorosa de nossa história que vai ficando no passa­do, da mesma forma como ocorre com os povos irmãosdo Uruguai e da Argentina.

No pórtico de nosso livro sobre dA lnterparlamentare os Direitos Humanos", reproduzimos o pensamentode Albert Camus, segundo o qual dé preciso defendero diálogo e a comunicação universal dos homens unscom os outros" e que "a servidão, a injustiça e a men­tira, são o flagelo que rompe essa comunicação e inter­dita o diálogo".

Façamos deste plenário o grande auditório universalno qual todos os povos tenham voz e tenham vez.

Aqui se encontram irmanados com os mesmos nobressentimentos, representantes populares que receberamo batismo das urnas na consagração dos votos.

São, assim, legitimamente, os mandatários do povona expressão representativa de sua força reinvindica­tória, de sua fidelidade aos princípios da justiça social,e da consagração na defesa de um direito novo da comu­nicação, ou seja, do direito ao fato, melhor dizendo,do direito ao conhecimento da verdade, em toda a suaamplitude.

Este parlamento, já o declarei junto aos meus paresno Legislativo Brasileiro, é um forum mundial que seconstitui em patamar ecumênico entre as nações parao debate pacífico e criador dos problemas que preocu­pam nossas terras e nossas gentes, em seu objetivo deencontrar o equilíbrio, entre a paz e o progresso.

Se aqui pregamos a substituição dos métodos medie­vais pela convivência pacífica entre os povos e o entendi­mento entre as nações, é porque entendemos que asolução dos problemas que nos afligem mundialmentes6 poderá ser encontrada através desse diálogo que éa característica democrática de uma sociedade ajustadaaos princípios do respeito à liberdade e à justiça.

Incumbiram-me os companheiros do Brasil de saudarcada um dos ilustres delegados, aqui reproduzindo asmesmas preocupações de integraçâo nacional que nosidentifica, que nos faz soldados de uma causa comume sacerdotes dessa missão histórica na construção deum mundo melhor.

A verdade é que o mundo seria melhor se os nossosdirigentes pudessem colher resultados dessa prática nocontato constante com a comunidade e na experiênciado dia-a-dia com nossas populações, e aplicá-los naconstruçâo de uma sociedade justa, sem preconceitose sem privilégios.

E também é certo que se o preceito individual denâo fazer aos outros o que nâo desejamos que oos fa­çam, fosse estendido às nações, a paz estaria mais próxi­ma e a humanidade mais feliz.

O Brasil vos saúda pela minha voz, fortalecendo acerteza de uma responsabilidade que nos é comum,e sempre honrosa, porque traz consigo a força dessaatribuição especial, do mandato popular -diria melhor

Novembro de 1987

- desse anseio popular que é exatamente igual emcada uma de nossas pátrias. Isso porque, nesta horade apreensões e de angústia, mas, felizmente, aindade esperança, não nos distinguem a cor, a língua oua geografia. Somos exatamente iguais na fé com quealimentamos o futuro de concórdia universal, irmãosque somos de um mundo que se torna cada vez menor,a aldeia global que nos faz não apenas vizinhos, masíntimos pelo sentimento e pela convivência fraterna.

CONTRIBUIÇÃO DOS PARLAMENTOS

AO RESPEITO, AO DESENVOLVIMENTO

E Ã PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A 78' Conferéncia lnterparlamentar de Bangkok per­mite-nos trazer à consideração deste augusto Plenário,que congrega parlamentares de todo o mundo, brevespalavras sobre o tema, que, tendo ocupado a atençãode doutores e leigos, continuem fonte de inesgotáveislições a serem retiradas da realidade.

A realidade é que o casamento indissolúvel Parlamen­to-Direitos Humanos assegura a existência do estadode direito, sinônimo de democracia. E esta só se consi­derá realizada no dia em que se possa proclamar aintegral e absoluta existência da proteção aos direitoshumanos, no sentido mais amplo - políticos, econô­micos, sociais.

Isto porque, ainda hoje, chegaríamos à triste consta­tação de que, de um modo ou de outro, de forma maisou menos acentuada, em todos os países se cometemabusos e deslizes na convivência Estado-Cidadão, mes­mo nos que mais apregoam sua garantia. E ainda osdireitos mais elementares, a começar o da vida, a liber­dade, a honra.

Avulta, por isso, o papel dos Parlamentos, comoguardiães vigilantes dos direitos humanos, no âmbitonacional e internacional, buscando fazer prevalecer eefetivarem-se as declarações que, desde dois séculos,pelo menos, os asseguram, e que a civilização e a cultu­ra, pela compreensão e solidariedade, têm ampliado.

2 - Em nosso entender, sob dois prismas especiais,deve ser aqui tratado o tema.

O primeiro, na contribuição do Parlamento, no âm­bito nacional de cada País, garantindo o respeito, cola­borando no desenvolvimento e efetivando a proteçãodesses direitos.

Essa missão, o Parlamento a cumpre;I) pela denúncia permanente, ativa, eficaz das ofensas

que sofram, no País, mantendo vigilância sem a qualde nada valem os textos legais e mesmo os constitu­cionais;

11) pela formulação de novas propostas, que, em facede novas realidades, explicitem a abrangência dessesdireitos; ao desenvolvimento social correspondem sem­pre novas obrigações e novas faculdades dos cidadãos,que devem ser, tanto quanto possível, inscritas em tex­tos coercitivos votados pelo Parlamento.

3 - No ãmbito interno, essa atuação há de fazer-seinfatigavelmente, se o autoritarismo inicia sempre suaação pelo solapamento dos direitos humanos, muitasvezes imperceptivelmente, mas sempre de forma am­pliativa, até corromper, de vez, as resistências nacionaise implantar-se.

Se o Parlamento fraqueja, ou contemporiza, frus­tram-se as conquistas mais caras e as tradiçôes maisnobres, porque a sede de poder arbitrário s6 encontraobstáculo válido no poder da denúncia dos desvios co­metidos, alertando para os perigos da desnaturaçãodos direitos. Quando o consegue.

Nessa missâo, o Parlamento é insubstituível, porque,congregando vozes de todos os setores e de todas aslinhas de pensamento, será o porta-voz eficiente queclamará, pronta e eficazmente, contra os atentados con­sumados ou apenas tentados.

4 - O segundo, que interessa ainda mais a este deba­te, diz respeito à atuação internacional dos Parlamentosna defesa dos direitos humanos, e parece-nos sobrelevarmesmo àquela atuação nacional.

Há de ser pela troca de experiências nacionais; peloconhecimento dos riscos enfrentados por uns e transmi­tidos aos outros, pelos remédios utilizados na defesaou incentivadores do desenvolvimento e garantidoresda proteção; em síntese, será pelo intercâmbio entreos Parlamentos das várias naçôes, que melhor se previ-

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Novembro de 1987

nirão as violações e se assegurará o cumprimento dosdireitos humanos.

5 - Os processos de violação, em todos os países,assumem mais ou menos as mesmas características; osataques revestem-se, em geral, de formas semelhantese idênticas conseqüências: de modo que a experiênciade uns servirá, quando nada, para prevenir os outrosdos riscos a que se submetem. E prevenidos, será maisfácil alertar, prever e até mesmo impedir se consumemas ofensas temidas.

Esta a grande missão dos Parlamentos, no âmbitointerparlamentar, por mais que as Nações prefiram sem­pre sofrer as próprias experiências, por mais amargasque sejam, e ainda que conhecendo as que outras jápadeceram.

6 - Se o grau de desenvolvimento das Nações geradiferentes sistemas de direitos e de proteção, há linhasgerais, diretrizes universais, necessariamente seguidas.Delas podem os parlamentares de todo o mundo terconhecimento, conscientizando-se das realidades dosdemais povos, nesta Uniâo Interparlamentar. Com issose possibilitará efetiva extensão dos direitos, na medidadas peculiaridades nacionais, a todos os Povos.

7 - No Brasil, temos disto, agora, prova evidente:da elaboração, em curso, do nosso texto constitucional,após suas décadas de regime autoritário, muito nos temservido e inspirado a experiência (sobretudo, recente)de outros povos, que, antes do nosso, passaram porsituações semelhantes.

Aproveitando-nos delas, respeitadas as característi­cas nacionais, estaremos queimando etapas no desen­volvimento dos sistemas de proteçâo aos direitos huma­nos. E as lições colhidas em outros Parlamentos consti­tuem fonte indispensável de ensinamento, a serem utili­zadas.

Como depois, a nossa experiência poderá servir aoutras que venham a precisar dela, com a universa­lização sonhadá da efetiva proteção aos direitos huma­nos, missão maior a que nos devemos dedicar.

Finalizando: se, de todo, os clamores internos nosParlamentos nacionais forem insuficientes à proteçãodos direitos humanos, restará sempre este Plenário, noqual hão de repercutir com estranha ressonância, consti­tuindo-se em vigorosa denúncia que há de pôr fim aosabusos e desvios, tão grande a repulsa de que os cobriráa comunidade internacional, expressão superior destaUnião Interparlamentar. - Oscar Corrêa Júnior, De­putado Federal.

O SR, OSCAR CORRÊA (PFL - MG. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,não poderíamos deixar de registrar, desta tribuna, aparticipação da delegação brasileira na Conferência In­terparlamentar de Bangkok, realizada no último mêsde outubro, naquela cidade. Presidida pelo ilustre De­putado Paes de Andrade e composta de representantesde que quase todos os partidos políticos, como assentonesta Casa, o Grupo Parlamentar Brasileiro, pela vozfirme e equilibrada de seus membros, fez chegar a todasas nações do mundo, que ali se faziam presentes, anossa palavra a respeito dos temas constantes da pautada reunião. Desde o papel fundamental dos Parlamen­tos na defesa dos Direitos Humanos até o problemada dívida externa dos países em desenvolvimento e suarepercussão no âmbito interno das nações, não faltouem momento algum a presença do Brasil naquele impor­tante rorum de debates internacional.

Desta maneira, e pela importância e oportunidadedos pronunciamentos dos nossos delegados ali presen­tes, entre os quais destacamos os Deputados Paes deAndrade e Jorge Uequed, solicito a V. Ex' a transcriçãonos Anais da Câmara dos Deputados dos discursos da­queles nossos companheiros, que com brilhantismo eeficiência representaram e honraram, com sua atuação,o Congresso Brasileiro.

DOCUMENTO REFERIDOS PELO ORADOR

DEPUTADO PAES DE ANDRADE (Presidentedo Grupo Brasileiro da União Interparlamentar) - Se­nhor Presidente, Senhores Delegados.

Nossas reuniões têm sido marcadas, sempre, peloespírito fraterno que nos iguala, não apenas nos senti­mentos universais, mas, também, nas justas preocu­pações com os problmeas qen que envolvem a pessoahumana em qualquer recanto do nosso planeta.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Por isso mesmo, torna-se quase uma rotina lembrar,em cada reunião, a necessidade que temos de pregara paz entre os homens e as na~ões.

Temos o poder moral, a palavra reforçada por essesentimento que nos faz irmãos uns dos outros em qual­quer lugar em que nos encontremos, mas falta-nos opoder coercitivo que torne operantes nossos sonhos deuniversalidade.

Em reuniões anteriores, levantamos nossos votos pelapaz no Oriente Médio, onde os cadáveres de irmãosem humanidade, lado a lado,constituiam um justo cla­mor contra a violência que se aposentava no mais duroretrato da angústia de populações civis vítimas da guerrae da destruição.

Depois, em Seul, reclamamos a paz para os irmãosdo Iraque e do Irã, consumindo-se numa guerra quenão apenas destrói as riquezas acumuladas ou as reser­vas de abastecimento da humanidade, mas milhões devidas preciosas" especialmente de jovens que fazem omundo curvar-se nas lágrimas da frustração pela impos­sibilidade de uma providência eficaz e urgente.

E aqui nos encontramos novamente, nesta cálida esuave capital da Tailândia, envoltos nos mesmos pensa­mentos de fraternidade e de universalidade.

E falo por um país que ergue a bandeira da paz comoo símbolo maior de sua história e corno objetivo essen­cial de seu povo.

Nossa preocupação como nação e comunidade vol­ta-se para a utilização pacífica dos recursos da tecno­logia nuclear.

Os povos dos dois hemisférios submetem-se ao Trata­do Internacional da Assembléia das Nações Unidas so­bre os princípios que devem reger as atividades dosEstados na exploração e utilização do espaço u!trater­restre. Disciplinam juridicamente o princípio da liber­dade de ocupação do cosmo interplanetário e a renúnciaa toda pretensão de soberania na exploração colonialistadesse espaço.

Felizmente, as duas grandes potências que pratica­mente monopolizam esse espaço interplanetário - aUnião Soviética e os Estados Unidos da América doNorte - iniciam um diálogo que tudo indica eficazpor intermédio de seus dois líderes, Ronald Reagane Gorbachev.

Os primeiros atos dos dois dirigentes repercutem,hoje, em todo o mundo, como a primeira ação sériae efetiva em favor da paz universal, com atos de desmili­tarização e de compromissos na redução da corrida ar­mamentista.

Não se compreende que o homem possa dominaras energias mais poderosas e, em lugar de utilizá-Iasem seu proveito, delas faça a arma para o extermíniode seus irmãos e do próprio planeta.

O Brasil domina, agora, o processo de enriqueci­mento do urânio" técnica fundamental para a utilizaçãoecônómica da energia atômica e, em razão da possedessa tecnologia, torna-se um daqueles países com con­dições de fabricar a bomba atõmica.

Mas essa grave condição desperta em nosso povoe em nosso governo, conforme bem explicitou o Presi­dente da República do Brasil, Josê Sarney, um senti­mento pacifista ainda mais acentuado.

Dominando o processo tecnológico que nos incluino clube das nações privilegiadas no setor avançadoda ciência nuclear, o Brasil é, no entanto, a expressãodesse sentimento pacifista, tomando-se desnecessáriaa imposição de condições restritivas à sua atividade nocampo da pesquisa e ao seu desenvolvimento tecnoló­gico, porque nem o governo admite processar a energiapara a beligerência, nem o seu povo admitiria urnaadministração que desviasse para os objetivos de guerraos recursos dessa avançada conquista da humanidade_

O mercado abrangido pelo Clube Atômico movimen­ta anualmente 150 bilhões de dólares em reatores, mã­quinas, equipamentos e combustível.

Nossas recomendações, como eleitos pelo povo emsua mais legítima representação, só podem ser as de

que esses recursos somente possam servir à causa dapaz e do progresso da humanidade.

Se focalizamos mais especialmente esse tema, tãoimportante para o mecanismo político da construçãoda paz universal, é porque, hoje, integrados no ClubeAtômico, temos mais responsabilidade que qualquer

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outro povo na destinação dos recursos técnicos c finan­ceiros para benefício dos que sofrem a miséria e a fome.o analfabetismo e as doenças. num mundo dividido en­tre os que têm muito e os que não têm nada

Há, agora, além do encaminhamento diplomático dapaz através dos líderes das duas maiores potências. apossibilidade de utilizarmos os recursos que a cienciae a pesquisa nos colocam às mãos exatamente paraconstruir o mundo melhor com que sonhamos.

Até mesmo o cercado do urânio enriquecido, comO reforço que traz o Brasil, democratiza esse comércioestimado atualmente em cerca de 15 bilhões de dólaresanuais, dos quais 60% fixados nos Estados Unidos. au·mentando com nossa presença, a diversificação de pro­dutores, forma democrática de reduzir a concentraçãode poder, facilitando a construção da paz.

Não é pela vaidade de termos ingressado no reduzidoclube de privilegiados da tecnologia que destacamosestes aspectos de atualidade científica e política.

Mas é, exatamente porque, fortalecidos, podcmosser um ponto de apoio a todas as nações que aspiramviver um futuro de tranqüilidade e de trabalho e, quemsabe, uma forma de equilíbrio mais sólido entre as gran·des nações controladoras do átomo e de sua industria­lização.

Em condição de enriquecer o urânio em escala indus­trial, o Brasil pode ser o instrumento útil na construçãoda paz, pois superamos, inclusive, o dificílimo prohlematecnológico de encontrar uma liga metálica para resIStirà extrema corrosividade do hexafluoreto, bem comoa barreira que poucos países puderam superar para con·ter as vibrações indesejáveis das centrífugas. que tam­bêm em nosso país já construímos.

Não esquecemos, porém, que somos urna nação doTerceiro Mundo, como numerosas outras, comprome­tidas com a dívida externa que a ganância das taxasexorbitantes de juros sifocou no seu processo de desen­volvimento.

Com a comunidade latino-americana que necesSitada solidariedade universal para atravessar o seu críticoprocesso de crescimento, o Brasil pleiteia o apoio desteplenário para que as negociações visando ao pagamentodessa dívida sejam feitas à base de critérios justos cviáveis, sem que a imposição do sacrifício interno redu­la o mercado de trabalho e suste ou retarde sua etapadesenvolvimentista.

Sabemos que somente será possível obter resultadospositivos com o tratamento político da dívida. E estamoscertos de que os ilustres delegados das demais naçõesaqui presentes representarão em sua manifestação desolidariedade aos nossos países endividados uma contri­buição importante para que o pagamento dos nossosdébitos internacionais não se faça â custa da fome dasnossas comunidades, segundo muito bem expressou osaudoso Presidente Tancredo Neves.

Nosso povo vive o sacrifício imposto para petmitlfuma renegociação da dívida externa, mas sabe que essesacrifício atingiu o seu limite máximo. Impõe-se, agora.o encontro de soluções políticas para a questão queé, igualmente, das demais nações latino-americanas.algumas delas comprometidas, como a nossa, pela administração irresponsável de governos que não tiveramo respaldo popular das urnas e que arrebataram o poderatravés da força e da violência. Felizmente esta é umafase dolorosa de nossa história que vai ficando no passa­do, da mesma forma como ocorre com os povos irmãosdo Uruguai e da Argentina.

No pórtico de nosso livro sobre "A Interparlamentare dos Direitos Humanos", reproduzimos o pensamentode Albert Camus, segundo o qual "é preciso defendero diálogo e a comunicação universal dos homens unscom os outros" e que '"a servidão, a justiça e a mentirasão o flagelo que rompe essa comunicação e interditao diálogo".

Façamos deste plenário o grande auditório umversalno qual todos os povos tenham voz e tenham vez

Aqui se encontram irmanados com os mesmos nobre ....sentimentos representantes populares que receberamo batismo das urnas na consagração dos votos.

São, assim. legitimamente, os mandatários do ri lV( I

na expressão representativa de sua força reivindicatóriJ.,de sua fidelidade aos princípios da justiça social e d"consagração na defesa de um direito novo da comuni·

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dação, ou seja, do direito ao fato, melhor dizendo, dodireito ao conhecimento da verdade, em toda a suaamplitude.

Este Parlamento, já O declarei junto aos meus paresno Legislativo brasileiro, é um forum mundial quese constitui em patamar ecumênieo entre as nações parao debate pacífico e criador dos problemas que preocu­pam nossas terras e nOssas gentes, em seu objetivo deencontrar O equilíbrio entre a paz e o progresso.

Se aqui pregamos a substituição dos métodos medie­vais pela convivência pacífica entre os povos e o entendi­mento entre as nações é porque entendemos que a solu­ção dos problemas que nos afligem mundialmente sópoderá ser encontrada através desse diálogo, que é acaracterística democrática de uma sociedade ajustadaaos princípios do respeito à liberdade e à justiça.

Incumbiram-me os companheiros do Brasil de saudara cada um dos ilustres delegados, aqui reproduzindoas mcsmas preocupações de integração nacional quenos identifica; que nos faz soldados de uma causa co­mum e sacerdotes dessa missão histórica na construçãode um mundo melhor.

A verdade é que o mundo seria melhor se os nossosdirigentes pudessem colher resultados dessa prática nocontato constante com a comunidade e na experiênciado dia-a-dia com nossas populações, e aplicá-los naconstrução de uma sociedade justa, sem preconceitose sem privilégios.

E também é certo que se o preceito individual denão fazer aos outros o que não desejamos que nos façamfosse estendido às nações, a paz estaria mais próximae a humanidade mais feliz.

O Brasil vos saúda pela minha voz, fortalecendo acerteza de uma responsabilidade que nos é comum,e sempre honrosa, porque traz consigo a força dessaatribuição especial, do mandato popular - diria melhor- desse anseio popular que é exatamente igual emcada uma de nossas pátrias. Isso porque, nesta horade apreensões e de angústia, mas, felizmente, aindade esperança, não nos distinguem a cor, a língua oua geografia. Somos exatamente iguais na fé com quealimentamos o futuro de concórdia universal, irmãosque somos de um mundo que se toma cada vez menor,a aldeia global que nos faz não apenas vizinhos, masfntimos pelo sentimento e pela convivência fraterna.

DEPUTADO JORGE UEQUED (Delegado doBrasil à Conferência Interparlamentar) - Se. Presi­dente, Sres Delegados,

A existência da interparlamentar e a realização perió­dica de suas conferências é uma domonstração de quea sociedade organizada vai procurar, pela via pacífica,a solução de seus problemas. Temos assistido nas confe­rências a preocupação permanente pela pessoa humana,em qualquer ponto em que ela se encontre. Nos váriosdebates na busca pela paz, no trabalho insistente parapor fim aos pontos de conflito. Hoje, além do conflitono Orientc, os países subdesenvolvidos e os em desen­volvimento enfrentam uma outra guerra: é a batalhapara evitar o pagamento de sua dívidas externas, sejamotivo para o aumento da mortalidade infantil, do de­semprego, da violência urbana e da miséria.

Meu país, o Brasil, enfrenta um quadro doloroso,com uma dívida externa de 110 milhões de dólaresestamos remetendo ao exterior de 11 a 12 bilhões d~dólares ao ano, somente de juros.

Nosso saudoso Presidente Tancredo Neves declarou:"Não será com a fome, com o sangue e a miséria denosso povo que vamos honrar os compromissos da dívi­da externa", a frase do ex-Presidente enquadra-se noperfil de que nos últimos 5 anos, o Brasil, pagou 55bilhões de dólares a título de juros, cujas taxas aumen­tavam ao sabor e a ganáncia da sede insaciável dosbanqueiros internacionais. O governo decretou umamoratória, parcial é verdade, com o apoio de toda asociedade brasileira. Nosso país deseja atender seuscompromissos, mas não permitirá a espoliação e a insen­satez daqueles que investiram brutalmente contra nos­sas riquezas e nossa soberania.

O Brasil foi vítima do dinheiro fácil e barato. Quandosobravam dólares e taxas de juros internacionais, porisso mesmo, os juros oscilavam entre 4 a 6% ao ano,ofereceram-nos os recursos de que necessitávamos paracrescer, mas que sabiam que dificilmente teríamos con-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

dições de pagar. Feitos os financiamentos, assumidosos débitos os investimentos, as taxas de juros passarama subir, confiados nas taxas costumeiras do mercadointernacional, havíamos todos nós, latino-americanos,aceito a oferta de finaciamentos com juros ao sabordo mercado.

Os encargos subiram até chegarem a 20% ao ano,mais spreads e comissões, em 1981. A receita infalívelmais uma vez ocorrera: o terceiro mundo absolvia afatura da dissipação dos países industrializados que,ao contrário do que OCOrrera na crise de 29/30, podiatransferir em seus resultados negativos, para os paísesde economia periférica.

Q País caiu num esforço enorme de exportar a qual­quer custo, para obter superávits na balança comercial,para fazer frente, aos cada vez maiores encargos dadívida. Esse esforço exportador, com aumento da ofer­ta, e a procura reprimida pela recessão internacional,aliados a um conjunto de medidas protecionistas adota­dos pelos grandes mercados, fez com que se aviltassemos preços de nossos produtos. Assim, quanto mais ex­portarmos menos recebemos pelas nossas mercadorias,e os custos dessa aventura são todos lançados interna­mente e suportados pelo povo através do achatamentosalarial, da inflação galopante, da recessão, e da mi­séria.

Vieram os incentivos fiscais e creditícios, juros subsi­diados e crêditos fiscais simbólicos. Inúmeras merca­dorias foram exportadas a preço inferior ao custo deprodução, muitas nem cobrem o preço da matéria-primaempregada. Mas dizia-se: "Exportar é o que importa",e com tal política fomos fornecendo ao mundo desen­volvido artigos a preços muito inferiores aos que erampagos peJos habitantes do país, como ainda hoje acon­tece, embora em menor escala.

Nossa impontualidade passamos a pagar spreads maisaltos, numa autêntica contrataçáo de seguro contra ainadimplência. Passaram a nos exigir um verdadeiroprêmio de seguro contra o não pagamento. A tudoacrescemos à dívida, fazendo novas dívidas.

Mesmo com a redução do pagamento de parte dadívida externa, as reservas combiais do Brasil permane­ceram baixas, o desemprego passa a ampliar-se, os salá­rios iniciam na faixa dos 50 dólares mensais e, a econo­mia dá sinais de recessão. Enganam-se, neste quadro,os banqueiros internacionais por imaginarem que po­dem isolar o Brasil e pressionam o governo com ameaçasde retalhaçóes, para impor-nos condições que não te­mos possibilidades de cumprir.

O Ministro Bresser do governo José Sarney, tem oapoio da Nação para manter a moratória, para ampliá­la, como também para negociar a dívida. Deverá estarenegociação ser com spreads zero, com longo prazo,com período de carência. A proposta de conversão departe do capital em investimento no território brasileiroé uma das alternativas dos países subdesenvolvidos quepoderão adotar reservando-se a preservação da defesade sua soberania.

Quero saudar aos participantes desta conferência cmnome do meu país, ciente que todos somos irmãos,que buscamos a construção de um mundo melhor, deuma sociedade mais justa. sem miséria absotuta e semprivilégios. salientando que a utilização do capital nãopode ser a nova força de dominação e de colonização.Nesta aldeia global que vivemos hoje a solidariedadee o sentimento de convivência futura deverão ser abusca permantente.

O SR' PRESIDENTE (Irma Passoni) - Eslá findoo tempo destinado ao Pequeno Expediente.

Vai-se passar ao Horário de

v - COMUNICAÇÕES

DAS LIDERANÇASO Sr. José Elias - Se. PreSIdente, peço a palavra

para uma comunicação. Como Líder do PTB;OO3

Q SR PRESIDENTE (Irma Passoni) Tem a palavrao nobre Deputado.

O SR. JOSÉ ELIAS (PTB·- MS. Pronuncia o seguin­te discurso.) - Se' Presidente, Sr" e Srs. Deputados,

Li, com toda atenção, o Programa de Ação Governa­mental (PAG), para o período 1987/1991, recentemente

Novembro de 1987

apresentado à Nação pelo Exmo Sr. Presidente da Repú­blica.

Após essa leitura, pude constatar que o Programaoferece, no momento e no meu entender, talvez a únicaalternativa com a qual possamos encontrar, de formamenos traumática, o caminho para a solução dos proble­mas pelos quais passa a nossa economia.

Busca o planejamento de médio e longo prazos comoação permanente de Governo.

Nele são definidas as fontes de recursos que darãosuporte a sua execução, dentro de uma estratégia queelege como fundamental o arrefecimento da inflação,o crescimento do produto nacional e a distribuição deseus benefícios; a valorização do homem; a maximi·zação no aproveitamento dos recursos naturais; a absor­ção, adaptação, incorporação e desenvolvimento de tec­nologias básica e de ponta, priorizando a geração deemprego a acumulação de capital.

E verdade que a opinião pública brasileira tem de­monstrado certa incredulidade com relação a planosgovernamentais.

Porém o PAG nos traz uma nova esperança pelassuas condições favoráveis de exeqüibilidade, por apre­sentar uma forte conotação social ao defender de formaconsistente, de um lado, o esforço para manter umataxa de crescimento médio de 7% a.a, a partir de 1989,para o Produto Interno Bruto (PIB) e, de outro, estabe­lecer uma arrojada atuação em defesa do social, atravésde: adoção de medidas visando a uma melhor e maisjusta distribuição de renda; um severo controle nos gas­tos governamentais para evitar o desnecessário; um re­vigoramento do salário real do trabalhador; e a geraçãode 8,4 milhões de novos empregos, com a democra­tização dos resultados obtidos privilegiando, principal­mente, as camadas mais pobres da população.

Dessa forma, evidencia-se o cunho político demo­crático do PAG. A economia, por seu valor intrínseco,é uma função da política social. Sem uma economiasaudável, a política se instabiliza e não gera soluçãopara os conflitos sociais

Em curto prazo, o Plano Macroeconômico se conso­lida com o PAG, nos seus aspectos fundamentais decontrole e redução do déficit público e manutençãodos níveis adequadOS de poupança e investimento, assimcomo projeto de lei de orçamento, que estima a receitae fixa a despesa da União para o exercício financeirode 1988, na sua estratégia e nos seus objetivos e metas.

Q PAG é uma alternativa factível, que poderá condu­zir a economia brasileira a um patamar seguro, dentrodc um sistema dinâmico, racional e permanente deacompanhamento e correção de sua trajetória.

Na decisão política de defesa e execução do Programade Ação Governamental (PAG), está, evidentemente,a segurança de grande parte do êxito para o retornoda confiança e engajamento da sociedade brasileira nes­sc projeto, para que ele se transforme num grande pro­jeto nacional.

Bastante realista, sem grandes arroubos de projeçõesmegalomaníacas, mas com otimismo e confiança no fu­turo, o PAG enfatiza, detalhadamente, um quadroprospectivo da economia brasileira, com o crescimentoanual do PIB real de 5% em 1987. 6,0% em 1988,sustentando a média de 7% para os anos de 1989 a1991. Para tanto, isto é, para que sejam mantidos essespercentuais de crescimento, o PAG prevê uma taxamédia de investimento bruto e uma taxa média de pou­pança, ambas da ordem de 22,7%, além de.calcularcm 24,8% a taxa média de poupança doméstica e 5,2%de crescimento médio para o consumo privado.

A poupança externa necessária ao fechamento doquadro de investimento está dimensionada na médiaanual de 1,0% do PIB real, isto significando:

Ano US$ Bilhões1987 2,71988 3,01989 3,3?1990 3,71991 4~

1987-1991 16,7

Esse quadro indica certa vulnerabilidadc do Progra­ma diante da neceSSidade da boa condução das discus­sões em relação à nossa dívida externa. Esse é um assun­to delicado. É um desafio que o governo brasileiro pre-

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Novembro de 1987

cisa enfrentar concretamente, com coragem, compe­tência e visão.

Dentro dos limites do possível e do racional, a estra­tégia traçada no PAG para a metamorfose dos setoresprodutivos da economia (agricultura, indústria, minera­ção, energia, transportes, comunicação, ciência e tecno­logia), estimula sobremaneira a iniciativa privada comoo único agente capaz de garantir a prosperidade geralda sociedade.

A superfície de seu texto é bastante densa e consis­tente, mas, ao contrãrio de outros planos, de leituraagradável, compreensão fácil e boa digestibilidade.

Salienta, como opção clara, a necessidade de manu­tenção do crescimento sustentado, associado ao com­bate intensivo e sistemático de arrefecimento do pro­cesso inflacionário. Por isso, o esforço de investimentogovernamental será desenvolvido de forma conjugadacom o setor privado, visando a criar as condições neces­sárias à identificação racional dos projetos que possuamas mais altas taxas de retorno econômico-social e maisrápida maturação.

Governo e iniciativa privada complementar-se-ão embusca da eficiência e da eficácia, como única formadesejada no atendimento à oferta e demanda agregadas.

Por suas características de empregador e sua capaci­dade de dar respostas rápidas aos estímulos recebidoo setor agícola mereceu um capítulo especial no Pro­grama.

Em seu texto preconiza a reversão do baixo desem­penho ocorrido no setor, nos últimos anos, quando osegmento compreendido pelos alimentos básicos (arroz,feijão, mandioca, milho, batata, tomate, banana, leitee ovos) teve uma redução de 14,4%, na sua oferta percapita, enquanto o segmento que abrange os produtosconsiderados como de exportação (soja, café, cacau,algodão, fumo e laranja) experimentou crescimento de11,5%.

Prevê adoção de medidas que visem à utilização demecanismos de políticas de crédito rural, preços míni·mos e formação de estoques reguladores, objetivandoaumentar a produção e a produtividade, através da in­corporação de 20 milhões de hectares ao sistema deprodução até 1991, 11,6% em relação a 1986; empregoadequado de técnicas no uso do solo, aperfeiçoamentoda mão-de-obra e utilização de insumos modernos comofertilizantes, defensivos, máquinas e equipamentos.

Em termos de metas para expansão da área agrícola,o PAG prevê um crescimento para 1991, em relaçãoa 1986, de 90,9% com reflorestamento, 19,9% comlavoura de 7,1 % com pecuária.

Estabelece como estratégia para o setor o esforçoa ser desenvolvido no sentido de fortalecer a economiade mercado, reduzindo a participação governamentala níveis indispensáveis.

Em termos de geração de empregos, o setor agrícoladeverá contribuir com cerca de 2,9% a.a., tendo comofundamental a elevação da renda do trabalhador rurale do seu bem-estar social.

A ênfase dada ao social é digna de destaque especialcom diretrizes até certo ponto ambiciosas, mas perfeita­mente factíveis. O PAG prevê para o período198711991, a geração de 8,4 milhões de novos empregos;duplicação dos rendimentos de 40 milhões de brasi­leiros, pela elevação de seus salários reais e atravésdo beneficiamento por programas sociais específicos,como o Programa Nacional de Ação Comunitária eoutros programas de apoio aos bóias-frias, favelados,idosos e às populações rurais carentes.

Como resgate da dívida social, o PAG prevê chegara 1991 com a assistência social beneficiando 28,7 mi­lhões de pessoas, cerca de 14% da população brasileira.

Além disso, o governo buscará dar atendimento a36,0 milhões de menores perteocentes a famílias pobrescom renda familiar máxima de até dois salários-míni·mos. Desses, sete milhões são de menores abandona­dos.

Prevê também dar melhores condições acerca de 6,5milhões de idosos com renda inferior a dois saláriosmínimos .. Em síntese, o Programa de Ação Governamental­

elaborado após extensa consulta realizada em todos ossegmentos da sociedade brasileira pela equipe têcnicada Secretaria de Planejamento da Presidência da Repú­blica, que tem a direção do Ministro Aníbal Teixeira

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

- necessita do apoio e engajamento de toda a sociedadebrasileira, principalmente através de seus representan­tes nesta Casa. Esse apoio deverá prolongar-se atravésdo acompanhamento e fiscalização de sua execução,oferecendo sugestões e subsídios para o enriquecimentoe correção do Programa, visando a que os benefíciosa serem obtidos alcancem realmente as classes sociaismais necessitadas.

Significa, em última análise, contribuir para a recons­trução de um novo País, através do fortalecimento desua economia com a sustentação do seu crescimento;participar no incentivo à racionalização e aperfeiçoa­mento do sistema de produção e troca; ajudar no fomen­to à iniciativa privada como processo cumulativo decapital e modernização tecnológica; influir para a ado­ção de rigoroso controle do orçamento, principalmenteem relação aos encargos financeiros das dívidas internae externa; e apoiar a busca incansável da eficiênciae eficácia no desempenho da máquina administrativa.

O Sr. Amaury Müller - Sr. Presidente, peço a pala­vra para uma comunicação, como Líder do PDT.

ASR' PRESIDENTE (Irma Passoni) - Tem a palavrao nobre Deputado.

O SR. AMAURY MÜLLER (PDT -RS. Sem revisãodo orador) - Sr' Presidente, para não fugir ao hábito,gostaria de tecer mais algumas críticas à indefensávelNova República.

Os veículos de comunicação social, a mídia escritae a mídia eletrônica anunciam que uma equipe governa­mental negocia com os credores esternos uma saídapara a difícil e complexa questão da dívida externa.E já se diz que o' Brasil, que declarou a moratóriaem fevereiro deste ano - mioto mais por constran­gimento cambial do que por um gesto de soberania- estaria disposto a, num ato de boa vontade, pagar500 milhões dos 4 bilhões e 700 milhões de dólaresde juros que deveria resgatar neste ano, para receberem troca 1 bilhão e meio de dólares entregá-los imedia­tamente à agiotagem internacional, em nome do povobrasileiro, que não foi ouvido em momento algum. Enão foi ouvido também quando o Governo decidiu,sem consultar inclusive a Assembléia Nacional Consti­tuinte, que elabora uma nova Carta Magna, autorizara transformação de parte dessa dívida externa em capitalde risco, escancarando as portoas da economia brasi­leira ao saque, à pilhagem do capital internacional.

Agora, Sr' Presidente, correm notícias de que o Go­verno estaria propondo aos banqueiros estatais, vulne­rando ainda mais a economia deste País ao capital es­trangeiro. Não posso crer, Sr' Presidente, que o Dl.José Sarney, que tantos e tão solenes compromissosassumiu com a História e com o povo deste País, estejapraticando ou tentando praticar esse verdadeiro crimede lesa-Pátria.

A Petrobrás que constitui o marco histórico de liber­tação econômica deste País por força de uma políticaequivocada, exibe um perigoso déficit. A Eletrobráse várias outras empresas estatais, outrora estáveis, estãotambém numa situação aaflitiva, por má gerência, pormá administração, depois que os militares assaltaremo poder e violentaram a Carta Constitucional.

Náo quero atribuir toda essa culpa ao SI. José Sarneye à sua alegre equipe de irresponsáveis. Mas, de qual­quer maneira, é um fato muito grave que a Liderançado PDT deseja denunciar à Nação e ao povo: a transfor­mação de parte dessa dívida em capital de risco nasempresas estatais; com isso estaremos entregando, demão beijada, numa bandeja de ouro, o que ainda retada economia, do patrimônio comum do povo brasileiroe da própria dignidade deste Paí'.;

O Sr. Genebaldo Correia - Sr. Presidente, peço apalavra para uma comunicação. Como Líder do PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Tem a pala­vra o nobre Deputado.

oSR. GENEBALDO CORREJA (PMDB - BA. Semrevisão do orador.) -SI. Presidente, em nome da Lide­rança do PMDB, quero tecer considerações sobre asreferências feitas pelo nobre Deputado Aamury Müllerà negociação levada a efeito pelo Ministro Bresser Pe­reira e sua equipe no que diz respeito à dívida externabrasileira.

Quarta-feira 4 3341

Essa fase da negociação vem-se desenvolvendo hálongos e penosos meses, depois de uma atituda corajosado Governo, ao declarar a moratória, atitude à qualo Deputado Amaury MÜLLER e seu partido faltaramcom O apoio que merecia assim como, o Governo naque­le intante, justamente para se sentie mais forte e nego­ciar em melhores condições com os credores estran­geiros. O Ministro Bresser Pereira inicia uma fase quecaracteriza pelo pagamento simbólico que quinhentos­milhões de dólares, com a contrapartida de um bilhãode dólares em empréstimos, que se somariam a umoutro depósito, no final de dezembro, de mais de umbilhão de dólares por parte do Brasil, com uma contra­partida de mais dois bilhões de dólares, formando, por­tanto, cerca de quatro bilhões e meio de dólares. Masessas negolciações sé se completariam se efetivamenteduas condições essenciais fossem atendidas, conformadeclaração do Ministro Bresser Pereira, isto é, os credo­res aceitassem a negociação com o Brasil independen­temente do FMI e se aceitassem também a emissãode títulos com deságio, conforme proposto pelo Go­verno Brasileiro. Se essas duas condições não foremaceitas, evidentemente, essa tentativa de negociaçõesestará frustrada. de maneira que ainda não há um negó­cio fechado e não haveria, até o final do ano, sc nãofossem atendidas aquelas condições que o Brasil desejaEsse depósito não significa, ainda, a suspensão da mora­tória. Quero dizer, em referência a outra questão aquIlevantada pelo eminente Deputado Amaury Müller.que evidentemente estamos vivendo um momento demuita dificuldade com essa questão da dívida externa.e que o Ministro BVresser Pereira tem demonstradomuita firmeza, muita responsabilidade e seriedade nessanegociação. A ela não está vinculada em absoluto. ques­tão da conversão da dívida. O nosso Partido tem umaposição sobre essa conversão da dívida externa elasé será possível através de uma manifestação do Con­gresso Nacional, em que se estabeleçam o volume destaconversão e as áreas onde serão admitidos os investi­mentos necessários a ela. Esse é o pensamento de nossoPartido, e nenhuma outra medida terá a nOssa susten­tação.

VI- APRESENTAÇÃODE PROPOSIÇÕES

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Os Srs.Deputados que tenham proposições a apresentar. quei­ram fazê-lo.

VICTOR FACCIONI - Projeto de lei que dispõesobre a comprovação de habilitação profissional dosresponsáveis pelos balanços e demonstrações técnico­contábeis apresentados ao Tribunal de Contas.

- Requerimento de urgência na tramitação do re­querimento, apresentado em 6.10.87, de constituiçãode Comissão Mista para acompanhar o desdobramentodas negociações do Governo brasileiro com o objetivode promover a ampliação do intercãmbio comercial.cultural, político, tecnológico e o livre comércio comos demais países da América do Sul.

FRANCISCO AMARAL - Projeto de resoluçãoque dá o nome de "Senador Auro de Moura Andrade"ao hall da entrada subterrânea do Edifício prinCipaldo Congresso Nacional.

VII - ENCERRAMENTO

O SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Nada maisuavendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES.

Acre

Francisco Diógenes - PDS; Geraldo Fleming ­PMDB; Maria Lúcia - PMDB; Narciso Mendes ­PDS; Osmir Lima - PMDB; Rubem Branquinho -PMDB. .

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3342 Quarta-feira 4

AmazonllS

Eunice Michiles - PFL; Ézio Ferreira - PFL· SadieHauache - PFL '

Rondônia

Expedito Júnior - PMDB.

Pará

Asdrubal Bentes - PMDB; Benedicto Monteiro­PMDB; Carlos Vinagre - PMDB; Dionísio Hage ­PFL; Dommgos Juvenil - PMDB; Eliel Rodrigues ­PMDB; Fausto Fernandes - PMDB; Fernando Velas­co - PMDB; Gabriel Guerreiro - PMDB; GersonPeres - PDS; Paulo Roberto - PMDB.

Maranhão

Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar ­PMDB; Davi Alves Silva - PDS; Eliézer Moreira ­P~L; Onofre Corrêa - PMDB; Sarney Filho - PFL;Victor Trovão - PFL; Vieira da Silva - PDS.

Piauí

Heráclito Fortes - PMDB; Mussa Demes - PFL;Myriam Portella - PDS; Paulo Silva·- PMDB.

Ceará

Carlos Benevides - PMDB; Carlos Virgílio - PDS;Firmo de Castro - PMDB.

Rio Grande do Norte

Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL·Henrique Eduardo Alves - PMDB; Jessé Freire --'PFL; Wilma Maia - PDS.

Paraíba

Adauto Pereira - PDS; Cássio Cunha Lima ­PMDB; Edivaldo Motta - PMDB; Evaldo Gonçalves- PFL; José Maranhão - PMDB.

Pernambuco

Fernando Bezerra Coelho - PMDB; Geraldo Melo- PMDB; Joaquim Francisco -PFL; José Carlos Vas­concelos - PMDB; José Jorge - PFL; José MendonçaBezerra - PFL; Luiz Freire - PMDB; Maunlio Fer­reira Lima - PMDB; Osvaldo Coelho - PFL; WilsonCampos - PMDB.

Alagoas

Antonio Ferreira - PFL; Renan Calheiros ~PMDB; Vinicius Cansanção - PFL.

Sergipe

Antonio Carlos Franco - PMDB; Bosco França ­PMDB; Cleonâncio Fonseca - PFL; Djenal Gonçalves-PMDB.

Babia

Benito Gama - PFL; Fernando Gomes - PMDB;França Teixeira - PMDB; Jairo Azi - PFL; JoaciGóes - PMDB; Joáo Carlos Bacelar - PMDB; LuisViana Neto -PMDB; Manoel Castro - PFL; MarceloCordeiro - PMDB; Milton Barbosa - PMDB; NestorDuarte - PMDB.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Espírito Santo

Hélio Manhães - PMDB; Lezio Sathler - PMDB;Rose de Freitas - PMDB; Vasco Alves - PMDB;Vitor Buaiz - PT.

Rio de Janeiro

Aloysio Teixeira - PMDB; Álvaro Valle - PL;Anna Maria Rattes - PMDB; Arolde de Oliveira ­PFL; Benedita da Silva - PT; Bocayuva Cunha ­PDT; César Maia - PDT; Edésio Frias - PDT; Edmil­son Valentim - PC do B; Flavio Palmier da Veiga- PMDB; Francisco DorneIles - PFL~ Gustavo deFaria - PMDB; Jorge Leite - PMDB; José CarlosCoutinho - PL; José Luiz de Sá - PL; Juarez Antunes- PDT; Messias Soares - PMDB; Noel de Carvalho- PDT; Osmar Leitão -- PFL; Roberto D'Ávila -PDT; Roberto Jefferson -- PTB; Ronaldo Cezar Coe­lho - PMDB; Rubem Medina - PFL; Sotero Cunha-PDC.

Minas Gerais

Aécio Neves - PMDB; Alysson Paulinelli - PFL;Carlos Mosconi - PMDB; Gil César - PMDB; HélioCosta - PMDB; Mário Bouchardet - PMDB; Máriode Oliveira - PMDB; Maurício Campos - PFL; Mau­ro Campos - PMDB; Mello Reis - PDS; Milton Lima- PMDB; Paulo Almada - PMDB; Raul Belém ­PMDB; Roberto Brant -- PMDB; Ronaldo Carvalho- PMDB; Sergio Naya -- PMDB.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho - PDT; Afif Domingos- PL; Antônio Salim Curiati - PDS; Caio Pompeu- PMDB; Cunha Bueno - PDS; Del Bosco Amaral- PMDB; Delfim Netto -- PDS; Dirce Tutu Quadros- PTB; Doreto Campanari - PMDB; Eduardo Jorge- PT; Fábio Feldmann - PMDB; Farabulini Júnior- PTB; Felipe Cheidde -- PMDB; Fernando Gaspa-rian - PMDB; Gumercindo Milhomem - PT; HélioRosas - PMDB; João Cunha - PMDB; João Herr­mann Neto - PMDB; José Camargo - PFL; JoséEgreja- PTB; José Maria Eymael - PDe; Luis Gushi­ken - PT; Maluly Neto- PFL; Mendes Botelho ­PTB; Roberto Rollemberg - PMDB; Samir Achôa-PMDB.

Goiás

Lúcia Vãnia - PMDB; Maguito Vilela - PMDB;Paulo Roberto Cunha _. PDC; Roberto Balestra ­PDC.

Distrito Federal

Márcia Kubitschek - PMDB.

Mato Grosso

Júlio Campos - PFL; Osvaldo Sobrinho - PMDB·Percival Muniz - PMDB. '

Mato Grosso do Sul

Ivo Cersásimo - PMDB; Levy Dias - PFL' ValtePereIra -PMDB. ' r

Paraná

Airton Cordeiro - PDT; Alarico Abib - PMDB;Antônio Ueno - PFL; Darcy Deitos - PMDB; ErvinBonkoski - PMDB; Jacy Scanagatta - PFL; José Car­los Martinez - PMDB; Matheus Iensen - PMDB·Mattos Leão - PMDB; Maurício Fruet - PMDB;

Novembro de 1987

Max Rosenmann - PMDB; Nilso Sguarezi - PMDB;Osvaldo Macedo - PMDB; Renato Bernardi ­PMDB; Renato Johnsson - PMDB; Santinho Furtado- PMDB; Waldyr Pugliesi - PMDB.

Santa Catarina

Alexandre Puzyna - PMDB; Artenir Werner ­PDS; Eduardo Moreira - PMDB; Paulo Macarini ­PMDB; Victor Fontana - PFL; Walmor de Luca ­PMDB.

Rio Grande do Sul

Erico Pegoraro - PFL; Floriceno Paixão - PDT;Hermes Zaneti - PMDB; Hilário Braun - PMDB;Irajá Rodrigues - PMDB; Ivo Lech - PMDB; IvoMainardi - PMDB; Jorge Uequed - PMDB; OlívioDutra - PT; Paulo Paim - PT; Rospide Netto ­PMDB; Telmo Kirst- PDS; Vicente Bogo - PMDB.

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Encerroa sessão, designando para a Sessão Extraordinária dequinta-feira. dia 5, às 21:lXI horas, a seguinte:

ORDEM DO DIA

IX- Encerra-se a Sej·são ãs 22 horas e 30 minutos.

ATOS DA MESA

APOSENTADORJA

A Mesa da Cámara dos Deputados, no uso das atri­buiçôes que lhe conferem o artigo 14, inciso VI, doRegImento Interno e o artigo 102 da Resolução n° 67,de 9 de maio de 1962, resolve, nos termos dos artigos101, item 111, e 102, item I, alínea "a", da Constituiçãoda República Federativa do Brasil, combinados comos artigos 183, item lI, alínea "a", e 186, item I. alínea"a" da Resoluçáo n' 67, de 9 de maio de 1962, concederaposentadoria a Sylvio Rômulo Guimarães de Andrade,no cargo de Técnico Legislativo, CD-AI-Oll, ClasseEspecial, Referéncia NS. 25, do Quadro Permanenteda Câmara dos Deputados, com as vantagens previstasno artIgo 171 da Resolução n' 67. de 9 de maio de1962, combinado com artigo 3' da Lei n' 5.902. de 9de julho de 1973; no artigo 2', § 2', da Lei n' 6.325,de 14 de abril de 1976; no artigo 2', § 1', da Resoluçãon' 1, de 7 de março de 1980; no artigo 7" da Resoluçãon' 1, CItada, combmado com O artigo 7" da Lei n" 6.907,de 21 de maio de 1981; no artigo 165, item VIII, damencionada Resolução n' 67, combinado com o artigo5" da Resolução n' 38, de 24 de outubro de 1983· noartigo 3" da Resolução n" 5, de 28 de main de 1985·no artigo I' da Resolução n' 6, de 4 de junho de 1985:e no artigo I" da Resolução n" I, de 18 de julho de1987.

Câmara dos Deputados, 3 de novembro de 1987. ­Ulysses Guimarães, Presidente da Cãmara dos Depu­tados.

EXONERAÇÃO

A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atri­buiçôes que lhe conferem o artigo 14, inciso V, doRegimento Interno e o artigo 102 da Resolução n' 67,de 9 de maio de 1962, resolve conceder exoneração,de acordo com o artigo 137, item I, § 1', item I, dacitada Resolução, a Sylvio Rômulo Guimarães de An­drade, Técnico Legislativo, Classe Especial, ponto no1169, do cargo de Chefe de Gabinete, CD-DAS-I01.4,do Quadro Permanente da Câmara dos Deputados, queexerce no Gabinete do Líder do Partido DemocráticoSocial.

Câmara dos Deputados, 3 de novembro de 1987. ­Ulysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Depu­tados.

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MESA UDERANÇAS

MAIORIA MúioAssad PTPresidente:

PMDBePFL Ricardo Izar Líder:UI,.. G......... - PMDB Sandra Cavalcante Lalz lII6eio LaIa da Sln

Lider: Erico Pegoraro Vice-Líderes:1'-Vice-Presidente: C.....S...'Aau Jesus Tajra Plínio Arruda Sampaioao.ero SIIItGI - PFL Sarney Filho J~ GenoínoPMDBDionísio Hage

20-Vice-Presidente: Líder:Ibcré Ferreira PL

P.Io M-...e - PMOB L_HnriqueJ~ Thomaz Nonil Líder:

Vice-Líderes: Lucio Alcântara Adolfo Ollnnl'-Sccrctúio: João HeRDaDD Nete Stélio Dias

Vice-Líder:PIleI ele A...... - PMDB Miro Teixeira Luiz Eduardo

Ibsen Pinheiro PDSAfif Domingos

2t-Seaetúio: Ubiratan Aguiar Líder: PCdoBAIMrIco CordeIro - PFL Walmor de Luca Amaral Netto LíderPaulo Ramos Vice-Líderes: AIdoAnmtes

3'·Sceretúio: Genebaldo Correia Bonifácio de Andrada Vice-LíderEduardo BomfimBendito Forta - PMDB Maurílio Ferreira Lima

Adylson MottaRodrigues Palma

PDCMárcia Kubitschek PDTLíder:4··Secret4rio:

Carlos Mosconi Líder:C..... BaeDO - Pl).lilCarlos Vinagre BnmcIio Monteiro Siqueira C"'poI

Maguito Vilela Vice-Líderes: Vice-Líderes.Naphatali Alves

Amaury Müller J~ Maria EymaelRaimundo Bezerra

Vivaldo Barbosa Roberto BalestraGeraldo Alckmin Filho

Adhemar de Barros FilhoSUPLENTES Cid Carvalho PCBRospide Neto Airton Cordeiro

Líder:José Costa PTf: RoIJerto Freire

Duo Coimbra - PMDB Sérgio Spada Líder:

PFL Gastone Ri&hi Vice-Líderes:

Mendes Botelho - PTB Líder: Vice-Líder: Fernando Santana

JoIi! Lourenço Joaquim BevilácquaAugusto Carvalho

Irma ..... - PT Vice-Líderes: Sólon Borges dos Reis PSBAlceni Guerra Ottomar Pinto Líder:

0PalcI0 AlmeIda - PL Inocêncio Oliveira Roberto Jefferson Beth Azize

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DIARIO DO CONGRESSO NACIONALPREÇO DE ASSINATURA

(Inclusa as despesas de correio)

SEÇÃO I (Câmara dos Deputados)

Semestral............................... Cz$ 264,00Despesa c/ postagem Cz $ 66,00

(Via Terrestre)TOTAL 330,00

Exemplar Avulso 2,00

SEÇÃO 11 (Senado Federal)

Semestral............................... Cz$ 264,00Despesa c/ postagem Cz$ 66,00

(Via Terrestre)TOTAL 330,00

Exemplar Avulso 2,00

Os pedidos devem ser acompanhados de Cheque pagável em Brasília

ou Ordem de Pagamento pela Caixa Econômica Federal- Agência - PS - CEGRAF,

conta corrente n'? 920001-2, a favor do:

CENTRO GRÁFICO DO SENADO FEDERAL

Praça dos Três Poderes - Caixa Postal 1.203 - Brasília - DF.CEP: 70.160

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REVISTA DEINFORMAÇÃO

LEGISLATIVA N°· 94Estã circulando o n9 94 (abril/junho de 1987) da Revista de Informação Legislativa, periódico tri­

mestral de pesquisa jurldica, editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 368 pãg.nas, contém as seguintes matérias:

A Constituição do Império - Paulo BonavidesA Constituição de 1934 - Josaphat MarinhoA transição constitucional brasileira e o Antepro­jecto da Comissão Afonso Arinos - Jorge Mi­randaMudança social e mudança legal: os limites doCongresso Constituinte de 87 - José Reinaldo deLima LopesA Constituição em questão - Edu'ardo Silva CostaO bicentenário da Constituição americana - Ri­cardo Arnaldo Malheiros FiuzaConstituinte e a segurança pública - José Alfre­do de Oliveira BarachoRelações exteriores e Constituição - Paulo Ro­berto de AlmeidaOs novos Estados como novos atores nas rela­ções internacionais - Sérgio França DaneseO Ministério Público Federal e a representaçãojudicial da União Federal - Edylcéa Tavares No­gueira de PaulaConstituinte e meio ambiente - Paulo AffonsoLeme Machado

Interesses difusos: a ação civil pública e a Cons­tituição - Alvaro Luiz Valery MirraSuspensão da executoriedade das leis - CarlosRoberto PelJegrinoNatureza das decisões do Tribunal de Contas ­J. CretelJa JúniorApontamentos sobre imunidades tributárias à luzda jurisprLKIência do STF - Parte 2: A imunidadetributária <:los partidos políticos e das instituiçõesde educação - Ruy Carlos de Barros MonteiroDias feriados - Sebastião Baptista AffonsoDo voto distrital - Paulo GadelhaA liberdade de culto'nO pleito de 15-11-86 - JesséTorres Pereira JúniorDerecho penal y derecho sancionador en el orde­namiento jurfdico espanol - Miguel Polaino Na­varreteAsistencia religiosa. Derechos religiosos de san­cionados a penas privativas <:le Jibertad - AntonioBeristainIntegração do preso (condenado) no convlvio so­cial - o modelo da APAC de São José dos Cam­pos - Arm~a Bergamtni Miotto

Avenda na Subsecretar.ade Edições Técnicas(Telefone: 211-3578)Senado Federal, anexo I- 229 'andarPraça dos Três Poderes70160 - Brasília - DF

PREÇO DOEXEMPLAR:CZ$ 40,00

Assinaturapara 1987:Cz$ 160,00(números 93 a 96)

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência daECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

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REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 95

(julho a setembro de 1987)

Está circulando O n'" 95 da Revista de Informação Legislativa, periódiCO trlmestra: df pesquisaJurídica editado pela Subsecretaria de Edições Tecnicas do Senado Federal

Este numero, com 360 páginas, contém as segUintes matérias

- Direitos humanos no BraSil - compreen­são teórica de sua história recente - José Rei.naldo de Lima Lopes

- Proteção Internacional dos direitos do ho­mem nos sistemas regionais americano e europeu- uma Introdução ao estudo comparado dos direi­tos protegidos - Clêmerson Merlin Cleve

- TeOria do ato de governo - J. CreteUaJúnior

- A Corte Constitucional - Pinto Ferreira

- A Interpretação constitucional e o controleda constitucionalidade das leiS - Maria HelenaFerreir. d. CfImara

- TendênCias atuais dos regimes de governo- Raul Machado Horta

-- Do contencIoso administrativo e do processo administrativo - no Estado de Direito ­A.e. Cotrim Neto

- Ombudsrnan ~- Carlos Alberto Proven.ciano Gallo

- Liberdade capitalista no Estado de Direito- Ronaldo Poletti

- A Constituição do Estado federal e das Uni-dades federadas - Fernanda Dias Menezes deAlmeida

- A distribUição dos tributos na FederaçãobraSileira - Harry Conrado Schüler

- A moeda naclonai e a ConstitUinte - Let,­cio Jansen

- Do tombamento - uma sugestão à As­sembléia NaCional Constituinte - Na'"~_no

- Facetas da "Comissão Afonso Arinos" _e eu ,- Rosah Russomano

- Mediação e bons ofiCIOS -- conSideraçõessobre sua natureza e presença na hlstóna da Amé­rica Latina -- José Carlos Brandi Aleixo

- Prevenção do dano nuclear - aspectos Juri­diCaS - Paulo Affonso Leme Mae~

A venda na Subsecretariade Edições Técnicas ­Senado Federal, anexo I,22' andar - Praçados Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DF- Telefone, 211-3578

PREÇO DOEXEMPLAR:

Cz$ 40,00

ASSinatura para 1987(n" 93 a 96) Cz$ 160,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à SUbsecretaria de Edições Técni­cas do Senado Federa! ou de vale postal remetido à AgênCia ECT Senado Federal _ CGA 470775.

Atende-se. tambem, pelo sistema de reembolso postal

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REVISTA DEINFORMAÇÃO

LEGISLATIVA N9 93Está circulando o nll 93 (janeiro/março de 1987) da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral

de pesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.Este número, com 344 páginas, contém as seguintes matérias:

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTEInstalação - Ministro José Carlos Moreira AlvesCOLABORAÇÃOA Constituição brasileira de 1934 e seus reflexosna atualidade - Pinto Ferreira

Excessos da instabilidade constitucional - CláudioPachecoBicameralismo ou unicameralismo? - Alaor BarbosaOrigem, conceito, tipos de Constituição, Poder Cons­tituinte e história das Constituições brasileiras - Car­los Roberto RamosLiberdades públicas - Geraldo AtalibaO partido político na Constituição - Ronaldo PolettiO Ministério Público na Constituição - proposta deenquadramento - José Dilermando MeirelesApontamentos sobre imunidades tributárias à luz dajurisprudência do STF - Ruy Carlos de Barros Mon­teiro

A concepção cristã da propriedade e sua função so­cial - A. Machado PaupérioA Justiça Agrária na Constituinte de 87 - OtávioMendonça

Justiça Agrária: proposta à Assembléia NacionalConstituinte - Wellington dos Mendes LopesA natureza especial da Justiça do Trabalho e suaorigem democrática - Júlio César do Prado LeiteA proteção jurídica das comunidades indígenas doBrasil - AntOnio Sebastião de Lima

O controle dos contratos administrativos. Questõesconstitucionais - José Eduardo Sabo PaesDo regime jurídico dos encargos moratórios no siste­ma financeiro após a reforma monetária - ArnaldoWaldRegulamentação do Estudo de Impacto Ambiental- Paulo Affonso Leme Machado

Avenda na Subsecretariade Edições Técnicas­(Telefone: 211-3578)Senado Federal, anexo I221' andarPraça dos Três Poderes70160 - Brasília - DF

PREÇO DOEXEMPLAR:Cz$ 40,00

Assinaturapara 1987:Cz$ 160.00(números 93 a 96)

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicas do SenadoFederal ou de vale postal remetido à Agência da ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

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EDIÇÃO DE HOJE: 24 PÁGINAS

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