desenvolvimento, validaÇÃo e aplicaÇÃo de … · 1.5 canabinóides em matrizes biológicas...

144
DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE MICROEXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA E MICROEXTRAÇÃO EM FASE LÍQUIDA PARA DETERMINAÇÃO DE CANABINÓIDES EM CABELO HUMANO POR CROMATOGRAFIA EM FASE GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE MASSAS NO MODO TANDEM ELISSANDRO SOARES EMÍDIO ORIENTADOR: Prof. Dr. Haroldo Silveira Dórea São Cristóvão 2010 Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de Sergipe como um dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Química.

Upload: lyminh

Post on 10-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE MICROEXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA E

MICROEXTRAÇÃO EM FASE LÍQUIDA PARA DETERMINAÇÃO DE CANABINÓIDES EM CABELO

HUMANO POR CROMATOGRAFIA EM FASE GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE MASSAS NO

MODO TANDEM

ELISSANDRO SOARES EMÍDIO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Haroldo Silveira Dórea

São Cristóvão

2010

Dissertação apresentada ao Núcleo de

Pós-Graduação em Química da

Universidade Federal de Sergipe como

um dos requisitos para a obtenção do

título de Mestre em Química.

Page 2: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

E53d

Emídio, Elissandro Soares Desenvolvimento, validação e aplicação de microextração em

fase sólida e microextração em fase líquida para determinação de canabinóides em cabelo humano por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas no modo tandem / Elissandro Soares Emídio. – São Cristóvão, 2010.

121 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Química) – Programa de Pós-Graduação em Química, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2010.

Orientador: Prof. Dr. Haroldo Silveira Dórea

1. Canabinóides. 2. Cromatografia. 3. Espectrometria. 4. Analise toxicológica. I. Título.

CDU 543.51:543.544.3

Page 3: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação
Page 4: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

Dedico este trabalho: A Deus, por estar presente em minha vida e me iluminando em todos os momentos. Aos meus pais, pela vida, pelo exemplo de luta, perseverança e amor dedicados a mim. Ao meu irmão pelo apoio e amparo nos momentos que precisei de sua ajuda.

Page 5: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

AGRADECIMENTOS

"Cada um que passa em nossa vida passa sozinho,

Porque cada pessoa é única e nenhuma substitui outra.

Cada um que passa em nossa vida passa sozinho,

Mas não vai só, nem nos deixa só,

Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo.

Há os que levaram muito, mas não há os que deixaram nada.

Essa é a maior responsabilidade de nossas vidas,

E a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."

Por este motivo... meus agradecimentos,

• A Universidade Federal de Sergipe, ao Departamento de Química, ao

Programa de Pós-Graduação em Química e ao Laboratório de Análise de

Compostos Orgânicos Poluentes (LCP) por terem me dado a

oportunidade de realizar este gratificante trabalho.

• Em especial ao professor orientador e amigo Haroldo Silveira Dórea, pela

confiança em acreditar no meu potencial nesses 5 anos integrando o

grupo. É difícil expressar com poucas palavras a gratidão que eu tenho

pelo senhor. Agradeço pelos ensinamentos, pelos conselhos, pelos seus

conhecimentos compartilhados. Aprendi contigo a ser um indivíduo mais

dedicado e solidário. Espero que Deus te dê em dobro o que você tem

me proporcionado nesses anos de convívio. Desejo do fundo de meu

coração muita saúde para você e sua família. Muito obrigado por tudo!!

• Ao professor Sandro Navickiene pela presença e apoio incondicional nos

momentos de apelo. Um profissional extremamente responsável e

diligente a quem todos devem se espelhar.

Page 6: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

• Aos professores Marcelo da Rosa, Carlos Alexandre, Paulo e Péricles,

que contribuíram em algum momento na realização deste trabalho.

• Aos amigos e companheiros atuais e antigos do LCP: Adalberto, Alain,

Ricardo, Márcia, Geovânia, Rogério, Cláudia, Daniela, Danielle, Gisele,

Samia, Renata, Adriano, Pedro, Débora, Claydson, Michel, Marcell,

Bruno, Tamires, Vanina, Gabriela, Alberto, Thaíse, Larissa, Fabrício,

Alex, Waneide, Danny, Clóvis pelos momentos de descontração no

laboratório, e que sem dúvida aprendi um pouco com cada um. Em

especial a Vanessa, por estes últimos anos termos criado uma amizade

ímpar. Agradeço-lhe por ter me apoiado e incentivado no

desenvolvimento do meu trabalho, pela parceria e companheirismo.

Posso afirmar que a nossa amizade foi um dos melhores frutos deste

mestrado. Também aprendi muito contigo. Agradeço de coração a todos

vocês!!

• Agradeço também aos colegas do curso de mestrado Amanda, Márcia,

Rogério, Cláudia, Ariadna, Cristiane, Wesley, Sandra, Renê, Neemias

pelos momentos alegres e de união. Desejo sucesso para cada um de

vocês.

• Também, não posso me esquecer de agradecer ao pessoal do Grupo

LEMON (Amanda, Juliana, Valéria, Bruno, André) pelos poucos

momentos, mas gratificantes de amizade e alegria.

• Aos funcionários do NPGQ e do DQI por serem sempre solícitos.

• A FAPITEC pela bolsa concedida.

• Ao CNPq pelo auxílio financeiro.

Page 7: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

SUMÁRIO

CURRICULUM VITAE ........................................................................................ i

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ v

LIS TA DE TABELAS ...................................................................................... viii

LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS ..................................................... ix

RESUMO ............................................................................................................ xiii

ABSTRACT ........................................................................................................ xiv

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1 Cannabis sativa ................................................................................................ 1

1.2 Canabinóides ................................................................................................... 2

1.3 Perfil de consumo e efeitos da maconha ....................................................... 6

1.4 O uso abusivo de drogas e seus aspectos sociais ........................................... 7

1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ......... 10

1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação do consumo de Cannabis ................................................................................................................ 14

1.6.1 Aspectos históricos ...................................................................................... 14

1.6.2 Anatomia e fisiologia do cabelo ................................................................. 16

1.6.3 Incorporação e eliminação de drogas ....................................................... 18

1.6.4 Coleta da amostra de cabelo ...................................................................... 22

1.6.5 Análise de cabelo ......................................................................................... 23

1.6.5.1 Descontaminação ................................................................................... 23

1.6.5.2 Digestão ou desintegração ..................................................................... 25

1.6.5.3 Procedimentos de extração e análise.................................................... 25

1.7 Microextração em fase sólida (SPME) ........................................................ 27

1.7.1 Aspectos termodinâmicos e cinéticos ........................................................ 31

1.8 Microextração em fase líquida por fibra oca (HF-LPME) ....................... 34

1.9 Cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas no modo tandem (GC/MS/MS) ................................................................................. 40

2. OBJETIVOS .................................................................................................. 44

2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 44

Page 8: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 44

3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 45

3.1 Materiais ........................................................................................................ 45

3.1.1 Reagentes, solventes e outros materiais .................................................... 45

3.1.2 Soluções-padrão .......................................................................................... 45

3.1.3 Equipamentos e acessórios ......................................................................... 46

3.2 Métodos .......................................................................................................... 46

3.2.1 Coleta da amostra ....................................................................................... 46

3.2.2 Preparação da amostra .............................................................................. 47

3.2.3 Procedimento por HS-SPME e GC-MS/MS para determinação de canabinóides no cabelo ........................................................................................ 48

3.2.4 Procedimento por HF-LPME e GC-MS/MS para determinação de canabinóides no cabelo ........................................................................................ 49

3.2.5 Condições cromatográficas de análise ...................................................... 51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 52

4.1 Desenvolvimento de método por MS operando no modo tandem ............. 52

4.2 Otimização dos parâmetros de extração por HS-SPME .......................... 56

4.2.1 Fibra ............................................................................................................. 56

4.2.2 pH ................................................................................................................. 57

4.2.3 Força iônica ................................................................................................. 58

4.2.4 Temperatura de extração ........................................................................... 60

4.2.5 Massa de cabelo........................................................................................... 61

4.2.6 Tempo de saturação .................................................................................... 62

4.2.7 Tempo de extração ...................................................................................... 63

4.2.8 Tempo de dessorção e carryover ................................................................ 64

4.3 Otimização dos parâmetros de extração por HF-LPME .......................... 67

4.3.1 Seleção do solvente orgânico ...................................................................... 67

4.3.2 Planejamento fatorial fracionário ............................................................. 68

4.3.3 Planejamento composto central (PCC) ..................................................... 71

4.4 Validação ....................................................................................................... 78

4.4.1 Seletividade .................................................................................................. 79

4.4.2 Linearidade e curva analítica .................................................................... 81

4.4.3 Precisão ........................................................................................................ 84

Page 9: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

4.4.4 Recuperação ................................................................................................ 86

4.4.5 Limites de detecção e quantificação .......................................................... 88

4.5 Perfil dos pacientes amostrados ................................................................... 91

4.6 Aplicação dos métodos HS-SPME e HF-LPME ......................................... 91

4.6.1 HS-SPME .................................................................................................... 91

4.6.2 HF-LPME .................................................................................................... 94

5. CONCLUSÕES ............................................................................................. 98

6. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 100

ANEXOS ............................................................................................................. 111

ANEXO A – Questionário para verificação do perfil de consumo ................ 112

ANEXO B – Declaração do Comitê de Ética ................................................... 115

ANEXO C – Produções científicas ................................................................... 116

ANEXO D – Matérias publicadas em jornal de circulação ........................... 118

Page 10: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

i

CURRICULUM VITAE Nome: Elissandro Soares Emídio Filiação: Sandoval Emídio Vieira e Maria Conceição Soares Emídio Data de nascimento: 14/03/1985 Naturalidade: Aracaju-SE FORMAÇÃO � 2003 - 2008 − Graduação: Bacharelado em Farmácia pela Universidade Federal

de Sergipe

ATUAÇÃO ACADÊMICA � 2005-2008 − Vínculo: Bolsista - PIBIC/CNPq, Enquadramento Funcional:

Iniciação Científica, Carga horária: 20 horas semanais. � 2008-2010 − Vínculo: Bolsista - Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação

Tecnológica do Estado de Sergipe - FAPITEC/SE, Enquadramento Funcional: Mestrando, Carga horária: 40 horas semanais, Regime: Dedicação exclusiva.

� 09/2008 - 01/2009 − Ensino, Engenharia Agronômica, Nível: Graduação.

Disciplina ministrada: Química Analítica Agrícola I. Carga horária: 4h semanais. Estágio de docência vinculado à Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - FAPITEC/SE.

� 03/2009 -07/2009 − Ensino, Farmácia, Nível: Graduação. Disciplina ministrada:

Química Experimental II. Carga horária: 4h semanais. Estágio de docência vinculado à Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - FAPITEC/SE.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE A GRADUAÇÃO � Trabalhos publicados em anais de congressos

Page 11: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

ii

• Otimização de método analítico para determinar poluentes orgânicos em sedimentos. Comparação dos detectores PID e FID. XV Encontro de Iniciação Científica, 2005, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

• Poluentes orgânicos em sedimento. Uso do planejamento fatorial para

estabelecimento da metodologia analítica. 13º Encontro Nacional de Química Analítica, 2005, Niterói-RJ.

• Análise de fenóis em águas ambientais por SPME. In: XVI Encontro de

Iniciação Científica, 2006, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

• Determinação de BTEX em efluentes por P&T-GC-PID/FID. 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2006, Águas de Lindóia-SP.

• Análise de alcanos em sedimentos ambientais por ultra-som. XVII Encontro

de Iniciação Científica, 2007, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

• Comparação da extração ultra-som com Soxhlet para análise de alcanos em

sedimentos ambientais. 14º Encontro Nacional de Química Analítica, 2007, João Pessoa-PB.

• SPME para determinação de pirimetanil, pirimicarbe e buprofezina em águas

ambientais por GC-MS. Congresso Latino Americano de Cromatografia e Técnicas Relacionadas - COLACRO XII, 2008, Florianópolis-SC.

• Validação de método para análise de HPAs em cachaça. In: XV Seminário

Latino Americano e do Caribe de Ciência e Tecnologia de Alimentos e XXI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2008, Belo Horizonte-MG.

• Validação de método por SPE e GC para análise de HPAs e pesticidas em cachaça. 18º Encontro de Iniciação Científica e 4º Encontro de Pós-Graduação, 2008. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

• Identificação de compostos orgânicos em charuto por MSPD e GC-MS. 18º

Encontro de Iniciação Científica e 4º Encontro de Pós-Graduação, 2008, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

• Análise de alcanos em sedimentos ambientais por ultra-som. In: 60º Reunião

Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 2008, Campinas-SP. 60º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 2008.

Page 12: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

iii

• Determinação de BTEX em águas subterrâneas e de efluentes por Purge and Trap e GC/FID. IV Encontro Nacional de Química Ambiental, 2008, Aracaju-SE.

� Artigos completos publicados em periódicos

• Análise de fenóis em águas ambientais por SPME. Caderno de Cultura do Estudante (UFS), v. 5, p. 109-115, 2006.

• Análise de Poluentes Orgânicos Tóxicos na Cachaça. Revista da FAPESE de

Pesquisa e Extensão, v. 4, p. 5-18, 2008.

• Multivariate optimization of a solid phase microextraction-headspace procedure for the determination of benzene, toluene, ethylbenzene and xylenes in effluent samples from a waste treatment plant. Journal of Chromatography, v. 1203, p. 99-104, 2008.

• The structure of the benthic macrofaunal assemblages and sediments characteristics of the Paraguaçu estuarine system, NE, Brazil. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 78, p. 753-762, 2008.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O MESTRADO � 30/05 a 02/06/2009 − 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.

2009, Fortaleza-CE. Apresentação dos trabalhos na forma de pôster: 1. Otimização dos parâmetros de extração por SPME-HS para análise de

canabinóides em cabelo por GC-MS/MS. 2. Validação de método cromatográfico por GC-MS/MS na determinação de ∆9-

tetraidrocanabinol, canabidiol e canabinol em cabelo humano. O trabalho "Validação de método cromatográfico por GC-MS/MS na determinação de ∆9-tetraidrocanabinol, canabidiol e canabinol em cabelo humano" foi selecionado para apresentação oral na sessão coordenada de Química Analítica na 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. � 15/06 a 18/06/2009 − II Encontro Sergipano de Química. 2009. Universidade

Federal de Sergipe. São Cristóvão-SE. Apresentação do trabalho na forma oral: Desenvolvimento de método para análise de compostos da maconha em cabelo humano por HS-SPME e GC-MS/MS.

Page 13: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

iv

� 18/10 a 21/10/2009 − 15º Encontro Nacional de Química Analítica e 3º

Congresso Iberoamericano de Química Analítica. 2009, Salvador-BA. Apresentação do trabalho na forma de pôster: Estudo da fragmentação por MS/MS de canabinóides para análise em cabelo e otimização das condições de extração por static headspace.

Participação nos trabalhos: � MSPD como técnica de extração para identificação de compostos orgânicos em

charutos por GC-MS. 19º Encontro de Iniciação Científica, 2009, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.

� Otimização multivariada na análise de compostos voláteis em charuto por HS-SPME e GC-MS. In: 15º Encontro Nacional de Química Analítica e 3º Congresso Iberoamericano de Química Analítica, 2009, Salvador-BA.

� Caracterização de charutos utilizando extração por MSPD, análise por GC-MS e

métodos quimiométricos. 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2009, Fortaleza-CE.

� Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos presentes na castanha

de caju (Anacardium occidentale L.). In: II Simpósio em Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2010, Aracaju-SE.

Artigos em periódicos e matérias divulgadas � Artigo publicado na revista Analytica Chimica Acta com o título: “Validation of

an analytical method for analysis of cannabinoids in hair by headspace solid-phase microextraction and gas chromatography ion trap tandem mass spectrometry”, v. 670, p. 63-71, 2010. (ANEXO C).

� Artigo aceito na revista Journal of Chromatography B: “Hollow fiber-based liquid phase microextraction with factorial design optimization and gas chromatography–tandem mass spectrometry for determination of cannabinoids in human hair”, em 3 de junho de 2010 (ANEXO C).

� Matérias publicadas em jornais e sites a respeito do trabalho desenvolvido nos

meses de janeiro e fevereiro de 2010 (ANEXO D).

Page 14: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Morfologia da planta Cannabis sativa. 1- Broto; 2- inflorescência masculina; 3- flôr masculina; 4- inflorescência feminina; 5- flôr feminina; 6-fruto; 7- semente. ........................................................................... 3

Figura 2. Rota de biossíntese para a produção dos principais canabinóides e subprodutos do ∆9-THC. (∆T = aquecimento, [O] = oxidação, [I] = isomerização). .............................................................................................................. 5

Figura 3. Prevalências sobre (porcentagem) uso na vida de diferentes drogas psicotrópicas (exceto Álcool e Tabaco). .......................................................... 6

Figura 4. Via metabólica do ∆9-THC. ........................................................................ 11

Figura 5. Esquema do segmento de uma fibra de cabelo mostrando as estruturas majoritárias: cutícula, córtex e medula. ..................................................... 17

Figura 6. Incorporação e eliminação de drogas no cabelo. ........................................ 19

Figura 7. Efeito das propriedades ácidas e básicas na incorporação de drogas no cabelo. A = droga ácida; B= droga básica; e = extracelular; i = intracelular.................................................................................................................. 21

Figura 8. Procedimento de coleta na região do vértice posterior da cabeça. ........................................................................................................................ 23

Figura 9. Esquema do dispositivo comercial de SPME. ............................................ 29

Figura 10. Modos de extração com SPME. ............................................................... 30

Figura 11. Procedimento de extração por SPME. ...................................................... 31

Figura 12. Ilustração da extração por SDME. ............................................................ 35

Figura 13. Membrana de polipropileno utilizada em HF-LPME. .............................. 36

Figura 14. Configuração da HF-LPME. Sistema em “U” (A) e sistema tipo haste (B). ............................................................................................................. 37

Figura 15. Modos de extração utilizados na microextração em fase líquida (LPME): duas fases (A) e três fases (B). ....................................................... 38

Figura 16. Princípio de MS/MS. ................................................................................ 42

Figura 17. Coleta da amostra de cabelo ..................................................................... 48

Figura 18. Esquema do procedimento de SPME para determinação de canabinóides em cabelo.............................................................................................. 49

Figura 19. Esquema do procedimento de HF-LPME para determinação de canabinóides em cabelo. ........................................................................................ 50

Figura 20. Espectro de massa no modo SCAN para os canabinóides. A: ∆9-THC; B: ∆9-THC-D3; C: CBN; D: CBD. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................. 53

Page 15: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

vi

Figura 21. Espectro MS/MS (ions filhos) dos canabinóides. A: ∆9-THC; B: ∆9-THC-D3; C: CBN; D: CBD. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................................................ 55

Figura 22. Comparação da eficiência de extração dos canabinóides entre as fibras PDMS (100 µm) e PDMS-DVB (65 µm). Condições: pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e sem adição de sal (N=3). .................................................................................. 57

Figura 23. Variação do pH para extração dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e sem adição de sal (N=3). ..................................... 58

Figura 24. Influência da força iônica (Na2CO3) para análise dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min (N=3). .................................................................................................................. 59

Figura 25. Estudo da força iônica ( % NaCl) para análise dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min (N=3). .................................................................................................................. 60

Figura 26. Influência da temperatura de extração na análise dos canabinóide em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3). ............................ 61

Figura 27. Influência da quantidade de cabelo no rendimento da análise. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3). .................................................... 62

Figura 28. Avaliação do tempo de saturação para determinação dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 10 mg; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3). ......................................................................................................................... 63

Figura 29. Avaliação do tempo de extração para absorção dos analitos na fibra. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 10 mg; time de saturação: 10 min; time de saturação: 5 min e 25% (m/v) de Na2CO3 (N=3). ..................................................... 64

Figura 30. Teste do tempo de dessorção no rendimento da análise dos canabinóides. .............................................................................................................. 65

Figura 31. Cromatograma obtido pela análise por HS-SPME-GC/MS/MS em cabelo. Canabinóides adicionado de padrões na concentração de 1 ng mg-1: 1- CBD; 2- ∆9-THC + ∆9-THC-D3; 3- CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................. 66

Page 16: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

vii

Figura 32. Efeito do solvente de extração na eficiência de extração por HF-LPME. Condições: comprimento da fibra: 6 cm; NaCl: 12 % (m/v); volume da fase aceptora: 20 µL; tempo de extração: 20 min e velocidade de agitação: 600 rpm (N=3). ...................................................................................... 68

Figura 33. Gráfico de Pareto para o planejamento fatorial fracionário. ..................... 70

Figura 34. Gráfico dos valores observados versus valores previstos. ........................ 73

Figura 35. Gráfico de probabilidade normal dos resíduos. ........................................ 74

Figura 36. Gráfico dos resíduos versus valores previstos. ......................................... 74

Figura 37. Perfis para os valores previstos e desejabilidade dos canabinóides. .............................................................................................................. 76

Figura 38. Gráfico de superfície de resposta da função de desejabilidade global (D). .................................................................................................................. 76

Figura 39. Cromatograma obtido pela análise por HF-LPME-GC/MS/MS em cabelo. Fortificação dos analitos na concentração de 1 ng mg-1: 1- CBD; 2- ∆9-THC + ∆9-THC-D3; 3- CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................. 77

Figura 40. Avaliação da seletividade. (A) branco da amostra por HS-SPME (B) branco da amostra por HF-LPME (C) branco da amostra + ∆9-THC-D3 por HS-SPME e GC-MS/MS (D) branco da amostra + ∆9-THC-D3 por HF-LPME e GC-MS/MS. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................................................ 80

Figura 41. Curva analítica para canabidiol pelo método HS-SPME. ......................... 82

Figura 42. Curva analítica para ∆9-tetraidrocanabinol pelo método HS-SPME. ........................................................................................................................ 82

Figura 43. Curva analítica para canabinol pelo método HS-SPME. .......................... 83

Figura 44. Curva analítica para canabidiol pelo método HF-LPME. ........................ 83

Figura 45. Curva analítica para ∆9-tetraidrocanabinol pelo método HF-LPME. ........................................................................................................................ 84

Figura 46. Curva analítica para canabinol pelo método HF-LPME. ......................... 84

Figura 47. Cromatograma de amostra real por HS-SPME obtida de usuário de Cannabis situado em clínica de reabilitação. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5. ................................................................. 94

Figura 48. Cromatograma (GC-MS/MS) de amostra real obtida da análise de cabelo por HF-LPME contendo: 14 pg mg-1 de CBD, 232 pg mg-1 de THC e 107 pg mg-1 de CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.............................................................................................................. 97

Page 17: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

viii

LIS TA DE TABELAS

Tabela 1. Comparação entre as análises de cabelo e urina para determinação de drogas. ........................................................................................................................ 16

Tabela 2. Parâmetros no modo tandem MS/MS para detecção dos canabinóides. .............................................................................................................. 53

Tabela 3. Lista de íons filhos (m/z) do espectro MS/MS dos canabinóides para quantificação (abundância relativa - %). .................................................................... 54

Tabela 4. Resultados dos parâmetros otimizados de SPME na análise de canabinóides em cabelo.............................................................................................. 66

Tabela 5. Variáveis e níveis investigados utilizando o planejamento fatorial fracionário. ................................................................................................................. 69

Tabela 6. Estimativa dos coeficientes de regressão e análise de variância do modelo previsto. ......................................................................................................... 73

Tabela 7. Condições estabelecidas para extração dos canabinóides por HF-LPME. ........................................................................................................................ 77

Tabela 8. Precisão e recuperação absoluta do método HS-SPME. ............................ 87

Tabela 9. Precisão e recuperação absoluta do método HF-LPME. ............................ 88

Tabela 10. Limites de detecção e quantificação dos canabinóides para o método HS-SPME. .................................................................................................................. 90

Tabela 11. Limites de detecção e quantificação dos canabinóides para o método HF-LPME. ..................................................................................................... 90

Tabela 12. Tempo de extração, limites de detecção e quantificação e recuperação dos métodos propostos comparado com outros métodos analíticos por SPME. .................................................................................................................. 91

Tabela 13. Resultados das análises de cabelo a partir de usuários de Cannabis pelo método HS-SPME. ............................................................................................. 93

Tabela 14. Resultados das amostras de cabelo utilizando o método HF-LPME. ...... 96

Page 18: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

ix

LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

A i Área interfacial

AMD Desenvolvimento de método automatizado, do inglês Automated Method Development

ASE Extração acelerada por solvente, do inglês Accelerated Solvent Extraction

BSTFA N,O-Bis(trimetilsilil)trifluoracetamida, do inglês N,O-bis(trimethylsilyl)trifluoroacetamide

C0 Concentração inicial do analito na matriz

CBCA Ácido canabinocrenóico, do inglês Cannabichromenic acid

CBD Canabidiol, do ingles Cannabidiol

CBDA Ácido canabidiólico, do inglês Cannabidiolic acid

CBGA Ácido canabigerólico, do inglês Cannabigerolic acid

Cf Concentração do analito na fibra no equilíbrio

CH Concentração do analito no headspace no equilíbrio

CID Dissociação induzida por colisão, do inglês Collision-induced dissociation

Cm Concentração do analito na matriz aquosa no equilíbrio

CBN Canabinol, do inglês Cannabinol

CEBRID Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

CV Coeficiente de variação

CW Carbowax

D Coeficiente de difusão do analito na fibra

Dm Coeficiente de difusão do analito na matriz

DH Coeficiente de difusão do analito no headspace

Page 19: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

x

EI Ionização por elétrons, do inglês Electron ionization

eV elétron-volt

g Grama

GC Cromatografia em fase gasosa, do inglês Gas chromatography

GC-MS Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas, do inglês Gas chromatography-mass spectrometry

GC-MS/MS

Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas no modo tandem, do inglês Gas chromatography/tandem mass spectrometry

hidroxi-∆9-THC 11-hidroxitetraidrocanabinol

HF-LPME Microextração em fase líquida com fibra oca, do inglês Hollow-fiber liquid phase microextraction

HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência, do inglês High performance liquid chromatography

HS-SPME Microextração em fase sólida por headspace, do inglês Headspace Solid Phase Microextraction

k Constante de velocidade

keV Quilo elétron-volt

K fm Constante de distribuição fibra/matriz

K fH Constante de distribuição fibra/headspace

KHm Constante de distribuição headspace /matriz

Kow Coeficiente de partição octanol/água

LD Limite de detecção

L f Espessura da fibra

LH Espessura do headspace

LLE Extração líquido-líquido, do inglês Liquid-liquid extraction

Lm Espessura da matriz

Page 20: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

xi

LPME Microextração em fase líquida, do inglês Liquid-phase microextraction

LQ Limite de quantificação

min Minuto

mg Miligrama

mL Mililitro

mm Milimetro

MSn Espectrometria de massas de estágios múltiplos

MS/MS Espectrometria de massas no modo tandem

MSTFA N-metil-N-(trimetilsilil)-trifluoracetamida, do inglês N-Methyl-N-(trimethylsilyl)trifluoroacetamide

m/v Relação massa/volume

m/z Relação massa/carga

n Número de moles do analito

N Velocidade da barra de agitação

NCI Ionização química negativa, do inglês Negative chemical ionization

ng Nanograma

PA Poliacrilato, do inglês Polyacrylate

P.A Padrão analítico

PCC Planejamento composto central

PDMS Polidimetilsiloxano, do inglês Polydimethylsiloxane

PDMS/DVB Polidimetilsiloxano/divinilbenzeno, do inglês Polydimethylsiloxane/Divinylbenzene

R Raio da barra de agitação

R2 Coeficiente de determinação

RIA Radioimunoensaio, do inglês Radio-imuno-assay

Page 21: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

xii

RPM Rotações por minuto

RSD Desvio padrão relativo, do inglês Relative standard deviation

SDME Microextração em gota suspensa, do inglês Single-drop microextraction

SFE Extração com fluido supercrítico, do inglês Supercritical fluid extraction

S/N Relação sinal/ruído

SPE Extração em Fase Sólida, do inglês Solid-phase extraction

SPME Microextração em Fase Sólida, Solid-phase microextraction

te Tempo de equilíbrio

THCA Ácido ∆9-tetraidrocanabinólico A, do inglês Tetrahydrocannabinolic acid

THC-COOH Ácido 11-nor-9-carboxi-∆9-tetrahidrocanabinol

Vf Volume da fibra

VH Volume da fase headspace

Vm Volume da matriz

Vorg Volume da fase orgânica

α Espessura da fase polimérica da fibra

β0 Coeficiente de transferência de massa total

∆9-THC ∆9- tetraidrocanabinol, do inglês ∆9- Tetrahydrocannabinol

µg Micrograma

µL Microlitro

µm Micrometro

Page 22: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

xiii

RESUMO

O consumo de drogas de abuso tem criado diversos problemas de ordem moral, social e econômica, além de não possuir fronteiras de classes sociais, educacionais e religiosas. A análise químico-toxicológica é um recurso indispensável para confirmar a exposição de pessoas a essas drogas. Dependendo da finalidade da análise, diversas matrizes biológicas podem ser utilizadas. Atualmente, o cabelo é reconhecido como uma das principais amostras biológicas para determinação de drogas, ao lado da urina e do sangue. A coleta de amostras de cabelo é um processo simples, não invasivo, sendo difícil sua adulteração. As técnicas baseadas na minituarização de extração têm ganhado um papel importante no cenário mundial frente às técnicas convencionais. Entre essas técnicas destacam-se a microextração em fase sólida (SPME) e a microextração em fase líquida (LPME). No presente trabalho, um método analítico foi desenvolvido para determinação de ∆9-tetraidrocanabinol (∆9-THC), canabidiol (CBD) e canabinol (CBN) em cabelo humano por microextração em fase sólida no modo headspace (HS-SPME) e microextração em fase líquida por fibra oca (HF-LPME) por cromatografia em fase gasosa e espectrometria de massas operando no modo tandem (GC-MS/MS). Na etapa de preparação da amostra, uma pequena massa de cabelo (10 mg) foi descontaminada com éter de petróleo (2 mL) por 10 minutos em ultra-som (3X), seguida de digestão alcalina (NaOH 1 mol L-1). Um planejamento univariado foi utilizado para o estudo das condições ótimas dos parâmetros de HS-SPME, tendo sido deferidos: pH (10), temperatura (90 ºC); massa de cabelo (10 mg); tempo de extração (40 min); tempo de dessorção (10 min); força iônica (Na2CO3); tempo de saturação (10 min) e fibra (PDMS). Para HF-LPME um planejamento fatorial fracionário foi empregado na triagem de algumas variáveis desta técnica seguido pelo planejamento composto central na avaliação dos valores ótimos das variáveis escolhidas: solvente de extração (acetato de butila), pH da fase doadora (14), velocidade de agitação (600 rpm), tempo de extração (20 min), força iônica (6,8 % m/v) e volume da fase aceptora (20 µL). Os métodos foram submetidos ao processo de validação demonstrando boa linearidade, com coeficientes de determinação (R2) acima de 0,994. A precisão foi determinada a partir dos limites inferior e superior da faixa linear apresentando valores de RSD entre 6,6 e 16,4% para HS-SPME e 4,4-13,7 % para HF-LPME. Recuperações absolutas foram de 1,1 a 8,7 % (HS-SPME) e 4,4 a 8,9 % (HF-LPME). Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) foram de 7 a 62 pg mg-1 e 0,5 a 20 pg mg-1 para HS-SPME e HF-LPME, respectivamente. O ∆9-THC apresentou valores de limites de quantificação para os dois métodos abaixo do valor de cut-off (LQ ≤ 100 pg mg-1). Finalmente, os métodos desenvolvidos e validados foram aplicados na determinação de CBD, ∆9-THC e CBN em amostras de cabelo de pacientes de centro de reabilitação de dependentes químicos. As concentrações dos canabinóides nas amostras variaram do limite de detecção a 18 pg mg-1 para CBD, do limite de detecção a 232 pg mg-1 para ∆9-THC e 9-300 pg mg-1 para CBN, demonstram a aplicabilidade do método em estudos de monitorização. Palavras-Chave: Canabinóides, cabelo, microextração em fase sólida, microextração em fase líquida, cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas.

Page 23: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

xiv

ABSTRACT

The drug abuse has created several problems, moral, social and economical, and does not have borders of social class, educational and religious. The chemical-toxicological analysis is an indispensable resource to confirm the exposure of humans to these drugs. Depending on the purpose of analysis, various biological matrices can be used. Nowadays, hair is being recognized as a third fundamental biological sample for drug testing besides urine and blood. The collection of hair samples is simple, noninvasive being difficult its adulteration. The techniques based on the miniaturization of extraction have gained an important role on the world stage in relation to conventional techniques. Among these techniques, stand out to solid phase microextraction (SPME) and liquid phase microextraction (LPME). In this work, a analytical method was developed for determination of ∆9-tetrahydrocannabinol (∆9-THC), cannabidiol (CBD) and cannabinol (CBN) in human hair by headspace solid-phase microextraction (SPME) and hollow fiber liquid-phase microextraction (HF-LPME) using gas chromatography coupled to mass spectrometry, operating in tandem mode (GC-MS/MS). Initially, in step sample preparation, a small mass of hair (10 mg) was decontaminated with petroleum ether (2 mL) for 10 minutes of ultrasound application (3 times) followed by alkaline digestion (NaOH 1 M). A univariate design was used for the determination the better condictions of the parameters of HS-SPME: pH (10), temperature (90 °C), mass of hair (10 mg), extraction time (40 min), desorption time (10 min), ionic strength (Na2CO3), saturation time (10 min) and fiber (PDMS). For HF-LPME a fractional factorial design was used in the screening of some variables of this technique followed by central composite design in the evaluation of optimal values of variables. The variables assessed and the optimum values of these were: extraction solvent (butyl acetate), donor phase pH (14), agitation speed (600 rpm), extraction time (20 min), ionic strength (6.8 % m/v) and acceptor phase volume (20 µL). The methods were submitted to the validation process showed good linearity with coefficient of determination (R2) above 0.994. Precision was determined using two different concentrations (upper and lower limits of the linear range) and RSD values were between 6.6 and 16.4 % for HS-SPME and 4.4-13.7% for HF-LPME. Absolute recoveries were in the range 1.1 to 8.7 % (HS-SPME) and 4.4 to 8.9 % (HF-LPME). The limits of detection and quantification ranged between 7-62 pg mg-1 and from 0.0005-0.020 ng mg-1 to HS-LPME and HF-LPME, respectively. The ∆9-THC showed values of limits of quantification for both methods below the cut-off (LQ ≤ 100 pg mg-1). Finally, the methods developed and validated were applied in determining CBD, ∆9-THC and CBN in hair samples of patients from a center of rehabilitation for drug addicts. The concentrations were in the range of LD-0.018 ng mg-1 for CBD, LD-232 pg mg-1 for ∆9-THC and 9-300 pg mg-1 for CBN show the applicability of the method in monitoring studies. The concentration of cannabinoids in the samples ranged from limit of detection to 18 pg mg-1 for CBD, limit of detection to 232 pg mg -1 for ∆9-THC and 9 to 300 pg mg-1 to CBN demonstrate the applicability of the method in monitoring studies.

Keywords: Cannabinoids, hair, solid-phase microextraction, hollow fiber liquid-phase microextraction, gas chromatography−tandem mass spectrometry.

Page 24: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Cannabis sativa

A Cannabis sativa (Cannabis) é um arbusto, classificado pelo naturalista e

médico sueco, Carolus Linneaus como Cannabis sativa L. em 1753. Os seus efeitos

medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de quatro mil anos. Na China,

existem registros históricos das suas ações medicinais desde o século III a.C. No

início do século passado, passou a ser considerada um “problema social”, sendo

banida legalmente na década de 30. O seu uso médico declinou lentamente, pois

pesquisadores não conseguiram isolar os seus princípios ativos em função da rápida

deterioração da planta. Alguns países começaram a relacionar o abuso da maconha à

degeneração psíquica, ao crime e à marginalização do indivíduo. Nas décadas de 60 e

70, o seu consumo voltou a crescer significativamente, chegando ao ápice no biênio

1978/1979. (RIBEIRO et al., 2005).

De certa maneira, a história do Brasil está intimamente ligada à planta

Cannabis sativa, desde a chegada à nova terra das primeiras caravelas portuguesas

em 1500. Não só as velas, mas também o cordame daquelas embarcações, eram

feitas de fibra de cânhamo, como também é chamado a planta. Aliás, a palavra

maconha (denominação da Cannabis sativa no Brasil) em português seria um

anagrama da palavra cânhamo.

A Cannabis sativa é uma planta dióica, pois tem espécimes masculinas e

femininas. A planta masculina geralmente morre após polinizar a planta feminina.

Outros nomes atribuídos aos produtos da Cannabis são marijuana, hashish, charas,

bhang, ganja e sinsemila. Hashish (haxixe) e charas são os nomes dados à resina seca

extraída das flores de plantas fêmeas, que apresenta a maior porcentagem de

Page 25: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

2

compostos psicoativos (de 10 a 20 %). Os termos ganja e sinsemila são utilizados

para definir o material seco encontrado no topo das plantas fêmeas, contendo cerca

de 5 a 8 % de compostos psicoativos. Bhang e marijuana são preparações com menor

conteúdo (2 a 5 %) de substâncias psicoativas extraídas do restante da planta

(HONÓRIO et al., 2006).

A composição química da Cannabis tem sido estudada por muitos anos.

Aproximadamente 500 compostos foram identificados na planta destacando-se:

terpenos, açúcares, hidrocarbonetos, esteróides, flavonóides, compostos

nitrogenados, aminoácidos, entre outros (RADWAN et al., 2008).

1.2 Canabinóides

Entre os compostos presentes na Cannabis, ressaltam-se os canabinóides

que são encontrados exclusivamente nesta planta. Os canabinóides são compostos

terpenofenólicos com 21 átomos de carbono e representam a principal classe dentre

os constituintes da Cannabis. Estes compostos são secretados pelos tricomas da

planta. Essas tricomas são encontradas em partes específicas das inflorescências nas

espécies masculina e feminina (Figura 1), sendo que esta região contém as maiores

concentrações dos canabinóides seguido pelas folhas. Menores quantidades são

encontradas no caule e raiz e nenhuma nos frutos (DE BACKER et al., 2009).

Até o momento, 86 canabinóides foram isolados da Cannabis (AHMED et

al., 2008). O primeiro estudo sobre o isolamento, em forma pura, de um princípio

ativo da Cannabis, o ∆9-tetraidrocanabinol (∆9-THC) foi reportado em 1964 por

Gaoni e Mechoulam. Devido ao grande interesse nos efeitos causados pelos

compostos extraídos da Cannabis, vários estudos têm sido realizados com o objetivo

de identificar possíveis relações entre a estrutura química e a atividade biológica

apresentada por estes compostos. Na década de 70, vários canabinóides foram

isolados e sintetizados e as principais rotas de síntese e biossíntese foram elucidadas

(BRENNEISEN, 2007).

Page 26: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

3

Figura 1. Morfologia da planta Cannabis sativa. 1- Broto; 2- inflorescência masculina; 3- flôr masculina; 4- inflorescência feminina; 5- flôr feminina; 6-fruto; 7- semente.

Fonte: TINDALL et al., (2005, p. 52)

Os canabinóides são biossintetizados pelo metabolismo da planta na forma

de ácidos carboxílicos. Os tipos mais comuns encontrados são o ácido ∆9-

tetraidrocanabinólico A (THCA), ácido canabidiólico (CBDA) e o ácido

canabigerólico (CBGA). O CBGA é o precursor direto do THCA, CBDA e o ácido

canabinocrenóico (CBCA). Como o grupo carboxil é instável, este é facilmente

perdido na forma de CO2, sob influência de luz, calor, estocagem prolongada ou

quando a Cannabis é consumida, resultando em seus análogos neutros

correspondentes: ∆9-THC, canabidiol (CBD) e canabigerol (CBG). A conversão mais

importante é a transformação do THCA em ∆9-THC, o qual é o principal constituinte

psicoativo presente na Cannabis. O CBD apresenta significante efeito

Page 27: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

4

anticonvulsivante e sedativo, não sendo um componente psicoativo. O CBN

apresenta atividade antiinflamatória, e seu efeito psicoativo é observado apenas por

via intravenosa (THAKUR et al., 2005).

Várias condições durante os estágios de crescimento, colheita,

processamento, estocagem e o uso podem induzir a formação de subprodutos dos

canabinóides. O subproduto mais comum encontrado é o canabinol (CBN),

produzido pela degradação oxidativa de ∆9-THC sob influência de calor e luz. O ∆9-

THC pode também ser transformado pela isomerização do ∆8- tetraidrocanabinol. A

Figura 2 mostra a rota de biossíntese dos principais canabinóides encontrados na

Cannabis (STOLKER et al., 2004).

Um cigarro típico de maconha contém cerca de 0,3 a 1g de maconha. A

concentração de ∆9-THC nas diferentes apresentações da Cannabis (maconha,

haxixe, skunk) varia de 1 % a 15 %, ou seja, de 2,5 mg a 150 mg de ∆9-THC.

Estima-se que a concentração mínima preconizada para a produção dos efeitos

euforizantes seja de 1 % ou um cigarro de 2 a 5 mg (ADAMS; MARTIN, 1996).

Page 28: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

5

Figura 2. Rota de biossíntese para a produção dos principais canabinóides e subprodutos do ∆9-THC. (∆T = aquecimento, [O] = oxidação, [I] = isomerização).

Fonte: De Backer et al., (2009, p. 4116)

Page 29: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

1.3 Perfil de consumo

Segundo o relatório mundial sobre drogas, promovido pela

Office on Drugs and Crime

droga ilícita mais consumida

média no ano de 2007, equivalente a 3,8

anos.

O II levantamento domiciliar sobre

realizado em 2005 envolvendo as 108 maiores cidades do Brasil

demonstrou que 8,8

idade consumiram maconha

resultado com outros estudos pode

como EUA (40,2 %), Reino Unido (30,8

e Chile (22,4 %). Mas superior à Bélgica (5,8

os dados deste estudo

etárias são maiores para o sexo

o sexo feminino. O consumo se inicia

um máximo para os dois sexos entre 18 e

mais de 35 anos (5,6

Figura 3. Prevalências sobre (porcentagem)psicotrópicas (exceto Álcool e Tabaco).

0

5

10

15

20

25

Qua

lque

r dr

oga

22,8

%

Perfil de consumo e efeitos da maconha

o relatório mundial sobre drogas, promovido pela

Office on Drugs and Crime em 2009 (UNODC, 2009), a maconha

consumida mundialmente, com 166,4 milhões de usuários

no ano de 2007, equivalente a 3,8 % da população na faixa etária entre

evantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas

realizado em 2005 envolvendo as 108 maiores cidades do Brasil

% da população pesquisada (Figura 3) entre 12 e

idade consumiram maconha pelo menos uma vez na vida. Comparando

resultado com outros estudos pode-se verificar que é bem menor que o de países,

%), Reino Unido (30,8 %), Dinamarca (24,3 %),

%). Mas superior à Bélgica (5,8 %) e Colômbia (5,4

deste estudo, que as porcentagens de uso de maconha, em todas

para o sexo masculino, em média três vezes superior

consumo se inicia já na idade de 12 a 17 anos (4,1

para os dois sexos entre 18 e 24 anos (17,0 %), diminuindo na faixa de

%).

. Prevalências sobre (porcentagem) uso na vida de diferentes drogas ópicas (exceto Álcool e Tabaco).

Fonte: UNIFESP (2005, p. 39).

Qua

lque

r dr

oga

Mac

onha

Sol

vent

e

Ben

zodi

azep

ínic

os

Ore

xíge

nos

Est

imul

ante

s

Coc

aína

Xar

ope

(cod

eína

)

Opi

áceo

s

Alu

cinó

geno

s

Est

erói

des

Cra

ck

Bar

bitú

rico

s

Ant

icol

inér

gico

s

22,8

5,8 6,1 5,64,1 3,2 2,9 1,9 1,3 1,1 0,9 0,7 0,7 0,5

6

o relatório mundial sobre drogas, promovido pela United Nations

), a maconha continua sendo a

milhões de usuários em

pulação na faixa etária entre 15 a 64

o uso de drogas psicotrópicas no Brasil

realizado em 2005 envolvendo as 108 maiores cidades do Brasil (UNIFESP, 2005)

entre 12 e 65 anos de

Comparando-se esse

bem menor que o de países,

%), Espanha (22,2 %)

%) e Colômbia (5,4 %). Nota-se com

, em todas as faixas

superior ao uso para

anos (4,1 %) e atinge

%), diminuindo na faixa de

uso na vida de diferentes drogas

Ant

icol

inér

gico

s

Mer

la

Her

oína

0,5 0,2 0,09

Page 30: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

7

Um estudo sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do

ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras

realizado em 2004 pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas

Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo) informa que a porcentagem

dos estudantes do ensino fundamental e médio nas 27 capitais brasileiras que já

fizeram uso de maconha foi de 5,9 %. No estudo domiciliar de 2001, a porcentagem

de uso na vida para a faixa etária de 12 a 17 anos foi de 3,5 %. As regiões que

apresentaram as maiores porcentagens de uso de maconha foram a região Sul com

8,5 % e a região Sudeste com 6,6 %. As duas capitais com maior consumo dessa

droga foram as cidades de Boa Vista com 8,5 % (região Norte) e Porto Alegre com

8,3 % (região Sul). A cidade de Aracaju teve uma porcentagem de 5,5 % (CEBRID,

2004).

Quando se fuma um cigarro usual de maconha (considerar um cigarro com

500 mg da erva contendo de 1 a 2% de ∆9-THC, ou seja, equivalente a cerca de 5 a

10 mg de ∆9-THC ) são observados os seguintes efeitos de caráter geral em curto

prazo: período inicial de euforia (“alto”), perda da discriminação de tempo e de

espaço, coordenação motora diminuída, prejuízo da memória recente, hiperemia das

conjuntivas (olhos vermelhos), aumento do apetite com secura da boca e garganta.

Os efeitos a longo prazo são muitos, mas poucos deles são totalmente comprovados.

Aqueles que ainda necessitam de confirmação estão relacionados a um decréscimo

na resposta imune, disfunção dos hormônios sexuais, anormalidades

comportamentais do recém-nascido e malformação congênita. O comprometimento

do sistema pulmonar e cardiovascular está bem esclarecido (MOREAU, 2008).

Pesquisas mostram que a Cannabis pode não causar dependência (como

cocaína, heroína, cafeína e nicotina) e que a suspensão do uso não causa síndrome de

abstinência (como o álcool e a heroína). Seu uso prolongado em certas circunstâncias

causa dependência psicológica, e pode levar ao consumo de outras drogas

psicoativas. Por ser uma poderosa droga psicotrópica e alucinogênica, seu uso

indiscriminado é perigoso (HONÓRIO et al., 2006).

1.4 O uso abusivo de drogas e seus aspectos sociais

Page 31: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

8

O consumo de drogas é tão antigo quanto à humanidade, relatado inclusive na

Bíblia. Sua ocorrência ao longo dos anos foi caracterizada como um fenômeno

cultural. Porém, o que se observa nos dias de hoje é uma expansão tão grande e

rápida que podemos falar em epidemia. Ao tratar deste assunto tão complexo, como

o uso abusivo de drogas, não podemos menosprezar aspectos importantes como a

predisposição orgânica, a estrutura de personalidade e a dinâmica familiar. Da

mesma forma, não podemos minimizar a influência da sociedade moderna no uso e

abuso de drogas. Para se “desdrogar” a sociedade são necessárias transformações

estruturais e qualitativas. Falar em prevenção é falar em uma sociedade menos

patológica. Fazendo uma breve comparação do uso de drogas analisados por estudos

histórico-antropológicos de antigamente e nos dias atuais constatamos que:

- Antigamente: o uso de drogas era um elemento de integração. Utilizado na

maioria das vezes por adultos, com objetivos místicos, religiosos, intelectuais ou

guerreiros por certos grupos e em certas circunstâncias. A droga estava inserida

inclusive num contexto sócio-cultural, ou seja, a maconha era utilizada no oriente, o

álcool no ocidente.

- Atualmente: o uso de drogas é utilizado como elo desintegrador, ocupando o

espaço da intimidade das relações interpessoais. A plantação, produção e comércio

das drogas envolvem quantias astronômicas, atingindo o terceiro lugar na

classificação dos “negócios” que mais movimentam o mercado financeiro a nível

mundial. Nesse contexto, as pessoas usam as drogas porque encontram nelas algum

tipo de prazer ou de alívio para o desprazer. O álcool, anfetaminas e tranquilizantes,

ou drogas ilegais como a maconha, cocaína e heroína, sempre, trazem, pelo menos

num primeiro momento, certa sensação de bem estar, a impressão de que ficou mais

fácil lidar com os problemas, como questões de interação social (BRAHA, 2008).

Três décadas de pesquisas científica e prática clínica produziram uma

variedade de métodos eficazes para o tratamento contra o consumo de drogas. Dados

documentam que tratamento contra dependência no consumo de drogas é tão eficaz

quanto tratamento da maioria de outras condições médicas crônicas semelhantes.

Apesar de evidência científica que mostra a eficácia do tratamento de abuso de

drogas, varias pessoas acreditam ser ineficaz. Em parte isso é por causa de

expectativas irrealistas. Várias pessoas equiparam a dependência simplesmente ao

Page 32: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

9

uso de remédios e por isso esperam que a dependência seja curada rapidamente; e se

isso não acontece, o tratamento é um fracasso (NIDA, 1998).

A Fazenda da Esperança é um centro para recuperação de dependentes de

drogas criada pelo frade franciscano Hans Stapel e pelo leigo Nelson Giovanelli

Rosendo dos Santos em 1979 no município de Guaratinguetá, estado de São Paulo.

Ainda na década de 80, uma segunda fazenda foi criada em Coroatá, no Maranhão,

em 87. Dois anos depois, teve início o trabalho para a construção de uma casa, em

Guaratinguetá, para abrigar mulheres drogadas. Em 90, nasceu o terceiro centro

masculino, em Lagarto (Sergipe). Nos anos seguintes, vieram as fazendas do Sul, do

Norte e do Nordeste, e mais unidades no Sudeste (em Minas e no Rio de Janeiro). Ao

todo são 34 unidades hoje no Brasil e 10 no exterior. O primeiro centro fora do Brasil

foi fundado em Berlim, Alemanha. Depois, vieram as unidades da Fazenda da

Esperança na Rússia, Paraguai, Filipinas, Guatemala, México, Argentina e

Moçambique (FAZENDA DA ESPERANÇA, 2010).

A filosofia de trabalho na Fazenda da Esperança busca não apenas libertar

os jovens do uso de drogas, mas também devolver-lhes a dignidade e o sentido da

vida, preparando-os para retornar a sociedade. Ali, um dos princípios é o trabalho, a

busca de meios para o próprio sustento. O dependente químico precisa desejar e

manifestar a vontade de ter uma vida livre das drogas e do álcool, pedindo uma

segunda chance via carta escrita de próprio punho para ser acolhido, explicando os

motivos que o levaram a solicitar ajuda. Cada jovem é responsável por sua própria

recuperação. A comunidade terapêutica só acolhe as pessoas que pedem ajuda, pois

os internos não ficam em locais fechados por muros ou portões. Tudo é aberto e dá

acesso a rua. A Fazenda da Esperança acolhe pessoas com idade entre 15 e 45 anos e

lhes propiciam moradia, alimentação e outras necessidades básicas para que

continuem firme em sua caminhada rumo ao retorno à vida. Os recuperantes vivem

do seu próprio trabalho como fonte de auto-estima e auto-sustento. Nos 12 meses de

recuperação, só a partir do terceiro mês o recuperante recebe visita dos familiares.

Além da recuperação de toxicodependentes, o projeto Fazenda Esperança contém

outras iniciativas como: projeto de moradia para famílias carentes, creches,

reciclagem de lixo inorgânico, apoio para portadores do vírus HIV positivo em fase

terminal (FAZENDA DA ESPERANÇA, 2010).

Page 33: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

10

1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas

A análise química para a verificação do uso de drogas de abuso vem sendo

requisitada com o objetivo de identificar o usuário para que medidas de controle e

prevenção sejam tomadas, já que o seu uso atinge indivíduos de diversas faixas

etárias e camadas sociais (KIDWELL et al., 1997). Essas análises vêm sendo

utilizadas por diversos segmentos da sociedade e aplicadas para verificar o uso de

drogas no ambiente de trabalho, esporte, no auxílio e acompanhamento da

recuperação de usuários em clínicas de tratamento e com finalidade forense

(SACHS, 1997).

Os canabinóides mais frequentemente determinados em amostras

biológicas são CBD, CBN, ∆9-THC e seus produtos metabólitos. O ∆9-THC é

extensivamente metabolizado pelas enzimas hepáticas. Em humanos mais de 20

metabólitos foram identificados na urina e fezes. Os metabólitos com duas

hidroxilas: 11-hidroxi-∆9-THC e 8-β-hidroxi-∆9-THC são psicoativos, sendo que o

último é menos potente. Concentrações plasmáticas de 11-hidroxi-∆9-THC são

tipicamente menores que 10 % da concentração de ∆9-THC após o consumo da

maconha. Mais dois compostos hidroxilados foram identificados como majoritários:

8-α-hidroxi- ∆9-THC e 8,11-dihidroxi-∆9-THC. A oxidação do 11-hidroxi-∆9-THC

origina o metabolito inativo ácido 11-nor-9-carboxi-∆9-tetrahidrocanabinol (11-nor-

9-carboxi- ∆9-THC ou THC-COOH). Este metabólito pode ser conjugado com o

ácido glicurônico (conjugação, ver Figura 4) e excretado (27%) na urina. A fração

conjugada nas fezes é insignificante. Estudos mostram que os metabólitos urinários

podem ser eliminados durante várias semanas após a interrupção do uso de maconha.

Assim em usuários crônicos, o THC-COOH pode ser detectado na urina até 20 a 60

dias após o início da abstinência. Em usuários ocasionais, este tempo é

aproximadamente de sete dias (MOREAU, 2008; JENKINS, 2008).

Page 34: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

11

Figura 4. Via metabólica do ∆9-THC. Fonte: Jenkins (2008, p. 47)

A determinação de drogas de abuso incluindo os canabinóides é realizada

tradicionalmente em sangue e urina (matrizes convencionais). Matrizes alternativas

têm ganhado uma grande importância na toxicologia forense, toxicologia clínica,

controle de dopagem, determinação de drogas no ambiente de trabalho e

monitoramento no tratamento de usuários de drogas de abuso em clínicas de

reabilitação. Estas amostras apresentam algumas vantagens sobre as matrizes

convencionais (sangue e urina), tais como: suas coletas não são invasivas, a

adulteração das amostras é mais dificultosa e o tempo de detecção das drogas é bem

maior. Dentre estas amostras, destacam-se: saliva, suor, unhas e cabelo

(GALLARDO; QUEIROZ, 2008)

A urina é a matriz biológica mais utilizada para a determinação de drogas de

abuso. A evidência do uso de Cannabis por esta matriz se deve principalmente pelo

metabólito carboxilado do ∆9-THC: o ácido 11-nor-9-carboxi-∆9-tetrahidrocanabinol,

na sua forma conjugada ou não-conjugada. Outros metabólitos do ∆9-THC

determinados na urina são: 8-α-hidroxi-∆9-THC, 8-β-hidroxi-∆9-THC, 8,11-

dihidroxi-∆9-THC e 11-hidroxi-∆9-THC. A urianálise tem a vantagem de detectar os

metabólitos do ∆9-THC por um período de tempo relativamente extenso. Estes

metabólitos sendo altamente lipofílicos são distribuídos nos tecidos corporais e

Page 35: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

12

lentamente eliminados na urina. Portanto, os metabólitos persistem na urina por

vários dias depois do uso de um único cigarro de maconha. Um período de 3 a 4

semanas pode ser requerido para eliminar todos os metabólitos no caso de usuário

crônico (ELSOHL et al., 2008). Para a análise, a amostra é submetida a uma digestão

alcalina ou enzimática, posteriormente acidificada e extraída por extração líquido-

líquido (LLE- liquid-liquid extraction) ou extração em fase sólida (SPE- solid-phase

extraction). Uma mistura de hexano:acetato de etila, tipicamente 7:1 ou 9:1 (v/v) é

utilizada frequentemente para extração do THC-COOH na urina. Potenciais

problemas que podem ocorrer na determinação de canabinóides em urina incluem

alguns interferentes como outras drogas ácidas, perdas por adsorção durante a

estocagem da amostra e degradação de THC-COOH como consequência de

adulteração pela adição de íons nitrito (NO2-) (TINDALL et al., 2005).

Ao contrário do sangue, as concentrações de canabinóides em urina não são

adequadas para verificação do uso recente de Cannabis. Então, em casos forenses é

importante a avaliação das concentrações de canabinóides em sangue ou plasma,

particularmente os canabinóides ∆9-THC e THC-COOH são detectados em maiores

concentrações. Porém, a análise de canabinóides em sangue ou plasma é complicada

pela dificuldade de separar os analitos dos componentes endógenos lipofílicos e

protéicos, que não estão presentes comumente em urina. Métodos de extração como

LLE (CHU; DRUMMER, 2000) e SPE (D’ASARO, 2000) são bastante utilizados

para extração de canabinóides no sangue com derivação utilizando N,O-

bis(trimetilsilil)trifluoracetamida (BSTFA) e análise por cromatografia em fase

gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC-MS) ou cromatografia líquida de

alta eficiência sem derivação (FOLTZ, 2007).

A saliva tem sido avaliada como uma matriz alternativa para determinação

de drogas de abuso. As drogas são incorporadas na saliva por meio de transporte

ativo (secreção ativa), difusão pelos poros das membranas (ultrafiltração) ou por

difusão passiva a favor do gradiente de concentração (HUESTIS; CONE, 1998).

Atualmente é a matriz de escolha para monitoramento de motoristas sob influência

de drogas ou análise de drogas no ambiente de trabalho. A saliva contém

predominantemente ∆9-THC, em comparação aos metabólitos hidroxi-∆9-THC ou

THC-COOH, devido à contaminação da mucosa oral durante o fumo ou ingestão da

droga. O ∆9-THC é detectado na saliva numa faixa de 2 a 10 horas depois da

Page 36: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

13

exposição da droga. A saliva é a matriz que melhor indica o uso recente de uma

determinada droga em relação à urina (MILMAN et al., 2010). Moore et al. (2007)

determinaram CBN, ∆9-THC e THCA em amostras de saliva obtendo concentrações

entre 0,7 e 93 ng mL-1. A determinação de canabinóides em saliva tem sido uma

problemática devido a fatores como: aderência dos canabinóides nos dispositivos de

coleta, análise de baixas concentrações dos analitos em um volume mínimo da

amostra geralmente coletada, a variação do fluxo salivar, que altera a concentração

das espécies no meio, e a potencial contaminação externa no ato de fumar a droga

por meio da mucosa oral (KINTZ; SAMYN, 2002).

A análise de suor é utilizada para monitorar usuários de drogas em

tratamento, vigilância de liberdade condicional e programas de emprego. Múltiplos

mecanismos têm sido sugeridos para a incorporação de drogas no suor incluindo

difusão passiva e migração transdérmica. Para a coleta desta amostra dispõe de

adesivos especiais denominados patches que são aderidos à pele por um período

usualmente de 7 dias. Há poucos estudos da excreção de canabinóides em suor.

Apenas ∆9-THC foi identificado nesta matriz, já os metabólitos 11-hidroxi-∆9-THC

e THC-COOH não foram detectados. A possibilidade de degradação da droga no

adesivo ou pele, reabsorção e perdas de compostos voláteis pelas membranas do

adesivo são algumas das desvantagens na determinação de drogas a partir dessa

amostra (HUESTIS et al., 2008).

A unha pode ser utilizada como uma matriz forense para detecção de drogas

de abuso. De fato, a literatura científica tem reportado a análise de unhas na detecção

de drogas postmortem, detecção de drogas no ambiente de trabalho e exposição de

drogas durante a gestação pela análise da unha de recém-nascidos (PALMIERI et al.,

2000). Drogas são consideradas serem transportadas para a unha pela deposição na

raiz dessa matriz durante o crescimento via fluxo sanguíneo. A presença de drogas

em unhas evidencia a exposição do usuário durante meses a anos. Uma pequena

quantidade de amostra é requerida para análise, tipicamente 10 a 50 mg. A detecção

de ∆9-THC em unhas não é preferível para verificação do uso de Cannabis, pois

pode estar presente a contaminação externa da fumaça do cigarro de maconha nessa

matriz. A determinação do metabólito THC-COOH é preferível considerado um

biomarcador do consumo da droga (PALMIERI et al., 2000). Lemos et al. (1999)

determinaram ∆9-THC e THC-COOH em unhas por GC-MS. Onze das quatorze

Page 37: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

14

amostras analisadas foram solubilizadas sob pH básico com concentração média de

1,44 ng mg-1 para ∆9-THC. O metabólito THC-COOH foi detectado em duas de três

amostras extraídas sob condições ácidas com concentração média de 19,85 ng mg-1.

A desvantagem na determinação de drogas nesta matriz é que o mecanismo de

incorporação de drogas ainda não foi estabelecido, dificultando a interpretação dos

resultados encontrados, a inexistência de valores de referência estabelecidos

(LEMOS et al., 1999), bem como as taxas de crescimento da unha são diferentes

entre os dedos, entre os dedos dos pés e das mãos, e mesmo o clima interfere nesse

crescimento.

1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação do consumo de Cannabis

1.6.1 Aspectos históricos

A urina se tornou a mais bem-sucedida matriz biológica para determinação

de drogas de abuso. A popularidade desta matriz para detecção de drogas e seus

metabólitos é provavelmente devido ao fato que, ao contrário do sangue, a coleta de

urina não requer profissional treinado. Contudo, para provar que a amostra é

autêntica, torna-se necessário supervisionar o doador na coleta da amostra. Esta

invasão de privacidade pode causar empecilho para alguns indivíduos resultando em

resistência para participação em programas de determinação de drogas. Como muitas

drogas de abuso são eliminadas do corpo dentro de dois a três dias depois do uso, a

análise de urina é limitada na detecção à exposição de drogas. Sabe-se que, a

determinação de drogas pode ser requerida em algum momento, como uma condição

de emprego, por exemplo. Poucos dias de abstinência antes da amostra ser coletada

resultará em um resultado negativo. Por causa destes problemas associados à análise

de urina, amostras alternativas têm sido investigadas como potenciais indicadores de

exposição a drogas. Atualmente, a mais promissora matriz para detecção de drogas

de abuso é o cabelo (TEBBETT, 1999).

Page 38: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

15

Nas décadas de 60 e 70 do século passado, a análise de cabelo foi

inicialmente utilizada para avaliar a exposição a metais pesados, como arsênio,

chumbo ou mercúrio. Pesquisadores presumiram que o cabelo era uma amostra

biológica preferível a sangue e urina para avaliação de substâncias tóxicas presentes

no ambiente, visto que o cabelo poderia reter estas substâncias por um longo período.

A análise de cabelo para compostos orgânicos, especialmente fármacos e drogas de

abuso ocorreu vários anos mais tarde, por causa da falta de sensibilidade dos

métodos analíticos para estas substâncias. Em 1979, Baumgartner e colaboradores

publicaram o primeiro trabalho utilizando radioimunoensaio (RIA) para detectar

morfina em cabelo de usuários de heroína. Ultimamente, métodos cromatográficos

acoplados a espectrometria de massas representam a melhor escolha para

identificação e quantificação de drogas em cabelo por causa de sua capacidade de

separação e sensibilidade (PRAGST; BALIKOVA, 2006).

Tecnicamente, a análise de drogas em cabelo não é mais difícil ou

desafiadora do que outras matrizes alternativas. Hoje, a análise de cabelo é utilizada

como matriz para detecção de drogas de abuso, fármacos, contaminantes ambientais,

hormônios etc (KINTZ, 2008). O uso desta matriz para determinação incluem:

investigação de cadáveres, liberdade condicional, custódia de crianças, casos de

divórcio, investigação de pessoas mortas que sobreviveram por alguns dias depois de

consumir drogas, detecção de único ou múltiplo consumo de drogas, avaliação de

candidatos que almejam obter a carteira de motorista, acompanhamento de usuários

de drogas situados em centro de reabilitação, envenenamento crônico. (SROGI,

2006).

Atualmente, o cabelo é a terceira principal matriz biológica para

determinação de drogas, atrás da urina e sangue (NAKAHARA, 1999). As

substâncias presentes no cabelo (queratina, melanina, lipídios) são estáveis por um

longo período, provendo que as amostras são protegidas da luz e umidade. As

vantagens desta matriz em comparação a sangue e urina são: a coleta de cabelo não é

invasiva, fácil manuseio e não necessita de profissional treinado; apresenta longo

período de detecção de uma substância (meses a anos) dependendo do comprimento

do cabelo, versus poucos dias na matriz urina (Tabela 1). A amostra de cabelo não é

fácil de adulterar por diluição com água (por exemplo, como ocorre em urianálise) e

no caso de suspeita (amostras trocadas ou quebra na cadeia de custódia) é possível

Page 39: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

16

coletar outra amostra idêntica do indivíduo. Obviamente, esta última característica é

de grande importância no campo da Ciência Forense.

Tabela 1. Comparação entre as análises de cabelo e urina para determinação de drogas.

Urina Cabelo

Tempo de detecção do analito

1 – 7 dias meses a anos

Reprodutibilidade de outra amostra coletada

não comparável comparável

Potencial invasivo baixo a moderado baixo

Estocagem/manipulação requer refrigeração / possível contaminação bacteriana

temperatura ambiente/ baixo risco

de contaminação bacteriana

Fonte: Srogi (2006)

1.6.2 Anatomia e fisiologia do cabelo

O cabelo é composto de 65 a 95 % de proteínas (queratina), 1 a 9 % de

lipídios, 15 a 35 % de água, 0,1 a 5 % de pigmentos (melanina), quantidades de

elementos minoritários (cálcio, magnésio, potássio, zinco, sódio, cloro etc) e

polissacarídeos. A proteína queratina confere alta estabilidade para usuais

tratamentos químicos e físicos. Esta característica é resultado do alto grau de ligações

dissulfeto (S-S) entre as ligações peptídicas nas moléculas. A queratina é composta

por 21 aminoácidos. Quando estes aminoácidos são agrupados de acordo com o

grupo funcional, há um alto conteúdo de grupos hidroxila, amida primária e

aminoácidos básicos (lisina, arginina, histidina). A queratina no cabelo humano é

caracterizada por conter elevado conteúdo de enxofre, devido à presença do

aminoácido cisteína em grande quantidade (17-19 %) (KRONSTRAND; SCOTT,

2007).

Page 40: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

17

Cada fio de cabelo consiste de células queratinizadas conectadas por uma

membrana celular que unidas formam três estruturas celulares concêntricas: a

cutícula, o córtex e a medula (Figura 5). A cutícula é composta por uma única

camada de células alongadas justapostas. A cutícula envolve o córtex central

composto por células queratinizadas longas. No córtex estão presentes os grânulos

pigmentares chamados de melanina, responsáveis pela cor dos fios de cabelo. A

medula se localiza na região central e pode não estar presente se este for muito fino

(HARDING; ROGERS, 1999).

Figura 5. Esquema do segmento de uma fibra de cabelo mostrando as estruturas majoritárias: cutícula, córtex e medula.

Fonte: Harding e Rogers (1999, p.15)

O ciclo de vida do fio de cabelo humano consiste de três estágios: a

anágena, a catágena e a telógena. O ciclo começa com a fase anágena ou fase de

crescimento, na qual o folículo se desenvolve e o cabelo é produzido. A duração

desta fase varia entre 7 a 94 semanas, mas pode permanecer por vários anos

dependendo da região anatômica. Nesse período a taxa média de crescimento é de

0,3 a 0,4 mm/dia (0,9 – 1,2 cm/mês). Durante esta fase, os capilares sanguíneos

fornecem ao redor dos folículos nutrientes e componentes exógenos como drogas e

metais. Estes componentes começam incorporar no fio de cabelo e transportando-os

ao longo dos fios com o seu crescimento. A fase catágena (4 a 6 semanas) é a

Page 41: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

18

transição entre o crescimento ativo e a fase de repouso. A raiz começa a queratinizar,

e então o cabelo começa a entrar na fase de repouso, conhecida como telógena. Esta

fase dura de 2 a 3 meses, antes que o crescimento de um novo fio comece a surgir.

Após esta fase, inicia-se um novo ciclo (KRONSTRAND; SCOTT, 2007; PRAGST;

BALIKOVA, 2006).

De aproximadamente um milhão de folículos de cabelo de um humano

adulto, 85 % encontra-se na fase anágena e 15 % permanece no estágio de

quiescência (catágena e telógena). O cabelo na região da cabeça cresce a uma taxa de

aproximadamente 0,22 a 0,52 mm/dia ou 0,6 a 1,42 cm/mês. O crescimento depende

do tipo de cabelo (raça), idade, gênero e localidade anatômica (KINTZ, 2008). Esses

são os principais fatores que dificultam o estabelecimento do valor de referência para

cabelo.

1.6.3 Incorporação e eliminação de drogas

O mecanismo exato para incorporação de drogas no cabelo permanece

pouco claro, requerendo uma investigação minuciosa. Em linhas gerais é proposto

que as drogas podem estar presentes no cabelo por dois processos: adsorção a partir

do ambiente externo e incorporação no folículo capilar durante seu crescimento pelos

capilares sanguíneos que banham esta região. Drogas podem aderir ao cabelo na

exposição por produtos químicos em aerossóis, fumo, ou secreções do suor e das

glândulas sebáceas (sebo). O suor pode conter drogas presentes no sangue. Pela sua

porosidade, o cabelo pode aumentar seu peso em 18 % por absorver líquidos,

transferidos facilmente pelo suor (SROGI, 2006).

Henderson em 1993 propôs um modelo multi-compartimental para

demonstrar a incorporação de drogas no cabelo e geralmente aceita na prática, sendo

composto de três vias: (1) difusão ativa ou passiva dos vasos sanguíneos para a base

do folículo capilar; (2) através do suor pelas glândulas sudoríparas e sebo pelas

glândulas sebáceas que nutrem a fibra capilar durante seu crescimento; (3)

contaminação externa pelo fumo, aerossóis ou poeira (Figura 6). Esse modelo é mais

adequado que o modelo passivo (transferência do sangue para as células da base do

Page 42: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

19

folículo capilar) para explicar vários experimentos como: (i) a proporção de drogas e

metabólitos em sangue é bastante diferente que aqueles encontrados em cabelo e (ii)

concentrações de drogas e metabólitos em cabelo diferem notadamente em

indivíduos que recebem a mesma dose. Evidência para a transferência da droga por

meio do suor e sebo pode ser sugerido, visto que drogas e metabólitos estão presentes

nesses dois líquidos em altas concentrações e persistem por um maior tempo que no

sangue (HUESTIS; CONE, 1998). A natureza das substâncias incorporadas

(estrutura, propriedades químicas) como bem as características físico/fisiológicas do

indivíduo influenciam fortemente no qual mecanismo de incorporação predominará

(PRAGST; BALIKOVA, 2006).

.

Figura 6. Incorporação e eliminação de drogas no cabelo. Fonte: Pragst e Balikova (2006, p. 20).

Vários componentes do cabelo foram sugeridos como possíveis sítios

moleculares de ligação e interação de drogas. Dentre estes, a queratina, melanina e

lipídios foram investigados em alguns detalhes para avaliar os mecanismos pela qual

Page 43: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

20

estas ligações ocorrem. A ligação de drogas à melanina foi primeiramente publicado

há mais de quatro décadas atrás. Nestes estudos foram demonstrados que moléculas

neutras e iônicas têm a capacidade de se ligar a melanina por forças eletrostáticas

entre grupos catiônicos das drogas e o grupo carboxilado aniônico da melanina.

Forças de van der Walls entre o núcleo aromático indol da melanina e os anéis

aromáticos das drogas, interações hidrofóbicas do núcleo hidrofóbico da melanina

com moléculas alifáticas e ligações covalentes foram também relatados em estudos

in vitro. A ligação de drogas a queratina tem sido muito menos investigada.

Potenciais grupos reativos inerentes a queratina são: carboxila, amida, hidroxila

fenólica, hidroxila alifática, grupos sulfidrila e ligações de hidrogênio podem

também participar na interação droga-matriz. O aminoácido cisteína, o qual contém a

ligação dissulfeto (S-S), é reportado como sendo mais numeroso e reativo

aminoácido presente na queratina do cabelo e é um potencial sítio de ligação para

moléculas nucleofílicas. Drogas podem difundir para células da fibra capilar e

poderiam estar associadas nestas estruturas. Os lipídios presentes nas membranas

celulares do cabelo podem interagir com as drogas. Por exemplo, o ácido graxo

fosfaditilcolina contém grupos aniônicos fosfato e catiônicos como a colina que

podem interagir com drogas catiônicas e aniônicas, respectivamente (CONE;

JOSEPH JÚNIOR, 1996).

Geralmente, a incorporação de drogas para o cabelo a partir do sangue é

controlado por princípios farmacológicos de distribuição de drogas. Moléculas

orgânicas lipofílicas (não-ionizadas) podem facilmente penetrar nas membranas e

difundirem de acordo com o gradiente de concentração. No entanto, para moléculas

hidrofílicas ou íons orgânicos de massa molecular intermediária, as membranas das

células formam uma barreira impermeável. Drogas ácidas ou básicas ionizadas no

pH do plasma podem alcançar a membrana celular seguido por desprotonação e

protonação, respectivamente a um estado neutro (Figura 7). O pKa do composto e o

pH das células são ambos importantes. O pH intracelular dos queratinócitos são mais

ácidos que o plasma e o pH dos melanócitos está entre 3 e 5. Além do mais, uma

grande afinidade da melanina para drogas básicas foi demonstrada in vitro. As baixas

concentrações de drogas ácidas ou metabólitos do ácido salicílico, ácido valpróico ou

∆9-THC (THC-COOH) em cabelo em relação a drogas básicas podem ser explicadas

pelos seguintes parâmetros: o ∆9-THC tem alta afinidade pelas proteínas presentes no

Page 44: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

21

plasma, ∆9-THC não exibe afinidade pela melanina e as baixas concentrações de

THC-COOH (pKa = 4,5) em cabelo (36.000 vezes menores que a cocaína) podem ser

devido à carga negativa do grupo carboxílico que seria repelida pela membrana

celular da matriz do cabelo pelo equilíbrio químico desfavorecido (PRAGST;

BALIKOVA, 2006).

Figura 7. Efeito das propriedades ácidas e básicas na incorporação de drogas no cabelo. A = droga ácida; B= droga básica; e = extracelular; i = intracelular.

Fonte: Pragst e Balikova (2006, p. 21).

Drogas incorporadas no cabelo podem ser eliminadas por tratamentos

cosméticos. Entre esses tratamentos incluem: tingimento, descoloração, relaxamento

ou permanente, nas quais a cutícula presente no cabelo começa a danificar-se por

estresse mecânico. De fato, uma diminuição de 1 a 90 % da concentração original da

droga pode ocorrer. O processo de descoloração oxidativa utilizando peróxido de

hidrogênio altera as propriedades físico-químicas do cabelo, uma vez que as ligações

dissulfeto do aminoácido cisteína presente na queratina confere estabilidade ao

cabelo. Isto resulta na formação de ânions perihidroxi (H2O -), nos quais reagem com

a cisteína para formar resíduos de ácido cistéico. Este processo resulta uma perda

aproximada de 15 % desse aminoácido e consequentemente uma possível eliminação

de uma determinada droga associada a este componente. Algumas pesquisas indicam

que a influência de raios ultravioleta e umidade influenciam na concentração de

drogas no cabelo. Por exemplo, canabinóides são particularmente sensíveis a luz

Page 45: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

22

solar e umidade. De 11 amostras positivas para ∆9-THC (0,11-1,72 ng mg-1),

somente 3 permaneceram positivos (0,10-0,35 ng mg-1) depois de 10 semanas as

amostras estarem contidas em vasos de quartzo expostos a luz solar e umidade. Na

presença de alta umidade, as concentrações declinaram mais rapidamente. O ∆9-THC

foi o canabinóide mais instável analisado em relação à CBD e CBN (SKOPP et al.,

2000; CONE; JOSEPH JÚNIOR, 1996).

1.6.4 Coleta da amostra de cabelo

Procedimentos de coleta para determinação de drogas em cabelo não tem

sido padronizados. Em muitos estudos publicados, as amostras são obtidas de

localidades randômicas no couro cabeludo. No entanto, o cabelo é coletado

preferencialmente de uma área atrás da cabeça, denominada vértice posterior (Figura

8). Comparada com outras áreas da cabeça, esta área tem menor variabilidade no

crescimento do cabelo, o número de fios na fase de crescimento é mais constante, o

cabelo é menos sujeito a influências relacionadas ao sexo e idade e os fios

permanecem nessa área mesmo em casos de calvície (KINTZ, 2008).

Os fios de cabelo são cortados o mais próximo possível do couro cabeludo e

pode ser estocada a temperatura ambiente em papel alumínio, envelope ou tubo

plástico. Quando não é possível coletar o cabelo no couro cabeludo, por ser muito

curto, o cabelo da área das axilas, braços ou região pubiana poderiam ser coletadas

como uma fonte alternativa na detecção de drogas. Quando a análise seccionada é

realizada, o cabelo é cortado em segmentos de 1, 2, ou 3 cm, nos quais correspondem

a 1, 2 ou 3 meses de crescimento de exposição a uma droga (SROGI, 2006).

Page 46: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

23

Figura 8. Procedimento de coleta na região do vértice posterior da cabeça. Fonte: Kintz (2008, p. 70)

1.6.5 Análise de cabelo

Métodos analíticos para a determinação de canabinóides em cabelo

geralmente incluem as seguintes etapas básicas:

1. Descontaminação do cabelo por lavagem com um solvente adequado (éter de

petróleo, diclorometano) que possa remover possíveis canabinóides

adsorvidos na superfície do cabelo;

2. Digestão alcalina ou enzimática do cabelo para facilitar a extração dos

canabinóides;

3. Extração dos canabinóides presentes no cabelo digerido e clean-up (limpeza);

4. Análise instrumental. (FOLTZ, 2007)

1.6.5.1 Descontaminação

A descontaminação para amostras de cabelo é necessária por duas razões.

(1) resíduos de produtos de limpeza para cabelo (xampu, condicionador, géis) assim

Page 47: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

24

como, suor, sebo e poeira tipicamente presentes no cabelo podem aumentar o

background. (2) as drogas podem se originar do ambiente, o que contribui para um

resultado incorreto. Este tipo de contaminação externa não é improvável para pessoas

envolvidas com drogas ilícitas (PRAGST; BALIKOVA, 2006).

Os solventes utilizados para descontaminação do cabelo devem remover

impurezas externas o máximo possível, mas não extrair drogas da matriz.

Baumgartner e Hill (1996) estabeleceram um princípio de drogas que são

sequestradas no cabelo por três compartimentos: acessível, o semi-acessível e o

domínio inacessível. As drogas encontradas na superfície do cabelo, por

contaminação externa, ligam-se no domínio acessível de acordo com o modelo multi-

compartimental. Neste domínio, elas são facilmente removidas por soluções de

lavagem. Uma vez que, solventes orgânicos como isopropanol, hexano e

diclorometano são incapazes de alterar a estrutura do cabelo, estes solventes podem

somente remover resíduos oleosos e materiais particulados da superfície, mas não da

estrutura interna do cabelo. Entretanto, drogas podem ser removidas deste domínio

por solventes ou soluções de digestão como metanol, ácidos ou bases

(BAUMGARTNER; HILL, 1996).

Strano-rossi e Chiarotti (1999) analisaram a efetividade de diferentes

procedimentos de descontaminação na contaminação passiva de cabelo. Neste

estudo, amostras de branco de cabelo foram expostas a fumaça do cigarro de

maconha. Várias técnicas de descontaminação foram testadas utilizando solventes e

ultra-som durante um tempo de 10 min. Os autores observaram que três lavagens

consecutivas com éter de petróleo foram adequadas para remover completamente os

canabinóides adsorvidos.

Lavagens de amostras de cabelo por duas vezes utilizando 5 mL de

diclorometano durante 2 min foram considerados suficientes na descontaminação

para determinação de ∆9-THC, CBD e CBN (CIRIMELE et al., 1996).

Subsequentes procedimentos de lavagem usando água deionizada, éter de

petróleo e finalmente diclorometano foram aplicados com sucesso para

descontaminação de canabinóides em cabelo. As soluções de lavagem foram

analisadas por GC-MS (MUSSHOFF et al., 2002).

Page 48: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

25

1.6.5.2 Digestão ou desintegração

Os procedimentos de preparação da amostra para análise de drogas ilícitas

ou terapêuticas envolvem a digestão ou desintegração da matriz de cabelo. Estes

procedimentos são divididos em três modos: digestão com álcali, digestão com ácido

e tratamento enzimático. Nessas condições, o solvente penetra na matriz degradando-

a com consequente liberação da droga ligada a matriz por difusão (MUSSHOFF;

MADEA, 2007).

Para extrair canabinóides eficientemente, o cabelo é primeiramente

dissolvido tanto por digestão alcalina como por digestão enzimática. A digestão

alcalina é geralmente favorecida, visto que ela pode ser realizada muito rapidamente

e os canabinóides são estáveis em meio alcalino obtendo alto rendimento na

extração. Depois da adição do padrão interno para quantificação, o cabelo é sujeito a

adição de NaOH (1-2 mol L-1), a 80-95 ºC, por 10-30 min, ou, a 37 ºC, durante uma

noite. A digestão enzimática pode ser realizada para extração de canabinóides

utilizando β- glucuronidase/arilsulfatase por 2 h a 40 ºC. A principal desvantagem

dessa digestão é o alto custo (FOLTZ, 2007).

1.6.5.3 Procedimentos de extração e análise

A determinação de canabinóides em cabelo tem focado no principal

composto psicoativo, o ∆9-THC. As análises são incluídas outros dois canabinóides:

canabinol (CBN) e canabidiol (CBD) que são regularmente encontrados em amostras

de cabelo (MUSSHOFF et al.., 2003). Recentemente foi demonstrado que a soma das

concentrações de ∆9-THC, CBD e CBN foram melhor correlacionadas para reportar

o uso de Cannabis que a concentração individual de ∆9-THC (SKOPP et al., 2007).

A detecção desses três canabinóides em cabelo, submetido ao processo de

descontaminação, indica exposição à Cannabis (BAPTISTA et al., 2002). Para

obtenção de uma prova concreta (distinção da exposição passiva da ingestão

intencional de consumo da droga), ou em casos de objeção do resultado o metabólito

Page 49: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

26

THC-COOH pode ser determinado, mas necessita de uma etapa adicional de

derivação (para análise por cromatografia em fase gasosa) para atingir a

sensibilidade de 0,2 pg mg-1, pois a taxa de incorporação deste metabólito no cabelo

é extremamente baixa (NADULSKI; PRAGST, 2007).

Balabanova et al. (1989) foram os primeiros autores a publicar um método

por radioimunoensaio (RIA) na detecção de canabinóides em cabelo seguido por GC-

MS para confirmação de ∆9-THC.

O método de preparação de amostra mais utilizado para determinação de

canabinóides em cabelo na década de 90 foi a extração líquido-líquido (LLE). Em

um trabalho mais recente, Baptista et al., (2002) determinaram ∆9-THC, CBD e CBN

utilizando a LLE em duas etapas utilizando clorofórmio:isopropanol (97:3) e

hexano:acetato de etila (9:1) com derivação e análise por GC-MS.

A extração com fluido supercrítico (SFE- supercritical fluid extraction) foi

realizada por Cirimele et al. (1995a) na extração de canabinóides de amostras de

cabelo.

Um método de extração utilizando SPE foi desenvolvido por Wicks e

Tsanaclis (2005) para determinação de CBN, CBD, ∆9-THC, THC-COOH e 11-

hidroxi- ∆9-THC em cabelo por GC-MS/MS com LD de 0,01 ng mg-1 para os três

primeiros canabinóides. Foi a primeira publicação reportando a análise de 11-

hidroxi- ∆9-THC.

O primeiro trabalho empregando a microextração em fase sólida no modo

direto (DI-SPME) para determinação de canabinóides em cabelo foi de Strano-Rossi

e Chiarotti (1999). O cabelo (50 mg) foi digerido com NaOH (1 mol L-1) a 90 ºC por

15 min. Uma fibra PDMS de 30 µm foi utilizada para extração dos canabinóides (∆9-

THC, CBD e CBN) com LD variando de 0,1 a 0,2 ng mg-1. Este método demonstrou

ser mais rápido em relação à LLE e SPE.

Musshof et al. (2002) utilizaram a microextração em fase sólida no modo

headspace (HS-SPME) pela primeira vez para determinação de ∆9-THC, CBD e

CBN em cabelo (10 mg). Uma fibra de 100 µm PDMS foi empregada com exposição

exposta em headspace por 33 min a 90 ºC. Os canabinóides foram derivados

utilizando N-metil-N-(trimetilsilil)-trifluoractamida (MSTFA). Os limites de

detecção foram de 0,05 a 0,14 ng mg-1.

Page 50: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

27

Nadulski e Pragst (2007) determinaram ∆9-THC, CBD e CBN em cabelo

por digestão alcalina com uma etapa de LLE anterior a HS-SPME. Para LLE, a

adição de isooctano (na obtenção do extrato orgânico), derivação com BSTFA e

extração por HS-SPME (PDMS 100µm) a 125 ºC por 25 min. A análise foi realizada

por GC-MS.

De Oliveira et al. (2007) empregaram a HS-SPME sem derivação para

determinação de ∆9-THC, CBD e CBN em cabelo. Uma fibra PDMS 100 µm foi

exposta ao headspace por 40 min a 90 ºC e análise por GC-MS. O limite de

quantificação foi de 0,12 ng mg-1 para os analitos.

A cromatografia em fase gasosa capilar acoplada à espectrometria de

massas (GC-MS) é o método de análise mais empregado na análise de cabelo. As

vantagens de GC-MS incluem a alta resolução da coluna capilar utilizada e a alta

especificidade da ionização por elétrons (EI) no espectrômetro de massas. Juntas

permitem o desenvolvimento de procedimentos sensíveis e seletivos para uma

variedade de drogas ou metabólitos com grande exatidão a baixas concentrações.

(PRAGST; BALIKOVA, 2006).

1.7 Microextração em fase sólida (SPME)

Geralmente, os métodos analíticos envolvem processos como amostragem

(coleta das amostras), preparação da amostra (separação da matriz, concentração,

fracionamento e, se necessário, derivação) separação, detecção e análise de dados.

Estudos mostram que mais de 80 % do tempo de análise é consumido na coleta e

preparo da amostra. Isto é necessário, porque muitos instrumentos analíticos não

podem analisar as amostras diretamente. Diante desses fatos, tem-se buscado o

desenvolvimento de técnicas mais rápidas de preparo de amostras, principalmente

para a análise de amostras complexas. Além da rapidez, outras características

requeridas para um bom método de preparo de amostras são a simplicidade, baixo

custo, repetibilidade e ausência de solventes orgânicos. Algumas técnicas como a

extração com fluido supercrítico (SFE) e extração acelerada por solvente (ASE) têm

cumprido alguns destes requisitos. Apesar da vantagem destas técnicas sobre aquelas

Page 51: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

28

clássicas, como LLE e SPE, ainda continuam necessitando grande quantidade de

solvente ou requerem múltiplas etapas na execução da técnica (VAS; VÉKEY,

2004).

A microextração em fase sólida (SPME – solid phase microextraction) é

uma técnica de preparo de amostras que possui a maioria dos requisitos necessários

para uma técnica considerada ideal. A SPME tem encontrado um grande número de

aplicações nos últimos anos, tendo crescido acentuadamente o número de

publicações empregando esta técnica. Esta técnica foi desenvolvida inicialmente para

a análise de compostos voláteis na área ambiental, mas ultimamente, tem sido

aplicada na análise de uma grande variedade de matrizes sólidas, líquidas e gasosas,

e para diversos analitos, de voláteis a não voláteis (PAWLISZYN, 1997).

A SPME foi introduzida por Pawliszyn e colaboradores em 1989 em uma

tentativa de solucionar as limitações inerentes as técnicas de LLE e SPE. SPME

integra extração, concentração, clean-up e introdução da amostra em uma única

etapa. O dispositivo básico de SPME (Figura 9) consiste de um amostrador (uma

espécie de seringa) com um bastão de fibra ótica, de sílica fundida de 100 µm de

diâmetro, com 10 µm de uma extremidade recoberto com um filme fino de um

polímero como polidimetilsiloxano (PDMS), poliacrilato (PA) ou carbowax (CW),

ou de um sólido adsorvente, como carvão ativo microparticulado (Carboxen). As

espessuras dos recobrimentos das fibras comerciais variam de 7 µm a 100 µm e seus

volumes de 0,03 µL a 0,7 µL (VALENTE; AUGUSTO, 2000).

O método se caracteriza por economia no tempo de extração e no custo, por

permitir automação nas análises, reutilização das fibras, rápido processo operacional

e ser portátil. A SPME tem sido rotineiramente utilizada em combinação com

cromatografia em fase gasosa (GC) e GC-MS e aplicada satisfatoriamente para uma

variedade de compostos, especialmente para extração de compostos orgânicos

voláteis e semi-voláteis de amostras ambientais, alimentícias e biológicas (VAS;

VÉKEY, 2004).

Page 52: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

29

Figura 9. Esquema do dispositivo comercial de SPME.

Fonte: Theodoridis et al. (2000, p. 51)

O processo de extração envolve a partição entre os analitos na matriz e a

fibra extratora, sendo que este particionamento é controlado por propriedades físico-

químicas dos analitos, da matriz e da fase estacionária. Esta técnica possui duas

etapas: partição dos analitos entre a fibra extratora e a matriz e dessorção dos analitos

concentrados no instrumento analítico. Na primeira etapa, a fibra recoberta com a

fase extratora é depositada em contato com a matriz ou com o headspace. O primeiro

permite que haja partição dos analitos entre a matriz e a fibra (sistema duas fases) e o

segundo a fibra entra em contato com o vapor em equilíbrio com a amostra líquida

ou sólida (sistema três fases). Posteriormente, a fibra contendo os analitos é

transferida para um instrumento, onde a dessorção, separação e quantificação dos

analitos ocorrem. Quando a técnica analítica utilizada é a cromatografia em fase

gasosa, a etapa de dessorção ocorre no injetor do equipamento, onde os analitos são

dessorvidos termicamente e quando se utiliza a cromatografia líquida de alta

eficiência, os analitos são dessorvidos pela fase móvel (PAWLISZYN, 1997).

Page 53: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

30

Dois modos básicos de extração (Figura 10) são utilizados na SPME:

extração direta e extração por headspace, na qual é denominada HS-SPME

(headspace-solid phase microextraction).

Figura 10. Modos de extração com SPME. Fonte: Nerín et al. (2009, p. 812)

O procedimento de extração é realizado da seguinte maneira (ver Figura

11): com a fibra retraída no interior do dispositivo de SPME, o septo do vial da

amostra é perfurado pela agulha do dispositivo (1) e a fibra é exposta à amostra

(modo direto ou headspace) com auxílio do êmbolo (2); Após atingir o equilíbrio de

partição do soluto entre as fases (aquosa, polimérica e gasosa), a fibra é novamente

retraída para o interior da agulha e esta é retirada do vial (3). Para análise por GC, a

agulha do dispositivo de SPME é inserida no injetor aquecido (4); e a fibra é exposta

no liner para dessorção térmica (5). Após o tempo de dessorção, a fibra é retraída (6).

Este procedimento pode ser repetido por várias vezes com a mesma fibra, com média

de 100 a 200 extrações (PAWLISZYN, 1999).

Page 54: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

31

Figura 11. Procedimento de extração por SPME. Fonte: Ulrich (2000, p. 170)

1.7.1 Aspectos termodinâmicos e cinéticos

A microextração em fase sólida é baseada em um processo de equilíbrio

multifásico. As discussões abaixo se referem ao sistema trifásico (fibra, fase gasosa

ou headspace e matriz), onde durante o processo de extração os analitos migram

entre as três fases até que o equilíbrio seja alcançado, isto é naturalmente um sistema

ideal, sem considerar a heterogeneidade da matriz ou características físico-químicas

do analito, como instabilidade ou degradação (ULRICH, 2000).

A massa total do analito presente durante a extração é representada pela

seguinte relação de balanço de massa:

���� � ���� � ���� � �� (1)

onde, C0 é a concentração inicial do analito na matriz, Cm, Cf, CH são as

concentrações do equilíbrio ou final dos analitos na matriz, fibra e headspace, e Vm,

Page 55: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

32

Vf, e VH são os volumes da matriz, fibra e headspace, respectivamente. O coeficiente

de distribuição fibra/headspace pode ser definido como:

� � ��/� (2)

e o coeficiente de distribuição headspace/matriz pode ser definido como:

� � �/�� (3)

A massa do analito absorvido na fibra é determinada por:

� � ���� (4)

e pode ser expressado usando as equações 2-4 como:

� � �� �������� �� ���� ������� (5)

em adição:

�� � �� (6)

e a equação (5), portanto pode ser simplificada como:

� � �������� ����� �������

(7)

Os três termos no denominador da equação 7 representam a disposição do

analito de cada uma das três fases: revestimento da fibra (KfmVf), headspace

Page 56: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

33

(KHmVH), e a matriz (Vm). Se não há headspace no sistema (vial para extração

completamente cheio), o termo KHmVH pode ser eliminado da equação (7):

� � �������� �������

(8)

Em muitos casos, a constante de distribuição fibra/matriz é menor referente

à relação do volume da matriz e fibra (Vf << Vm). Neste caso, a capacidade do

volume da matriz é significamente menor que a capacidade do revestimento da fibra

e a equação (8) torna-se:

� � ������ (9)

É visto que, não é necessário que o volume da amostra seja bem definido,

porque a quantidade do analito extraído pela fibra é independente do volume da

matriz (Vm). Isto implica que a relação da concentração do analito entre a amostra e a

fibra em equilíbrio deve compensar por várias ordens de grandeza a diferença de

volume entre as duas fases. As equações acima são limitadas ao polímero de

revestimento líquidos (polidimetilsilosano) onde a extração é baseada no fenômeno

de absorção e fortemente relacionada ao volume da fase. Contudo, para

revestimentos sólidos (adsorção) são, com algumas restrições, análogos para

concentrações baixas do analito (MESTER et al., 2001).

A SPME é um método de extração baseado no equilíbrio, mas naturalmente,

em alguma matriz um efeito exaustivo ocorre na proximidade da fibra, no qual

significa que a concentração do analito da matriz próximo a fibra é sempre menor

que no volume da matriz. Uma perfeita agitação da amostra serve para eliminar este

gradiente de concentração (PAWLISZYN, 1995). O tempo requerido para o

equilíbrio do analito entre a fase polimérica da fibra e a matriz é dependente somente

da espessura do revestimento da fibra e do coeficiente de difusão do analito na fibra:

�� � ��

�� (10)

Page 57: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

34

onde, te é o tempo de equilíbrio, α é a espessura da fase polimérica da fibra e D é o

coeficiente de difusão do analito na fase de extração.

Em HS-SPME, a equação 10 é também válida para a estimativa do te se a

matriz e a HS são perfeitamente agitadas. Várias variáveis têm sido levadas em conta

para estimar o te no caso de agitação real (equação 11): espessura do revestimento,

headspace e matriz (Lf, LH e Lm, respectivamente), velocidade de agitação da barra

de agitação (N), raio da barra de agitação (R), coeficiente de difusão do analito na

matriz (Dm) e coeficiente de difusão do analito no headspace (DH) assim como Khm e

Kfm.

�� � 1,8 � �� �� ����."�#$%&�' � ��

",(. �)��,�*%&�'+ . ��,� (11)

As condições que afetam o processo de extração de SPME durante o

desenvolvimento do método destacam-se: tipo de fibra, força iônica, tempo de

extração, temperatura de extração, tempo de saturação, velocidade de agitação, pH,

tempo de dessorção (ULRICH, 2000).

Matrizes biológicas, como por exemplo, o cabelo, contém componentes de

alta massa molecular, como proteínas, que podem interferir na extração por SPME.

Controlam-se estes inconvenientes, quando se substitui a exposição direta da fibra na

amostra pelo modo de headspace (MILLS; WALKER, 2000). Este modo de extração

é frequentemente a técnica de escolha se os analitos são voláteis ou semi-voláteis

utilizando aquecimento moderado da amostra (SNOW, 2000).

1.8 Microextração em fase líquida por fibra oca (HF-LPME)

Recentemente, na procura por novas técnicas de preparação de amostras,

surgiu a miniaturização da técnica de extração líquido-líquido com o objetivo de

reduzir a razão volumétrica entre a fase aquosa e a fase orgânica e favorecer a

transferência dos analitos da primeira para a segunda fase (alto fator de

Page 58: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

35

enriquecimento). Isto pode ser obtido usando tanto fases líquidas imiscíveis

(microextração em gota suspensa), quanto membranas separando as fases aceptora e

doadora (extração por membrana) (DE OLIVEIRA et al., 2008).

O conceito de microextração em fase líquida foi introduzido em 1996 por

Jeannot e Cantwell. A microextração em gota suspensa (SDME – single drop

microextraction) envolve o uso de uma microgota de um solvente orgânico suspensa

na ponta da agulha de uma microseringa e mergulhada em uma amostra aquosa

(Figura 12). Durante o processo de extração, os analitos são extraídos da matriz para

a microgota por difusão passiva. Contudo, a SDME não é uma técnica muito robusta

devido à baixa estabilidade da microgota do solvente, na qual é facilmente perdida

durante o processo de extração, especialmente quando é aplicada uma agitação para

acelerar o processo de extração, além da necessidade de pré-tratamento de amostras

bastante viscosas ou contendo material particulado (possível colisão com a

microgota) (PEDERSEN-BJERGAARD; RASMUSSEN, 2008).

Figura 12. Ilustração da extração por SDME. Fonte: Wardencki e Namieśnik (2007, p. 270)

Em função das limitações da técnica de SDME, em termos de estabilidade e

confiabilidade, Pedersen- Bjergaard e Rasmussen introduziram em 1999 a

microextração em fase líquida com fibra oca, (HF-LPME- hollow fiber liquid-phase

Page 59: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

36

microextraction) ou simplesmente LPME, que pode ser considerada uma evolução

dos métodos de microextração com solventes. Esta técnica é baseada no uso de uma

simples, descartável, de baixo custo e porosa membrana cilíndrica feita de

polipropileno (Figura 13). A fibra tem porosidade de 70 %, o tamanho do poro de 0,2

µm, espessura da parede da fibra de 200 µm e diâmetro interno de 600 µm

(PEDERSEN-BJERGAARD; RASMUSSEN, 2008).

O volume da amostra aquosa empregado na HF-LPME é tipicamente na

faixa de 0,1 a 4,0 mL, dependendo da aplicação, e o comprimento da fibra é

normalmente de 1,5 a 10 cm. Antes da extração a membrana deve ser imersa em um

solvente orgânico para imobilizá-lo nos poros da mesma, o excesso do solvente deve

ser removido em água ultrapura e o lúmen da fibra é preenchido com microlitros de

uma fase aceptora. O solvente orgânico deve ser imiscível em água para garantir que

ele permaneça dentro dos poros durante a extração sem vazamento para a amostra

aquosa. O volume do solvente imobilizado é aproximadamente de 5 a 30 µL e o

volume do solvente presente no lúmen da fibra varia de 2 a 30 µL (RASMUSSEN;

PEDERSEN-BJERGAARD, 2004).

Figura 13. Membrana de polipropileno utilizada em HF-LPME.

Nenhum aparato específico é necessário para implantação da HF-LPME.

Existem duas configurações principais em que a HF-LPME é empregada:

configuração em “U” (Figura 14), que utiliza duas microseringas de HPLC

conectadas à fibra (mais empregada) na qual uma seringa serve para introduzir o

solvente de extração e a outra para coleta no final da extração. A outra configuração

é tipo “haste”, onde somente uma microseringa é utilizada para injetar e coletar a

Page 60: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

37

fase aceptora com a membrana fechada em uma das extremidades (PSILLAKIS;

KALOGERAKIS, 2003a).

Figura 14. Configuração da HF-LPME. Sistema em “U” (A) e sistema tipo haste (B).

Fonte: De Oliveira et al.(2008, p. 638)

Como ilustrado na Figura 15, a HF-LPME pode ser utilizada no modo de

duas ou três fases, de acordo com as características do analito em questão. No modo

duas fases, os analitos são extraídos da amostra aquosa (fase doadora) para um

solvente orgânico (fase aceptora) sendo o mesmo imobilizado nos poros da

membrana. Neste modo, a fase orgânica é diretamente compatível na análise por

cromatografia em fase gasosa. Para obtenção de resultados favoráveis neste modo de

extração, o analito deverá ser moderado ou altamente hidrofóbico, podendo conter

grupos ionizáveis ácidos ou básicos. Para o modo de três fases a fase aceptora é outra

solução aquosa (solução ácida ou alcalina), sendo que, os analitos são extraídos da

amostra aquosa (fase doadora) por meio de um solvente orgânico imiscível em água

imobilizado nos poros da membrana para a fase doadora. Logo, este modo é

conciliável com cromatografia líquida de alta eficiência, eletroforese capilar e

espectroscopia atômica (DADFARNIA; SHABANI, 2010).

Page 61: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

38

Figura 15. Modos de extração utilizados na microextração em fase líquida (LPME): duas fases (A) e três fases (B).

Fonte: De Oliveira et al.(2008, p. 639)

Para o sistema de duas fases, este processo pode ser ilustrado com as

seguintes equações:

-.�/012. 3 -/24â678. (12)

onde, A representa o analito. O coeficiente de partição para A é definido como:

9 � �:;<â=>?@�@�:AB;@

(13)

onde, Corgânica é a concentração de A na fase orgânica (fase aceptora) em equilíbrio e

Camostra é a concentração de A na amostra em equilíbrio (fase doadora). Baseado na

equação (13), a recuperação (R) de A no equilíbrio pode ser calculada:

C � D�:;< D�:;<��@�:AB;@

E100% (14)

Page 62: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

39

onde, Vorg é o volume total da fase orgânica no sistema (soma do solvente orgânico

presente nos poros da membrana e no lúmen) e Vamostra é o volume da amostra. Da

equação 14, pode ser previsto que a recuperação é dependente do coeficiente de

partição, do volume do solvente orgânico e o volume da amostra. Recuperação

elevada pode ser obtida para compostos com coeficiente de partição elevados. Isto

pode ser alcançado pelas propriedades do solvente orgânico, pH para analitos

ácido/básico e alguns casos pela adição de NaCl em altas concentrações na amostra.

Além disso, pequenos volumes da amostra são vantajosos para obter recuperações

elevadas para extrações em equilíbrio (PEDERSEN-BJERGAARD; RASMUSSEN,

2008).

A cinética de extração para o sistema de duas fases pode ser descrita pela

equação:

�/24â678. � ��H,/24â678. 1 I JKL1' (15)

onde, k é a constante de velocidade definida por:

M � N>�:;<

O� /24â678.;.�/012.�:;<

�@�:AB;@� 1' (16)

Corgânica é a concentração de A na fase orgânica no tempo t, Ai é a área interfacial, β0 é

o coeficiente de transferência de massa total relacionado à fase orgânica. A equação

(16) revela que para extrações rápidas, Ai e β0 deve ser maximizado e Vamostra deve

ser minimizado.

Diferentes parâmetros devem ser otimizados durante o desenvolvimento do

método de HF-LPME, tais como: ajuste do pH da amostra, força iônica, tipo de

membrana, volume da fase doadora e aceptora, tipo de solvente orgânico, tempo de

extração e agitação do sistema (PSILLAKIS; KALOGERAKIS, 2003a).

Em geral, a eficiência de extração alcançada com HF-LPME é maior que a

SDME, uma vez que a membrana oca permite o uso de velocidade de agitação

vigorosa para acelerar a cinética de extração. Além disso, a área de contato entre a

amostra aquosa e a fase doadora é maior que na SDME, favorecendo a taxa de

transferência de massa. O uso de membrana provém à proteção da fase extratora e

consequentemente, a análise de amostras “sujas” é viável. Além disso, o pequeno

Page 63: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

40

tamanho dos poros da membrana permite a microfiltração da amostra, produzindo

extratos muito limpos (PENA-PEREIRA et al., 2009).

1.9 Cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas no modo tandem (GC/MS/MS)

A cromatografia pode ser combinada a diferentes sistemas de detecção,

tratando-se de uma das técnicas analíticas mais utilizadas e de melhor desempenho.

O acoplamento de um cromatógrafo com o espectrômetro de massas combina as

vantagens da cromatografia (alta seletividade e eficiência de separação) com as

vantagens da espectrometria de massas (informação estrutural e aumento da

seletividade) (VÉKEY, 2001).

A união da cromatografia gasosa com a espectrometria de massas é

relativamente simples, uma vez que as características de funcionamento do

cromatógrafo a gás são suficientemente compatíveis com a necessidade de alto vácuo

do espectrômetro de massas. Quando são utilizadas colunas capilares em GC é

possível conectar a saída da coluna diretamente à fonte do espectrômetro, uma vez

que, em condições normais de operação, o sistema de bombeamento do

espectrômetro de massas é capaz de captar todo o eluente da coluna (CHIARADIA et

al., 2008).

A cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas no

modo tandem (espectrometria de massas acoplada à espectrometria de massas –

MS/MS) é uma técnica normalmente utilizada como confirmatória na identificação

de substâncias e atualmente vem sendo utilizada também para quantificação de

substâncias em amostras de caráter forense. (SEBBEN, 2007).

Os analisadores de massas existentes são: quadrupolo, ion trap, analisador

de tempo de vôo (TOF), eletromagnético, transformador de Fourier. O sistema mais

popular é o do tipo ion trap (captura de íons por quadrupolos tridimensionais), o qual

apresenta uma série de vantagens em relação ao sistema quadrupolo, entre elas:

menor custo, facilidade de limpeza, robustez, excelente analisador para realizar

massas seqüenciais de estágios múltiplos (MSn) e melhor sensibilidade no modo

Page 64: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

41

SCAN (varredura linear), pois os íons são analisados no mesmo local em que são

originados (DE HOFFMANN; STROOBANT, 2007).

Neste tipo de analisador a seleção, a decomposição e a subsequente análise

dos íons é realizada na mesma parte do instrumento, de maneira que estes processos

ocorrem separados apenas pelo tempo. Para isso, o trap é ajustado para capturar

todos os íons que entram no espectrômetro de massas e os íons de m/z que não são de

interesse são levados à instabilidade para ocasionar sua ejeção do trap. Os íons

remanescentes no trap são dissociados. Os íons produzidos na dissociação do íon de

m/z selecionado tornam-se sequencialmente instáveis e são liberados do trap para

gerar o espectro de massas (CHIARADIA et al., 2008).

Nas análises no modo tandem (MS/MS) por ion trap, a sequencia de eventos

(Figura 16) geralmente são: primeiramente as moléculas são fragmentadas a 70 eV e

então o sistema é capaz de isolar um íon selecionado (íon pai) expulsando todos os

outros do trap. Este íon isolado é fragmentado utilizando uma energia de excitação

por colisões, denominada CID (Colision Induced Dissociation). As colisões são

realizadas utilizando átomos gasosos ou moléculas, como nitrogênio, argônio ou

hélio, no qual está sempre presente no sistema (gás de arraste) gerando o espectro

obtido do íon pai. (WESTMAN-BRINKMALM; BRINKMALM, 2009).

Na colisão parte da energia cinética translacional é convertida em energia

rotacional do íon pai. A energia cinética translacional do íon pai pode ser aumentada

utilizando-se dois modos de excitação: ressonante e não-ressonante. No modo

ressonante (0 a 1 eV) é submetido uma alta frequência nos pólos dos eletrodos.

Assim, os íons ganham energia cinética adicional com aumento da energia

translacional que é convertida em energia vibracional por colisões com um gás ou

com espécies neutras presentes dentro do trap. O modo não-ressonante (0 a 100 eV)

é baseado na imposição de baixas frequências a partir dos pólos dos eletrodos do trap

com as espécies iônicas de interesse. O íon sofre uma mudança da energia potencial,

na qual é imediatamente convertida em energia cinética pela ação de um campo

elétrico (ANDALO et al., 1998).

Dependendo do tipo de analisador de massa utilizado, uma energia é

solicitada. Baixa energia da CID (1-100 eV) é comum em analisadores como

quadrupolo e ion trap e CID de altas energias (keV) são vistas em analisadores como

o TOF (DE HOFFMANN; STROOBANT, 2007).

Page 65: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

42

Figura 16. Princípio de MS/MS.

Fonte: De Hoffmann e Stroobant (2007, p. 190)

Neste sentido, o emprego da cromatografia com detecção por espectrometria

de massas no modo tandem mostra-se vantajoso, uma vez que por MS-MS é possível

obter uma grande quantidade de informação estrutural acerca do analito, o que

assegura sua identificação com maior exatidão em relação às outras técnicas de

detecção cromatográficas, que se baseiam nas características de retenção dos

compostos analisados. Além disso, quando existem compostos que não podem ser

totalmente separados pela técnica cromatográfica empregada, usando MS-MS é

possível detectá-los individualmente se possuírem diferentes massas molares ou

1

2

Page 66: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

43

gerarem diferentes espectros de massas. Quando se utiliza MS-MS é possível obter

maior detectabilidade e menores limites de detecção e quantificação do que quando

se utiliza MS, devido aos modos de varreduras possíveis de serem realizados, o que

favorece a sua aplicação à análise de traços (CHIARADIA et al., 2008).

Page 67: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

44

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Desenvolver e validar um método analítico para análise de canabinóides em

cabelo humano utilizando as técnicas de extração por microextração em fase sólida

por headspace (HS-SPME) e a microextração em fase líquida com fibra oca (HF-

LPME) e análise por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de

massas operando no modo tandem (GC-MS/MS).

2.2 Objetivos específicos

• Definir as melhores condições para GC e a seleção dos parâmetros ideais para

MS/MS: íon pai (íon base); íons filhos; energia de excitação; relação sinal/ruído

(S/N).

• Otimização dos parâmetros de extração por HS-SPME (pH, temperatura de

extração, massa de cabelo, tempo de extração, tempo de dessorção, força iônica,

tempo de saturação e tipo de fibra), HF-LPME (tipo de solvente orgânico,

volume da fase aceptora, força iônica, pH, velocidade de agitação e tempo de

extração) na determinação de ∆9-tetraidrocanabinol (∆9-THC ), canabidiol (CBD)

e canabinol (CBN) em cabelo humano por GC-MS/MS.

• Validação analítica dos métodos desenvolvidos: seletividade, linearidade,

precisão, recuperação absoluta, limites de detecção e quantificação.

• Aplicação dos métodos validados em amostras de cabelo de usuários de drogas

de Centros de Reabilitação situados no estado de Sergipe.

Page 68: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

45

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

3.1.1 Reagentes, solventes e outros materiais

Hidróxido de sódio micropérola (Synth, Brasil), ácido sulfúrico (95-98 % -

pureza) (Synth, Brasil), carbonato de sódio anidro P.A (Vetec, Brasil), éter de

petróleo P.A (Synth, Brasil), acetona grau HPLC (Tedia, USA), diclorometano grau

HPLC (Tedia, USA), água deionizada purificada pelo sistema Milli-Q® (Millipore),

frasco para headspace de 10 mL (Agilent, USA), termômetro de mercúrio, fita de pH

(Machrey-Nagel, Alemanha), micropipetas automáticas com volumes reguláveis

(Jencons Scientific, USA).

3.1.2 Soluções-padrão

Soluções-padrão estoque em metanol de ∆9-tetraidrocanabinol, canabinol,

canabidiol na concentração de 1mg mL-1 e de ∆9-tetraidrocanabinol deuterado

(padrão interno - ∆9-THC-D3) na concentração de 100 µg mL-1 (Tedia, USA)

Soluções-padrão de trabalho em metanol de ∆9-tetraidrocanabinol,

canabinol, canabidiol de 10 µg mL-1, 1 µg mL-1 e 0,1 µg mL-1 e ∆9-tetraidrocanabinol

deuterado na concentração de 10 µg mL-1, obtidas pela diluição das soluções padrão

estoque.

Page 69: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

46

Todas as soluções foram armazenadas a -18°C, conforme as especificações

do fabricante.

3.1.3 Equipamentos e acessórios

� Sistema GC-ion trap-MS/MS: Cromatógrafo a gás modelo CP-3800 associado ao

espectrômetro de massa modelo 4000MS ambos da Varian (Walnut Creek, CA,

USA) equipado com: amostrador automático (autosampler) modelo CP-8400;

injetor SPI (septum-equipped programmable inject); injetor split/splitless e

coluna capilar VF- 5MS (5% fenil e 95% dimetilpolisiloxano), Factor Four/MS

(Varian, EUA) de sílica fundida (30 m, 0,25 mm d.i., 0,25 µm de espessura do

filme), sistema de aquisição de dados Workstation Star 5.0 (Varian, EUA);

� Dispositivo para microextração em fase sólida (SPME) da Supelco (Bellefonte,

PA, USA) equipado com fibra 100 µm de polidimetisiloxano (PDMS) e 65µm de

polidimetilsiloxano/divinilbenzeno (PDMS/DVB).

� Membrana de polipropileno para HF-LPME com diâmetro interno de 600 µm,

espessura de 200 µm e poros de 0,2 µm (Q3/2 Accurel PP, Membrana,

Wuppertal, Germany);

� Microseringa 50 µL (Hamilton, Bonaduz, Switzerland, model 705SNR)

� Balança analítica de precisão, com quatro casas decimais, modelo TE2145

Sartorius;

� Estufa de secagem e esterilização modelo TE-393/1 Tecnal;

� Agitador magnético com aquecimento analógico (Fisher Scientific);

� Ultra-som – Unique Modelo USC1400;

3.2 Métodos

3.2.1 Coleta da amostra

Page 70: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

47

Para a análise das amostras reais, os pacientes envolvidos no estudo estavam

situados em Centros de Reabilitação para dependentes químicos no estado de

Sergipe. Os pacientes foram esclarecidos dos objetivos da pesquisa, com garantia do

sigilo das identidades dos participantes. Por meio de um questionário (ANEXO A),

verificou-se o perfil de cada paciente quanto à utilização de maconha, participando

somente os indivíduos que fizeram uso da droga em algum momento de sua vida. A

coleta destas amostras foi realizada de acordo com um procedimento aprovado pelo

Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe (ANEXO B).

3.2.2 Preparação da amostra

Para o desenvolvimento, validação (obtidas de voluntários que não fizeram

uso de produtos contendo canabinóides) e aplicação do método, as amostras de

cabelo foram coletadas do vértice posterior da cabeça (Figura 17), cortado o mais

próximo possível do couro cabeludo e armazenado à temperatura ambiente em

envelopes de papel. A amostra de cabelo foi cortada cuidadosamente em pequenos

segmentos menores do que 2,0 mm. Uma alíquota de cabelo (10 mg) foi transferida

para um vial 10 mL e submetida à descontaminação prévia com éter de petróleo (2

mL) por 10 minutos em ultra-som. Este procedimento de descontaminação foi

repetido mais duas vezes (STRANO-ROSSI; CHIAROTT, 1999).

Page 71: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

48

Figura 17. Coleta da amostra de cabelo

3.2.3 Procedimento por HS-SPME e GC-MS/MS para determinação de

canabinóides no cabelo

A amostra de cabelo (10mg) descontaminada e cortada foi transferida para

um frasco de headspace de 10 mL. Posteriormente, 40 ng do padrão interno

deuterado (∆9-THC -D3) foi adicionado à amostra. A digestão do cabelo foi realizada

por digestão alcalina com 1 mL de NaOH (1mol L-1) a 90ºC por 15 minutos. Após o

resfriamento da solução à temperatura ambiente, o pH foi ajustado a

aproximadamente 10 com H2SO4 (1 mol L-1) e 0,5 g de Na2CO3 (em solução aquosa)

foi adicionado à amostra com auxílio de uma microsseringa (500 µL). Para a

extração dos analitos na matriz o dispositivo de SPME contendo a fibra PDMS (100

µm) foi inserido através do septo do frasco e a fibra foi exposta (modo headspace)

por 40 min a 90ºC sob agitação magnética constante (1000 rpm). Os analitos retidos

na fibra foram dessorvidos termicamente (260 °C) pela exposição no injetor do

cromatógrafo durante 10 min (Figura 18).

Page 72: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

49

Figura 18. Esquema do procedimento de SPME para determinação de canabinóides em cabelo.

3.2.4 Procedimento por HF-LPME e GC-MS/MS para determinação de

canabinóides no cabelo

Uma microsseringa de 50 µL para injeção em HPLC (Hamilton, Bonaduz,

Switzerland, model 705SNR) foi utilizada para introduzir a fase aceptora e uma outra

para sua retirada (configuração em “U”). Antes da extração, a membrana de HF-

LPME foi limpa em acetona por ultra-som durante 5 min para remoção de possíveis

contaminantes aderidos na fibra. Depois de seca, a fibra foi cortada manualmente em

um comprimento de 6 cm. Uma nova fibra foi usada para cada extração, evitando

assim carryover entre as análises. Após o processo de descontaminação, a amostra

foi seca à temperatura ambiente. A digestão do cabelo foi realizada por digestão

alcalina com 1 mL de NaOH (1mol L-1) a 90 ºC por 15 min. Após o resfriamento da

solução à temperatura ambiente, foram adicionados 6,8 % de NaCl (m/v). A fibra foi

imersa no solvente orgânico por 10 s para impregnar os poros e, posteriormente, foi

colocada em água ultrapura por 10 s para retirar o solvente orgânico residual, situado

na superfície da fibra. Antes da extração, a microseringa foi lavada 10 vezes com

acetato de butila para evitar carryover e a formação de bolhas de ar. Para a extração,

Page 73: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

50

20 µL de acetato de butila foram injetados na fibra e esta foi imersa na matriz

aquosa. A extração foi realizada à temperatura ambiente durante 20 min a uma

velocidade de agitação de 600 rpm. Depois da extração, 5 µL do ∆9-THC-D3 (padrão

interno com 0,2 µg mL-1) em acetato de butila foi adicionado ao extrato,

homogeneizado e 1 µL foi injetado no GC-MS/MS. A Figura 19 mostra o esquema

deste processo de extração.

Figura 19. Esquema do procedimento de HF-LPME para determinação de canabinóides em cabelo.

Page 74: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

51

3.2.5 Condições cromatográficas de análise

As seguintes condições foram definidas para a análise dos canabinóides

extraídos do cabelo.

Temperatura do injetor 260 ºC

Programação da Rampa

60 ºC (0 min); 35 ºC min-1 até 255 ºC (1min);

2 ºC min-1 até 280 ºC (2 min).

Gás de arraste Hélio (99,995 %)

Fluxo do gás de arraste 1,0 mL min-1

Temperatura da interface 280 ºC

Temperatura do trap 190 ºC

Temperatura do manifold 50 ºC

Modo de ionização Ionização por elétrons (70 eV)

Modo full SCAN (varredura) 40-500 m/z

Íons pai (m/z)

299 (∆9-THC); 231 (CBD); 295 (CBN); 317

(∆9-THC -D3)

Energia de excitação

1,9 eV (∆9-THC); 0,7 eV (CBD); 1,4 eV

(CBN); 0,6 eV (∆9-THC -D3)

Íons filhos para quantificação (m/z)

217 (∆9-THC); 174 (CBD); 238 (CBN); 302

(∆9-THC -D3)

Page 75: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

52

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Desenvolvimento de método por MS operando no modo tandem

Os experimentos iniciais deste estudo foram conduzidos para o

estabelecimento das condições cromatográficas, o que permitiu obter uma

programação de temperatura da coluna satisfatória para uma análise simultânea dos

canabinóides. Esta foi obtida a partir de injeções diretas e individuais dos analitos

(1µL) com concentração de 5 µg mL-1 no GC-MS/MS, operando no modo SCAN

(varredura).

Após o estabelecimento da programação de temperatura da coluna, foi

realizada a escolha dos íons de maior intensidade (íon pai) para cada canabinóide

(Tabela 2 e Figura 20) no modo SCAN para o estudo do AMD (Automated Method

Development). Este é realizado para a obtenção dos íons filhos que são formados a

partir da dissociação induzida por colisão (CID - Colision Induced Dissociation).

Dessa maneira, no desenvolvimento do método cromatográfico no modo

tandem MS/MS é necessário determinar a energia de excitação (CID) adequada para

que ocorra a quebra do fragmento selecionado (íon pai) e obter aumento na

detectabilidade da técnica. Para isso, foi realizado um estudo para determinar a

melhor energia de excitação para os canabinóides. Esse estudo foi realizado

variando-se essa energia de excitação de 0 a 90 elétron-volts (eV) no modo não-

ressonante e 0 a 2 eV no modo ressonante. A Tabela 2 mostra os parâmetros para a

definição das condições ótimas de análise dos canabinóides no modo tandem

MS/MS.

Page 76: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

53

Figura 20. Espectro de massa no modo SCAN para os canabinóides. A: ∆9-THC; B: ∆9-THC-D3; C: CBN; D: CBD. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

Tabela 2. Parâmetros no modo tandem MS/MS para detecção dos canabinóides.

Canabinóides Íon pai (m/z)

tR*

(min) Energia de excitação (eV) Faixa de massa

(íons filhos) (m/z)

CBD 231 9,76 0,7 165-235

∆9-THC -D3 317 10,49 0,6 200-320

∆9-THC 299 10,52 1,9 150-305

CBN 295 11,10 1,6 220-300

* tR – tempo de retenção

Page 77: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

54

A determinação da melhor energia de excitação (CID) foi realizada por

meio da análise comparativa da intensidade do sinal cromatográfico pela razão

sinal/ruído (S/N) obtida referente a cada energia. Os fragmentos originados do íon

pai a partir da CID são chamados de íons filhos. O modo não-ressonante se mostrou

ineficaz para determinação dos canabinóides, pois foram observadas perdas

significativas em detectabilidade em comparação ao modo ressonante, que originou

picos até três vezes mais intensos. A energia de excitação otimizada no modo

ressonante foi a que permitiu maior valor da relação S/N para as moléculas em

estudo (Tabela 2), e por fim escolhidas para o método MS/MS na obtenção dos íons

filhos para posterior quantificação. A Tabela 3 e a Figura 21 demonstram os íons

filhos de maior intensidade, extraídos do espectro MS/MS otimizado para

quantificação.

Tabela 3. Lista de íons filhos (m/z) do espectro MS/MS dos canabinóides para quantificação (abundância relativa - %).

Canabinóide m/z*

CBD

174 (100 %), 175 (16 %)

∆9-THC -D3 234 (33 %), 243 (52 %), 258 (26 %), 302 (100 %)

∆9-THC 193 (55 %), 217 (100 %), 243 (64 %), 257 (78 %)

CBN 238 (100 %), 239 (19 %)

* Íons de quantificação em negrito

O modo MS/MS oferece vantagens sobre o modo SCAN em relação à

seletividade e detectabilidade. No modo MS/MS obtêm-se maior seletividade que o

modo SCAN, pois permanecem no trap apenas o fragmento (íon pai) selecionado para

refragmentação, seguindo para o detector apenas os íons filho. Dessa maneira, o

modo MS/MS é uma ferramenta muito útil na análise de matrizes complexas (como a

amostra de cabelo), pois a amostra pode apresentar outras moléculas que eluem no

mesmo tempo de retenção do analito (interferentes), que no modo SCAN, chegariam

Page 78: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

55

juntamente com os analitos ao detector, ocasionando erros na identificação e

quantificação do analito. Além disso, o modo MS/MS muitas vezes apresenta ganhos

em detectabilidade em relação ao modo SCAN, devido a fatores como a obtenção de

maior relação S/N e menor interferência de outros elementos da amostra

(CRISTALE; SILVA; MARCHI, 2008).

Figura 21. Espectro MS/MS (ions filhos) dos canabinóides. A: ∆9-THC; B: ∆9-THC-D3; C: CBN; D: CBD. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

Uma vez desenvolvido o método GC-MS/MS, foram realizados os testes

para otimização dos parâmetros de extração por HS-SPME.

Page 79: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

56

4.2 Otimização dos parâmetros de extração por HS-SPME

Antes de efetuar os ensaios necessários para validação do método, alguns

parâmetros experimentais foram avaliados durante o desenvolvimento do método na

determinação dos canabinóides em cabelo, objetivando aumentar a velocidade,

detectabilidade e seletividade. Os estudos foram conduzidos para se determinar quais

dos parâmetros envolvidos na técnica de SPME são determinantes na extração dos

analitos na matriz.

Em todos os testes de otimização do método, uma alíquota da amostra do

branco de cabelo (10mg) foi fortificado com 5 ng mg-1 de cada um dos canabinóides

de interesse (∆9-THC, CBN, CBD). Os parâmetros avaliados e seus níveis foram: pH

(4; 7; 10), temperatura de extração (50; 70; 90ºC); massa de cabelo (10; 20; 40 mg);

tempo de extração (20; 30; 40 min); tempo de dessorção (5; 10 min); força iônica

(NaCl; Na2CO3; sem adição de sal); tempo de saturação (10; 20min) e fibra (PDMS –

100µm; PDMS-DVB – 65µm). Cada um dos parâmetros analisados foi realizado em

triplicata, observando a intensidade (área) do pico cromatográfico obtido no GC-

MS/MS.

4.2.1 Fibra

A escolha da fibra de extração foi realizada segundo os critérios de

polaridade do polímero e do analito que devem ser próximos, e do revestimento, que

deve ser resistente a diversas condições químicas (pH, sal, aditivos) e físicas (alta

temperatura). O valor de Kfm (constante de distribuição fibra/matriz) para PDMS é

esperado ser alto para analitos apolares (ULRICH, 2000). A eficiência na extração

(média das áreas dos picos) dos canabinóides é mostrada na Figura 23. A fibra

PDMS (apolar) mostrou uma eficiência maior na extração dos analitos em relação à

fibra PDMS-DVB (bipolar) como era esperada, pois as moléculas dos analitos

estudados apresentam coeficientes de partição octanol-água elevados (Log Kow: CBN

= 7,2; CBD = 8,0; ∆9-THC = 7,2). Uma substância é considerada hidrofóbica

Page 80: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

57

quando seu Log Kow ≥ 3,0 (KANAZAWA, 1989), ou seja, as moléculas estudadas

são extremamente lipofílicas, sendo melhor extraídas pela fibra PDMS que tem

característica apolar. Musshoff et al. (2002), Strano-Rossi e Chiarotti (1999), De

Oliveira et al. (2007), Nadulski e Pragst (2007) também utilizaram a fibra PDMS

para análise de canabinóides em cabelo. Aproximadamente 100 extrações foram

realizadas com uma mesma fibra. As condições dos outros parâmetros de extração

estão dispostas na legenda da Figura 22.

0

500

1000

1500

2000

2500

PDMS-DVB 65 µm

PDMS100 µm

Áre

a do

pic

o

Fibras (SPME)

CBD THC THC-D3 CBN

Figura 22. Comparação da eficiência de extração dos canabinóides entre as fibras PDMS (100 µm) e PDMS-DVB (65 µm). Condições: pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e sem adição de sal (N=3).

4.2.2 pH

O pH da extração pode influenciar o coeficiente de distribuição do analito

sendo importante para drogas que possuem grupos dissociáveis que são dependentes

do pH, uma vez que a forma não dissociada (apolar) será extraída pela fibra pelos

processos de absorção/adsorção (LORD, PAWLISZYN, 2000). Conforme mostra a

Figura 23, o teste em pH 10 permitiu maior eficiência de extração para os

Page 81: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

58

canabinóides. Para compostos de características ácidas, o pH deve ser ajustado uma a

duas unidades inferior ao pKa do analito, para garantir que os analitos permaneçam

na sua forma não-ionizada em torno de 99% (MESTER et al., 2001). O ∆9-THC, por

exemplo, tem um pKa de 10,6 sendo o pH ótimo teoricamente em torno de 9 a 10.

Em condições ácidas (pH 4), resultados insatisfatórios foram vistos para os

canabinóides, pois se verificou baixa eficiência de extração. Esse fato se relaciona

com a precipitação das proteínas presentes na matriz, vistos a olho nu, na qual os

canabinóides devem se ligar fortemente ao precipitado, diminuindo sua volatilização

e consequentemente diminui a eficiência de extração. O valor de pH 10 foi o valor

mais elevado que foi avaliado, pois acima desse valor pode danificar a fibra de

PDMS. Este valor de pH foi encontrado como o melhor observado também por

Musshoff et al. (2002) e De Oliveira et al. (2007). A Figura 23 mostra os resultados

obtidos para a extração dos canabinóides com diferentes valores de pH e as

condições de todos os outros parâmetros de extração.

4 7 10

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

CBD THC THC-D3 CBNÁ

rea

do p

ico

pH

Figura 23. Variação do pH para extração dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e sem adição de sal (N=3).

4.2.3 Força iônica

Page 82: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

59

O aumento da força iônica do meio, ou seja, a adição de uma determinada

quantidade de sal na amostra pode diminuir a solvatação das moléculas do analito

com perda de solubilidade ocorrendo assim, uma mudança no coeficiente de

distribuição entre a matriz e a fase headspace e consequente aumento na eficiência

de extração por HS-SPME. Este efeito é conhecido como salting out (ULRICH,

2000). Musshoff et al. (2002) observaram que, dentre os diferentes sais, o carbonato

de sódio foi aquele que promovia maior efeito salting out. Neste trabalho, a

utilização do carbonato de sódio, comparada ao cloreto de sódio, revelou ser mais

efetiva em relação à análise sem a adição de sal (Figura 24). Por outro lado, a

comparação do NaCl e a ausência de sal demonstrou uma queda no rendimento da

análise (Figura 25). O sal cloreto de sódio pode aumentar a viscosidade do meio

(agente espessante), reduzindo a velocidade de difusão dos analitos para a fibra (LEE

et al., 1997). De Oliveira et al. (2007) avaliaram diferentes sais na extração de

canabinóides em cabelo e o Na2CO3 foi aquele que promovia maior efeito salting out

comparado com outros sais (cloreto de sódio, sulfato de amônio e sulfato de sódio) e

da análise sem a adição de sal. As condições de análise das variáveis de extração

estão descritas nas legendas das Figuras 24 e 25.

0 25600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Força Iônica (Na 2CO3) (%)

Figura 24. Influência da força iônica (Na2CO3) para análise dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min (N=3).

Page 83: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

60

0 25

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Força iônica (NaCl) (%)

Figura 25. Estudo da força iônica ( % NaCl) para análise dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min (N=3).

4.2.4 Temperatura de extração

Em HS-SPME, o coeficiente de distribuição Khm (headspace/matriz) e Kfh

(fibra/headspace) aumentam seus valores à medida que a temperatura é elevada, e a

velocidade no processo de extração é facilitada, em especial para analitos de

volatilidade baixa a moderada, considerando-se o processo de absorção como

exotérmico e que este seja o mecanismo predominante na interação analito/fibra

(ULRICH, 2000). Em relação às temperaturas analisadas (50, 70, e 90 ºC), observou-

se que a temperatura de 90 ºC promoveu uma eficiência bem superior em relação aos

demais níveis para extração dos canabinóides (Figura 26). Strano-Rossi e Chiarotti

(1999) relataram em seu estudo que baixas temperaturas foram insuficientes para a

volatilização dos analitos no procedimento por headspace. Observa-se que este

parâmetro foi o mais importante para um maior aumento do sinal analítico em

relação aos demais. Temperaturas acima de 90 °C se tornaram inviáveis, pois o

Page 84: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

61

sistema entra em ebulição, ocorrendo perda da amostra. As condições experimentais

das outras variáveis de extração estão dispostas na legenda da Figura 26.

50 70 90

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

2250

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Temperatura (ºC)

Figura 26. Influência da temperatura de extração na análise dos canabinóide em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; massa de cabelo: 20 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3).

4.2.5 Massa de cabelo

Dentre as massas de cabelo (10, 20 e 40 mg) avaliadas, (Figura 27) a que

apresentou maior rendimento da análise foi de 10 mg (menor nível). A utilização de

massas maiores de cabelo ou de uma matriz apresenta um aumento de

detectabilidade do sistema de detecção, uma vez que a relação matriz/analito é

proporcional. Entretanto devido à complexa estrutura do cabelo, uma maior

quantidade da amostra provoca maior viscosidade pelo aumento de proteínas,

melanina e lipídios (principais substâncias presentes no cabelo) (STAUB, 1999). O

aumento da quantidade destas três substâncias causa também a ligação dos

canabinóides a estas, promovendo assim, menor resposta devido à menor facilidade

de volatilização dos analitos. As condições dos outros parâmetros de extração estão

indicadas na legenda da Figura 27.

Page 85: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

62

10 20 30 40

100

350

600

850

1100

1350

1600

1850

2100

2350

CBD THC THC-D3 CBNÁ

rea

do p

ico

Massa de cabelo (mg)

Figura 27. Influência da quantidade de cabelo no rendimento da análise. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3).

4.2.6 Tempo de saturação

O tempo de saturação refere-se ao tempo de volatilização dos analitos para a

fase headspace até atingir o equilíbrio e está relacionado com a constante de

distribuição headspace-matriz, Khm = CeH/Cem (e = equilíbrio). Esse tempo

corresponde, no presente estudo, o intervalo entre o fim da hidrólise alcalina e a

exposição da fibra no headspace. Verificou-se que o aumento no tempo de saturação

(20 min) não resultou em melhora expressiva em relação ao tempo de 10 min (Figura

28). Logo, ocorre uma rápida difusão dos analitos presentes na matriz para a fase

headspace. As condições experimentais das outras variáveis de extração são

mostradas na legenda da Figura 28.

Page 86: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

63

10 20

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Tempo de saturação (min)

Figura 28. Avaliação do tempo de saturação para determinação dos canabinóides em cabelo. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 10 mg; tempo de extração: 30 min; tempo de dessorção: 5 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3).

4.2.7 Tempo de extração

Para assegurar a eficiência do processo de extração, uma das etapas mais

importantes no desenvolvimento de um método empregando SPME é determinar o

tempo necessário para o processo de extração alcançar o equilíbrio entre a fibra e a

amostra. Tipicamente, a extração é considerada completa quando é atingido o

equilíbrio de distribuição entre o analito presente na amostra e o polímero da fibra.

Na prática, isso significa que, quando o equilíbrio é alcançado, a quantidade extraída

é constante, independente do aumento do tempo de extração. A Figura 29 mostra os

diferentes tempos de extração dos analitos que foram ponderados. Para todos os

canabinóides, o melhor tempo de exposição da fibra foi 40 min em relação a 20 e 30

min. A quantidade extraída dos analitos aumenta progressivamente com o aumento

do tempo de extração. No período estudado (40 min), o equilíbrio não foi atingido

para todos os canabinóides. A extração pode ser realizada sem necessariamente

atingir o equilíbrio, desde que as condições de agitação, tempo e temperatura

Page 87: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

64

permaneçam constantes (LORD, PAWLISZYN, 2000). As condições dos outros

parâmetros de extração para este teste são mostradas na legenda da Figura 29.

20 30 40

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Tempo de extração (min)

Figura 29. Avaliação do tempo de extração para absorção dos analitos na fibra. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 10 mg; time de saturação: 10 min; time de saturação: 5 min e 25% (m/v) de Na2CO3 (N=3).

4.2.8 Tempo de dessorção e carryover

O efeito do tempo de dessorção (tempo em que a fibra é exposta no injetor

do cromatógrafo) e “carryover” (quantidade do analito que pode ter ficado na fibra

após a dessorção) foi estudado. O aumento no tempo de dessorção (5 a 10 min)

resultou em uma pequena diferença para os analitos estudados, mostrando que os

canabinóides são rapidamente dessorvidos da fibra (Figura 30). Carryover em SPME

não é um motivo de grande preocupação como em outros métodos, já que se trata de

um processo de equilíbrio. Carryover pode ser um problema somente quando a

concentração do analito na amostra seguinte é tão baixa que o equilíbrio na fibra é

menor do que a concentração causada por carryover de análises anteriores

(GORECKI, PAWLISZYN, 1995). Nos testes de otimização e validação não foi

Page 88: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

65

observado o fenômeno de carryover, pois os brancos da fibra foram avaliados

periodicamente durante as extrações, não apresentando nenhum sinal dos analitos nos

cromatogramas. As condições dos outros parâmetros de extração estão indicadas na

legenda da Figura 30.

5 10

600

750

900

1050

1200

1350

1500

1650

1800

1950

2100

CBD THC THC-D3 CBN

Áre

a do

pic

o

Tempo de dessorção (min)

Figura 30. Teste do tempo de dessorção no rendimento da análise dos canabinóides. Condições: fibra: PDMS 100 µm; pH: 10; temperatura de extração: 90 ºC; massa de cabelo: 10 mg; tempo de saturação: 10 min; tempo de extração: 40 min e 25 % (m/v) de Na2CO3 (N=3).

A Tabela 4 e a Figura 31 mostram as condições otimizadas no

desenvolvimento do método proposto por HS-SPME para determinação de ∆9-THC,

CBD e CBN em cabelo humano e o cromatograma característico da análise

otimizada, respectivamente.

Page 89: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

66

Tabela 4. Resultados dos parâmetros otimizados de SPME na análise de canabinóides em cabelo.

Parâmetros Valores otimizados

pH 10

Temperatura 90ºC

Massa de cabelo 10 mg

Tempo de extração 40 min

Tempo de dessorção 10 min

Força iônica Na2CO3

Tempo de saturação 10 min

Tipo de fibra PDMS (100 µm)

Figura 31. Cromatograma obtido pela análise por HS-SPME-GC/MS/MS em cabelo. Canabinóides adicionado de padrões na concentração de 1 ng mg-1: 1- CBD; 2- ∆9-THC + ∆9-THC-D3; 3- CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

Tempo (min)

kCounts

Page 90: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

67

4.3 Otimização dos parâmetros de extração por HF-LPME

Após a otimização dos parâmetros de extração por HS-SPME, algumas

variáveis que controlam a eficiência da microextração em fase líquida por fibra oca

(HF-LPME) foram avaliadas com a finalidade de obter uma resposta máxima (área

do pico) para os canabinóides estudados. As variáveis avaliadas foram: solvente de

extração, tempo de extração, força iônica, velocidade de agitação, pH da fase

doadora e volume da fase aceptora. As extrações foram efetuadas com fortificação de

1 ng mg-1 dos canabinóides.

4.3.1 Seleção do solvente orgânico

Uma etapa crucial na otimização do método para a HF-LPME é a seleção do

solvente de extração (PSILLAKIS; KALOGERAKIS, 2003a). A escolha deve ser

realizada de acordo com algumas características: (1) boa afinidade com os analitos,

(2) baixa solubilidade em água para evitar dissolução na fase aquosa, (3) baixa

viscosidade para aumentar a transferência de massa. Quando o modo de duas fases é

utilizado, o solvente deve ter alta solubilidade para os analitos e compatível com

injeção direta na coluna capilar do GC (PSILLAKIS; KALOGERAKIS, 2003b).

Baseado nestas considerações, seis solventes orgânicos foram investigados, incluindo

tolueno, 1-octanol, isooctano, acetato de butila, ciclohexano, e octano (Figura 32). As

extrações foram realizadas com adição de 12 % de NaCl (m/v) e volume de 20 µL

dos solventes orgânicos foram avaliados durante um tempo de extração e velocidade

de agitação de 20 min a 600 rpm, respectivamente. O acetato de butila demonstrou

ser o melhor solvente entre os seis solventes avaliados em função da maior área do

pico cromatográfico e perda de solvente. Consequentemente, os experimentos

posteriores foram conduzidos com acetato de butila. Quando ciclohexano e tolueno

foram usados, houve a formação de bolhas na superfície da fibra e perda do solvente

durante o processo de extração, que podem ser facilitadas por causa de seus baixos

pontos de ebulição em relação aos demais solventes.

Page 91: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

68

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

toluenociclohexanoisoctanon-octanoacetato de butila1-octanol

Áre

a do

pic

o CBD THC CBN

Figura 32. Efeito do solvente de extração na eficiência de extração por HF-LPME. Condições: comprimento da fibra: 6 cm; NaCl: 12 % (m/v); volume da fase aceptora: 20 µL; tempo de extração: 20 min e velocidade de agitação: 600 rpm (N=3).

4.3.2 Planejamento fatorial fracionário

O planejamento fatorial fracionário é bastante utilizado quando um

problema envolve muitas variáveis e se quer reduzir o número de experimentos,

assim como não ocorrem perdas significantes de informações (FERREIRA et al.,

2004). Os fatores e níveis empregados neste planejamento estão listados na Tabela 5

e foram escolhidos a partir de estudos experimentais preliminares e levando em conta

as limitações do sistema experimental. A resposta nesta etapa foi avaliada a partir da

área do pico do ∆9-THC, por ser o analito com menor sensibilidade.

Page 92: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

69

Tabela 5. Variáveis e níveis investigados utilizando o planejamento fatorial fracionário.

A Figura 33 mostra o diagrama de Pareto com os resultados para a triagem

das variáveis. A linha vertical do gráfico demonstra se os efeitos são estatisticamente

significativos ou não. As barras que se estendem além da linha, correspondem aos

efeitos que são estatisticamente significativos com um nível de confiança de 95% (p

= 0,05). O valor do teste t de Student foi de 3,1824. O modelo proposto consegue

explicar cerca de 98,4 % da variância indicando um bom ajuste dos dados

experimentais. Conforme os resultados, todas as variáveis e suas interações tiveram

seus efeitos com valores positivos, ou seja, a resposta aumentará quando uma

variável passa do nível menor para o nível maior. Resultados similares foram obtidos

para CBD e CBN.

A força iônica (% de NaCl) foi o fator mais significativo (maior valor

numérico da estatística do teste t de Student) dentre as variáveis estudadas. As

interações de segunda ordem entre as variáveis velocidade de agitação e pH e tempo

de extração e % NaCl também foram significativas, assim como os efeitos principais

de pH e volume da fase orgânica, conforme a Figura 33.

Variáveis

Níveis

Baixo (-1) Central (0) Alto (+1)

(t) Tempo de extração (min) 10 20 30

(pH) pH da fase doadora 4 7 10

(SS) Velocidade de agitação (rpm) 300 600 900

(S) Força iônica (NaCl, m/v%) 0 7.5 15

(O) Volume da fase orgânica (µL) 8 14 20

Page 93: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

70

,4632149

-,577237

1,389645

1,446656

1,574931

1,717459

1,959756

2,330328

2,985955

3,071471

3,313768

3,698593

3,769857

3,855374

4,796056

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

Estimativa dos efeitos (valores absolutos)

p=0,05

2x5

1x3

4x5

2x3

(1) tempo de extração (min)

1x5

(3) velocidade de agitação (rpm)

2x4

3x5

1x4

3x4

(4) pH

1x2

(5) volume (fase aceptora) µL

(2) % NaCl

Figura 33. Gráfico de Pareto para o planejamento fatorial fracionário.

A adição de sal (como NaCl, Na2SO4 ou Na2CO3) diminui a solubilidade

dos analitos na matriz, e assim, aumenta o seu particionamento dentro da fase

orgânica (efeito salting out) (PSILLAKIS; KALOGERAKIS, 2003a). Resultados

similares já foram descritos anteriormente em que, o aumento da força iônica

aumentaria a eficiência da extração para o ∆9-THC, CBD e CBN (MUSSHOFF et al.,

2002; SPORKERT; PRAGST, 2000; DE OLIVEIRA et al., 2007). O pH teve

influência importante no aumento da resposta dos analitos, sendo extraídos de forma

mais eficiente no nível maior (pH 10). Em pH ácido (pH 4) foi observado a

precipitação das proteínas contidas no cabelo (observadas a olho nu) que aderiram na

superfície da fibra de LPME, prejudicando possivelmente a difusão dos analitos para

o lúmen e, consequentemente, diminuindo a resposta dos canabinóides. Como o

ponto isoelétrico (valor de pH em que ocorre equivalência entre as cargas positivas e

negativas de uma molécula) do cabelo em geral e da queratina (principal proteína

presente no cabelo) é aproximadamente 4, as forças de repulsão entre as moléculas

Page 94: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

71

das proteínas e as forças de interação com o solução aquosa são mínimas

(KIDWELL; BLANK, 1996). Assim, as proteínas (sobretudo a queratina) vão

formando aglomerados que, cada vez maiores, tendem a precipitar. O volume da fase

orgânica (acetato de butila) demonstrou ter importância no rendimento da extração

dos analitos. Um maior rendimento foi obtido à medida que aumenta o volume do

solvente orgânico, devido ao acréscimo do número de moles dos analitos transferidos

para a fase orgânica presente dentro do lúmen da fibra, deslocando a condição de

equilíbrio para esta fase (SALEH et al., 2009). De acordo com o gráfico de Pareto, o

tempo de extração e a velocidade de agitação não foram estatisticamente

significativos no rendimento da extração dos canabinóides. Provavelmente, devido à

condição de equilíbrio já ter sido atingida no nível baixo do tempo de extração, no

domínio escolhido. Verificou-se que uma alta velocidade de agitação produziu

formação de bolhas de ar na superfície da membrana, assim como, promoveu a

evaporação do solvente. Baseado nestes resultados, as variáveis % de NaCl, pH e

volume da fase orgânica foram incluídas no estudo do planejamento composto

central.

4.3.3 Planejamento composto central (PCC)

As variáveis % NaCl (S), pH da fase doadora e volume da fase orgânica (O)

foram incluídas no planejamento composto central para otimização das respostas

máximas dos canabinóides pelo método proposto. Tempo de extração de 20 min e

velocidade de agitação a 600 rpm foram fixados. O planejamento composto central

consiste de 2k corridas fatoriais com 2k corridas axiais (α) e C corridas centrais. O

número total de experimentos necessários (N) é determinado: N=2k +2k + C, onde k

é o número de variáveis e C é um número de pontos centrais (STALIKAS et al.,

2009). Um planejamento composto central 23 (2 níveis com 3 variáveis) foi realizado

com 6 corridas axiais (pontos estrela) e 3 pontos centrais totalizando 17

experimentos (23 + (2×3)+3=17). O valor de α foi ± 1,682 para estabelecer a

condição de rotabilidade. Os níveis deste planejamento estão dispostos na Tabela 6.

Page 95: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

72

Tabela 6. Fatores e níveis utilizados no planejamento composto central.

Os coeficientes de regressão de cada termo do modelo e a análise de

variância (ANOVA) dos efeitos são apresentados na Tabela 6. O valor do R2 indicou

que o modelo explica 95,5 % da variabilidade. O gráfico dos valores experimentais

versus valores previstos (Figura 34), o gráfico de probabilidade normal dos resíduos

(Figura 35), e os resíduos versus resposta prevista (Figura 36) foram avaliados. A

Figura 34 revela que o modelo proposto descreve bem os dados experimentais, visto

que os pontos localizam-se próximos à linha reta. A Figura 35 mostra que os pontos

experimentais estão próximos da linha contínua, garantindo assim a normalidade dos

resíduos. A Figura 36 indica que os pontos estão distribuídos de forma aleatória,

caracterizando uma variância constante dos erros. Isto demonstra a confiabilidade

dos dados apresentados neste planejamento.

Variáveis

Níveis

Pontos estrelas (α = 1,682)

Baixo (-1) Central (0) Alto (+1) -α +α

(S) (NaCl; m/v%) 7 11 15 4 18 (pH) 9 11 13 8 14 (O) (µL) 15 20 25 12 28

Page 96: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

73

Tabela 6. Estimativa dos coeficientes de regressão e análise de variância do modelo previsto.

Variáveis Coeficientes F* p

Sa -2532, 690 6,770 0,035

pH 9557,399 96,413 0,000

Ob 1,948 0,000 0,998

S2 -1174,504 1,202 0,309

pH2 5089,048 22,565 0,002

O2 -433,986 0,164 0,698

S x pH -4675,375 13,515 0,008

S x O 433,625 0,116 0,743

pH x O -281,375 0,049 0,831

* Fcrítico (1;7;0,05) = 4,45

-5000

5001000

15002000

25003000

35004000

45005000

5500

Valores observados

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Val

ores

pre

vist

os

R2 = 95,5%

Figura 34. Gráfico dos valores observados versus valores previstos.

Page 97: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

74

-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800

Resíduos

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Val

ores

nor

mai

s es

pera

dos

,01

,05

,15

,35

,55

,75

,95

,99

Figura 35. Gráfico de probabilidade normal dos resíduos.

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Valores previstos

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

Res

íduo

s

Figura 36. Gráfico dos resíduos versus valores previstos.

Page 98: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

75

Um valor de p menor que 0,05 na tabela ANOVA (Tabela 6) indicam que

um efeito é estatisticamente significativo a 95 % do nível de confiança. Os dados

mostram que a porcentagem de NaCl (S) e principalmente o pH tiveram seus efeitos

lineares significativos. O volume da fase orgânica (O) não mostrou algum efeito

significativo na resposta para os termos lineares e quadráticos. Os termos

quadráticos e a interação de segunda ordem de S e pH foram significativos.

As análises dos valores ótimos do PCC foram realizadas pela metodologia

de superfície de resposta utilizando o modelo quadrático, sendo que, as resposta dos

três canabinóides (área do pico) foram transformadas em função do valor de

desejabilidade (D). O valor de D pode ser definido como a média geométrica de

todas as desejabilidades individuais (di): D = (d1 x d2 x ...dn)1/n (BERTELLI et al.,

2008).

Os valores de di variam de 0 (resposta mínima) a 1 (resposta máxima). De

acordo com a Figura 37, a função de D permitiu obter os valores ótimos dos

parâmetros experimentais do CCD, sendo: S = 6.8 %, pH = 14 e O = 28 µL, com D =

1. A Figura 38 mostra o gráfico de superfície de desejabilidade e as combinações

das três variáveis experimentais escolhidas. As regiões em vermelho correspondem

aos valores ótimos para D. Na Figura 38 (A) confirma a existência da interação

significativa negativa entre pH e porcentagem de NaCl, sugerindo que um nível

baixo de sal e alto do pH aumenta a eficiência da extração dos canabinóides. Pode-se

observar também uma diminuição das respostas com concentrações de NaCl

elevadas. Segundo Psillakis e Kalogerakis (2003a) isto é justificado devido a uma

possível alteração das propriedades físico-químicas da amostra, como a tensão

superficial e viscosidade, diminuindo a taxa de transferência de massa dos analitos

para a fase aceptora. Um pH elevado favoreceu uma melhor resposta para os analitos,

também observado por outros autores (MUSSHOFF et al., 2002; NADULSKI;

PRAGST, 2007; STRANO-ROSSI; CHIAROTTI, 1999). As Figura 38 (B) e (C)

mostram a interação do sal e do pH com o volume da fase orgânica, evidenciando

que esta variável não influenciou a eficiência da resposta (ver Tabela 6). Assim, foi

escolhido um valor intermediário de 20 µL do solvente orgânico para a validação do

método.

Page 99: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

76

S

-3E4

25815

39331

52848

70000

pH O Desejabilidade

0,

,5

1,

1255

19115

36974

CB

D

-4000

3820

6035

8249

12000

0,

,5

1,

98

2421

4745

TH

C

-15E4

98095

1690E2

2399E2

35E4

0,,5

1,

2820

66989

131200

CB

N

4 6,8 18

1,0000

8 14 12 28

Des

ejab

ilida

de

Figura 37. Perfis para os valores previstos e desejabilidade dos canabinóides.

1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

(A)

(B) (C)

S

O OS

pH

pH

Des

ejab

ilid

ade

Des

ejab

ilid

ade

Des

ejab

ilid

ade

Figura 38. Gráfico de superfície de resposta da função de desejabilidade global (D).

Page 100: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

77

A Tabela 7 e a Figura 39 mostra as condições otimizadas na determinação

de ∆9-THC, CBD e CBN em cabelo humano por HF-LPME e o cromatograma

característico da análise otimizada, respectivamente.

Tabela 7. Condições estabelecidas para extração dos canabinóides por HF-LPME.

Parâmetros Valores otimizados

Solvente orgânico Acetato de butila

pH 14

Força iônica (NaCl) 6,8 % (m/v)

Tempo de extração 20 min

Velocidade de agitação 600 rpm

Volume da fase orgânica 20 µL

Figura 39. Cromatograma obtido pela análise por HF-LPME-GC/MS/MS em cabelo. Fortificação dos analitos na concentração de 1 ng mg-1: 1- CBD; 2- ∆9-THC + ∆9-THC-D3; 3- CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

kCounts

Tempo (min)

Page 101: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

78

4.4 Validação

A validação de um método analítico é definida como um processo contínuo

de avaliação, desde a etapa de planejamento, passando pelo desenvolvimento e coleta

de dados, até o monitoramento constante da aplicação e transferência deste (RIBANI

et al., 2004). O objetivo é garantir que os dados gerados possuam a qualidade

necessária, em termos de confiabilidade e rastreabilidade, entre outros para o fim que

se propõe. Assim, deve-se selecionar, estudar e monitorar constantemente os

parâmetros mínimos necessários para garantir a interpretação inequívoca dos

resultados.

A validação do método analítico foi realizada de acordo com as orientações

da Society of Toxicological and Forensic Chemistry (GTFCh) que detalha a respeito

da validação em toxicologia analítica forense e recomendações especiais para

procedimentos em análise de cabelo (PETERS et al., 2004).

Assim, os parâmetros de desempenho selecionados para os métodos de HS-

SPME e HF-LPME foram:

• Seletividade;

• Linearidade;

• Precisão (repetitividade e precisão intermediária);

• Recuperação;

• Limite de detecção e limite de quantificação

As soluções padrão dos canabinóides nas concentrações de 0,01; 0,1, 1, 2, 4

e 8 µg mL-1 em metanol foram preparadas para avaliação dos parâmetros das figuras

de mérito.

Page 102: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

79

4.4.1 Seletividade

Uma amostra, de maneira geral, consiste dos analitos a serem medidos, da

matriz e de outros componentes que podem ter algum efeito na medição, mas que

não se quer quantificar. A seletividade está relacionada ao evento da detecção. Um

método que produz a resposta para vários analitos, mas que pode distinguir a

resposta de um analito da de outros, é chamado seletivo (INMETRO, 2007).

Assim, se a seletividade não for assegurada, a linearidade, a exatidão e a

precisão estarão seriamente comprometidas. Por isso, a seletividade é o primeiro

passo no desenvolvimento e validação de um método instrumental de separação e

deve ser reavaliada continuamente durante a validação e subsequente uso do método

(RIBANI et al., 2004).

A seletividade do método foi avaliada a partir da análise de seis replicatas

de brancos da amostra sem fortificação dos analitos e outra análise em duplicata do

branco da amostra com fortificação do padrão interno (∆9-THC-D3) na concentração

de 4 ng mg-1 para HS-SPME e 1 ng mg-1 para HF-LPME. Um possível acúmulo de

interferentes traços das matrizes a partir destas análises não foi observado nos

cromatogramas. Nas análises da matriz com adição do padrão interno, observou-se

que este não continha os canabinóides analisados. A Figura 40 demonstra que os

métodos obtiveram ótima seletividade, sendo livre da presença de interferentes que

poderiam intervir na determinação dos canabinóides.

Page 103: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

80

Figura 40. Avaliação da seletividade. (A) branco da amostra por HS-SPME (B) branco da amostra por HF-LPME (C) branco da amostra + ∆9-THC-D3 por HS-SPME e GC-MS/MS (D) branco da amostra + ∆9-THC-D3 por HF-LPME e GC-MS/MS. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

Tempo (min)

Page 104: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

81

4.4.2 Linearidade e curva analítica

A linearidade refere-se à capacidade do método de gerar resultados

linearmente proporcionais à concentração do analito, enquadrados em uma faixa

analítica especificada (BRITO et al., 2003).

Na prática a linearidade é determinada através das chamadas curvas

analíticas, que são gráficos que relacionam a resposta do equipamento em função das

diferentes concentrações do analito (LANÇAS, 2004).

A relação matemática entre a resposta medida e a concentração do analito

nestes casos (modelo linear) pode ser descrita pela equação da reta:

Q � RE � S (17)

Onde:

y = resposta medida (absorbância, área do pico etc)

x = concentração

a = inclinação da curva de calibração (sensibilidade)

b = intersecção com eixo y, quando x = 0.

A correlação é, normalmente, calculada por intermédio do coeficiente r de

Pearson ou pelo coeficiente de determinação R2 (ANVISA, 2003).

Neste caso, o r indica o grau de ajuste do modelo de regressão. Este

parâmetro permite uma estimativa da qualidade da curva obtida, quanto mais

próximo de um, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a

incerteza dos coeficientes de regressão estimados a e b. Normalmente um coeficiente

de correlação maior que 0,999 é considerado como evidência de um ajuste ideal dos

dados para a linha de regressão (RIBANI et al., 2004).

A curva analítica foi construída a partir da adição dos padrões na matriz e

posteriormente foram submetidas ao processo de extração por HS-SPME e HF-

LPME. Esta se baseou nas áreas médias dos picos dos analitos utilizando o modo

MS/MS, a partir da análise de duas replicatas para cada ponto. A linearidade da

Page 105: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

82

curva analítica foi avaliada por meio das concentrações: 0,1; 0,5; 1,0; 2,0 e 8,0 ng

mg-1 para todos os analitos por HS-SPME e 0,001; 0,02; 0,05; 0,2 e 0,5 ng mg-1 para

CBD e CBN e 0,02; 0,05; 0,1; 0,2; 0,5 ng mg-1 para ∆9-THC por HF-LPME. Uma

boa linearidade foi obtida com coeficientes de determinação (R2) acima de 0,994

para todos os analitos nos dois métodos propostos. As Figuras 41 a 46 mostram as

curvas analíticas para os canabinóides avaliados.

Figura 41. Curva analítica para canabidiol pelo método HS-SPME.

Figura 42. Curva analítica para ∆9-tetraidrocanabinol pelo método HS-SPME.

y = 8340,4x + 969,12

R² = 0,9945

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

0 1 2 3 4 5

Áre

a do

pic

o

Concentração (ng mg -1)

Canabidiol

y = 0,2845x - 0,1036

R² = 0,9976

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 2 4 6 8

Áre

a re

lativ

a do

pic

o

Concentração ng mg-1

∆∆∆∆9999----Tetraidrocanabinol

Page 106: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

83

Figura 43. Curva analítica para canabinol pelo método HS-SPME.

Figura 44. Curva analítica para canabidiol pelo método HF-LPME.

y = 11266x + 4350,3

R² = 0,9991

0

20000

40000

60000

80000

100000

0 2 4 6 8 10

Áre

a d

o p

ico

Concentração (ng mg -1)

Canabinol

y = 8702,9x - 28,789

R² = 0,9943

0

1000

2000

3000

4000

5000

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Áre

a d

o p

ico

Concentração (ng mg-1)

Canabidiol

Page 107: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

84

Figura 45. Curva analítica para ∆9-tetraidrocanabinol pelo método HF-LPME.

Figura 46. Curva analítica para canabinol pelo método HF-LPME.

4.4.3 Precisão

Precisão é o termo geral para avaliar a dispersão de resultados entre ensaios

independentes, repetidos de uma mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões,

y = 0,5565x - 0,0675

R² = 0,9960

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Áre

a re

lativ

a do

pic

o

Concentração (ng mg-1)

Δ9-Tetraidrocanabinol

y = 33275x - 299,54

R² = 0,9942

0

5000

10000

15000

20000

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Áre

a d

o p

ico

Concentração (ng mg-1)

Canabinol

Page 108: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

85

em condições definidas (INMETRO, 2007). A precisão é geralmente expressa em

termos de repetitividade e precisão intermediária.

A repetitividade (precisão intra-dia) define a precisão do método em repetir,

em um curto intervalo de tempo, os resultados obtidos nas mesmas condições de

análise, ou seja, com o mesmo analista, com o mesmo equipamento, no mesmo

laboratório e fazendo uso dos mesmos reagentes (CASSIANO et al., 2009).

A precisão intermediária (precisão inter-dias) define a habilidade do método

em fornecer os mesmos resultados quando as análises são conduzidas no mesmo

laboratório, mas em diferentes dias, por diferentes analistas e diferentes

equipamentos. Para a determinação da precisão intermediária, recomenda-se um

mínimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes e, na maioria das validações

bioanalíticas, adotam-se três dias não consecutivos. (ANVISA, 2003).

Um dos valores numéricos utilizados para expressar a precisão é a

estimativa do desvio padrão relativo (RSD, do inglês relative standard deviation),

também conhecido como coeficiente de variação (CV), dada como:

CTU %' VW �� %' � 0X�

.100 (18)

Onde:

s = estimativa do desvio padrão absoluto

xm = média das medidas em replicatas

A precisão intermediária do método se baseou na análise das amostras de

cabelo com concentrações dos canabinóides (CBD, CBN e ∆9-THC) que corresponde

ao limite inferior e superior da faixa linear da curva analítica para cada método. As

análises foram realizadas em duplicata para cada concentração, executadas em cinco

dias diferentes (N =10). Uma boa precisão foi obtida com desvio padrão relativo

(RSD, %) variando de 6,6 a 16,4 % para HS-SPME e valores de RSD variando de

4,4 a 13,7 % para HF-LPME, obtendo melhor precisão em relação à HS-SPME. Os

valores obtidos são admissíveis, uma vez que os critérios aceitos para precisão são 15

% RSD e 20 % do RSD próximo ao limite de quantificação (PETERS et al., 2007).

Page 109: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

86

4.4.4 Recuperação

O ensaio de recuperação constitui o método mais utilizado para exatidão de

processos analíticos, pois reflete a quantidade de determinado analito, recuperado no

processo, em relação à quantidade real presente na amostra (BRITO et al., 2003).

Um conceito bem difundido há alguns anos atrás era que a recuperação

estava diretamente relacionada com a exatidão. Porém, nem sempre esta relação é

verdadeira e recuperações menores que 50 % têm sido aceitas (ANVISA 2003),

desde que a precisão seja aceitável. Além disso, a recuperação pode ser sacrificada

intencionalmente para melhorar a seletividade (CAUSON et al., 1997). Para técnicas

de microextração como a SPME e LPME (extrações que se baseiam no equilíbrio), a

quantidade absoluta recuperada é relativamente pequena em relação à quantidade

inicial presente (em torno de 1 %) (LORD, PAWLISZYN, 2000), porém desde que o

método seja preciso e exato e não haja prejuízo na sua detectabilidade, essa

recuperação pode ser aceita.

A recuperação absoluta foi determinada para os métodos propostos, sendo a

quantidade absoluta dos analitos extraídos por SPME foi calculada como:

CJYWZJ[RçãV RS^V_W�R %' � á2�. a/ 978/ a� bcde /f �cdeá2�. a/ 978/ a. 76g�çã/ a72�1. E 100 (19)

Para a determinação da recuperação absoluta, uma amostra do branco de

cabelo foi fortificada com 1ng (10 µL da solução de 0,1 µg mL-1 em metanol) e 80

ng (10 µL da solução de 8,0 µg mL-1 em metanol) de cada canabinóide foram

analisadas de acordo com o procedimento HS-SPME em triplicata. Os resultados

foram comparados com a injeção direta dos padrões em metanol (1 e 80 ng µL-1)

com injeção de 1 µL. Para a HF-LPME as amostras foram fortificadas com 0,01 e 5

ng para os analitos CBD e CBN e 0,2 e 5 ng para ∆9-THC foram analisados de

acordo com o procedimento em triplicata. Os resultados foram comparados com a

injeção direta dos padrões em metanol (0,01, 0,2 e 5 ng µL-1) com injeção de 1 µL.

As recuperações alcançadas pelo método de HS-SPME ficaram entre 1,1 e 8,7 %. Os

Page 110: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

87

valores encontrados são suficientes, pois ao contrário da injeção direta, a quantidade

total absorvida a partir da fibra de SPME é transferida para coluna do GC

(MUSSHOFF et al., 2003). Em relação à injeção direta, apenas uma fração do extrato

final é injetado (por exemplo, 1 µL de 1 mL do extrato final, resulta em 0,1% de

massa injetada). Sporkert e Pragst (2000) analisaram 17 drogas em cabelo por HS-

SPME e GC-MS, obtendo recuperações entre 0,04 e 5,7 %. Musshoff et al., 2002

através do seu trabalho empregando a HS-SPME conseguiram recuperações

absolutas na faixa entre 0,3 e 7,5 % para os canabinóides ∆9-THC, CBD e CBN em

cabelo. Valores maiores de recuperação absoluta foram obtidos pelo método de HF-

LPME variando na faixa de 4,4 a 8,9 %, sendo superiores em comparação com

outros métodos de HS-SPME na determinação de canabinóides em cabelo. As

Tabelas 8 e 9 estão os valores encontrados para os testes de precisão e recuperação.

Tabela 8. Precisão e recuperação absoluta do método HS-SPME.

Canabinóides

Fortificação (ng mg -1)

Recuperação absoluta (%)

(N=3)

Precisão intermediária

(RSD %) (N=10)

CBD 0,1 8,7 ± 1,1 16,4

8 2,4 ± 0,9 9,9

∆9-THC 0,1 1,7 ± 0,7 13,3

8 1,1 ± 0,6 10,9

CBN 0,1 3,2 ± 0,6 13,5

8 2,8 ± 0,5 6,6

Page 111: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

88

Tabela 9. Precisão e recuperação absoluta do método HF-LPME.

4.4.5 Limites de detecção e quantificação

Em termos gerais, o limite de detecção (LD) é a menor quantidade ou

concentração do analito na amostra que pode ser diferenciada, de forma confiável, do

zero ou do ruído de fundo. O LD é definido como sendo a menor quantidade do

analito presente em uma amostra que pode ser detectada, porém não necessariamente

quantificada, sob as condições experimentais estabelecidas (PASCHOAL et al.,

2008).

O limite de quantificação (LQ) é definido como a menor quantidade ou

concentração do analito de interesse em uma amostra, que pode ser

quantitativamente determinado com valores aceitáveis de precisão e exatidão

(CASSIANO et al., 2009).

A ANVISA (2003) recomenda que o LD seja de 2 a 3 vezes superior ao

ruído da linha de base e o LQ seja 10 vezes superior o sinal do analito em relação ao

ruído.

Canabinóides

Fortificação (ng mg-1)

Recuperação absoluta (%)

(N=3)

Precisão intermediária

(RSD %) (N=10)

CBD 0,001 4,8 ± 1,3 6,9

0,5 4,4 ± 1,1 4,4

∆9-THC 0,02 8,9 ± 1,5 6,7

0,5 7,6 ± 1,2 11,9

CBN 0,001 8,2 ± 1,4 13,7

0,5 7,7 ± 0,9 12,9

Page 112: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

89

Desde 1996, quando ocorreu o primeiro encontro da Society of Hair Testing

(SOHT) discute-se os aspectos legais da análise de cabelo, os critérios para se obter

resultados positivos e a relação entre a dose administrada e a concentração do

fármaco no cabelo (SOCIETY OF HAIR TESTING, 1997). Em 2004, a SOHT

publicou novas recomendações para análise de cabelo em casos forenses e neste

mesmo ano, a Society of Toxicological and Forensic Chemistry (GTFCh) estabeleceu

um valor de cut-off ≤ 100 pg mg-1 para ∆9-THC em cabelo com a Société Française

de Toxicologie Analytique (SFTA) (PRAGST; NADULSKI, 2005). Cut-off são

valores utilizados para decidir se o resultado analítico é causado por uma certa razão,

como por exemplo, o uso acentuado de uma droga ou não.

Os critérios para os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) dos

métodos foram estabelecidos pela relação sinal/ruído (S/N) igual a 3 e 10,

respectivamente, por meio da análise de concentrações decrescentes dos analitos. O

limite de detecção variou de 7 a 31 pg mg-1 e os valores do limite de quantificação

ficaram entre 12 e 62 pg mg-1 para HS-SPME. Os valores dos limites de detecção e

quantificação para HF-LPME variaram de 0,5 a 15 pg mg-1 e 1 a 20 pg mg-1,

respectivamente. As Tabelas 10 e 11 apresentam os valores de LD e LQ para os

métodos propostos.

Limites maiores foram obtidos na análise de ∆9-THC, CBD e CBN em

cabelo a partir da LLE e GC-MS/EI com valores de 0,1 ng mg-1 para o LOD

(BAPTISTA et al., 2002) e 0,01 ng mg-1 (LD) utilizando a SPE com GC-MS/MS-

NCI (WICKS; TSANACLIS, 2005). Estes dados corroboram que a técnica

desenvolvida por HS-SPME promove uma alta concentração dos analitos durante a

extração em relação às técnicas de extração convencionais.

A tabela 12 apresenta a comparação dos métodos propostos em relação aos

métodos que utilizam a SPME e GC-MS para a determinação de ∆9-THC, CBD e

CBN em cabelo

Page 113: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

90

Tabela 10. Limites de detecção e quantificação dos canabinóides para o método HS-SPME.

Canabinóides Cut-off

(pg mg-1) LD

(pg mg-1) LQ

(pg mg-1)

CBD - 7 12

∆9-THC 100 31 62

CBN - 11 30

Tabela 11. Limites de detecção e quantificação dos canabinóides para o método HF-LPME.

Canabinóides Cut-off

(pg mg-1) LD

(pg mg-1) LQ

(pg mg-1)

CBD - 0,5 1

∆9-THC 100 15 20

CBN - 0,5 1

Page 114: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

91

Tabela 12. Tempo de extração, limites de detecção e quantificação e recuperação dos métodos propostos comparado com outros métodos analíticos por SPME.

Método Tempo de extração

(min)

LD (pg mg-1)

LQ (pg mg-1)

Recuperação absoluta (%) Referência

DI-SPME 30 - 100-200 - Strano-Rossi; Chiarotti (1999)

HS-SPME 30 - - 0,04-5,7 Sporkert; Pragst (2000)

HS-SPME 33 50-140 - 0,3-7,5 Musshoff et al., 2002

HS-SPME com

derivação

25 12-16 37-48 6,4-59 Nadulski; Pragst,

2007

HS-SPME 40 70 120 7,0-11,2 De Oliveira et al., 2007

HS-SPME proposto

40 7-31 12-62 1,1-8,7

HF-LPME proposto

20 0,5-15 1-20 4,4-8,9

4.5 Perfil dos pacientes amostrados

No presente estudo foram coletadas 33 amostras de cabelo de pacientes do

sexo masculino (18 a 49 anos de idade) situados na Fazenda da Esperança localizada

no município de Lagarto-SE. Os pacientes amostrados relataram uma frequencia de

uso de maconha entre 1 e 35 cigarros por semana considerando que o último

consumo variou de 7 dias a 3 anos. Em relação à quantidade de dias que os

indivíduos estavam sob tratamento na fazenda variou de 2 dias a 2 anos e 6 meses.

4.6 Aplicação dos métodos HS-SPME e HF-LPME

4.6.1 HS-SPME

Page 115: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

92

O método por HS-SPME foi aplicado em dez amostras de cabelo de

indivíduos do sexo masculino de centro de reabilitação, que relataram uso dos

produtos de Cannabis de acordo com o questionário aplicado. A Tabela 12 mostra os

resultados destas amostras com seu respectivo perfil de consumo. O CBN e CBD

foram identificados em 100% das amostras, sendo o primeiro com concentrações

superiores em relação ao ∆9-THC e CBD. Uma situação semelhante foi encontrada

por outros autores em seus respectivos estudos (CIRIMELE et al., 1995b; STRANO-

ROSSI; CHIAROTTI, 1999; BAPTISTA et al., 2002). O composto ∆9-THC estava

presente em 70 % das amostras com concentrações entre o LD e LQ. A baixa

concentração de ∆9-THC nas amostras, atrelada a maior concentração de CBN pode

estar relacionada à degradação pirolítica de ∆9-THC a CBN quando a Cannabis é

fumada. [44]. As concentrações variaram para CBD de 13 a 18 ng mg-1 (média de 14

pg mg-1), para ∆9-THC de 60 a 70 pg mg-1 (média de 65 pg mg-1) e para CBN de 31 a

300 ng mg-1 (média de 96 ng mg-1). Utilizando um cut-off de 100 pg mg-1 para ∆9-

THC, todos os casos foram julgados negativos, se enquadrando no uso ocasional da

droga (PRAGST; NADULSKI, 2005). A Figura 47 mostra um cromatograma típico

de uma amostra de cabelo analisada.

Page 116: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

93

Tabela 13. Resultados das análises de cabelo a partir de usuários de Cannabis pelo método HS-SPME.

n.d: não detectado

< LQ: abaixo do limite de quantificação

Paciente Frequencia (cigarros

por semana)

Último uso (dias)

Dias internado

Concentração dos analitos em cabelo (pg mg-1) Consumo de outras drogas

CBD ∆9-THC CBN

1 4 21 20 14 < LQ 65 Álcool, anfetamina, cocaína, crack

2 2 120 3 13 < LQ 93 Álcool, cocaína, crack

3 15 90 10 14 60 64 Álcool, anfetamina, cocaína, crack

4 20 730 30 15 n.d 56 Álcool, cocaína, crack

5 7 120 120 14 n.d 78 Álcool

6 10 30 30 15 < LQ 114 Álcool, cocaína, crack

7 1 365 120 13 n.d 31 Álcool, anfetamina, cocaína, crack, LSD, ecstasy

8 2 30 15 18 70 300 Álcool, crack

9 15 365 365 15 < LQ 76 Álcool, cocaína

10 10 60 60 13 < LQ 86 Álcool, cocaína, crack

Page 117: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

94

Figura 47. Cromatograma de amostra real por HS-SPME obtida de usuário de Cannabis situado em clínica de reabilitação. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

4.6.2 HF-LPME

O método desenvolvido e validado foi aplicado na análise de ∆9-THC, CBD

e CBN em amostras de cabelo de 23 pacientes do sexo masculino provenientes de

centro de reabilitação de dependentes químicos, que relataram uso dos produtos de

Cannabis com freqüência de 1 a 35 cigarros de maconha por semana em um período

variando de 1 a 27 anos de consumo. A Tabela 13 mostra os resultados quantitativos

dos canabinóides nas amostras reais para cada paciente, com a sua respectiva

frequência por semana, último consumo da droga, dias de internação e consumo de

outras drogas.

Tempo (min)

Page 118: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

95

Das 23 amostras analisadas, somente o CBN foi detectado em todas as

amostras, sendo que, foi detectado apenas CBN (N = 12), CBN e CBD (N = 6) ou os

três analitos (N = 5). Esse comportamento pode estar relacionado com a conversão

de ∆9-THC a CBN por degradação pirolítica como mencionado anteriormente. O ∆9-

THC e CBD foram detectados em 22 % (N=5) e 48 % (N=11) das amostras

analisadas, respectivamente. As concentrações variaram para CBD de 1 a 18 pg mg-1

(média de 10 pg mg-1), para ∆9-THC de 20 a 232 pg mg-1 (média de 69 pg mg-1) e

para CBN de 9 a 107 pg mg-1 (média de 21 pg mg-1).

Considerando um cut-off de 100 pg mg-1 para ∆9-THC apenas uma amostra

foi positiva (paciente 9; ∆9-THC = 232 pg mg-1), enquadrando-se no uso regular da

droga. As amostras referentes aos pacientes 3 (63 pg mg-1 de ∆9-THC) e 6 (84 pg mg-

1 de ∆9-THC) indicaram um alto consumo da droga com 25 e 30 cigarros de

maconha por semana, respectivamente, sendo que seus resultados foram

considerados negativos de acordo com o valor de cut-off estabelecido. Pragst e

Nadulski (2005) propuseram uma diminuição do valor de cut-off de 50 pg mg-1 para

∆9-THC, pois verificaram que uma grande parte dos usuários ocasionais de Cannabis

não era detectado com um cut-off de 100 pg mg-1.

De acordo com a Tabela 12, a detecção negativa de ∆9-THC, assim como a

baixa concentração de CBD e CBN, pode estar relacionada com um período longo de

internação e último uso da droga, não descartando outros fatores que podem

influenciar na diminuição da concentração dos componentes da Cannabis, como o

uso de cosméticos ou tratamento capilar (JURADO et al., 1997), e exposição à luz

solar e umidade (SKOPP et al., 2000).

O método foi bastante seletivo, visto que os cromatogramas das amostras

reais não apresentaram picos interferentes próximos aos tempos de retenção dos

canabinóides. Do mesmo modo que a análise por HS-SPME, os pacientes relataram

uso de algumas drogas de abuso concomitantemente com a Cannabis (ver Tabela

13), assegurando desta forma, a análise dos analitos na presença de drogas de

diferentes classes químicas. O método também é capaz de detectar pelo menos um

dos analitos (CBN) em um período de até três anos (paciente 10) sem consumo da

droga, evidenciando sua alta sensibilidade. A Figura 48 mostra um cromatograma

típico de uma amostra positiva de um dos pacientes.

Page 119: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

96

Tabela 14. Resultados das amostras de cabelo utilizando o método HF-LPME.

n.d: não detectado < LQ: abaixo do limite de quantificação

Paciente Frequencia (cigarros

por semana)

Último uso (dias)

Dias internado

Concentração dos analitos em cabelo

(pg mg-1)

Consumo de outras

drogas

CBD ∆9-THC CBN

1 20 365 30 18 < LQ 58 Anfetamina, barbitúricos, cocaína, crack, ecstasy,

LSD 2 10 28 18 < LQ < LQ 17 Crack, cocaína

3 25 14 14 6 63 14 Crack, cocaína

4 7 365 75 n.d n.d 13 Álcool, cocaína, crack

5 7 150 10 1 n.d 12 Álcool , cocaína, crack

6 30 7 5 6 84 57 Cocaína, crack, LSD

7 9 120 2 n.d n.d 18 Crack

8 8 28 5 < LQ n.d 13 Álcool, cocaína, crack

9 35 15 7 14 232 107 Álcool, cocaína

10 10 1095 38 < LQ n.d 12 Crack

11 10 150 120 n.d n.d 11 Álcool, cocaína, crack

12 14 90 960 6 n.d 18 Álcool, cocaína, crack

13 7 28 8 6 n.d 18 Álcool, anfetamina,

cocaína, crack, psilocibina

14 15 365 5 n.d n.d 13 Álcool, anfetamina,

cocaína, crack

15 30 365 365 n.d n.d 16 Álcool, cocaína, crack,

flunitrazepam, psilocibina

16 1 30 15 n.d n.d 11 Álcool, crack

17 10 30 28 n.d n.d 13 Álcool, cocaína

18 20 150 90 n.d n.d 11 Cocaína, crack

19 7 120 28 n.d n.d 11 Álcool, anfetamina, benzodiazepínicos,

cocaína, crack, morfina

20 12 365 14 7 n.d 11 Álcool, anfetamina,

cocaína, crack, psilocibina

21 7 90 45 n.d n.d 10 Álcool, cocaína, crack

22 10 45 30 n.d n.d 9 Álcool, cocaína, crack,

23 15 120 120 n.d n.d 9 Crack

Page 120: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

97

Figura 48. Cromatograma (GC-MS/MS) de amostra real obtida da análise de cabelo por HF-LPME contendo: 14 pg mg-1 de CBD, 232 pg mg-1 de THC e 107 pg mg-1 de CBN. Para condições cromatográficas de análise ver item 3.2.5.

Tempo (min)

Page 121: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

98

5. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que os métodos

desenvolvidos HS-SPME e HF-LPME aliados com a cromatografia em fase gasosa e

espectrometria de massas são adequados para determinação de ∆9-tetraidrocanabinol

(∆9-THC), canabidiol (CBD) e canabinol (CBN) em cabelo humano.

A utilização do modo tandem MS/MS ofereceu uma ótima seletividade e

detectabilidade para os compostos analisados, extremamente importantes em uma

análise no nível de traços.

A microextração em fase sólida no modo headspace (HS-SPME)

demonstrou ser uma técnica simples, livre de solventes orgânicos, fornecendo

extratos com poucos interferentes, dado a complexidade da amostra de cabelo. Para a

otimização dos parâmetros de extração (oito variáveis analisadas) estes foram

obtidos utilizando um planejamento univariado, sendo que todos os parâmetros

avaliados foram importantes na resposta dos canabinóides, sendo a variável

temperatura de extração a mais importante no aumento da resposta. O método de HS-

SPME foi validado, oferecendo bons resultados para recuperação absoluta (1,1 a 8,7

%) e precisão (6,6 a 16,4 %), boa linearidade entre 0,1 e 8,0 ng mg-1 e limite de

quantificação para ∆9-THC de 0,062 ng mg-1 sendo menor que o valor de cut-off

estabelecido pela SOHT, GTFCh, e SFTA.

A microextração em fase líquida por fibra oca (HF-LPME) para determinação

dos mesmos analitos em cabelo humano foi desenvolvido e validado. Devido a sua

simplicidade e seu baixo custo, a fibra pode ser descartada depois de cada extração,

eliminando a possibilidade de carryover, sendo esta a sua principal vantagem em

relação à SPME. Para a otimização das variáveis do método, o planejamento fatorial

fracionário e planejamento composto central foram aplicados (seis variáveis

analisadas), diminuindo o número de experimentos da otimização. Na etapa de

validação, os resultados mostraram que as figuras de mérito (seletividade,

Page 122: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

99

linearidade, precisão, recuperação absoluta, limites de detecção e quantificação)

foram comparáveis ou superiores aos métodos existentes na análise de canabinóides

em cabelo, destacando a sensibilidade e linearidade, boas recuperações absolutas e

baixos limites de detecção e quantificação. Os resultados obtidos das amostras de

cabelo dos usuários de Cannabis (18 a 300 pg mg-1) indicaram que os métodos

desenvolvidos podem ser aplicados para evidenciar o uso anterior da droga, no

acompanhamento e na vigilância de dependentes químicos que estejam em clínicas

de reabilitação no período superior a 3 anos sem consumo da droga.

Page 123: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

100

6. REFERÊNCIAS

ADAMS, I. B, MARTIN, B. R. Cannabis: pharmacology and toxicology in animals and humans. Addiction , v. 91, p. 1585-1614, 1996. AHMED, S. A.; ROSS, S. A.; SLADE, D.; RADWAN, M. M.; ZULFIQAR, F.; ELSOHLY, M. A. Cannabinoid Ester Constituents from High-Potency Cannabis sativa. Journal of Natural Products, v. 71, p. 536–542, 2008. ANDALO, C.; GALLETTI, G. C.; BOCCHINI, P. Quantitative Gas Chromatography/Tandem Mass Spectrometry Using Resonant and Non-resonant Collisions in Ion Traps. Rapid Communications in Mass Spectrometry, v. 12, p. 1777–1782, 1998. ANVISA. Resolução – RE nº 899, de 29 de maio de 2003. Guia para Validação de Métodos Analíticos e Bioanalíticos. 2003. BALABANOVA, S.; ARNOLD, P. J.; LUCKOW, V.; BRUNNER, H.; WOLF, H. U. Tetrahydrocannabinols in hair of hashish smokers. Z Rechtsmed, v. 102, p. 503–508, 1989. BAPTISTA, M. J.; MONSANTO, P. V.; PINHO-MARQUES, E. G.; BERMEJO, A.; AVILA, S.; CASTANHEIRA, A. M.; MARGALHO, C.; BARROSO, M.; VIEIRA, D. N. Hair analysis for ∆9-THC, ∆9-THC-COOH, CBN, CBD, by GC/MS-EI: Comparison with GC/MS-NCI for ∆9-THC-COOH. Forensic Science. International , v. 128, p. 66-78, 2002. BAUMGARTNER, W.; HILL, V. A. Hair analysis for organic analytes: methodology, reliability issues, and field studies. In: KINTZ, P. Drug testing in hair . Boca Raton: CRC Press, 1996. Cap. 10, p. 223-266. BERTELLI, D.; PAPOTTI, G.; LOLLI, M.; SABATINI, A. G.; PLESSI, M. Development of an HS-SPME-GC method to determine the methyl anthranilate in Citrus honeys. Food Chemistry, v. 108, p. 297–303, 2008.

Page 124: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

101

BRENNEISEN, R. Chemistry and Analysis of Phytocannabinoids and Other Cannabis Constituents. In: ELSOHLY, M. A. Marijuana and the Cannabinoids. Totowa: Humana Press, 2007. Cap. 2, p. 17-49. BRAHA – Brasileiros humanitários em ação. Aspectos Sociais no uso Abusivo de Drogas, 2008. Disponível em: <http://www.braha.org/pt/drogas-psicoativas/338> Acesso em: 04 maio 2010. BRITO, N. M.; AMARANTE JÚNIOR, O. P.; POLESE, L.; RIBEIRO, M. L. Validação de Métodos Analíticos: Estratégia e Discussão. Pesticidas: R. Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 13, p. 129-146, 2003. CASSIANO, N. M.; BARREIRO, J. C.; MARTINS, L. R. R., OLIVEIRA, R. V. CASS, Q. B. Validação em métodos cromatográficos para análises de pequenas moléculas em matrizes biológicas. Química. Nova, v. 32, n. 4, p. 1021-1030, 2009. CAUSON, R. Validation of chromatographic methods in biomedical analysis: view point and discussion. Journal Chromatography B, v. 689, p. 175-180, 1997. CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS (CEBRID). V Levantamento Nacional Sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas Entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras. São Paulo, 2004. Disponível em: http://www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/index.php. Acesso em: 27de março de 2010. CHIARADIA, M. C.; COLLINS, C. H.; JARDIM, I. C. S. F. O Estado da arte da cromatografia associada à espectrometria de massas acoplada à espectrometria de massas na análise de compostos tóxicos em alimentos. Química Nova, v. 31, n. 3, p. 623-636, 2008. CHU, M. H. C.; DRUMMER, O. H. Determination of ∆9-THC in whole blood using gas chromatography-mass spectrometry. Journal of Analytical Toxicology, v. 26, p. 575–581, 2002. CIRIMELE, V.; KINTZ, P.; MAJDALANI, R.; MANGIN, P.; Supercritical fluid extraction of drugs in drug addict hair. Journal of Chromatography B, v. 673, p.173-181, 1995a.

Page 125: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

102

CIRIMELE, V.; KINTZ, P.; MANGIN, P. Testing human hair for cannabis. Forensic Science International, v. 70, p. 175-182, 1995b. CIRIMELE, V.; SACHS, H.; KINTZ, P.; MANGIN, P. Testing human hair for Cannabis. III. Rapid screening procedure for the simultaneous identification of delta 9-tetrahydrocannabinol, cannabinol, and cannabidiol. Journal of Analytical Toxicology, v. 20, n. 1, p. 13-16, 1996. CONE, E. J.; JOSEPH JÚNIOR, R. The potential for bias in hair testing for drugs of abuse. In: KINTZ, P. Drug testing in hair. Boca Raton: CRC Press, 1996. Cap. 3, p. 69-94. CRISTALE, J.; SILVA, F. S.; MARCHI, M. R. R. Desenvolvimento e aplicação de método GC-MS/MS para análise simultânea de 17 HPAs em material particulado atmosférico. Eclética Química, v. 33, p. 69-78, 2008. DADFARNIA, S.; SHABANI, A. M. H. Recent development in liquid phase microextraction for determination of trace level concentration of metals—A review. Analytica Chimica Acta, v. 658, p. 107–119, 2010. DE BACKER, B; DEBRUS, B.; LEBRUN, P.; THEUNIS, L.; DUBOIS, N.; DECOCK, L.; VERSTRAETE, A.; HUBERT, P.; CHARLIER, C.; Innovative development and validation of an HPLC/DAD method for the qualitative and quantitative determination of major cannabinoids in cannabis plant material. Journal of Chromatography B, v. 877, p. 4115–4124. 2009. DE HOFFMANN, E.; STROOBANT, V. Mass Spectrometry Principles and Applications. Chichester: John Wiley & Sons, 2007, 489p. DE OLIVEIRA, C. D. R.; YONAMINE, M.; MOREAU, R. L. M. Headspace solid-phase microextraction of cannabinoids in human head hair samples. Journal of Separation Science, v. 30, n. 1, p. 128-134, 2007 DE OLIVEIRA, A. R. M.;. MAGALHÃES, I. R. S.; DE SANTANA F. J. M.; BONATO, P. S. Microextração em fase líquida (LPME): fundamentos da técnica e aplicações na análise de fármacos em fluidos biológicos. Química Nova, v. 31, n. 3, p. 637-644, 2008. D’ASARO, J. A. An automated and simultaneous solid-phase extraction of ∆9-tetrahydrocannabinol and 11-nor-9-carboxy- ∆9-tetrahydrocannabinol from whole

Page 126: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

103

blood using the Zymakr RapidTrace with confirmation and quantitation by GC-EI-MS. Journal of Analytical Toxicology, v. 24, p. 289–295, 2000. ELSOHL, M. A.; GUL, W.; SALEM, M.; .Cannabinoids analysis: analytical methods for different biological specimens. In: BOGUSZ, M. J. Handbook of Analytical Separations - Forensic Science vol. 6. 2. ed. Elsevier: Amsterdam, 2008. Cap. 5, p. 203-241. FAZENDA DA ESPERANÇA, 2010. Disponível em: <

http://www.fazenda.org.br/preview/index.php> Acesso em: 04 maio 2010. FERREIRA, S. L. C.; DOS SANTOS, W. N. L.; QUINTELLA, C. M.; NETO, B. B.; BOSQUE-SENDRA, J. M. Doehlert matrix: a chemometric tool for analytical chemistry—review. Talanta, v. 63, p. 1061–1067, 2004. FOLTZ, R. L. Mass Spectrometric Methods for Determination of Cannabinoids in Physiological Specimens. In: ELSOHLY, M. A. Marijuana and the Cannabinoids. Totowa: Humana Press, 2007. Cap. 8, p. 179-204. GALLARDO, E.; QUEIROZ, J. A. The role of alternative specimens in toxicological analysis. Biomedical Chromatography, v. 22, p. 795–821, 2008. GORECKI, T.; PAWLISZYN, J.; Sample introduction approaches for Solid-Phase Microextraction/rapid GC. Analytical Chemistry, v. 67, p. 3265-3274, 1995. HARDING, H.; ROGERS, G.; Physiology and Growth of Human Hair. In: ROBERTSON, J. Forensic Examination of Hair. Taylor & Francis: London, 1999. Cap. 1, p. 1-77. HENDERSON, G. L. Mechanisms of drug incorporation into hair. Forensic Science International , v. 63, p. 19-29, 1993. HONÓRIO, K. M.; ARROIO, A.; DA SILVA, A. B. F. Aspectos terapêuticos de compostos da planta Cannabis sativa. Química Nova, v. 29, n. 2, 318-325, 2006. HUESTIS, M. A.; CONE, E. J. Alternative testing matrices. In KARCH, S.B. Drug abuse handbook. Boca Raton: CRC Press, 1998. Cap. 11, p. 811-869.

Page 127: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

104

HUESTIS, M. A.; SCHEIDWEILER, K. B.; SAITO, T.; FORTNER, N.; ABRAHAM, T.; GUSTAFSON, R. A.; SMITH, M. L. Excretion of ∆9-tetrahydrocannabinol in sweat. Forensic Science International, v. 174, p. 173-177, 2008. INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial; Orientações sobre Validação de Métodos de Ensaios Químicos, DOG-CGCRE-008, Revisão 2, 2007. JENKINS, A. J. Pharmacokinetics of Specific Drugs. In: KARCH, S. B. Pharmacokinetics and Pharmacodynamics of Abused Drugs. Boca Raton: CRC Press, 2008. Cap. 4, p. 25-63. JURADO, C.; KINTZ, P.; MENÉNDEZ, M.; REPETTO, M.; Influence of the cosmetic treatment of hair on drug testing. International Journal of Legal Medicine, v. 110, p. 159-163, 1997. KANAZAWA, J. Relationship between the soil sorption constants for pesticides and their physicochemical properties. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 8, p. 477-484, 1989.

KIDWELL, D. A.; BLANK, D. L. Environmental exposure-the stumbling block of hair testing. In: KINTZ, P. Drug testing in hair. Boca Raton: CRC Press, 1996. Cap. 2, p. 17-68. KIDWELL, D. A.; BLANCO, M. A.; SMITH, F. P. Cocaine detection in a university population by hair analysis and skin swab testing. Forensic Science International, v. 84, p. 75-86, 1997. KINTZ, P. Drug Testing in Hair. In: JENKINS, A. J. Drug Testing in Alternate Biological Specimens. Humana Press: Painesville, 2008. Cap.4, p. 67-81. KINTZ, P.; SAMYN, N. Use of alternative specimens: drugs of abuse in saliva and doping agents in hair. Therapeutic Drug Monitoring , v. 24, p. 239-246, 2002. KRONSTRAND, R.; SCOTT, K. Drug Incorporation into Hair. In: KINTZ, P. Analytical and Practical Aspects of Drug Testing in Hair . Boca Raton: CRC Press, 2007. Cap. 1, p. 1-23. LANÇAS, F. Validação de métodos cromatográficos de análise - vol. 6. São Carlos: Rima, 2004, 62p.

Page 128: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

105

LEE, M. R.; YEH, Y. C.; HSIANG, W. S.; CHEN, C. C. Application of solid-phase microextraction and gas chromatography mass spectrometry for determination of chlorophenols in urine. Journal Chromatography B, v. 707, p. 91-97, 1997 LEMOS, N. P.; ANDERSON, R. A.; ROBERTSON, J. R. Nail analysis for drugs of abuse: extraction and determination of Cannabis in fingernails by RIA and GC-MS. Journal of Analytical Toxicology, v. 23, n. 3, p.147-152, 1999. LORD, H.; PAWLISZYN, J. Microextraction of drugs. Journal of Chromatography A, v. 902, n. 1, p. 17-63, 2000. MESTER, Z; STUERGEON, R; PAWLISZYN, J. Solid-Phase Microextraction as a Tool for Trace Element Speciation. Spectrochimica Acta Part B, v. 56, p. 233-260, 2001. MILLS, G.A.; WALKER, V. Headspace solid-phase microextraction procedures for gas chromatographic analysis of biological fluids and materials. Journal Chromatography A, v. 902, p. 267-287, 2000. MILMAN, G.; BARNES, A. J.; LOWE, R. H.; HUESTIS, M. A. Simultaneous quantification of cannabinoids and metabolites in oral fluid by two-dimensional gas chromatography mass spectrometry. Journal of Chromatography A, v. 1217, p. 1513-1521, 2010. MOORE, C.; RANA, S.; COULTER, C. Simultaneous identification of 2-carboxy-tetrahydrocannabinol, tetrahydrocannabinol, cannabinol and cannabidiol in oral fluid. Journal of Chromatography B, v. 852, p. 459-464, 2007. MOREAU, R.L.M. Cannabis. In: OGA, S. Fundamentos de Toxicologia. 3.ed., São Paulo: Atheneu, 2008. Cap. 4, p.435–445. MUSSHOFF, F.; JUNKER, H. P.; LACHENMEIER, D. W.; KROENER, L.; MADEA, B.; Fully automated determination of cannabinoids in hair samples using headspace solid-phase microextraction and gas chromatography-mass spectrometry. Journal of Analytical Toxicology, v. 26, n. 8, p. 554-560, 2002. MUSSHOFF, F.; LACHENMEIER, D. W.; KROENER, L.; MADEA, B.; Automated headspace solid-phase dynamic extraction for the determination of cannabinoids in hair samples. Forensic Science International, v. 133, p.32-38, 2003.

Page 129: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

106

MUSSHOFF, F.; MADEA, B. Analytical pitfalls in hair testing. Analytical Bioanalytical Chemistry, v. 388, p. 1475-1494, 2007. NADULSKI, T.; PRAGST, F. Simple and sensitive determination of ∆9- tetrahydrocannabinol, cannabidiol and cannabinol in hair by combined silylation, headspace solid phase microextraction and gas chromatography–mass spectrometry. Journal of chromatography B, v. 846, p. 78-85, 2007. NAKAHARA, Y. Hair analysis for abused and therapeutic drugs. Journal of Chromatography B, v.733, p. 161-180, 1999. NERÍN, C.; SALAFRANCA, J.; AZNAR, M.; BATLLE, R. Critical review on recent developments in solventless techniques for extraction of analytes. Analytical Bioanalytical Chemistry, v. 393, p. 809-833. 2009. NIDA – National Institute on Drug Abuse National Institutes of Health. Princípios de tratamento da dependência química, 1998. Disponível em: < http://www.uniad.org.br/images/stories/arquivos/13_princpios_NIDA.pdf> Acesso em: 04 maio 2010. PALMIERI, A.; PICHINI S.; PACIFICI, R.; ZUCCAR, P.; LOPEZ, A. Drugs in Nails: Physiology, Pharmacokinetics and Forensic Toxicology. Clinical Pharmacokinetics, v. 38, n. 2, p. 95-110, 2000. PASCHOAL, J. A. R.; RATH, S.; AIROLDI, F. P. S.; REYES, F. G. R. Validação de métodos cromatográficos para a determinação de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos. Química Nova, v. 31, n. 5, p. 1190-1198, 2008. PAWLISZYN, J. New directions in sample preparation for analysis of organic compounds, Trends Analytical Chemistry, v. 14, p. 113-122, 1995. PAWLISZYN, J.; Solid Phase Microextraction: Theory and Practice. New York: Wiley-VHC, 1997, 247p. PAWLISZYN, J.; Applications of Solid Phase Microextraction. Cambridge: The Royal Society of Chemistry, 1999, 655p.

Page 130: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

107

PEDERSEN-BJERGAARD, S., RASMUSSEN, K. E. Liquid-liquid-liquid microextraction for sample preparation of biological fluids prior to capillary electrophoresis. Analytical Chemistry, v. 71, p. 2650-2656, 1999. PEDERSEN-BJERGAARD, S.; RASMUSSEN, K. E. Liquid-phase microextraction with porous hollow fibers, a miniaturized and highly flexible format for liquid–liquid extraction. Journal of Chromatography A, v. 1184, p. 132–142 2008 PENA-PEREIRA, F.; LAVILLA, I.; BENDICHO, C. Miniaturized preconcentration methods based on liquid–liquid extraction and their application in inorganic ultratrace analysis and speciation: A review. Spectrochimica Acta Part B, v. 64, p. 1–15, 2009.

PETERS, F. T.; HARTUNG, M.; HERBOLD, M.; SCHMITT, G.; DALDRUP, T.; MUSSHOFF, F.; Toxichem Krimtech, v. 71, p. 146-154, 2004.

PETERS, F. T.; DRUMMER, O. H.; MUSSHOFF, F. Validation of new methods. Forensic Science International, v. 165, p. 216–224, 2007. PRAGST, F.; NADULSKI, T.; Cut-off for THC in hair in context of driving ability. Annales de Toxicologie Analytique, v. 17, n. 4, p. 237-240, 2005. PRAGST, F.; BALIKOVA, M. A. State of the art in hair analysis for detection of drug and alcohol abuse. Clinica Chimica Acta, v. 370, p.17-49, 2006. PSILLAKIS, E.; KALOGERAKIS, N.; Developments in liquid-phase microextraction. Trends Analytical Chemistry, v. 22, p. 565-574, 2003a. PSILLAKIS, E.; KALOGERAKIS, N.; Hollow-fibre liquid-phase microextraction of phthalate esters from water. Journal of Chromatography A, v. 999, p. 145–153, 2003b. RADWAN, M. M.; ELSOHLY, M. A.; SLADE, D.; AHMED, S. A.; WILSON, L.; EL-ALFY, A. T.; KHAN, I. A.; ROSS, S. A. Non-cannabinoid constituents from a high potency Cannabis sativa variety. Phytochemistry, v. 69, p. 2627–2633, 2008. RASMUSSEN, K. E., PEDERSEN- BJERGAARD, S. Developments in hollow fibre-based liquid-phase microextraction. Trends Analytical. Chemistry, v. 23, n. 1, p. 1-11, 2004.

Page 131: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

108

RIBANI, M.; BOTTOLI, C. B. G.; COLLINS, C. H.; JARDIM, I. C. S. F.; MELO, L. F. C. Validação em métodos cromatográficos e eletroforéticos. Química Nova, v. 27, n. 5, p. 771-780, 2004. RIBEIRO, M. et al. Abuso e dependência da maconha. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 51, n. 5, 2005. SACHS, H. History of hair analysis. Forensic Science International, v. 84, p. 7-16, 1997. SALEH, A.; YAMINI, Y.; FARAJI, M.; SHARIATI, S.; REZAEEA, M. Hollow fiber liquid phase microextraction followed by high performance liquid chromatography for determination of ultra-trace levels of Se (IV) after derivatization in urine, plasma and natural water samples. Journal of Chromatography B, v. 877, p. 1758–1764, 2009. SEBBEN, V. C. Análise de efedrinas e anfetamina em urina empregando SPE e SPME por CG/EM/EM. 1997. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Faculdade de Farmácia-UFRGS, Porto Alegre: 2007. SKOPP G, POTSCH L, MAUDEN M. Stability of cannabinoids in hair samples exposed to sunlight. Clinical Chemistry, v. 46, p. 1846-1848, 2000. SKOPP, G.; STROHBECK-KUEHNER, P.; MANN, K.; HERMANN, D. Deposition of cannabinoids in hair after long-term use of cannabis. Forensic Science International , v. 170, p. 46-50, 2007. SNOW, N. H. Solid-phase micro-extraction of drugs from biological matrices. Journal of Chromatography A, v. 885, p. 445–455, 2000. SOCIETY OF HAIR TESTING. Forensic Science International, v. 84, p. 3-6, 1997. SOCIETY OF HAIR TESTING. Recommendations for hair testing in forensic cases. Forensic Science International, v. 45, p. 83-84, 2004. SPORKERT, F.; PRAGST, P. Use of headspace solid-phase microextraction (HS- SPME) in hair analysis for organic compounds. Forensic Science International, v. 107, p.129-148, 2000.

Page 132: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

109

SROGI, K. Testing for drugs in hair – a review of chromatographic procedures. Microchimica Acta, v. 154, p. 191-212, 2006. STALIKAS, C.; FIAMEGOS, Y.; SAKKAS, V.; ALBANIS, T. Developments on chemometric approaches to optimize and evaluate microextraction. Journal of Chromatography A, v. 1216, p. 175–189, 2009. STAUB, C. Chromatographic procedures for determination of cannabinoids in biological samples, with special attention to blood and alternative matrices like hair, saliva, sweat and meconium. Journal of Chromatography B, v. 733, p. 119-126, 1999. STRANO-ROSSI, S.; CHIAROTTI, M. Solid phase microextraction for cannabinoids analysis in hair and its possible application to other drugs. Journal of Analytical Toxicology, v. 23, n. 1, p. 7-10, 1999. STOLKER, A. A.; VAN SCHOONHOVEN, J.; DE VRIES, A. J.; BOBELDIJK-PASTOROVA, I.; VAES, W.H.; VAN DEN BERG, R. Determination of cannabinoids in cannabis products using liquid chromatography–ion trap mass spectrometry Journal of Chromatography A, v. 1058, p. 143-151. 2004. TEBBETT, I. R.; Drug Analysis Using Hair. In: ROBERTSON, J. Forensic Examination of Hair . Taylor & Francis: London, 1999. Cap. 5, p. 207-228. THAKUR, G. A.; DUCLOS JR, R. I.; MAKRIYANNIS, A. Natural cannabinoids: Templates for drug discovery. Life Science, v. 78, p. 454-466, 2005. THEODORIDIS, G.; KOSTER, E. H. M.; JONG, G. J. Solid-Phase Microextraction for the Analysis of Biological Matrices, Journal of Chromatography B, v. 745, p. 49-82, 2000.

TINDALL, C.; TSAI, J. S. C.; MARIO, J. Cannabis: Methods of Forensic Analysis. In: SMITH, F. P. Handbook of Forensic Drug Analysis. Burlington: Elsevier Academic Press, 2005. Cap. 3, p. 43-151. ULRICH, S. Solid-phase microextraction in biomedical analysis. Journal of Chromatography A, v. 902, n. 1, p.167-194, 2000.

Page 133: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

110

UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) 2005. Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas. II Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas. Disponível em: http://www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/index.php. Acesso em: 27de março de 2010. UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME – UNODC. W orld Drug Report, 2010. Disponível em http://www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/WDR-2009.html. Acesso em 27 de março de 2010. VALENTE, A. L. P; AUGUSTO, F. Microextração em Fase Sólida, Química Nova, v. 23, n. 4, p.523-530, 2000. VAS, G., VEKEY, K. Solid-phase microextraction: a powerful sample preparation tool prior to mass spectrometric analysis. Journal Mass Spectrometry, v. 39, p. 233-254, 2004. VÉKEY, K. Mass spectrometry and mass-selective detection in chromatography. Journal of Chromatography A, v. 921, p. 227-236, 2001. WARDENCKI, W.; CURYŁO, J.; NAMIEŚNIK, J. Trends in solventless sample preparation techniques for environmental analysis. Journal of Biochemical and Biophysical Methods, v. 70, p. 275–288, 2007.

WESTMAN-BRINKMALM, A.; BRINKMALM, G. Tandem mass spectrometry In: Ekman, R.; Silberring, J.; Westman-Brinkmalm, A.; Kraj, A. Mass spectrometry: Instrumentation, Interpretation, and Applications , New Jersey: John Wiley & Sons, 2009. Cap. 3, p. 89-103. WICKS, J. F. C.; TSANACLIS, L. M. T. Hair analysis for assessing cannabis use. Where is the cut-off? Annales de Toxicologie Analytique, v. 17, n. 2, p. 120, 2005.

Page 134: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

111

ANEXOS

Page 135: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

112

ANEXO A – Questionário para verificação do perfil de consumo

Data da coleta:

Local da coleta:

Amostra nº________

1. Dados pessoais:

Idade: ________

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Quando utilizou a maconha pela última vez?

( ) Últimas 24 horas

( ) Entre 1 e 7 dias

( ) Entre 2 e 4 semanas

( ) Entre 2 e 5 meses

( ) Mais de 5 meses. Quando?________________

3. Qual a via de consumo utilizada?

Pulmonar ( ) Oral ( )

Page 136: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

113

4. Que quantidade foi consumida neste último uso de maconha?

______________cigarros

5. Qual é (foi) a freqüência de uso?

________cigarros/dia

________cigarros/semana

6. Há quanto tempo utiliza(ou) com esta freqüência?

______________________________________________

7. Quais outras drogas que utiliza(ou) além da maconha?

( ) Bebidas alcoólicas

( ) Cocaína

( ) Crack

( ) Heroína

( ) Anfetamina (“rebite”), metanfetamina (“ice”).

( ) Outras? Qual? _________________________

Há quanto tempo ? _____________________

8. Há quanto tempo está nesse centro de reabilitação?

______________________________________________

9. Cor do cabelo:

( ) Branco

( ) Loiro

( ) Castanho

( ) Preto

Page 137: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

114

( ) Grisalho

( ) Ruivo

( ) Outro. Qual? __________

10. Utilizou algum tratamento cosmético recentemente?

( ) Sim. Qual? ________________________________________________

( ) Não

Page 138: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

115

ANEXO B – Declaração do Comitê de Ética

Page 139: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

116

ANEXO C – Produções científicas

Page 140: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

117

Page 141: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

118

ANEXO D – Matérias publicadas em jornal de circulação

Page 142: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

119

Page 143: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

120

Page 144: DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO DE … · 1.5 Canabinóides em matrizes biológicas convencionais e alternativas ..... 10 1.6 Utilização do cabelo como matriz na investigação

121