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Desempenho/Economia nacional: PMEs industriais pouco beneficiam de sucessos 29 de Janeiro de 2011, 20:41 A Associação Industrial de Moçambique (AIMO), considera que a viabilidade da indústria só poderá acontecer se houver um fortalecimento de todas as instituições de apoio a gestão de risco de crédito. A AIMO, considera também que o sector só pode ser viável se for desencorajado o uso do poder de monopólio e minimizada a concorrência movida pelo sector público empresarial. Recentemente, a agremiação promoveu debates sobre a competitividade industrial no país, onde foi tónica dominante a constatação de que as pequenas e médias indústrias ainda não se estão a beneficiar dos sucessos que a económica moçambicana vem registando nos últimos anos. “Para as pequenas e média indústrias, este sucesso falhou na melhoria da disponibilidade e acesso ao crédito. A taxa de transformação dos depósitos em créditos é das mais baixas da África Sub-Sahariana. Entre 183 economias do mundo, Moçambique situa-se na posição 127ª no índice de acesso a financiamento, atrás de Angola, Maurícias e Tanzânia e África do Sul, que ocupa a segunda posição”, considera a AIMO. Os debates tiveram como base um estudo recentemente apresentado em Maputo, onde a AIMO, explica ainda que as causas do fraco acesso a financiamento industrial são os custos financeiros elevados associados à uma estrutura bancária oligopolista, e ao ainda baixo nível de poupança financeira. Àqueles factores associam-se ainda a concentração bancária; ausência de linhas de crédito e instituições bancárias orientadas para financiamento de longo prazo; e a concorrência movida pelo sector público. “Num contexto em que o nível de poupança é baixo e os instrumentos ao dispor do banco central para provocar mudanças falham; a procura do sector público estimula e sustenta um comportamento conservador da banca. O fraco nível de gestão e organização nas pequenas e médias empresas aumenta a percepção de risco associado à indústria e reforça o cenário descrito”, refere a AIMO. Ainda de acordo com a fonte, os custos para a economia e para a sociedade são o atraso económico com relação aos parceiros da região; fraca capacidade competitiva e produtividade para as empresas; exclusão financeira e social. No extremo, a pobreza aprofunda-se sendo a sua face mais visível a expansão do desemprego e criminalidade urbana. CONSTRANGIMENTOS Entre os membros da AIMO, segundo ainda o estudo, o fraco acesso a financiamento é considerado um dos principais constrangimentos para as suas

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Desempenho/Economia nacional: PMEs industriais pouco beneficiam de sucessos29 de Janeiro de 2011, 20:41

A Associação Industrial de Moçambique (AIMO), considera que a viabilidade da indústria só poderá acontecer se houver um fortalecimento de todas as instituições de apoio a gestão de risco de crédito. A AIMO, considera também que o sector só pode ser viável se for desencorajado o uso do poder de monopólio e minimizada a concorrência movida pelo sector público empresarial.

Recentemente, a agremiação promoveu debates sobre a competitividade industrial no país, onde foi tónica dominante a constatação de que as pequenas e médias indústrias ainda não se estão a beneficiar dos sucessos que a económica moçambicana vem registando nos últimos anos.

“Para as pequenas e média indústrias, este sucesso falhou na melhoria da disponibilidade e acesso ao crédito. A taxa de transformação dos depósitos em créditos é das mais baixas da África Sub-Sahariana. Entre 183 economias do mundo, Moçambique situa-se na posição 127ª no índice de acesso a financiamento, atrás de Angola, Maurícias e Tanzânia e África do Sul, que ocupa a segunda posição”, considera a AIMO.

Os debates tiveram como base um estudo recentemente apresentado em Maputo, onde a AIMO, explica ainda que as causas do fraco acesso a financiamento industrial são os custos financeiros elevados associados à uma estrutura bancária oligopolista, e ao ainda baixo nível de poupança financeira.

Àqueles factores associam-se ainda a concentração bancária; ausência de linhas de crédito e instituições bancárias orientadas para financiamento de longo prazo; e a concorrência movida pelo sector público.

“Num contexto em que o nível de poupança é baixo e os instrumentos ao dispor do banco central para provocar mudanças falham; a procura do sector público estimula e sustenta um comportamento conservador da banca. O fraco nível de gestão e organização nas pequenas e médias empresas aumenta a percepção de risco associado à indústria e reforça o cenário descrito”, refere a AIMO.

Ainda de acordo com a fonte, os custos para a economia e para a sociedade são o atraso económico com relação aos parceiros da região; fraca capacidade competitiva e produtividade para as empresas; exclusão financeira e social. No extremo, a pobreza aprofunda-se sendo a sua face mais visível a expansão do desemprego e criminalidade urbana.

CONSTRANGIMENTOS

Entre os membros da AIMO, segundo ainda o estudo, o fraco acesso a financiamento é considerado um dos principais constrangimentos para as suas operações, fazendo parte dos seis problemas prioritários das actividades de advocacia desta instituição.

O estudo da AIMO, revela também que menos de 10 por cento do investimento realizado em capital fixo e circulante pelas pequenas e médias empresas em Moçambique, provem do sistema bancário local.

Numa análise ao comportamento industrial, a AIMO referiu-se ao facto da economia ter retomado um crescimento à taxa média de por 7 por cento ao ano, nos últimos cinco anos. “Esta tendência foi influenciada pelo crescimento da agricultura, comércio e pela indústria extractiva, cujo crescimento situou-se acima da taxa média de crescimento da economia. A reacção da indústria transformadora

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face a melhoria do estado geral da economia foi modesta. Excluindo a Mozal, o sector registou as taxas de crescimento mais baixas dos quatro sectores descritos (2 por cento em 2008)”, frisa a AIMO.

Entre os empresários do sector industrial, de acordo com a AIMO, o sentimento dominante é de um aparente abandono e preocupação, em relação ao potencial do sector enfrentar a concorrência que advirá da recente abertura ao comércio regional. O ambiente de negócios permanece particularmente adverso para a indústria e industrialização.

“Num conjunto de 183 países referenciados no índice de ambiente de negócios do Banco Mundial de 2010, o país situa-se na posição 135”, refere o estudo.

ESTRANGEIROS INVESTEM MENOS

A ASSOCIAÇÃO Industrial de Moçambique (AIMO), apresentou recentemente em Maputo, um estudo sobre a competitividade do sector no qual realça que somente 30 por cento das empresas beneficiam do Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

“O remanescente não possui nenhuma ligação, por um lado, porque não satisfaz as exigências feitas pelas empresas de capital estrangeiros, e por outro lado, porque as empresas resultantes de IDE quando se instalam no país já vêem com a sua própria rede de fornecedores estrangeiros, limitando os esforços de transferência de tecnologia destas empresas para as empresas nacionais”, refere a AIMO.

No período de 2005 a 2009, foram aprovados projectos de IDE no valor global de 8.165 milhões de dólares norte-americanos, distribuídos pelos sectores de recursos minerais (64 por cento), agricultura e agro-indústria (21 por cento), turismo e hotelaria (6 por cento), indústria (4 por cento) e outros sectores com um total de 5 por cento. O sector industrial tem sido um dos sectores menos favorecidos na recepção de projectos de IDE, o que pode aumentar ainda mais o problema de transferência de tecnologia para este sector.

De acordo com a AIMO, para inverter o cenário actual é necessário fortalecer o associativismo industrial como instrumentos de provisão de informação, partilha de custos e exercício de pressão e advocacia.

“Há que estimular a formação de força de trabalho em empresas que tenham adoptado novas tecnologias, convertendo as despesas de formação em despesas fiscais para todas empresas; melhorar o acesso a informações sobre novas tecnologias de produção, dinâmica de mercados mundiais de tecnologia, mecanismos alternativos de financiamento”, defende a AIMO.

De entre o role das prováveis soluções para tornar a indústria sustentável, a Associação considera ainda ser necessário seleccionar as melhores inovações tecnológicas do sector industrial e promover a sua difusão em feiras e outros eventos realizados no país; fazer uma análise crítica da actual política e estratégia industrial, e apresentar a posição do sector privado ao governo.

“É importante que se faça maior difusão dos mecanismos aprovados pelo Governo para a promoção de novas tecnologias e capacitar os agentes industriais de forma a melhor explorar estes instrumentos; encorajar maior intervencionismo das instituições vocacionadas para a pesquisa no desenvolvimento e difusão de novas tecnologias, principalmente para as áreas das engenharias e tecnologias”.

A Associação Industrial de Moçambique defende também a promoção da difusão de tecnologias e ligações tecnológicas entre as empresas resultantes do IDE e as empresas nacionais, por via de feiras e outros mecanismos de partilha de informação.

MÃO-DE-OBRA

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Moçambique registou, nos últimos dez anos, uma das mais altas taxas de crescimento económico em África. A maximização dos benefícios deste crescimento, encontra-se entretanto, limitada pela falta de mão-de-obra qualificada. Cerca de 50 por cento da população Moçambicana é analfabeta e a maioria (80 por cento) destes não possui nenhuma qualificação profissional.

De acordo com a AIMO, noventa por cento dos que procuram emprego tem menos de 9ª classe e a sua maioria (62 por cento) não tem qualificação ou experiência profissional, o que significa fraca capacidade dos mesmos em se auto sustentar, muito menos responderem às exigências de competitividade industrial.

As principais causas deste fenómeno são o limitado encorajamento de modelos de formação virados para o auto-emprego e desenvolvimento de competências profissionais; longos anos de incentivo e de predomínio da formação generalista e académica que é cara para as famílias em tempo e recursos; altas taxas de abandono escolar; estagnação das escolas técnicas e vocacionais; fragmentação institucional e de políticas de desenvolvimento da força de trabalho; e reduzido engajamento do sector privado e informal associado a fraquezas do quadro regulador e de incentivos fiscais.

“Para a sociedade, as consequências da falta de mão-de-obra qualificada são o atraso económico em relação a região; perda de divisas com o recurso a expatriados; aprofundamento das desigualdades regionais e sociais, porque à medida que o investimento se afasta de Maputo e das urbes a escassez de força de trabalho qualificada torna-se mais severa; baixa produtividade individual e das empresas; e desemprego cuja face visível é a insegurança na periferia e a pobreza urbana”, defende a Associação.

HÁ FORTE APETÊNCIA POR NOVAS TECNOLOGIA

MOÇAMBIQUE é um país em que a utilização de novas tecnologias é ainda muito baixa. De acordo com a Associação Industrial de Moçambique (AIMO), cerca de 62 por cento das indústrias nacionais operam com maquinarias e equipamentos fabricados há mais de 20 anos atrás e, enfrentam sérias dificuldades para fazerem a sua reposição.

A AIMO, sustenta que os principais factores que dificultam a aquisição de novas tecnologias pelas empresas industriais são as dificuldades de acesso de financiamento para investimento; e a falta de mão-de-obra qualificada para operar com as novas tecnologias, tendo que incorrer em avultados investimentos adicionais com a formação de mão-de-obra.

A Associação considera ainda como estando a dificultar o acesso às tecnologias a falta de incentivo para aumentar os níveis de produção nos mercados nacionais, associados a fraca competitividade do industrial nacional e falhas da política industrial; as dificuldades em lidar com os procedimentos aduaneiros para o desembaraço aduaneiro; bem como falta de conhecimento das necessidades tecnológicas do empresário e conhecimento dos principais mercados onde adquiri-las.

“É necessário fortalecer o associativismo industrial como instrumentos de provisão de informação, partilha de custos e exercício de pressão; melhorar o acesso a informações sobre novas tecnologias de produção, dinâmica de mercados mundiais de tecnologia, mecanismos alternativos de financiamento”, defende a Associação.

Outros desafios propostos incluem a selecção das melhores inovações tecnológicas do sector industrial e promover a sua difusão em feiras e outros eventos realizados no País; estimular a formação da força de trabalho em empresas que tenham adoptado novas tecnologias, convertendo as despesas de formação em despesas fiscais para todas as empresas.

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“É necessário que haja maior difusão dos mecanismos aprovados pelo Governo para a promoção de novas tecnologias e capacitar os agentes industriais de forma a melhor explorar estes instrumentos; encorajar maior intervencionismo das instituições vocacionadas para a pesquisa no desenvolvimento e difusão de novas tecnologias, principalmente para as áreas das engenharias e tecnologias; promover a difusão de tecnologias e ligações tecnológicas entre as empresas resultantes do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e as empresas nacionais”.

O POTENCIAL

A AIMO, considera que entre os empresários do sector, o sentimento dominante é de um aparente abandono e preocupação, em relação ao potencial do sector enfrentar a concorrência que advirá da recente abertura ao comércio regional. O ambiente de negócios permanece particularmente adverso para a indústria e industrialização.

A Associação acrescenta que para a indústria transformadora, a limitada performance do país no índice de acesso a financiamento se reflecte de duas maneiras: reduzida disponibilidade de crédito e altos custos de acesso a financiamento, associados a estratégias de gestão de risco e maximização de lucros das instituições financeiras.

“O crédito encontra-se mais concentrado nos sectores da economia com risco mínimo e retorno rápido, com destaque para particulares e comércio. O peso do crédito para a indústria era de apenas 13.2 por cento em 2008, metade da porção referente ao comércio e abaixo do financiamento a particulares”, frisa.

No entender da Associação Industrial de Moçambique, com o aprofundamento da crise internacional, esta situação vai persistir, com os bancos a racionar ainda mais o fluxo de recursos ao sector industrial ao mesmo tempo que os custos enfrentados pelos poucos que conseguem financiamento se tornarão cada vez mais altos, comprometendo a já débil capacidade competitiva do sector.

“Com baixo nível de rendimento e sem recursos financeiros, a capacidade de investimento do moçambicano médio é em consequência mínima. Não é por isso, surpreendente, que o investimento directo estrangeiro seja 16 vezes mais que o investimento directo nacional. Dada a orientação do primeiro, o impacto a jusante é a reduzida contribuição do investimento na indústria no total do investimento feito na economia”, avança a AIMO.

A Associação nota ainda que ao nível das empresas industriais retraem-se os níveis de produção, porque os parcos recursos mobilizados para o capital circulante têm de ser racionalizados para financiar capital fixo, dado que os créditos para esta categoria são os mais escassos no sistema financeiro doméstico.

“Para a sociedade, todas as limitações na capacidade competitiva associada a falta de financiamento reflectem-se em baixo nível de adopção de novas tecnologias; baixo aproveitamento da capacidade instalada e por consequência baixos salários; desemprego por causa das oportunidades de negócios perdidas; aprofundamento das desigualdades sociais e de rendimento entre uma minoria que domina os investimentos e os sectores mais lucrativos ligado ao capital internacional e a maioria armadilhada no ciclo vicioso do baixo rendimento e baixa produtividade”, refere a AIMO.