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DESVELANDO A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA A

PARTIR DO OLHAR DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Ana Paula da Silva1

Amanda Micheline Amador de Lucena2

RESUMO

Objetivou-se com esse estudo descrever qual a percepção dos professores da Base Técnica sobre a importância da formação Inicial e Continuada para professores tomando como referência o olhar dos docentes da Base Técnica, que em sua maioria não passaram por cursos de licenciatura e atuam como professores. Teve como lócus de pesquisa uma Escola Técnica Estadual onde o Ensino Médio é integrado. Foram aplicados questionários estruturados a partir dos eixos: formação inicial e continuada para professores. Os dados coletados apontaram para o reconhecimento, na sua maioria, que tais ambientes são essenciais para a construção de saberes da docência. A formação inicial(licenciatura) numa perspectiva contemporânea é entendida pela maioria dos sujeitos da pesquisa como espaço de cruzamento entre a subjetividade e os saberes construídos embora, para alguns o ser professor é construído no dia-a-dia em sala de aula . Percebe-se também a partir dos dados coletados que há um entendimento de que a formação continuada propicia, não somente uma reflexão e análise sobre a prática pedagógica como também uma forma de mudá-la com vistas a uma prática pedagógica eficaz. Acreditamos que se faz urgente o acalorar do debate sobre a formação inicial e continuada, especificamente no caso da Educação Profissional, estimando que tal estudo possa contribuir para o ensaio e impulsionamento na definição de políticas públicas dessa amplitude.

PALAVRAS-CHAVE: Docência; Formação Continuada; Formação Inicial.

ABSTRACT

The objective of this study was to describe what is the perception of the teachers of the Technical Base about the importance of initial and continuing education for teachers taking as reference the look of the teachers of the Technical Base, who mostly did not go to undergraduate courses and act as teachers. . It had as locus of research a State Technical School where High School is integrated with technical courses. Structured questionnaires were applied from the axes: initial and continuing education for teachers. The data collected pointed to the recognition, for the most part, that such environments are essential for the construction of teaching knowledge. The initial formation (undergraduate) in a contemporary perspective is understood by most of the research subjects as a space of intersection between subjectivity and the knowledge built, although for some being a teacher is built on a daily basis in the classroom. It can also be seen from the data collected that there is an understanding that continuing education provides, not only a reflection and analysis on pedagogical practice but also a way to change it with a view to an effective pedagogical practice. We believe that it is urgent to warm up the debate on initial and continuing education, specifically in the case of Vocational Education, estimating that such a study can contribute to the essay and impetus in the definition of public policies of this scope. KEYWORDS: Continuing Education;Initial Formation; Teaching.

1 Mestranda em Ciências da Educação /Absolute Christian [email protected] 2 Dra. em Recursos Naturais/Professora do CETEC.

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1. INTRODUÇÃO

O verbo que aparece no início do título é utilizado como verbo transitivo direto e tem como valor semântico “tornar conhecido”, “fazer com que seja revelado”. É por concordar que vale à pena discorrer sobre a compreensão da formação docente a partir do olhar dos professores da Educação Profissional que este estudo foi desenvolvido. Neste contexto o estudo envolveu profissionais que atuam como professores e que buscam consolidar-se como tal, embora não tiveram uma formação inicial e/ou continuada na perspectiva de construção e desenvolvimento de saberes inerentes da profissão docente.

A sociedade contemporânea, marcada pela globalização e pelo avanço das tecnologias, vinculados à perspectiva de efetivação de uma formação para um novo tipo de homem e seu pleno desenvolvimento, demanda padrões mais elevados de ensino e aprendizagem. Nesse contexto o foco passa a ser a escola, mais particularmente as ações pedagógicas desenvolvidas a partir de saberes mobilizados pelos docentes. Sob essa ótica, um dos principais desafios das instituições de ensino é o de atrelar as ações pedagógicas às demandas da sociedade contemporânea em meio a um ambiente de aprendizagens, sintonizadas com as necessidades, possibilidades e interesses daqueles que dela fazem parte.

Dentre os ambientes de aprendizagens podemos apontar a formação inicial e continuada como espaço/tempo de reflexão, inovação e cooperação. A expressão ambiente de aprendizagem está sendo usada aqui para designar o entrelaçar do espaço físico e as relações estabelecidas pelas pessoas. E mais, espaço de inovação, que aparece como aposta, cujo sucesso está ligado à capacidade de participar ativamente dela. Em um ambiente podem existir várias possibilidades de constituição de processos

de subjetividade, não no sentido de uma identidade fixa, mas como uma complexa rede de enunciação em que se é convocado a um posicionamento.

Ao falar em ambientes de reflexão, ressignificação e indagações na busca de conhecimentos, ações e atitudes inerentes à profissão, vislumbra-se portanto, a ênfase na “Formação de Professor” trazendo questões centrais: Como se forma professor? Como é formar-se professor? Que dimensões essenciais possuem a formação de um professor? Nessa direção de questionar e procurar produzir respostas, relativas e provisórias, inicia-se o desvelamento sobre a formação docente a partir das fases que englobam a carreira: a formação inicial e a formação continuada, vistas a partir das concepções e dos entendimentos dos sujeitos da pesquisa: profissionais que atuam como professores da Base Técnica e que estão se formando professor.

Na área da Educação é bastante comum realizar a pesquisa de campo utilizando como instrumento de pesquisa, questionários para coletar dados e informações diversas. Bodgan e Biklen (1994) indicam que a coleta de dados através de questionários representa a possibilidade de se obter dados comparáveis entre diferentes sujeitos. No referido estudo, as respostas apresentadas pelos quatro sujeitos que participaram da pesquisa, subsidiaram a construção de significados e sentidos sobre profissionais que atuam como professores da Base Técnica.

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2.FORMAÇÃO INICIAL: O SE FORMAR PROFESSOR

“... Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se faz professor, a gente se forma, como professor...” (FREIRE,1991 , p.58).

A partir dessa premissa de Freire aprofunda-se a reflexão no “se formar professor”. Para tornar-se um bom profissional é necessário o domínio de saberes e teorias que sustentarão e darão credibilidade no desenvolvimento do exercício da sua profissão. Segundo Pimenta (2006) não existe prática sem teoria que a sustente, nem teoria distanciada da prática. Pensar em formação inicial não é pensar apenas numa perspectiva técnica e racional do professor, mas ir além das suas subjetividades e profissionalidade, estabelecendo conexões entre elas para, aos poucos e com o tempo ir construindo sua identidade.

Para dialogar com as ideias de Freire, buscou-se quatro professores que lecionam no Ensino Médio Integrado ao Profissional e que não possuem licenciatura. Os professores que participaram da pesquisa possuem formação em Administração, Economia e Sistemas da Informação. O tempo que atuam na docência variou de 2 anos a 5 anos e 6 meses.

Em relação à formação inicial para professores ou seja, licenciaturas, os sujeitos da pesquisa quando questionados sobre a relevância que a mesma tem na vida do professor, apresentaram suas considerações como sendo um período importante para a carreira. Na concepção de três dos quatro professores que participaram da pesquisa, a formação de professores tem pouca importância na carreira profissional do professor e esses justificaram que:

“A prática se adquire em sala de aula, pois o que se vê nas universidades não é a realidade que enfrentamos do cotidiano”(P1)

“A pratica docentes é adquirida ao longo do tempo e fator primordial é que o professor reconheça suas falhas e tente melhorar ao longo desse processo”(P2)

“Considero que ser professor é saber compartilhar os conhecimentos e isso é a vida quem nos ensina”(P4)

Observa-se que os professores que não possuem em sua formação inicial a base da licenciatura plena, não reconhecem a importância de associar a teoria e a prática e os valores dos saberes que embasam a pratica docente, entretanto o professor P3 , por ter licenciatura plena apresenta uma concepção diferenciada dos demais e declara que:

“A formação inicial mostra-se

essencial para a formação docente, pois o capacita de forma inicial para o exercício da profissão, como também nas práticas pedagógicas.”(P3)

Ao relacionar a formação inicial com

o desenvolvimento de práticas pedagógicas, o professor P3 evidencia que a formação inicial tem significativa importância na preparação do futuro professor, dotando-o de conhecimentos que o ajudarão a assumir a tarefa educativa. Isso significa dizer que a formação inicial tem papel decisivo na promoção não apenas do conhecimento profissional, mas de todos os aspectos da profissão docente (IMBERNÓM, 2011).

Nesse sentido, se formar professor vai além do que muito se escuta dessa profissão: “que é vocação”, “é um dom”, “nasceu para ser professor”, como se as competências e habilidades fossem inatas. Então se assim o fosse para quê formação de professor? Deixando de lado essa visão mítica, faz-se necessário focar nas especificidades da profissão, ou seja, se formar professor demanda esforço, demanda tempo, demanda domínio de competências e habilidades num processo contínuo de estudos permeados por relações sociais e culturais.

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Um outro dado interessante obtido junto aos participantes é que ao serem indagados se concordam com a frase do grande expoente da educação brasileira, o Paulo Freire ao expressar sua concepção sobre a formação de professores declara:” Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador...” observa-se que dois dos quatro professores que participaram da pesquisa, concordam com a frase e justificaram:

“Concordo com a afirmação, pois a formação inicial, sozinha, não é capaz de formar um professor, mas sim toda a sua experiência, vivências aos longo da vida e atuação profissional.”(P2)

“Sim, o professor pode aprender a partir da prática, mas é fundamental que haja uma formação teórica(acadêmica).”(P3)

Os dois professores que concordaram parcialmente com a frase, justificaram que:

“O professor se forma diariamente,

mas essa formação varia de contexto para contexto, pois muitos não têm oportunidades de formação adequada onde os sistemas não dão condições e muitas vezes o processo de ensino e aprendizagem é prejudicado.” (P1)

“Considero interessante a frase no sentido de transformação, porém muitos professores mesmo sem ter licenciatura conseguem desenvolver um trabalho significativo em sala de aula.”(P4)

Para Pimenta(2006), pensar em

formação inicial não é pensar apenas em conhecimentos técnicos e racionais do professor, mas ir além das suas subjetividades, estabelecendo conexões entre elas para, aos poucos e com o tempo ir construindo sua identidade. Imbérnon (2011) reforça que é necessário destacar a conveniência de desenvolver uma formação

em que trabalhar as atitudes seja tão importante quanto trabalhar os conteúdos.

Assim, a formação inicial deve ser

tratada, como um espaço de cruzamento entre a subjetividade e os saberes construídos pelo professor, na medida em que tais saberes abram espaço para a autonomia, reflexão e transformação. Nesse entendimento Freire(2002) destaca que formar não pode ser confundido com a ação de modelagem, onde o formador dá forma a um objeto sem corpo, sem alma, sem vida.

Esse se formar professor, de acordo

com Silva(2012), deve ser um momento de constante reflexão, indagação, de repensar a sua formação numa perspectiva de uma prática pedagógica vindoura e eficaz.

As afirmações dos professores P1 de P2 deixam claro que a Formação Inicial precisa munir o sujeito de uma bagagem de conhecimentos pedagógicos que mais adiante irão fecundar a prática pedagógica. Segundo eles:

“Esta formação é o ponto inicial do desenvolvimento profissional[...], servindo como base para a construção de todo conhecimento e experiência profissional ao longo da vida” (professor P1).

“Tão importante quanto à produção do conhecimento é a capacidade de transmissão do mesmo. Neste sentido é necessário aprender a ensinar” (professor P2).

E esse desenvolvimento profissional não pode estar desassociado da prática pedagógica. Sendo assim, ao falarmos sobre a Formação Inicial há a “necessidade de construir teorias fertilizadoras da práxis dos professores no sentido de transformação”(Pimenta, 2000, p.24). E mais, os saberes pedagógicos advindos da Formação Inicial e das tessituras de experiências e vivências são pilares sustentadores da prática docente ao mesmo tempo em que a própria prática exercita a

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construção de tais saberes. Com isso a autora enfatiza a questão da teoria e da prática, ou seja, a teoria fundamenta a prática e a mesma oportuniza fontes de conhecimentos que justificará a teoria (Pimenta, 2000).

Nessa perspectiva de que”[...] formar é muito mais que treinar” FREIRE(1996,p.15) é que muitos estudiosos retratam a forte preocupação de como a formação Inicial acontece. As discussões giram em torno do abismo que existe entre o que é visto nos bancos das universidades e a realidade existente no campo da prática escolar. Silva (2012) ressalta a diferença existente entre aquilo que os professores vivenciam na formação inicial daquilo que realmente acontece no interior das escolas.

E ainda, faz-se necessário buscar meios de conhecer de perto a realidade escolar e assim, a partir dela construir um currículo que possa mudar tal realidade ou “[...] pelo menos habituar e preparar o “noviço professor” a tal realidade”(SILVA, 2012, p.1).

Sumariamente, o ponto em xeque é a importância dessa formação na profissionalidade do professor mas, não poderíamos deixar de evidenciar argumentos amplamente difundidos por estudiosos e especialistas de que programas teóricos em demasia haveria de dar lugar a programas mais centrados na prática.

Retomando portanto, a importância da formação inicial à luz das contribuições das ideias dos teóricos referenciados, onde tais ideias são evidenciadas pelas falas daqueles que experienciam tal contexto, podemos revelá-la então, que a mesma deve ser um ambiente constitutivo de saberes pedagógicos que mais adiante irão fortalecer e fecundar a profissão docente.

3. FORMAÇÃO CONTINUADA : O FORMAR-SE PROFESSOR

“Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber[...]”(FREIRE, 1996, p.115)

Inspirados nas palavras de Paulo Freire, iniciamos uma reflexão acerca da formação continuada. Ao falarmos sobre formação continuada faz-se necessário desprender-se da concepção apresentada ao longo de sua trajetória como capacitação, treinamento ou ainda como um plano de carreira. Freire(1996) ao falar sobre a boniteza da prática refere-se a uma prática desprendida de um modelo linear, mecânico do conhecimento, uma prática voltada para humanização, autonomia, inovação, investigação e inclusão. Nesse sentido uma prática bonita é uma prática que valoriza às especificidades dos contextos, que valoriza de fato o aluno e considera a educação como compromisso social e político prenhe de valores éticos, morais e culturais.

Em relação ao cuidar do saber, pressupõe-se uma revisão crítica da própria prática educativa mediante processos de reflexão e análise. Nessa perspectiva, o professor não deve adotar uma postura de um transmissor de conteúdo, e sim um profissional comprometido com sua prática, que deve ser dialógica e permeada por reflexão e ação. Esse cuidado com a boniteza da prática não se dá isoladamente, mas no coletivo.

Segundo Nóvoa(2009), a emergência do professor coletivo é uma das principais realidades do início do século XXI e mais, a competência coletiva é mais do que um conjunto de saberes individuais, é assumir uma ética profissional construída no diálogo com os pares. Trabalhar coletivamente implica desprender-se de culturas individualistas, uma vez que historicamente,

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os docentes desenvolveram identidades isoladas.

É no bojo da reflexão sobre formar-se professor com vistas a um processo de autodeterminação, que se dá a formação continuada. Imbernóm(2011) aponta eixos que permeiam a formação continuada dos professores, dentre os quais destacam-se: a reflexão prático-teórico sobre a própria prática; o aumento da comunicação entre os pares através da troca de experiências; estímulo crítico ante práticas hierarquizadas, individualistas, excludentes e ainda, mudança de postura com vistas a uma prática pedagógica mais eficaz. Tais eixos transformam o ambiente da formação continuada em um momento fecundo de ideias e ideais coletivos voltados para um projeto educativo comum a todos, onde responsabilidades e compromissos são partilhados.

No que diz respeito a esses eixos tratados por Imbernóm(2011), buscamos conhecer dos professores quais deles são considerados importantes perante a formação desenvolvida na escola. É possível conhecer a visão dos professores que participaram da pesquisa a partir de suas respostas no que se refere aos aspectos relacionados à formação continuada de professores. É possível afirmar que é unânime entre os professores a compreensão da formação continuada como ambiente de cuidado da prática através da reflexão da e sobre a mesma, bem como a importância dada aos pares nesse processo através da troca de experiências, uma prática que não se desenvolve na individualidade mas a partir da coletividade. Todos concordaram plenamente com os pilares apresentados na pesquisa como sustentadores da formação continuada.

Ao trabalho coletivo foi dado ênfase na resposta do professor P4, na fase de coleta de dados:

“O trabalho em equipe é fundamental para a realização de qualquer tarefa e na escola não pode ser diferente pois ao trabalhar em equipe fortalecemos os laços de cumplicidade, responsabilidades visando um só propósito, um só objetivo.”

Os professores, ao tratarem da formação continuada como ambiente que estimula a criticidade ante práticas individualistas e excludentes reforçam a boniteza da prática, boniteza essa tão citada por Freire e referendada por tantos outros autores. “Paulo Freire nos falava da “boniteza” do sonho de ser professor [...]. Se o sonho puder ser sonhado por muitos deixará de ser um sonho e se tornará realidade.”(GADOTTI, 2003,p.11).

Nessa perspectiva deixa-se de lado o conceito arcaico de que a formação resume-se em atualização científica e didática para adoção de um conceito de descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção da teoria. É um trabalho complexo, que acontece dentro de um ambiente que possui toda uma complexidade, carregada de intenções, fechado em si mesmo.

No entanto, não existe outro cenário melhor e mais adequado para o desenvolvimento de uma formação continuada crítica-reflexiva do que no chão da escola. Nóvoa (2009) diz que a escola é o lugar das aprendizagens e do futuro e mais, é preciso passar a formação de professores para dentro da profissão ou seja, “professor se forma na escola”. A escola é um dos pilares sustentador da formação continuada, é o lugar de crescimento profissional permanente.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados coletados foram feitos recortes tendo como foco a questão norteadora: Qual a importância da formação inicial e continuada como ambiente de constituição de saberes pedagógicos? Tais dados nos permitem discutir a concepção que esses professores têm sobre a formação inicial e continuada e qual a sua importância para o exercício da docência na Educação Profissional.

Alguns profissionais demonstraram através de suas respostas que encontram dificuldades na condução do processo de ensino e aprendizagem, principalmente quando há uma articulação entre as disciplinas da Base Técnica e as disciplinas da Base comum. Uns professores acreditam que é necessária uma formação complementar, outros não reconhecem a importância de associar a teoria e a pratica.

Assumindo-se a docência como profissão constituída de saberes específicos e próprios, faz-se necessário perceber que a importância da formação, quer seja inicial ou continuada, não se dá apenas para aquisição de conhecimentos e destrezas mais levar em consideração também as experiências vividas pelos profissionais, suas subjetividades e pessoalidades e o quanto tais experiências auxiliam na completude da sua profissionalidade, fortalecem a prática pedagógica dos professores que atuam na Educação Profissional.

Para tanto, é preciso mostrar a esses profissionais o estreitamento entre seus saberes e os saberes elencados como que necessários à docência. Analisando as respostas sobre a importância da formação Continuada percebe-se que alguns professores reconhecem esse espaço como sendo de grande importância para a constituição da identidade de professor, principalmente quando tratamos dos professores da Base Técnica, pois ao deparar-se com a conjuntura de que exercem a função de professor sem

formação específica para tal. Por outro lado, outros não enxergam na formação continuada a oportunidade de crescimento e desenvolvimento, um território de reflexão prático-teórico sobre a própria prática.

Acreditamos que se faz urgente o acalorar do debate sobre a formação inicial e continuada, especificamente no caso da Educação Profissional. Nesse momento estima-se que tal estudo possa contribuir para o ensaio e impulsionamento na definição de políticas públicas dessa amplitude. Acreditamos também que as limitações e perspectivas desses profissionais aqui elencadas possam constituir-se em insight para materializar tais políticas.

REFERÊNCIAS

BOGDAN, Roberto C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação. Tradução Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo Mourinho Baptista. Porto: Porto Editora, 1994.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. São Paulo: Grubhas, 2003. Disponível em: <http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20>.Acesso em: 24 ago.2019. GIMENO SACRISTÁN, José. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: ARTMED Sul, 1999.

IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 9. ed. v. 14. São Paulo: Cortez, 2011.

NÓVOA, Antonio (Org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 2000.

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_________. (Org.) Os professores e sua formação. Lisboa:Dom Quixote/IIE, 1997.

_________. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

PIMENTA, S.G. O estágio na formação de professores: unidade Teoria e Prática? 7. Ed. São Paulo: Cortez Editora, 2006.

_________ (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 2 ed. SãoPaulo: Cortez, 2000.

SILVA,A.Formação de professores: identidade e saberes da docência(Resumo Crítico. Disponível em : https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/formacao-de-professores-identidade-e-saberes-da-docencia-(resumo-critico)/19412.Acesso em:24 agosto 2019.