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O profº. Hilquias Benícios acredita que a igreja vai ser arrebatada depois da grande tribulação, o irmão Edinaldo acredita que será depois. E, você em crê acredita?

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DIALOGANDO COM O PROFº HILQUIAS BENÍCIO

Em o “Arrebatamento da Igreja”

(as citações do profº Hilquias foram extraídas do seu artigo na Apostila Reforma Viva 2006 – Escatologia, págs. 9 a 16)

Edinaldo Nogueira Dezembro, 2006

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Primeiro Diálogo: Idade ou Era da Igreja Como qualquer outro pré-tribulacionista o profº Hilquias

acredita que estamos vivendo em um período intermediário, isto é „um tempo parentético‟. Em que o „relógio de Israel “está parado”‟. Esse hiato começou com a „rejeição do Messias por Israel‟.

Os pré-tribulacionistas chegaram a essa conclusão devido o modo como eles interpretam as 70 semanas de Daniel. Uma vez que segundo eles já se cumpriram 483 anos ou 69 semanas, restam 7 anos para se cumprirem e „esta última semana se iniciará tão logo a Igreja termine o seu tempo, fim este que é marcado pelo Arrebatamento‟ (pág.11).

De fato, Deus tem um plano, não dois planos! E esse plano foi perfeitamente ensinado pelos apóstolos, porém, eles nada falaram de um parêntese no plano de Deus. Equivocadamente o profº. Hilquias chama „o plano divino para a Igreja‟ de „mistério não revelado no AT‟. Acredito que ele esteja se referindo ao „mistério‟ citado em: Romanos 16.25,26; Efésios 3.4,5 e Colossenses 1.26.

Porém, se partimos desse pressuposto teremos que crê que a Igreja não foi fundada no Dia de Pentecostes, mas com Paulo. Pois Paulo escreveu: „Certamente vocês ouviram falar da responsabilidade imposta a mim em favor de vocês pela graça de Deus, isto é, o mistério que me foi dado a conhecer por revelação‟ (Ef 3.2,3). Mas que mistério é esse „não revelado no AT‟?. Paulo cita: „...que mediante o evangelho, os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus‟ (Ef 3.6).

Veja que o mistério de Paulo é totalmente diferente do mistério de Hilquias. Pois enquanto que Paulo diz que o mistério se constitui na união entre judeus e gentios, Hilquias fala de uma divisão entre Igreja e Israel. Sim claro a Igreja de Cristo é distinta de Israel, assim como a Igreja é distinta dos gentios. O que é a Igreja então? É o que está escrito: „nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios‟ (Rm 9.24).

Mas é exatamente aí que entra o mistério: as promessas de Deus feitas a Israel também valem para os gentios.

Paulo é tão contundente sobre esse assunto que em outra ocasião escreveu: „naquela época vocês (os gentios) estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros

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quanto às alianças da promessa...[Cristo] de ambos (Israel e Gentios) fez um (a Igreja)‟ (Ef 2.12-14).

Eu sei que o profº. Hilquias sabe perfeitamente disso. Porém, ele acha que „fica deficiente a compreensão do translado da Igreja caso não se tenha em mente o entendimento do plano de Deus para Israel‟ (pág.10).

Porém, não se trata de dois planos distintos, mas de duas alianças. Se Deus voltar a tratar com Israel, assim como no AT, então Deus deverá abandonar a nova aliança e voltar para a velha aliança, porque era assim que Deus tratava com Israel.

O que lemos nos profetas? „Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz como os seus antepassados quando os tomei pela mão para tira-los do Egito‟ (Jr 31.31,32). Que nova aliança é essa? A não ser a aliança do Evangelho!

O escritor aos Hebreus citando esse texto de Jeremias aos judeus de sua época, conclui: „Chamando “nova” esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer‟ (Hb 8.13). Porém, segundo os pré-tribulacionistas esta velha aliança reaparecerá na grande tribulação como escreveu Elienai Cabral que na grande tribulação „o remanescente judeu‟ será „constituído de israelitas fiéis ao antigo pacto‟ (Lição Bíblicas, 3º Trim. de 1998, de Mestre, pág.77). Porém, Paulo ensina que os que se apegam a antigo pacto são filhos da escravidão, e tais filhos são lançados fora pois jamais herdarão as promessas de Abraão (Gálatas 4.21-31). Pois as promessas de Abraão não são herdadas segundo a velha aliança, mas segundo a nova aliança, e somente aqueles judeus que têm fé em Cristo à possuirão (Romanos 4.13-16).

Essa nova aliança foi feita com a comunidade de Israel, porém o mistério é que Deus, em Cristo, inclui nessa nova aliança os gentios. Agora se o „trato de Deus com Israel‟, vai reiniciar quando a Igreja terminar o seu tempo, então baseado em que aliança Deus tratará com Israel?

Até mesmo o modo como se entende o „tempo da Igreja‟ é confuso. Pois se tão logo a Igreja for arrebatada, inicia o antigo tempo que estava „parado‟, como então durante esse tempo ainda haverá regeneração, batismo com Espírito Santo, justificação, adoção, santificação e glorificação?

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A fim de provar que há dois planos e dois tempos, o profº. Hilquias cita alguns textos bíblicos, infelizmente alguns desses textos dizem respeito o primeiro advento de Cristo „o menino nos nasceu‟ e o segundo advento „o principado está sobre o seu ombro‟. Que nada acrescenta sobre a sua tese da „Era da Igreja‟. Sim a Igreja nasceu no primeiro advento e vai ser glorificada e reinar com Cristo no seu segundo advento. Porém o texto de Romanos 11, que ele cita em sua palestra, mas não consta em seu artigo, é mais significante.

Porém, precisamos entender o que Paulo está falando! Será que Paulo fala de uma futura conversão nacional de Israel ou da entrada deles na nova aliança mediante o evangelho?

Paulo pergunta: „Acaso Deus rejeitou o seu povo?‟. Ele mesmo responde: „De maneira nenhuma!‟ . Por que Paulo? Ele diz: „Eu mesmo sou israelita‟. Eu esperaria que Paulo dissesse: „ Quando terminar o tempo da Igreja, Deus se voltará novamente para Israel‟. Pelo contrário ele afirma: „Assim hoje também há um remanescente escolhido pela graça‟. Anteriormente, ele tinha citado: „Embora o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o remanescente será salvo‟ (Rm 9.27).

Hilquias, baseado em Rm 11.11ss, fala do tempo entre a rejeição de Israel e a plenitude de Israel. De fato, Paulo indaga: „Pois se a rejeição deles é reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre os mortos?‟ (v.15). Esse versículo, Hilquias diz que fala da segunda vinda de Cristo e da ressurreição. Mas que ressurreição? A ressurreição da Igreja ou de Israel? Ele não esclarece!

Hilquias não percebe que quando Paulo fala da „aceitação‟ de Israel, refere-se ao fato de Israel ser novamente enxertado na oliveira, onde estão enxertados os gentios. Paulo diz: „e quanto a eles (a nação de Israel), se não continuarem na incredulidade, serão enxertados, pois Deus é capaz de enxerta-los outra vez‟ (v.23). Note que Paulo não está se referindo a uma salvação nacional, mas a uma salvação em que os gentios gozam pela „bondade‟ de Deus (vv.17-24). Paulo simplesmente estar levantando argumentos que incentiva que a pregação entre os judeus deve continuar com todo ímpeto „..e salvar alguns deles‟ (v.14). Pois se sua rejeição trouxe riquezas aos gentios, o quê acontecerá se eles forem convertidos? Então vamos evangelizar os judeus! „a fim de que [eles] também recebam agora misericórdia‟ (v.31). – grifo meu.

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Em momento nenhum Paulo fala de dois planos de Deus em que um envolve Israel à parte da Igreja. Em todos os versículos dos capítulos 9 a 11 de Romanos, a mensagem de Paulo é que os gentios são chamados a participar da salvação destinada a Israel. Sua rejeição não é um intervalo no propósito de Deus, mas o próprio propósito de Deus em ação para que os gentios participem. Logo não existe um tempo para os judeus e um tempo para os gentios. Paulo disse: „Assim como vocês (gentios), que antes eram desobedientes a Deus mas agora receberam misericórdia, graças à desobediência deles, assim TAMBÉM AGORA eles (os judeus) se tornaram desobedientes, a fim de que também recebem AGORA misericórdia, graças à misericórdia de Deus para com vocês. Pois Deus colocou TODOS sob a desobediência para exercer misericórdia para com todos‟ (Rm 11.30-32).

Se Paulo tivesse realmente ensinando um tal de parênteses, o seu assunto não girava em torno de Israel e os Gentios, mas em torno de Israel e a Igreja.

„Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo‟ (Rm 11.25,26). Paulo não esconde o fato que quando a quantidade de gentios destinados à graça do evangelho for atingida, os próprios judeus também serão convertidos. Isso pode significar que nos últimos tempos que antecede a vinda de Jesus haverá maiores conversões de judeus, o que deve incentivar a Igreja evangeliza-los!

Se a plenitude dos gentios termina quando a Igreja é arrebatada, como ensina Hilquias e que aqui termina a „Idade da Igreja‟, logo uma multidão incontável de gentios não poderá se converter após o arrebatamento da Igreja conforme ensina os pré-tribulacionistas.

Por outro lado, se Israel será salvo no final da grande tribulação, então a plenitude dos gentios deverá durar até o final da grande tribulação. O que forçadamente, coloca o arrebatamento da Igreja no final da grande tribulação. Veja que o término da inclusão dos gentios na oliveira e a salvação de Israel acontecem no mesmo ato, quando vir „de Sião o redentor‟ (v.26). Então na teologia paulina não existe esse parêntese de que fala Hilquias. Jesus Cristo disse: „Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor‟ (Jo 10.16). Quando Paulo escreveu: „E

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esta é a minha aliança com eles‟ (Rm 11.26), fazia referência a nova aliança e não a velha aliança (Hb 10.14-18).

Entrementes, que salvação é essa em que „todo o Israel será salvo‟ se não inclui a ressurreição e a glorificação de Israel? Que salvação é essa em que os judeus ainda estarão sujeitos a morte e tentação? Que salvação é essa em que os judeus ainda vão oferecer sacrifícios no templo?

Se „todo o Israel será salvo‟ é a salvação nacional de Israel, então o que acontecerá, no advento de Cristo, com aqueles judeus que morrerão durante os últimos três anos e meio de grande tribulação por terem rejeitado adorar o Anticristo? O que acontecerá com os milhares de judeus que morreram desde 1948, principalmente os que foram dizimados no Holocausto nazista, pois eles pertencem a raça eleita de Abraão, o „povo escolhido‟ de Deus? Se todo o Israel será salvo então todos esses judeus deverão ressuscitar para herdarem as promessas de Deus à Abraão. Mas eles ressuscitarão com que corpo? Natural ou espiritual?

Mas que Israel é esse que será salvo? Paulo cita o texto de Isaías 59.20: „O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó se arrependem dos seus pecados‟. Não se trata da totalidade da nação terrena de Israel, mas daqueles que estão sendo enxertados na oliveira mediante o arrependimento e a fé no evangelho. Esse Israel inclui todos os santos do AT e todos os judeus que estão se convertendo hoje desde à época dos apóstolos! Então vamos urgentemente evangelizar os judeus, pois está escrito que„nos últimos dias...os israelitas...virão tremendo atrás do Senhor e das suas bênçãos‟ (Os 3.5).

Acreditar como Hilquias em „um tempo parentético‟ é crê que Deus retrocederá ao velho sistema judaico. Acreditar que isso tem que ser assim para que „Israel goze a plenitude das promessas divinas‟, temos que crê também que os patriarcas e os santos do AT, deverão ser incluídos nesse Israel terreno, pois a promessa foi feita a eles, e pior a Igreja está fora dessa plenitude das promessas divinas.

Fica deficiente a compreensão da nova aliança e do plano de Deus caso se tenha em mente o entendimento de um tempo parentético entre Israel e a Igreja. É como se a nova aliança instituída por Jesus Cristo nada tem haver com Israel. E que o objetivo de Cristo de unir dois povos em um povo tenha fracassado, pois afinal de contas Israel é Israel. É como se o mistério revelado aos apóstolos sobre a inclusão dos gentios não fizesse diferença

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alguma. Ainda tenho muita coisa para escrever sobre isso, mas vamos passar para outro ponto abordando pelo profº Hilquias.

Segundo Diálogo: O Arrebatamento Parcial

Em seu artigo o profº Hilquias refuta o arrebatamento parcial, e ele diz: „não cremos em um Arrebatamento Parcial‟ (pág.13). Mas se o profº Hilquias for bem sincero em sua abordagem verá que ele está refutando o próprio pré-tribulacionismo. Pois são os pré-tribulacionistas que acreditam que „apenas os salvos que estiverem vigilantes e atentos no momento que soar a trombeta‟ que participará do arrebatamento (pág.12).

Eu sei que o profº Hilquias procura se precaver desse mal-entendido, porque ele sabe dos absurdos que isso causa, mas esse mal já está feito e o único modo de se desfazer disso é crê no arrebatamento pós-tribulacionismo. Não há rabiscos de santos!

Bem, se eu estou entendendo direito „todos os salvos‟, isto é, „todos que nasceram de novo, desfrutarão dos benefícios da salvação, inclusive o arrebatamento‟ (págs.12,13). Então isso significa que não haverá mais chance para os crentes que ficarem? Isso aqui causa um montão de problemas para os pré-tribulacionistas, pois eles serão muito mais felizes concordando com os parcialistas, do quê tentar refuta-los.

É interessante que o profº Hilquias diga: „Se nem todos vivos serão transladados, necessariamente o parcialista terá que defender a ressurreição parcial dos crentes no arrebatamento‟ (pág.12). Mas é o pré-tribulacionismo que defende uma ressurreição parcial! Eles até dividem a primeira ressurreição em duas fases! Para que o pré-tribulacionismo dê certo, tem que ser assim, senão esse sistema caí por terra.

O profº Hilquias tem que se posicionar! Me diga: os crentes que morreram em um momento de não vigilância ressuscitarão na primeira fase do advento de Cristo? Você disse que o parcialista ensina que „uns ressuscitarão, e outros não poderá ressuscitar!‟ Eu, porém, vejo que o profº Hilquias está pulverizando é o pré-tribulacionismo. Pois o que acontecerá com os crentes que ficarem no arrebatamento? Bem, todos os pré-tribulacionismo diz que eles resolverão permanecer fiéis, aí serão incluídos entre os mártires da tribulação, até citam Ap 6.9-11. Agora eu vejo que para o Dr. Hilquias permanecer firme em sua refutação contra o parcialista,

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ele tem que negar essa afirmação do pré-tribulacionista. O que deixa essa doutrina desnorteada.

Profº Hilquias na sua opinião que tipo de crentes ficarão fora do arrebatamento? Ah, você já respondeu: os crentes professantes, que são aqueles que não nasceram de novo (pág.13). Agora na sua opinião há alguma chance para esses crentes serem salvos? Se a sua resposta for não. Então quem são os mártires de Ap 6.9-11? Se a sua resposta for sim. Então você é um parcialista! Nesse caso esses crentes terão que nascer de novo, pois só entra no céu quem nascer de novo (Jo 3.3-7).

O profº Hilquias não é claro em sua abordagem. Ele fala de uma Igreja verdadeira que subirá e uma Igreja professante que não subirá. Então ele afirma: „atente que este posicionamento diferente do parcialismo‟ (pág.13). Isso será verdade se entre os crentes professantes não haver algum que resolva ser fiel durante o período tribulacional. Se houver porém essa resolução então não há nenhuma diferença entre o parcialista e o pré-tribulacionista. E assim os três pontos de refutação citados pelo profº Hilquias cai também sobre os pré-tribulacionistas. E se o parcialismo deve ser rejeitado como uma teoria não apropriada por causa desses três pontos de refutação, o pré-tribulacionismo também deve ser rejeitado.

E não precisa ir muito longe não, para ver que o pré-tribulacionismo compartilha da crença do parcialismo, basta ouvir o disco a „Última Trombeta‟, ou ler aquele série de livros „Deixados para trás‟ e outros ou então ouvir os hinos que se cantam em nossas igrejas, como aquele que diz: „onde está aquele povo barulhento‟. Ou então assistir esses filmes evangélicos sobre o fim dos tempos. Mas eu estou indo longe demais, basta lê a pág.27 da apostilha em que se encontra o artigo do profº Hilquias, ali está escrito por outro palestrante: „Quem será atingido pela grande tribulação?...Os crentes que não estiverem vigilantes‟ (o grifo é meu). Ou então lê na pág.74, em que o Pr. Antonio José fala dos „que se converteram e morreram durante a Tribulação‟ como aqueles que terão „corpos glorificados‟.

Se o pré-tribulacionismo não acredita que „o arrebatamento inclui apenas os crentes que estiverem vigiando e esperando por este acontecimento‟ assim como Hilquias acusa o parcialismo de acreditar (págs.12,13), então eu não sei mais em que os pré-tribulacionismo crêem. Pois é o que se ouve por toda parte que

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apenas subirão aqueles que ouvirem o toque da trombeta. Os que ficarem como diz o Dr. Antonio Gilberto „...aqueles que não subiram no arrebatamento, e, despertados por tal fato, decidirão permanecer fiéis, a despeito de toda e qualquer prova e sofrimento‟ (Escatologia Bíblica – EETAD, pág.59). Esses crentes „despertados‟ juntamente com aqueles que segundo o Pr. Antonio José se converterão durante a Tribulação e aqueles 144.00 judeus missionários de que fala o Ev. Maia na pág.37 se constituirão uma segunda Igreja, pois a primeira Igreja foi arrebatada em sua totalidade segundo o profº Hilquias. Mas se a Igreja de Hilquias é a Noiva do Cordeiro. Que Igreja é essa do Dr. Antonio Gilberto e do Pr. Antonio José? A Concubina de Cristo?!

Profº Hilquias você estar refutando o pré-tribulacionismo! De fato „isso é impossível de imaginar‟ (13), por isso que o pré-tribulacionismo também está equivocado.

Se o profº Hilquias de fato é um pré-tribulacionista, mas não crê que uma parte dos salvos ficou porque estavam despercebidos, então me diga: Quem são então aquela „grande multidão‟ de salvos que vem da grande tribulação? (Ap 7.9-17). Quem são aqueles „vencedores da besta‟ de Ap 15.2? Quem são aqueles que foram „decapitados‟ pela besta „por causa do testemunho de Jesus‟ e ressuscitarão para reinarem com Cristo em Ap 20.4-6?

Sabe a sua refutação ao parcialismo, me faz desacreditar mais ainda do pré-tribulacionismo, e me ajuda a ver mais ainda que confusão o pré-tribulacionismo causa na unidade do povo de Cristo. Sem falar que é essa parte do pré-tribulacionismo que causa mais confusão na cabeça dos cristãos leigos. Pra você ter uma idéia existe até cartilha escrita por pré-tribulacionistas, ensinando como os crentes que ficarem deverão agir. Quer um conselho meu, na próxima vez que você ministrar essa palestra, no lugar de colocar „Arrebatamento Parcial‟, coloque „Um Mal Entendido de Alguns Pré-tribulacionistas‟. Eu escrevi „Alguns‟ mas eu acho que seria „Todos‟, menos você é claro e o Dr. J. Dwight, de onde você extraiu sua refutação ao parcialismo. Terceiro Diálogo: O Pós-tribulacionismo

Mas prosseguindo, o Profº Hilquias depois de „pulverizar‟ o parcialismo se volta contra o pós-tribulacionismo. Mas é notório que na sua luta contra o parcialismo, o pré-tribulacionismo já saí

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cambaleando. O profº Hilquias cita 6 razões porque o pós-tribulacionismo não é uma teoria correta. Vamos analisar algumas dessas posições:

1º) O pós-tribulacionismo não faz uma distinção entre Israel

e a Igreja. Na verdade existe essa distinção, assim como há uma

distinção entre o Brasil e a Igreja. Porém, quanto ao plano de Deus para salvar os povos não há distinção. Paulo escreveu: „Não há distinção entre judeus e gentios‟ (Rm 10.12). Pedro também afirmou: „Deus não faz distinção ALGUMA entre nós (os judeus) e eles (os gentios)‟ (At 15.9).

Paulo explica isso detalhadamente em Efésios 2.14-22, onde está escrito que o „objetivo de [Cristo] era criar em si mesmo, dos dois (Israel e Gentios), um novo homem (a Igreja)‟. E afirma que isso faz parte do propósito eterno de Deus que inclui os gentios na comunidade de Israel (Ef 3.1-11).

Mas se há uma distinção na salvação, então a barreira de separação não foi destruída (Ef 2.14,15), então os gentios não são filhos de Abraão, nem herdeiros segundo a promessa e nem tampouco recebem a bênção de Abraão (Gl 3.7-9,14,29).

Sim há uma distinção não só entre a Igreja e Israel como há também uma distinção entre a Igreja e os Gentios (1 Co 10.32), mas tratando do Israel que será salvo e dos gentios que serão salvos, não há nenhuma distinção. Como escreveu Paulo: „Nessa nova vida já não há diferença entre gentio e judeu‟ (Cl 3.11).

Veja que na época dos apóstolos, os judaizantes queriam manter essa distinção, mas os apóstolos não cederam a eles, pelo contrário, afirmaram: „Não há judeu nem grego...pois todos SÃO UM em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são DESCENDÊNCIA de Abraão e HERDEIROS segundo a promessa‟ (Gl 3.28,29).

O Israel apostata e os gentios impenitentes poderão até sofrer os juízos apocalípticos durante a grande tribulação, mas a Igreja, composta de judeus e gentios salvos, serão protegidos por Deus, muito embora são perseguidos por esse sistema anticristão. Mas é exatamente por isso que Deus derramará suas pragas! Em vindicação a esses santos (Ap 6.9-11; 13.9,10; 16.4-7; 19.2).

A Lei enaltecia Israel acima das nações, mas a graça ensina que „tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado‟ (Rm 3.9).

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A salvação de Israel não está em Deus retomar um tal de um „relógio parado‟ , mas no evangelho „que é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego‟ (Rm 1.16). Não mais mediante ao velho trato, mas mediante o novo trato que Israel herdará as promessas de Abraão (Rm 4.13-16; Gl 2.15,16). O antigo „relógio parado‟ de Israel já foi a muito tempo esmagado por Jesus Cristo na cruz do Calvário! (Ef 2.15; Cl 2.14). O tempo que lhes resta é esse em que vivemos. Senão, em breve o Messias voltará e concederá a vida eterna para „aos que, com perseverança em fazer bem procuram glória, e honra e incorrupção...primeiramente do judeu e também ao grego...mas a indignação e ira aos que são...desobedientes à verdade...primeiramente ao judeu e também ao grego...Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas (Rm 2.5-11).

Deus não dará novas cordas ao velho relógio, pois „o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer‟ (Hb 8.13), este era fraco e inútil (Hb 7.18), Deus está tratando com Israel com um novo relógio em um novo tempo. Este é indestrutível, superior e não parará jamais! (Hb 7.15,22).

2º) O pós-tribulacionismo faz do Segundo Advento e do

Arrebatamento um só acontecimento. Não! Não é o pós-tribulacionista que faz isso, mas a Bíblia.

Veja que a única passagem que fala do arrebatamento da Igreja diz: „Os que ficarmos até à vinda do Senhor‟, que vinda é essa a não ser o seu Segundo Advento, logo em seguida se descreve: „o próprio Senhor descerá dos céus...seremos arrebatados‟ (1 Ts 4.15-17)

Aqui está os dois eventos em um só acontecimento: a vinda do Senhor e o arrebatamento dos crentes. Ora os crentes só serão ressuscitados e arrebatados na vinda do Senhor.

As Escrituras é clara sobre isso! A confusão começa quando o pré-tribulacionista divide em duas bandas o Segundo Advento de Cristo. Porém em lugar nenhum das Escrituras fala de „duas fases‟ da vinda de Jesus. Logo não está errado crê como os apóstolos ensinaram. Eles podem até afirmarem sem nenhuma base no texto, que 1 Ts 4.15-17, fala da primeira fase da vinda de Jesus, uma tal de vinda invisível. Porém, para infelicidade do pré-tribulacionista, citarei apenas três textos bíblicos que associa a salvação da Igreja

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com a vinda que eles chamam de „segunda fase‟, a manifestação de Cristo.

O primeiro texto é 2 Ts 1.6-10: „É justo da parte de Deus...dar descanso a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes tomando vingança contra os que não conhecem a Deus‟. Não precisa nem eu dizer que Paulo está falando para a Igreja e que esse descanso se dará no arrebatamento. Basta citar o versículo 10: „Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho‟. Mas também irei citar um próprio pré-tribulacionista reconhecendo que esse „descanso‟ será no „arrebatamento‟, Elinaldo Renovato escreveu: „Aos ímpios, que atribulam, dará tribulação. Mas, aos crentes, que sofrem tribulação, na sua vinda, dará o merecido descanso, quando vier buscar a sua Igreja com os anjos do seu poder‟ (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre 2005).

Bem nesse caso é Paulo que faz do Segundo Advento e do Arrebatamento um só acontecimento! E Elinaldo Renovato ingenuamente vai com ele! Se os pré-tribulacionistas querem manter „duas fases‟ na vinda de Jesus mantenham, mas não venham dizer que essa „fase‟ do texto de Paulo em 2 Ts 1.6ss é a primeira fase também, e se Paulo está falando da „segunda fase‟ então o arrebatamento será também em duas fases.

O profº. Hilquias diz, em seu discurso, que os pós-tribulacionistas fazem uma „confusão entre o arrebatamento e a vinda de Jesus para destruir os inimigos...‟. Mas quem está fazendo essa confusão é Paulo! Pois aqui ele fala do descanso dos crentes e da destruição dos descrentes no mesmo acontecimento: „quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus com os anjos poderosos em chamas flamejantes‟ (v.7,8).

O segundo texto é 2 Timóteo 6.14,15: „guarde este mandamento imaculado e irrepreensível, até a manifestação (gr. epifanéia) de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores‟. Nesse texto temos a manifestação de Cristo, que de acordo com o próprio significado da palavra o termo é inapropriado para uma vinda invisível, e além do mais nessa ocasião ele vem como „Reis dos reis e Senhor dos

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senhores‟ , expressão que segundo o pré-tribulacionismo indica a sua „segunda fase‟ em Ap 19.15,16. Porém, Paulo faz uma „confusão‟, ele coloca a esperança de Timóteo neste acontecimento, e não em uma tal de parousia invisível. Ou são os pré-tribulacionistas que fazem uma atrapalhação!?

O terceiro texto é Tito 2.13: „aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus‟. O pré-tribulacionista Antonio Gilberto curiosamente escreveu: „Segundo as Escrituras, a vinda de Jesus terá duas fases‟ e para minha surpresa ele cita como texto prova dessa crença Tito 2.13: „Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo‟ (Lições Bíblicas, 3º Trim. de 200, de aluno, pág.62). Então ele quer dizer que a„bem-aventurada esperança‟ é a primeira fase (o Arrebatamento) e „o aparecimento da glória do grande Deus‟ é a segunda fase (o Advento de Cristo).

Mas segundo a gramática desse texto o sujeito que aguarda a „bem-aventurada esperança‟ é o mesmo sujeito que aguarda „o aparecimento da glória do grande Deus‟ , o verbo „aguardar‟ é uma única ação do sujeito nas duas expressões. Como bem traduziu a NVI: “... [nós] aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo”. Note os dois pontos, como que dizendo: „a bendita esperança significa a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Esses tradutores compreenderam que a bendita esperança não pode ser diferente da gloriosa manifestação de Jesus Cristo! Não podem ser dois eventos distintos e separados por sete anos! Eles não ousariam quebrar as regras gramaticais e nem doutrinais!

Ora se a Igreja deve aguardar a bendita esperança e a gloriosa manifestação de nosso grande Deus então esses eventos se darão em único acontecimento ou então Paulo está confundido tudo. Mas prefiro ver que são os pré-tribulacionistas que fazem uma atrapalhação, pois não só inflige os princípios da hermenêutica como também ofende a gramática, pois o sujeito da frase não só deve aguardar a bendita esperança como também a manifestação da glória do nosso grande Deus.

Mas irei mais longe, provarei que o texto principal dos pré-tribulacionistas, 1 Ts 4.15-17, requer que aquela vinda seja a „segunda fase‟. De fato, levando em consideração todo contexto em que estão inseridas

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essas palavras de Paulo, e aguçando o nosso entendimento por saber que o Novo Testamento foi escrito originalmente sem divisão por capítulos e versículos, temos diante de nós um grande bloco de texto que trata sobre o Segundo Advento de Cristo. E, Paulo deixa bem claro que a Vinda do Senhor em que ocorrerá o arrebatamento é o mesmo Dia do Senhor em que virá uma iminente destruição (1 Tessalonicense 4.13-5.1-11). Basta, perguntarmos no capítulo 5.1, „aos tempos e épocas de quê?‟ Ora, da Vinda do Senhor anteriormente citada , onde os crentes serão ressuscitados e arrebatados, contudo Paulo responde: „pois vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão à noite‟. Veja que em vez de usar a expressão a vinda do Senhor, preferiu usar o termo sinônimo „dia do Senhor. Nos versículo 4 e 5, Paulo coloca os cristão dentro do dia do Senhor, „Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão. Vocês todos são filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas‟. Ora, para os filhos da luz, o Dia do Senhor trará salvação, isto é, ressurreição, transformação e arrebatamento, mas para os filhos das trevas, o Dia do Senhor, trará „repentina destruição...e de modo nenhum escaparão‟, porque esses foram destinados a ira do Cordeiro (1 Ts 5.9; Ap 6.16,17; 16.14,15; 19.11-21).

Segundo o próprio pré-tribulacionista Elienai Cabral: „o Dia do Senhor [é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo no final da Grande Tribulação (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, págs.44,45). Muito embora a boa parte dos pré-tribulacionistas confundem o dia do Senhor com a grande tribulação. O que se torna uma asneira, pois tanto em Jl 3.13-14 e 2 Ts 2.2-3,8, requer que o Dia do Senhor aconteça depois do governo do Anticristo e na guerra do Armagedom conforme também encontramos em Ap 16.12-16.

De fato, „os tessalonicenses são orientados a prepararem-se para o mesmo evento que, aos ímpios, sobrevirá inesperadamente – Dia do Senhor (vs.2,4). Paulo pressupõe que cristãos e não-cristãos estarão vivos e presentes quando o Dia chegar, os cristãos, vigilantes e prontos, os incrédulos, surpreendidos como por um ladrão que vem de noite. Em outras palavras, o arrebatamento de cristãos mencionados em 1 Ts 4.7 não se dará antes da chegada do Dia, o qual também trará súbita e inescapável destruição dos ímpios‟ (Bíblia de Genebra pág. 1434 – o grifo é meu) .

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Ora se o arrebatamento acontece no dia do Senhor, onde haverá uma deflagrante destruição do sistema do Anticristo, então não existe uma primeira fase que acontecerá antes desse dia (2 Pe 3.9,10). Logo Arrebatamento e Segundo Advento acontecem em só acontecimento: no Dia do Senhor. É comumente, que os pré-tribulacionistas respondam: „o dia do Senhor não é um dia de 24 horas, mas um período‟. Seja como for, As Escrituras colocam o Dia do Senhor depois da grande tribulação e nunca antes. Nesse caso, a grande tribulação não é um evento dentro do Dia do Senhor, mas um acontecimento que terá seu climax no Dia do Senhor, onde o Senhor Jesus dará vitória aos crentes e destruirá definitivamente o império satânico do Anticristo.

3º) O pós-tribulacionismo nega a doutrina da iminência. Isso é engraçado! Porque se a doutrina da iminência ensina

que o arrebatamento acontecerá a qualquer momento. Então desculpe querido profº Hilquias nem os pré-tribulacionistas crêem nisso. Porque senão o programa escatológico deles vai ficar comprometido.

Veja bem, você mesmo diz que „tão logo a Igreja‟ seja arrebatada, Deus voltará ao „trato nacional com Israel‟. Mas para isso Israel precisa ser uma Nação. Porém essa Nação só surgiu no ano de 1948. Então isso significa que o Arrebatamento não poderia acontecer entre o ano 70 A.D. e o ano de 1948. Nesse caso não seria a qualquer momento! E onde fica a doutrina da iminência!

O pré-tribulacionista Wim Malgo escreveu: „temos um sinal inconfundível e único, que nos indica

quando e em que época podemos certamente esperar o Senhor...a fundação do Estado de Israel...O tempo da Igreja de Jesus está limitado entre a rejeição e a nova aceitação de Israel. Com o reaparecimento de Israel desde 1948, acaba seu tempo, isto é, seu repentino arrebatamento está próximo...‟ „O Senhor virá muito em breve! Uma data importante é o mês de maio de 1988, pois então o Estado de Israel fará quarenta anos!‟ „...[isso] leva a Igreja de Jesus para bem próximo do tão ansiado arrebatamento‟ (extraído dos livros: Salvação Eterna, pág. 69 e Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas, págs. 126 e 129). De fato, se segundo o própio prof° Hilquias, a igreja vive em „um tempo parentético‟ que durará „até que chegue a plenitude dos gentios‟, quando então o Senhor se

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voltará para Israel, então o arrebatamento não poderá acontecer enquanto o „tempo parentético‟ não terminar. Logo a própria tese do „tempo parentético‟ torna inadequado crê em um arrebatamento em qualquer momento, haja visto que esse arrebatamento não pode acontecer dentro do tempo parentético, mas no seu término!

Outra questão é o pano de fundo. Porque se o Anticristo vai dominar o mundo, assim que a Igreja for arrebatada, então o palco já precisa está preparado. O seu companheiro, o Pr. D‟Paulo Ribeiro, escreveu na apostila em que consta o seu artigo que „para que Cristo regresse é necessário que o império Romano passe a existir‟, e ele identifica a restauração desse império na União Européia. Ele diz que „Esta união começou a tomar forma em 1950‟ (pág.54). Então veja que o arrebatamento precisou aguardar o ressurgimento do Império Romano. Uma vez que essas coisas não acontecem a qualquer momento, isso se torna um impedimento para que o arrebatamento ocorra em qualquer momento.

Outro sinal que impede a vossa crença do „qualquer momento‟ é o Anticristo. Se a Igreja é a arrebatada e de repente o Anticristo se torna um governante mundial, então pelo menos o Anticristo deverá ter nascido, crescido e ter se formado.

O Dr. Antonio Gilberto escreveu: „Talvez este homem já esteja por aí, camuflado, aguardando apenas o momento de manifestar-se‟ (Escatologia Bíblica – EETAD, pág. 47). Em sua palestra, o Pr. D‟Paulo Ribeiro fala de um certo „Anticristo‟ citado por um ex-bruxo, como tendo menos de 36 anos e que deveria ser apresentado ao mundo este ano (2006). Então o pré-tribulacionista precisa contar com a existência do Anticristo hoje.

Porém, se o Anticristo nascer hoje, por exemplo, o arrebatamento não poderá passar de 100 anos, já que nessa idade o Anticristo estará muito velho e impossibilitado para dominar o mundo, a não ser se ele for um super-homem como àqueles dos irreais filmes de Hollywood ou como os semideuses lendários da mitologia grega, que não envelhecem e nem morrem. E pior ainda, o arrebatamento secreto e iminente da Igreja de Jesus não poderia ter ocorrido em nenhum momento da história passada, visto que o Anticristo não existia nos séculos anteriores. Bem, hoje em dia não existe ninguém que tenha nascido em 1800 para trás! Talvez a pessoa mais velha do mundo tenha menos de 200 anos!

Ora se o Anticristo é uma figura tão importante na escatologia pré-tribulacionistas e o principal personagem do

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período tribulacional, e levando em consideração que ele não pode ser qualquer pé-de-chinelo, então não é a Igreja que está impedindo o Anticristo se manifestar, mas é o Anticristo que está impedido a Igreja ser arrebatada, pois o arrebatamento só poderá acontecer se o Anticristo já estiver pronto para se manifestar e dominar o mundo, pois um homem da estirpe do Anticristo, conforme alista o Pr. D‟Paula nas páginas 70 e 71, e até conclui: „O que não pode faze o diabo em seis mil anos¸ (O Anticristo) fará em sete anos‟. Um homem dessa estirpe não se molda de uma hora pra outra, precisa de muito tempo. Tudo isso nega a doutrina da iminência. Se o arrebatamento não é previsto por sinais, então o que significa o princípio das dores, a fundação do Estado de Israel, a retomada de Jerusalém, a reconstrução do templo, o ressurgimento do Império Romano e o nascimento do Anticristo que os pré-tribulacionistas citam como indicativos do arrebatamento.

Profº Hilquias o arrebatamento da Igreja será iminente não pelo fato de ocorrer a qualquer momento, mas pelo fato de nós não sabemos em que data acontecerá „...vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor‟. Esse é o âmago da vigilância! Note que Jesus não disse: „vigiem, porque o seu Senhor virá a qualquer momento‟ (Marcos 13.34-36 e Mateus 25.13). Tanto o dia como a hora já estão agendados por Deus, mas nós não sabemos quando será.

Agora eu vejo que são os pré-tribulacionistas que não acreditam que a vinda de Cristo será iminente, pois ensinam que esse evento ocorrerá depois de 7 anos, porém essa crença contradiz: Atos 1.6,7; 1 Ts 5.1-4 e 2 Pe 3.10. Profº Hilquias a vinda do Senhor será iminente e não depois de sete anos de grande tribulação, e nessa ocasião a Igreja é arrebatada! Agora se você divide em duas fases, está obrigado a crê que o Advento de Cristo não será iminente. Assim a doutrina da iminência é negada!

4º) Os pós-tribulacionistas argumentam que o pré-

tribulacionismo é uma doutrina nova. A fim de provar que o pré-tribulacionista é uma doutrina

antiga o profº Hilquias cita, em seu discurso, o „Pastor de Hermas‟. Contudo não reproduz o que está escrito ali, nem tampouco cita a fonte de onde extraiu isso. O que torna duvidoso essa sua afirmação.

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Citando uma fonte fidedigna lemos: „Outros escritos antigos são, de modo semelhante, pré-milenista sem serem pré-tribulacionistas. Dois exemplos são o Pastor de Hermas e a Epístola de Barnabé. O primeiro deste (o Pastor de Hermas) contém uma passagem que às vezes é citada como exemplo da crença num arrebatamento pré-tribulacionista, mas o exame mais pormenorizado dela revela que não o é‟ (Opções Contemporâneas na Escatologia, pág.107 – o grifo é meu).

Na verdade “A idéia de um arrebatamento antes da tribulação não foi identificada nas Escrituras pelos antigos pais da igreja. Eles eram futuristas e pré-milenistas, mas não pré-tribulacionistas” (Os Últimos Dias Segundo Jesus, pág. 164).

Também lemos em outra fonte: „Cada pai da Igreja que trata do assunto prevê que a Igreja sofrerá às mãos do Anticristo. Deus purificaria a Igreja através do sofrimento, e Cristo a salvaria mediante a Sua volta no fim da Tribulação quando, então, destruiria o Anticristo, livraria Sua Igreja, e traria o mundo ao fim e inauguraria Seu reino milenar. O ponto de vista que prevalece é o pré-milenismo pós-tribulacional‟ (The Blessed Hope, pág.31 - o grifo é meu).

Portanto, nem nos apóstolos (séc. I), nem nos pais da Igreja (séc. II – IV) e nem tampouco nos reformadores (séc. XVI) encontramos registros do pré-tribulacionismo. Então quando essa doutrina surgiu? O fato que irei citar é reconhecido por todos, menos pelo profº Hilquias:

„No começo do século XIX, o pré-tribulacionismo ocorreu nos pontos de vista de Jonh Nelson Darby (1800-1882), um membro do movimento dos Irmãos de Plymouth. O ponto de vista ali exposto (inicialmente) era muito semelhante àquele que se achava na Igreja primitiva: severa perseguição sobre a Igreja durante a grande tribulação. Conforme este ponto de vista, Cristo voltará no fim da tribulação para libertar Sua igreja. Darby introduziu uma modificação deste conceito: Cristo virá arrebatar Sua igreja antes da tribulação e antes de Ele vir em glória para estabelecer o reino milenar. O conceito de Darby resultou em uma divisão do movimento dos Irmãos. Samuel P. Tregelles, um membro dos Irmãos nos primeiros dias do movimento, alegou-se que a idéia de uma vinda secreta de Cristo para arrebatar a Igreja originou-se numa profecia na Igreja de Edward Irving... Darby a aceitou como sendo a voz do Espírito e a aceitou como doutrina, mas Tregelles,

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Bejamin W. Newton, e outros que sustentavam uma perspectiva pós-tribulacionista, rejeitaram-na. O resultado foi o início de contendas dentro do movimento dos Irmãos.‟ („Opções Contemporâneas na Escatologica‟, pág. 109 – o grifo é meu).

Porém, tratando do pós-tribulacionismo não só já o encontramos desde o inicio da Igreja como também é defendida por grandes pais da Igreja. O testemunho é longo, mas tenha tolerância:

„Justino Mártir (100-165 d.C) um dos pais mais antigos [da Igreja], que era claramente pré-milenista (que dizer, acreditava na vinda de Jesus antes do Milênio), previa os crentes sofrendo grande perseguição e tormentos antes da vinda do Senhor. Sua referência ao Anticristo, embora breve, basta para indicar que Justino acreditava que aqueles sobre os quais este maligno exerceria sua crueldade incluiria a Igreja‟.

„Irineu (130-200 d.C). Seus escritos revelam que era um pré-milenista rematado, mas que não acreditava num arrebatamento antes da tribulação. Pelo contrario, via Cristo chegando ao fim da tribulação para destruir o Anticristo e livrar Sua Igreja‟

„Tertuliano (160-230 d.C) era um pré-milenista declarado, e claramente antecipava o estabelecimento de um reino de Cristo sobre a terra...não pode ser considerado um pré-tribulacionista...a esperança e as orações de Tertuliano não eram no sentido de o Senhor vir remove-lo da tribulação, mas para ele ficar em pé diante do Filho do homem depois de uma série de sinais cósmicos terem aparecido e “todas estas coisas terem acontecido”.

„Lactâncio (250-320 d.C)...descreveu vividamente as condições horríveis que prevaleciam nos últimos tempos. A tribulação seria tão severa que destruiria nove décimos da raça humana. A Igreja, bem como o mundo, sofreria estes males dos tempos do fim. O Anticristo viria perseguir os justos durante os últimos 3 ½ anos. Um sinal especial anunciaria a vinda de Cristo...Todas essas declarações indicam que Lactâncio era um pós-tribulacionista‟.

„Hipólio (236 d.C), bispo de Roma na primeira parte do século III, escreveu um tratado sobre o Anticristo. Interpretou Apocalipse 12 como sendo ensinamento de que o adversário perseguiria a Igreja. Certamente identificou os santos em Apocalipse 12 como sendo a Igreja. Jesus Cristo viria do céu somente depois da abominação da desolação ter sido

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estabelecida, e depois de ocorrerem todos os eventos acompanhantes‟ (Opções Contemporâneas na Escatologia, págs. 107, 121-123)

E os reformadores do século XVI eram pré-tribulacionistas

ou pós-tribulacionistas? „Alguns segmentos da Reforma foram pré-milenista na sua orientação, e todos eram da variedade pós-tribulacionista‟.

Portanto, não são os pós-tribulacionistas que dizem que o pré-tribulacionismo é uma doutrina recente, mas o próprio testemunho dos registros históricos. Porém, é estranho que a idéia de um arrebatamento antes da tribulação não foi identificada nas Escrituras pelos antigos pais da igreja, pelos reformadores e por nenhum cristão, antes de Nelson Darby, no inicio do século 19, por influência de uma profecia extra-Bíblia. Quarto Diálogo: O Pré-tribulacionismo

O profº Hilquias apresenta algumas razões porque o pré-tribulacionismo é uma doutrina correta. Vamos analisar algumas delas:

Ele escreveu: „Porque os vinte e quatro anciãos se encontra no céu no momento da tribulação‟ (pág.16)

O Profº Hilquias defende que esses 24 anciões é símbolo da Igreja porque eles têm coroas, sentam em tronos e se vestem de brancos.

Porém, um sério exame cuidadoso do Apocalipse, mostrará que os 24 anciões não é símbolo da Igreja, mas são assistentes celestiais que prestam serviços sagrados ao Cordeiro no tabernáculo celestial.

Em primeiro lugar, esses anciões aparecem como seres literais, reais e não simbólicos, pois se relacionam com João pessoalmente (Apocalipse 5.5; 7.13).

Em segundo lugar, eles diferem dos santos crentes em Apocalipse 5.8, pois que enquanto os santos oram, os anciãos conduzem as taças onde essas orações são depositadas. Em outras palavras se cremos que esses anciões são representantes da Igreja, teremos que acreditar na hierarquia clerical, Deus, porém, não tem um clero diante dele que representa os cristãos diante do Seu trono. Todos os cristãos têm livre acesso a presença de Deus! Não precisamos de uma classe sacerdotal.

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E em terceiro lugar, em seu cântico eles não dizem: „...com o teu sangue [nos] compraste para Deus...e [nos] constituíste reino‟, mas eles cantam como que se referindo a terceiros: „...com o teu sangue compraste para Deus gente de toda...nação. tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso (veja que agora eles se incluem) Deus‟ (Apocalipse 5.9-10).

Portanto, eles não são símbolo da Igreja glorificada no céu pois não se identifica com os comprado no sangue do Cordeiro, muito embora sirvam ao mesmo Deus.

A outra razão porque o profº Hilquias acreditar ser o pré-tribulacionismo a doutrina ortodoxa é „porque os 144 mil selados de Israel fazem o papel que cabe a Igreja‟ (pág.16).

A priori essa premissa está desajeitado, pois se o „papel ...cabe a Igreja‟, por que ela deverá deixar de cumprir esse papel? Ora se eu faço o que é da responsabilidade do outro fazer, logo o outro é irresponsável!

Porém, os 144 mil judeus crentes e salvos em Jesus Cristo são um testemunho vivo de que a Igreja não foi arrebatada antes da grande tribulação!

Pois as descrições dos 144 mil judeus em Apocalipse, apontam para o remanescente de Israel (Apocalipse 14.5 c/ Sofonias 3.13); então, o símbolo profético se refere aqueles primitivos judeus que creram que Jesus é o Messias, que inicialmente formaram a Igreja, eles são „as primícias do Cordeiro‟!‟. O “remanescente escolhido pela graça”, como Paulo escreveu: „hoje também há um remanescente escolhido pela graça‟, e se incluiu entre eles (Romanos 11.1-5).

Como bem escreveu Kenneth L. Gentry: „esses servos de Deus das doze tribos de Israel são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação‟ (Interpretações do Apocalipse, pág. 59). Os judeus crentes, que se tornaram uma nova criação em Cristo, são de fato o „Israel de Deus‟ (Gálatas 6.15,16). Tiago, bispo de Jerusalém, escrevendo aos cristãos judeus das „doze tribos dispersas‟ entre as nações disse: „segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra de verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas‟ (Tiago 1.1,15).

Foram esses remanescentes judeus que lançaram o fundamento da Igreja (Efésios 2.19-22; 1 Coríntios 3.10,11). E através das pregações do evangelho desses primitivos crentes judeus, ajuntou-se uma grande multidão de todas as nações, tribos,

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povos e línguas, e unidos formam a Igreja de Deus, como escreveu Paulo: „em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos (gentios)‟ (1 Coríntios 12.13). Esta é a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, zeloso e de boa obra, chamados para a missão de proclamar as virtudes de Deus (Atos 11.1; Apocalipse 7.9; I Pedro 2.9,; Tito 2.14).

Mas, se os 144 mil ficarem no abandono da grande tribulação e não subir com a Igreja numa suposta vinda secreta de Cristo, advogada pelos pré-tribulacionistas, então há uma contradição e discrepância com Apocalipse 14. Pois, ali eles são chamados de „primícias para Deus e ao Cordeiro‟. Como eles podem ser as primícias para Deus, se eles não participaram “da primeira leva do arrebatamento”? E, se os fiéis, vigilantes e santos subiram na vinda invisível, por que eles ficaram? já que as Escrituras os classificam como aqueles que „seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá...Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas; são imaculados‟. Então, se esses homens íntegros não subiram com Cristo, quem dessa geração má e corrupta subirá?

Portanto, os 144 mil selados e protegidos na grande tribulação depõem contra os pré-tribulacionistas de que não pode ter havido um arrebatamento de pessoas íntegras antes da aflição mundial!

Anteriormente, o Profº Hilquias fala do remanescente fiel de Israel que surgirá quando a Igreja for arrebatada e ele diz, em sua palestra, que quando Jesus vir na sua segunda fase „os remanescentes que estiverem vivos entrarão em corpo natural para o Milênio‟. Bem se há esses remanescentes fiéis que gozarão o Milênio em corpos naturais, o que são os 144 mil judeus que serão glorificados? Não são porventura também remanescentes? Se os remanescentes fiéis que estiverem vivos entrarão no Milênio em corpos naturais, o que acontecerá com aqueles remanescentes que morreram durante a grande tribulação? Ressuscitarão com corpos naturais? Fora esses dois grupos, ainda tem a Nação de Israel que se converterá no final da grande tribulação. E ainda haverá os crentes despercebidos que resolverão permanecer fiéis e uma multidão incontável de gentios convertidos na grande tribulação e também os mártires da tribulação! Mas que sarapatel teológico! Esse é o perigo de remover a Igreja da Terra precocemente! E anular a nova aliança em Cristo!

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A outra razão apresentada pelo profº Hilquias que o pré-tribulacionismo é uma doutrina mais fiel às Escrituras é: „Porque concorda com a tipologia‟.

O profº Hilquias cita o exemplo de Noé que foi livre da destruição do Dilúvio, Raabe que foi livre da destruição de Jericó e Ló que foi livre da destruição de Sodoma. Porém, se atentarmos bem para essas tipologias, veremos que elas se encaixam mais no pós-tribulacionismo do que no pré-tribulacionismo. Logo, porque nos três casos o livramento é simultâneo a destruição. Coisa que não acontece no arrebatamento pré-tribulação, pois ainda haverá três anos e meio de falsa paz e além do mais depois da grande tribulação os principais inimigos do Cordeiro ainda estarão „vivinhos da silva‟. Então a grande tribulação não será uma destruição fulminante como o Dilúvio e o fogo de Sodoma!

As Escrituras reservam esses símbolos para representar aquela destruição que virá sobre os ímpios no momento da vinda do Senhor e não durante a grande tribulação, conforme escreveu o apóstolo Mateus: „até o dia em Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do Homem‟ (Mateus 24.37-40), e o evangelista Lucas: „até o dia que Noé entrou na arca. Então veio o Dilúvio e os destruiu a todos. Acontecerá exatamente no dia em que o Filho do homem for revelado‟ (Lucas 17.27,30).

Então note que nos dois textos não diz: „Assim será na Grande Tribulação‟, mas „assim será na vinda do Filho do Homem‟. Perceba que a entrada de Noé na arca é simultânea à destruição daquela geração, assim também o arrebatamento da igreja é simultâneo a destruição do mundo, isto é, na mesma ocasião em que o Filho do homem for revelado, sem qualquer tipo de intervalo de 7 anos.

Sobre Sodoma diz: „Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e os destruiu a todos. Acontecerá exatamente no dia em que o Filho do homem for revelado‟ (Lucas 17.29,30). Paulo fala que o Senhor virá „com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes‟ , nessa ocasião ele dá descanso aos crentes e toma vingança contra os descrentes (2 Ts 1.6-8). Sobre o principal inimigo está escrito: „Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus...destruirá pela manifestação de sua vinda‟, e não pela grande tribulação (2 Ts 2.8).

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Ainda lemos: „Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos, e os elementos se derreterão pelo calor‟ (2 Pe 3.11,12). Pelo contexto bíblico, Pedro não está falando da grande tribulação, mas da vinda de Cristo, e a compara ao Dilúvio, dizendo: „pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído‟¸mas agora será destruído pelo fogo da vinda do Senhor (vv.6,10). Noé foi salvo da destruição e entrou em um novo mundo, assim também a Igreja será salva da destruição e entrará no novo mundo (v.13).

Quanto a Raabe que reverenciou o nome do Senhor, temos um nítido exemplo. Josué, que em grego significa Jesus, vem a Jericó para estabelecer o Reino teocrático, livra Raabe e destrói a maldita Jericó, assim lemos sobre o dia que o Nosso Josué Maior virá para estabelecer o Reino do Senhor „certamente vem o dia, ardente como uma fornalha. Todos os arrogantes e todos os malfeitores serão como palha. Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo salvação em suas asas...esmagarão os ímpios que serão como pó sob as solas dos seus pés‟ (Ml 4.1-3).

Esses três exemplos se encaixam perfeitamente no fato que Jesus nos arrebata da destruição fulminante e iminente que caí sobre os ímpios no momento da Sua vinda (Is 13.9-13; 66.15,17; Jl 2.10,11; Ml 4.1-3; Mt 24.39; Lc 17.29,30; Rm 5.9; 1 Ts 1.10; 5.9; Hb 10.37-39; 2 Pe 3.7-14; Ap 6.12-17; 16.14).

Algumas das razões apresentadas pelo profº Hilquias são irracionais, como por exemplo: „Porque não é concebível a presença da Igreja sem a “presença” do Espírito Santo‟. A frase é bonita, mas é sem sentido! Não seria melhor afirmar: é inconcebível a Igreja não está presente durante a grande tribulação, pois como o Espírito Santo vai operar conversões, regeneração, santificação, dons de línguas, poder para pregar o evangelho, etc sem que essas pessoas não sejam a Igreja!

Além do mais o texto apresentado pelo profº Hilquias nada diz sobre o assunto em questão. Então é algo baseado em suposições humanas. Pelo contrário se entendemos que o „Detentor‟ do Anticristo é o Espírito Santo, então há uma grande incoerência no texto de Paulo em II Ts 2.1-7. Pois segundo Paulo nesse texto e com muita clareza a apostasia e o Anticristo devem vir antes dos cristãos serem reunidos (ou arrebatados) na vinda de Jesus (vv.1-3). Paulo é enfático: „Não deixem que ninguém os engane de modo algum.

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Antes (e não depois) daquele dia virá apostasia e, então, será revelado o homem do pecado‟ (v.3). Paulo afirma que esse homem enganará os que rejeitam o „amor à verdade‟ (vv.9-12), porém, quanto aos cristãos, ele diz: „Deus os escolheu para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito e fé na verdade‟ (v.13). Então veja que enquanto o Anticristo engana o mundo, o Espírito Santo opera a santificação na Igreja.

Agora se o Espírito Santo sobe com a Igreja antes do Anticristo se revelar fica sem sentido as palavras de Paulo. Pois a vinda em que os cristãos aguardam virá depois do Anticristo como está escrito: „Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus...destruirá pela manifestação de sua vinda‟ (v.8).

Hilquias diz crê no pré-tribulacionismo „porque há promessas de livramento para a Igreja‟, sim de fato, a Igreja será protegida das pragas do Apocalipse, assim como Israel foi protegido das dez pragas do Egito! (Êxodo 11.6,7). Hilquias enfatiza: „não „na‟ hora da provação‟, mas „da hora da provação‟ (Ap 3.10). Porém, temos que ver que a preposição grega é „ek‟ e significa „sair de dentro‟. Como também aparece em Ap 7.14: „Estes são os que vieram „da(ek)‟ grande tribulação‟. A preposição deve ser fortalecida pelo verbo. E o verbo é „guardar‟ significando que „te guardarei dentro da hora da provação‟, ou ainda „tu sairás de dentro da hora da provação ilesa‟

Assim como está escrito: „Não peço que os tire (airõ) do (ek) mundo; e, sim, que os guardes (téreo) do (ek) mal‟. O termo grego „airo ek‟, que significa „levantar, erguer, ou remover, parece descrever perfeitamente o que o arrebatamento será – um levantar ou remoção. Porém, está em contraste e em oposição...a idéia que Jesus emprega „tereo ek‟ [guardar do mal] na segunda‟ parte do versículo. Então guardar do mal não é a mesma coisa de tirar do mundo, como também guardar da hora da provação não é a mesma coisa que tirar do mundo! A hora da provação vem sobre o mundo, mas a igreja que está no mundo será guardada! (João 17.15), quer dizer não lhe atingirá!

Por exemplo, Sadraque, Mesaque e Abede-nego foram guardados do fogo dentro da fornalha, eles saíram dali ilesos (Dn 3.25-27). O nosso Deus ainda é o mesmo Deus! Aleluia!!! Em Isaías 32.18,19 lemos: O meu povo viverá em locais pacíficos, em casas seguras, em tranqüilos lugares de descanso, mesmo que a saraiva arrase a floresta e a cidade seja nivelada ao pó‟.

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Se esse texto de Ap 3.10 significa que a Igreja será arrebatada antes da grande tribulação, então Israel também será arrebatada antes da grande tribulação pois lemos: „Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! E é tempo de angústia para Jacó: ele porém será livrado dela‟ (Jr 30.7).

„O fato de Jesus dizer aos crentes fiéis da igreja de Filadélfia (Ap 3.10) que os livrará da hora de provação que recairá sobre todo o mundo não é indício suficientemente forte para dizer que a igreja inteira será tirada do mundo antes da tribulação. Em primeiro lugar, essa declaração é feita a uma igreja específica (Filadélfia) e não deve ser aplicada à igreja inteira em algum ponto futuro da história. Além disso, não é necessário que a “hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro" refira-se à época da grande Tribulação, sendo mais provável que se refira a um período de grande sofrimento e perseguição que recairia sobre todo o Império Romano ou sobre todo o mundo habitado. Por fim, a promessa de que a igreja de Filadélfia será guardada não implica que serão tirados do mundo, mas apenas que serão mantidos fiéis e guardados do mal naquele período de sofrimento e provação.‟ (Teologia

Sistemática, Wayne Grudem).

Além do mais, a interpretação pré-tribuacionistas de Apocaipse 3.10 em que a igreja será arrebatada antes grande tribulação é incorente com o contexto do Livro de Apocalipse. Vejamos: Quando lemos que os crentes que guardam a palavra de Deus são guardados da hora da provação, não pode está se referindo ao arrebatamento da igreja. Pois, que os servos a quem é dirigido o livro de Apocalipse, e entre eles se encontra também os crentes da igreja de Filadélfia (Ap 1.1,11), são exortados a guardar as „palavras desta profecia‟ (1.3). De fato, eles aparecem como os santos que „guardam as palavras de Deus‟ (12.17; 14.12). Contudo, não foram arrebatados antes da grande tribulação, pois deparamos com eles sendo perseguidos e mortos pela terrível Besta (Ap 16.6; 18.24; 19.2). É tão terrível a matança contra esses santos, que o império do Anticristo está embriagado com o sangue deles (Ap 17.6). Ora, se a promessa realmente se refere ao arrebatamento antes da grande tribulação dos que guardam a palavra de Deus, por que esses santos não foram arrebatados, já que eles guardam a palavra de Deus?!

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Mas uma vez os pré-tribulacionistas estão equivocados em sua interpretação. Pois em Apocalipse os que são alvo da perseguição do dragão e da Besta são exatamente aqueles que guardam a palavra de Deus! João, por exemplo, escreveu: “Vi as almas dos que foram decapitados por causa... da palavra de Deus‟ (20.4). Ora esses que foram decapitados, mesmo guardando a palavra de Deus, depõem contra os pré-tribulacionistas que afirmam que os que guardam a palavra de Deus serão arrebatados antes do surgimento do Anticristo. Não se deixe enganar! Em Ap 12.17 lemos: „...o dragão foi fazer guerra aos que guardam as palavras de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.‟ Ora, não deveria está escrito que o dragão foi fazer guerra aos que „não guardam‟ as palavras de Deus, pois, segundo os pré-tribulacionistas àqueles que guardam a palavra de Deus serão arrebatados e livre desta ira do dragão. Mas se segundo o Apocalipse Satanás vai fazer guerra contra os guardadores da palavra de Deus e para isso ele contrata a Besta (Ap 13.4-7), então os pré-tribulacionistas estão enganados. Isso nos leva ao questionamento: o que é essa hora da provação que está para vir em que os que guardam a palavra de Deus é prometido que serão guardado dela? Não se refere a perseguição da Besta, nem a ira do dragão, nem tampouco a matança dos santos. Pois se se referisse a isso, aqueles que são descritos no Apocalipse como os santos que guardam a palavra de Deus, não seriam perseguidos e martirizados pela Besta (Ap 13.7; 14.12), isso é óbvio. Essa „hora da provação‟ se refere logicamente as pragas do Apocalipse que há de vir sobre os que habitam na terra (Ap 8.13), pois „todos os habitantes da terra adorarão à besta‟ (Ap 13.8). A sentença é essa: „Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira‟ (Ap 14.9; 15.1; 16.1). Deus ordenou aos anjos: “Vão derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus‟ (16.1). Mas o que dizer daqueles que não adorarão „a besta nem a sua imagem, e não receberão a sua marca na testa nem nas mãos‟ (Ap 20.4). Ora, serão guardados por Deus! As pragas não os atingirá! Eles guardam a palavra de Deus, e Deus os guardam de serem atingidos pelas pragas (Ap 18.4). Enquanto, os adoradores da Besta derramam o sangue do que guardam a palavra de Deus, Deus transformará as águas desses

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idólatras em sangue. Assim „os atos de justiça de Deus se tornarão manifestos‟ em favor dos seus santos servos que guardam a sua palavra (Ap 15.3,4). Essa promessa de Apocalipse 3.10 é exatamente dirigida a igreja fiel para que ela tenha confiança em Deus que durante as terríveis pragas do Apocalipse será alvo da proteção de Deus. Enquanto que os homens morderão a língua de tanta agonia (Ap 16.10), os santos celebrarão a Deus por retribuir à esses homens o que eles fizeram aos santos (Ap 18.20). Deus firma uma aliança com todos os seus servos: você guarda a palavra de Deus no meio da perseguição, ele guarda você das pragas que virão sobre os seus perseguidores.

“Mil poderão cair ao teu lado, dez mil à sua direita, mas nada o atingirá. Você simplesmente olhará e verá o castigo dos ímpios. Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, praga alguma chegará à sua tenda. Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos” (Sl 91.7-11). A promessa de Ap 3.10 não se refere ao arrebatamento da igreja antes da grande tribulação, porque senão esses santos que guardam a palavra de Deus e são fiéis ao testemunho de Jesus à quem Satanás furiosamente lhes faz guerra seriam os primeiros a serem arrebatados (Ap 12.7; 13.7). Sim, eles serão arrebatados, mas só depois de terem enfrentado a Besta e a terem vencido por guardarem a palavra de Deus (Ap 15.2,3). Você não considera um ultraje à Deus, um contra-senso, algo ridículo e contraditório os pré-tribulacionistas prometerem aos seus adeptos um arrebatamento antes da hora da provação que há de vir baseado em Ap 3.10, enquanto que aos servos de Deus aquém este Livro é dirigido, aquém são exortados a guardar essa profecia serão arrebatados só depois da hora da provação? (Ap 20.4; 22.6,7). Ora, se eles são arrebatados só depois, logicamente toda a igreja só será arrebatada depois, mesmo guardando a palavra de Deus, assim como acontecerá com os leitores fiéis do Apocalipse.

Agora se você não se considera um destinatário do livro do Apocalipse, você também não é servo de Deus, pois o livro foi escrito para os servos de Deus. Logo, você estará entre aqueles que serão atingidos pelas pragas do Apocalipse, porque somente aqueles que lêem, ouvem e guardam a profecia deste livro serão guardados por Deus dessas terríveis pragas. Cuidado! Para não acrescentar algo à profecia deste livro, assim como os pré-tribulacionistas

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acrescentam um suposto arrebatamento em Ap 3.10, pois, o Senhor declara „a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro‟ (Ap 22.18).

Até mais,

Edinaldo Nogueira