desenvolvimento urbano e estudo de impacto de vizinhança · • proposta de revisão da lpuos...
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Oficina A Cidade e o debate sobre o Plano Diretor
Desenvolvimento Urbano e
Estudo de Impacto de Vizinhança
Angela Pilotto Curitiba nov.2014
O CASO DE SÃO PAULO
• Lei Orgânica de 1990, art. 159;
• Decretos n. 34.713/94 e 36.613/96;
• Plano Diretor Estratégico (Lei 13.430/02, art. 257);
• LPUOS e Planos Regionais (Lei 13.885/04 e anexos) define os empreendimentos geradores de impacto de vizinhança como: “aqueles que pelo seu porte ou natureza possam causar impacto ou
alteração no seu entorno ou sobrecarga na capacidade de atendimento da infraestrutura” (Lei n. 13.885/04, art. 157, III)
• Lei específica - Projeto de Lei 414/11
• Plano Diretor Estratégico (Lei 16.050/14, art. 151);
• Proposta de revisão da LPUOS
Regulação atual
revogado
Art. 151. A construção, ampliação, instalação, modificação e operação
de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas causadoras de impactos ambientais, culturais, urbanos e socioeconômicos de vizinhança estarão sujeitos a avaliação do (...) EIV/RIV por parte do órgão municipal competente, previamente a emissão das licenças ou alvarás de construção, reforma ou funcionamento.
§ 1º Lei municipal definirá os empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas, públicos ou privados (...) que deverão ser objeto de Estudos e Relatórios de Impacto de Vizinhança (...).
(...)
Plano Diretor Estratégico Lei 16.050/14
O CASO DE SÃO PAULO
§ 3º O Estudo e Relatório de Impacto de Vizinhança tem por objetivo, no mínimo:
I - definir medidas mitigadoras e compensatórias em relação aos impactos negativos de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas;
II - definir medidas intensificadoras em relação aos impactos positivos de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas;
III - democratizar o processo de licenciamento urbano e ambiental;
IV - orientar a realização de adaptações aos projetos objeto de licenciamento urbano e ambiental, de forma a adequá-los as características urbanísticas, ambientais, culturais e socioeconômicas locais;
V - assegurar a utilização adequada e sustentável dos recursos ambientais, culturais, urbanos e humanos;
VI - subsidiar processos de tomadas de decisão relativos ao licenciamento urbano e ambiental;
VII - contribuir para a garantia de boas condições de saúde e segurança da população;
VIII - evitar mudanças irreversíveis e danos graves ao meio ambiente, as atividades culturais e ao espaço urbano.
Plano Diretor Estratégico Lei 16.050/14
O CASO DE SÃO PAULO
§ 4° O Estudo e Relatório de Impacto de Vizinhança deverão contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento, atividade e intervenção urbanística sobre a qualidade de vida da população residente, usuária e circulante na área e em suas proximidades incluindo, no mínimo, a analise sobre:
I - o adensamento populacional e seus efeitos sobre o espaço urbano e a população moradora e usuária da área;
II - as demandas por serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas e comunitárias;
III - as alterações no uso e ocupação do solo e seus efeitos na estrutura urbana;
IV - os efeitos da valorização imobiliária no perfil socioeconômico da área e da população moradora e usuária;
V - os efeitos na valorização ou desvalorização imobiliária;
VI - a geração de tráfego e de demandas por melhorias e complementações nos sistemas de transporte coletivo e de circulação não motorizada, em especial de bicicletas e pedestres;
Plano Diretor Estratégico Lei 16.050/14
O CASO DE SÃO PAULO
VII - os efeitos da volumetria do empreendimento e das intervenções urbanísticas propostas sobre a ventilação, iluminação, paisagem urbana, recursos naturais e patrimônios culturais do entorno;
VIII - a geração de poluição ambiental e sonora na área;
IX - as águas superficiais e subterrâneas existentes na área;
X - o acúmulo de impactos urbanos, ambientais, socioeconômicos e culturais gerados tanto pelos empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas propostas quanto já existentes.
§ 6º Fica mantida a exigência de elaboração de EIV/RIV para empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas, mesmo que estejam inseridos em áreas de Operações Urbanas Consorciadas e Áreas de Intervenção Urbana que já tenham sido licenciadas por meio de EIA/RIMA ou outro instrumento de licenciamento ambiental.
Plano Diretor Estratégico Lei 16.050/14
O CASO DE SÃO PAULO
§ 7º A Prefeitura deverá exigir dos responsáveis pela realização dos empreendimentos, instalação de atividades e implantação das intervenções urbanísticas públicas e privadas, obrigados a apresentação do estudo e relatório nos termos do § 1o, a execução das medidas mitigadoras, compensatórias e adaptativas definidas no EIV/RIV.
§ 8º O EIV/RIV deverá ser objeto de audiência pública promovida pela Prefeitura, previamente a decisão final sobre o seu licenciamento urbano e ambiental, nos termos do art. 332.
Plano Diretor Estratégico Lei 16.050/14
O CASO DE SÃO PAULO
• Categorias de uso não residencial: – nR1 - Uso não residencial, não incômodo, compatível com a
vizinhança residencial.
– nR2 - Uso não residencial compatível (que não causam impacto nocivo) à vizinhança residencial.
– nR3 - Uso não residencial especial ou incômodo à vizinhança residencial analisados por CAIEPS (Comissão de Análise Integrada de Projetos de Edificações e de Parcelamento do Solo)
Proposta de revisão da LPUOS
O CASO DE SÃO PAULO
• Instrumentos e medidas de gestão dos impactos urbanísticos conforme o uso:
– Polos geradores de tráfego Lei 15.150/10
– Empreendimentos geradores de impacto de vizinhança de grande porte: são aqueles que podem gerar impacto significativo, alteração no seu entorno ou sobrecarga na capacidade de atendimento da infraestrutura EIV/RIV
– Empreendimentos geradores de impacto ambiental EIA/RIMA
– Área de impacto cumulativo: territórios que, por apresentarem concentração de empreendimentos e atividades não residenciais já instalados e que vierem a se instalar, geram impactos urbanísticos Plano de Gestão de Impactos Urbanísticos pelo Poder Público, com a participação de proprietários e moradores, com o objetivo de estabelecer intervenções, ações e medidas operacionais e administrativas com vistas à atenuação dos impactos urbanísticos.
Proposta de revisão da LPUOS
O CASO DE SÃO PAULO
• Gestão dos impactos urbanísticos conforme a dimensão do lote: – Limites para os lotes máximos;
– Condicionantes urbanísticas:
• Parâmetros de ocupação conforme a dimensão do lote e exigência de parcelamento com doação de áreas públicas;
• Exemplos: doação de calçada, área de fruição pública, limite de fechamento do lote por anteparo vertical vedado na quadra ou lote.
Proposta de revisão da LPUOS
O CASO DE SÃO PAULO
O CASO DE SÃO PAULO
• Tramita na Câmara Municipal o Projeto de Lei n. 414/11, que dispõe sobre o Estudo de Impacto de Vizinhança e respectivo Relatório de Impacto de Vizinhança, visando regulamentar o instrumento à luz do Plano Diretor Estratégico (2002) e Lei de Uso e Ocupação do Solo (2004).
• O município de São Paulo não dispõe de lei específica que regule o tema. Considera-se que os decretos autônomos n° 34.713/94 e 36.613/96 são inválidos tendo em vista que o instrumento deve estar regulamentado em lei municipal.
• O PL foi proposto pelo Executivo a partir de projeto formulado pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES), entre 2005 e 2006.
Lei específica de EIV - PL 414/11
O CASO DE SÃO PAULO
Lei específica de EIV - PL 414/11
• Em elaboração proposta de substitutivo ao PL 414/11
• Precisa regulamentar...
– Conceituar “impacto de vizinhança”
– Definir os empreendimentos sujeitos
– Definir área de influência/vizinhança
– Temas a serem analisados (complementar PDE, termo de referência)
– Audiência pública
– Processo de licenciamento (comissão interdisciplinar)
– Monitoramento
O CASO DE SÃO PAULO
Enquanto não tem Lei específica....
Situações que chegam ao MPSP:
• Grandes empreendimentos cuja aprovação se dá de forma isolada e parcelada;
• Empreendimentos diversos concentrados em uma mesma região (impacto cumulativo);
• Grandes empreendimentos não residenciais (shoppings);
• Grandes empreendimentos multiuso;
• Condomínios e ‘loteamentos’ fechados, segregados em relação ao conjunto da cidade (interior);
• Empreendimentos que alteram o padrão urbanístico do entorno (verticalização/adensamento).
http://www.buenonetto.com.br/imovel-detalhe/parque-global 218.000m²
http://www.tecnisa.com.br/cases/37 250.000m²
http://www.parquedacidade.com.br/category/conceito/ 80.000m²
http://www.elciofernando.com.br/blog/tag/cidade-jardim/
O CASO DE SÃO PAULO
Situações que chegam ao MPSP:
• Não exigência de EIV-RIV (ausência de legislação ou “burlas”)
• EIV-RIV elaborado, mas insuficiente
• Exigência de contrapartidas que valorizam mais o empreendimento (parques, bosques, praças, estação de metrô)
• Limites de % de contrapartida mitigação no viário (PGT)
• Ausência de avaliação de impactos cumulativos
Enquanto não tem Lei específica....
Conflitos aparecem na disputa pelas áreas melhor
localizadas da cidade
Geralmente corte por: categorias de uso, tipo de atividade, porte dos empreendimentos, seja em área construída, número de vagas, de usuários ou de unidades.
Novos critérios:
(i) impactos sinérgicos e cumulativos, que podem estar associados a empreendimentos de porte menor, mas situados próximos uns aos outros;
(ii) localização do empreendimento, já que o mesmo empreendimento pode levar a diferentes impactos dependendo da região da cidade onde for instalado;
EIV/RIV
Empreendimentos/situações que estão sujeitos
(iii) grandes alterações volumétricas, que transformam consideravelmente a paisagem e o sítio urbano, promovendo amplas áreas impermeabilizadas, entre outros fatores;
(iv) empreendimentos de pequeno porte, com poucas vagas, mas que atraem um grande número de viagens e utilizam as ruas para suportar este afluxo;
A aprovação “lote a lote”, de cada empreendimento isoladamente, inviabiliza a percepção do impacto cumulativo.
Evitar: burlas através da fragmentação.
EIV/RIV
Empreendimentos/situações que estão sujeitos
• Instrumento de democratização de tomadas de decisões sobre o desenvolvimento urbano local
• Instrumento que possibilita o debate com a população local afetada pelo empreendimento e a deliberação sobre sua implantação
• A audiência pública tem a finalidade de expor aos interessados o conteúdo do estudo, mediante relatório, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes críticas e sugestões. Deve ser obrigatória (o inciso XIII do art. 2º do Estatuto da Cidade traz diretriz a respeito)
• Lei pode/deve prever papel e momento das audiências públicas no processo de aprovação do empreendimento
Necessidade de gestão e deliberação democrática
EIV/RIV
A mora legislativa não autoriza a implantação inconsequente de obras e atividades impactantes, nem com a conivência do Poder Público.
Conforme tem decidido o TJ de São Paulo:
• a ausência de lei municipal não exclui a necessidade de elaboração do EIV, porque sua exigência decorre do Estatuto da Cidade;
• o EIV é instrumento limitador da discricionariedade administrativa;
• a população deve ser consultada em audiência pública;
• o EIV deve ser prévio, até mesmo para a expedição de alvará provisório de instalação.
Na ausência de lei municipal, o Estatuto da Cidade exige!
EIV/RIV
Oficina A Cidade e o debate sobre o Plano Diretor
Desenvolvimento Urbano e
Estudo de Impacto de Vizinhança
Angela Pilotto Curitiba nov/2014
Referências
PILOTTO, A. S.; SANTORO, P. F.; FREITAS, J. C. de. Estudo de Impacto de Vizinhança: desafios para sua regulamentação frente ao caso de São Paulo. Artigo apresentado no VII Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico. São Paulo: Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico, 2013.
ROSSETTO, Rossella. Grandes empreendimentos e seus impactos no território. Aplicação do EIV-RIV. Apresentação realizada no Curso Instrumentos Urbanísticos e Políticas de Terras. São Paulo, Escola Superior do Ministério Público, 2014.
Projeto de Lei 414/11.
PMSP. Plano Diretor Estratégico, Lei 16.050/14.
PMSP. Caderno de propostas para a revisão participativa do zoneamento. São Paulo, 2014.