diÁlogo social e tripartismo no...
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Diálogo social e Tripartismo no Brasil
Conceito de Diálogo Social
Diálogo social é o processo no qual atores sociais, econômicos, políticos,
ou grupos sociais, legitimamente reconhecidos, se reúnem institucionalmente para
compartilhar ideias, cooperar, buscar convergência de objetivos ou negociar
assuntos de interesse comum. Apesar das frequentes tensões e dos diversos
conflitos que muitas vezes, permeiam o diálogo, este pode resultar no alinhamento
de propósitos, em troca de informações, em novas agendas de possibilidades não
planejadas ou pode proceder em acordos ou projetos compartilhados, fortalecendo a
governança democrática e a sustentabilidade das instituições envolvidas.
Fonte: DIEESE – Cartilha “Diálogo Social
– Para ampliar a cultura democrática no Brasil” - 2009
Diálogo social e Tripartismo no Brasil
Conceito de Diálogo Social
O resultado da ação desses atores, na maioria da vezes, não representa
uma conquista particular e/ou acordo/contrato ao segmento representado. Trata-se
de uma contribuição à promoção de um bem maior, intangível se comparado aos
produtos, por exemplo, da prática de negociação na relação capital trabalho. O
produto final é algo comum e seu beneficiário é um público muito mais amplo do que
aquele que os atores representam, por maior que seja a representatividade dos
mesmos. O diálogo social provoca uma demanda de revisão de certos conceitos
que têm orientado a prática de gestão e de enfrentamento de problemas. Assim,
conceitos como direito, justiça, desenvolvimento, responsabilidade, avaliação,
eficácia, entre outros, poderão ser objeto de crítica e reformulação demandadas a
partir das práticas em curso. Isso, em si, já é uma contribuição importante para o
avanço democrático e social.
Fonte: “Diálogo social, negociação coletiva e
formação profissional no Brasil” – CINTERFOR, 2000
Diálogo social e Tripartismo no Brasil: Histórico
O diálogo social tripartite/multipartite é um fenômeno que se inicia na
década de 90 no Brasil e que, apesar dos avanços expressivos em muitas áreas,
ainda é algo muito restrito, se considerarmos o que seria necessário para
consolidar um novo tipo de prática democrática.
O atual sistema de relações de trabalho no Brasil não é diferente, ou seja,
não se funda em um diálogo social. Em sua origem, na década de 40, não se
buscou um arranjo institucional que fortalecesse as relações diretas entre capital e
trabalho, nem que favorecesse a contratação coletiva ou a intervenção em políticas
públicas. Pelo contrário, o sistema de relações de trabalho e, com isso, o papel dos
sindicatos foi estruturado e desenvolvido com vistas a permitir total liberdade aos
empresários e aos governos para implantar seu modelo de crescimento e uma
visão própria de desenvolvimento.
Este sistema restringiu a atuação sindical, através da restrição aos direitos
de greve, do impedimento da organização no local de trabalho, do controle sindical
pelo Estado e do papel normativo da justiça do trabalho.
Fonte: “Diálogo social, negociação coletiva e
formação profissional no Brasil” – CINTERFOR, 2000
Diálogo social e Tripartismo no Brasil: Histórico
A partir da década de 90, ocorre uma mudança importante na forma como
os governos passam a realizar a gestão de algumas políticas públicas - o que não é
gratuito, haja vista a luta dos diferentes movimentos sociais, e também o sindical,
reivindicando participar na formulação e gestão destas políticas. Como exemplo,
vale registrar o Movimento Popular de Saúde que conquistou os Conselhos de
Saúde; as lutas no campo da educação realizadas por inúmeros movimentos onde
se destacam os Conselhos de Educação; a luta pela reforma agrária sustentada
pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, entre tantos outros.
Em 1994, foi ratificada no Brasil a Convenção 144 da OIT – sobre
Consulta Tripartite. Vários fóruns tri ou multipartite foram criados, em geral por
iniciativa dos poderes executivos municipal/estadual/federal. Desta forma, a
representação dos trabalhadores em organismos públicos se amplia nos últimos
anos. Nunca no Brasil, trabalhadores, empresários, governos, políticos,
pesquisadores, e demais formadores de opinião falaram tanto sobre a preparação
para o trabalho e suas relações com o desenvolvimento do país.
Fonte: “Diálogo social, negociação coletiva e
formação profissional no Brasil” – CINTERFOR, 2000
O CDES é um conselho multipartite, criado em 2003. Uma de suas principais
características é seu potencial de reunir diferentes representantes da sociedade para
estabelecer um diálogo sobre novas formas de pensar o desenvolvimento brasileiro, o que
representou uma inovação democrática reproduzida pelo Brasil. Ainda que sem poder
deliberativo, o CDES forneceu subsídios e influenciou a formulação de políticas nas mais
diferentes áreas.
Sua criação alargou de forma inédita a interlocução entre o Governo e a sociedade e a
capacidade de definir, de forma compartilhada, os rumos do País.
Na composição do Conselho estão presentes empresários, movimentos sindicais,
movimentos sociais, governo e lideranças expressivas de diversos setores.
Algumas contribuições do CDES: a Agenda Nacional de Desenvolvimento; recomendações
para enfrentar a crise econômica internacional, protegendo a dinâmica brasileira de
desenvolvimento com distribuição de renda; análises sobre a relevância e o sentido da
Reforma Tributária e da Reforma Política; Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica
(FUNDEB) e a Agenda Nacional do Trabalho Decente, entre outras.
Fonte: CDES
Algumas instâncias de diálogo social
no âmbito do Ministério do Trabalho são:
FNT – Fórum Nacional do Trabalho
CONAETI - Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil
CONATRAE - Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo
CTIO - Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidade e tratamento, de
Gênero e Raça do Trabalho
CODEFAT - Conselho Deliberativo do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)
CNIG - Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho e Emprego
CONJUVE – Conselho Nacional de Juventude
CTRI - Comissão Tripartite de Relações Internacionais
CTPP - Comissão Tripartite Paritária Permanente
CT-SST - Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho
Entre outros.
Fonte: MTE
2009-2010: Construção tripartite do Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente (PNTD), com a participação de 6 centrais sindicais na delegação dos trabalhadores.
Objetivo principal do PNTD: gerar emprego e trabalho decente para combater a pobreza e as desigualdades sociais
Estabelece 62 metas para 2011-2015
Prioridades:
1. Gerar mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de tratamento (36 metas).
2. Erradicar o trabalho escravo e eliminar o trabalho infantil, em especial em suas piores formas (20 metas).
3. Fortalecer os atores tripartites e o diálogo social como instrumento de governabilidade democrática (6 metas).
Fonte: PNTD/MTE
Promoção das Normas Internacionais
Aplicação efetiva da Convenção da OIT nº 98, de 1949, sobre direito de sindicalização
e de negociação coletiva, e promoção dos princípios da Convenção nº 87, de 1948,
sobre liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização.
Fortalecimento dos Atores
Regulamentação da participação das Centrais Sindicais nos fóruns de discussão e de
elaboração das políticas públicas.
Mecanismos de Diálogo Social
Criação e consolidação do Conselho Nacional de Relações do Trabalho (CNRT), como
mecanismo institucionalizado de diálogo social.
Apoio à consolidação e à institucionalização do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social (CDES).
Fonte: PNTD/MTE
• 2011: Conferências Estaduais de Emprego e Trabalho Decente,
precedidas de Conferências Regionais (de acordo com sugestão
das Centrais Sindicais)
• 2012: I Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente
Finalidade: promover um amplo debate nacional sobre a temática
das políticas públicas de trabalho, emprego e proteção social.
Delegações da CNETD:
Poder Executivo: 30%
Representação dos Empregadores: 30%
Representação dos Trabalhadores: 30%
Outras organizações: 10%
Fonte: MTE
O Conselho de Relações do Trabalho, instituído em 2010, tem como finalidade
promover a democratização das relações do trabalho, através do entendimento entre
trabalhadores, empregadores e Governo Federal a respeito de temas relativos às
relações do trabalho e à organização sindical e fomentar a negociação coletiva e o
diálogo social.
O Conselho, com estrutura tripartite, é composto por representantes do Ministério do
Trabalho e Emprego, dos empregadores e dos trabalhadores, que são
representados pelas centrais sindicais reconhecidas até o momento (Força Sindical,
CUT, CTB, UGT, NCST e CGTB).
O CRT possui Câmaras bipartites para discutir assuntos específicos.
São atribuições do CRT:
apresentar estudos e subsídios, para o MTE, de anteprojetos de lei e normativas que versem
acerca de relações de trabalho e organização sindical;
propor diretrizes de políticas públicas e opinar sobre programas, ações governamentais e outros
assuntos no âmbito das relações de trabalho e organização sindical;
auxiliar o MTE nas discussões acerca das categorias sindicais, bem como na discussão dos
assuntos relacionados às relações do trabalho de modo geral.
Conselho de Relações do Trabalho (2010)
Fonte: MTE
Plano Plurianual (PPA) 2012-2015
O PPA define todas as políticas públicas do governo federal e expressa os
compromissos de um mandato presidencial. É a principal ferramenta de planejamento
para o governo organizar sua atuação, buscando obter mais resultados com menos
recursos.
Para aprimorar o monitoramento e a transparência, o PPA 2012-2015 ganhou
uma nova modelagem, agrupando tematicamente diversas ações em um único
programa, o que reafirma o caráter estratégico do PPA sem diminuir a oferta de serviços
à sociedade.
O novo modelo foi debatido com secretários estaduais e municipais de
planejamento das cinco regiões do País, com a participação de 24 estados e 43
representações municipais. Também foi discutido com 300 representantes da sociedade
civil de 34 Conselhos Nacionais durante o Fórum Interconselhos, e com os integrantes
do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Fonte: Ministério do Planejamento
O Plano Brasil Maior, instituído em 2012, adota políticas de apoio à indústria,
que buscam fortalecer a competitividade e a produtividade, promover o adensamento
produtivo e tecnológico das cadeias de valor, ampliar mercados, criar empregos de
melhor qualidade e garantir um crescimento inclusivo e sustentável.
É um Plano de caráter tripartite e tem, como principal desafio, definir agendas
estratégicas de médio e longo prazo, visando a construção conjunta de uma agenda de
competitividade para atacar os problemas e fragilidades da indústria e orientará
estratégias públicas e privadas.
O movimento sindical participa do Plano através de Conselhos de
Competitividade Setoriais (formados por representantes do governo, empregadores e
trabalhadores), que elaboram agendas de trabalho para cada setor industrial. Embora o
Plano seja tripartite, há ressalvas quanto a participação efetiva do movimento sindical no
processo, já que muitas das políticas industriais foram construídas previamente entre o
setor privado e governo, sem a consulta prévia às propostas dos trabalhadores.
Construir consensos dentro do movimento sindical
Conquistar espaços de negociação paritários nas bases do tripartismo e diálogo
social
O predomínio de espaços não paritários traz dilemas para o papel dos atores e sua estratégia de
atuação. Em muitros dos fóruns, por exemplo, procura-se deliberar por consenso, sendo esta uma
forma de esconder ou de não explicitar a ausência de paridade.
Qualificar a participação da bancada dos trabalhadores nos fóruns tripartites
O objeto da negociação traz em si um desafio que é o domínio de seu conteúdo, de maneira que
as representações possam ter um papel ativo em sua participação. Freqüentemente, aparecem
tensões entre a dimensão técnica e a dimensão política da representação, principalmente para as
entidades sindicais de trabalhadores que não dispõem de técnicos e dirigentes em número
suficiente para darem conta do volume de trabalho que envolve esse tipo de participação.
Monitorar as metas e resultados
Fonte: “Diálogo social, negociação coletiva e
formação profissional no Brasil” – CINTERFOR, 2000