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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
DOCÊNCIA SUPERIOR
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NO PROCESSO DE
INCENTIVO A LEITURA
RENATA RODRIGUEZ GONZALES MUSSEL
ORIENTADOR:
Prof. Mestre Robson Materko
RIO DE JANEIRO
Dezembro/2001
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
DOCÊNCIA SUPERIOR
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NO PROCESSO DE
INCENTIVO A LEITURA
RENATA RODRIGUES GONZALEZ MUSSEL
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para a obtenção do Grau de
Especialista em Docência Superior.
RIO DE JANEIRO
Dezembro/2001
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Dedico este trabalho de pesquisa a todos
os educadores que valorizam a leitura, e que
despertam em seus alunos a vontade de ler.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, aos meus pais, meu
marido e filhas e a todos que direta ou
indiretamente contribuíram para a execução
desta pesquisa.
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Caixa Mágica de Surpresa
Um livro
é uma beleza,
é caixa mágica
só de surpresa.
Um livro
parece muito,
mas nele a gente
descobre tudo.
Um livro
tem asas
longas e leves
que, de repente, levam a gente
longe, longe
Um livro
é parque de diversões
cheio de sonhos coloridos,
cheio de doces sortidos,
cheio de luzes e balões.
Um livro é uma floresta
com folhas e flores
e bichos e cores,
é mesmo uma festa,
um baú de feiticeiro,
um navio pirata do mar,
um foguete perdido no ar,
é amigo e companheiro.
Elias José
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RESUMO
Sabendo que o conhecimento teórico e prático e o gosto pela leitura, advém de
desenvolvimento de hábito e preparo específico para esta atividade. Assim para que esta
prática seja valiosa, torna-se necessária uma metodologia que promova uma grande
variedade de estímulos e técnicas para facilitar a compreensão da leitura é iniciá-la bem
cedo. O contato informal com livros nos facilitará a atração e o gosto de ler mais tarde.
Não é preciso determinar o tipo de livro. Parte da maravilha de leitura é a liberdade que ela
sugere. Esta é uma experiência que não devemos tirar das nossas crianças.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A LEITURA NUM CONTEXTO SOCIAL 10 1.1 O processo histórico e cultural da leitura 10 1.2 A ausência do hábito da leitura pelos jovens 15 CAPÍTULO II - A LEITURA NO PROCESSO EDUCACIONAL 18 2.1 A importância da leitura no processo educacional 19 2.2 Tecnologia e leitura 20 CAPÍTULO III – A LEITURA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 22 CAPÍTULO IV - A FORMAÇÃO DO LEITOR NO PROCESSO PEDAGÓGICO 29 4.1 Formas para aquisição da leitura 29 4.2 Planejamento do ensino da leitura 30 4.3 Práticas para leitura 34 CAPÍTULO V - A INFLUÊNCIA DA LEITURA NO DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE 37 5.1 Panorama do livro no Brasil 38 5.2 Os fatores da leitura 39 5.3 O livro no sistema escolar 40 CONCLUSÃO 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44 ANEXOS 45
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INTRODUÇÃO
Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicações,
principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, através da
leitura que se realiza o processo de transmissão/aquisição da cultura. Daí a importância
capital que se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável, nos cursos de
graduação.
Em qualquer meio intelectual a leitura constitui um dos fatores decisivos do
estudo. Portanto, é preciso ler, sempre e muito.
Não basta ir as aulas para garantir pleno êxito nos estudos. Quem não sabe ler
não saberá resumir, tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o
ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas
das aulas, é muito importante participar, elas não circunscrevem, não limitam, ao contrário,
abrem horizontes para as grandes caminhadas, do aluno que leva a sério seus estudos e
quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem
programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas. Para elaborar
trabalhos de pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros, é preciso ler, ler
muito e, principalmente, ler bem.
Entre os professores universitários é generalizada a queixa: "os alunos não
sabem ler"! O que pode parecer um exagero tem uma explicação. Os alunos, de modo
geral, confundem leitura com a simples decodificação de sinais gráficos, isto é, não estão
habituados a encarar a leitura como um processo, que envolve o leitor com o autor, não se
empenham em atender e analisar o que lêem.
Aprender a ler não é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica,
sistemática e intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser
adquiridos através da prática.
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Cabe, porém, distinguir duas espécies de leitura: uma que se prática mais por
cultura geral ou entretenimento, e outra que requer atenção especial e que é realizada por
necessidade do saber.
É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo. É necessário
iniciar este trabalho com determinação, só esta perseverança garantirá aquela espécie de
saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura
continuado.
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CAPÍTULO I
A LEITURA NUM CONTEXTO SOCIAL
A leitura alarga os conhecimentos e capacita o ser humano a interagir no
mundo de modo criativo e transformador. Pela leitura ou pelo hábito de ler, a pessoa
adquire maior habilidade para exercer os conhecimentos culturalmente construídos, e deste
modo escala com facilidade os novos graus de ensino, e em conseqüência atinge também
sua realização pessoal.
Ao se olhar para a nossa sociedade hoje depara-se com o quadro alarmante de
milhões de analfabetos, enquanto a nova conjuntura social, apresenta no seu campo
cultural uma gigantesca revolução tecnológica.
Portanto, hoje se impõe à Educação o dever de formar uma geração do
conhecimento; uma geração capaz de dominá-lo e manipulá-lo.
A revolução industrial perde pouco a pouco seu espaço e a revolução
tecnológica ganha terreno, exigindo principalmente dos países subdesenvolvidos esforços
no sentido de ampliar a educação básica, consolidá-la e preparar a nova geração para criar
novas tecnologias. É através do investimento na educação que poderemos superar os
obstáculos que nos impedem de galgar novos rumos na construção de uma sociedade
igualitária, e democrática.
1.1 O processo histórico e cultural da leitura
O elemento fundamental que assegura a aprendizagem como processo é a
alfabetização. Sendo assim, se existe uma crise de leitura é porque a escola também está
em crise.
Com efeito, a instituição escolar é o lugar privilegiado e delegado pela
sociedade para realizar a difícil tarefa de formar sujeitos leitores. Neste sentido, a escola
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deveria ultrapassar o modelo tradicional de somente ser transmissora do saber
culturalmente acumulado para de fato exercer sua função de promotora de uma educação
que constrói a democracia.
Justamente em função de estar ligada a um sistema educacional condizente
com uma sociedade desigual e classista a leitura muitas vezes é transformada em
instrumento de inculcação ideológica.
"do ponto de vista crítico, não é possível pensar sequer a educação sem que se pense a questão do poder; se não é possível compreender a educação como uma prática autônoma ou neutra, isto não significa, de modo algum, que a educação sistemática seja uma pura reprodutora da ideologia, dominante. As relações entre a educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas, contraditórias, e não mecânicas...".(Freire, 1985, p.28).
Paulo freire ainda cita:
"As contradições que caracterizam a sociedade como está sendo penetram a intimidade das instituições pedagógicas em que a educação sistemática se está dando e alteram o seu papel ou o seu esforço reprodutor da ideologia dominante". (Freire, 1985, p.28).
Portanto, é necessário que o educador esteja atento quanto a sua opção política.
Desconhecer o caminho, é fatal, e o educador arriscaria a aderir inconscientemente a uma
política que favoreça a ideologia dominante. Interpor uma postura que garanta a
democracia, é buscar na prática diária assumir uma opção libertadora.
As contradições da nossa sociedade podem se tornar meios pelos quais a
educação neutralize a força reprodutora da ideologia.
Desta forma, é importante rever a história, pois poderemos constatar os efeitos
de uma política que manipula o saber e que repercutem ainda hoje no ato de ler.
No século XVIII, com a revolução industrial, e principalmente com o
aperfeiçoamento da imprensa, divulgou-se e promoveu-se a prática da leitura, gerando
grande euforia pela matéria escrita. Este acontecimento não é um fato isolado. A burguesia
buscando divulgar os ideais iluministas, fez da leitura uma arma contra a nobreza feudal.
Foi justamente, nesta época que a escola se firmou como instituição responsável pelo
ensino da leitura e da escrita.
No Brasil na década de 70, em que a faixa de escolaridade obrigatória passou
de 5 para 8 anos e deu-se também maior espaço para a literatura em sala de aula, verificou-
se um aumento no consumo de livros. Por esta razão a indústria de livros sentindo-se
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motivada, investiu em novas obras, novos escritores e reedições de livros clássicos,
endereçado principalmente para o público infantil. No entanto, o que se verificou foi o
desinteresse por parte do leitor e mais uma vez evidenciou-se traços de contradições, visto
que o vencedor foi o capital.
Ainda em nossa realidade de hoje, se repete a mesma situação: educadores
preocupados somente em fazer com que os alunos leiam sempre uma maior quantidade de
livros, com o intuito de formar no estudante o hábito da leitura. Mas o que se consegue
apenas é a memorização mecânica dos textos. Conforme Paulo Freire, "A quantidade de
leituras sem o devido adentramento nos textos a ser compreendidos, e não mecanicamente
memorizados, revela uma visão mágica da escrita" (Freire, 1982, p.19). Este modo de
proceder revela o autoritarismo, quem sabe, ingênuo do educador, mas que traduz
concretamente a realidade de que a educação não é neutra. Porém, a leitura traz em si um
componente democrático, mesmo que a sua difusão no curso de sua história, esteja
permeada de interesses econômicos e ideológicos da burguesia.
É preciso que a leitura se torne acessível para a população geral e para que a
leitura realmente possa se tornar popular, se faz necessário uma política educacional e
cultural democrática. Em primeira instância é necessária sua difusão em todos os
segmentos sociais. Evidentemente, sua realização só se dará com a existência de uma
escola popular de qualidade.
Uma escola popular é a instituição que capacita o educando a intervir e
construir sua própria história, porque o ato de ler que é a função primordial da escola o
possibilita e o habilita a desenvolver sua capacidade de ler o mundo. Se constatamos que
para vencermos nossa condição de país de terceiro mundo, não temos outro caminho senão
investir na educação, ou na escola para todos indiscriminadamente, é necessário ultrapassar
a estrutura educacional atual.
"escola, na medida mesma em que trabalha com indivíduos diferentes, com valores, crenças, hábitos lingüísticos e comportamentais diferentes, é também um campo de batalha – luta de idéias e de linguagens, como expressão da luta de classes". (Ziberman, 1982, p. 43)
De fato, a formação cultural da sociedade brasileira foi sempre marcada pela
marginalização: na época colonial a população brasileira devia servir somente à
comercialização e exportação de matérias primas, ou ao cultivo de produtos tropicais.
Desta forma, não havia necessidade da implantação de um sistema educacional. A
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população branca, tinha dificuldade em aprender a ler e os escravos eram mantidos em
completa ignorância. Portanto, nossa história desde de sua origem "cultua" o que é
estrangeiro.
Durante o período Republicano, alguns intelectuais da época se preocuparam
com o analfabetismo e portanto com a necessidade de expansão da rede escolar, mas não
houve apoio oficial. Este fato concorreu com o florescimento das escolas particulares.
Somente após a revolução de 30, a escola pública se expande, cedendo às pressões da
parcela da população menos favorecidas e a necessidade da formação de mão-de-obra para
as indústrias. Simultaneamente e com maior qualidade aumenta o número das escolas
privadas, perpetuando o processo de elitização do ensino.
Em nosso país, uma política educacional que de fato proponha vencer o
analfabetismo, precisará levar em conta a realidade sócio-econômica de nosso país.
Em hipótese alguma podemos prescindir do trabalho que o professor
desenvolve dentro da sala de aula. O educador é de certa forma, a chave de mudança do
nosso sistema educacional e dependendo de sua atuação, a educação pode tomar novos
rumos.
Considerar a opção do professor é fator determinante para que se viabilize
mudanças em nosso sistema educacional:
"se a opção do professor for pela classe dominada, o seu trabalho terá de aproveitar a contradição e a luta que a escola vive, como instituição contraditória, reconhecendo que, se o Estado quer usá-la para fins seus, os dominados a procuram porque percebem que saber é também poder e que a escola, embora não tenha sido feita para eles, pode ser um instrumento a mais na sua busca de libertação". (Zibermam, 1982, p.42).
De fato, o professor ao atuar de maneira democrática em sala de aula estará
contribuindo de forma valiosa para que o educando ao participar do processo, se torne
também atuante, o que equivale a um bom caminho percorrido na busca da libertação.
Olhando para a realidade percebemos que a grande maioria dos estudantes
brasileiros provêm de famílias carentes e portanto seu contato com a matéria escrita é
restrita, dando-se quase que exclusivamente na escola. Os pais são analfabetos e
geralmente o estudante permanece por poucos anos na escola, pois precisa trabalhar para
ajudar na renda familiar.
A situação se complica ainda mais, porque na escola o material escrito é parco,
as bibliotecas são pobres e deste modo o único livro a que o estudante tem acesso é o livro
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didático. O livro didático por sua vez, não atende ao interesse do aluno e na maioria dos
casos, este desinteresse deriva da dificuldade que o estudante tem de compreendê-lo.
Soma-se a estes problemas uma outra dificuldade: o valor atribuído à leitura por parte da
camada popular. Para os pais e crianças a aprendizagem da leitura é importante porque
possibilita a obtenção de melhores condições de vida. Assim, o valor atribuído é de
utilidade, enquanto para os pais e crianças das camadas favorecidas a leitura é vista como
favorecimento ao enriquecimento cultural, forma de lazer e de prazer, meio pelo qual se
adquire mais conhecimentos.
Colocada como base da educação, a leitura assume seu papel político
democrático ou não, dependendo do grupo social a que está submetida. Desta maneira a
escola, se realmente pretende participar no processo de democratização do país deve
promover a formação de leitores, partindo em primeiro lugar de uma metodologia de
ensino da literatura que fomente no educando o prazer da leitura, desenvolvendo ainda o
senso crítico diante do que é lido, fazendo relação com o mundo real.
"A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele...De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de "escrevê-lo" ou de "reescrevê-lo", quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente." (Freire, 1982, p.22).
Portanto, alfabetizadores, professores e demais trabalhadores na área
educacional, principalmente escolar, devem tomar consciência de que desempenham um
papel político, em que poderão estar comprometidos ou não com a transformação social,
ou reproduzindo a estrutura vigente. Na verdade, a leitura do mundo precede a leitura da
palavra, porque a pessoa ao entrar em uma sala de aula, já fez a leitura do mundo do qual
procede. É preciso que os professores respeitem e valorizem a experiência do aluno. E
consequentemente ao alfabetizá-lo, estará proporcionando ao educando as formas de
escrever este mesmo mundo novamente.
Sendo a leitura um bem cultural, através da qual o indivíduo se constrói como
sujeito de sua própria história, interagindo no seu mundo, ou na sociedade em que vive, a
leitura se constitui como um instrumento de produção ou reprodução. É imprescindível a
necessidade do professor analisar e compreender o aspecto contraditório que a leitura pode
reter em si. A qualidade dos textos usados em sala de aula, sua relação com a realidade e a
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metodologia de leitura indicarão e explicitarão se a escola assume a leitura enquanto
reprodutora ou a torna um instrumento de conscientização, de criação e de libertação.
O professor poderá descobrir com facilidade se sua prática é de fato
libertadora, ou seu ensino é arcaico, marcado pelo autoritarismo, reflexo de uma sociedade
dividida em classes, que manipula e oprime os que estão à margem da sociedade.
Uma pedagogia de leitura que realmente persegue e aposta na transformação
do sujeito leitor, e consequentemente na mudança da sociedade, deve buscar todos os
meios para que o livro, veículo principal da leitura, se torne acessível à população. É
preciso também cortar o vínculo da ideologia a que o livro está submetido. Desta forma, a
leitura propiciará a mudança almejada pela sociedade, porque destituída de suas amarras
que impedem a popularização do livro.
1.2 A ausência do hábito da leitura pelos jovens
Atualmente é natural entre os jovens da sociedade brasileira o desinteresse pela
leitura, devemos reverter este quadro, vivemos em um mundo globalizado que induz um
processo de mudança, precisando de uma atitude crítica transformadora, fazendo-se
necessário elaborar e adotar meios para a retomada do hábito de ler.
Várias hipóteses poderiam ser aqui enumeradas como causas para a falta de
leitura, mas para este estudo, será abordada uma hipótese considerada básica no nosso
entendimento, que é a questão da educação doméstica, pois, anteriormente, há algum
tempo atrás, não faz tanto tempo assim (quem lembra?), os pais ou os avós liam e
contavam histórias antes de colocar os filhos para dormir, todos da família reuniam-se na
sala para ouvi-las, era hábito praticado naturalmente, e isto certamente estimulava os filhos
para a prática da leitura, pois o ato de ler dos pais despertava a curiosidade dos jovens,
hábitos que não existem nos dias atuais, os pais são os espelho dos filhos, e se não existe o
hábito de leitura dos pais, logo não existirá dos filhos.
A educação familiar acaba por passar certos ensinamentos para a
responsabilidade da universidade, com a incorporação da mulher no mercado de trabalho
acabamos assumindo hoje, o papel da família, onde na maioria das vezes os alunos vêm na
universidade, ou no educador, um membro da família. Outro agravante é a questão da
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mídia onde os aparelhos eletrônicos e de informática tomaram conta, e com isso temos que
saber manejar a relação das novas linguagens e dos meios de informações como a Internet.
Temos visto o ajustamento da educação familiar, na qual jogam para o
educador a responsabilidade do preparo da educação familiar ou seja não existe mais o
convívio, o repasse dos valores e ensinamentos básicos, que seriam próprios do contexto
familiar dos jovens, deixando assim a universidade com maiores responsabilidades.
Podemos ainda ressaltar a questão dos assuntos, onde temos que adaptar conforme a
necessidade e o interesse de cada um, para que não possamos cair no erro, de informar
coisas que não serão úteis aos nossos jovens.
Os educadores precisam contribuir neste processo, pois para despertar o
interesse dos alunos para leitura, é necessário tornar as aulas agradáveis e se possível
divertidas. Acreditamos que assim será possível atingir os objetivos, tornando-se modelos
positivos para os jovens, os profissionais da educação mais atualizados, sabem que começa
no relacionamento o processo básico de ensino.
Com o desinteresse dos jovens, pode-se prever as possíveis consequências da
falta de leitura, por exemplo, dentre em breve não saberão mais redigir uma simples
redação sem a ajuda do computador e seus sistemas operacionais, não saberão a forma
correta da escrita, pois quem não ler dificilmente consegue escrever.
Segundo Paulo Freire, existe possibilidade de ir mais além e afirmar que a
leitura da palavra não somente antecede a leitura do mundo, mas a maneira de “escrevê-lo”
ou de “reescrevê-lo”, ou seja, de transformá-lo através de nossa postura crítica.
É interessante também citar a orientação de Marco Aurélio Ribeiro, quando diz
que no início do estudo, é preciso ser decidido, ou seja, ler alto, escrever, e exercitar,
começando pelos textos e assuntos mais fáceis, até conseguir concentrar-se nos mais
difíceis, antes de tudo, ter objetivo, saber o que quer atingir.
A posição dos estudiosos no assunto é que existe a necessidade primária da
leitura entre os jovens, não podendo eliminar o ato de ler, para conhecimento e domínio,
somente assim poderá exercer a postura de cidadão.
Contudo, o agravante desta situação e o mais preocupante é que todos e
principalmente os jovens viverão alienados as máquinas, é a isto que a era da globalização
e a falta de leitura entre os jovens levará a humanidade, no entanto temos que mudar
radical e urgentemente este procedimento e fazer despertar em cada jovem o interesse para
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leitura, fazê-lo compreender que este hábito é necessário para o desenvolvimento do
estudo.
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CAPÍTULO II
A LEITURA NO PROCESSO EDUCACIONAL
Um dos momentos de nossa história educacional que despertou a preocupação
pela leitura em nosso país, se deu devido ao ensino da língua estrangeira. Professores
constataram que muitas das dificuldades dos aprendizes era proveniente da incapacidade
de interagir o texto escrito na própria língua materna. Notadamente, na década de 70,
houve uma crescente preocupação pelo ensino e aprendizagem da leitura, principalmente
pela demanda no mercado de trabalho, que exigia pessoal qualificado, em conseqüência da
urbanização e industrialização do país.
Desta forma, é para a escola que se convergem toda atenção. Não que a leitura
seja competência exclusiva da escola, mas em nosso país a escola se reveste de suma
importância cultural, e está ligada intrinsecamente ao ensino da leitura e da escrita. Aliás, o
objetivo principal da educação é a formação do homem integral, que se realiza através do
desenvolvimento de suas potencialidades para que torne um ser atuante no meio em que
vive. E a escola é a instituição encarregada de realizar este trabalho educacional de modo
organizado e sistematizado, justamente para oferecer à cada pessoa o ingresso e o acesso
aos bens culturais. A Lei Diretrizes e Base da Educação Nacional, mantém em vigor o
Artigo 2º da Lei 4.024 do ano 1961 que diz respeito ao direito à Educação, reafirmando
que "a educação é direito de todos e será dada no lar e na escola".
Este processo portanto, desencadeado pela escola pressupõe a alfabetização,
que permite ao ser humano superar o seu estágio de ignorância, para escalada e ampliação
de novos conhecimentos. Assim, a leitura no contexto educacional assume seu
posicionamento democrático, popularizando o saber, porque sendo a escola pública, o
direito à educação é assegurado a todos, pelo menos em forma de Lei.
19
2.1 A importância da leitura no processo educacional
Visualizar, o lugar que ocupa a leitura no contexto educacional significa
perceber o projeto político e teórico que a fundamenta.
Desde que utilizada para atender às exigências de uma sociedade de consumo,
a educação foi cada vez mais limitada a transmissão de conhecimentos, gerando uma
sociedade despida de princípios éticos, uma sociedade que valoriza o êxito imediato,
construindo uma cultura superficial, descompromissada com o social.
No contexto educacional atual, continua a ecoar a necessidade urgente de
promover ações para a erradicação do analfabetismo em nosso país.
Primeiramente constatamos que a leitura é dependente da instituição escolar,
que é responsável pela sistematização e organização do saber, pela promoção e divulgação
da cultura e também guardiã da tradição do povo a quem serve. No entanto nosso sistema
educacional é seletivo e imbuído de ideologia.
Desta forma, a leitura sofre influências deste mesmo processo e até pode se
tornar colaboradora em fomentar e reproduzir elementos que divergem e ao mesmo tempo
se repelem, dependendo da política que a orienta.
Resgatar pois, o verdadeiro sentido de uma educação voltada para a
recuperação dos direitos de cidadania de todos os indivíduos é necessário vencer o binômio
desigualdade-exclusão, característica marcante de nosso sistema educacional.
A alfabetização é então, um elemento importante componente da democracia
que almejamos. Para se encaminhar nesta direção, é preciso que se saiba onde pisamos, o
que queremos construir e os meios que deveremos usar.
Pois alfabetizar alguém não é um ato em que o "o alfabetizador vai enchendo
com suas palavras as cabeças supostamente vazias dos alfabetizandos. Pelo contrário,
enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo da alfabetização tem, no
alfabetizando, o seu sujeito" (Freire, l99l, p. 21). Deste modo, a leitura implica a
participação livre do sujeito, realizando uma relação ativa e democrática entre
alfabetizador e alfabetizando. É deste modo que a educação alcançará sua meta singular:
ajudar a despertar em cada pessoa a consciência de sua própria dignidade, formando
pessoas livres, responsáveis e solidárias.
Paulo Freire, em sua obra: A importância do ato de ler coloca aspectos
interessantes da atitude de um professor que realmente optou por uma prática libertadora:
20
1º) É necessário que o próprio professor tenha coerência entre o discurso democrático e sua
prática.
2º) O educador é uma pessoa consciente da importância de "cada aluno", e por isso trata
cada um como ser único, respeitando seu direito de dizer a palavra. Ao mesmo tempo, o
educador deve colocar-se à escuta do educando.
3º) Por fim, o educador deve assumir a ingenuidade dos educandos.
Estas três características de um educador democrático são fundamentais no
processo educativo, porque permite ao alfabetizando inserir-se num processo criador, do
qual o próprio alfabetizando é o criador e o sujeito ao mesmo tempo. Num processo
democrático tanto educador quanto educando se enriquecem mutuamente. Então será
possível a instauração de uma sociedade democrática e justa.
2.2 Tecnologia e leitura
No entanto, é constrangedor perceber que apesar de todos os esforços feitos,
nosso país na virada do milênio apresenta o triste quadro de 32 milhões de analfabetos e
que nosso sistema de ensino, centra-se na simples instrução, no acúmulo de informações e
muitas vezes as inovações limitam-se apenas ao uso de novas tecnologias.
"nada ou quase nada existe em nossa educação, que desenvolva no nosso estudante o gosto da pesquisa, da constatação, da revisão dos "achados"- o que implicaria no desenvolvimento da consciência transitivo-crítica. Pelo contrário, a sua perigosa superposição à realidade intensifica no nosso estudante a sua consciência ingênua. A própria posição da nossa escola, de modo geral acalenta ela mesma pela sonoridade da palavra, pela memorização dos trechos, pela desvinculação da realidade, pela tendência às formas meramente nocionais, já é uma posição caracteristicamente ingênua". (Freire, l980, p.94).
Por não conseguir avançar num processo educacional libertador, muitas vezes a
instituição escolar se torna o próprio motivo de seu esvaziamento e da fuga dos estudantes
que preferem as experiências da vida, do que qualquer lição oral ou escrita que a escola lhe
oferece.
É preciso portanto, tornar a escola um lugar agradável, um lugar de
descobertas, de análise crítica, que permita à nova geração acompanhar a revolução
tecnológica sem deixar-se manipular pelo encantamento das máquinas e sem se questionar
pelos reais ou imagináveis proveito que o mundo da máquina proporciona.
21
Como o ato de ler é um ato que possibilita relacionar o texto ao contexto, aos
conhecimentos, aos valores, aos sentimentos, às ideologias do poder, extrapola, portanto o
âmbito da educação formal, fornecida pela escola. Vencer, pois o desafio de preparar
cidadãos mais capacitados e dosados de discernimento para enfrentar a era da cibernética,
que vem modificando, de alguma forma a política econômica, o conhecimento, a
convivência entre as pessoas, enfim a própria vida, será o determinante do valor potencial
de uma nação.
Constata-se, no entanto que a maioria dos homens e mulheres que se destacam
em nossa sociedade, pertencentes à elite, são corruptos e injustos e passaram pela escola,
condenando assim o processo educativo nacional. Portanto, a necessidade de uma
educação sobretudo para a vida é imprescindível. É necessário colocar a tecnologia a
serviço da aprendizagem e cuidar para que a tecnologia não dissimule as relações humanas.
Porque a educação não consiste somente em habilitar a pessoa humana a uma determinada
tarefa, mas engloba a pessoa como um todo.
Deste modo, a escola é responsável em conduzir este processo de abertura ao
mundo tecnológico, mas ao mesmo tempo dando capacidade de questionar os benefícios
reais ou prejuízos que compõe a era da informática, para não se deixar manipular pela
propaganda e pelo consumismo. Ao procurar desenvolver no educando a consciência
crítica, a escola encontra na leitura uma grande aliada. A questão então, é formar leitores
reais. Pois, o domínio da língua possibilita a participação plena na realidade presente que
facilita a inter-relação escola-vida. É através da linguagem que o homem se comunica,
expressa seus sentimentos desde os mais espontâneos aos mais requintados, partilha ou
constrói visões do mundo, produz conhecimento.
22
CAPÍTULO III
A LEITURA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
As crianças geralmente não aprendem a ler antes do início da escolaridade
obrigatória, isto é, a partir dos seis anos de idade. A forma como será iniciada essa
aprendizagem é de sobremaneira importante para se tornar ou não num leitor competente e
motivado. Exporemos agora algumas particularidades a ter em conta quando da iniciação
dessa atividade.
Segundo Fátima Sequeira, a leitura é um processo ativo, auto-dirigido por um
leitor que extrai do texto (considerado aqui não só como página escrita, mas também
como combinações de imagens, diagramas, gráficos, etc.) um significado que foi
previamente codificado por um emissor. E acrescenta: Visto que o objetivo final da leitura
é a comunicação e esta só se faz através da compreensão, é sobre esta que devem incidir
todas as estratégias usadas pelo leitor.
A principal estratégia a utilizar é a que consiste em predizer ou antecipar o
significado de um texto. Para Frank Smith (1978), a base de toda a compreensão é a
previsão ou antecipação. De fato, num processo de leitura, o leitor, tendo em conta a sua
experiência cultural e lingüística, antecipa o texto do ponto de vista fonológico, lexical e
semântico. É evidente que quanto maior for o seu domínio da língua falada, quanto maior
for o conhecimento e o interesse do texto, mais sinais o leitor possui para poder antecipar
significados de letras e palavras conducentes a uma leitura mais rápida e compreensiva. Ao
predizer palavras e idéias, o leitor experimenta algumas dificuldades ou obstáculos que
tentará resolver formulando hipóteses sobre o que o texto dirá nas palavras ou frases
seguintes. Ao verificar o significado do texto, pela compreensão da leitura subseqüente, as
hipóteses serão confirmadas ou rejeitadas.
Diz-nos ainda Fátima Sequeira que uma das componentes essenciais no
processo de leitura é o símbolo gráfico. O modo como o leitor o vê e como ele vai extrair
significado desses símbolos, que, no início de uma aprendizagem da leitura, não têm
23
referente e apresentam-se por isso mais difíceis, são problemas que a criança precisa de
solucionar e para os quais necessita de maturidade intelectual. A orientação é uma das
capacidades que é importante dominar para o sucesso no desenvolvimento cognitivo e na
leitura.
A criança necessita de saber que na página impressa o código se deve ler da
esquerda para a direita e desde o topo da página. Isto porque esta capacidade está
relacionada com conceitos de direção e de ordem, representando esta última uma das
capacidades cognitivas mais importantes no processo da leitura. O conceito de ordenação é
necessário para a seqüência de letras, palavras, idéias. Para um adulto a palavra mala não
representa o mesmo que a palavra lama, mas se uma criança não possui o conceito de
ordenação, é possível que para ela as duas palavras signifiquem o mesmo uma vez que nos
dois conjuntos existem as mesmas letras. Tanto a orientação como a ordenação «têm sido
estudadas como requisitos fundamentais para a decifração e compreensão na leitura. As
duas tarefas estão relacionadas com a organização do pensamento espacial, que se
desenrola em três fases: a) tipológica (os objetos são observados como idênticos se
puderem ser decalcados uns nos outros); b) projetiva (os objetos são interpretados segundo
a orientação: frente, atrás, direita, esquerda); c) euclideana (os objetos são interpretados
segundo um sistema coordenado e abstrato, vertical e horizontal), (Ternes, l974).
Kenneth S. Goodman diz que aprender a ler começa com o desenvolvimento
do sentido das funções da linguagem escrita. Ler é buscar significado, e o leitor deve ter
um propósito para buscar significado num texto. Para este autor, «aprender a ler implica o
desenvolvimento de estratégias para obter sentido do texto. Implica o desenvolvimento de
esquemas acerca da informação que é representada nos textos. Isto somente pode ocorrer
se os leitores principiantes estiverem respondendo a textos significativos que se mostram
interessantes e têm sentido para eles.
A leitura é apresentada como sendo composta de quatro ciclos, começando
com um ciclo óptico, que passa a um ciclo perceptual, daí a um ciclo gramatical, e termina,
finalmente, com um ciclo de significado. Mas à medida que a leitura progride, segue-se
outra série de ciclos, e logo outra e outra. De tal modo que cada ciclo segue e precede outro
ciclo, até que o leitor se detenha ou até que a leitura tenha chegado ao final.
O objetivo principal do leitor é o de «obter o sentido do texto. A atenção está
focalizada no significado, e tudo o que há além disso (tal como letras palavras ou
gramática) apenas recebe atenção plena quando o leitor encontra dificuldade na obtenção
24
do significado. Cada ciclo é uma sondagem e pode não ser completado se o leitor for
diretamente ao encontro do significado. Em uma leitura realmente eficiente, necessitam-se
poucos ciclos para completá-la antes que o leitor obtenha significado. Porém,
retrospectivamente, o leitor saberá qual é a estrutura da oração e quais são as palavras e
letras, porque terá conhecido o significado, e isto criará a impressão de que as palavras
foram conhecidas antes do significado. Em um sentido real, o leitor está saltando
constantemente em direção às conclusões.
a característica mais importante do processo de leitura, e é no ciclo semântico que tudo adquire seu valor. O significado é construído enquanto se lê, mas também é reconstruído, uma vez que devemos acomodar continuamente nova informação e adaptar nosso sentido de significado em formação. No decorrer da leitura de um texto, e inclusive logo após a leitura, o leitor está continuamente reavaliando o significado e reconstruindo-o, na medida em que obtém novas percepções. A leitura é, pois, um processo dinâmico muito ativo. (Goodman, 1987, p. 45)
O meio social onde a criança vive e se desenvolve é de grande importância
para o sucesso da aprendizagem e do desenvolvimento leitura. O fato de a criança ler, em
primeiro lugar, textos que são significativos para ela, leva-nos a considerar a motivação e o
meio onde a criança se movimenta como fatores importantes no sucesso da leitura. Os pais,
a casa, a comunidade, a biblioteca, os órgãos de comunicação social afetam o sucesso
escolar da criança e conseqüentemente o seu êxito na leitura. As oportunidades culturais
que a casa lhe oferece com livros, revistas, jornais, jogos e espaços com alguma
privacidade para a criança, despertam nesta a necessidade e o interesse pela leitura. Por
outro lado, «os pais que lêem, respondem a perguntas, estimulam a resolução de
problemas, dão sugestões, apreciam as discussões, são pais que proporcionam aos filhos
um ambiente ideal para a imersão no livro. As comunidades que dinamizam a biblioteca
pública e incentivam a sua freqüência, fazem feiras e exposições do livro, proporcionando
uma comunicação social em que o livro é fonte de conhecimento e de prazer, estão a legar
às suas crianças a maior dádiva que poderá fazer delas cidadãos conscientes, cultos e
responsáveis.
John Carroll apresenta a seguinte análise da tarefa da leitura: A leitura requer,
da parte do leitor, um conhecimento da língua que ele vai ler. A leitura requer a capacidade
de entender que as palavras escritas são análogas às palavras orais. A leitura requer a
capacidade de separar as palavras faladas nos sons que as compõem e juntá-las de novo. A
25
leitura requer a competência para reconhecer e discriminar letras e grafemas nas suas
formas variadas (maiúsculas, minúsculas, impressas, cursivas, etc). A leitura requer a
capacidade de proceder, num texto, da esquerda para a direita e de cima para baixo. A
leitura requer competência para compreender, inferir, avaliar o texto que se decifra.
No ensino Secundário, o desenvolvimento da leitura implica outras estratégias,
na medida em que os objetivos a alcançar são mais complexos. Assim estudou esta
problemática e procurou formular alguns pressupostos que a ajudam a esclarecer.
Falar da aprendizagem da leitura, em um nível de ensino como o Secundário, pressupõe considerá-la como uma área de conhecimento passível de se dividir em planos constituintes, de se submeter à definição de objetivos operacionais manifestáveis em comportamentos e, neste sentido, capazes de serem avaliados. Por isso, continua, a definição, para os 7º e 8º anos, de um objetivo, com uma designação tão genérica, como "interpretar", não distinguindo o que se faz em cada ano de escolaridade, bem como o que se faz de aula para aula, não parece suficiente enquanto orientador das atividades que se desenvolvem à volta de textos, na aula de Português. Se tanto a perspectiva que considera a compreensão como processo unitário, como a que a toma como um derivado complexo da atuação de capacidades e sub-capacidades distintas, são ainda objeto de discussão e análise, a adoção, em situação pedagógica, da primeira, levanta alguns problemas. (Sousa, 1989, p. 78)
Um dos problemas é a de a leitura ser um processo cujo funcionamento varia,
não só de acordo com a natureza do discurso sobre que se realiza, mas também, em função
das características do leitor (dos seus objetivos para a atividade, das suas crenças, valores e
dos seus conhecimentos prévios). Depende destes prioritariamente porque, apesar das
diferenças estruturais que permitem agrupar os textos em tipologias, há, entre todos eles
uma característica comum: na sua superfície, na materialidade de palavras e espaços que se
apresentam aos olhos do leitor, os sentidos apenas se encontram em estado virtual à espera
que alguém os atualize. Todo o texto é uma rede complexa de pressupostos (referenciais
semânticos, pragmáticos) que funciona, não só por uma questão de economia, mas
também, em favor de uma relativa liberdade interpretativa. O estado de um texto é, pode-se
dizer, de incompletude, exigindo na sua compreensão o recurso a movimentos de
cooperação que o encham de sentidos. É fundamental que o leitor recorra a todo um
conjunto de conhecimentos, tanto de natureza lingüística, como não lingüística,
(conhecimentos do mundo, resultados de experiências, etc.).
Maria de Lourdes Sousa considera que não há um dia mágico em que passamos
de aprendizes de leitura a leitores. Aprender a ler é uma questão de desenvolvimento e, por
26
isso, quanto mais lemos, melhor lemos, porque mais palavras e seus valores se
reconhecem, mais pistas contextuais sabemos usar, mais relações podemos estabelecer, em
suma, porque mais sabemos. A natureza complexa desta interação estratégica entre texto e
leitor torna-se evidente quando comparamos "bons" e "maus" leitores. Os trabalhos
experimentais levados a cabo para os distinguir apontam para uma maior capacidade dos
primeiros em proceder a antecipações de sentido, a formular e, posteriormente, confirmar
ou corrigir hipóteses, mais do que em se preocuparem com a decodificação palavra a
palavra, numa linearidade que impede a integração e reconstrução do sentido global.
O leitor competente será aquele que é capaz de "ver", de antecipar, relações
sintáticas, valores semânticos, acontecimentos, etc, mesmo antes de completar os ciclos
óptico e perceptivo, mas terminando com a sensação de ter visto cada traço gráfico, ter
identificado cada forma e palavra. Esta ativação de estratégias cognitivas, de amostragem e
seleção, inferência, antecipação e confirmação/afirmação, que funcionam numa seqüência
espiralada, em que cada uma é determinada e determina a outra, leva Goodman (l967) a
caracterizar a leitura como "um jogo psicolingüístico de adivinhação".
No entanto, a formulação de hipóteses, as antecipações (bases da inferência)
não são apenas características do leitor competente. Qualquer leitor possui para a
informação que processa um conjunto de alternativas que lhe permite antecipar quer
sentidos, quer acontecimentos e até a ocorrência de vocábulos. O que caracteriza a leitura
deficiente é o fato de não se proceder a uma escolha que, à partida, tenha a máxima
possibilidade de estar correta.
“o perfil do leitor competente desenha-se, então, a partir das tarefas em que se envolve e estratégias a que recorre no momento de ler. Em primeiro lugar e, em situação "voluntária" de leitura, os indivíduos têm uma qualquer intenção para o fazer; a sua leitura será, por isso mesmo, determinada por essa intenção que pode variar desde o mero entretenimento, até uma procura de informação específica com vista a um enriquecimento pessoal, ou à resolução de um problema. É esta intenção que determinará o tipo de informação a ser selecionada (a amostragem), que fará ativar os conhecimentos prévios, dos quais resultarão as inferências, as antecipações e permitirão o pleno entendimento do que está no texto. Por outras palavras, o leitor iniciará já a sua leitura de forma comprometida. São estas primeiras hipóteses (sintáticas, semânticas e, inclusivamente, sobre o gênero textual) que se vão confrontar com os enunciados seguintes; em caso de não confirmação, têm lugar movimentos de regressão; se sim, continua-se a leitura em
27
direção a uma hipótese cada vez mais próxima do sentido veiculado pelo texto.” (Sousa, 1986, p. 79)
Assim, os objetivos para a aprendizagem da leitura consistirão «no
desenvolvimento desta capacidade estratégica, no desenvolvimento de diferentes tipos de
leitura (consoante os fins [em] vista e os textos envolvidos), mais especificamente, no
desenvolvimento da capacidade de usar e transformar, com base no texto, os
conhecimentos anteriores, uma vez que só estes permitirão proceder a corretas
representações mentais do que se lê. Nesta perspectiva, não ocorrerá uma representação do
texto uniformizada, para toda a turma. Cada aluno, em função das suas características
lingüísticas e experienciais formará a sua representação.
A tarefa do professor consistirá em demonstrar quais as representações
legitimadas pelo texto e as que não são. De uma coisa os alunos terão de ter consciência, é
que as interpretações de alguns textos podem ser múltiplas, mas devem repercutir-se umas
sobre as outras não se excluindo, mas, pelo contrário, reforçando-se.
Como perseguir tais objetivos ao estudar-se um texto? «Uma abordagem
global, como a que propõe Françoise Grellet (1984), pode contribuir para alcançar estes
objetivos. Num primeiro momento, far-se-á um estudo prévio do título, extensão e figuras
se as houver), procedendo-se, de seguida, à formulação de hipóteses sobre os conteúdos e
finalidades comunicativas do texto; de igual modo se poderá proceder à antecipação sobre
onde se encontrará a confirmação dessas hipóteses; o segundo passo consiste numa
primeira leitura silenciosa para confirmar e, se caso for, corrigir as hipóteses formuladas
anteriormente; num terceiro momento, os alunos procedem a uma outra leitura, agora de
pesquisa minuciosa, a fim de encontrar informação específica e pertinente para a sua total
compreensão.
Será neste momento que tem também lugar uma reflexão sobre o processo de
leitura: a justificação de inferências, a distinção de informação explícita, implícita e
pressuposta, o estudo sobre a estrutura do texto e o seu valor comunicativo.
Para Maria de Lourdes Sousa, as perguntas têm a vantagem de guiar os alunos
para os aspectos relevantes, de lhes mostrar onde e como devem procurar a informação, de
os manter envolvidos enquanto tentam responder, e, também, de os forçar à utilização de
estratégias que, de outro modo, poderiam nunca vir a ativar-se. Com as suas perguntas, se
foram selecionadas em função de objetivos particulares, o professor sabe exatamente que
28
movimentos os alunos estão a fazer para compreender, que capacidades têm necessidade
de desenvolver, que conhecimentos precisam para saber ler.
No entanto, tal como as conhecemos, após a leitura do texto, estes objetivos só
com dificuldade são alcançados e, fundamentalmente, por duas razões: em primeiro lugar,
os alunos já fizeram a sua interpretação e as perguntas vêm, sobretudo, testá-la.
Dificilmente um aluno que leu um texto modificará, pelas perguntas que o professor vai
colocando à turma e não só a ele, a interpretação feita. Talvez, por isso, não seja raro
assistirmos à manutenção de uma interpretação literal, por parte de um aluno, mesmo
depois de se ter corrigido uma resposta que a invalidara. As abordagens por perguntas
revelam-se produtivas quando obrigam o aluno a envolver-se ativamente na pesquisa da
resposta, se servirem de orientadoras da primeira interpretação.
29
CAPÍTULO IV
A FORMAÇÃO DO LEITOR NO PROCESSO PEDAGÓGICO
Sabedora da importância que se reveste a leitura na vida de uma pessoa, a escola
deveria investir na busca de caminhos que levem os alunos a adquirirem o gosto pela
leitura. Deveria a escola, no seu interior buscar motivações que desperte e fomente nas
crianças o hábito da leitura. Desta forma, são dos professores e educadores que deve surgir
em primeira instância a preocupação para que aqueles que passam pela escola, se tornem
de fato leitores.
4.1 Formas para aquisição da leitura
Sempre que se mencionam leitura e seus problemas, vem em mente o espaço na
escola, onde ocorre o seu processo, ou seja: a sala de aula e ao mesmo tempo aquele que
orienta este processo: o professor.
Como a educação é um processo político, necessário se faz esclarecer o papel
fundamental que exerce o professor em sua prática pedagógica diária, principalmente o
professor alfabetizador. O educador que realmente opta por uma prática libertadora, deve
empregar o método do diálogo, da troca, da investigação, da busca, da criação no processo
de alfabetização.
"educadoras e educadores, vivam na prática, o reconhecimento óbvio de que nenhum de nós está só no mundo. Cada um de nós é um ser no mundo, com o mundo e com os outros. Viver ou encarnar esta constatação evidente, enquanto educador ou educadora, significa reconhecer nos outros – não importa se alfabetizandos ou participantes de cursos universitários; se alunos de escolas de primeiro grau ou se membros de uma assembléia popular – o direito de dizer a sua palavra. Direito deles de falar a que corresponde o nosso dever de escutá-los". (Freire, 1991, p.30).
30
Para ser construtor da democracia, é preciso antes de tudo praticá-la, iniciar o
processo democrático na própria sala de aula. Aliás, nós educadores estamos tão
acostumados a sermos ouvidos, que não nos damos conta de que muitas vezes
reproduzimos o sistema de dominação permanente em nossa sociedade.
Ao se buscar estratégias para a aquisição de leitura, não devemos nos esquecer
da análise dos instrumentos que utilizamos diariamente. Sabe-se que o livro didático é o
instrumento que prevalece na escola, o professor deveria estar atento aos textos, pois são
utilizados para uma determinada atividade, fugindo do seu suposto destino: ser lido. O
professor deveria também encaminhar sua ação na descoberta da função exercida pelo
texto num sistema social e político.
Pretender que a escola seja um espaço onde o aluno irá familiarizando,
amadurecendo gradualmente na compreensão e interpretação de textos mais complexos,
será preciso que os textos com que o aluno lida, lhe possibilite crescer. Para esta passagem
a figura do professor é indispensável, na medida em que garanta aos alunos, textos ricos
em linguagem, que dão margem às discussões sobre os modos de falar antigamente e hoje,
sobre a nossa história lingüística e as relações entre o falar e o escrever. Desta forma será
fácil induzir o aluno ao contato e à apreciação das modalidades cultas do português,
favorecendo assim o desenvolvimento lingüístico, o enriquecimento cultural pessoal do
estudante.
A escola deveria ainda ensinar os alunos a fazerem diversos tipos de leituras. O
que quer dizer: não "lerem" somente, mas sobretudo "entenderem" os textos específicos de
cada matéria, o enunciado das provas, as questões de pesquisa.
4.2 Planejamento do ensino da leitura
Tudo o que se ensina na escola, envolve e depende da leitura. Para que o
ensino da leitura traga resultados eficazes, exige-se que se conheça as diversas facetas que
compõe e orientam o ensino, a aprendizagem e o despertar do gosto da leitura, ou do hábito
de ler. Inicialmente é necessário que de fato se conheça a importância da leitura na vida de
uma pessoa, os benefícios adquiridos através de sua prática. É partindo da consciência do
valor da leitura para o indivíduo, que a escola terá condições de se colocar em linha de
batalha, para que seu processo se viabilize.
31
Numa sociedade como a nossa, pressupõe do mestre que realmente opta por
uma pedagogia de cunho transformador, capacidade de descoberta da função exercida pelo
texto no contexto educacional e social. Ao planejar portanto, o ensino da leitura, o
educador precisa ser coerente em suas atitudes, assumindo uma postura democrática, que
tenha como características: o diálogo, o respeito, a humildade ao ensinar, que corresponde
ao reconhecimento de que aprender a ler, é um ato "criador", e portanto o aprendizado da
leitura depende da participação do sujeito.
Conhecer o sujeito a quem se pretende formar leitor, é fator relevante nesta
construção, pois o interesse pelos livros varia de acordo com a idade. Existem cinco idades
de leitura que o professor deveria considerar:
Antes dos seis anos de idade - A criança gosta de folhear livros grandes, bem ilustrados.
O interesse por cenas individuais a ajudam a estabelecer os limites do "eu" e do mundo.
De cinco a nove anos – O interesse é pelos contos de fadas, com enredos mais elaborados.
Por possuir uma mentalidade plena de magia, o leitor busca nas fábulas, nos contos de
fábulas, a simbologia necessária para elaboração de suas vivências.
Dos nove aos doze anos – A criança inicia o desprendimento pelo mundo da fantasia e
geralmente prefere histórias que lhe apresentam o mundo real. É a idade da história
ambiental e da leitura factual.
Dos doze a quatorze anos – Idade da história de aventuras. Fase marcada pelo
conhecimento da própria personalidade , os interesses de leitura se voltam para os enredos
sensacionalistas, histórias vividas por gangues, histórias sentimentais.
Dos quatorze aos dezessete anos – Anos de maturidade ou desenvolvimento da esfera
lítero-estética de leitura. A escolha é por aventuras de conteúdo intelectual, viagens,
romances e temas relacionados com os interesses vocacionais.
O conhecimento dos interesses do leitor pela idade é questão básica que deve
ser prevista no planejamento da leitura na escola.
No interior da instituição escolar, onde se dá o ensino-aprendizagem da leitura,
exige-se do professor que orienta o processo, uma visão larga e objetiva. Desta forma
conhecer a direção a seguir, é qualidade indispensável para quem decide colocar-se a
caminho.
No processo educativo, inseparável do ato político, os educadores deveriam
perguntar, questionar e obter clareza sobre seu posicionamento:
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"A favor de quem e do quê , portanto contra quem e contra o quê, fazemos a educação e de a favor de quem e do quê, portanto contra quem e contra o quê, desenvolvemos a atividade política. Quanto mais ganhamos esta clareza através da prática, tanto mais percebemos a impossibilidade de separar o inseparável: a educação da política. Entendemos então, facilmente, não se possível pensar, sequer, a educação, sem que se esteja atento à questão do poder". (Freire, 1982, p.27).
Desta forma, o professor ao planejar o ensino da leitura, deveria ter clareza
sobre os objetivos da leitura, seus aspectos e funções.
Existe uma variedade de leituras e para cada tipo de leitura o leitor necessita
mobilizar uma série de estratégias de acordo com o que pretende obter do texto a ser lido.
Dentre as diversas situações de leitura, podemos divisar seis grandes grupos:
Leitura de reflexão – É uma leitura caracterizada por retomada constante ao texto para
apreensão do conteúdo e desenvolvimento de idéias. Está relacionada aos estudos
superiores e trabalho intelectual.
Leitura para a ação – Este tipo de leitura é endereçada diretamente para a ação. É
freqüente, mecânica e rápida pois não exige uma formulação mental. É a leitura, por
exemplo, de: placas, de manuais técnicos, das regras de um jogo.
Leitura de distração – O objetivo da leitura de distração é justamente o divertimento, a
evasão, o entretenimento.
Por não ter objetivos culturais ou educacionais, a leitura de distração encontra
certa resistência no ambiente escolar.
É o tipo de leitura utilizada em viagens ou sala de espera, em que o leitor vai
folheando uma revista ou jornal para passar o tempo.
Leitura de consulta – A finalidade da leitura de consulta é buscar uma informação,
desconsiderando o restante do texto. Exercida principalmente na busca de informação em
catálogos, enciclopédias, dicionários, guias de endereços.
Leitura da linguagem poética – O leitor visa na leitura de linguagem poética, além do
conteúdo do texto, se deleitar com a beleza da sonoridade das palavras.
Leitura de informação – A leitura de informação tem como objetivo preencher lacunas do
conhecimento sobre determinada matéria. Não há necessidade de reter a informação por
muito tempo. É a leitura de coleta de dados para fins utilitários, leitura de normas,
regimentos e outros.
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Ao considerar os diversos tipos de leitura, verificamos que escola ainda se
encontra incapacitada em desenvolver no educando as estratégias adequadas para saber
"ler" nas diversas situações de leitura no mundo contemporâneo. Privados da principal
chave de acesso à cidadania, o ensino brasileiro relega à classe menos favorecida uma
educação que de fato promova a pessoa humana, estimule o exercício da cidadania, em
favor de uma sociedade justa e democrática.
Depois de termos visualizado o campo abrangente da leitura no processo
educativo, e vislumbrado a importância do ato de ler, como tarefa primordial e essencial da
escola, podemos enumerar as seguintes propostas pedagógicas para a formação do leitor
cidadão:
Tornar a sala de aula um espaço democrático. O que significa que o professor deve
propiciar um clima de liberdade, respeitando o ritmo e as diferenças individuais de cada
aluno. E ainda: que o professor seja uma pessoa aberta ao diálogo, coerente, que aprecie a
leitura e seja um leitor competente. É impossível ensinar a ler e não ser um leitor.
É preciso que os educadores em geral, valorizem a leitura e trabalhem no
sentido de estimularem a leitura na escola, fazendo com que os alunos percebam que existe
uma variedade de leituras e que em cada área de estudo, exige habilidades equivalentes ao
tipo de leitura que é feita.
A formação do professor é outro elemento fundamental que concorrerá para
que os alunos se tornem de fato leitores. Que o professor planeje bem as suas aulas de
leitura, selecionando boas obras para apreciação da classe, variando as oportunidades de
leitura.
É necessário ainda que o professor esteja atento aos textos dos livros didáticos,
que podem ser utilizados com o objetivo de induzir à passividade, ao conformismo. É inte
e material variado para a leitura.
Consciente da importância da leitura, a escola é convidada, mesmo se a
comunidade onde está situada é carente, a incentivar a leitura, a promover atividades sobre
a importância do ato de ler e o papel que a leitura desempenha na aprendizagem.
34
4.3 Práticas para leitura
Observa-se que todo intelectual tem necessidade de ler e sente prazer nisso.
Mas como ler, se a cada dia surgem mais livros sobre os diversos assuntos? A única
maneira de se solucionar o problema é desenvolver a habilidade de selecionar a leitura.
Quem estuda um texto tem por objetivo aprender algo, rever detalhes ou buscar
resposta para indagações. Então, a leitura é feita para cumprir uma obrigação, mesmo que
esta, seja para com a própria intelectualidade. Assim, é evidente que nem todos os textos
servem ao objetivo de um determinado estudo, é preciso ver aqueles nos quais se pode
confiar, e por qualquer razão podem não o ser, o problema está em saber como selecioná-
los previamente.
Tratando-se de estudantes normalmente matriculados em um curso, o problema
não é de solução difícil, basta consultar o professor, fazendo isso deve ser claro,
explicando o motivo da consulta e o objetivo específico da leitura. Como o estudo é
necessariamente dividido em etapas, importa consultar o professor sobre qual das obras
atenderá ao propósito da etapa em que se encontra o estudante. Assim, ele compreenderá a
razão de consulta e ficará mais simples.
O desenvolvimento dessa habilidade, poderá ser mais rápido se for bem
orientado: o título do livro é a 1ª informação que temos sobre seu conteúdo, mas não é
critério de escolha para a leitura. Devemos examinar o livro cujo título nos interessa à 1ª
vista, devemos ver o nome do autor, seu curriculum, ler sua "orelha", o índice da matéria, a
documentação ou as citações ao pé das páginas, a bibliografia, a editora, a edição e ler o
prefácio.
- Treinamento
O estudo de um texto exige concentração e reflexão, a leitura de estudo
proveitosa depende de treinamento, principalmente para pessoas que tem pouco hábito de
concentrar-se.
Tal treinamento, não se faz de um dia para o outro, requer tempo e persistência.
A 1ª providência para iniciar o treinamento do estudo pela leitura consiste em
dispor de condições ambientais que permitem ao leitor sentir-se fisicamente confortável
para a atenção ao que lê. É muito difícil captar o sentido do que se lê quando as condições
ambientais não são propícias para a leitura. Quando este hábito estiver estabelecido, essas
35
condições deixarão de exercer influência tão significativa. É possível estudar em qualquer
ambiente. No entanto, no início, o leitor deve buscar que o ambiente possua condições
ideais: tranqüilidade, iluminação adequada e silêncio.
Há estudantes que estão habituados a realizar a leitura, ouvindo música, o
hábito em si não tem nada de negativo, mas, para os que não estão habituados a ter
concentração, a música, passa a ser um elemento de dispersão mental e deve ser evitado.
A iluminação ideal é aquela que, ilumina o texto sem causar fadiga aos olhos.
A posição adotada pelo leitor não é menos importante. Embora cada pessoa
tenha uma posição preferida, é sempre aconselhável a ler sentado para estudar. Esta deve
permitir a enxergar e respirar normalmente e a situação corporal não deve provocar sono
ou cansaço.
A escrivaninha ou mesa de trabalho também é motivo de atenção. A
experiência demonstra que uma simples mesa voltada para a parede e não para uma rua
movimentada, contribui de maneira considerável para tornar a leitura mais compensadora.
A preparação do local consiste em deixar a mão o caderno ou as fichas, de
apontamento, um lápis para sublinhar trechos, uma caneta para fazer as anotações e um
dicionário.
Por último, o preparo psicológico constitui uma importante condição. Antes de
começar a leitura é necessário livrar a mente de todos os problemas, cada pessoa pode
desenvolver seu processo pessoal de chegar ao "silêncio interior", um momento de total
concentração no objetivo que deseja alcançar. É obtido o estado mental desejado, resta
apenas partir para a ação.
- Sublinhar com inteligência
Sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em destaque as idéias mestras.
Descobre o principal em cada parágrafo, este propósito o mantém concentrado e em atitude
crítica durante todo o tempo dedicada à leitura. O hábito de sublinhar com inteligência
favorece o trabalho das revisões imediatas.
Sublinhar é uma técnica que tem suas normas. E se não forem observadas, esta
ação pode atrapalhar mais do que ajudar.
Cada um pode adotar uma maneira de sublinhar e fazer anotações à margem
dos textos. Entretanto, pode-se sugerir algumas normas, conforme segue:
a. Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes;
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b. Não sublinhar na 1ª leitura;
c. Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas;
d. Ler o texto sublinhando com a continuidade;
e. Sublinhar com dois traços as palavras-chave da idéia principal, e com um
único traço pormenores importantes;
f. Assinalar com linha vertical, à margem do texto, as passagens mais
significativas;
g. Assinalar com um sinal de interrogação, à margem, os pontos de
discordância.
- Rendimento e rapidez
Existe pessoas que são incapazes de absorver o conteúdo do que se lê. Em
geral essa dificuldade se manifesta devido a ausência de velocidade e ritmo adequados à
leitura. É preciso que nossos olhos leiam com o ritmo e velocidade da mente.
Ler em voz alta é também um exercício de ritmo de leitura. Ele permite maior
emprego da mente, pois está sempre percebendo de forma mais consciente o que é lido
para comandar a ação dos órgãos da expressão oral. Na verdade essa interpretação é
significativa porque, ao fazer as pontuações e as modulações da voz com naturalidade, o
leitor tem de entender o que está lendo.
Uma das técnicas, relaciona-se o emprego dos olhos e condena o hábito de ler
sílaba por sílaba.
Durante a leitura, os olhos percorrem as linhas não em movimento contínuo,
mas aos pulos. Nossos olhos podem fixar-se em uma sílaba, nessas paradas de
reconhecimento quanto mais amplo for este reconhecimento, mais veloz será a leitura, e
como essas paradas incidem em palavras principais, mais compreensível torna-se o texto.
O melhor rendimento no estudo, pede leitura mais veloz. Contudo, como a
velocidade de leitura é um dos requisitos para implementar a eficiência, recomenda-se que
durante a leitura seja praticado o seguinte:
- A vez do vocabulário
O domínio cada vez mais amplo do vocabulário enriquece nossa possibilidade
de compreensão e concorre para aumentar a velocidade na leitura.
37
CAPÍTULO V
A INFLUÊNCIA DA LEITURA NO DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE
Em qualquer nação o sistema da cultura pode ser dividido em problemas
'verticais' e 'horizontais'. Os verticais são as atividades especificas: o cinema, o teatro, as
artes plásticas, a música, os museus. Os horizontais são as atividades genéricas como a
leitura, a difusão da cultura geral, a capacitação profissional.
Os problemas verticais afetam principalmente o próprio povo da cultura:
artistas, intelectuais, funcionários, empresários da cultura. Os problemas horizontais
afetam a nação como um todo.
Entre os problemas horizontais de nossa cultura, a leitura tem um papel
essencial e decisivo para o salto civilizatório que o Brasil vem realizando. Não há nação
desenvolvida que não seja uma nação de leitores. Desde o operário que precisa ler manuais
até o advogado que precisa decifrar o 'legalês', passando pelo estudante que enfrenta os
exames, o cidadão que enfrenta as urnas, a dona-de-casa que enfrenta a educação da
família, o executivo que enfrenta sua papelada, todos os membros de uma sociedade
civilizada são obrigados a utilizar várias formas de leitura e interpretação de livros, jornais,
revistas, relatórios, documentos, textos, resumos, tabelas, computadores, cartas, cálculos e
uma multidão de outras formas escritas.
É importante perceber que o hábito de leitura de um povo não pode ser
considerado igual à sua alfabetização. Saber ler não é suficiente para ter-se familiaridade
ou convívio permanente com a leitura - para obter aquilo que em inglês se chama 'literacy'.
Todos os povos civilizados se caracterizam por possuírem uma massa crítica de leitores
ativos, isto é, gente que desde a infância adquiriu o hábito de leitura e que todos os dias
manipula com facilidade uma grande quantidade de informação escrita. E, por detrás desta
diversidade dos tipos e meios de leituras encontra-se sempre o mesmo objeto, o mais
poderoso instrumento do saber jamais inventado pelos homens: o livro. É impossível
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produzir jornais, computadores, tabelas, anúncios, relatórios e tudo mais sem um longo
treino anterior que só pode ser obtido com os livros.
Não é, pois, exagero afirmar como Darcy Ribeiro que o livro foi a maior
invenção da história e a base de todas as outras conquistas da civilização. E não é exagero
também afirmar que o livro no Brasil não vai nada bem - apesar de ter todas as
possibilidades de superar esta deficiência num curto prazo histórico. Quantos livros os
brasileiros lêem por ano? Os indicadores indiretos são eloqüentes. Nos EUA são
produzidos 11 livros per capita/ano, na França 7 e no Brasil 2,4. Mesmo considerando que
boa parte da leitura do Brasil não é feita em livros mas em jornais e revistas, ainda assim
lemos muito pouco se comparados aos países avançados e muitíssimo menos do que seria
necessário para o desenvolvimento do País. O brasileiro informa-se essencialmente pela
televisão e oralmente - com as poucas vantagens e as muitas desvantagens deste fato.
Esta situação é uma ameaça latente e permanente para o nosso desenvolvimento
social, econômico e político. É fundamental para o futuro da democracia brasileira
estabelecer condições para que da multidão de jovens pobres que habita as periferias possa
emergir uma massa significativa de pessoas educadas que se integrem nas nossas futuras
elites. E para que isto se realize é essencial que esta massa de jovens tenha familiaridade
com a leitura. Sem esta familiaridade sua ascensão social será frustrada, nossa democracia
continuará a perigo e nossa sociedade continuará pobre. Este é um fato muito pouco
discutido na mídia, que prefere tratar dos saques do MST e da filha da Xuxa. Mas é um
problema que os políticos, jornalistas, cidadãos e empresários conscientes devem colocar
na pauta de nossas prioridades estratégicas. O Estado, a sociedade e as empresas têm
obrigação de compreender o problema, dimensioná-lo, identificar os seus fatores críticos e
estabelecer programas realistas para resolvê-lo.
5.1 Panorama do livro no Brasil
Em 1990 eram cerca de 144 milhões e produzimos em torno de 1,6 livros per
capita. Em 1998 somos quase 160 milhões e estamos produzindo perto de 2,4 livros per
capita, o que significou uma melhoria real - que pode ser atribuída à estabilização da
economia iniciada em 1995. Entretanto, este número manteve-se o mesmo entre 1996
e1998. No ano 2000 as projeções indicam que seremos 165 milhões e, se o consumo de
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livros continuar crescendo apenas passivamente, produziremos cerca de 2,5 livros per
capita - isto é, estaremos marcando passo.
A situação é, aliás, pior do que pode parecer: destes 2,4 livros per capita
produzidos nos últimos três anos, apenas 0,8 são livros não-didáticos. Ou seja, o livro
didático, que é praticamente obrigatório e distribuído gratuitamente pelo governo federal,
constitui a imensa maioria dos livros consumidos em nosso País. Pode-se afirmar que, na
prática, o único livro que o povo brasileiro conhece é o escolar e que, terminada a escola,
ele deixa de ter qualquer contato com este instrumento fundamental para o
desenvolvimento social, político e econômico da nação e dos indivíduos.
Duas exceções importantes devem ser registradas. Uma é o livro religioso que
cresce desproporcionalmente aos outros setores devido à distribuição muito mais eficiente
e penetrante que a dos outros gêneros. Outra é o livro infanto-juvenil (ás vezes classificado
incorretamente como paradidático), que cresceu devido à sua ligação essencial com a
escola.
Constatadas estas duas exceções, todo o resto - livros de referência, literatura,
técnicos, profissionais, científicos - mantém-se dentro dos 0,8% que não crescem com o
passar dos anos e não acompanham o crescimento dos outros setores de nossa economia.
De fato, na última década, a quantidade de livros per capita no Brasil tem crescido e
decrescido em proporção direta com o aumento ou diminuição das compras de livros
escolares pelo Estado. O livro livremente comprado pelos cidadãos é um mercado que não
se desenvolve.
5.2 Os fatores da leitura
De acordo com estudos realizados pela UNESCO foi possível identificar quais
os fatores críticos no estabelecimento do hábito de leitura de um povo ou de uma pessoa.
Eles são: (a) ter nascido numa família de leitores, (b) ter passado a juventude num sistema
escolar preocupado com o estabelecimento do hábito de leitura, (c) o preço do livro, (d) o
acesso ao livro e (e) o valor simbólico que a população atribui ao livro.
Cada um destes fatores, se atacado isoladamente, não resolverá o problema. O
livro pode até ser barato, mas se não houver pontos de venda ele não será comprado. Ele
pode mesmo ser grátis. Mas se não houver bibliotecas ele continuará não sendo lido. A
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escola pode valorizar a leitura, mas se a sociedade não o fizer, o hábito se extingue na
saída da escola. E assim por diante. Só programas permanentes que ataquem simultânea e
coordenadamente estes cinco fatores poderão produzir o aumento progressivo do consumo
de livros e o desejado crescimento da massa crítica de leitores.
5.3 O livro no sistema escolar
Os novos parâmetros curriculares elaborados pelo MEC colocaram o problema
da leitura e da biblioteca escolar na sua devida importância. Outra questão será a de
realizar estes propósitos na prática, em nível municipal e estadual.
Sabidamente a biblioteca escolar é o patinho feio do sistema educacional. A
carreira de bibliotecário escolar sequer existe. Ninguém sabe de fato o total destas
bibliotecas ou espaços de leitura nem sua situação global do ponto de vista de acervo,
performance e resultados. Apenas as secretarias estaduais de educação (e nem todas) estão
parcialmente informadas a respeito. Não há também uma política geral de apoio,
organização, treinamento e fomento da biblioteca escolar, instituição fundamental para o
futuro de qualquer País.
Em certas escolas, especialmente as privadas, a situação pode até ser descrita
como boa - mas é quase certo que na maioria é precária. Pior: de certa forma a
obrigatoriedade da leitura didática age mais como desestímulo à leitura do que como
fomento. Professores militantes da leitura (eles são muitos e merecem muito mais apoio do
que recebem) já perceberam que, depois de terem interessado as crianças na leitura através
de Ruth Rocha, Silvia Ortoff, Maria Clara Machado, Ziraldo e outros autores inteligentes e
divertidos, o hábito de leitura declina dramaticamente no colegial. Um dos motivos é que
no colegial, a escola passa a obrigar à leitura dos autores exigidos no vestibular. E estes
autores, quase sem exceção, não são nada adequados ao prazer de ler para quem tem 15
anos.
Dado o fato de que o futuro da nação são suas crianças e que estas, mesmo sem
pertencerem a famílias de leitores, estão concentradas nas escolas, a questão do estímulo à
leitura na escola é o fator crítico mais importante e mais descuidado na criação de um
público para o livro brasileiro. Criar um bom sistema nacional de bibliotecas escolares,
dotado de bons programas de estimula à leitura, à imaginação e à cultura geral criará um
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enorme mercado presente e futuro para o livro com conseqüências gigantescas na cultura
geral, capacitação e empregabildade de nosso povo.
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CONCLUSÃO
A leitura é antes de tudo um processo intelectual. Mesmo aqueles que a
ensinam e a vêem como uma técnica de decodificação de sons e letras sabem que ela (a
leitura) demanda tempo, perseverança e capacidade cognitiva para se dominar seus
mecanismos básicos. Estes fatores a transformam, inevitavelmente, em um instrumento de
elite. Partindo-se desse pressuposto, não é estranho que ao longo de um processo histórico
(cronológica e socialmente falando) tenha se construído um conceito burguês de leitura,
que envolveu todos os profissionais que atuam nessa área, e que se estendem também a
todas as atividades profissionais que de alguma forma dependem de habilidade intelectual
(entendida aqui no seu conceito mais restrito) para serem viabilizadas.
A atividade científica constitui o ápice destas atividades e aqueles que a
exercem são concebidos como uma elite capaz de guiar a nação em sua emancipação. Este
conceito, hoje, no entanto, tornou-se bem mais funcional e objetivo - busca-se preparar
profissionais qualificados para realizar os fins pragmáticos a que se propõem as
instituições.
Mesmo os diversos conceitos sobre o processo da leitura tendem ao equilíbrio
entre o cognitivismo e o aspecto social da leitura - é verdade que todo indivíduo possui
suas próprias estratégias cognitivas de leitura, mas isto não pode ser visto apenas sob o
aspecto do mecanicismo ou do individualismo.
Ninguém se expressa apenas a partir do seu próprio interior, todas as nossas
idéias são construídas ao longo de todo um processo histórico-social, no qual o próprio
discurso científico desempenhou e desempenha um papel muito importante.
A maneira peculiar que o indivíduo tem de se expressar e de interpretar a
realidade está muito ligada ao discurso que ele absorve desta mesma realidade. No nosso
século, o discurso científico tem sido o predominante. Absorvido como o mais válido
dentre todas, o discurso científico tem refletido na sua estrutura todas as mudanças porque
passam a sociedade e a realidade que se estuda. A leitura tem absorvido estas mudanças na
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emancipação do sujeito cognitivo e na teoria da leitura interativa: o discurso científico na
visão do seu processo produtivo.
A formação discursiva reafirma assim a constituição do sentido e da
identificação do sujeito cognitivo, o lugar onde ele se reconhece e se identifica, adquirindo
assim uma identidade própria e onde o sentido do que está sendo comunicado adquire a sua
unidade - unidade que é própria na forma do discurso que está sendo narrado e dos sujeitos
que nele se reconhece através do jogo interativo entre autor/conhecimento/sujeito
cognitivo.
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ANEXOS