diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

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Diálogo Inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

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Diálogo Inter-religioso

no tempoe

33 ideias para pensar

e agir

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

(2)

título

d i á l o g o i n t e r - r e l i g i o s o n o t e m p o

e

3 3 i d e i a s pa r a p e n s a r e a g i r

autores

J o a n a V i a n a l o p e sF i l i p e a V i l l e z

( Fa c u l d a d e d e t e o l o g i a , u c p d e l i s b o a )

col aboraÇÃo

c a m i l a c a r d o s o F e r r e i r ai s a b e l F e r r e i r a m a r t i n s

coordenaÇÃo

F i l o m e n a c a s s i sb á r b a r a d u q u e

( d a a d i , e n t r e c u lt u r a s - a c i d i , i p )

ediÇÃo

a c i d i - a lt o c o m i s s a r i a d o pa r a a i m i g r a Ç Ã oe d i á l o g o i n t e r c u lt u r a l , i p

rua álVaro coutinho, 14 1050-025 lisboa

t. 218106100 F. 218106117

acidi@acidi .gov.pt

www.acidi .gov.pt

design

b u i l d i n g Fa c t o r [email protected]

impressÃo

t e x t y p e

tiragem: 4375 exempl ares

depÓsito legal: nº 338 117/11

e d i Ç Ã o 2 011

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

índice

nota de abertura

diálogo inter-religioso: porquê? diálogo inter-religioso: um olhar no tempo

1. Cronologiadealgunsacontecimentosmarcantesdodiálogointer-religioso

2. Algumaspersonalidadesmarcantesdodiálogointer-religioso a)Antesdeoser… b)Papeldealgunslíderesmundiais…

3. Diálogointer-religioso:um(longo)caminhoapercorrer

33 ideias para pensar e agir

alguns recursos

1. Parasabermais…

2. Paradebater…

3. Materiaisdeapoio

4. Termoseexpressõesdeorigemreligiosa

5. Algumasdasprincipaisfestas

6. Orientaçõesdecarátergeralparasevisitartemplosoulugaressagrados

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nota de abertura

As religiões são caminhos diferentes para um mesmo ponto. Que interessa usarmos itinerários diferentes, desde que cheguemos ao mesmo objetivo.1

MahatmaGandhi,1869-1948,Índia,CartasaAshram

Adimensão religiosaéumacomponente fundamentalda identidadeedacultu-radospovosemarcaprofundamentemuitasdascomunidadesqueatualmentesecruzam entre nós. Esta diversidade de crenças, valores e de afirmações identitá-riasbaseadasnapertençareligiosaconstitui-secomoumespaçoprivilegiadoparaoaprofundamentodeumaculturapluraleabertaaodiálogo.

Asdiferençasreligiosascontinuamdemasiadasvezesaserfontedetensão,conflitoediscriminação.Semumapráticadediálogointercultural,corremosoriscodenosfecharmosnoreceiododesconhecido,numavisãoestáticadasculturas,nãoapren-dendonadaunscomosoutros.

Vivemosum tempodemudançamas tambémde esperança.Aceitaroplura-lismonãosignificadiluiçãoounegaçãodosnossosvalores,éumdadodavidaemsociedadeeumrecursoqueabrenovoshorizontesdesentido.

Essencialénãoconsiderarasnossasconvicções,religiosasououtras,comoúnicasverdadeiras.Acompreensãomútua,atolerânciaeacapacidadedeinteragirecoo-perarconstroem-seapartirdoconhecimentodosoutros,incluindoasuaidentidadereligiosa.ComodisseMiaCouto,éurgenteconhecermosmelhoraquelesaquemtemoschamado“eles”.

1 In Morsy, Z. (Ed.) 2006 [1975]. A Tolerância – Ensaio Antológico. Lisboa: ACIME.

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

Paraalémdoconhecimento,formarcidadãoscapazesdeviverjuntoseempaz,im-plicaumamudançanaformacomonosvemos,comolemosomundoenosrelacio-namoscomosoutros.Temqueseroresultadodeumaexperiênciadeaprendizagemenvolvendoareflexão,mastambémdimensõesafetivas,deatitudesevalores.

Ultrapassarospreconceitoseosódiosnãoestáinscritonanaturezahumana.Aceitarooutronãoénemmaisnemmenosnaturaldoquerejeitá-lo.Reconciliar,reunir,adotar,moderar,pacificarsãogestosvoluntários,gestosdecivilizaçãoqueexigemlucidezeperseverança;gestosqueseadquirem,queseensinam,quesecultivam.Ensinaroshomensaviverjuntoséumalongabatalhaquenuncaestácompleta-mente ganha.Requeruma reflexão serena, umapedagogiahábil, uma legislaçãoapropriadaeinstituiçõesadequadas(A.Malouf,2009).2

Comesteguia,oACIDI,noespíritodaDeclaraçãoUniversaldosDireitosHuma-nosqueincluioDireitoàLiberdadedepensamento,deconsciênciaedereligião,propõe-sedarumcontributoparadesocultarideiasfeitaseaproximarpessoascomtradições,crençaseconvicçõesdiversas,naperspetivadeabrircaminhosparaoquepodemosconsiderarautopiadodiálogointer-religioso.Aos autores, JoanaViana Lopes e Filipe d’Avillez e à Faculdade deTeologia, daUniversidadeCatólicaPortuguesa deLisboa, pelo espírito de colaboração e em-penhamentoquepuseramnaconcretizaçãodeste trabalho,queremosexpressaronossosentidoreconhecimento.

RosárioFarmhouseALTACOMISSÁRIAPARAAIMIGRAÇÃOEDIÁLOGOINTERCULTURAL

2 Malouf, A. 2009. Um Mundo sem Regras. Lisboa: Difel.

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Vivemosnummundoinequivocamenteglobalondeaperceçãodaplurali-dadeedadiferençaéumaconstante.Enquantodescobrimosqueméooutroequala suapertençacultural, somoschamadosenquanto sereshumanosadesenvolvercompetênciasmaisalargadasderelaçãoedediálogo.

Muitosforamosacontecimentoshistóricos,principalmenteosqueocor-reramnoséculopassado,quevieramalteraroparadigmaeavisãoqueoserhu-manotemdesipróprioedomundoemqueestáinserido.Apesardasdiferençasquecaracterizamcadapovo,existehojeumaconsciênciauniversaldaexistênciadeumaHumanidadepartilhada.Umaperspetivaque traduzum reconhecimento evalorizaçãoprogressivadosdireitoshumanosuniversaisqueatodosassistem,inde-pendentementedasuacultura,situaçãooupertençareligiosa.

A consciênciaplural convoca a liberdade eo respeitomútuo comova-loresnabasedarelaçãoeinteraçãoentreospovos,namedidaemqueevidenciaaexistencianãoapenasdeumavisãoetradiçãomasdevárias,quedevemaprenderacoexistirpacificamente.Destaforma,vemosquenuncacomoantesfoitãoper-tinentefalarerefletirsobreodiálogointercultural,questionandoasformascomoseconstrói,osobjetivosqueacompanhamoseudesenvolvimentoouasrazõesquepautamoseucrescimento.

Osfenómenosdeimigração,apardacrescentemobilidadeecomunicaçãoglobais,desafiamprofundamentecadasociedadeparaaconstruçãodeumespaçoverdadeiramenteintercultural,ondetodostêmeocupamumlugar.Tantoaspo-pulaçõesquesedeslocam,comoasqueacolhem,têmumpapelativoparaqueovalordadignidadehumanasejapreservadoequecadapessoanasuadiferençapossaserreconhecidaevalorizada.NaEuropa,acrescentediversidadereligiosaeasuavisibilidadenoespaçopúblicotêmvindoaconvocarosdiferentespaísesarepensarasuapluralidade.

Ahistóriamaisrecentelevouaorenascerdodebateemtornodareligiãoedoseupapelnomundo,debateesseque,muitasvezes,assentaem“ideiasfeitas”epreconceitos.Porexemplo,julgarqueéareligiãooúnicofatornaorigemdeguerrasouconflitoséumavisãosimplistadessesfenómenos.Enquantoassistimosaoregres-sodaquiloquesecrêserumaformadeviolênciareligiosa,ressurgemtambém,por

diálogo inter-religioso: porquê?

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

outrolado,formasdefundamentalismoantirreligioso,queperspetivamareligiãocomofontedediscórdia,nãoconsiderandooseupotencialespiritualerelacional.

Naperspetivadeumcontributopara apaz ede respeitopelosdireitoshumanos,énoâmbitododiálogointerculturalenacomplexa,maspossível,tarefaderelaçãomundialqueseenquadraodiálogointer-religioso.

Asreligiõessãoparteintegrantedaidentidadecoletivaepessoal,umavezquemarcamdeformasignificativaasuaestruturaeformasderelação.Sãopropostasdesentidocomorigensecaracterísticasdistintas,quemobilizamecomprometemaquelesqueaelasaderem.Destemodo,odiálogointer-religiosoenquantodimen-sãodointercultural,enquadraespecificamenteoreligiosoeoespiritual,bemcomoasconvicçõesevaloresquecadaserhumanoassumenasuavida.Énacomplexidadedestesuniversosdesentidoedassuasrelaçõeshistóricasqueestaformadediálogotomacorponumcampopróprio.Trata-sedeumtipoderelaçãoentreasdiversasre-ligiõeseconvicções,ondenãoseprocuranemanularoquecaracterizadeterminadacrença,nemconstruiralgodenovo.Adiferençaeaidentidadeespiritualereligiosasãovalorizadasexatamentenomomentoemquesãochamadasadialogar,acoexistiremharmoniaepaz,contribuindoparaaconstruçãodeummundomelhor,maisconscientedasuadiversidadeeriqueza.

O diálogo é uma forma de estar, de ser e de viver o que cada um é e acredita. Deste modo, nunca estará concluído nem acabado. Não é uma tarefa que possamos cumprir, mas uma atitude que devemos cultivar para o bem da sociedade em que vivemos.

Acronologiadodiálogointer-religioso,queagoraseapresenta,estádivi-didaemduaspartesdistintas:umaprimeiracontémalgunsdosprincipaisaconte-cimentosquemarcaramemarcamaformacomoestediálogosevaidesenvolvendoeacontecendonahistória;eumasegundaondeconstamexemplosdepersonali-dades relevantesdestamesmahistória, algunsdosquais antecedentes aoprópriomovimentoatualmentedenominadodediálogointer-religioso,masquedealgumaformajáopreparavam.

Éumdescritivoquenãopretendeserexaustivo,masilustrativonoelencoque fazdos acontecimentos edaspersonalidadesquemarcaramodiálogo inter-religioso.Umdiálogoquetemlugarnasmaisvariadasesferas,desdeonívelpessoalefamiliaratéaonívelinstitucional,nãopodendo,destemodo,sercompletamen-teabarcadonumdescritivo.Sãomencionadososacontecimentosepersonalidadesquetêm,dealgumaforma,maisvisibilidade,semquecomistosequeirareduzirolaborinter-religiosoaalgoqueépublicamentevisível,internacionalmentereconhe-

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cidooufrutodeumainiciativainstitucional.Asinstituiçõesenunciadassãoapenasexemplificativas,umavezqueexisteumconjuntovastoque,pelomundo,dinamizaestediálogoeoconsideradeterminanteparaodesenvolvimentodavidadospovosemdemocracia.

Aleituradaprimeirapartedestabrochuracontribuirá,àsuamedida,paraaperceçãodarealimportânciaenecessidadedodiálogointer-religiosocomoformade sociabilidade entre todos – crentes das diferentes tradições religiosas e/ou deoutrasconvicções,ateus,agnósticos.

O caminho do diálogo, do respeito e do reconhecimento mútuo é o único capaz de contribuir para a construção de uma sociedade que se saiba e se aceite verdadeiramente plural.

Portugal temsido,nostemposatuais,umexemploderespeitoeconvi-vência inter-religiosa.Oquenãosignificaqueodiálogoefetivosejaumapráticaenraizada.Aintolerânciaeomedododesconhecidosãoameaçassemprepresentesnas sociedades. Há, por isso, muito a fazer. Na segunda parte desta publicação,procuramospartilharalgumasideiasconcretasque,sepostasempráticanasnossasvidas,famílias,escolas,locaisdetrabalho,grupos,comunidadespoderãoajudarapreservareaaprofundarorespeitomútuoentrepessoasdereligiõesdiferentese,também,entreaquelasquenãopartilhamcrençasreligiosas. Nasecçãoderecursosencontraaindaumasériedesugestões,propostas,orientaçõeseinstrumentosparadarpassosdeaprofundamento:filmeselivros;pro-postasdeatividadesadesenvolveremcontextoescolar;propostasparadebateremcontextosnãoformais;curiosidadesacercadetermosouexpressõesdeorigemreli-giosa;calendáriocomalgumasdasprincipaisfestase,ainda,orientaçõesdecarátergeralparavisitartemplosoulugaressagrados.

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Diálogo Inter-religioso:

um olhar no tempo

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1. cronologia de alguns acontecimentos marcantes do diálogo inter-religioso

1893Parlamento das Religiões do Mundo Nascimento formal do diálogo inter-religioso RealizadoemChicago,marca, semdúvida, ahistóriadodiálogo inter-religioso.Foiaprimeiravezqueumconjuntosignificativoderepresentantesdedi-versasreligiõesseencontrouparadebaterassuntosrelacionadoscomosseuscredos.Procuravam,destaforma,construirumaplataformacomumdediálogoeentendi-mentoquelevasse,emúltimainstância,àconstruçãodapaz.Daíqueseidentifiqueesteacontecimentocomoonascimentoformaldodiálogointer-religiosoaumaes-calaglobal.Osrepresentantespresentesnãoerameleitos,comoonomeparlamentopoderiainduzir,massimdelegadosoficiaisouentusiastasquerepresentavamasuaconfissãoreligiosadeformanãooficial. OindianoSwamiVivekanandafoiumdosintervenientesquetevemaiorvisibilidadeemarcouodecorrerdesteencontro.Eraorepresentantedohinduísmoenasuaintervençãofaloudetolerânciaeaceitaçãouniversal,afirmandomesmoqueoshindusaceitavamtodasasreligiõescomosendoverdadeiras,referindo-seàsmes-mascomodiferentesriachosdedistintasnascentesquedesembocamnummesmooceano.

Neste acontecimento vemos odiálogo inter-religioso a tomar corpo, jáquefoiaprimeiraveznahistóriaqueumencontroentrediferentesconfissõesreli-giosassepautouporumgenuínoespíritodeaberturaederespeitomútuo.Édere-alçarofactodeterocorridonosEstadosUnidosdaAmérica,umpaíscaracterizadoporumaelevadadiversidadeepluralidade.

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1936World Congress of Faiths

Primeiros passos na fundação de organizações que visam desenvolver e promover o diálogo inter-religioso

Éumadasprimeirasorganizações fundadasparadesenvolverodiálogointer-religiosoepromoverumamelhorcompreensãoecooperação,baseadasnores-peitoentrepessoasdediferentesfés.FrancisYounghusbandestevenaorigemdesteConselhoque, atualmente, temumboletimdedicadoà reflexão sobreodiálogointer-religioso.Organiza,paraalémdisso,variadasconferências, reuniões, retirosevisitascomointuitodecriarsituaçõesondeosintervenientespossamaprenderecompreendercredosdistintos.Osseusmembrosacreditamqueacompreensãoentrepessoasdediferentes religiões é essencial, não sóparaumaboa relaçãonasociedade,comotambémparaumarenovaçãomoraleespiritualquefomenteapazmundial.Oseuobjetivoépromoverumespíritofraternoentretodosenãocriarumareligiãouniversal.

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1940Comunidade de Taizé

Criação de um espaço ecuménico de partilha

EstacomunidadefoifundadaemFrança,porRogerSchutz-Marsauche,maisconhecidocomoIrmãoRoger.Éumaordemmonásticaecuménicaquetemcomointuitooferecerumespaçoondeaunidadeentreoscristãospossarealmenteacontecer,nãoapenasentreosIrmãosquepertencemàordem,mastambématodosaquelesqueovisitam.AcomunidadeécompostaporcatólicoseprotestantesquepartilhamentresioamorpeloEvangelho.AexperiênciadeTaizéébaseadanaora-çãoenosilêncio.Oseufundadoreramuitoconsciente,desdeoinício,acercadasdivisõesqueseparamcatólicoseprotestantes.E,porisso,sempresentiuqueasuamissãoeraconstruiralgoondeasdiferençaspudessemteroseuespaço,nãosendoinibidorasderelaçãoecomunhão.

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Atraiasimilharesdejovensdetodoomundo,dasmaisdiversasculturasetradições,quesereveemnesteespíritodereconciliaçãoeprocuramumespaçodereflexão,deencontroconsigo,comaféecomosoutros.Éestaaexperiênciadepar-tilhaehumildadequeosirmãosdeTaizéprocuramtransmitiraosqueosvisitam.Emtudooquefazempromovemajustiçaeapaz.

Éumexemplodecomoasdiferençasnãotêmnecessariamentedeserge-radorasdeconflitosedeafastamento,maspodemsertambémocasiãoderespeito,tolerânciaeinterajuda.

w w w . t a i z e . f r

1942Conselho Internacional de Cristãos e JudeusFormalização do diálogo judaico-cristão

EsteConselhocongregaumconjuntode38organizaçõesnacionaisquepromovemodiálogo judaico-cristãopelomundo.Tendo sido criado comoumareaçãoaoholocausto,temcomointuitorenovarasrelaçõesqueunemestasreligi-ões.Atualmente,dedica-seaimpulsionarodiálogoentreasreligiõesabraâmicas1,fomentandooencontroentrejudeus,cristãosemuçulmanos.Combasenorespei-topelasuaidentidadeeintegridade,promoveacompreensãoecooperaçãoentreasreligiões.Combatetodasasformasdepreconceito,intolerância,discriminação,racismoeinstrumentalizaçãodareligiãoparafinsnacionaisoupolíticos.Asuaaçãopassaporcoordenaratividadesanívelmundialqueconcorramparaosaspetosatrásreferidos,entreasquais,conferênciasedebates.Assim,épropiciadaaosparticipan-tesumapartilhadeexperiênciaseconhecimentos.

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1 Religiões Abraâmicas – designação genérica para as três religiões monoteístas primordiais: Judaís-

mo, Cristianismo e Islamismo. São aquelas que podem traçar sua história até Abraão e que têm na figura

do patriarca o seu marco referencial inicial.

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

1945Organização das Nações Unidas (ONU)Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura (UNESCO)Institucionalização de uma consciência global da igual dignidade

humana

AONUtemcomomissãomanterapazeasegurança,fomentandore-laçõescordiaisentreasnações,promovendooprogressosocial,melhorespadrõesdevidaeosdireitoshumanos.Areligiãoéparteintegrantedavidaemsociedade,influenciandoprofundamenteaformacomoaspessoasvivemeserelacionam.Ten-do issoemconta,aONU,atravésdaUNESCO,desenvolveváriosprojetosquepromovemeimpulsionamodiálogointer-religioso. AUNESCO,criadaa16denovembro(DiaInternacionaldaTolerância)apostanodiálogoentrecivilizações,culturasepovos,naperspetivadequesódestaformaépossívelatingirumdesenvolvimentosustentávelquerespeiteosdireitoshu-manosealivieapobrezamundial.Em2006,estaorganizaçãolançouumprogramaespecíficodereflexãosobreodiálogointer-religiosoparaqueestepossaconduziraumamelhorcompreensãointercultural.ÉumdosramosdoprojetoUNITWIN(1992)–umarededecooperaçãoacadémicainternacional–quevisaaumentaracapacidadedeenriquecimentomútuoatravésdatrocadeconhecimentosedapar-tilhanumespíritosolidário.Destaforma,aONUcriaplataformasque,aomesmotempo,põemempráticaodiálogointer-religiosoecriamcondiçõesparaqueestesepossadesenvolvermaisfluentementeanívellocaleregional.

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1948World Council of Churches Conselho Ecuménico das Igrejas (WCC)Organização internacional ecuménica que promove o diálogo inter-religioso

Este Conselho é um organismo internacional ecuménico, oficialmentecriadoem1948,emAmesterdão,naHolanda,quereúnemaisde300igrejascristãs.Estareunião,porém,sójuntoudelegadosdeIgrejasProtestanteserepresentantesdaIgrejaOrtodoxa,jáqueaIgrejaCatólicanãoestevepresente. Atualmente,esteorganismocontinuaaexistireadesempenharasuamis-sãoecuménica,estimulandoodiálogoearelaçãoentreprotestantes,ortodoxosecatólicos.AIgrejaCatólicamantémumarelaçãoformalcomesteConselho,sendomembroobservador. Dosprojetosquedesenvolve,umdelesdizrespeitoaodiálogointer-reli-giosoeàcooperaçãoentreasreligiões,visandoumamaiorcompreensão,coopera-ção,respeito,tolerânciaentreasdiversasreligiões.Intervêmtambémnassociedadesecomunidadesondeareligiãoéusadaparafomentaroujustificarconflitos.

Asuapropostabaseia-senaconvicçãodequeénecessáriosaberviverasuaprópriafécomintegridade,aomesmotempoqueserespeitaeaceitaooutronasuadiferença.OWCC,umorganismoecuménicopornatureza,éumexemplosignificativodeumaorganizaçãointernacionalquevemdandopassossólidosnestamatéria.

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1948Declaração Universal dos Direitos Humanos

Organização das Nações Unidas (ONU)Reconhecimento público da pluralidade e consagração dos direitos

universais do ser humano

Aprovadaa10dedezembrode1948,pelaONU,éumdocumentodeex-tremarelevânciaparaaconsciênciaqueoserhumanotemdesipróprio.Estãoaquiconsagradososdireitosbásicos,essenciaiseuniversais,comunsatodos,indepen-dentementedasuaraça,cor,sexo,língua,religião...Neleéreconhecidaacomumdignidade,igualdadeeliberdadedoserhumano.

NoartigoXVIII,encontramosconsagradososdireitosreferentesàpráticareligiosa:

«Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liber-dade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular».

Um enunciado que traduz o reconhecimento do pluralismo, sendo degrandeimportânciaesignificadoparaodiálogointer-religioso.Oserhumanonãosótemodireitoaescolherasuareligião,deamudarseassimoentender,comotam-bémdeaexpressarlivremente.Nãoéalgoquesedevaimpor,masfazpartedassuasliberdadesfundamentais.Estaratificaçãoexprimeumaalteraçãodepensamentoedaformadeoserhumanoserelacionarcomaprópriareligiãoecomadosoutros.

ADeclaraçãovemreforçaraimportânciadecadapessoaversalvaguarda-doserespeitadososseusdireitosfundamentaisemmatériadeopçãoreligiosa.

w w w . u n . o r g / e n

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1960Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos a partir de 1989-Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos CristãosInstitucionalização católica de promoção do ecumenismo

OPapa JoãoXXIII cria,pelaprimeiravez,umdepartamentopara tra-tardosassuntosecuménicos.Inicialmente,aprincipalfunçãodoSecretariadoeraconvidaroutrasIgrejaseComunidadesparairemcomoobservadorasaoConcílioVaticano II (verdescrição a seguir).Nodecursoda iniciativa, foi incumbidodepreparareapresentaraoConcílioosseguintesdocumentos:odecretosobreoEcu-menismo(UnitatisRedintegratio),adeclaraçãosobrealiberdadereligiosa(Dignitatis Humanae),adeclaraçãosobreaIgrejaeasreligiõesnãocristãs(Nostra Aetate)e,emconjuntocomacomissãodoutrinal,aConstituiçãosobreaRevelaçãoDivina(Dei Verbum).OPapaPauloVIconfirmouesteSecretariadoeoPapaJoãoPauloII,em1989,transformouoSecretariadonumConselhoPontifício.2 Atualmente,esteConselhotemaseucargoapromoçãodeumespíritoverdadeiramenteecuménicodentrodaIgrejaCatólica,promovendoedesenvolven-doodiálogoeacolaboraçãoentretodososcristãos.Desdeoseuinícioqueestabe-leceuumacooperaçãocordialcomojáreferidoWCC.

Em1974,oPapaPauloVIcriouumaComissãoparaarelaçãocomosjudeusque,sendodistintadesteConselho,estásobasuatutela. AcriaçãodesteConselhoéumprimeiropassodeaberturainstitucionaleoficialdaIgrejaCatólicafaceàrestanteCristandadeeàsoutrasreligiõesnãocristãs.

w w w . v a t i c a n . v a / r o m a n _ c u r i a / p o n t i f i c a l _ c o u n c i l s / c h r s t u n i / i n d e x _

p o . h t m

2 Conselhos Pontifícios são organismos presididos por um cardeal ou um bispo que fazem parte da

cúria romana. Chama-se cúria romana ao conjunto de organismos e pessoas que auxiliam o Papa no exer-

cício da sua missão, no governo da Igreja.

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1962-1965Concílio Ecuménico Vaticano II

Diálogo em concílio pelas mãos da Igreja Católica

ArealizaçãodoConcílioEcuménicoVaticanoIIconstituiuumverdadeiromarconavidaenahistóriadaIgrejaCatólica.Tinhacomofinalidadeaadaptação/atualização(aggiornamento)daIgrejaedoapostolado3aummundoemplenatrans-formaçãoeoregressoàunidadedoscristãos.NãosetratadeumConcílioqueveiomudarocredodaIgrejaCatólica,massimplesmenteaformacomoestaseexpressa-vaeserelacionavacomomundo.

EsteConcíliofoideextremaimportânciatambémparaodiálogointer--religiosoeparaoecumenismo.SóapartirdeleéqueaIgrejaCatólicadespertaverdadeiramenteparaanecessidadeeimportânciadecriarumespaçodediálogo.Opropósitoépromoverumclimadetolerânciaecolaboração,emqueasdiversasreligiõesdomundosepossamencontrarecompreender,deixandodesevercomoumaameaça.

ArealizaçãodoConcíliolevouàproliferaçãonoseiodaIgrejadeinúmerasorganizaçõesquesededicamaconcretizarodiálogo inter-religiosonaspequenascomunidades.

w w w . v a t i c a n . v a / a r c h i v e / h i s t _ c o u n c i l s / i i _ v a t i c a n _ c o u n c i l / i n d e x _

p o . h t m

3 Apostolado – missão de apóstolo, ação de divulgar e defender uma determinada doutrina.

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

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1964Secretariado para os Não-Cristãos a partir de 1988Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-ReligiosoInstitucionalização católica de promoção do diálogo inter-religioso

OPapaPauloVIcriaesteSecretariadonacúriaromana(vernota2).Em1988, passa a ser intitulado Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso(PCID).Temcomomissãoconduzirepromoverodiálogointer-religiosoentreomundocristãocatólicoeasoutras religiões, tendoemvistacontribuirparaumamútuacompreensão,respeitoecolaboração.Encorajatambémoestudodasreligi-õeseaformaçãodepessoasdedicadasaodiálogo.OEspíritodoConcílioVaticanoIIestevenaorigemdesteórgãoeanimaaformacomoatualmenteconduzasuamissão.

EsteConselhotemumacomissãoespecialqueseocupadasrelaçõescomosmuçulmanos,instituídapeloPapaPauloVI,em1974.Arelaçãocomosjudeusnãoédasuacompetência,jáque,conformereferido,estáatribuídaaoConselhoPontifícioparaaPromoçãodaUnidadedosCristãos.

Osmembrosdesteórgãodesempenhamoseutrabalho,nãosófazendoerecebendovisitaseindoaconferênciaseencontros,mastambématravésdecomu-nicaçõesoficiaisepublicações,queabrangemdiferentesaspetosdodiálogointer-religioso.

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1970International Jewish Committee on Interreligious

Consultations – Comissão Judaica Internacional para as Consultas Inter-religiosas (IJCIC)

Institucionalização judaica de promoção do diálogo inter-religioso

ÉoconsórcioencarreguederepresentaroJudaísmonasrelaçõescomasoutrasreligiões.Reúnenoseuseiováriosmembrosdeassociaçõesmaispequenas,sendoumorganismoreconhecidopelacomunidadejudaicamundial.

InicialmentefoicriadoparadesenvolverasrelaçõescomoVaticano.Noentanto,oprogressododiálogointer-religiosoeaconsciênciadasuavitalimpor-tânciaaumentaramascompetênciasdesteComité.Atualmente,promoveodiálogointer-religiosorepresentandooJudaísmojuntodasmaisdiversasinstânciasefaceatodasasreligiõesdomundo.

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1970Religiões pela Paz

Coligação de religiões para a promoção da paz mundial

Éamaiorcoligaçãointernacionalderepresentantesdasgrandesreligiõesmundiaisquesededicaapromoverapaz,atravésdeumasensibilizaçãoparaane-cessidadedeacabarcomasguerras,deerradicarapobrezaedeprotegeroplaneta.

Oseutrabalhoconjuntobaseia-senacapacidadedecelebrarahumanida-decomumederespeitarasdiferençasreligiosas.Reconhecemqueascomunidadesreligiosastêmumpapelprivilegiadonaassistênciaàpobrezaequeasuavisãodomundo,infraestruturaserecursosmuitocontribuemparaaeficáciadestetipodeação.Asuaintervençãopassaporpotenciaraaçãocomumdasdiversascomunida-des,tantoanívelnacionalcomomundial. Organizam,acadacincoanos,umaconferênciamundialquejuntacen-tenas de representantes religiosos para discutirem entre si as grandes questões edesafiosqueonossotempoenfrenta,sobretudoaoníveldapazmundial.

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Estacoligaçãoencaraasreligiõescomoinstrumentospoderososdecons-truçãodapazedelutacontraainjustiça,aexclusãoeosofrimentohumano.Asdiferençasreligiosasexistem,masnãoconstrangemarealpossibilidadedediálogoedetrabalhoconjunto,seesseforodesejoeaconvicçãoprofundadosintervenientes.

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1971Centro de Estudos das Religiões do Mundo em Bangalore Um centro académico de estudo do diálogo inter-religioso

IntegradonaUniversidadePontifíciaIndianaDharmaram Vidya Kshetram,temtrabalhadonapromoçãododiálogointer-religiosoemútuacompreensãoentrepessoasdediferentesreligiões.Organizaconferências,publicalivros,proporcionacursoseseminários.Nocontextoindiano,peloseupluralismoreligioso,éparticu-larmenterelevanteaexistênciadestetipodecentrodeestudos,jáqueasociedadeindianaéchamadaarefletirsobreestefenómenoqueacompõeecaracteriza. Comodesenvolvimentododiálogointer-religiosoàescalamundial,mui-tos centrosde estudos ligados adiversasuniversidadesproliferarampelomundo(veja-seaexperiênciadeHarvardmaisadiante),dedicando-seaoestudodestatemá-ticaparaaíencontrarformadepromovereconstruirodiálogo.

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1977Monastic Interreligious Dialogue

Diálogo Inter-religioso Monástico (MID)Organização que visa a partilha de experiências

entre as diversas religiões

Estaorganização,fundadapelascomunidadesbeneditinasecisterciencesnorte-americanas,temcomomissãopromoverodiálogointer-religiosoeintermo-nástico,principalmenteaoníveldapráticaeexperiênciaespiritual.Nomesmoano,foitambémcriada,naEuropa,aorganização“DialogueInter-Monastique”(DIM)comasmesmasincumbências. No início, o diálogo era promovido entre monges de diversas religiõescomoobjetivodeestreitarlaçosedeseenriqueceremmutuamente,principalmenteatravésdoconhecimentodaspráticasdeoraçãoemeditação.Noentanto,asco-munidadesmonásticascatólicasmantêmatualmenteumarelaçãoabertaaodiálogocomoJudaísmoeoIslão,quenãotemqualquerinstituiçãomonástica.

Arelaçãoediálogoqueascomunidadesmonásticasprocuramconstruirbaseiam-senaprocuraeexperiênciadeféqueseencontraemtodasasreligiões.Oqueconstituiabaseparaumacomunhãoeaprendizagemconjunta,nãoimplican-doabdicardoprópriocredo.Destaforma,odiálogoprocuraserumapartilhadeexperiências religiosas,promovendoauniãoeumacompreensãomútuaentre asdiversasreligiões.

DesalientarqueesteorganismoestáemconstantecontactocomoConse-lhoPontifícioparaoDiálogoInter-religioso.

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1978 Oriental Orthodox-Roman Catholic ConsultationInstitucionalização norte-americana de uma relação de proximidade entre cristãos católicos e ortodoxos

OrganismofundadonosEstadosUnidosdaAméricacomoobjetivodecriar,institucionalmente,umarelaçãomaispróximaentrecristãoscatólicoseorto-doxos.ÉcompostopeloComitéparaosAssuntosEcuménicoseInter-ReligiososdaConferênciaEpiscopalnorte-americanaepelaConferênciadeIgrejasOrtodoxasOrientais(pré-calcedónias4),aqualincluirepresentantesdasIgrejasArménia,Cop-ta,EtíopeeSiríaca.Estesrepresentantesreúnem-seanualmenteeproduzemdocu-mentaçãoconjuntaondeconstamaslinhascondutorasdodiálogoecuménicoquevãoconstruindo.Atualmente,continuamareunir-seeacaminharnaconstruçãodepontesquepermitematodosviveremharmoniaerespeitomútuo.

1986, 1993, 2002, 2011Dia Mundial da Oração pela Paz em AssisUnião pela paz

OPapaJoãoPauloIIorganizouumdiadeoraçãopelapazemAssis,Itália,paraoqualconvocouos líderes religiososmundiais.Esta iniciativamostraoseuempenhoezelonaconstruçãodapazedeumdiálogointer-religiosomaisfraternoecolaborante.Ésignificativoqueotenhafeitoatravésdeumdiadeoraçãoporumapreocupaçãocomumenãoatravésdeumdebateteológico,jáqueprimeiramenteénecessáriocriarefortaleceroslaçosdetolerância,confiançaecolaboraçãoentreasreligiões.Oslíderesreligiososcomeçaramporrefletiremconjuntosobreapazeseguidamenterezaramemseparado,deacordocomosseuscredos.Nofinaldodia,estabeleceramumcompromissoconjuntodepromoçãodapaz,afirmandoquea

4 Igrejas Ortodoxas Orientais conhecidas como não–calcedonias ou pré-calcedonias são as que não

aceitaram as decisões do Concílio de Calcedónia, em 451.

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violênciaeoterrorismosãoincompatíveiscomaféquetodosprofessam.Aguerra-friafoioacontecimentoparticularquemotivouesteencontro. Nosanosde1993,2002e2011,esteencontrovoltouarepetir-secomosmesmosobjetivos,motivadopelaguerranaBósnia,pelosacontecimentosdo11desetembrode2001easubsequenteguerranoAfeganistão,respetivamente.

Oúltimoencontrocontoutambémcomapresençadosqueseassumemcomo“nãocrentes”,considerandoqueapazéumvaloruniversalmentereconhe-cidoenãoestritamenteconfessional.Odiálogointer-religiosoéumprocessoquesedeveconstruircombasenaaberturaaoutrasconvicçõesnãoconfessionaiseanovas formas de espiritualidade, mesmo que não possam ser institucionalmenterepresentadas.

Estesencontrostêmtransformadoaformacomoasreligiõesserelacionameseempenhamemtarefascomuns,demonstrandocomoépossívelcriarrelaçõesondeorespeitoeacompreensãomútuaestãopresentes.

1987Inter Faith Network for the UK

Organizações locais, uma iniciativa no Reino Unido

Comodesenvolvimentodeumaconsciênciaglobaldaimportânciadodi-álogoentreasreligiõesdomundo,assistimosaumadisseminaçãodeumconjuntodeorganizaçõesdeâmbitolocaleinternacional.Promovemasrelaçõeseodiálogoentre pessoas de confissões religiosas distintas e reúnem os representantes dessasmesmasreligiões,paraqueodiálogoinstitucionaltambémprogrida.

AInter Faith Networkéumexemplonotáveldestetipodeorganizaçõesanívellocal.Visapromoverboasrelaçõesentrepessoasdediferentesfésqueesperase-jammarcadaspelacompreensãoerespeitomútuo.DedestacaroprogramaConnect Diferent Faiths Shared Valuesparacriançasejovens,osgrandesprotagonistasdestediálogo,comvistaacriaroportunidadesdetrabalhoconjunto.

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1988Council for a Parliament of the World’s Religions Conselho para um Parlamento das Religiões do MundoConselho para a promoção do diálogo inter-religioso e construção da paz mundial

EsteConselhofoicriadoporlíderesreligiososeacadémicoscomointuitodeprepararacelebraçãodocentenáriodoParliament of the World’s Religions,rea-lizado emChicago,em1893,edepropagaroseuespíritoelegado.Destaforma,reforçaoespíritoderespeitoeharmoniaentreasreligiões,comoobjetivodequeestaspossamconstruirummundomelhor,maisjusto,pacíficoesustentável.

Entreoutrasatividades,acadacincoanos,organizamemdiferentescida-desdomundoumnovoParliament of the World’s Religions,queseconstituicomoumespaçoabertodecomunicaçãoecomunhãoentreasreligiões.

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1991Projeto Pluralismo da Universidade de Harvard (EUA)O pluralismo religioso em projeto académico

Comaincrementaçãododiálogointer-religiosomuitasforamasinstitui-çõesacadémicasquedesenvolveramprogramasespecíficosdereflexãoeestudonoâmbitodestasmatérias.Semumacomponentereflexivadofenómenodopluralis-moreligiosoedasespecificidadesquecaracterizamasdiferentesreligiões,odiálogointer-religiosocomomovimentoglobalacabariapornãodarfrutossignificativos.AUniversidadedeHarvardtememcurso,desde1991,oProjetoPluralismoquesedebruçasobreofenómenodopluralismoreligioso,procurandoanalisarecompre-enderasdiferençasentreasdiversasreligiõespresentesnoterritórioamericano.DesalientarquenosEstadosUnidosdaAméricaestefenómenoésignificativo,jáqueasuasociedadeémulticulturalemultirreligiosa.

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Trata-sedemaisumexemplodecomoocontributocientíficodasinsti-tuiçõesacadémicaséfundamentalparaumdiálogomaisfundamentadoecoerente.

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1991The Interreligious Coordinating Council

Organização israelita de promoção da paz entre cristãos, judeus e muçulmanos

UmaorganizaçãoemIsraelquevisapromoveraconvivênciapacíficaentrecristãos,judeusemuçulmanos.Partedoreconhecimentoevalorizaçãodosensina-mentosevalorescomunsdasreligiõesabraâmicaspara,destaforma,tentartrans-formaropapeldareligiãonasociedade.Acreditaqueesta,emvezdecriardivisões,conflitoseviolência,deveriaestarnaorigemdareconciliação,dacoexistênciaedacompreensãomútuas.Promoveprojetosconcretosdeconstruçãodapazerelaçõesabertasefraternasentrepessoasdetradiçõesreligiosasdistintas. Afirmaseraorganizaçãointer-religiosamaisconhecidaemaisrespeitadaemIsrael,congregandoemsiumconjuntodemuitasoutrasorganizaçõescomosmesmosobjetivos.ÉmembrodoConselhoInternacionaldeCristãoseJudeusan-teriormentereferido. Asuaimportânciaepertinênciadecorrenãoapenasdosobjetivosquepro-move,mastambéme,principalmente,ondeospromove–umterritóriosimbólicodeinter-religiosidade.

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1992The Center for Christian-Jewish Understanding O Centro de Entendimento Judaico-Cristão (CCJU)Plataforma de diálogo judaico-cristão

EstecentrodaUniversidadedoSagradoCoração,emConnecticut,nosEUA,procuracontribuirparaqueodiálogoentrecristãosejudeusacercadeDeusedesipróprios,sejamarcadopelaverdade,pelorespeito,acooperaçãoeapaz.Or-ganizaseminários,conferências,colóquiosefórunspúblicosparalíderesreligiososeacadémicosnosvárioscontinentes.Oseutrabalhotemsidofortementevaloriza-doeencorajadopeloVaticano.Comoopróprionomeindica,éumaplataformarelevanteparaoentendimento,conhecimentoeharmoniaentrecristãosejudeus.Oseuesforçonapromoçãododiálogointer-religiosovaiparaalémdesteuniversocrente,englobandotambémosmuçulmanos.Opatrimóniocomumdestasreligiõesévalorizadoeaprofundado,numatentativaderesolverconflitosemal-entendidosquetêmmarcadoahistóriadassuasrelações.

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1993Centenário do Parlamento Mundial das Religiões em ChicagoComemoração do caminho realizado pelo diálogo inter-religioso e partilha formal de valores comuns

Acelebraçãodeste centenário reuniucercadeoitomilpessoasde todoomundoedasmaisdiversasreligiõescomointuitoderefletirsobreasrespostasreligiosaseespirituaisparaosproblemascontemporâneos.Noentanto,nãofoicon-cebidaparaserapenasummomentodepartilhaentrereligiões,mastambémumacontecimentoqueconduzisseàaçãoconjuntadosintervenientesemassuntosdeinteresseglobal.IstolevouaqueinúmeroslíderesreligiososassinassemaDeclaração“Towards a Global Ethic: An Initial Declaration”.Nestadeclaraçãoparaumaética

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global,asreligiõesreconheceramoquetêmemcomumnestecampo,assumindoquenassuasdiferenças,partilhamvaloresequealutapelasuadefesaéocaminhoparaaconstruçãomundialdapaz.

EstacomemoraçãofoiorganizadapeloConselhoparaoParlamentodasReligiõesMundiais,jámencionado,ecomelaprocura-secontinuaromovimentoiniciadoem1893.

1996United Communities of Spirit

Rede online de diálogo inter-religioso

Éumaplataformaon-linedesuporteaumaredeglobaldepessoascomcredoseconvicçõesdistintasequevisapromoverodiálogoeaperceçãodequetodaahumanidadeépartedamesmafamíliaespiritual.Aspessoassãoconvidadasainscreverem-seindividualmentenestaplataformaeaescolheremasuaformadeparticipaçãonamesma,interagindocomosrestantesmembros. Esta iniciativaéumexemploclarodecomoodiálogo inter-religiososeconstróiemtodasasesferasquecompõema sociedadeeusandotodososmeiosdisponíveis.

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1997Elijah Interfaith Institute

Exemplo do diálogo inter-religioso na sociedade civil

Esteinstituto,fundadopeloRabiAlonGoshen-Gottstein,éumaorgani-zaçãointernacionalsemfinslucrativosquepretendepromoverapazentreasdiver-sascomunidadesdeféespalhadaspelomundoatravésdaeducaçãoedainvestiga-ção.Acreditaquejuntasserãomaiscapazesdeconstruirumasociedademaisjusta.

Organizaconferências,iniciativascomunitárias,projetosdeinvestigação,etc.,queconcorremparaosobjetivosaquesepropõem,ouseja,queajudamnaconstrução de pontes entre as diversas fés e religiões. Para tal, possui um vastonúcleodecontactosederedes,queincluiumConselhocomoslíderesreligiosos

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mundiais,umaextensarededeacadémicoscomprometidos,parceriascomuniversi-dades.ÉaindamembrodaredeeducacionaleadministrativadaUNESCO.

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2000Iniciativa de Religiões Unidas (United Religions Initiative)Rede internacional de promoção do diálogo inter-religioso a nível local

Trata-sedeumaredeinter-religiosa,reconhecidaanívelinternacional,ati-vaem78países.Trabalha,localmente,nocombateàviolênciamotivadaporcrençasreligiosas,àpobreza,àexclusãosocialeàinstabilidadeprovocadaporcrisessociais,económicaseambientais.Organiza-seemCírculosdeCooperaçãoquemobilizampessoasdediferentes fés e tradiçõespara trabalharememconjuntocomvista aobemdasuacomunidade,ampliandoassimoseupoderecapacidadedeatuação.Temcomoobjetivoumatomadadeconsciênciacoletivaacercadapluralidadequecompõeasociedadeetememvistaumamudançadeatitudesfaceaooutroeàsuadiferença. Aaçãolocalédeimportânciavitalpoisénamudançadehábitosenraiza-dosdeexclusãoqueestamelhorsecombate.Énoquotidianoconcretodecadavidaquesecompreendemelhorarealcapacidadederelaçãoentrepessoascomconvic-çõesetradiçõesdistintas.Aforçadestaredeestánofactodeligareconcertarestasiniciativaslocais,multiplicandoopoderdamudança.

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2007A Common Word between Us and You Uma palavra Comum entre Nós e Vós

Iniciativa muçulmana de promoção do diálogo inter-religioso

Éumacartaabertaemque138estudiosos,clérigoseintelectuaismuçul-manospropõem,comobasecomumdeentendimentoentremuçulmanosecristãos,oamoraDeuseaopróximo.EstedocumentofoiescritonasequênciadapolémicaqueenvolveuodiscursodoPapaBentoXVIemRatisbonaedasreuniõesquedaíadvieramentreambasaspartes.Estacartaéummarcosignificativonarelaçãoentreasduasreligiões,oumesmoumaaproximaçãosemprecedentes.Suscitourespostasecomentáriosemotivoudiversasconferênciasereuniõesentreislâmicosecristãos,ondeodiálogointer-religiososevaitornandoumarealidade.Deentreasváriasini-ciativasquesucederamàcartapodeserdestacadooprimeiroFórumInternacionalCristão-MuçulmanoquedecorreunoVaticanoumanoapósasuapublicação.

Trêspersonalidadesqueestiveramnaorigemdestedocumentoreceberam,em2008,oprémioEugen Biser quedistingue aquelesque trabalhamna criaçãodeumabasecomumparaacoexistênciapacíficaetolerantedetodasasreligiõesenações.

OprojetorecebeutambémoprémioBuilding Bridgesem2008,atribuídopelaAssociaçãodeCientistasSociaisMuçulmanossediadaemLondres.

Estabrevedescriçãomostraarelevânciaqueestacartaabertateveetemparaarelaçãoentremuçulmanosecristãos,jáqueoriginouumprocessodediálogomuitoabertoedinâmico.

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2008Conferência Mundial sobre o Diálogo, EspanhaUma iniciativa islâmica de reflexão acerca da necessidade do diálogo inter-religioso

Emjulhode2008ocorreu,emMadrid,umaConferênciaMundialsobreodiálogoque reuniu representantesdo Islão,do Judaísmo,doCristianismo,doHinduísmo,doBudismo,doXintoísmoedoConfucionismo.FoiorganizadapelaLiga Islâmica Mundial, sob a direção do Guardião dos Lugares Sagrados, o ReiAbdullahIbnAbdulAzizAl-Saud,daArábiaSaudita(veradiante).Esteapelouaquetodososverdadeiroscrentesdasgrandesreligiõesmundiaisseempenhememderrotarextremismosreligiosos,aencontrarcausascomunseapropagarapaz. OsquatrograndestemasdaConferênciaforam:aimportânciadodiálogonasociedadehumana;asfundaçõesdodiálogoreligiosoecivilizacional;osaspetoshumanoscomunsnodiálogo;eaavaliaçãoepromoçãododiálogo.

Odiálogointer-religiosofoiamplamentedebatidotantonasuavertentemaisteórica,comonasuaformapráticaderealização,naperspetivadereelaborarestratégiasedelinearáreasdeaprofundamento. Asuapertinência,enquantoinstânciacriadoraderelaçãoentreasdiversasreligiões,resideaindanasalvaguardaevalorizaçãodoqueéprópriodecadatradi-ção.

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2008Centro para o Compromisso Judaico-MuçulmanoIniciativa conjunta de promoção da relação Judaico-Muçulmana

EsteCentropromoveodiálogoeacompreensãomútuaentreestasduasreligiõesabraâmicas.Temcomoobjetivoacriaçãodeferramentasqueajudemtantoas populações comuns, como as instituições e os académicos, a serem ativos naconstruçãodeumarelaçãoderespeitoetolerância.Pretendeconstruirpontesentreasgeraçõespoisénestaamplaconcertaçãoderelaçõesquecadatradiçãosaiverda-

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deiramentevalorizadaeenriquecida.Ageanívellocal,nacionaleinternacionaletrabalha,aomesmotempoedeformaconcertada,adimensãopessoal,institucionaleacadémicadodiálogointer-religioso. Éumcentroquepropõeacompreensãomútuadasdoutrinasdestasduastradiçõesreligiosascomumahistóriacomum,atravésdaaçãodeinvestigadoreseda criaçãode recursos e experiências.Tendo emvista aumentar a capacidadedeempenhoconjuntoemquestõesecausasdemútuointeresse,éreconhecidocomoummodelodetrabalhoemparcerianasrelaçõesentreasreligiões.

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2009Carta pela Compaixão

Exemplo de mobilização em torno de um valor comum

ConhecidacomoCharter for Compassion,foiapresentadapublicamentea12denovembrode2009.Visaafirmarauniversalidadeehumanidadedovalordacompaixãoereconhecê-lacomoumvalor intrínsecoaoserhumano.Éassumidacomoumidealpresenteemtodasasreligiões,passíveldeuniremtornodeumacausacomumpessoascompertençasreligiosasouconvicçõesideológicasdistintas.Apontaparaaconstruçãodeummundoondeacompaixãopossaestarnovamentenocentrodaspráticasemsociedade.

Estacartaéoresultadodeumtrabalhocolaborativoextensodeumcon-juntodepersonalidades,entreasquaisvárioslíderesreligiososeteólogos.Amento-radesteprojetofoiKarenArmstrong,umaescritorabritânicaquejápublicouváriasobrassobreareligiãoeasreligiões.Ganhouem2008oprémioTED(Tecnologia,EntretenimentoeDesign),ondeapelouàconcretizaçãodesteprojeto,aqualtemcontadotambémcomaajudadoInstitutoFetzer.

A compaixão implica uma sensibilidade ao outro, colocando-se no seupontodevista,umprincípiofacilitadordodiálogointer-religioso.

Em2011,estacartafoitraduzidaepublicadaemportuguês,peloACIDI,IP.

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2011Manual de Assistência Espiritual e Religiosa HospitalarUma iniciativa portuguesa

Visafacilitaraacessibilidadedetodos,qualquerquesejaasuapertençare-ligiosa,aoapoioespiritualereligiosoemsituaçãodedoençaedehospitalização.FoielaboradopeloGrupodeTrabalhoReligiõeseSaúde(GTRS),noqualparticipamváriasconfissõesreligiosaspresentesemPortugal,criadoem2009,nasequênciadoDecreto-leiqueregulamentaaAssistênciaEspiritualeReligiosanoServiçoNacio-naldeSaúde.

Omanualapresentaasperspetivassobreassistênciaespiritualereligiosahospitalarde:adventistasdo7ºDia,baha’i,budistas,católicos,hinduístas,islâmi-cos,judeus,mórmons,ortodoxos,protestantesevangélicosetestemunhasdeJeová.Incluiumdescritivoporreligiãoondeconstam:aspráticasreligiosaseosseustextossagrados;osritosdonascimento;aalimentaçãoeaprescriçãoreligiosa;osentidoepráticasnadoençaenosofrimento;osritosprescritosperanteomistériodamorte.Esteéuminstrumentopreciosodeajudaaosprofissionaisdesaúdequelhespermi-tirácuidardosdoentesrespeitandoasuacrençareligiosa.Aponta-separaqueestescuidadosserealizememestreitacolaboraçãocomoacompanhamentoespiritualereligioso,umdireitoqueassisteatodoodoente. Trata-sedeumainiciativaportuguesaque,deformaconcretaelocal,con-tribuiparaodesenvolvimentododiálogointer-religiosoequeocanalizaemfavordeummelhorcuidadoàpopulação. Porfim,édesublinharqueogrupodetrabalhoafirmaqueomanualseráalvodeumaatualizaçãopermanenteequedesejamcompletá-loemdiálogocomoAgnosticismoeoAteísmo,paraquetodossejamincluídoserespeitadosnassuasopçõesquandoseencontraminternadosnoshospitais.

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2. algumas personalidades

marcantes do diálogo inter-religioso

a) Antes de o ser...

(1263)Disputa em Barcelona entre Pablo Christiani e o

Rabbi Moyses ben Nachman (Nachmanides)

Em1263,houveemBarcelonaumareuniãoorganizadaporRaimundodePenhafortenacortedoReiTiagoIdeAragão,entrePabloChristiani,umjudeurecém-convertido ao Cristianismo, e o Rabbi Moyses ben Nachman, conhecidocomoNachmanides.EsteencontroacontecenocontextodareconquistacristãdaPenínsulaIbérica,peloqueseintuiqueomesmotivessecomointençãoprimeiraaconversãodosjudeusaoCristianismoenãoumentendimentocordialentreasduasreligiões.Noentanto,sabemosqueosseusinterlocutores,comliberdadedeexpres-são,expuseramasrazõesdasuafé.Odiálogointer-religiosotambéméconstruídoporestesconfrontosondeosinterlocutoresexpressamasrazões.

Estareferênciaconstituiapenasumexemplodosmuitosencontrosesporá-dicosquemarcavamarelaçãoentreconfissõesreligiosasdiferentes.

(1401-1464)Nicolau de Cusa

NicolaudeCusaéumdestacadoteólogoefilosofocatólicoalemãoque,entreinúmerasoutrastarefasemissões,seempenhounauniãoentreacristanda-deorientaleocidental.Em1438,foiatéàcorteimperialgregacomointuitode

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propiciarnovamenteauniãoentrecristãosortodoxosecatólicos.Consideravaquedeviahaverapenasumareligiãoequeestapodiaterritosdiversosnoseuseio.Oseucontributoparaodiálogointer-religiosofoi,porém,maisabrangente.Comoqualquercristãocatólicodoseutempo,achavaqueasalvaçãoseencontravanoseiodestaIgreja.Noentanto,foicapazdeolharparaalémdaféqueprofessavaecons-tatouquenasoutrastradiçõeshaviaalgodeverdadereligiosa.Tendoestaconvicçãoporbase,NicolaudeCusaprocurouconheceroutrasreligiõesetravarcomelasumdiálogoconstrutivo,numaatitudeverdadeiramenteinovadora,queaindahojeins-piraaquelesqueseempenhamnodiálogointer-religioso.

Companhia de Jesus e a sua missão evangelizadora

ACompanhiadeJesuséumaordemcristãcatólica, fundadaporSantoInáciodeLoyola,em1534.Éconhecida,entremuitasoutrascoisas,peloseues-píritomissionário e evangelizador,muito característicodosprimeiros temposdaCompanhiadeJesus.Noentanto,oespíritoevangelizadordesteshomenspartiadeumavalorizaçãoeconhecimentodasculturaslocais.Procuravamaprenderaslín-guaslocais,oscostumesetradições,vivendopróximodapopulação,conhecendo-aesóaíanunciavamafécristã.

ParailustrarestafacetadaCompanhiadeJesus,podemdestacar-sedoisexemplossignificativos:São Francisco Xavier(1506-1552)eMatteo Ricci(1552-1610),quebaseavamasuamissãoevangelizadoranooriente,napráticadodiálogo,da partilha e conhecimento mútuos. Ricci foi também um estudioso da língua,culturaecostumeschineses,tendoelaboradoosprimeirosplanisfériosemlínguachinesa.

(1542-1605) Imperador Mongol Jalaluddin Muhammad Akbar

OImperadorMongolJalaluddinMuhammadAkbarficouconhecidopeloperíododeestabilidadeeprosperidadeobtidonumvasto império,que incluíaonorteecentrodocontinenteindiano.Oseureinadoapostounumfortedesenvolvi-mentodaarteeculturadaregião.Nesteâmbito,destacam-seumasériededebates

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quepromoveuparaadiscussãodequestõesreligiosas,emqueparticiparamvárioseruditosdediferentesreligiõescomomuçulmanos,cristãos,judeus,budistas,hin-dusesikhs.Estesdebatesmarcamodiálogointer-religioso,algoqueerabastanteraronestetempo.OImperadoracabaporcriarasuaprópriareligião,aqualnemtevemuitaadesão,nemsobreviveuàsuamorte.

b) Papel de alguns líderes mundiais...

(1869-1948)Mohandas Karamchand Gandhi

Mahatma Gandhi foi um indiano, mundialmente conhecido pela lutapacíficaquetravouemfavordosdireitosdoseupovo,primeironaÁfricadoSuledepoisnaprópriaÍndia,conduzindoumprocessoquelevouàindependênciadesteterritório.Asualutaeramarcadapeloprincípiodanãoagressãoenão-violência,oSatyagraha,–o“caminhodaverdade”.Gandhiapelavaàmobilizaçãosocialpacíficacomoformadelutaedeprotestofaceàopressão,àdiscriminação,àexclusão,aosofrimento,à fomeeàpobreza.Tambémbatalhousemprepelauniãoentrehin-dus,cristãosemuçulmanos,poisnãoviaasdiferençasreligiosascomofatoresdeafastamentoouinibidoresderelação,masacreditavaquenoseuâmagoestavasem-preaverdadeeoamor.Éumafiguramarcanteparaodiálogointer-religioso,umexemplovivodoespíritoqueanimaestemesmodiálogoemtudooquerealizou,construindopontesondeelasnãoexistiameinspirandooutrosafazeremomesmo.

(1935-...)Tenzin Gyatso, o décimo quarto Dalai Lama

É o atual líder espiritual do BudismoTibetano e foi o primeiro DalaiLamaaviajarpelomundoocidental.AssuasviagenscontribuíramparaummaiorconhecimentodoBudismoanívelmundialeparaasensibilizaçãofaceàsituaçãopolíticadoTibete.Éumdos líderes religiososmais conhecidos e respeitadosnomundo,defensoracérrimodapaz,datolerânciaedaconstruçãodepontesentreasreligiões.Acreditaqueasreligiõessãofundamentaisparaaconstruçãodapaz,da

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harmoniaedadignidadehumana.Aoolharmospara a sua vida vemosque é umhomemprofundamente

comprometido com o diálogo inter-religioso, estando pessoalmente presente emdiversasconferênciasereuniõesquevãosendoorganizadaspelosorganismosdescri-tosnestacronologia.Jáseencontroucomdiferenteslíderesreligiososcomosquaisprocuracriarlaçosprofícuos.

ÉdedestacarasuaintervençãonaconclusãodoCentenáriodoParliament of the World’s Religions,ondeperantemilharesdepessoasapelouaumamaiorhar-moniaentreasreligiões.Em1999,nomesmoparlamentonaCidadedoCabo,naÁfricadoSul,teveumcontributosignificativoemconjuntocomNelsonMandela.ÉpatronodoWorld Congress of Faiths, já referido.Ecomoreconhecimentopeloseutrabalhoeesforçopelapazeharmoniaentreasreligiõesrecebeu,em1989,oPrémioNobeldaPaz.

Ésemdúvidaumdosgrandesprotagonistasdoatualdiálogointer-religio-so,tendomesmocontribuídoativamenteparaoseuflorescimento.

(1978-2005)Pontificado do Papa João Paulo II

KarolWojtyla,oPapaJoãoPauloII,numdosmaiorespontificadosquea Igreja Católica já conheceu, teve um papel muito relevante na construção dodiálogointer-religiosoeecuménico.Umdosgrandesobjetivosfoiexatamenteodecriarrelaçõesmaisfraternasentreasváriasreligiõesepromoverauniãodoscristãos.

Sãodedestacar as suasvisitas a locaisde cultodediferentes religiões eencontroscomosseuslíderes.Porexemplo,foioprimeiroPapaavisitarumasi-nagoga.Foi,também,oprimeiroavisitarocampodeconcentraçãodeAuschwitznaPolónia,reconhecendooHolocaustocomoumaverdadeiratragédiamundial.Noano2000,naviagemquefezàTerraSanta,visitouomonumentoemmemóriadesseperíodohistóricoerezoujuntoaoMurodasLamentações.Em2001,visitouumamesquitaemDamasco,naSíria,expressandoavontadedeumnovocapítulonasrelaçõescomosmuçulmanos.

FoinoseupontificadoqueserealizouoprimeiroencontrodeAssis,atrásmencionado.Encontrou-seváriasvezescomoDalaiLama,comoqualpartilhavavisões comuns em relação aomundo.Nesta linha, promoveu tambéma aproxi-

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maçãocomaIgrejaLuteranadaAlemanhaeoCristianismoOrtodoxo,empaísescomoRoménia,UcrâniaeGrécia.Nocasoda IgrejaAnglicana,na suavisitaaoReinoUnido,pregounaCatedraldeCantuária.

Estasviagens,apardeumconjuntodegestossignificativos,foramvistoscomoumademonstraçãorealdavontadedeunião.OPapanassuasdeclaraçõesapelou,frequentemente,aumdiálogoaberto,toleranteehonestoentretodos.

Noentanto,apesardetodososesforços,muitoestáaindaporalcançarnarelaçãodaIgrejaCatólicacomasoutrasconfissõesreligiosas.Atualmente,aIgrejaprocuradarcontinuidadeaestepropósito,principalmenteanívellocal.BentoXVI,quelhesucedeu,já,pordiversasvezes,manifestouoseuempenhonaconstruçãoderelaçõesqueaproximemasdiferentestradiçõesreligiosas.

(1991-....)Bartolomeu I de Constantinopla

OPatriarcaEcuménicodeConstantinopla(atualIstambul),BartolomeuI,iniciouoseumandatoem1991.Éoprimeiroentreiguaisnacomunhãoortodoxabizantina,oquesignificaquepresideaqualquerConcílioouSínodoOrtodoxoeéoporta-vozprimeirodacomunhãoortodoxa.Éumprimadodehonraenãodedireito,aocontráriodoqueacontececomoPapanaIgrejaCatólica. EstePatriarcatemsobressaídopelasuapreocupaçãoeempenhonodiá-logocomomundocontemporâneoeassuaspreocupações.ÉdedestacaroesforçoquetemfeitonatentativadereconstruçãoeuniãodasIgrejasOrtodoxasBizantinas,queforamperseguidasduranteodomíniosoviéticoaté1990.Pretendequeoslaçosentreoscristãossejammaisestreitosequeasreligiõesdomundopossamcoexistirpacificamente,enriquecendo-seecontribuindoparaaconstruçãodeumasociedademelhor.

BartolomeuIéconhecidopeloseuempenhonapromoçãodaliberdadereligiosa,dosdireitoshumanosedatolerância.Estediálogotemsidomarcadoporinúmerasvisitasereuniõesformais.Entreoutros,pertenceaoConselhodosLíderesReligiososdoElijah Interfaith Institute.Temtidoumpapelparticularmenterelevan-tenarelaçãodoscristãoscomosmuçulmanos,organizandoumconjuntodeencon-troscomoslíderesmuçulmanoserealizadoinúmerasviagensaterritórioscomoa

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Líbia,oEgito,oIrão,aJordânia,oQatar,etc...Esteseuesforçoímparconcedeu-lheumacredibilidadegeradoradeconfiançaquemaisnenhumlídercristãopossui.

Em2001,trêsmesesdepoisdo11desetembro,organizou,comaComis-sãoEuropeia,umaconferênciainterconfessionalemBruxelas.

PorestabrevedescriçãovemoscomoBartolomeuIsedestacacombaten-do,comtodososmeiosqueasuaféeposiçãolhepermitem,osconflitosquepodemexistirentreasreligiões.

(2005-...)Abdullah Ibn Abdul Aziz Al-Saud

AbdullahIbnAbdulAzizAl-SaudéoatualreidaArábiaSauditaeoguar-diãodoslugaressantos,MecaeMedina.OReitemodeverdeosproteger,facili-tandooacessoatodososmuçulmanosqueaíqueiramprestarcultoreligioso. Estemonarcafoiprotagonistadeumconjuntodeaçõesquedemonstramoseuempenhonestamatéria.Emnovembrode2007,visitouoPapaBentoXVI,tendosidooprimeiroreisauditaafazê-lo.Em2008,organizouumaconferênciaemMecacomoobjetivodepromoverauniãodetodososlíderesislâmicosparaqueestespudessemdialogaraumasóvozcomoslíderesjudeusecristãos.Nofinaldestemesmoano,édasuainiciativaaconferênciadeMadrid,atrásreferida.Foiaindaresponsávelpeloencontro“PazdeCultura”,naAssembleia-GeraldasNaçõesUnidas,quetinhacomoobjetivoerradicaropreconceitoderelacionaroIslamismocomoterrorismo. AbdullahAl-Saud tempromovido ativamenteuma relaçãode conheci-mento,respeito,tolerânciaefraternidadeentreasdiversasreligiões.Aosolhosdomonarcaexistemdiversos fatoresqueunemoshomensdediferentescredos, taiscomoahumanidadecomumeafé.Consideraqueasreligiõesdevemcontribuirsempreparaocrescimentohumanoeparaasuafelicidadeenuncaparaasuades-truição.

AbdullahAl-Saudéumexemploqueatodosdevedesafiarnaconstruçãodeumasociedademaisaberta,maisjustaeplural.

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3. diálogo inter-religioso: um

(longo) caminho a percorrer

Ahistóriadodiálogointer-religiosoéreveladora:trata-sedeumfenómenocujaexistênciaenquantomovimentoconscienteéextremamenterecente.Recuandonotempo,àprocuradesinaisdestediálogo,encontramosjámuitosvestígiosquesepoderãoidentificarcomoosprimeirospassosparaestaformadeestarnomundo,deolhareviverarelaçãoentreospovoseassuasreligiões.Esteolharatentodá-nos,portanto,umavisãoglobaldofenómeno,aomesmotempoquedesafiaeencorajaanossacapacidadedeneleparticiparativamente.Istoporqueasuabrevehistóriaevidenciaasuapossibilidadeefetiva,maisdoquedeumsonho:asreligiõeseosseuscrentesemdiálogoeuniãoemproldadefesadevaloreseconvicçõescomuns.Énestapartilhaedesejodeviveremharmoniae respeitoqueo serhumanosaireforçadoevalorizado.

Estacronologiaapresentamuitasiniciativasinstitucionais,comdiferentesorganizaçõesepersonalidades,quepromovemaconstruçãodeumarelaçãoabertaentreasdiversastradiçõesreligiosas.Noentanto,estediálogoétambémamplamen-teconstruídonavidaquotidianadecadaumdenós,algoquenãopodeserabarcadoporestedescritivo.Cadaumadestasesferas,a seumodo, temumpapelvitalnaconstruçãodacapacidadededialogaredeinteragiremcooperação.

Oelencoproposto,assinalandoalgunsaspetossignificativos,situaestefe-nómenoedespertaparaasuapertinênciae,quiçá,urgêncianaatualidade.Aatitudequecaracterizaodiálogointer-religiososurge,portanto,comoumimperativoparaoqualsomoschamadosacontribuirativamente.

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33 ideias

para pensar e agir

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diálogo inter-religioso: o que podemos Fazer?

É comum pensar-se que a temática do diálogo inter-religioso não é para todos, que fica melhor entregue nas mãos de padres, imãs, rabinos ou filósofos. Contudo, a verdade é que, muitas vezes, aqueles que têm maiores responsabilidades têm também menos liberdade para partir ao encontro do outro.

Inspirados ou não pelos percursos enunciados, parece evidente que há muito trabalho a fazer na base das sociedades, entre as pessoas co-muns, para que se estabeleçam laços de respeito e convivência. Os valores morais e religiosos são uma área sensível envolvendo crenças e conceções do mundo. A sua abordagem tem de ser feita de forma aberta e gradual, num clima de diálogo e confiança, procurando sempre pôr-se no lugar do outro.

Apresentam-se aqui um conjunto de sugestões que cada um pode levar à prática na sua vida e na sua comunidade que, muitas vezes, mais não são do que propostas de um novo olhar, ou seja, “ver o mundo com outros olhos” e agir.

cada um de nÓs pode Fazer a diFerenÇa!

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1 nenhuma sociedade é religiosamente uniforme. esteja atento, no seu grupo de amigos, no seu bairro, na sua cidade a essa

diversidade.

2 a diversidade não existe apenas entre diferentes religiões e

crenças, mas também dentro das próprias religiões. nunca pense que todos os membros de uma religião são iguais. cada pessoa traz

para a prática religiosa a sua história pessoal, ideias e modos de viver.

3 À partida, podemos olhar para o outro como alguém muito

diferente de nós, quer pela religião que pratica, quer por não praticar nenhuma. lembre-se, contudo, que todos temos coisas em

comum: a nossa humanidade, os direitos básicos, o amor à nossa família, as alegrias e as tristezas inevitáveis da vida.

4 como as pessoas, também as religiões diferentes têm

muito em comum; todas realçam a importância da compaixão e do respeito pelo próximo, por exemplo.

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5 lugares-comuns como “no fundo todas as religiões são iguais” revelam uma atitude simplista e paternalista. por mais que possam ter em comum, na verdade, as religiões têm as suas especificidades, que as caracterizam, e é isso que as torna únicas.

6 as diferenças e, às vezes, as tensões entre as religiões podem ser causa de conflito, mas no respeito pela liberdade religiosa, essas diferenças podem também ser uma fonte de riqueza e descoberta de novos sentidos.

7 conhecer as diferentes religiões, quer as que nos são mais próximas quer aquelas com as quais temos menos contacto, é uma questão fundamental para nos situarmos no mundo atual. esteja atento e não hesite em aprofundar o seu conhecimento.

8 procure saber mais e conhecer melhor as crenças de outra pessoa, não tenha medo de fazer perguntas. desde que aborde o tema com respeito, o mais natural é essa pessoa ficar contente por poder falar de algo tão importante para si.

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9 uma única pessoa dificilmente pode transmitir toda a

diversidade e complexidade de uma religião. se o seu interlocutor não o souber esclarecer, procure mais opiniões, sobretudo junto de

pessoas e/ou publicações especializadas.

10 quando falar com alguém sobre as suas convicções

religiosas ou outras, não se esqueça que está a tocar num aspeto que é sensível. trate sempre o assunto com respeito, sem fazer

juízos de valor.

11 se alguém o procurar para pedir esclarecimentos sobre

as suas convicções, é natural que lhe falte algum vocabulário ou informação. aproveite a ocasião para esclarecer dúvidas e

preconceitos.

12 há sinais exteriores, como a roupa ou a forma de usar o

cabelo ou barba, que podem ter um significado religioso e variar entre crentes de diferentes tradições ou zonas geográficas. procure

identificar, compreender e respeitá-los.

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13 a atitude face à diferença forma-se cedo. procure discutir estas questões e incentive o respeito pela diversidade – cultural, religiosa – sobretudo junto de crianças e jovens.

14 a biblioteca da sua escola / da sua área de residência tem uma boa seleção de livros sobre religião? se não tem, sugira que se crie uma secção de livros, filmes, revistas e outros materiais que permitam conhecer e compreender as diferentes religiões. no final desta brochura encontrará algumas sugestões.

15 na escola ou no local de trabalho, procure saber se existem opções alimentares que respeitem diferentes preceitos religiosos. sugira à cantina que tente servir, pontualmente, refeições “kosher” ou “halal”, até por interesse cultural. É uma excelente oportunidade de debater a diversidade religiosa.

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

16 se é professor, encontre formas de incluir esta temática

nas suas aulas, como por exemplo em história, geografia, relações internacionais, política, artes, etc. procure sugestões mais adiante.

17 se trabalha ou estuda com alguém de uma religião diferente, tente saber quais são as principais festividades religiosas

dessa pessoa e, nesse dia, mencione o facto, desejando-lhe um dia feliz ou fazendo outra saudação adequada.

18 esteja atento aos diferentes calendários religiosos.

no seu local de trabalho ou na sua escola, talvez se possam organizar horários de forma a que os crentes participem nas suas

celebrações.

19 muitas pessoas tomam decisões sobre cuidados de saúde,

para si ou para familiares, com base em crenças religiosas. mesmo que lhe causem surpresa, procure conhecer, compreender e

respeitar essas opções.

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20há muito espaço para humor nas religiões, mas como em tudo na vida, há que fazê-lo com bom senso. há certas anedotas ou até críticas que são bem aceites quando vêm de dentro da instituição, mas não quando vêm de fora.

21 a escuta e a empatia são virtudes essenciais para um bom diálogo. mesmo que as opiniões da outra pessoa não sejam as suas, tente colocar-se no seu lugar, talvez compreenda melhor a sua posição sobre certos temas.

22 há religiões que são, por natureza, missionárias e outras que não aceitam conversões. se professa uma religião saiba distinguir as coisas, há ambientes em que a missionação tem lugar e outros em que não é adequada. o espaço do diálogo inter--religioso deve ser preservado para o enriquecimento mútuo e estabelecimento de laços.

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23 portugal tem uma história antiga de presença de diversos

povos e fés. tanto o país, como a maioria dos portugueses, têm alguma herança familiar cristã, judaica e islâmica. tendo isto em

conta, o outro será assim tão diferente de si como pensava? procure informar-se sobre a influência de diferentes culturas e religiões no

local onde vive.

24 a língua portuguesa é um exemplo dessa variedade. por

exemplo, do islão temos palavras como salamaleque, olé, e oxalá; do judaico usamos o sábado e expressões como “bode expiatório”

e “credo na boca”. investigue a origem destes termos e veja outros exemplos no fim.

25 praticamente as escrituras, da maior parte das religiões,

contêm textos que apelam à paz e convivência e outros que podem ser usados para defender a guerra e a violência. talvez não lhe

caiba a si decidir se uns são mais legítimos que outros, mas tem a liberdade de se concentrar mais nos primeiros que nos segundos.

use-a.

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26 quando encontrar um texto sagrado que lhe parece apelar à violência, perseguição ou guerra, tente informar-se sobre o seu contexto. com mais alguma informação, poderá descobrir outros sentidos e interpretações.

27 pela sua dimensão social tão importante, sempre houve aproveitamento das religiões para outros fins, desde políticos a desportivos, ou para justificar atos de violência. não confunda esse aproveitamento com os seus verdadeiros fundamentos.

28 as religiões, tal como as culturas, não são estáticas, são influenciadas quer pelo contexto social e histórico, quer pelo modo como as pessoas as vivem. não deixe que um único acontecimento ou uma vivência concreta condicione a sua visão.

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29 Faça as suas perguntas de forma positiva. por exemplo,

em vez de: “por que é que vocês fazem aquela coisa esquisita?”, tente: “É verdade que na vossa religião se faz isto ou aquilo? que

interessante! gostaria de saber mais sobre isso.” Vai ver que a resposta será condizente.

30 no campo do diálogo inter-religioso, os primeiros passos podem

e devem, muitas vezes, ser dados por pessoas comuns que, por natureza, têm uma maior liberdade de ação do que aqueles com

responsabilidades mais elevadas.

31 a forma como a sociedade organiza o tempo está

relacionada com a religião. por exemplo, no ocidente, o domingo é o primeiro dia da semana e o dia de descanso, por influência

do cristianismo. e nas outras culturas e religiões? procure saber qual o dia da semana mais importante para os judeus ou para os

muçulmanos, por exemplo.

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

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AlgunsRECURSOS

32 se está interessado em promover um evento de diálogo inter-religioso, evite temas potencialmente conflituosos, como questões teológicas profundas, situações de violência, etc. estes são assuntos que podem e devem ser discutidos, mas têm o seu tempo e o seu espaço. não há falta de temas interessantes e sugestivos. Veja alguns mais adiante.

33 desde a ii guerra mundial, morreram mais de 16 milhões de pessoas em conflitos interétnicos ou inter-religiosos, cinco vezes mais do que em guerras políticas. ainda hoje, dois terços das guerras civis baseiam-se na identidade étnica e/ou religiosa. o conhecimento e o respeito pelo outro pode evitar conflitos e salvar vidas! Faça a sua parte.

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AlgunsRECURSOS

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1. para saber mais...

Na escola

•Escolhaumareligiãodomundoedescrevaassuasraízes,principaiscrençaseaformacomoseorganizahojeemdia.

•Façaummapadadiversidadedasuaturma/escola,falecomosseuscolegassobreareligiãooucrençacomqueseidentificam.Vejanasuafamíliaasmu-dançasaolongodasgerações.

•GarciadeOrta,JoshuaBenoliel,YahiaBenYahia,MaslamahIbnAhmadal-Majriti, Averróis, Isaac Aboab da Fonseca, IbnTufail, Capitão Barros Bas-to,Maimonides,AbulcasissãoapenasalgumasfigurasislâmicasejudaicasdahistóriadePortugaledaPenínsulaIbérica.Escolhaumefaçaumapequenabiografia.

•Escolhaduas religiõespresentesemPortugale,combaseem investigaçãoeentrevistascomespecialistas,façaumaanálisesublinhando,porexemplo,di-ferençasesemelhanças.

•EmPortugal,usamosocalendáriogregoriano.Deondesurgiuestecalendá-rio?Hácomunidadesnonossopaísqueusemoutroscalendários?Quaissão?Comoseorganizam?

•Areligiãoteminfluêncianosnossoshábitosalimentares.Porvezes,proíbemcertosalimentosouencorajamoutros.Háaindaqueteremcontaquealgumasreligiõespraticamojejumemcertosperíodos.Investigueasparticularidadesemrelaçãoàalimentaçãodeumareligiãoàsuaescolha.

•Asreligiõeseos textos sagrados.Quase todasas religiões têmos seus livrossagrados.ParaoCristianismoháaBíblia,queincluioAntigoeoNovoTesta-mento.JáaBíbliaHebraica,conhecidatambémpeloacrónimoTanakh,incluiapenasoAntigoTestamento.NoIslão,olivrosagradoéoAlcorão.Quelivrossagradosexistemnoutrascrenças?Comoéqueestãoestruturados?Quantosanostêmequaloseupapelnasrespetivasreligiões?

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diálogo inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir

2. para debater...

Gostaria de organizar um encontro, debate, evento de natureza inter-religiosa? Aqui ficam algumas ideias:

Encontro gastronómico:cadagrupoparticipaapresentandoumpratodasuatradição.Mastenhaematençãoasespecificidadesdecadareligião!Umeventodestanaturezapodeserespecialmenteeducativoporquesuscitaodiálogoentreosenvolvidos.

Ojejuméumavertenteimportantedeváriasreligiões,incluindooCris-tianismo,Islão,Judaísmo,féBaha’ieHinduísmo.Organize uma conferência em que representantes de diferentes religiões falam do que significa o jejum na sua tradição religiosa.

Cadavezmaisasreligiõeseosseusrepresentantesvãodandomaioraten-çãoàimportânciadesepreservaromeioambiente.Como é que as religiões enca-ram a ecologia?Conviderepresentantesdediferentestradiçõesreligiosasoucren-çasparadiscutirotema.

Ameditaçãoéumassuntoquetranscendeasreligiõesmasqueéinsepa-ráveldemuitasdelas também.Convidedoisoutrês representantesdediferentesreligiões e/ou outras convicções, para saber, por exemplo, como meditam, por-quemeditamequaisasvantagensdameditação.Porquenãoorganizaraindaumworkshop de meditação?

Aimigraçãoéumarealidadedomundoatual,tendoareligiãoumpapelmuitoimportantenoprocessodeintegração.PensandonocasoespecíficodePor-tugal,quetrabalhofazemasdiferentesigrejasnoacolhimentoaosimigrantesenadefesadosseusdireitos?

Visitas a locais de culto:visitarolocaldecultodediferentesreligiõesédasmelhoresmaneirasdeconhecereaprenderarespeitaroutrasreligiõeseformasdeestar.Organizeavisitademodoanãocolidircomasregrasparticularesdoespa-çoescolhido.

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3. materiais de apoioPara si

Livros

Os 23(2001):umcuriosolivrodeensaiosebandadesenhadadoilustradorMartimAvillezquecontaahistóriados23 judeusdeorigemportuguesa,que fundaramaprimeira comunidade judaicanaAméricadoNorte, comediçãodaAssírio&Alvim.

Religião e Violência (2002):escritonoseguimentodosataquesterroristasdo11de setembro, vários teólogos portugueses analisam a realidade da violência e doextremismoreligioso.JoséJacintoFerreiradeFarias,PeterStilwell,AlfredoTeixeiraeJoaquimCarreiradasNevessãoosautoresdestaobradaPaulus.

Olhar o Património Religioso, entender a cultura(2004):guiãodevisitaalu-garesdecultodeLisboa,contemplaostemplosmaissignificativosdoCristianismo(CatólicoeOrtodoxo),Judaísmo,HinduísmoeIslão.Visitaroslugaresondeunseoutroscelebramocultoevisualizarcomosearticulamasrespetivasdoutrinas,ritosepráticasdavidaquotidiana, éuma formapedagógicadenos compreendermosmelhor.EdiçãoPaulinaseSecretariadoEntreculturas.

Religiões – História, Textos, Tradições(2006):umaobraessencial,queabordaoHinduísmo,Judaísmo,Budismo,Cristianismo,IslãoeFéBahá’í.ContoucomacolaboraçãodeumvastopaineldeespecialistaserepresentantesdecadaconfissãoetemachanceladaeditoraPaulinas.

A Oração dos Homens – Uma antologia das tradições espirituais(2006):estacoletâneadeoraçõescontacomtextosdediferentestradiçõesereligiõeseéumaboaformadeentraremcontactodiretocomumdosaspetosprincipaisdecadareligião,aoração.ComediçãodaAssírio&Alvim,contacomacoordenaçãodeArmandoSilvaCarvalhoedeJoséTolentinoMendonça.

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Enciclopédia das Novas Religiões(2006):umaobradaVerbo,comcoordenaçãodeChristopherPartridgeequecontéminformaçãosobrecentenasdenovasreligi-ões,seitas,correntesespirituaiseassuntosassociados.

O Islão na Europa (2006): coordenado por Maria do Céu Pinto, este livro daPrefácio,abordaumtemadacrescentepresençademuçulmanosnaEuropaecomoessarealidademultifacetadaestáatransformarasrelaçõesentreoVelhoContinenteeoIslão.

O Islão e o Ocidente – Uma harmonia dissonante de civilizações (2006):aocontráriodoquemuitostendemapensar,oIslãoeoOcidentenemsempreesti-veramdecostasvoltadas.Nestaanálisehistórica,ChristopherJ.Walkertraçatrezeséculosderelaçãoeajuda-nosaconhecê-lamelhor.Ediçãoda70.

Breve História dos Judeus em Portugal(2009):JorgeMartinsédosmaisdesta-cadosestudiososdojudaísmoportuguês.Nestaobraapresenta,deformaacessívelaograndepúblico,ahistóriadarelaçãoentreestaantigareligiãoePortugal,umahistóriamarcadaporinterrupçõestrágicas,mastambémporváriosacontecimentosdignosdenota.EdiçãodaVega.

O Regresso de Deus – Como o regresso da fé está a mudar o mundo(2010):umlivroqueabordaaimportânciadareligiãonomundodosnossosdias,porJohnMi-cklethwaiteAdrianWooldridge,editoresdoEconomist,umadasmaisprestigiadasrevistasdeassuntosinternacionaisnomundo.EdiçãodaQuetzal.

História do Ateísmo em Portugal – Da Fundação ao final do Estado Novo(2010):LuísF.Rodriguesapresentaaquiumimportantedocumentoparacompre-enderqueoateísmonãoéumfenómenonovonemnomundonememPortugal.EstelivroéeditadopelaGuerra&Paz.

Islão – Passado, presente e futuro(2010):estelivrotemacuriosidadedetersidoescritoporumdosteólogoscristãossimultaneamentemaisrespeitadosepolémicos,HansKüng,eapresentaporissoumaperspetivarecentesobreasegundareligiãomaisnumerosadomundo.

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Celebração do Tempo: um calendário interconfessional e inter-religioso que seinserenoespíritodaDeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos,maisconcreta-mentenoespíritodaDeclaraçãoparaaEliminaçãodeTodasasFormasdeIntole-rânciaeDiscriminação.OCalendáriocontemplaaexplicaçãohistórica/teológicadossímbolosusadosparaidentificarcadareligião,umresumoexplicativodecadauma, referindoos respetivosprincípiosdoutrinários, fundadore textos sagrados.UmaediçãoanualdaeditoraPaulinas.

Filmes

A Missão,1986,RolandJoffé,EUA–Umacomunidadereligiosaquenãoseimpõenumaculturadiferentemasatuanorespeitoporelaeoschoquesquesurgemquan-dooutrosmembrosdamesmareligiãochegamcomideiasbemdiferentes.

Gandhi,1993,RichardAttenborough,ReinoUnido–AhistóriadeumhomemquemudouorumodaÍndiaapelandoàsvertentesmaispacíficaseconciliadorasdasváriastradiçõesreligiosasqueexistem,ladoalado,naquelepaís.

Viram-se gregos para casar,2002,JoelZwick,EUA–Estainteressantecomédiaexploraasdificuldadesquepodemsurgirquandoduasculturas,ediferentesvisõesreligiosas,secruzamparaummomentotãoimportantecomoéumcasamento.

Out of Cordoba: Averroes and Maimonides in Their Time and Ours,2009,JacobBender,EUA–Judeusemuçulmanoslutamcontrapreconceitoseosdanoscometidoscontraas suas religiõesporextremistase fundamentalistas.OtítuloéinspiradoemduaspersonagensilustresdahistóriadeCórdoba,quetiveramgrandeimpactonaevoluçãosocialdoseutempo

Dos Homens e dos Deuses,2010,XavierBeauvois,França–Ahistóriaverídicadeumacomunidadedemongescatólicoscujavidaéumexemplodeconvíviointer-religiosoedepromoçãodatolerânciaedorespeitopelooutro.

O Atalho,2011,KellyReichardt,EUA–Umfilmequeabordaadiferençaea(des)afinidadecultural, social enecessariamente religiosa, também,entreospioneirosamericanoseosíndios.

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Para crianças e jovens

As Cruzadas vistas pelos Árabes(1983):umlivrointeressantedeAminMaalouf,comediçãodaDifelquepermiteaosleitoresumexercíciodeempatiaparaperceberquetodasashistóriaspodemservistasdeperspetivasdiferentes.

O Rei, o Sábio e o Bobo(2000):EstadivertidaobradeficçãodeShafiqueKesha-vjee,ediçãodaTemaseDebates,é tambémumaforma interessantedeaprendermaissobreosfundamentosecrençasdasprincipaisreligiõesdomundo.

O Pássaro da Alma(2001):editadoemPortugalpelaVeja,daautoriadaisraelitaMichalSnunit.Trata-sedeumlivroparatodasasidades,masquepodeserlidoaosmaisnovos.Deformapoéticaecomilustraçõesmuitosugestivas,explicaarelaçãodenósmesmoscomanossa“alma”usando,paraisso,ametáforadopássaro.

O Grande Livro das Religiões – Celebrações, crenças e rituais de todo o mundo (2005):EstaenciclopédiadasEdiçõesAsaestárecheadadeimagenseexplicaçõesque,emlinguagemsimples,permitemaosjovensaprofundaroseuconhecimentosobreasdiferentesreligiões.

Em que acreditam...?(2007):EstacoleçãodaBooket(Leya)écompostaporqua-trocurtoslivros,cadaumsobreumareligiãodiferente.Assimpodemosficarasabermelhoremqueacreditamoscristãos,osmuçulmanos,osbudistaseosdruidas.

Uma Fé Como a Minha – As principais religiões do mundo vistas pelas crian-ças(2008):Umaintrodução,simplesecommuitasimagens,aváriasreligiões,peloolhardemuitascriançasqueexplicamalgumasdassuascrençasetradições.EdiçãodaCivilizaçãoEditora.

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4. termos e expressões de origem religiosa

Jápensouemquantostermosusamosnodiaadiaquetêmorigensreli-giosas?Porexemplo:

DoIslãotemospalavrascomoSalamaleque,quederivadeas salam alai-kum,asaudaçãotradicionaldosmuçulmanos,equesignificaa paz esteja contigo.Aindadoárabe,temosOxalá,quevemdeInshallah,umaexpressãoquesignificaSe Deus quiser.MesmootermobanalOléderivadoárabewallah equerdizerpor Alá! Por Deus!

OJudaísmotambémdeixouumimportantelegadoemtermoslinguísti-cos.TemosporexemploapalavraSábado,quevemdeShabat,eexpressõespecu-liarescomoBode ExpiatórioeCredo na Boca.OprimeirodizrespeitoàtradiçãobíblicadeAarão,queconfessouospecadosdopovoporcimadacabeçadeumbodeque,simbolicamente,foienviadodepoisparaodeserto.Jáosegundovemdotempoemqueosjudeuseramperseguidosetinhamquefingirter-seconvertidoaoCris-tianismo.Aqualqueraltura,estes“cristãosnovos”podiamserconfrontadossobreasuaverdadeiraidentidade.Paraenganarosdesconfiados,então,aprendiamdecorocredo,oraçãocentraldoCristianismo,erecitavam-no.

Naturalmente,oCristianismocontribuitambémcommuitasexpressõesparaanossalíngua.Algumas,porém,sãosurpreendentes.Antigamente,porexem-plo,omelhorvinhoerareservadoparaasigrejas,paracelebraramissa.Osbarriscomessevinhoeramassinalados comas letrasgregasque representamapalavraCristo.EssasletrassãooChi(X),oRho(P),oTau(T)eoOmicron(O).Ouseja,nosbarriseramestampadasasletrasXPTO,quepassaramaserlidasaomodolati-no.HojeemdiaaexpressãoXPTOéusadaparadescreverumacoisaforadesérie,oudeexcelência.

Háainda termosgeraisque têmumacarga religiosa, emborapossamosnãosabê-lo.Apalavraentusiasmo,porexemplo,vemdogregoTheos(Deus),esig-nificacheio de Deus,efanáticovemdolatimfanum,quesignificatemplooulugarconsagradoàdivindade.

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5. algumas das principais Festas

Diferentesculturasereligiõesorganizamotempodeformasvariadas,oquelevaàexistênciadecalendáriosdiferentes.

EmPortugal,utilizamosocalendárioGregoriano,queémarcadamentecristãoepartedadatadonascimentodeJesusCristo.OprimeirodiadasemanaéoDomingo,queétambémoprincipaldiadedescanso.Istodeve-seaofactodeser,paraestes,odiaprincipaldasemana.OCristianismocontacomváriosdiassantos,sendoqueoprincipaléoDomingodePáscoa,alturaemquesecelebraaressurreiçãodeJesus. ONatal,queemtermosreligiososémenosimportantequeaPáscoa,masquesocialmenteganhouumaimportânciamuitogrande,écelebradosemprenodia25dedezembroerecordaadatadonascimentodeJesus.

Algumas comunidades cristãs, nomeadamente, as Igrejas Ortodoxas ouCatólicasderitooriental,utilizamaindaocalendárioJuliano,queeraocalendáriocomumdetodoomundocristãoatéaoséculoXVI.Estecalendáriotemumatrasode13diasemrelaçãoaoGregorianooqueleva,porexemplo,aquemuitoscristãosfestejemoNatalnodia7dejaneiro(docalendáriogregoriano).Quandosetratadecomunidadesimigrantesempaísesocidentais,podeexistiralgumadificuldadeemassinalarodiacondignamente,especialmentequandocalhaaumdiadetrabalhonormal.

JáoIslão,porexemplo,temaSexta-feiracomoprincipaldiaemtermosreligiosos.Énestediaqueosmuçulmanosvãoàmesquitaourezamdeformaco-munitária.OseucalendárioteminícionaHijra,adataemqueMaomésemudoudacidadedeMecaparaMedina,quenocalendáriogregorianofoiem622.Todasasfestasislâmicassãocalculadascombasenestecalendárioeporissocalhamemdatasdiferentesdocalendáriogregoriano.

OprincipalperíododocalendárioislâmicoéomêsdeRamadão,ononomêsdoseucalendário.Duranteestemês,todososmuçulmanos(exceto,porexem-plo,crianças,mulheresgrávidas,doentes,etc.)devemobservarojejum,nãoconsu-mindoqualqueralimento,incluindoágua,donasceraopôrdosol.

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O Eid al-Fitr é uma festa muito importante que tem lugar depois doRamadãoenoqualéhabitualorganizarfestinsecelebrações.AorigemdestafestaremontaàscelebraçõesdeMaoméedosseusseguidoresdepoisdavitórianabatalhadeBadr.

DereferiraindaafestadeEid al-Adha,queassinalaofimdoHajj,apere-grinaçãoaMeca,quetodososmuçulmanosdevemprocurarcompletarpelomenosumaveznavida.Estafestaénormalmenteacompanhadadetrêsdiasdeferiadoempaísesislâmicos.Sãofeitossacrifíciosdeanimaiscujacarneéusadaparaconsumosendo,pelomenos,umapartereservadaparadaraospobres.

NocalendárioutilizadonoJudaísmo,queestácercade3760anosadian-tadoemrelaçãoaogregoriano,oSábadoéodiadasemanaquetemprimazia,tendosidoordenadoporDeuscomoodiadodescanso.

Umdosdiasmais importantesdocalendáriojudaicoéoYom Kippur,quesignificaDiadaExpiação.Estedia,quetemlugarpertodoiníciodonovoanojudaico,éodiaemqueosjudeuspedemerecebemoperdãodeDeuspelosseuspecados.

Outradata importante é oPesach, ouPáscoa.Ao contráriodaPáscoacristã,ajudaicaassinalaapassagemdopovodeIsraeldaescravidãodoEgitoparaaliberdadenaterraqueDeuslhesreservara.

Nosúltimostempos,temganhoimportânciasocialafestadoHannukah.Nesteperíodo,osjudeuscelebramaresistênciadosisraelitasaosseusocupadores,quequeriamobrigá-losapraticara idolatria.OHanukkahcostumacalharentrefinaisdenovembroefinaisdedezembrodocalendáriogregoriano,ouseja,pertodaalturadoNatal.Assim,empaísesondeosjudeusformamimportantesminorias,écostumeversímbolosalusivosaoHannukahjuntamentecomdecoraçõesdeNatal.

OHinduísmoéumareligiãomarcadaporumagrandediversidade.NaÍndia,ondeéareligiãomaioritária,existemmuitoscalendáriosdiferentes.

Oshindustêmváriasfestasreligiosasimportantes.Umadasmaispopu-lareséoDiwali, a festadas luzes,queduracincodiaseémarcadopor fogodeartifícioedistribuiçãodedoces.ODiwalitambémécelebradoporoutrasreligiõesorigináriasdaÍndia,comooSikhismoeoJainismo.Hádiscussãosobreaverda-deiraorigemdofestival,masastradiçõesapontamparaotemageraldavitóriadobemsobreomal.

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UmpoucocomooHinduísmo,oBudismotambémémarcadoporumagrandevariedadeediferentescorrentes.Contudo,aprincipalfestadestareligiãoésemdúvidaonascimentodeBuda,umafestaconhecidacomoVesak,naqualsefestejanãosóavindaaomundocomoaindaasuailuminaçãoeasuamorte.

OutrafestaimportanteéoAno Novobudista,períododegrandescele-braçõesemmuitospaísesondeoBudismoéareligiãoprincipal.Tambémestafestaéassinaladaemdiasdiferentesconsoanteacorrentepraticadanorespetivopaís.

AreligiãoBahá’ítemassuasraízesnoIslão,masadotoumuitasfestasetradiçõespróprias.

OcalendárioBahá’íéúnicoeécompostopor19mesesde19diascada.Ocomeçodoseucalendáriocoincidecomoano1844docalendáriogregoriano.

Oscrentesdestareligiãotambémtêmummês de jejum,quenãocoincidecomoRamadão,tendolugarnormalmentenomêsdemarçodocalendáriogrego-riano.Asregras,contudo,sãosemelhantesaoIslão,eincluemaobservânciarígidadojejumdonasceraopôrdosol.

Outra festa importante no calendário Bahá’í é o nascimento de Baha’u’llah,ofundadordareligião.Éumdosnovesantosdoanoemqueosfiéisdevemabster-sedetrabalhar.

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6. orientaÇões de caráter geral para se Visitar templos ou lugares sagradosQuerestejaavisitarumtemplocomodevotooucomoturista,devesabercomocomportar-senumlocalsagrado.Amaioriadasregrasdeetiquetasãodebomsenso,masoquenospareceapropriadopodenãooserparaummongebudistaouumafreiracatólica.

• Sepretenderparticiparnaoraçãoounoculto,deveinformar-seantecipa-damenteseépossívele,nessecaso,seexistemrestriçõesateremconta.

• Respeiteestritamenteasregrasrelativasaoscostumeslocaiseprocedimen-tosno cultodadivindade. Se o templo tiver certos regulamentos, deveobservá-los.

• Éprudentevestir-secomdecoro,nãomostrandojoelhosouombros.Evitecalçõesetops.

• Verifique,àentrada,seexistemquaisqueroutrosrequisitos,taiscomoco-briracabeçaoudescalçarossapatos.

• Lembre-sequealgunstemplospodemnãopermitiroacessoamembrosdeoutrasreligiões.

• Nãofaleemvozaltanemgracejenointeriordotemplo.Seprecisarmesmodefalar,faça-odiscretamenteporrespeitoparacomoespaçosagrado.Nãouseotelemóvel.

• Tirarfotografiaspodesertentador,masperguntesempresetalépermitidonointeriordoedifício.Sefor,respeiteasantidadedolocal.

• Namaiorpartedos casos, a entradanos templos religiosos é livre,maspodedeixarumdonativoparaasuamanutenção.

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