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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo explicar conceitualmente o instituto do dono moral, a evolução do mesmo na legislação brasileira e os casos em que se pode pleitear a devida indenização junto à Justiça do Trabalho. Será analisado à luz do Direito Brasileiro e da doutrina a sua aplicabilidade na seara trabalhista e como o instituto vem sendo usado de forma desmedida por aqueles que visam apenas auferir vantagem econômica, bem como identificar o impacto que essas ações vêm causando ao judiciário brasileiro. Busca examinar os fatores que influenciam na fixação do valor da reparação e quais as alternativas que podem ser adotadas para que este importante instituto não venha ser banalizado. Para tanto se verificará a viabilidade de criação de leis e alternativas que possam ser usadas para se chegar a uma correta quantificação do dano moral trabalhista. Palavras-chave: Dano moral; Justiça do Trabalho; Banalização; Indenização; Dificuldade de quantificação. Abstract: This study aims to conceptually explain the institute's moral owner, the evolution of moral owner under Brazilian law, and cases in which one can claim the compensation payable by the labor courts. Will be analyzed in the light of the Brazilian law and doctrine, its applicability in labor harvest and how this institute is being used uncontrollably by those who only seek to derive economic advantage, and the impact that these actions have caused the Brazilian judiciary. Seeks to examine the factors that influence in determining the value of repairs and what alternatives can be adopted for this important institute will not be trivialized. For that you check the feasibility of creating laws and alternatives that can be used to arrive at a correct quantification of labor pain and suffering. Keywords: Material damage; Labour Court; Trivialization; Indemnity; Difficulty of quantification. Sumário: Introdução. 1. Conceito. 2. Evolução do Dano moral no Brasil. 3. Dano moral e Dano material. 4. Caracterização do Dano moral. 5. O Dano moral no Direito do Trabalho. 6. Competência. 7. Reparação do Dano moral. 8. A indenização do Dano moral trabalhista e os fatores que podem levar a banalização. 8.1. Livre convencimento do juiz. 8.2. Cumulação de Danos morais com Danos materiais. 8.3. Diversidade de julgados. 8.4. Enriquecimento sem causa. 8.5. Congestionamento do judiciário. 9. Possíveis meios de resolução para chegar a uma justa quantificação. 9.1. Condenação por litigância de má fé. 9.2. Inclusão de programas de conscientização e esclarecimento sobre dano moral nas empresas. 9.3. Criação de leis com valores pré-fixados. 10. Dano moral no Direito estrangeiro. 10.1. Direito Italiano. 10.2. Direito Francês. 10.3. Direito Espanhol. 10.4. Direito Alemão. Considerações finais. Referências.
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO THE TRIVIALIZATION OF MORAL DAMAGE THE INSTITUTE IN LABOR LAW MARCILIO ROSA VIANA Graduando do Curso de Direito da Faculdade Icesp de Brasília
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho versa a respeito do dano moral nas relações de trabalho, analisando-se
como este instituto vem sendo usado de forma indiscriminada, ocasionando o que se chama
atualmente de banalização do dano moral no Direito do Trabalho. Tal questão é de grande
relevância, uma vez que este tema diz respeito a toda a sociedade.
Pretende-se ao longo deste trabalho analisar quais os fatores que influenciam no crescente
número de pedidos de indenizações por danos morais trabalhistas, bem como quais seriam as
formas a serem adotadas para a fixação de tais valores.
Entretanto, se faz necessário esclarecer que o assunto abordado se restringirá ao dano
moral requerido de forma individual pelo empregado, não se estudando a fundo o inverso, ou
seja, o direito que também dispõe o empregador de pleitear dano moral quando este se sentir
lesado, como por exemplo, quando houver ofensa à imagem da empresa.
1. CONCEITO
Antes de adentrar ao foco do presente trabalho, é preciso que se conceitue dano de uma
forma ampla, para não aprofundarmos em um de seus desdobramentos, qual seja o dano
moral.
Para Nascimento (2015, p. 13) dano moral pode ser definido como: “A lesão (diminuição
ou destruição) que uma pessoa sofre, devido a um certo evento, conta sua vontade, em
qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral.
Em linhas gerais, toda a ação que diminua o patrimônio de outra pessoa e que lhe cause
algum tipo de prejuízo material pode ser caracterizado como um tipo de dano, que
corresponde ao dano patrimonial. Por outro lado, temos o dano moral que não está ligado a
prejuízos materiais, sendo um dano extrapatrimonial.
O dano moral por sua vez pode ser definido quando há uma lesão à esfera íntima de uma
pessoa, causando-lhe sentimentos negativos, como a tristeza, a angústia, o isolamento, a
depressão, dentre vários outros. Muitas vezes são invisíveis aos olhos humanos e
consequentemente difícil de conceituar e valorar.
Bittar (1994, p. 24), grande doutrinador com vasta obra produzida no campo do dano
moral conceitua que:
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Danos morais são lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade, em razão de investidas injustas de outrem. São aqueles que atingem a moralidade e a afetividade da pessoa, causando-lhe constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações negativas. Contrapõem-se aos danos denominados materiais, que são prejuízos suportados no âmbito patrimonial do lesado.
Duas vertentes se mostram dominantes na conceituação de dano moral: a primeira
compreende o dano moral como lesão aos direitos inerentes à personalidade, e a outra
corrente entende danos morais como os efeitos não patrimoniais da lesão, independentemente
da natureza do direito atingido.
Na lição de Wald (1989, p.407):
Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na sua integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a um bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o causado a alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo possível à cumulação da responsabilidade pelo dano material e pelo dano moral.
Na visão de Telles (1994, p.307):
Dano moral se trata de prejuízos que não atingem em si o patrimônio, não o fazendo diminuir nem frustrando o seu acréscimo. O patrimônio não é afetado: nem passa a valer menos nem deixa de valer mais. Há a ofensa de bens de caráter imaterial - desprovidos de conteúdo econômico, insusceptíveis verdadeiramente de avaliação em dinheiro. São bens como a integridade física, a saúde, a correção estética, a liberdade, a reputação. A ofensa objetiva desses bens tem, em regra, um reflexo subjetivo na vítima, traduzido na dor ou sofrimento, de natureza física ou de natureza moral. "Violam-se direitos ou interesses materiais, como se pratica uma lesão corporal ou um atentado à honra: em primeira linha causam-se danos não patrimoniais, os ferimentos ou a diminuição da reputação, mas em segunda linha podem também causar-se danos patrimoniais, as despesas de tratamento ou a perda de emprego”.
Verifica-se assim que o dano patrimonial é definido como a lesão ou dedução patrimonial
sofrida pelo ofendido, seja em relação a ele mesmo, aos seus bens materiais, ou até mesmo
aos seus direitos. Ao passo que o dano moral é a dor psíquica resultante da violação de um
bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial, direito este garantido
constitucionalmente a partir da reparação do dano por quem o causou.
2. EVOLUÇÃO DO DANO MORAL NO BRASIL
O dano moral já era previsto nas civilizações mais antigas, a exemplo do Código de Manu,
de Hamurabi e do Código da Grécia antiga, onde já era imposta a reparação por aquele que
causasse lesão à outra pessoa.
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No Brasil, o direito a reparação do dano causado a outrem era disposto no Código Civil
Brasileiro de 1916, apesar de não considerar de modo expresso o dano moral.
No artigo 159 do referido Código, já previa que “aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica
obrigado a reparar o dano”. Entretanto, esta reparação apenas era concedida aos danos
materiais e não aos danos morais.
Antes da Constituição de 1988, havia grande controvérsia quanto ao cabimento de
indenização por dano moral, pois se entendia que direitos ligados a moral, a honra, a
personalidade e a dignidade humana seria insuscetíveis de qualquer tipo de reparação em
dinheiro, devido à dificuldade de se chegar a uma valoração que correspondesse à exata
extensão do dano causado.
Apontam-se, no ordenamento jurídico brasileiro alguns precedentes legais de
reconhecimento do dano moral e da possibilidade de sua indenização ainda anteriores a
Constituição de 1988. É o caso da Lei de Imprensa (Lei n° 5.250/67), em seu artigo 49:
Art. 49. Aquele que, no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, como dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar: I – os danos morais e materiais, nos casos previstos no art. 15. II e IV, no art. 18, e de calúnia, difamação ou injuria; II- os danos materiais, nos demais.
A Consolidação das Leis do Trabalho (Lei n° 5.452/43), em seu artigo 482, alíneas “j” e
“k” e no artigo 483, alínea “e”, dispõe:
Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legitima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra e boa fama praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legitima defesa, própria ou de outrem; Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: e) praticar o empregador ou seus prepostos contra eles ou pessoa da sua família, ato lesivo da honra e da boa.
A respeito da importância do texto constitucional, explana Pereira (1994, p. 65) que:
A Constituição Federal de 1988 veio pôr uma pá de cal na resistência à reparação do dano moral ao prevê-la expressamente no art. 5º, inc. X, desaparecendo o argumento dos opositores dessa reparação, assentado na falta de disposição genérica explícita (...), integrando-se, a indenização pelo dano moral, definitivamente em nosso direito.
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Portanto, só adquiriu status entre os direitos e garantias fundamentais a partir da
Constituição de 1988, em face de seu artigo 5°, incisos V e X, que dispõe:
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
O atual Código Civil Brasileiro, em seu artigo 186, dispõe que “Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Observa-se também que o direito a indenização decorrente de dano moral encontra-se
previsto no Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90) em seu artigo 6°, inciso VI,
ao afirmar a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais, morais, individuais,
coletivos e difusos. Verifica-se também o instituto do dono moral nos artigos 22; 24; inciso
VII; 27 e 108 da Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98).
Por muito tempo, a doutrina reconheceu apenas o dano à vida e à honra, mas
hodiernamente tanto ela quanto à legislação consideram o dano moral como uma lesão ao
direito personalíssimo, proporcionando a configuração do dano moral independente de ter
havido dano material.
Com a evolução do direito e, consequentemente, com a criação de leis que garantam a
dignidade do cidadão, ficou assegurado o direito à indenização por dano material e moral
quando estes vierem a denegrir a honra e a imagem. Qualquer pessoa que se sentir lesada em
seu direito, seja ele patrimonial ou moral, pode exigir a sua reparação.
Portanto, não restam dúvidas que tal instituto é um direito de todos, cabendo reparação
pelo agente que causou o dano a outem.
3. DANO MORAL E DANO MATERIAL
Quando se fala em reparação, é necessário que se faça uma distinção entre dano moral e
dano material, levando-se em conta que são espécies diferentes, mas que possuem a mesma
finalidade jurídica, qual seja, reparação de um ato ilícito.
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O dano material é aquele inerente ao patrimônio, ou seja, todo aquele que uma vez lesado
poderá ter o seu direito reparado a partir de uma quantia exata em dinheiro, e é também
chamado de dano patrimonial.
Já o dano moral é insuscetíveis de uma valoração econômica, por atingir aspectos
subjetivos, não podendo dessa forma, ser valorado com uma quantia certa, como ocorre
quando se fala em dano material, porém nem por isso deixa de ser igualmente indenizado.
Para melhor entendimento, analisemos o que descreve Cahali (2005, p. 4) a respeito de
dano material e moral:
No dano patrimonial, busca-se a reposição em espécie ou em dinheiro pelo valor equivalente, de modo a poder-se indenizar plenamente o ofendido, reconduzindo o seu patrimônio ao estado que se encontraria se não tivesse ocorrido o fato danoso; com a reposição do equivalente pecuniário, opera-se o ressarcimento do dano patrimonial. Diversamente, a sanção do dano moral não se resolve numa indenização propriamente dita, já que indenização significa eliminação do prejuízo e das suas consequências, o que não é possível quando se trata de dano extrapatrimonial; a sua reparação se faz através de uma compensação e não de um ressarcimento; impondo ao ofensor a obrigação de pagamento de uma certa quantia em dinheiro em favor do ofendido, ao mesmo tempo que agrava o patrimônio daquele, proporciona a este uma reparação satisfativa.
Na obra de Pereira, (1994, p. 55), “a distinção entre dano material e dano moral não
decorre da natureza do direito, mas do efeito da lesão, do caráter da sua repercussão sobre o
lesado”.
Neste sentido, completa Bittar (1999, p. 23):
São morais os danos a atributos valorativos (virtudes) da pessoa como ente social, ou seja, a integridade à sociedade; vale dizer, dos elementos que a individualizam como ser, como a honra, a reputação, as manifestações do intelecto. São patrimoniais os prejuízos de cunho econômico, causados por violações a bens materiais (corpóreos) e a direitos (incorpóreos) que compõe o acervo da pessoa.
Está caracterizada desta forma, que existem dois tipos de dano igualmente garantidos
constitucionalmente, sendo, portanto, exigíveis a sua reparação, porém com objetivos
diferenciados.
Enquanto o dano material visa à reconstrução do patrimônio do lesado, restabelecendo o
dano causado, de acordo com critério pecuniário, verifica-se que o dano moral por sua vez
tem por objetivo apenas compensar a dor causada, não tendo o condão de restabelecer o status
quo, já que se trata de direitos subjetivos, inerentes à moral de cada individuo.
Tanto o dano moral quanto o dano material ocorrido na esfera trabalhista, tem garantia
constitucional que o seu julgamento seja realizado na justiça trabalhista, pois a mesma é
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especializada e terá mais condições de emitir decisões acertadas, visto que se deve dar uma
proteção ao trabalhador, cujas normas estão descritas na Consolidação das Leis do Trabalho e
na Constituição Federal com a emenda constitucional n° 45/04.
4. CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL
Não se pode falar em reparação sem falarmos em responsabilidade civil. A
responsabilidade civil está prevista no artigo 186 do Código Civil de 2002 e estabelece que:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Para que alguém
seja responsabilizado por um dano, é necessário que tenha praticado alguma conduta prevista
neste artigo.
A responsabilidade civil poderá ser objetiva ou subjetiva. Será subjetiva, quando for
baseada na culpa do agente, a qual deverá ser comprovada, já a responsabilidade objetiva não
haverá necessidade de comprovação, bastando apenas a ocorrência do dano para que se possa
se tornar indenizável.
A responsabilidade objetiva está prevista na Constituição Federal de 1988 no artigo 7°, §
6° que dispõe: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Para a caracterização do dano moral é necessário que fique demonstrado quatro requisitos
essenciais, quais sejam: ação ou omissão do agente, ocorrência de dano, culpa ou dolo e nexo
de causalidade.
A culpa surge também como um elemento essencial, e se caracteriza por ser um elemento
subjetivo cujo resultado ocorrido não foi de maneira intencional, mas sim ocasionado pelo
agente a partir de fatores como a negligência, imprudência ou imperícia previstos no artigo
186 do Código Civil de 2002.
A ocorrência do dano pode ser definida como dano em si, ou seja, é a lesão a um direito,
causando assim prejuízo à vitima e constitui elemento essencial para a responsabilidade civil,
que pode ser decorrente de um dano patrimonial ou extrapatrimonial, sendo este último
incapaz de ser calculado financeiramente.
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O nexo de causalidade que vem a ser a união da conduta do agente ao dano moral e é
através desta ligação que é possível identifica-lo e puni-lo quando este não incorreu em
nenhuma das excludentes de ilicitude, pois uma vez tendo agido em virtude delas cessa a sua
responsabilidade perante o dano causado.
Atualmente, duas correntes dispõem sobre o assunto, uma corrente que defende a
necessidade de provas para a caracterização do dano moral, tendo assim o direito a
indenização, e uma segunda que afirma que não há a necessidade de tais provas,
posicionamento este adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, portanto majoritário.
Nessa esteira, imperioso se torna o ensinamento de Cavaliere (2007, p. 78):
Na tormentosa questão de saber o que configura o dano moral cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível e o homem de extremada sensibilidade. Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar, não bastando mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada.
Deve se levar em conta, no entanto, que não basta apenas simples aborrecimento do
cotidiano (mero dissabor diário) para que se configure o dano moral, pois se assim fosse não
teríamos juízes suficientes para tanta demanda.
Segundo lição de Sanseverino (2002, p. 226);
Alguns fatos da vida não ultrapassam a fronteira dos meros aborrecimentos ou contratempos. São os dissabores ou transtornos normais da vida em sociedade, que não permitem a efetiva identificação da ocorrência de dano moral. Um acidente de trânsito, por exemplo, com danos meramente patrimoniais, constitui um transtorno para os envolvidos, mas, certamente, não permite a identificação, na imensa maioria dos casos, da ocorrência de dano moral para qualquer deles.
A este respeito, Santos (2001, p. 116-117) descreve bem quanto à caracterização do dano
moral, vejamos:
O que caracteriza o dano moral é a consequência de algum ato que cause dor, angústia, aflição física ou espiritual ou qualquer padecimento infligido à vítima em razão de algum evento danoso. É o menoscabo a qualquer direito inerente à pessoa, como a vida, a integridade física, a liberdade, a honra, a vida privada e a vida de relação. A perda de algum bem, em decorrência de ato ilícito que viole um interesse legítimo de natureza imaterial e que acarrete, em sua origem, profundo sofrimento, dor, aflição, angústia, desânimo, desespero e perda da satisfação de viver, também caracteriza o dano moral.
Fica evidenciado assim, que para a caracterização do dano moral não é necessário apenas
a alegação do dano causado. Deverá existir um nexo causal e a comprovação do fato ocorrido,
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pois a simples alegação não é motivo suficiente para se condenar a outra parte a pagar pelo
dano moral. Se assim for considerado, qualquer motivo por mais banal que seja, daria
margem a reparação.
Como se observa também nas considerações de Cavaliere (2007, p. 105) ao entender que:
Se dano moral é agressão à dignidade humana, não basta para configurá-lo qualquer contrariedade. Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos.
Cavaliere (2007, p. 102) ainda analisa:
O dano moral não mais se restringe à dor, tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens personalíssimos – os complexos de ordem ética- razão pela qual revela-se mais apropriado chamá-lo de dano não patrimonial, como ocorre no Direito Português. Em razão dessa natureza imaterial, o dano é insusceptível de avaliação pecuniária, podendo apenas ser compensado com obrigação pecuniária imposta ao causador do dano, sendo esta mais uma satisfação do que indenização.
O dano moral na esfera trabalhista constitui uma forma de se buscar junto ao Estado um
valor pecuniário para a reparação do dano imaterial sofrido, no decorrer da relação de trabalho
e em virtude deste.
Caracteriza-se pela violação ou ofensa a bens de ordem moral de um indivíduo. Por ter um
objeto de ação absolutamente insusceptível de uma valoração exata, muitas vezes se têm
decisões com indenizações exorbitantes, o que consequentemente se leva ao enriquecimento
sem causa, motivo este de muitas discussões entre os juristas.
Para Stoco (2007, p. 152):
Enfim, independente da teoria que se adote, como a questão só se apresenta ao juiz, caberá a este, na análise do caso concreto, sopesar as provas, interpretá-las como conjunto e estabelecer se houve violação do direito alheio, cujo resultado seja danoso, e se existe um nexo causal entre esse comportamento do agente e o dano verificado.
Este direito é derivado do Direito civil e devido a isto, por diversas vezes, se confundiu
qual a esfera a seguir para a demanda de uma ação trabalhista, mesmo fundamentada no
Direito Civil, daí surgiu a necessidade de pacificação de qual esfera era competente, o que
cominou com a emenda constitucional n° 45 de 2004, que veio por fim a está questão.
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O código civil de 2002 é utilizado subsidiariamente ao Direito do Trabalho por força do
artigo 8°; § único da Consolidação das Leis do Trabalho que reza:
Art.8 - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.
5. O DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO
O dano moral no âmbito trabalhista ocorre quando estiver caracterizada a relação de
trabalho e desde que este dano diga respeito a essa relação. A indenização por danos morais
oriundos dessa relação constitui uma forma de se buscar junto ao Estado um valor pecuniário
para a reparação do dano sofrido alegado pela parte.
Quanto à definição de dano moral trabalhista, podemos citar a lição de Stoco (2004, p.
925) que conceitua:
Dano moral é aquele que agride a incolumidade psíquica do lesionado, lhe promovendo constrangimento, dor moral e sentimental. O dano moral trabalhista é a infração da obrigação de não praticar ato lesivo da honra e da boa fama, por ato das partes opostas da relação de trabalho subordinado em sua vigência ou, embora após seu término, quando o ato lesivo fizer correspondência a fatos ocorridos no tempo de seu vigor.
O dano moral trabalhista é aquele em que ocorre a violação do bem jurídico imaterial, seja
ele a honra, a boa fama do empregado ou a sua intimidade, na vigência do contrato de
trabalho ou mesmo após o seu término caso o dano se dê em virtude daquele.
Este tema ganha muita importância e dimensão na justiça laboral, pois o direito do
trabalho nasceu com o objetivo de minimizar as injustiças causadas pelo empregador que é
quem detém o capital, contra a pessoa do trabalhador que é parte hierarquicamente inferior
desta relação.
Como afirmado anteriormente, o emprego é a parte mais fraca da relação, uma vez que
depende do trabalho para seu próprio sustento e da sua família. Porém, é sabido que muitas
normas do Direito do Trabalho são desrespeitadas, mesmo com todas as legislações vigentes.
No âmbito do Direito do Trabalho, de acordo com o artigo 483; alínea “e”, da
Consolidação das Leis do Trabalho, “é possível de rescisão indireta do contrato podendo o
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empregado requerer a devida indenização pelo ato praticado pelo empregador contra o
empregado ou pessoa de sua família, lesivo a honra ou boa fama, que ofenda sua moral”.
Tal dispositivo, no entanto, não caracteriza propriamente o direito a indenização por dano
moral, uma vez que a indenização ali citada se refere às relativas a rescisão contratual, ou
seja, as verbas rescisórias. Porém, tal dispositivo é usado atualmente e serve de embasamento
para o ajuizamento de indenização de danos morais, sendo legalmente admitido.
Florindo (1999, p. 320) analisa que não se deve confundir tais verbas:
Senão vejamos, ainda que impliquem em reconhecimento de efeitos jurídicos trabalhistas ao dano moral, os artigos citados referem-se às hipóteses ensejadoras da rescisão contratual sem justa causa, o que leva a concluir que a indenização a que se refere é relativa à rescisão e não ao dano moral em si. Não poderíamos confundir as verbas rescisórias com indenização por dano moral, pelo tão só fato que a mesma verba será devida para o caso em que não haja concorrência deste para a rescisão.
Conforme entendimento do tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região do Estado de São
Paulo, atenta-se que a despedida do empregado por justa causa não caracteriza dano moral,
uma vez que o empregador poderá rescindir o contrato de trabalho, quando o empregado
ocorrer em justa causa:
DANO MORAL – JUSTA CAUSA TRABALHISTA – Não se pode confundir acusação de prática de ilícito trabalhista com ofensa de ordem moral, suscetível de indenização. O legislador tipificou os casos em que o dano moral pode ocorrer no âmbito trabalhista, por ofensas praticadas pelo empregado (CLT, art. 482, "j" e "k") ou pelo empregador (art. 483, "d"). Embora essas hipóteses não esgotem a possibilidade de outras ocorrências danosas à moral, em todas elas é necessária à prova da ofensa, e da intenção premeditada de ofender, e a demonstração do dano moral sofrido, como resultado daquele ato, sem o qual o dano não teria ocorrido. A simples denúncia do ato faltoso, por si só, não constitui dano moral. (TRT 2ª R. – RO 25814200290202002 – (20020690678) – 9ª T. – Rel. Juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira – DOESP 05.11.2002) JCLT.482 JCLT.482.J JCLT.482.K JCLT.483 JCLT.483.D
Há inúmeras situações que ocorrem no ambiente de trabalho que se configuram como
dano moral, gerando assim ao empregado o direito de buscar coibi-los através dos meios
legais. A exemplo do assédio moral, que é uma forma de humilhação que se repete
diariamente e que afeta a saúde psicológica do trabalhador, interferindo também em seu
rendimento. Ainda outros exemplos: anotação desabonadora na CTPS, controle abusivo de
banheiro, câmeras abusivas no ambiente de trabalho e assédio sexual.
6. COMPETÊNCIA
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Com relação à competência da Justiça para apreciar pedido de dano moral fundado em ato
decorrente da relação de emprego, este tema já foi alvo de grandes discussões, porém já foi
pacificada por decisão do Superior tribunal de justiça, dispondo que cabe a Justiça do
Trabalho a competência para apreciar dano material, moral ou à imagem, se o fato tem origem
na relação trabalhista.
Vejamos abaixo julgado do Superior Tribunal de justiça a respeito da competência para o
julgamento de ações decorrente de dano moral:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – DANO
MORAL DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO – I – Compete
à Justiça Trabalhista o julgamento de ação de indenização por danos morais
proposta por ex-empregado contra empregador quando o fato ocorreu
durante a vigência do contrato de trabalho. II – Conflito de que se conhece, a
fim de declarar-se a competência do Juízo Laboral. (STJ – CC 35303 – SP –
2ª S. – Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro – DJU 23.09.2002).
Tal entendimento é adotado pelos tribunais Brasileiros, conforme decisão da Sexta Turma
do tribunal regional do Trabalho da 4ª Região:
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DANO MORAL.
Tratando-se de conflito entre empregado e empregador, é competente a
Justiça do Trabalho para dirimi-lo e, bem assim, para apreciar e julgar pleito
de reparação por dano moral, derivado da relação de emprego, na forma
como dispõe o artigo 114 da Constituição Federal. Sentença confirmada.
(Número do processo: 01235-2001-028-04-00-1 (RO). Juiz: Rosane Serafini
Casa Nova. Data de Publicação: 12/09/2005. 6ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região.
Esta definição nasceu da necessidade que se tinha de separar matéria trabalhista das
demais matérias atinentes ao direito comum, como se vê na disposição de Castelo (1996, p.
39):
O Direito Civil e a Justiça Comum não têm condições de apreciar o dano moral trabalhista, visto que inadequados a dar conta e compreender a estrutura da relação jurídica trabalhista, bem como um dano moral que é agravado pelo estado de subordinação de uma das partes, já que estruturados na concepção da igualdade das partes na relação jurídica. O dano moral trabalhista tem como característica uma situação que o distingue absolutamente do dano moral civil, e que inclusive o agrava, qual seja, uma das partes encontra-se em estado de subordinação.
Na doutrina também encontramos explanação de Belmonte (2007, p. 206):
13
[...] ocorrendo o dano moral decorrência direta do desenvolvimento do contrato de trabalho, o conflito e o enfoque desse conflito eram trabalhistas e, igualmente, a responsabilização decorrente e não poderia existir jurisdição diferente que, com justiça e conhecimento especializado da dinâmica e características da relação de trabalho, sujeitos envolvidos e condições da prestação de serviços, pudesse melhor decidir sobre a eventual ocorrência de dano moral e a justa reparação.
A Emenda Constitucional n° 45 de 2004 pôs fim a qualquer controvérsia a respeito do
tema, afirmando no inciso VI do artigo 114 da Constituição federal que “compete à Justiça do
Trabalho para processar e julgar as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho”. Isso porque, sendo o dano praticado contra a pessoa
enquanto empregado é ele decorrente do contrato de trabalho, sendo a competência da justiça
especializada.
7. REPARAÇÃO DO DANO MORAL
Este talvez seja o ponto de grande polêmica que existe atualmente acerca do instituto,
quando se trata em definir o quantum indenizatório nas ações decorrentes de dano moral.
Toda pessoa que sentir lesada em seu direito, seja ele material ou imaterial, terá o direito de
requerer a reparação de tais danos por quem o causou.
Em uma análise mais remota observa-se que um dos primeiros parâmetros legais a serem
utilizados para se chegar a uma quantificação desse tipo de dano foi a Lei n° 4.117/1962
(Código Brasileiro de Telecomunicações) onde já previa a fixação de 5 a 100 salários
mínimos para a reparação do dano, porém este dispositivo foi revogado posteriormente, em
20/11/1968, pela Lei n° 5.535/68.
Mais tarde, a então Lei n° 5.250/67 (Lei de imprensa) que também restou revogada, em
30/04/2009 veio também definir um teto para este tipo de indenização, que por muito tempo
foi utilizado como critério pelos juízes para se definir o valor das indenizações oriundas de
dano moral.
No artigo 53 da referida lei, os incisos I e II tratavam da questão de fixação do valor do
dano, trazendo elementos que deveriam ser apreciados pelos magistrados e que até hoje são
utilizados como parâmetros pelos juízes.
Art.53. No arbitramento da indenização em reparação de dano moral, o juiz terá em conta, notadamente: I - a intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, a natureza e repercussão da ofensa e a posição social e política do ofendido;
14
II - A intensidade do dolo ou o grau da culpa do responsável, sua situação econômica e sua condenação anterior em ação criminal ou cível fundada em abuso no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de justiça, tem-se o seguinte a
respeito do valor da reparação:
DANO MORAL. Indenização - Recurso especial - Quantum fixado que se sujeita ao controle do STJ - Valor que não pode contrariar a lei ou o bom senso, mostrando-se manifestamente exagerado ou irrisório. Ementa oficial: O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do STJ, desde que o quantum contrarie a lei ou o bom senso, mostrando-se manifestamente exagerado, ou irrisório, distanciando-se das finalidades da lei. Na espécie, levando em consideração a situação econômico-social das partes, a atividade ilícita exercida pelo réu segundo recorrente, de ganho fácil, o abalo físico, psíquico e social sofrido pelo autor, o elevado grau da agressão, a ausência de motivo e a natureza punitiva e inibidora que a indenização, no caso, deve ter, mostrou-se insuficiente o valor fixado pelo Tribunal de origem a título de danos morais, a reclamar majoração. (STJ - 4ª T.; REsp nº 183.508-RJ; Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira; j. 5/2/2002; v.u.) RT 814/167.
O que se observa quanto à fixação do valor do dano moral é exatamente a falta de
parâmetros concretos para a sua fixação, muitas vezes levando aos magistrados julgarem
ações praticamente idênticas com valores totalmente distintos. Com isso, quais seriam os
valores exatos neste tipo de ações.
Conforme se vê nos julgados abaixo, do tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região,
levam-se em conta alguns fatores, porém prevalecendo sempre o livre convencimento do juiz:
DA INDENIZAÇÃO REFERENTE AO DANO MORAL. A indenização referente ao dano moral visa compensar a dor, a mágoa e o sofrimento sentidos pela vítima, possuindo ainda efeito pedagógico para o ofensor, mas deve o seu valor ser fixado sem extrapolar os limites da razoabilidade. Pode-se utilizar, por analogia, para calcular o valor do dano moral, os parâmetros estabelecidos pela Lei Nº 4.117/62 - Código Brasileiro de Telecomunicações, que adota o critério de que o montante da reparação não será inferior a cinco, nem superior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no País, variando de acordo com a natureza do dano e as condições sociais e econômicas do ofendido e do ofensor. Recurso Ordinário Patronal parcialmente provido. Recurso Adesivo Obreiro improvido. (Proc. nº TRT – RO 5027/01, 1ª Turma, Juíza Relatora Virgínia Malta Canavarro, DOE/PE 13.07.02).
Atualmente, dois são os métodos existentes adotados para a fixação do valor
indenizatório, o aberto o qual o magistrado julga pelo seu próprio arbítrio, sempre
fundamentando a sua decisão, e o modelo fechado, também chamado de tarifário, neste o
magistrado irá se orientar a partir de valores ou faixas legais já definidos anteriormente, para
se chegar ao valor da indenização.
15
Diante disso, se questiona a possibilidade e a necessidade de criação de leis que
disciplinem a matéria, para que a fixação de valores referentes a danos morais seja pautada a
partir de valoração plausível, buscando o método mais coerente, não ficando as partes
adstritas ao livre arbítrio do juiz.
8. A INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL TRABALHISTA E OS FATOS
QUE PODEM LEVAR A BANALIZAÇÃO
Alguns fatores ocorridos no ambiente de trabalho são considerados tanto pelos
trabalhadores, por advogados e até mesmo por magistrados como propícios para a ocorrência
do dano moral, devido à linha tênue que existe entre eles e a subjetividade da visão dos
indivíduos envolvidos neta relação.
Passaremos a estudar como estes fatores contribuem para a chamada banalização do dano
mora.
8.1. Livre Convencimento Do Juiz
Como foi visto em capitulo anterior, há duas formas de se calcular o valor a ser pago a
título de dano moral, quais sejam o sistema fechado ou também denominado tarifário e o
aberto o qual é adotado pela maioria dos nossos tribunais. Neste último prevalece o livre
convencimento do julgador e a sentença proferida será feita através de arbitramento.
A nossa legislação garante tal direito, conforme previsto no Novo Código Civil de 2002
(Lei n° 10.406/02), em seu artigo 946: “Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei
ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplemento, apurar-se-á o
valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar”.
Ao analisar uma ação de dano moral, o juiz deverá se basear em alguns parâmetros como
a condição do autor e da vítima, se houve ou não a intenção de causar o dano, a reincidência
do autor no mesmo crime, dentre outros.
O que se questiona, no entanto, é a subjetividade do juiz na fixação deste valor, uma vez
que poderá julgar pelo seu livre convencimento. Isso acaba acarretando uma falta de
segurança tanto para o autor que poderá suportar o pagamento de um valor absurdo, quanto
para o réu que poderá achar que o valor arbitrado pelo magistrado não foi um valor justo.
16
Nessa esteira, imperioso se torna o ensinamento de Bittar (1999, p. 114) ao ressaltar a
importância da liberdade do juiz:
O principio básico nessa matéria é o da liberdade de apreciação do juiz, que, salvo quanto às balizas expostas, deve decidir, no caso concreto, em função de suas convicções. A fixação do quantum da indenização, que compete ao juiz à luz das condições fáticas do caso em concreto, é o momento culminante da ação de reparação, exigindo ao interprete ou aplicador da lei, de um lado prudência e equilíbrio, mas de outro, rigor e firmeza, a fim de fazer justiça às partes: ao lado, atribuindo-lhe valor que lhe permita a recomposição de sua situação; ao lesante cominando-lhe sanção que importe em efetiva reparação pelo mal perpetrado.
O que se conclui é que deverá o juiz levar em conta os critérios da razoabilidade e do bom
senso ao fixar valores nas ações de dano moral, para que não conceda sentenças milionárias,
fazendo com que haja um desvirtuamento deste instituto, devendo se basear em julgados
referentes ao mesmo caso e acima de tido levar se em conta a intenção do causador do dano,
bem como buscar o maior número de provas possíveis.
8.2. Cumulação De Danos Morais Com Danos Materiais
De acordo com Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça, “São cumuláveis as
indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. Tal enunciado não
significa, no entanto, que se o empregador amparado por justa causa vier a rescindir o
contrato do empregado, pagando-lhe suas verbas rescisórias, neste caso não há fundamento
para o pagamento da indenização por dano moral. Frisa-se ainda que não caberá indenização
por dano material quando a vítima vier a sofrer apenas o dano moral, devendo esta ser
indenizada somente quanto ao dano moral.
O que se verifica na maioria das ações trabalhistas é que ao pleitear a indenização por
danos materiais, o trabalhador também cumula o pedido de danos morais como complemento
da ação. Deve-se analisar, no entanto, que determinados direitos já são reparados com a
condenação do ofensor ao pagamento do dano material, o que não há que se falar em dano
moral. Mas infelizmente não é isso que vem ocorrendo na esfera trabalhista.
Apesar de não haver necessidade de advogado para que se ingresse na justiça do trabalho,
a maioria dos trabalhadores que ajuízam ações trabalhista se valem da representação destes
profissionais. Acontece que muitos advogados ao se aproveitarem da situação de que na
justiça do trabalho não há o pagamento de honorários sucumbenciais, muitas vezes orientam
seus clientes a “falsearem” a verdade dos fatos, fazendo com que assim o juiz defira o
17
pagamento por danos morais, o que consequentemente influenciará no pagamento dos
honorários advocatícios contratados pela vítima.
Para os estudiosos da matéria que entendem haver atualmente uma “indústria do dano
moral”, alegam que em certas ações trabalhistas não há que se falar em dano moral.
Em muitos casos o empregado procura a orientação de um advogado para requerer
reparação dos prejuízos sofridos ou de eventuais verbas trabalhistas não quitados, e acaba
sendo orientado no sentido de que, além do pedido de tais direitos, também poderá cumular o
pedido de indenização por danos morais.
Porém, ressalta-se que tal prática não é adotada por todos os advogados, não se podendo
generalizar tal postura no meio jurídico, pois o judiciário brasileiro, através de suas classes
representantes, tem trabalhado em campanhas de conscientização dos seus membros, a fim de
coibir tais práticas.
No entanto, deve-se frisar que essa prática é comumente utilizada pela maioria dos
advogados brasileiros. Verificando que o advogado agiu além dos poderes a ele conferidos,
deve o fato ser comunicado ao órgão competente para que este se manifeste sobre a postura
incorreta do advogado e tome as providências cabíveis em cada caso.
8.3. Diversidade De Julgados
A questão da subjetividade do dano moral e a difícil tarefa do juiz para se chegar a um
valor justo para a fixação da indenização do dano causado, como se viu, nem sempre condiz
com a realidade dos fatos.
Devido a não ter parâmetros concretos, as partes se veem diante de um juiz que na grande
maioria das vezes julgará a causa de acordo com seu livre arbítrio, o que dá ensejo a uma
grande diversidade de julgados. O que se verifica em muitos casos são diferentes julgados
arbitrado valores totalmente diversos que envolvem situações semelhantes, diante disso se vê
a necessidade de bases concretas para a sua fundamentação.
Em relação a esta questão, Moraes (2007. p, 37) analisa o seguinte;
No âmbito da problemática da reparação dos danos morais, muito mais relevante parece ser o fato de que os magistrados não costumam motivar com precisão como alcançaram o valor indenizatório. Utilizando, na maioria dos casos, apenas os argumentos genéricos da “razoabilidade” e do “bom senso”, e quase sempre com base apenas na intuição, a determinação do valor devido – composto pela quantia compensatória somada à atribuída a
18
título de punição – não está vinculada a qualquer relação de causa e efeito, de cooperação com os fatos provocados no processo, deixando sem detalhamento o percurso que levou o julgador a atribuir aquela quantia, em lugar de outra qualquer. O resultado é a notória disparidade, lamentável consequência das arbitrariedades que surgem em lugar dos arbitramentos determinados pelo legislador.
Diante disso, cria-se uma certa insegurança por parte do réu, que não saberá ao certo se
terá que pagar um valor que corresponda a real reparação do dano ou se o juiz fixará um
montante a ser pago totalmente diverso da realidade.
É claro que uma vez não estando de acordo com o quantum fixado, a parte poderá
recorrer, o que, aliás, já virou rotina a reformulação de sentenças proferidas por juízes de
primeira instância, que ao serem analisadas pelos tribunais Superiores, na maioria dos casos,
são modificadas. Dever-se-á levar em conta, entretanto, os prejuízos que acarreta ao
empregador, demandando tempo e custo para que se tenha uma sentença considerada razoável
para a parte perdedora.
Quando as quantias arbitradas pelos tribunais de primeira instância são consideradas
elevadas ou até mesmo irrisórias, a parte que se sente prejudicada na grande maioria dos casos
recorre ao Superior Tribunal de Justiça, a fim de ver reformada tal decisão.
É certo que deverá ser analisado cada caso na hora de se fixar um valor, já que não existe
um valor fixo a ser utilizado nesses casos, pois é impossível se chegar à exata medida de
extensão do dano.
Como foi dito anteriormente, as emoções humanas são totalmente subjetivas, ou seja, cada
pessoa é atingida de uma forma diferente, o que não há que se falar assim em um tabelamento
para a indenização de tais danos e achar que cada pessoa tem o mesmo comportamento diante
do mesmo fato.
Para tanto, não é inconcebível que este instituto seja alvo de grande número de julgados
incontroversos, fazendo com que haja um certo desvirtuamento do dano moral.
Indaga-se assim se seria necessária a criação de leis que disciplinasse a matéria ou se seria
necessário o magistrado adotar uma postura de maior cautela ao exercer sua livre convicção,
guiado sempre pelo principio da razoabilidade já consagrado em nosso ordenamento jurídico.
Sob este ponto discutiremos mais adiante, para analisarmos os projetos que vêm sendo
apresentados e verificar se os mesmos teriam o condão de auxiliar os juízes e os advogados
neste grande dilema que versa sobre as indenizações de dano moral no Brasil.
19
8.4. Enriquecimento Sem Causa
Como se pode observar ao longo deste trabalho, esse tipo de indenização vem se tornando
um dos pedidos mais corriqueiros nas reclamatórias em todo o país, principalmente na área
trabalhista. Infelizmente, há um grande número de trabalhadores que visam apenas vantagem
econômica diante deste tipo de ação.
Nota-se que qualquer situação por mais ínfima que seja, enseja motivo para que se busque
o judiciário na intenção de se obter alguma vantagem econômica em decorrência da situação,
desvirtuando assim o objetivo principal da Justiça do Trabalho, qual seja, a proteção do
trabalhador.
O julgador, entretanto, deverá seguir alguns critérios para a fixação de um justo valor a ser
pago a título de dano moral. Deve- se evitar indenizações exorbitantes, que consequentemente
se leva ao enriquecimento sem causa. Ao proferir a sentença, levar-se-ão em conta as
peculiaridades de cada caso, baseando-se em provas convincentes e observando sempre que
possível a intensidade do dolo ou culpa do agente causador do dano e a intensidade do dano
causado a vítima.
Conforme Jurisprudência do Superior tribunal de Justiça há entendimento que:
“A indenização deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela jurisprudência, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.” (Recurso Especial Resp 215607 RJ 1999/0044685-2 (STJ) Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA.
Ademais, o que se discute, porém, não é a concessão de indenizações para a reparação do
dano, mas sim, que não se fixe sentenças com valores irrisórios ou tão altos, a ponto de
estimular o enriquecimento ilícito.
Monteiro (2003, p. 484) assim completa:
Na indenização por dano moral, devem ser conferidos amplos poderes ao juiz, tanto na definição da forma como na extensão da reparação cabível, mas certos parâmetros devem servir-lhe de norte firme e seguro, inclusive para que se evite, definitivamente, o estabelecimento de indenizações simbólicas, que nada compensam a vítima e somente servem de estimulo ao agressor, bem como a fixação de indenizações que operam o enriquecimento ilícito do lesado.
A reparação do dano moral sofrido pelo empregado em seu ambiente de trabalho tem
caráter repressivo, punitivo e reparador, e deverá ser aplicado corretamente, não apenas
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visando lucros para a reparação de uma dor que muitas vezes nunca existiu e se existiu é
impossível de ser quantificada, sob a alegação de que o pagamento de determinado valor
pecuniário irá compensá-la.
Com isto, se verifica a importância de se conhecer este instituto para que possa ser
utilizado de forma correta, já que é de grande valia para muitos empregados que sofreram ou
ainda sofrem dano moral no seu ambiente de trabalho, e futuramente podem ser prejudicados
por parte daqueles que estão preocupados apenas com o valor a ser pago e não como uma
forma de compensação pelo dano sofrido.
8.5. Congestionamento Do Judiciário
É fato que as ações ajuizadas com pedido de dano moral crescem a cada dia no Brasil. O
que preocupa é que a grande maioria das ações são sem nenhum fundamento jurídico,
criando-se uma verdadeira indústria do dano moral, o que consequentemente acaba
congestionando o judiciário brasileiro.
Ressalta-se que o judiciário brasileiro há muito tempo enfrenta uma grave crise. São
milhares de processos parados há anos, devido ao grande número de ações e ao reduzido
número de magistrados e serventuários.
Esta estatística aumenta a cada dia, principalmente na Justiça do Trabalho, onde ações
como as de pedido de indenização por dano moral são cada vez mais frequentes e na maioria
das vezes por motivos que não ensejam tal reparação.
Para que se tenha direito a este tipo de indenização, é necessário antes de tudo que a
vítima tenha realmente sofrido o dano moral e que tais fatos possam ser constatados pelo juiz.
O autor que pleiteia tal reparação deverá demonstrar que realmente foi vítima e que o fato
ocorrido não seja confundido com os poderes que dispõe o empregador na relação de
trabalho.
Ao analisarmos o julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, podemos
verificar que deverá ocorrer obrigatoriamente um procedimento que seja considerado ilícito:
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – O dano moral a ser indenizado há de decorrer de um ato ilícito, que deverá estar provado e correlacionado com o lesionado íntimo, independentemente de repercussões patrimoniais. Se os gerentes da loja não agiam de forma discriminatória em relação a um ou outro vendedor, mas sim, estimulavam as vendas de um modo geral, cobrando o alcance de metas e repreendendo aqueles empregados que não
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cumpriam com suas obrigações, tal como efetuar a limpeza em seu setor, o que não foge ao poder diretivo do empregador, não há procedimento ilícito da reclamada de modo a autorizar a indenização promulgada. (RO 00161-2009-081-03-00-8, Relator João Bosco Pinto Lara. 9ª Turma TRT 3ª Região. Julgamento: 30/06/2009. Publicação: 08/07/2009).
Neste caso, quando o empregado não estiver amparado pelo direito, não há que se falar em
dano moral e nem tão pouco em reparação deste dano, devendo evitar assim ajuizamento de
ações sem nenhum fundamento, para não sobrecarregar ainda mais a Justiça do Trabalho com
estes tipos de ações.
9. POSSÍVEIS MEIOS DE RESOLUÇÃO PARA CHEGAR A UMA
JUSTA QUANTIFICAÇÃO
Há muito tempo o poder judiciário vem estudando formas para resolver este impasse que
se criou em torno do dano moral. Com isso busca-se entender quais os meios mais eficientes
para se chegar a uma indenização justa e correta, pois um importante instituto como este não
pode sofrer um desvirtuamento tão grande como vem ocorrendo nos últimos anos.
9.1. Condenação Por Litigância De Má Fé
Uma forma de evitar que muitos trabalhadores sem nenhum fundamento legal ingressem
com este tipo de ação, que acaba abarrotando ainda mais o Judiciário e consequentemente
contribuindo para a sua morosidade, seria a condenação do autor da demanda por litigância de
má-fé, quando comprovado que este agiu exclusivamente com este intuito, e fixando assim
sentenças com valores realmente proporcionais aos danos sofridos pela vitima, inibindo desta
forma a utilização desmedida deste instituto no direito do trabalho.
É dever das partes envolvidas no conflito proceder com lealdade e boa-fé, pautando-se na
verdade dos fatos, conforme dispõe o artigo 14 do Código de Processo Civil:
Art. 14 - Compete às partes e aos seus procuradores: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.
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Quando o judiciário trabalhista for utilizado pelo empregado para requerer direitos que
não existem ou provoquem as chamadas lides temerárias, estará caracterizada a litigância de
má-fé pelo empregado, é o que dispõe o artigo 16 e seguintes do Código do Processo Civil:
Art. 16 - Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 17 - Reputa-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidentes manifestamente infundados; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Nesta seara Silva (1978, p. 13) define lide temerária como sendo:
(...) exercício anormal ou irregular do direito, isto é, sem que assista ao seu autor motivo legítimo ou interesse honesto, justificadores do ato, que, assim, se verifica e se indicado como cavilosamente, por maldade ou para prejuízo alheio. A jurisprudência o evidencia como o ato de excesso e de coação, com intuito de incutir pavor ao adversário, com a propositura da lide temerária, sem que o autor demonstre legítimo interesse, justa defesa, uso regular de um direito ou remoção de perigo iminente, assecuratório de seu legítimo direito de ação ou justa finalidade exercitar um direito certo. Em razão disso, pode ser definido abuso de direito como exercício anormal do direito, sem motivo legítimo, sem justa causa, unicamente com o intuito de prejudicar outrem.
Cumpre salientar que o acesso à justiça é direito de todos, desde que preenchidos certos
requisitos, o que não se pode é ingressar no âmbito do poder judiciário sem fundamentação
alguma do direito que se visa recompor.
Quando se ingressa apenas para se buscar uma possível sentença favorável, se valendo de
falsos argumentos, estará o autor agindo com má-fé, o que não é compatível como os ditames
da justiça, devendo assim ser condenado, por provocar o judiciário de forma irresponsável, ao
pagamento de multa. Tal tese encontra embasamento legal no artigo 18 do Código do
Processo Civil:
Art. 18 - O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.
Em julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, se entendeu o seguinte:
23
LITIGANTE DE MÁ-FÉ - Art. 17, II, CPC - Revela-se litigante de má-fé o Reclamante, devidamente assistido por advogado, sabendo ler e escrever, que afirma não haver recebido férias, aviso prévio, guias para levantamento do FGTS e guias de Seguro-desemprego e, ante os documentos comprobatórios em contrário, persiste em querer recebê-las mais uma vez, sem qualquer outra justificativa que a mera vontade própria, onerando o Estado com recurso desprovido de sustentação jurídica. Incidência do art. 17, inciso II, do CPC. Punição que se mantém, por litigância de má-fé. (TRT 10ª R. - RO 5.185/96 - 2ª T. –.)
Júnior (1999, p. 32) se manifesta dispondo de que:
Havendo prejuízo, qualquer que seja o seu montante, deve ser indenizado integralmente pelo causador do dano. Entender-se o contrário é permitir que, pelo comportamento malicioso da parte, haja lesão a direito de outrem não inteiramente reparável, o que se nos afigura motivo de empobrecimento indevido da parte inocente, escopo que, por certo, não é perseguido pelo direito processual civil.
Não se nega, porém, o acesso à justiça para a busca da pretensão de um direito, mas que
este seja de acordo com os limites impostos, devendo o autor proceder com lealdade e boa-fé.
9.2. Inclusão de Programas de Conscientização e Esclarecimento sobre
Dano Moral nas Empresas
Entre as medidas propostas para a redução do crescente número de pedidos na justiça do
trabalho de indenizações por danos morais, a adoção pelas empresas de programas de
conscientização e de informação aos empregados e aos empregadores sobre as causas e as
consequências da prática de assédio moral no ambiente de trabalho, talvez seja uma das
formas mais eficazes.
Como foi visto muitas vezes, se aciona o judiciário para que solucione conflitos
decorrentes da relação de trabalho, onde o empregado desconhecendo o poder disciplinar do
empregador acaba interpretando uma advertência um pouco mais rigorosa como um motivo
de ofensa a sua moral.
Deve se observar, no entanto, que tais poderes inerentes ao empregador não são absolutos
e ilimitados, devendo este ter conhecimento dos limites que lhe são impostos, sob pena de
estar lesando o direito do empregado. Quando verificado que tais limites foram extrapolados,
surge ao empregado o direito de reivindicá-los.
24
O poder diretivo está presente em todos os ambientes de trabalho. Disciplina Nascimento
(2009, p. 215) “a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade
do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida”.
Há de se levar em conta, entretanto, que não deve o empregador intimidar o empregado
por achar que a posição hierárquica exercida por ele autoriza-o a agir com falta de respeito ou
grosseria para com seus subordinados.
Daí a importância de se adotar tais medidas, uma vez que sempre quando ocorrer algum
conflito no ambiente de trabalho, os sujeitos dessa relação saberão se estão corretos quanto à
postura adotada, e uma vez que se sentirem lesados poderão então recorrer ao judiciário.
É fato que muitos trabalhadores, devido a pouca escolaridade, precisarão de apoio para
compreender o que significa essas medidas, pois não basta apenas afixar um cartaz no mural
da empresa e achar que cumpriu o papel de informar, pois vai além disso. Daí surge a
necessidade de um profissional incumbido de dar palestras, de realizar treinamentos e orientar
com clareza as normas que regem uma relação de trabalho.
Pode se apontar como medidas informativas, por exemplo, a divulgação nos murais da
empresa sobre o que é dano moral, sua caracterização, como se buscar o judiciário, os deveres
e direitos dos empregados, bem como informar sobre os poderes do empregador.
Periodicamente ministrar palestras a respeito do tema e motivacionais, devendo participar
não apenas os empregados, mas também os superiores hierárquicos. Tais iniciativas não
apenas visam à informação, como também propiciar um ambiente de trabalho agradável e
saudável.
Ressalte-se que já existem normas trabalhistas disciplinadas em lei, as quais devem ser
observadas pelas empresas, sob pena de aplicação de penalidades previstas em lei, a exemplo
das Normas Regulamentadoras, mais conhecidas como NRs, que dizem respeito à segurança e
medicina no trabalho.
A Portaria n.º 3.751 de 1990, onde está disposta a norma regulamentadora n.º 17, dispõe
sobre a obrigação da observância quanto às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, ou
seja, prevê que seja assegurado aos trabalhadores além de segurança e conforto, atinentes ao
trabalho realizado, a observância também quanto a fator psicológico de cada trabalhador.
17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
25
O que se busca com a adoção de tais medidas, não é, no entanto, dificultar ou inibir o
acesso à justiça, o qual é constitucionalmente garantido, mas que se promova uma maior
conscientização acerca dos direitos e deveres inerentes a relação de trabalho.
Isso se justifica uma vez que a maioria dos trabalhadores brasileiros desconhecem seus
direitos e deveres, fazendo com que muitas empresas se aproveitem de tal situação,
maculando assim os direitos trabalhistas, pois infelizmente ainda é uma realidade neste país a
exploração de trabalhadores.
9.3. Criação De Leis Com Valores Pré-Fixados
Este talvez seja o ponto mais polêmico no que tange a definição do valor a ser pago em
matéria de dano moral, pois não há um consenso tanto na doutrina quanto na jurisprudência
ou em leis diversas de quanto vale a lesão sofrida por cada pessoa, tendo em vista que cada
indivíduo reage de forma diferente em relação à determinada situação.
Como não há lei que defina o quanto se deve pagar, a problemática surge na fixação do
valor indenizatório, pois não estamos falando de danos materiais que podem facilmente ser
auferidos em valores pecuniários de igual quantia ao bem perecido, mas sim de um
sentimento, um estado subjetivo da vítima, razão pela qual a doutrina e jurisprudência vêm
discutindo acerca dos parâmetros de fixação da quantia indenizatória.
Com o crescente e até assustador número de ações no judiciário brasileiro requerendo o
pagamento de quantias absurdas e até irreais de danos morais, surge a necessidade de
utilização de um parâmetro que possa ser utilizado pelos juízes a fim de não ficarem apenas à
mercê de seu livre convencimento. Isto diminuiria até a demanda dos recursos às instâncias
superiores e contribuiria para a celeridade processual em nossos tribunais.
A criação de uma lei com valores base poderia diminuir a grande disparidade existente no
nosso judiciário e auxiliaria os juízes nas demandas, porém seria impossível tabelar todas as
situações envolvendo dano moral, isto porque, a cada dia, a sociedade moderna vem trazendo
novas possibilidades de danos morais. E além do mais qual o critério que seria utilizado pelo
legislador para criar tais valores? Com que base iria fixar o valor de uma ofensa a um jovem
que se encontra em período de experiência e a um gerente que está há dez anos na mesma
empresa?
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Há de se observar também que esta alternativa passaria de uma compensação de cunho
reparador, para uma tipificação penal não prevista em nosso Código Penal, o que requereria
alteração em vários dispositivos legais, pois conforme previsto na Constituição de 1988, art.
5º, inciso XXXIV “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”.
Nesta linha, é oportuno frisar que existem vários projetos de lei aguardando votação, a fim
de que leis sejam criadas, para que possa por fim à grande controvérsia que gira em torno das
decisões que tangem ao dano moral.
Enquanto não se cria normas legais eficazes e capazes de solucionar tal impasse, a melhor
solução que encontramos é o critério de arbitramento judicial, desde que os juízes levem em
conta o bom senso em cada decisão, avaliando assim cada caso de forma individual,
fundamentando quais os critérios que levou em conta para se chegar a esta decisão.
10. DANO MORAL NO DIREITO ESTRANGEIRO
10.1. Direito Italiano
No direito italiano, a indenização do dano moral é admitida. Porém há grande controvérsia
a respeito do tema. A questão controvertida diz respeito à interpretação que deve ser dada às
normas reguladoras da matéria, a fim de se definir se o princípio da reparação se aplica em
todos os casos de dano moral, ou se está restrita a casos especificados pelo ordenamento
jurídico daquele país.
O antigo Código Civil Italiano (1865) disciplinava que “qualquer fato humano capaz de
produzir dano a outro obrigava o responsável que agiu com culpa a ressarcir o dano”.
No entanto, o novo Código Civil Italiano dispõe de forma diferente. Pelo novo diploma, o
dano não patrimonial deve ser ressarcido somente nos casos previstos em lei (art. 2.059).
Cotejando os dois dispositivos, observa-se que o novo diploma restringiu as possibilidades
de reparação dos danos morais. Todavia a doutrina majoritária sustenta a responsabilidade
ampla em todas as situações em que houver ofensas a direitos e interesses não patrimoniais,
com base no art. 185 do CP de 1930, que declara que a reparação econômica abrange o
prejuízo causado na esfera afetiva, como a dor.
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Em síntese, o direito civil italiano restringe a reparação do dano não patrimonial aos casos
expressos em lei, todavia a doutrina majoritária sustenta que deve haver reparação para todas
as situações em que houver ofensas a direitos e interesses não patrimoniais, o que também
vem sendo acatado pelos tribunais italianos.
10.2. Direito Francês
O Código Civil Francês, em seu art. 1.382, é bastante claro ao estabelecer que “ qualquer
fato cometido por um homem que cause dano a outro abriga aquele que fez a reparar a falha
que cometeu.
Como se pode observar, o artigo é bastante amplo, abrangendo todas as formas de dano.
Por conta disso, uma parte minoritária da doutrina francesa não admite a reparação de danos
eminentemente morais.
Contudo, a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada admite a reparação de
todas as formas de dano, ainda que exclusivamente moral.
10.3. Direito Espanhol
Assim como no direito francês, o direito espanhol contém regras bastante abrangentes
sobre a reparação dos danos. De acordo com o art. 1.902 do Código Civil Espanhol, “aquele
que por ação ou omissão causa dano a outro está obrigado a reparar o dano causado.
A reparação do dano moral sofreu resistência na Espanha. Contudo, a partir de 1928, ao
apreciar um caso de injúria e calúnia, o Tribunal Maior reconheceu a ocorrência de dano
materiais e morais, com apoio na lei nº 21, Título IX, da Partida VII.
Ademais, na esteira de outras legislações europeias que já vinham reconhecendo a
reparabilidade dos danos morais, a exemplo da França e Itália, o número de opositores
reduziu-se e houve a consolidação da reparação dos danos morais.
10.4. Direito Alemão
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Por influência do Direito Romano, o direito alemão priorizou a importância da dor física e
até hoje o Código Civil Alemão (BGB) não é abrangente no tocante à reparação dos danos
morais.
Esta deficiência foi, em partes, suprida pelo Busse (castigo, penitência), instituto oriundo
do Direito Penal, que prevê que a pena estipulada em ilícito penal deve ser revertida em
beneficio do ofendido, sendo personalíssimo esse direito à indenização.
Apesar de não ser pacífica a ideia de reparação do dano moral de forma ampla, tem sido
defendido por grande parte dos doutrinadores e aceita pela maioria dos tribunais alemães.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi oportuno no decorrer deste artigo analisar quais os fatores que influenciam no
crescente número de pedidos de indenizações por danos morais, bem como quais seriam as
formas a serem adotadas para a fixação de tais valores. Observa-se que atualmente a falta de
parâmetros legais a serem seguidos pelos juízes para a fixação de valores leva-se a quantias
exorbitantes, fazendo deste tipo de indenização uma maneira fácil de se obter vantagem
financeira.
É necessária a pacificação da doutrina e jurisprudência acerca da caracterização e
quantificação do dano moral para que haja mais conscientização social a respeito do assunto.
Almeja-se que os magistrados comecem a enquadrar os comportamentos indevidos como
litigância de má-fé, oportunidade em que a parte que utiliza indevidamente o Judiciário possa
indenizar a outra parte e arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, conforme
previsto nos artigos 16 a 18 do Código de Processo Civil.
É importante que seja reduzido o exacerbado número de ações abusivas que visam o
enriquecimento ilícito com fulcro em infundados pleitos de reparação por danos morais que
sobrecarregam o nosso judiciário.
Enfim, conclui-se que a busca pela vantagem indevida acaba por banalizar um instituto
tão importante e que demorou tanto tempo para ser reconhecido pelo nosso ordenamento
jurídico.
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