desenvolvimento moral e social da criança

Upload: nanagirassolarteterapia

Post on 05-Jul-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    1/24

    1

    ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MORAL E SOCIAL DA CRIANÇA

     Adriana Vitor Porto1

    Ivie Marcela Zorthea2

    RESUMO: O presente artigo trata da questão formaão da moralidade na criana so! oponto de vista de te"ricos como Piaget# $ohl!erg# %ousseau# &ur'heim# $ant e (allon#destacando pontos de complementaridade entre suas teorias# pois# ainda que ha)adiverg*ncias em v+rios pontos, - poss.vel destacar a import/ncia do meio 0 so!retudo oconv.vio social na formaão dessa moralidade# e neste encaiase primeiramente a fam.liae logo a seguir# a escola# na qual o professor tem papel de fundamental import/ncia,

    INTRODUÇÃO

    O desenvolvimento moral dos seres humanos 3 um tema deveras instigante e que

    tem levantado muitos de!ates e discuss4es nos mais diversos /m!itos, &esta forma#

    podemos encontrar !astante material so!re as teorias cl+ssicas# destacandose os estudos

    de Piaget e seus contempor/neos 0 em especial $ohl!erg 0 !em como estudos e

    hip"teses mais antigas como as teorias morais de %ousseau# &ur'heim e $ant e estudos

    de 5reud# 6ri'son e (allon,Os referidos estudos caminham por diferentes veredas e divergem em muitos

    pontos, 7o entanto# são concordantes em afirmar que o meio em que se vive interfere

    completamente na formaão da personalidade do ser humano# que não 3 passivo e#

    portanto# tem um papel ativo na construão dos valores e de normas de conduta# conforme

    se interrelaciona com este meio, Assim# 3 de fundamental import/ncia a an+lise das

    caracter.sticas do meio em que as crianas estão crescendo# sendo que esse meio

    a!range# de modo generali8ado# primeiramente o am!iente9conv.vio familiar# depois aescola# e# em seguida# outros am!ientes que a criana freqente e9ou onde conviva com

    outros indiv.duos# como em +reas de la8er# clu!es ou agremia4es# condom.nios# rua onde

    mora etc,

    ;onstatandose a import/ncia da influ*ncia do meio# pode o educador indagarse

    acerca das possi!ilidades e impossi!ilidades do adulto

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    2/24

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    3/24

    +

    1. CONCEITUAÇÃO

    Para que possamos falar so!re desenvolvimento moral# ca!e antes uma !reve

    conceituaão acerca do termo DmoralE# que suscitou algumas d>vidas no grupo quando das

    discuss4es iniciais para a reali8aão do presente estudo# uma ve8 que a moral em muitos

    momentos aca!a se confundindo com afetividade e sociali8aão# termos estes que não

    deiam de estar ligados ? moralidade# mas que não podem ser vistos como sinGnimos

    eclusivos ou determinantes# por eles mesmos# do que vem a ser a moral,

    &e acordo como &icion+rio de Psicopedagogia e Psicologia 6ducacional de

    Frunner e Zeltner

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    4/24

    desenvolvimento moral se pode considerar que tem esta criana# na medida em que mais

    adquire a capacidade de agir eticamente em seu meio social e ser assim# plenamente# aceito

    por este,

    2. A ENSINABILIDADE DAS VIRTUDES  SEGUNDO ROUSSEAU E DURKHEIM

    eanacques %ousseau nasceu em Jene!ra# na Ku.a# em 1H12# tendo falecido

    na 5rana em 1HHL, 5ilho de relo)oeiro# com um irmão que cedo a!andonou a fam.lia# ficou

    "rfão de mãe desde o seu nascimento# tendo sido criado por uma irmã de seu pai e por 

    uma ama, 7ão teve educaão regular senão por curtos per.odos e não freqentou

    nenhuma universidade, @inha por h+!ito e gosto a leitura# so!retudo dos livros deiadospor sua mãe e por seu avG materno# que era pastor protestante,

    5oi enviado ao campo por seu tio# )unto com seu primo# para que am!os fossem

    educados na resid*ncia de um pastor protestante num lugare)o chamado Fosse#

    pr"imo a Jene!ra# de onde retornou aos 12 anos para comear a tra!alhar, A partir de

    então# passou por uma sucessão de fatos amargos e comeou a cometer pequenos

    delitos# tendo sido maltratado por patr4es e acostumado a viver com muito pouco# não

    tendo# ainda assim# a!andonado o h+!ito da leitura, Aos 1N anos aca!ou fugindo para a5rana e passou a viver com uma senhora separada do marido# eprotestante# rec3m

    convertida ao catolicismo e feita freira# com quem viveu durante muitos anos# em

    per.odos alternados# durante os quais converteuse ao catolicismo e foi estudar m>sica

    em um semin+rio cat"lico# passando a viver da m>sica nos anos seguintes at3 que# em

    1HCB comeasse a escrever seus primeiros artigos e ensaios# indo para Paris em

    decorr*ncia de pro!lemas de sa>de e em !usca de melhores oportunidades na m>sica#

    que veio de fato a encontrar somente cerca de de8 anos mais tarde# quando suas

    operetas passaram a integrar a DmodaE, Ali# ainda na d3cada de CB# conheceu outros

    fil"sofos# como &iderot e os 6nciclop3dicos, Kua vida sofreu ainda diversos percalos#

    como persegui4es pol.ticas# e.lios# acometimentos de sa>de e sucessivos

    rompimentos amorosos# que o acompanharam at3 a sua morte,

    Kegundo %ousseau# o homem tem nature8a !oa# possuindo como caracter.stica

    inata a consci*ncia moral# que vai sendo deturpada no decorrer da vida# atrav3s do

    conv.vio com a sociedade# moralmente nociva,6ste te"rico acreditava que o que deturpa as a4es do homem e desperta nesses

    impulsos negativos# 3 o meio que o cerca, &esta forma# para manterse virtuoso e

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    5/24

    moralmente saud+vel diante da conviv*ncia social# deve o homem aprimorar seu

    autocontrole e sua intelig*ncia# desenvolvendo crit3rios adequados de avaliaão e

     )ulgamento e aprendendo a controlar suas  pulsões de origem interna que ofuscam sua

     percepção de mundo e deturpam suas ações 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    6/24

    .

    apta a integrar efetivamente este meio# tornandose altru.sta ao ponto de contri!uir para a

    so!reviv*ncia saud+vel da sociedade como um todo, &esta forma# somente tornase uma

    pessoa virtuosa aquela que internalizou as normas vigentes na sociedade, transformando-

    a em sua segunda natureza 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    7/24

    /

    do decl.nio da 3tica cristã medieval e o renascimento do ideal humanista# quando o

    teocentrismo comeava a ser a!andonado e o homem passava então ao primeiro plano,

    7este momento# o pensamento humano passava a entender a realidade atrav3s do uso da

    ra8ão e não mais respaldandose na teologia# surgindo assim a 3poca do Iluminismo,

    &entre as frases famosas que nos deiou $ant# est+ a seguinte indagaão:

    D;omo poder.amos tornar os homens feli8es# se não os tornamos morais e s+!iosT

    Para $ant# a moralidade DpertenceE ? cultura enquanto pressup4e o

    desenvolvimento cultural e pode somente crescer a partir dele, 7o entanto# não se pode

    di8er que esta DpertenaE ? cultura no sentido de que# em um certo n.vel cultural# algu3m

    necessariamente passe a ver a moralidade, $ant entendia que o agir moral pedia princ.piosuniversais# que atendessem# senão a todas as pessoas# ? maior parte destas# levando a

    um agir solid+rio,

    Kegundo este fil"sofo# a virtude deve ser adquirida# portanto# não 3 caracter.stica

    inata ao ser humano# e não poderia eistir se não fosse produ8ida pela fora da resoluão

    nos conflitos com as inclina4es que podem se opor, - a virtude um produto da ra8ão pura

    e pr+tica na medida em que esta conquista# com consci*ncia de sua superioridade o poder 

    so!re tais inclina4es, &eve ser desenvolvida pelo senso de dever para com ahumanidade# uma ra8ão l"gica# e )amais ser guiada por emo4es ou dese)os, Podese

    entender que# na visão de $ant# o controle total dos dese)os e emo4es constitui uma das

    maiores virtudes que o homem pode alcanar# e que deve !ali8ar as demais,

     A disciplina e a instruão seriam os princ.pios !+sicos em que a educaão deveria se

    pautar: a disciplina como coercitiva# devendo livrar o homem de seus impulsos irracionais e a

    instruão como instrumento que alimentaria o homem de ha!ilidades e conhecimentos, &i8ia

    $ant que “a falta de disciplina é um mal pior que a falta de cultura, pois a primeira pode ser remediada mais tarde, enquanto não se pode mais afastar a selvageria e corrigir um defeito

    de disciplina”. A partir do momento em que a criana conseguisse respei!r re"r!s  sem

    imposi4es do adulto# conquistaria aos poucos sua li!erdade, - importante destacar que tais

    regras deveriam ser muito !em fundamentadas# de modo que a criana pudesse

    compreender seu teor# !em como a l"gica de sua eist*ncia,

    6m seu D@ratado Pedag"gicoE# $ant formulou alguns pensamentos so!re a educaão#

    afirmando ser esta a respons+vel pela Dformaão do homem para o !em# com vistas a umfuturo com uma sociedade cada ve8 melhor e mais aperfeioadaE, 6ntristeciase ao o!servar 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    8/24

    0

    as atitudes ego.stas dos homens de seu tempo# acreditando ser tal comportamento fruto da

    educaão imediatista# egoc*ntrica e oportunista que os pais davam a seus filhos,

    Para que a educaão pudesse produ8ir um mundo melhor no futuro# $ant apontava

    tr*s princ.pios:

    a= ue a educaão fosse ministrada por pessoas capacitadas e )amais entregue a

    despreparados# pois que deveria ser encarada de forma s3ria com toda cientificidade

    pertinente e não como simples pr+ticaR

    != ue fosse p>!lica# pois aquela reali8ada em casa# no lugar de corrigir defeitos#

    aca!ava por reprodu8ilosR

    c= A Pedagogia deveria ser uma ci*ncia que su!sidiasse suas pr+ticas atrav3s depesquisas,

    6m relaão ? educaão moral# fa8se importante a o!servaão de dois

    pressupostos da teoria 'antiana: o autorespeito e as san4es, Para adquirir autorespeito

    o adulto deve a)udar a criana a honrar sua palavra sempre que empenh+la# dominando

    suas emo4es e anseios nico )ui8# !uscando sempre calar a nature8a carnal de dese)os e anseios pela

    satisfaão de pra8eres que nenhum !em fariam ? vida social,

    #. $ALLON E A %UESTÃO DA MORALIDADE

    Uenri (allon nasceu em Paris# 5rana# em 1LHQ# tendo vivido at3 1QN2, Jraduou

    se em Medicina# Psicologia e 5ilosofia# tendo atuado como m3dico na +rea dos dist>r!iospsiqui+tricos# criado em 1Q2 um la!orat"rio de Psicologia Fiol"gica da ;riana e sido

    ainda professor da niversidade Kor!onne, Ao longo de toda a vida# dedicouse a

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    9/24

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    10/24

    12

    finalmente# a sua aprovaão e aceitaão e iniciando seu processo de

    identificaão com os adultos# e# enfim# com o meio que o cerca,

    &. A MORALIDADE SOB O OLHAR DE PIAGET

    Piaget nasceu na Ku.a em 1LQN# vivendo at3 1QLB e dedicouse desde !em

    pequeno a estudos de !iologia se interessando pela vida de pequenos animais e suas

    adapta4es ao am!iente, Aos on8e anos de idade pu!licou seu primeiro artigo so!re um

    pardal al!ino que vivia em um parque, &esde cedo iniciou o estudo das o!ras de fil"sofos

    inatistas como &escartes# e outros empiristas como Woc'e, 6studou tam!3m as id3ias

    !ehavioristas de psic"logos norteamericanos e re)eitou os pressupostos dessas linhas depensamento# entendendo que o conhecimento se d+ atrav3s de respostas que o

    organismo d+ a est.mulos advindos do meio,

    &esenvolveu sua teoria denominada epistemologia gen3tica# na qual discorreu so!re

    o desenvolvimento da intelig*ncia do rec3mnascido ? vida adulta, &edicouse tam!3m ao

    estudo do desenvolvimento do )ulgamento da moralidade infantil# registrado na o!ra

    !ulgamento "oral na #riança 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    11/24

    11

    != ;ooperaão: aqui iniciase a formaão da consci*ncia da criana# sem depender 

    eclusivamente do sistema de valores dos adultos que o cercam# pois comea a

    esta!elecer seus pr"prios valores, 6la comea a pensar o que pode ser D!omE e

    o que pode ser DmauE, Aqui a criana comea a adentrar o campo dasu!)etividade no desenvolvimento de seus valores e DmensuraãoE da gravidade

    dos fatos,

    Piaget defende# a partir de seus estudos# que a moral da coaão vai caminhando

    para a moral da cooperaão na qual o respeito a!soluto pelos adultos 3 su!stitu.do pelo

    respeito m>tuo e igualdade entre todos, As regras comeam a ser entendidas como

    conven4es que resultam de compromissos entre os indiv.duos e# portanto# podem ser 

    alteradas a qualquer momento, As normas# todavia# são aplicadas de forma r.gida, 7aevoluão da moralidade a criana caminha para a adolesc*ncia, 7essa fase# Piaget sup4e

    que a moral passa a ser autGnoma, As normas deiam de ser aplicadas de forma r.gida#

    comease a considerar as posi4es e situa4es vividas por cada indiv.duo, O valor do ato

    3 )ulgado não em funão das suas conseq*ncias# mas da sua intenão, O adolescente 3

    capa8 de esta!elecer princ.pios morais gerais# e criar c"digos pr"prios de conduta,

    Kegundo a teoria da moral heterGnoma de Piaget# para as crianas pequenas# o

    Dn.vel de !ondadeE pode ser mensurado em conformidade material com as regras

    esta!elecidas# não se fa8endo relaão com a intencionalidade dos atos, &urante a fase

    heterGnoma# as crianas cr*em ainda em uma )ustia natural# imanente e infal.vel onde

    toda a norma deso!edecida tra8 uma sanão ou punião, Acreditam assim que os

    acidentes são resultados de m+s a4es que se cometeu,

    &.1. O '()p(r!)e*( +(s p!is e,(- !+-(s si"*i/i'!i0(s

    ;omo o meio influencia diretamente a formaão dos valores da criana# 3

    importante fa8er algumas considera4es acerca do comportamento 0 atitudes e rea4es 0

    dos pais em relaão aos seus filhos durante o processo de formaão destes,

    Vivemos em um mundo materialista e muitas ve8es se pode ouvir queias de pais

    em relaão ? supervalori8aão do material por seus filhos# em detrimento do

    emocional9pessoal, 7o entanto# Piaget o!servou )+ em 1Q2# que a repreensão dos pais em

    relaão aos filhos se d+ muito mais em funão de danos materiais causados# do que ?sfaltas consideradas morais, Ve)amos a seguir um eemplo pr+tico de tal comportamento:

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    12/24

    1*

    Paulinho# de anos# ficou euf"rico com a chegada da mãe em casa no final da tarde#

    que correu em sua direão para a!raala# sem prestar atenão ao fio do ventilador que

    estava no caminho# tropeando no mesmo e atirando o ventilador ao chão# tendo este se

    que!rado em v+rias partes, O menino p+ra um pouco assustado# mas ainda sorrindo para amãe# que imediatamente muda de epressão# demonstrando raiva e decepão com o

    menino e repreendendolhe rispidamente# prometendo um castigo durante os pr"imos dois

    dias para Dpensar no estrago que causouE,

    Passadas duas semanas deste epis"dio# Paulinho rece!e um !ilhete da

    coordenaão da escola solicitando que a mãe comparea ? mesma para sa!er do

    andamento escolar de seu filho e# com medo que a professora diga ? mãe que ele não se

    comportou# ou que não tem comido todo o lanche# Paulinho DesqueceE o !ilhete na gaveta deseu quarto, Ao arrumar o quarto no final de semana ap"s a data marcada para a reunião# a

    mãe encontra o !ilhete e# olhando para o filho )+ aflito e apreensivo com a situaão#

    simplesmente torce o nari8 e di8 Dah# Paulinho# esqueceu o !ilhete de novo# filhoTYE# e

    continua arrumando a gaveta murmurando: Duma hora dessas eu ligo para a escola para

    marcar uma outra dataE,

     Analisando a situaão mencionada# podemos o!servar como a mãe puniu a criana

    por um estrago material# sem qualquer intencionalidade# ao passo que praticamente Ddeiou

    passarE uma falha de car+ter moral# que foi esconder uma informaão importante# com toda a

    consci*ncia do que estava fa8endo e porque estava fa8endo, &esta forma# o menino passa a

    perce!er# e certamente registra que os estragos materiais t*m muito mais import/ncia do que

    os danos morais que possa ocasionar, Isso pode acontecer em in>meras outras situa4es

    onde são toleradas faltas morais# tais como pequenas mentiras# falta de respeito ou

    consideraão# manifesta4es de preguia etc,# e onde h+ intoler/ncia em relaão a perdas

    materiais,

    Kegundo Piaget# 3 preciso tomar cuidado com recompensas e puni4es em

    relaão ?s crianas# pois estas# no lugar de educar# passam a reforar a heteronomia

    natural da criana, Kegundo $amii

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    13/24

    1+

    vantagem em cometer esta falta# não eitar+ em fa8*lo, Pode ainda# comear a

    !uscar meios de não ser desco!erto em suas faltas# ficando assim# somente

    com a vantagem# sem precisar passar pela punião,

    != ;onformidade cega: neste caso# a criana passa a o!edecer sempre# temendo

    a punião e não desenvolve seus pr"prios valores morais# dependendo sempre

    dos valores e referenciais dos adultos que regulam seu comportamento# e

    reforandose assim a heteronomia neste indiv.duo# que se tornar+ dependente

    dos outros# e# portanto inseguro e imaturo,

    c= %evolta ou raiva: a criana sentese in)ustiada pelas puni4es severas que sofre

    e# tão logo se sente madura# o que geralmente ocorrer+ no per.odo da

    adolesc*ncia# passa a re!elarse# não o!edecendo mais a qualquer regra ou limite,

     Ao mesmo tempo em que a punião não 3 indicada# deiar que a criana a)a

    livremente# como !em lhe apra8 tam!3m não 3 a melhor maneira de orientala na

    construão de sua valoraão moral, Assim# indicase a sanão,

    6m Piaget

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    14/24

    1

    gen3tico em novas !ases, 7ascido em 1Q2H e tendo vivido at3 1QLH# doutorouse em

    Psicologia na niversidade de ;hicago com uma tese so!re o racioc.nio moral nas

    crianas e adolescentes, Ap"s o doutorado foi para Uarvard onde desenvolveu um

    programa de formaão no dom.nio do desenvolvimento humano,

    $ohl!erg reali8ou estudos so!re o racioc.nio e rea4es das crianas mediante

    dilemas morais apresentados ?s mesmas, A an+lise e organi8aão das respostas o!tidas

    em tais pesquisas o levaram a propor sua seq*ncia evolutiva em est+gios# conforme

    veremos mais adiante,

    Para este te"rico# a sociedade e suas institui4es não possuem valores definidos

    como D!onsE ou DmausE de forma definitiva# assim como o ser humano não nasce !om nem

    mau# mas sim# apto a construir e aprimorar cada ve8 mais sua consci*ncia moral# o que se

    d+ em est+gios# sendo esta!elecidos tr*s n.veis para o desenvolvimento da moralidade# a

    sa!er# Dmoralidade pr3convencionalE# o da Dmoralidade convencionalE e o Dp"s

    convencionalE, 6stes estão su!divididos em seis est+gios# independentemente da cultura#

    grupo social ou pa.s em que vive o indiv.duo, Kão estes: o 7.vel da Moralidade Pr3

    ;onvencional

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    15/24

    1

    6m relaão ? Densina!ilidade da moralE# $ohl!erg prop4e# assim como Piaget# que

    esta consiste no ato de facilitar 0 atrav3s da criaão ou propiciamento de condi4es sociais e

    psicol"gicas 0 ao indiv.duo a ascensão ao est+gio su!seqente ?quele no qual se encontra#

    de modo que o passo se)a dado por ele mesmo# Dconstru.doE em cada parte do movimento,&esta forma# não se admite aqui que valores morais# virtudes e normas se)am Densin+veisE ?

    criana# mas esta deve assimilalos por meio de suas pr"prias eperi*ncias de conviv*ncia

    social,

    Veremos nos itens su!seqentes do presente estudo# que as teorias de $ohl!erg )+

    foram apontadas como equivocadas# pois desde as an+lises de comportamentos de !e!*s

    reali8adas por te"ricos contempor/neos )+ indicam que a criana comea !em precocemente

    a ter noão das condutas impr"prias e que incomodam as pessoas ao redor# derru!andoseassim# a id3ia do egocentrismo eacer!ado nas crianas em idade pr3escolar,

    . CONHECIMENTO DE SI MESMO E AUTOCONCEITO

    7as primeiras propostas do interacionismo sim!"lico na Am3rica# temos que o DeuE 3

    visto como uma construão social# ou se)a# eiste interativamente com o meio e aqueles com

    quem convive, &e maneira mais espec.fica# 3 poss.vel di8er que a criana tem o adulto comoespelho ou modelo para as suas atitudes# e que as atitudes e valores destes servirão de !ase

    para a formaão de seus pr"prios mais tarde, Assim# a formaão moral da criana 3 tida como

    processo de construão social# diretamente ligado aos conceitos que a criana desenvolve a

    partir da o!servaão e interaão com os outros,

    uanto ? construão do autoconceito# durante o per.odo de dois a seis anos# d+se

    em representa4es isoladas e o!servase uma certa falta de coer*ncia e coordenaão de

    id3ias, As crianas utili8amse de caracter.sticas concretas# vis.veis e9ou not+veis# !em comode peculiaridades de determinadas DcategoriasE# atividades# traos f.sicos# o!)etos que possui#

    entre outros, A criana nessa fase ainda tem dificuldade de diferenciar o ideal do real,

    . CONHECIMENTO DO OUTRO E AS RELAÇ4ES SOCIAIS

    Muitos tra!alhos e estudos foram desenvolvidos acerca dos estudos so!re o

    desenvolvimento depois de Piaget# partindo a maioria da an+lise e cr.tica aos resultados

    o!tidos pelo referido te"rico, ma das conclus4es relevantes que nos permitem ter os

    estudiosos contempor/neos# 3 que as capacidades das crianas de sete anos são maiores#

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    16/24

    1.

    ou# mais avanadas do que supGs Piaget em suas teorias e# so!retudo# que o per.odo

    compreendido do nascimento at3 os H anos de idade não pode ser visto como uniforme e sem

    grandes modifica4es# como se considerava anteriormente, ;onstatouse que h+ progressos

    not+veis no campo do conhecimento social da criana at3 os sete anos# ou# nos chamadosDanos pr3escolaresE, A partir de tais estudos contempor/neos# Palacios et al. 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    17/24

    1/

    .1. CONHECIMENTO DO OUTRO NA BRINCADEIRA

    ;hacra

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    18/24

    10

    o gesto imitativo e o o(/eto sím(olo realizam a função desim(olizante, enquanto que os personagens ou o(/etos evocadosconstituem o sim(olizado. 'ssim, a imitação assume uma novacaracterística em relação aos esquemas sim(%licos anteriores, pois osím(olo passa a ser resultado de uma cola(oração entre a assimilação

    ldica e a imitação, superando o papel reprodutivo que, até então,desempen+ava.

    sím(olo ldico dessa fase, possui, portanto, um caráter anal%gico,evidenciado pela com(inação entre os o(/etos dados e os gestosrepresentativos )que constituem sim(olizantes ou significantes e oso(/etos ausentes, de ordem representativa, que são evocadossimultaneamente )constituindo, por sua vez, o sim(olizado ousignificado,

    - importante destacar aqui# que apesar da maioria das !rincadeiras de Dfa8de

    contaE constituir condutas individuais# epressando as atitudes de outros do seu pr"prioponto de vista e fa8endo com que os fatos na !rincadeira ocorram como a criana gostaria

    que fosse# estas !rincadeiras )+ representam pren>ncios de sociali8aão# uma ve8 que

    comeam a admitir companheiros em suas representa4es 0 o que# geralmente ocorre

    primeiro com as meninas 0 e representam intera4es entre pessoas, ;onv3m aqui destacar 

    que# em relaão aos longos mon"logos infantis o!servados em algumas !rincadeiras na

    faia et+ria em questão# Piaget os definia como formas de assimilaão do real por meio da

    ficão sim!"lica# e# portanto# contri!uem para a construão dos conceitos e valores ligadosaos fatos representados,

    %elativamente aos )ogos com situa4es reais praticados por crianas at3 quatro

    anos de idade# Kantos

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    19/24

    1

    criança põe-se a antecipar, através de reconstituições sim(%licas, as conseq*5ncias

    que a adviram, se tivesse deso(edecido 

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    20/24

    *2

    autoridade das pessoas não 3 a!soluta# mas ca!e a determinada situaão ou

    conteto que esta domine, Kuas id3ias de rela4es sociais passam a ser 

    desenvolvidas a partir de suas pr"prias eperi*ncias# e# em!ora ainda tenham um

    certo egocentrismo# tam!3m são pautadas em valores de reciprocidade esolidariedade# o que vai se desenvolvendo com sua pr"pria conviv*ncia social,

    uanto ? percepão social da criana# podese o!servar que desde o seu nascimento#

    passa a interagir com o meio em que vive e o!servar suas estruturas de funcionamento# ainda

    que certos esquemas sociais se)am muito compleos para serem assimilados por crianas

    muito pequenas, 7o entanto# estas estão constantemente o!servando as atitudes e rea4es

    de cada um em seu diaadia no meio social em que vivem, Kegundo &elval

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    21/24

    *1

    O!servouse tam!3m nos estudos mais recentes# que desde !em cedo

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    22/24

    **

    uanto ?s fontes do desenvolvimento de normas e valores das crianas# temse o

    /m!ito familiar em primeiro lugar# uma ve8 que sa!emos que o desenvolvimento moral 3 um

    processo constru.do de maneira gradual e atrav3s do contato da criana com o meio# ou

    ainda# de sua interaão com as pessoas com quem convive, &esta forma# as atitudes erea4es destas pessoas serão par/metros para o esta!elecimento do sistema valorativo das

    crianas# uma ve8 que representam a realidade na qual estas vivem e ? qual terão que

    adaptarse para viver e passarem a considerarse agentes de sua realidade social, &evese

    destacar# no entanto# que as crianas não serão c"pias fi3is de seus pais ou adultos

    significativos no que tange ao sistema de valores# mas que estes t*m influ*ncia relevante no

    processo de construão pelo qual as crianas irão passar e so!re o qual terão influ*ncia uma

    s3rie de outros fatores# como diversidade de am!ientes vivenciados pela criana# seus medose anseios pessoais# provenientes de suas pr"prias eperi*ncias de vida# o conteto do mundo

    em que vivem# a

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    23/24

    *+

    possuem capacidades al3m daquelas definidas por Piaget nas sucessivas etapas de

    desenvolvimento# e# so!retudo# que estas etapas não ocorrem de maneira estanque e

    sucessiva como determinou tal te"rico# seguido por $ohl!erg# que aprimorou seus estudos#

    fiando est+gios mais detalhados# mas mantendo a id3ia da distinão e sucessão dosmesmos,

     As crianas em idade pr3escolar o!viamente são im!u.das de um certo

    egocentrismo# at3 porque estão em processo de compreensão de si mesmas e de sua

    eist*ncia dentro de um sistema onde h+ outras pessoas# e que estas pensam e agem de

    maneira diversa ? sua, 7o entanto# so!retudo a partir dos tr*s anos# elas t*m uma grande

    capacidade de comear a perce!er o conteto em que vivem e comear a eperimentar sair 

    de seu pr"prio mundo e viver a realidade dos outros# !uscando entender o porqu* de seremdiferentes, &esta maneira a criana comea a entender as diferentes condutas e atitudes e

    construir seu pr"prio repert"rio destas# considerando a eist*ncia dos outros,

    uanto ? contri!uião dos adultos no desenvolvimento moral# deve fiarse

    !asicamente na id3ia de que o meio em que vive a criana ser+ o seu principal centro de

    refer*ncias para a determinaão do que 3 3tico# portanto# o que a criana vir e eperimentar do

    mundo# ser+ o que ela assimilar+# e# se vive num am!iente de viol*ncia# entender+ que a

    viol*ncia D3 a regra de so!reviv*nciaE# assim como se for sempre respeitada e considerada#

    entender+ que neste mundo as pessoas se respeitam e consideram mutuamente# por isso ela

    deve agir assim tam!3m para ser aceita,

    7este sentido# o papel do adulto 3 muito mais importante no sentido de proporcionar 

    um am!iente Dmoralmente# socialemte e afetivamente saud+velE para a criana# do que aplicar 

    puni4es recompensas em relaão ?s atitudes destas crianas# onde concordamos co Piaget

    e seus seguidores# que tais atitudes reforam a heteronomia e não contri!uem para um efetivo

    desenvolvimento da moral infantil, A orientaão deve se dar por meio do proporcionamento da

    compreensão acerca das causas e conseq*ncias das atitudes da criana# de modo que ela

    possa valor+las moralmente e# para tal o!)etivo# a conversa# !em como a utili8aão de

    san4es que este)am diretamente ligadas ?s atitudes cometidas e a!solutamente dentro do

    !omsenso e sem ferir a dignidade da criana são os melhores caminhos,

  • 8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança

    24/24

    *

    RE9ER:NCIAS

     A%%IFAK# @ere8a Wlei+, 0ducação 7nfantil 8 desenvolvimento# curr.culo e organi8aão

    escolar [et, al,\, @rad, 5+tima Murad, ] ed, Porto Alegre: Artmed# 2BBC,

    F%776%# %einhrardR Zeltner# (olf, @rad, ;acio Jomes, 9icionário de sicopedagogia e

    sicologia 0ducacional , ] ed, Petr"polis: Vo8es# 2BB2,

    ;OWW# ;3sarR MA%;U6KI# ^lvaroR PAWA;IOK# es>s