diálogo metropolitano - edição 1 - 28/02/2013

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» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013 | ANO 1 | NÚMERO 1 | ALPHA PRIME: 50 ANOS DE JORNALISMO Programa Academia Carioca da Saúde: mais de 26 mil participantes “Eu tinha uma dor muito séria nos meus dois joe- lhos, agora ela está com- pletamente eliminada”, diz o aposentado Heraldo Luís, frequentador da Academia Carioca da Saúde há pou- co mais de um mês. Partici- pante há mais tempo, cerca de três anos, Dona Seve- rina Josefa da Silva tam- bém encontrou a cura para seu problema de bursite. “Quando comecei a fazer as ‘rodinhas’ minhas dores sumiram, nem precisei de remédio”, afirma. Histórias de superação como essas são frequen- tes entre os mais de 26 mil participantes do Programa Academia Carioca da Saú- de, implantado pela Secre- taria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Ja- neiro (SMSDC-RJ) no ano de 2009. As academias, instaladas em unidades de saúde da capital carioca, foram criadas objetivando a promoção da saúde, dimi- nuição de danos causados por doenças, incentivo a atividades físicas, melhoria da qualidade de vida e inte- gração social. Ao todo, são 73 acade- mias com equipamentos disponíveis para a prática de atividades físicas, núme- ro 59% maior que a quanti- dade de unidades implan- tadas até o ano de 2012. “Nossa previsão para 2012 era aumentar para 60 uni- dades com aparelhos, mas aumentamos para 73 e pre- tendemos chegar a cerca de 85 academias em 2013”, afirma Junia Cardoso, As- sessora de Atividade Física da Secretaria Municipal de Saúde. Confira nesta edição os principais resultados do programa. LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA PÁGINA 7 ECONOMIA Banco Central prevê cenário favorável para a economia nos próximos meses O Banco Central (BC) anunciou no último dia 21 de fevereiro que antevê perspectivas favoráveis para a economia brasileira nos próximos trimestres. De acordo com a en- tidade, a moderação da atividade econômica no final de 2012 não será empecilho à mudança positiva no cenário econômico. A divulgação da expectativa do BC, porém, não despertou ânimo de parte dos economistas brasileiros, que veem a economia do país caminhando a passos lentos. PAG 3 ESPORTES Conheça os pequenos gigantes do futebol brasileiro Todo torcedor do interior tem seu time do coração, além da equipe da capital. Aquele time que, toda vez que vence um dos “gran- des”, traz sensação de or- gulho e felicidade. Hoje essas equipes enfrentam o drama de não conseguir revelar tantos jogadores como antigamente. Em todos os estados, temos exemplos clássicos de ti- mes que conseguiram su- perar todas as dificuldades e disputaram de igual para igual com os chamados grandes. Relembre as his- tórias desses clubes. PAG 6 BRASIL E MUNDO Blogueira Yoani Sánchez iniciou giro pelo mundo no Brasil O portal DesdeCuba.com abriga um dos blogs mais acessados e influentes do mundo. Trata- -se do Generación Y, página em que a filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez questiona, desde 2007, as restrições impostas pelo governo de seu país à liberdade de expressão, ain- da que o foco não seja a política. Somente depois de vinte pedidos, Yoani conseguiu obter um passaporte, beneficiada pelo fim de restrições impostas a viagens de cubanos ao exterior. E o seu primeiro destino foi o Brasil. PAG 4 CULTURA » ESTA EDIÇÃO 8 PÁGINAS | CONFIRA A EDIÇÃO DIGITAL NO SITE www.dialogometropolitano.com.br OU NOS NOSSOS APLICATIVOS NOSSOS COLUNISTAS No universo virtual, nunca se deve perder o bom senso Reflexões sobre a maioridade penal Spielberg não desvia os olhos da verdade em Lincoln José Mourinho de olho em Casemiro, emprestado ao Real B A diarreia costuma ser o tormento do verão Conheça o vice-prefeito mais jovem do Brasil DIÁLOGO METROPOLITANO RIO DE JANEIRO Entrevista exclusiva com José Maria Marin, presidente da CBF PAG 8 Argo vence Oscar e se consagra como o melhor de 2012 » Confira os vencedores das principais categorias » A opinião do jornalista e crítico de cinema Hamilton Rosa Jr. PAG 5 DÉBORAH FONSECA PAG 2 JOSÉ CARLOS BLAT PAG 3 HAMILTON ROSA JÚNIOR PAG 5 JOSÉ CARLOS CICARELLI PAG 6 DRA. LÍVIA MARIA GENNARI PAG 7 REINALDO COSTA PAG 8

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Edição 1 do Diálogo Metropolitano, de 28/02/2013

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Page 1: Diálogo Metropolitano - Edição 1 - 28/02/2013

» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013 | ANO 1 | NÚMERO 1 | ALPHA PRIME: 50 ANOS DE JORNALISMO

Programa Academia Carioca da Saúde: mais de 26 mil participantes

“Eu tinha uma dor muito séria nos meus dois joe-lhos, agora ela está com-pletamente eliminada”, diz o aposentado Heraldo Luís, frequentador da Academia Carioca da Saúde há pou-co mais de um mês. Partici-pante há mais tempo, cerca de três anos, Dona Seve-rina Josefa da Silva tam-bém encontrou a cura para seu problema de bursite. “Quando comecei a fazer as ‘rodinhas’ minhas dores sumiram, nem precisei de remédio”, afirma.

Histórias de superação como essas são frequen-tes entre os mais de 26 mil participantes do Programa Academia Carioca da Saú-de, implantado pela Secre-taria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Ja-neiro (SMSDC-RJ) no ano de 2009. As academias, instaladas em unidades de saúde da capital carioca,

foram criadas objetivando a promoção da saúde, dimi-nuição de danos causados por doenças, incentivo a atividades físicas, melhoria da qualidade de vida e inte-gração social.

Ao todo, são 73 acade-mias com equipamentos disponíveis para a prática de atividades físicas, núme-ro 59% maior que a quanti-dade de unidades implan-tadas até o ano de 2012. “Nossa previsão para 2012 era aumentar para 60 uni-dades com aparelhos, mas aumentamos para 73 e pre-tendemos chegar a cerca de 85 academias em 2013”, afirma Junia Cardoso, As-sessora de Atividade Física da Secretaria Municipal de Saúde.

Confira nesta edição os principais resultados do programa.LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA PÁGINA 7

ECONOMIA

Banco Central prevê cenário favorável para a economia nos próximos meses

O Banco Central (BC) anunciou no último dia 21 de fevereiro que antevê perspectivas favoráveis para a economia brasileira nos próximos trimestres. De acordo com a en-tidade, a moderação da atividade econômica no final de 2012 não será empecilho à mudança positiva no cenário econômico. A divulgação da expectativa do BC, porém, não despertou ânimo de parte dos economistas brasileiros, que veem a economia do país caminhando a passos lentos. PAG 3

ESPORTES

Conheça os pequenos gigantes do futebol brasileiro

Todo torcedor do interior tem seu time do coração, além da equipe da capital.Aquele time que, toda vez que vence um dos “gran-des”, traz sensação de or-gulho e felicidade. Hoje essas equipes enfrentam o drama de não conseguir revelar tantos jogadores como antigamente. Em todos os estados, temos exemplos clássicos de ti-mes que conseguiram su-perar todas as dificuldades e disputaram de igual para igual com os chamados grandes. Relembre as his-tórias desses clubes. PAG 6

BRASIL E MUNDO

Blogueira Yoani Sánchez iniciou giro pelo mundo no Brasil

O portal DesdeCuba.com abriga um dos blogs mais acessados e influentes do mundo. Trata--se do Generación Y, página em que a filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez questiona, desde 2007, as restrições impostas pelo governo de seu país à liberdade de expressão, ain-da que o foco não seja a política. Somente depois de vinte pedidos, Yoani conseguiu obter um passaporte, beneficiada pelo fim de restrições impostas a viagens de cubanos ao exterior. E o seu primeiro destino foi o Brasil. PAG 4

CULTURA

» ESTA EDIÇÃO 8 PÁGINAS | CONFIRA A EDIÇÃO DIGITAL NO SITE www.dialogometropolitano.com.br OU NOS NOSSOS APLICATIVOS

NOSSOS COLUNISTAS

No universo virtual, nunca se deve perder o bom senso

Reflexões sobre a maioridade penal

Spielberg não desvia os olhos da verdade em Lincoln

José Mourinho de olho em Casemiro, emprestado ao Real B

A diarreia costuma ser o tormento do verão

Conheça o vice-prefeito mais jovem do Brasil

DIÁLOGOMetropolitanoRIO DE JANEIRO

Entrevista exclusiva com José Maria Marin, presidente da CBF PAG 8

Argo vence Oscar e se consagracomo o melhor de 2012

» Confira os vencedores das principais categorias

» A opinião do jornalista e crítico de cinema Hamilton Rosa Jr.

PAG 5

DÉBORAH FONSECAPAG 2

JOSÉ CARLOS BLATPAG 3

HAMILTON ROSA JÚNIORPAG 5

JOSÉ CARLOS CICARELLIPAG 6

DRA. LÍVIA MARIA GENNARIPAG 7

REINALDO COSTAPAG 8

Page 2: Diálogo Metropolitano - Edição 1 - 28/02/2013

CIDADES

2 DIÁLOGOMetropolitanoRIO DE JANEIRO

» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

REFLEXÕESDéborah Fonseca | Jornalista

Diário Virtual

DIRETORAMônika Santos Ferreira

DIRETORA DE REDAçãODéborah FonsecaJornalista Responsável

EDITOR CHEFEJônatas Mesquita | MTb [email protected]

REDAçãOJonas GonçalvesRaul RamosPâmela [email protected]

REVISãOBianca Montagnana

DIAGRAMAçãORoberta Furukawa Bartholomeu

COLuNISTASDéborah Fonseca, José Carlos Blat, Thell de Castro, Hamilton Rosa Jr., José Carlos Cicarelli, Lívia Gennari e Reinaldo Costa

Projeto gráfico e editorialNews Prime Comunicação & [email protected]

redaçãoAvenida das Américas, 3.500Bloco 05 | Sala 416Rio de Janeiro | RJ imPressãoGráfica Lance

redes sociaisTwitter - twitter.com/dialogometroFacebook - migre.me/drPtc

Fã confessa do univer-so virtual e de todo o aparato tecnológico dis-ponível, sou daquelas que sofre crise de absti-nência se o smartphone estiver fora do alcance dos olhos. Passeio pela App Store com o mes-mo entusiasmo com que toda mulher encara uma vitrine de sapatos. Te-nho Facebook, Twitter, Whats Up, Skype, MSN, Google Talk, Instagran etc e acredito que todos

facilitam a comunicação e a troca de informações. Nem gosto de me lembrar da minha vida, sobretudo profissional, antes do ad-vento da internet! Contudo, é preciso saber aproveitar o melhor de cada ferra-menta, e o detalhe mais importante: nunca perder o bom senso! E é ai que começam os problemas. A maioria hoje já não separa o público do privado.Quando um namoro ter-mina, antes de eventuais

lágrimas e baixo-astral, é preciso mudar o sta-tus no Facebook. Isso quando o rompimento não acontece online. Os desentendimentos e aquelas picuinhas, tão intrínsecos a nossa hu-manidade, rendem inú-meros posts. As curtidas prosperam, pois todos sabem que esses temas rendem audiência. E se preservar a intimidade não é mais uma preocu-pação, o que dizer da ve-lha e boa educação?Letras maiúsculas indi-cam que o interlocutor pretendia berrar em sua orelha, se pudesse. Pa-lavrões são digitados às dúzias. Fotos constran-gedoras e até ridícu-las são publicadas sem nenhuma censura. Fre-quentemente, pasmem, fico constrangida pelo autor e me pergunto se essas pessoas já para-ram para pensar que tudo isso se torna públi-co. Por isso, insisto: bom senso sempre, até mes-mo onde tudo é virtual-mente virtual.

DIÁLOGO MetropolitanoPuBLICADO PELA ALPHA PRIME EDITORA E JORNALISMO LTDA.ALPHA PRIME: 50 ANOS DE JORNALISMO

Registro eletrônico de hóspedes será implantado na hotelaria nacional

O registro eletrônico de hóspedes na hotelaria bra-sileira será obrigatório ainda a partir deste ano, disse o ministro do Turismo, Gastão Vieira, após reunião com re-presentantes do setor hote-leiro fluminense, no Rio de Janeiro. “Ela será obrigató-ria, porque a ficha eletrônica é um instrumento de moder-nização, de conforto para o hóspede, de uma base de informações muito mais qualificada. Enfim, você ven-ce uma série de problemas”, declarou.

Problemas tecnológicos estão sendo resolvidos em conjunto com o setor para viabilizar a ação. Segundo o presidente da Associa-ção Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ), Alfredo Lopes, o pessoal da área de tecnolo-gia está buscando uma solu-ção para unificar o sistema. A obrigatoriedade da ficha eletrônica está “dando mui-to trabalho para o pessoal de tecnologia da informa-ção dos hotéis, porque cada um trabalha com um siste-ma”, disse.

Lopes está convicto, po-rém, que depois que o pro-cedimento entrar na nor-malidade, vai ser bom para todos. “Porque nós não po-demos continuar como no século passado, preenchen-do papéis”. O novo sistema

permitirá que os hotéis te-nham informações online de seus hóspedes.

O ministro Gastão Vieira deu seguimento, no Rio, à série de reuniões para de-bater ações conjuntas entre o governo e a iniciativa pri-vada para implementação da medida nas cidades que sediarão jogos da Copa de Confederações e da Copa do Mundo de 2014. Viei-ra observou que o grande desafio após os eventos é como manter o nível de ocu-pação hoteleira em padrão elevado. “O setor hoteleiro está investindo R$ 10 bi-lhões, neste momento, na oferta de novos meios de hospedagem. E, evidente-mente, não vai querer ficar caracterizado como aquele que cobra preços muitos altos”, disse, referindo-se ao acompanhamento que será feito sobre o valor das diá-rias, para coibir abusos.

O ministro defendeu a necessidade de atrair mais estrangeiros para o país. “Sair desse patamar de 5 milhões, 6 milhões de turis-tas por ano e passar para o patamar, que é a nossa meta, de 10 milhões. Preci-samos fazer os brasileiros viajar cada vez mais dentro do nosso país”. Para os dois casos, destacou que é pre-ciso ter tarifas e diárias que não transformem o Brasil

em um destino excessiva-mente caro.

Vieira lembrou que não se trata somente de tarifas de hotéis. O esforço para tor-nar o Brasil atraente para os turistas nacionais e estran-geiros abrange também os preços de restaurantes, das passagens aéreas e rodovi-árias”. Nós estamos com um grande desafio: dar compe-titividade ao turismo interno brasileiro para que se possa diminuir um déficit enorme que nós temos com relação ao que os brasileiros gastam lá fora e que os estrangeiros gastam no nosso país”.

O ministro do Turismo tam-

bém falou sobre a classifica-ção hoteleira que, segundo ele, precisa ser resolvida rapidamente. “Outro traba-lho que deverá ser acelera-do para implantação antes dos grandes eventos é a classificação hoteleira”. No momento, o ministério está procedendo à regulamenta-ção do sistema brasileiro de classificação dos meios de hospedagem. A adesão é voluntária, mas aqueles que não aderirem não poderão fazer a autoclassificação, sob risco de penalização”, informou a assessoria do ministro.

O Ministério do Turismo

está empenhado também em promover a qualificação da mão de obra do setor turístico para os grandes eventos, chamando a aten-ção do empresariado para a oportunidade de qualifica-ção gratuita para profissio-nais da cadeia produtiva do setor turístico, por meio do programa Copa na Empre-sa, que permite a qualifica-ção do profissional no seu próprio ambiente de traba-lho. A expectativa é formar 240 mil pessoas até a Copa do Mundo.

O ministro do Turismo destacou ainda a importân-cia da Jornada Mundial da

Juventude, que ocorrerá no Rio de Janeiro em julho. O evento reunirá milhões de jovens católicos. Vieira acredita que a mobilização dos voluntários no país, bem como a perspectiva de ter o novo papa fazendo sua primeira visita oficial ao exterior, contribuirão para ampliar o número de turistas que deverão participar do encontro.

“Isso vai ser revisto tam-bém por conta dessa mo-bilização que os jovens do Brasil inteiro estão fazendo para comparecerem a esse evento”. (Alana Gandra/Agência Brasil)

Page 3: Diálogo Metropolitano - Edição 1 - 28/02/2013

ECONOMIA

3DIÁLOGOMetropolitanoRIO DE JANEIRO

» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

Banco Central prevê cenário favorável para a economia nos próximos meses

O Banco Central (BC) anunciou no último dia 21 de fevereiro que antevê pers-pectivas favoráveis para a economia brasileira nos pró-ximos trimestres. De acordo com a entidade, a modera-ção da atividade econômica no final de 2012 não será empecilho à mudança posi-tiva no cenário econômico.

A divulgação da expec-tativa do BC, porém, não despertou ânimo de parte dos economistas brasilei-ros, que veem a economia do país caminhando a pas-sos lentos. “Os números têm mostrado que a eco-nomia não está reagindo, e eu acredito que nós não tenhamos uma recessão, mas vai ser um ano de baixo crescimento, ou até mesmo nenhum crescimen-to econômico”, diz Marcelo Bosi Rodrigues, mestre em economia.

Para o especialista, se-tores que tiveram redução de IPI (Imposto Sobre Pro-dutos Industrializados) vão perder a força nos próxi-mos meses. “As áreas de linha branca e automobilís-tica estão perdendo o fôle-go, as pessoas que tinham que comprar um carro ou eletrodoméstico já o fize-ram”, afirma o economista.

Em 2012, na tentativa de aquecer a economia brasileira diante da crise internacional, o governo colocou em prática uma série de medidas, como desoneração da folha de pagamento,corte nos ju-ros, redução do IPI e con-cessões de rodovias e ferrovias. Em curto prazo, as ações corresponderam às expectativas, mas é o futuro que deve ser obser-vado. “As medidas foram pontuais e focadas apenas

em alguns setores, não foram abrangentes, o que gerou um retorno somen-te local”, diz Rodrigues. “É necessário que sejam tomadas medidas mais genéricas, como redução geral na carga de impostos e generalização da folha do trabalho para que, re-almente, tenham um efeito geral”, completa.

Para 2013, um dos fato-res de aposta do BC para movimentar a economia é o “vigor do mercado de trabalho”, com a redução das taxas de desemprego. De acordo com Rodrigues, o mercado de trabalho está realmente aquecido, dispondo ainda de muitos postos de trabalho, mas a falta de mão de obra qualificada não causa en-tusiasmo. “O problema é que não tivemos um in-vestimento mais forte para

qualificação das pessoas, o que deixa vários cargos em aberto”, afirma o espe-cialista.

De acordo com econo-mistas, é necessário que o Brasil faça reformas mais profundas para movimen-

Programa do Imposto de Renda foi liberado na segunda-feira

A Receita Federal liberou no dia 25 às 8h o progra-ma gerador do Imposto de Renda Pessoa Física 2013. Para fazer o download, o contribuinte deve acessar o site da Receita Federal na internet no endereço

O mesmo ocorre com as pessoas com idade supe-rior a 60 anos, que terão prioridade em receber a restituição, em observân-cia ao Estatuto do Idoso. O prazo para entrega vai de 1º de março a 30 de abril. A

PAPO SÉRIO

Gostaria de fazer algu-mas reflexões sobre a maioridade penal. Alguns anos atrás, assistindo a um noticiário na televisão no qual uma mãe recla-mava sobre a transferên-cia de seu filho menor infrator, uma outra mãe resolveu escrever uma carta para aquela senho-ra que tinha seu filho na Febem em São Paulo, atual Fundação Casa, que passo a transcrever: “Vi seu enérgico protes-to diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu fi-lho, menor infrator, das dependências da Febem em São Paulo para outra dependência da Febem no interior do Estado. Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das des-pesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenien-tes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não

só você, mas igualmente outras mães na mesma situ-ação, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de De-fesa de Direitos Humanos, ONGs, etc... Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as di-ficuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domin-gos, porque labuto, inclusi-ve aos sábados, para auxi-liar no sustento e educação do resto da família. Felizmente, conto com o meu inseparável compa-nheiro, que desempenha para mim importante papel de amigo e conselheiro es-piritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jo-vem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo-locadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você esti-

ver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flo-res no seu humilde túmu-lo, num cemitério da peri-feria de São Paulo. Ah! Ia me esquecendo: E também ganhando pou-co e sustentando a casa. Pode ficar tranquila que eu estarei pagando, de novo, o colchão que seu querido filho queimou na última rebelião da Febem.Nem no cemitério, nem na minha casa, nunca apare-ceu nenhum represen-tante destas “Entidades” que tanto lhe confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me indicar “os meus direitos”!Reflita sobre isso. A ques-tão da menoridade penal no Brasil deve ser revista e, como em outros países, devemos adotar o critério bio-psicológico, respon-sabilizando criminalmen-te o menor, independen-temente de sua idade, desde que tenha consci-ência dos seus atos cri-minosos. Com a palavra, nossos legisladores.

Guido Mantega, ministro da Fazenda

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tar realmente a economia, que tome medidas que não irão trazer retorno imediato, mas irão aquecer o merca-do no futuro. Segundo Ro-drigues, para o ano de 2013 as melhores opções de movimentação no mercado

são os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. “A preparação para a Copa vai gerar uma série de oportu-nidades de negócio”, diz o economista. “Principalmen-te para quem produzir para o país”, finaliza.

Daniel Lima | Agência Brasil

www.receita.fazenda.gov.br. Os contribuintes que entregarem a declaração no início do prazo, sem erros, e tiverem direito à restituição, terão a chance de receber o dinheiro nos primeiros lotes.

declaração poderá ser en-tregue pela internet ou em disquete nas agências da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil.

Estão obrigados a de-clarar os contribuintes que receberam rendimentos tri-butáveis cuja soma foi su-perior a R$ 24.556,65 em 2012. O valor foi corrigido em 4,5% em relação ao ano anterior. A obrigação de declarar alcança tam-bém aqueles que recebe-ram rendimentos isentos, não tributáveis ou tributa-dos exclusivamente na fon-te, cuja soma foi superior a R$ 40 mil.

A declaração é obriga-tória para quem obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mer-cadorias, de futuros e asse-melhadas, ou obteve recei-ta bruta com atividade rural

superior a R$ 122.783,25. Quem tinha, até 31 de de-zembro de 2012, posse de bens ou propriedade, in-clusive terra nua, com va-lor superior a R$ 300 mil, também está obrigado a declarar. A Receita publi-cou um manual com per-guntas e respostas para o contribuinte com dúvida sobre o preenchimento da declaração. O texto pode ser encontrado na página da Receita Federal.

O valor limite para a de-dução com instrução será R$ 3.091,35. Por depen-

dente, o contribuinte po-derá abater R$ 1.974,72. No caso das deduções permitidas com a contri-buição previdenciária dos empregados domésticos, o valor do abatimento pode chegar a R$ 985,96. Não há limites para os gastos com despesas médicas.

A expectativa da Recei-ta Federal é receber 26 milhões de declarações. Em 2012, um total de 25.244.122 contribuintes enviou a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física.

Crescimento da economia em 2012 deve ficar em torno de 1%, estima Fiesp

O presidente da Federa-ção das Indústrias do Es-tado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 ficará em 0,9% ou 1%.

O resultado oficial de-verá ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE)

conversar com jornalistas no final do ano passado. O ministro tem dito que o mercado estima uma ex-pansão entre 3% e 4%. Se-gundo o boletim Focus, a estimativa de analistas do mercado financeiro con-sultados pela instituição é que a economia cresça 3,1% este ano.

Daniel Lima | Agência Brasil

na próxima sexta-feira (1º). Para 2013, Skaf está mais otimista e estima expansão de 2,5% a 3%.

A estimativa do presiden-te da Fiesp, porém, está abaixo da previsão do mi-nistro da Fazenda, Guido Mantega, que indicou 4% de crescimento da econo-mia brasileira em 2013 ao

José Carlos Blat | Promotor de Justiça

Reflexões sobre a maioridade penal

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4 DIÁLOGOMetropolitanoRIO DE JANEIRO

» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

O portal DesdeCuba.com abriga um dos blogs mais acessados e influentes do mundo. Trata-se do Gene-ración Y, página em que a filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez questiona, desde 2007, as restrições impostas pelo governo de seu país à liberdade de ex-pressão, ainda que o foco não seja a política. Sua ou-sadia lhe rendeu inúmeros convites para palestras e debates em diversos pa-íses, além de influência e prêmios. Porém, somente depois de vinte pedidos, Yoani conseguiu obter um passaporte, beneficiada pelo fim de restrições im-postas a viagens de cuba-nos ao exterior. E o seu pri-meiro destino foi o Brasil.

A blogueira passou por várias cidades, como Sal-vador, Recife, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Recebida com carinho por uns e com hostilidade por outros, Yoani não se deixou intimidar pelos holofotes e manteve um tom sereno e de satisfação diante da sim-ples (para os brasileiros) di-versidade de opiniões.

“Vivo em um país onde opinião é traição”. Com fra-ses impactantes como esta, Yoani mostra, aos 37 anos, casada e mãe de um filho, uma vontade expressiva de ver mudanças na realidade da ilha caribenha, governa-da desde a Revolução de 1959 pelos irmãos Castro – primeiro Fidel, agora Raúl, este último recém-eleito para um novo e, segundo ele, último mandato de cin-

BRASIL E MUNDO

Blogueira Yoani Sánchez iniciou giro pelo mundo no BrasilJONAS GONÇALVES

co anos.“Há cinco anos, quan-

do abri na internet o [blog] Generación Y, não pensei que minha vida fosse mu-dar tanto. Em Cuba, vive-mos uma grande censura, um monopólio informativo, com um único partido, que não permite a ascensão de outras forças políticas. Essa é a principal mensagem: Cuba não é um partido, só um homem. É plural, diver-sa”, disse Yoani Sánchez à Agência Brasil.

Posicionando-se contra o embargo americano a Cuba e à prisão de Guantánamo, mantida pelos EUA na ilha, a jornalista tentou demons-trar em suas entrevistas que não é uma “agente do imperialismo”, como a ro-tulam os simpatizantes do regime castrista. Ela se de-fine como alguém que, em meio à pós-modernidade, vai além de meros rótulos e que tem como ideal a ga-rantia de poder dizer o que pensa sem sofrer com re-presálias.

A jornalista foi tratada pe-los veículos brasileiros de mídia como uma verdadeira pop star, especialmente de-vido à repercussão de suas aparições.

Afinal, em poucos dias, Yoani mostrou diferentes aspectos de sua persona-lidade, o que atraiu o inte-resse e a curiosidade de muitos.

Ao mesmo tempo em que se mostrou disposta a discutir uma profunda reno-vação das estruturas de po-der em Cuba, algo que sus-

cita polêmicas há décadas, mostrou sua preocupação com a família e também a felicidade em poder extra-polar as fronteiras de seu país, o que só conseguia (com restrições) por meio de seu blog, que tenta mos-trar os problemas vividos por aqueles que não opta-ram pelos riscos inerentes ao exílio. Segundo Yoani, os militantes de esquerda que a criticam “se apegam a uma Cuba utópica” por não conhecerem o país de fato.

Planos

O livro “De Cuba, com carinho” (Editora Contexto), de 2009, é uma coletânea de artigos publicados no Generación Y. Nele, Yoani narra a vida cotidiana de quem vive na ilha, sofre com a decadência da eco-nomia cubana, mas ama seu país, tudo isso em meio a um processo de enve-lhecimento do regime e de seus dirigentes.

Agora, depois de passar

pelo Brasil, Yoani quer es-crever um livro sobre o que viveu por aqui. Também deseja criar um veículo de imprensa ao lado de cole-gas cubanos. “Vai ser um regresso complicado, mas vou voltar com mais ener-gia. Às vezes lá dentro te-mos a impressão de que estamos sozinhos, de que o mundo não conhece o tema, mas vejo que não. Há muita consciência da au-sência de direito”, afirmou em entrevista ao portal Es-tadão.

O próximo destino da saga de Yoani é a Europa, mais exatamente a Repúbli-ca Tcheca. Talvez inspirada pelos ares de embate polí-tico e ideológico que res-pirou por aqui, incorporou o espírito de sobrevivência que é compartilhado por milhões de cubanos. “Vou levar essa mensagem tam-bém a meus amigos de luta. Não estamos sozinhos. Levo a pluralidade, a diver-sidade e a solidariedade do povo brasileiro”.

Yoani Sánchez

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Yoani Sánchez na Câmara dos Deputados

GIROBento XVI será chamado de papa emérito ou Sua Santidade, diz Vaticano

Após oficializar a re-núncia ao pontificado, Bento XVI vai receber o título de Sua Santidade Bento XVI, papa emérito, ou Sua Santidade Ben-to XVI, pontífice romano emérito. O título foi anun-ciado pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi. O último dia de Bento XVI como papa acabará às 19h de Roma (15h de Brasília) desta quinta (28). Ele deixará o local em direção à nova residência.

Com a renúncia, Bento XVI passará a usar vestes na cor branca, simples e sem manto, segundo o porta-voz do Vaticano. Ele não usará mais os sapatos vermelhos. “Pa-rece que o papa ficou muito satisfeito com os sapatos que lhe presen-tearam no México, em Leon”, disse Lombardi.

Um dos símbolos do papa, o anel do pesca-dor, será destruído. O adereço, que o papa recebe no momento da coroação e usa no dedo anular direito, simboliza a autoridade, segundo o porta-voz. O anel foi ado-tado no pontificado de Clemente IV (por volta de 1.265) e era usado como selo secreto para corres-

pondências privadas.O anel é de ouro e tem

o nome do papa e em alto relevo do apóstolo Pedro pescando sobre uma barca. Quando o papa morre, o anel é re-tirado na presença do Colégio dos Cardeais e, em seguida, quebrado, simbolizando o fim do pontificado.

Ao deixar o pontifi-cado, Bento XVI, de 85 anos, passará a viver, por dois meses, em Castel Gandolfo – residência de verão dos papas. Em se-guida, Bento XVI passará a viver no Mosteiro Ma-ter Ecclesia, na região do Vaticano. Segundo ele, vai se manter em oração e isolamento.

O último papa a renun-ciar foi Gregório XII, no século 15. O sucessor de Bento XVI será escolhi-do por 115 cardeais, com menos de 80 anos, reuni-dos no conclave. A data de início das votações não foi determinada. A estimativa é que ocor-ra no começo de março com conclusão antes da Páscoa. No dia 25, Bento XVI assinou um decreto que abre a possibilidade de o conclave ser ante-cipado. (Renata Giraldi/Agência Brasil)

Universidade de Santa Maria ainda lida com luto após tragédia

Um mês após a tragé-dia que matou 239 pes-soas na Boate Kiss, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se prepara para entrar em recesso e encontrar for-mas de lidar com o luto. Pelo menos 117 jovens, alunos da instituição, morreram no incêndio ou em consequência dele. Desses, 65 pertenciam ao Centro de Ciências Rurais, que inclui os cur-sos de agronomia – que organizou a festa do dia 27 de janeiro –, zootec-nia e veterinária.

Apesar de numerica-mente ter perdido mais alunos, o diretor do Cen-tro de Ciências Rurais da UFSM, professor Thomé Lovatto, diz que as mor-tes foram sentidas igual-mente por toda a comu-nidade acadêmica. “O sentimento é o mesmo. Não dá para dizer que,

porque nós perdemos numericamente mais, os outros perderam menos. A integração era muito grande entre os cursos. Os alunos se conheciam e conviviam” explicou.

O semestre letivo será encerrado no próximo dia 6, em função de um atraso provocado pela greve no ano passado. As aulas serão retoma-das no dia 1º de abril.

O incêndio ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro, matando imedia-tamente 233 pessoas. A tragédia começou quan-do um artefato pirotéc-nico foi aceso durante show da banda Gurizada Fandangueira. Dois inte-grantes da banda e dois sócios da boate ainda estão presos. A polícia deve concluir as inves-tigações nesta sema-na. (Mariana Jungmann/Agência Brasil)

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» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

CULTURA

Argo vence Oscar e se consagracomo o melhor de 2012

A 85ª edição do maior prêmio do cinema inter-nacional não teve muitas surpresas em relação aos vencedores. Em um 2012 cheio de boas histórias na telona, o Oscar soube se-lecionar os que mais cati-varam e emocionaram o público. Com quatro esta-tuetas, As Aventuras de Pi foi o grande vencedor da noite, com Ang Lee levan-

do para casa o troféu de melhor diretor. Tarantino também se saiu bem com o seu Django Livre, ga-nhando em Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Co-adjuvante para o brilhante Christoph Waltz.

Mas o destaque da noite e do ano ficou certamente para Argo. O filme, que já havia vencido o Globo de Ouro como Melhor Drama

THELL VÊ TV

» A Rede Globo estre-ará no dia 11 de março sua nova novela das seis, “Flor do Caribe”, de Walther Negrão.

» A emissora apresen-tou a novela para a imprensa na casa de Ester (Grazi Massafera), Samuel (Juca de Olivei-ra) e Lindaura (Ângela Vieira).

» No estúdio da Central Globo de Produção, com o cenário repleto de esteiras, redes e ob-jetos cenográficos do

Rio Grande do Norte, foi exibido o clipe contendo as primeiras cenas da no-vela com imagens de ro-mance, humor e ação.

» Logo em seguida, Jayme deu as boas-vindas aos convidados do evento e agradeceu a dedicação e empenho de toda a sua equipe de direção e pro-dução. “Tem sido um pre-sente e um desafio muito grande fazer essa novela”, disse o diretor que convi-dou para se juntar a ele, o diretor-geral Leonardo Nogueira e os diretores

Thell de Castro | Jornalista

NA TELONA

Lincoln, o novo filme de Steven Spielberg que re-cebeu 12 indicações para o Oscar, é bem diferente do que se costuma espe-rar do realizador. Quem imagina se deparar com aquelas cenas espeta-culares ou de emoção à flor da pele pelas quais o diretor se tornou famo-so, melhor procurar outra opção.

No lugar disso, o que te-mos é uma análise bem incisiva de como susten-tar a democracia num ambiente onde perpas-sam manobras políticas, corrupção, intrigas e con-chavos.

Daniel Day Lewis está exatamente como imagi-namos: um estadista alto, magro, envelhecido, com uma barba peculiar, mas também de voz bem co-locada, pose conciliado-ra e muita destreza para os jogos políticos entre a Casa Branca e a Casa dos Representantes.

Mas o melhor é que Spielberg, apoiado no excelente roteiro de Tony Kushner, não edulcora o

mito. Ao contrário, mostra que Lincoln historicamente não era bem antirracista, no passado ele até tinha se negado a fazer campa-nha como abolicionista, mas de repente entendeu que, num país que mar-chava para a industrializa-ção, teria que rever suas posições para não perder o bonde. Afinal, os EUA estavam na guerra civil, com um exército de 200 mil soldados negros, e os discursos começam a insi-nuar direitos de cidadania para todos, pois era assim que tinha que ser num país industrial moderno.

Daí o interesse de pressio-nar o Congresso a aprovar a Décima Terceira Emen-da, para a abolição da es-cravatura.

E mais: na busca do com-promisso com a verdade, o filme mostra o estadis-ta não se constrangendo nem um pouco em escalar lobistas de estirpes du-vidosas para convencer, com cargos públicos, di-nheiro público e promes-sas públicas, os deputados rivais a votarem a favor do governo.

Neste jogo, o especta-dor corre o risco de ficar desarmado. Não é fácil acompanhar as nego-ciações por um motivo simples: é preciso saber quem era quem na Câ-mara dos Representan-tes, da mesma forma que é necessário entender porque os republicados, hoje lembrados como a representação do que há de mais conservador na política americana, eram à época as pontas de lança das questões humanitá-rias. Há ali os fundadores do partido, as lideranças radicais, os conservado-res aparentemente infle-xíveis da época. Uma pas-sada no Google antes do cinema para saber quem foram os atores reais do fim da guerra e da escra-vidão, claro, não faria mal.

Por outro lado, sabe-se hoje que a grande difi-culdade moderna na po-lítica é justamente saber se localizar no centro de um furacão de interesses cada vez mais multiparti-dário como o de um Con-gresso. E, até nisso, o Lin-coln de Spielberg acaba acertando.

Hamilton Rosa Júnior | Jornalista e Crítico de Cinema

Spielberg não desvia os olhos da verdade em Lincoln

Argo

e Melhor Diretor para Ben Affleck, consagrou-se com o Oscar de Melhor Filme. Daniel Day-Lewis confir-mou as expectativas e foi o Melhor Ator por sua atu-ação em Lincoln, a última superprodução do reno-mado diretor Steven Spiel-berg.

Para Hamilton Rosa Jú-nior, crítico de cinema, a escolha de Argo foi mo-

tivada pelo fato de Ben Affleck ser um bom moço em Hollywood. “A escolha de Argo foi uma premiação de lobby mesmo, como se dissessem ‘ele é um rapaz bacana, nunca deu traba-lho para ninguém e agora está tentando ser diretor’. Se fosse escolher pela te-mática, o A Hora Mais Es-cura, da Kathryn Bigelow, é mais completo e profundo

do que Argo. É muito mais cinema”, conclui Hamilton.

Uma curiosidade do Os-car 2013 foi o empate na categoria de Melhor Edi-ção de Som. 007 - Opera-ção Skyfall e A Hora Mais Escura receberam estatue-tas pelo quesito e ficaram marcados como os longas que protagonizaram o ter-ceiro empate da história dos Academy Awards.

VENCEDORES» Melhor Filme - Argo» Melhor Ator Coadjuvante - Cristoph Waltz (Django Livre)» Melhor Ator - Daniel Day-Lewis (Lincoln)» Melhor Atriz - Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)» Melhor Atriz Coadjuvante - Anne Hathaway (Os Miseráveis)» Melhor Diretor - Ang Lee (As Aventuras de Pi)» Melhor Animação - Valente» Melhor Filme Estrangeiro - Amor» Melhor Roteiro Original - Quentin Tarantino (Django Livre)» Melhor Roteiro Adaptado - Chris Terrio (Argo)» Melhor Trilha Sonora – Mychael Danna (As Aventuras de Pi)» Melhor Canção Original - Adele - Skyfall (007 - Operação Skyfall)» Melhor Fotografia - Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)» Melhor Curta de Animação (Paperman)» Melhor Edição - William Gondenberg (Argo)

RAUL RAMOS

Teresa Lampreia e Thia-go Teitelroit. “A gente nunca se contentou com pouco. O negócio é não piscar e fazer cada cena como se fosse a melhor”, comentou Leonardo.

» Já Walther Negrão con-tou o que os telespecta-dores podem esperar da novela e comentou sobre as belas imagens. “Está um absurdo de produção, as imagens estão maravilhosas. Es-colheram atores tão em-polgados que estão com olhos brilhantes”, falou.

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PASSA A BOLA...

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» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

ESPORTES

Conheça os pequenos gigantes do futebol brasileiro

Todo torcedor do interior tem seu time do coração, além da equipe da capital.Aquele time que, toda vez que vence um dos “gran-des”, traz sensação de orgu-lho e felicidade. Quais des-ses torcedores mais velhos não se lembram de times clássicos como o Campo Grande, que em 1991, com a ajuda de Roberto Dinami-te, ficou em quinto lugar do Carioca? Ou do Olaria, cam-peão da Taça de Bronze de 1981 e quinto colocado do Campeonato Carioca de 96.

Hoje essas equipes en-

frentam o drama de não conseguir revelar tantos jo-gadores como antigamen-te. Como bem escreveu Eduardo Silva, consultor esportivo, “Os clubes dei-xaram de investir na forma-ção, pararam de garimpar. A base se misturou com as escolinhas, houve crise de identidade: qualidade na base versus quantidade nas escolinhas”. Rogério Loureiro, presidente do Vol-ta Redonda, acredita que um dos principais meios de sobrevivência de uma equipe de menor porte é

o investimento nas catego-rias de base. “Acredito que toda equipe de futebol pre-cisa ter uma categoria de base forte. No nosso caso é fundamental ter isso para formar jogadores e vendê-los futuramente. Com isso, também conseguimos mon-tar a base para o campeo-nato estadual. Hoje nossa receita vem principalmente do poder público, que nos apoia bastante.” Outro pon-to abordado por Rogério é a falta de uma competição nacional no calendário das equipes. “Essa falta de jo-

gos prejudica bastante, pois fazemos um contrato com um jogador por três ou quatro meses, quando poderíamos fazer isso pelo ano inteiro e conseguir ne-gociar um salário mais bai-xo. Além disso, com poucos jogos nós ficamos fora da mídia, a torcida esfria,enfim, são vários pontos negati-vos. A CBF poderia rever isso para ajudar os times do interior”, finaliza.

Para Rafael Jaques, Ge-rente de Futebol do Cerâ-mica, que hoje disputa o Gauchão, o problema de manter o elenco por mais de um ano no clube tam-bém está no calendário. “Atrapalha sim, pois o atle-ta acaba optando pelos clubes que têm calendário garantido o ano todo e con-seguem oferecer contratos mais longos, com duração de seis meses a um ano. A CBF poderia ajudar as equipes, oferecendo mais vagas nos estaduais, além de modificar a série D, fa-zendo com que equipes dos estados disputassem entre si a primeira fase da competição, por exemplo”, afirma.

E isso acontece em todo o país. Em São Paulo, o Bo-tafogo, um dos times mais tradicionais do estado, que já revelou craques como Raí, Sócrates, Zé Mario e Doni, hoje não disputa ne-

nhuma divisão do Campe-onato Brasileiro e vive o mesmo problema da maio-ria das equipes do interior. “A nossa meta é chegar à Série D do Campeonato Brasileiro. Pelo último ano, muito provavelmente, são duas vagas para o Estado de São Paulo, o que nos traz uma motivação ainda maior. O botafoguense não pode mais esperar para disputar o Brasileiro. Pre-cisamos voltar e subir às divisões maiores do Nacio-nal”, ressaltou o presidente botafoguense Gustavo As-sed.

Marcados na história

Em todos os estados, te-mos exemplos clássicos de times que conseguiram su-perar todas as dificuldades e disputaram de igual para igual com os chamados grandes. Vamos relembrar um pouco dessas equipes e suas conquistas heroi-cas.

rio de janeiroVolta RedondaA equipe do sul do Rio

de Janeiro tem um passa-do do qual pode se orgu-lhar. O Voltaço acumula três tricampeonatos: da Série B do Campeonato Carioca, da Copa Rio e do Campeonato do Interior. Mas sua galeria de troféus tem espaço especial para duas conquistas importan-tíssimas: a Taça Guanabara e o vice-campeonato do Campeonato Carioca em 1994.

MadureiraEm 2010, o time de Con-

selheiro Galvão garantiu o acesso à série C do Brasi-leirão, uma das conquistas mais importantes do clu-be. Em 2006, o Madureira, comandado por Alfredo Sampaio, sagrou-se vice--campeão carioca, tendo conquistado ainda nesse campeonato a Taça Rio. Em 2007, também fez ex-celente campanha no Es-tadual, goleando inclusive, o Flamengo por 4 a 1, com todos os gols do atacante Marcello. O time conseguiu chegar à final da Taça Gua-nabara, contra o próprio

Flamengo, mas acabou no-vamente com o vice-cam-peonato.

são PauloSão CaetanoO São Caetano é o maior

exemplo de crescimento em curto prazo. Após dois anos de sua fundação, em 1991, a equipe foi campeã estadual da Terceira Di-visão. O azulão ganhou projeção internacional em 2001, quando disputou sua primeira Copa Liber-tadores da América, vaga conquistada com o vice da João Havelange; em 2002 a equipe conseguiu o vice campeonato da maior com-petição das américas. Em 2004, liderado pelo técni-co Muricy Ramalho, o time conquistou seu primeiro título de peso: o Paulistão.

minas geraisIpatingaAtual Betim Esporte Clu-

be, o tigre viveu seus dias glória quando ainda era conhecido como Ipatinga. Em 2005, sete anos após sua fundação, conquistava o título de Campeão Mi-neiro, superando os tradi-cionais América, Atlético e Cruzeiro. Por pouco não repetiu o feito em 2006, perdendo o título para o Cruzeiro. Após alcançar o maior número de pontos na principal fase da dis-puta, o Ipatinga perdeu os jogos de mata-mata finais, ficando com o vice-campe-onato por diferença de um único gol.

rio grande do sulCaxiasFoi em 2000 que o Ca-

xias brilhou, após conquis-tar seu primeiro estadual, vencendo todas as maio-res equipes do estado. Na final, fez 3 a 0 no Grêmio em casa e empatou fora, com uma brilhante defe-sa de penalidade batida por Ronaldinho Gaúcho e defendida por Gilmar, de-cretando a explosão de alegria grená em pleno Olímpico. Em 2001, o Ca-xias chegou bem perto de retornar para a Séria A do Brasileirão, terminando em 3º lugar (classificavam-se 2 clubes) na Série B

Jogo do Cerâmica Atlético Clube

Volta Redonda e Fluminense pelo Carioca

» O Palmeiras, que caiu para a 2ª divisão do Cam-peonato Brasileiro, está disputando o Paulistão 2013 e ainda participan-do da Libertadores para tentar conseguir um título na temporada, coisa que poucos acreditam. Assim, procura criar fatos sociais para promover a sua mar-ca. O time inaugurou sua primeira loja oficial e não deixou por menos: está localizada numa das regi-ões mais valorizadas da capital paulista, ou seja, na rua Oscar Freire – nos Jardins. Afinal de contas, o presidente alviverde chama-se Paulo Nobre.

» A chamada “avalanche”, principal característica da torcida do Grêmio, deveria ser proibida para sempre. Não só pelo ocorrido no jogo contra a LDU, no final do mês passado, pela pré-Libertadores, mas também porque oferece, em qual-quer circunstância, perigo aos torcedores. Apesar disso, está confirmada para aquele estádio a partida en-tre Brasil e França, amisto-so marcado para o dia 9 de junho. A CBF garante.

» O torcedor do São Paulo está satisfeito depois da divulgação do ranking da Federação Internacional

de História e Estatística do Futebol. O Tricolor é o primeiro colocado na América do Sul no século 21. Por ter sido campeão da Sul-Americana, o time do Morumbi desbancou o time do Boca Juniors.

» O novo piloto brasileiro na Fórmula 1, Luiz Razia, tem 23 anos. O baiano é o primeiro piloto nordestino a disputar a principal ca-tegoria do automobilismo mundial. Razia faz sua es-treia oficial no próximo dia 17 de março, no Grande Prêmio da Austrália. Será a abertura da temporada da F-1 2013.

» José Mourinho, treinador do Real Madrid, vai ficar muito atento ao futebol do meia Ca-semiro, que o São Paulo cedeu por emprés-timo ao clube madrilenho. O jovem volante, que tem contrato com o São Paulo até 2016, será escalado na equipe B do Real, que dis-puta a segunda divisão do Campeonato Es-panhol. Se for bem, poderá ser contratado definitivamente pela equipe europeia.

José Carlos Cicarelli | Radialista

RAUL RAMOS

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» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

SAÚDE

Programa Academia Carioca da Saúde: mais de 26 mil participantes

“Eu tinha uma dor muito séria nos meus dois joe-lhos, agora ela está com-pletamente eliminada”, diz o aposentado Heraldo Luís, frequentador da Academia Carioca da Saúde há pou-co mais de um mês. Partici-pante há mais tempo, cerca de três anos, Dona Seve-rina Josefa da Silva tam-bém encontrou a cura para seu problema de bursite. “Quando comecei a fazer as ‘rodinhas’ minhas dores sumiram, nem precisei de remédio”, afirma.

Histórias de superação como essas são frequen-tes entre os mais de 26 mil

participantes do Programa Academia Carioca da Saú-de, implantado pela Secre-taria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Ja-neiro (SMSDC-RJ) no ano de 2009. As academias, instaladas em unidades de saúde da capital carioca, foram criadas objetivando a promoção da saúde, dimi-nuição de danos causados por doenças, incentivo a atividades físicas, melhoria da qualidade de vida e inte-gração social.

Ao todo, são 73 acade-mias com equipamentos disponíveis para a prática de atividades físicas, núme-

ro 59% maior que a quanti-dade de unidades implan-tadas até o ano de 2012. “Nossa previsão para 2012 era aumentar para 60 uni-dades com aparelhos, mas aumentamos para 73 e pre-tendemos chegar a cerca de 85 academias em 2013”, afirma Junia Cardoso, As-sessora de Atividade Física da Secretaria Municipal de Saúde.

As academias que com-põem o Programa contam com equipe de profissionais qualificados para orientar a população na correta rea-lização das atividades físi-cas. Além de educadores

A VIDA É FRÁGIL. VIVA COM SAÚDEDra. Lívia Maria Gennari | Médica

físicos, a Equipe de Saúde da Família – composta por nutricionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários, mé-dicos e psicólogos – obser-va e acompanha o desen-volvimento do quadro de cada participante.

O objetivo do trabalho integrado é fazer um acom-panhamento fiel dos re-sultados obtidos por cada um dos frequentadores. Ao chegar à Academia – e também após a realização das atividades – o partici-pante tem a pressão aferi-da. O profissional da saúde, então, determinará se ele está apto ou não para fazer exercícios físicos. “Essa é a maior vantagem, pois con-seguimos mensurar resul-tados”, diz Junia. “Todos os dados que são produzidos na Academia são acompa-nhados”, afirma.

Toda a população pode participar das atividades realizadas pela Academia Carioca de Saúde. Há duas maneiras de ingressar no Programa. Uma delas é o ingresso espontâneo, ou seja, as pessoas decidem participar das atividades por ver os aparelhos ou ser convidada por algum vizi-nho. “Se ela ainda não é cadastrada nas Clínicas da Família, o profissional enca-minha essa pessoa para o cadastramento. Ela precisa estar cadastrada, precisa ter o acompanhamento, mesmo que não tenha pro-blema de saúde”, diz Junia.

A segunda forma de par-ticipar é através de enca-minhamento feito pelos profissionais das unidades de saúde onde as aca-demias estão instaladas. Após observar as necessi-dades do paciente, que na maioria dos casos sofre de obesidade, hipertensão ou diabetes, o médico o enca-minha aos professores da academia, que irão definir quais atividades poderão ser desenvolvidas para al-cançar os resultados pre-tendidos.

Resultados

Os resultados obtidos-pela Academia Carioca da Saúde em seus três anos de funcionamento são bas-tante significativos. Cerca de 93% das pessoas que participam da programação das atividades por seis me-ses conseguem reduzir a dosagem de medicamentos utilizados.

Deste total, 8,6% têm a medicação suspensa pelo médico. É o caso do Sr. An-tônio Francisco de Oliveira, um dos primeiros partici-pantes da academia locali-zada na Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão. “Desde que entrei na academia, há três anos, a quantidade de remédios que eu tomava veio dimi-nuindo e hoje não tomo mais nenhum.”, diz.

A perda de peso também é expressiva, cerca de 85% a 90% das pessoas conse-guem reduzir suas medi-das. “Elas apresentam uma

mudança de peso significa-tiva, o que melhora a saúde e as tira da faixa de risco, da obesidade e do sobrepeso, que também são riscos car-diovasculares”, afirma Junia Cardoso.

O maior índice de me-lhora dentre os frequenta-dores, cerca de 96%, é o controle da pressão arterial. Participantes que já tiveram a pressão sistólica descon-trolada em 19 ou 20 conse-guiram reduzir para 11 ou 12. “Desde que vim para cá, mi-nha pressão reduziu. Antes era 17/9 e hoje não passa de 11/7”, diz Dona Severina Josefa.

De acordo com Felipe Cardoso Alex de Albuquer-que, educador físico da Academia do Zilda Arns, os resultados obtidos pela população do Complexo do Alemão são gritantes. “O controle da pressão, a redução de medicamentos e melhora no quadro de artrite e artrose são visíveis entre os participantes. Mui-ta gente chegava aqui de muleta e hoje não utiliza mais”, diz.

Além dos importantes resultados de melhoria da saúde, os moradores das comunidades que partici-pam do Programa são be-neficiados pela integração social promovida pelas ati-vidades. “Aqui não vemos brigas nem discussões, o que muita gente vê dentro de suas casas. Aqui o pes-soal melhora 100%”, afirma o professor Alex.

Os grupos formados nas academias também rea-lizam atividades fora do ambiente da comunidade, como passeios pelo Rio de Janeiro, visitas a pon-tos turísticos e integração com toda a cidade. “A au-toestima dos participantes melhora 100%. Posso afir-mar, porque isso é nítido” diz Alex. “Muitas vezes, só de conversar, de ter aten-ção de alguém já faz com que as pessoas se sintam melhores”afirma o educa-dor. “Faço muitas amiza-des aqui, há pessoas que moram perto e eu nem conhecia. Isso aqui é uma família”, completa Dona Josefa.

Dona Severina não teve mais dores depois que começou a utilizar as “rodinhas”

Sr. Antônio, um dos participantes mais antigos da Academia e o Professor Alex

A pressão dos participantes é aferida na entrada e na saída da academia

Assessora de Atividade Física prevê cerca de 85 academias para 2013

Diarreia, o tormento do verão

Diarreia. Muito provavel-mente o tema nos remete a capítulos nada agradá-veis de nossa história de vida e, apesar da aparen-te banalidade, ganha im-portância à medida que engloba todas as faixas etárias, meios e classes. São mais de quatro mil casos por dia no Brasil durante o verão, com sin-tomas que incluem dores de barriga, fezes amole-

cidas ou aumento do núme-ro de idas ao banheiro.

A diarreia pode ser consi-derada apenas como um sintoma, pois faz parte de muitas síndromes e doen-ças causadas não só por vírus e bactérias, mas tam-bém por excessos e into-lerâncias alimentares. Do-enças mais graves, como alergias alimentares e até tumores, também podem provocar alterações do há-bito intestinal e mudança das fezes, evidenciando a

importância de valorizar a duração de um episódio de diarreia, que não deve ser superior a 3 semanas.

Sendo tão corriqueira, principalmente em nosso calor tropical, a diarreia esconde riscos importan-tes, como a desidratação, que nada mais é que a perda de líquidos pelo or-ganismo e que, em gran-des volumes, pode até levar à morte. As faixas etárias extremas, como bebês e idosos, e aque-les que apresentam al-gum problema de imuni-dade são os que correm mais riscos.

Mas que orientações se-guir? Em tempos de inter-net e informações aces-síveis a todos, em quem confiar? O bom senso continua sendo a melhor alternativa: reposição de líquidos e nada de exa-geros na alimentação já resolve grande parte dos problemas dessa molés-tia tão democrática, mas, em caso de piora dos sintomas, recomenda-se procurar ajuda médica.

JÔNATAS MESQUITA

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8 DIÁLOGOMetropolitanoRIO DE JANEIRO

» QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2013

DIÁLOGOS

José Maria Marin destaca: “minha missão termina em 2015”

Filho de Joaquím Marín y Umañes, José Maria Ma-rin nasceu na cidade de São Paulo em 6 de maio de 1932. Ainda jovem, jogou no São Paulo Futebol Clu-be, atuando como ponta--direita entre 1950 e 1952. Abandonou a carreira de jogador de futebol aos 23 anos de idade, após se for-mar na Faculdade de Direi-to da Universidade de São Paulo (USP) em 1955.

Fora dos gramados, Ma-rin (como é conhecido) se engajou na carreira política. Na década de 1960, foi ve-reador em São Paulo, tendo sido presidente da Câmara Municipal. Também foi de-putado estadual e, em 1978, elegeu-se vice-governador. Entre 1982 e 1983, gover-nou o Estado de São Paulo, em virtude da desincompa-tibilização de Paulo Maluf.

Voltando ao esporte, José Maria Marin foi presi-dente da Federação Paulis-ta de Futebol (FPF) de 1982 a 1988 e chefe da delega-ção brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México. Atualmente, é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), assumin-do o cargo após a renúncia de Ricardo Teixeira.

Também presidente do Comitê Organizador para a Copa do Mundo de 2014, Marin já se prepara para receber a Copa das Confe-derações da Fifa em 2013. Confi ra nas linhas seguin-

tes uma entrevista exclusi-va com o dirigente máximo do futebol nacional, que já avisa: “minha missão termi-na em 2015”.

diálogo metroPoli-taNo - Faça um balanço de sua administração na CBF desde que assumiu o cargo.

JOSÉ MARIA MARIN - Or-ganizamos as séries do Bra-sileirão. Muitos pregavam a extinção da Série D, mas não medimos esforços para mantê-la e a CBF está sub-sidiando essa Série, que

considero de grande impor-tância, tanto para os clubes como para os jogadores. Nós pagamos as viagens e hospedagem para uma delegação de 25 pessoas. O investimento é de R$ 25 milhões.

Quais são as suas expec-tativas para a Copa das Confederações 2013?

As melhores possíveis. Uma oportunidade ótima para que o técnico Luiz Fe-lipe Scolari possa montar a nossa equipe já para a Copa do Mundo. Teremos jogos muito difíceis pela frente e

até foi bom que isso tives-se acontecido. Venceremos essa Copa, assim como a Copa do Mundo.

E para a Copa do Mundo, qual é o balanço das obras e dos preparativos?

Minha grande missão é evitar que o desastre de 1950 se repita. Temos um grande técnico, além do Parreira e de excelentes jogadores, muitos com grande experiência. Tenho plena confi ança na nossa Seleção e temos certeza de que 2014 será um ano de muitas alegrias para o tor-

POR DENTRO DA NOTÍCIA Reinaldo Costa | Jornalista

cedor brasileiro.Qual é o balanço para os

próximos dois anos?Estamos trabalhando

para entregar a nova sede da CBF. Compramos um prédio na Barra e estamos reformando. Vamos dar mais condições de trabalho para os funcionários e no térreo vamos criar o Museu do Futebol Brasileiro. Nós temos o maior acervo do fu-tebol mundial e não temos local para expô-lo.

O senhor disse que quer ver o nome dos joga-dores convocados para a

Seleção pelo menos dois dias antes. Isso não é in-terferência?

De jeito nenhum. O téc-nico tem toda a liberdade para convocar seus joga-dores preferidos. Mas não quero saber quem são pela televisão, pelo rádio ou pe-los jornais. Quero saber an-tes. Esse é um direito que tenho. O que quero deixar bem claro é que não vou in-terferir na convocação.

O senhor pensa em se candidatar à reeleição para o cargo ao fi m de seu mandato?

Não. A minha missão ter-mina em 2015. Mas, antes da Copa do Mundo, não vou falar em sucessão. A prioridade agora é vencer-mos e nada que corre em paralelo vai atrapalhar. Não é hora de falar em suces-são.

O ex-presidente Ricardo Teixeira não recebe mais pela CBF?

Não. O contrato dele ter-minou no dia 31 de janeiro. Durante todo esse período, ele me ajudou muito, dan-do todas as informações necessárias para que eu pudesse assumir o coman-do da CBF. Havia muitos detalhes e muitos contra-tos sobre os quais neces-sitava da assessoria. Agora acabou. Mas nunca neguei a importância dele para o futebol brasileiro, com mui-tos títulos e uma ótima ad-ministração.

José Maria Marin

» As últimas eleições mu-nicipais do estado do Rio de Janeiro trouxeram uma grande revelação política.No município de Mirace-ma, no Noroeste do esta-do, Raphael Moreira (foto), de apenas 23 anos, foi eleito vice-prefeito.

» O que chama a atenção é que este vice-prefeito foi candidato pela primei-ra vez e vem se tornando uma liderança política no

município, destacando-se na política local e regional.

» Raphael Moreira tem re-presentado o município em vários encontros políticos onde o prefeito, por proble-mas de agenda, não pode comparecer. Recentemente, Raphael participou do En-contro Nacional de Prefeitos em Brasília, com a Presiden-te Dilma Roussef. Além disso, tem feito várias reuniões com Secretários Estaduais do Go-

verno do Estado, e sempre é elogiado por ser muito jovem e articulado.

» Este vice-prefeito de ape-nas 23 anos já é advogado e esta formando uma car-reira política sólida. Segun-do informações, Raphael tem sido sondado por vá-rios partidos políticos para ser candidato a Deputado Estadual nas eleições de 2014.

» Demonstrando toda sua maturidade política, o jo-vem vice-prefeito diz que ainda é cedo para tomar qualquer decisão a respei-to de uma futura candida-tura, pois o importante, no momento, é ajudar o pre-feito a fazer um bom go-verno no município de Mi-racema, que, segundo ele, estava um caos quando eles assumiram o governo. “Gosto do trabalho que ve-nho desempenhando jun-to aos governos do estado e federal, representando o Município de Miracema”.

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Democratização da obra de Portinari apresentada no Complexo do Alemão

A Praça do Conhecimen-to, espaço de inclusão social e digital da comu-nidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte da capital fl u-minense, foi o local esco-lhido para a apresentação do Portinari para Todos, proposta do novo portal do Projeto Portinari (www.por-tinari.org.br).

O trabalho é resultado de 33 anos de pesquisa. Foi feito um levantamento completo e uma cataloga-ção minuciosa da obra do pintor Candido Portinari

ao pintor e também a per-sonalidades que convive-ram com Portinari.

A capa do portal traz um mosaico com a obra com-pleta de Portinari. Além do menu tradicional, com informações institucio-nais, biografi a e créditos, é possível fazer buscas no acervo usando fi ltros como tema das obras, suporte, técnica ou mesmo cor e busca por palavras aleató-rias.

Candido Portinari nasceu em 1903, em uma fazenda de café perto de Brodo-wski, em São Paulo, fi lho de imigrantes italianos de origem humilde. Come-çou a pintar aos 9 anos de idade e, aos 15, se mu-dou para o Rio de Janeiro e se matriculou na Escola Nacional de Belas-Artes. O pintor participou ativa-mente da elite intelectual brasileira na época em que houve uma grande mudan-ça na atitude cultural. Por-tinari morreu em 1962, em consequência de intoxica-ção por tintas.

Akemi Nitahara | Agência Brasil

(foto), que está 95% in-disponível ao público em coleções privadas. A coor-denadora-geral do portal, Maria Duarte, disse que o projeto conseguiu localizar mais de 5 mil obras, entre pinturas, gravuras e de-senhos. E agora está tudo disponível para consulta na internet.

“A gente brinca que co-meçou a trabalhar no pro-jeto há 33 anos. Mas, efe-tivamente, ele começou a ser idealizado há dez anos, quando a gente estava or-ganizando a celebração do centenário de Portinari. In-felizmente na época a gen-te não conseguiu levantar os recursos para fazer, já que não é um projeto sim-plesmente de web, de in-terface para o público em geral. Ele tem uma parte de base muito importante, muito complexa que fala diretamente com o acervo do Projeto Portinari”.

O acervo conta com cer-ca de 30 mil itens, entre obras, cartas, fotografi as e depoimentos relacionados