desigualdades sociais, direitos e polÍticas pÚblicas de

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DESIGUALDADES SOCIAIS, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: LUTAS E RESISTENCIAS Rodrigo Cristiano Diehl 1 Marli Marlene Moraes da Costa 2 Resumo: Conjeturar Estado de orientação neoliberal, desigualdades sociais, garantia de direitos e proteção social na América Latina no atual cenário é um desafio instigador. Sendo assim, o objetivo com o presente estudo é analisar as desigualdades sociais e a concretização de direitos na América Latina utilizando por base o processo histórico de construções e lutas até os atuais movimentos de resistências frente aos constantes desmontes dos sistemas de proteção social. Diante desse contexto da pesquisa, questiona-se: quais são as perspectivas que devem ser levantadas para analisar as desigualdades sociais e a não garantia de direitos na América Latina utilizando como base os processos de lutas, resistências e desmontes dos sistemas de proteção social? A metodologia aplicada na pesquisa está dividida em três eixos: para alcançar os objetivos inicialmente propostos será utilizado a pesquisa exploratória- descritiva; para organizar e coletar os materiais utilizar-se-á da pesquisa bibliográfica de caráter quanti-quali e; para o tratamento desses dados o método a ser empregado será o materialismo-dialético. Palavras-chave: América Latina. Direitos. Estado. Proteção social. Resistência. 1 INTRODUÇÃO Construir um processo dialógico com desigualdades sociais, direitos e proteção social hoje, isto é, na fase contemporânea do capitalismo marcada pelo avanço do conservadorismo e pelo domínio do capital neoliberal nos Estados latino-americanos, é um grande desafio. Portanto, pensar em direitos sociais e políticas públicas requer compreender o significado e os fundamentos que os sustentam para que seja possível atuar no combate a extrema desigualdade social, econômica e política. Com base nas críticas ao acordo político que resultou da trajetória do fordismo e do keynesianismo na configuração das políticas da era social, ideias conservadoras (mantendo o status quo) emergiram vitoriosas e, a partir disso, serviram de base para uma grande parte dos países do mundo. Os períodos conhecidos como Tatcherismo (no Reino Unido) e Reaganismo 1 Doutorando em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul, com bolsa Capes. Mestre em Política Social e Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul, com bolsa Capes. Advogado e professor. E-mail: [email protected] 2 Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, com pós-doutorado em Direito pela Universidad de Burgos, com bolsa Capes. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito Mestrado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul. Professora, psicóloga e advogada. E-mail: [email protected] Anais do IV seminário internacional de políticas públicas, intersetorialidade e família Evento realizado em 23, 24 e 25 de outubro de 2019 ISBN 978-65-5623-002-3

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DESIGUALDADES SOCIAIS, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO

SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: LUTAS E RESISTENCIAS

Rodrigo Cristiano Diehl1

Marli Marlene Moraes da Costa2

Resumo: Conjeturar Estado de orientação neoliberal, desigualdades sociais, garantia de

direitos e proteção social na América Latina no atual cenário é um desafio instigador. Sendo

assim, o objetivo com o presente estudo é analisar as desigualdades sociais e a concretização

de direitos na América Latina utilizando por base o processo histórico de construções e lutas

até os atuais movimentos de resistências frente aos constantes desmontes dos sistemas de

proteção social. Diante desse contexto da pesquisa, questiona-se: quais são as perspectivas

que devem ser levantadas para analisar as desigualdades sociais e a não garantia de direitos na

América Latina utilizando como base os processos de lutas, resistências e desmontes dos

sistemas de proteção social? A metodologia aplicada na pesquisa está dividida em três eixos:

para alcançar os objetivos inicialmente propostos será utilizado a pesquisa exploratória-

descritiva; para organizar e coletar os materiais utilizar-se-á da pesquisa bibliográfica de

caráter quanti-quali e; para o tratamento desses dados o método a ser empregado será o

materialismo-dialético.

Palavras-chave: América Latina. Direitos. Estado. Proteção social. Resistência.

1 INTRODUÇÃO

Construir um processo dialógico com desigualdades sociais, direitos e proteção social

hoje, isto é, na fase contemporânea do capitalismo marcada pelo avanço do conservadorismo

e pelo domínio do capital neoliberal nos Estados latino-americanos, é um grande desafio.

Portanto, pensar em direitos sociais e políticas públicas requer compreender o significado e os

fundamentos que os sustentam para que seja possível atuar no combate a extrema

desigualdade social, econômica e política.

Com base nas críticas ao acordo político que resultou da trajetória do fordismo e do

keynesianismo na configuração das políticas da era social, ideias conservadoras (mantendo o

status quo) emergiram vitoriosas e, a partir disso, serviram de base para uma grande parte dos

países do mundo. Os períodos conhecidos como Tatcherismo (no Reino Unido) e Reaganismo

1Doutorando em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul, com bolsa Capes. Mestre em Política Social e

Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Direito pela Universidade de Santa

Cruz do Sul, com bolsa Capes. Advogado e professor. E-mail: [email protected]

2Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, com pós-doutorado em Direito pela

Universidad de Burgos, com bolsa Capes. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e

Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul. Professora, psicóloga e advogada. E-mail: [email protected]

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(nos Estados Unidos) ajudaram a irradiar ideias neoliberais, transformando o Estado, pensado

nesta lógica para ser mínimo, em um Estado hegemônico.

Ao mesmo tempo, nesse período, o consenso social democrático das sociedades abriu

espaço para o Consenso de Washington promover, segundo Matta (2013), uma lista de

contrarreformas estruturais nos serviços e em seus financiamentos. Portanto, as estratégias de

contrarreforma podem ser agrupadas em dois blocos: I) as chamadas contrarreformas de

primeira geração que abordaramas atividades produtivas e os serviços públicos essenciais por

meio, principalmente, de privatizações e; II) contrarreformas de segunda geração voltadas

para os sistemas de proteção social.

Nesse contexto, o objetivo deste estudo é analisar as desigualdades sociais e a

realização dos direitos na América Latina utilizando o processo histórico de construções e

lutas até a atual resistência contra os constantes desmantelamentos dos sistemas de proteção

social. É importante mencionar que, ao dialogar com as desigualdades, direitos e sistemas de

proteção social na América Latina, não se deve esquecer das inúmeras especificidades de cada

Estado, o que neste estudo se faz é buscar reunir elementos próximos que permitam a

construção de vínculos.

Na construção do trabalho, o percurso metodológico utilizado em relação aos objetivos

foi uma investigação exploratória-descritiva; em relação aos procedimentos, uma investigação

bibliográfica quanti-quali e, por sua vez, para a análise dos dados foi utilizado o método

materialismo-dialéticopor permitir aproximações dos fenômenos naturais e sociais a partir do

ponto dialético, fazendo sua interpretação, sua maneira de focalizá-los, na perspectiva de

materializar um movimento real, suas contradições e forças.

Oproblema de pesquisa que circunda toda a discussão é: quais são as perspectivas que

devem ser consideradas na análise das desigualdades sociais e na não concretização de

direitos na América Latina, utilizando como base os processos de lutas, resistências e

desmontes dos sistemas de proteção social?

2 DESIGUALDADES SOCIAIS E PROTEÇÃO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: PROCESSO DE

CONSTRUÇÃO, LUTA E RESISTÊNCIA NAS POLÍTICAS SOCIAIS

O processo de desconstrução, em nome dos ditames internacionais, dos direitos sociais

que pouco foram construídos vem de vários séculos. Segundo Mattel (2013), a América

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Latina possui inúmeras marcas históricas que remontam ao processo de colonização (ou

exploração), onde o espaço territorial era utilizado para a função de produção agrícola e

fornecimento de bens primários aos interesses da metrópole: portuguesa e espanhola. Essa

lógica da colonização, de estabelecer uma estrutura produtiva, social e econômica voltada

para o exterior, deixa marcas ainda presentes, como a pobreza, a concentração de renda e a

exclusão social.

Nesse campo, é relevante o pensamento de Sen (2010) que, mesmo fazendo a

distinção entre pobreza como falta de capacidade e pobreza como falta de oportunidades,

estabelece que ambos estão intimamente ligados, uma vez que as oportunidades são um meio

importante para atingir a capacidade. No entanto, a atenção deve ser focada na pobreza pela

privação de capacidade, já que o aumento da capacidade de vida de uma pessoa normalmente

aumentaria a capacidade de ser mais produtiva e receber uma renda maior.

Sen (2010), contudo, ao considerar a necessidade de entender a pobreza e a privação

de liberdade, garante que a pobreza se tornou o principal problema da sociedade capitalista e,

como resultado, o foco das políticas sociais. Deste modo, o Estado abandona a possibilidade

de universalizar o acesso à serviços básicos para incorporar a redução ou o enfrentamento da

pobreza por meio da igualdade de oportunidades, direcionamento e seleção de beneficiários e

transferência de renda condicionada.

Entre os sistemas que ainda permanecem, prevalece a identificação com a lógica da

jornada de trabalho, ou seja, a inserção no mercado de trabalho como fonte de bem-estar,

capaz de libertar os pobres da pobreza e, portanto, não criar dependência de indivíduos em

relação aos benefícios sociais. Dessa forma, os sujeitos passivos e ativos dos direitos sociais

são responsáveis por si mesmos e pelo usuário da assistência: de titular do direito a um

simples beneficiário. Segundo Stein (2017), a moralização e a individualização dos sujeitos,

como princípios de ativação, visam mudar comportamentos e atitudes individuais, onde a

cultura empreendedora é marcada como saída e a única alternativa à autonomia econômica.

Os sérios problemas e riscos para os sistemas de proteção social devem ser

reconhecidos diante das desigualdades que o capitalismo produz e reproduz, o que constitui

uma ameaça à ordem e ao trabalho social. Outro ponto de contradição está na tentativa de

contrarreforma dos sistemas de proteção social que, incorporados nas políticas sociais, são o

núcleo rígido dos Estados Democráticos de Direito reconstruídos: a Constituição Federal

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Brasileira de 1988; a Constituição da Nação Argentina de 1994; A Constituição Mexicana de

1917, a Constituição Política da Bolívia de 2006, por exemplo, estão no centro das disputas

político-ideológicas.

A política social foi constituída como uma mediação institucional político-econômica

que resulta, ao mesmo tempo, das contradições e reivindicações das lutas de classes e da

lógica da acumulação capitalista. Quando apresentado como um processo dinâmico explicado

no movimento histórico das sociedades, é possível reconhecer a multiplicidade de

perspectivas, visões e significados das políticas sociais que contestam a construção ou a

(re)construção da hegemonia (SOTO; TRIPIANA, 2014).

Nesse processo de construção das políticas sociais, Cecchini (2015) ensina que nem

todas são predominantemente orientadas para o fim da proteção social, embora todas tenham,

em geral, dimensões de proteção social. Logo, a proteção social é a parte central da política

social e, por sua vez, é a parte essencial dos regimes de bem-estar social, que consideram não

apenas a ação do Estado, mas também, a operação de mercados, das famílias e das instâncias

comunitárias.

A proteção social deve se materializar através de um conjunto de mecanismos e

instrumentos que viabilizem os direitos sociais, como forma de abordar a lacuna no campo

das políticas sociais, especialmente nos últimos anos. No entanto, juntos, é preciso tentar

transpor a fratura histórica que resultou nas desigualdades sociais, políticas e econômicas

observadas na América Latina a partir da relação entre trabalho e capital (MENDES;

WÜNSCH; CAMARGO, 2011).

O estudo das políticas sociais é um fenômeno complexo, pois deve abranger vários

aspectos, como: I) a importância do sucesso nos direitos sociais, culturais e econômicos dos

segmentos mais marginalizados da população, apesar da extensão das políticas

sociaisabranger todos os setores de uma sociedade; II) seus efeitos na qualidade de vida das

pessoas como ser social; III) a aceitação ou não de um determinado governo por meio da

coesão social, que causa, em várias ocasiões, a primazia na concepção dos interesses de

determinados setores e não as reais necessidades da população e; IV) sua ligação direta com o

crescimento e com o desenvolvimento econômico de um país ou região (SOTO; BORREGO,

2018).

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Nesse processo de construção de políticas sociais está a proteção social que, no

contexto latino-americano, pode ser entendida a partir da história de seus modelos de

desenvolvimento e de seus respectivos paradigmas econômicos e sociais. Assim, Stein (2017),

usando Cecchini e Martínez (2011), identifica essa evolução com base em quatro momentos:

o primeiro que começa no século XIX e termina com a crise de 1929, influenciada pelo

pensamento liberal, dominado pelo modelo de exportação primária.

Aqui, os indicadores sociais são caracterizados, por um lado, pela conformação das

sociedades nacionais e pelo sentimento de pertencimento dos cidadãos ao seu país e, por

outro, pela caridade, onde a atenção aos problemas sociais é realizada por meios da ajuda aos

necessitados, seja através de organizações da sociedade civil ou através da igreja. No final da

década de 1920, começaram a surgir os primeiros sistemas de proteção social inspirados no

modelo universal (STEIN, 2017).

O segundo momento se estende do início da década de 1930 ao final da década de

1970 e é caracterizado pelo modelo de substituição de importações, quando as questões

sociais estavam relacionadas à justiça, ordem social e seguridade social, destacando o impacto

e o papel da sociedade civil organizada e dos sindicatos na luta para construir modelos

melhores e mais abrangentes de proteção social.

Segundo Stein (2017), as limitações de cobertura comprometeram a perspectiva

universalista da política social, priorizando a proteção contributiva de funcionários e, em

termos de proteção não contributiva, restrita aos grupos mais vulneráveis. Nesse período, a

gestão das políticas sociais é marcada pelo planejamento central e predominantemente pelo

financiamento estatal, com pouca participação do setor privado.

O terceiro momento na evolução dos sistemas de proteção social ocorre entre o final

dos anos 70 e o início dos anos 80 e tem como principais marcas: a crise da dívida pública, o

déficit fiscal, as transformações do capitalismo industrial nacional para o capitalismo

globalizado, financeiro e de serviços. As recomendações do Consenso de Washington e a

crença de que o mercado é o melhor instrumento para designar bens e serviços caracterizam a

abordagem neoliberal do crescimento externo. Austeridade fiscal, ajuste estrutural, programas

de estabilização econômica destinados a promover o crescimento não levaram em

consideração as desigualdades e a distribuição de renda (STEIN, 2017).

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Para Stein (2017), a proteção social nesse período começa a assumir uma dupla

característica, a saber: proteção contributiva e não contributiva para aliviar a pobreza extrema

por meio do acesso a níveis básicos de bem-estar. Apesar da institucionalidade democrática e

de algumas ações concretas do Estado na área econômica e social, a América Latina

apresentou altos níveis de desigualdades e pobreza nas décadas de 1980 e 1990.

E o quarto momento do desenvolvimento histórico da proteção social construído

por Stein (2017) começa em meados da década de 1990 e se estende até o presente, com base

no paradigma da competitividade sistêmica, onde é necessário incorporar o progresso técnico

no processo produtivo, com vistas ao aumento da produtividade. Assim sendo, as políticas

sociais se tornam muito mais importantes devido às suas contribuições para a formação de

capital humano, razão pela qual é considerada essencial para a competitividade dos países no

médio prazo.

Nesse ambiente de expansão seletiva de políticas que materializam a proteção social

que, diferentemente do que está previsto em vários textos constitucionais da América Latina,

como no Brasil, não constituem uma estratégia de universalização dos direitos sociais. O que

realmente acontece, segundo Barreto (2016), é que o Estado, imbuído de anseios neoliberais,

intensifica o bem-estar, a mercantilização e a privatização da proteção social, ou seja, expande

a assistência social, comercializa a saúde, vigia a educação, censura a cultura e restringe o

acesso à previdência social por meio de contrarreformas, que favorecem a previdência privada

complementar: os famosos fundos de pensão.

Nesse ponto do desenvolvimento do capital neoliberal, não se pode esquecer que a

inserção de países classificados como periféricos no capitalismo também reflete a divisão

internacional do trabalho, que apresenta suas marcas históricas de persistência em sua

formação e desenvolvimento. Segundo Iamamoto (2015), o desenvolvimento dessas novas

condições histórico-sociais metamorfoseia a questão social inerente ao processo de

acumulação capitalista, expressando-a com novas determinações e relações sociais produzidas

historicamente, e impõe o desafio de elucidar seu significado social na atualidade.

A análise dos sistemas de proteção social não pode ser separada de outros elementos,

muito menos dos fundamentos das lutas de classes institucionalizadas (através do

reconhecimento de grupos de capital e de trabalho) e do papel do Estado como garantidor que

essa luta não afete diretamente o princípio da acumulação de mais-valia. Nesse contexto, a

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proteção social aparece como objeto móvel, segundo Valle (2012), uma vez que, por um lado,

existe a lógica da acumulação daqueles que possuem capital e, por outro, a lógica da

distribuição.

Classificada como determinante na regulação das relações econômicas e sociais dos

indivíduos no sistema de produção keynesiano-fordista, a proteção social, como vista, se

expande pela seguridade social e materializa-se por meio de políticas sociais. A previsão

ocorre como o núcleo rígido central dos Estados sociais após a Segunda Guerra Mundial. Os

direitos nele previstos, baseados no modelo bismarckiano (alemão) ou no

modelo beveridgiano(inglês), têm como parâmetro as relações trabalhistas e, em sua fase

inicial, a garantia de benefícios básicos para quem perdeu a capacidade de trabalhar,

momentânea ou permanentemente (BOSCHETTI, 2009).

Um dos desafios nesse cenário inicial foi a construção da articulação entre o problema

social e a política de proteção social, para que juntos eles possam entender o contexto

sociopolítico das vulnerabilidades e dos riscos sociais. O que torna relevante esse processo de

reestruturação da proteção social é o fato de que, no século passado,

segundo Fernandes (2007), a humanidade foi responsável, por um lado, pelo excelente

progresso científico e tecnológico em diversas áreas, que proporcionou impactos positivos na

qualidade de vida dos cidadãos. Por outro lado, na América Latina, esse progresso foi lento e

extremamente desigual.

Sob esse manto de contradições, com base no trabalho de Valle (2012), é possível

estabelecer três observações centrais: a primeira se refere ao desenvolvimento de sistemas de

proteção social na América Latina, que tem como característica comum o princípio da

subsidiariedade que até então orientava a ação e apenas "autorizava" o Estado a intervir na

questão social quando as instituições mais próximas do cidadão, por exemplo, a igreja e

outras associações religiosas falhassem.

A segunda observação indica que, desde o início da história da proteção social, ela foi

segmentada em diversos microssistemas, o que acabou por privilegiar e garantir o acesso, em

particular, aos funcionários que estavam vinculados a esses sistemas. Para ter essa

possibilidade de ingresso, foram estabelecidos níveis de serviço devido à condição

profissional e, com o desenvolvimento de mecanismos de representação, a prestação de

serviços relacionados ao bem-estar individual e social passou a ser do tipo corporativo

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(VALLE, 2012). E a terceira observação sobre os sistemas de proteção social no contexto

latino-americano é que seu principal objetivo era proteger o provedor da família (geralmente o

marido/pai), subtraindo os outros membros da casa da falta de proteção do Estado.

Atualmente, a proteção social, incorporada na seguridade social e nas políticas sociais,

pode ser constituída como elemento central da proteção, considerando o mecanismo legítimo

de reconhecimento e enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas na América

Latina, proporcionado por padrões de disparidades em relação à produção, à acumulação e à

concentração da riqueza socialmente produzida (MENDES; WUNSCH; SILVA, 2014). Isso

demonstra a importância de entender a relação entre sociedade, Estado e classes sociais nas

mais diversas interfaces de interlocução.

De maneira diferente, Cortés e Flores (2014) definem a proteção social a partir de três

dimensões e indicadores principais: o primeiro seria a cobertura horizontal ou a proporção da

população que de alguma forma está coberta pela seguridade social; o segundo seria a

cobertura vertical ou benefícios oferecidos aos membros (no sistema de beneficiários)

e; terceiro, proteção social financiada ou mensurada para que as despesas não aumentem a

desigualdade de renda.

Como elemento presente no desenvolvimento social, a proteção social deve ser

entendida em um contexto de tratamento da dívida social herdada do capitalista, que é

transcendida com uma abordagem de totalidade capaz de capturar a diferenciação e superá-la

para alcançar a justiça social. Nesse contexto, o projeto corporativo socialista não reduz a

proteção dos indivíduos, mas o coloca como protagonista do desenvolvimento social com o

objetivo de expandir seu potencial (COUTO, et al., 2018).

Mendes e Wünsch (2011) apontam que as contínuas mudanças que envolvem a esfera

do trabalho na sociedade atual guardam repercussões diretas na proteção social e que também

estão relacionadas a mudanças no papel e na orientação dos Estados, principalmente se

contextualizadas no início das décadas de 1980 e 1990, com o advento do paradigma

neoliberal. Esse novo paradigma oferece a oportunidade de revelar a incompatibilidade no

tripé capital-trabalho, Estado e proteção social, liderada pela urgência de criar novas formas

de produção.

Esse não-fechamento é o que permite uma ampla análise dos fenômenos envolvidos,

como a visualização das duas consequências mais sérias das políticas neoliberais na América

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Latina: a expansão das desigualdades sociais e o colapso do aparato industrial nacional

(SALAMA, 1995). Os efeitos negativos, em grande parte gerados pelos governos neoliberais,

podem ser apresentados como o resultado claro do fracasso do próprio Estado em manter a

superexploração, por um lado, e, por outro, a luta infrutífera contra as desigualdades sociais.

O passo inicial para sua problematização é discutir os principais modelos de

materialização da proteção social na América Latina, levando em consideração o centro de

ação, os momentos históricos listados acima e os ensinamentos de Fleury (1994), que são:

assistência, seguro e a seguridade. O primeiro modelo tem seu núcleo formado na Assistência

Social e surge em contextos socioeconômicos nos quais o mercado é o agente controlador das

demandas sociais, e cabe a cada indivíduo perseguir seus interesses individuais, como a

aquisição de bens e serviços, que conduzem a uma cidadania invertida. Os valores

predominantes são liberdade e individualismo, visando à igualdade de oportunidades

(FLEURY, 1994).

O segundo modelo, chamado de Seguro Social, tem como elemento central a

possibilidade de cobrir determinados grupos ocupacionais por meio de uma relação

contratual, ou seja, uma cidadania regulada. A única característica distintiva do seguro

privado é o órgão que o sancionou, neste caso o Estado. O atendimento aos trabalhadores é

realizado por meio de contribuições anteriores, o que não elimina uma forte burocracia que

busca a lealdade dos beneficiários (FLEURY, 1994).

O terceiro e último modelo tem como elemento constitutivo da proteção social a

Seguridade Social, na qual o Estado, através de um conjunto de políticas públicas3,

governamentais e unificadas, visa garantir as condições básicas da humanidade e o ideal de

justiça sociais, incluindo renda, bens e serviços. Esse sistema, segundo Fleury (1994), permite

a redistribuição da riqueza socialmente produzida e, portanto, a correção de desigualdades

sociais extremas, vinculando a cidadania universal aos povos latino-americanos.

3Utiliza-se o termo política pública neste trabalho com base no seguinte conceito: políticas públicas são respostas

do poder público à problemas políticos. Ou seja, as políticas designam as iniciativas do Estado (governos e

demais poderes públicos) para atender demandas sociais referentes às questões comuns à população, sendo

executadas diretamente por órgãos públicos ou delegadas às organizações da sociedade civil ou privadas

(SCHMIDT, 2018).

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TABELA 01: Modelos de proteção social (assistência, seguro e seguridade)

MODALIDADES ASSISTÊNCIA SEGURO SEGURIDADE

Denominações Residual Meritocrático Institucional

Ideologia Liberal Corporativa Socialdemocracia

Princípio Caridade Solidariedade Justiça

Efeito Discriminação Manutenção Redistribuição

Status Desqualificação Privilégio Direito

Finanças Doações % Salário Orçamento público

Atuaria Fundos Acumulação Repartição

Cobertura Alvos Ocupacional Universal

Benefícios Bens/Serviços Propor. Salarial Mínimo vital

Acesso Teste meios Filiação Necessidade

Administração Filantrópico Corporativo Público

Organização Local Fragmentada Central

Referência PoorLaws4 Bismarck Beveridge

Cidadania Invertida Regulada Universal

Fonte: FLEURY, 1994, p. 108.

O modelo ideal de proteção social enfoca a ideia de seguridade e de cidadania

universal, especialmente considerando as peculiaridades do Estado latino-americano no

capitalismo periférico. No entanto, em vários países da região, a política social foi

desenvolvida não pela presença do Estado de Bem-estar (WelfareState), mas pela existência,

no processo de construção, de assistencialismo e clientelista, eliminando a sua universalização

e o reconhecimento pleno dos direitos de cidadania (MARCOSIN; SANTOS, 2010).

A problematização da proteção social em tempos de crise de capital e neoliberalismo

não deve ser resumida simplesmente na discussão entre crise econômica e crise de proteção

social; deve ser historicizada, politizada e traduzida em sistemas de proteção social,

4PoorReliefAct (lei de amparo aos pobres) foi instituída em 1601 na Inglaterra e permitia de juízes da Comarca

instituição um imposto de caridade a ser pagos por todos os ocupantes e usuários de terras. O valor arrecadado

era centralizado nas paróquias (que faziam o auxílio direto aos indigentes) e administrado por inspetores

nomeados pelos juízes.

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entendendo-a em um mundo de mudanças (como regra, com retirada de direitos) nas relações

de trabalho e no movimento de resistência das classes. Como esferas constitutivas da relação

entre o Estado e a sociedade, os sistemas de proteção social são determinados por um

conjunto de necessidades que surgem no mundo da produção, mas não param por aí (MOTA,

2008).

Nesse contexto, o reconhecimento dos elementos presentes nos processos de

afirmação e expansão dos sistemas de proteção social na América Latina, bem como, os

destinados à sua redução, desmonte e descaracterização por meio de contrarreformas, são

essenciais na luta para reduzir desigualdades sociais e na luta contra a desproteção social. A

chave é analisar a proteção social como o piso e não como o teto a ser alcançado para garantia

dos direitos sociais; no entanto, essa construção está ameaçada por contrarreformas estruturais

impostas pelo capital neoliberal.

3 CONCLUSÃO

O estudo sobre desigualdades sociais, direitos e proteção social no Estado latino-

americano baseia-se na necessidade de problematizar teorias eminentemente decoloniais que

compreendem e, levam em consideração, as especificidades e a diversidade das nações. Nesse

novo contexto de proposta, pode-se dizer que as sociedades latino-americanas devem lutar

contra discursos e ações, especialmente as neoliberais, que visam reduzir ou até exterminar os

sistemas de proteção social e afastar-se qualquer possibilidade de garantia de direitos dos

cidadãos.

É essencial perceber a exploração e o domínio como uma maneira de conhecer a

realidade, pois o capital não pode ser revelado no mundo dos fenômenos sem essas ações. O

capital tem entre suas promessas a de promover um mundo com homens livres e iguais que,

mesmo violando, devem reconstituí-lo. Existe, portanto, a criação de um mundo imaginário

(ficção) que cobre e distorce a essência de seu ser (mundo real), onde o capital precisa se

apresentar de maneira distorcida, para não revelar, à primeira vista, o que é feito. Esse

fenômeno é chamado fetichização do capital, que acaba criando um mundo encantado: o

capital como uma fábula.

Em virtude de representar uma das principais fontes de provisão de bem-estar social

nas sociedades latino-americanas, os sistemas públicos de proteção social são

contraditoriamente o objetivo de políticas neoliberais já conhecidas, mas agora travestidas

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com outros fenômenos (neoconservadorismo, por exemplo), que promovem seu

desmantelamento e descaracterização, o que implica diretamente na concretização de direitos

e na expansão de vulnerabilidades e desigualdades.

A construção de um processo dialógico com as desigualdades, a pobreza extrema e os

sistemas de proteção social na América Latina foi um desafio, especialmente na atual fase das

sociedades em que o conservadorismo, mais uma vez, dita as regras, agora sob o comando do

neoliberalismo. Quando se trata da realidade latino-americana e da necessidade de entender os

fenômenos produzidos e reproduzidos aqui, fala-se de uma região que possui um gasto

público médio inferior a quinze por cento do PIB, enquanto a taxa de pobreza e indigência é

alta: 28,2% e 11,3%, respectivamente (CEPAL, 2019).

Nesse cenário, o objetivo deste estudo foi responder a seguinte problemática: quais são

as perspectivas que devem ser levantadas para analisar as desigualdades sociais e a não

garantia de direitos na América Latina utilizando como base os processos de lutas,

resistências e desmontes dos sistemas de proteção social?Onde, devido a esse movimento de

contrarreformas no Estado e nos sistemas de proteção social, que até então eram guiados pelos

princípios de igualdade, equidade e justiça distributiva, mostra-se um ambiente de

contratempos e retirada de direitos. Contraditoriamente, as ideologias, valores e práticas que

se opõem à garantia de direitos ganham espaço, impondo limites à realização de políticas

públicas que beneficiem a todos, com base em uma nova administração de recursos públicos.

Como perspectivas para a compreensão das desigualdades sociais e a garantia de

direitos na América Latina, é necessário verificar a tentativa de "comercializar" a vida em

sociedade, usurpando os direitos de cidadania e, portanto, diminuindo o papel e a participação

do Estado na proteção social. Nesse ponto, afirma-se que a realidade, os fatos e os eventos

precisam ser desmascarados, para que haja um longo caminho de construção entre aparência e

a essência, entre a parte e a totalidade, entre o singular e o universal.

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