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2 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch

Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida

Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão

Colaboradores:

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorBruno CosmeHeronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - São Paulo - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.

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32ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

SumárioAcesso do Corretor: O acesso em unidades autônomas no condomínio edilício .......... 9

Anulação de Compra e Venda: Qual o prazo prescricional para anular um contrato? .. 8

Avaliação de Imóvel: Feita pelo Município, deverá ser sobre o terreno ou tambémsobre a área construída? .......................................................................................... 28

Alienação Fiduciária: Consolidação da propriedade e a Quitação ulterior da dívida .... 30

Danos em Estrutura de Imóvel: Segundo o proprietário, detonações de rochasfeitas por empresa causaram danos ......................................................................... 29

Despesas Condominiais: Herdeiro do espólio pode ser cobrado? ................................ 13

Despesas da Garagem: Quem deverá arcar com as despesas de iluminação? ............. 12

Direito de Vizinhança: Você sabe o que é? .................................................................. 26

Fiador: Não é responsável por acordo feito entre locador e locatário ......................... 19

Hipoteca: É necessário o reconhecimento de firma, em caso de cancelamentosde hipotecas ............................................................................................................. 30

Imóvel diferente da Planta: Como devo proceder? ...................................................... 5

Indenização pela Desapropriação: De terreno deve ser condizente com o valor deimóvel similar, na mesma região .............................................................................. 25

Laudêmio e Taxa de Ocupação: Regulamentação relativa aos imóveis depropriedade da União ............................................................................................... 34

Locação Comercial: Rescisão da locação com multa por quebra de contrato ede aluguéis, cujos pagamentos não foram comprovados ......................................... 20

Multa Conjunta a Condômino: Posso retroagir da multa conjunta e aplicá-lasindividualmente? ...................................................................................................... 11

Multas no Contrato de Locação: E suas espécies ......................................................... 15

Negativa de Cancelamento de Averbação: Oficial do Registro de Imóveis se negoua cancelar a averbação do contrato de locação ........................................................ 24

Prestação de Contas de Ex-Síndica: Tem o dever de prestar contas sobre operíodo em que administrou o condomínio .............................................................. 14

Registro de Incorporação: Pode ser feito através de procuração? .............................. 23

Rescisão de Compra e Venda: Cláusula que previa a rescisão com a perda detodos os valores pagos em caso de inadimplência do comprador ............................ 7

Retificação de Registro: Como funciona? Parte II - Final ............................................ 21

Sociedade de Propósito Específico: É necessária a transferência de terreno quandoo proprietário faz parte da sociedade? ..................................................................... 34

Indíce de Correção Monetária ...................................................................................... 35

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52ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Imóvel diferente da PlantaImóvel entregue diferente da planta.

Como devo proceder?

Mariana Cristina Galhardo Frasson*

Você passa uma fase davida economizando e ideali-

zando a casa própria e quan-

do consegue aquele famoso“pé de meia”, passa a procu-

rar no mercado imobiliário um

imóvel que atenda às suas ne-cessidades. Hoje, em vista da

dificuldade em encontrar um

terreno urbano e do alto valorque para ele é solicitado, vem

aumentando a procura por

apartamentos que ofereçamum preço melhor, além da se-

gurança e conforto.Mas, mesmo que você não

construa e tome todos os cui-

dados ao comprar um aparta-mento, imprevistos podem

acontecer, como por exemplo,

aquele belo apartamento quevocê comprou ser entregue

bem diferente daquele que

constava na planta ou na pro-paganda de venda.

De início, o comprador deve

ter conhecimento de que a re-lação que possui com o ven-

dedor é de consumo, confor-

me previsto no art. 2º e 3º doCódigo de Defesa do Consu-

midor – CDC, já que a cons-

trutora comercializa, no mer-cado de consumo, bem imóvel

adquirido pelo consumidor, queé o destinatário final desse

negócio.

Nesse sentido, via de regra,quando o consumidor adquire

um imóvel, na planta ou em

construção, a incorporadorautiliza-se de imagens, folhetos,

maquetes e modelos para con-

quistar o consumidor, fazendo-o acreditar que aquilo real-

mente representa o que ele vai

adquirir.Essa apresentação ao con-

sumidor se trata do direito àinformação que está relaciona-

do à função social e à boa-fé

que juntamente com a liber-dade contratual, impõe a ne-

cessidade de transparência em

todas as fases da contratação:desde o momento pré-con-

tratual, passando pela forma-

ção e execução do contrato,até o momento pós-contratual,

conforme prevê o art. 6º,

inciso III do CDC.O STJ possui entendimento

no mesmo sentido, entenden-

do que toda informação que érepassada ao consumidor in-

tegra o próprio conteúdo do

contrato (REsp 1121275/SP).Portanto, se a incorpora-

dora, a construtora ou a imo-biliária anunciarem determina-

do imóvel a venda, a publici-

dade deve refletir fielmente arealidade anunciada, em ob-

servância aos princípios do

Código do Consumidor, quereflete a imposição da trans-

parência e da boa-fé nos mé-

todos comerciais, na publicida-de e nos contratos (art. 30 do

CDC).

Assim sendo, o fornecedorde produtos ou serviços, obri-

ga-se nos exatos termos dapublicidade veiculada, sendo

certo que essa vinculação ou

veiculação estende-se tambémàs informações prestadas por

funcionários ou representantes

do fornecedor, como por exem-plo o corretor de imóveis.

Desta forma, se aquele imó-

vel que você adquiriu restoudiferente daquele apresentado

no projeto, houve falta de

transparência no negócio epropaganda enganosa, ainda

mais se em nenhuma oportu-

nidade você, como consumi-dor, foi consultado da possível

alteração do projeto arquite-

tônico, seja por necessidadeestrutural ou estética, tendo a

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6 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Imóvel diferente da Planta

construtora realizado as alte-rações de forma unilateral e

diferente daquela apresentada

à você, adquirente no momen-to da compra, isso, à toda evi-

dência, constitui publicidade

enganosa, nos termos do art.37, caput, e § 3º, e § 1º, do

CDC.

Logo, a impossibilidade oua recusa de cumprimento da

oferta daquele imóvel que foi

apresentado ao consumidor,ainda que por equívoco no

anúncio, cria para o consumi-

dor a possibilidade de rescin-dir o contrato e receber a de-

volução dos valores pagos,

além de poder solicitar judi-cialmente indenização por per-

das e danos, nos termos do

art. 35 do Código de Defesado Consumidor.

O jurista Herman Benjamim

esclarece: A regra do Códigoé: “prometeu, cumpriu”. Mas,

e se o fornecedor recusar o

cumprimento da sua oferta oupublicidade? Ou, se ainda com

o mesmo resultado, não tiver

condições de cumprir o queprometeu? Em síntese, além

de uma série de outras provi-

dências, entre as quais a viapersecutória penal e a das san-

ções administrativas, o consu-

midor, em caso de oferta des-conforme com aquilo que o

fornecedor efetivamente se

propõe a entregar, tem a es-colha de três opções:

a) exigir o cumprimento for-

çado da obrigação;b) aceitar um outro bem de

consumo, equivalente;

c) rescindir o contrato fir-mado, cabendo-lhe ainda, a

restituição do que já pagou,

monetariamente atualizado, eperdas e danos (inclusive da-

nos morais). (BENJAMIN, An-

tônio Herman V., MARQUES,Claudia Lima e BESSA, Leonar-

do Roscoe. Manual de Direito

do Consumidor. São Paulo: Re-vista dos Tribunais, 2009).

À propósito, quanto à res-

ponsabilidade civil da repara-ção do prejuízo sofrido pelo

consumidor, temos que a em-

presa que intermediou a ven-da responde solidariamente

com a construtora, ou seja,

ambas respondem pelo resul-tado danoso, assim como to-

dos os intervenientes na ca-

deia de fornecimento, que in-

clui além da construtora, aincorporadora, a imobiliária e

o corretor de imóvel, consoan-

te o parágrafo único do art. 7ºdo Código de Defesa do Con-

sumidor.

Portanto, a não entrega doimóvel com as características

descritas no contrato, folders

ou por amostra por meio deapartamento modelo monta-

do pela construtora, caracte-

riza propaganda enganosa,podendo o adquirente reivin-

dicar danos morais ou pedir o

abatimento do preço em ra-zão do desacordo com o ma-

terial publicitário. E esta últi-

ma tem sido a alternativa maisescolhida pelos consumidores

que adquirem imóvel na plan-

ta, pois não querem ou nãopodem fazer as reformas ne-

cessárias para que o imóvel

chegue ao nível daquele quefoi prometido. Por fim, se isso

acontecer com você, procure

um advogado de sua confian-ça para que o sonho da casa

própria não vire um pesade-

lo!

* A autora é Advogada na Frasson, Finkler e Oliveira Advogados, em Toledo/PR.

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72ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Rescisão de Compra e Venda

Cláusula em contrato de compra e venda de imóvelprevia a rescisão com a perda de todos os valores

pagos em caso de inadimplência do comprador

Comentário do BDI: Trata-se de compromisso de compra e venda de duas áreas que faziam

parte de uma fazenda, com pagamento de sinal e prestações mensais.

O promitente comprador foi demitido e acabou tendo problemas financeiros, o que ocasionou o

atraso nos pagamentos mensais.

No contrato consta uma cláusula que prevê que em caso de falta ou atraso no pagamento,

haverá a rescisão contratual com a perda de todas as importâncias pagas.

O promitente comprador pediu a anulação dessa cláusula e a devolução dos valores que pagou

ao promitente vendedor.

O promitente vendedor sustentou a validade do contrato celebrado e que o promitente compra-

dor não merece ser ressarcido dos valores pagos, em razão do período em que permaneceu no

imóvel.

O Tribunal verificou que, conforme a análise do contrato há a indicação de que os valores foram

recebidos a título de sinal e de princípio de pagamento, o que indica se tratarem de arras

confirmatórias, que constituem um pacto anexo, cuja a finalidade é a entrega de algum bem ou

confirmar a obrigação assumida.

Tendo o promitente comprador dado causa à rescisão do contrato, não há direito à devolução

do “sinal”. Porém, considerando que o pagamento inicial representou quase metade do valor do

negócio, poderia ser utilizada a regra do art. 413 do Código Civil, reduzindo-se equitativamente a

penalidade, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça: “O comprador que dá causa

à rescisão do contrato perde o valor do sinal em prol do vendedor. Esse entendimento, todavia,

pode ser flexibilizado se ficar evidenciado que a diferença entre o valor inicial pago e o preço final

do negócio é elevado, hipótese em que deve ser autorizada a redução do valor a ser retido pelo

vendedor e determinada a devolução do restante para evitar o enriquecimento sem causa.

Entretanto, não foram demonstrados pelo promitente comprador quaisquer motivos para inva-

lidar a cláusula contratual pactuada entre as partes, e que deve se considerar que o mesmo

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8 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Rescisão de Compra e Venda

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Anulação de Compra e Venda

esteve na posse das áreas, o que justifica a retenção dos valores pelo período em que delas

usufruiu.

Assim, o promitente vendedor para evitar o enriquecimento sem causa, como mencionado

acima, foi condenado a devolver os valores pagos no montante de R$ 10.500,00, devidamente

acrescidos de correção monetária e juros de mora de 1% ao mês, ao promitente comprador.

Ementa: Apelação Cível. Direito Civil. Contrato de promessa de compra e venda de imóvel.

Pagamento parcelado. Cláusula contratual que prevê a perda de todos os valores pagos em caso

de inadimplência superior a três meses. Ausência de comprovação de qualquer defeito no negócio

jurídico capaz de possibilitar a anulação da cláusula discutida.

Dados da Decisão: TJRJ – Apelação n° 0007882-42.2016.8.19.0068 – Relator: Ricardo Alberto

Pereira – Data do julgamento: 12.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

Qual prazo prescricional para anularum contrato de compra e venda?

Celebrado o contrato de promessa de compra e venda de imóvel em 08/2006, para pagamento à

prazo, em seis parcelas (a última parcela foi paga em 02/2007).

A escritura do imóvel e o registro imobiliário ocorreram em 12/2007.

Em 07/2017, os vendedores propuseram ação anulatória do negócio jurídico.

Pergunta: O prazo prescricional é contado da data do pagamento da última parcela (02/2007),

do negócio jurídico ou da data da escritura e/ou registro imobiliário, em nome do comprador ou de

quem ele indicar?

Qual é o prazo prescricional para esta ação?

BDI Responde: Em regra, prescreve em quatro anos a pretensão de anular o negócio jurídico,

fundado em dolo, coação, erro ou fraude, sendo que o prazo passa a contar a partir do ato ilegal

cometido ou, em se tratando de pessoa incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.

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92ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Acesso do Corretor no Condomínio

O direito de acesso do corretor de imóveis emunidades autônomas no condomínio edilício

Éder Bolsonário*

O condomínio deve adotar

regras claras para o ingressode corretores e interessados

no imóvel anunciado, median-

te a identificação das partese apresentação pelo corretor

de autorização do proprietá-

rio. Atendidas essas exigên-cias, não é permitido ao con-

domínio impedir o ingresso,

sob pena do mesmo respon-der por eventual reparação de

perdas e danos.

I - DO CORRETORDE IMÓVEIS

O corretor de imóveis é a

pessoa física ou jurídica¹, de-vidamente registrada no Con-

selho Regional de Corretores

de Imóveis (CRECI), que atuana aproximação de uma ou

mais pessoas que desejam

contratar, recebendo pelo êxi-

to no negócio mediado umacontraprestação denominada

de comissão ou taxa de cor-

retagem².Na qualidade de profissio-

nal liberal³, o corretor exerce

sua atividade com liberdade eautonomia, mediante conhe-

cimento técnico especializado

obtido por Diploma de Técni-co de Transações Imobiliárias

(TTI)4, sendo sua profissão re-

gulamentada por Lei Federal5

e sujeita à fiscalização pelo

CRECI6.

II - DA ATIVIDADEMEDIADORA

Dentre as atividades do cor-

retor está aquela relacionada àdivulgação de imóveis, por

meio de anúncios em jornais,

revistas, planfletos, sites, por-

tais imobiliários, mídias sociais,e-mail marketing, Whattsapp e

outros, cuja a venda, locação

ou permuta deve ser expres-samente autorizada pelo pro-

prietário7.

Como resultado, o corretorcapta interessados e, após os

primeiros contatos e troca de

informações, motiva o preten-dente a realizar uma visita

para conhecer o imóvel anun-

ciado, tendo como objetivodespertar o desejo à aquisi-

ção, locação ou permuta, con-

forme o caso, negociando as-sim uma proposta para o fe-

chamento do negócio.

É neste momento, quandoo corretor tem que proceder

à visita no imóvel, que se ini-

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10 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Acesso do Corretor no Condomínio

cia a sua via crucis em rela-ção ao ingresso no Condomí-nio Edilício, onde, na maioriadas vezes, tem sua atividadeprofissional obstada por por-teiros e zeladores temerosose receosos em permitir a en-trada de pessoas desconheci-das, ante a onda de assaltose arrastões.

III – DO DIREITODO CONDOMÍNIO

EDILÍCIO EM EXIGIRIDENTIFICAÇÃO PARAACESSO NA UNIDADEÉ incontroverso que, por

ordem e determinação do sín-dico8, o porteiro ou zeladortem o dever de cumprir e fa-zer cumprir a ConvençãoCondominial e o RegimentoInterno, que estabelecem asregras de segurança e prote-ção interna dos condôminos,seus locatários e usuários.

Portanto, para que o cor-retor ingresse na unidade au-tônoma, mostra-se legítima aexigência, pelo porteiro ouzelador, da autorização escri-ta do proprietário e a exibi-ção do registro profissional docorretor do CRECI, isto é, me-diante a apresentação de suaCarteira de Identidade Profis-

sional, ou Cédula de Identi-dade Profissional, onde cons-ta a sua foto e os seus da-dos9.

Por outro lado, se não hou-ver autorização expressa doproprietário para o acesso docorretor na unidade autôno-ma, o porteiro ou o zeladornão estarão obrigados a libe-rar a entrada, mesmo que ocorretor detenha as chaves doimóvel e apresente a sua Car-teira ou Cédula de IdentidadeProfissional, justa,emteportratar-se de propriedade pri-vada sujeita a regras própri-as.

IV - DAS MEDIDASPROTETIVAS ADOTA-

DAS PELO CRECIHá que se realçar que o

CRECI, preocupado com a se-gurança e a tranquilidade dosmoradores e dos corretores,disponibiliza gratuitamenteum livro de registro de visi-tas, que permite ao Condomí-nio solicitar do corretor deimóveis informações sobredocumentos que comprovama veracidade de sua inscriçãoprofissional10.

Por meio deste livro, osCondôminos têm a certeza deque estão recebendo correto-res de imóveis devidamentecredenciados perante oCRECI, dificultando assim oacesso de pessoas mal inten-cionadas ou mesmo de pseu-docorretores, em benefício detodos que residem e perma-necem no edifício.

* O autor é Advogado, especialista em Direito Imobiliário, pela Fundação Getulio Vargas.Presidente da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico do Instituto dos Advogados do

Interior Paulista. Técnico em Transações Imobiliárias pelo Sindicado dos Corretores de Imóveis

do Estado de São Paulo. Corretor de Imóveis.

Nota do BDI: As notas deste artigo estão disponíveis na íntegra em www. diariodasleis.com.br

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112ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Multa Conjunta a Condômino

Posso retroagir da multa conjunta emcondomínio e aplicá-las individualmente?

“Atendendo à solicitação do Sr. Síndico, advertir-lhe por instalar antena em local não previsto

pela convenção; Conforme determina a mesma em seu o artigo 6º, letra “O”: “Não colocar apare-

lhos..., nem instalar quaisquer antenas fora do edifício, com exceção das instaladas no topo doprédio.”

A mencionada instalação irregular oferece risco de queda; o que fere o artigo 38, letra “J” da

convenção: ”colocar em peitoris… enfeites, plantas, etc..., que possam cair nas áreas internas ouexternas do prédio, tornando perigosa a passagem pelas mesmas;”

Tal prática contraria também o artigo 38, letra “M”: “colocar ou permitir que se coloquem... ou

quaisquer outros objetos estranhos à decoração geral do edifício;”Para tanto, será concedido o prazo de 24 horas para a retirada da antena mencionada. Sob pena

de multa, conforme prevê o artigo 59 da convenção. Além disso, na unidade em referência, advertir

por estarem fazendo uso de vaga de garagem não destinada ao uso da unidade em questão. Seráconcedido o prazo de 24 horas para que o fato não mais se repita.

Advertência também por:

1) Moradores desta unidade continuam chegando com as botas sujas de lama (barro/argila), esem o cuidado necessário, adentram ao condomínio, e sujam as áreas comuns.

2) Permanece o vazamento de óleo oriundo do veículo (VAN), utilizado por moradores desta

unidade, sujando o piso da garagem do prédio.Os fatos acima narrados contrariam o que preceitua a Convenção do Prédio, em seu capítulo II,

artigo 5, letra “B”: “… Usar e gozar das partes comuns do edifício, desde que não impeçam idêntico

uso ou gozo por parte dos demais condôminos...” e, capítulo VII, art. 44: “São deveres de cadacondômino, ocupantes, familiares e empregados, zelar pelo asseio e segurança do prédio...”.

Em 14.12.2017, foi enviado este comunicado de multa, sendo a mesma paga pelo condômino.

“Atendendo à solicitação do Sr. Síndico, comunicar-lhe que, em seu próximo boleto será cobradamulta, conforme determina o artigo 59 da convenção condominial: “Além das penas cominadas em

Lei, fica o condômino que, transitória ou eventualmente transgredir qualquer dos artigos previstos

nessa convenção e no regulamento interno, sujeito a multa de uma cota condominial ordináriavigente a época.”

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12 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Multa Conjunta a Condômino

O síndico gostaria que tivessem sido impostas uma multa para cada infração, ou seja:- 1 pela antena;

- 1 pelo barro sujando o prédio;

- 1 pelo óleo sujando a garagem;- 1 pela vaga de garagem.

Total: 4 multas.

Pergunta: Poderiam ter sido impostas as quatro multas? Pode-se retroagir e imputar mais trêsmultas?

BDI Responde: Deverão ser aplicadas as multas de acordo com o estabelecido na Convenção.Se o Condomínio aplicou apenas uma multa pelas quatro infrações, o Condômino multado poderá

alegar que houve a concordância do Condomínio.

Portanto, uma vez aplicada a multa, não há o que se falar em “retroagir”.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Quem deverá arcar com as despesas de iluminaçãoda garagem de um condomínio comercial?

Uma empresa de estacionamento comprou toda a área do estacionamento de um condomínioempresarial. Na convenção do condomínio diz: “Todas as despesas específicas e inerentes com a

operação do estacionamento, tais como manobristas e operadores caberão ao proprietário da refe-

rida unidade, que deverá manter seguro contra danos, isentando o condomínio de qualquer respon-sabilidade, ficando deste já assegurado a este o direito de regresso em face da operadora e desta

em face do causador do dano.

Pergunta: Gostaria de saber se a luz, usada para a iluminação do estacionamento no subsolo eda área externa seriam de competência desta empresa, uma vez que o rol citado na convenção

parece ser meramente exemplificativo?

BDI Responde: A empresa que adquiriu a área de estacionamento do condomínio se tornou

condômino, sujeitando-se às regras do Código Civil Brasileiro, que atribui ao condômino a obrigação

de arcar com as despesas de suas áreas exclusivas que lhes servem. Dessa forma, as despesas coma iluminação do estacionamento caberão à referida empresa, conforme art. 1.340 da Lei Civil.

Despesas da Garagem

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132ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Despesas Condominiais

Herdeiro do espólio pode sercobrado por despesas condominiais?

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de cobrança sobre as despesas condominiais.O condomínio ajuizou uma ação de cobrança contra o locatário, por débitos condominiais, que foi

julgada procedente em condenar os herdeiros do locatário ao pagamento das despesas atrasadas,

além das vencidas no decorrer do processo jurídico, já que o locatário está falecido.O Herdeiro recorreu alegando que há ilegitimidade quanto ao polo passivo da ação, conforme o

CPC/2015. Esta não mais exige que os herdeiros sejam incluídos no polo passivo nos casos em quehá inventariante dativo. Argumentou que as despesas cobradas são de responsabilidade do espólio

de seu pai, administrado por inventariante dativo e, que os herdeiros apenas serão responsáveis

pelo pagamento após adquirir a propriedade.O tribunal analisou o caso e entendeu que o herdeiro foi chamado a responder pelo processo na

vigência do Código de Processo Civil de 1973, que determinava a inclusão de todos os herdeiros no

polo passivo, de modo que não há como se acolher a pretensão do herdeiro de ser excluído da açãoem razão de alteração na legislação processual.

Sendo assim, com o falecimento do titular, o herdeiro assumiu a qualidade de condômino, por-

tanto responsável pelas despesas condominiais, inclusive anteriores à sua posse direta.Ementa: Despesas condominiais. Ação de cobrança. Cerceamento de defesa inocorrente. Fale-

cimento do proprietário do imóvel. Espólio representado por inventariante dativo. Legitimidade

passiva “ad causam” da herdeira para figurar no polo passivo da demanda. Transmissão imediata dapropriedade e posse dos bens do “de cujus”. Inteligência do artigo 1.784 do Código Civil. Obrigação

de pagamento das despesas condominiais que constitui obrigação “propter rem”, pela qual respon-

de o próprio imóvel. Responsabilidade da ré pelo débito condominial, inclusive anterior à sua posse,limitada, contudo, às forças da herança. Inteligência do artigo 1997, “caput”, do Código Civil. Re-

curso parcialmente provido.

Dados da decisão: TJSP - Apelação nº 0118450-78.2009.8.26.0100 – Relator: Maria CláudiaBedotti – Data de Julgamento: 11.04.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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14 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Prestação de Contas de Ex-Síndica

Ex-síndica tem o dever de prestar contassobre o período em que administrou o condomínio

Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Prestação de Contas do período em que uma ex-

síndica administrava um condomínio.

O condomínio pediu esclarecimentos sobre os recursos financeiros, na qual desconhece a destinaçãodos valores que deveriam ter sido utilizados para o pagamento das verbas trabalhistas dos funcio-

nários.

A ex-síndica alegou que o condomínio e as contas estavam zeradas, ou seja, sem débitos ecréditos, e que não é obrigada a prestar contas por não mais exercer a gestão.

O Tribunal entendeu que a obrigação de prestar contas é do atual síndico, mas pelo período de

sua gestão, não havendo como obrigá-lo a prestar contas de período anterior, durante o qual agestão foi exercida pela ex-síndica, a quem compete, tal encargo.

Portanto, a ex-síndica foi condenada ao pagamento das custas processuais e a prestar contas

relativas ao período em que administrou o condomínio, a fim de verificar os pagamentos e a destinaçãodos recursos financeiros.

Ementa: Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial. Ação de prestação de contas. Condo-

mínio. Síndico. Período de administração. Dever de prestar contas. Revisão. Impossibilidade. Súmulanº 7/STJ. Divergência jurisprudencial. Comprovação. Ausência. 1. Recurso especial interposto con-

tra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos

nºs 2 e 3/STJ). 2. Na hipótese, incide o óbice da Súmula nº 7/STJ para alterar o entendimento dotribunal de origem de que a ex-síndica tem o dever de prestar contas relativamente ao período em

que administrou o condomínio. 3. A divergência jurisprudencial, nos termos do art. 1.029, § 1º, do

CPC/2015 e do art. 255, § 1º, do RISTJ, exige comprovação e demonstração, esta, em qualquercaso, com a transcrição dos trechos dos arestos que configurem o dissídio, mencionando-se as

circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, não sendo bastante a sim-

ples transcrição de ementas sem o necessário cotejo analítico a evidenciar a similitude fática entreos casos apontados e a divergência de interpretações. 4. Agravo Interno não provido.

Dados da Decisão: STJ - Agravo em Recurso Especial nº 1.152.129 – Relator: Ricardo Villas

Bôas Cueva – Data do julgamento: 6.2.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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152ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Multas no contrato de aluguel e suas espécies

Daihane Cézar*

Multas no Contrato de Locação

É imprescindível que você

saiba que existem dois tipos

de multas que sobrecaem emum contrato de locação, são

elas:

1. Multa Moratória: Nãotêm caráter punitivo, a sua fi-

nalidade primordial é deses-

timular o cumprimento da obri-gação fora de prazo. Elas são

devidas quando o locatário

estiver efetuando espontane-amente um aluguel vencido;

2. Multa Compensatória:Sanção civil que se impõe àparte que não cumprir a obri-

gação contratual na sua tota-

lidade ou por descumprimentoparcial de alguma de suas clá-

usulas ou ainda simplesmente

retardar o seu cumprimento.

São consideradas cláusulaspenais e tem como objetivo

assegurar que ao menos par-

te dos prejuízos sejam recom-postos caso uma das partes

não cumpra o contrato. É pos-

sível a cumulação das multasmoratória e compensatória, se

cada qual tiver fundamento

específico próprio, ou seja, amulta moratória tem por es-

copo impelir o inquilino a pa-

gar os aluguéis nos respecti-vos vencimentos, enquanto

que a compensatória tem por

origem uma quebra contra-tual.

Multas no Contrato de Alu-

guel qual a base de cálculo le-

gal?No pagamento fora do ven-

cimento incidirá a multa mo-

ratória, que é composta de doisitens:

Juros Moratórios de 1%ao mês: O CTN (Código Tri-butário Nacional), em seu Art.

161, §1°, diz:

Se a lei não dispuser demodo diverso, os juros demora são calculados sobrea taxa de um por cento aomês.

Quero chamar atenção so-

bre o que o Art. 405 do Códi-go Civil retrata sobre os juros:

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16 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Multas no Contrato de Locação

Contam-se os juros de mora

desde a citação inicial.Ou seja, a validade da co-

brança dos juros se da quan-

do há citação da parte sobreo atraso da sua obrigação

contratual.

Multa Moratória de 10%:O Decreto n° 22.626/33, mais

conhecido com Lei de Usura,

estabelece conforme a reda-ção do Art. 9°:

“Não é válida a cláusula pe-

nal superior a importância de10% do valor da dívida.”

Você pode estar se pergun-

tando: Mas não seria multa de2%?

As pessoas confundem o li-

mite de 2%, que esta previs-to no art. 52, § 1°, da Lei Fe-

deral nº 8.078/90, mais co-

nhecido como o Código de De-fesa do Consumidor, porém

ela não pode ser considerada

uma relação entre locador elocatário, por não ser consi-

derada uma relação de con-

sumo.Essa sim, regida pela Lei n°

8.245/1991 (Lei do inquilina-

to). Esse é o entendimento queprevalece na doutrina e juris-

prudência.

Multas no Contrato deAluguel: Porque 3x o

valor do aluguel?Acredito que você já viu

inúmeras vezes em um Con-

trato de Aluguel que a multa

por quebra contratual ou res-cisão antecipada é na ordem

de 3x o valor do aluguel, não

é verdade?Mas, onde está isso na Lei?

seria praxe do Mercado?

A explicação você pode nãoter percebido mas, é exata-

mente a limitação dos 10% de

multa compensatória.Vejamos:

O art. 412 do Código Civil

informa que:“O valor da cominação im-

posta na cláusula penal não

pode exceder o da obrigaçãoprincipal.”

E o art. 413 que:

“A penalidade deve ser re-duzida equitativamente pelo

juiz se a obrigação princi-pal (pagamento do aluguel)tiver sido cumprida em parte,

ou se o montante da penali-

dade for manifestamente ex-cessivo, tendo-se em vista a

natureza e a finalidade do ne-

gócio.”30 MESES X 10% = 3MESES DE ALUGUEL

Normalmente, o contrato delocação residencial é no pra-zo de 30 meses, para asse-

gurar o direito de denúnciavazia. Portanto, caso o LOCA-TÁRIO quebre o contrato logo

no 1° mês, o mesmo está su-jeito pelo prazo que ainda fal-

ta cumprir, ou seja, 30/30

avos, resultando o pagamen-to de 100% da multa máxima

estabelecida.

Multas no Contrato deAluguel: Danos maioresque a Cláusula Penal:Poderá ocorrer, numa loca-

ção, que os danos da quebra

contratual sejam superiores à

da Cláusula Penal, expressa-mente estabelecida no contra-

to, então poderá a parte re-

querer em juízo a importân-cia real dos prejuízos.

É o que diz o Art. 395 do

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172ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Código Civil:

“Responde o devedor pelosprejuízos a que sua mora der

causa, mais juros, atualização

dos valores monetários se-gundo índices oficiais regular-

mente estabelecidos, e hono-

rários de advogado.Parágrafo único. Se a pres-

tação, devido à mora, se tor-

nar inútil ao credor, este po-derá enjeitá-la, e exigir a sa-

tisfação das perdas e danos.”

E complementado pelo Art.416, § Único do CC:

“Ainda que o prejuízo ex-

ceda ao previsto na cláusulapenal, não pode o credor exi-

gir indenização suplementar

se assim não foi conven-cionado. Se o tiver sido, a

pena vale como mínimo da

indenização, competindo aocredor provar o prejuízo ex-

cedente.”

Multas no Contratode Aluguel: Rescisão

AntecipadaNesse tópico a Lei do

Inquilinato não foi omissa em

nos instruir quanto às orienta-

ções legais de como estabele-cer a multa, em seu Art. 4° diz:

“Durante o prazo estipula-

do para a duração do contra-to, não poderá o locador rea-

ver o imóvel alugado. Com

exceção ao que estipula o § 2°do art. 54-a, o locatário, to-

davia, poderá devolvê-lo, pa-

gando a multa pactuada, pro-porcional ao período de cum-

primento do contrato, ou, na

sua falta, a que for judicial-mente estipulada. (Redação

dada pela Lei nº 12.744, de

2012)Parágrafo único. Locatário

ficará dispensado da multa se

a devolução do imóvel decor-rer de transferência, pelo seu

empregador, privado ou públi-

co, para prestar serviços emlocalidades diversas daquela

do início do contrato, e se no-

tificar, por escrito, o locadorcom prazo de, no mínimo, trin-

ta dias de antecedência.”

Portanto, essa seria a fór-mula para você calcular a mul-

ta por devolução antecipada do

imóvel locado:Mesmo trabalhando no

ramo por muita vezes deixa-

mos nos “levar” pelos costu-mes e praxes, muitas delas

equivocadas. Precisamos ir a

fundo do porque das coisas eassim melhor assessorar inclu-

sive nossos clientes.

Verdade seja dita, nossoordenamento jurídico é um

emaranhado de leis, contro-

vérsias, interpretações e porisso requer muito cuidado e

disposição!

* A autora é Corretora e Avaliadora de Imóveis, Administradora Profissional de Imóveis,

Bacharel em Ciências Contábeis. Sócia da Diferencial Soluções Imobiliárias, em Salvador/BA.

Atua no mercado imobiliário há 9 anos.

Multas no Contrato de Locação

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192ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Fiador

Fiador não é responsável por acordofeito entre locador e locatário

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação referente à execução de sentença, promovida pelo

fiador do executado.

No ano de 2010, o locador ajuizou uma ação contra o locatário e o fiador, alegando a inadimplência

dos alugueis. Os executados foram citados e não haviam bens a penhorar. Para uma melhor

resolução do caso, foi proposto um acordo para pagamento parcelado do débito, que foi homolo-

gado judicialmente. Mas, os locadores informaram que os locatários estavam descumprindo o

acordo firmado e, impugnaram novamente os locatários e o fiador, com acréscimo de 10% de

multa.

O fiador recorreu alegando que não fazia parte do acordo firmado entre as partes, que o acordo

para pagamento do débito havia ocorrido só entre o locador e o locatário, que a ele estava

vinculado somente o contrato de locação e pediu a exclusão da nova impugnação.

O Tribunal analisou o caso e entendeu que o fiador não fazia parte do acordo firmado para a

quitação do débito, sendo assim não pode responder pela execução julgada, se retirando das

responsabilidades legais como fiador.

Ementa: Agravo de Instrumento. Locação. Execução de sentença homologatória de acordo.

Ajuste do qual não participaram as fiadoras. Concessão de novo prazo que configura a moratória

e acarreta a extinção da fiança. Impossibilidade de execução do acordo contra as fiadoras que

dele não participaram. Recurso provido.

Dados da decisão: TJSP – Agravo de Instrumento nº 2208143-67.2017.8.26.0000 – Relator:

Pedro Baccarat – Data do julgamento: 12.4.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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20 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Locação Comercial

Rescisão da locação com incidência damulta por quebra de contrato e de aluguéis,cujos pagamentos não foram comprovados

Comentário do BDI: Trata-se de ação de cobrança de aluguéis e multa por falta de pagamento

de uma empresa locatária.A empresa locatária sustentou que está inadimplente apenas com o mês de outubro de 2015, e

que não há inadimplência quanto ao mês de setembro de 2015, o que pode ser confirmado com o

comprovante de pagamento do dia 1 de setembro de 2015. Pediu, também, pela gratuidade dajustiça.

O locador apresentou a atualização monetária das dívidas, no total de R$ 46.000,00, o qual foi

realizado pelo índice da Corregedoria do Tribunal do estado. Pediu multa pela quebra contratualdesfeita por parte da empresa locatária, além dos dois meses em atraso do aluguel.

O Tribunal verificou que, como dispõe a cláusula 3ª do contrato de locação comercial, que o

pagamento deve ser realizado até “o quinto dia útil de cada mês subsequente ao vencido”. Sendo assim, o pagamento realizado pela empresa locatária se refere ao mês de agosto de

2015, que poderia ser pago até o quinto dia útil do próximo mês, sendo realizado no primeiro dia de

setembro de 2015.Em relação ao pedido de justiça gratuita feita pela empresa locatária não foi aceito, porque uma

empresa que afirma estar com dificuldades financeiras, adiantar o pagamento de montante tão

elevado, realizar o pagamento do mês, no próprio mês, e antes mesmo de ter vencido a parcela domês anterior, não merece ser admitido tal pedido.

Assim, a empresa locatária foi condenada ao pagamento de R$ 60.006,76, pelos dois meses de

aluguéis em atraso, com correção monetária e juros de 1% ao mês, bem como ao pagamento de R$46.000,00, referente à quebra do contrato, que a mesma rescindiu antes do término de sua vigên-

cia.

Ementa: Apelação Cível. Ação de cobrança. Contrato de locação de imóvel. Inadimplemento.Rescisão. Cláusula penal. Possibilidade. Recurso de apelação conhecido e improvido. 1. A cláusula

3ª do contrato de locação comercial de fls.11/16 prevê que o pagamento deve ser realizado até o

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212ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Locação Comercial

quinto dia útil de cada mês subsequente ao vencido. Sendo assim, o pagamento realizado pela

apelante se refere ao mês de agosto de 2015, que poderia ser pago até o quinto dia útil do próximomês, sendo realizado no primeiro dia de outubro de 2015. 2. O artigo 4º, da Lei 8.245/91 possibilita

a incidência da cláusula penal. Tendo em vista que o apelante rescindiu unilateralmente o contrato

antes do término de sua vigência, é devido o pagamento da cláusula penal pelo apelante, poisexpressamente prevista no contrato firmado. 7. Apelação improvida.

Dados da Decisão: TJES – Apelação n° 0013628-68.2016.8.08.0011 - Relator: Ewerton Schwab

Pinto Junior - Relator Substituto: Jaime Ferreira Abreu - Data de Julgamento: 12/12/2017.Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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Como funciona a Retificação do Registro de um Imóvel?Parte II - Final

E em que casos não se trata de retificação, mas sim, de Usucapião?

Lorena Lucena Tôrres*

2. Retificação deRegistro x UsucapiãoEm um dos artigos que es-

crevi, tratei sobre o instituto

da usucapião, com o passo apasso da Usucapião Extraju-

dicial. Sendo assim, é notório

que o registrador poderá serconfrontado com casos em

que ficará difícil saber se está

tratando de RETIFICAÇÃO ouse é caso para USUCAPIÃO.

Desta forma, é imprescindível

informar que não existe parâ-metro objetivo no direito

brasileiro, que possa auxiliar

no deslinde dessa questão.

Por este motivo, traremos

Retificação de Registro

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22 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Retificação de Registro

alguns exemplos para auxili-

ar na compreensão:

Exemplo concreto

nº 1 - Retificação:

Um imóvel registrado como

tendo 200 metros de frente

para a Estrada Geral, e fun-

dos de 10.000 metros até o

Arroio das Pedras, em cuja

matrícula (e em toda sua toda

a história registral do imóvel)

refiram sempre essas medidas

e a correspondente área su-

perficial de 2.000.000 de

metros quadrados.

Se esse imóvel for medido

por profissional e se consta-

tar que existem, na verdade,

15.000 metros de frente a

fundos (e, portanto, que sua

área é de 3.000.000 de

metros quadrados), o caso

será de retificação.

Não importa que a diferen-

ça, o “aumento” de área que

decorrerá da retificação, seja

da ordem de 50%. Se da es-

trada até o arroio tem 15.000

metros, não precisa requerer

usucapião só porque a dife-

rença entre o que consta no

registro e a realidade ultra-

passa em muito o 1/20 (ou

5%) aplicável ao preço da

compra e venda.

O imóvel é e sempre foi da

estrada até o arroio. O pro-

prietário e seus antecessores

não se apossaram de imóvel

de terceiro. Apenas o registro

está (e sempre esteve) erra-

do e precisa ser corrigido e

tudo isso é caso de retifica-

ção.

Exemplo concreto

nº 2 - Usucapião:

Imaginem um determinado

imóvel, retangular, que tem

registradas as dimensões de

10 metros de frente por 60

metros de frente a fundos

(600 metros quadrados, por-

tanto). O proprietário desse

terreno constatou que, lá nos

fundos, existe um “terreninho

abandonado”, “coisa de nin-

guém”, com 2 metros de lar-

gura e 10 metros de compri-

mento (20 metros quadrados,

portanto), terreninho esse que

“se encaixa perfeitamente na

continuação do terreno origi-

nal”.

O proprietário estendeu sua

posse sobre esse terreninho.

A diferença entre a área ori-

ginal (600m²) e a área que o

proprietário quer ter regulari-

zada (620m²) é de apenas

3%. Ou seja, é muito menor

do que 1/20.

Pergunta: Alguém pode, de

sã consciência, dizer que se

trata de retificação só porque

a diferença é menor do que

1/20? É claro que não!

Sendo este caso de

usucapião, a ser deferido se e

quando o proprietário tiver

tempo e qualidade de posse

suficiente para requerer a ho-

mologação judicial da aquisi-

ção desse tal terreninho. Es-

ses são apenas 2 exemplos

que demonstram que cada

caso terá de ser analisado in-

dividualmente, como sempre

digo por aqui! (Colaboração do

artigo escrito pelo Mario

Pazutti Mezzari, Registrador

de Imóveis).

REFERÊNCIA

http://www.colegioregist

ralrs.org.br/anexos/MarioMe

zzari_NovoProcessoRetifica

cao.pdf

* A autora é Administradora de empresas e Advogada, em Fortalea/CE. Especialista na área

ambiental, com MBA, atuante nas áreas cível e consumidor. Livro publicado pela Editora Lumens

Juris. Membro da Comissão de Direito Ambiental e Direito Marítimo, Portuário, Aeroportuário eAduaneiro da OAB/CE.

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232ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Registro de Incorporação

Pode ser feito o registro de incorporaçãoimobiliária, através de procuração?

O cliente fará um registro de incorporação imobiliária, que será submetida a apreciação da

Caixa Econômica, na modalidade “Minha Casa, Minha Vida”.

Pergunta: É possível fazer o registro dessa incorporação através de procuração, da qual o

proprietário do terreno será um e o incorporador será outro no programa “Minha Casa, Minha

Vida”? Existe alguma restrição da Caixa quanto a essa modalidade de incorporação?

BDI Responde: A Lei Civil permite a todas as pessoas capazes de serem representadas por

procuração. No caso da representação da incorporação junto ao banco, o indicado seria a procu-

ração pública com poderes específicos para tal. No entanto, os memoriais de registro da incorpo-

ração deverão seguir as normas legais, quais sejam, ser por instrumento público ou particular

com as firmas reconhecidas, subscrito por todos os proprietários, que deverão conter:

Se for pessoa física: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, número do documento de

identidade oficial, número do CPF e endereço tanto dos proprietários quanto de seus cônjuges, se

houver, nesse caso, regime de bens e data do casamento;

Se for pessoa jurídica: o requerimento deverá estar instruído com o contrato social, original ou

cópia autenticada, devidamente registrado na Junta Comercial ou no Ofício de Registro Civil das

Pessoas Jurídicas, acompanhado de certidão atualizada dos atos constitutivos, por meio dos quais

se verificará a capacidade dos signatários do requerimento, nos termos do art. 939, Inciso I, §1º,

letras “a” e “b”, do Código de Normas da Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de Minas

Gerais.

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24 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Negativa de Cancelamento de Averbação

Oficial do Registro de Imóveis se negoua cancelar a averbação do contrato de locação

Comentário do BDI: Trata-se de um pedido de cancelamento da averbação na matrícula do

imóvel pelos atuais compradores, referente a um contrato de locação entre a anterior proprietária

do imóvel e uma empresa.

O Oficial de Registros Públicos alegou que não cancelou a averbação porque o contrato de loca-

ção, na época dos fatos, ainda não havia acabado, devido à falência da empresa e o óbito da

anterior proprietária, logo após a venda do imóvel aos compradores.

O Tribunal verificou que o contrato de locação entre a antiga proprietária e a empresa locatária

acabou há mais de vinte anos e que teve uma ordem de despejo julgada procedente, não havendo

qualquer notícia de elaboração de novo contrato de locação entre o pedido de despejo e a venda do

imóvel.

Consequentemente, a relação locatícia se extinguiu com a desocupação do imóvel pela empresa,

que teve a sua falência decretada antes do término do prazo da locação e da aquisição do imóvel

pelos compradores.

Portanto, há provas suficientes da extinção do contrato averbado há mais de vinte anos, não

sendo necessário efetivar a averbação.

Ementa: Locação – Cancelamento - Extinção

Dados da Decisão: 1VRPSP - Pedido de Providências n° 1006847-65.2018.8.26.0100 - Relator:

Tânia Mara Ahualli – Data do julgamento: 3.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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252ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Indenização pela Desapropriação

A indenização a ser paga pela desapropriaçãode terreno deve ser condizente com o valor

de imóvel similar, na mesma região

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de desapropriação movida por concessionária deserviço público, objetivando terreno necessário à construção de rodovia.

A concessionária alegou que a perícia, ao avaliar o preço ofertado na indenização de desapropria-

ção do terreno, cometeu um equívoco na homogeneização de valores, porque considerou a áreacomo inserida em zona industrial e, portanto, propôs um valor bem inferior.

O Tribunal, em razão do princípio da contemporaneidade da avaliação, expresso no art. 26 do

Decreto-Lei 3.365/41, afirmou que a indenização a ser paga deve ser condizente com o valor doimóvel na época da perícia, de modo a propiciar ao expropriado a compensação equivalente aos

gastos que desembolsaria para obter propriedade similar, na mesma região.

Portanto, o terreno foi incorporado à rodovia e o acórdão manteve a indenização para o proprie-tário no valor de R$ 672.539,00, com atualização monetária e acrescida de juros compensatórios de

12% ao ano, além de juros moratórios de 0,5% ao mês.

Ementa: Reexame necessário - Desapropriação - Disposição do art. 28, §1º, do Decreto-Lei3.365/41 - Restrita a hipóteses envolvendo a Fazenda Pública - Precedentes desta Corte - Prelimi-

nar acolhida - Recurso oficial não conhecido. Apelação - Insurgência quanto ao valor indenizatório

encontrado pelo laudo pericial - Elementos de comparação aptos - Laudo bem fundamentado, quelevou em consideração as condições do imóvel na época da desapropriação - Observância ao prin-

cípio da contemporaneidade - Valorização do imóvel que não deve interferir no “quantum” da inde-

nização - Data base da indenização que deve ser aferida pela data do laudo definitivo - Ausência deelementos técnicos que afastem as conclusões periciais - Recurso não provido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 0012701-18.2011.8.26.0451 – Relator: Reinaldo Miluzzi

- Data do julgamento: 9.4.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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26 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Direito de VizinhançaDireito de Vizinhança: Você sabe o que é?

Pérecles Reges*

São incontáveis os casos de

problemas derivados de con-

flitos entre vizinhos, conflitos

que independem do local (ur-

bano ou rural) ou condição

econômica. A verdade é que

conviver em coletividade não

é tarefa fácil e aceitar as dife-

renças de pensamentos, opi-

niões, etc., é um esforço

hercúleo, mas cotidiano e ex-

tremamente necessário.

Em tese, nosso lar é o local

onde procuramos paz e sosse-

go, se o seu dono, obvia-men-

te, assim desejar. Ocorre que,

residir próximos à outras pes-

soas, sendo esta a regra do

nosso cenário mundial, podem

gerar interferências na medi-

da em que o direito de um mo-

rador pode provar atritos/res-

trições, até mesmo a violação,

aos direitos do outro morador,

seu vizinho.

Daí que, diante dos infini-

tos, e mais diferentes casos de

conflitos entre vizinhos, a le-

gislação brasileira estabeleceu

regras, direitos e deveres, para

que moradores que residam

próximos não venham a con-

viver em uma verdadeira e

constante “guerra”.

A previsão do Direito de

Vizinhança que, grosseira-

mente falando, nada mais é do

que limitações ao uso da pro-

priedade imóvel, edificou um

emaranhado de normas no Có-

digo Civil Brasileiro de 2002

(CC/02), visando coordenar e

regular a convivência pacífica

dos moradores vizinhos.

Tais previsões encontram-

se do art. 1.277 ao 1.313,

do CC/02 e traz diversas se-

ções normativas elencando os

direitos e deveres dos mora-

dores quando se trata de res-

peitar e limitar suas ações ao

se deparar com as proprieda-

des vizinhas.

Posso citar, como exem-

plos, o que fazer quando há

risco do prédio vizinho ruir

(art. 1280, CC/02 – Do Uso

Anormal da Propriedade),

a quem pertence a árvore, ou

parte da árvore, quando esta

encontra-se entre duas pro-

priedades vizinhas (art.

1282, CC/02 – Das Árvores

Limítrofes), o direito de abrir

passagem na propriedade do

vizinho quando o morador não

tiver acesso a estrada (art.

1285, CC/02 – Da Passa-

gem Forçada), o direito de

acesso à água quando o mo-

rador não tiver por força das

propriedades vizinhas (arts.

1288 ao 1296, CC/02 – Das

Águas), dentre outros diver-

sos, cujos quais, inclusive,

podem até mesmo não estar

positivados em lei.

É importante ressaltar que

os imóveis vizinhos não são

apenas considerados aqueles

confinantes ou, em outras pa-

lavras, “parede com parede”,

visto que os imóveis que se lo-

calizam próximos também são

abraçados pela legislação per-

tinente, desde que o ato pra-

ticado por um morador venha

a repercutir na esfera de pro-

Pérecles Reges

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272ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Direito de Vizinhança

priedade do outro morador,

cansando-lhe incômodo, frus-

tração ou prejuízos.

Na maioria dos conflitos e

dos problemas entre vizinhos,

deve-se buscar a via judicial

para saná-los. Isso porque se

na prática, hipoteticamente fa-

lando, a convivência já não é

fácil, solucionar problemas

advindos da vizinhança se tor-

na quase que impossível.

O Superior Tribunal de

Justiça já proferiu uma série

de decisões acerca do tema do

Direito de Vizinhança e,

dentre elas, podemos encon-

trar diversas situações do co-

tidiano, daquelas que jamais

imaginaríamos encontrar no

Judiciário. Questões, por

exemplo, que envolvem o

subsolo, uso indevido do imó-

vel, ruídos de vizinhos, aciden-

tes geográficos, interesse pú-

blico, infiltrações, e assim por

diante.

Em sua grande maioria, en-

volve situações em que o mo-

rador vizinho praticou atos que

prejudicaram o sossego, a

saúde ou a segurança do(s)

outro(s) proprietário(s), de

modo que se a questão ultra-

passar esses três pontos, nos

afastamos das regras atinentes

ao Direito de Vizinhança.

Relevante informar que o

Direito de Vizinhança é uma

externação do direito de pro-

priedade, que vigora sob a

ótica da função social da pro-

priedade, devendo ser levada

em consideração, sem sombra

de dúvidas, a BOA-FÉ na(s)

conduta(s) entre vizinho(s).

Por fim, apropriado informar

algumas das principais Ações

que são movidas/ajuizadas

para salvaguardar os Direitos

de Vizinhança, podendo se-

rem aduzidas as seguintes:

• Ações que visam defen-

der a posse do morador =

AÇÕES POSSESSÓRIAS;

• Ação que visa obstar/im-

pedir algo, como uma constru-

ção, ainda em seu início =

NUNCIAÇÃO DE OBRA

NOVA;

• Ações que visam demar-

car algum território ou dividi-

lo = AÇÃO DEMARCATÓRIA

e AÇÃO DIVISÓRIA;

• Ações que têm como ob-

jetivo condenar o vizinho mo-

rador a fazer, não fazer, dar

coisa certa ou incerta =

AÇÕES CONDENATÓRIAS.

Ademais de outras ações

que não possuem um título es-

pecífico, mas que advêm da

legislação aplicável ao caso.

Posto isto, podemos con-

cluir que o Direito de Vizi-

nhança é mais complexo do

que se imagina. Envolve com-

plicados temas e sua própria

legislação já não é tão simples

de entender.

* O autor é Advogado, em Vitória, ES. Especializado em Direito e Processo Civil.

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28 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Avaliação de Imóvel

Avaliação de imóvel, feita pelo Município, deverá sersobre o terreno ou também sobre a área construída?

Pergunta: Qual o embasamento legal em relação à avaliação de um imóvel por parte do

Município? Considera-se toda a área (lote mais área construída) ou se avalia apenas a área

construída?

Pois, alguns fiscais do Município avaliam apenas a área construída, outros avaliam o terreno

mais a área construída.

BDI Responde: Embora não esteja expresso na consulta, supomos que a avaliação tem por

finalidade estabelecer o valor venal do imóvel, para efeito de cálculo do IPTU e do ITBI.

O certo é avaliar o terreno e a área construída, somando–se os dois valores para se obter o

valor total do imóvel. A menos que a Lei Municipal disponha de outra forma, o que não acredita-

mos.

Com efeito, dispõe o artigo 32 do Código Tributário Nacional, que o Imposto sobre a Proprieda-

de Predial e Territorial Urbana (IPTU), tem como fator gerador a propriedade, o domínio útil ou a

posse de bem imóvel. O bem imóvel, como sabemos, abrange o terreno e as construções.

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292ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Danos em Estrutura de Imóvel

Segundo o proprietário, detonações de rochas feitaspor empresa causaram danos à estrutura de seu imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de indenização por supostos danos causados por

uma empresa de terraplanagem em um imóvel.

O proprietário do imóvel alegou que as detonações de rochas feitas pela empresa de terraplanagem,

em terreno vizinho ao seu, danificou a estrutura de sua residência. Por conta disso, pediu indeniza-

ção por danos morais e materiais.

A empresa de terraplanagem se defendeu dizendo que não há provas de que as detonações

causaram os danos no imóvel ou geraram risco à integridade física deles.

O Tribunal verificou, através de perícia realizada no imóvel do proprietário, que foi constatada de

forma categórica, que as detonações realizadas pela empresa de terraplanagem não abalaram as

estruturas. O perito concluiu que as rachaduras que haviam no imóvel já existiam antes das deto-

nações.

Portanto, o proprietário do imóvel não provou que seu imóvel foi danificado pelas detonações da

empresa de terraplanagem.

Ementa: Responsabilidade Civil – Detonação de rochas – Danos à estrutura de imóvel –

Preexistência – Nexo de causalidade afastado – Dever de indenizar inocorrente - Demonstrado de

forma categórica por perícia técnica não terem os danos estruturais existentes em edificação histó-

rica sido causados pela detonação de rochas, afigura-se por ausente o dever de indenizar, pois

afastado o liame etiológico entre o prejuízo apontado e o comportamento da parte ré.

Dados da Decisão: TJSC – Apelação Cível nº 00095996020108240036 – Relator: Luiz César

Medeiros - Data do julgamento: 28.3.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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30 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

HipotecaÉ necessário reconhecimento de firma,

em caso de cancelamentos de hipotecas

Pergunta: Cancelamentos de hipotecas feitas através do Sistema Financeiro de Habitação.É necessário o reconhecimento de firma?

BDI Responde: O cancelamento da hipoteca só pode ser feito mediante autorização escrita docredor, com firma reconhecida, conforme art. 254, da Lei nº 6.015/73.“

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Consolidação da propriedadee a Quitação ulterior da dívida

Parte I

Ederson Blanco*A primeira questão apresen-

tada diz respeito à possibilida-de dos interessados acordaremsobre o recebimento do valordevido e da quitação da dívidapelo credor, após a averbaçãoda consolidação da proprieda-de em seu nome.

Na decisão comentada, aMM. Juíza, para considerar vá-lido o termo de quitação emi-tido pelo credor fiduciário,afastou “o entendimento deque o art. 24 (sic) da Lei nº9.514/97, é cogente quanto aobrigatoriedade de realizaçãodo leilão”, sem, contudo, apre-sentar a justificativa legal,doutrinária ou jurisprudencial.

Dispõe o caput do referidoart. 27, que uma vez consoli-

dada a propriedade, o fiduciá-rio promoverá público leilãopara a alienação do imóvel noprazo de trinta dias, contadosda data do registro de consoli-dação.

O artigo 27 da Lei nº 9.514/97 é mandatório, cogente enão permite qualquer outra in-terpretação que não aquelaque se extrai de sua leituradireta. Destarte, a proprieda-de consolidada em nome docredor deve ser alienada empúblico leilão que o credor pro-moverá no prazo de trinta dias,em respeito à tradição civilistade negar a apropriação pelocredor do bem oferecido emgarantia pelo devedor.

No entanto, apesar do ca-

ráter coercitivo da norma, ad-mitir-se a possibilidade de pur-gação da mora a qualquer mo-mento, depois da consolidaçãoda propriedade e antes, evi-dentemente, da alienação doimóvel em leilão ou, mesmo,antes da venda direta após oresultado negativo dos leilõesrealizados nos termos da lei,parece coerente com a inten-ção legislativa de impedir aapropriação da garantia pelocredor e de proteger os inte-resses da parte momentanea-mente mais fraca, evitandoque o credor, se valha da leipara o enriquecimento semcausa, próprio ou de terceiros.

Examinando hipótese se-melhante, Chalhub [5] assim

Alienação Fiduciária

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312ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

Alienação Fiduciária

se manifestou:O leilão foi eleito pelo legis-

lador como meio de conversãodo bem em dinheiro, destinan-do-se o produto arrecadado aoacertamento de haveres entreas partes, mas nada impedeque, em circunstâncias espe-ciais, outro meio seja eleito pe-las partes para alcançar o mes-mo objetivo de acertamento dehaveres, desde que os interes-ses do credor e do devedor se-jam preservados e que a al-ternativa eleita pelas partesnão importe em fraude de exe-cução ou contra credores.

Em suma, considerando quesão os próprios antigos pres-tadores de garantia e a antigadevedora que têm interesseem dispensar a realização doleilão, porque precisam demaior prazo para obter recur-sos necessários à reaquisiçãodos imóveis, e, mais, conside-rando, ainda, o precedente daprópria Lei nº 9.514/1997, quedispensa o leilão na hipótesede dação em pagamento, nãohá dúvida de que é tambémadmissível outro modo deacertamento de haveres queimporte em extinção da dívi-da, desde que com a partici-pação dos interessados.

Também neste ponto, an-dou bem a sentença analisadaao afastar a obrigatoriedade deaplicação da norma e admitire considerar válido o termo dequitação negociado nas condi-

ções já referidas.Cabe salientar, no entanto,

que a consolidação da proprie-dade em nome do credor podegerar uma expectativa de di-reitos a terceiro interessadoem licitar e eventualmente ad-quirir o bem imóvel em um dosleilões referidos na lei e querestará frustrada sua intençãopelo acordo validado.

Dessa forma, o credor –agora proprietário – que acei-ta o recebimento da dívidaapós a consolidação da pro-priedade assume a responsa-bilidade pelos prejuízos even-tualmente causados a tercei-ros interessados em participardos leilões não realizados.

Consolidação dapropriedade – quitaçãoda dívida pelo devedorA segunda questão – clara-

mente conexa com a primeira– diz respeito à possibilidadede o devedor exigir do credoro recebimento do valor devidoe consequente quitação da dí-vida após a averbação da con-solidação da propriedade.

Se, na hipótese anterior,entendemos possível afastar ocaráter mandatório da lei paraacatar o acordo firmado entreas partes com a quitação dadívida após o prazo legal, as-sumindo o credor os riscos deindenizar prejuízos causados aterceiros, outra sorte terá odevedor inadimplente que pre-tender purgar a mora após a

consolidação da propriedadequando não houver interessedo credor proprietário.

Na situação acima, decorri-do o prazo para a purgação damora, fixado legalmente e re-petido de forma obrigatoria-mente expressa no instrumen-to contratual, estará o credorautorizado a requerer a con-solidação da propriedade. Ul-timada a consolidação, o cre-dor obtém a propriedade ple-na do imóvel, ainda que comrestrição à disponibilidade porforça da obrigação de efetuara venda em leilão, ficando des-de logo legitimado a promovera ação de reintegração de pos-se do imóvel e nenhum direitoinerente à propriedade rema-nescerá para o devedor.

Nesse sentido, ensinaChalhub[6]:

“A ação de reintegraçãopode ser proposta pelo antigofiduciário logo após a averba-ção da consolidação da propri-edade em seu nome, não de-pendendo da realização doleilão previsto no art. 27 da Leinº 9.515/97”.

Com entendimento contrá-rio, Kumpel[7], citando ScavoneJunior, afirma que:

“Segundo o art. 37-A da lei9.514/1997, o direito de ofiduciário ingressar com açãode reintegração de posse se dáa partir do dia da alienação emleilão público, termo inicial le-gal para contagem do aluguel-

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32 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

pena imposto ao devedor quenão restituir a posse”.

Porém, na mesma direçãoapontada por Chalhub, assimdecidiu o Colendo STJ:

“Lei nº 9.514/97. Alienaçãofiduciária de bem imóvel.Inadimplemento do fiduciante.Consolidação do imóvel napropriedade do fiduciário. Lei-lão extrajudicial. Suspensão.Irregularidade na intimação.Pretensão, do credor, a obtera reintegração da posse doimóvel anteriormente ao leilãodisciplinado pelo art. 27 da Leinº 9.514/97. Possibilidade. In-terpretação sistemática da lei”.[8]

Assim, salvo se admitida aaplicação subsidiária dos dis-positivos do Dec.-Lei nº 70/66, constranger o credor eproprie-tário do bem a acei-tar o pagamento intempestivoda dívida representa inadmis-sível violação da lei e do con-trato.SFI – aplicação analógica

do Dec.-Lei 70/1966A terceira questão nos re-

mete ao parágrafo anterior ediz respeito à aplicação dosarts. 29 a 41 do Decreto-Leinº 70/66 às operações de fi-nanciamento imobiliário regu-lados pela Lei nº 9.514/97.

A Lei nº 9.514/1997 foiestruturada em três capítulos.

No capítulo primeiro é cria-do um novo sistema de finan-ciamento imobiliário (não ape-

nas habitacional), explicitadosos meios de captação e os cri-térios de aplicação de recur-sos, assim como definidas asgarantias obrigatórias – den-tre elas a alienação fiduciáriae a hipoteca – para a conse-cução da concessão de finan-ciamentos e empréstimos.

No capítulo segundo é ins-tituída a alienação fiduciáriaem garantia de coisa imóvel –referida no capítulo primeiro dalei – e delineados os procedi-mentos de contratação da ga-rantia real, manutenção con-tratual, recebimento das par-celas, quitação da dívida e,para o caso de inadimplementocontratual pelo devedor fidu-ciante, os procedimentos es-pecíficos de execução extraju-dicial da dívida e da garantiafiduciária.

Mas é exatamente no capí-tulo das disposições gerais efinais que se encontrará o art.39, com a seguinte redação:

“Às operações de financia-mento imobiliário em geral aque se refere esta Lei:

I – não se aplicam as dis-posições da Lei nº 4.380, de21 de agosto de 1964, e as de-mais disposições legais refe-rentes ao Sistema Financeiroda Habitação – SFH;

II – aplicam-se as disposi-ções dos arts. 29 a 41 do De-creto-Lei nº 70, de 21 de no-vembro de 1966.”

O artigo acima transcrito se

presta, exatamente, para aamarração de pontas que res-taram soltas no texto legal e aproporcionar a exata compre-ensão de seu alcance.

Neste sentido, o item I doart. 39 estabelece que as dis-posições legais existentes ereferentes ao Sistema Finan-ceiro da Habitação – SFH nãosão aplicáveis às operações donovo sistema de financiamen-to imobiliário, nem à captaçãoe aplicação de recursos e àsgarantias admitidas para o sis-tema criado.

Noutro sentido, o item II doartigo transcrito dispõe seremaplicáveis “as disposições dosarts. 29 a 41 do Decreto-Leinº 70, de 21 de novembro de1966” às operações de finan-ciamento imobiliário em geraltratadas na lei.

Parece evidente que a nor-ma em análise nos remete di-retamente ao artigo 17 da lei,mais especificamente à acei-tação da hipoteca como garan-tia. Somente nesse sentido éque se poderá compreender aaplicação subsidiária de dispo-sitivos legais que tratam ex-clusivamente da execuçãoextrajudicial de cédulas hipo-tecárias. Não parece bem, nemapropriada, a extensão das re-feridas normas aos financia-mentos contratados com alie-nação fiduciária de garantia,que tem regras e procedimen-tos próprios de execução

Alienação Fiduciária

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332ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

extrajudicial dispostas no ca-pítulo II da Lei 9.514/1997.

Resta claro ser equivocadaa aplicação do art. 34 do De-creto-Lei às operações com ga-rantia de alienação fiduciária.Em primeiro lugar porque, aocontrário do que ocorre na ga-rantia hipotecária – onde oimóvel permanece na proprie-dade do devedor até suaarrematação em leilão públi-co, na alienação fiduciária apropriedade, que já era do cre-dor na forma de propriedadefiduciária, é consolidada emseu nome antes da realizaçãodos leilões, impossibilitando apurgação da mora e sua rever-são para o devedor. Em segun-do lugar, por não existir na ali-enação fiduciária – tecnica-mente – a figura do auto dearrematação. Nesta, o bem évendido pelo melhor lance emleilão, observados os critérioslegais, e a transmissão da pro-priedade se faz por instrumen-to público ou particular de ven-da e compra, comparecendocomo vendedor o credor (an-tigo fiduciário) e como compra-dor o licitante vencedor.

As diferenças entre os pro-cedimentos preconizados pe-

los diplomas legais cotejadosse revelam claramente na li-ção de Chalhub [9]:

“Dada a configuração pecu-liar da propriedade fiduciária,não se pode cotejá-la, rigoro-samente, com outros direitosreais de garantia, nem com-parar os procedimentos de lei-lão com outros meios extra-judiciais de cobrança de dívi-das e de venda de bens dodevedor, pois, obviamente,cada um desses procedimen-tos deve adequar-se ao con-teúdo próprio de cada espéciede dívida e garantia.”

Os casos mais comuns,além da garantia fiduciária, sãoo da realização da garantia hi-potecária regulada pelo Decre-to-Lei nº 70, de 1966, e o davenda de unidade imobiliáriaem construção pertencente acondômino inadimplente, regu-

lada pela Lei nº 4.591/64.Não há semelhança entre a

estrutura do direito materialvisada pelos citados diplomas,pois a Lei nº 4.591/64 e o De-creto-Lei nº 70/66, cuidam de‘leilão de imóvel do devedor’,enquanto a Lei nº 9.514/97,trata de ‘leilão de imóvel docredor’.

Isso não obstante, esses re-gimes especiais de realizaçãode garantia têm em comum ofato de os procedimentos decomprovação da mora e devenda do bem se desenrolaremno plano extrajudicial, sendoútil observar alguns aspectos aisso relativos, no que têm derelevante.

Não há, portanto, semelhan-ça entre os procedimentos quepossa justificar a aplicação sub-sidiária da referida norma.

*Continua na próxima edição.

* O autor é Advogado criminalista, em São Paulo/SP. Formado em direito pela Universidade

de Guarulhos, é pós-graduado em direito processual penal pelo Centro Universitário das Facul-

dades Metropolitanas Unidas, em Direito Penal Econômico e Europeu pela Faculdade de Direitoda Universidade de Coimbra em Portugal, especialização em Direito Penal Econômico pela FGV.

Alienação Fiduciária

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34 2ª quinzena - Maio 2018 – nº 10

É necessária a transferência de terreno para SPEquando o proprietário faz parte da sociedade?

Estamos iniciando uma parceria com uma empresa que é proprietária de um terreno. A proposta

é implantar um empreendimento imobiliário em parceria com a Caixa. Será criada uma SPE (Socie-

dade de Propósito Específico), da qual a empresa proprietária do terreno fará parte como sócia.

Considerando a situação de que o terreno em que será implantado o empreendimento é proprieda-

de da própria empresa que fará parte da SPE.

Pergunta: Há a necessidade ou obrigatoriedade de se transferir a propriedade do terreno para

a SPE ou não?

BDI Responde: Se o propósito da constituição da SPE for apenas o de construir o empreendi-

mento imobiliário, a Lei não define esta obrigatoriedade, tendo em vista que os moldes de operação

são exclusivos da referida sociedade, ou seja, tal exigência poderia surgir na negociação entre as

partes envolvidas no negócio jurídico. Por outro lado, se a SPE for realizar operações de venda de

unidades do empreendimento imobiliário, segundo a Lei, haveria a necessidade de transferência do

bem imóvel.

Sociedade de Propósito Específico

Laudêmio e Taxa de OcupaçãoRegulamentação de laudêmios e taxas de ocupação

relativas aos imóveis de propriedade da União

Decreto nº 9.354, de 25.4.2018 (DOU-1, 26.4.2018)

Ementa: Regulamenta o art. 1º do Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987, que

dispõe sobre foros, laudêmios e taxas de ocupação relativas a imóveis de propriedade da União, e

o art. 11-B da Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998, que dispõe sobre a regularização, a administra-

ção, o aforamento e a alienação de bens imóveis de domínio da União.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Abr. (-) 1,0956 (-) 1,2427 0,1247 (-) 1,9596 (-) 0,0238 0,0800 0,1400 0,6069

Mai. (-) 0,9319 (-) 0,5124 0,5179 (-) 1,1021 0,6339 0,3601 0,3100 (-) 0,0488

Jun. (-) 0,6663 (-) 0,9609 (-) 0,3224 (-) 1,5340 0,9311 (-) 0,2999 (-) 0,2300 0,0510

Jul. (-) 0,7161 (-) 0,2953 0,3778 (-) 0,6672 0,3047 0,1699 0,2401 (-) 0,0125

Ago. 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967

Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184

Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224

Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889

Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483

Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629

Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166

Mar. 0,6351 0,5625 0,1719 0.7708 0,2424 0,0699 0,0900 0,0032

Abr. 0,5697 0,3363 (-) 0,0260

MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)

% % R$ COMERCIAL PARALELO

Mai. 0,0764 0,5768 937,00 3,1540 3,3200

Jun. 0,0536 0,5539 937,00 3,2480 3,4500

Jul. 0,0623 0,5626 937,00 3,3140 3,4600

Ago. 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100

Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200

Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400

Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900

Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000

Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800

Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200

Mar. 0,0000 0,5000 954,00 3,2440 3,3700

Abr. 0,0000 0,5000 954,00 3,3010 3,4600

Mai. 0,0000 0,5000 954,00 3,5050 3,6300

1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)

Reajuste em Fev./2018 Reajuste em Mar./2018 Reajuste em Abr./2018 Reajuste em Maio./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 0,9959 IGP-M/FGV 0,9958 IGP-M/FGV 1,0020 IGP-M/FGV 1,0189

IGP-DI/FGV 0,9972 IGP-DI/FGV 0,9981 IGP-DI/FGV 1,0076 IGP-DI/FGV

IPC-DI/FGV 1,0322 IPC-DI/FGV 1,0307 IPC-DI/FGV 1,0276 IPC-DI/FGV 1,0298

INPC/IBGE 1,0187 INPC/IBGE 1,0181 INPC/IBGE 1,0156 INPC/IBGE

IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE 1,0284 IPC-A/IBGE 1,0268 IPC-A/IBGE

IPC/FIPE 1,0241 IPC/FIPE 1,0207 IPC/FIPE 1,0193 IPC/FIPE 1,0129

3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.