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Desenhos e formas Urbanas no séc. XIX: A cidade pós-liberal Teoria e História do Urbanismo II Prof. Me. Roberto D’Alessandro [adap. de Fritsch, Noemi Yolan N.]

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Desenhos e formas Urbanas no séc. XIX:

A cidade pós-liberal

Teoria e História do Urbanismo II

Prof. Me. Roberto D’Alessandro [adap. de Fritsch, Noemi Yolan N.]

Panorama Histórico

A industrialização e o crescimento urbano deram novas

características ao movimento republicano, e a crise

econômica de 1846 precipitou a Revolução de fevereiro de

1848, que o derrotou. O rei se viu obrigado a abdicar em

favor de seu neto Luis Filipe,conde de Paris, e refugiou-se na

Inglaterra. Os revolucionários, porém, negaram-se a

reconhecer o sucessor e, no mesmo ano, proclamaram a

Segunda República Francesa (1848-1852). Depois disso,

houve eleições presidenciais, e a Constituição passou a

estabelecer novos direitos.

Conservadorismo monárquico x ideais republicanos, liberais e socialistas

Napoleão III (1852-1870)

Em 1852 Napoleão III apoiado pela burguesia

institui o Império.

•Congresso de Viena – monarquias contra disseminação dos ideais revolucionários

•Economia estagnada e a “primavera dos Povos”

•Membros do operariado e campesinato exigiram melhores condições de vida e trabalho

•1848 – manifesto Comunista de Karl Marx

•Potencial de mobilização das classes trabalhadoras

Consequencias urbanas

•Ruptura da dimensão formal

•Utilização das idéias dos pré urbanistas utópicos

•Abandono da tese da não intervenção do estado

Cidade pós Liberal:

reorganiza e influencia o planejamento das cidades

Consequencias urbanas

•Inovações : jardins e parques; alamedas, passeios públicos, avenidas e boulevards.

• A quadrícula, a geometria, o traçado regular e a perspectiva barroca são

abundantemente utilizados.

•Evolução das estratégias militares : muralhas pouco úteis.

1ª etapa: a cidade invade o campo. Razões: área para industrialização e aumento

demográfico.

2ª etapa: destruição das muralhas e aproveitamento da área desocupada para a

construção de anéis viários. A especulação fundiária sem desenho urbano.

•Cidade industrial : desequilíbrio entre oferta e procura.

•Especulação imobiliária : incompatível com o desenho urbano.

•Cidade se desenvolve por extensão de loteamentos e de construções e não pela

organização do espaço urbano.

Panorama Histórico

• Administração pública e propriedade

imobiliária entram em acordo,

estabelecendo os limites de cada um,

fixados com exatidão.

• Proprietários: aumento de valor

produzido pelo desenvolvimento da

cidade.

• Implantação dos edifícios (formação do

desenho da cidade): construídos no

alinhamento, na chamada rua-corredor.

Isolados no lote.

• Periferia, subúrbio

Frente das ruas: limite do espaço urbano

PÚBLICO X PRIVADO

O DESENHO DA CIDADE

Desenho urbano

Desenho urbano

A utilização dos terrenos urbanizados depende dos proprietários individuais

(privados ou públicos). A administração influi apenas com regulamentos as

Medidas dos edifícios em relação às medidas dos espaços públicos

Desenho Urbano

Defeitos: •Densidade excessiva no centro, falta de moradias baratas e

congestionamento.

• Acentua-se distinção entre técnicos e artistas.

• Sobreposição da cidade à cidade antiga. Demolições e

reconstruções. Respeito aos monumentos.

• A densidade excessiva no centro é atenuada por alguns

corretivos: as “casas populares” e os parques públicos”.

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Barão Georges Eugène Haussmann

c. 1860 – prefeito do departamento do Sena

advogado, funcionário público, político e administrador

Prefeito nomeado por Napoleão III em 1853

Maior modernizador urbano até o presente

Implantou a metrópole Iluminista

Plano – o urbanismo progressista racionalista

• O primeiro deles era evitar que no futuro um levante revolucionáriotivesse sucesso - entre 1827 e 1849, por oito vezes foram levantadas

barricadas na cidade -, situação que ele tivera que enfrentar em dezembro de

1851, quando houve reação armada da esquerda e dos operários da cidade

contra o desejo dele de continuar à cabeça do poder executivo francês;

• O outro fator foi à erupção de uma segunda epidemia de cólera em

1848, que redundou em 19 mil vítimas.

Barricadas em Paris - 1871

Fatores principais que levaram Napoleão III a

executar os planos dereforma de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalista

O centro superpovoado da velha

Paris:

Ameaça á integridade de seus

habitantes, local malcheiroso

onde se expandiam as pragas e

serviam de abrigo ao tifo e

tétano.

O centro superpovoado da velha Paris:

A topografia da Paris da época, especialmente o miolo da cidade com casas amontoadas, ruas

estreitas e vielas lúgubres, sistema de esgotos a céu aberto, higiene clamorosamente falha, ar

puro inexistente e luz do sol insuficiente

Plano – o urbanismo progressista racionalista

A partir de Napoleão III e Haussmann, já se pode realmente falar em política urbana. Contrariamente

aos projetos anteriores, a cidade passou a ser considerada de forma global. Circunstâncias

favoráveis:

• Lei de desapropriação urbana de 1840;

• Lei sanitária de 1850.

• Haussmann gastou cerca de dois bilhões e meio de francos, entre 1853 e 1869, sendo a maior

parte, algo próximo a um bilhão e meio de francos, gasto em obras de demolições e abertura de ruas

que por deveriam passar por meio de bairros.

O Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalista

O Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Boulevard Henri IV

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Rue de jardinet

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Paris anterior aos trabalhos de Haussmann.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Haussmann projeta um esquemaque abre espaço dentro do tecido medieval de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Toda a Paris aos poucos foi se tornando uma obra de

arte, uma autentica cidade-luz, sendo que o ápice foi a construção da nova Ópera

por Charles Garnier, inaugurada em 1875.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Avenida da Ópera – foto atual

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Principais Intervenções

1. Construção de novas avenidas e alargamento das vias existentes.

Criação de boulevares ajardinados

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Boulevard :•efeitos cenográficos;

•escoamento da produção industrial;

•infra-estrutura sanitária;

•objetivo militar.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Avenue des Champs-Élysées tem 71 m de largura e 1,9 km.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

A Avenue des Champs-Élysées forma o Eixo Histórico de Paris, iniciando na Place de La Concorde, junto

ao Obelisco de Luxor, Museu do Louvre e Jardins das Tulherias.

O primeiro projeto foi feito pelo arquiteto Le Nôtre , em 1667, durante o reinado de Luis XIV.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Praça de l’Etoille – atual Charles de Gaulle

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

A Praça Charles de Gaulle é o ponto de encontro de doze avenidas,local onde foi

construída uma das primeiras rotatórias, a fim de distribuir melhor as vias.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

2. Construção de Edifícios Públicos e Normatização das Construções

•Os cortes realizados através da cidade pelas avenidas descartam completamente o antigo

modelo urbano ( os cortiços decadentes e as densidades demográficas excessivas dos

bairros interiores) e estabeleceram novos eixos mais retilíneos e largos a partir de uma

estação, de uma praça ou de um monumento importante.

•Serviços secundários foram criados, como as escolas, os hospitais, os colégios, os

quarteis, as prisões.

•Paris passou a respirar melhor, mas os parisienses mais humildes foram forçados a se

mudar para a periferia. As expropriações de pardieiros deram lugar aos imóveis construídos

sob orientação de Haussmann.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Orientações de Haussmann

Padronização

Orientação para um marco através da linearidade constante nas avenidas

Separação dos andares:

Térreo – comércio

1º e 2º andares – burguesia

Sótão – hóspedes, empregados ou área de serviços

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Melhorou também o sistema de distribuição de água e criou a grande rede de

esgotos, quando em 1861 iniciou a instalação dos esgotos entre La Villette e Les

Halles, supervisionada pelo engenheiro Belgrand.

3. Reforma Sanitária

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Instalação de serviços primários: água ,esgoto, sistema de transporte subterraneo

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

4. Criação de 20 distritos (arrondisssement)

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Barcelona

Ildefons Cerdá (1815-76)

Foi um engenheiro urbanista e político catalão

responsável pelo plano de extensão e reforma

(Plan de Ensanche) da cidade de Barcelona.

Formou-se engenheiro de caminhos em

Madrid no ano de 1841.

Um dos fundadores do urbanismo moderno.

Durante a década 1850, Cerdà começa seus estudos

sobre a cidade de Barcelona e seu ensanche

(extensão).

A cidade estava então limitada pelas muralhas antigas,

que uma vez a protegeram mas que agora impediam

seu crescimento.

Em 1854, o governo decide oficialmente derrubar as

muralhas, o que abre caminho para realização de um

novo plano para a cidade.

Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris

Traçado urbanístico básico: radial e quadrícula, a cidade medieval é preservada

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Barcelona e Cerdá

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo

Salubridade

Moradia: suporte da qualidade de vida

Habitações planejadas:

•a privacidade do indivíduo no lar, com condições dignas de vida, o higienismo

(sol, vento, ar, luz natural), que deveriam estar presentes nas habitações e o

custo, adaptação do empreendimento para a classe operária.

Cria a espacialização em forma de “ilha tipo” com 113m e 20m de chanfro

Barcelona e Cerdá

Plano – o urbanismo progressista racionalistaBarcelona e Cerdá

O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias em lugar, gera também

desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina.

As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal.

A tipologia é ortogonal, homogênea e igualitária

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Barcelona e Cerdá

O plano previa quadra com

ocupação perimetral em dois ou no

máximo três lados.

Os edifícios não ultrapassariam

mais do que dois terços da

superfície do quarteirão.

Os espaços internos resultantes se

abririam para a cidade oferecendo

equipamentos públicos e generosas

áreas arborizadas. Enfase na quadra

que passa de uma condição residual

para se tornar suporte de uma

composição urbana que a tem como

espaço da cidade.

O perímetro da quadra deixa de ser

o limite do espaço público.

Plano – o urbanismo progressista racionalista

Barcelona e Cerdá

Cidades-jardim

Ebenezer Howard

1850-1928

Cidades-jardim

Ebenezer Howard

Cidades-jardim

Ebenezer Howard

Cidades-jardim

Ebenezer Howard

Cidades-jardim

Ebenezer Howard

Letchworth -1904

Cidades-jardim

Raymond Unwin and Barry Parker

Urbanismo Culturalista-progressista

Ebenezer, Parker e Unwin - 1903

Setorização e valorização dos

conjuntos habitacionais dos operários

Encarregados de desenvolver os planos

para o centro urbano de Lecthworth Garden City

Ruas curvas e de mão única

Espaços abertos, amplos com jardim

Concentração de área verde

Passeio para pedestres

Subúrbios-jardim

Raymond Unwin and Barry Parker

LETCHWORTH

“Sir” Raymond Unwin :

Adere ao socialismo como alternativa

as desigualdades capitalistas

1863 – Yorkshire – UK

1940 – Connecticut -EUA

www.ebad/info

Cidades-jardim

Raymond Unwin and Barry Parker

Urbanismo Culturalista-progressista

Cidades-jardim

Raymond Unwin and Barry Parker

Raymond Unwin e a Liga Socialista

http://criticalplace.org.uk/2015/09/23/the-radical-roots-of-garden-cities/

“Garden Cities”emergiram de um movimento socialista e anarquistas para a

melhoria das condições de habitação, que estava comprometida

com os valores cooperativos cujo conselho ainda inspira a muitos atualmente

Garden City association foi fundada em 1899

Cidades-jardim

Howard, Parker and Unwin

http://criticalplace.org.uk/2015/09/23/the-radical-roots-of-garden-cities/

O projeto da “Garden City com seus princípios de

espaço, luz e natureza foram herdados pelos milhões

que se beneficiaram com a construção em massa do

conselho de habitação desde 1920 até 1940. Este

conselho em sua melhor fase proveu habitações

acessíveis e de qualidade que melhorou a vida de

gerações. Deu um impulso coletivo e sentido de

aspiração e esperança para 1/3 da população até a

década de 1980. A Garden Cities,foi a idéia democrática

e acessível sonhada inicialmente por Howard e Unwin.