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A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

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Page 1: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral

a criança explica o homema moral infantil esclarece a moral adulta

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Noutra dimensão, a sociologia interessa a epistemologia pois, "o conhecimento humano é

essencialmente coletivo e a vida social constitui um dos fatores essenciais da formação e do crescimento dos conhecimentos...." (Piaget, 1973: 17).

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O equilíbrio nas trocas sociais

Page 4: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Os fatos mentais são paralelos aos fatos sociais, sendo o nós substituído pelo eu e a cooperação pelas operações simples Aspectos Conduta mental Troca Inter-

individualestrutural operatório/cognitivo regras

energético afetivo valores coletivos

simbólico símbolos individuais sinais coletivos

Page 5: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Relação cooperação X lógica operatória As ações humanas sejam individuais ou

coletivas precisam ser coerentes para serem eficazes, esta coerência tem um caráter de imperativo hipotético quando se trata de uma ação individual, mas de imperativo categórico no caso da ação coletiva. Na verdade, histórica e geneticamente, esses dois imperativos não são senão um.

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Relação cooperação X lógica operatória As regras que nascem de tal coerência se

aplicam a tudo e estruturam tanto os próprios símbolos e os valores quanto os conceitos e as representações coletivas em geral.

valores de troca individual e qualitativos inicialmente ( interesses, prazeres, esforços e afetividade em geral)

nas trocas sociais ( relações inter-individuais) sociais e mais quantitativos gerando métricas próprias valores econômicos.

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As leis do equilíbrio entre as trocas sociais Em toda sociedade existem escalas de

valores, e é possível examiná-las, num determinado momento, mesmo que elas sejam múltiplas e instáveis. As escalas de valores implicam a existência de uma perpétua valorização recíproca das ações ou dos 'serviços‘

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As leis do equilíbrio entre as trocas sociais Se um indivíduo x presta serviço a outro

indivíduo x' o resultado da ação de x é um valor para x'. Daí seguem três possibilidades: x' prestará, em troca, um serviço a x; x' não presta imediatamente um serviço a x, mas

reconhece o valor de x e, portanto, x sabe que poderá contar com ele em circunstâncias análogas;

x' não presta nenhum serviço a x, e nem o valoriza. Neste caso é x' que é desvalorizado por x: será considerado ingrato ou injusto, etc.

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As leis do equilíbrio entre as trocas sociais Nas três possibilidades desta interação

houve troca de valores. Para poder formalizá-las, considere-se: r(x) - serviço que x presta, ou seja um valor

sacrificado (tempo, trabalho, objetos, idéias etc.) ou uma renuncia atual;

s(x') - satisfação alcançada por x' a partir de r(x), que pode ser positiva ou negativa, satisfação real;

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As leis do equilíbrio entre as trocas sociais Se a ação r(x) não for imediatamente

seguida da retribuição r(x'), resultam os seguintes valores virtuais: t(x') - dívida contraída por x' para com x (gratidão,

reconhecimento, dívida econômica etc) renúncia virtual;

v(x) - crédito em favor de x relativo a dívida t(x') de x e obtido a partir da valorização de x por x', satisfação virtual;

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As leis do equilíbrio entre as trocas sociais Equações do

equilíbrio equação I: [r(x)=s(x')] + [s(x')=t(x')] + [t(x')=v(x)] = [v(x)=r(x)]

equação II:[v(x)=t(x')] + [t(x')=r(x')] + [r(x')=s(x)] = [s(x)=v(x)]

= equivalência qualitativa dos valores + ocorrência simultânea de tais equivalências

Page 12: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas

"Cooperar na ação é operar em comum, isto é, ajustar por meio de novas operações (qualitativas ou métricas) de correspondência, reciprocidade ou complementaridade, as ações executadas por cada um dos parceiros." (Piaget, 1973:105).

Page 13: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas A cooperação é um sistema de operações

inter-individuais: é a constituição dos agrupamentos de

operações lógicas que permite a formação da cooperação ou vice-versa?

é um sistema então não há como separar a ação sobre os objetos da ação sobre os outros.

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Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas Primeiramente existência de escala comum de valores

intelectuais, expressos por meio de símbolos comuns e unívocos A existência de tal escala implica ainda: a existência de uma linguagem e de um sistema de noções definidas, que mesmo com divergências permita a tradução das noções de um para outro parceiro e, também, um certo número de proposições fundamentais, admitidas por convenção e que relacionem estas noções.

Page 15: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas Em segundo lugar, deve haver uma igualdade geral dos valores em jogo nas

sucessões r(x)s(x')t(x')v(x) e r(x')s(x)t(x)v(x') ou, melhor dizendo, deve haver acordo sobre a igualdade r=s e, também, conservação desse acordo ou das proposições anteriormente reconhecidas t=v.

Dessa forma, numa troca de idéias equilibrada, as igualdades

s(x')=t(x')=v(x) e s(x)=t(x)=v(x') são verdadeiras e, já, numa troca idéias baseada em simples interesse momentâneo, elas não existirão. Essas igualdades implicam que x e x' possam colocar-se de acordo sobre a mesma proposição, ou que sejam capazes de justificar a diferença dos seus pontos de vista.

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Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas Finalmente, é preciso ser possível atualizar

incessantemente os valores virtuais t e v, o que permitiria o retorno as validades reconhecidas anteriormente, sem contradições de ambas as partes, esta reversibilidade se expressa por [r(x)=s(x')=t(x')=v(x)] [r(x')=s(x)=t(x)=v(x')], que implica na reciprocidade

r(x)=r(x') s(x')=s(x).

Page 17: A cooperação e a sua relação com o desenvolvimento da inteligência e da da moral a criança explica o homem a moral infantil esclarece a moral adulta

Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas Relações de Cooperação

- egocentrismo ausência da primeira e da segunda condição não conservação dos valores.

A falta da escala comum de valores leva ao uso da mesma palavra com diferentes noções entre os dois parceiros, ou leva à utilização de imagens e símbolos com significações privadas.

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Condições necessárias ao equilíbrio nas trocas Relações de Cooperação coação a escala comum dos valores

forçada conservação unilateralmente, não é recíproca não é reversível e não conduz a verdades de ordem operatória.

A coação causa a impressão da existência de um equilíbrio, este, no entanto, é falso pois a terceira condição está ausente, e bastará uma pequena discussão livre para deslocá-lo.

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Cooperação e lógica operatória Quando atinge o equilíbrio, a troca de

pensamento constitui uma estrutura operatória, ou seja, um sistema de correspondência simples ou de reciprocidades. Esse sistema é na verdade um agrupamento que engloba os que são elaborados individualmente pelos parceiros que cooperam.

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Cooperação e lógica operatória Dois indivíduos x e x' tem necessariamente percepções diferentes e não intercambiáveis:

trocamos idéias, isto é, julgamentos verbais se dirigindo a percepções, mas nunca percepções mesmas! Acontece o mesmo com movimentos que x e x' poderão executar em relação ao objeto, à suas imagens mentais, à suas recordações, logo a todo o seu simbolismo privado, enquanto não é traduzido em noções. Ora, estas uma vez admitidas, as convenções que fixam o sentido das palavras e a definição nominal dos conceitos, só podem dar lugar a comunicações sob a forma de julgamento ou de raciocínios. Enquanto estes julgamentos não podem revestir-se de forma operatória permanecendo no nível de proposições intuitivas, a concordância entre os parceiros não poderia estar certa, pois toda a intuição perceptiva ou ilustrada engloba um resíduo egocêntrico. A concordância certa revestirá, pois, a forma de dupla operação: a efetuada por x em sua proposição r(x) é evidente; mas é necessário compreender que, na falta de autoridade exterior, x' não poderá assegurar a sua concordância, nem mesmo apreender o pensamento de x, a não ser com a única condição de poder efetuar por sua conta a mesma operação." (Piaget, 1973:191).

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Cooperação e lógica operatória A obrigação da manutenção do reconhecimento de r(x) expressa

em s(x')=t(x'), não sendo devida a autoridade, só pode ser derivada do princípio da não contradição, constituindo-se aqui não na aplicação de uma lei jurídica, mas num efeito direto da reversibilidade do pensamento, pois "pensar sem contradições é simplesmente pensar por operações reversíveis" (Piaget, 1973: 192). A não contradição neste caso deixa de ser um fator de equilíbrio interno do pensamento, para se transformar em uma regra ou norma social nascida da reciprocidade.

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Cooperação e desenvolvimento moral

A interferência do social nos níveis de consciência das regras

inteligência motora regra motora anomia (associal)

egocentrismo regra coercitiva heteronomia (devida ao respeito unilateral e ao individualismo).

cooperaçãoregra racional autonomia (devida ao respeito mútuo e à socialização).

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E de onde vem o respeito as Regras?

Há dois tipos de respeito "O respeito unilateral resulta da desigualdade de valorização entre dois indivíduos, o respeito mútuo procede da equivalência. Suponhamos, por exemplo, que sente ' superior a ele em certo campo, enquanto o inverso ocorre em outro campo. Ou ainda que, colaborando um com o outro em pé de igualdade, x e x' se consideram como de valores equivalentes. Num e noutro caso (e todas as transmissões são naturalmente concebíveis entre o respeito unilateral e o respeito mútuo) acontece que x e x', ou reconhecerão uma escala comum de valores ou, em caso de divergência, reconhecerão mutuamente a legitimidade do ponto de vista do outro ( graças a valores comuns mais gerais de cujos valores particulares divergentes aparecerão como derivados os dois). Desde então, não existirão mais entre eles relações de autoridade à obediência de ordens, instruções etc., mas relações de simples acordo mútuo." (Piaget, 1973:147).

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Respeito Mútuo – envolve o respeito a si mesmo.

Indivíduo 1 Indivíduo 2

Indivíduo 1 Indivíduo 2

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A coação adulta e o realismo moral Invocar somente a inteligência da criança que

compreende cada vez mais o que coloca primeiro como forma realista, seria apenas deslocar a questão: de onde vem o progresso da inteligência psicológica, com a idade, senão precisamente da cooperação crescente? Resta, é verdade que a cooperação supõe a inteligência, mas não há nada mais natural num tal círculo: a inteligência que anima a cooperação, necessita deste instrumento social para constituir-se ela própria." (Piaget 1977:149)

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A cooperação e o desenvolvimento da noção de justiça "A moral da coação é a moral do dever puro e da

heteronomia: a criança aceita do adulto um certo número de ordens às quais deve submeter-se quaisquer que sejam as circunstâncias. O bem é o que está de acordo, o mal é o que não está de acordo com estas ordens: a intenção só desempenha pequeno papel nesta concepção, e a responsabilidade é objetiva. Mas, à margem desta moral, depois em oposição a ela, desenvolve-se, pouco a pouco, uma moral da cooperação, que tem por princípio a solidariedade, que acentua a autonomia da consciência, a intencionalidade e, por conseqüência, a responsabilidade subjetiva."(Piaget, 1977:288).

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O elemento quase material de medo que intervém no respeito unilateral, desaparece então progressivamente em favor do medo totalmente moral de decair aos olhos do indivíduo respeitado: a necessidade de ser respeitado equilibra, por conseguinte a de respeitar, e a reciprocidade que resulta desta nova relação basta para aniquilar qualquer elemento de coação. A ordem desaparece para tornar-se acordo mútuo, e as regras livremente consentidas perdem o seu caráter de obrigação externa. Bem mais, sendo as regras submetidas às leis da reciprocidade, são estas mesmas leis racionais em sua essência, que constituirão as verdadeiras normas morais. A razão torna-se, desde então, livre para construir seu plano de ação, na medida em que permanece racional, isto é, na medida em que sua coerência interna e externa está salvaguardada, na proporção em que o indivíduo consegue situar-se numa perspectiva tal que as outras perspectivas concordem com ela. Assim está conquistada a autonomia, além da anomia e da heteronomia." (Piaget, 1977:334).

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É neste sentido que a razão sob seu duplo aspecto social e moral, é um produto coletivo... Isto significa que a vida social é necessária para permitir ao indivíduo tomar consciência do espírito e para transformar, assim, em normas propriamente ditas, os simples equilíbrios funcionais imanentes a toda atividade mental ou mesmo vital." (Piaget, 1977:346).

"A formação da lógica na criança, primeiramente, evidencia dois fatos essenciais: que as operações lógicas procedem da ação e que a passagem da ação irreversível às operações reversíveis se acompanha necessariamente de uma socialização das ações, procedendo ela mesma do egocentrismo à cooperação." (Piaget, 1973: 96).

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"Em suma, de qualquer maneira que virmos a questão, as funções individuais e as funções coletivas se referem umas às outras na explicação das condições necessárias ao equilíbrio lógico. Quanto a lógica mesma, ela ultrapassa as duas, pois depende do equilíbrio necessariamente ideal ao qual tendem uma e outra. Isto não quer dizer que existe a lógica em si, que comandaria simultaneamente as ações individuais e sociais, pois a lógica só é a forma de equilíbrio imanente ao processo de desenvolvimento destas ações mesmas. Mas as ações, tornando-se compostas entre si e reversíveis, adquirem, elevando-se à fileira de operações, o poder de se substituir umas às outras. o 'agrupamento' não é assim senão um sistema de substituições possíveis, seja no centro de um pensamento individual ( operações da inteligência), seja de um indivíduo a outro (cooperação). Estas duas espécies de substituições constituem então uma lógica geral, ao mesmo tempo coletiva e individual, que caracteriza a forma de equilíbrio comum tanto às ações cooperativas quanto individualizadas." (Piaget, 1973:196).

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"À passividade da livre troca, a cooperação opõe assim a dupla atividade de uma descentração, em relação ao egocentrismo intelectual e moral e de uma liberação em relação às coações sociais que este egocentrismo provoca ou mantém. Como a relatividade no plano teórico, a cooperação no plano das trocas concretas supõe, pois, uma conquista contínua sobre os fatores de automatização e de desequilíbrio. Quem diz autonomia, em oposição à anomia e à heteronomia, diz, com efeito, atividade disciplinada ou auto-disciplina, a igual distância da inércia ou da atividade forçada. É onde a cooperação implica um sistema de normas, diferindo da suposta livre troca cuja liberdade se torna ilusória pela ausência de tais normas. E é porque a verdadeira cooperação é tão frágil e tão rara no estado social dividido entre os interesses e as submissões, assim como a razão permanece tão frágil e tão rara em relação às ilusões subjetivas e ao peso das tradições." (Piaget, 1973:111).

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"...Adquirida a linguagem , a socialização do pensamento manifesta-se pela elaboração de conceitos e relações e pela constituição de regras... É justamente na medida, até, que o pensamento verbo-conceptual é transformado pela sua natureza coletiva que ele se torna capaz de comprovar e investigar a verdade, em contraste com os atos práticos dos atos da inteligência sensório-motora e à sua busca de êxito ou satisfação". (Piaget, 1963:336).

Ainda sobre a importância do social, tem-se Piaget declarando: "...por que num determinado momento da vida, o sujeito tem

necessidade de representar as relações espaciais em vez de simplesmente agir sobre elas? Evidentemente, é para comunicar a outrem ou para obter de outrem alguma informação sobre a realidade que se relaciona com o espaço, fora dessa relação social não descortinamos razão alguma para que a representação pura suceda à ação"; (Piaget, 1963:342)

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Na realidade a educação forma um todo indissociável e não é possível formar personalidades autônomas no domínio moral se, por outro lado, o indivíduo está submetido a uma coerção intelectual tal que deva se limitar a aprender passivamente, sem tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo intelectualmente não pode ser livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral consiste exclusivamente numa submissão a vontade adulta e se as únicas relações sociais que constituem a vida da classe são as que ligam cada aluno individualmente a um mestre que determina todos os poderes, ele não pode tampouco ser ativo intelectualmente". (Piaget, 1972:61)

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Referências

PIAGET, Jean. Estudos Sociológicos. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 1973.

PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas - problema central do desenvolvimento. Ed. Zahar. Rio de Janeiro, 1976.

PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1977.

PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Editora José Olympio. rio de Janeiro, 1984.