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  • 01captulo

  • pRINcpIoS DE aQuISIo DE IMaGENS EM toMoGRaFIa coMputaDoRIZaDa

    Desde a descoberta da radiao X por Ro-

    entgen em 1895, a busca por sistemas de

    imagem que proporcionem efetividade

    no processo de diagnstico e resolutivi-

    dade para os problemas surgidos durante os pro-

    cedimentos clnicos tem sido constante. Uma das

    grandes limitaes para a Ortodontia sempre foi a

    bidimensionalidade proporcionada pelas imagens

    radiogrficas convencionais. Na tentativa de solu-

    cionar este problema, o uso de imagens ortogonais

    entre si, como telerradiografias laterais e frontais,

    tem sido empregado desde a descrio da cefalo-

    metria por Broadbent em 1931.

    Marcelo Augusto Oliveira de Sales Patrcia de Medeiros Loureiro Lopes

    Dentro desse contexto, as tcnicas tomogr-

    ficas vieram revolucionar a maneira de visualizar

    o complexo maxilofacial. Descrita inicialmente

    por Hounsfield e Cormack no fim da dcada de

    60, a tomografia computadorizada revolucionou

    o diagnstico por imagem. A partir dos princpios

    matemticos descritos por Radon, Hounsfield esta-

    beleceu o principio que at hoje norteia a formao

    das imagens digitais produzidas pelos aparelhos de

    tomografia computadorizada.

  • 3 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    princpio tomogrfico | tomografia convencionalHistoricamente, o princpio de formao das ima-

    gens tomogrficas foi escrito por Bocage na dcada

    de 20 e envolvia uma dinmica sincronizada entre a

    fonte de raios-X e o receptor de imagem (filme ra-

    diogrfico). Neste tipo de tcnica existem diferenas

    fundamentais em relao s tcnicas convencionais.

    No princpio tomogrfico, a formao das imagens

    realizada por meio de um modo dinmico, em que a

    fonte de raios-X e o dispositivo receptor de imagem

    (filme) se movem de maneira sincrnica e antagni-

    ca, em um ngulo determinado, referenciado como

    ponto de fulcro. Tudo que se localiza neste ponto

    de fulcro ou camada focal exibido na imagem de

    maneira detalhada, sendo as estruturas localizadas

    fora da camada focal borradas. (Figura 01 princpio

    tomogrfico clssico). Tal movimento pode ser rea-

    lizado tanto no plano horizontal quanto no vertical.

    A variao do ngulo e a complexidade (trajet-

    ria) dos movimentos realizados entre fonte e receptor

    de imagem tornam a imagem melhor ou pior, permi-

    tindo a visualizao das estruturas dentro da camada

    focal. Desta maneira so produzidas as imagens tomo-

    grficas lineares, espirais ou hipocicloidais. Todas estas

    Fig. 01 PrinCPiO TOMOgrFiCO: Atravs de um movimento sincrnico e anta-gnico entre fonte de raios X e receptor de imagem, as estruturas superpostas (A, B e C) so dissociadas. Como B localiza-se no vrtice do movimento (ponto de fulcro), sua imagem permanece ntida, enquanto A e C tornam-se borradas.

    imagens so descritas como tomografias convencio-

    nais (no computadorizadas) e podem inclusive ser re-

    alizadas por aparelhos de radiografia panormica, que

    produzem as imagens conhecidas como tomografias

    lineares (Figura 02 A-D tomografias lineares). Atu-

    almente, com o advento dos receptores de imagem

    baseados em detectores planos e placas de fsforo na

    radiologia digital, retomou-se o interesse nas tcnicas

    tomogrficas convencionais atravs da tomossntese.

    Fig. 02 A-D iMAgenS TOMOgrFiCAS obtidas com base no princpio clssico. A e B Radiografias panormicas com reas mandibulares edntulas. C e D Tomo-grafias lineares de mandbula evidenciando a possibilidade de mensurao ssea em altura e espessura das corticais mandibulares. Verifica-se que a imagem ficou borrada devido superposio das reas adjacentes.

    A B

    Fonte de raios-X

    Receptor de imagem

    BCA

    A DC

  • 4DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Imagens de tomografia computadorizada

    Para formao das imagens tomogrficas compu-

    tadorizadas, o princpio dinmico de maneira geral

    o mesmo. Entretanto, no lugar de receptores de

    imagem convencionais (filme), usado um arran-

    jo de detectores cermicos/gasosos (tomografia

    computadorizada espiral/helicoidal) ou um detec-

    tor plano feito de silcio amorfo impregnado com

    iodeto de csio (tomografia computadorizada por

    feixe cnico - TCFC), em um processo muito similar

    ao utilizado na produo de semicondutores. A tra-

    jetria do movimento passa a ser circular ao redor

    da estrutura a ser avaliada.

    Na tomografia computadorizada espiral, a fon-

    te gira ao redor do paciente que se encontra em

    decbito dorsal e um feixe de raios X delgado em

    forma de leque emitido (Figura 03 tomgrafo es-

    piral). Os conceitos de atenuao radiogrfica dife-

    rencial so os mesmos das tomadas convencionais,

    em que os tecidos de maior densidade e espessura

    atenuam o feixe de radiao. Aps a interao dos

    raios X com os tecidos, os ftons emergentes so

    captados pelos detectores e estes realizam a con-

    verso analgico-digital (atravs de processos com-

    putacionais conhecidos como algoritmos) para a

    formao da imagem digital final. No processo de

    aquisio das imagens, o conjunto fonte/detector

    gira de forma sincronizada.

    Fig. 03 TOMgrAFO COMPuTADOrizADO eSPirAL. O paciente posicionado em decbito dorsal enquanto a fonte e o conjunto de detectores gira ao redor da mesa. Neste tipo de aquisio tomogrfica podem ser adquiridas uma ou mais imagens (tomgrafos multislice) por rotao da ampola.

  • 5 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Cumpre ressaltar que todas as imagens obtidas

    em tomografia computadorizada so digitais nati-

    vas, armazenadas em formato especfico (extenso

    de arquivo) (DICOM http://medical.nema.org/ -

    Figura 04 DICOM home page) e que atendem a

    requisitos especficos tanto no campo legal quanto

    no campo do diagnstico.

    Este formato de imagem permite a visualiza-

    o das imagens atravs de qualquer programa

    que leia/interprete o formato DICOM, facultando

    ao profissional processos como diagnstico dis-

    tncia, confeco de prottipos, entre outros. No

    processo de aquisio espiral (single ou multislice),

    as imagens so obtidas de maneira especfica, per-

    pendicular mesa (imagens axiais originais) e, de-

    pois, reunidas por meio de programas especficos

    de computador, gerando, desta maneira, o volume

    total. O princpio de aquisio dos sistemas espirais

    d origem a imagens axiais que posteriormente

    so unidas atravs de programas de computador,

    dando origem s imagens coronais e sagitais. Nes-

    tes casos, vrios fatores como espessura de corte,

    intervalo de reconstruo e algoritmos (mtodos)

    de reconstruo vo influenciar no resultado final

    da imagem a ser visualizada. Este processo deno-

    minado aquisio.

    tomografia computadorizada por feixe cnico (cone-Beam computed tomography) aquisioParalelamente aos trabalhos de aprimoramento

    dos mtodos de aquisio espiral que resultariam

    nos tomgrafos single e multislice, na dcada de

    90, Feldkamp. Davis e Kress desenvolveram um

    algoritmo, inicialmente utilizado para ensaios no

    destrutivos e avaliao de materiais na Ford Mo-

    tors, que, em vez de utilizar um feixe em forma de

    leque, baseava-se em um feixe de radiao em for-

    mato de cone. (Figura 05 A-E aquisio espiral

    e aquisio por TCFC). Tal algoritmo possibilitou o

    aprimoramento de um mtodo denominado TCFC

    (tomografia computadorizada por feixe cnico).

    Neste princpio de aquisio, todo o feixe de raios

    X produzido pela fonte geradora seria utilizado,

    tornando o seu uso mais racional. Ao contrrio dos

    Fig. 04 Home page DO FOrMATO DICom (Digital Imaging and Comunica-tions in Medicine). Este formato de arquivo corresponde ao formato univer-sal para imagens mdicas e pode ser lido atravs de qualquer programa de computador compatvel.

  • 6DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Fig. 05 A,B FOrMAO DA iMAgeM tomogrfica computadorizada em TC es-piral: Um feixe delgado de raios X em forma de leque utilizado e so obtidas imagens sequenciais no plano axial para formao do volume final (imagens empilhadas).

    A

    B

  • 7 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    mtodos espirais, na TCFC utilizado um detector

    plano base de silcio amorfo impregnado com

    iodeto de csio, em um arranjo matricial (linhas X

    colunas) micromtrico, formando painis sens-

    veis radiao. Este tipo de detector plano capta

    totalmente ou parcialmente (colimao varivel)

    o cone de raios X. Devido a esta caracterstica na

    captao do feixe de radiao, menor quantidade

    de rotaes da ampola ao redor do paciente so

    necessrias para a formao da imagem e uma

    menor quantidade de radiao utilizada, resul-

    tando em decrscimo na dose efetiva de radiao

    para o paciente.

    Fig. 05 C-D FOrMAO DA iMAgeM tomogrfica computadorizada em TCFC: usado um feixe de raios X em forma de cone e por meio de projees radiogr-ficas obtido o volume que ser processado pelo computador, dando origem s imagens axiais, coronais e sagitais.

    C

  • 8DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    D

    e

  • 9 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Estes sistemas de deteco de imagem

    j so conhecidos desde a dcada de 80, sen-

    do utilizados rotineiramente para aplicaes

    como mamografia, angiografias e radiologia

    intervencionista, com os primeiros sistemas

    desenvolvidos para realizao de procedimen-

    tos angiogrficos nos EUA. Na TCFC, a imagem

    formada a partir de projees sequenciadas

    obtidas durante a rotao da ampola ao redor

    da cabea do paciente. Estas imagens prim-

    rias so dependentes do tamanho do detector

    utilizado, da projeo do cone de raios X e da

    colimao deste (FOV Field of View ou campo

    de viso), sendo denominadas dados de proje-

    o, raw data (dados brutos) ou imagens base.

    Estas imagens sero todas ps-processadas pelo

    computador/console do tomgrafo, fornecendo

    as imagens que sero interpretadas pelo profis-

    sional, o que constitui o volume tomogrfico ad-

    quirido. Dependendo do tipo de aparelho usado,

    so obtidas imagens em rotao de 180 ou 360

    graus e, neste processo, quanto maior o nmero

    de imagens adquiridas, mais informao dispo-

    nvel para a construo do volume ser dispo-

    nibilizada, resultando em melhores resultados.

    Durante este perodo de aquisio, tempos de

    10 a 40 segundos podem ser configurados, sen-

    do os tempos menores indicados para crianas

    ou pacientes com distrbios do movimento, fo-

    bias ou outros problemas que os impossibilitem

    permanecer imvel durante o tempo de aquisi-

    o das imagens, sendo o tempo total do exame

    comparvel ou equivalente ao de uma radiogra-

    fia panormica. A partir de vrias projees bidi-

    mensionais, podem ser obtidas imagens planas

    (2D) e imagens em terceira dimenso (3D) (Figu-

    ra 06 A-E projees e volume). Este princpio

    de aquisio geralmente utiliza a radiao de

    forma pulsada, empregando desta forma menor

    quantidade de radiao quando comparadas s

    tcnicas espirais.

    Fig. 06 A-e DurAnTe O PrOCeSSO de aquisio em TCFC so obtidas proje-es sequenciadas e em vrios ngulos (180 a 360) do volume desejado. Aps este processo, as imagens so combinadas atravs do computador, formado o volume total. Deste volume total sero obtidas as imagens (cortes) nos vrios planos anatmicos.

  • 10

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    A B

    DC

    e

  • 11 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Na Odontologia, o primeiro sistema comercial

    disponvel data de meados de 2001, ocorrendo des-

    de ento intenso desenvolvimento e aprimoramen-

    to dos tomgrafos baseados em aquisio por feixe

    cnico. A rea de captao da imagem (FOV Field

    of View), ou campo de viso, determinada pela co-

    limao do feixe, resultado em aparelhos com FOV

    varivel entre 4 e 22cm no sentido superoinferior (Fi-

    gura 07 A-D tamanho do FOV). Em termos prticos,

    o tamanho do FOV do aparelho tem influncia na

    qualidade da imagem e no custo de aquisio do to-

    mgrafo. Na Odontologia, devido menor exigncia

    dos regimes de trabalho (Kvp e ma), a ampola do to-

    mgrafo mais simples (muito similar a uma ampo-

    la de aparelho panormico) e, consequentemente,

    mais barata, o que possibilitou o desenvolvimen-

    to de modelos de tomgrafos computadorizados

    mais acessveis. Estas caractersticas proporcionam

    definitivamente o acesso s imagens tomogrficas

    computadorizadas de maneira mais efetiva ao cirur-

    gio-dentista e, principalmente, ao ortodontista.

    Fig. 07 A-D DeLiMiTAO DA reA de aquisio da imagem: Diferentes campos de viso (FOV) configurados para aquisio em TCFC. A FOV estendido para aqui-sio de toda a face, B FOV para aquisio de mandbula, C FOV para aquisio de maxila e mandbula, D FOV para aquisio de maxila.

    Formao da imagem digital

    Para entendimento efetivo da TCFC, essencial o

    conhecimento dos princpios que compem as

    imagens digitais. Para todas as imagens digitais, a

    menor unidade da imagem denominada de pi-

    xel (picture element). O pixel formado a partir de

    um arranjo cartesiano bidimensional entremeado

    por linhas e colunas no arranho conhecido pelos

    eixos X e Y. A interseo das linhas com as colu-

    nas forma pequenos quadrados que compem a

    imagem (Figura 08 A arranjo de pixels em uma

    matriz; Figura 08 B imagem/voxel). Entretanto,

    devido ao seu princpio de aquisio especfico e

    primordialmente volumtrico, as imagens tomo-

    grficas computadorizadas so essencialmente

    tridimensionais. Os pixels representam essencial-

    A

    B

    C

    D

  • 12

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    mente uma face das unidades formadoras da ima-

    gem tridimensional, o voxel (volume elements)

    (Figura 09 voxel), o que por analogia poderia

    ser entendido como um cubo, diferentemente do

    pixel que representaria um quadrado.

    Fig. 08 A ArrAnhO MATriCiAL de linhas X colunas para formao da imagem. Verifica-se a interseco das linhas e colunas formando quadrados que corres-pondem aos pixels (P). O pixel representa uma das faces de um voxel.

    Fig. 08 B DA eSquerDA PArA A DireiTA: Da imagem tomogrfica (corte coro-nal) at o arranjo matricial pixels com diferentes tons de cinza (escala de bits).

    Fig. 09 eLeMenTOS COnSTiTuinTeS das imagens de tomografia computadorizada. P Correspondente ao Pixel (picture element) que constitui a unidade bi-dimensional, V - Voxel (volume element) formador da unida-de tridimensional. Os pixels representam a ima-gem exibida em monitores, enquanto os voxels so responsveis pela capacidade de reconstru-o multiplanar (RMP) e em terceira dimenso.

  • 13 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Durante a formao das imagens, a radiao

    atenuada de acordo com a densidade e espessu-

    ra do tecido que ela atravessa, dando origem na

    radiologia convencional s imagens radiopacas

    e radiolcidas. Em se tratando de imagens tomo-

    grficas, a existncia da escala de Hounsfield, que

    correlaciona o coeficiente de atenuao radiogrfi-

    ca com cada tecido, faz com que as imagens sejam

    denominadas de hiperdensas (imagens dos tecidos

    com alto coeficiente de atenuao), isodensas (ima-

    gens com atenuao prxima ou correspondente

    gua) e hipodensas (baixo coeficiente de atenua-

    o prximas ou correspondentes ao ar).

    importante ressaltar que esta nomenclatura

    deve ser utilizada obrigatoriamente na descrio dos

    relatrios/laudos pelo profissional. A aquisio em

    voxel possibilita um processo denominado reforma-

    tao. A reformatao do volume base obtido du-

    rante o processo de aquisio fornece imagens em

    diversos planos anatmicos, tais como sagital e co-

    ronal. Essas imagens podem ser denominadas RMP

    (reconstruo multiplanar/MPR multiplanar recons-

    truction). Como a aquisio realizada por meio dos

    voxels, na TCFC nativamente tambm se encontra a

    reconstruo em terceira dimenso (3D-TC). (Figura

    10 A-D reformatao do volume em TCFC).

    Fig. 10 A-D reFOrMATAO MuLTiPLAnAr (RMP ou MPR). A partir do volu-me tomogrfico obtido por TCFC so reconstrudas as imagens axiais (A), sagitais (B), coronais (C) e reconstruo em terceira dimenso (3D reconstruo pela tcnica de volume).

    A

    C

    B

    D

  • 14

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Aps a aquisio, inicia-se o processo de re-

    construo, no qual o computador analisa as in-

    formaes obtidas pelos detectores e, por meio

    de complicados processos matemticos, consegue

    determinar especificamente quais as estruturas en-

    volvidas na imagem e suas respectivas localizaes

    no espao, eliminando a limitao das radiografias

    convencionais e fornecendo a capacidade de visu-

    alizao em terceira dimenso por unio das ima-

    gens axiais originadas. Este tempo de reconstruo

    varivel e depende de fatores como tamanho do TAB. 01 PrOTOCOLOS De AquiSiO em TCFC. De acordo com a finalidade das imagens, os parmetros de aquisio podem ser configurados, visando-se minimizar a exposio radiao ionizante, bem como a reduo de artefatos na imagem por movimentao do paciente (tempo reduzido de aquisio).

    FOV, tamanho do voxel empregado, hardware e

    programas de reconstruo, variando de 2,5 a 8 mi-

    nutos no total. Fatores como o tamanho do voxel,

    tamanho do FOV e tempo de aquisio tem grande

    influncia na aplicao clnica da imagem tomogr-

    fica (Tabela 01). Adicionalmente, as imagens digitais

    possuem tons de cinza que tm intensidade vari-

    vel na razo direta da escala de bits utilizada (8 bits

    256 tons de cinza; 16 bits 65,636 tons de cinza).

    FinALiDADe De AquiSiO TAMAnhO DO FOV TeMPO TAMAnhO DO VOXeL

    Aquisio geral

    Face toda 13cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Maxila 6cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Mandbula 6cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Max/Mand 8cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Ortodontia

    Adulto 22cm 40 seg. 0.4mm voxel

    Criana 13cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Preservao 13cm 10 seg. 0.3mm voxel

    ATMBoca fechada 8 ou 13cm 20 seg. 0.3mm voxel

    Boca aberta 6 ou 8cm 10 seg. 0.3mm voxel

    Implante/Dentes inclusos/Fraturas

    dentrias

    Padro 13/8/6cm 40 seg. 0.25mm voxel

    Casos especficos 8/6cm 40 seg. 0.2mm voxel

  • 15 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Interpretao tomogrfica

    CComo qualquer modalidade de diagnstico por

    imagem, importante a compreenso das ima-

    gens obtidas atravs de TCFC. Como imagens to-

    mogrficas computadorizadas, estas devem ser

    interpretadas da maneira correta e, para isto, o pro-

    fissional deve ser treinado de maneira especfica.

    Os aspectos anatmicos das estruturas do comple-

    xo maxilofacial diferem radicalmente nas imagens

    tomogrficas quando comparados s imagens con-

    vencionais. A possibilidade de visualizao em to-

    dos os planos anatmicos cria um paradigma que

    s pode ser quebrado com a formao e o treina-

    mento do profissional.

    Neste contexto, fundamental o entendimento

    perfeito das imagens obtidas atravs da TCFC. Para

    quaisquer imagens tomogrficas, fundamental

    o estabelecimento de uma sequncia de visuali-

    zao especfica e ordenada. A partir do volume

    inicial obtido, todas as imagens so reconstrues

    geradas pelo computador. Inicialmente devem

    ser analisadas todas as imagens axiais, coronais

    e sagitais, devendo a anatomia da regio ser en-

    tendida de maneira completa e aps treinamento

    especfico para identificao dos reparos anat-

    micos intrnsecos a cada especialidade. (Figuras

    11A-D e 12 A-D acidentes anatmicos). Aps a

    visualizao criteriosa e obrigatria de todo o vo-

    lume adquirido, o profissional deve seguir para a

    obteno de imagens adicionais (reconstrues

    coronais panormicas, imagens parassagitais ou

    oblquas) e, somente por ltimo, obter a visualiza-

    o em terceira dimenso (3D).

    Fig. 11 A-D reFernCiAS AnATMiCAS em TCFC Espinha nasal anterior. Verifica-se a apresentao anatmica caracterstica em TCFC. A imagem axial, B imagem sagital, C imagem coronal e D reconstruo em terceira dimenso (3D reconstruo pela tcnica de volume). Em D, o volume encontra-se rotacio-nado em sentido laterolateral.

    Fig. 12 A-D eSPAO AreO nASOFArngeO. A imagem axial, B imagem sagital, C imagem coronal e D reconstruo em terceira dimenso (3D re-construo pela tcnica de volume). Em D, o volume encontra-se rotacionado em sentido inferossuperior.

  • 16

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    11 A-D

    12 A-D

    A

    A

    C

    C

    B

    B

    D

    D

  • 17 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Reconstrues coronais panormicas

    Partindo de uma imagem axial selecionada no vo-

    lume total, as reconstrues coronais panormicas

    so obtidas a partir de ferramentas especficas exis-

    tentes nas sutes de anlise das imagens tomogr-

    ficas. Todas as reconstrues coronais panormicas

    so baseadas em uma curva desenhada manual-

    mente pelo operador e que traada geralmente

    sobre o processo alveolar do arco avaliado (Figura

    13 A-C - obteno RCP). Esta curva possui espessura

    varivel e d origem a uma imagem semelhante a

    uma radiogrfica panormica convencional. O au-

    Fig. 13 A-C OBTenO DA reCOnSTruO coronal panormica em maxila. A imagem axial referncia, B delimitao da curva que formar a recons-truo coronal panormica, C aspecto da imagem obtida (espessura de corte tamanho do voxel de 0,25mm).

    mento ou diminuio da espessura desta reconstru-

    o coronal panormica engloba maior ou menor

    quantidade de estruturas, mudando a aparncia da

    imagem de acordo com este valor selecionado (Fi-

    gura 14 A-F RCP com vrias espessuras). Cumpre

    ressaltar que esta imagem no corresponde a uma

    radiografia panormica e no deve ser interpretada

    A B

    C

  • 18

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    como tal. Denominaes como panormica volu-

    mtrica, panormica tridimensional, tomografia

    panormica, entre outras, conduzem o profissional

    a interpretaes equivocadas e errneas, e no de-

    vem de maneira nenhuma ser utilizadas, pois no

    correspondem em absoluto a radiografias panor-

    micas, sejam estas obtidas por meio digital direto,

    indireto ou ainda baseado em filme.

    Fig. 14 A-F ASPeCTO DA reCOnSTruO coronal panormica e correspondncia com a espessura de corte. Adicionalmente, verifica-se a ampliao do espaamen-to das linhas verdes no corte axial referncia, demonstrando o aspecto varivel desta imagem (imagens obtidas a partir de aquisio simultnea para maxila/mandbula FOV de 13cm). Observa-se nas imagens axiais o aumento do espaa-mento entre as linhas verdes, demonstrando o aumento da camada focal.

    A e B 0,25mm de espessura do plano de corte. Aspecto panormico e aspecto no corte axial referncia.

    C e D - 5mm de espessura do plano de corte. Aspecto panormico e aspecto no corte axial referncia.

    E e F - 20mm de espessura do plano de corte. Aspecto panormico e aspecto no corte axial referncia.

    A

    C

    e

    B

    D

    F

  • 19 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    As reconstrues coronais panormicas de-

    vem ser utilizadas para localizao dos cortes pa-

    rassagitais obtidos. Estas imagens se prestam, de

    maneira geral, para anlise ssea quantitativa em

    Implantodontia, anlise de corticais sseas em

    Ortodontia e avaliao do comprometimento

    sseo vestibular e palatino/lingual em patologias

    Fig. 15 A-e APLiCAO DAS iMAgenS em mltiplos planos para avaliao das cor-ticais sseas na regio de dente 23. A imagem axial referncia, B Reconstruo coronal panormica, C-E aspecto da cortical ssea vestibular (cabea de seta) na regio do dente 23 (imagem parassagital com 0,25mm de espessura de corte).

    (Figura 15 A-C avaliao de corticais sseas).

    As marcaes existentes na base da reconstru-

    o coronal panormica servem como guias de

    orientao para a visualizao das imagens paras-

    sagitais. Durante a avaliao de corticais sseas,

    acidentes anatmicos e/ou patologias existentes,

    a correspondncia deve ser realizada de maneira

    pragmtica. (Figuras 16 e 17 RCP e cortes paras-

    sagitais de dente incluso mandibular).

    A B

    C D e

  • 20

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Fig. 16 SequnCiA De OBTenO de imagens parassagitais em caso de dente incluso em regio de snfise mandibular. A imagem axial referncia, B demar-cao do plano de obteno da reconstruo coronal panormica e numerao dos cortes parassagitais, C reconstruo coronal panormica evidenciando na base da imagem a escala correspondente s imagens parassagitais obtidas.

    Fig. 17 COrreSPOnDnCiA enTre A eSCALA existente na reconstruo coronal panormica e as imagens parassagitais. A imagem correspondente ao dente canino incluso em regio de snfise mandibular, B imagens parassagitais 80 a 91 evidenciando o posicionamento do dente canino incluso com as corticais sse-as vestibular e lingual, bem como com a poro radicular dos dentes adjacentes. Medidas do dente incluso em seus maiores eixos: 22,81mm em sentido inferossu-perior e 7,62mm anteroposterior. Presena do decduo com rea hipodensa apical (rea de lise ssea/radicular). Cortes parassagitais com 01mm de espessura de corte e 01mm de espaamento.

    16

    17

  • 21 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Dentro da Ortodontia, vrios softwares per-

    mitem a simulao de radiografias panormicas.

    Entretanto, estas imagens devem ser avaliadas

    com cuidado, visto que no correspondem a reais

    imagens panormicas, devendo a sequncia de in-

    terpretao das imagens axiais, coronais e sagitais

    ser seguida obrigatoriamente sob pena de erro na

    interpretao. (Figuras 18 A-D e 19 A-D). Tcnicas

    Fig. 18 A-D iMPOrTnCiA DO SeguiMenTO correto da sequncia de visuali-zao de imagens tomogrficas. A Imagem axial com o cursor posicionado em hiperdensidade em regio de linha mdia do palato correspondente ao dente in-cluso, B imagem sagital com posicionamento da coroa do dente incluso no pala-to para posterior e relao deste com a fossa nasal e corticais sseas, C imagem coronal, D reconstruo em terceira dimenso segmentada.

    de reconstruo tridimensional possibilitam adicio-

    nalmente visualizar a reconstruo coronal panor-

    mica em 3D. (Figura 20 A-D reconstruo coronal

    panormica em terceira dimenso). Na Ortodontia,

    especial ateno deve ser dada aos recursos pro-

    porcionados pela TC. As imagens cefalomtricas

    so obtidas a partir da superposio de imagens no

    plano sagital mediano ou coronal, por aumento da

    espessura destas.

    Fig. 19 A-D iMPOrTnCiA DO COnheCiMenTO das caractersticas da imagem tomogrfica computadorizada e manipulao destas por meio da computao grfica. Reconstruo coronal panormica do caso anterior. A e D Ausncia de visualizao do dente incluso no palato, B vista frontal do volume em terceira di-menso (tcnica de reconstruo por volume), C Vista superoinferior do volume em 3D, com espessura da reconstruo coronal panormica demonstrada.

    Fig. 20 A-D reCOnSTruO COrOnAL panormica em terceira dimenso por meio da tcnica de volume. A Imagem da RCP, B rea de delimitao superior e inferior do volume, C camada focal evidenciando as estruturas anatmicas abrangi-das na formao da imagem, D prvia da imagem a ser reconstruda em A.

    18 A-D

    A

    C

    B

    D

  • 22

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    19 A-D

    20 A-D

    A

    B C D

    A

    B C D

  • 23 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Cumpre ressaltar que, como toda imagem to-

    mogrfica computadorizada, estas no possuem

    distoro radiogrfica como nas imagens conven-

    cionais, sendo sempre exibidas em proporo cons-

    tante e dimenso real. (Figura 21 obteno de

    cefalogramas). Nestes casos, cabe ao ortodontista

    entender que os pontos craniomtricos/cefalom-

    tricos a serem marcados devem ser baseados na

    anatomia real e no na superposio de estruturas

    como acontecia nas radiografias cefalomtricas, o

    que demanda profundo conhecimento das refern-

    cias anatmicas envolvidas e tambm necessidade

    de recursos computacionais para manipulao das

    imagens tomogrficas computadorizadas, aliados

    elaborao de novos conceitos para cefalometria.

    Sabendo-se da ausncia de distoro radiogrfica

    nas imagens de TC, importante entender que no-

    vos padres de anlise cefalomtrica devem ser de-

    senvolvidos e aprimorados.

    Como condio sine qua non para o uso e inter-

    pretao de imagens de TC, tem-se a necessidade

    de programas de computador (softwares) especfi-

    cos para manipulao e reconstruo de tais tomo-

    grafias. A possibilidade real de uso da computao

    grfica e uso de modelos matemticos para rota-

    o, translao, realizao de medidas lineares e

    angulares faz com que a curva de aprendizado ad-

    quira novos objetivos. A partir de agora, torna-se

    mandatrio ao cirurgio-dentista o conhecimento

    Fig. 21 PrOgrAMA De COMPuTADOr com mdulo de cefalometria evidenciado. Verificam-se as opes existentes de ferramentas para realizao de medidas line-ares e angulares (canto superior esquerdo), bem como diferentes parmetros de reconstruo da imagem tomogrfica (Bone preset 1, MIP, entre outros).

  • 24

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    de princpios bsicos de informtica que esto as-

    sociados intrinsecamente s imagens tomogrficas.

    Na TC, o uso do computador passa a ser ex-

    tremamente importante para todos os passos sub-

    sequentes dentro da cadeia produtiva. O uso de

    hardware potente e com grande poder de proces-

    samento e armazenamento de informaes, aliado

    visualizao em mltilplos monitores, conjugado

    a softwares otimizados e/ou escritos especifica-

    mente para a Ortodontia tende a otimizar os pro-

    cedimentos clnicos (Figura 22 A-D programas

    para Ortodontia). O conhecimento das tcnicas de

    reconstruo em terceira dimenso, ferramentas

    como segmentao e realizao de medidas em

    estruturas craniofaciais torna o processo de diag-

    nstico mais preciso, culminando com tratamentos

    mais rpidos, menos traumticos e mais eficientes.

    Fig. 22 A-D PrOgrAMAS PArA OrTODOnTiA que permitem a manipulao de imagens volumtricas. A - InVivoDental (Anatomage, San Jose, USA), B - Dolphin Imaging (Chatsworth, California, USA), C - Viewbox (Verso beta dHal Software, Kifissia, Grcia), D 3DMDvultus (Atlanta, Georgia, USA).

    A

    C

    B

    D

  • 25 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Um dos benefcios obtidos a partir das ima-

    gens de TC a obteno de modelos fsicos a partir

    do processo conhecido como prototipagem. Nes-

    te processo, so utilizados conceitos baseados em

    CAD (computer-aided design) que tornam possvel a

    converso dos arquivos de tomografia computado-

    rizada em modelos individualizados e com medidas

    precisas (1:1). A partir dos arquivos DICOM originais,

    realizada a converso destes para um formato de

    arquivo conhecido com STL (stereolitography, ou

    Standard Tessellation Language), e este convertido

    por meio de tecnologias especficas (fundio por

    deposio, sinterizao seletiva, entre outras) em

    estruturas tridimensionais que podem ser utiliza-

    das para planejamento pr-cirrgico, confeco de

    guias, planejamento de implantes, e mais.

    Vantagens da imagem por tcFc

    Indo alm da obviedade da possibilidade de recons-

    truo em terceira dimenso (caracterstica comum

    a todas as imagens volumtricas tais como tomo-

    grafia computadorizada, ressonncia magntica e

    ultrassonografia), existem vantagens que indicam

    fortemente a imagem por TCFC para ortodontia.

    rea de interesse varivel (FoV)

    Com a colimao efetiva do feixe de raios X, apenas

    reas especficas do complexo maxilofacial so irra-

    diadas, possibilitando desde a visualizao comple-

    ta da face at a individualizao de estruturas como

    maxila e mandbula.

    alta qualidade de imagem

    Devido s caractersticas prprias do detector plano

    empregado para a aquisio da imagem, os voxels

    resultantes possuem alta resoluo espacial pro-

    porcionando imagens de excelente qualidade para

    visualizao de estruturas anatmicas e patologias.

    Entretanto, cumpre ressaltar que mesmo com a

    utilizao de TCFC, imagens convencionais (peria-

    picais) podem ser necessrias para complementa-

    o do processo de diagnstico. Deve-se entender

    tambm que no visualizado o tecido mole em

    TCFC. Nos casos em que h necessidade de ava-

    liao de tecido mole, obrigatoriamente deve-se

    optar por mtodos resolutivos como ressonncia

    magntica e tomografia computadorizada espiral

    (single/multislice).

    Baixa dose de radiao

    Quando comparado ao exame tomogrfico espiral

    (single/multislice), as imagens de TCFC possuem re-

    duzida dose de radiao. O tempo necessrio para

    aquisio das imagens tambm reduzido. Adicio-

    nalmente, o conforto para o posicionamento do

    paciente (sentado) e posicionamento dos tecidos

    moles em relao ao decbito dorsal das aquisies

    espirais deve ser ressaltado. necessrio enfatizar

    que os requisitos estabelecidos no princpio ALARA

    (As Low As Reasonably Achievable to baixo quanto

    racionalmente possvel), que norteiam os princpios

    de radioproteo, devem ser seguidos.

  • 26

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Visualizao

    Devido ao principio de aquisio digital, a capaci-

    dade de reformatao simultnea e em tempo real

    proporciona ao profissional a capacidade de diag-

    nstico mais efetivo e seguro. O uso de softwares

    de visualizao em computadores pessoais torna

    o processo de diagnstico mais preciso e acessvel,

    facilitando a comunicao entre as diversas espe-

    cialidades.

    acesso

    Embora os sistemas de TCFC ainda tenham elevado

    custo de aquisio para a pessoa fsica (cirurgio-

    dentista), o acesso s imagens tomogrficas est

    cada dia mais amplo. Vrios centros de diagnsti-

    co por imagem oferecem a prestao de servios,

    inclusive com cobertura dos seguros de sade dis-

    ponveis. Desta forma, esta modalidade de imagem

    tende a se tornar cada dia mais presente para o or-

    todontista e para o profissional da odontologia de

    maneira geral.

    Accorsi MAO. Comparao de grandezas cefalomtricas obtidas por meio de telerradiografias e tomo-grafias computadorizadas multislice em crnios secos humanos. Dissertao [Mestrado em Ortodon-tia]. Faculdade de Odontologia da USP, So Paulo. 2007.

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    REFERNcIaS

    aGRaDEcIMENtoS

    FAPESP/SP (Fundao de Amparo a pesquisa do Estado de So Paulo) Bolsa Ps-Doutorado Marcelo Augusto Oliveira de Sales (processo n 06/05251-8).

    Prof. Dr. Marcelo de Gusmo Paraso Cavalcanti - (LABI-3D FOUSP. Laboratrio de imagem em terceira dimenso, Faculdade de Odontologia da USP).

    Centro Universitrio de Joo Pessoa UNIP/JP. TOMOFACE Tomografia computadorizada da Face Joo

    Pessoa/PB.

  • 02captulo

  • aTomografia Computadorizada de Feixe

    Cnico - TCFC (do ingls Cone-beam com-

    puted tomography - CBCT) a cada ano que

    passa tem se tornando mais popular nos

    Estados Unidos para a obteno do diagnstico e pla-

    nejamento ortodnticos. Essa nova modalidade de

    exame por imagem oferece um alto valor agregado

    com dose de radiao relativamente baixa. Muitos es-

    tudos vm sendo conduzidos para verificar a preciso

    Aaron Molen Mauricio Accorsi

    e a acurcia dessa nova tcnica. Essa preciso justifica

    o uso da TCFC nos estudos para o posicionamento de

    implantes, espessura de corticais, de palato e cefalo-

    metria. At o momento, os estudos foram realizados

    em medidas na ordem de alguns centmetros. No en-

    tanto, importante notar que a TCFC tem limitaes

    ao medir distncias menores que um milmetro, em

    funo dos fatores que afetam a qualidade da ima-

    gem escaneada, que sero descritos a seguir.

    FatoRES INtERFERENtES Na QualIDaDE Da IMaGEM EM tcFc - aplicaes clnicas e pesquisas cientficas

  • 29 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Resoluo Espacial

    Resoluo espacial a distncia mnima necess-

    ria para se distinguir dois objetos e, muitas vezes,

    confundida com a definio da imagem ou com o

    tamanho do voxel. Fatores intrnsecos relacionados

    com o processo de aquisio, como a mdia de den-

    sidade do voxel (volume averaging1), o rudo e os ar-

    tefatos impossibilitam que a resoluo seja igual ao

    tamanho do voxel. Esses e outros fatores sero dis-

    cutidos em detalhes mais adiante. Ballrick realizou

    um estudo utilizando um tomgrafo i-CAT (Imaging

    Sciences, Hatfield, EUA) regulado em 120kVp e 5mA,

    para testar a resoluo espacial, o potencial do FOV2

    e a combinao de tamanho de voxel, por meio de

    testes realizados em um fantoma de linhas pares3. Os

    resultados indicaram que um voxel de 0,2mm apre-

    sentou uma mdia de resoluo espacial de 0,4mm.

    Os dois tamanhos de voxel mais comumente usados

    para o diagnstico ortodntico, 0,3mm e 0,4mm,

    ambos com mdia de resoluo espacial de 0,7mm.

    Consequentemente, em reas de osso muito fino, a

    resoluo espacial de 0,7mm no adequada para a

    correta visualizao do osso.

    A resoluo espacial tambm frequentemente

    confundida com a acurcia da medida. As medies

    realizadas usando TCFC tm mostrado uma preciso

    entre 0,1mm e 0,2mm. Entretanto, a preciso linear

    obtida em longas distncias diferente do potencial

    do exame para diferenciar entre dois objetos prxi-

    mos (resoluo espacial). importante notar que

    devido natureza multifatorial da resoluo espacial,

    cada tomgrafo e cada exame devem ser avaliados

    de forma individual. Para estudos utilizando a TCFC

    cujo foco seja pequenas medies, prudente usar

    uma fantoma de linhas pares (Figura 01 A,B) para de-

    terminar a resoluo espacial original do tomgrafo

    e verificar as configuraes usadas no estudo. Dessa

    forma, tirar concluses baseadas em nmeros meno-

    res que a resoluo espacial do tomgrafo , no mni-

    mo, algo temeroso. Quando um estudo falha ao no

    relatar a resoluo espacial e opta por simplesmente

    Fig. 01 A,B eXeMPLO De FAnTOMA de linhas pares (Phantom Laboratory, Sa-lem, EUA) usadas na determinao da resoluo espacial (Imagem cedida pelo Dr. J. Martin Palomo).

    1 Na tomografia computadorizada ou ressonncia mag-ntica, o efeito de expressar a densidade mdia de um voxel, como um pixel na imagem, quanto maior a es-pessura do corte, mais compensao necessria, com consequente perda da resoluo.2 FOV Field of View que, na prtica, significa a rea de interesse que selecionada pelo operador no momento da aquisio da tomografia.3 Line-pair/resolution phanton - uma espcie de "corpo de prova" utilizado para controle de qualidade e avalia-o dos aparelhos para anlise de resoluo em imagens digitais. Geralmente de acrlico e nele so embebidas/impregnadas as linhas que medem os pares de linha. o intervalo entre uma linha preta e uma branca visvel; as linhas so distantes e vo se encontrando at se tornarem indissociveis.

    A B

  • 30

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    relatar o tamanho do voxel, acabamos ficando sem

    as informaes necessrias para interpretar correta-

    mente os resultados. Deve-se ter em mente que a re-

    soluo espacial determinada usando as condies

    ideais presentes em um fantoma sempre superesti-

    ma a resoluo espacial in vivo subsequente.

    Mdia de Densidade do Voxel]

    Um dos fatores que mais influenciam a resoluo

    espacial in vivo a mdia de densidade do voxel,

    ou mdia do volume. Frequentemente, o tamanho

    do voxel maior que o objeto ou a densidade que

    ele representa. Isso ocorre com mais frequncia ao

    longo da margem de um objeto ou nas bordas de

    duas estruturas com diferentes densidades. O voxel

    s pode mostrar uma tonalidade de cinza por vez e,

    em funo disso, o voxel s poder exibir uma mdia

    da densidade presente. Simplificando, se um voxel

    representa uma rea que corresponde a 75% de te-

    cido mole hipodenso e 25% de osso cortical hiper-

    denso, esse voxel parecer mais hipodenso do que

    opaco. Este processo pode tornar os limites entre as

    densidades mais difceis de distinguir com preciso

    e resulta em menor resoluo espacial. Regies de

    osso mais fino so especialmente suscetveis a se-

    rem calculadas pela mdia do volume (Figura 02). A

    maneira mais efetiva de se diminuir a influncia da

    mdia do volume diminuindo o tamanho do voxel.

    Existe, no entanto, uma desvantagem quando uti-

    lizamos tamanhos menores de voxel, uma vez que

    eles necessitam de maior radiao para uma exposi-

    o adequada e so mais propensos a rudo.

    Fig. 02 COrTe COrOnAL do seio esfenoidal. A seta vermelha indica onde a mdia do volume (volume averaging) criou a falsa aparncia de que existe uma comunicao entre o seio e a fossa craniana anterior. (Configuraes: 0,42mm de voxel, 1,26mm de espessura do corte e FOV de 12).

  • 31 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Rudo

    Rudo o resultado no intencional de energia ou

    ftons que atingem o detector e tornam a imagem

    resultante enevoada. Os nveis de rudo nos tom-

    grafos variam muito de acordo com os aparelhos.

    Algumas mquinas so conhecidas por terem ima-

    gens mais limpas ou com menos rudo, enquanto

    outras apresentam imagens mais difceis de ler. As

    configuraes de cada mquina, o meio ambiente

    e os algoritmos de reconstruo afetam o rudo da

    imagem. A radiao secundria uma das maiores

    causas de rudo em um escaneamento. Comparada

    TCmultislice (TC mdica tradicional), a TCFC pode

    ter um nvel de disperso at 15 vezes maior. Nveis

    mais baixos de disperso da TCmultislice permitem

    que as imagens de algumas estruturas sejam me-

    lhores em relao s da TCFC. Por exemplo, Loubele

    relata que a qualidade da imagem da cortical ssea

    superior na TCmultislice, comparada com a TCFC.

    Na TCFC, o nvel de disperso aumenta na mesma

    medida em que se aumenta a rea de interesse

    (FOV). A maneira mais simples de diminuir o rudo

    de disperso usar um FOV, o menor possvel, que

    englobe a regio de interesse. Quanto maior o FOV,

    maior a disperso e pior ser a resoluo espacial.

    Por essa razo, FOVs muito extensos, como os fre-

    quentemente usados em exames ortodnticos,

    so contraindicados para exames que pretendem

    fazer medies submilimtricas. FOVs menores

    podem diminuir o rudo pela disperso, mas ao se

    diminuir o tamanho do voxel, tem-se tambm um

    efeito inverso. Quanto menor o tamanho do voxel,

    maior sua sensibilidade aos rudos; alm disso, a

    resoluo espacial ser pior do que se poderia es-

    perar. Algoritmos de reconstruo tm o potencial

    de diminuir o rudo em exames de voxel pequeno,

    porm, ainda esto em desenvolvimento. Apesar

    de um tamanho de voxel de 0,125mm estar dispo-

    nvel atualmente em alguns tomgrafos, devido a

    rudos e outros fatores, uma resoluo espacial de

    0,125mm atualmente inalcanvel.

  • 32

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    artefatos de tcnica

    Existe uma srie de artefatos que podem afetar a

    qualidade da imagem da TCFC. O que mais fre-

    quente em Ortodontia so os artefatos metlicos.

    Aquisies realizadas com a presena de brquetes

    metlicos mostram a presena de raios ou estrias

    em volta dos dentes (Figura 03 A,B). Esses artefa-

    tos poderiam ser apenas um incmodo, exceto na

    medida em que podem afetar na interpretao e

    reconstruo das estruturas adjacentes. Katsumata

    relata que as densidades de estruturas circundan-

    tes podem afetar a densidade percebida por um

    voxel adjacente. Por esse motivo, deve-se ser cau-

    teloso ao fazer medies prximas a brquetes ou

    outros artefatos metlicos, pois a resoluo espacial

    nessa rea estar comprometida. Uma analogia

    seria tentar localizar um avio voando em direo

    ao sol. Quanto mais prximo o avio chega do sol,

    mais difcil se torna v-lo devido ao brilho do sol. O

    avio continua l, mas o sol faz com que seja difcil

    distingui-lo. Outro artefato encontrado com frequ-

    ncia na Ortodontia oriundo de movimento do

    paciente no momento do exame. notria a maior

    sensibilidade da TCFC aos movimentos do pacien-

    te em relao TCmultislice. A maneira mais eficaz

    de diminuir os artefatos de movimento diminuir

    o tempo de exposio. Isso especialmente til em

    crianas. No entanto, com menor tempo de exposi-

    o, menor ser a aquisio dos dados. Isto conduz

    a uma subaquisio, o que torna mais difcil a reso-

    luo de detalhes finos. Isto apresenta um paradoxo

    quando o objetivo do exame conseguir alta re-

    soluo espacial. Expe-se o paciente a um exame

    mais longo para melhorar a resoluo espacial, mas

    aumenta-se o risco de artefatos de movimento; ou

    compromete-se a resoluo espacial com a inten-

    o de minimizar os artefatos de movimento? A

    maioria das tomografias para Ortodontia tomada

    usando-se um tempo de exposio curto, resultan-

    do em menor radiao, menor aquisio de dados,

    menores artefatos de movimento e, consequen-

    temente, menor resoluo espacial. Tomografias

    ortodnticas com essas caractersticas so ideais

    para o planejamento do tratamento em geral, mas

    so de uso menos recomendado se o objetivo for

    conduzir anlises submilimetradas mais refinadas,

    como a anlise da insero radicular.Fig. 03 A,B COrTeS COrOnAL e AXiAL demonstrando artefatos por metal. (Con-figuraes: 0,36mm de voxel, 0,36mm de espessura de corte e FOV de 12).

    A B

  • 33 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Escala de cinza

    Outro fator que afeta a resoluo de uma imagem

    a escala de cinza usada pelo equipamento para gra-

    var as vrias densidades. Inicialmente, os tomgrafos

    de feixe cnico utilizavam uma escala cinza de 08-

    bits, que indica a cada voxel uma variao entre 256

    tons de cinza. A maioria dos tomgrafos atuais utiliza

    12-bits (4096 tons de cinza), 14-bits (16.384 tons de

    cinza) ou 16-bits (65.636 tons de cinza). A resoluo

    espacial tem uma correlao positiva com a escala

    de cinza de uma imagem. Ao avaliar estruturas pe-

    quenas, deve-se usar a maior escala cinza disponvel.

    Por exemplo, estudos conduzidos usando 14-bits

    provero menos detalhes e menor resoluo espa-

    cial que os conduzidos usando escneres de 16-bits.

    Remodelao ssea

    Para se efetuar medies precisas em corticais vesti-

    bulares, a remoo dos brquetes e a interrupo da

    movimentao ortodntica esto indicadas e seriam

    importantes por motivos que vo alm de simples-

    mente evitarem os artefatos de metal. Sempre que

    os dentes esto sendo submetidos movimentao

    ortodntica, o osso alveolar na direo da fora apli-

    cada est em processo de constante remodelao.

    Essa remodelao ssea devida atividade dos

    osteoclastos que diminuem a densidade ssea na

    regio. Esse aumento da atividade dos osteoclastos

    e a reduo da densidade ssea so referidos como

    fenmeno regional aceleratrio - FRA (RAP - regio-

    nal acceleratory phenomenon). Essa diminuio da

    densidade importante ser notada, uma vez que

    a TCFC identifica a presena das estruturas por sua

    densidade. Por exemplo, o osso alveolar onde est

    acontecendo o FRA aparecer menos claramente e

    mais hipodenso numa tomografia. Isso faz com que

    osso menos ativo aparea mais destacado que o

    osso adjacente que sofre FRA, o que causa a iluso

    de que o limite sseo est ao longo das margens do

    osso menos ativo. Este fenmeno a razo para que

    as mudanas sseas alveolares somente devam ser

    avaliadas depois de cessado o tratamento ortodn-

    tico e a maturao ssea. O FRA demora entre 6 e 24

    meses para desaparecer totalmente aps o trmino

    da movimentao dentria. O tempo de espera ade-

    quado aps a concluso do tratamento ortodntico

    antes de obter uma tomografia final ainda no foi

    determinado; mas gira em torno de um perodo m-

    nimo de um ano ps-tratamento.

    concluses

    Todos os fatores descritos anteriormente devem

    ser levados em considerao durante o design e

    a interpretao de estudos realizados com TCFC.

    Fantomas de linhas pares devem ser usados para se

    determinar a resoluo espacial do tomgrafo para

    que as concluses no sejam tomadas baseadas

    em medies superiores resoluo da tomogra-

    fia. Os dois tamanhos de voxel mais comuns usados

    em Ortodontia, 0,3mm e 0,4mm, no apresentam

    resoluo espacial suficiente para avaliar mudanas

    no osso alveolar. Um tamanho de voxel menor seria

    mais apropriado para esses estudos e diminuiriam a

    influncia da mdia do volume. A presena de ru-

    do associado a um FOV estendido, frequentemente

    usado em Ortodontia, diminui a resoluo espacial

    e contraindicado nos estudos de mudanas s-

  • 34

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    seas alveolares. Um FOV, o menor possvel, e que

    abranja a regio de interesse, deve ser usado. Alm

    disso, um tamanho de voxel menor e um FOV me-

    nor, associados a um tempo de exposio maior,

    levam a uma maior aquisio de dados e podem

    prevenir uma baixa resoluo e a subaquisio. Para

    melhorar a resoluo espacial, um sensor de 16-bits

    deve ser usado para melhor avaliao da escala de

    cinza. No existe na literatura atual a presena de

    quaisquer estudos que tenham usado todas essas

    definies ideais para conseguir medies submi-

    limtricas com a TCFC. Ao contrrio, padres de

    aquisio tradicionais em Ortodontia em tomgra-

    fos com baixa escala de cinza tm sido usados, com

    inadequada resoluo espacial, para avaliar finos

    detalhes. Compreender os pontos fortes e as limi-

    taes da TCFC capacita o clnico e o pesquisador

    para avaliar corretamente essa nova modalidade de

    exames e suas aplicaes.

    Ballrick JW, Palomo JM, Ruch E, Amberman BD, Hans MG. Image distortion and spatial resolution of a commercially available cone-beam computed tomography machine. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008 Oct;134(4):573-82.

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    REFERNcIaS

  • 03captulo

  • adigitalizao dos recursos diagnsticos,

    mais do que uma tendncia, tornou-se

    parte do dia a dia dos profissionais da

    rea da sade. Alis, pode-se afirmar que

    as pessoas em geral tambm esto migrando para

    era digital. Basta falar da importncia da internet nos

    dias de hoje, alm da fotografia digital, TV de alta de-

    finio e aparelhos de telefonia celular, entre outras

    aplicaes do universo digital. Fica difcil hoje em dia

    encontrar algum servio de revelao fotogrfica

    convencional, uma vez que a fotografia digital domi-

    nou todo o mercado, seja ele amador ou profissional.

    Wilson ideyama Leandro Velasco Max Luiz de Carvalho

    Para o cirurgio-dentista que est migrando

    para os processos digitais de diagnstico e plane-

    jamento, importante conhecer os princpios b-

    sicos e aplicaes dessas novas tecnologias. Neste

    captulo, sero abordados vrios protocolos desde

    a captura at o processamento das imagens com

    o objetivo de recriar as condies encontradas

    nos pacientes e oferecer um ambiente virtual ide-

    al para que os tratamentos possam ser simulados,

    a fim de se obter maior e melhor previsibilidade

    de resultados.

    REcuRSoS tEcNolGIcoS aplIcaDoS a oDoNtoloGIa

  • 37 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    caD/caM

    CAD vem da sigla em ingls Computer-aided

    Design e significa: Desenho Assistido por Com-

    putador e o nome genrico de sistemas com-

    putacionais (software) utilizados pela engenharia,

    geologia, arquitetura, e design para facilitar o pro-

    jeto e desenho tcnico. J CAM (Computer-aided

    Manufacturing) significa Manufatura Assistida por

    Computador e contrapondo-se ao CAD, o CAM

    est no processo de produo. Qualquer processo

    auxiliado por um microcontrolador ou controlador

    numrico pode ser considerado um CAM.

    Apesar de este conceito estar presente no mer-

    cado h mais de duas dcadas e ser responsvel

    pela grande otimizao do tempo, padronizao

    da qualidade e reduo dos custos de produo,

    sua aplicao na Odontologia tardou para se po-

    pularizar e, ainda hoje, apesar de uma imensa

    diversidade de aplicaes nas mais diversas espe-

    cialidades odontolgicas, a tecnologia CAD/CAM

    tem uma penetrao modesta no mercado, princi-

    palmente pelo elevado custo de aquisio dos sis-

    temas. Outro importante motivo para a demora no

    desenvolvimento desta tecnologia na Odontologia

    o fato de que, para se trabalhar na rea dental,

    faz-se necessria a digitalizao da anatomia de

    cada indivduo a ser tratado, para que sobre esses

    modelos individualizados sejam realizadas as pro-

    postas teraputicas. Esse processo difere da inds-

    tria em que os trabalhos nascem de forma digital.

    Fig. 01 rePreSenTA O FLuXO De TrABALhO de um sistema CAD/CAM na indstria.

    1 Um micro-controlador (tambm denominado MCU) um computador-chip contendo um pro-cessador, memria e perifricos de entrada/sada. um microprocessador que pode ser progra-mado para funes especficas, em contraste com outros microprocessadores de propsito gerais (como os utilizados nos PCs).

  • 38

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Por exemplo, quando um engenheiro comea

    a desenhar um carro, ele tem a liberdade de fazer

    o desenho de cada pea de acordo com as especi-

    ficaes desejadas, porm, trata-se de peas para

    produo em srie, que no precisam se adaptar

    ao cliente; j na Odontologia, quando se preten-

    de desenhar uma estrutura metlica para prte-

    se fixa, por exemplo, necessrio que se tenha

    o desenho tridimensional dos preparos dentais,

    para que, sobre tais preparos a estrutura possa ser

    desenhada e customizada. Dessa forma, para que

    o desenvolvimento tecnolgico se adequasse

    Odontologia, foi necessrio adaptar s aplicaes

    dentais os sistemas de digitalizao, seja ele de su-

    perfcie ou volumtrico.

    Fig. 02 rePreSenTA O FLuXO De TrABALhO de um sistema CAD/CAM na Odontologia.

  • 39 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Outro aspecto importante a ser considerado

    o fato de que os profissionais ligados ao atendimen-

    to odontolgico, apesar de sua grande capacitao

    tcnica, tradicionalmente no esto to familiariza-

    dos ao computador como um engenheiro ou um

    designer grfico, por exemplo. Em funo disso, os

    softwares de aplicao dental dependem de um

    nvel de interao com o usurio muito alto, o que

    facilita sua operao, porm, atrasa e dificulta o seu

    desenvolvimento.

    De uma forma esquemtica, podemos dividir

    esta tecnologia em trs fases: a fase de aquisio

    (input), a fase de processamento e a fase de produ-

    o (output). A seguir veremos em detalhes quais as

    tecnologias disponveis para cada uma destas fases.Fig. 03 SiSTeMA CArTeSiAnO.

    Formato de arquivos

    O primeiro conceito que deve ser entendido so

    os formatos de arquivos e o entrelaamento dos

    mesmos. O arquivo tridimensional digitalizado

    no computador representado por pontos em

    um plano cartesiano. Cada ponto contm a in-

    formao das medidas em cada um dos eixos do

    plano cartesiano, ou seja, uma medida no eixo X,

    uma medida no eixo Y e uma medida no eixo Z.

    A representao de um arquivo volumtrico de

    uma mandbula, por exemplo, pode conter mais

    de 35 milhes de pontos.

    3

  • 40

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Devido infinidade de programas CAD para a

    criao de desenhos 3D, o formato padro usado

    para Odontologia o stl, uma contrao de stere-

    olithography, criado pela empresa americana 3D

    Systems (Rock Hill, EUA). Esse arquivo representa a

    pea em 3D sem utilizar as caractersticas (features)

    criadas pelos programas CAD, ou seja, o formato

    stl simplifica o formato do slido, determinando

    somente a sua casca. Dessa forma, no

    existe uma entidade chamada furo no

    desenho. O furo representado como uma

    parte da casca do slido.

    Fig. 04 rePreSenTAO de um molar em nuvem de pontos.

    Fig. 05 rePreSenTAO de um molar em malha de tringulos.

    Fig. 06 rePreSenTAO de um molar em shade.

    Fig. 07 rePreSenTAO TeXTurizADA (render) de um molar.

    4 5

    6 7

  • 41 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Toda essa informao armazenada em arqui-

    vos de diferentes extenses. A extenso stl corres-

    ponde a um arquivo que contm as coordenadas

    de pontos no espao que, interligados, formam

    tringulos. Quanto menor forem estes tringulos,

    melhor a resoluo do objeto, ao custo natural-

    mente de um tamanho maior do arquivo tridimen-

    sional, exigindo desta maneira maior tempo de

    processamento. Outros formatos de arquivos tm

    Fig. 08 FOTO 3D: representao em shade de uma pessoa.

    Fig. 09 FOTO 3D: representao da malha triangular de uma pessoa.

    Fig. 10 FOTO 3D: representao da nuvem de pontos de uma pessoa.

    Fig. 11 FOTO 3D: representao texturizada (render) de uma pessoa.

    sido desenvolvidos para suprir algumas necessida-

    des, como o caso do formato obj ou vrml, que so

    arquivos de tringulos que possuem, alm da infor-

    mao normal, informaes de cores dos pontos,

    gerando assim fotos 3D com textura.

    8 9

    1110

  • 42

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Sistemas de aquisio de Dados

    Os sistemas de aquisio de dados de produtos

    acabados para o meio digital so conhecidos como

    reverse engineering (engenharia reversa ou enge-

    nharia inversa). Esse termo define um processo que

    se d ao contrrio da engenharia convencional. A

    engenharia parte de um desenho representativo

    do produto a ser fabricado, criam-se os procedi-

    mentos de fabricao e obtm-se as peas. No caso

    da engenharia reversa, tem-se o volume (anatomia

    do paciente) e se quer gerar o modelo digital 3D

    para um sistema de coordenadas. Os sistemas de

    digitalizao podem ser divididos em dois grupos:

    aquisio volumtrica e aquisio de superfcie.

    aquisio Volumtrica

    Na aquisio volumtrica, todo o volume de uma de-

    terminada pea capturado. No caso de um modelo

    de gesso, se o mesmo possuir bolhas internas, essas

    bolhas tambm sero capturadas. Entre os equipa-

    mentos de aquisio volumtrica, destacam-se:

    tomografia computadorizada de Feixe cnico

    O tomgrafo Cone-beam compacto quando com-

    parado aos tomgrafos mdicos. O paciente fica em

    p, sentado, ou em posio de supino dependendo

    do modelo utilizado. O tomgrafo constitudo por

    um tubo que emite um feixe cnico de raios X puls-

    til e um sensor, que so unidos por um brao seme-

    lhante ao de um aparelho panormico. Uma cadeira,

    ou mesa motorizada, juntamente com sistemas de

    suporte de queixo e cabea completam o aparelho,

    que ligado a um computador comum, sem neces-

    sidade de uma estao de trabalho especfica.

    A primeira gerao de tomgrafos Cone-beam

    utilizava o sistema intensificador de imagem de

    8-bits. Com a evoluo dos aparelhos, o sensor flat

    panel passou a ser mais utilizado pelas vantagens

    que oferece, pois produz imagens livres de distor-

    es e com menor rudo, no so sensveis a campos

    magnticos e no precisam de calibrao frequente.

    Atualmente, os sensores flat panel possuem 12, 14 e

    16-bits. Quanto maior a quantidade de bits, maior a

    quantidade de tons de cinza.

    Fig. 12 TOMOgrAFiA COMPuTADOrizADA de Feixe Cnico.

  • 43 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    tomografia computadorizada Helicoidal

    A TC helicoidal, ou espiral, baseia-se nos mesmos

    princpios da radiologia convencional, segundo os

    quais tecidos com diferentes densidades absorvem

    a radiao X de forma diferente. Ao serem atraves-

    sados pelos raios X, tecidos mais densos (como o

    fgado) ou com elementos mais pesados (como o

    clcio presente nos ossos) absorvem mais radiao

    do que tecidos menos densos (como o pulmo, que

    est cheio de ar, por exemplo). Assim, um exame de

    TC indica a quantidade de radiao absorvida por

    cada parte do corpo a ser analisada (radio-densi-

    dade), e traduz essas variaes em uma escala de

    tons de cinza, representada pela somatria dos pi-

    xels (matriz), produzindo ento uma imagem. Cada

    pixel da imagem corresponde mdia da absoro

    dos tecidos nessa zona, e expresso em unidades

    Hounsfield (em homenagem ao engenheiro Ingls,

    Godfrey Hounsfield, criador da tomografia compu-

    tadoriza nos anos 60 e 70).

    Fig. 13 TOMOgrAFiA COMPuTADOrizADA MuLTiSLiCe.

  • 44

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Ressonncia Nuclear Magntica

    A ressonncia nuclear magntica uma tcnica

    que permite determinar as propriedades de uma

    substncia atravs do correlacionamento da ener-

    gia absorvida contra a sua frequncia em uma fai-

    xa de MegaHertz (MHz) do espectro magntico,

    caracterizando-se como uma espectroscopia. Essa

    tcnica utiliza as transies entre nveis de energia

    rotacionais dos ncleos componentes das espcies

    (tomos ou ons) contidas na amostra. Isso se d ne-

    cessariamente sob a influncia de um campo mag-

    ntico e sob a concomitante irradiao de ondas de

    rdio na faixa das frequncias citadas acima.

    Fig. 14 reSSOnnCiA nuCLeAr MAgnTiCA.

  • 45 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    ultrassonografia

    A ultrassonografia, ou ecografia, um mtodo

    diagnstico que aproveita o eco produzido pelo

    som para ver em tempo real as reflexes produ-

    zidas pelas estruturas e rgos do organismo.

    Os aparelhos de ultrassom em geral utilizam

    uma frequncia variada, dependendo do tipo de

    transdutor, que varia desde dois at 14 MHz, emi-

    tidos atravs de uma fonte de cristal piezoeltrico

    que fica em contato com a pele e recebendo os

    ecos gerados, que so interpretados atravs da

    computao grfica. Quanto maior a frequncia,

    maior a resoluo obtida. Conforme a densidade

    e a composio das estruturas, a atenuao e a

    mudana de fase dos sinais emitidos variam, sen-

    do possvel a traduo em uma escala de cinza,

    que formar a imagem dos rgos internos. A ul-

    trassonografia permite tambm, atravs do efei-

    to doppler, se conhecer o sentido e a velocidade

    de fluxos sanguneos. Por no utilizar radiao

    ionizante, como na radiografia e na tomografia

    computadorizada, um mtodo incuo, barato e

    seguro para avaliao obsttrica.

    Fig. 15 uLTrASSOnOgrAFiA.

  • 46

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    aquisio Superficial

    aquisio por contato

    Os sistemas de engenharia reversa so uma evo-

    luo dos sistemas de pantgrafo utilizados nos

    anos 50 pela indstria automobilstica. So sistemas

    simples que copiam um produto utilizando uma

    probe (sonda) para realizar a varredura da pea e re-

    produzir a mesma em outro material. Existem hoje

    no mercado odontolgico sistemas de pantografia

    para prtese, comercializados como sistema CAD/

    CAM, o que conceitualmente no faz nenhum sen-

    tido, porm, a confuso dos termos possibilita que

    tais enganos sejam cometidos.

    A primeira ramificao encontrada para os siste-

    mas de digitalizao na indstria o mtodo por con-

    tato, com o surgimento das mquinas de medio de

    coordenadas (CMM- Coordinate Measure Machine)

    na dcada de 70, com a primeira mquina contro-

    lada por um computador. Esse equipamento mede

    as posies geomtricas do produto quando uma

    ponta de rubi toca a pea, atravs de strain gauges

    (sensores de presso utilizados na engenharia para

    medir as cargas exercidas sobre um objeto) que en-

    viam um pulso eltrico para o computador registrar

    as coordenadas dos encoders (sensor que capta movi-

    Fig. 16 PAnTgrAFO.

  • 47 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    mento circular em um eixo). O primeiro equipamento

    a adaptar essa tecnologia de aquisio para o meio

    odontolgico foi o sistema Procera da empresa Nobel

    Biocare (Zurique, Sua). As tecnologias por contato

    utilizam uma ponta calibrada chamada probe que faz

    medies tocando a pea e registrando os pontos.

    Esse sistema de captura de dados bastante preciso,

    porm, um processo lento e, como existe o conta-

    to com a pea, necessrio especial cuidado com o

    posicionamento da pea para evitar que a mesma se

    mova perdendo assim sua referncia. Esta tecnologia

    no est indicada no caso de digitalizao de peas

    preenchidas com cera ou outros materiais moles.

    Os equipamentos por contato, por capturarem

    uma quantidade inferior de pontos e serem operador-

    dependentes, esto sendo substitudos gradativamen-

    te por sistemas de aquisio automticos. (Figura 17).

    aquisio sem contato

    Os sistemas de aquisio sem contato, por sua vez,

    podem ser subdivididos de duas formas diferentes:

    mtodo de captura (ativo ou passivo) e tecnologia

    de aquisio (superfcie ou volumtrica). Esses siste-

    mas de aquisio sem contato tm como principal

    vantagem a aquisio realizada de maneira auto-

    mtica, aumentando a repetibilidade na aquisio

    das coordenadas. A reconstruo dos arquivos mui-

    tas vezes exige computadores potentes que tm

    se tornado equipamentos cada vez mais acessveis

    devido sua popularizao.

    aquisio de superfcie

    O sistema de aquisio de superfcie composto

    por um scanner que digitaliza a superfcie de um

    determinado objeto. Os scanners 3D, como fica-

    ram conhecidos no Brasil, so equipamentos que

    fazem a leitura dos dados da superfcie do objeto

    (pode ser um modelo de estudo ou um preparo em

    gesso) e so equipamentos de aquisio de super-

    fcie ativa, isto , utilizam de uma fonte de luz para

    realizar a digitalizao. J alguns equipamentos de

    escaneamento facial utilizam uma tecnologia de

    aquisio de superfcie passiva, sem nenhuma fon-

    te de luz auxiliar. A indstria utiliza uma infinidade

    de tecnologias para adquirir os dados de um obje-

    to. A grande maioria no tem aplicao para a rea

    odontolgica; as tecnologias abordadas a seguir

    so aquelas utilizadas na Odontologia.

    Fig. 17 SCAnner De COnTATO.

  • 48

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    aquisio de superfcie ativa

    Esses equipamentos podem ser comparados a

    cmeras fotogrficas, visto que dependem de

    um campo de viso pra criar o modelo digital. Na

    maioria das vezes, um objeto digitalizado em di-

    ferentes posies mantendo-se o mesmo ponto

    de referncia. Nesse caso, o modelo passar por

    um processamento que alinha as diferentes toma-

    das, sobrepe as tomadas e, finalmente, cria uma

    nuvem de pontos nica que representa a pea. A

    aquisio de superfcie ativa tem duas tecnologias

    que so mais utilizadas: o sistema laser e o sistema

    conhecido como luz branca. Esses sistemas so ati-

    vos, pois o objeto recebe a luz de uma fonte auxiliar

    e no utiliza a luz do ambiente para fazer aquisio.

    Fig. 18 CAMPO De ViSO.

    Fig. 19 SOBrePOSiO De MALhAS 3D.

    18

    19

  • 49 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Escaneamento laser

    A triangulao 3D por laser um sistema sem con-

    tato ativo, que utiliza um feixe de laser para obter as

    medies do objeto. Este grupo de equipamentos

    de digitalizao baseado no princpio da trian-

    gulao simples. Um ponto, ou faixa de

    laser, projetado sobre a superfcie

    do objeto e registrado por um ou

    mais sensores CCD (Charge Coupled

    Devices). O ngulo de raio de luz a

    partir do scanner registrado interna-

    mente. O comprimento entre a origem

    do laser e a base fixo e conhecido a partir

    de um processo de calibrao. A distncia en-

    tre o objeto e o equipamento geometricamente

    determinada pelo ngulo registrado e o compri-

    mento da base. Este tipo de scanner alcana pon-

    tos 3D com um desvio padro menor do que um

    milmetro para distncias muito prximas (menores

    do que dois metros). A preciso depende tanto do

    comprimento da base do scanner quanto da distn-

    cia do objeto. Com o comprimento da base fixo, o

    desvio padro de distncia medida pode incremen-

    tar proporcionalmente ao quadrado da distncia.

    O sistema a laser pode ser acoplado a um sistema

    manual ou automtico que informar ao software a

    posio do sensor. Os scanners utilizados na Odon-

    tologia so todos automticos e podem ter de trs

    a cinco eixos e, quanto maior o nmero de eixos,

    maior a rea de cobertura da aquisio, pois o equi-

    pamento possui mais liberdade de movimento, o

    que aumenta o campo de viso do mesmo.

    Fig. 20 SCAnner A LASer.

  • 50

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Scanner com luz estruturada

    A fotogrametria, como o prprio nome diz, uma

    tcnica de medio de coordenadas 3D que usa

    as fotografias como base para a metrologia (medi-

    es). A fotografia descreve os princpios envolvi-

    dos na fotogrametria, enquanto que a metrologia

    descreve as tcnicas para produzir coordenadas tri-

    dimensionais a partir de fotografias bidimensionais.

    O processo fotogramtrico consiste na projeo de

    vrios padres de franjas sobre a superfcie do ob-

    jeto a ser digitalizado e captado por duas cmeras

    posicionadas em ngulos de viso diferentes. Com

    o auxlio do processamento digital de imagens e

    baseado no princpio de triangulao, as coorde-

    nadas 3D so computadas independentemente e

    as imagens podem ser calibradas simultaneamente

    durante a medio.

    Fig. 21 SCAnner De Luz eSTruTurADA.

  • 51 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Fotografia 3D

    A fotografia 3D um subtipo de scanner 3D utilizado para o es-

    caneamento da face. Alm dos dados de geometria da pea,

    esses equipamentos fazem o registro das cores de cada ponto,

    copiando assim a textura superficial. A fotografia 3D uma ferra-

    menta importante na aquisio dos dados para criao

    do paciente virtual, pois obtm os dados de

    textura de pele e posio espacial do

    paciente, tornando a simulao de

    um planejamento cirrgico mais

    realista dessa maneira, como

    veremos nos captulos se-

    guintes. A fotografia 3D utili-

    za de diferentes tecnologias,

    com e sem fontes de luz au-

    xiliares, realizando sempre

    o escaneamento superficial

    da face sem a emisso de radiao X

    para a realizao da digitalizao. Exis-

    tem trs tecnologias principais para

    esta aplicao:

    Fotometria estereoscpica passiva

    Os sistemas de fotometria estereos-

    cpica passiva utilizam quatro cme-

    ras que registram fotos de ngulos

    diferentes. As cmeras tm distncia

    e ponto focal conhecido, o objeto

    posicionado no ponto focal e as foto-

    grafias so tiradas simultaneamente

    para evitar distores na construo

    do modelo que servir de base para

    aplicao da textura. Os sistemas de

    fotografia 3D geram uma nuvem de

    pontos que representa o volume do

    objeto que ser digitalizado. Determi-

    nados softwares aplicam as texturas

    utilizando as cores da foto.

    Fig. 22 A-D FOTOMeTriA eSTereOSCPiCA PASSiVA.

  • 52

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    processamento

    aplicao da textura

    criao de nuvem de pontos

    B

    C

    D

  • 53 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    Fotometria estereoscpica ativa

    Na fotometria estereoscpica ativa, uma fonte de

    luz branca lanada sobre o objeto, diminuindo

    os problemas de iluminao encontrados na foto-

    metria estereoscpica passiva, os sistemas comer-Fig. 23 FOTOMeTriA eSTereOSCPiCA ATiVA.

    ciais so compostos de seis cmeras que obtm as

    fotos para a construo do modelo. O processo

    o mesmo do anterior.

  • 54

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

    Fotogrametria 3D colorida

    Esse sistema de fotografia 3D, ape-

    sar de utilizar o mesmo princpio de

    funcionamento do scanner por luz

    estruturada, possui uma cmera de

    alta resoluo para gerar, alm da

    digitalizao da face do paciente, a

    textura que ser aplicada no proces-

    samento dos arquivos. Esse equipa-

    mento pode ser incrementado com

    espelhos, aumentado o FOV (Field

    of View) do mesmo. Essa tecnologia

    pode ser adaptada de um scanner

    de modelos por luz estruturada com

    sistemas CAD industriais, que per-

    mitem a sobreposio de textura na

    malha de tringulos.

    Renderizao

    O processo de se obter o produto final a partir de um proces-

    samento digital qualquer aplicado essencialmente em pro-

    gramas de aquisio e modelagem 2D e 3D, alm de diversos

    processos digitais de converso, conhecido como renderi-

    zao. No contexto da modelagem 3D, pode ser entendido

    como a gerao de uma imagem a partir de um modelo tri-

    dimensional atravs de recursos computacionais. Diversos

    programas de processamento digital de sinais utilizam este

    processo para obteno do resultado final:

    Modelagem bidimensional e tridimensional (3ds Max, Maya, CINEMA 4D, Blender, Adobe Photoshop, Gimp, Corel PhotoPaint, entre outros);

    Processamento de udio (CUBase, Ableton Live!, Logic Pro, entre outros);

    Edio de vdeo (Adobe Premiere, Vegas).

    Fig. 24 FOTOgrAMeTriA 3D COLOriDA.

  • 55 | A Tomografia Cone-beam Aplicada

    A renderizao tridimensional tem aplicao

    na Arquitetura, indstria de vdeo games, simula-

    dores, filmes, Medicina, design visual, entre diversas

    outras reas. Como produto, uma grande variedade

    de renderizadores integrada a pacotes de edio

    e animao 3D (como os j citados), outros so apli-

    caes comerciais stand-alone (independentes),

    alm de projetos de cdigo aberto. Em sntese, um

    renderizador um programa de computador ba-

    seado em diversos aspectos relacionados, como:

    Fsica, percepo visual, Matemtica e linguagem

    de programao. O ato de renderizar inclui, entre

    diversos aspectos, definio de cor, reflexo da luz,

    transparncia, alm do tipo de textura das superf-

    cies em questo. Neste processo, so gerados dados

    digitais atravs do clculo da perspectiva do plano,

    sombras e capacidade de reflexo da luz das super-

    fcies. Grande capacidade computacional exigida

    no processo de renderizao de imagens 2D e 3D,

    sendo necessria uma correta especificao dos

    equipamentos utilizados para um desempenho

    adequado. Os programas mais atuais de aquisio

    tridimensional e de edio 3D exigem equipamen-

    tos de ltima gerao, tais como processadores

    com mais de dois ncleos, grande quantidade de

    memria RAM (4 GB) alm de placas de vdeo com

    memria independente (superior a 1 GB) e compa-

    tveis com as mais modernas tecnologias a fim de

    garantir um desempenho satisfatrio na visualiza-

    o, anlise e edio de modelos tridimensionais.

    concluses

    A utilizao dessas novas tecnologias oferece gran-

    des vantagens para os pacientes e tambm para

    os profissionais, podendo-se citar uma maior pre-

    visibilidade de resultados, menor nmero de com-

    plicaes e erros no tratamento, menor tempo na

    execuo dos procedimentos e um resultado final

    consideravelmente melhor. Existe um grande es-

    pao para uma evoluo tecnolgica tanto dos

    equipamentos que fazem a aquisio das ima-

    gens como dos softwares que manipulam as ima-

    gens. Espera-se tambm uma grande revoluo na

    Odontologia, com uma mudana drstica de para-

    digma na maneira com que o profissional enxerga

    e trata os seus pacientes. Alm disso, as tecnologias

    devero ser cada vez mais precisas e mais fceis

    de utilizar, cada vez mais baratas e mais completas

    (integradas), at o ponto de elas representarem de

    forma extremamente acurada o que ser de fato o

    ato cirrgico, ortodntico e/ou clnico.

  • 56

    DIaGNStIco 3D EM oRtoDoNtIa

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    Lohbaue