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Destaques Boletim editado pela Assessoria de Imprensa da Reitoria n o 13, 19 nov. 2010 Pelo resgate da dignidade Editorial “Alguma coisa está fora da ordem” O ano de 2010 não será esquecido tão cedo por funcionários e usuários da Coordenadoria de Assistência Social da USP. Nos meses recentes, a partir de 18 de março, o Crusp e outras instalações administradas pela Coseas foram alvo de alunos, que deixaram um rastro de barbaridades. Esta edição de USP Destaques debruça-se sobre essas ações direcionadas à Coseas. O suprassumo deste repertório se deu em 9 de novembro passado. A título de protesto, um grupo atacou a sede da Coordenadoria, quebrando a porta de vidro, cujo sucedâneo foi a ocorrência de um corte profundo no braço do recepcionista da Coordenadoria, havendo a necessidade de lhe ministrar trinta pontos para sanar o ferimento. Como revela a letra da canção, “alguma coisa está fora da ordem”. Nas páginas internas deste veículo, imagens e reflexões buscam entender essas ações de A Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) vem, desde o início do ano, sendo alvo de ações violentas e depredações, perpetradas por um pequeno grupo de usuários, alunos e ex-alunos do Crusp. Mas, o enfrentamento desses percalços tem sido feito à altura, “de forma segura e serena”, conforme explica o coordenador da área, Waldyr Antonio Jorge. Por sua vez, os investimentos nas políticas de apoio à permanência e formação estudantil, este ano, são de R$ 88 milhões. Leia nas páginas 2, 3 e 4 vandalização e suas implicações. Na última página, o coordenador da Coseas, Waldyr Antonio Jorge, em entrevista, explica o que está sendo feito no intuito de barrar essa escalada de agressões. Com viés de outra natureza, este ano será lembrado também pelos recursos que têm sido envidados para fortalecer a política de apoio à formação e permanência estudantil que, em 2010, chegam a R$ 88 milhões, com grandes investimentos em moradia estudantil e bolsas de apoio socioeconômico. Para finalizar, destacamos a criação, por um funcionário do próprio setor, Fabio Silva, de nova logomarca para a Coseas. Na imagem adotada, estão simbolizados conceitos como segurança, família, moradia, união de esforços, mentes diferentes, de diversas correntes de pensamento, ideologias, raças e credo. Não é difícil notar que esse conjunto de palavras define, em grande medida, o ideal universitário, o ideal da USP. Nenhuma força bruta pode macular o ethos da nossa Universidade.

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Page 1: Destaques - USP · 2010-11-23 · Destaques Boletim editado pela Assessoria de Imprensa da Reitoria no 13, 19 nov. 2010 Pelo resgate da dignidade Editorial “Alguma coisa está fora

DestaquesBoletim editado pela Assessoria de Imprensa da Reitoria no 13, 19 nov. 2010

Pelo resgate da dignidade

Editorial“Alguma coisa está fora da ordem”O ano de 2010 não será esquecido tão cedo por funcionários e usuários da Coordenadoria de Assistência Social da USP. Nos meses recentes, a partir de 18 de março, o Crusp e outras instalações administradas pela Coseas foram alvo de alunos, que deixaram um rastro de barbaridades.Esta edição de USP Destaques debruça-se sobre essas ações direcionadas à Coseas. O suprassumo deste repertório se deu em 9 de novembro passado. A título de protesto, um grupo atacou a sede da Coordenadoria, quebrando a porta de vidro, cujo sucedâneo foi a ocorrência de um corte profundo no braço do recepcionista da Coordenadoria, havendo a necessidade de lhe ministrar trinta pontos para sanar o ferimento. Como revela a letra da canção, “alguma coisa está fora da ordem”.Nas páginas internas deste veículo, imagens e reflexões buscam entender essas ações de

A Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) vem, desde o início do ano, sendo alvo de ações violentas e depredações, perpetradas por um pequeno grupo de usuários, alunos e ex-alunos do Crusp. Mas, o enfrentamento desses percalços tem sido feito à altura, “de forma segura e serena”, conforme explica o coordenador da área,Waldyr Antonio Jorge.Por sua vez, os investimentos nas políticas de apoio à permanência e formação estudantil, este ano, são de R$ 88 milhões.

Leia nas páginas 2, 3 e 4

vandalização e suas implicações. Na última página, o coordenador da Coseas, Waldyr Antonio Jorge, em entrevista, explica o que está sendo feito no intuito de barrar essa escalada de agressões.Com viés de outra natureza, este ano será lembrado também pelos recursos que têm sido envidados para fortalecer a política de apoio à formação e permanência estudantil que, em 2010, chegam a R$ 88 milhões, com grandes investimentos em moradia estudantil e bolsas de apoio socioeconômico. Para finalizar, destacamos a criação, por um funcionário do próprio setor, Fabio Silva, de nova logomarca para a Coseas. Na imagem adotada, estão simbolizados conceitos como segurança, família, moradia, união de esforços, mentes diferentes, de diversas correntes de pensamento, ideologias, raças e credo. Não é difícil notar que esse conjunto de palavras define, em grande medida, o ideal universitário, o ideal da USP. Nenhuma força bruta pode macular o ethos da nossa Universidade.

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ExpedienteJoão Grandino Rodas – ReitorHélio Nogueira da Cruz – Vice-reitorAntonio Roque Dechen – Vice-reitor Executivo de AdministraçãoAdnei Melges de Andrade – Vice-reitor Executivo de Rel. InternacionaisTelma Maria Tenório Zorn – Pró-reitora de GraduaçãoVahan Agopyan – Pró-reitor de Pós-GraduaçãoMarco Antônio Zago – Pró-reitor de PesquisaMaria Arminda do N. Arruda – Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária

Este boletim é uma publicação semanal da Assessoria de Imprensa da ReitoriaRua da Praça do Relógio, 109 - Cidade Universitária, São PauloTelefones: 11 3091-3300 / 3091-3220 - e-mail: [email protected]: ArquivoApoio: CCS

Acesse também pelo site - www.imprensa.usp.br

Benefício

Ações dedicadas ao estudanteA Universidade investe R$ 88 milhões anuais nos programas de

apoio à permanência e formação estudantil

As áreas de atuação da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) fazem parte das políticas de apoio à

permanência e formação estudantil desenvolvidas pela USP. Essas políticas são gerenciadas por uma Comissão, criada em 2007, com o objetivo de fortalecer os progra-mas dessa natureza já existentes na Universidade. Em 2010, o orçamento destinado a esse segmento foi de R$ 88 milhões.

As políticas de apoio à permanência e formação es-tudantil se configuram em duas modalidades: a primeira combina suporte socioeconômico e mérito acadêmico e compreende as bolsas Aprender com Cultura e Exten-são e Ensinar com Pesquisa, para as quais a Coseas faz a avaliação socioeconômica dos possíveis contemplados, além das bolsas de Iniciação Científica.

A segunda modalidade compreende programas de apoio socioeconômico, administrados diretamente pela Coseas, que têm por objetivo subsidiar estudantes que não dispõem dos recursos mínimos necessários para permanecer na Universidade. Confira, a seguir, as princi-pais ações desenvolvidas nessa modalidade.

Dentro do programa de moradia estudantil, a Universidade oferece 885 bolsas auxílio-moradia, além de 2.298 vagas em moradias nos campi que dispõem de conjuntos residenciais. Em 2010, o montante destinado às bolsas foi de cerca de R$ 3,8 milhões e, para moradia estudantil, de quase R$ 21,5 milhões, incluindo-se nesse item a re-cuperação de edifícios e a construção de novos blocos, como o de São Paulo (no destaque), que oferecerá mais 200 novas vagas e estará concluído no início no ano que vem.

As cerca de 580 crianças que estão nas cinco creches man-tidas pela Coseas — três em São Paulo (na Cidade Univer-sitária e no Quadrilátero da Saúde), uma em Ribeirão Preto e uma em São Carlos — são filhos, em fase pré-escolar, de estudantes, funcionários e professores da Universidade. Para a manutenção desse apoio, a Universidade investe recursos da ordem de R$ 2,5 milhões, conforme previsto no orçamento para este ano.

Dentre os benefícios oferecidos a todos os estudantes, destacam-se as 3.175 bolsas-alimentação – refeições servidas gratuitamente – e uma média mensal de 220 mil refeições subsidiadas, nas quais o aluno paga o valor de R$ 1,90 por refeição. A Coseas gerencia seis restaurantes universitários próprios e dois terceirizados. O Restau-rante Central (foto) é o maior deles e o que recebe o maior número de usuários diariamente: são, em média, 750 desjejuns, 5 mil refei-ções na hora do almoço e 1.800 no jantar.

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A Coordenadoria de Assistência Social da Univer-sidade está, em 2010, superando diversos atritos

ocorridos em algumas de suas dependências. O pri-meiro desses eventos aconteceu logo no início do ano, em 18 de março, quando um grupo de alunos invadiu o espaço do Serviço Social da Divisão de Promoção Social, permanecendo lá até o presente momento.

“Quando assumi a Coordenadoria já encontrei o problema da invasão”, afirma o coordenador da Co-seas, Waldyr Antonio Jorge. “Menos de dez dias de-pois, começou a greve dos funcionários. Na sequên-cia, houve o desvio de doze toneladas de alimentos. Ao chegar à Coordenadoria e deparar com esse fogo cruzado, defini como propósito diminuir as tensões e estabelecer outra rota para o diálogo e uma nova metodologia de trabalho”.

Mesmo sobrecarregada por tantos problemas, em nenhum momento, a Coseas deixou de cumprir os serviços básicos em todos os campi. Os alunos moradores do Crusp foram subsidiados com ali-mentação in natura e as mães receberam o leite a que tinham direito. “Apesar do clima de confronto, de assalto aos alimentos, permeados pelo momento de greve, ninguém foi prejudicado ou deixou de ser atendido”, orgulha-se Jorge, que destaca o papel da Universidade de servir de exemplo de tolerância, de equilíbrio, de democracia, “inclusive para os invaso-res, porque eles não estão mais representando quem e o que eles diziam representar”.

Com a invasão da Divisão de Promoção Social, sumiram computadores e bens pessoais dos funcio-nários, havendo também a violação dos arquivos da Coseas, materializados em milhares de prontuários, que zelavam pela memória de informações acumula-das ao longo de mais de trinta anos. “Devolveram-me os documentos em sacos de lixo, completamente de-sordenados”, diz o coordenador da Coseas. Contudo, quatrocentos prontuários ainda não foram encontra-dos. Em relação à essa situação, 13 pessoas envolvidas na invasão estão respondendo a processo administra-

Contra os agravos, a favor da comunidade

Grupo que não representa nem 1% dos moradores do Crusp avilta

instalações da Coseas e promove ações violentas

tivo disciplinar, cujas penalidades estão previstas no regimento da Universidade.

O ataque mais recente à Coordenadoria ocorreu no último dia 9 de novembro, quando aproximada-mente 12 pessoas, entre alunos, ex-alunos e pessoas externas à comunidade discente, fizeram uma mani-festação na sede administrativa do setor contra, se-gundo nota emitida pela Coseas, “o processo adminis-trativo disciplinar referente à perseguição e agressão física, em que três alunos teriam perseguido e tenta-do agredir fisicamente um morador do Crusp”.

A manifestação começou com o ateamento de fogo a canudos acondicionados em um carrinho de super-mercado e quase acabou em tragédia, com a quebra da porta central de vidro da sede da Coordenadoria e o corte profundo no braço do recepcionista. “Ele foi prontamente atendido no Hospital Universitário com ferimento profundo na região do braço, sendo neces-sário submeter-se a procedimento cirúrgico, levando mais de trinta pontos de sutura e ficando afastado tem-porariamente de suas funções. Foi um ato impensado e inconsequente com alegação de ser uma manifestação pacífica e artística, que resultou em verter sangue de nosso funcionário. Esta Coordenadoria vem de todas as formas procurando evitar os confrontos inconsequen-tes e apela para o bom senso desses poucos alunos para se restabelecer a harmonia tão necessária para nossa Universidade “ , manifesta-se Jorge.

Assistência

A imagem foi captada por um funcionário da Coseas durante a manifestação, que começou com o ateamento de fogo a canudos acondicionados em um carrinho de supermercado

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Entrevista

As agruras que vêm acossando, este ano, dirigen-tes e funcionários da Coseas marcaram a gestão

do professor Waldyr Antonio Jorge (foto) à frente do Órgão que, segundo imagem construída pelo coorde-nador, “vasculariza, de modo invisível, todo o sistema da Universidade”. Em entrevista, Jorge revela como está enfrentando os problemas vivenciados na Coseas e apela aos ex-usuários de seus serviços e alunos resi-dentes que mostrem à comunidade o quanto a Coor-denadoria de Assistência Social foi relevante em suas vidas. A seguir.

USP Destaques – Qual sua reflexão sobre os atritos que ocorreram na Coseas?Waldyr Antonio Jorge – A administração da Uni-versidade tem de estar adiante dos problemas. Tem de antevê-los e atenuar os possíveis confrontos, choques, evitando dificuldades. A invasão de parte do Crusp, em março deste ano, tem um viés político anacrônico na história dos movimentos estudantis. Alguns poucos, que compõem um grupo pequeno e não expressam a grande maioria de moradores, têm interesse no con-fronto. Chegamos a um grau inédito de violência físi-ca e verbal. Alguns indivíduos usufruem de benefícios oferecidos pela USP, inclusive moradia e alimentação, porém, foi detectado não terem mais direito a qual-quer serviço da Universidade. Urge a necessidade da realização de um censo no Crusp, instrumento que pode barrar injustiças e prejuízo aos usuários que efeti-vamente estão qualificados, seja por necessidade, seja pela meritocracia, aos benefícios ofertados pela gestão da política de apoio à permanência e formação estu-dantil. A Coseas permeia as atividades-meio de apoio a essa política, ferramenta e instrumento vitais no meio estudantil, dos funcionários e dos docentes nos seg-mentos de moradia, alimentação, creches, bolsas etc. Todos devem se sentir corresponsáveis e partícipes dessa engrenagem.

UD – Como o senhor tem enfrentado esses problemas?WAJ – Restabelecemos uma rotina interna, reativando a Comissão de Trabalhadores da Coseas e estimulando a participação democrática para eleições livres dos seg-mentos de funcionários, passando de 10 para 23 repre-sentações, que vão poder atuar em um fórum interno de debates permanentes, com o objetivo de buscar a harmonia e soluções de nossos problemas. Quanto ao enfrentamento dos invasores, do ponto de vista legal, a postura da Coseas está fundamentada nas orientações

“Chegamos a um grau inédito de violência

física e verbal”

jurídicas da Procuradoria Geral da Universidade, que recomendou a abertura de sindicâncias e processos administrativos disciplinares vinculados à invasão e à agressão interalunos. Nós estamos chamando à res-ponsabilidade os envolvidos nessas ações predatórias.Temos plena convicção dos direitos e deveres dos cida-dãos pelo que rege nossa Constituição. Uma sociedade somente é cidadã quando os direitos são respeitados. Um dirigente não deve se omitir de suas obrigações, deve sempre achar soluções e apresentar propostas justas e viáveis, contudo, não deve e não pode prevari-car com o bem público, que é de todos.

UD – O senhor tem expectativa de que haja ma-nifestação da comunidade uspiana?WAJ – Durante o período da greve e com a invasão, mesmo diante das dificuldades oriundas dos movimen-tos estudantis hostis ao diálogo, participei de uma au-diência pública com os moradores do Crusp que durou quase cinco horas. Essa reunião teve desdobramentos importantes, pois, a partir dela, os moradores puderam avaliar a qualidade das nossas propostas. Após essa audiência, surgiu um grupo novo, com novas ideias, que acabou por vencer as eleições, com significativa presença do colégio eleitoral, assumindo a direção do Amorcrusp (Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da USP). É uma perspectiva que se abre para a retomada do diálogo permanente e responsá-vel. Complementando esse caminho virtuoso, estamos abrindo um espaço cultural no Crusp, para que mensal-mente ex-alunos, que hoje atuam como professores na Universidade ou mesmo fora dela, ministrem palestras e relatem suas experiências do período em que foram usuários, tornando público o significado que a Coseas e o Crusp tiveram em sua formação acadêmica e profis-sional. Cada depoimento será revitalizante e ajudará no processo de bem formar e educar, resgatando a impor-tância da história da Coseas e da própria USP.