desempenho de touros nelore mocho de uma …§ão... · 2017-10-05 · agropecuária. os animais...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA
POPULAÇÃO SEGREGANTE PARA FORÇA DE CISALHAMENTO
Juliana Macedo dos Santos
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi
GOIÂNIA
2014
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iii
JULIANA MACEDO DOS SANTOS
DESEMPENHO DE TOUROS NELORE MOCHO DE UMA
POPULAÇÃO SEGREGANTE PARA FORÇA DE CISALHAMENTO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto a Escola de Veterinária e
Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
Área de concentração:
Produção animal
Orientadora:
Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi – UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Claudio Ulhoa Magnabosco -
EMBRAPA CERRADOS
Dr. Eduardo da Costa Eifert -
EMBRAPA
GOIÂNIA
2014
iv
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)
GPT/BC/UFG
S237d
Santos, Juliana Macedo dos.
Desempenho de touros nelore mocho população
segregante para força de cisalhamento [manuscrito] / Juliana
Macedo dos Santos. - 2014.
30 f. : il.
Orientador: Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,
Escola de Veterinária e Zootecnia, 2014.
Bibliografia.
Inclui lista de tabelas.
1. Nelore (Zebu) – Touros 2. Produção animal 3. Nelore
(Zebu) – Touros - Alimentação e rações 4. Bovino de corte –
Confinamento. I. Título.
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vi
Dedico este trabalho a minha família – Minha mãe Marta, meu padrasto Sírio e meu irmão
Francis.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem Ele nada é possível.
A minha família. Minha mãe Marta e ao meu padastro Sirio que sempre me
apoiam nas minhas escolhas.
A Eliane Sayuri Miyagi Okada pela orientação, companheirismo e amizade
ao longo dessa jornada.
Aos co-orientadores, e colaboradores, Dr. Claudio Magnabosco, Dr. Eduardo
da Costa Eiffert, muito obrigada pela oportunidade, e ao Dr. Marcos Fernando
A equipe da Aval, Yuri e Tiago. A equipe da Minerthal.
Ao Programa de Pos Graduacao em Ciencia Animal.
A banca, Dr. Marcos Fernando, Rodrigo Zaiden e Eliane Sayuri.
A CAPES pela bolsa de estudos.
A Lorena e Thiago por me darem abrigo sempre que precisei. Duas pessoas
escolhidas para fazerem parte da minha vida para sempre.
A Fernanda, tio Antônio e tia Madalena, a vó Cida (vó da Mayanny), ao Bruno
que também abriram suas portas sempre que solicitei muito obrigada de coração.
Aos amigos que foram de fundamental importância, Ludmilla, Leonardo
Oliveira, Hugo Peron, Marcus Vinicius. A mayanny pela parceria nas idas e vindas,
foram tantas, de carro, carona, ônibus, mas com a companhia sua foi mais fácil.
Aos amigos que fiz durante o experimento na fazenda Barreiro, Neilton, Sr.
Divino, Marcos Olavo.
Ao Sr. Francisco (Chiquinho) pela parceria que possibilitou a realização do
experimento.
Aos colegas da pós-graduação, Fabiola, Tiago Pereira, Kíria, Bárbara,
Flávia, Thiago, Rayanne, Alex, Dayane e Bruno.
Aos estagiários sem os quais não seria possível a realização desse
trabalho. As colegas de confinamento, Ligia Moreira e Silvia Silva.
Aos funcionários do Departamento de Producao Animal, que sempre nos
atendem prontamente quando solicitados.
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Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas, que
não teriam acontecido, se tudo tivesse dado certo."
Renato Russo
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 2
2.1 Força de cisalhamento ..................................................................................... 2
2.2 Eficiência alimentar .......................................................................................... 3
2.3 Consumo alimentar residual (CAR) .................................................................. 4
2.4 Seleção de animais da raça Nelore mocho ...................................................... 7
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 7
3.1 Local e descrição dos animais ......................................................................... 9
3.2 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras ............................................... 10
3.3 Características avaliadas ............................................................................... 11
3.4 Análise Estatística .......................................................................................... 12
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 13
4.1 Avaliação do desempenho de animais segregantes para força de
cisalhamento ........................................................................................................ 13
4.2 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual ............... 16
4.3 Avaliação das correlações fenotípicas da WBSF, do CAR e da CA com as
demais variáveis de desempenho e carcaça........................................................ 19
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 24
x
LISTA DE ABREVIATURAS
CA Conversão alimentar
CAR Consumo alimentar residual
CMS Consumo de matéria seca
CMSest Consumo de matéria seca estimada
CMSobs Consumo de matéria seca observada
EAB Eficiência alimentar Bruta
EE Extrato etério
FDA Fibra detergente ácido
FDN Fibra detergente neutro
GMD Ganho médio diário
GPT Ganho em peso
GPD Ganho em peso diário
PB Proteína Bruta
PCI Peso corporal inicial
PCF Peso corporal final
PV Peso vivo
PMM Peso vivo médio metabólico
MM Matéria mineral
MS Matéria Seca
NDT Nutriente digestíveis totais
WBSF Força de cisalhamento
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Relação do consumo de matéria seca observado (CMSobs) pelo
consumo de matéria seca estimado (CMSest) de bovinos Nelore mocho,
segregantes para força de cisalhamento (WBSF, M= carne macia e D= carne dura)
em confinamento, e entre os níveis de eficiência alimentar. ................................ 17
FIGURA 2 - Ganho médio diário em função dos grupos segregantes para maciez e
os níveis de eficiência .......................................................................................... 22
FIGURA 3- Peso vivo metabólico em função dos grupos segregantes para maciez
e os níveis de eficiência alimentar ........................................................................ 22
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Composição percentual e estimativa de nutrientes da dieta ............. 10
TABELA 2- Valores máximo, médio, mínimo e desvio padrão (DP) das
características produtivas touros da raça Nelore mocho .................................... 144
TABELA 3- Médias, erro-padrão da média das variáveis de desempenho e
eficiência alimentar de touros segregantes para os extremos de WBSF ........... 155
TABELA 4- Média e erro padrão da média das variáveis de desempenho, eficiência
alimentar e carcaça de touros da raça Nelore mocho classificados pelo consumo
alimentar residual (CAR) .................................................................................... 176
TABELA 5- Correlações de segregantes para força de cisalhamento (WBSF),
consumo alimentar residual (CAR) e conversão alimentar (CA) com as variáveis de
desempenho e carcaça de touros da raça Nelore mocho .................................1918
TABELA 6– Distribuição em números e em porcentagem dos animais segregantes
para WBSF, entre as classes de eficiência (alto, médio e baixo CAR). ............1420
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RESUMO
Objetivou-se com este trabalho avaliar as características de desempenho eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual (CAR) de touros da raça Nelore Mocho oriundos de uma população segregante para os extremos de força de cisalhamento (alta e baixa WBSF). Foram utilizados 55 touros da raça Nelore mocho, com idade média de 18 meses, e peso inicial médio de 382 ± 29 kg, oriundos do programa OB choice, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Guaporé Agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento estratégico, com o intuito de se obter animais segregantes para força de cisalhamento. Os touros foram confinados em baias individuais na fazenda Barreiro, municipio de Silvania, e alimentados duas vezes ao dia com silagem de milho e concentrado na proporção (47:53). Os animais foram classificados em baixo, médio e alto consumo alimentar residual, calculado pela diferença entre o consumo de matéria seca observado e estimado a partir dos dados de GMD, CMS e PMM0,75. O critério para a classificação foi o CAR ≥ 0,5 desvio padrão abaixo ou acima da média. Não foram observadas diferenças nas características de desempenho, eficiência e carcaça entre os grupos segregantes para maciez, somente a AOL foi maior (P< 0,05) para os animais de alta WBSF. Os animais de baixo CAR apresentaram menor consumo de matéria seca e foram mais eficientes na conversão alimentar (P<0,02) em relação aos animais de médio e alto CAR. O ganho de peso médio diário não deferiu entre as classes de CAR (P>0,05), com valores de 1,34 (baixo CAR); 1,36 (médio CAR) e 1,44 kg/dia (alto CAR). Não houve estimativas de correlações sinificativas da força de cisalhamento com nenhuma das variáveis estudadas. O CAR foi correlacionado significativamente com o CMS (r = 0,70) e CA (r = 0,48). A CA apresentou correlação significativa (P<0,05) com o PCI, PCF, GPT e GMD (0,46; -0,49; -0,74 e -0,82; respectivamente). A seleção de animais pela força de cisalhamento não alterou as características de eficiência e desempenho de touros da raça Nelore mocho. A seleção para eficiência alimentar através do CAR apresenta grande potencial na seleção de animais mais eficientes sem alteração das características desejáveis a produção animal.
Palavras chave: Zebu, qualidade da carne, crescimento, confinamento
xiv
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate polled Nelore bulls derived from a segregating population for the extremes of shear force (high and low WBSF) feed efficiency performance characteristics, using residual feed intake (RFI). Were used 55 polled Nelore bulls with 18 months old on average, and an average 382 ± 29 kg of initial weight, originated from OB choice program, developed by Embrapa in partnership with Guapore farm. Animals were obtained from a breeding strategy, in order to obtain shear force segregants animals. Bulls were kept in individual pens and fed twice daily with corn silage and concentrate in (47:53) ratio. Animals were classified into low, medium and high residual feed intake calculated by the difference between the observed and estimated dry matter intake from GMD, CMS and PMM0,75 data. Classification criteria was standard deviations below or above average CAR ≥ 0.5. There were no differences in performance characteristics, efficiency and carcass among tenderness segregated groups, only AOL was higher (P <0.05) on high WBSF animals. Low RFI animals had lower dry matter intake and were more efficient in feed conversion (P <0.02) compared to animals of medium and high RFI. The average daily weight gain did not differ between RFI classes (P> 0.05), with values of 1.34 (low RFI); 1.36 (average RFI) and 1.44 kg/day (high RFI). There were no significant correlations of shear force with any of studied variables. RFI was significantly correlated with DMI (r = 0.70), and FC (r = 0.48). FC showed a significant correlation (P <0.05) with IBW, FBW, WG and DWG (0.46, -0.49, -0.74 and -0.82, respectively). Animal selection by shear force did not alter efficiency and performance characteristics of polled Nelore bulls. Selection for feed efficiency through RFI has great potential in selecting more efficient animals without altering the desirable characteristics of animal production.
Keywords: Zebu, meat quality, growth, feedlot
1 INTRODUÇÃO
Baseado na genética, os animais nelore mocho atualmente estão sendo
selecionados para produzir animais de alto padrão em desempenho e eficiência,
além de boa qualidade da carcaça e carne. Isto porque, a pecuária de corte nacional
se caracteriza pela baixa produtividade e grande variação na qualidade da carne.
Este segundo aspecto pode ser justificado pela grande fração zebuína encontrada
na base genética dos nossos rebanhos. Normalmente, raças zebuínas apresentam
carne menos macia e com menor marmorização quando comparadas com raças
taurinas, dificultando a valorização dessa carne frente aos mercados internacionais
(WHEELER et al., 1996). Portanto, é de fundamental importância que o setor
pecuário brasileiro desenvolva genótipos adaptados para maciez da carne e com
maior valor agregado para serem comercializadas em mercados mais exigentes.
Além disso, faz-se necessário também, adotar medidas para melhorar a
eficiência nutricional do rebanho brasileiro e correlaciona-las com características
de qualidade do produto produzido, no caso de bovino de corte, a carne, tomando
o cuidado para não afetar negativamente características zootécnicas, como
marmoreio e qualidade de carcaca.
A Embrapa em parceria com a empresa Guaporé Agropecuária através
do programa OB Choice, seleciona indivíduos da raça Nelore mocho, que
apresentam alta probabilidade de serem portadores de genes favoráveis à maciez
da carne. Os animais deste estudo são provenientes de uma seleção advinda desta
parceria que, mediante técnicas de acasalamento otimizado gerou duas
populações segregantes, sendo uma com predominância do fenótipo carne macia,
que foi o resultado do acasalamento entre animais extremos para baixa força de
cisalhamento (WBSF- Warner Bratzler Shear Force), e uma com o fenótipo carne
dura, resultante do acasalamento entre animais extremos para alta força de
cisalhamento.
Concomitante com o desempenho e a qualidade da carne, é de suma
importância, um trabalho para diminuição dos custos de produção através da
seleção e animais nutricionalmente eficientes. Neste contexto é valido ressaltar a
importância em reduzir os custos com alimentação, que representa cerca de 70%
dos custos totais da produção de bovinos de corte em confinamento (PACHECO et
2
al., 2006). Para tanto, estudos verificando a correlação entre a eficiência alimentar
e a qualidade da carne se tornam necessários, no intuito de se conhecer melhor
estas características.
Os índices mais comumente propostos para avaliar a eficiência alimentar
são a taxa de conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar bruta (EAB), que são
relações do consumo alimentar pelo ganho em peso. No entanto, estas medidas
são correlacionadas com o peso adulto do animal, o que não é desejável, podendo
nesse caso, selecionar animais maiores, que por sua vez, possuem custo de
produção mais elevado, devido a maior parte da energia metabolizável consumida
ser gasta em mantença (HERD & BISHOP, 2000). Com isso, a seleção baseada no
consumo alimentar residual (CAR), é uma alternativa que tem o objetivo selecionar
animais mais eficientes no aproveitamento do alimento, além de minimizar os
problemas relacionados com as medidas tradicionais de eficiência para bovinos de
corte.
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar as
características de desempenho, eficiência alimentar pelo consumo alimentar
residual (CAR), de touros da raça Nelore mocho, oriundos de uma população
segregante para os extremos de força de cisalhamento (alta WBSF e baixa WBSF).
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Força de cisalhamento
A maciez da carne pode ser medida por meio subjetivo ou objetivo. O
método subjetivo se utiliza de painel sensorial em que um grupo de pessoas
treinadas classifica a carne em relação à maciez após ter provado as amostras. O
método objetivo utiliza equipamento, como o texturômetro, que mede a força
necessária para o cisalhamento de uma seção transversal de carne e, quanto maior
a força dispensada, menor é a maciez apresentada pelo corte de carne (ALVES &
MANCIO, 2007). A maciez da carne bovina constitui fator estratégico para garantir
a estabilidade ou expansão de mercado.
3
Dentre as características de qualidade da carne bovina, a maciez
assume posição de destaque, sendo considerada a característica sensorial de
maior influência na aceitação da carne por parte dos consumidores (SAINZ, 2005).
Dos fatores que influenciam a maciez da carne, destacam-se genética,
raça, idade ao abate, sexo, alimentação, uso de agentes hormonais (β-
adrenérgicos) e tratamentos post-mortem (ALVES & MANCIO, 2007).
Estudos relacionados a avaliação da força de cisalhamento na carne de
animais classificados pelo CAR são muito escassos na literatura, e os resultodaos
divergentes, (McDONAGH et al., 2001; BAKER et al.,2006; EGARR et al., 2009;
CAFÉ et al., 2010 e NASCIMENTO, 2011) tendo assim a necessidade de mais
estudos para avaliar as relações entre a força de cisalhamento e eficiência
alimentar.
2.2 Eficiência alimentar
A eficiência na produção animal pode ser definida como a geração de
produtos de origem animal com a menor quantidade de recursos possíveis. Um
manejo alimentar eficiente tem o poder de gerar grande impacto econômico nos
sistemas de produção (HERD et al., 2003).
É essencial a busca por animais cada vez mais eficientes no
aproveitamento dos alimentos. Melhorar a eficiência alimentar do rebanho bovino
pode significar grande economia para os produtores. A melhoria de 5% na eficiência
alimentar de bovinos poderia resultar em economia quatro vezes maior nos custos
de alimentação quando comparada à economia gerada pelo aumento de 5% no
ganho de peso médio diário OKINE et al. (2004).
Segundo FERREL e JENKINS (1984), cerca de 70% do total da energia
consumida pelos bovinos de corte é utilizada na mantença do animal, e somente
5% é encaminhada para a deposição de proteína.
No ciclo de produção animal, a eficiência descreve a variação de ganho
em peso em relação ao consumo (HERD et al, 2004), porém a seleção para esta
medida pode levar ao aumento do tamanho adulto e do requerimento de mantença
do animal (OKINE et al, 2003), fatores estes economicamente indesejáveis. Além
4
disso, com o aumento do tamanho à idade adulta, tem-se a redução das taxas
reprodutivas e aumento da idade à puberdade (LANNA et al. (2003).
A eficiência alimentar inicia-se na ingestão de alimento, pois, é
dependente da quantidade de nutrientes que o animal irá receber para produção,
sendo esta e o desempenho animal as características que mais influenciam este
índice (RICHARDSON et al, 2004)
Segundo ARTHUR e HERD (2008), diversas são as medidas propostas
para avaliação da eficiência dos animais. Dentre elas destacam-se a eficiência
alimentar bruta, a conversão alimentar e o consumo alimentar residual.
Inúmeras são as sugestões para explicar a inconstância observada na
eficiência dos animais, podendo variar desde processos facilmente mensuráveis
como o comportamento e desempenho, até variações celulares, como transporte
de íons e turnover protéico. Entretanto, os fatores que causam divergências na
utilização dos alimentos em animais similares e recebendo mesma dieta não são
ainda bem compreendidos. Acredita-se que os menos eficientes tenham maiores
taxas de catabolismo, o que eleva o gasto energético de mantença desses animais,
com menor disponibilidade de nutrientes para produção (SANTANA et al., 2013)
Já HERD et al. (2004) resumiram em cinco, as variáveis que podem
causar variações na eficiência alimentar, começando pelo consumo alimentar, a
digestão do alimento, metabolismo, atividade e a termorregulação.
RICHARDSON & HERD (2004) avaliaram alguns desses processos
metabólicos que podem contribuir para a variação do consumo alimentar em
animais taurinos. Segundo os autores, o turnover proteico, estresse e metabolismo
dos tecidos contribuem com 37%, outros processos não identificados tais como o
transporte iônico com 27%, a atividade e digestibilidade com 10% cada, o
incremento calórico com 9%, a composição corporal com 5% e o comportamento
ingestivo com 2% da variação no consumo alimentar.
2.3 Consumo alimentar residual (CAR)
KOCH et al. (1963) foram os primeiros pesquisadores a definir o CAR
como uma medida de eficiência alimentar, capaz de avaliar a diferença entre o
consumo real de matéria seca e o esperado. ARTHUR et al., (2001) o conceituam
como a diferença entre o consumo observado e o estimado realizado por uma
5
equação de regressão em função do peso vivo metabólico e do ganho em peso dos
animais, sendo assim uma medida independente do peso e da taxa de crescimento
animal.
Em seus estudos KOCH et al. (1963), demonstram a equação usada
para obtenção do CAR como sendo: CAR= CMSobs – CMSest. A obtenção do
consumo de matéria seca observado (CMSobs) é realizada por meio da pesagem
diária do alimento oferecido e posteriormente das sobras deste alimento. O
consumo de matéria seca estimado (CMSest) é realizado por meio de equações de
regressão ajustadas em função das exigências de mantença do animal e
crescimento (f {`PMM0,75, GMD}). Sendo a exigência de mantença estimada com
base no peso metabólico (PMM0,75) do animal, e o crescimento com base na taxa
de ganho de peso diário (GMD) (NRC, 2000).
Segundo BASARAB et al. (2003), as diferenças para eficiência alimentar
entre animais são devidas ao maior ou menor consumo de energia metabolizável e
maiores ou menores custos energéticos com mantença, incremento calórico e
atividade física. Os animais mais eficientes para o CAR possuem valores negativos
para essa medida, consequentemente, são animais que ingerem menos alimento
em comparação aos outros.
A estimative da herdabilidade do CAR em bovinos europeus encontrada
por KOCH et al., (1963) é moderada, 0,28 ± 0,11, e por ARTHUR et al., (2001) de
0,49. Até o presente momento, não há na literatura nacional, estimativa de
herdabilidade para CAR publicada para zebuínos, mas visto a grande variabilidade
fenotípica constatada por alguns pesquisadores (ALMEIDA et al., 2004; BONIN et
al., 2008), acredita-se que a magnitude desta estimativa pode ser semelhante à de
bovinos europeus. O CAR é uma ferramenta de grande interesse na seleção de
animais de maior eficiência alimentar, podendo ainda ser usado juntamente com
outros índices de seleção sem que se promova perdas das características
zootécnicas já alcançadas pelo melhoramento genético.
Ao contrário da conversão alimentar, a seleção para consumo alimentar
residual parece selecionar animais de menor consumo e menores exigências para
manutenção, sem alterar o peso adulto ou o ganho em peso (KOCH et al., 1963;
BASARAB et al., 2003; PAULINO et al., 2004; CARSTENS et al., 2008).
6
Vários autores (ALMEIDA et al., 2004; NASCIMENTO, 2011;
GUIMARÃES, 2013) já confirmaram que não existem associações entre CAR e
peso vivo médio metabólico e entre CAR e ganho médio diário em novilhos Nelore
terminados em confinamento.
A estimativa de correlação genética entre CAR e o tradicional índice de
mensuração da eficiencia, que é a conversão alimentar é de magnetude moderada
(r=0,50; ARCHER et al., 1998), sugerindo que genes diferentes estão ligados a
estas características. Este valor de correlação também indica que ao incluir o CAR
em um programa de seleção, haverá melhora concomitantemente da conversão
alimentar (CARSTENS et al., 2008).
RICHARDSON et al. (1998) em um estudo avaliando apenas uma única
geração de seleção divergente para CAR, observaram que os filhos de touros de
baixo CAR apresentaram menor consumo de matéria seca que os animais filhos de
touros de alto, e apresentaram o mesmo GMD, gerando consequentemente, melhor
conversão alimentar e menor CAR. Dado este que indicam que a seleção para
animais mais eficientes poderá aumentar a rentabilidade na produção animal.
Com as informações ja obtidas pode se dizer que o CAR é uma medida
de eficiência complexa, pois depende de muitos fatores que podem interferir na sua
avaliação, como os fatores genéticos, ambientais e nutricionais (SANTANA et al.,
2013). Tornando necessário que se obtenha dados precisos em sua avaliação, e
para obter dados confiáveis ao avaliar o CAR é necessário, garantir acurácia na
determinação do consumo individual e ganho em peso diário (NASCIMENTO,
2011).
Mesmo com o conhecimento das vantagens do CAR para a identificação
de animais eficientes, as consequências da sua utilização como critério de seleção
sobre composição da carcaça e qualidade de carne são pouco conhecidas. Estudos
realizados observaram que animais selecionados para baixo CAR (eficientes)
tendem a apresentar carcaças mais magras, com menor quantidade de gordura
intramuscular e de acabamento (BASARAB et al., 2003; KELLY et al., 2011),
características que podem interferir negativamente na qualidade da carne.
Logo, a necessidade de avaliar a eficiência alimentar concomitantemente
com a qualidade da carne produzida, e para isso, a força de cisalhamento (WBSF)
é um bom teste para ser realizado, visto que a maciez é o principal atributo para os
7
consumidores, que define a qualidade da carne. Haja vista a necessidade de se
produzir animais com melhor qualidade de carne, porém com uma maior eficiência
alimentar (NASCIMENTO, 2011)
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Seleção de animais da raça Nelore mocho
O surgimento de animais sem os chifres é um fato histórico na trajetória
desta raça no território brasileiro, pois, é sabido que animais com esta característica
nunca foram encontrados na Índia. Portanto, pode-se dizer que o Nelore mocho é
uma raça exclusivamente brasileira.
Foi em Araçatuba na propriedade de Ovídio Miranda Brito, no ano de
1957 que nasceu o primeiro animal Nelore mocho chamado Caburey. O pai (Kongo
O.M) e a mãe (Capanga) eram animais providos de chifres, porém, mais tarde
constatou-se que a mãe foi a responsável pela característica mocha. O Sr. Ovídio
então fez deste bezerro um reprodutor, e o acasalou com suas melhores matrizes,
originando assim uma família geneticamente sem chifres. Então aos poucos o
rebanho que era de Nelore padrão se transformou em mocho, originando a
linhagem O.B. Foi baseado na genética e certa dos benefícios desta raça, que o
Sr. Ovídio seleciona seu rebanho hoje para ir além, produzindo animais de alto
padrão e com qualidade de carne.
Foi criado o Programa OB Choice, desenvolvido pela empresa Guaporé
Agropecuária S/A, marca OB, com informações disponíveis de pedigree e de
avaliações fenotípicas para características de carcaça e dados de maciez de 415
progênies de 22 touros. Constituindo uma matriz de parentesco com 956 animais.
As análises dos dados foram baseadas na estrutura de parentesco entre
animais ligados a indivíduos detentores de informações genéticas e fenotípicas
favoráveis para a característica de maciez da carne.
Todas as informações foram analisadas pela metodologia dos modelos
mistos utilizando a Amostragem de Gibbs, para se estimar o mérito genético para
maciez de carne de todos os animais disponíveis. As análises dos componentes de
8
variância para maciez da carne, dos animais em estudo geraram uma estimativa de
herdabilidade igual a 0,11.
Baseando-se no princípio da probabilidade de genes idênticos por
descendência a ancestrais “fundadores”, que apresentam maior chance de serem
portadores de genes favoráveis à expressão da característica de interesse, assim
como proposto por LACY (1989), foram identificados aqueles com alta probabilidade
de carregar genes favoráveis à maciez, e, por meio de técnicas de acasalamento
otimizado, foi possível formar as duas populações segregantes, para força de
cisalhamento.
As informações de pedigree dos animais foram organizadas, para que
grupos similares fossem formados, através do procedimento CLUSTER do
aplicativo Statistical Analysis System (SAS, 2004). Após a análise de pedigree dos
animais estudados, foi possível detectar quais eram os genearcas fundadores da
raça Nelore Mocho que possuíam uma maior quantidade de descendentes, nesta
população, apresentando alta ou baixa força de cisalhamento.
Uma vez identificados os “fundadores” e os laços de parentesco entre
tais animais e os animais do rebanho, e a partir das informações de WBSF dos
abates anteriores, foi confeccionada uma lista de 15 touros e 500 matrizes PO da
raça Nelore Mocho, selecionados para extremos de fenótipo de carne com alto ou
baixo WBSF, para serem acasalados entre si.
Da lista dos touros, foram escolhidos seis touros cujas progênies foram
avaliadas nos dois abates e apresentaram baixos valores de WBSF, sendo
considerados extremos para maciez. Assumiu-se que esses touros possuem maior
probabilidade de serem portadores do gene da maciez e de transmitir essa
característica para sua progênie.
A partir da lista de matrizes, foram selecionadas 250 fêmeas com pais
e/ou avôs que também tiveram filhos nos abates anteriores com baixos valores de
WBSF. Essas foram posteriormente acasaladas com os seis touros mencionados.
Procedimento similar foi utilizado para identificar outros seis touros e 250
matrizes com maior probabilidade de apresentarem altos valores de WBSF,
acasalando-os entre si, com o intuito de produzir um grupo de animais com potencial
para o fenótipo "carne dura", ou seja, carne com altos valores de WBSF.
9
Esta estratégia de acasalamento foi utilizada para obtenção de duas
populações segregantes com o intuito de serem utilizados em análises de
expressão gênica, sendo uma população com predominância do fenótipo carne
macia, resultante do acasalamento entre animais extremos para baixo WBSF, e
uma população com o fenótipo carne dura, resultante do acasalamento entre
animais extremos para alto WBSF.
Assim sendo, esses animais foram testados, com objetivo de observar
se a seleção para maciez poderia influenciar no desempenho e na eficiencia
alimentar, para que o Programa OB Choice pudesse continuar caminhando com o
objetivo de selecionar animais de melhor qualidade da carne.
3.2 Local e descrição dos animais
A pesquisa foi conduzida no confinamento da fazenda Barreiro
localizada no município de Silvânia – GO, entre junho e outubro de 2012.
Anteriormente os animais saíram da Guaporé Pecuária, de onde foram
transportados para a fazenda da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de
Goiás-GO, onde permaneceram até dia 16 de maio de 2013 na, sob regime
extensivo de pastejo em piquete formado por Brachiaria ruziziensis. Posteriormente
foram levados para o confinamento da fazenda Barreiro.
Foram utilizados 55 touros da raça Nelore mocho com peso médio inicial
de 382 ± 29 kg, oriundos do programa OB Choice, desenvolvido pela empresa
Guaporé agropecuária. Os animais foram provenientes de um acasalamento
estratégico, a fim de se obter animais segregantes para força de cisalhamento
(carne macia e carne dura). Os animais foram então agrupados, de acordo com a
força de cisalhamento, para serem avaliados quanto a eficiência alimentar e o
desempenho na terminação em confinamento.
Ao chegarem à fazenda experimental os animais foram identificados,
pesados, desverminados e alocados em baias coletivas. Permaneceram por um
período de 21 dias de modo a permitir que se adaptassem à dieta experimental e
as instalações. Passado este período os animais foram pesados, após jejum de 16
horas, e distribuídos em baias individuais. As baias individuais do confinamento
10
possuiam dimensões de 3 metros de largura por 8 metros de comprimento,
totalizando 24 m2. O piso próximo aos comedouros era concretado com 1,5 metros
de largura e os comedouros eram cobertos com telhas de amianto. As baias eram
providas de cochos de alimentação e bebedouros.
3.3 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras da ração
A composição e a estimativa de nutrientes da dieta estão apresentadas
na Tabela 1. A dieta foi formulada com auxílio do programa Ração de Lucro Máximo
(RLM 3.2) da Esalq-Usp, sendo a mesma para todos os animais.
O alimento foi fornecido duas vezes ao dia, pela manha e no perido da
tarde. Para compor a dieta fornecida aos animais os ingredientes foram pesados
diariamente para cada animal e fornecidos no cocho. As sobras foram quantificadas
e removidas diariamente. As sobras eram mantidas entre 5 a 10% do total fornecido
com intuito de evitar desperdício e para obter o consumo balanceado da dieta.
TABELA 1- Composição percentual e estimativa de nutrientes da dieta
Ingredientes % na MS
Silagem de milho 47,0
Milho grão moído 43,2
Soja Grão 8,0
Núcleo Mineral* 1,4
Uréia 0,6
Nutrientes estimados da dieta % na MS
Matéria seca 48,70
Proteína bruta 12,79
11
Proteína degradável no rúmen 9,35
Fibra em detergente neutro 21,57
Extrato etéreo 5,04
Nutrientes digestíveis totais 74,3 * Ca 0,4824 (%MS), P 0,2798 (%MS), Mg 0,1417 (%MS), K 0,7865 (%MS), Na 0,1165 (%MS), Cl 0,2996 (%MS), S 0,1543 (%MS), Co 0,336 (ppm), Cu 11,3364 (ppm), Fe 24,728 (ppm), I 0,56 (ppm), Mn 23,3904 (ppm), Se 0,112 (ppm), Z 33,0314 (ppm).
3.4 Características avaliadas
Foram avaliadas as principais medidas de desempenho, e o consumo
voluntário foi registrado diariamente, pela diferença da quantidade ofertada da dieta
e das sobras de alimento no dia seguinte. A determinação do consumo de matéria
seca observado (CMSobs) foi obtida após a correção para matéria seca das sobras
(obtida por coletas semanais das sobras e posterior secagem em estufa a 105º C)
e da dieta, pela subtração do oferecido e o recusado.
O ganho em peso médio diário foi obtido pela diferença de peso corporal
inicial, após adaptação de 21 dias, e o peso final dividido pelos dias de
confinamento.
A conversão alimentar foi calculada como a razão entre o CMS e o GMD,
para cada animal. Já a eficiência alimentar foi calculada como o inverso da CA,
sendo a razão entre o GMD e o CMS.
O cálculo do CAR foi realizado conforme proposto originalmente por
KOCH et al. (1963). O consumo de matéria seca estimado (CMSest) foi obtido por
equação de regressão considerando o CMSobs como variável dependente e o
PMM0,75 e o GMD dos animais como variáveis independentes conforme o seguinte
modelo:
CMSest= β0 + β1 x (PMM0,75) + β2 x (GMD) + ε,
Em que:
CMSest= consumo de matéria seca estimado em kg;
β0= intercepto;
β1= coeficiente do peso médio metabólico (PMM0,75 em kg);
β2= coeficiente do ganho médio diário (GMD em kg/dia);
12
ε= resíduo;
O CAR de cada animal foi calculado pela diferença entre o consumo de
matéria seca observado e o consumo de matéria seca estimado. Para a
determinação de possíveis diferenças nas variáveis avaliadas entre os animais
considerados mais (baixo CAR) ou menos (alto CAR) eficientes, procedeu-se a
divisão dos animais em três grupos distintos. Aqueles animais que apresentaram
valores de consumo alimentar residual meio (+0,5) desvio padrão acima da média
geral, foram classificados como sendo animais de alto CAR (menos eficientes). Os
animais cujos valores individuais de CAR foram menos meio (-0,5) desvio padrão
inferiores à média geral, foram considerados baixo CAR (mais eficientes). Os
animais cujos valores de CAR se localizaram entre os limites dos animais com baixo
e alto CAR foi agrupado como sendo médio CAR. Essa divisão é comumente
empregada em trabalhos envolvendo avaliação de eficiência alimentar pelo CAR
em bovinos de corte (KOCH et al., 1963; BASARAB et al., 2003; RICHARDSON &
HERD, 2004; PAULINO, 2006; STIEVEN, 2012).
Foram coletas imagens, via ultrassom, modelo Aloka 500-V, dotado de
transdutor linear de 17,2 cm (3,5 MHZ) na região lombar compreendida entre a 12ª
e 13ª costelas e na região da garupa. As imagens e a interpretação das imagens
para mensuração da área de olho de lombo (AOL), da espessura de gordura
subcutânea entre a 12ª e 13ª costelas (EGS) e espessura de gordura subcutânea
na garupa (EGP8) foi realizada pela empresa Aval.
3.5 Análise Estatística
O desenho experimental foi o inteiramente casualizado. O modelo
matemático foi o seguinte:
Y= µ +ti + eij, em que:
Yij = valor observado;
μ = média geral;
ti = efeito da classe do CAR;
e eij = erro experimental.
13
Foram realizadas análises de variância dos dois grupos segregantes
para força de cisalhamento com as variáveis de desempenho e eficiência alimentar
no confinamento. A comparação entre médias foi feita pelo do teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Foram realizadas correlações de Pearson entre os grupos segregantes
para força de cisalhamento com as variáveis de desempenho mensuradas, ao nível
de 5% de Probabilidade.
As análises estatísticas foram realizadas pelo pacote estatístico SAS
(2004).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Avaliação do desempenho de animais segregantes para força de
cisalhamento
Na Tabela 1 é apresentada a distribuição dos grupos segregantes para
os dois extremos de força de cisalhamento (alto WBSF e baixo WBSF) entre as
classes de CAR. Do total dos animais classificados pelo CAR, observou-se que,
dos 16 indivíduos de alto CAR, 8 (50%) eram segregantes para alto WBSF, e 8
14
(50%) para baixo WBSF. Para os 16 animais de baixo CAR, 7 (44%) eram
segregantes para alto WBSF e 9 (56%) para baixo WBSF. Agrupando as três
classes de CAR (alto, médio e baixo) o total de animais segregantes para alto
WBSF foi 28/55 ou 51%, e os de baixo WBSF totalizou 27/55, ou o equivalente a
49% dos animais.
TABELA 2- Distribuição em números e em porcentagem dos animais segregantes
para WBSF, entre as classes de eficiência (alto, médio e baixo CAR).
Alto CAR Baixo CAR Médio CAR Total
Alto WBSF 8/16 (50%) 7/16 (44%) 12/23 (52%) 27/55 (49%) Baixo WBSF 8/16 (50%) 9/16 (56%) 11/23 (48%) 28/55 (51%)
A média, os valores máximos e mínimos e o desvio padrão das variáveis
de desempenho e eficiência alimentar dos touros segregantes para força de
cisalhamento estão descritos na Tabela 2. Estes valores nos permitem ter uma idéia
das características dos animais desde o início até o final do experimento, ou seja,
nos permitem avaliar a amplitude numérica das características avaliadas.
A amplitude das variáveis PCI, PCF, PMM0,75, GMD, GPT, dias de
confinamento, CMS e variáveis de carcaça são justificadas pela diferença de idade
dos animais na entrada do confinamento, pois os animais foram selecionados por
sua linhagem e não pela idade ou peso inicial.
TABELA 3 - Valores máximo, médio, mínimo de desempenho, e desvio padrão (DP)
das características produtivas touros da raça Nelore mocho
Variáveis Parâmetros
Mínimo Médio Máximo ±DP
Idade, dias 507 566 606 23,92 Peso corporal inicial, kg 332 382,3 491 29,35 Peso corporal final, kg 373 513,9 574 36,53 Peso corporal médio metabólico, kg 81,3 97,36 108,8 4,20 Ganho de peso total, kg 39 94,7 189 42,02 Dias de confinamento 60 94,7 126 20,0 Ganho médio diário, kg/dia 0,65 1,38 2,23 0,36
15
Consumo de matéria seca observado, kg/dia 5,86 9,8 13,19 1,56 Consumo de matéria seca estimado, kg/dia 6,7 9,8 12,5 1,12 Eficiência alimentar bruta 0,09 0,14 0,22 0,02 Conversão alimentar 4,62 7,46 11,21 1,56 Consumo alimentar residual, kg/dia -2,81 0,00 2,27 1,09 Área de olho de lombo, cm² 61,4 76,8 93,1 6,05 Espessura de gordura subcutânea, mm 2,67 5,26 9,08 1,58 Espessura de gordura na garupa, mm 3,5 7,1 11,4 1,72
Esta heterogeneidade de pesos, como resultado de uma seleção com
base na linhagem dos animais também foi relatado por CASTRO et al. (2014) e
SAINZ et al. (2005).
A amplitude do CAR não se encaixa nesse contexto, pois o CAR é
independente do peso e do ganho de peso, ou seja, a variação encontrada é devido
as características individuais de cada animal, o que também foram observados em
outros trabalhos como de BONIN et al. (2008); GOMES (2009) e GUIMARÃES
(2013), citando desvio padrão de 0,69; 0,41 e 0,61 kg/dia respectivamente.
Os valores mínimos e máximos para CAR neste estudo foram -2,81 e
2,27, os quais são maiores aos encontrados por ALMEIDA et al. (2004) e GOMES
et al. (2011) para novilhos Nelore (-1,70 e +2,07; -2,72 e +1,54 kg de MS/dia;
respectivamente).
Ao se observar a Tabela 3, pode ser visto que os PCI, PCF e PMM0,75
não diferiram entre os tratamentos (P< 0,05). Ao contrario do presente estudo,
CASTRO et al. (2014) encontraram diferenças para PCI, PCF e GMD, mostrando
que animais de menor WBSF foram mais pesados e com maior ganho médio diário
do que os animais com maior WBSF.
TABELA 4- Médias, erro-padrão da média das variáveis de desempenho e
eficiência alimentar de touros segregantes para os extremos de
WBSF
Variáveis Alto WBSF Baixo WBSF
Valor-P 27/55 (49%) 28/55 (51%)
Idade, dias 571 ± 5,24 561 ± 5,15 0,15
Peso corporal inicial, kg 387,8 ± 6,29 376,9 ± 4,75 0,17 Peso corporal final, kg 523,3 ± 3,61 504,8 ± 8,77 0,59 Peso corporal médio metabólico, kg 98,6 ± 0,65 96,7 ± 0,87 0,06 Ganho de peso total, kg 135,5 ± 6,28 127,9 ± 9,41 0,51 Dias de confinamento 95,4 ± 3,32 93,9 ± 4,28 0,78 Ganho médio diário, kg/dia 1,42 ± 0,06 1,33 ± 0,08 0,39
16
CMS observado, kg/dia 10,03 ± 0,25 9,58 ± 0,34 0,29 Eficiência alimentar bruta 0,14 ± 0,01 0,14 ± 0,01 0,58 Conversão alimentar 7,27 ± 0,25 7,63 ± 0,34 0,40 Consumo alimentar residual, kg/dia 0,02 ± 23 -0,01 ± 0,19 0,92 Área de olho de lombo, cm² 78,70a ± 1,08 75,00b ± 1,13 0,02 EGS 12ª e 13ª costelas, mm 5,47 ± 0,30 5,06 ± 0,30 0,33 Espessura de gordura na garupa, mm 7,34 ± 0,34 6,80 ± 0,31 0,25
Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de Probabilidade.
As variáveis dias de confinamento, GMD, CMS, EAB, CA, CAR, EGS na
12ª e 13ª costelas e EGP8 também não foram diferentes (P>0,05) entre os
tratamentos. Isto implica que a seleção de animais Nelore mocho pela força de
cisalhamento não prejudica o desempenho, a eficiência e a qualidade da carcaça
de animais terminados em confinamento. Somente a AOL foi maior (P< 0,05) para
os animais de alto WBSF entre os tratamentos. Houve diferença significativa, isto
pode ser explicado pela tendência (P= 0,06) de maior PMM0,75 dos animais de alto
WBSF.
4.2 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual
A equação de regressão obtida para o consumo de matéria seca
estimado (CMSest) foi a seguinte: CMSest = -1,40694 + 2,69685(GMD) +
0,07703(PVM), com R2 de 0,52%, (P<0,01).
Na Figura 1 pode ser observado o consumo de matéria seca estimado e
o observado dos animais segregantes para força de cisalhamento (WBSF). O CAR
é à distância do consumo de cada animal até a linha de regressão entre o consumo
observado e o estimado. Os animais acima da linha tiveram consumo observado
maior do que o estimado (alto CAR, menos eficientes) e os animais abaixo da linha
tiveram consumo observado menor do que o estimado (baixo CAR, mais eficientes).
17
FIGURA 1 – Relação do consumo de matéria seca observado (CMSobs) pelo
consumo de matéria seca estimado (CMSest) de bovinos Nelore mocho,
segregantes para força de cisalhamento (WBSF, M= carne macia e D= carne dura)
em confinamento, e entre os níveis de eficiência alimentar.
Dentre os 55 animais, 16 foram classificados como de baixo CAR (29%), e
23 como médio CAR (42%) e 16 como alto CAR (29%).
A idade, o PCI, PCF, PMM0,75, não diferiram (P>0,05) entre as classes de
CAR, demonstrando uniformidade dos animais na entrada e durante o experimento
(Tabela 4). Os valores de CMS expressos em kg ou % de peso corporal foram
menores (P<0,05) para os animais de baixo CAR em relação aos de médio e alto
CAR.
TABELA 5- Média e desvio padrão da média das variáveis de desempenho,
eficiência alimentar e carcaça de touros da raça Nelore mocho
classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)
Variáveis CAR
P-Valor
Alto 16 (29%)
Médio 23 (42%)
Baixo 16 (29%)
18
Idade, dias 569 563 564 0,698 CAR, kg MS/dia 1,34a±0,12 -0,12b±0,09 -1,24c±0,12 0,001 PCI, kg/dia 383,13a±4,34 382,04a ±5,21 381,73a±11,32 0,991 PCF, kg/dia 514,88a±5,02 516,83a ±6,82 508,07a ±13,74 0,771 PMM0,75, kg 97,53ª±0,56 97,60a ±0,70 96,80a ±1,69 0,831 CMS, kg/dia 11,32a±0,20 9,67b±0,26 8,39c ±0,29 <0,001 CMS, %PC 2,52a±0,04 2,15b±0,05 1,89c±0,05 <0,001 GMD, kg/dia 1,44a±0,09 1,36a±0,07 1,34a±0,09 0,702 GPT, kg 131,75a±6,36 134,79a±8,6 126,33a±14,51 0,831 EAB 0,13b±0,006 0,14ab±0,005 0,16a±0,008 0,008 CA 8,20a±0,37 7,45ab±0,31 6,67b±0,37 0,022 Dias de confinamento 93a±2,69 98a±4,77 90a±5,62 0,421 AOL, cm2 78,88a±1,56 75,93a±1,24 76,01a±1,60 0,273 EGS 12ª e 13ª costelas, mm 5,61a±0,42 5,25a±0,31 4,94a±0,44 0,496 EGP8, mm 7,41a±0,46 7,21a±0,38 6,52a±0,39 0,307 Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de Probabilidade. Consumo alimentar residual (CAR), peso corporal inicial (PCI) e final (PCF), peso médio metabólico (PMM0,75), consumo médio diário de matéria seca (CMS) e em % do peso corporal (CMS, % PC), ganho de peso médio diário (GMD), ganho de peso total (GPT), conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar (EAB), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutâneas na 12ª e 13ª costelas e espessura de gordura pélvica (EGP8).
O CMS dos animais mais eficientes foi 2,93 kg/dia menor, representando
redução de 25,9%, do que o consumo dos animais menos eficientes, com peso
corporal e ganho de peso similar (P>0,05). Outros autores como GUIMARÃES
(2013), SANTANA et al. (2012), também encontraram redução no CMS de 13,7%
e 14,58% de animais classificados pelo CAR.
A variação no consumo de matéria seca entre os indivíduos dentro da
mesma raça possui moderada estimativa de herdabilidade, variando entre 0,18 a
0,35 (KOCH et al., 1963; ARCHER et al., 1998; HERD & BISHOP, 2000). A
classificação de animais mais eficientes pode gerar uma economia considerável na
cadeia da carne, já que os custos com alimentação na terminação de bovinos de
corte em confinamento é em torno de 70% (PACHECO et al., 2006).
A CA e a EAB também foram cerca de 18,7% melhores para os animais
de baixo CAR em relação aos de alto CAR (Tabela 4). Esta melhor eficiência
também foi relatada em trabalhos com animais da raça Nelore (GUIMARÃES, 2013;
SANTANA et al., 2012; NASCIMENTO, 2011; SOBRINHO et al., 2011).
HERD et al. (2004) analisaram informações publicadas com bovinos e
chegaram a alguns potenciais mecanismos fisiológicos que explicam as variações
no consumo alimentar residual, ou seja, as variações do porque alguns animais são
mais eficiêntes do que outros. Conforme relatado pelos autores, os principais
19
fatores de variação no consumo alimentar residual são a digestibilidade (10%),
incremento calórico (9%), composição corporal (5%), atividade física (10%),
comportamento ingestivo (2%), metabolismo e estresse (37%) e outros processos
não identificados (27%). Portanto, como pode ser observado a maior parte das
variações estão ligadas as caracterísicas individuais de cada animal, e aqueles que
possuem menores exigências em sua manutenção, tornam-se mais eficientes.
Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) para AOL, EGS
entre a 12ª e 13ª costelas e EGP8 entre as classes de CAR. GUIMARÃES (2013)
trabalhando com touros zebuínos e BASARAB et al. (2003) trabalhando com
animais taurinos, observaram diferenças (P<0,05) na espessura de gordura de
animais classificados pelo CAR. Trabalhos realizados com animais da raça Nelore,
que é objeto do presente estudo, não observaram correlações entre CAR e AOL,
EGS e EGP8 (PAULINO, 2006; FARJALLA, 2009; CASTILHOS, 2010), indicando
que a seleção de animais Nelores mais eficientes em utilização dos alimentos não
traria respostas indesejáveis na qualidade da carcaça.
4.3 Avaliação das correlações fenotípicas da WBSF, do CAR e da CA com as
demais variáveis de desempenho e carcaça
Na avaliação das correlações fenotípicas (Tabela 5), não foi observado
correlações significativas entre os animais de alto ou baixo WBSF com as demais
variáveis estudadas. Em trabalho semelhante com animais da raça Nelore mocho,
CASTRO et al. (2014), também não observaram correlações fenotípicas
significativas entre força de cisalhamento (WBSF) e as características de
desempenho, como também de eficiência alimentar.
TABELA 6- Estimativas de correlações fenotípicas de animais segregantes para
força de cisalhamento (WBSF), consumo alimentar residual (CAR) e
conversão alimentar (CA) com as variáveis de desempenho e carcaça
de touros da raça Nelore mocho
Variáveis WBSF CAR CA
WBSF (carne macia ou dura) - -0,18 -0,18
Consumo alimentar residual, (kg/dia) -0,18 - 0,48***
Idade, dias 0,24 -0,05 -0,23
20
Peso corporal inicial, (kg) 0,19 0,03 0,46***
Peso corporal final, (kg) 0,26 -0,03 -0,49***
Peso médio metabólico, (kg) 0,29 0,00 -0,09
Ganho de peso total, (kg) 0,09 -0,04 -0,74***
Ganho de peso médio diário, (kg) 0,08 0,00 -0,82***
Dias de confinamento 0,03 0,07 -0,20
Consumo de matéria seca observado, (kg) -0,02 0,70* -0,20
Conversão alimentar -0,18 0,48* -
Àrea de olho de lombo, (cm²) 0,21 0,17 -0,11
Espessura de gordura subcutânea,(mm) 0,00 0,20 -0,08
Espessura de gordura na garupam, (mm) -0,08 0,22 0,20 *P<0,05, **P<0,01 e ***P<0,0001 para correlação de Pearson
De uma forma geral esses dados demonstram que a característica de
força de cisalhamento não é diretamente influenciada pelas características aqui
analisadas. Entretanto, é importante salientar que somente a análise de correlação
fenotípica, não é suficiente para uma decisão conclusiva de que a seleção para
maciez possa ser utilizada independentemente das outras características, pois, se
trata de uma análise de correlação que somente leva em consideração as
mensurações fenotípicas da característica, não considerando os componentes
genéticos.
EGARR et al. (2009) avaliando animais de alto e baixo CAR verificaram
que foi necessária maior força de cisalhamento para animais mais eficientes, em
relação aos menos eficientes, porém, a pesquisa foi realizada com animais da raça
Angus, além disso, os autores também encontraram uma maior espessura de
gordura na carcaça dos animais de alto CAR, o que provavelmente torna a carne
mais macia após o cozimento. Já BAKER et al. (2006), trabalhando também com
novilhos da raça Angus de CAR positivo e negativo, não observaram diferença
significativa quanto a força de cisalhamento.
Resultados semelhantes a esta pesquisa de bovinos oriundos da
seleção divergente para CAR, também foram encontrados por McDONAGH et al.
(2001), CAFÉ et al. (2010) e NASCIMENTO (2011), que também observaram uma
similaridade entre as médias de força de cisalhamento.
Estes resultados controversos na literatura em relação à qualidade da
carne de animais eficientes podem estar associados às variações na taxa de
crescimento muscular entre as diferentes raças e linhagens, ou seja, além da
eficiência em si, podem existir diferenças genéticas que influenciam na maciez da
21
carne. Porém, vale ressaltar que a maciez da carne apesar de sofrer influência
genética é uma característica altamente influenciada por fatores ambientais, seja
estes de ante mortem ou post mortem (IGARASI et al., 2008).
Ainda não se sabe ao certo quais as consequências da seleção de
animais eficientes quanto ao CAR sobre a qualidade da carne. Há indícios que a
seleção para animais mais eficientes seja economicamente favorável, pois reduz o
consumo de alimento no confinamento, e não afeta o desempenho dos animais,
porém as características em relação a qualidade de carne não devem ser afetadas
(PAULINO et al., 2004).
Foram encontradas correlações significativas (P<0,05) entre o CAR e o
CMS (r= 0,70) e a CA (r= 0,48), ou seja, quanto maior o CAR, maior foi o consumo
de matéria seca e pior foi a CA, sendo menos eficientes na transformação de
alimento em peso corporal. Os animais de menor CAR apresentaram menor
consumo de matéria seca, porém, tiveram melhor CA e o GMD foi semelhante aos
animais de alto CAR, sendo então mais eficientes, como pode ser observado na
Figura 2 a dispersão dos dados. Estes resultados vão ao encontro do que foi
relatado por ARTHUR & HERD (2008), em que constataram que o consumo
alimentar residual é positivamente correlacionado com a taxa de conversão
alimentar, com coeficientes de correlação genética relatadas variando entre 0,45 a
0,85. Isto implica que o melhoramento genético para CAR resultará em melhoria na
taxa de conversão alimentar do rebanho a cada geração (ARTHUR et al, 2001;
NKRUMAH et al, 2007).
22
FIGURA 2- Ganho médio diário em função dos grupos segregantes para maciez e
os níveis de eficiência
A CA apresentou correlação significativa (P<0,05) com o PCI, PCF, GPT,
GMD (0,46; -0,49; -0,74 e -0,82; respectivamente). Portanto, quanto maior foi o PCI,
pior foi a CA e quanto maior o PCF, melhor foi a CA. Os animais de PCF mais alto,
tiveram maior ganho de peso diário e total, portanto, foram mais eficientes em
relação aos de menor PCF. Dessa forma, uma possível seleção pela CA, resultaria
na elevação gradual do peso adulto dos animais. Este índice não leva em conta o
peso corporal dos animais no seu cálculo, podendo nesse caso, selecionar animais
maiores, que por sua vez, possuem custo de produção mais elevado, pois a maior
parte da energia metabolizável consumida pelos mesmos é gasta em mantença
(HERD & BISHOP, 2000).
Já o CAR, como é um índice ajustado pelo PMM0,75 e GMD (Figuras 2 e
3), o torna independente dessas características, pois, ao ser utilizado como critério
de seleção de animais eficientes, o CAR possivelmente não altera o crescimento e
o tamanho adulto do rebanho.
FIGURA 3- Peso vivo metabólico em função dos grupos segregantes para maciez
e os níveis de eficiência alimentar
23
Neste trabalho pôde ser observado, que a força de cisalhamento se
mostrou independente do CAR, como o CAR também não foi influenciado pela força
de cisalhamento.
5 CONCLUSÃO
A seleção de animais pela força de cisalhamento não alterou as
características de eficiência e desempenho de touros da raça Nelore mocho. Os
resultados deste estudo demostram não haver resposta correlacionada entre as
características de desempenho e maciez da carne, indicando que a seleção
conjunta destas características não influenciará a expressão fenotípica das
mesmas.
Portanto, a maciez da carne não é uma das variáveis que compõem as
variações no CAR, como também, os animais de carne dura ou macia não foram
influenciados pelo maior ou menor consumo de matéria seca.
24
REFERÊNCIAS
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