desempenho de touros nelore mocho de uma …§ão... · 2017-10-05 · agropecuária. os animais...

42
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA POPULAÇÃO SEGREGANTE PARA FORÇA DE CISALHAMENTO Juliana Macedo dos Santos Orientadora: Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi GOIÂNIA 2014

Upload: others

Post on 21-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA

POPULAÇÃO SEGREGANTE PARA FORÇA DE CISALHAMENTO

Juliana Macedo dos Santos

Orientadora: Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi

GOIÂNIA

2014

Page 2: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

ii

Page 3: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

iii

JULIANA MACEDO DOS SANTOS

DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA

POPULAÇÃO SEGREGANTE PARA FORÇA DE CISALHAMENTO

Dissertação apresentada como requisito

parcial para a obtenção do grau de Mestre em

Ciência Animal junto a Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

Área de concentração:

Produção animal

Orientadora:

Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi – UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Claudio Ulhoa Magnabosco -

EMBRAPA CERRADOS

Dr. Eduardo da Costa Eifert -

EMBRAPA

GOIÂNIA

2014

Page 4: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

iv

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)

GPT/BC/UFG

S237d

Santos, Juliana Macedo dos.

Desempenho de touros nelore mocho população

segregante para força de cisalhamento [manuscrito] / Juliana

Macedo dos Santos. - 2014.

30 f. : il.

Orientador: Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,

Escola de Veterinária e Zootecnia, 2014.

Bibliografia.

Inclui lista de tabelas.

1. Nelore (Zebu) – Touros 2. Produção animal 3. Nelore

(Zebu) – Touros - Alimentação e rações 4. Bovino de corte –

Confinamento. I. Título.

Page 5: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

v

Page 6: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

vi

Dedico este trabalho a minha família – Minha mãe Marta, meu padrasto Sírio e meu irmão

Francis.

Page 7: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

vii

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem Ele nada é possível.

A minha família. Minha mãe Marta e ao meu padastro Sirio que sempre me

apoiam nas minhas escolhas.

A Eliane Sayuri Miyagi Okada pela orientação, companheirismo e amizade

ao longo dessa jornada.

Aos co-orientadores, e colaboradores, Dr. Claudio Magnabosco, Dr. Eduardo

da Costa Eiffert, muito obrigada pela oportunidade, e ao Dr. Marcos Fernando

A equipe da Aval, Yuri e Tiago. A equipe da Minerthal.

Ao Programa de Pos Graduacao em Ciencia Animal.

A banca, Dr. Marcos Fernando, Rodrigo Zaiden e Eliane Sayuri.

A CAPES pela bolsa de estudos.

A Lorena e Thiago por me darem abrigo sempre que precisei. Duas pessoas

escolhidas para fazerem parte da minha vida para sempre.

A Fernanda, tio Antônio e tia Madalena, a vó Cida (vó da Mayanny), ao Bruno

que também abriram suas portas sempre que solicitei muito obrigada de coração.

Aos amigos que foram de fundamental importância, Ludmilla, Leonardo

Oliveira, Hugo Peron, Marcus Vinicius. A mayanny pela parceria nas idas e vindas,

foram tantas, de carro, carona, ônibus, mas com a companhia sua foi mais fácil.

Aos amigos que fiz durante o experimento na fazenda Barreiro, Neilton, Sr.

Divino, Marcos Olavo.

Ao Sr. Francisco (Chiquinho) pela parceria que possibilitou a realização do

experimento.

Aos colegas da pós-graduação, Fabiola, Tiago Pereira, Kíria, Bárbara,

Flávia, Thiago, Rayanne, Alex, Dayane e Bruno.

Aos estagiários sem os quais não seria possível a realização desse

trabalho. As colegas de confinamento, Ligia Moreira e Silvia Silva.

Aos funcionários do Departamento de Producao Animal, que sempre nos

atendem prontamente quando solicitados.

Page 8: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

viii

Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas, que

não teriam acontecido, se tudo tivesse dado certo."

Renato Russo

Page 9: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 2

2.1 Força de cisalhamento ..................................................................................... 2

2.2 Eficiência alimentar .......................................................................................... 3

2.3 Consumo alimentar residual (CAR) .................................................................. 4

2.4 Seleção de animais da raça Nelore mocho ...................................................... 7

3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 7

3.1 Local e descrição dos animais ......................................................................... 9

3.2 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras ............................................... 10

3.3 Características avaliadas ............................................................................... 11

3.4 Análise Estatística .......................................................................................... 12

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 13

4.1 Avaliação do desempenho de animais segregantes para força de

cisalhamento ........................................................................................................ 13

4.2 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual ............... 16

4.3 Avaliação das correlações fenotípicas da WBSF, do CAR e da CA com as

demais variáveis de desempenho e carcaça........................................................ 19

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 24

Page 10: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

x

LISTA DE ABREVIATURAS

CA Conversão alimentar

CAR Consumo alimentar residual

CMS Consumo de matéria seca

CMSest Consumo de matéria seca estimada

CMSobs Consumo de matéria seca observada

EAB Eficiência alimentar Bruta

EE Extrato etério

FDA Fibra detergente ácido

FDN Fibra detergente neutro

GMD Ganho médio diário

GPT Ganho em peso

GPD Ganho em peso diário

PB Proteína Bruta

PCI Peso corporal inicial

PCF Peso corporal final

PV Peso vivo

PMM Peso vivo médio metabólico

MM Matéria mineral

MS Matéria Seca

NDT Nutriente digestíveis totais

WBSF Força de cisalhamento

Page 11: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

xi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Relação do consumo de matéria seca observado (CMSobs) pelo

consumo de matéria seca estimado (CMSest) de bovinos Nelore mocho,

segregantes para força de cisalhamento (WBSF, M= carne macia e D= carne dura)

em confinamento, e entre os níveis de eficiência alimentar. ................................ 17

FIGURA 2 - Ganho médio diário em função dos grupos segregantes para maciez e

os níveis de eficiência .......................................................................................... 22

FIGURA 3- Peso vivo metabólico em função dos grupos segregantes para maciez

e os níveis de eficiência alimentar ........................................................................ 22

Page 12: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

xii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Composição percentual e estimativa de nutrientes da dieta ............. 10

TABELA 2- Valores máximo, médio, mínimo e desvio padrão (DP) das

características produtivas touros da raça Nelore mocho .................................... 144

TABELA 3- Médias, erro-padrão da média das variáveis de desempenho e

eficiência alimentar de touros segregantes para os extremos de WBSF ........... 155

TABELA 4- Média e erro padrão da média das variáveis de desempenho, eficiência

alimentar e carcaça de touros da raça Nelore mocho classificados pelo consumo

alimentar residual (CAR) .................................................................................... 176

TABELA 5- Correlações de segregantes para força de cisalhamento (WBSF),

consumo alimentar residual (CAR) e conversão alimentar (CA) com as variáveis de

desempenho e carcaça de touros da raça Nelore mocho .................................1918

TABELA 6– Distribuição em números e em porcentagem dos animais segregantes

para WBSF, entre as classes de eficiência (alto, médio e baixo CAR). ............1420

Page 13: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

xiii

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho avaliar as características de desempenho eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual (CAR) de touros da raça Nelore Mocho oriundos de uma população segregante para os extremos de força de cisalhamento (alta e baixa WBSF). Foram utilizados 55 touros da raça Nelore mocho, com idade média de 18 meses, e peso inicial médio de 382 ± 29 kg, oriundos do programa OB choice, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Guaporé Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais segregantes para força de cisalhamento. Os touros foram confinados em baias individuais na fazenda Barreiro, municipio de Silvania, e alimentados duas vezes ao dia com silagem de milho e concentrado na proporção (47:53). Os animais foram classificados em baixo, médio e alto consumo alimentar residual, calculado pela diferença entre o consumo de matéria seca observado e estimado a partir dos dados de GMD, CMS e PMM0,75. O critério para a classificação foi o CAR ≥ 0,5 desvio padrão abaixo ou acima da média. Não foram observadas diferenças nas características de desempenho, eficiência e carcaça entre os grupos segregantes para maciez, somente a AOL foi maior (P< 0,05) para os animais de alta WBSF. Os animais de baixo CAR apresentaram menor consumo de matéria seca e foram mais eficientes na conversão alimentar (P<0,02) em relação aos animais de médio e alto CAR. O ganho de peso médio diário não deferiu entre as classes de CAR (P>0,05), com valores de 1,34 (baixo CAR); 1,36 (médio CAR) e 1,44 kg/dia (alto CAR). Não houve estimativas de correlações sinificativas da força de cisalhamento com nenhuma das variáveis estudadas. O CAR foi correlacionado significativamente com o CMS (r = 0,70) e CA (r = 0,48). A CA apresentou correlação significativa (P<0,05) com o PCI, PCF, GPT e GMD (0,46; -0,49; -0,74 e -0,82; respectivamente). A seleção de animais pela força de cisalhamento não alterou as características de eficiência e desempenho de touros da raça Nelore mocho. A seleção para eficiência alimentar através do CAR apresenta grande potencial na seleção de animais mais eficientes sem alteração das características desejáveis a produção animal.

Palavras chave: Zebu, qualidade da carne, crescimento, confinamento

Page 14: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

xiv

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate polled Nelore bulls derived from a segregating population for the extremes of shear force (high and low WBSF) feed efficiency performance characteristics, using residual feed intake (RFI). Were used 55 polled Nelore bulls with 18 months old on average, and an average 382 ± 29 kg of initial weight, originated from OB choice program, developed by Embrapa in partnership with Guapore farm. Animals were obtained from a breeding strategy, in order to obtain shear force segregants animals. Bulls were kept in individual pens and fed twice daily with corn silage and concentrate in (47:53) ratio. Animals were classified into low, medium and high residual feed intake calculated by the difference between the observed and estimated dry matter intake from GMD, CMS and PMM0,75 data. Classification criteria was standard deviations below or above average CAR ≥ 0.5. There were no differences in performance characteristics, efficiency and carcass among tenderness segregated groups, only AOL was higher (P <0.05) on high WBSF animals. Low RFI animals had lower dry matter intake and were more efficient in feed conversion (P <0.02) compared to animals of medium and high RFI. The average daily weight gain did not differ between RFI classes (P> 0.05), with values of 1.34 (low RFI); 1.36 (average RFI) and 1.44 kg/day (high RFI). There were no significant correlations of shear force with any of studied variables. RFI was significantly correlated with DMI (r = 0.70), and FC (r = 0.48). FC showed a significant correlation (P <0.05) with IBW, FBW, WG and DWG (0.46, -0.49, -0.74 and -0.82, respectively). Animal selection by shear force did not alter efficiency and performance characteristics of polled Nelore bulls. Selection for feed efficiency through RFI has great potential in selecting more efficient animals without altering the desirable characteristics of animal production.

Keywords: Zebu, meat quality, growth, feedlot

Page 15: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

1 INTRODUÇÃO

Baseado na genética, os animais nelore mocho atualmente estão sendo

selecionados para produzir animais de alto padrão em desempenho e eficiência,

além de boa qualidade da carcaça e carne. Isto porque, a pecuária de corte nacional

se caracteriza pela baixa produtividade e grande variação na qualidade da carne.

Este segundo aspecto pode ser justificado pela grande fração zebuína encontrada

na base genética dos nossos rebanhos. Normalmente, raças zebuínas apresentam

carne menos macia e com menor marmorização quando comparadas com raças

taurinas, dificultando a valorização dessa carne frente aos mercados internacionais

(WHEELER et al., 1996). Portanto, é de fundamental importância que o setor

pecuário brasileiro desenvolva genótipos adaptados para maciez da carne e com

maior valor agregado para serem comercializadas em mercados mais exigentes.

Além disso, faz-se necessário também, adotar medidas para melhorar a

eficiência nutricional do rebanho brasileiro e correlaciona-las com características

de qualidade do produto produzido, no caso de bovino de corte, a carne, tomando

o cuidado para não afetar negativamente características zootécnicas, como

marmoreio e qualidade de carcaca.

A Embrapa em parceria com a empresa Guaporé Agropecuária através

do programa OB Choice, seleciona indivíduos da raça Nelore mocho, que

apresentam alta probabilidade de serem portadores de genes favoráveis à maciez

da carne. Os animais deste estudo são provenientes de uma seleção advinda desta

parceria que, mediante técnicas de acasalamento otimizado gerou duas

populações segregantes, sendo uma com predominância do fenótipo carne macia,

que foi o resultado do acasalamento entre animais extremos para baixa força de

cisalhamento (WBSF- Warner Bratzler Shear Force), e uma com o fenótipo carne

dura, resultante do acasalamento entre animais extremos para alta força de

cisalhamento.

Concomitante com o desempenho e a qualidade da carne, é de suma

importância, um trabalho para diminuição dos custos de produção através da

seleção e animais nutricionalmente eficientes. Neste contexto é valido ressaltar a

importância em reduzir os custos com alimentação, que representa cerca de 70%

dos custos totais da produção de bovinos de corte em confinamento (PACHECO et

Page 16: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

2

al., 2006). Para tanto, estudos verificando a correlação entre a eficiência alimentar

e a qualidade da carne se tornam necessários, no intuito de se conhecer melhor

estas características.

Os índices mais comumente propostos para avaliar a eficiência alimentar

são a taxa de conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar bruta (EAB), que são

relações do consumo alimentar pelo ganho em peso. No entanto, estas medidas

são correlacionadas com o peso adulto do animal, o que não é desejável, podendo

nesse caso, selecionar animais maiores, que por sua vez, possuem custo de

produção mais elevado, devido a maior parte da energia metabolizável consumida

ser gasta em mantença (HERD & BISHOP, 2000). Com isso, a seleção baseada no

consumo alimentar residual (CAR), é uma alternativa que tem o objetivo selecionar

animais mais eficientes no aproveitamento do alimento, além de minimizar os

problemas relacionados com as medidas tradicionais de eficiência para bovinos de

corte.

Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar as

características de desempenho, eficiência alimentar pelo consumo alimentar

residual (CAR), de touros da raça Nelore mocho, oriundos de uma população

segregante para os extremos de força de cisalhamento (alta WBSF e baixa WBSF).

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Força de cisalhamento

A maciez da carne pode ser medida por meio subjetivo ou objetivo. O

método subjetivo se utiliza de painel sensorial em que um grupo de pessoas

treinadas classifica a carne em relação à maciez após ter provado as amostras. O

método objetivo utiliza equipamento, como o texturômetro, que mede a força

necessária para o cisalhamento de uma seção transversal de carne e, quanto maior

a força dispensada, menor é a maciez apresentada pelo corte de carne (ALVES &

MANCIO, 2007). A maciez da carne bovina constitui fator estratégico para garantir

a estabilidade ou expansão de mercado.

Page 17: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

3

Dentre as características de qualidade da carne bovina, a maciez

assume posição de destaque, sendo considerada a característica sensorial de

maior influência na aceitação da carne por parte dos consumidores (SAINZ, 2005).

Dos fatores que influenciam a maciez da carne, destacam-se genética,

raça, idade ao abate, sexo, alimentação, uso de agentes hormonais (β-

adrenérgicos) e tratamentos post-mortem (ALVES & MANCIO, 2007).

Estudos relacionados a avaliação da força de cisalhamento na carne de

animais classificados pelo CAR são muito escassos na literatura, e os resultodaos

divergentes, (McDONAGH et al., 2001; BAKER et al.,2006; EGARR et al., 2009;

CAFÉ et al., 2010 e NASCIMENTO, 2011) tendo assim a necessidade de mais

estudos para avaliar as relações entre a força de cisalhamento e eficiência

alimentar.

2.2 Eficiência alimentar

A eficiência na produção animal pode ser definida como a geração de

produtos de origem animal com a menor quantidade de recursos possíveis. Um

manejo alimentar eficiente tem o poder de gerar grande impacto econômico nos

sistemas de produção (HERD et al., 2003).

É essencial a busca por animais cada vez mais eficientes no

aproveitamento dos alimentos. Melhorar a eficiência alimentar do rebanho bovino

pode significar grande economia para os produtores. A melhoria de 5% na eficiência

alimentar de bovinos poderia resultar em economia quatro vezes maior nos custos

de alimentação quando comparada à economia gerada pelo aumento de 5% no

ganho de peso médio diário OKINE et al. (2004).

Segundo FERREL e JENKINS (1984), cerca de 70% do total da energia

consumida pelos bovinos de corte é utilizada na mantença do animal, e somente

5% é encaminhada para a deposição de proteína.

No ciclo de produção animal, a eficiência descreve a variação de ganho

em peso em relação ao consumo (HERD et al, 2004), porém a seleção para esta

medida pode levar ao aumento do tamanho adulto e do requerimento de mantença

do animal (OKINE et al, 2003), fatores estes economicamente indesejáveis. Além

Page 18: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

4

disso, com o aumento do tamanho à idade adulta, tem-se a redução das taxas

reprodutivas e aumento da idade à puberdade (LANNA et al. (2003).

A eficiência alimentar inicia-se na ingestão de alimento, pois, é

dependente da quantidade de nutrientes que o animal irá receber para produção,

sendo esta e o desempenho animal as características que mais influenciam este

índice (RICHARDSON et al, 2004)

Segundo ARTHUR e HERD (2008), diversas são as medidas propostas

para avaliação da eficiência dos animais. Dentre elas destacam-se a eficiência

alimentar bruta, a conversão alimentar e o consumo alimentar residual.

Inúmeras são as sugestões para explicar a inconstância observada na

eficiência dos animais, podendo variar desde processos facilmente mensuráveis

como o comportamento e desempenho, até variações celulares, como transporte

de íons e turnover protéico. Entretanto, os fatores que causam divergências na

utilização dos alimentos em animais similares e recebendo mesma dieta não são

ainda bem compreendidos. Acredita-se que os menos eficientes tenham maiores

taxas de catabolismo, o que eleva o gasto energético de mantença desses animais,

com menor disponibilidade de nutrientes para produção (SANTANA et al., 2013)

Já HERD et al. (2004) resumiram em cinco, as variáveis que podem

causar variações na eficiência alimentar, começando pelo consumo alimentar, a

digestão do alimento, metabolismo, atividade e a termorregulação.

RICHARDSON & HERD (2004) avaliaram alguns desses processos

metabólicos que podem contribuir para a variação do consumo alimentar em

animais taurinos. Segundo os autores, o turnover proteico, estresse e metabolismo

dos tecidos contribuem com 37%, outros processos não identificados tais como o

transporte iônico com 27%, a atividade e digestibilidade com 10% cada, o

incremento calórico com 9%, a composição corporal com 5% e o comportamento

ingestivo com 2% da variação no consumo alimentar.

2.3 Consumo alimentar residual (CAR)

KOCH et al. (1963) foram os primeiros pesquisadores a definir o CAR

como uma medida de eficiência alimentar, capaz de avaliar a diferença entre o

consumo real de matéria seca e o esperado. ARTHUR et al., (2001) o conceituam

como a diferença entre o consumo observado e o estimado realizado por uma

Page 19: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

5

equação de regressão em função do peso vivo metabólico e do ganho em peso dos

animais, sendo assim uma medida independente do peso e da taxa de crescimento

animal.

Em seus estudos KOCH et al. (1963), demonstram a equação usada

para obtenção do CAR como sendo: CAR= CMSobs – CMSest. A obtenção do

consumo de matéria seca observado (CMSobs) é realizada por meio da pesagem

diária do alimento oferecido e posteriormente das sobras deste alimento. O

consumo de matéria seca estimado (CMSest) é realizado por meio de equações de

regressão ajustadas em função das exigências de mantença do animal e

crescimento (f {`PMM0,75, GMD}). Sendo a exigência de mantença estimada com

base no peso metabólico (PMM0,75) do animal, e o crescimento com base na taxa

de ganho de peso diário (GMD) (NRC, 2000).

Segundo BASARAB et al. (2003), as diferenças para eficiência alimentar

entre animais são devidas ao maior ou menor consumo de energia metabolizável e

maiores ou menores custos energéticos com mantença, incremento calórico e

atividade física. Os animais mais eficientes para o CAR possuem valores negativos

para essa medida, consequentemente, são animais que ingerem menos alimento

em comparação aos outros.

A estimative da herdabilidade do CAR em bovinos europeus encontrada

por KOCH et al., (1963) é moderada, 0,28 ± 0,11, e por ARTHUR et al., (2001) de

0,49. Até o presente momento, não há na literatura nacional, estimativa de

herdabilidade para CAR publicada para zebuínos, mas visto a grande variabilidade

fenotípica constatada por alguns pesquisadores (ALMEIDA et al., 2004; BONIN et

al., 2008), acredita-se que a magnitude desta estimativa pode ser semelhante à de

bovinos europeus. O CAR é uma ferramenta de grande interesse na seleção de

animais de maior eficiência alimentar, podendo ainda ser usado juntamente com

outros índices de seleção sem que se promova perdas das características

zootécnicas já alcançadas pelo melhoramento genético.

Ao contrário da conversão alimentar, a seleção para consumo alimentar

residual parece selecionar animais de menor consumo e menores exigências para

manutenção, sem alterar o peso adulto ou o ganho em peso (KOCH et al., 1963;

BASARAB et al., 2003; PAULINO et al., 2004; CARSTENS et al., 2008).

Page 20: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

6

Vários autores (ALMEIDA et al., 2004; NASCIMENTO, 2011;

GUIMARÃES, 2013) já confirmaram que não existem associações entre CAR e

peso vivo médio metabólico e entre CAR e ganho médio diário em novilhos Nelore

terminados em confinamento.

A estimativa de correlação genética entre CAR e o tradicional índice de

mensuração da eficiencia, que é a conversão alimentar é de magnetude moderada

(r=0,50; ARCHER et al., 1998), sugerindo que genes diferentes estão ligados a

estas características. Este valor de correlação também indica que ao incluir o CAR

em um programa de seleção, haverá melhora concomitantemente da conversão

alimentar (CARSTENS et al., 2008).

RICHARDSON et al. (1998) em um estudo avaliando apenas uma única

geração de seleção divergente para CAR, observaram que os filhos de touros de

baixo CAR apresentaram menor consumo de matéria seca que os animais filhos de

touros de alto, e apresentaram o mesmo GMD, gerando consequentemente, melhor

conversão alimentar e menor CAR. Dado este que indicam que a seleção para

animais mais eficientes poderá aumentar a rentabilidade na produção animal.

Com as informações ja obtidas pode se dizer que o CAR é uma medida

de eficiência complexa, pois depende de muitos fatores que podem interferir na sua

avaliação, como os fatores genéticos, ambientais e nutricionais (SANTANA et al.,

2013). Tornando necessário que se obtenha dados precisos em sua avaliação, e

para obter dados confiáveis ao avaliar o CAR é necessário, garantir acurácia na

determinação do consumo individual e ganho em peso diário (NASCIMENTO,

2011).

Mesmo com o conhecimento das vantagens do CAR para a identificação

de animais eficientes, as consequências da sua utilização como critério de seleção

sobre composição da carcaça e qualidade de carne são pouco conhecidas. Estudos

realizados observaram que animais selecionados para baixo CAR (eficientes)

tendem a apresentar carcaças mais magras, com menor quantidade de gordura

intramuscular e de acabamento (BASARAB et al., 2003; KELLY et al., 2011),

características que podem interferir negativamente na qualidade da carne.

Logo, a necessidade de avaliar a eficiência alimentar concomitantemente

com a qualidade da carne produzida, e para isso, a força de cisalhamento (WBSF)

é um bom teste para ser realizado, visto que a maciez é o principal atributo para os

Page 21: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

7

consumidores, que define a qualidade da carne. Haja vista a necessidade de se

produzir animais com melhor qualidade de carne, porém com uma maior eficiência

alimentar (NASCIMENTO, 2011)

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Seleção de animais da raça Nelore mocho

O surgimento de animais sem os chifres é um fato histórico na trajetória

desta raça no território brasileiro, pois, é sabido que animais com esta característica

nunca foram encontrados na Índia. Portanto, pode-se dizer que o Nelore mocho é

uma raça exclusivamente brasileira.

Foi em Araçatuba na propriedade de Ovídio Miranda Brito, no ano de

1957 que nasceu o primeiro animal Nelore mocho chamado Caburey. O pai (Kongo

O.M) e a mãe (Capanga) eram animais providos de chifres, porém, mais tarde

constatou-se que a mãe foi a responsável pela característica mocha. O Sr. Ovídio

então fez deste bezerro um reprodutor, e o acasalou com suas melhores matrizes,

originando assim uma família geneticamente sem chifres. Então aos poucos o

rebanho que era de Nelore padrão se transformou em mocho, originando a

linhagem O.B. Foi baseado na genética e certa dos benefícios desta raça, que o

Sr. Ovídio seleciona seu rebanho hoje para ir além, produzindo animais de alto

padrão e com qualidade de carne.

Foi criado o Programa OB Choice, desenvolvido pela empresa Guaporé

Agropecuária S/A, marca OB, com informações disponíveis de pedigree e de

avaliações fenotípicas para características de carcaça e dados de maciez de 415

progênies de 22 touros. Constituindo uma matriz de parentesco com 956 animais.

As análises dos dados foram baseadas na estrutura de parentesco entre

animais ligados a indivíduos detentores de informações genéticas e fenotípicas

favoráveis para a característica de maciez da carne.

Todas as informações foram analisadas pela metodologia dos modelos

mistos utilizando a Amostragem de Gibbs, para se estimar o mérito genético para

maciez de carne de todos os animais disponíveis. As análises dos componentes de

Page 22: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

8

variância para maciez da carne, dos animais em estudo geraram uma estimativa de

herdabilidade igual a 0,11.

Baseando-se no princípio da probabilidade de genes idênticos por

descendência a ancestrais “fundadores”, que apresentam maior chance de serem

portadores de genes favoráveis à expressão da característica de interesse, assim

como proposto por LACY (1989), foram identificados aqueles com alta probabilidade

de carregar genes favoráveis à maciez, e, por meio de técnicas de acasalamento

otimizado, foi possível formar as duas populações segregantes, para força de

cisalhamento.

As informações de pedigree dos animais foram organizadas, para que

grupos similares fossem formados, através do procedimento CLUSTER do

aplicativo Statistical Analysis System (SAS, 2004). Após a análise de pedigree dos

animais estudados, foi possível detectar quais eram os genearcas fundadores da

raça Nelore Mocho que possuíam uma maior quantidade de descendentes, nesta

população, apresentando alta ou baixa força de cisalhamento.

Uma vez identificados os “fundadores” e os laços de parentesco entre

tais animais e os animais do rebanho, e a partir das informações de WBSF dos

abates anteriores, foi confeccionada uma lista de 15 touros e 500 matrizes PO da

raça Nelore Mocho, selecionados para extremos de fenótipo de carne com alto ou

baixo WBSF, para serem acasalados entre si.

Da lista dos touros, foram escolhidos seis touros cujas progênies foram

avaliadas nos dois abates e apresentaram baixos valores de WBSF, sendo

considerados extremos para maciez. Assumiu-se que esses touros possuem maior

probabilidade de serem portadores do gene da maciez e de transmitir essa

característica para sua progênie.

A partir da lista de matrizes, foram selecionadas 250 fêmeas com pais

e/ou avôs que também tiveram filhos nos abates anteriores com baixos valores de

WBSF. Essas foram posteriormente acasaladas com os seis touros mencionados.

Procedimento similar foi utilizado para identificar outros seis touros e 250

matrizes com maior probabilidade de apresentarem altos valores de WBSF,

acasalando-os entre si, com o intuito de produzir um grupo de animais com potencial

para o fenótipo "carne dura", ou seja, carne com altos valores de WBSF.

Page 23: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

9

Esta estratégia de acasalamento foi utilizada para obtenção de duas

populações segregantes com o intuito de serem utilizados em análises de

expressão gênica, sendo uma população com predominância do fenótipo carne

macia, resultante do acasalamento entre animais extremos para baixo WBSF, e

uma população com o fenótipo carne dura, resultante do acasalamento entre

animais extremos para alto WBSF.

Assim sendo, esses animais foram testados, com objetivo de observar

se a seleção para maciez poderia influenciar no desempenho e na eficiencia

alimentar, para que o Programa OB Choice pudesse continuar caminhando com o

objetivo de selecionar animais de melhor qualidade da carne.

3.2 Local e descrição dos animais

A pesquisa foi conduzida no confinamento da fazenda Barreiro

localizada no município de Silvânia – GO, entre junho e outubro de 2012.

Anteriormente os animais saíram da Guaporé Pecuária, de onde foram

transportados para a fazenda da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de

Goiás-GO, onde permaneceram até dia 16 de maio de 2013 na, sob regime

extensivo de pastejo em piquete formado por Brachiaria ruziziensis. Posteriormente

foram levados para o confinamento da fazenda Barreiro.

Foram utilizados 55 touros da raça Nelore mocho com peso médio inicial

de 382 ± 29 kg, oriundos do programa OB Choice, desenvolvido pela empresa

Guaporé agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento

estratégico, a fim de se obter animais segregantes para força de cisalhamento

(carne macia e carne dura). Os animais foram então agrupados, de acordo com a

força de cisalhamento, para serem avaliados quanto a eficiência alimentar e o

desempenho na terminação em confinamento.

Ao chegarem à fazenda experimental os animais foram identificados,

pesados, desverminados e alocados em baias coletivas. Permaneceram por um

período de 21 dias de modo a permitir que se adaptassem à dieta experimental e

as instalações. Passado este período os animais foram pesados, após jejum de 16

horas, e distribuídos em baias individuais. As baias individuais do confinamento

Page 24: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

10

possuiam dimensões de 3 metros de largura por 8 metros de comprimento,

totalizando 24 m2. O piso próximo aos comedouros era concretado com 1,5 metros

de largura e os comedouros eram cobertos com telhas de amianto. As baias eram

providas de cochos de alimentação e bebedouros.

3.3 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras da ração

A composição e a estimativa de nutrientes da dieta estão apresentadas

na Tabela 1. A dieta foi formulada com auxílio do programa Ração de Lucro Máximo

(RLM 3.2) da Esalq-Usp, sendo a mesma para todos os animais.

O alimento foi fornecido duas vezes ao dia, pela manha e no perido da

tarde. Para compor a dieta fornecida aos animais os ingredientes foram pesados

diariamente para cada animal e fornecidos no cocho. As sobras foram quantificadas

e removidas diariamente. As sobras eram mantidas entre 5 a 10% do total fornecido

com intuito de evitar desperdício e para obter o consumo balanceado da dieta.

TABELA 1- Composição percentual e estimativa de nutrientes da dieta

Ingredientes % na MS

Silagem de milho 47,0

Milho grão moído 43,2

Soja Grão 8,0

Núcleo Mineral* 1,4

Uréia 0,6

Nutrientes estimados da dieta % na MS

Matéria seca 48,70

Proteína bruta 12,79

Page 25: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

11

Proteína degradável no rúmen 9,35

Fibra em detergente neutro 21,57

Extrato etéreo 5,04

Nutrientes digestíveis totais 74,3 * Ca 0,4824 (%MS), P 0,2798 (%MS), Mg 0,1417 (%MS), K 0,7865 (%MS), Na 0,1165 (%MS), Cl 0,2996 (%MS), S 0,1543 (%MS), Co 0,336 (ppm), Cu 11,3364 (ppm), Fe 24,728 (ppm), I 0,56 (ppm), Mn 23,3904 (ppm), Se 0,112 (ppm), Z 33,0314 (ppm).

3.4 Características avaliadas

Foram avaliadas as principais medidas de desempenho, e o consumo

voluntário foi registrado diariamente, pela diferença da quantidade ofertada da dieta

e das sobras de alimento no dia seguinte. A determinação do consumo de matéria

seca observado (CMSobs) foi obtida após a correção para matéria seca das sobras

(obtida por coletas semanais das sobras e posterior secagem em estufa a 105º C)

e da dieta, pela subtração do oferecido e o recusado.

O ganho em peso médio diário foi obtido pela diferença de peso corporal

inicial, após adaptação de 21 dias, e o peso final dividido pelos dias de

confinamento.

A conversão alimentar foi calculada como a razão entre o CMS e o GMD,

para cada animal. Já a eficiência alimentar foi calculada como o inverso da CA,

sendo a razão entre o GMD e o CMS.

O cálculo do CAR foi realizado conforme proposto originalmente por

KOCH et al. (1963). O consumo de matéria seca estimado (CMSest) foi obtido por

equação de regressão considerando o CMSobs como variável dependente e o

PMM0,75 e o GMD dos animais como variáveis independentes conforme o seguinte

modelo:

CMSest= β0 + β1 x (PMM0,75) + β2 x (GMD) + ε,

Em que:

CMSest= consumo de matéria seca estimado em kg;

β0= intercepto;

β1= coeficiente do peso médio metabólico (PMM0,75 em kg);

β2= coeficiente do ganho médio diário (GMD em kg/dia);

Page 26: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

12

ε= resíduo;

O CAR de cada animal foi calculado pela diferença entre o consumo de

matéria seca observado e o consumo de matéria seca estimado. Para a

determinação de possíveis diferenças nas variáveis avaliadas entre os animais

considerados mais (baixo CAR) ou menos (alto CAR) eficientes, procedeu-se a

divisão dos animais em três grupos distintos. Aqueles animais que apresentaram

valores de consumo alimentar residual meio (+0,5) desvio padrão acima da média

geral, foram classificados como sendo animais de alto CAR (menos eficientes). Os

animais cujos valores individuais de CAR foram menos meio (-0,5) desvio padrão

inferiores à média geral, foram considerados baixo CAR (mais eficientes). Os

animais cujos valores de CAR se localizaram entre os limites dos animais com baixo

e alto CAR foi agrupado como sendo médio CAR. Essa divisão é comumente

empregada em trabalhos envolvendo avaliação de eficiência alimentar pelo CAR

em bovinos de corte (KOCH et al., 1963; BASARAB et al., 2003; RICHARDSON &

HERD, 2004; PAULINO, 2006; STIEVEN, 2012).

Foram coletas imagens, via ultrassom, modelo Aloka 500-V, dotado de

transdutor linear de 17,2 cm (3,5 MHZ) na região lombar compreendida entre a 12ª

e 13ª costelas e na região da garupa. As imagens e a interpretação das imagens

para mensuração da área de olho de lombo (AOL), da espessura de gordura

subcutânea entre a 12ª e 13ª costelas (EGS) e espessura de gordura subcutânea

na garupa (EGP8) foi realizada pela empresa Aval.

3.5 Análise Estatística

O desenho experimental foi o inteiramente casualizado. O modelo

matemático foi o seguinte:

Y= µ +ti + eij, em que:

Yij = valor observado;

μ = média geral;

ti = efeito da classe do CAR;

e eij = erro experimental.

Page 27: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

13

Foram realizadas análises de variância dos dois grupos segregantes

para força de cisalhamento com as variáveis de desempenho e eficiência alimentar

no confinamento. A comparação entre médias foi feita pelo do teste de Tukey ao

nível de 5% de probabilidade.

Foram realizadas correlações de Pearson entre os grupos segregantes

para força de cisalhamento com as variáveis de desempenho mensuradas, ao nível

de 5% de Probabilidade.

As análises estatísticas foram realizadas pelo pacote estatístico SAS

(2004).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Avaliação do desempenho de animais segregantes para força de

cisalhamento

Na Tabela 1 é apresentada a distribuição dos grupos segregantes para

os dois extremos de força de cisalhamento (alto WBSF e baixo WBSF) entre as

classes de CAR. Do total dos animais classificados pelo CAR, observou-se que,

dos 16 indivíduos de alto CAR, 8 (50%) eram segregantes para alto WBSF, e 8

Page 28: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

14

(50%) para baixo WBSF. Para os 16 animais de baixo CAR, 7 (44%) eram

segregantes para alto WBSF e 9 (56%) para baixo WBSF. Agrupando as três

classes de CAR (alto, médio e baixo) o total de animais segregantes para alto

WBSF foi 28/55 ou 51%, e os de baixo WBSF totalizou 27/55, ou o equivalente a

49% dos animais.

TABELA 2- Distribuição em números e em porcentagem dos animais segregantes

para WBSF, entre as classes de eficiência (alto, médio e baixo CAR).

Alto CAR Baixo CAR Médio CAR Total

Alto WBSF 8/16 (50%) 7/16 (44%) 12/23 (52%) 27/55 (49%) Baixo WBSF 8/16 (50%) 9/16 (56%) 11/23 (48%) 28/55 (51%)

A média, os valores máximos e mínimos e o desvio padrão das variáveis

de desempenho e eficiência alimentar dos touros segregantes para força de

cisalhamento estão descritos na Tabela 2. Estes valores nos permitem ter uma idéia

das características dos animais desde o início até o final do experimento, ou seja,

nos permitem avaliar a amplitude numérica das características avaliadas.

A amplitude das variáveis PCI, PCF, PMM0,75, GMD, GPT, dias de

confinamento, CMS e variáveis de carcaça são justificadas pela diferença de idade

dos animais na entrada do confinamento, pois os animais foram selecionados por

sua linhagem e não pela idade ou peso inicial.

TABELA 3 - Valores máximo, médio, mínimo de desempenho, e desvio padrão (DP)

das características produtivas touros da raça Nelore mocho

Variáveis Parâmetros

Mínimo Médio Máximo ±DP

Idade, dias 507 566 606 23,92 Peso corporal inicial, kg 332 382,3 491 29,35 Peso corporal final, kg 373 513,9 574 36,53 Peso corporal médio metabólico, kg 81,3 97,36 108,8 4,20 Ganho de peso total, kg 39 94,7 189 42,02 Dias de confinamento 60 94,7 126 20,0 Ganho médio diário, kg/dia 0,65 1,38 2,23 0,36

Page 29: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

15

Consumo de matéria seca observado, kg/dia 5,86 9,8 13,19 1,56 Consumo de matéria seca estimado, kg/dia 6,7 9,8 12,5 1,12 Eficiência alimentar bruta 0,09 0,14 0,22 0,02 Conversão alimentar 4,62 7,46 11,21 1,56 Consumo alimentar residual, kg/dia -2,81 0,00 2,27 1,09 Área de olho de lombo, cm² 61,4 76,8 93,1 6,05 Espessura de gordura subcutânea, mm 2,67 5,26 9,08 1,58 Espessura de gordura na garupa, mm 3,5 7,1 11,4 1,72

Esta heterogeneidade de pesos, como resultado de uma seleção com

base na linhagem dos animais também foi relatado por CASTRO et al. (2014) e

SAINZ et al. (2005).

A amplitude do CAR não se encaixa nesse contexto, pois o CAR é

independente do peso e do ganho de peso, ou seja, a variação encontrada é devido

as características individuais de cada animal, o que também foram observados em

outros trabalhos como de BONIN et al. (2008); GOMES (2009) e GUIMARÃES

(2013), citando desvio padrão de 0,69; 0,41 e 0,61 kg/dia respectivamente.

Os valores mínimos e máximos para CAR neste estudo foram -2,81 e

2,27, os quais são maiores aos encontrados por ALMEIDA et al. (2004) e GOMES

et al. (2011) para novilhos Nelore (-1,70 e +2,07; -2,72 e +1,54 kg de MS/dia;

respectivamente).

Ao se observar a Tabela 3, pode ser visto que os PCI, PCF e PMM0,75

não diferiram entre os tratamentos (P< 0,05). Ao contrario do presente estudo,

CASTRO et al. (2014) encontraram diferenças para PCI, PCF e GMD, mostrando

que animais de menor WBSF foram mais pesados e com maior ganho médio diário

do que os animais com maior WBSF.

TABELA 4- Médias, erro-padrão da média das variáveis de desempenho e

eficiência alimentar de touros segregantes para os extremos de

WBSF

Variáveis Alto WBSF Baixo WBSF

Valor-P 27/55 (49%) 28/55 (51%)

Idade, dias 571 ± 5,24 561 ± 5,15 0,15

Peso corporal inicial, kg 387,8 ± 6,29 376,9 ± 4,75 0,17 Peso corporal final, kg 523,3 ± 3,61 504,8 ± 8,77 0,59 Peso corporal médio metabólico, kg 98,6 ± 0,65 96,7 ± 0,87 0,06 Ganho de peso total, kg 135,5 ± 6,28 127,9 ± 9,41 0,51 Dias de confinamento 95,4 ± 3,32 93,9 ± 4,28 0,78 Ganho médio diário, kg/dia 1,42 ± 0,06 1,33 ± 0,08 0,39

Page 30: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

16

CMS observado, kg/dia 10,03 ± 0,25 9,58 ± 0,34 0,29 Eficiência alimentar bruta 0,14 ± 0,01 0,14 ± 0,01 0,58 Conversão alimentar 7,27 ± 0,25 7,63 ± 0,34 0,40 Consumo alimentar residual, kg/dia 0,02 ± 23 -0,01 ± 0,19 0,92 Área de olho de lombo, cm² 78,70a ± 1,08 75,00b ± 1,13 0,02 EGS 12ª e 13ª costelas, mm 5,47 ± 0,30 5,06 ± 0,30 0,33 Espessura de gordura na garupa, mm 7,34 ± 0,34 6,80 ± 0,31 0,25

Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de

Tukey ao nível de 5% de Probabilidade.

As variáveis dias de confinamento, GMD, CMS, EAB, CA, CAR, EGS na

12ª e 13ª costelas e EGP8 também não foram diferentes (P>0,05) entre os

tratamentos. Isto implica que a seleção de animais Nelore mocho pela força de

cisalhamento não prejudica o desempenho, a eficiência e a qualidade da carcaça

de animais terminados em confinamento. Somente a AOL foi maior (P< 0,05) para

os animais de alto WBSF entre os tratamentos. Houve diferença significativa, isto

pode ser explicado pela tendência (P= 0,06) de maior PMM0,75 dos animais de alto

WBSF.

4.2 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual

A equação de regressão obtida para o consumo de matéria seca

estimado (CMSest) foi a seguinte: CMSest = -1,40694 + 2,69685(GMD) +

0,07703(PVM), com R2 de 0,52%, (P<0,01).

Na Figura 1 pode ser observado o consumo de matéria seca estimado e

o observado dos animais segregantes para força de cisalhamento (WBSF). O CAR

é à distância do consumo de cada animal até a linha de regressão entre o consumo

observado e o estimado. Os animais acima da linha tiveram consumo observado

maior do que o estimado (alto CAR, menos eficientes) e os animais abaixo da linha

tiveram consumo observado menor do que o estimado (baixo CAR, mais eficientes).

Page 31: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

17

FIGURA 1 – Relação do consumo de matéria seca observado (CMSobs) pelo

consumo de matéria seca estimado (CMSest) de bovinos Nelore mocho,

segregantes para força de cisalhamento (WBSF, M= carne macia e D= carne dura)

em confinamento, e entre os níveis de eficiência alimentar.

Dentre os 55 animais, 16 foram classificados como de baixo CAR (29%), e

23 como médio CAR (42%) e 16 como alto CAR (29%).

A idade, o PCI, PCF, PMM0,75, não diferiram (P>0,05) entre as classes de

CAR, demonstrando uniformidade dos animais na entrada e durante o experimento

(Tabela 4). Os valores de CMS expressos em kg ou % de peso corporal foram

menores (P<0,05) para os animais de baixo CAR em relação aos de médio e alto

CAR.

TABELA 5- Média e desvio padrão da média das variáveis de desempenho,

eficiência alimentar e carcaça de touros da raça Nelore mocho

classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)

Variáveis CAR

P-Valor

Alto 16 (29%)

Médio 23 (42%)

Baixo 16 (29%)

Page 32: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

18

Idade, dias 569 563 564 0,698 CAR, kg MS/dia 1,34a±0,12 -0,12b±0,09 -1,24c±0,12 0,001 PCI, kg/dia 383,13a±4,34 382,04a ±5,21 381,73a±11,32 0,991 PCF, kg/dia 514,88a±5,02 516,83a ±6,82 508,07a ±13,74 0,771 PMM0,75, kg 97,53ª±0,56 97,60a ±0,70 96,80a ±1,69 0,831 CMS, kg/dia 11,32a±0,20 9,67b±0,26 8,39c ±0,29 <0,001 CMS, %PC 2,52a±0,04 2,15b±0,05 1,89c±0,05 <0,001 GMD, kg/dia 1,44a±0,09 1,36a±0,07 1,34a±0,09 0,702 GPT, kg 131,75a±6,36 134,79a±8,6 126,33a±14,51 0,831 EAB 0,13b±0,006 0,14ab±0,005 0,16a±0,008 0,008 CA 8,20a±0,37 7,45ab±0,31 6,67b±0,37 0,022 Dias de confinamento 93a±2,69 98a±4,77 90a±5,62 0,421 AOL, cm2 78,88a±1,56 75,93a±1,24 76,01a±1,60 0,273 EGS 12ª e 13ª costelas, mm 5,61a±0,42 5,25a±0,31 4,94a±0,44 0,496 EGP8, mm 7,41a±0,46 7,21a±0,38 6,52a±0,39 0,307 Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de Probabilidade. Consumo alimentar residual (CAR), peso corporal inicial (PCI) e final (PCF), peso médio metabólico (PMM0,75), consumo médio diário de matéria seca (CMS) e em % do peso corporal (CMS, % PC), ganho de peso médio diário (GMD), ganho de peso total (GPT), conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar (EAB), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutâneas na 12ª e 13ª costelas e espessura de gordura pélvica (EGP8).

O CMS dos animais mais eficientes foi 2,93 kg/dia menor, representando

redução de 25,9%, do que o consumo dos animais menos eficientes, com peso

corporal e ganho de peso similar (P>0,05). Outros autores como GUIMARÃES

(2013), SANTANA et al. (2012), também encontraram redução no CMS de 13,7%

e 14,58% de animais classificados pelo CAR.

A variação no consumo de matéria seca entre os indivíduos dentro da

mesma raça possui moderada estimativa de herdabilidade, variando entre 0,18 a

0,35 (KOCH et al., 1963; ARCHER et al., 1998; HERD & BISHOP, 2000). A

classificação de animais mais eficientes pode gerar uma economia considerável na

cadeia da carne, já que os custos com alimentação na terminação de bovinos de

corte em confinamento é em torno de 70% (PACHECO et al., 2006).

A CA e a EAB também foram cerca de 18,7% melhores para os animais

de baixo CAR em relação aos de alto CAR (Tabela 4). Esta melhor eficiência

também foi relatada em trabalhos com animais da raça Nelore (GUIMARÃES, 2013;

SANTANA et al., 2012; NASCIMENTO, 2011; SOBRINHO et al., 2011).

HERD et al. (2004) analisaram informações publicadas com bovinos e

chegaram a alguns potenciais mecanismos fisiológicos que explicam as variações

no consumo alimentar residual, ou seja, as variações do porque alguns animais são

mais eficiêntes do que outros. Conforme relatado pelos autores, os principais

Page 33: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

19

fatores de variação no consumo alimentar residual são a digestibilidade (10%),

incremento calórico (9%), composição corporal (5%), atividade física (10%),

comportamento ingestivo (2%), metabolismo e estresse (37%) e outros processos

não identificados (27%). Portanto, como pode ser observado a maior parte das

variações estão ligadas as caracterísicas individuais de cada animal, e aqueles que

possuem menores exigências em sua manutenção, tornam-se mais eficientes.

Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) para AOL, EGS

entre a 12ª e 13ª costelas e EGP8 entre as classes de CAR. GUIMARÃES (2013)

trabalhando com touros zebuínos e BASARAB et al. (2003) trabalhando com

animais taurinos, observaram diferenças (P<0,05) na espessura de gordura de

animais classificados pelo CAR. Trabalhos realizados com animais da raça Nelore,

que é objeto do presente estudo, não observaram correlações entre CAR e AOL,

EGS e EGP8 (PAULINO, 2006; FARJALLA, 2009; CASTILHOS, 2010), indicando

que a seleção de animais Nelores mais eficientes em utilização dos alimentos não

traria respostas indesejáveis na qualidade da carcaça.

4.3 Avaliação das correlações fenotípicas da WBSF, do CAR e da CA com as

demais variáveis de desempenho e carcaça

Na avaliação das correlações fenotípicas (Tabela 5), não foi observado

correlações significativas entre os animais de alto ou baixo WBSF com as demais

variáveis estudadas. Em trabalho semelhante com animais da raça Nelore mocho,

CASTRO et al. (2014), também não observaram correlações fenotípicas

significativas entre força de cisalhamento (WBSF) e as características de

desempenho, como também de eficiência alimentar.

TABELA 6- Estimativas de correlações fenotípicas de animais segregantes para

força de cisalhamento (WBSF), consumo alimentar residual (CAR) e

conversão alimentar (CA) com as variáveis de desempenho e carcaça

de touros da raça Nelore mocho

Variáveis WBSF CAR CA

WBSF (carne macia ou dura) - -0,18 -0,18

Consumo alimentar residual, (kg/dia) -0,18 - 0,48***

Idade, dias 0,24 -0,05 -0,23

Page 34: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

20

Peso corporal inicial, (kg) 0,19 0,03 0,46***

Peso corporal final, (kg) 0,26 -0,03 -0,49***

Peso médio metabólico, (kg) 0,29 0,00 -0,09

Ganho de peso total, (kg) 0,09 -0,04 -0,74***

Ganho de peso médio diário, (kg) 0,08 0,00 -0,82***

Dias de confinamento 0,03 0,07 -0,20

Consumo de matéria seca observado, (kg) -0,02 0,70* -0,20

Conversão alimentar -0,18 0,48* -

Àrea de olho de lombo, (cm²) 0,21 0,17 -0,11

Espessura de gordura subcutânea,(mm) 0,00 0,20 -0,08

Espessura de gordura na garupam, (mm) -0,08 0,22 0,20 *P<0,05, **P<0,01 e ***P<0,0001 para correlação de Pearson

De uma forma geral esses dados demonstram que a característica de

força de cisalhamento não é diretamente influenciada pelas características aqui

analisadas. Entretanto, é importante salientar que somente a análise de correlação

fenotípica, não é suficiente para uma decisão conclusiva de que a seleção para

maciez possa ser utilizada independentemente das outras características, pois, se

trata de uma análise de correlação que somente leva em consideração as

mensurações fenotípicas da característica, não considerando os componentes

genéticos.

EGARR et al. (2009) avaliando animais de alto e baixo CAR verificaram

que foi necessária maior força de cisalhamento para animais mais eficientes, em

relação aos menos eficientes, porém, a pesquisa foi realizada com animais da raça

Angus, além disso, os autores também encontraram uma maior espessura de

gordura na carcaça dos animais de alto CAR, o que provavelmente torna a carne

mais macia após o cozimento. Já BAKER et al. (2006), trabalhando também com

novilhos da raça Angus de CAR positivo e negativo, não observaram diferença

significativa quanto a força de cisalhamento.

Resultados semelhantes a esta pesquisa de bovinos oriundos da

seleção divergente para CAR, também foram encontrados por McDONAGH et al.

(2001), CAFÉ et al. (2010) e NASCIMENTO (2011), que também observaram uma

similaridade entre as médias de força de cisalhamento.

Estes resultados controversos na literatura em relação à qualidade da

carne de animais eficientes podem estar associados às variações na taxa de

crescimento muscular entre as diferentes raças e linhagens, ou seja, além da

eficiência em si, podem existir diferenças genéticas que influenciam na maciez da

Page 35: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

21

carne. Porém, vale ressaltar que a maciez da carne apesar de sofrer influência

genética é uma característica altamente influenciada por fatores ambientais, seja

estes de ante mortem ou post mortem (IGARASI et al., 2008).

Ainda não se sabe ao certo quais as consequências da seleção de

animais eficientes quanto ao CAR sobre a qualidade da carne. Há indícios que a

seleção para animais mais eficientes seja economicamente favorável, pois reduz o

consumo de alimento no confinamento, e não afeta o desempenho dos animais,

porém as características em relação a qualidade de carne não devem ser afetadas

(PAULINO et al., 2004).

Foram encontradas correlações significativas (P<0,05) entre o CAR e o

CMS (r= 0,70) e a CA (r= 0,48), ou seja, quanto maior o CAR, maior foi o consumo

de matéria seca e pior foi a CA, sendo menos eficientes na transformação de

alimento em peso corporal. Os animais de menor CAR apresentaram menor

consumo de matéria seca, porém, tiveram melhor CA e o GMD foi semelhante aos

animais de alto CAR, sendo então mais eficientes, como pode ser observado na

Figura 2 a dispersão dos dados. Estes resultados vão ao encontro do que foi

relatado por ARTHUR & HERD (2008), em que constataram que o consumo

alimentar residual é positivamente correlacionado com a taxa de conversão

alimentar, com coeficientes de correlação genética relatadas variando entre 0,45 a

0,85. Isto implica que o melhoramento genético para CAR resultará em melhoria na

taxa de conversão alimentar do rebanho a cada geração (ARTHUR et al, 2001;

NKRUMAH et al, 2007).

Page 36: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

22

FIGURA 2- Ganho médio diário em função dos grupos segregantes para maciez e

os níveis de eficiência

A CA apresentou correlação significativa (P<0,05) com o PCI, PCF, GPT,

GMD (0,46; -0,49; -0,74 e -0,82; respectivamente). Portanto, quanto maior foi o PCI,

pior foi a CA e quanto maior o PCF, melhor foi a CA. Os animais de PCF mais alto,

tiveram maior ganho de peso diário e total, portanto, foram mais eficientes em

relação aos de menor PCF. Dessa forma, uma possível seleção pela CA, resultaria

na elevação gradual do peso adulto dos animais. Este índice não leva em conta o

peso corporal dos animais no seu cálculo, podendo nesse caso, selecionar animais

maiores, que por sua vez, possuem custo de produção mais elevado, pois a maior

parte da energia metabolizável consumida pelos mesmos é gasta em mantença

(HERD & BISHOP, 2000).

Já o CAR, como é um índice ajustado pelo PMM0,75 e GMD (Figuras 2 e

3), o torna independente dessas características, pois, ao ser utilizado como critério

de seleção de animais eficientes, o CAR possivelmente não altera o crescimento e

o tamanho adulto do rebanho.

FIGURA 3- Peso vivo metabólico em função dos grupos segregantes para maciez

e os níveis de eficiência alimentar

Page 37: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

23

Neste trabalho pôde ser observado, que a força de cisalhamento se

mostrou independente do CAR, como o CAR também não foi influenciado pela força

de cisalhamento.

5 CONCLUSÃO

A seleção de animais pela força de cisalhamento não alterou as

características de eficiência e desempenho de touros da raça Nelore mocho. Os

resultados deste estudo demostram não haver resposta correlacionada entre as

características de desempenho e maciez da carne, indicando que a seleção

conjunta destas características não influenciará a expressão fenotípica das

mesmas.

Portanto, a maciez da carne não é uma das variáveis que compõem as

variações no CAR, como também, os animais de carne dura ou macia não foram

influenciados pelo maior ou menor consumo de matéria seca.

Page 38: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

24

REFERÊNCIAS

1- ALMEIDA, R.; LANNA, D.P.; LEME, P.R. Consumo alimentar residual: um novo parâmetro para avaliar a eficiência alimentar de bovinos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CDROM.

2- ALVES, D. D. & MANCIO, A. B. Maciez da carne bovina – Uma revisão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14, n.1, p. 193-216. 2007.

3- ARCHER, J.A; PITCHFORD, W. S.; HUGHES, T. E.; PARNELL, P. F. Genetic and phenotypic relationships between food intake, growth, efficiency and body composition of mice post weaning and at maturity. Animal Science, Cambridge. V.67, p. 171-182, 1998.

4- ARTHUR, P.F. & HERD, R.M. Residual feed intake in beef cattle. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.37, suplemento especial p.269-279, 2008.

5- ARTHUR, P.F.; ARCHER, J.A.; JOHNSTON, D.J.; HERD, R. M.; RICHARDSON, E. C.; PARNELL, P. F. Genetic and phenotypic variance and covariance components for feed intake, feed efficiency and other postweaning traits in Angus cattle. Journal of Animal Science, Champaingn, v.79, p.2805-2811, 2001.

Page 39: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

25

6- BAKER, S. D.; SZASZ, J. I.; KLEIN, T. A.; KUBER, P. S.; HUNT, C. W.; GLAZE JR., J. B.; FALK, D.; RICHARD, R.; MILLER, J. C.; BATTAGLIA, R. A.; HILL, R. A. Residual feed intake of purebred Angus steers: Effects on meat quality and palatability. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 84, p. 938-945, 2006.

7- BASARAB, J.A; PRICE, M.A.; AALHUS, J.L.; OKINE, E.K.; SNELLING, W.M.; LYLE, K.L. Residual feed intake and body composition in young growing cattle. Canadian Journal of Animal Science, Ottawa, v. 83, n.2, p. 189-204, 2003.

8- BONIN, M. N.; DEMARCHI, J. J. A. A.; MIZUBUTI, I. Y.; RIBEIRO, E. L. A.; MANELLA, M. Q.; PEREIRA, E. S. Avaliação do consumo alimentar residual em touros jovens da raça Nelore Mocho em prova de desempenho animal. Acta Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v. 30, n. 4, p. 425-433, 2008.

9- CAFÉ, L. M.; McLNTYRE, B. L.; ROBISON, D. L.; GEESINK, G. H.; BARENDSE, W. Production and processing studies on calpain-system gene markers for tenderness in Brahman cattle: Growth, efficiency, temperament, and carcass characteristics. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 88, p. 3047-3058, 2010.

10- CARSTENS, G. E.; LANCASTER, P.; TEDESCHI, L. O. Bringing feed efficiency technologies to the beef industry: challenges and opportunities. In: FLORIDA RUMINANT NUTRITION SYMPOSIUM, Gainesville, 2008. Proceedings. Gainesville, 2008, 13p.

11- CASTILHOS, A.M.; BRANCO, R.H.; CORVINO, T.L.S.; RAZOOK, A.G.; BONILHA, S.F.M.; FIGUEIREDO, L.A. Feed efficiency of Nellore cattle selected for postweaning weight. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39, p.2486-2493, 2010.

12- CASTRO, L.M.; MAGNABOSCO, C.U.; SAINZ, R.D.; FARIA, C.U.; LOPES, F.B. Quantitative genetic analysis for meat tenderness trait in Polled Nellore cattle. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 45, n. 2, p. 393-402, 2014.

13- EGARR, A. R.; PITCHFORD, W. S.; BOTTEMA, M. J.; HERD, R. M.; SIDDELL, J. P.; THOMPSON, J. M.; BOTTEMA, C. D. K. Fat distribution in Angus steers is related to residual feed intake estimated breeding value. In: ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF ANIMAL BREEDING AND GENETICS, 18., 2009, Perth. Proceedings… Perth, p. 536-539, 2009.

14- FARJALLA, Y.B. Desempenho, características de carcaça e qualidade da carne de bovinos Nelore estratificados pela eficiência através do consumo alimentar residual. 2009, 58 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2009.

15- FERREL, C.L. & JENKINS, T.G. Energy utilization by mature, nonpregnant, nonlactating cows of different types. Journal of Animal Science, Champaingn, v.58, p.234-243, 1984.

Page 40: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

26

16- GOMES, R. C.; SAINZ, R. D.; LEME, P. R. Protein metabolismo, feed energy partitioning, behavior patterns and plasma cortisol in Nellore steers with high and low residual feed intake. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.42, p.44-50, 2013.

17- GOMES, R. C.; SIQUEIRA, R. F.; BALLOU, M. A.; STELLA, T. R.; LEME, P. R. Hematological profile of beef cattle with divergent residual. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 9, p. 1105-1111, 2011.

18-GOMES, R.C. Metabolismo Proteico, composição corporal, características de carcaça e qualidade de carne de novilhos Nelore (Bos indicus) em função de seu consumo alimentar residual. 2009. 93 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2009.

19- GUIMARÃES, T.P. Consumo alimentar residual de touros da raça nelore em sistema de confinamento. 2013. 54 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, 2013.

20- HERD, R. M. & ARTHUR, P. F. Physiological basis for residual feed intake. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 87, E-Suppl., p. E64-E71, 2009.

21- HERD, R.M.; ODDY, V.W.; RICHARDSON, E.C. Biological basis for variation in residual feed intake in beef cattle: 1. Review of potential mechanisms. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.44, p.423-430, 2004.

22- HERD, R. M.; ARCHER, J. A.; ARTHUR, P. F. Reducing the cost of beef production through genetic improvement in residual feed intake: Opportunity and challenges to application. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 81, Suppl.1, p. E9-E17, 2003.

23- HERD, R. M.; BISHOP, S. C. Genetic variation in residual feed intake and its association with other production traits in British Hereford cattle. Livestock Production Science, Amsterdam, v. 63, p.111-119, 2000.

24- IGARASI, M.S.; ARRIGONI, M.B.; HADLICH, J.C.; SILVEIRA, A.C.; MARTINS, C.L.; OLIVEIRA, H.N. Características de carcaça e parâmetros de qualidade de carne de bovinos jovens alimentados com grâos úmidos de milho e sorgo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 37, n.3, p. 520-528, 2008.

25- KELLY, A.K. ; MCGEE, M. ; CREWS JR., D.H.; LYNCH, C.O.; WYLIE, A.R.; EVANS, R.D.; KENNY, D.A. Relationship between body measurements, metabolic hormones, metabolites and residual feed intake in performancetested pedigree beef bulls. Livestock Science, v. 135, p. 8–16, 2011.

26- KOCH, R. M.; SWIGER, L. A.; CHAMBERS, D.; GREGORY, K. E. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 22, p. 486-494, 1963.

Page 41: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

27

27- LACY, R. C. Analysis of founder representation in pedigrees: Founder equivalents and founder genome equivalents. Zoo Biology, v. 8, p. 111-123, 1989.

28- LANNA, D.P.D.; CALEGARE, L. R; BERNDT, A. et al. Conversão alimentar – Eficiência econômica de vacas de corte de raças puras e cruzadas. In: SIMPÓSIO DE PECUÁRIA DE CORTE, 3, 2003, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, p.87-110, 2003.

29- McDONAGH, M. B.; HERD, R. M.; RICHARDSON, E. C.; ODDY, V. H.; ARCHER, J. A.; ARTHUR, P. F. Meat quality and the calpain system of feedlot steers after a single generation of divergent selection for residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v. 41, p.1013–1021, 2001.

30- NASCIMENTO, M. L.; Eficiência alimentar e suas associações com lucro, caracteristicas de carcaça e qualidade de carne de bovinos Nelore. 2011. 121p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2011.

31- NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient Requirements of Beef Cattle: Seventh Revised Edition: Update 2000. Washington, DC: The National Academies Press, 2000. 249 p.

32- NKRUMAH, J.D.; BASARAB, J.A.; PRICE, M.A.; OKINE, E.K.; AMMOURA, A.; GUERCIO, S.; HANSEN, C.; LI, C.; BENKEL, B.; MURDOCH, B.; MOORE, S.S. Different measures of energetic efficiency and their phenotypic relationships with growth, feed intake, and ultrasound and carcass merit in hybrid cattle. Journal of Animal Science, Champaingn, v. 82, p.2451-2459, 2004.

33- OKINE, E.K.; BASARAB, J.A.; GOONEWARDENE, L.A.; MIR, P. Residual feed intake and feed efficiency: Differences and Implications. Florida Ruminant Nutrition Symposium. p. 27-38, 2004.

34- PACHECO, P.S.; RESTLE, J.; VAZ, F.N. et al. Avaliação econômica da terminação em confinamento de novilhos jovens e superjovens de diferentes grupos genéticos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.309-320, 2006.

35- PAULINO, P. V. R.; CASTRO, F. C.; MAGNABOSCO, A. C. S; SAINZ, R. D. Performance and residual feed intake differences between steers housed in individual or group pens. Journal of Animal Science, Champaingn , v. 82, Suppl.1, p. 43, 2004.

36- RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M. Biological basis for variation in residual feed intake in beef cattle. 2. Synthesis of results following divergent selection. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood v.44, p.431-440, 2004.

37- RICHARDSON, E.C., HERD, R.M., ARCHER, J.A., WOODGATE, R.T., ARTHUR, P.F. Steers bred for improved net feed efficiency eat less for the same feedlot performance. Animal Production in Australia, v. 22, p. 213–216, 1998.

Page 42: DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA …§ão... · 2017-10-05 · Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais

28

38- SAINZ, R. D.; MAGNABOSCO, C. U.; MANICARDI, F.; ARAUJO, F.; LEME, P. R.; LUCHIARI, A.; MARGARIDO, R.; PEREIRA, A. S. C.; GUEDES, C. F. Projeto OB-Choice: Genética para melhorar a qualidade da carne brasileira. In: SEMINÁRIO DA MARCA OB, 3., 2005. p.1-17.

39- SANTANA, M. H. A; ROSSI, J.P; ALMEIDA, R; SCHUNTZEMBERGER, A. M.S. Perfis sanguíneo e metabólico de touros Nelore e suas correlações com consumo alimentar residual e taxa de conversão alimentar. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v. 14, n. 3, p. 527-537, 2013.

40- SANTANA, M.H.A.; ROSSI, J.R.P.; ALMEIDA, R.; CUCCO, D.C. Feed efficiency and its correlations with carcass traits measured by ultrasound in Nellore bulls. Livestock Science, v.145, p.252-257, 2012.

41- SAS INSTITUTE INC. SAS online DOC® 9.1.3, Cary, NC. 2004.

42- SOBRINHO, T.L.; BRANCO, R.H.; BONILHA, S.F.M.; CASTILHOS, A.M.; FIGUEIREDO, L.A.; RAZOOK, A.G.; MERCADANTE, M.E.Z. Residual feed intake and relationships with performance of Nellore cattle selected for post weaning weight. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.40, n.4, p.929-937, 2011.

43- STIEVEN, I.C.B. Relações do consumo alimentar residual com perfil hematológico, estresse e comportamento ingestivo em bovinos Purunã. 2012, 81f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

44- WHEELER, T.L.; CUNDIFF, L.V.; KOCH, R.M.; CROUSE, J.D. Characterization of biological types of cattle (Cycle IV): Carcass traits and longissimus palatability. Journal of Animal Science, v.74, n.5, p.1023-1035, 1996.