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Desmatamento e mudanças climáticas

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Desmatamento e mudanças climáticas

SUMÁRIO

Desmatamento nas unidades de conservação 4

Metodologia 5

Resultados da avaliação 8

Efeito Arpa 12

Influência do tipo de manejo e uso 14

Influência do nível de jurisdição 16

Arco do desmatamento 16

Picos 18

UCs com desmatamento atípico 20

Queda no desmatamento 20

Recomendações 22

Anexo 1 23

Histogramas desmatamento X critérios de análise 23

Anexo 2 34

Lista de todas as UCs analisadas 34

Referências 43

Áreas protegidas e mudanças climáticas 44

Arpa trouxe novo patamar 47

Monitorar, fiscalizar e segurar 48

Mais estudos e diretrizes 49

UCs afastam ilegais e predatórios 51

Diferenciais do Brasil 52

Papel crucial 54

REDD+ 61

Cenários para 2050 63

Equilíbrio custo-benefício 64

Barreira Verde 65

Referências e notas 66

República Federativa do Brasil

PresidenteDilma Rousseff

Vice-presidenteMichel Temer

Ministra do Meio AmbienteIzabella Teixeira

Secretaria Executiva Francisco Gaetani

Secretaria de Biodiversidade e FlorestasRoberto Cavalcanti

Diretoria de Áreas ProtegidasAna Paula Leite Prates

Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)Trajano Quinhões

Arpa – um novo caminho para a conservação da Amazônia

RealizaçãoPrograma Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa):Ministério do Meio AmbienteICMBioGovernos estaduais da Amazônia Brasileira: Acre, Amapá,Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Pará e TocantinsWWF-BrasilFunbioCooperação Alemã – KfW Banco de Desenvolvimento & GTZBanco Mundial GEFFundo AmazôniaBanco Nacional do Desenvolvimento - BNDES

Organização e ProduçãoWWF-Brasil:

Secretaria-GeralMaria Cecília Wey de Brito

Coordenação do Programa Amazônia Mauro Armelin

Coordenação de ComunicaçãoAndréa de Lima

Revisão TécnicaAndré Nahur - analista de conservação do WWF-BrasilCláudio C. Maretti – superintendente de Conservação, WWF-Brasil em 2010

Carlos Rittl – coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-BrasilDaniela Oliveira - Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável - CDS/UnBDaniela Leite – Unidade Gestão de Programas do FunbioFábio França de Araújo – MMA-SBF-DAP em 2010Fabio Leite – Unidade Gestão de Programas do FunbioFrancisco Barbosa Oliveira Jr. – coordenador do Programade Áreas Protegidas e Apoio ao Arpa do WWF-Brasil em 2010 Magaly Oliveira – especialista em geoprocessamento do WWF-BrasilMárcia Soares – Assessora de Comunicação do FunbioMariana Napolitano Ferreira – analista de conservação do WWF-Brasil Mario Barroso – especialista em geoprocessamento do WWF-BrasilMarisete Catapan – especialista em áreas protegidas do WWF-BrasilMauro Armelin – coordenador do Programa Amazônia do WWF-BrasilRosiane Pinto - Analista Ambiental - MMA/SBF/DAP/ARPATrajano Quinhões – Gerente de Projeto/Coordenador do Arpa - MMA/SBF/DAP/ARPA

ColaboradoresCapítulo Biodiversidade – Mariana Ferreira, Mario Barroso, Paula Valdujo e Gabriel CostaCapítulo Efetividade de Gestão – Mariana Ferreira, Marisete Catapan, Maria Auxiliadora Drummond e Cristina Onaga.Capítulo Desmatamento e Mudanças Climáticas – André Nahur, Mônica TakakoShimabukuro, Regina Vasquez, Mario Barroso, Cláudio Maretti.Capítulo Gestão Financeira e Operacional do Arpa – Fábio França, Marcos Araújo, Daniela Leite, Trajano Quinhões e Rosiane Pinto

Texto e ediçãoRegina Vasquez e Marco Gonçalves

TraduçãoRegina Vasquez & Martin Charles Nicholl

Produção, edição e revisão finalLigia Paes de Barros – analista de comunicação do WWF-Brasil

Projeto Gráfico e DiagramaçãoMárcio Duarte – M10 Design

FotosArquivo WWF-Brasil

AgradecimentosICMBio, Sedam-RO, Sema-AC, Sema-MT, SDS-AM

* Parte dos estudos apresentados nesta publicação contam com

financiamento do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da

Natureza e Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha.

4 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento nas unidades de conservaçãoAnálise dos dados do desmatamento nas unidades de conservação (UCs) da Amazônia brasileira demonstra que a contribuição do Programa Arpa reforça a eficiência das UCs na redução do desmatamento.

O desmatamento de florestas tropicais no Brasil é o maior do mundo (em termos abso-lutos), atestou em 2005 o relatório da Organiza-

ção das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (Fao) sobre a avaliação dos recursos florestais mundiais

(Global Forest Resources As-sessment 20051). Apesar dos avanços obtidos pelo país no combate à destruição da Floresta Amazônica, nesta última década a Amazônia brasileira perdeu em média, a cada ano, 17.600 km2 de florestas naturais (dados do Prodes; leia, abaixo, mais detalhes). Essa área equi-vale à de Taiwan e é pouco maior do que o Havaí, ou mais da metade da Holan-da (no Brasil, é quase do tamanho do estado de Ser-

gipe ou três vezes a área do Distrito Federal).O desmatamento é mais intenso no chamado “Arco do

desmatamento”, que marca o avanço da fronteira agrope-

cuária desde a região Centro-Oeste para a região Norte do país. O papel das áreas protegidas é crucial para deter a destruição das florestas na Amazônia brasileira. O Pro-grama Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) reforça esse papel e as unidades de conservação que o integram de-monstram maior eficiência e rapidez em deter a destruição das florestas.

Dados oficiais do monitoramento do desmatamento, baseados em imagens de satélite da Amazônia brasileira (de-talhes abaixo), permitem comprovar que no interior e no en-torno das unidades de conservação (UCs) o desmatamento é nitidamente menor do que fora delas. Uma análise com-parativa das 198 UCs estudadas revela que o índice de des-matamento é, de fato, menor nas 63 unidades apoiadas pelo Arpa (até 2010) do que nas 136 unidades fora do Programa.

Com os dados do desmatamento acumulado em cada unidade de conservação da Amazônia brasileira, foi pos-sível realizar um diagnóstico geral do desmatamento nas UCs e no seu entorno. Além do diagnóstico, essa análise resultou na criação de uma linha base para monitoramento das UCs do Arpa.

Embora sob proteção oficial, as unidades de conserva-ção na Amazônia brasileira não estão isentas de desmata-mento. A falta de ordenamento ou o descumprimento da legislação ensejam atividades predatórias que resultam na destruição da cobertura vegetal natural e sua biodiversida-de associada. Ainda que existam tais atividades, as áreas protegidas constituem uma barreira que dificulta seu avan-ço. Além disso, a proteção de uma unidade de conservação

Embora sob proteção

oficial, as unidades de

conservação na Amazônia

brasileira não estão

isentas de desmatamento.

A falta de ordenamento

ou o descumprimento

da legislação ensejam

atividades predatórias

que resultam na

destruição da cobertura

vegetal natural e sua

biodiversidade associada

1 Global Forest Resources Assessment – Progress towards sustainable fo-rest management. Food and Agriculture Organization of the United Nations (Fao), Roma, 2005.

5 Desmatamento e mudanças climáticas

extravasa os limites da unidade e tem um efeito sombra no entorno da mesma. Um dado importante é que o desmata-mento evitado pelas UCs não se desloca para outra região. Ou seja, não há vazamento (Soares et al. 20102).

A área desmatada dentro de todas as 198 unidades de con-servação analisadas soma 9.520 km2 – isso equivale a 1,4% da área total (699.258 km2) dessas UCs. Segundo o Sistema de Monitoramento da Floresta Amazônica Bra-sileira por Satélite (Prodes), de 2000 a 2009 a Amazônia brasileira perdeu, em média, a cada ano, 17.600 km de floresta natural.

As implicações de uma conversão florestal dessa magni-tude são ilustradas pelas emissões de gases de efeito estu-fa: da ordem de 0,7 a 1,4 Gt de C02 anuais geradas pelos 195 mil km2 de florestas desmatadas no período de 1996 a 2005 (Nepstad et al. 2010)3. Segundo dados oficiais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), isso equivale a entre 10 e 25% das emissões dos EUA em 2008.

Os resultados consolidados da extensão do desmata-mento (em km2) nas unidades de conservação da Ama-zônia revelam que em 48% das UCs o desmatamento ficou limitado a 10 km2 ou menos. Juntas, essas unidades somam 267 km2 de área desmatada. Outros 29% das UCs perderam entre 10 e 50 km2 de floresta e a soma da área desmatada alcançou 1.446 km2. Mais da metade das UCs nesse grupo (31 unidades) está situada no Arco do desma-

2 SOARES-FILHO B.; et a. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. Proc National Academy of Sciences USA, v. 107, n. 24, p.10821-6, 15 de junho de 2010. Publicada eletronicamente em 26 mai0 de 2010.

3 NEPSTAD, D.; et al. The End of Deforestation in the Brazilian Ama-zon. Science, v. 326, n. 5958, p. 1350-1351, 2009.

tamento. Os 23% restantes referem-se a UCs que perderam mais de 50 km2 de vegetação natural e que, juntas, per-fazem 7.805,9 km2 de extensão desmatada. Três quartas partes (76%) delas estão situadas no Arco.

O percentual médio de área desmatada dentro das UCs é 7%. Perto de três quartos das unidades (73%) consegui-ram manter em pé a quase totalidade de suas florestas (no mínimo 95% da área total da UC), mas outras 16% tiveram mais de 10% de sua área desmatada. Os 11% restantes das UCs ficaram com uma área desmatada entre 5 e 10 km2. Um décimo de área desmatada é o limiar a partir do qual a destruição da vegetação passa a ter um impacto muito negativo sobre a ecologia e o clima.

Metodologia

No final de 2009, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA/SBF) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), realizaram o cálculo do desmatamento dentro das UCs, utilizando os dados anuais do Prodes referentes ao perío-do de 2000 a 2008. Esses dados constituíram a base da análise de efetividade do apoio do Programa Arpa às UCs em relação à prevenção do desmatamento.

Foram analisados dados quantitativos do desmata-mento em todas as unidades de conservação da Amazônia brasileira. Do total de 304 UCs existentes na Amazônia (veja tabela 1), foram excluídas as UCs das seguintes ca-tegorias: Área de Proteção Ambiental (Apa) e Floresta, ambas do grupo de uso sustentável. Três outras categorias – Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre, do grupo de proteção integral, e Área de Relevante Interesse

6 Desmatamento e mudanças climáticas

Ecológico (Arie), do grupo de uso sustentável, não são contempladas pelo Arpa e, assim, não aparecem no grupo das UCs com apoio do Programa. Como essas categorias são minoritárias, o fato de aparecerem somente no grupo de UCs sem apoio do Arpa não afeta o resultado da aná-lise. Assim, somente 198 UCs foram analisadas nessa ava-liação. A tabela 2 apresenta as 198 UCs da base de dados dessa avaliação, distribuídas segundo suas categorias. As classes com maior número de UCs são reservas extrati-vistas (71 unidades e 23% do total de UCs) e parques (64 unidades e 21% do total).

Tabela 1 · Distribuição das UCs segundo

grupos e categorias de proteção

Grupo Categoria N° de UCs %

PI

Parque 64 21

Estação Ecológica 23 8

Reserva Biológica 14 5

Monumento Natural 1 0

Refúgio de Vida Silvestre 2 1

US

Reserva Extrativista 71 23

Floresta 61 20

Área de Relevante Interesse Ecológico

3 1

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

20 7

Área de Proteção Ambiental 45 15

T O T A L U C S 3 0 4

Tabela 2 · Distribuição das UCs analisadas

segundo grupos e categorias de manejo

Categoria Nº de UCs

Parque 64

Estação Ecológica 23

Reserva Biológica 14

Reserva Extrativista 71

Reserva De Desenvolvimento Sustentável 20

Subtotal da amostra analisada 192

Monumento Natural* 1

Refúgio da Vida Silvestre* 2

Área de Relevante Interesse Ecológico* 3

Total geral das UCs analisadas 198

*Categorias que constam apenas no grupo de UCs sem apoio do Arpa

Vários critérios foram utilizados para analisar os níveis de conversão florestal: objetivo de manejo (uso sustentá-vel ou proteção integral); localização ou não em áreas de expansão da fronteira agrícola (dentro ou fora do Arco do desmatamento); se contam ou não com o apoio do Progra-ma Arpa; qual é a esfera de jurisdição (estadual ou fede-ral); e a trajetória do desmatamento no interior das UCs e em seu entorno.

É semelhante o número de UCs nas diferentes esferas, grupos de categoria de manejo e localização dentro ou fora do Arco do desmatamento. As 136 UCs sem apoio do Arpa ocupavam extensão similar (373.846 km2) à área total das 63 unidades beneficiadas pelo Programa (325.412 km2). A diferença numérica só é significativa quando se faz a dis-tinção entre o grupo apoiado pelo Arpa, que representa

7 Desmatamento e mudanças climáticas

31% do total de UCs, e o grupo das demais UCs que não participam do Programa (tabela 3). O mesmo acontece quando se considera somente a região do Arco do desma-tamento. Nas UCs localizadas no Arco, 37% integram o Arpa; e a proporção entre uso sustentável e proteção inte-gral se mantém (tabela 3)

Tabela 3 · Distribuição das UCs segundo esfera

de jurisdição, objetivo de manejo, localização

geográfica e apoio do Programa Arpa

Critério SubcritérioN° de UCs

% do total de UCs

EsferaFederal 94 47

Estadual 104 53

GrupoProteção Integral 104 53

Uso Sustentável 94 47

Arco do desmatamentoFora 88 44

Dentro 110 56

Apoio do ArpaSim 62 31

Não 136 69

T O TA L 1 9 8

Comparou-se a área desmatada com o percentual des-matado da UC (desmatamento acumulado no período pré-1997 a 2008, sob a forma de histogramas e conside-rando os critérios acima – veja anexo 1). Inicialmente, foi analisada a distribuição de tamanho dos desmatamentos e do percentual de áreas desmatadas para todas as UCs. Veja os histogramas no anexo 1. Considerando a diferença no tamanho dos dois conjuntos (63 UCs do Arpa e 136 UCs não-Arpa), em ambos há um claro predomínio de UCs

com desmatamento total de até 10 km2 e com até 5% da área total da UC convertida.

Os limites das classes foram definidos principalmente a partir da avaliação dos impactos do tamanho e do percen-tual de área desmatada sobre a unidade de conser-vação. Dez por cento de área total da UC desmatada é considera-do o limiar a partir do qual a remoção da cobertura vegetal passa a ter um impacto muito negativo. Os dados foram agrupados em três grupos, conforme a extensão de área desmatada no interior da UC: até 10 km2; entre 10 e 50 km2; e mais de 50 km2. No caso da análise do percentual desmatado de cada UC, os grupos foram definidos confor-me o percentual de área desmatada dentro da UC: até 5%; entre 5 e 10%; e mais de 10%.

O formato de apresentação dos resultados adotado para a análise dos histogramas apresentados no anexo 1 pode ser visto na Tabela 4.

Tabela 4 · Limites das classes dos histogramas

elaborados para analisar o desmatamento nas UCs

Descrição Classes Freqüência % cumulativo

Área (km2) desmatada na UC

Até 10 N° de UCs % do total de UCs

10 a 50 N° de UCs % do total de UCs

Acima de 50 N° de UCs % do total de UCs

Proporção (%) desmatadada UC

Até 5 N° de UCs % do total de UCs

5 a 10 N° de UCs % do total de UCs

Acima de 10 N° de UCs % do total de UCs

O desmatamento foi avaliado no entorno das UCs, num raio de 10 km a partir do perímetro das UCs. Não foram geradas zonas de entorno sobrepostas a outras uni-

8 Desmatamento e mudanças climáticas

dades de conservação situadas a uma distância inferior ao raio adotado. As UCs e suas zonas de entorno foram examinadas segundo o apoio do Programa Arpa: UCs apoiadas pelo Arpa (UC-Arpa); UCs sem apoio do Arpa (UC-sem Arpa); zonas de entorno de UCs apoiadas pelo Arpa (zona de entorno-sem Arpa); e zonas de entorno de UCs não apoiadas pelo Arpa (zona de entorno-sem Arpa). Os valores do percentual de área desmatada para cada UC e respectiva zona de entorno foram somados, de modo a gerar um valor médio único anual para cada uma das qua-tro situações avaliadas.

Ao analisar a dinâmica do desmatamento nas UCS apoiadas pelo Arpa deve-se levar em conta o fato de a im-plementação do Programa Arpa ser muito recente (a partir de 2002) e, ainda, de que a expansão da criação das unida-des e da inclusão das UCs no Programa ocorreu de forma gradual, impedindo a definição de uma linha de base única em termos temporais e espaciais.

Para analisar o impacto do apoio do Programa Arpa no interior e no entorno de UCs localizadas no Arco do desmatamento, avaliou-se a trajetória do desmatamento ao longo do período 2000 a 2008. Não foi considerado o dado referente ao desmatamento até 1997, uma vez que ele representa a conversão florestal acumulada ao longo de diversos anos e não um dado anual como os demais.

Resultados da avaliação

O primeiro resultado desse trabalho foi o diagnóstico da situação atual do desmatamento em 198 UCs e no seu entorno na Amazônia (tabela 5). Muitas das novas áreas protegidas criadas na Amazônia durante a última década estão associadas ao apoio do Arpa, um programa insti-tuído pelo governo brasileiro em 2002. A diferença do desempenho entre as UCs que recebem apoio do Arpa e aquelas que estão fora do Programa se acentua nas regiões onde a cobertura florestal está mais ameaçada (Arco do desmatamento). Como no Brasil o desmatamento é a prin-cipal fonte de emissões de gases de efeito estufa (no caso, o CO2), manter em pé as florestas é crucial para que o país faça a sua parte no combate ao aquecimento global e na manutenção do equilíbrio climático do planeta.Ju

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9 Desmatamento e mudanças climáticas

Tabela 5 · Resumo dos resultados do desmatamento nas unidades de conservação da Amazônia, analisadas nesse estudo

JurisdiçãoGrupo de proteção

Nº de UCsÁrea total das UCs (km2)

Extensão da área desmatada (km2)

Percentual da área desmatada (%)

Não-Arpa

Estadual

Proteção Integral 46 100.324 1.168 1,2

Uso Sustentável 36 103.898 1.267 1,2

Total estadual 82 204.223 2.435 1,2

Federal

Proteção Integral 27 128.236 1.657 1,3

Uso Sustentável 27 41.387 2.178 5,3

Total federal 54 169.624 3.835 2,3

Total Não-Arpa 136 373.846 6.270 1,7

Arpa

Estadual

Proteção Integral 13 30.807 479 1,6

Uso Sustentável 9 30.285 291 1,0

Total estadual 22 61.092 770 1,3

Federal

Proteção Integral 18 184.612 1.324 0,7

Uso Sustentável 22 79.707 1.156 1,4

Total federal 40 264.320 2.480 0,9

Total Arpa 62 325.412 3.250 1,0

T O TA L G E R A L 198 699,258 9,520 1.4

Como mostram os dados na tabela 5, acima, é possí-vel comprovar que no interior e no entorno das unidades de conservação (UCs) o desmatamento é nitidamente menor do que fora delas. Outro ponto importante é que

essa análise comparativa das 198 UCs estudadas demons-tra que o índice de desmatamento é, de fato, menor nas 63 unidades apoiadas pelo Arpa do que nas 136 unidades fora do Programa.

10 Desmatamento e mudanças climáticas

Tabela 6 · Percentual de área desmatada nas UCs

CritérioNº de UCs com até 5% da área desmatada

% das UCs no grupo

Nº de UCs com 5 a 10% da área desmatada

% das UCs no grupo

Nº de UCs com + de 10% da área desmatada

% das UCs no grupo

Total de UCs

T O TA L 1 4 4 7 3 2 2 1 1 3 2 1 6 1 9 8

Apoio do Arpa

Arpa 57 92 3 5 2 3 62

Não-Arpa 87 64 19 14 30 22 136

Tipo de proteção

Uso sustentável – UCUS 57 61 19 20 18 19 94

Proteção integral – UCPI 87 84 3 3 14 13 104

Tipo de Proteção + Apoio do Arpa

UCUS-Arpa 28 90 2 7 1 3 31

UCUS-não Arpa 29 46 17 27 17 27 63

UCPI-Arpa 29 94 1 3 1 3 31

UCPI-não Arpa 58 79 2 3 13 18 73

Jurisdição

Estadual 71 68 11 11 22 21 104

Federal 73 78 11 12 10 11 94

Localização em relação ao Arco do desmatamento

No Arco 77 70 14 13 19 17 110

Fora do Arco 67 76 8 9 13 15 88

Dentro do Arco do desmatamento

Arpa 37 90 2 5 2 5 41

Não-Arpa 40 58 12 17 17 25 69

Uso sustentável – UCUS 34 58 11 19 14 24 59

Proteção integral – UCPI 43 84 3 6 5 10 51

Arpa +UCUS 20 91 1 4 1 5 22

Arpa +UCPI 17 89 1 6 1 5 19

Arpa + estadual 17 94 0 0 1 6 18

Arpa + federal 20 87 2 9 1 4 23

11 Desmatamento e mudanças climáticas

Tabela 7 · Extensão do desmatamento nas UCs

CritériosNº de UCs com

até 10 km2 desmatados

% de UCsno grupo

Área total desmatada

(km2)

Nº de UCs com10 a 50 km2 desmatados

% de UCs no grupo

Área total desmatada

(km2)

Nº de UCs com+ de 50 km2 desmatados

% de UCsno grupo

Área total desmatada

(km2)

Total de UCs

T O TA L 9 5 4 8 2 6 7 . 2 5 7 2 9 1 4 4 6 . 8 4 6 2 3 7 8 0 5 . 9 1 9 8

Apoio do Arpa

Arpa 22 35 72.9 24 39 681.4 16 26 2495.3 62

Não-Arpa 73 54 194.3 33 24 765.4 30 22 5310.5 136

Tipo de proteção

Uso sustentável 35 37 106.2 33 35 884.7 26 28 3901.8 94

Proteção integral 60 58 161.0 24 23 562.1 20 19 3904.1 104

Jurisdição

Estadual 60 58 135.6 29 28 727.5 15 14 2341.8 104

Federal 35 37 131.6 28 30 719.3 31 33 5464.0 94

Tipo de proteção + Arpa ou Não Arpa

UCUS + Arpa 8 26 27.8 15 48 452.7 8 26 966.5 31

UCUS + Não-Arpa

27 43 78.4 18 29 432.0 18 29 2935.3 63

UCPI + Arpa 14 45 45.2 9 29 228.7 8 26 1528.8 31

UCPI + Não-Arpa 46 63 115.9 15 21 333.4 12 16 2375.2 73

Localização em relação ao Arco do desmatamento

No Arco 44 40 118.7 31 28 784.5 35 32 6594.4 110

Fora do Arco 51 58 148.5 26 30 662.3 11 13 1211.4 88

Dentro do Arco do Desmatamento

Arpa 15 37 36.9 12 29 367.6 14 34 2201.4 41

Não-Arpa 29 42 81.8 19 28 416.9 21 30 4393.0 69

Uso Sustentável 21 36 44.3 19 32 507.9 19 32 3143.6 59

Proteção integral 23 45 74.4 12 24 276.7 16 31 3450.8 51

UCUS + Arpa 6 27 9.6 9 41 293.7 7 32 835.6 22

UCPI + Arpa 9 47 27.3 3 16 73.9 7 37 1365.8 19

Estadual + Arpa 11 61 27.2 5 28 153.7 2 11 378.5 18

Federal + Arpa 4 17 9.7 7 30 213.9 12 52 1822.9 23

12 Desmatamento e mudanças climáticas

Efeito Arpa

O objetivo do Arpa é expandir, consolidar e garantir a sustentabilidade de uma amostra representativa da floresta amazônica dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Durante a 1ª Fase do Programa, o apoio a unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável au¬mentou gradativamente atingindo 63 UCs (gráfico 7), que ocupam uma área total de 320 mil km2. Esse esforço correspondeu a 46 milhões de dólares (EUA) investidos na criação e consolidação das UCs (72% do total gasto na 1ª Fase), além de contrapartida do gover-no federal e governos estaduais, e outros 29,7 milhões de dólares arrecadados para o Fundo Áreas Protegidas – FAP (fora a doação de 10 milhões de euros feita pelo KfW, o banco de desenvolvimento da República Federal da Ale-manha, que ainda não foi contabilizada). O FAP garantirá a sustentabilidade das unidades em longo prazo. Leia mais detalhes da aplicação de recursos do Arpa no capítulo so-bre a gestão operacional e financeira pelo Funbio.

De forma geral, as UCs integrantes do Arpa foram menos afetadas pelo desmatamento do que o conjunto daquelas que não recebem o apoio do Programa. A quase totalidade (97%) das UCs beneficiadas pelo Arpa manteve o desmatamento abaixo do nível considerado perigoso, ou seja, não ultrapassou o limiar de 10% da área da unidade.

A grande maioria delas (92%) conseguiu limitar a perda florestal a 5% ou menos da área. No grupo fora do Arpa, só 64% das UCs tiveram desmatamento igual ou menor do que 5%; e 84% delas mantiveram o limiar de 10%. Apenas

3% das UCs do Arpa perderam mais de 10% de sua área (contra 16% no grupo fora do Arpa).

No exame da distribuição de tamanho do desmata-mento em extensão da área (km2) e na distribuição do percentual da área da unidade, no universo total de UCs analisadas, observa-se um claro predomínio de unidades de conservação sem ultrapassar o limiar de 10 km2 de ex-tensão nem o de 5% de sua área desmatada. No entanto, ao comparar o grupo apoiado pelo Arpa com o grupo fora do Programa, observa-se que as UCs do Arpa sofreram uma proporção nitidamente menor de conversão florestal do que o outro grupo. Isso fica claro tanto quando se compara a extensão da área desmatada na UC (gráficos 1 e 2) como quando se compara o percentual de área da UC que foi convertida (gráficos 3 e 4).

Gráfico 1 · Distribuição do tamanho da área

desmatada em UCs apoiadas pelo Arpa

13 Desmatamento e mudanças climáticas

Gráfico 2 · Distribuição do tamanho da área

desmatada em UCs sem apoio do Arpa

Gráfico 3 · Distribuição do percentual da área

desmatada em UCs apoiadas pelo Arpa.

Gráfico 4 · Distribuição do percentual da área

desmatada em UCs sem apoio do Arpa

O percentual médio de desmatamento nas UCs do Arpa é de 1% da área, um valor bem inferior ao percentual médio desmatado nas UCs fora do Arpa, que é de 1,7% da área (tabela 6).

Entre as UCs do Arpa que são de âmbito federal, o percentual desmatado fica ainda mais baixo (0,9%), sendo que nas de proteção integral o valor é reduzido para 0,7%. Já no âmbito estadual ele sobe para 1,3% nas de proteção integral e fica em 1,0% nas de uso sustentável. No grupo fora do Arpa acontece o inverso: o percentual desmatado sobe para 2,3% nas UCs federais, sendo que nas de uso sustentável sobe mais ainda e ultrapassa o limiar de 5% de área desmatada, alcançando 5,3%.

14 Desmatamento e mudanças climáticas

Como o Arpa tem menos de dez anos, não foi possível avaliar processos que ocor-rem em médio e longo prazo, tal como a alteração na dinâmica do uso das terras. Ao mesmo tempo, o período de análise corresponde à fase inicial do Programa e a uma grande expansão no número e na área das unidades de conservação – isso criou um cená-rio de muita diversidade em termos de estágio de imple-mentação, tanto nas UCs fora do Arpa como naquelas com o apoio do Programa. Por outro lado, considerada a diver-sidade de paisagens socioambientais da Amazônia, os va-lores de incremento anual do desmatamento no interior e no entorno das UCs são determinados pelo contexto local e por questões estruturais, tais como: a qualidade da ges-tão da UCs; o monitoramento; a fiscalização e penalização dos desmatamentos ilegais; e os ciclos macroeconômicos.

Apesar da extensão total do desmatamento ser sempre maior nas unidades que não participam do Arpa, a aná-lise por freqüência do tamanho do desmatamento indica um predomínio de UCs com desmatamentos menores nas UCs fora do Arpa – o que deve estar relacionado ao fato de que há apenas 63 UCs no Arpa e mais do dobro (136) fora dele. Assim sendo, o primeiro conjunto pode não amostrar todas as diferentes condições de ocupação que ocorrem na região amazônica.

Em termos de percentual de área comprometida, o número relativo de UCs com até 5% de desmatamento no grupo do Arpa é de 92% – muito maior do que o das UCs sem apoio do Arpa (64%). Além disso, apenas 3% das UCs-Arpa têm mais de 10% de sua área desmatada, enquanto que nas UCs sem apoio do Arpa essa freqüência atinge 22%. Esses dados indicam uma melhor conservação das UCs que pertencem ao Programa Arpa de forma mais clara do que o verificado nos números absolutos.

Os incrementos anuais do desmatamento no período entre 2000 e 2009 são geralmente pequenos (menores do que 20 km2) nas unidades apoiadas pelo Arpa, tanto no caso de proteção integral quanto de uso sustentável. No entanto, foram detectados valores atípicos em sete casos. Entre 2003 e 2004 – época dos recordes de desmatamento na Amazônia –, houve picos em regiões onde foram cria-das algumas UCs: Parque Estadual do Cristalino (MT), (97 km2); Parque Nacional da Serra do Pardo (PA) (93 km2), Estação Ecológica Terra do Meio (PA) (150 km2) e Reserva Extrativista Verde para Sempre (PA) – esta criada somente em 2005 (176 km2). Em 2001, quando o Progra-ma Arpa ainda não existia, houve pico nas Reservas Extra-tivistas Terra Grande-Pracuuba (37 km2), Arioca-Pruanã (65 km2) e Ipaú-Anilzinho (75 km2).

Influência do tipo de manejo e uso

Entre as 198 unidades de conservação analisadas, existe um equilíbrio de proporção entre os dois grupos de ma-nejo: 104 são de proteção integral e 94 de uso sustentável. Quando comparado com o grupo de unidades de uso sus-tentável, o grupo de proteção integral tem menor ocorrên-cia de conversões florestais tanto em área absoluta como em percentual de área desmatada em cada UC. De forma geral, as UCs de uso sustentável sofreram mais desmata-mento do que as de proteção integral, mas a diferença não foi marcante.

Para o grupo com até 5% da área desmatada (tabela 6), as unidades de proteção integral apresentam número absoluto (87 unidades) e relativo (84%) maior do que as unidades de uso sustentável (57 unidades, o que corres-ponde a 61%). Quando o critério é o limiar de 10%, o gru-

15 Desmatamento e mudanças climáticas

po do Arpa que têm até 10 km2 de área desmatada (tabela 7) representa 26% e soma 27 km2; as UCs que têm entre 10 e 50 km2 desmatados representam 48% e somam 452 km2; e aquelas com mais de 50 km2 desmatados são 26% e somam 966 km2. Enquanto isso, das unidades de uso sustentável que não são beneficiadas pelo Arpa, 43% têm desmatamento na faixa de até 10 km2 (o total de área des-matada soma 78 km2); 29% perderam entre 10 e 50 km2 (432 km2 desmatados no total); e outras 29% têm mais de 50 km2 desmatados (totalizando 2.935 km2).

Em termos de percentual da área total da UC desmata-da nas unidades de uso de sustentável (tabela 6), 90% das unidades com apoio do Programa Arpa têm até 5% de sua extensão comprometida; 7% têm entre 5 a 10% desmatados e 3% têm mais de 10%. Nas 63 unidades não beneficiadas pelo Arpa, unidades com percentual maior de sua área total desmatada são mais comuns, uma vez que 46% das unidades têm 5% de seu território convertido, 27% entre 5 e 10%, e 27% já apresentam mais de 10% de desmatamento.

No grupo de proteção integral, destaca-se um bom nível de proteção entre as 31 unidades apoiadas pelo Arpa, uma vez que 94% apresentam menos de 5% de comprometimen-to (tabela 6). Os outros 6% remanescentes distribuíram-se

meio a meio nas faixas entre 5 e 10% e mais de 10%. Além disso, vemos (tabela 7) que 45% das UCs de proteção in-tegral apoiadas pelo Arpa apresentam desmatamentos de até 10 km2 (45 km2 no total); 29% entre 10 e 50 km2 (228 km2 no total); e 26% com mais de 50 km2 (1.528 km2).

Entre as 73 UCs de proteção integral que não fazem parte do Arpa, a presença de unidades com mais de 10% da sua área desmatada (tabela 6) já atinge 18% do total. Outras 3% das UCs de proteção integral do grupo fora do Arpa apresentam entre 5 e 10% da área desmatada. Com mais de 10% de área desmatada, temos um número menor (14 unidades ou 13%) de UCs de proteção integral em rela-ção às de uso sustentável (18 unidades ou 19%).

Desmatamentos de até 10 km2 (tabela 7) estão presentes em 58% das unidades do grupo de proteção integral (num total de 161 km2) e em 37% das unidades de uso sustentá-vel (106 km2). Há 23% unidades de proteção integral com desmatamento entre 10 e 50 km2 (área de 562 km2). Com mais de 50 km2 desmatados, são 19% das unidades de prote-ção integral (3.904 km2). Entre as unidades de uso sustentá-vel, 35% têm desmatamento entre 10 e 50 km2 (área de 884 km2) e 28% com mais de 50 km desmatado (3.901 km2).

No grupo Arpa o percentual de unidades que preser-vam 95% ou mais de sua área é muito superior ao do ou-tro grupo (tabela 6). No entanto, ali o grupo de manejo não é relevante: 94% das UCs de proteção integral e 90% das de uso sustentável apoiadas pelo Arpa tiveram des-matamento igual ou menor do que 5% de sua área. Fora do Arpa, a diferença se acentua: 79% das UCs de proteção integral e apenas 46% das UCs de uso sustentável conse-guiram ficar nesse limiar.

No grupo de uso sustentável, as unidades apoiadas têm menos de 5% de conversão. No critério extensão des-

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16 Desmatamento e mudanças climáticas

matada (tabela 7), 63% das 73 unidades de proteção integral fora do Arpa perderam até 10 km2 (totalizando 115 km2); 21% perderam entre 10 e 50 km2 (333 km2); e 16% já foram desmatadas em mais de 50 km2 (somando 2.375 km2).

Influência do nível de jurisdição

Foi feita a comparação do desmatamento também confor-me o nível de jurisdição. O grupo analisado compreende 104 unidades de âmbito estadual e 94 de âmbito federal. Do ponto de vista da extensão desmatada (tabela 7), os desmata-mentos de até 10 km2 estão presentes em 58% das UCs esta-duais (o que soma 135 km2 de área desmatada) e 37% das UCs federais (131 km2) – a área total desmatada se equivale, apesar da diferença no número percentual de UCs numa e noutra jurisdição. Na faixa entre 10 e 50 km2 de área desmatada, os números se equivalem em ambos os critérios: as estaduais são 28%, com uma área de 727 km2, e as federais são 31%, com 719 km2. Nas UCs com mais de 50 km2 desmatados, aparece uma diferença mais nítida: as unidades estaduais totalizam 14% (2.341 km2) e as federais 33% (5.464 km2).

Observa-se, portanto, que as UCs estaduais apresentam níveis de desmatamento menores se comparadas às federais. Em percentual comprometido (tabela 6), 68% das UCs esta-duais têm até 5% da área total desmatada, o que é inferior aos 78% encontrados entre as federais. No entanto, os números se invertem quando se compara a jurisdição das UCs com mais de 10% de sua área desmatada: são 22% das estaduais e 10% das fe-derais. Isso pode ser decorrente do fato de que as UCs estaduais são menores: 72% das estaduais medem até 2 mil km2, enquan-to que apenas 45% das federais se enquadram nesse tamanho.

No Arco do desmatamento, a diferença na freqüência de UCs em termos do tamanho do desmatamento entre as esta-

duais e federais sugere uma melhor situação das estaduais no grupo apoiado pelo Arpa (tabela 7): 61% das UCs estaduais e 17% das federais do grupo Arpa e que estão no Arco tiveram até 10 km2 de área desmatada. Com relação ao percentual de área total desmatada (tabela 6), o padrão de desmatamento do grupo Arpa no Arco é similar entre as estaduais (94% com até 5% da área desmatada) e as federais (87%).

Arco do desmatamento

Boa parte do desmatamento se concentra em uma região extensa situada ao longo da divisa entre o Norte e Centro-Oeste do Brasil, ao longo do ecótono entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. É o chamado “Arco do desmatamen-to”, que corta o Brasil de Leste a Oeste. O Arco inicia no sul do Pará, passa pelo norte de Tocantins e Mato Grosso, atravessa Rondônia e termina no Acre. Essa linha marca a expansão da fronteira agropecuária, numa trajetória que inicia com a degradação florestal provocada pela explora-ção seletiva de madeira e grande incidência de queimadas, seguida pela conversão de milhares de quilômetros qua-drados de cerrados e florestas em pastagens para alimentar o gado e plantações de soja, arroz e milho. Esse processo de ocupação é quase sempre predatório, desordenado e ilegal. Ele é resultado de políticas públicas mal concebi-das e/ou mal implementadas. Por exemplo: a falta de um ordenamento territorial antes da abertura de estradas e a existência de incentivos fiscais para uma ocupação agro-pecuária em moldes incompatíveis com a sustentabilidade ambiental.

As 110 UCs presentes no Arco do desmatamento foram incorporadas nessa análise ano a ano, em função da sua criação (57 delas foram decretadas após 2000) ou de sua

17 Desmatamento e mudanças climáticas

inclusão no Programa Arpa. Nessa análise foi suprimido o fato de o programa Arpa ter, em alguns casos, apoiado ações que antecederam o decreto de criação da UC e que essas ações de estudo, fiscalização e proteção podem, por si só, contribuir na redução do nível de desmatamento. Da mesma forma, o processo de criação das UCs pode reduzir o desmatamento no entorno – o ordenamento do processo de ocupação de terras e a elaboração do plano de manejo das UC têm efeito inibidor sobre a grilagem e o desrespei-to à legislação ambiental.

Mais da metade das UCs analisadas (55% ou 110 unida-des) está situada no Arco do desmatamento. Juntas, elas foram responsáveis por 84% (6.594 km2) do total da área desmatada (7.805 km2) no universo de unidades de con-servação da Amazônia analisadas.

Considerando a freqüência das unidades de conserva-ção nos diversos tamanhos de desmatamento, a cobertura florestal das UCs fora do Arco está mais protegida; mas no que se refere à proporção da área total desmatada, o quadro é semelhante dentro e fora do Arco, com números ligeiramente menores para as situadas fora do Arco.

Os resultados da comparação entre UCs dentro do Arco do desmatamento com e sem apoio do Arpa segue a mesma tendência do bioma como um todo, corroborando o indício de preservação maior da vegetação nas unidades pertencen-tes ao Programa Arpa. O gráfico 5 mostra a trajetória do desmatamento das UCS no Arco e revela com nitidez o efei-to positivo do Programa Arpa. A redução do desmatamento no interior e no entorno das UCs do grupo Arpa é muito mais drástica do que nas UCs do grupo fora do Arpa.

Apenas 40% das UCs no Arco do desmatamento (tabe-la 7) conseguiram limitar a destruição florestal da unidade numa extensão de 10 km2 (totalizando 118 km2 desma-

tados), enquanto fora do Arco foram 58% (num total de 148 km2 desmatados). Os valores são semelhantes para desmatamentos entre 10 e 50 km2: 28% das UCs (784 km2) no Arco do desmatamento e 30% (662 km2) fora do Arco. No caso de desmatamento acima de 50 km2, a diferença se acentua: 32% da UCs (6.594 km2) estão localizadas no Arco e 13% fora do Arco (1.211 km2).

Em termos de percentual comprometido (tabela 6), 70% das UCs no Arco do desmatamento têm até 5% de desmatamento, e fora do Arco são 76%. Entre as que têm 5 a 10% de área desmatada, as UCs no Arco representam 13% do total contra 9% fora do Arco. Por sua vez, 17% das UCs no Arco têm mais de 10% de sua área desmatada contra 15% das UCs fora do Arco.

Na comparação, no Arco, entre o grupo Arpa e o gru-po fora do Arpa, verifica-se que os desmatamentos de até 10 km2 de extensão (tabela 7) estão presentes em 37% das UCs do Arpa (36 km2 de área total desmatada) e em 42% das UCs sem apoio do Arpa (81 km2). Na faixa de desma-tamentos entre 10 e 50 km2, os valores são semelhantes entre Arpa (29%) e não-Arpa (28%). No caso das UCs com desmatamento acima de 50 km2, as UCs do Arpa chegam a 34% (2.201 km2) e as UCs sem apoio do Arpa a 30%, (4.393 km2); ou seja, entre as UCs não beneficiadas pelo Progra-ma a área desmatada é o dobro, embora o percentual de unidades seja inferior.

Um aspecto interessante é que 61% das unidades do Arpa que conseguiram limitar sua área desmatada a 10 km2 são de âmbito estadual.

Em percentual comprometido na área da UC (tabela 6), além do número relativo de UCs apoiadas pelo Arpa e com até 5% de desmatamento ser muito superior (90%) ao das UCs sem apoio do Arpa (58%), o dado que mais chama

18 Desmatamento e mudanças climáticas

a atenção é o fato de que 92% das UCs do Arpa situadas dentro do Arco mantiveram seu desmatamento dentro do limiar de 10% da área, sendo que 90% delas perderam 5% ou menos de suas florestas. No grupo fora do Arpa, 75% das UCs tiveram até 10% de área desmatada e só 58% das UCs se mantiveram abaixo do limiar de 5% (tabela 6). Apenas 5% das apoiadas pelo Arpa têm mais de 10% de sua área desmatada, enquanto que nas UCs sem apoio do Arpa essa freqüência atinge 25%.

Picos

Na trajetória do desmatamento entre 2000 e 2008, na região do Arco do desmatamento, os incrementos anuais foram geralmente pequenos nas unidades apoiadas pelo Arpa (tanto para unidades de proteção integral como para uso sustentável). Entre 2003 e 2004, houve picos de des-matamento no Parque Estadual do Cristalino, em Mato Grosso, com 97 km2 desmatados; e também em duas áreas onde posteriormente foram criadas outras duas unidades de proteção integral: o Parque Nacional da Serra do Par-do, criado em 2005, perdeu 93 km2 naquele período; e a Estação Ecológica Terra do Meio, criada em 2005, perdeu 150 km2. As duas últimas situam-se no Pará. Em 2001 três áreas onde depois foram criadas unidades de uso sus-tentável também tiveram picos: as Reservas Extrativistas Terra Grande-Pracuuba (37 km2), criada em 2006; Ario-ca-Pruanã (65 km2) e Ipaú-Anilzinho (75 km2), criadas em 2005 no Pará. Em 2003 houve pico na área onde foi criada a Reserva Extrativista Verde para Sempre (176 km2) em 2004, também no Pará.

No grupo das 35 unidades de proteção integral sem apoio do Arpa, o incremento anual de desmatamento atinge em torno de 20 km2. Em sete delas o incremento anual de desmatamento chegou a atingir áreas de 20 a 60 km2, concentrados em 2000 e entre 2002 e 2004. O caso mais grave é o da Reserva Biológica Gurupi, no Maranhão, onde 299 km2 foram devastados apenas em 2001.

Entre as 37 UCs de uso sustentável sem apoio do Arpa o padrão foi semelhante e os valores usuais ficaram em até 10 km2 ou menos, com sete unidades alcançando extensões entre 10 e 60 km2. Três delas apresentaram picos entre 80 e 122 km2 (Reservas Extrativistas Tapajós-Arapiuns, no Pará, com 86 km2; Quilombo do Frexal, no Maranhão, com 88 km2; e Rio Jaci-Paraná, em Rondônia, com 122 km2), registrados predominantemente ao redor de 2000-01, 2003-04 e a última em 2007.

Gráfico 5 · Trajetória do desmatamento no entorno

(10 km) e no interior das UCs com e sem apoio do

Arpa situadas no Arco do desmatamento

19 Desmatamento e mudanças climáticas

Numa combinação de critérios, o efeito da esfera de jurisdição entre as UCs integrantes do Programa Arpa si-tuadas no Arco do desmatamento também foi examinado. Quanto à extensão da área (tabela 7), os desmatamentos de até 10 km2 estão presentes em 61% das UC-Arpa esta-duais (27 km2 desmatados no total) e 17% nas UC-Arpa federais (9 km2). Na classe intermediária (entre 10 e 50 km2), a situação é semelhante entre estaduais (28% e 153 km2) e federais (30% e 213 km2). No caso das UCs com desmatamento acima de 50 km2, as UC-Arpa estaduais totalizam 11% e as UC-Arpa federais 52%, representando respectivamente, 378 km2 e 1.822 km2.

Em termos de percentual da cobertura florestal com-prometida dentro do Arco (tabela 6), o número de UCs com até 5% de desmatamento nas UC-Arpa estaduais re-presenta 94% e nas UC-Arpa federais 87%. Na faixa entre 5 e 10% não há UCs estaduais e na faixa de mais de 10% há apenas uma unidade.

A exemplo do que acontece na Amazônia brasileira como um todo, no Arco do desmatamento as unidades de proteção integral estão mais preservadas do que as de uso sustentável. Isso pode ser verificado tanto em termos de extensão absoluta como em percentual de área desmata-da. A classe de desmatamento de até 10 km2 abrange 45% das unidades de proteção integral (UCPI) e 36% das de uso sustentável (UCUS); respectivamente, 74 e 44 km2 de área total desmatada. Nos desmatamentos entre 10 e 50 km2, constatou-se a incidência de 24% das UCPI e 32% das UCUS. A faixa com desmatamento acima de 50 km2 corresponde a 31% das UCPI e 32% das UCUS; a soma é, respectivamente, 3.450 e 3.143 km2.

Na faixa com até 5% da área desmatada, as UCs de proteção integral apresentam valores maiores em número

de unidades (43) e de percentual (84%) do que nas UCs de uso sustentável (34 unidades correspondendo a 58%). Na faixa intermediária (5 a 10%), as UCPI ficaram com 6% (3 UCs) contra 19% de UCUS (11 UCs). Com mais de 10% de área desmatada, as UCPI têm 5 unidades (10%) e as UCUS têm 14 unidades (24%).

Ainda no Arco, aplicou-se também o critério sobre objetivo de manejo para avaliar somente aquelas UCs apoia-das pelo Programa Arpa. Os desmatamentos nas UCPIs

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20 Desmatamento e mudanças climáticas

e UCUSs apoiadas pelo Arpa no Arco do desmatamento apresentam valores muito similares e baixos, indicando um bom estado de conservação e a ausência de diferenças entre os dois grupos. Esse padrão é contrário ao que tinha sido de-tectado para toda a Amazônia brasileira, onde o impacto do desmatamento foi menor nas unidades de proteção integral.

Quanto à extensão de área, os desmatamentos de até 10 km2 estão presentes em 47% das UCPI e 27% nas UCUS, respectivamente 27 e 9 km2 de área total desmatada. Na faixa intermediária (entre 10 e 50 km2), foram encontradas 16% das UCPI e 41% das UCUS (73 e 293 km2). No caso das UCs com desmatamento acima de 50 km2, as UCPI totalizam 37% e as UCUS 32%, representando, respectiva-mente, 1.365 e 835 km2.

No que se refere ao percentual desmatado em cada unidade do grupo Arpa no Arco, 89% das UCPI e 91% das UCUS pertencem à faixa com até 5% da área desmatada. Nas faixas entre 5 e 10% e com mais de 10% de área desma-tada, tanto as UCPI como as UCUS apresentaram valores semelhantes (6% das UCPI contra 4% das UCUS na inter-mediária e 5% para ambas na última faixa).

UCs com desmatamento atípico

Dez das UCs apresentam um desmatamento atípico (acima de 34%, o que corresponde a duas vezes o desvio padrão). Quatro delas estão no Maranhão, duas em Ron-dônia, uma no Pará, uma em Tocantins, uma no Amazo-nas e uma em Mato Grosso. São elas: Reserva Extrativista Quilombo do Frexal, no Maranhão (100% da área desma-tada); Parque Estadual Sumaúma, no Amazonas (99%); Reserva Extrativista Extremo Norte do Estado do Tocan-tins (92%); Reserva Extrativista Mata Grande, no Mara-

nhão (87%); Estação Ecológica do Sítio do Rangedor, no Maranhão (85%); Reserva Extrativista Siríaco, no Mara-nhão (71%); Parque Estadual de Candeias, em Rondônia (59%); Parque Estadual do Parecis, em Rondônia (58%); Parque Estadual do Utinga, no Pará (38%); Parque Esta-dual de Águas Quentes, no Mato Grosso (35%).

Queda no desmatamento

A partir de 2004, foi observada uma redução nas taxas anuais de desmatamento. Em 2008, o governo brasileiro as-sumiu a meta de reduzir em 80% o índice de desmatamento anual da Amazônia até 2020, tomando como linha de base a taxa média do período de 1996 a 2005 (gráfico 6). Em 2009 o desmatamento baixou para 38% em relação à linha de base.

A criação de áreas protegidas com a intensidade verifica-da nos últimos anos (gráfico 7) é um dos principais fatores responsáveis pela queda do desmatamento na Amazônia brasileira. Um dado importante é que o desmatamento evita-do pelas áreas protegidas não é transferido para outros locais (Soares et al. 2010)4. O desmatamento fora das áreas prote-gidas alcançou um índice 1,7 vezes maior quando comparado ao das reservas extrativistas e chegou até 20 vezes mais em relação aos parques (proteção integral). Da mesma forma, a ocorrência de queimadas foi 4 vezes maior fora das áreas protegidas do que nas terras indígenas e até 9 vezes maior em relação às florestas nacionais (Nepstad et al. 2006)5.

4 SOARES-FILHO B.; et al. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. Proc National Academy of Sciences USA, v. 107, n. 24, p.10821-6, 15 de junho de 2010. Publicada eletronicamente em 26 de maio de 2010.

5 NEPSTAD, D.; et al. Inhibition of Amazon deforestation and fire by parks and indigenous lands. Conservation Biology. 20, n. 1, p. 65–73, 2006.

21 Desmatamento e mudanças climáticas

Gráfico 6. Trajetória do desmatamento

na Amazônia brasileira

Fonte: Prodes

Esse declínio do desmatamento na Amazônia brasi-leira a partir de 2004 reflete, em parte, os efeitos da crise econômica mundial, que provocou a redução da demanda e baixou os preços da carne e da soja no mercado inter-nacional. Mas também se deve a ações do governo federal para aumentar a eficiência do controle e fiscalização do desmatamento ilegal e à adoção de políticas públicas para conter a destruição florestal.

Como mencionado acima, um fator importante para reduzir o desmatamento foi a intensificação da criação de unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs). O total de áreas protegidas até 2009 subiu para 1,9 milhões de km2 e o Programa Arpa teve papel relevante no apoio à criação das novas UCs na Amazônia (gráfico 7). Essa área corresponde a mais da metade (54%) das florestas remanes-centes na Amazônia brasileira e estoca 56% do seu carbono

florestal (Soares et al. 20106). Com isso, o Brasil tornou-se responsável por mais de 55% do aumento global de áreas protegidas entre 2003 e 2009, do qual metade foi contri-buição do Arpa. Ou seja, o Arpa foi responsável por mais de um quarto do aumento de áreas protegidas no mundo nos últimos anos. (Banco de Dados Mundial de Áreas Protegidas – WDPA)7.

Gráfico 7 · Evolução do número de unidades de conservação

na Amazônia e no Programa Arpa segundo objetivo de manejo

6 SOARES-FILHO B.; et al. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. Proc National Academy of Sciences USA, v. 107, n. 24, p.10821-6, 15 de junho de 2010. Publicada eletronicamente em 26 de maio de 2010.

7 Banco de Dados Mundial de Áreas Protegidas (WDPA - http://www.wdpa.org/Statistics.aspx).

8 LIMA, A.; et al. Desmatamento na Amazônia: medidas e efeitos do Decreto Federal 6.321/07. Belém: Ipam, 2008. 14p. Conservation, v. 142, n. 10, p. 2166-2174, outubro de 2009.

22 Desmatamento e mudanças climáticas

A definição de requisitos ambientais para as proprie-dades agrícolas na Amazônia acessarem o crédito rural (Resolução 3545/08 do Banco Central) foi uma iniciativa importante. Outra foi o decreto 6321/078, que trouxe de-terminações importantes: definição de municípios priori-tários para o combate ao desmatamento; recadastramento obrigatório de imóveis rurais nesses municípios prioritários, integrando a regularização fundiária e ambiental; embargo ao uso das áreas desmatadas ilegalmente foi determinado, com a conseqüente proibição da comercialização de pro-dutos oriundos dessas áreas; sanções para quem violar o embargo ao longo da cadeia produtiva (Lima et al. 2008).

Recomendações

Para estabelecer de forma clara a efetividade das UCs e do Programa Arpa na contenção do desmatamento, um sis-tema de monitoramento periódico da gestão do sistema de UCs e do Arpa deveria ser implantado e o uso contínuo dessa base de dados construída para esse trabalho e das análises sobre desmatamento nas UCs ser feito periodicamente.

Acabar com o desmatamento na Amazônia brasileira é um desafio que requer constante vigilância e criatividade na formulação de estratégias para implantar um modelo de desenvolvimento sustentável baseado na manutenção da floresta em pé. Se a demanda por carne e soja retomar o ritmo de expansão acelerada verificada até a recente crise econômica mundial e a lucratividade da conversão florestal para a agro-pecuária aumentar novamente, a tendência do desmatamento será crescer. Para impedir que isso aconteça, é preciso integrar as políticas públicas e do setor privado para a promoção de:•Ações de vigilância e fiscalização para detecção e con-

tenção efetiva de frentes de desmatamento, com o aper-feiçoamento contínuo dos sistemas de monitoramento e fiscalização ambiental.

•Valoração do capital florestal, com uso do manejo flores-tal sustentável.

•Sistemas agroflorestais sustentáveis para pequenas pro-priedades e populações tradicionais, utilizando a agri-cultura multifuncional e a agroecologia para reduzir a conversão florestal.

•Manter o fluxo de criação de unidades de conservação, bem como intensificar o processo de consolidação dessas áreas;

•Boas práticas e sistemas de produção responsável na cul-tura da soja e na pecuária. As propriedades regularizadas precisam ser valorizadas e incentivadas.

•Aumento da produtividade da pecuária para reduzir seu papel como maior indutor de abertura de novas áreas – como se viu nas duas últimas décadas.

•Esquemas de compensação e pagamentos por serviços ambientais com foco na redução de emissões e manuten-ção da estabilidade climática, para assegurar a repartição de benefícios correta entre todos os atores envolvidos.

•Maior rigor na penalização da comercialização de produ-tos oriundos de áreas ilegalmente desmatadas e embar-gadas em diferentes elos da cadeia de custódia.

•Intensificação das políticas de ordenamento territorial, especialmente por meio da implementação de zonea-mentos agroecológicos. Assegurar a conservação repre-sentativa da biodiversidade e induzir um uso da terra compatível com o potencial agronômico de cada região.

Para a 2ª Fase do Programa, que se estende até 2015, a meta é apoiar a criação de 135 mil km2 de UCs e consoli-dar outros 320 mil km2 de unidades pré-existentes. Além disso, o Arpa pretende capitalizar 100 milhões de dólares para o FAP. Um Programa com esse grau de ambição e recursos envolvidos requer monitoramento e análise cons-tantes e em longo prazo de sua efetividade na redução do desmatamento.

23 Desmatamento e mudanças climáticas

Anexo 1Histogramas desmatamento X critérios de análise

Contexto do desmatamento nas UCs da Amazônia brasileira

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 95 47,98%

50 57 76,77%

1200 46 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 144 72,73%

10% 22 83,84%

100% 32 100%

Apoio do programa Arpa

Desmatamento

em km2Número de UCs % cumulativo de UCs

Até 10 22 35,48%

Entre 11 e 50 24 74,19%

Entre 51 e 1200 16 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

24 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 73 53,68%

50 33 77,94%

1200 30 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

Até 5% 57 91,94%

Entre 6 e 10% 3 96,77%

Entre 11 e 100% 2 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 87 63,97%

10% 19 77,94%

100% 30 100%

Grupo de objetivo de manejo e tipo de uso

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 60 57,69%

50 24 80,77%

1200 20 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

25 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 35 37,23%

50 33 72,34%

1200 26 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 87 83,65%

10% 3 86,54%

100% 14 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 57 60,64%

10% 19 80,85%

100% 18 100%

Esfera de jurisdição

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 60 57,69%

50 29 85,58%

1200 15 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

26 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 35 37,23%

50 28 67,02%

1200 31 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 71 68,27%

10% 11 78,85%

100% 22 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 73 77,66%

10% 11 89,36%

100% 10 100%

Contexto de desmatamento nas UCs com apoio

do programa Arpa– análise por grupo

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 8 25,81%

50 15 74,19%

1200 8 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

27 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 27 42,86%

50 18 71,43%

1200 18 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 14 45,16%

50 9 74,19%

1200 8 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 46 63,01%

50 15 83,56%

1200 12 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 28 90,32%

10% 2 96,77%

100% 1 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

28 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 29 46,03%

10% 17 73,02%

100% 17 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 58 79,45%

10% 2 82,19%

100% 13 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 29 93,55%

10% 1 96,77%

100% 1 100%

Contexto do desmatamento nas UCs

do arco do desmatamento

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 44 40,00%

50 31 68,18%

1200 35 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

29 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 51 57,95%

50 26 87,50%

1200 11 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 77 70,00%

10% 14 82,73%

100% 19 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 67 76,14%

10% 8 85,23%

100% 13 100%

Apoio do programa Arpa

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 15 36,59%

50 12 65,85%

1200 14 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

30 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 29 42,03%

50 19 69,57%

1200 21 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 37 90,24%

10% 2 95,12%

100% 2 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 40 57,97%

10% 12 75,36%

100% 17 100%

Grupo de objetivo de manejo e tipo de uso

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 21 35,59%

50 19 67,80%

1200 19 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

31 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 23 45,10%

50 12 68,63%

1200 16 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 34 57,63%

10% 11 76,27%

100% 14 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 43 84,31%

10% 3 90,20%

100% 5 100%

Grupo de objetivo de manejo e tipo

de uso com apoio do Arpa

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 6 27,27%

50 9 68,18%

1200 7 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

32 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 9 47,37%

50 3 63,16%

1200 7 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 20 90,91%

10% 1 95,45%

100% 1 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 17 89,47%

10% 1 94,74%

100% 1 100%

Esfera de jurisdição

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 11 61,11%

50 5 88,89%

1200 2 100%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

33 Desmatamento e mudanças climáticas

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

10 4 17,39%

50 7 47,83%

1200 12 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 17 94,44%

10% 0 94,44%

100% 1 100%

Desmatamento em km2 Número de UCs % cumulativo de UCs

5% 20 86.96%

10% 2 95.65%

100% 1 100.00%

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

100

80

60

40

20

0

34 Desmatamento e mudanças climáticas

Anexo 2Lista de todas as UCs analisadas

No

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UC

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Gru

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Ano

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Are

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2

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2

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mat

ada

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ento

Parque Estadual Sumaúma Parque Estadual Proteção Integral 2003 Estadual AM 0,51 Não Arpa 0,504 99% Out

Parque Estadual da Saúde Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 0,53 Não Arpa 0 0% Out

Parque Estadual Massairo Okamura Parque Estadual Proteção Integral 2001 Estadual MT 0,53 Não Arpa 0 0% Out

Parque Estadual da Cidade Mãe Bonifácia Parque Estadual Proteção Integral 2000 Estadual MT 0,77 Não Arpa 0 0% Out

Estação Ecológica do Sítio Rangedor Estação Ecológica Proteção Integral 2005 Estadual MA 1,29 Não Arpa 1,0944 85% Out

Reserva Biológica da Fazendinha Reserva Biológica Proteção Integral 2005 Estadual AP 1,47 Não Arpa 0,0432 3% Out

Monumento Natural Morro de Santo Antônio Monumento Natural Proteção Integral 2006 Estadual MT 2,58 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Seringueira Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 4,64 Não Arpa 0,4464 10% In

Parque Estadual Gruta da Lagoa Azul Parque Estadual Proteção Integral 2000 Estadual MT 5,28 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Freijó Reserva Extrativista Uso Sustentável 2007 Estadual RO 5,81 Não Arpa 1,1952 21% In

Reserva Extrativista Ipê Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 8,27 Não Arpa 1,3104 16% In

Reserva Extrativista Garrote Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 8,80 Não Arpa 0,4752 5% In

Reserva Extrativista Roxinho Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 10,63 Não Arpa 1,3536 13% In

Parque Estadual do Utinga Parque Estadual Proteção Integral 1993 Estadual PA 11,98 Não Arpa 4,5792 38% Out

Reserva Extrativista Piquiá Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 12,95 Não Arpa 2,0448 16% In

Reserva Extrativista Jatobá Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 13,67 Não Arpa 4,2768 31% In

Parque Estadual de Águas Quentes Parque Estadual Proteção Integral 1978 Estadual MT 14,81 Não Arpa 5,1408 35% Out

Reserva Extrativista Itaúba Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Estadual RO 16,12 Não Arpa 0,5184 3% In

Reserva Extrativista do Curralinho Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 19,28 Não Arpa 3,2688 17% Out

Reserva Extrativista Mogno Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 24,62 Não Arpa 1,1088 5% In

Área de Relevante Interesse Ecológico

Seringal Nova EsperançaÁrea de Relevante Interesse Ecológico Uso Sustentável 1999 Federal AC 26,53 Não Arpa 6,5232 25% Out

Parque Estadual do Bacanga Parque Estadual Proteção Integral 1980 Estadual MA 26,61 Não Arpa 8,9424 34% Out

35 Desmatamento e mudanças climáticas

No

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UC

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Gru

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Ano

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Est

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2

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mat

amen

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l em

km

2

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ea

des

mat

ada

Arc

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e d

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ento

Reserva Extrativista Chocoaré-Mato Grosso Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal PA 28,02 Não Arpa 0,3024 1% Out

Reserva Extrativista Sucupira Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 28,80 Não Arpa 2,16 7% In

Área de Relevante Interess Ecológico Projeto

Dinâmica Biológica de Fragmentos FlorestaisÁrea de Relevante Interesse Ecológico Uso Sustentável 1985 Federal AM 31,97 Não Arpa 5,976 19% Out

Reserva Extrativista de São João da Ponta Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal PA 32,15 Não Arpa 2,2464 7% Out

Estação Ecológica Rio da Casca Estação Ecológica Proteção Integral 1994 Estadual MT 34,94 Não Arpa 0 0% Out

Parque Estadual do Araguaia Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual TO 46,71 Não Arpa 0 0% Out

Parque Estadual de Monte Alegre Parque Estadual Proteção Integral 2001 Estadual PA 56,43 Não Arpa 9,4896 17% Out

Reserva Extrativista Massaranduba Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 62,41 Não Arpa 11,3616 18% In

Parque Estadual Dom Osório Stoffel Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 64,21 Não Arpa 14,7456 23% Out

Parque Estadual do Encontro Das Águas Parque Estadual Proteção Integral 2004 Estadual TO 64,59 Não Arpa 0,1872 0% In

Reserva Extrativista Ciriáco Reserva Extrativista Uso Sustentável 1992 Federal MA 72,04 Não Arpa 50,8464 71% In

Parque Estadual da Serra de Sonora Parque Estadual Proteção Integral 2001 Estadual MS 79,11 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Angelim Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 84,97 Não Arpa 5,544 7% In

Estação Ecológica do Rio Flor do Prado Estação Ecológica Proteção Integral 2003 Estadual MT 85,87 Não Arpa 0,0432 0% In

Reserva Extrativista Maracatiara Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 87,35 Não Arpa 10,6128 12% In

Parque Estadual de Candeiais Parque Estadual Proteção Integral 1990 Estadual RO 87,66 Não Arpa 52,0128 In

Reserva Extrativista Quilombo do Frexal Reserva Extrativista Uso Sustentável 1992 Federal MA 88,54 Não Arpa 88,488 100% In

Reserva Extrativista Extremo Norte

do Estado do TocantinsReserva Extrativista Uso Sustentável 1992 Federal TO 91,75 Não Arpa 84,5136 92% In

Reserva Extrativista Castanheira Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 97,77 Não Arpa 6,5088 7% In

Parque Estadual Águas de Cuiabá Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 109,05 Não Arpa 0 0% Out

Parque Estadual da Serra Azul Parque Estadual Proteção Integral 1994 Estadual MT 110,12 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Araí Peroba Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 115,85 Não Arpa 5,4144 5% Out

Estação Ecológica do Rio Madeirinha Estação Ecológica Proteção Integral 1999 Estadual MT 116,71 Não Arpa 0 0% In

Reserva Extrativista da Mata Grande Reserva Extrativista Uso Sustentável 1992 Federal MA 130,11 Não Arpa 113,8032 87% In

36 Desmatamento e mudanças climáticas

No

me

da

UC

Cat

ego

ria

Gru

po

Ano

de

cria

ção

Esf

era

Est

ado

Are

a km

2

Arp

a

Des

mat

amen

to

tota

l em

km

2

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e ar

ea

des

mat

ada

Arc

o d

e d

esm

atam

ento

Área de Relevante Interesse

Ecológico Javari BuritiÁrea de Relevante Interesse Ecológico Uso Sustentável 1985 Federal AM 135,62 Não Arpa 0 0% Out

Estação Ecológica de Taiamã Estação Ecológica Proteção Integral 1981 Federal MT 142,77 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Soure Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Federal PA 153,46 Não Arpa 8,784 6% Out

Estação Ecológica Antônio Mujica Nava Estação Ecológica Proteção Integral 1996 Estadual RO 165,70 Arpa 2,3616 1% In

Reserva Extrativista Lago do Cedro Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal GO 174,26 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Aquariquara Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 193,76 Não Arpa 15,0192 8% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável AlcobaçaReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2002 Estadual PA 225,22 Não Arpa 29,5056 13% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável CanumãReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 228,43 Não Arpa 21,7296 10% Out

Reserva Biológica do Traçadal Reserva Biológica Proteção Integral 1990 Estadual RO 251,16 Não Arpa 0,1296 0% In

Parque Estadual da Serra Dos

Martírios/AndorinhasParque Estadual Proteção Integral 1996 Estadual PA 251,46 Não Arpa 14,2848 6% In

Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 273,57 Não Arpa 9,072 3% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Pucuruí-ArarãoReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2002 Estadual PA 292,47 Não Arpa 12,096 4% In

Estação Ecológica Serra Das Araras Estação Ecológica Proteção Integral 1982 Federal MT 296,81 Não Arpa 0,8208 0% Out

Parque Estadual Das Nascentes do Rio Taquari Parque Estadual Proteção Integral 1999 Estadual MS 305,99 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Maracanã Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal PA 308,43 Arpa 8,712 3% Out

Parque Nacional da Chapada Dos Guimaraes Parque Nacional Proteção Integral 1989 Federal MT 326,78 Não Arpa 34,7616 11% Out

Refúgio de Vida Silvestre Corixão da Mata Azul Refúgio da Vida Silvestre Proteção Integral 2001 Estadual MT 338,44 Não Arpa 3,4128 1% In

Parque Estadual Serra Dos Reis Parque Estadual Proteção Integral 1995 Estadual RO 367,94 Não Arpa 13,1472 4% In

Reserva Biológica Morro Dos Seis Lagos Reserva Biológica Proteção Integral 1990 Estadual AM 392,34 Não Arpa 8,28 2% Out

Parque Estadual Serra Dos Parecis Parque Estadual Proteção Integral 1990 Estadual RO 425,00 Não Arpa 246,2688 58% In

Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 426,74 Não Arpa 25,9776 6% Out

Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal PA 431,60 Não Arpa 24,1776 6% Out

37 Desmatamento e mudanças climáticas

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Reserva Extrativista Lago do Cuniã Reserva Extrativista Uso Sustentável 1999 Federal RO 528,06 Não Arpa 2,4912 0% In

Reserva Extrativista Ipaú-Anilzinho Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 559,88 Arpa 176,4288 32% In

Parque Estadual Nhamundá Parque Estadual Proteção Integral 1989 Estadual AM 564,09 Não Arpa 173,6496 31% Out

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Urariá Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 601,61 Não Arpa 45,2592 8% Out

Estação Ecológica de Maracá-Jipioca Estação Ecológica Proteção Integral 1981 Federal AP 603,70 Não Arpa 9,432 2% Out

Reserva Biológica Rio Ouro Preto Reserva Biológica Proteção Integral 1990 Estadual RO 625,16 Não Arpa 0,1008 0% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Itatupã-BaquiáReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Federal PA 645,11 Arpa 0,3312 0% In

Parque Estadual do Guariba Parque Estadual Proteção Integral 2005 Estadual AM 708,31 Arpa 0,1008 0% In

Reserva Extrativista Gurupi-Piriá Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 750,65 Não Arpa 65,2032 9% Out

Estação Ecológica de Samuel Estação Ecológica Proteção Integral 1989 Estadual RO 758,02 Não Arpa 35,4384 5% In

Reserva Extrativista Rio Cautário Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Federal RO 762,69 Não Arpa 5,1408 1% In

Refúgio de Vida Silvestre Quelônios do Araguaia Refúgio da Vida Silvestre Proteção Integral 2001 Estadual MT 790,30 Não Arpa 12,6864 2% In

Parque Estadual Tucumã Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 816,38 Não Arpa 5,2416 1% In

Estação Ecológica do Rio Acre Estação Ecológica Proteção Integral 1981 Federal AC 821,96 Não Arpa 0 0% In

Reserva Extrativista Arioca Pruanã Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 840,22 Arpa 79,2144 9% In

Estação Ecológica de Caracaraí Estação Ecológica Proteção Integral 1982 Federal RR 875,21 Não Arpa 16,6032 2% Out

Reserva Extrativista Mapuá Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal PA 939,68 Arpa 27,6336 3% In

Parque Estadual do Xingu Parque Estadual Proteção Integral 2001 Estadual MT 953,57 Arpa 0 0% In

Estação Ecológica do Rio Roosevelt Estação Ecológica Proteção Integral 1999 Estadual MT 986,09 Não Arpa 5,9472 1% In

Reserva Biológica do Tapirapé Reserva Biológica Proteção Integral 1989 Federal PA 994,45 Arpa 6,8112 1% In

Parque Estadual do Cantão Parque Estadual Proteção Integral 1998 Estadual TO 1006,45 Arpa 23,9328 2% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Rio NegroReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2008 Estadual AM 1023,78 Não Arpa 51,048 5% Out

Estação Ecológica do Rio Ronuro Estação Ecológica Proteção Integral 1998 Estadual MT 1029,10 Arpa 35,8704 3% In

Parque Estadual Guirá Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 1033,83 Não Arpa 0 0% Out

38 Desmatamento e mudanças climáticas

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Estação Ecológica de Maracá Estação Ecológica Proteção Integral 1981 Federal RR 1044,54 Arpa 25,5456 2% Out

Reserva Extrativista Barreiro Das Antas Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Federal RO 1079,63 Arpa 0,5616 0% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável BararatiReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 1080,00 Arpa 2,9232 0% In

Estação Ecológica Serra Dos Três Irmãos Estação Ecológica Proteção Integral 1990 Estadual RO 1080,50 Arpa 0,7776 0% In

Parque Estadual do Encontro Das Águas Parque Estadual Proteção Integral 2004 Estadual TO 1082,37 Não Arpa 1,3104 0% Out

Parque Estadual Igarapés do Juruena Parque Estadual Proteção Integral 2002 Estadual MT 1099,21 Arpa 14,112 1% In

Parque Nacional do Monte Roraima Parque Nacional Proteção Integral 1989 Federal RR 1174,72 Não Arpa 1,8432 0% Out

Parque Estadual da Serra de Santa Bárbara Parque Estadual Proteção Integral 1999 Estadual MT 1205,62 Não Arpa 43,4448 4% In

Reserva Extrativista Rio Preto / Jacundá Reserva Extrativista Uso Sustentável 1996 Estadual RO 1208,67 Não Arpa 30,6144 3% In

Estação Ecológica de Cuniã Estação Ecológica Proteção Integral 2001 Federal RO 1239,54 Não Arpa 8,1936 1% In

Reserva Extrativista Pedras Negras Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 1251,68 Não Arpa 1,0368 0% Out

Parque Nacional do Pantanal Matogrossense Parque Nacional Proteção Integral 1981 Federal MT 1358,29 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Arapixi Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal AM 1375,55 Arpa 25,272 2% In

Reserva Extrativista de Gurupá-Melgaço Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal PA 1455,74 Não Arpa 22,7664 2% In

Reserva Extrativista do Guariba Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Estadual AM 1473,76 Arpa 0,8496 0% In

Parque Estadual do Rio Negro Setor Norte Parque Estadual Proteção Integral 1995 Estadual AM 1498,46 Arpa 7,6608 1% Out

Reserva Extrativista do Rio Cautário Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Estadual RO 1503,37 Arpa 38,016 3% In

Reserva Extrativista Auati-Paraná Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Federal AM 1503,93 Arpa 15,8976 1% Out

Parque Estadual do Rio Negro Setor Sul Parque Estadual Proteção Integral 1995 Estadual AM 1564,23 Não Arpa 21,4992 1% Out

Reserva Extrativista do Alto Tarauacá Reserva Extrativista Uso Sustentável 2000 Federal AC 1581,85 Arpa 26,7408 2% Out

Parque Estadual Serra de Ricardo Franco Parque Estadual Proteção Integral 1997 Estadual MT 1593,21 Não Arpa 367,8768 23% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável MatupiriReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2009 Estadual AM 1781,92 Não Arpa 0,144 0% In

Reserva Extrativista Cururupu Reserva Extrativista Uso Sustentável 2004 Federal MA 1875,76 Não Arpa 228,0672 12% Out

Reserva Extrativista do Baixo Juruá Reserva Extrativista Uso Sustentável 2001 Federal AM 1920,91 Arpa 27,3888 1% Out

39 Desmatamento e mudanças climáticas

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Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal PA 1953,46 Arpa 54,36 3% In

Parque Estadual do Cristalino Parque Estadual Proteção Integral 2000 Estadual MT 2004,47 Arpa 294,8544 15% In

Reserva Extrativista Canutama Reserva Extrativista Uso Sustentável 2009 Estadual AM 2013,50 Não Arpa 11,1456 1% In

Parque Estadual Guajará-Mirim Parque Estadual Proteção Integral 1990 Estadual RO 2032,91 Arpa 8,28 0% In

Reserva Extrativista Rio Ouro Preto Reserva Extrativista Uso Sustentável 1990 Federal RO 2047,58 Não Arpa 178,1712 9% In

Reserva Extrativista do Rio Jaci-Paraná Reserva Extrativista Uso Sustentável 1996 Estadual RO 2088,61 Não Arpa 421,8768 20% In

Reserva Extrativista Renascer Reserva Extrativista Uso Sustentável 2009 Federal PA 2133,04 Não Arpa 148,3488 7% In

Reserva Extrativista do Catuá Ipixuna Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Estadual AM 2157,06 Arpa 130,968 6% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Rio AmapáReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 2167,93 Arpa 3,8304 0% In

Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual MT 2193,36 Não Arpa 125,1936 6% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável AripuanãReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 2195,57 Arpa 1,1232 0% In

Estação Ecológica de Iquê Estação Ecológica Proteção Integral 1981 Federal MT 2249,42 Não Arpa 29,2752 1% In

Reserva Biológica do Abufari Reserva Biológica Proteção Integral 1982 Federal AM 2266,46 Não Arpa 3,1248 0% In

Parque Estadual do Araguaia Parque Estadual Proteção Integral 2001 Estadual MT 2302,68 Não Arpa 18,6192 1% In

Estação Ecológica do Jari Estação Ecológica Proteção Integral 1982 FederalAP/

PA2311,48 Não Arpa 7,1568 0% Out

Parque Nacional do Viruá Parque Nacional Proteção Integral 1998 Federal RR 2317,31 Arpa 0,1728 0% Out

Reserva Extrativista Medio Juruá Reserva Extrativista Uso Sustentável 1997 Federal AM 2571,03 Não Arpa 25,2288 1% Out

Reserva Biológica do Gurupi Reserva Biológica Proteção Integral 1988 Federal MA 2733,77 Não Arpa 720,0864 26% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Rio MadeiraReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2006 Estadual AM 2814,45 Não Arpa 115,4736 4% In

Reserva Extrativista do Rio Jutai Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal AM 2829,89 Arpa 17,0208 1% Out

Estação Ecológica de Niquiá Estação Ecológica Proteção Integral 1985 Federal RR 2872,45 Não Arpa 0,3024 0% Out

Parque Nacional da Serra da Cutia Parque Nacional Proteção Integral 2001 Federal RO 2879,98 Arpa 2,016 0% In

Estação Ecológica de Jutaí - Solimões Estação Ecológica Proteção Integral 1983 Federal AM 2976,86 Não Arpa 11,016 0% Out

40 Desmatamento e mudanças climáticas

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Reserva Extrativista do Rio Xingu Reserva Extrativista Uso Sustentável 2008 Federal PA 3030,62 Arpa 36,4032 1% In

Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande Reserva Extrativista Uso Sustentável 2004 Federal AM 3073,26 Arpa 52,6896 2% In

Reserva Extrativista do Rio Gregório Reserva Extrativista Uso Sustentável 2007 Estadual AM 3212,15 Arpa 22,68 1% Out

Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade Reserva Extrativista Uso Sustentável 2005 Federal AC 3408,85 Arpa 47,0736 1% In

Reserva Biológica Nascentes

da Serra do CachimboReserva Biológica Proteção Integral 2005 Federal PA 3422,18 Não Arpa 244,2672 7% In

Parque Nacional de Anavilhanas Parque Nacional Proteção Integral 1981 Federal AM 3432,57 Arpa 14,76 0% Out

Reserva Biológica do Jaru Reserva Biológica Proteção Integral 1979 Federal RO 3499,31 Arpa 98,1648 3% In

Reserva Extrativista do Rio Pacaás Novos Reserva Extrativista Uso Sustentável 1995 Estadual RO 3612,36 Não Arpa 21,0816 1% In

Parque Nacional da Serra da Mocidade Parque Nacional Proteção Integral 1998 Federal RR 3801,23 Não Arpa 0,072 0% Out

Reserva Biológica do Lago Piratuba Reserva Biológica Proteção Integral 1980 Federal AP 3933,28 Arpa 13,8096 0% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Igapó-AçuReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2009 Estadual AM 3980,79 Não Arpa 49,9392 1% In

Reserva Extrativista do Rio Iriri Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal PA 3989,94 Arpa 73,4976 2% In

Reserva Biológica do Rio Trombetas Reserva Biológica Proteção Integral 1979 Federal PA 4082,09 Arpa 22,3632 1% Out

Parque Estadual de Corumbiara Parque Estadual Proteção Integral 1990 Estadual RO 4107,35 Arpa 83,6064 2% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do UatumãReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2004 Estadual AM 4258,07 Não Arpa 60,6096 1% Out

Parque Nacional da Serra do Pardo Parque Nacional Proteção Integral 2005 Federal PA 4454,80 Arpa 257,7168 6% In

Reserva Extrativista do Rio Cajari Reserva Extrativista Uso Sustentável 1990 Federal AP 5028,35 Não Arpa 37,9296 1% Out

Parque Estadual do Matupiri Parque Estadual Proteção Integral 2009 Estadual AM 5136,65 Não Arpa 3,9744 0% In

Parque Nacional do Rio Novo Parque Nacional Proteção Integral 2006 Federal PA 5386,06 Não Arpa 84,4128 2% In

Parque Nacional do Araguaia Parque Nacional Proteção Integral 1959 Federal TO 5567,14 Não Arpa 17,6256 0% In

Parque Estadual de Mirador Parque Estadual Proteção Integral 1980 Estadual MA 5572,24 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista Alto Juruá Reserva Extrativista Uso Sustentável 1990 Federal AC 5652,81 Não Arpa 126,2448 2% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do JumaReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2006 Estadual AM 5842,95 Não Arpa 68,6736 1% In

41 Desmatamento e mudanças climáticas

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Reserva Extrativista do Médio Purus Reserva Extrativista Uso Sustentável 2008 Federal AM 6174,92 Arpa 41,2992 1% In

Reserva Biológica do Guaporé Reserva Biológica Proteção Integral 1982 Federal RO 6227,65 Não Arpa 18,2304 0% In

Parque Nacional do Cabo Orange Parque Nacional Proteção Integral 1980 Federal AP 6281,34 Arpa 7,9344 0% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Rio UacariReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2005 Estadual AM 6412,50 Arpa 49,2768 1% Out

Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns Reserva Extrativista Uso Sustentável 1998 Federal PA 6744,92 Não Arpa 484,3728 7% In

Parque Nacional de Pacaás Novos Parque Nacional Proteção Integral 1979 Federal RO 7178,17 Não Arpa 7,9056 0% In

Parque Estadual Alto Chandless Parque Estadual Proteção Integral 2004 Estadual AC 7214,71 Arpa 3,1392 0% In

Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio Reserva Extrativista Uso Sustentável 2004 Federal PA 7362,28 Arpa 25,9776 0% In

Parque Nacional Das Nascentes do Rio Parnaíba Parque Nacional Proteção Integral 2002 Federal

MA/

PI/

TO

7372,42 Não Arpa 0 0% Out

Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema Reserva Extrativista Uso Sustentável 2002 Federal AC 7878,33 Arpa 71,2368 1% In

Parque Estadual do Sucunduri Parque Estadual Proteção Integral 2005 Estadual AM 7905,92 Arpa 3,8304 0% In

Reserva Extrativista Ituxi Reserva Extrativista Uso Sustentável 2008 Federal AM 7911,73 Arpa 10,224 0% In

Parque Nacional Nascentes do Lago Jari Parque Nacional Proteção Integral 2008 Federal AM 8219,42 Não Arpa 8,784 0% In

Reserva Extrativista Rio Unini Reserva Extrativista Uso Sustentável 2006 Federal AM 8449,69 Arpa 9,4464 0% Out

Estação Ecológica Juami-Japurá Estação Ecológica Proteção Integral 2001 Federal AM 8578,07 Arpa 0 0% Out

Parque Nacional do Jamanxim Parque Nacional Proteção Integral 2006 Federal PA 8675,43 Não Arpa 188,4096 2% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Rio IratapuruReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 1997 Estadual AP 8738,18 Não Arpa 11,2464 0% Out

Parque Nacional da Serra do Divisor Parque Nacional Proteção Integral 1989 Federal AC 8846,60 Arpa 162,9504 2% Out

Parque Nacional Dos Campos Amazônicos Parque Nacional Proteção Integral 2006 Federal

AM/

RO/

MT

8866,30 Arpa 67,7808 1% In

Reserva Biológica do Uatumã Reserva Biológica Proteção Integral 1990 Federal AM 9428,75 Arpa 2,0736 0% Out

Reserva Extrativista Chico Mendes Reserva Extrativista Uso Sustentável 1990 Federal AC 9624,50 Não Arpa 428,2848 4% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Piagaçu-PurusReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2003 Estadual AM 10082,96 Arpa 41,8176 0% In

42 Desmatamento e mudanças climáticas

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Parque Nacional da Amazônia Parque Nacional Proteção Integral 1974 FederalAM/

PA11133,79 Não Arpa 99,5184 1% In

Reserva Biológica de Maicuru Reserva Biológica Proteção Integral 2006 Estadual PA 11731,60 Não Arpa 53,6688 0% Out

Reserva Extrativista Verde Para Sempre Reserva Extrativista Uso Sustentável 2004 Federal PA 12889,35 Arpa 328,1328 3% In

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável de MamirauáReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 1990 Estadual AM 13453,72 Não Arpa 1,0656 0% Out

Parque Nacional Mapinguari Parque Nacional Proteção Integral 2008 Federal AM 15988,93 Não Arpa 82,1376 1% In

Parque Estadual da Serra do Araçá Parque Estadual Proteção Integral 1990 Estadual AM 19212,10 Não Arpa 32,0688 0% Out

Parque Nacional do Juruena Parque Nacional Proteção Integral 2006 FederalAM/

MT19632,59 Arpa 104,0544 1% In

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 1998 Estadual AM 22573,53 Não Arpa 96,0624 0% Out

Parque Nacional do Pico da Neblina Parque Nacional Proteção Integral 1979 Federal AM 23013,61 Não Arpa 62,9424 0% Out

Parque Nacional do Jaú Parque Nacional Proteção Integral 1980 Federal AM 23945,90 Arpa 37,8432 0% Out

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável CujubimReserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 2003 Estadual AM 25035,20 Não Arpa 26,2944 0% Out

Estação Ecológica da Terra do Meio Estação Ecológica Proteção Integral 2005 Federal PA 33732,68 Arpa 459,6768 1% In

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque Parque Nacional Proteção Integral 2002 Federal AP 38661,93 Arpa 40,4352 0% Out

Estação Ecológica do Grão Pará Estação Ecológica Proteção Integral 2006 Estadual PA 42095,76 Não Arpa 9,8352 0% Out

Nota 1: Área foi calculada a partir do Prodes Digital, por meio do software do Inpe e Spring, de modo que pode

haver alguma diferença em comparação com cálculos feitos com outros softwares

Nota 2: Fonte de dados: o Prodes / Inpe

Nota 3: Dados obtidos através de varredura..

43 Desmatamento e mudanças climáticas

Referências

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria Executiva/Se-cretaria de Biodiversidade e Florestas Programa Áreas Protegidas da Amazônia – Arpa – Fase II. Brasília: SBF, 2010.i 79p.Documento de Programa do Governo Brasileiro.

Global Forest Resources Assessment – Progress towards sustainable forest management. Food and Agriculture Organization of the United Na-tions (Fao), Roma, 2005.

JENKINS, C.N. JOPPA, L. Expansion of the global terrestrial protected area system, Biological Conservation, v. 142, n. 10, p. 2166-2174, outubro de 2009.

LIMA, A.; et al. Desmatamento na Amazônia: medidas e efeitos do De-creto Federal 6.321/07. Belém: Ipam, 2008. 14p.

NEPSTAD, D.; et al. The End of Deforestation in the Brazilian Amazon. Science, v. 326, n. 5958, p. 1350-1351, 2009.

NEPSTAD, D.; et al. Inhibition of Amazon deforestation and fire by par-ks and indigenous lands. Conservation Biology. 20, n. 1, p. 65–73, 2006

SOARES-FILHO B.; et a. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. Proc National Academy of Sciences USA, v. 107, n. 24, p.10821-6, 15 de junho de 2010. Publicada eletronicamente em 26 mai0 de 2010.

44 Desmatamento e mudanças climáticas

Áreas protegidas e mudanças climáticasAs áreas protegidas são, hoje, a alternativa mais rápida, mais eficiente e de menor custo para minimizar (mitigar) as mudanças climáticas nos países com florestas tropicais. E esse é especialmente o caso do Brasil na Amazônia.

O aquecimento global é provocado pelo aumento da concentração na atmosfera dos gases de efeito estufa, como o CO2. O efeito final desse

aquecimento é a intensificação de eventos climáticos ex-tremos e as alterações dos padrões sazonais. As mudanças climáticas afetam o planeta como um todo e têm impacto mundial sobre a vida e a economia, atingindo a todos sem distinção. Até 20% das emissões globais de gases de efeito estufa são provocados pela derrubada e a degradação das florestas – isso é mais do que as emissões provocadas pelos veículos de todo tipo (carros e outros rodoviários, trens, aviões, navios). Para evitar que as mudanças climáticas fiquem fora de controle, é preciso garantir que esse au-mento da temperatura não ultrapasse 2°C. E para que isso aconteça, todos os países devem contribuir com a redução de emissões e adotar medidas para mitigar os impactos do aquecimento.

É urgente diminuir as emissões dos gases de efeito estufa para conter o aquecimento global. A tendência, no entanto, é de aumento. É preciso agir para viabilizar a re-dução necessária.

Estudos baseados em modelos utilizados nos cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáti-cas (IPCC, na sigla em inglês) concluíram que, até 2020,

as emissões anuais mundiais precisam baixar para 44 gi-gatoneladas de CO2 ou menos para que o mundo tenha uma chance maior do que 50% de conter o aquecimento global. Uma das formas mais simples e rápidas de reduzir as emissões é proteger as florestas. Florestas em pé consti-tuem estoques de carbono. Sua destruição contribui para agravar o aquecimento global. Além de evitar as emissões de CO2, a conservação das florestas é importante para o equilíbrio climático devido às funções que elas desempe-nham na regulação do ciclo das águas e da temperatura, entre vários outros serviços e produtos que fornecem para a sociedade.

No Brasil, cerca de 70% do total de emissões de gases de efeito estufa são oriundos do desmatamento e da degra-dação florestal. O país é detentor de um terço das florestas tropicais que restam no mundo e abriga 60% da Amazô-nia, maior trecho contínuo de floresta tropical do planeta. O bioma Amazônia ocupa 4.196.943 km2, o que equivale a 49% do território nacional.

É preciso, portanto, manter em pé as florestas brasilei-ras e seus ecossistemas e a biodiversidade. A abordagem mais adequada e conveniente para isso é investir nas áreas protegidas – a relação custo-benefício, a viabilidade e o prazo para se obter resultados são melhores do que nas demais alternativas.

Até 2050, as áreas protegidas na Amazônia brasileira poderão representar a não emissão de 8 bilhões de tonela-das de carbono, segundo estudo do Ipam, UFMG, WWF-Brasil e The Woods Hole Research Center1. O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) tem um papel de destaque para que isso se concretize. Os resultados alcan-çados na 1ª Fase do programa (veja mais detalhes abaixo) comprovam que é possível.

45 Desmatamento e mudanças climáticas

A importância das florestas tropicais para o equilíbrio climático do planeta já foi demonstrada. Está comprovada, também, a capacidade das áreas protegidas (APs) de inibir a destruição das florestas tropicais, evitar emissões de CO2 e reter os estoques de carbono.

Estudos avaliam que os custos de criação das UCs e do aperfeiçoamento da gestão e manejo de suas áreas são bem inferiores ao de outras opções para reduzir as emissões oriundas do desmatamento2.

As nações com importante cobertura florestal podem se beneficiar de instrumentos de REDD para fortalecer suas estratégias de conservação, inclusive já associados à adaptação (baseada em ecossistemas e em comunidades locais), e podem colaborar com a minimização das mu-danças climáticas – o que é de interesse para o mundo – , como tem feito o Brasil com o Arpa. Para isso, algumas seguintes medidas se fazem necessárias:

•Reconhecer o papel dos diferentes tipos de áreas protegi-das e da ação das comunidades locais extrativistas e po-vos indígenas, em todo o Brasil, na redução das emissões de gases de efeito estufa e na prestação de outros serviços ecológicos a sociedade, inclusive na adaptação às mudan-ças climáticas.

•Fortalecer a política de criação, implementação e consoli-dação de áreas protegidas. Isso precisa ocorrer tanto nas frentes do desmatamento, onde as unidades de conser-vação e terras indígenas são eficazes para reduzir índices de desmatamento e suas emissões associadas, como nas áreas que garantam a representatividade ecológica e de-mais produtos e serviços à sociedade.

Para garantir o investimento necessário nas áreas pro-tegidas e demais medidas de conservação florestal, o Brasil precisa receber recursos financeiros que sejam novos e adicio-nais. Tais recursos devem ser providos por países ricos e de-senvolvidos, na forma de incentivos econômicos, para serem investidos principalmente na criação e consolidação de áreas protegidas e estratégias de desenvolvimento sustentável.

Embora não se alcançou um novo acordo mundial, du-rante a cúpula da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague em dezembro de 2009, um dos raros consensos alcançados entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvi-mento foi sobre a importância de se conservar as flores-tas para minimizar (mitigar) as mudanças climáticas. O documento final daquela conferência apela aos países em desenvolvimento para que reduzam suas emissões de car-bono oriundas do desmatamento e da degradação florestal (REDD) e aos países desenvolvidos para que paguem por isso por meio de mecanismos de incentivos econômicos.

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•Minimizar os riscos atuais e futuros, inclusive apoiando economicamente o sistema e subsistemas de áreas prote-gidas e a solidariedade entre as comunidades tradicionais e demais grupos sociais.

•Fortalecer as áreas protegidas, não individualmente ou de forma isolada, mas sim em conjunto e com sua gestão integrada, suas interações e sua integração na paisagem.

•Fortalecer as comunidades extrativistas e povos indíge-nas em suas estruturas, sua informação e sua capacida-de, por meio de seus sistemas sociais e promovendo sua inserção em cadeias econômicas sustentáveis e a solida-riedade entre as comunidades tradicionais.3

Além do efeito climático positivo, as áreas protegidas proporcionam vários benefícios importantes para a hu-manidade. Entre eles incluem-se a conservação da biodi-versidade e da paisagem, a manutenção dos mananciais e regimes hídricos, a regulação das chuvas e da temperatura, a preservação da cultura e valores sociais de populações tradicionais que são fundamentais para manter as florestas em pé e demais ecossistemas não convertidos, oportunida-des de pesquisa, educação, recreação e ecoturismo.

É importante que uma política de áreas protegidas prio-rize, em sua estratégia, assegurar amostras representativas da diversidade ecológica do bioma e atenda os interesses das comunidades locais (inclusive povos indígenas) da região.

No Brasil, as unidades de conservação representam um componente valioso para programas nacionais e subnacio-nais de REDD, pois já compreendem a infraestrutura e as instituições necessárias para utilizar os recursos, fortalecer a proteção e gerar resultados. Novamente, é preciso des-tacar o papel do Programa Arpa nesse sentido. O apoio que o programa proporcionou a 62 UCs (até dezembro de

2009, na sua 1ª Fase) na Amazônia brasileira foi funda-mental para aumentar e fortalecer a rede de áreas protegi-das no bioma (leia mais sobre os resultados e o efeito do Arpa nesta publicação).

O importante é notar que a redução de emissões oriun-das do desmatamento é vantajosa, que o Brasil deve ser recompensado financeiramente (no sentido amplo) pelos esforços e resultados que vem obtendo na Amazônia (em-bora não no Cerrado) e que as áreas protegidas podem beneficiar tais processos e se beneficiar deles.

Para a Amazônia brasileira, estima-se que o custo da redução das emissões oriundas no desmatamento seja de 1 a 2 dólares por tonelada de CO2 equivalente.4 Esse valor incluiria o pagamento de programas de comunidades lo-cais que vivem nas florestas e outros ecossistemas e deles tiram seu sustento, além da compensação parcial de custos de oportunidade, reforço na aplicação das leis e mais apoio

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financeiro para as áreas protegidas. No geral, de forma simplificada e conservadora, o Governo Brasileiro nor-malmente considera que a biomassa contém 100 toneladas de carbono por hectare. O volume de recursos do Arpa (maior programa de conservação da biodiversidade in situ) estima um custo de cerca de 10 dólares por hectare.

Assim, o investimento nas áreas protegidas é dupla-mente benéfico, pois além de seus custos serem muito inferiores aos estimados para várias outras opções de redu-ção de emissões, os ganhos econômicos pela criação e for-talecimento das unidades de conservação para o Brasil, até 2050, foram estimados em dezenas de bilhões de dólares. A conclusão é de que a proteção de áreas florestais cons-titui uma das estratégias mais eficazes, práticas e de efeito imediato para combater as mudanças climáticas.5

O Brasil assumiu a meta de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020 (o percentual é relativo aos 19.500 km2 perdidos anualmente, segundo a média no período 1996-2005). Em agosto de 2008, para ajudar a fi-nanciar o alcance dessa meta voluntária, o governo federal criou o Fundo Amazônia (com o qual a Noruega já se comprometeu com o equivalente aproximado de 1 bilhão de dólares e a Alemanha negocia apoio de 18 milhões de euros).

Os recursos do Fundo Amazônia serão aplicados sob a forma de financiamentos não reembolsáveis para apoiar ações de gestão de florestas públicas e áreas protegidas; controle, monitoramento e fiscalização ambiental; manejo florestal sustentável; atividades econômicas a partir do uso sustentável da floresta; zoneamento ecológico e econômi-co, ordenamento territorial e regularização fundiária; con-servação e uso sustentável da biodiversidade; e recuperação de áreas desmatadas. Embora o Fundo Amazônia priorize,

como diz o nome, o bioma Amazônia, 20% dos recursos podem ser aplicados em outros biomas e até mesmo em outros países. A gestão desses recursos cabe ao Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma empresa pública federal (vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). O Arpa já foi reconhecido pelo Fundo Amazônia, tendo o BNDES aprovado projeto de apoio a sua segunda fase.

Gráfico 1 · Taxas anuais de desmatamento

na Amazônia brasileira (INPE, 2010)

Arpa trouxe novo patamar

O esforço para conservar as florestas, no Brasil, só come-çou a ganhar escala no final da década passada. O princi-pal esforço foi o Programa Piloto para Conservação das Florestas Tropicais do Brasil, conhecido como “PPG7”, com apoio dos países mais ricos, gerenciamento das doa-ções pelo Banco Mundial e implementação pelo Minis-tério do Meio Ambiente. A continuidade nesse esforço, o maior foco na proteção e a busca de elevar a conservação do esforço piloto para a escala necessária estabeleceram

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condições para o surgimento do Arpa. Houve uma intensa articulação em prol da conservação das florestas tropicais liderada pela Rede WWF e o Banco Mundial.

Em agosto de 2002, o compromisso assumido pelo Brasil (10% de preservação integral na Amazônia) levou à criação do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Governo Brasileiro, com a participação de di-versos parceiros. Ambicioso e inovador, o Arpa surgiu para apoiar a criação e consolidação das unidades de conserva-ção na Amazônia brasileira. O Programa mudou o cenário atual e futuro da conservação da floresta amazônica e, por conseguinte, já tem um impacto muito grande no clima mundial. Com o Arpa, as unidades de conservação tive-ram reconhecido seu papel ambiental, social e econômico e passaram a ser vistas não só como áreas isoladas e sim como parte de um sistema. Além disso, o Arpa introduziu critérios (representação da biodiversidade, evitar desma-tamento, apoiar sustentabilidade de comunidades locais etc.) e padrões de gestão para estabelecer e implementar as unidades de conservação e novos instrumentos de gestão para facilitar a chegada dos recursos nas UCs (leia mais nos capítulos sobre gestão operacional e financeira e efeti-vidade de gestão).

Para garantir a sustentabilidade futura das unidades de conservação criadas e consolidadas com o apoio do Arpa, foi criado em 2006 o Fundo de Áreas Protegidas (FAP). No final da 1ª Fase, o FAP atingiu 29,7 milhões de dólares (sem contar outros 10 milhões de euros doados pelo KfW, o banco de desenvolvimento da Alemanha, que ainda não foram contabilizados).

Ao atualizar o mapa de áreas prioritárias para conser-vação na Amazônia brasileira, o Programa Arpa deu uma contribuição importante também para a aplicação dos

futuros recursos de REDD+. Embora tal mapa tenha por objetivo identificar onde devem ser criadas e consolidadas áreas para a proteção dos ecossistemas e sua biodiversi-dade associada, a experiência do processo e seu resultado podem servir de base para os esforços para redução do desmatamento e, assim, da redução das emissões associa-das. É uma contribuição importante identificar onde estão ou deveriam estar as unidades de conservação com maior potencial de eficácia e eficiência para reduzir as emissões de CO2 e manter os estoques de carbono, sempre com os múltiplos objetivos das áreas protegidas e sua integração nos sistema e subsistemas.

Monitorar, fiscalizar e segurar

Melhorar o monitoramento e a fiscalização no bioma Amazônia e estabelecer mecanismos de seguro – para cobrir o risco de perdas decorrentes de incêndios e ex-tração ilegal – também são objetivos que podem ser per-seguidos. Já existem alguns bons modelos para a criação de um sistema nacional de monitoramento capaz de não apenas medir os índices de desmatamento como quantifi-car as reduções de emissões de carbono. O Brasil já dispõe do sistema mais eficaz do mundo para acompanhamento, monitoramento e medição do desmatamento de florestas tropicais, sobretudo pelos programas Sistema de Moni-toramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), o Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia em Tempo Real (Deter) e outros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sempre com o acompanhamento de organizações não-governamentais e instituições de pesquisas.

Outra recomendação é investir na informação e capaci-

49 Desmatamento e mudanças climáticas

tação das comunidades locais e povos indígenas para que participem desse esforço de combate às mudanças climá-ticas. Além disso, é preciso ter transparência na distribui-ção das compensações e os pagamentos devem ser feitos a quem de fato for responsável pela redução das emissões.

O Brasil está apto a receber e utilizar bem as compen-sações financeiras pela redução das emissões oriundas do desmatamento e degradação dos ecossistemas. O país conta-biliza avanços importantes como a criação e implementação de áreas protegidas, a redução do desmatamento na Amazô-nia, o início do monitoramento do desmatamento em ou-tros biomas, o levantamento de espécies ameaçadas e todo o arcabouço institucional e de legislação ambiental do país.

Os resultados obtidos com o Programa Arpa demons-tram a capacidade nacional para investir nas unidades de conservação. O Arpa apresenta um funcionamento que o torna ainda mais apto para mecanismos de REDD, pois já é provido de mecanismo de comprovada capacidade para recepção e gestão de recursos financeiros nacionais e inter-

nacionais, alocando-os para fortalecimento das próprias áreas protegidas, inclusive em longo prazo, reduzindo ainda mais o potencial de emissões. O apoio do Arpa aumentou a eficiência da gestão de áreas protegidas, tanto as de pro-teção integral como as de desenvolvimento sustentável, no caso das unidades de conservação apoiadas, nas categorias contempladas (parques, estações ecológicas, reservas bioló-gicas, reservas extrativistas e reservas de uso sustentável).

Outra contribuição importante das UCs é que a cria-ção de unidades de conservação esclarece o domínio ou a propriedade da terra – e eventualmente pode facilitar o entendimento dos direitos aos créditos de carbono a ela associados (o que têm sido motivo de impasse em algumas negociações).6 As UCs também previnem atividades ilegais e ajudam a garantir a sobrevivência das populações florestais.

Mais estudos e diretrizes

Os cientistas têm um papel relevante a desempenhar nes-se esforço pelo clima e pela natureza do planeta. Diversos estudos recentes comprovam o papel eficiente e duradouro das áreas protegidas no combate ao desmatamento e ao aquecimento global. É preciso intensificar e aprofundar os estudos para fornecer as respostas técnicas às perguntas que as nações precisam responder para definir suas polí-ticas, principalmente no que se refere à adoção de estra-tégias de REDD. O apoio da ciência é fundamental para aumentar a credibilidade e o sucesso dessas estratégias de combate ao aquecimento global. É preciso determinar melhor quão eficazes as diferentes características das áreas protegidas podem ser na redução das emissões oriundas do desmatamento. Qual deve ser o foco dos investimen-tos? É preciso identificar, mapear e quantificar os estoques W

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50 Desmatamento e mudanças climáticas

de carbono, os riscos de desmatamento e os custos de oportunidade para fazer as escolhas com a melhor relação de custo-benefício.

No entanto, devem ser mantidas as perspectivas da gestão integrada das florestas (proteção, uso sustentável, redução das ameaças etc.), da multiplicidade de objetivos e benefícios das áreas protegidas e sua organização em sis-tema e subsistemas, do fortalecimento e dos direitos das comunidades locais e povos indígenas, bem como a solida-riedade entre eles.

Isso tudo é crucial para os países em desenvolvimento onde devem ser aplicados os recursos (como o Brasil), bem como para os países desenvolvidos e ricos, que deve prover a maior parte desses recursos. Todos dependem de uma melhor aplicação dos recursos para obter resultados positi-vos para o clima do planeta.

Faltam diretrizes para orientar os gestores de sistemas de áreas protegidas a serem mais estratégicos na aplicação de seus limitados recursos. Quais são os critérios e méto-dos para avaliar a contribuição de cada UC para a redução de emissões? A quantidade de recursos investidos numa UC seria um fator determinante? Ou o peso maior estaria na eficácia da gestão? Ou ainda em fatores sócio-econômicos externos à UC? E como quantificar a importância da presen-ça e atuação da população local na proteção da UC? Sabe-se que todos esses fatores contribuem para a redução das emis-sões. O que não se sabe exatamente é quanto e como.

A degradação florestal é bem menos estudada do que o desmatamento. Segundo estimativa de 2002 de Asner et alii7, 20% das emissões originadas na Amazônia brasileira são provocadas pela extração seletiva e estão associadas à degradação florestal. Mas qual é exatamente a eficácia das estratégias para combater a degradação florestal? Qual o

papel das áreas protegidas nesse sentido? Como otimizar os recursos a serem investidos no combate à degradação florestal?

É preciso complementar as medidas já adotadas em prol das florestas e do clima com mecanismos de incenti-vos econômicos. Além de reduzir suas próprias emissões, as nações desenvolvidas precisam apoiar os países em de-senvolvimento em suas ações para reduzir suas emissões e conservar seus estoques de carbono florestal. O Brasil, por exemplo, deve receber incentivos econômicos para conser-var suas florestas, principalmente na Amazônia, onde se encontram as áreas mais extensas de florestas naturais.

Apesar do avanço acelerado da destruição florestal, cerca de 80% das florestas amazônicas ainda se encontram “em pé” e não foram convertidas para outros usos, como agricultura e pastagens. As áreas protegidas têm um papel fundamen-tal para manter a floresta em pé e conservar sua biodiversi-dade associada, assim como seus estoques de carbono.

O estudo do Ipam, UFMG, WWF-Brasil e The Woods Hole Research Center8 comprovou que as APs apoiadas

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51 Desmatamento e mudanças climáticas

pelo Arpa já inibiram de fato a destruição das florestas da Amazônia brasileira e que a probabilidade de ocorrer des-matamento dentro de uma área protegida é até dez vezes menor do que no seu entorno. A probabilidade de uma área do entorno ser desmatada diminui à medida que se aproxima da área protegida. Para isso, o estudo examinou faixas de 10, 20 e 50 km no entorno de todas as áreas pro-tegidas e o desmatamento ali ocorrido entre 2002 e 2007. Isso representa, na prática, a conclusão de que provavel-mente não há “vazamento” – tendência de o desmatamen-to e as emissões associadas serem apenas desviadas para outros locais. O que o estudo demonstra estatisticamente é que as áreas protegidas apresentam um efeito “sombra” positivo, colaborando com a proteção do seu entorno. Além disso, considerando a quantidade e o montante da proteção, juntamente com a avaliação do entorno em gran-des distâncias, implicando em significativa integração e so-breposição dos entornos de cada uma das áreas protegidas, pode-se afirmar que não há perspectiva de “vazamento”, ou seja, desvio do desmatamento para outras áreas na própria Amazônia brasileira.

UCs afastam ilegais e predatórios

Possíveis razões para isso podem ser indicadas. Provavel-mente há uma redução significativa do interesse da grila-gem (apropriação irregular de terras) quando uma unidade de conservação é criada ou uma terra indígena é declarada, pois deixa de haver perspectivas de manutenção e regula-rização da posse ou propriedade. Como o desmatamento irregular está muito associado com o interesse pela apro-priação indébita das terras e demonstração da ocupação

correspondente, as áreas protegidas ocasionam um de-créscimo na tendência do desmatamento. Esse primeiro elemento está associado ao ato da criação ou declaração da área protegida. Provavelmente, com a implementação das áreas protegidas, a maior presença de representantes do poder público inibe atividades irregulares, inclusive o des-matamento e a degradação dos ecossistemas. Finalmente, as unidades de conservação significam programas ativos, com elementos de controle e vigilância, envolvimento das áreas e comunidades ao redor das UCs, entre outros, pro-movendo maior sensibilidade para a conservação e o res-peito às leis dentro no entorno das áreas protegidas.

Gráfico 2 · Probabilidade de ocorrência de

desmatamento nas áreas protegidas (inclusive Arpa) e

seu entorno (10, 20 e 50 km, entre 2002 e 2007).

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52 Desmatamento e mudanças climáticas

Uma análise do desmatamento ocorrido em 198 UCs da Amazônia brasileira, 63 das quais são apoiadas pelo Arpa (veja os detalhes sobre a contribuição das UCs e do Arpa para barrar o desmatamento, neste capítulo), revela que, de fato, as UCs conseguem preservar melhor as florestas, in-cluindo em seu entorno, do que as áreas não protegidas; e que o apoio do Programa Arpa aumenta substancialmente a eficácia e eficiência da UC nesse sentido. Quase metade de todas as UCs analisadas conseguiu reduzir o desmatamento em seu entorno (considerando uma análise de raio de 10 km da área das UCs), mesmo na zona de maior pressão, que é o Arco do Desmatamento. No grupo fora do Arpa, 84% das UCs mantiveram-se dentro do limiar de 10% de área desma-tada e 64% ficaram em 5%. No grupo apoiado pelo Arpa, esses índices melhoram consideravelmente: a quase totali-dade (97%) das UCs beneficiadas pelo Programa manteve-se abaixo de 10% de área desmatada e a grande maioria (92%) conseguiu limitar a perda florestal a 5% ou menos da área.

O estudo conjunto do Ipam, UFMG, WWF-Brasil e WHR publicado em 2010 analisou o impacto das 594 áreas protegidas existentes na Amazônia brasileira, no perío-do entre 1997 e 2008, e comprovou o efeito inibidor das terras indígenas e das unidades de conservação, tanto de proteção integral como de uso sustentável, sobre o desma-tamento. Tais áreas protegidas totalizam uma área de 1.9 milhões de km2, ocupam 45,6% do bioma e abrigam 54% das florestas remanescentes na Amazônia (cerca de 3,4 milhões de km2) e 56% de seu carbono florestal.

Das 206 áreas protegidas criadas após 1999, as 115 que começaram a ser implementadas foram mais eficazes para evitar o desmatamento, apontou o estudo. Muitas das novas áreas criadas entre 2002 e 2009 (numa área total de 709 mil km2) contam com o apoio do Arpa.

O estudo citado atribui 37% da redução total do des-matamento na Amazônia brasileira entre 2004 e 2006 à recente expansão das áreas protegidas e observa que esse desmatamento não vazou para outros lugares. Quando inteiramente implementadas, conclui o estudo, todas as áreas protegidas têm o potencial de prevenir 8,0±2,8 gi-gatoneladas de emissões de carbono até 2050. As áreas criadas e implementadas, ou em implementação, nas zo-nas mais ameaçadas devem receber maior atenção e in-vestimento para que sejam mais eficazes na resistência ao desmatamento e degradação florestal, sem deslocá-las dos sistemas e subsistemas de áreas protegidas e sem com-prometer a solidariedade entre os grupos sociais – fatores importantes na minimização de riscos futuros de desmata-mento e emissões associadas.

Até sua conclusão, prevista para 2016, o Arpa pretende atingir 60 milhões de hectares (ou 600 mil km2, uma área equivalente à da França) de unidades de conservação con-solidadas na Amazônia brasileira, para ajudar a proteger os ecossistemas naturais, principalmente florestas. Até 2050, o Arpa poderá evitar o que equivale a 16% das emissões anuais globais de hoje – ou 70% da meta prevista no pri-meiro período de compromisso do Protocolo de Quioto. Veja, nesta publicação, a lista de todas as UCs já apoiadas pelo Arpa, com as respectivas áreas, grupos e categorias de proteção e estado de localização.

Diferenciais do Brasil

O Brasil dispõe hoje de uma legislação ambiental avança-da e de aparatos institucionais e sociais para o sistema de áreas protegidas, garantindo sua sustentabilidade e contri-buindo para uma melhor eficiência em sua gestão.

53 Desmatamento e mudanças climáticas

É na diversidade dessas organizações que está uma das fortalezas do Arpa. As instituições governamentais têm, por exemplo,o poder de definir políticas, aproveitar lições do Arpa ou mesmo criar novas unidades de conservação. Integram o Arpa as organizações responsáveis pela gestão das áreas protegidas. Alguns parceiros participam com apoio técnico, outros com apoio financeiro. Alguns doam recursos próprios, enquanto outros têm função de promo-ção de esforços de captação de recursos ou servem de via para recursos governamentais ou privados.

No entanto, os recursos aplicados nas áreas protegidas do Brasil, apesar de muito significativos, ainda são insufi-cientes, ainda mais considerando esses objetivos adicionais de contribuir com minimização (mitigação) das mudanças climáticas e nossa adaptação a elas. Para que se possa man-ter a integridade dessas florestas e demais ecossistemas é preciso garantir investimentos nacionais e internacionais, principalmente dentro dos orçamentos governamentais,

mas também por meio de doações e outros tipos de apoio, bem como compensações financeiras por parte dos países desenvolvidos, em apoio à criação e gestão eficiente das áreas protegidas na Amazônia brasileira e em outras flo-restas tropicais neste em outros países. Tais medidas estão em negociação no âmbito da Convenção-Quadro das Na-ções Unidas sobre Mudanças Climáticas. É necessário, po-rém, que os governos incluam as áreas protegidas em suas políticas, projetos e mecanismos de redução de emissões e de adaptação às mudanças climáticas. No Brasil, o Progra-ma Arpa representa a viabilidade imediata para a incorpo-ração de mecanismos de incentivo à redução de emissões oriundas do desmatamento.

Entre seus diferenciais, o Arpa dispõe de um fundo fiduciário (FAP) para captar e alocar recursos para as

áreas protegidas em níveis federal, estadual e municipal, compondo o sistema nacional (veja os conceitos e núme-ros sobre as áreas protegidas no anexo específico). Isso facilita a alocação e gestão de recursos e o monitoramento dos resultados. O país reconhece oficialmente o papel das comunidades locais que vivem nas ou das florestas e incen-tiva sua participação na conservação dos ecossistemas e na gestão das áreas protegidas. Essas comunidades incluem extrativistas e indígenas que habitam o interior ou entorno das áreas protegidas.

O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), em especial, representa uma oportunidade única para ações em prol das áreas protegidas na Amazônia brasileira. O Arpa é um programa do governo brasileiro que funcio-na como um consórcio, com diversas instituições (veja a introdução sobre o Arpa, bem como a figura e outros de-talhes do arranjo institucional do Arpa no capítulo sobre a gestão operacional e financeira do Programa pelo Funbio).

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54 Desmatamento e mudanças climáticas

Papel crucial

No futuro, assim como hoje, as áreas protegidas, princi-palmente as unidades de conservação apoiadas pelo Arpa, serão cruciais na prevenção do desmatamento e na redução das emissões de gás carbônico no Brasil. Estudos de 2008, a simulação e a análise de cenários possíveis no futuro das florestas da Amazônia brasileira, contrapostos a diversos dados já conhecidos, demonstram que a presença de uma área protegida é determinante para garantir um papel positivo para o Brasil no equilíbrio do clima mundial. Por isso a expansão da rede de áreas protegidas na Amazônia brasileira é tão relevante.

Gráfico 3 · Expansão das unidades de conservação,

áreas militares e terras indígenas no bioma

Amazônia no Brasil até abril de 2008 (Fonte)

Estudos realizados incluíram a utilização de modela-gem de cenários futuros9 e tendências de desmatamento, com a incorporação de fatores como fluxos migratórios regionais, projetos de pavimentação de rodovias, expansão da agricultura e pecuária— além, é claro, da presença ou não de áreas protegidas. Desta forma foi obtido um índice de ameaça do desmatamento, que aponta a probabilida-de maior ou menor de ocorrência de desmatamento bem como quando (em que ano) isso deve acontecer. Verificou-se, então, que a presença ou não das áreas protegidas influi decisivamente para manter a floresta em pé e, portanto, contribuir para evitar o aquecimento global.

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Mapa 1 · Nível de ameaça do desmatamento no bioma Amazônia acumulado até 2050 num cenário pessimista (sem as unidades de conservação criadas até 2008)

56 Desmatamento e mudanças climáticas

A sobreposição desses possíveis cenários a um mapa da distribuição da biomassa florestal da Amazônia per-mitiu determinar os estoques de carbono contidos nas unidades de conservação apoiadas pelo Arpa. Para esse cálculo, foi considerado que 85% do carbono florestal são liberados para a atmosfera durante e após o desmata-mento. Assim, o cenário mais pessimista, sem as unida-des de conservação, representa o potencial de emissão de carbono oriundo da destruição florestal. Os resultados demonstram ainda que as unidades de conservação mais ameaçadas são as que apresentam o maior potencial de redução de emissões, por estarem mais próximas do foco do desmatamento.

Esse mesmo modelo permitiu estimar que as unida-des de conservação apoiadas pelo Arpa até o fim de 2007 correspondem a um estoque de 4.6 bilhões de toneladas de carbono florestal, ou 18% do carbono de todas as áreas protegidas na Amazônia brasileira. Considerando-se o desmatamento evitado pela existência apenas nas unida-des de conservação criadas entre 2003 e 2007 e apoiadas pelo Arpa, verifica-se que seu potencial de redução de emissões no interior das mesmas até 2050 chega a 1.1 bi-lhões de toneladas de carbono Este dado é o que se cha-ma de potencial direto de redução das emissões. Essas são apenas 13 das 62 unidades de conservação que rece-biam apoio do Programa Arpa no final da sua primeira fase (dezembro de 2009), as quais totalizam 320 mil km2, dos quais 220 mil km2 correspondem a unidades de con-servação de proteção integral e os outros 100 mil km2 a unidades de conservação de uso sustentável.

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Mapa 2 · Distribuição dos estoques de carbono florestal no bioma amazônico, com destaque para as unidades de conservação apoiadas pelo Arpa

58 Desmatamento e mudanças climáticas

As unidades de conservação têm, ainda, um potencial indireto de redução das emissões. Para avaliá-lo, foram utilizados quatro cenários diferentes que levaram em conta diferentes datas base e as unidades de conservação cria-das até então, bem como o apoio do Arpa, e dois cenários socioeconômicos extremos. Os resultados de estudos de-monstram que a expansão das unidades de conservação com o apoio do Arpa tem um papel fundamental na redu-

ção do desmatamento na Amazônia como um todo. Ao mesmo tempo, indica que as unidades de conservação cria-das e apoiadas pelo Arpa entre 2003 e 2007 poderiam ser responsáveis por uma redução, até 2050, de mais de 10% das emissões anuais globais atuais. Em termos do desma-tamento, a redução corresponde a 110 mil km2 de florestas mantidas (não desmatadas), com uma margem de erro de 73 mil km2 para mais ou para menos.

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Mapa 3 · Estoques e emissões potenciais de carbono até 2050 nas unidades de conservação apoiadas pelo Arpa, sob um cenário pessimista

60 Desmatamento e mudanças climáticas

Desde 2002, na Amazônia brasileira, o índice de des-matamento diminuiu. Dentro das unidades de conserva-ção – que são áreas protegidas no sentido estrito e incluem parques, estações ecológicas, reservas extrativistas e outras – e também nas terras indígenas (que são áreas protegidas no sentido amplo), o desmatamento foi muito menor do que fora delas. Segundo estudos sobre áreas protegidas e a minimização das mudanças climáticas, desde 2002, na Amazônia brasileira, a probabilidade média de desma-tamento tem sido de 7 a 11 vezes menor dentro das áreas protegidas do que em seu entorno. A simulação feita por meio de modelos sugere que as áreas protegidas estabeleci-das entre 2003 e 2007 e apoiadas pelo Arpa seriam capazes de prevenir o desmatamento de uma área estimada de 272 mil km2 até 2050. Isso representa uma quantidade de car-bono equivalente a um terço das emissões mundiais anuais de CO2. E corresponde a uma redução de 3,3±1,1 gigato-neladas de emissões de carbono, das quais 0,4±0,1 Pg são atribuídas às 13 áreas criadas no período com o apoio do Arpa. Ao incluir no cenário 127 mil km2 adicionais das novas áreas em processo de criação com o Arpa, a redução de emissões de carbono atingiria 1,4±0,2 Pg.

Mesmo no interior das áreas protegidas ocorre desma-tamento e esse risco nunca é zero. No Brasil, entre 2002 e 2007, foram desmatados 9.700 km2 dentro de áreas pro-tegidas na Amazônia – o que representa 8% do desmata-mento total ocorrido na Amazônia naquele período. No entanto, o que fica claro é que o desmatamento seria muito maior se as áreas não fossem protegidas (leia mais sobre UCs e desmatamento ainda neste capítulo).

Apenas a criação ou declaração das áreas protegidas já apresenta alguma efetividade. No entanto, é provável que essa eficácia seja uma função dependente também do nível

de pressão do entorno, mostrando a necessidade de maior implementação, particularmente quando a pressão é maior. Visto de outra forma, a eficácia (e a chamada adicionali-dade – que representa o que pode ser considerado a mais, como adicional, na redução das emissões, por conta da ação específica das áreas protegidas), portanto, não é total no momento da sua criação ou declaração, mas é progres-siva com a sua implementação.

Por exemplo, embora a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, continue a sofrer desmatamentos (dados oficiais baseados nas imagens do satélite Landsat-5 entre 1990 e 1997 constatam que 0,62% da área foram desmata-dos desde a criação da Resex), a destruição florestal seria muito maior sem a proteção governamental. Estima-se que, sem a criação da reserva extrativista, aquela área te-ria perdido 7% adicionais de floresta nesta década e na anterior. Apesar de isso acontecer mais fortemente em regiões que sofrem alta pressão do desmatamento, parece claro que a criação de uma unidade de conservação con-tribui para redução do potencial de desmatamento, atual ou futuro, mesmo em regiões afastadas, como é o caso do Parque Estadual Chandless, localizado no Acre, reduzindo também os riscos futuros.

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61 Desmatamento e mudanças climáticas

Uma das discussões sobre onde e como aplicar os recur-sos destinados a reduzir as emissões oriundas do desmata-mento e degradação florestal é se o foco dos investimentos deveria ir para áreas sob alta pressão do desenvolvi-mento (por exemplo, ao longo de rodovias ou junto à expansão da fronteira agrícola), ou em áreas mais remotas e de alta bio-diversidade. Claro é que ambas merecem atenção, pois os objetivos e os benefícios das áreas protegidas são múltiplos. Um desvio (“vazamento”) desse na tendência de redução do desmatamento seria mais provável de ocorrer numa área pressionada pela expansão agropecuária e pela presença de infraestrutura, particularmente de transporte. Para evi-tar que isso ocorra, outras medidas podem ser adotadas. Um procedimento de maior estabilidade e segurança é o enfoque por sistema e subsistemas de áreas protegidas e solidariedade entre os grupos sociais. Dessa forma, mesmo que uma área particular seja responsável hoje pela maior parte das emissões reduzidas (ou evitadas) – consideran-do principalmente o fluxo do carbono –, os investimentos financeiros deveriam ser alocados no conjunto das áreas. Eventualmente, devem ser considerados também os esto-ques ou outros benefícios dos ecossistemas, ou ainda ou-tras razões sociais, garantindo assim maior estabilidade no conjunto da região também para o futuro. São os processos de planejamento sistemático da conservação e sistemas de apoio à decisão que dão conta de trabalhar com múltiplos critérios e apoiar a participação de diferentes atores sociais, considerando esses interesses complementares e outros.

REDD+

REDD+ é uma proposta de abordagem para mitigação das mudanças climáticas que representa oportunidades

para direcionar recursos financeiros não apenas para a redução do desmatamento e degradação como, também, para a conservação e aumento dos estoques de carbono florestal e, ainda, para o manejo sustentável das florestas. Para que o REDD+ seja mais efetivo, é preciso impedir possíveis vazamentos do desmatamento evitado para ou-tras áreas. Mecanismos de REDD+ devem recompensar a conservação das florestas. O REDD+ poderia apoiar ati-vidades diversificadas e com um sistema de repartição de benefícios justo, valorizando os esforços das partes envol-vidas na redução do desmatamento e da degradação flo-restal. Vale destacar, no entanto, que os processos ligados à Convenção sobre Mudanças Climáticas consideram a possibilidade de criar mecanismos oficiais de “REDD” ou “REDD+” segundo os quais haveria possibilidade, não só do direcionamento de recursos, mas sobretudo de com-pensação dos volumes obrigatórios de emissões reduzidas. Por outro lado, podemos considerar como REDD (ou REDD+) lato sensu ou genérico a todos os mecanismos, oficiais ou não perante a convenção, que promovam inves-timentos para os (ou compensação financeira pelos) esfor-ços de redução das emissões oriundas do desmatamento e da degradação dos ecossistemas.

A proposta de um mecanismo mundial de financia-mento para reduzir as emissões oriundas do desmata-mento e da degradação florestal precisa avançar para se tornar realidade. O Arpa exige um aporte imediato e substancial de recursos financeiros para sua sustentabi-lidade em longo prazo e o Programa deve ser priorizado nos incentivos e compensações a serem adotados. No mapa do desmatamento da Amazônia, abaixo, pode-se observar, em destaque, as unidades de conservação apoia-das pelo Arpa.

Mapa 4 · UCs apoiadas pelo Arpa se destacam em barrar o desmatamento na Amazônia

63 Desmatamento e mudanças climáticas

Entre as causas da recente queda acentuada no desma-tamento da Amazônia brasileira, além das áreas protegi-das, é preciso considerar a oscilação na rentabilidade da agricultura (principalmente o cultivo da soja) e da pecuá-ria, bem como a existência e a aplicação da legislação am-biental, e o esforço aparentemente crescente do Governo Brasileiro no controle, demonstrado pela implementação nos últimos anos do Plano de Controle e Prevenção ao Desmatamento da Amazônia e o estímulo para a ela-boração dos planos estaduais complementares. Estudos divulgados em 2010 incluíram o desenvolvimento de um modelo econométrico para prever o desmatamento em função de alterações nas condições socioeconômicas e a existência ou não das áreas protegidas. O resultado des-se exercício indicou que 37% da queda do desmatamento (13.400 km2) podem ser atribuídos às áreas protegidas, 44% à desaceleração da agricultura e 18% a outros fatores não incluídos no modelo (com destaque para o desenvolvi-mento de um sistema rápido de detecção do desmatamen-

to em apoio a campanhas contra a destruição florestal e de combate a crimes ambientais. Pelo contrário, a criação e implementação de áreas protegidas influenciam a redução dos índices regionais de desmatamento pelo fato de dis-suadir a ação de grileiros em suas vizinhanças.

Cenários para 2050

Para prever o efeito das áreas protegidas até 2050, cinco cenários foram considerados, entre os quais a rede de áreas protegidas aumentava de forma progressiva e cumulativa. No primeiro cenário, o objetivo era determinar o grau de ameaça às áreas protegidas devido à proximidade com a fron-teira agrícola e estradas a serem pavimentadas. O resultado foi um índice de vulnerabilidade (ameaça de desmatamento) para usar na priorização parcial das áreas. Os demais cená-rios mostram a contribuição progressiva das áreas protegi-das para reduzir o desmatamento, bem como a contribuição específica das unidades de conservação apoiadas pelo Arpa.

Linha de base – APs criadas até 2002

APs criadas até 2008, excluindo 13 unidades de conservação apoiadas pelo Arpa (criadas entre 2003 e 2007) [Nota: permitindo aquilatar

o papel dessas 13 UCs, comparando com resultados abaixo.]

APs criadas até 2008 [Nota: incluindo, portanto, as 13 UCs apoiadas pelo Arpa (criadas entre 2003 e 2007) acima indicadas]

APs criadas até 2008 incluindo a expansão em curso [Nota: expansão então prevista pelo Arpa para o ano de 2008 e

seguintes, segundo o plano anual desse programa. Expansão essa que não se confirmou na velocidade então prevista.]

Gráfico 4 · Desmatamento e emissões de carbono no bioma Amazônia brasileira: média de dois cenários socioeconômicos com simulações que mostram o aumento progressivo da criação de áreas protegidas.

desmatamento médio até 2050 (106 km2) média de emissões de carbono até 2050 (Pg)

desmatamento redução emissões de carbono redução

64 Desmatamento e mudanças climáticas

É preciso levar em conta os custos de expansão e manu-tenção do sistema de áreas protegidas na Amazônia brasi-leira, tendo em vista as prioridades sociais de um país em desenvolvimento. Os custos compreendem dois compo-nentes: os custos de oportunidade econômica associados à renúncia dos lucros relativos à conversão da floresta e os custos de consolidação e gestão do sistema de áreas prote-gidas (veja o anexo sobre custos de oportunidades).

Equilíbrio custo-benefício

Conclui-se que parte dos custos poderiam ser cobertos pelos recursos destinados a incentivar a redução do des-matamento e da degradação florestal. Analisando os in-vestimentos para reduzir as emissões esperadas, no caso

em que existam, ou que não existissem as áreas protegi-das, e comparando com os pagamentos correspondentes aos investimentos mundiais em energia limpa, seria mais rentável reduzir as emissões por meio de áreas protegi-das. Além disso, os custos econômicos das áreas prote-gidas são compensados pelos benefícios econômicos de manutenção da floresta. Tais benefícios compreendem a proteção do regime de chuvas, a redução de queimadas e dos prejuízos à saúde humana, a implantação de siste-mas agrícolas, potencial de atividade florestal e o valor da própria biodiversidade. Mas um mecanismo oficial de “REDD+” só vai remunerar a redução das emissões, a ma-nutenção ou o incremento dos estoques de carbono flo-restal. Esses outros serviços teriam que ser cobertos por mecanismos complementares, ou como vantagens colate-

Gráfico 5 · Potencial de desmatamento e emissão de carbono obtido a partir das médias entre os dois cenários socioeconômicos

extremos para um dos quatro cenários de expansão de UCs (a linha base é o cenário com as UCs criadas até 2002)

65 Desmatamento e mudanças climáticas

rais aos esforços relativos ao “REDD+” oficial. A conclusão é de que é preciso equilibrar os custos de oportunidade econômica das áreas protegidas com os benefícios econô-micos da conservação florestal e os custos programáticos da redução do desmatamento.

Barreira Verde

A expansão da rede de áreas protegidas na Amazônia brasileira estabeleceu um novo paradigma de conservação ambiental. O foco não inclui apenas áreas que concentram grande biodiversidade e que se encontram ameaçadas – as chamadas hotspots – mas, também, o estabelecimento de grandes blocos florestais que possam atuar como uma bar-reira verde para conter o desmatamento. Uma estratégia ótima de conservação da Amazônia, segundo o estudo, de-veria incluir áreas protegidas ricas em biodiversidade que enfrentam um baixo risco de perigo. Assim seria possível garantir uma proteção duradoura de amostras de biodiver-sidade e, ao mesmo tempo, atuar na redução das emissões de carbono.

Finalmente, recomenda-se dar atenção especial também a iniciativas privadas de conservação, integrando-as com as políticas públicas e as execuções de responsabilidade mais direta dos governos (como o controle do desmatamento, a criação e gestão das áreas protegidas públicas etc.), por meio de uma abordagem integrada, considerada vital para os programas de redução das emissões oriundas de desma-tamento e da degradação dos ecossistemas. Tal abordagem incluiria várias estratégias, tais como: expansão dos mer-cados que valorizam um melhor desempenho ambiental e social em atividades florestais e agrícolas; zoneamento do uso da terra para prevenir a expansão descontrolada da

agroindústria e da pecuária; aperfeiçoamento do monito-ramento e da aplicação da lei por parte das agências gover-namentais; incentivos econômicos e técnicos para ajudar os proprietários e ocupantes das terras a cumprir as deter-minações do Código Florestal brasileiro.10

Para medir a eficácia das áreas protegidas em barrar o desmatamento em termos locais foram consideradas diversas variáveis: distância dos rios e das estradas, valor da renda proveniente da soja e da pecuária, adequação do solo e do terreno para cultivos mecanizados, elevação, inclinação, atração por centros urbanos. Outros fatores analisados foram a dependência espacial entre a criação das áreas protegidas e o desmatamento, a contribuição das áreas protegidas para a recente queda nos índices de des-matamento da Amazônia e sua contribuição futura para a redução do desmatamento, e os custos da áreas protegidas. Para simular a renda potencial de um mercado de REDD para as áreas protegidas da Amazônia, o estudo aplicou um modelo de desmatamento juntamente com o mapa de custos de oportunidade.

Os participantes do seminário intitulado O Papel das Áreas Protegidas na Redução das Emissões Oriundas de Desmatamento, reunidos em Brasília em outubro de 2009, foram além do Arpa, embora no contexto do Sistema Na-cional de Unidades de Conservação. Eles concluíram que a criação e gestão eficiente das áreas protegidas, em conjunto com povos indígenas e comunidades extrativistas, têm um papel crucial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa oriundas do desmatamento e degradação dos ecos-sistemas (REDD) no Brasil. As áreas protegidas oferecem uma série de outros serviços e benefícios à sociedade. Eles ressaltaram as vantagens econômicas que elas represen-tam e recomendam que as áreas protegidas façam parte de

66 Desmatamento e mudanças climáticas

todas as políticas, projetos e mecanismos para redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas; e que rece-bam investimentos e principalmente incentivos econômicos.

Eles também recomendaram o desenvolvimento de políticas e mercados associados ao uso sustentável de re-cursos naturais, que não só também colaboram para evitar o desmatamento, como fortalecem as estruturas sociais das comunidades locais e povos indígenas. Por exemplo: cadeias econômicas florestais e extrativistas, cadeias de produtos e serviços associados às áreas protegidas – como turismo, serviços ecológicos, pesquisas e outros. Outra medida enfatizada no seminário foi a distribuição justa de benefícios oriundos dos esforços de redução de emissões de gases efeito estufa por desmatamento no Brasil.

Referências e notas

1 Soares-Fº., B.; Dietzsch, L; Moutinho, P.; Falieri, A.; Rodrigues, H.; Pinto, E.; Maretti, C. C.; Scaramuzza, C. A. de M.; Anderson, A.; Suassuna, K.; Lanna, M. & Vasconcelos de Araújo, F. 2009. Redu-ção das Emissões de Carbono do Desmatamento no Brasil: o papel do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), Brasília, WW-

F-Brasil. 21 p. / Soares-Fº., B.; Dietzsch, L; Moutinho, P.; Falieri, A.; Rodrigues, H.; Pinto, E.; Maretti, C. C.; Scaramuzza, C. A. de M.; Anderson, A.; Suassuna, K.; Lanna, M. & Vasconcelos de Araújo, F. 2009. Reducing Carbon Emissions from Deforestation: the Role of ARPA’s Protected Areas in the Brazilian Amazon, Brasília, WWF

-Brasil. 11 p.

2 Este texto está baseado, fundamentalmente, nos documentos arrola-dos a seguir.

Soares-Fº. et alii, 2010 (op.cit.).

Soares-Fº., B.; Moutinho, P.; Nepstad, D.; Anderson, A.; Rodri-

gues, H.; Garcia, R.; Dietzsch, L.; Merry, F.; Bowman, M.; Hissa, L.; Silvestrini, R. & Maretti, C. 2010. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. PNAS: www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0913048107.

Ricketts, T.H; Soares-Fº., B.; Fonseca, G.A.B. da; Nepstad, D.; Pfaff, A.; Petsonk, A.; Anderson, A.; Boucher, D.; Cattaneo, A.; Conte, M.; Creighton, K.; Linden, L.; Maretti, C.; Moutinho, P.; Ullman, R.; Victurine, R.; . 2010. Indigenous Lands,Protected Areas, and Slowing Climate Change. PLoS Biol 8(3): e1000331. doi:10.1371/journal.pbio.1000331.

Brasil. 2010. Programa Áreas Protegidas da Amazônia, Fase II; do-cumento de programa do Governo Brasileiro. Brasília, MMA-SBF-DAP-Arpa. 79 p.

WWF-Brasil, Ipam, Linden Trust for Conservation et alii. 2009. As mudanças climáticas, a redução das emissões oriundas de des-matamento e as áreas protegidas. Brasília, 08 de outubro de 2009.Declaração do seminário. / Climate change, reducing emissions from deforestation, and protected areas. Brasilia, October 8th, 2009. Worshop declaration. 7 p. (APs-Redd seminary 2009Oct8,final statement (Declaração final do seminário sobre mudanças climáticas e REDD, Brasília, 8 de outubro de 2009.

Nepstad, D. C.; Stickler, C. M. & Almeida, O. T.,2006. Globali-zation of the Amazon soy and beef industries: opportunities for conservation. Conservation Biology 20:1595-1603

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3 Ricketts et alii, 2010 (op.cit.)

4 Nepstad, D.; Soares-Fº., B. S.; Merry, F.; Lima, A.; Mouinho, P. et

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alii. 2009.The end of deforestation in the Brazilian Amazon. Science 326: 1350-1351; apud Ricketts et alii, 2010 (op.cit.).

5 Ricketts et alii, 2010 (op.cit.)

6 Soares-Fº. et alii, 2010 (op.cit.).

7 Asner, G.P.; Knapp, D.E.; Broadbet, E. N.; Oliveira, P.J.C.; Keller, M. et alii. 2005., Selective logging in the Brazilian Amazon. Science 310: 480-482.

8 Soares-Fº. et alii, 2010 (op.cit.).

9 Como o SimAmazônia-2.

10 Vale lembrar que, sobretudo neste momento, o Código Florestal brasileiro é alvo de tentativas de mudança com o objetivo de en-fraquecer ou eliminar suas exigências para a proteção da vegetação natural. Uma proposta votada na Câmara dos Deputados pretende beneficiar os interesses do setor de agronegócio e de grandes latifun-diários, em prejuízo da conservação das florestas, inclusive em áreas de preservação permanente. As organizações ambientalistas brasilei-ras acompanham o processo e têm se manifestado contra essa pro-posta, alertando as lideranças políticas e governamentais, bem como

a opinião pública, sobre essa ameaça. No entanto, do que se trata não é uma batalha entre os chamados “ruralistas” e os am-bientalistas, mas, de fato, entre a “velha economia” e uma “nova economia”. Ou seja, de um lado estão os que defendem a visão atrasada de uma economia predatória, do patrimonialismo, da apropriação a qualquer custo, do aumento da produção pela ampliação infinita das áreas, dos que acreditam que as terras e os recursos naturais podem ser considerados inesgotáveis. De outro lado, estão aqueles que entendem que a sustentabilidade nos coloca novos desafios, dentro dos quais o Brasil pode pro-gredir ainda mais e o desenvolvimento ocorrerá de fato e será mais justo e duradouro; são aqueles que defendem a economia verde, atribuindo o valor econômico adequado à biodiversidade e os serviços dos ecossistemas. Manter e melhorar a aplicação do Código Florestal é im-portante para que o Brasil consiga combater o desmatamento, reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, principalmente o CO2, e preservar não só as florestas e a vegetação natural, bem como sua biodiversidade associada, mas também sua paisagem, seu relevo, a fonte e o fluxo dos rios e outros cursos d’água, e ainda o pleno funcionamento de seus ecossistemas.

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