desenvolvimento moral e social da criança
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ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MORAL E SOCIAL DA CRIANÇA
Adriana Vitor Porto1
Ivie Marcela Zorthea2
RESUMO: O presente artigo trata da questão formaão da moralidade na criana so! oponto de vista de te"ricos como Piaget# $ohl!erg# %ousseau# &ur'heim# $ant e (allon#destacando pontos de complementaridade entre suas teorias# pois# ainda que ha)adiverg*ncias em v+rios pontos, - poss.vel destacar a import/ncia do meio 0 so!retudo oconv.vio social na formaão dessa moralidade# e neste encaiase primeiramente a fam.liae logo a seguir# a escola# na qual o professor tem papel de fundamental import/ncia,
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento moral dos seres humanos 3 um tema deveras instigante e que
tem levantado muitos de!ates e discuss4es nos mais diversos /m!itos, &esta forma#
podemos encontrar !astante material so!re as teorias cl+ssicas# destacandose os estudos
de Piaget e seus contempor/neos 0 em especial $ohl!erg 0 !em como estudos e
hip"teses mais antigas como as teorias morais de %ousseau# &ur'heim e $ant e estudos
de 5reud# 6ri'son e (allon,Os referidos estudos caminham por diferentes veredas e divergem em muitos
pontos, 7o entanto# são concordantes em afirmar que o meio em que se vive interfere
completamente na formaão da personalidade do ser humano# que não 3 passivo e#
portanto# tem um papel ativo na construão dos valores e de normas de conduta# conforme
se interrelaciona com este meio, Assim# 3 de fundamental import/ncia a an+lise das
caracter.sticas do meio em que as crianas estão crescendo# sendo que esse meio
a!range# de modo generali8ado# primeiramente o am!iente9conv.vio familiar# depois aescola# e# em seguida# outros am!ientes que a criana freqente e9ou onde conviva com
outros indiv.duos# como em +reas de la8er# clu!es ou agremia4es# condom.nios# rua onde
mora etc,
;onstatandose a import/ncia da influ*ncia do meio# pode o educador indagarse
acerca das possi!ilidades e impossi!ilidades do adulto
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1. CONCEITUAÇÃO
Para que possamos falar so!re desenvolvimento moral# ca!e antes uma !reve
conceituaão acerca do termo DmoralE# que suscitou algumas d>vidas no grupo quando das
discuss4es iniciais para a reali8aão do presente estudo# uma ve8 que a moral em muitos
momentos aca!a se confundindo com afetividade e sociali8aão# termos estes que não
deiam de estar ligados ? moralidade# mas que não podem ser vistos como sinGnimos
eclusivos ou determinantes# por eles mesmos# do que vem a ser a moral,
&e acordo como &icion+rio de Psicopedagogia e Psicologia 6ducacional de
Frunner e Zeltner
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desenvolvimento moral se pode considerar que tem esta criana# na medida em que mais
adquire a capacidade de agir eticamente em seu meio social e ser assim# plenamente# aceito
por este,
2. A ENSINABILIDADE DAS VIRTUDES SEGUNDO ROUSSEAU E DURKHEIM
eanacques %ousseau nasceu em Jene!ra# na Ku.a# em 1H12# tendo falecido
na 5rana em 1HHL, 5ilho de relo)oeiro# com um irmão que cedo a!andonou a fam.lia# ficou
"rfão de mãe desde o seu nascimento# tendo sido criado por uma irmã de seu pai e por
uma ama, 7ão teve educaão regular senão por curtos per.odos e não freqentou
nenhuma universidade, @inha por h+!ito e gosto a leitura# so!retudo dos livros deiadospor sua mãe e por seu avG materno# que era pastor protestante,
5oi enviado ao campo por seu tio# )unto com seu primo# para que am!os fossem
educados na resid*ncia de um pastor protestante num lugare)o chamado Fosse#
pr"imo a Jene!ra# de onde retornou aos 12 anos para comear a tra!alhar, A partir de
então# passou por uma sucessão de fatos amargos e comeou a cometer pequenos
delitos# tendo sido maltratado por patr4es e acostumado a viver com muito pouco# não
tendo# ainda assim# a!andonado o h+!ito da leitura, Aos 1N anos aca!ou fugindo para a5rana e passou a viver com uma senhora separada do marido# eprotestante# rec3m
convertida ao catolicismo e feita freira# com quem viveu durante muitos anos# em
per.odos alternados# durante os quais converteuse ao catolicismo e foi estudar m>sica
em um semin+rio cat"lico# passando a viver da m>sica nos anos seguintes at3 que# em
1HCB comeasse a escrever seus primeiros artigos e ensaios# indo para Paris em
decorr*ncia de pro!lemas de sa>de e em !usca de melhores oportunidades na m>sica#
que veio de fato a encontrar somente cerca de de8 anos mais tarde# quando suas
operetas passaram a integrar a DmodaE, Ali# ainda na d3cada de CB# conheceu outros
fil"sofos# como &iderot e os 6nciclop3dicos, Kua vida sofreu ainda diversos percalos#
como persegui4es pol.ticas# e.lios# acometimentos de sa>de e sucessivos
rompimentos amorosos# que o acompanharam at3 a sua morte,
Kegundo %ousseau# o homem tem nature8a !oa# possuindo como caracter.stica
inata a consci*ncia moral# que vai sendo deturpada no decorrer da vida# atrav3s do
conv.vio com a sociedade# moralmente nociva,6ste te"rico acreditava que o que deturpa as a4es do homem e desperta nesses
impulsos negativos# 3 o meio que o cerca, &esta forma# para manterse virtuoso e
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moralmente saud+vel diante da conviv*ncia social# deve o homem aprimorar seu
autocontrole e sua intelig*ncia# desenvolvendo crit3rios adequados de avaliaão e
)ulgamento e aprendendo a controlar suas pulsões de origem interna que ofuscam sua
percepção de mundo e deturpam suas ações
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apta a integrar efetivamente este meio# tornandose altru.sta ao ponto de contri!uir para a
so!reviv*ncia saud+vel da sociedade como um todo, &esta forma# somente tornase uma
pessoa virtuosa aquela que internalizou as normas vigentes na sociedade, transformando-
a em sua segunda natureza
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do decl.nio da 3tica cristã medieval e o renascimento do ideal humanista# quando o
teocentrismo comeava a ser a!andonado e o homem passava então ao primeiro plano,
7este momento# o pensamento humano passava a entender a realidade atrav3s do uso da
ra8ão e não mais respaldandose na teologia# surgindo assim a 3poca do Iluminismo,
&entre as frases famosas que nos deiou $ant# est+ a seguinte indagaão:
D;omo poder.amos tornar os homens feli8es# se não os tornamos morais e s+!iosT
Para $ant# a moralidade DpertenceE ? cultura enquanto pressup4e o
desenvolvimento cultural e pode somente crescer a partir dele, 7o entanto# não se pode
di8er que esta DpertenaE ? cultura no sentido de que# em um certo n.vel cultural# algu3m
necessariamente passe a ver a moralidade, $ant entendia que o agir moral pedia princ.piosuniversais# que atendessem# senão a todas as pessoas# ? maior parte destas# levando a
um agir solid+rio,
Kegundo este fil"sofo# a virtude deve ser adquirida# portanto# não 3 caracter.stica
inata ao ser humano# e não poderia eistir se não fosse produ8ida pela fora da resoluão
nos conflitos com as inclina4es que podem se opor, - a virtude um produto da ra8ão pura
e pr+tica na medida em que esta conquista# com consci*ncia de sua superioridade o poder
so!re tais inclina4es, &eve ser desenvolvida pelo senso de dever para com ahumanidade# uma ra8ão l"gica# e )amais ser guiada por emo4es ou dese)os, Podese
entender que# na visão de $ant# o controle total dos dese)os e emo4es constitui uma das
maiores virtudes que o homem pode alcanar# e que deve !ali8ar as demais,
A disciplina e a instruão seriam os princ.pios !+sicos em que a educaão deveria se
pautar: a disciplina como coercitiva# devendo livrar o homem de seus impulsos irracionais e a
instruão como instrumento que alimentaria o homem de ha!ilidades e conhecimentos, &i8ia
$ant que “a falta de disciplina é um mal pior que a falta de cultura, pois a primeira pode ser remediada mais tarde, enquanto não se pode mais afastar a selvageria e corrigir um defeito
de disciplina”. A partir do momento em que a criana conseguisse respei!r re"r!s sem
imposi4es do adulto# conquistaria aos poucos sua li!erdade, - importante destacar que tais
regras deveriam ser muito !em fundamentadas# de modo que a criana pudesse
compreender seu teor# !em como a l"gica de sua eist*ncia,
6m seu D@ratado Pedag"gicoE# $ant formulou alguns pensamentos so!re a educaão#
afirmando ser esta a respons+vel pela Dformaão do homem para o !em# com vistas a umfuturo com uma sociedade cada ve8 melhor e mais aperfeioadaE, 6ntristeciase ao o!servar
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as atitudes ego.stas dos homens de seu tempo# acreditando ser tal comportamento fruto da
educaão imediatista# egoc*ntrica e oportunista que os pais davam a seus filhos,
Para que a educaão pudesse produ8ir um mundo melhor no futuro# $ant apontava
tr*s princ.pios:
a= ue a educaão fosse ministrada por pessoas capacitadas e )amais entregue a
despreparados# pois que deveria ser encarada de forma s3ria com toda cientificidade
pertinente e não como simples pr+ticaR
!= ue fosse p>!lica# pois aquela reali8ada em casa# no lugar de corrigir defeitos#
aca!ava por reprodu8ilosR
c= A Pedagogia deveria ser uma ci*ncia que su!sidiasse suas pr+ticas atrav3s depesquisas,
6m relaão ? educaão moral# fa8se importante a o!servaão de dois
pressupostos da teoria 'antiana: o autorespeito e as san4es, Para adquirir autorespeito
o adulto deve a)udar a criana a honrar sua palavra sempre que empenh+la# dominando
suas emo4es e anseios nico )ui8# !uscando sempre calar a nature8a carnal de dese)os e anseios pela
satisfaão de pra8eres que nenhum !em fariam ? vida social,
#. $ALLON E A %UESTÃO DA MORALIDADE
Uenri (allon nasceu em Paris# 5rana# em 1LHQ# tendo vivido at3 1QN2, Jraduou
se em Medicina# Psicologia e 5ilosofia# tendo atuado como m3dico na +rea dos dist>r!iospsiqui+tricos# criado em 1Q2 um la!orat"rio de Psicologia Fiol"gica da ;riana e sido
ainda professor da niversidade Kor!onne, Ao longo de toda a vida# dedicouse a
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finalmente# a sua aprovaão e aceitaão e iniciando seu processo de
identificaão com os adultos# e# enfim# com o meio que o cerca,
&. A MORALIDADE SOB O OLHAR DE PIAGET
Piaget nasceu na Ku.a em 1LQN# vivendo at3 1QLB e dedicouse desde !em
pequeno a estudos de !iologia se interessando pela vida de pequenos animais e suas
adapta4es ao am!iente, Aos on8e anos de idade pu!licou seu primeiro artigo so!re um
pardal al!ino que vivia em um parque, &esde cedo iniciou o estudo das o!ras de fil"sofos
inatistas como &escartes# e outros empiristas como Woc'e, 6studou tam!3m as id3ias
!ehavioristas de psic"logos norteamericanos e re)eitou os pressupostos dessas linhas depensamento# entendendo que o conhecimento se d+ atrav3s de respostas que o
organismo d+ a est.mulos advindos do meio,
&esenvolveu sua teoria denominada epistemologia gen3tica# na qual discorreu so!re
o desenvolvimento da intelig*ncia do rec3mnascido ? vida adulta, &edicouse tam!3m ao
estudo do desenvolvimento do )ulgamento da moralidade infantil# registrado na o!ra
!ulgamento "oral na #riança
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!= ;ooperaão: aqui iniciase a formaão da consci*ncia da criana# sem depender
eclusivamente do sistema de valores dos adultos que o cercam# pois comea a
esta!elecer seus pr"prios valores, 6la comea a pensar o que pode ser D!omE e
o que pode ser DmauE, Aqui a criana comea a adentrar o campo dasu!)etividade no desenvolvimento de seus valores e DmensuraãoE da gravidade
dos fatos,
Piaget defende# a partir de seus estudos# que a moral da coaão vai caminhando
para a moral da cooperaão na qual o respeito a!soluto pelos adultos 3 su!stitu.do pelo
respeito m>tuo e igualdade entre todos, As regras comeam a ser entendidas como
conven4es que resultam de compromissos entre os indiv.duos e# portanto# podem ser
alteradas a qualquer momento, As normas# todavia# são aplicadas de forma r.gida, 7aevoluão da moralidade a criana caminha para a adolesc*ncia, 7essa fase# Piaget sup4e
que a moral passa a ser autGnoma, As normas deiam de ser aplicadas de forma r.gida#
comease a considerar as posi4es e situa4es vividas por cada indiv.duo, O valor do ato
3 )ulgado não em funão das suas conseq*ncias# mas da sua intenão, O adolescente 3
capa8 de esta!elecer princ.pios morais gerais# e criar c"digos pr"prios de conduta,
Kegundo a teoria da moral heterGnoma de Piaget# para as crianas pequenas# o
Dn.vel de !ondadeE pode ser mensurado em conformidade material com as regras
esta!elecidas# não se fa8endo relaão com a intencionalidade dos atos, &urante a fase
heterGnoma# as crianas cr*em ainda em uma )ustia natural# imanente e infal.vel onde
toda a norma deso!edecida tra8 uma sanão ou punião, Acreditam assim que os
acidentes são resultados de m+s a4es que se cometeu,
&.1. O '()p(r!)e*( +(s p!is e,(- !+-(s si"*i/i'!i0(s
;omo o meio influencia diretamente a formaão dos valores da criana# 3
importante fa8er algumas considera4es acerca do comportamento 0 atitudes e rea4es 0
dos pais em relaão aos seus filhos durante o processo de formaão destes,
Vivemos em um mundo materialista e muitas ve8es se pode ouvir queias de pais
em relaão ? supervalori8aão do material por seus filhos# em detrimento do
emocional9pessoal, 7o entanto# Piaget o!servou )+ em 1Q2# que a repreensão dos pais em
relaão aos filhos se d+ muito mais em funão de danos materiais causados# do que ?sfaltas consideradas morais, Ve)amos a seguir um eemplo pr+tico de tal comportamento:
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Paulinho# de anos# ficou euf"rico com a chegada da mãe em casa no final da tarde#
que correu em sua direão para a!raala# sem prestar atenão ao fio do ventilador que
estava no caminho# tropeando no mesmo e atirando o ventilador ao chão# tendo este se
que!rado em v+rias partes, O menino p+ra um pouco assustado# mas ainda sorrindo para amãe# que imediatamente muda de epressão# demonstrando raiva e decepão com o
menino e repreendendolhe rispidamente# prometendo um castigo durante os pr"imos dois
dias para Dpensar no estrago que causouE,
Passadas duas semanas deste epis"dio# Paulinho rece!e um !ilhete da
coordenaão da escola solicitando que a mãe comparea ? mesma para sa!er do
andamento escolar de seu filho e# com medo que a professora diga ? mãe que ele não se
comportou# ou que não tem comido todo o lanche# Paulinho DesqueceE o !ilhete na gaveta deseu quarto, Ao arrumar o quarto no final de semana ap"s a data marcada para a reunião# a
mãe encontra o !ilhete e# olhando para o filho )+ aflito e apreensivo com a situaão#
simplesmente torce o nari8 e di8 Dah# Paulinho# esqueceu o !ilhete de novo# filhoTYE# e
continua arrumando a gaveta murmurando: Duma hora dessas eu ligo para a escola para
marcar uma outra dataE,
Analisando a situaão mencionada# podemos o!servar como a mãe puniu a criana
por um estrago material# sem qualquer intencionalidade# ao passo que praticamente Ddeiou
passarE uma falha de car+ter moral# que foi esconder uma informaão importante# com toda a
consci*ncia do que estava fa8endo e porque estava fa8endo, &esta forma# o menino passa a
perce!er# e certamente registra que os estragos materiais t*m muito mais import/ncia do que
os danos morais que possa ocasionar, Isso pode acontecer em in>meras outras situa4es
onde são toleradas faltas morais# tais como pequenas mentiras# falta de respeito ou
consideraão# manifesta4es de preguia etc,# e onde h+ intoler/ncia em relaão a perdas
materiais,
Kegundo Piaget# 3 preciso tomar cuidado com recompensas e puni4es em
relaão ?s crianas# pois estas# no lugar de educar# passam a reforar a heteronomia
natural da criana, Kegundo $amii
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vantagem em cometer esta falta# não eitar+ em fa8*lo, Pode ainda# comear a
!uscar meios de não ser desco!erto em suas faltas# ficando assim# somente
com a vantagem# sem precisar passar pela punião,
!= ;onformidade cega: neste caso# a criana passa a o!edecer sempre# temendo
a punião e não desenvolve seus pr"prios valores morais# dependendo sempre
dos valores e referenciais dos adultos que regulam seu comportamento# e
reforandose assim a heteronomia neste indiv.duo# que se tornar+ dependente
dos outros# e# portanto inseguro e imaturo,
c= %evolta ou raiva: a criana sentese in)ustiada pelas puni4es severas que sofre
e# tão logo se sente madura# o que geralmente ocorrer+ no per.odo da
adolesc*ncia# passa a re!elarse# não o!edecendo mais a qualquer regra ou limite,
Ao mesmo tempo em que a punião não 3 indicada# deiar que a criana a)a
livremente# como !em lhe apra8 tam!3m não 3 a melhor maneira de orientala na
construão de sua valoraão moral, Assim# indicase a sanão,
6m Piaget
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gen3tico em novas !ases, 7ascido em 1Q2H e tendo vivido at3 1QLH# doutorouse em
Psicologia na niversidade de ;hicago com uma tese so!re o racioc.nio moral nas
crianas e adolescentes, Ap"s o doutorado foi para Uarvard onde desenvolveu um
programa de formaão no dom.nio do desenvolvimento humano,
$ohl!erg reali8ou estudos so!re o racioc.nio e rea4es das crianas mediante
dilemas morais apresentados ?s mesmas, A an+lise e organi8aão das respostas o!tidas
em tais pesquisas o levaram a propor sua seq*ncia evolutiva em est+gios# conforme
veremos mais adiante,
Para este te"rico# a sociedade e suas institui4es não possuem valores definidos
como D!onsE ou DmausE de forma definitiva# assim como o ser humano não nasce !om nem
mau# mas sim# apto a construir e aprimorar cada ve8 mais sua consci*ncia moral# o que se
d+ em est+gios# sendo esta!elecidos tr*s n.veis para o desenvolvimento da moralidade# a
sa!er# Dmoralidade pr3convencionalE# o da Dmoralidade convencionalE e o Dp"s
convencionalE, 6stes estão su!divididos em seis est+gios# independentemente da cultura#
grupo social ou pa.s em que vive o indiv.duo, Kão estes: o 7.vel da Moralidade Pr3
;onvencional
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6m relaão ? Densina!ilidade da moralE# $ohl!erg prop4e# assim como Piaget# que
esta consiste no ato de facilitar 0 atrav3s da criaão ou propiciamento de condi4es sociais e
psicol"gicas 0 ao indiv.duo a ascensão ao est+gio su!seqente ?quele no qual se encontra#
de modo que o passo se)a dado por ele mesmo# Dconstru.doE em cada parte do movimento,&esta forma# não se admite aqui que valores morais# virtudes e normas se)am Densin+veisE ?
criana# mas esta deve assimilalos por meio de suas pr"prias eperi*ncias de conviv*ncia
social,
Veremos nos itens su!seqentes do presente estudo# que as teorias de $ohl!erg )+
foram apontadas como equivocadas# pois desde as an+lises de comportamentos de !e!*s
reali8adas por te"ricos contempor/neos )+ indicam que a criana comea !em precocemente
a ter noão das condutas impr"prias e que incomodam as pessoas ao redor# derru!andoseassim# a id3ia do egocentrismo eacer!ado nas crianas em idade pr3escolar,
. CONHECIMENTO DE SI MESMO E AUTOCONCEITO
7as primeiras propostas do interacionismo sim!"lico na Am3rica# temos que o DeuE 3
visto como uma construão social# ou se)a# eiste interativamente com o meio e aqueles com
quem convive, &e maneira mais espec.fica# 3 poss.vel di8er que a criana tem o adulto comoespelho ou modelo para as suas atitudes# e que as atitudes e valores destes servirão de !ase
para a formaão de seus pr"prios mais tarde, Assim# a formaão moral da criana 3 tida como
processo de construão social# diretamente ligado aos conceitos que a criana desenvolve a
partir da o!servaão e interaão com os outros,
uanto ? construão do autoconceito# durante o per.odo de dois a seis anos# d+se
em representa4es isoladas e o!servase uma certa falta de coer*ncia e coordenaão de
id3ias, As crianas utili8amse de caracter.sticas concretas# vis.veis e9ou not+veis# !em comode peculiaridades de determinadas DcategoriasE# atividades# traos f.sicos# o!)etos que possui#
entre outros, A criana nessa fase ainda tem dificuldade de diferenciar o ideal do real,
. CONHECIMENTO DO OUTRO E AS RELAÇ4ES SOCIAIS
Muitos tra!alhos e estudos foram desenvolvidos acerca dos estudos so!re o
desenvolvimento depois de Piaget# partindo a maioria da an+lise e cr.tica aos resultados
o!tidos pelo referido te"rico, ma das conclus4es relevantes que nos permitem ter os
estudiosos contempor/neos# 3 que as capacidades das crianas de sete anos são maiores#
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ou# mais avanadas do que supGs Piaget em suas teorias e# so!retudo# que o per.odo
compreendido do nascimento at3 os H anos de idade não pode ser visto como uniforme e sem
grandes modifica4es# como se considerava anteriormente, ;onstatouse que h+ progressos
not+veis no campo do conhecimento social da criana at3 os sete anos# ou# nos chamadosDanos pr3escolaresE, A partir de tais estudos contempor/neos# Palacios et al.
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.1. CONHECIMENTO DO OUTRO NA BRINCADEIRA
;hacra
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o gesto imitativo e o o(/eto sím(olo realizam a função desim(olizante, enquanto que os personagens ou o(/etos evocadosconstituem o sim(olizado. 'ssim, a imitação assume uma novacaracterística em relação aos esquemas sim(%licos anteriores, pois osím(olo passa a ser resultado de uma cola(oração entre a assimilação
ldica e a imitação, superando o papel reprodutivo que, até então,desempen+ava.
sím(olo ldico dessa fase, possui, portanto, um caráter anal%gico,evidenciado pela com(inação entre os o(/etos dados e os gestosrepresentativos )que constituem sim(olizantes ou significantes e oso(/etos ausentes, de ordem representativa, que são evocadossimultaneamente )constituindo, por sua vez, o sim(olizado ousignificado,
- importante destacar aqui# que apesar da maioria das !rincadeiras de Dfa8de
contaE constituir condutas individuais# epressando as atitudes de outros do seu pr"prioponto de vista e fa8endo com que os fatos na !rincadeira ocorram como a criana gostaria
que fosse# estas !rincadeiras )+ representam pren>ncios de sociali8aão# uma ve8 que
comeam a admitir companheiros em suas representa4es 0 o que# geralmente ocorre
primeiro com as meninas 0 e representam intera4es entre pessoas, ;onv3m aqui destacar
que# em relaão aos longos mon"logos infantis o!servados em algumas !rincadeiras na
faia et+ria em questão# Piaget os definia como formas de assimilaão do real por meio da
ficão sim!"lica# e# portanto# contri!uem para a construão dos conceitos e valores ligadosaos fatos representados,
%elativamente aos )ogos com situa4es reais praticados por crianas at3 quatro
anos de idade# Kantos
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criança põe-se a antecipar, através de reconstituições sim(%licas, as conseq*5ncias
que a adviram, se tivesse deso(edecido
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autoridade das pessoas não 3 a!soluta# mas ca!e a determinada situaão ou
conteto que esta domine, Kuas id3ias de rela4es sociais passam a ser
desenvolvidas a partir de suas pr"prias eperi*ncias# e# em!ora ainda tenham um
certo egocentrismo# tam!3m são pautadas em valores de reciprocidade esolidariedade# o que vai se desenvolvendo com sua pr"pria conviv*ncia social,
uanto ? percepão social da criana# podese o!servar que desde o seu nascimento#
passa a interagir com o meio em que vive e o!servar suas estruturas de funcionamento# ainda
que certos esquemas sociais se)am muito compleos para serem assimilados por crianas
muito pequenas, 7o entanto# estas estão constantemente o!servando as atitudes e rea4es
de cada um em seu diaadia no meio social em que vivem, Kegundo &elval
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O!servouse tam!3m nos estudos mais recentes# que desde !em cedo
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uanto ?s fontes do desenvolvimento de normas e valores das crianas# temse o
/m!ito familiar em primeiro lugar# uma ve8 que sa!emos que o desenvolvimento moral 3 um
processo constru.do de maneira gradual e atrav3s do contato da criana com o meio# ou
ainda# de sua interaão com as pessoas com quem convive, &esta forma# as atitudes erea4es destas pessoas serão par/metros para o esta!elecimento do sistema valorativo das
crianas# uma ve8 que representam a realidade na qual estas vivem e ? qual terão que
adaptarse para viver e passarem a considerarse agentes de sua realidade social, &evese
destacar# no entanto# que as crianas não serão c"pias fi3is de seus pais ou adultos
significativos no que tange ao sistema de valores# mas que estes t*m influ*ncia relevante no
processo de construão pelo qual as crianas irão passar e so!re o qual terão influ*ncia uma
s3rie de outros fatores# como diversidade de am!ientes vivenciados pela criana# seus medose anseios pessoais# provenientes de suas pr"prias eperi*ncias de vida# o conteto do mundo
em que vivem# a
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possuem capacidades al3m daquelas definidas por Piaget nas sucessivas etapas de
desenvolvimento# e# so!retudo# que estas etapas não ocorrem de maneira estanque e
sucessiva como determinou tal te"rico# seguido por $ohl!erg# que aprimorou seus estudos#
fiando est+gios mais detalhados# mas mantendo a id3ia da distinão e sucessão dosmesmos,
As crianas em idade pr3escolar o!viamente são im!u.das de um certo
egocentrismo# at3 porque estão em processo de compreensão de si mesmas e de sua
eist*ncia dentro de um sistema onde h+ outras pessoas# e que estas pensam e agem de
maneira diversa ? sua, 7o entanto# so!retudo a partir dos tr*s anos# elas t*m uma grande
capacidade de comear a perce!er o conteto em que vivem e comear a eperimentar sair
de seu pr"prio mundo e viver a realidade dos outros# !uscando entender o porqu* de seremdiferentes, &esta maneira a criana comea a entender as diferentes condutas e atitudes e
construir seu pr"prio repert"rio destas# considerando a eist*ncia dos outros,
uanto ? contri!uião dos adultos no desenvolvimento moral# deve fiarse
!asicamente na id3ia de que o meio em que vive a criana ser+ o seu principal centro de
refer*ncias para a determinaão do que 3 3tico# portanto# o que a criana vir e eperimentar do
mundo# ser+ o que ela assimilar+# e# se vive num am!iente de viol*ncia# entender+ que a
viol*ncia D3 a regra de so!reviv*nciaE# assim como se for sempre respeitada e considerada#
entender+ que neste mundo as pessoas se respeitam e consideram mutuamente# por isso ela
deve agir assim tam!3m para ser aceita,
7este sentido# o papel do adulto 3 muito mais importante no sentido de proporcionar
um am!iente Dmoralmente# socialemte e afetivamente saud+velE para a criana# do que aplicar
puni4es recompensas em relaão ?s atitudes destas crianas# onde concordamos co Piaget
e seus seguidores# que tais atitudes reforam a heteronomia e não contri!uem para um efetivo
desenvolvimento da moral infantil, A orientaão deve se dar por meio do proporcionamento da
compreensão acerca das causas e conseq*ncias das atitudes da criana# de modo que ela
possa valor+las moralmente e# para tal o!)etivo# a conversa# !em como a utili8aão de
san4es que este)am diretamente ligadas ?s atitudes cometidas e a!solutamente dentro do
!omsenso e sem ferir a dignidade da criana são os melhores caminhos,
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8/16/2019 Desenvolvimento Moral e Social da Criança
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RE9ER:NCIAS
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