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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA FLORESTAL CAMPUS DE PATOS DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO COMO INDICADOR DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO ALEXANDRE JOSÉ DA SILVA PATOS-PARAÍBA-BRASIL 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA FLORESTAL

CAMPUS DE PATOS

DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO COMO INDICADOR DE TRANSIÇÃO

AGROECOLÓGICA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO

PARAIBANO

ALEXANDRE JOSÉ DA SILVA

PATOS-PARAÍBA-BRASIL

2013

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ALEXANDRE JOSÉ DA SILVA

DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO COMO INDICADOR DE TRANSIÇÃO

AGROECOLÓGICA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO

PARAIBANO

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Campina Grande, Unidade Acadêmica de

Engenharia Florestal como requisito para

obtenção do titulo de Engenheiro Florestal.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Lima

PATOS-PARAÍBA-BRASIL

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR

S586d

Silva, Alexandre José da

Diagnóstico energético como indicador de transição agroecológica em

duas comunidades rurais do semiárido paraibano / Alexandre José da

Silva. – Patos, 2013.

32f.: color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Florestal) - Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural.

“Orientação: Prof. Dr. Carlos Roberto de Lima”

Referências.

1. Diagnóstico energético. 2. Semiárido. 3. Transição agroecológica.

I. Título.

CDU 630*8

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ALEXANDRE JOSÉ DA SILVA

DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO COMO INDICADOR DE TRANSIÇÃO

AGROECOLÓGICA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO

PARAIBANO

Monografia apresentada à Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de

Engenharia Florestal como requisito para obtenção do Grau de Engenheiro Florestal.

Apresentada em: 16/09/2013

Prof. Dr. CARLOS ROBERTO LIMA (UAEF/UFCG)

Orientador

Prof. Dr. FRANCISCO ROSELÂNDIO BOTÃO NOGUEIRA (IFPB)

1º Examinadora

Prof. Dr. LEANDRO CALEGARI (UAEF/UFCG)

2º Examinador

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AGRADECIMENTOS

“Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma

forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de

forma crítica” Paulo Freire. Agradeço esse trabalho a todos os amigos, amigas, companheiras

e companheiros que conviveram comigo nos momentos de transmutação diária:

À minha família pela compreensão, palavras amigas e ação. Irmãos: Lucileide, Luciana,

Teinha, Leonardo, Daniel, Gilson, Cesário, Tiago, Fá, leka, Radamés que me deram sempre

forças e incentivos para vencer.

A toda família do grande amigo e irmão Radamés das neves.

A todos os professores do curso de Engenharia Florestal e em especial profª. Sônia Correia,

prof. Edisio, Carlão, Zanella e Gilvan pela humanidade.

A todos os funcionários do CSTR, em especial ao velho Pedro lampião, Maria preta, Dona

Côca, Ciça, Damião, seu Valter, Ivanice, Ednalva e Iara.

À galha do cajueiro, ao movimento tropical “Os nodras”, na qual agradeço: Foguinho,

Delmarcos, Gregório, Jessimiel, Artur, Rodrigo, Juninho, Valdeisa, Djailson, Perla, Rayssa

Helder, Rubão, Rodolfão, Silvia, Bebinho, Tardeli, Rufis, Sócrates, Aline, Artur, Eduardo,

Eric, Renam, Polly, Talytta, Rubens, Vicentão, Marcelo, Jéssica, Silvano, Wigna, Girlânio,

À todos os da turma da Rusan.

À turma 2013: Marllus, Jéssica, Talytta, Tamires, Girlânio, Cristiane, Juliane, Haby, Yuri.

Aos grandes companheiros do NEPA – Núcleo de Extensão e Pesquisa em Agroecologia de

Patos – NEPA, Rodrigo (Casserengue), Dêvede (DVD) Francisco Geovânio (Foguinho),

Raissa Morais, Prof. Carlos Lima (Carlão) e Rabay pela contribuição decisiva para o

desenvolvimento da minha monografia.

Agradeço ao (MDA) Ministério do Desenvolvimento Agrário pelo apoio e concessão das

bolsas do edital nº58/2010. A todos os parceiros ATES (COOPTERA), Cáritas Brasileira,

Grupo de debate do NEPA na UFCG, Programa de ação comunitária (PROPAC), Centro de

educação popular e formação social (CEPFS), Ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (MST).

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Aos meus pais, “velho bica”, Maria

Salete, minha noiva Edilma Marcelino e

minha madrasta por toda paciência,

amor, incentivo e carinho dedicados a

mim e por participar de todos os

momentos da minha vida.

Dedico!

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SILVA, ALEXANDRE JOSÉ. Diagnóstico energético como indicador de transição

agroecológica em duas comunidades rurais do semiárido paraibano. 33 f. Monografia

(Graduação) Curso Engenharia Florestal. CSTR/UFCG, Patos-PB, 2013.

RESUMO

O Bioma Caatinga apresenta diversidade florística e as mesmas são utilizadas pelo sertanejo

para cocção de alimentos em domicílio, uso medicinal, espécies forrageiras, geração de

energia e renda para região semiárida entre outras utilidades. O diagnóstico energético vem

nesse sentido para mostrar a oferta e demanda dos recursos naturais existentes. O estudo como

um indicador de transição agroecológica só vem a fortalecer os grupos que trabalham com as

dinâmicas e princípios da agroecologia, com métodos que despertam o interesse coletivo para

discutir e implantar melhorias para a comunidade. A pesquisa surgiu a partir de debates e

inquietação do Núcleo de Extensão Pesquisa em Agroecologia (NEPA) e do Centro de

Educação Popular e Formação Social (CEPFS) que executam atividades nas áreas de estudos

(Convivência do homem no Semiárido). O presente trabalho teve como objetivo inserir e

aplicar o diagnóstico energético em unidades familiares, em duas comunidades rurais no

município de Teixeira-PB. Verificou-se em uma das comunidades que 67% da lenha utilizada

para cocção dos alimentos das residências era coletada fora da propriedade onde residiam as

famílias. Constatou-se que a comunidade de Riacho Verde consume anualmente em média

3.067,2 kg/lenha/residência, A comunidade de Santo Agostinho apresentou um consumo

médio de 3.315,6 kg/lenha/residência/ano. O diagnóstico energético pode se estabelecer como

uma ferramenta que pode mostrar e alertar sobre a oferta e demanda dos recursos naturais.

Este trabalho é relevante por correlacionar o curso de engenharia florestal aos pequenos

agricultores.

Palavras chave: Diagnóstico energético, Semiárido, Transição agroecológica.

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SILVA, ALEXANDRE JOSÉ. Energy diagnosis as an indicator of agroecological

transition in two rural communities in the semiarid Paraiba. 33 f. Monograph

(Undergraduate) Course Forestry.CSTR / UFCG, Patos – PB, 2013.

ABSTRACT

The Caatinga presents floristic diversity and they are used by backcountry for cooking food at

home, medicine, forage species, energy generation and income for the semiarid region among

other utilities. The energy diagnosis comes accordingly to show the supply and demand of

natural resources. The study as an indicator of agro ecological transition comes only

strengthen the groups working with the dynamics and principles of agro ecology, with

methods that awaken the collective interest to discuss and implement improvements to the

community. The research arose from discussions and restlessness of the Center for Research

in Agro Extension (NEPA) and the Center for Popular Education and Social Formation

(CEPFS) who perform activities in the study areas (Coexistence of man in Semiarid). The

present study aimed to insert and apply the energy diagnosis in family units in two rural

communities in the municipality of Teixeira-PB. It was founded in one of the communities

that 67% of the wood used for cooking food of households was collected outside the property

where the families lived. It was founded that the community of Brook Green consumes

annually averaged 3067.2 kg / firewood / residence, the community of St. Augustine showed

an average consumption of 3315.6 kg / wood / household / year. The energy diagnosis can be

established as a tool that can show and warn about the supply and demand of natural

resources. This work is relevant to correlate the course of forestry to small farmers.

Keyword: Energy diagnosis, semiarid, Transition agroecological.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama esquemático dos processos de conversão energética da biomassa. ....... 14

Figura 2 – Consumo final de energia por vetor energético, ano de 2011. ............................... 14

Figura 3 - Localização do município de estudo....................................................................... 19

Figura 4 – Origem da biomassa utilizada, comunidade de Santo Agostinho .......................... 22

Figura 5 – Origem do carvão vegetal utilizado, comunidade de Santo Agostinho ................. 22

Figura 6 – Origem da lenha utilizada, comunidade de Riacho Verde ..................................... 23

Figura 7 – Origem do carvão utilizado, comunidade de Riacho verde ................................... 24

Figura 9 – Fonte de renda da comunidade de Santo Agostinho .............................................. 27

Figura 8 – Fonte de renda da comunidade de Riacho Verde ................................................... 27

Figura 10 – Materiais de ignição utilizados para acender o fogo nas comunidades ............... 28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Espécies mais usadas como fonte energética nas residências das comunidade ..... 21

Tabela 2 – Fontes de combustíveis utilizadas nas residências rurais das comunidades .......... 24

Tabela 3 – Média anual GLP (botijão) nas residências das comunidades ............................... 25

Tabela 4 – Média anual de saco de carvão por residências rurais nas comunidades............... 26

Tabela 5 – Consumo médio anual (kg) de lenha por residências nas comunidades ................ 26

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Fontes renováveis e não renováveis segundo o BEN 2012 .................................. 15

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 13

2.1 Biomassa e balanço energético ........................................................................................ 13

2.2 Histórico e perspectivas da demanda energética ........................................................... 15

2.3 Importância econômica e social da biomassa florestal ................................................. 15

2.4 Transição agroecológica ................................................................................................... 16

2.5 A importâncias das tecnologias sociais no processo de transição ................................ 16

2.6 A transição agroecológica – o povo e o seu bioma ......................................................... 17

2.7 Reforma agrária - uma ferramenta de transição agraecológica .................................. 17

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 19

3.1 Descrições das comunidades em estudo .......................................................................... 19

3.2 Etapas para a elaboração do balanço energético ........................................................... 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 21

4.1 Procedência das fontes energéticas ................................................................................. 21

4.2 Combustíveis utilizados para cocção nas residências rurais ........................................ 24

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

O Bioma Caatinga apresenta diversidade florística, com plantas na sua maioria

caducifólias adaptadas à região, formada por estratos herbáceos, arbustivos e arbóreos (MMA,

2011). Este bioma é utilizado pelo sertanejo para alimentar o gado, uso medicinal,

construções de cercas, fazer aprisco, cozinhar sua xepa (cocção de alimentos), entre outras

utilidades. Além disso, permanece ainda como umas das grandes geradoras de energia e renda

para região semiárida, abastecendo as diversas atividades econômicas.

O crescimento desordenado da agricultura atrelado com a exploração dos recursos

florestais para diversos fins industriais trouxeram várias consequências ao bioma Caatinga.

Não sendo diferente, no estado da Paraíba, que até mesmo à medida que os “colonos”

adentravam no sentido do litoral ao sertão usavam a lenha e carvão para diversos fins como

combustível para locomoção de trens, cozinhar alimentos, espantar animais no período da

noite, aquecer contra o frio. A utilização de energia a partir de biomassa acarretou em

“desenvolvimento” para região semiárida, com consequentes danos ambientais também, pois

até então não se enxergava o uso das fontes energéticas de maneira sustentável.

A biomassa florestal é um combustível de fonte renovável na geração de energia

podendo atender a demanda a níveis expressivos, principalmente em programas de energias

renováveis contribuindo para o fortalecendo de sociedade que busca o mundo mais ecológico

e consciente. Este meio de energia é considerado primitivo, mas que apresenta um grande

potencial em termos energéticos podendo ainda ser extremamente explorado com auxílios de

tecnologias altamente eficientes, colocando esse combustível novamente em escalas de

competitividade a níveis globais em relação aos produtos não renováveis que causa grandes

impactos ao meio ambiental (GOLDEMBERG, 2005).

O balanço energético vem nesse sentido para mostrar a oferta e demanda dos recursos

naturais existentes, pois sem uma análise crítica do balanço, as famílias rurais dependentes

desta atividade podem sofrer grandes consequências, principalmente a falta do recurso

energético, renovável, o que pode acarretar na quebra ou parada dos processos da organização

e produção, trabalho, renda e bem estar social de uma comunidade.

O balanço energético vem na perceptiva de um indicador de transição agroecológica

para fortalecer os grupos que trabalham com as dinâmicas e princípios da agroecologia, com

métodos que despertam o interesse coletivo para discutir e implantar melhorias para a

comunidade, sendo de suma importância a participação dos órgãos de extensão na busca de

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-quantificar em peso, número e grau as práticas adquiridas pelos homens e mulheres

do campo a partir do conhecimento popular, sempre a manter um elo de trocas ou

complementação destes saberes.

Fica, portanto evidenciado a importância do material energético para atender as

necessidades das famílias rurais, seja para fins de energia, geração de renda e segurança

socioambiental. Onde neste caso, a exploração da biomassa deve ser acompanhada de forma

sistêmica. De acordo com Guterres (2007), é preciso construir novas metodologias para

massificar o processo de transição, sair do modelo existente de produção e exploração para

um modelo que respeite as tecnologias sociais, culturas, ambientais, locais, dimensões

socioeconômicas. Sendo a agroecologia o caminho a ser percorrido.

O balanço energético está intrínseco com as relações das pessoas, habitat, floresta,

madeiras, microorganismos do solo, música, cultura, religião, dentre outras; pois o semiárido

é constituído por uma relação sistêmica, em que tudo está relacionado e que cada partícula

aqui existente é símbolo de esperança e amor. Pois uma “simples paisagem” é contemplada de

várias formas ao decorrer do ano, belezas essas que muitas cidades de concretos não

oferecerem. O balanço vem a enriquecer a constante transmutação sertaneja que está ligada ao

grande poder de observação das pessoas que residem nesta região.

O estudo do balanço energético na região Teixeira-PB, surgiu a partir de debates e

inquietação do Núcleo de Extensão Pesquisa em Agroecologia (NEPA) e do Centro de

Educação Popular e Formação Social (CEPFS) que executam atividades nas áreas de estudos

(Convivência do homem no Semiárido).

O presente trabalho teve como objetivo quantificar a oferta e demanda de recursos

naturais renováveis (carvão e lenha), analisar as informações obtidas e implementar métodos

que favoreçam a transição agroecológica (mudança de pensamento).

Viabilizar a implantação de fogões ecológicos nas comunidades estudadas através do

apoio de instituições não governamentais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Biomassa e balanço energético

A Biomassa constitui-se da formação de elementos orgânicos provindos de seres

autótrofos de espécies vegetais (fitomassa) ou da concentração dos organismos heterótrofos

das espécies animais (zoomassa). Os seres autótrofos fotossintéticos são responsáveis por

converter a energia do sol em energia química, através dos elementos presente nos

cloroplastos em forma de clorofila contido principalmente na estrutura foliar das plantas. A

energia é concentrada entre os espaços intermoleculares e posteriormente é convertida em

método de oxidação, hidrólise e redução, ocorrendo de formas biológicas, bioquímica,

termoquímica, (COELHO 1982, apud SOARES et al., 2006).

A biomassa de origem vegetal apresenta elementos e estruturas que podem ser

utilizada de várias maneiras, podendo ser queimada para geração de energia na forma de

carvão e lenha, pode ter seu uso em forma de óleos essenciais em cosméticos, ácido

pirolenhoso e alcatrão (COUTO et al., 2000, apud SOARES et al., 2006).

O balanço energético definido por Campos (2004) é a relação entre a quantidade de

energia disponível em determinado local e a sua procura nesse mesmo ambiente, essa relação

poder ser identificada através da entrada e saída energia - lenha e carvão.

Reis (2005), apud Réquia (2010), resume o conceito de balanço energético e matriz

energética como é um conjunto de balanços energéticos periódicos, construído para um

período de tempo futuro, levando-se em consideração a evolução dos diferentes cenários.

Réquia (2010) relata que primeiro Balanço Energético Nacional - BEN no Brasil foi

realizado em 1976, pelo Ministério de Minas e Energia. O Balanço Anual é apresentado

levando em conta os dados do ano anterior e revistos pelo o penúltimo ano, sendo estruturado

em quatro partes: energia primária, transformação, energia secundária e consumo final:

- Energia Primária: vindo direto da natureza. Ex: petróleo, energia solar, resíduos

vegetais, Gás natural, carvão mineral, energia eólia;

- Energia Secundária: resulta da transformação. Exemplo: gasolina, carvão vegetal,

óleo diesel, álcool etílico querosene;

Somam-se todas as energias produzidas no país (soma do total de energia primária e o

total de energia secundária).

- Transformação: são todos os núcleos de transformação de energia (primária e/ou

secundária). No final, mostra a soma algébrica de energia que entra no sistema e sai das cen-

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trais de transformação.

- Consumo Final: obtêm os dados dos setores econômicos do país que usam energia

primária e secundária. Chegando ao balanço de tudo consumo final.

Nas figuras 1 e 2 são apresentadas algumas informações do balanço energético

nacional no ano de 2012, onde são demonstrados as fontes de biomassa, seus processos de

conversão e qual fim energético a mesma pode ser transformada e também quais as

distribuições de energia no país por cada setor responsável, com destaque para a lenha com

7,2%.

Figura 1 – Diagrama esquemático dos processos de conversão energética da biomassa.

Fonte – Balanço energético nacional – BEM; MME, 1982.

Figura 2 – Consumo final de energia por vetor energético, ano de 2011.

Fonte – BEN 2012 | Resultados Preliminares | ano base 2011

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Na tabela 1 são apresentadas informações sobre as fontes energéticas renováveis e não

renováveis, na qual a lenha e carvão representam algo em torno de 9,7%.

Quadro 1 - Fontes renováveis e não renováveis segundo o BEN 2012

RENOVÁVEIS VALORES NÃO RENOVÁVEIS VALORES

Biomassa da cana 15,7% Petróleo e derivados 38,6%

Hidráulica e eletricidade 14,7% Gás natural 10,1%

Lenha e carvão vegetal 9,7% Carvão mineral 5,6%

Lixívia e outras

renováveis

4,1% Urânio 1,5%

TOTAL 44,2 55,5 Fonte – adaptado de BEN 2012 | Resultados Preliminares | ano base 2011

2.2 Histórico e perspectivas da demanda energética

Riegelhaupt e Pareyn (2010) falam que a lenha e o carvão no Nordeste Brasileiro

foram o grande marco no processo de ocupação e permanências do homem nesta região, a

lenha e o carvão vegetal foram as únicas fontes energia disponíveis, aliado ao bagaço de cana.

A hidroelétrica de Paulo Afonso teve grande papel no desenvolvimento da década de 1980,

sendo completado com a última grande usina do rio São Francisco (Xingó). Depois começa a

ser usado e explorado o petróleo e o gás natural no Nordeste, aumentando sua produção no

final da década de 1990. Atingindo um grande nível de consumo, e naquele momento não

apresentava descobertas de novas jazidas de petróleo e gás natural, mostrando um risco de

desaparecimento da fonte energética.

As fontes de energias renováveis tiveram grandes contribuições no desenvolvimento

das sociedades, proporcionando segurança econômica, social e permanências das pessoas em

determinado local. A biomassa vegetal passou a ser utilizado pelos os primeiros centros de

civilizações na forma de armas e posteriormente como fogo para cozimento de alimentos,

nessa época existia grande quantidade dos recursos naturais como a lenha de forma bem

acessível para os povos. Com o passar do tempo esses recursos energéticos foram sendo

esgotado principalmente próximo aos povoados chegando muitas vezes a faltar recurso

(UHLIG, 2008).

2.3 Importância econômica e social da biomassa florestal

De acordo com Paupitz (1989), a região do Semiárido nordestino apresenta uma

grande produção de lenha e carvão vegetal, a qual se destaca como sendo umas das principais

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fontes de sobrevivência para vários agricultores familiares, tendo essa importância

principalmente em período de grandes secas (longo período sem chuva), na qual esse

fenômeno reduz drasticamente produção de alimentos dos núcleos familiares.

Paupitz (2010) complementa que em períodos em que a seca se prolonga de um ano

para outro a produção de grão é extremamente afetada, fazendo com que a segurança

alimentar das famílias seja mais comprometida, restando “só” reserva florestal – que eles o

chamado ‘pedaço de mato’ – transformando-se essa reserva em recursos financeiros, dando

lhe um alívio imediato. Caso a propriedade não apresente o valioso pedaço, muitas vezes a

alternativa é deixar seu pedaço de chão para trabalhar alugado.

Alves (2012) revela que mais de três bilhões de pessoas nos países em

desenvolvimento dependem da biomassa tradicional e do carvão para cozinhar seus alimentos

e para se aquecer contra o frio e outro fator marcante é que cerca de um bilhão e meio de

pessoas ainda não tem acesso à energia elétrica. A Assembleia Geral das Nações Unidas,

proclamou o ano de 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. Com

o exposto, fica provado a importância da biomassa florestal para a humanidade, devendo a

mesma ser manejado de forma sustentável para que as gerações futuras possam utilizá-la.

2.4 Transição agroecológica

Guterres (2006) relata que os processos de transição agroecológica dos pequenos

agricultores familiares devem ser construídos com conhecimentos sólidos e de acordo com

suas verdadeiras necessidades locais. Não através de entusiasmo radical, saindo de um

modelo para outro por verdadeiro fanatismo, pois essa maneira de agir pode não levar o

agricultor a satisfação imediata de sua produção agrícola.

A verdadeira transição agroecológica começa com as realidades e condições de vida

de cada família e propriedade rural. É preciso começar a caminhar e esta caminhada deve ser

permanente, pois as coisas não mudam de “um dia para outro”, mas a cada dia de construção

(GUTERRES, 2006).

2.5 A importâncias das tecnologias sociais no processo de transição

Malvezzi (2007) fala da importância das “tecnologias sociais” para região do

semiárido, as tecnologias são simples mais adaptada para resolver os problemas básicos das

famílias rurais, sendo replicáveis e controláveis por homem e mulheres da comunidade.

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Através desse bom trabalho criou-se no Brasil a Rede de Tecnologia Social - RTS, com

objetivo que essas experiências transformem-se em políticas públicas para atender as

necessidades do povo e que sejam para o povo.

Malvezzi (2007) cita que as tecnologias na região Semiárida são determinadas pela

questão ambiental. Coloca ainda que existem disponibilizas aproximadamente quarenta

tecnologias sociais que vem sendo implementadas e adaptadas na região. Muitas delas já se

transformaram em programas sociais. Pode-se citar a cisterna de placa para captação de água

de chuva, servindo para abastecimento humano, de título “Um milhão de cisternas (P1MC)”.

Mais atual o novo projeto “Uma terra e duas águas (P1+2)”, que vem para

potencializar a propriedade, sendo a primeira cisterna para captação de água de chuva para

consumo humano e a segunda tecnologia para a produção. Outras tecnologias são

biodigestores para geração de energia, cisternas de bica, cisternas calçadão, cisternas fora do

chão, barreiro de lona, barragens subterrâneas, barramento de pedras, mandalas, poços

tubulares, entre outras.

2.6 A transição agroecológica – o povo e o seu bioma

Grande parte da população da caatinga ainda mora no meio rural. Não são claras as

razões que explicam a permanência de tanta gente no campo, sobretudo numa região que

muitos consideram inviável.

Mas há quem pense diferente. O povo fica porque construiu uma relação cultural

profunda com o meio. O povo é apaixonado pela caatinga e, ainda que precariamente,

aprendeu a viver em seu ambiente. A criação de pequenos animais, a apicultura, a água

colhida em reservatórios escavados no chão e outras soluções possibilitam que o povo nasça,

cresça e se reproduza, embora migre intensamente, para ir e para voltar.

A vegetação da caatinga também não é tão uniforme como se costuma pensar. É uma

vegetação que se adaptou ao clima. No tempo da seca, perde as folhas, mas não morre;

adormece, hiberna. Várias plantas armazenam água, como o umbuzeiro, que tem batatas nas

raízes, onde estoca reservas para os tempos secos. Muitas têm raízes rasas, praticamente

captando a água na superfície, no momento da chuva (MALVEZZI, 2007).

2.7 Reforma agrária - uma ferramenta de transição agraecológica

Paupitz (2010) cita que propriedade rural esta diretamente vinculada com a produção

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vegetal, mostrando a importância da posse da terra para desenvolvimento rural. Desta

maneira é possível identificar a segurança de produção da familiar rural seja para agricultura,

pecuária e produção florestal, se tornando responsável pela administração de sua propriedade.

Com a terra pode-se ter uma perspectiva de instalação de modelo onde realiza a produção

florestal com animais e agricultura, fortalecendo as condições socioeconômicas. Esse sistema

é considerado equilibrado, podendo-se usar os recursos florestais no processo de

desenvolvimento regional, contribuindo para a geração de renda.

A reforma agrária poderia beneficiar-se da integração de linhas estratégicas de apoio

ao desenvolvimento e consolidação de Planos de Manejo Florestal Sustentáveis, incluindo-se

ainda da produção agroflorestal para os assentados (PAUPITZ, 2010).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido em duas comunidades rurais do município de Teixeira,

Paraíba, Semiárido Nordestino. O município de Teixeira está localizado na mesorregião do

Sertão Paraibano e na microrregião da Serra do Teixeira. Está situado a 768 m de altitude,

com coordenadas geográficas entre 37º 08' 22” a 37º 25' 33” Longitude Oeste e 07º 11’ 10” a

07º 21’ 23” Latitude Sul. Limita-se, ao Norte, com os municípios de São José do Bonfim e

Cacimba de Areia; ao Sul, com o estado de Pernambuco; ao Oeste, com os municípios de

Maturéia e Mãe d’Água; e a leste, com Cacimbas e Desterro (LEITE, 2010).

Figura 3 - Localização do município de estudo.

Fonte – (SANTOS et al, 2007)

Teixeira teve seu passado marcado pela exploração da agricultura, sendo a principal

fonte renda e emprego para seus habitantes. Enfrenta problemas nos dias atuais devido a

pouca biomassa florestal e contaminação dos mananciais (SANTOS et al., 2007).

3.1 Descrições das comunidades em estudo

O levantamento energético foi realizado nas comunidades rurais de Santo Agustinho e

Riacho Verde, Teixeira, Paraíba.

A primeira comunidade está localizada a aproximadamente a vinte e cinco quilômetros

do centro de Teixeira, possuindo cerca noventa e seis famílias rurais, onde existem duas

associações, ocupando a presidência da mesma, respectivamente, os agricultores Fernando de

Odato e Veridian.

A segunda comunidade está localizada a aproximadamente cinco quilômetros do

centro de Teixeira, onde residem cerca de cinquenta e seis famílias rurais, sendo a maioria

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sócia da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da comunidade Riacho Verde, tendo

como componente da presidência o agricultor Solon Arruda.

3.2 Etapas para a elaboração do balanço energético

As atividades transcederam-se inicialmente com reuniões e troca experiências entre as

entidades envolvidas, Núcleo de Extensão Pesquisa em Agroecologia - NEPA e o Centro de

Educação Popular e Formação Social - CEPFS, devido a uma possibilidade de aquisição de

uma instituição americana financiar alguns fogões ecológicos para as citadas comunidades.

Posteriormente foi apresentado à proposta de um estudo de Balanço Energético a

União das Associações das Comunidades Teixeira - UNACT, onde foram escolhidas para o

estudo as comunidades de Santo Agostinho e Riacho Verde.

Foram apresentados em cada associação comunitária citada como seria o estudo e a

possível aquisição dos fogões. Em seguida as etapas necessárias para a captação das

informações para o balanço energético:

1) elaboração de um questionário de avaliação;

2) sorteio aleatório das famílias a serem visitada;

3) coletas de dados de in loco (apêndice 1);

4) tabulação dos dados com Excel 2007;

5) Análise dos dados;

6) geração de gráficos e tabelas;

7) e a parte escrita no Word 2007;

Foram visitadas cerca 30% das famílias rurais de cada comunidade, esses dados não

representam toda comunidade rural, principalmente no quesito renda famílias, pois os mesmos

parecem não gostar de declara suas fontes de renda.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas comunidades diagnosticadas há predominância de algumas espécies florestais

para fins energéticos, conforme destacado na tabela 1.

Tabela 1 – Espécies mais usadas como fonte energética nas residências das comunidade

Nome vulgar Nome científico

Jurema-preta Mimosa tenuiflora

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Marmeleiro Croton sonderianus Muell.

Pereiro Aspidosperma pyrifolium.

Mofumbo Combretum leprosum.

Fonte – Silva (2013)

No estudo in loco constatou-se que estas espécies são utilizadas nos domicílios

famílias para a cocção dos alimentos, alternando o uso das espécies de acordo com a

predominância.

Fica evidente o aproveitamento e uso das espécies florestais locais para geração de

energia e que esse recurso natural tem grande contribuição para o desenvolvimento e

permanência do sertanejo no meio rural, gerando muitas vezes fonte de renda em épocas de

escassez de água e uso medicinal.

4.1 Procedência das fontes energéticas

A figura 4 mostra a origem da lenha utilizada para cocção nas residências familiares

da comunidade Santo Agostinho, onde foi levantada a origem da fonte energética para se

determinar se a dependência da biomassa utilizada era proveniente da própria propriedade

(interna) ou fora da propriedade (externa). Constatou-se que 45% da biomassa utilizada era

proveniente da própria propriedade rural e 55% não pertenciam a propriedade, sendo esse

recurso comprado ou coletado em propriedade de terceiros como amigos, parentes,

fazendeiros, presentes em beira de estrada, mas próximo a propriedade.

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Figura 4 – Origem da biomassa utilizada, comunidade de Santo Agostinho

Fonte – Silva (2013)

Os 45% encontrado é de suma importância, pois a região antes era bastante explorada

e manejada através de culturas agrícolas e produtos químicos, devido a isso, grande parte da

comunidade Santo Agostinho apresenta dificuldades na obtenção da lenha necessária para seu

uso, já que grande parte de seus recursos são obtidos em propriedades de terceiros.

O uso e reaproveitamento dos recursos naturais retirados da própria propriedade

corroboram com os métodos e princípios da agroecologia. Que busca não só a substituição do

insumo externo, mas sim, entender como funciona o agroecossistema local.

A figura 5 mostra a origem do carvão vegetal utilizado para cocção nas residências

familiares da comunidade Santo Agostinho. Verificou-se que 40% do combustível energético

utilizada era de origem da própria propriedade rural e 60% do carvão não era da própria

propriedade.

Figura 5 – Origem do carvão vegetal utilizado, comunidade de Santo Agostinho

Fonte – Silva (2013)

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A figura 6 representa a origem da lenha que é utilizada como fonte energética para

cocção nas unidades familiares de Riacho Verde. Verificou-se que 67% da lenha utilizada no

domicilio era coletada fora da propriedade onde residiam as famílias.

Figura 6 – Origem da lenha utilizada, comunidade de Riacho Verde

Fonte – Silva (2013)

A comunidade de Riacho Verde apresentou 12% a menos da origem da lenha em

relação à comunidade de Santo Agostinho. Essa redução talvez seja por está localizada mais

próxima ao centro do município de Teixeira, onde há maior demanda e exploração do recurso

natural, que pode-se observado pelo desconforto térmico devido a pouca vegetação, menos

biodiversidade, e as vezes ausência de ar mais puro.

A transição agroecológica objetiva neste contexto orientar e despertar sobre os danos

causados ao meio ambiente, quebrar o modelo de exploração vegetal existente, interferir no

uso irracional dos biomas, podendo assim planejar as verdadeiras e reais necessidade

humanas, tornando seu habitat cada vez mais sustentável e equilibrado ecologicamente.

A figura 7 demonstra a origem do carvão utilizado na própria propriedade, onde foi

obtido um valor de 33,33%. Sendo grande parte do carvão utilizado obtido de fonte externa

(vizinho e através da compra).

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Figura 7 – Origem do carvão utilizado, comunidade de Riacho verde

Fonte – Silva (2013)

É preciso repensar o que estamos fazendo com os recursos naturais locais. Santos et

al. (2007) relatam que neste município o modelo de exploração deixou varias consequências

como redução das florestas e contaminação do solo. A retirada de forma desordenada dos

recursos naturais podem causar o empobrecimento da própria vida humana.

Em relação aos dados referentes ao carvão que vem de fora do agorecossistema, estão

em torno de 66,66%, acarretando na dependência de produtos externos, que muitas vezes

significa subordinação de altos preços do produto energético.

4.2 Combustíveis utilizados para cocção nas residências rurais

As comunidades apresentaram grandes variedades de uso de combustíveis energéticos

para decocção alimentar (lenha, carvão, GLP – Gás liquefeito de petróleo). Com destaque

para a comunidade de Santo Agostinho que utiliza os três tipos de combustíveis energéticos

(Tabela 2).

Tabela 2 – Fontes de combustíveis utilizadas nas residências rurais das comunidades

COMBUSTÍVEIS ENERGÉTICOS SANTO AGOSTINHO RIACHO VERDE

SÓ LENHA/CARVÃO 0% 0%

SÓ GÁS 0% 14,29%

LENHA/CARVÃO/GÁS 100% 85,71%

CARVÃO/GÁS 0% 0%

Fonte – Silva (2013)

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Quanto ao uso do GLP (gás), encontrou-se na comunidade de Riacho Verde famílias

que utilizavam 14,29% deste combustível energético no processamento dos alimentos. Outro

fato importante é que o gás é utilizado principalmente para aquecer e preparar o café da

manhã, chá, mingau, ovos, carne e outros produtos que não apresente tempos longos no

processo de cocção. Ainda segundo os agricultores: “O gás é muito caro, e temos dificuldade

para comprá-lo, precisando ir até a cidade, faz com que fique mais caro. Não cozinhamos o

feijão no gás não, por que demora demais para ficar pronto”.

Algumas famílias também expressaram que utilizavam o gás principalmente nas

épocas das chuvas, devido à lenha apresentarem alto teor de umidade, dificultando, assim, a

queima da mesma. A biomassa florestal é composta naturalmente por teores de água, talvez o

alto teor de umidade expresso pelas famílias está também relacionado com a forma de

armazenamento da lenhosa e do carvão, pois na grande maioria das residências não

apresentam local adequando para armazenamento ficando exposto ao ar livre.

Na tabela 3, verificou-se que nas comunidades de Santo Agostinho e Riacho Verde as

médias anuais de GLP utilizado nas residências para decocção dos alimentos são: Santo

Agostinho os resultados foram cinco botijões/residência/ano, o que seria cerca de menos de

meio por mês. Em um estudo realizado por Lima (2006) nas comunidades Queimadas e

Santana, localizadas no município de Santa Terezinha-PB, o mesmo encontrou uma média

anual de quatro GLP por residências. Já para a comunidade de Riacho Verde utiliza-se sete

botijões/residência/ano, o que seria cerca de meio botijão por mês.

Tabela 3 – Média anual GLP (botijão) nas residências das comunidades

Média de

GLP/residência

SANTO

AGOSTINHO RIACHO VERDE

Anual 5 7

Mensal 0,43 0,58

Fonte – Silva (2013)

As famílias visitadas relataram que às vezes o gás dura entre 120 a 150 dias.

Constataram-se também famílias que utilizam em 21 dias. Como já citado nos parágrafos

anteriores, o gás é utilizado muitas vezes como uma reserva energética, para dias de chuvas e

na preparação alimentos.

Na Tabela 4 verificou-se também, que nas comunidades de Santo Agostinho e Riacho

Verde, a média anual de saco de carvão por residências é: Santo Agostinho tem um gasto

médio/residência/ano de 24 sacos de carvão, aproximadamente 2 sacos de carvão/mês,

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resultando em cerca de 1 saco/15 dias. Riacho Verde a média/residência/ano 18 sacos de

carvão, 1,5 sacos de carvão/mês, e 1 saco/20 dia. Esses sacos pesam aproximadamente 25 a

30 kg.

Tabela 4 – Média anual de saco de carvão por residências rurais nas comunidades

Média de Saco de

Carvão/residência SANTO AGOSTINHO RIACHO VERDE

ANO 24 sacos 18 sacos

MÊS 2 sacos 1,5 sacos

DIAS 1 saco/15 dias 1 saco/20 dias

Fonte – Silva (2013)

As informações supracitadas corroboram com Lima (2006) que em estudo realizado

nas comunidades Queimadas e Santana, localizadas no município de Santa Terezinha-PB,

quantificou o consumo anual de carvão de 15 e 17 sacos/residência, respectivamente.

Na tabela 5 constatou-se que a comunidade de Santo Agostinho consume anualmente

em média 3.315,6 kg/lenha/residência/ano, mensalmente utiliza 276,3 kg/lenha/residência,

totalizando 9,21 kg/lenha/residência/dia. Já na comunidade de Riacho Verde consume

anualmente em média 3.067,2 kg/lenha/residência/ano, que equivale a 255,5

kg/lenha/residência/mês, totalizando 8,51 kg/dia. Resultado semelhante foi encontrado em

uma pesquisa realizada em comunidades rurais do Semiárido paraibano por Oliveira (1992)

onde obteve 9,4 kg/residência/dia. O anterior dado está de acordo com LIMA (2006)

encontrando no município de Santa Terezinha-PB, 9,91kg/domicilio. Vale (2003) realiza um

estudo no meio rural e obteve 10,54 kg/dia/residência que corroboram com as informações

supracitadas.

Tabela 5 – Consumo médio anual (kg) de lenha por residências nas comunidades

Consumo Médio de Lenha (kg)

Consumo anual

de lenha (kg) SANTO AGOSTINHO RIACHO VERDE

Residência/ano 3315,6 3067,2

Residência/mês 276,3 255,5

Residência/dia 9,21 8,51

Fonte – Silva (2013)

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Há uma variação no consumo de lenha e carvão entre as comunidades, talvez seja pelo

fato de em Riacho Verde ter um consumo de GLP (gás) maior que a de Santo Agostinho,

gastando dois a mais gás por domicilio/ano. Essas informações chamam atenção, pois o maior

consumo deve está atrelada a dependências de biomassa advinda de fora da propriedade,

possivelmente por apresentar menor biomassa florestal dentro da propriedade, com 33,33%

apenas. A comunidade de Riacho verde também apresenta maior fonte de renda (Figuras 9 e

8), podendo ser um dos indicativos para o maior consumo e uso do gás, e possivelmente pela

praticidade do manejo no combustível.

Figura 8 – Fonte de renda da comunidade de Santo Agostinho

Fonte – Silva (2013). APS – Aposentadoria; TF – Trabalho Formal; Ag. Pec – Agricultura e Pecuária;

TI – Trabalho Informal; BF – Bolsa Família; Aut. – Autonômo.

Figura 9 – Fonte de renda da comunidade de Riacho Verde

Fonte – Silva (2013). APS – Aposentadoria; TF – Trabalho Formal; Ag. Pec – Agricultura e

Pecuária; TI – Trabalho Informal; BF – Bolsa Família; Aut. – Autonômo.

8%

20%

12%

4%

40%

16%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

APS TF Ag. Pec. TI Aut. BF Outras fontes

HOMEM

MULHER

13,80%

3,45% 6,89%

13,80%

3,45%

20,69%

3,45%

6,89% 6,89%

20,69%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

APS TF Ag. Pec. TI Aut. BF Outras fontes

HOMEM

MULHER

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Grande parte da renda familiar das comunidades pesquisadas vem do Programa Bolsa

Família, destacando a comunidade de Santo Agostinho com maior ação governamental devido

a vulnerabilidade das famílias.

Figura 10 – são apresentados os resultados quantos aos materiais de ignição utilizados

para acender o fogo principalmente no período da manhã, nas quais são apresentados: sacos

plásticos 56%, gravetos secos de madeiras 41%, óleo diesel 2% e o sabugo de milho 1%.

Figura 10 – Materiais de ignição utilizados para acender o fogo nas comunidades

Fonte – Silva (2013)

Os materiais supracitados apresentam características inflamáveis que ajuda na

combustão da lenha e o carvão, esses materiais sofrem ignição e apresenta capacidade de

sustentar a combustão para o bom manejo do fogo.

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que algumas unidades familiares não são auto suficientes na produção de

lenha e carvão vegetal, por terem a necessidade de adquirir estes produtos de terceiros.

Na comunidade de Riacho verde há maior fonte de renda familiar os possibilita buscar

fontes de combustíveis como o gás, reduzindo a exploração de lenha e carvão vegetal.

O balanço energético pode se estabelecer como uma ferramenta que pode mostrar e

alertar sobre a oferta e demanda dos recursos naturais existentes em uma determinada

comunidade. E que de posse desses dados pode-se ter meios suficientes para tomar as devidas

decisões para implementação de tecnologias eficientes, de uso e reaproveitamento da

biomassa;

Este trabalho ainda se mostra relevante por correlacionar ferramentas e estudos

técnicos do curso de engenharia florestal voltados para o pequeno agricultor rural.

Recomendação: as comunidades estudadas necessitam de reflorestamentos, podendo

ser nas unidades particulares ou em uma área coletiva. As famílias podem ser beneficiadas

com as tecnologias dos fogões ecoeficientes.

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DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO (PROTÓTIPO)

IDENTIFICAÇÃO

Nome: RG

Propriedade/ha:______% usada para agricultura: agricultura

Quem trabalha:_

Alguma área de preservação? Sim ( ) Não ( x ) Se sim, QUANTO?_________

DADOS SOCIO-ECONÔMICOS

QUANTAS PESSOAS RESIDEM NA CASA:___________________

Idade/

Escolaridade

Não

alfabetizado

Alfabetiz. Fund.

Completo

Fund.

Incompl.

Médio

Compl.

Médio

Incompl.

Sup.

Compl.

Sup.

Incompl.

0 a 12

13 a 17

18 a 25

26 a 55

56 acima 1

Tem escola na zona rural?_______________________________

Local da escola, zona urbana ( ) zona rural ( )

Como chegam a escola:_______________________________________________

PESSOAS QUE CONTRIBUEM PARA A RENDA DA FAMILIA

ORIGEM DA RENDA HOMEM MULHER

APOSENTADORIA

TRABALHO FORMAL (CARTEIRA ASSINADA)

AGRICULTURA E PECUÁRIA

BICO

AUTONÔMO

PROGRAMAS SOCIAIS

OUTRAS FONTES*

ORIGEM DA LENHA:

Da propriedade: Sim ( ) Não ( )

Se NÃO, de onde vem?________________________________________________

Qual o valor que paga?_________________________________________________

COMERCIALIZA A LENHA: Sim ( ) Não ( )

Se sim, qual a quantidade aproximada:____________________________

ORIGEM DO CARVÃO:

Da propriedade: Sim ( ) Não ( )

Se NÃO, de onde vem?________________________________________________

Qual o valor que paga?_________________________________________________

COMERCIALIZA O CARVÃO: Sim ( ) Não ( )

Se sim, qual a quantidade aproximada:____________________________

ACENDE COM QUE MATERIAL:

ARMAZENAGEM

COMO É ARMAZENADA A LENHA E O CARVÃO: ____________________________

TIPO DE LENHA: ____________________________________

TIPOS DE CHAMINÉ: ____________________________________

QUAL O CONSUMO DE BOTIJÃO/MÊS: __________________________

QUAL O CONSUMO DE lenha e carvão vegetal

UTILIZA OUTROS COMBUSTÍVEIS? Sim ( ) Não ( )

GASOLINA ( ) OLEO DIESEL ( ) ALCOOL ( )

QUEROSENE ( ) OUTROS ( )

USO: COZINHAR( ) TRANSPORTE ( ) OUTROS ( )

Tem outras fontes de energia? Sim ( ) Não ( )