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Desempenho das Lojas de uma rede de supermercados do Estado do Rio de Janeiro: Um exercício de análise das percepções dos seus gerentes Daniel Lee Moraes Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Adriano Proença Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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Desempenho das Lojas de uma rede de

supermercados do Estado do Rio de Janeiro:

Um exercício de análise das percepções dos

seus gerentes

Daniel Lee Moraes

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Adriano Proença

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

ii

DESEMPENHO DAS LOJAS DE UMA REDE DE

SUPERMERCADOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:

EXERCÍCIO DE ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES DOS

SEUS GERENTES

Daniel Lee Moraes

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

_____________________________________________

Prof. Adriano Proença, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Maria Alice Ferruccio Rainho, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

iii

Moraes, Daniel Lee

Desempenho das Lojas de uma rede de

supermercados do Estado do Rio de Janeiro: Um exercício

de análise das percepções dos seus gerentes/ Daniel Lee

Moraes. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2008.

xii, 70 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Adriano Proença

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia de

Produção, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 67-70.

1. Supermercados. 2. Indicadores de Desempenho. 3.

Correlação. 4. Regressão Linear. I. Adriano Proença II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Engenharia de Produção. III. Desempenho das Lojas de

uma rede de supermercados do Estado do Rio de Janeiro:

Um exercício de análise das percepções dos seus gerentes

iv

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha família e aos meus amigos pelo

apoio, dedicação e companheirismo durante minha trajetória acadêmica. Sem eles nada

disso seria possível.

Um agradecimento especial ao meu professor e orientador Adriano Proença, pela

disposição e paciência que teve para me ajudar e criticar construtivamente este projeto.

Agradeço também aos meus professores Maria Alice Ferruccio Rainho e Vinícius Carvalho

Cardoso, pela disposição a participar da minha banca examinadora.

Por fim, minha gratidão a todos os professores do curso de Engenharia de Produção,

fundamentais para a minha formação. É um orgulho imenso fazer parte da Escola

Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição sempre dedicada a

desenvolver engenheiros de excelência no Brasil.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Desempenho das Lojas de uma rede de supermercados do Estado do Rio de

Janeiro: Um exercício de análise das percepções dos seus gerentes

Daniel Lee Moraes

Fevereiro/2017

Orientador: Adriano Proença

Curso: Engenharia de Produção

Na atual crise econômica que vive o Brasil, o segmento varejista de supermercados

tem enfrentado forte desaceleração de crescimento, devido à queda de renda e suas

consequências no comportamento do consumidor. Este estudo se propõe a compreender

quais variáveis influenciam alguns dos principais indicadores de desempenho do segmento

e como eles se relacionam. A fim de explicar o comportamento desses indicadores em uma

rede de supermercados, após a apresentação do setor e da empresa, são formuladas

hipóteses de correlação entre as variáveis explicativas e os resultados, induzidas pelo

“senso comum” dos seus gerentes, e utilizadas análises de gráfico e regressões lineares

para testá-las, a partir de uma base de dados obtida com a própria rede de supermercados.

Como variáveis explicativas, foram usados ‘área de venda’, ‘perfil socioeconômico’,

‘concorrência’, ‘variedade do mix de produtos’ e ‘presença de estacionamento’. Espera-se

que este estudo sirva de base para uma melhor compreensão dos efeitos das variáveis

estudadas nos resultados da empresa em questão e do setor.

Palavras-chave: Indicadores de Desempenho; Setor Varejista; Supermercados; Correlação;

Regressão Linear.

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

Performance of stores of supermarket chain in the State of Rio de Janeiro: An

exercise of analysis of the perceptions of its managers

Daniel Lee Moraes

February/2017

Advisor: Adriano Proença

Course: Industrial Engineering

In the current economic crisis in Brazil, the supermarket retail segment has faced a

strong slowdown due to the fall in income and its consequences on consumer behavior. This

study intends to understand which variables influence some of the main performance

indicators of the segment and how they relate. In order to explain the behavior of these

indicators in a supermarket chain, after the presentation of the sector and the company,

hypotheses about the correlation between the explanatory variables and the results are

formulated, induced by the "common sense" of their managers, and graph analysis and

linear regressions are used to test them, using a database obtained from the supermarkets

chain itself. The explanatory variables used were 'sales area', 'socioeconomic profile',

'competition', 'variety of products', and 'presence of parking lot’. It is hoped that this study will

serve as a basis for a better understanding of the effects of the variables studied on the

results of the company in question and on the supermarket sector.

Keywords: Performance Indicators; Retail Sector; Supermarkets; Correlation; Linear

Regression.

vii

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13

1.1 Apresentação .......................................................................................... 13

1.2 Configurando o Problema ........................................................................ 13

1.3 Organização deste Documento ............................................................... 14

2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR SUPERMERCADISTA ...................... 16

2.1 Comportamento Econômico recente do Setor ......................................... 17

2.2 Detalhando o Comportamento da Demanda ............................................ 19

2.3 Os diferentes tipos de supermercado ...................................................... 21

2.4 Posicionamentos Competitivos no Setor Varejista ................................... 22

2.5 Estrutura das 5 Forças de Porter Dinâmica no ‘Segmento Mediano’ ....... 25

2.5.1 Rivalidade entre Concorrentes ............................................................ 25

2.5.2 Poder de Barganha dos Fornecedores ................................................ 26

2.5.3 Poder de Barganha dos Compradores................................................. 27

2.5.4 Ameaça de Novos Entrantes ............................................................... 27

2.5.5 Ameaça de Substitutos ........................................................................ 28

2.6 Dinâmica ................................................................................................. 28

2.7 Vantagens Competitivas ao longo da Cadeia de Valor do Varejo ............ 29

2.7.1 Serviço de Atendimento ....................................................................... 30

2.7.2 Localização da Loja ............................................................................. 30

2.7.3 Sistemas de Informação e Distribuição ................................................ 31

2.7.4 Relações com Fornecedores ............................................................... 31

3 A EMPRESA E A IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA EM PAUTA ......... 32

3.1 Sobre a Empresa ..................................................................................... 32

3.1.1 Histórico .............................................................................................. 32

3.1.2 Características da Empresa ................................................................. 32

3.2 Definindo o Problema em Pauta .............................................................. 35

4 MÉTODO ............................................................................................... 36

4.1 Medição de Desempenho ........................................................................ 36

viii

4.2 Conceitos Básicos de Regressão ............................................................ 38

4.3 O Procedimento Analítico ........................................................................ 39

5 ANÁLISE ............................................................................................... 41

5.1 Hipóteses ................................................................................................ 41

5.1.1 Estacionamento e Ticket Médio ........................................................... 41

5.1.2 Estacionamento e Faturamento ........................................................... 41

5.1.3 Concorrência e Margem ...................................................................... 42

5.1.4 Concorrência e Ticket Médio ............................................................... 42

5.1.5 Concorrência e Faturamento ............................................................... 42

5.1.6 Mix de Produtos e Faturamento ........................................................... 42

5.1.7 Mix de Produtos e Ticket Médio ........................................................... 43

5.1.8 Perfil Socioeconômico e margem ........................................................ 43

5.1.9 Perfil Socioeconômico e Ticket Médio ................................................. 43

5.1.10 Perfil Socioeconômico e Faturamento ............................................... 43

5.1.11 Tamanho da Loja e Faturamento ....................................................... 43

5.2 Dados ...................................................................................................... 44

5.2.1 Considerações ..................................................................................... 44

5.2.2 Características das Lojas..................................................................... 47

5.2.3 Dados de Resultados Financeiros ....................................................... 53

5.3 Resultados .............................................................................................. 55

5.3.1 Estacionamento aumenta Ticket Médio? ............................................. 56

5.3.2 Estacionamento aumenta Faturamento? ............................................. 56

5.3.3 Concorrência diminui Margem? ........................................................... 56

5.3.4 Concorrência diminui Ticket Médio? .................................................... 56

5.3.5 Concorrência diminui Faturamento? .................................................... 57

5.3.6 Mix de Produtos aumenta Faturamento? ............................................. 57

5.3.7 Mix de Produtos aumenta Ticket Médio? ............................................. 57

5.3.8 Perfil Socioeconômico aumenta margem? ........................................... 57

5.3.9 Perfil Socioeconômico aumenta Ticket Médio? .................................... 58

ix

5.3.10 Perfil Socioeconômico aumenta Faturamento? .................................. 58

5.3.11 Tamanho da Loja aumenta Faturamento? ......................................... 58

5.4 Diagnóstico .............................................................................................. 58

5.4.1 Faturamento ........................................................................................ 59

5.4.2 Ticket Médio ........................................................................................ 60

5.4.3 Margem ............................................................................................... 61

5.5 Considerações a partir dos Resultados ................................................... 62

5.5.1 Mix de Produtos ................................................................................... 62

5.5.2 Perfil Socioeconômico ......................................................................... 62

5.5.3 Concorrência ....................................................................................... 63

5.5.4 Área de Venda ..................................................................................... 63

5.5.5 Estacionamento ................................................................................... 63

5.5.6 Uma Proposta de Lógica subjacente à Expansão da Rede ................. 64

6 CONCLUSÃO ........................................................................................ 66

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 67

8 APÊNDICE A ......................................................................................... 71

x

Lista de Gráficos

Gráfico 1- Evolução das Vendas FONTE: SITE DO DEPARTAMENTO DE

ECONOMIA E PESQUISA DA ABRAS(2016) ...................................................................... 18

Gráfico 2 - Contribuição Acumulada. Fonte: Dados Fornecidos pela Empresa ...... 54

Gráfico 3 - Contribuição Acumulada – Grande Rio. Fonte: Dados Fornecidos pela

Empresa .............................................................................................................................. 54

Gráfico 5 - Contribuição Acumulada - Região dos Lagos. Fonte: Dados Fornecidos

pela Empresa ...................................................................................................................... 55

xi

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Tabela de Dados. Fonte: Dados Fornecidos pela Empresa ................... 52

Tabela 2 - Tabela de Resultados. Fonte: Dados Fornecidos pela Empresa ........... 53

xii

Lista de Figuras

Figure 1 - Modelo de LEVY ET AL. (2005) ............................................................. 23

13

1 INTRODUÇÃO

O tema deste projeto foi escolhido a partir da curiosidade do autor de entender

como são os comportamentos dos resultados de um supermercado, dados alguns fatores

que podem influenciá-los.

1.1 APRESENTAÇÃO

Este trabalho estuda o caso de uma empresa de supermercados e tem como

objetivo melhorar a percepção de seus gestores em relação aos fatores que afetam o

desempenho de suas lojas, usando como base o ‘senso comum’ instaurado nas crenças

deles mesmos.

Após anos de funcionamento da empresa, é perceptível que ao passar das décadas

a companhia não seguiu uma estratégia de expansão e acabou crescendo de maneira

desordenada. Não se tem um modelo estratégico a ser seguido e, na situação crítica vivida

na economia, isso pode ser fatal. A concorrência está constantemente aperfeiçoando-se e

buscando expandir-se. Então, para se manter no mercado, a organização estudada precisa

se preparar melhor.

1.2 CONFIGURANDO O PROBLEMA

Uma empresa deve buscar manter um padrão operacional em suas lojas, cobrando

de seus funcionários, mas muitas vezes esquece-se de fornecer o padrão. Sem um

planejamento operacional a ser seguido, cada loja encontra um jeito próprio de realizar

tarefas.

Para um cliente, é possível reconhecer quando se está na mesma empresa e se

terá uma boa experiência através de padronização. Para os funcionários, o treinamento é

mais fácil, pois eles já sabem o que a empresa espera dele e como será cobrado. Para a

gestão, é fundamental saber o que cobrar dos funcionários e as políticas para configurar

uma equipe mais eficiente. E a comparação entre lojas semelhantes se torna mais fácil e

acurada.

14

Richard Rumelt (2011) descreve em seu livro ‘Estratégia Boa, Estratégia Ruim’ que

assim como ervas daninhas crescem no jardim ou a pintura de uma porta descasca, a

organização da empresa deteriora-se ao longo do tempo e é necessária sua manutenção.

Esse é o conceito de entropia e fica evidente seu potencial de causar problemas,

independentemente do tamanho da empresa.

Visto isso, é feito um estudo de caso dessa companhia que não elaborou um plano

de expansão e acabou perdendo seu foco ao abrir novas lojas desordenadamente.

O objeto de análise deste trabalho é uma rede carioca de supermercados, fundada

na Zona Sul do Rio de Janeiro em 1983 por quatro sócios.

Até 2007 foram abertas lojas em vários outros municípios, como: Armação dos

Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Barra de São João.

Em 2008, terminado este ciclo de expansão, a matriz deslocou-se para um novo

centro de distribuição (CD), que atendia a todos os mercados, espalhados pela cidade do

Rio de Janeiro, Niterói e Região dos Lagos.

Atualmente, a empresa já contabiliza 26 lojas, sendo a última inaugurada em 2016.

Com gestão familiar, a organização cresceu de forma pouco planejada e sem muita

padronização de layout, escala, de tipo de público alvo, de treinamento de pessoal. Agora,

por conta disso, a varejista é um conjunto de diferentes supermercados que se aglomeraram

sob a mesma gestão, sem ter muito mais em comum do que sua administração.

O objetivo deste trabalho, portanto, é buscar caracterizar se existem de fato

diferenças de desempenho das lojas, devido sua diversidade, a ponto de se demandar um

esforço de padronização no modelo de gestão de expansão.

1.3 ORGANIZAÇÃO DESTE DOCUMENTO

Primeiramente, para entender a dinâmica do mercado na qual atua a organização,

é explicada a situação em que está o setor e a evolução dos demais agentes nele,

identificando os maiores players e os movimentos mais relevantes da economia que os

influenciam, além dos posicionamentos possíveis dentro do segmento supermercadista e

quais são as principais forças que influenciam em sua competitividade (capítulo 2).

15

Em seguida, é apresentada a empresa, sua história e como ela chegou ao

problema atualmente vivido, devidamente definido desde a perspectiva deste estudo

(capítulo 3).

Uma vez apresentado o problema, são levantadas hipóteses junto aos gerentes em

relação às influências de algumas variáveis para os resultados em desempenho da loja,

buscando-se estabelecer indutivamente percursos de análise para posterior validação.

Observe-se que aspectos internos à operação da loja – custos e qualidade de mão-de-obra,

custos do overhead administrativo, entre outros – não tiveram como ser levantados,

limitando por decorrência o escopo das variáveis que poderiam ser consideradas (capítulo

4).

Em seguida, descrevem-se as lojas, com suas características e seus resultados.

Ficou em evidência a grande variabilidade de seus resultados medidos. Finalmente,

analisando as variáveis dependentes (resultados) e independentes (características das

lojas), foi possível testar as hipóteses levantadas e verificar quais as efetivamente

relevantes para os objetivos deste trabalho (capítulo 5).

Por fim, buscou-se estabelecer não só orientações para a futura expansão da rede

de lojas, como também perspectivas sobre os necessários estudos para o melhor

desenvolvimento da estratégia da empresa, em busca de melhores resultados para a

companhia (capítulo 6).

16

2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR

SUPERMERCADISTA

Para Semenik e Bamossy (1995), a atividade do varejista consiste em atender as

necessidades de distribuição para fornecer mercadorias aos consumidores domésticos,

sendo mais que apenas a movimentação física dos produtos do fabricante para o

consumidor final. O varejo executa uma função em termos de agregação de valor na cadeia

total de suprimentos, sendo o elo final com o consumidor dos bens. Suas atividades são

dirigidas para a venda de bens ou serviços para o consumidor e, segundo Sandhusen

(1998), desempenham variadas funções, como:

Comprar bens e serviços e coloca-los à venda, decidindo variedade de bens

(mix de produtos) e serviços oferecidos;

Armazenagem, precificação e exposição dos produtos na área de venda;

Informar aos clientes, por meio de materiais promocionais, como encartes ou

comerciais, e de pessoal de venda;

A venda de produtos e fornecimento de serviços para ajudar ao máximo

finalizar a transação, como crédito, políticas de retorno e entrega, horários e

locais convenientes, pós-venda, e funcionários prestativos.

Ainda dentro do varejo, destaca-se o sistema de autosserviço, definido pela

ACNielsen1, como lojas que têm como características a venda de gêneros alimentícios e o

check-out, ou seja, um balcão na saída da loja com caixa registradora e terminal do ponto

de venda. Além disso, tem carrinhos ou cestas à disposição dos clientes para carregar os

produtos. A maioria dos bens, nestes estabelecimentos, é disposta de maneira acessível,

permitindo aos fregueses se “auto-servirem”, dispensando a presença de vendedores.

1 ACNielsen é uma empresa líder global no fornecimento de pesquisas e informação.

17

2.1 COMPORTAMENTO ECONÔMICO RECENTE DO SETOR

No Brasil, o setor supermercadista registrou faturamento R$ 315,8 bilhões em 2015,

representando um crescimento nominal de 7,1% na comparação com 2014, de acordo com

a ABRAS2 (2016). O resultado registrado em 2015 representa 5,4% do PIB (Produto Interno

Bruto), o que ilustra o grau de importância do setor na economia do país. Como o IPCA

(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado do ano de 2015 ficou em

10,7%, pode-se sugerir que no setor uma retração de aproximadamente 3,6%.

Essa retração também foi refletida no desempenho das maiores empresas do setor,

fruto principalmente das condições macroeconômicas adversas do país. Se consideradas

apenas as 20 maiores empresas do setor, a média de crescimento foi de aproximadamente

7,9% nominal, o que representa um crescimento real de -2,8%. Entretanto, apesar das

dificuldades da economia brasileira, algumas empresas conseguiram expandir os seus

negócios e obtiveram crescimento real.

O setor fechou o ano de 2015 com 84,5 mil lojas e 1,847 milhão de funcionários

diretos, enquanto o faturamento das 20 maiores empresas, segundo o ranking da ABRAS,

chegou a R$201,7 bilhões.

Com o objetivo de compreender a atual situação do mercado brasileiro, um dado

interessante a ser estudado é o desempenho das vendas do setor nos últimos anos, que

também auxiliará depois na identificação da tendência para os próximos anos. Para

realização desta análise, será utilizado o Índice Nacional de Vendas da ABRAS o qual

envolve aproximadamente 130 empresas de supermercados de todo o território nacional,

totalizando uma amostra de mais de 2800 lojas e que representam cerca de 60% das

vendas totais do setor.

2 ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, que dá acesso à informações sobre o

setor supermercadista brasileiro. (Acessado em Novembro/2016)

18

GRÁFICO 1- EVOLUÇÃO DAS VENDAS FONTE: SITE DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E

PESQUISA DA ABRAS(2016)

Como se pode observar no gráfico acima, as vendas do setor supermercadista

apresentaram em valores reais (deflacionados pelo IPCA/IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística)) um movimento de queda no crescimento desde o início da década,

chegando a atingir níveis de decrescimento em 2015, quando no final do ano apresentou

queda acumulada de mais de 3%, em comparação com o acumulado de 2014. Essa análise

aponta para uma forte desaceleração do setor, tanto em volume de vendas, assim como no

faturamento das empresas.

Esses números evidenciam que a atual crise vivida pelo Brasil teve sérios impactos

no mercado de consumo, em especial o de supermercados, que serve como termômetro de

todo o setor de comércio.

No ano de 2016 houve certa recuperação de crescimento quando comparado com

2015. Dados divulgados pelo Jornal Valor Econômico (2016) mostram uma elevação de

0,71% em termos reais nas vendas de outubro sobre o mesmo mês de 2015, enquanto que

no acumulado do ano a alta real atingiu 1,16%.

Esse cenário de leve recuperação pode ser explicado simplesmente por um efeito

de base de comparação, já que o ano anterior apresentou números bem fracos de vendas.

Logo, não é possível afirmar que a perspectiva do cenário futuro seja muito animadora. O

19

comando da ABRAS, em Novembro, ainda fazia previsões conservadoras de crescimento

para o futuro próximo, estimando um aumento desinflacionado nas vendas do setor de 1% e

1,5% para os anos de 2016 e 2017, respectivamente.

Extremamente sensíveis à massa salarial e às taxas de desemprego, que atinge

em torno 12% atualmente, segundo o Jornal Valor Econômico (2016, apud Jornal Valor

Econômico, 2016), as vendas do setor de bens de consumo sofrem, diretamente, o impacto

do aumento do desemprego e da queda de renda dos consumidores. Além disso, o corte de

custos e investimentos do governo e as altas taxas de juros geram uma reação em cadeia

que afasta o dinheiro do setor produtivo, o que acaba resultando em um esfriamento do

mercado consumidor, afetando não só o setor supermercadista, mas também quase todos

os setores da economia.

Ainda de acordo com o Jornal Valor Econômico (2016), os dados do PIB, que

apresentou queda de 0,8% e 0,4% no terceiro e segundo trimestre do ano passado,

respectivamente, indicam que a recuperação da economia brasileira será mais lenta e

provocaram uma revisão para baixo das previsões de expansão em 2017 para perto de 0%.

Para uma eventual retomada será necessário um aumento do consumo das

famílias, que pela ótica da demanda compõe 64% do PIB. Entretanto, tudo indica que o

consumo permanecerá contido enquanto o desemprego estiver em alta.

A análise dos dados macroeconômicos ilustra um cenário adverso para o setor e

uma perspectiva de retomada lenta do crescimento para os próximos anos. O papel de

motor da recuperação passa por alguns fatores chave que recentemente apresentaram

melhora ou indícios de estagnação, entre os quais estão a desaceleração da inflação, que

permitiu o Banco Central a iniciar um ciclo de corte da taxa de juros SELIC (Sistema

Especial de Liquidação e de Custódia), a melhora dos índices de confiança do consumidor e

da indústria e uma desaceleração na ponta do aumento do desemprego, que parece estar

próximo de atingir um ponto de inflexão. Será necessário, entretanto, que o consumo

apresente sinais de recuperação, motivando a retomada dos investimentos, principal

alavanca de crescimento, que por sua vez terá impacto na geração de empregos.

2.2 DETALHANDO O COMPORTAMENTO DA DEMANDA

Analisando mais detalhadamente algumas variáveis do mercado de consumo a

partir de dados da ACNielsen (2016), empresa líder global em pesquisa de consumo,

20

observa-se que das oito cestas de produtos estudas pela empresa, apenas duas tiveram

queda em volume de vendas. Porém, quando o assunto é receita, apenas duas cresceram.

Esses dados sugerem um fenômeno de mudança de comportamento do consumidor, que,

em momentos de crise e orçamento mais apertado, tende a reduzir o volume de compra dos

produtos de maior valor agregado, substituindo e/ou complementando com itens de valores

menores, e buscando adquiri-los em ocasiões de descontos ou promoções.

Um exemplo de cesta que apresentou forte queda no volume de vendas foi a cesta

de bebidas não alcoólicas, que apresentou redução no consumo de categorias não básicas,

ou seja, compostas por produtos que não são essenciais no dia a dia, e, por isso, são

rapidamente cortados da lista pelos consumidores em épocas de redução de gastos. Um

item que se destacou e teve grande participação na queda de vendas foi o refrigerante.

Por outro lado, a cesta de bebidas alcoólicas foi uma das únicas, ao lado de

perecíveis, a apresentar crescimento na receita, atingindo o desempenho de quase 5% em

2015. Esse resultado expressivo pode ser explicado em boa parte por uma tendência do

consumidor, que com o objetivo de economizar, reduz o consumo em bares e restaurantes,

optando por comprar bebidas alcoólicas no supermercado e consumi-las em casa.

De acordo com a revista Supermercado Moderno (SM) (2015), a lenta recuperação

econômica, analisada na seção anterior, deve prolongar o aperto no orçamento das famílias,

que são pressionadas a fazer corte de gastos considerados supérfluos e priorizar o

pagamento do que é estritamente essencial, como alimentação e moradia. A redução na

folga do orçamento do brasileiro parece sugerir essa transformação observada no

comportamento do consumidor.

Portanto, a mera observação quanto à retração do consumo, como visto na seção

2.1, não é suficiente como orientação para atuação do varejo supermercadista. É preciso ter

maior entendimento do que acontece na mente dos clientes nesta conjuntura.

Entender mudanças dos hábitos de consumo, sejam impulsionadas por fatores

temporários, como a crise atual, ou então por novas tendências de consumo, são essenciais

para as empresas do setor se manterem rentáveis e se destacarem frente à competição.

Supermercados que estejam atentos às mudanças de mercado poderão responder de forma

mais rápida aos desejos do consumidor e se adaptar melhor a cenários emergentes.

21

2.3 OS DIFERENTES TIPOS DE SUPERMERCADO

De acordo com dados divulgados no site da ABRAS (2016), analisando os

diferentes formatos de supermercados, segmentados pela Nielsen para definir tendências

da dinâmica entre eles, verificou-se que os hipermercados e lojas de grandes superfícies

foram os que mais perderam vendas na comparação ano contra ano: -0,9% em 2015, contra

-1,1% em 2014. Já nos outros formatos, a desaceleração mais expressiva se deu entre as

lojas com 5 a 9 check-outs, definidos como os supermercados de proximidade, cujas

vendas, em volume, foram de 0,6%, no ano passado, contra 7,3% em 2014, ano que foi

marcado por forte aposta em lojas deste tipo, sobretudo entre as maiores empresas do país.

Já os supermercados tradicionais, que são constituídos por lojas com 10 a 19

check-outs e se caracterizam como principal destino de compra de reposição e

abastecimento dos lares dos brasileiros, tiveram um bom desempenho diante da situação

econômica do país, apresentando desaceleração menor. Em 2014, as vendas tiveram

crescimento de 4,8%, enquanto, em 2015, cresceram de 2,4%.

Alguns fatores explicam o desempenho acima da média dessa categoria. Entre os

mais relevantes, é possível citar o cuidado com itens perecíveis, cesta que apresentou

aumento de receita, competitividade em preço, em relação aos hipermercados.

Entretanto, outro modelo de negócio, com nome ainda estranho para o brasileiro,

tem se destacado e tido mais êxito do que todos os outros formatos: Cash and Carry.

Também conhecido como atacado de autosserviço ou ainda como atacarejo, esse formato

designa um sistema comercial livre de serviço, onde o ponto de venda oferece um modelo

de negócios híbridos, voltado tanto para o comprador profissional, como para o consumidor

final.

Este modelo apresenta vantagens para os pequenos comerciantes, que

isoladamente possuem pouco poder de negociação juntos aos fabricantes e distribuidores.

Além disso, o cliente elimina custos com vendedores, transporte e outros tipos de serviços

não essenciais. Por outro lado, as lojas de Cash & Carry costumam apresentar uma menor

variedade de produtos do que os varejistas tradicionais, e os produtos em geral são

vendidos em pacotes de maior volume, permitindo a prática de preços menores.

As lojas do formato atacarejo, que se apresentam como uma opção mais popular

de compras, apresentaram um crescimento em 2015 de 7,5%, bem acima dos outros

formatos, o que tem acirrado a competição neste segmento. Os gigantes do setor como

22

Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar já possuem bandeiras que atuam com esse modelo e

cada vez mais buscam acelerar o lançamento de novas lojas no segmento.

Atualmente o atacarejo tem sido a estrela do setor e o seu crescimento tem atraído

cada vez mais as redes regionais, que enxergam no modelo uma maneira de ganhar escala,

aumentar receita e atender melhor grande parte da parcela da população, sobretudo em

momentos de redução de despesas, como é a situação atual da maioria da população

brasileira.

Pelos cálculos da ACNielsen divulgados na revista SM em 2015, cerca de 400 mil

brasileiros migraram dos supermercados para os hipermercados neste ano, de janeiro a

setembro, e 1 milhão dos consumidores de hipermercados passaram a frequentar os

atacarejos. Como resultado, esse segmento ultrapassou, pela primeira vez na história do

setor, o segmento de supermercados em termos de taxa de participação nas compras dos

consumidores brasileiros. Os números de setembro mostram que cerca de 46% dos lares

compram em lojas do formato atacarejo.

Segundo a consultoria McKinsey (2015, apud Revista SM, 2016), até alguns anos

atrás, as empresas locais cresciam muito acima do mercado. Porém, com a estabilização

dos supermercados e a desaceleração dos hipermercados, essas empresas passaram a

migrar os investimentos para o formato de atacarejo. Entretanto, a margem bruta deste tipo

de modelo chega a ser cerca de oito pontos percentuais inferior à dos supermercados.

Independente do formato de loja, super, hiper ou atacarejo, todos estão sendo

afetados pelas mudanças de comportamento do consumidor e da concorrência. Por isso, é

tão importante estar atento aos sinais de mercado e às mudanças nos hábitos de consumo,

a fim de adaptar-se rapidamente às novas tendências, construindo assim vantagem em

relação à concorrência.

2.4 POSICIONAMENTOS COMPETITIVOS NO SETOR VAREJISTA

A indústria do varejo é, ao mesmo tempo, um dos setores mais tradicionais da

economia e um dos que mais tem passado por mudanças significativas nos últimos anos. As

características do setor varejista refletem diretamente as condições da economia, da

tecnologia disponível, dos hábitos de consumo e mesmo da cultura local, tendo, portanto,

um rápido tempo de resposta a todas essas alterações, o que o define como um dos setores

mais dinâmicos.

23

Levy et al. (2005) propõem um modelo para descrever as diferentes estratégias

adotadas no setor varejista nos últimos tempos, no qual o posicionamento se baseia em

duas dimensões: os preços praticados relativamente aos concorrentes e o nível de serviço

da empresa aos clientes, também relativamente aos seus concorrentes. De acordo com o

nível de cada uma dessas características, os varejistas em geral se encaixam em uma das

quatro categorias: inovador, baixo preço, mediano ou em apuros. Essa classificação pode

ser representada pela seguinte relação:

FIGURE 1 - MODELO DE LEVY ET AL. (2005)

Para o caso do varejo supermercadista, os posicionados mais próximos ao vértice

superior direito da matriz, os inovadores focam suas ações em um segmento premium que

busca diferenciais de qualidade e experiência de consumo. Há uma maior preocupação com

o atendimento aos clientes, ao espaço físico das lojas quanto à ambientação, à seleção de

produtos de qualidade que supram as necessidades especiais dos clientes, entre outras

ofertas de valor, a um preço (e custo) mais altos do que a média. Recentemente, como

resposta à demanda por novos hábitos de consumo e como reação às grandes redes de

produtos industrializados, algumas organizações alcançaram sucesso por meio do foco no

segmento de produtos orgânicos e naturais, como o exemplo da rede supermercadista

norte-americana Whole Foods Market. A empresa se destacava por ofertar exclusivamente

e em grande variedade produtos orgânicos, sem conservantes, corantes, agrotóxicos ou

24

demais aditivos artificiais, para um público crescente mais preocupado com uma

alimentação saudável e com a sustentabilidade ambiental.

No outro extremo de posicionamento, o segmento de baixo preço, como já indica o

nome, se destaca por oferecer produtos e serviços simples, mas de alto fator custo-

benefício, dados os baixos preços praticados. Para obter sucesso nesse nicho, as empresas

devem possuir uma alta eficiência de operações e ainda assim abrir mão de margens mais

generosas. Os típicos agentes desta categoria são as grandes lojas de desconto como a

marca Aldi, que se utilizam principalmente da escalabilidade, menor número de opções de

produtos e serviços, que abaixam o custo total do negócio. Por exemplo, para usar um

carrinho de compras, faz-se um depósito de 25 centavos, que gera economia para a loja,

pois o próprio cliente o leva para o devido lugar para pegar seu dinheiro de volta, ao invés

de um funcionário.

Ao centro e com a maior concentração de casos bem sucedidos, o segmento

mediano envolve empresas capazes de ofertar uma variedade de produtos de certa

qualidade e inovação a preços razoáveis. Muitos dos varejistas que se encontram hoje nesta

posição já foram antes reconhecidos como inovadores ou praticantes de descontos, ou

ambos, tendo sido bem sucedidos e então migrando para mercados de massa. Também se

destacam pela forte identidade da marca e propostas híbridas de inovação e baixos preços,

gerando grande valor para seus clientes. Um caso de grande sucesso é o Wal-Mart, que

cresceu rapidamente por meio de uma abordagem inovadora de lojas mais afastadas dos

grandes centros e baseado em sua excelência logística, o que também permitia preços

bastante competitivos, tornando-se com o tempo o maior varejista do mundo e chegando até

a posição de empresa com maior receita mundial.

Por fim, a classe “em apuros” remete diretamente a uma posição indesejada pelos

varejistas e grande perigo para sua longevidade. Ao não conseguir transparecer o valor

adicionado aos seus produtos e/ou experiência de compra nem oferecer preços competitivos

pelo nível de qualidade proposto, as organizações acabam caindo nesta porção do

quadrante.

25

2.5 ESTRUTURA DAS 5 FORÇAS DE PORTER DINÂMICA NO ‘SEGMENTO

MEDIANO’

A estrutura das cinco forças de Porter (1980), em seu livro “Competitive Strategy”,

procura relacionar a lucratividade esperada dos participantes de um determinado setor às

forças competitivas que atuam nele. Elas são cinco: Rivalidade entre Concorrentes, Poder

de Barganha de Fornecedores, Poder de Barganha de Compradores, Ameaça de Novos

Investidores ou Entrantes e Ameaça de Substitutos.

Porter (1980) distingue os chamados ‘Grupos Estratégicos’, onde empresas do

mesmo setor adotam estratégias semelhantes e concorrem entre si. É nesse ‘grupo

estratégico’, o segmento mediano do varejo supermercadista, que as forças estudadas

estão presentes.

Faz-se aqui uma análise com as principais forças competitivas, assim como

tendências que têm mudado a dinâmica do segmento, levando em consideração as visões

de alguns dos gestores entrevistados da empresa. Logo, trata-se de apenas um ensaio,

estritamente focado no setor de supermercado tradicional pertencente ao grupo estratégico

aqui delimitado como ‘segmento mediano’.

2.5.1 RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES

Como citado anteriormente, o setor supermercadista teve uma grande expansão

em anos recentes. Ao longo deste processo, muitos entrantes se fizeram presentes,

aumentando significativamente o número de concorrentes. Agora, com esse setor

estabilizando, ele é caracterizado pela sua alta competitividade por preço e Market Share. A

margem, ou vantagem de custo, é conquistada, principalmente, através de vantagens

operacionais ou de boas negociações e contratos com fornecedores. A diferenciação do

produto depende do mix de itens de um estabelecimento supermercadista, no entanto, a

maioria deles pode ser obtido por um supermercado com facilidade, perdendo-se a

diferenciação, que se torna mais presente através do preço e do serviço.

Há alguma diferenciação com produtos importados exclusivos, que por acordo

comercial só podem ser vendidos por uma rede de supermercado. Com esses produtos há

concorrência reduzida, aumentando-se a margem sobre o custo.

26

Apesar de haver fidelização por bom preço e serviço, o peso da marca no setor de

supermercados não é muito grande para afetar a maioria dos clientes, uma vez que é um

serviço commoditizado. Uma pessoa pode comprar o mesmo produto em dois mercados

diferentes e ter o mesmo benefício, o que difere é o atendimento (menor fila, limpeza, luz

disponibilidade de produtos, etc) e o preço.

A localização do supermercado é um fator chave para atrair clientes, uma vez que

eles se deslocam até o local para efetuar suas compras, por isso, há grande concorrência

em locais (bairros) com maior número de mercados, provocando menores margens de lucro;

e menor concorrência e maiores margens em locais com poucos mercados, dada uma

população com poder de compra e tamanho similar.

As barreiras de saída podem ser consideradas elevadas devido ao alto custo de

dispensa de pessoal no contexto de legislação trabalhista em vigor.

2.5.2 PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES

Os grandes fornecedores tem grande poder de barganha nas negociações com

supermercados em geral, pois tem os produtos mais famosos e de melhor qualidade. Temos

como exemplo a Nestlé. Ela é famosa pela qualidade em diversos produtos alimentícios e

por isso consegue negociar um preço mais alto, uma vez que um supermercado não pode

ficar sem seus produtos. A mesma coisa acontece com Ambev, que, se não está presente

em um supermercado, faz falta no setor de bebidas.

A falta de linhas chave de produtos afeta a atratividade de um supermercado. Os

grandes fornecedores levam vantagem não só no preço, como conseguem empurrar para os

supermercados um mix de diversos produtos diferentes, mesmo que o mercado prefira

pouca variedade, focando apenas dos principais produtos.

Já fornecedores menores oferecem preços mais negociáveis a redes de

supermercados de tamanho razoável, uma vez que entrar em um mercado lhes garante

maior amplitude de área de venda e visibilidade de seu produto.

O volume de compras e prazo de pagamento tem grande relevância na relação com

os fornecedores em geral. Obviamente, quanto maior o volume de compras e menor o prazo

de pagamento, mais barato é o produto unitário, o que gera grande diferenciação no custo e,

consequentemente, no preço, na margem de lucro e na receita.

27

Outro fator que pode influenciar a negociação de preço entre um supermercado e

seu fornecedor é a localização de cada loja, por exemplo, se uma rede de mercados tem

grande número de lojas em uma região estratégica para vendas de certo produto, o varejista

pode exigir melhores condições comerciais.

2.5.3 PODER DE BARGANHA DOS COMPRADORES

O poder de negociação dos compradores é alto, pois com sua a maioria

deslocando-se para onde há preços sensivelmente mais baixos, indiretamente, há redução

de preço. Isso ocorre de maneira simples, uma vez que clientes podem acessar facilmente

outros supermercados. Mercados de proximidade, bairro ou vizinhança, no entanto, tem

preços com maiores margens, com mercados em locais residenciais, aproveitando o nicho

de clientes que não está disposto a se locomover mais por uma dada variação no preço.

2.5.4 AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES

De acordo com os gerentes da empresa estudada, as barreiras de entrada para

novos entrantes podem ser consideradas médias, atualmente. O volume de vendas de uma

rede de supermercados que começa pequena não tem poder de barganha com

fornecedores e paga preços mais altos pelos produtos, perdendo competitividade.

Porém, existem redes de supermercados unidos, que combinados, conseguem

negociar melhores preços com fornecedores.

Além disso, a experiência acumulada pode se mostrar um ativo importante, com

relacionamentos já formados entre supermercados antigos com fornecedores e

conhecimentos sobre a logística e as preferências de consumidores locais.

28

2.5.5 AMEAÇA DE SUBSTITUTOS

Há atualmente duas frentes de serviços substitutos ao setor supermercadista. Uma

tendência que se faz muito presente é o atacarejo, ou cash-and-carry, que é um modelo de

varejo em que há venda de volumes maiores (atacado) por um preço menor.

Esse modelo de negócio, como citado anteriormente, pode ser uma grande ameaça

neste momento de crise econômica vivido no Brasil, visto que há uma mudança no

comportamento do consumidor, que procura gastar menos, para fora do supermercado,

procurando um melhor custo-benefício. Geralmente, atacarejos ficam em lugares mais

afastados das áreas residenciais, o que pode incentivar o consumidor a voltar para o

supermercado, uma vez terminada a crise. Um fator que influenciou nessa dinâmica foi o

incentivo fiscal existente para atacarejos, o que melhorava sua competitividade frente ao

supermercado.

O e-commerce também vem afetando os supermercados, mas num horizonte

maior. A grande dificuldade para o serviço de delivery de supermercados é a cultura do

brasileiro, o consumidor mais velho gosta de ver os produtos que está comprando para

assegurar qualidade, além disso, muitos não querem pagar pelo delivery ou esperar a

entrega. No entanto, é muito comum fazer-se compras on-line, atualmente, no exterior, o

que indica uma tendência, vista a ascensão das tecnologias de internet, smartphones e

inserção digital cada vez maior da população. Espera-se que com o passar dos anos, com o

crescimento da utilização de dispositivos móveis e cobertura de internet em populações

mais velhas, a tecnologia de e-commerce nas redes de supermercados ganhe força.

2.6 DINÂMICA

Segundo o checklist de dinâmicas de longo prazo, apresentadas por Rivkin (1999),

o dinamismo existente no setor dos supermercados pode ser constatado nos termos do

colocado anteriormente, quanto aos movimentos de atacarejo e e-commerce como modelos

de negócio substitutos, que vêm dominando mercado, e às mudanças no comportamento do

consumidor com a diminuição da renda e da tendência ao consumo.

O e-commerce, de forma mais isolada, não cria tamanha ameaça quando se pensa

em curto prazo, no Rio de Janeiro, devido ao seu crescimento lento. De acordo com o

29

Haltman Group 3(2016),o consumidor ainda tem barreiras culturais à compras de alimentos

online. Ele gosta de ver o que está comprando, principalmente quando se trata de produtos

alimentícios frescos. Já o atacarejo, que fornece possibilidade de melhor custo benefício,

combinado com a movimentação do cliente à procura por melhor custo benefício, se trata de

uma ameaça que está afetando muito o faturamento dos supermercados.

Além disso, na relação com os compradores, há declínio nas exigências do cliente

que passa a procurar melhor custo benefício. De acordo com a ACNielsen, está

acontecendo o “trade down”, ou seja, a movimentação do consumo para produtos de menor

qualidade, que possuem menores margens de lucro, e também o racionamento de

consumo, causando diminuição do volume total vendido.

Um fator que mudou a dinâmica, desta vez para a entrada de novos entrantes, foi a

mudança na fiscalização ocorrida nos últimos anos. Agora, com a emissão de notas fiscais

eletrônicas, a sonegação e a venda de produtos roubados, prática utilizada por pequenos

varejistas, se torna mais complicada, reduzindo a atratividade do setor e a força dos

menores mercados na briga com as grandes empresas do setor que usufruem vantagens de

escala.

2.7 VANTAGENS COMPETITIVAS AO LONGO DA CADEIA DE VALOR DO VAREJO

Um ponto central em qualquer análise setorial e no planejamento de longo prazo

consiste na busca de modos e meios de como se obter uma vantagem competitiva. Por um

golpe de sorte ou por condições inesperadas, é possível que ações descoordenadas ou a

simples formação de uma conjuntura favorável a certo competidor represente uma

vantagem pontual, beneficiando uma ou outra empresa repentinamente. No entanto, a

questão principal, não só no varejo, mas como em qualquer setor, reside em como se

preparar e utilizar os recursos e competências imediatamente disponíveis para construir

vantagens duradouras e reforçar seus recursos.

No setor varejista, utilizando-se do conceito de Cadeia de Valor, criado por Michael

Porter (1985) como modelo que ajuda a analisar atividades específicas através das quais as

empresas criam valor e vantagem competitiva, podem-se citar alguns aspectos capazes de

diferenciar competidores. A seguir, seguem algumas das principais fontes de vantagem

3 Haltman Group: empresa norte-americana líder em consultoria no setor alimentício.

30

competitiva na indústria, observadas num ensaio com os gestores da empresa estudada,

sobre as quais há os maiores diferenciais de custo da cadeia.

2.7.1 SERVIÇO DE ATENDIMENTO

Um bom serviço e atenção especial por parte dos funcionários podem ser

oportunidades consideráveis de diferenciação. Uma experiência de compra negativa pode

afastar definitivamente um cliente já conquistado. Neste aspecto, se incluem as interações

com todos os funcionários, os tempos de espera para atendimento e nos caixas e algumas

facilidades oferecidas pela loja.

A grande vantagem reside no fato de ser demorado e custoso de construir uma

reputação de atendimento acima da média, o que torna difícil a imitação pelos concorrentes.

Para isso, são necessários esforços contínuos de treinamento, seleção e avaliação de

funcionários com base nessas capacidades.

A fidelização de um cliente surge do valor percebido no serviço e representa a sua

predisposição a comprar produtos de um fornecedor em especial. A fidelidade é mais do que

simplesmente gostar mais de um varejista do que de outro. Ela significa que esses clientes

terão relutância em comprar de concorrentes, mesmo que, por exemplo, este competidor

ofereça preços ligeiramente menores ou abra uma loja mais próxima.

Algumas ações para desenvolver esse tipo de vantagem são: fortalecer a imagem

do varejista ou de suas marcas privadas; formular estratégias de posicionamento claras;

promover programas de fidelidade, como promoções direcionadas.

2.7.2 LOCALIZAÇÃO DA LOJA

Sem dúvidas, a localização constitui um fator crítico para a escolha dos clientes por

uma loja, uma vez que é o canal de distribuição da empresa. No ramo supermercadista

ainda por cima, esse aspecto tem valor ainda maior, dada a concentração de muitos itens

por cliente. Não raro a proximidade de um supermercado da residência do consumidor é o

primeiro critério na decisão, antes mesmo que preços mais baixos.

31

2.7.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

A distribuição muitas vezes ocupa uma parcela bastante relevante dos custos

operacionais e, portanto, pode ser vital para uma estratégia de baixos preços ou mesmo

como foco da produtividade geral. A tarefa de fazer a mercadoria correta estar no local

correto e no momento correto envolve um alto nível de complexidade quão maior for a rede

e pode ser uma fonte importante de diferenciação também pela inabilidade de concorrentes

copiarem as soluções complexas e específicas.

Como melhor exemplo, a maior rede de varejo do mundo, o Wal-Mart, evoluiu com

base em sua grande eficiência logística, o que a permitiu possuir os menores custos por

mercadoria do setor.

2.7.4 RELAÇÕES COM FORNECEDORES

Ao fortalecer e desenvolver relações de longo prazo com seus fornecedores, os

varejistas tendem a ganhar também boas vantagens. Em primeiro lugar, é possível obter

preços e termos de venda (prazos, por exemplo) diferenciados em relação aos demais

concorrentes. Segundo, há a possibilidade de obter exclusividades especiais, como a

comercialização de alguma marca de produto consagrada ou de bons prospectos.

Ademais, um trabalho próximo ao fornecedor pode oferecer boas oportunidades de

desenvolvimento conjunto de produtos a fim de atender às demandas específicas

identificadas pelos clientes.

32

3 A EMPRESA E A IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

EM PAUTA

3.1 SOBRE A EMPRESA

3.1.1 HISTÓRICO

O objeto de análise deste trabalho é uma rede carioca de supermercados. Fundada

na Zona Sul do Rio de Janeiro em 1983 por quatro sócios, em 1998, a empresa já possuía 6

lojas espalhadas por esta região do Rio de Janeiro.

Em 2000 a marca chegou à Zona Oeste da cidade, com uma loja instalada em

Jacarepaguá. Foram abertas lojas em outros municípios, como: Armação dos Búzios, Cabo

Frio e Barra de São João, gerando um total de 15 lojas ao final de 2006. Já em 2007, foram

abertas mais duas lojas, em Arraial do Cabo e Fonseca.

Em 2008, terminado este ciclo de expansão, a administração e a logística se

tornaram o foco do seu desenvolvimento. Assim, a matriz deslocou-se para um novo centro

de distribuição, com uma área total construída de 12.000 metros quadrados, área

climatizada e 14 docas para recebimento.

Atualmente, a empresa já contabiliza 26 lojas, sendo a última inaugurada em 2016,

e faturamento anual de mais de meio bilhão de reais.

3.1.2 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA

Durante a elaboração do trabalho, o amplo acesso à diretoria possibilitou diversas

entrevistas e conversas sobre a organização e seu funcionamento, evidenciando a visão

que os gestores têm do negócio.

Os atuais donos da empresa são os mesmos quatro sócios. Três dos sócios ainda

atuam e o filho do sócio restante participa da reunião semanal do conselho administrativo. A

33

empresa, desde seu começo, prosperou sob gestão familiar, crescendo com a abertura de

novos estabelecimentos comerciais.

Com as empresas se tornando cada vez mais competitivas, a empresa procura se

profissionalizar para estar mais bem preparada para o futuro, por isso está em fase de

transição e procurando renovar sua mão de obra, trocando principalmente funcionários com

mais tempo de casa e “obsoletos”.

A marca obteve seu prestígio a partir do crescimento orgânico em bairros

tradicionais do Rio de Janeiro e, posteriormente, localidades mais distantes e conta com

alguma fidelização de clientes, principalmente os de idade mais elevada. Os supermercados

criaram naturalmente certa identidade e fidelidade da marca ao serem fundados e terem

crescido em bairros tradicionais do Rio de Janeiro, conquistando aos poucos a clientela dos

arredores. Hoje, esse legado pode ser observado por certo reconhecimento mais notório de

idosos e pessoas de idade mais avançada.

O posicionamento competitivo da empresa pode ser avaliado como competidor no

segmento mediano e mais próximo da inovação no modelo de estratégia no varejo de Levy

et al (2006), combinando um preço acessível e bom nível de serviço.

Espalhados por bons bairros do Rio de Janeiro e Niterói, além de centros de cidades

da Região dos Lagos, seus supermercados atuam principalmente com serviço de mercado

de bairro, atendendo a população que vive ou trabalha nas proximidades do supermercado,

e por conta disso, podem cobrar um preço com maior margem.

No Rio de Janeiro e em Niterói, os mercados não atraem clientes de locais mais

afastados, como ocorre com outros concorrentes que possuem grandes mercados com

estacionamento e/ou com preços mais baratos.

Alguns pontos de lojas ocuparam papel fundamental no desempenho da rede,

acompanhando o crescimento demográfico e a consequente maior demanda por varejo.

Exemplos são as lojas do Leme, no Rio de Janeiro, e na região dos lagos do estado do Rio

de Janeiro, que cresceu muito como destino turístico e de casas de veraneio.

Em geral, no Rio de Janeiro e em Niterói, o mercado atendido é de classe média a

classe média alta, portanto, são vendidos alguns produtos de melhor qualidade, mais caros

e com maiores margens.

Na Região dos Lagos, no entanto, existem dois tipos de clientes: Há clientes locais,

geralmente com renda mais baixa, que precisam de produtos mais acessíveis, com menores

margens; e clientes de veraneio e a minoria de renda mais alta mais exigente, como o

34

mercado atendido no Rio de Janeiro e Niterói. Desta forma, na Região dos Lagos é

necessário um mais amplo espectro de produtos para estes dois diferentes públicos-alvo.

A empresa não trabalha com produtos de marca própria nem adota um

posicionamento claro quanto ao seu público-alvo, propondo-se apenas a oferecer produtos

de qualidade ligeiramente acima da média a um preço razoável para as regiões onde se

localiza.

A rede dispõe de uma pequena frota de caminhões que atende parcialmente o

centro de distribuição da empresa de 12 mil metros quadrados, muito próxima da Avenida

Brasil. O restante da demanda logística entre o centro de distribuição e das lojas é suprida

por frotas terceirizadas.

É estimado que o CD atual possa atender uma expansão da empresa por volta de

até 32 lojas, o que possibilita a expansão de sua rede sem um dispêndio grande com custo

fixo de logística.

A empresa utiliza um sistema logístico de gerenciamento de armazém, que utiliza

tecnologia para acelerar as operações logísticas, tanto de recebimento de fornecedores e

armazenagem, quanto de expedição de mercadorias para as lojas para abastecimento do

ponto de venda. O próprio software sugere a quantidade para reabastecimento das lojas, o

que ajuda a evitar falhas dos gerentes. Além disso, a empresa dispõe de softwares para

gerenciar contabilidade, finanças, recursos humanos e etc. Uma aposta para o futuro da

empresa é a contratação de um programa de Customer Relationship Management (CRM),

para obter informações de cada cliente e poder fazer análises de Big Data e usá-lo para

seus exercícios de marketing. Com isso, poderá atender melhor os clientes e criar

fidelidade, gerando valor.

Além disso, apesar da atual aposta no software de CRM, a companhia não se

utiliza de forma constante os meios de propaganda para fortalecer sua marca, apenas mais

perto do verão e em aniversários, e até hoje foram poucos e temporários os programas de

fidelização praticados, limitados a algumas ações ligadas a eventos especiais e cartão de

crédito próprio. Assim, percebe-se esse aspecto como uma boa oportunidade para ação,

sendo fundamental para reter sua base de clientes frente aos grandes grupos que já se

utilizam de técnicas do tipo há muito tempo.

Pelas entrevistas realizadas, também foi reconhecida por parte de gestores a

importância de relacionamento com os fornecedores. Ter uma boa reputação com os

fornecedores pode gerar oportunidades, como promoções exclusivas ou descontos maiores,

que geram retorno financeiro. Um segmento apontado como de destaque sob este ponto de

35

vista na empresa é um bom relacionamento na categoria de bebidas, muito importante para

o Rio de Janeiro e Região dos Lagos.

3.2 DEFININDO O PROBLEMA EM PAUTA

Apesar de a empresa, de gestão familiar, ter tido sucesso e não ter passado por

crises financeiras internas, ela cresceu de forma descoordenada. Sem muita padronização

de localização, de layout, de escala, de tipo de público alvo, de treinamento de pessoal, as

expansões ocorrem quando há dinheiro em caixa e oportunidade de aumentar o

faturamento, geralmente, quando concorrentes querem vender lojas.

Uma vez que há capacidade ociosa do centro de distribuição, não há análise formal

aprofundada para realizar investimentos, quer seja em expansão da rede, quer seja em

melhorias operacionais. As ações são realizadas com base em experiências, conversas com

profissionais do setor e cálculos de rentabilidade superficiais.

Quanto à estratégia da empresa, não há nada determinado. As ações tomadas

procuram melhorar imediatamente a operação do mercado e reduzir custos, mas em médio

e longo prazo não há planejamento.

Por conta disso, a varejista é um conjunto de diferentes supermercados que se

aglomeraram sob a mesma gestão, sem ter muito mais em comum. Algumas lojas atendem

público com melhor condição financeira, outras atendem municípios mais carentes. Há lojas

pequenas e grandes, em cidades com altas e baixas densidades demográficas.

Na presente situação econômica e frente às companhias concorrentes, mais

profissionalizadas e bem preparadas, é importante a empresa estudada ter uma estratégia

sólida e fundamentada. Ela não pode mais se dar ao luxo de agir sem estudar cada passo

de seu crescimento, pois a concorrência é acirrada.

Portanto, para solucionar o problema de expansão sem critérios, seria necessária a

criação de alguma definição estratégica de parâmetros para as futuras expansões da

empresa, analisando os dados das lojas que forem possíveis de se obter da empresa.

O que se decidiu fazer como encaminhamento de partida foi investigar os

resultados de cada loja, assumindo que haveria oportunidades de entender a dinâmica dos

fatores que neles interferem, e quais características possibilitariam cada loja, e a empresa,

chegar a melhores indicadores e, em última instância, retorno para seus investimentos.

36

4 MÉTODO

Para realização deste trabalho, primeiramente foi feito contato com um dos donos

da rede de supermercados estudada e proposto um estudo para verificar quais eram suas

melhores lojas e entender os porquês delas apresentarem melhores resultados. Para isso

seria necessária, inicialmente, uma análise de desempenho.

4.1 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

Combinando os entendimentos de Esposto (2002), Neely (2005) e Rocha (2005),

um sistema de medição de desempenho é definido por um conjunto de processos e

ferramentas usados para coletar e analisar dados com a finalidade de criar informações

sobre a performance de uma unidade organizacional de interesse. Essa mensuração do

desempenho pode ser encarada como um processo de quantificação dos dados, mas seus

efeitos estimulam a ação, através de uma gerência consistente, que possibilita melhores

resultados.

E por isso que a definição de critérios é essencial, pois os executivos determinam

suas ações futuras baseadas em como percebem e julgam o desempenho e o julgamento

do sucesso de uma empresa depende dos critérios adotados.

Para definir quais as melhores lojas, foi consultado na literatura quais os

indicadores de desempenho (ou KPI’s, do inglês Key Performance Indicators) que são mais

utilizados no varejo.

Os indicadores de desempenho são métricas para medir o valor e demonstram

quão efetiva a companhia é alcançando seus objetivos.

De acordo com a empresa Gain Insights 4(2014), importantes KPI’s no varejo são:

Faturamento: é a geração de caixa que uma loja consegue com sua operação,

pode ser comparada por lojas, região, para identificar tendências, possibilitando formular

estratégias de marketing.

4 Gain Insights é uma empresa Indiana especializada em Business Intelligence

37

Ticket Médio: representa quanto uma loja consegue vender por compra. O cálculo é

a divisão do faturamento pela quantidade de compras realizadas. Quanto maior se torna o

ticket médio, melhor a loja, pois com a mesma quantidade de clientes, pode-se gerar maior

faturamento.

Margem de compra e venda: significa o valor agregado pelo serviço ao produto

vendido. É igual à diferença entre o preço de venda ao consumidor e o preço de compra do

fornecedor, ou lucratividade. É a margem que possibilita o lucro dos supermercados,

portanto, é o principal indicador utilizado na rede estudada. Utiliza-se em %, pois assim

anula-se o efeito de escala. Será chamada neste trabalho como ‘margem’, para simplificar.

Faturamento por metro quadrado: indica a eficiência da área de venda do

supermercado. Pode indicar uma boa exposição de produtos que gera melhor percepção

dos clientes, resultando em maior quantidade de vendas. Por ser simplesmente o

faturamento dividido pela metragem da área de venda, esse KPI não entrará no estudo de

regressão.

Giro de Estoque: Indica o quão rápido a empresa consegue vender seu estoque.

Um giro de estoque alto indica que a varejista consegue vender seus produtos rapidamente,

assim seu estoque é baixo e indica maior potencial de lucro, com baixo capital de giro.

Uma vez descobertos os dados necessários para começar o estudo, houve a coleta

deles: resultados financeiros na área de contabilidade; insights sobre concorrência e perfil

socioeconômico na área gerencial, comercial e de marketing; tamanho em metros

quadrados de cada loja e presença ou não de estacionamento foi recolhido na área

operacional; e o número de produtos diferentes na área comercial.

Devido à falta de algumas informações, entre elas dados sobre os estoques por

loja, infelizmente não foi possível utilizar o KPI ‘giro de estoque’ neste estudo.

A comparação entre as lojas na análise nos mostra que há diferença significativa

nos resultados financeiros das lojas.

Uma vez clarificada a existência de diferenças significativas entre os resultados das

lojas, foi importante descobrir o porquê das diferenças.

Os gerentes da companhia constataram que alguns fatores, como concorrência e

tipo de clientela podem causar essas diferenças.

Foram anotadas as hipóteses descritas e depois validadas de acordo com o

resultado do trabalho.

38

A investigação pelas explicações para as diferenças encontradas foi feita através

da observação de plotagem de dados em gráficos e, quando pertinente, pelo método de

análise comparativa por regressão linear.

4.2 CONCEITOS BÁSICOS DE REGRESSÃO

A análise de regressão é uma técnica estatística indicada para estudar o

relacionamento entre as variáveis (dependentes e independentes). (JOHNSON, WICHERN,

2002).

Segundo Stevenson (1986, p. 341), “A correlação mede a força, ou grau, de

relacionamento entre duas variáveis; a regressão dá uma equação que descreve o

relacionamento em termos matemáticos.” Ele continua afirmando que a regressão

compreende a análise de dados amostrais para saber como e se duas ou mais variáveis

estão relacionadas uma com a outra e, tem como resultado uma equação que descreve este

relacionamento. A equação resultante pode ser usada para estimar, ou prever, valores

futuros de uma variável quando se conhecem ou se supõem conhecidos valores da outra

variável.

Assim, a regressão linear estabelece uma equação linear que descreve a relação

entre duas variáveis, uma dependente e outra independente, com o fim de estimar valores

para uma variável, com base em valores conhecidos da outra. Através de estimativas dos

parâmetros, a regressão mostra o efeito da variável explicativa X sobre a dependente Y.

O R² ajustado exibe o coeficiente de determinação múltipla, que é uma medida do

grau de ajustamento da equação de regressão aos dados amostrais plotados. Um ajuste

perfeito resulta em R² = 1, um ajuste bom acarreta um valor próximo de 1 e um ajuste fraco

ocasiona um valor de R² próximo de zero. O coeficiente de determinação ajustado é o

coeficiente múltiplo de determinação R² modificado de modo a levar em conta o número de

variáveis e o tamanho da amostra. O coeficiente de determinação ou de explicação R2,

mede a parcela da variação de Y explicada pela variação dos X.

Valor P, segundo Lapponi (2000), é o nível de significância observado. É uma

medida de significância global da equação de regressão múltipla e uma boa medida de

aderência da equação aos dados amostrais. Para julgamento compara-se Valor P com o

nível de significância ou erro tolerado que julgar mais adequado. O critério de decisão para o

Valor P será: escolher o nível de significância α; Se Valor P < α, então, rejeitar a Ho.

39

Cabe aqui lembrar que a equação da reta, na regressão linear, é representada por:

“y=a+b.x”, onde “y”, representa a variável dependente, “a” o intercepto ou a interseção, “b”

o coeficiente angular e o “x”, representa a variável independente, podendo haver diferentes

coeficientes angulares um para cada variável independente a mais na equação.

É evidente que podem existir correlações acidentais e que certas relações entre as

variáveis explicativas estudadas e os resultados, embora pensadas linearmente, podem ser

na verdade não lineares (por exemplo, convexas).

Observa-se também que a precariedade e incompletude dos dados efetivamente

disponíveis previne o uso adequado de técnicas mais sofisticadas.

4.3 O PROCEDIMENTO ANALÍTICO

Para simplificar este estudo, são estudadas as plotagens dos dados e é utilizada,

quando pertinente e relevante, a análise de regressão linear para verificar quais variáveis

mais influenciam nos resultados estudados.

Utilizando a função de análise de regressão do programa Excel, são gerados

gráficos de plotagem e os dados referentes à correlação entre as variáveis e o resultado.

Como há diversas variáveis explicativas, são realizadas análises de regressão

linear simples, comparando o resultado e apenas uma das variáveis explicativas, e

regressão múltipla para duas ou mais variáveis explicativas, a fim de verificar se há alguma

relação entre elas em conjunto e o resultado.

Para filtragem das variáveis que melhor explicam os resultados atingidos, é

utilizado o valor-p, para verificar se a variável pode ser usada para descrever o

comportamento do resultado. Para que isso ocorra, o valor-p deve ser o menor possível,

evidenciando uma maior aderência ao modelo e probabilidade de que haja realmente uma

correlação, provando-se a hipótese. Utiliza-se o valor-p menor que 0,05 como um bom

parâmetro para verificar a existência de uma relação com boa confiabilidade.

Nas regressões múltiplas, para se obter o melhor conjunto de variáveis explicativas,

utiliza-se o método de seleção Backward de variáveis, definida por Smith e Draper (1998),

onde se inclui primeiramente todas as variáveis, retirando-se uma a uma, seguindo o critério

de melhor adesão, aqui caracterizada pelo valor-p.

40

Utilizando o valor-p menor que 0,05 como referência, retiram-se as variáveis que

apresentarem valores-p muito maiores, enquanto é mantida a relação entre as variáveis

ainda presentes na regressão múltipla.

Para definir qual a variável mais importante para cada resultado, se mais de um

caso de relação for encontrado entre as variáveis e um mesmo resultado (KPI), são

verificados os coeficientes da equação linear obtida pela regressão para cada variável. A

maior diferença causada por esse módulo do coeficiente evidencia a maior influência no

resultado por parte das características estudadas.

Como foi notado, alguns resultados não se explicavam muito bem quando todas as

lojas eram analisadas ao mesmo tempo. Como as lojas do Rio de Janeiro e Niterói e as da

Região dos Lagos atendem perfis diferentes, eles foram separados em clusters e as

análises de regressão foram repetidas para cada grupo.

Por fim, são listadas quais variáveis que mais influenciam os KPI’s estudados neste

trabalho e sugerido uma estratégia para expansão da rede que maximize esses resultados,

baseada nas correlações entre eles e as variáveis explicativas.

Nota: A presença da variável qualitativa ‘(intensidade da) concorrência’ foi ‘tratada’

na entrevista. Foi pedido que os gestores quantificassem esse dado usando categorias pré-

estabelecidas, que variavam em um intervalo de pouca concorrência (valor 1) até

concorrência acirrada (valor igual a 4), para que essa variável pudesse ser analisada na

regressão.

41

5 ANÁLISE

Neste capítulo, utilizando os fatores que possivelmente afetam a dinâmica de

competitividade e os resultados das lojas, foram realizadas análises para investigar se

relações existentes entre eles, e, se sim, quais são. As relações a seguir foram discutidas

em conversas com os executivos entrevistados e são hipóteses testadas neste capítulo.

Posteriormente, são analisadas relações além das citadas pelos gestores para estudar a

amplitude dos efeitos que cada um desses fatores pode causar nos KPI’s.

5.1 HIPÓTESES

Durante as conversas com os gestores da rede de supermercados, foram

levantadas, por indução, algumas hipóteses de que certos fatores, ou características da loja,

tinham influência nos resultados obtidos por ela. Através da análise de plotagem de gráfico e

análises de regressão, será possível dizer se estas hipóteses serão recusadas ou não.

5.1.1 ESTACIONAMENTO E TICKET MÉDIO

A relação entre a existência ou tamanho de estacionamento e ticket médio

ocorreria, pois com a possibilidade de estacionar o carro próximo ao supermercado, uma

pessoa estaria mais disposta a realizar as compras do mês ou comprar em maior

quantidade, pois não haveria necessidade de carregar as pesadas compras por longas

distâncias.

5.1.2 ESTACIONAMENTO E FATURAMENTO

Com a possibilidade de estacionar o carro próximo ao supermercado, uma pessoa

estaria mais disposta a realizar as compras do mês ou comprar em maior quantidade, pois

42

não haveria necessidade de carregar as pesadas compras por longas distâncias. Desta

forma, há possibilidade de aumento de faturamento.

5.1.3 CONCORRÊNCIA E MARGEM

Uma concorrência mais acirrada causaria baixa de preços dos produtos para

aumentar a competitividade, causando diminuição de margem.

5.1.4 CONCORRÊNCIA E TICKET MÉDIO

A concorrência poderia fazer com que o cliente comprasse parte dos produtos que

está procurando em um mercado e outra parte no concorrente, o que diminuiria o ticket

médio de ambos os mercados.

5.1.5 CONCORRÊNCIA E FATURAMENTO

A concorrência poderia fazer com que o cliente comprasse parte dos produtos que

está procurando em um mercado e outra parte no concorrente, o que diminuiria o

faturamento, também de ambos os mercados.

5.1.6 MIX DE PRODUTOS E FATURAMENTO

Um mix de produtos com maior variedade levaria a um aumento de faturamento,

pois um cliente poderia encontrar mais opções dos produtos que estivesse procurando ou

quisesse comprar, aumentando o faturamento.

43

5.1.7 MIX DE PRODUTOS E TICKET MÉDIO

Um mix de produtos maior levaria a um aumento de faturamento, pois um cliente

poderia encontrar mais opções dos produtos que estivesse procurando ou quisesse

comprar, aumentando o ticket médio.

5.1.8 PERFIL SOCIOECONÔMICO E MARGEM

O público com perfil socioeconômico mais alto não se importaria de pagar um preço

um pouco maior em troca de uma loja mais próxima ou com serviço melhor. Além disso,

comprariam produtos mais caros, que também tem margens maiores.

5.1.9 PERFIL SOCIOECONÔMICO E TICKET MÉDIO

O público com perfil socioeconômico mais alto geralmente consome em maior

quantidade e qualidade, gastando mais dinheiro por compra, aumentando o ticket médio.

5.1.10 PERFIL SOCIOECONÔMICO E FATURAMENTO

O público com perfil socioeconômico mais alto geralmente consome em maior

quantidade e qualidade, gastando mais dinheiro, aumentando, também, o faturamento da

loja.

5.1.11 TAMANHO DA LOJA E FATURAMENTO

Uma loja maior poderia suportar mais clientes dentro dela e atender mais clientes,

por geralmente manter maior número de check-outs disponíveis. Isso aumentaria as vendas

e possivelmente o faturamento.

44

5.2 DADOS

Os dados aqui expostos foram obtidos através de entrevistas com gestores e

diretores da empresa e, por questões de confidencialidade, alguns desses dados foram

mascarados utilizando-se escalas. A seguir serão caracterizadas as lojas da empresa em

relação a tamanho, proximidade de concorrência, mix de produtos, poder aquisitivo do bairro

ou cidade em que se situa a loja e existência ou não de estacionamento.

Primeiramente, alguns fatores serão considerados.

5.2.1 CONSIDERAÇÕES

5.2.1.1 Concorrência

A concorrência é uma variável subjetiva e difícil de ser medida. Nesta análise, foi

feita uma escala de 1 a 4 de quão acirrada é a concorrência, com o maior número

representando a concorrência mais acirrada, de acordo com a visão dos entrevistados. Esse

dado pode se tornar questionável, pois não leva em consideração se o concorrente tem uma

política de preço baixo ou preço alto, o que pode afetar de formas diferentes, dependendo

do poder aquisitivo e sensibilidade a preço da região.

5.2.1.2 Perfil Socioeconômico

Originalmente, o trabalho utilizaria o PIB per capita da população em torno da loja

para fazer as análises, mas não foram encontrados dados confiáveis para caracterizar os

públicos de cada unidade. O perfil socioeconômico foi traçado, então, de acordo com a

percepção dos diretores da empresa, com o que eles sabem sobre o local da loja e sua

clientela.

45

5.2.1.3 Preço

Os preços das mercadorias com compra centralizada, por default, são iguais, mas

há alguns produtos que são comprados pelas lojas que podem ter preços diferentes. Além

disso, dependendo do preço da concorrência, pode ser alterado o preço para melhorar a

competitividade, dependendo da sensibilidade ao preço na região. Se houver pouca

concorrência, podem-se aumentar os preços. Há também o uso de promoções e encartes

para atrair mais clientes, havendo diminuição de preços apenas na loja que os usarem.

Como o preço é um resultado dependente da concorrência, mas muito parecido

entre as lojas, esse dado não foi recolhido, uma vez que o efeito de um diferencial nele é

estabelecido pela variável concorrência.

5.2.1.4 Gestão da loja

A qualidade da gestão de cada loja, por ser uma variável muito difícil de analisar

pela sua natureza abstrata, não entrou na análise, apesar de poder influenciar, e muito, o

resultado de uma loja.

5.2.1.5 Número de funcionários

O número de funcionários de cada loja depende do tamanho da loja, portanto seu

efeito já está embutido no efeito do tamanho da área de venda da loja, além disso, o preparo

do funcionário e qualidade de seu trabalho variam, portanto, esse fator não foi usado na

análise.

5.2.1.6 Número de check-outs

O número de check-outs de cada loja não foi levado em consideração nesta análise

por duas razões. Primeiro, pois o número de check-outs depende do tamanho da área de

venda da loja (da frente de loja, na verdade). Segundo, pois, por procedimento, o número de

check-outs efetivamente ocupados por funcionários variam ao longo do dia (normalmente

46

não estão todos em funcionamento), podendo variar dependendo de horário de expediente,

do tamanho das filas e da gestão da fiscal de caixa, que por muitas vezes não a faz direito.

Isso cria uma deturpação no número de check-outs que dificulta seu uso.

5.2.1.7 Dados de Despesas

Como esse trabalho analisa os principais KPI’s utilizados, e estes não dependem

de quanto se gasta, os dados de custos e despesas não foram utilizados na análise por

regressão. Esses dados foram utilizados apenas no cálculo da contribuição por loja.

5.2.1.8 Dados de CMV

Como CMV é um resultado da operação, assim como o faturamento, ele não entra

na regressão. Ele é utilizado no cálculo de margem e também na contribuição por loja para

abater do custo fixo do Centro de Distribuição da rede.

5.2.1.9 Dados de 2014 e 2015

Foram obtidos os dados de faturamento e ticket médio dos anos de 2014 e 2015,

mas dados referentes a custos e despesas não. Desta forma, não é possível calcular a

margem desses anos. Como os dados de 2014 a 2016 permaneceram estáveis ao longo do

período, o fato de não existir um histórico para confirmar que os dados refletem a realidade

é superado.

5.2.1.10 Lojas abertas em 2016

Como houve lojas abertas em 2016 e, portanto, sem faturamento durante parte do

ano. Essas lojas não foram consideradas nas análises de regressão.

47

5.2.2 CARACTERÍSTICAS DAS LOJAS

5.2.2.1 A

A loja fica na Região dos Lagos, é uma loja grande que tem estacionamento grande

e uma clientela de baixo perfil socioeconômico. Tem concorrência acirrada com um mercado

muito próximo e um mix de produtos variado.

5.2.2.2 B

As lojas B, C e D ficam na mesma cidade e possuem baixa concorrência, apenas

de pequenos mercadinhos. A loja B é uma loja média e atende clientes de baixo perfil

socioeconômico. Tem um mix de produtos pouco variado.

5.2.2.3 C

C é uma loja pequena com clientela classe B. Possui um mix pouco menor que a

loja B.

5.2.2.4 D

D é uma loja grande. Perfil socioeconômico da clientela é médio com um mix de

produtos variado.

5.2.2.5 E

A loja E é média, tem grande estacionamento e atende clientes de baixo perfil

socioeconômico. Há forte concorrência com outros mercados da região. Mix de produto é

variado.

48

5.2.2.6 F

Loja média com estacionamento pequeno. Atende clientela classe C. Há forte

concorrência com um grande supermercado e uma feira próxima à cidade. Mix de produtos

pouco variado.

5.2.2.7 G

Loja pequena que atende classe A. Possui concorrência muito acirrada com

mercados próximos. Mix de produtos pouco variado.

5.2.2.8 H

As lojas H, I e J ficam na mesma cidade e atendem a população da região, classe B

e C, o ano todo, mas durante o verão atende aos turistas, classe A, e concorre com 2

mercados grandes. H é uma loja média com um estacionamento grande. Mix de produtos é

variado.

5.2.2.9 I

É uma loja grande com mix de produtos bem variado.

5.2.2.10 J

É uma loja grande com estacionamento e mix de produtos variado.

49

5.2.2.11 K

As lojas K, L e M tem concorrência acirrada com um mercado grande e um

atacarejo e durante a alta temporada atendem turistas com poder aquisição um pouco mais

alto. K é uma loja grande com um estacionamento pequeno. Seu mix de produtos é bem

variado para atender um público classe A, B e C.

5.2.2.12 L

L é uma loja grande com estacionamento grande. Seu mix de produtos é variado e

atende até a classe C.

5.2.2.13 M

Loja grande com estacionamento grande. Seu mix de produtos é variado e atende

classe B.

5.2.2.14 N

Loja pequena que atende classe B. Tem concorrência forte de um mercado muito

próximo e um mix de produtos pouco variado devido ao seu tamanho.

5.2.2.15 O

É uma loja grande que atende um público classe A e B. Tem um pequeno

estacionamento, um mix bastante variado e pouca concorrência.

50

5.2.2.16 P

É uma loja pequena que atende classe B. Possui forte concorrência com mercados

próximos e possui um mix variado de produtos.

5.2.2.17 Q

É uma loja grande com estacionamento grande que atende classe C. Há

concorrência acirrada com mercados próximos com bons preços. Mix de produtos variado.

5.2.2.18 R

R é uma loja pequena que atende a classe A. Tem concorrência forte de mercados

próximos e um mix pouco variado.

5.2.2.19 S

Loja grande com estacionamento grande que atende classe B. Há concorrência

com mercados da região.

5.2.2.20 T

Loja média que atende a classe A e B. Trabalha com um mix de produtos mais

limitado e concorre com mercado próximo.

5.2.2.21 U

51

Loja média que atende classe A e B. com um mix de produtos bem variado. Esta

unidade concorre com mercados próximos.

5.2.2.22 V

Pequena loja que atende classe A e B. Sofre com forte concorrência de mercados

próximos e tem limitado mix de produtos devido ao tamanho da loja.

5.2.2.23 W

Loja grande com estacionamento grande. Atende principalmente classe B e tem um

grande mix de produtos. Concorre com outros mercados da região.

5.2.2.24 X

Unidade média que atende classe C. Há um mix de produtos limitado e

concorrência com mercados próximos.

5.2.2.25 Y

É um mercado grande com pequeno estacionamento. Possui um mix variado de

produtos e concorre com alguns mercados próximos.

5.2.2.26 Z

É uma loja média com estacionamento grande que atende clientes de médio perfil

socioeconômico. Possui um mix variado de produtos e concorre acirradamente com

mercados nas proximidades.

52

5.2.2.27 Tabelas

Seguem tabelas1 e 2 com os dados referentes às lojas.

O mix de produtos varia numa escala de 1 a 5, com o mais variado equivalendo a 5

e o menos variado equivalendo a 1. Esses números foram disfarçados por questões de

confidencialidade, mas retratam a realidade.

O perfil socioeconômico, por questões de simplificar a variação de renda per capita

entre os diferentes locais, foi encaixado em uma escala de 1 a 3. Clientela classe A equivale

a 3, o B a 2 e C a 1; da mesma forma o estacionamento grande equivale a 3, o pequeno a 2

e sem estacionamento, 1;

TABELA 1 - TABELA DE DADOS. FONTE: DADOS FORNECIDOS PELA EMPRESA, 2016

Filiais M² Perfil SE Estacionamento Concorrência Mix

A 1000 1 3 4 3

B 500 1 1 1 2

C 400 2 1 1 2

D 700 2 1 1 3

E 600 1 3 3 2

F 500 1 2 3 2

G 400 3 1 4 2

H 500 3 3 3 3

I 800 3 1 3 4

J 700 3 3 3 3

K 900 2 2 4 4

L 700 1 1 4 3

M 900 1 3 4 3

N 400 3 1 3 2

O 900 3 2 1 5

P 400 3 1 3 3

Q 1000 1 3 4 3

R 300 3 1 3 2

S 800 2 3 2 4

T 500 3 1 2 1

U 600 3 1 2 4

V 300 2 1 3 1

W 1000 2 3 2 4

X 500 1 1 2 1

Y 700 2 2 2 3

Z 500 2 3 4 3

53

5.2.3 DADOS DE RESULTADOS FINANCEIROS

A seguir seguem tabela com os resultados financeiros, utilizados pela empresa

como KPIs das lojas e gráficos de ‘margem de contribuição descontada dos custos de cada

loja’ acumulada.

TABELA 2 - TABELA DE RESULTADOS. FONTE: DADOS FORNECIDOS PELA EMPRESA, 2016

Filial Faturamento Ticket Médio Margem Faturamento por M²

A 237,36 37,48 23% 0,24

B 330,14 36,92 32% 0,66

C 246,01 33,34 33% 0,62

D 215,16 38,02 32% 0,31

E 192,00 28,37 24% 0,32

F 319,44 45,87 30% 0,64

G 439,69 32,19 35% 1,10

H 263,73 40,23 34% 0,53

I 506,48 67,89 34% 0,63

J 142,98 61,45 33% 0,20

K 395,51 38,04 34% 0,44

L 244,00 35,48 31% 0,35

M 267,35 30,93 30% 0,30

N 327,62 28,84 35% 0,82

O 681,04 48,19 39% 0,76

P 474,57 39,45 38% 1,19

Q 332,94 29,16 32% 0,33

R 359,75 24,81 36% 1,20

S 296,81 45,16 31% 0,37

T 300,98 23,19 37% 0,60

U 482,51 33,69 39% 0,80

V 265,76 28,73 34% 0,89

W 583,83 61,76 31% 0,58

X 264,36 27,18 35% 0,53

Y 339,89 30,42 35% 0,49

Z 465,05 39,72 31% 0,93

54

GRÁFICO 2 - CONTRIBUIÇÃO ACUMULADA. FONTE: DADOS FORNECIDOS PELA EMPRESA, 2016

GRÁFICO 3 - CONTRIBUIÇÃO ACUMULADA – GRANDE RIO. FONTE: DADOS FORNECIDOS PELA

EMPRESA, 2016

55

GRÁFICO 4 - CONTRIBUIÇÃO ACUMULADA - REGIÃO DOS LAGOS. FONTE: DADOS FORNECIDOS PELA

EMPRESA, 2016

A tabela com KPI’s já deixa claro que as lojas tem desempenhos muito diferentes.

Há loja com faturamento acima de 600 e outras abaixo de 200. A margem de compra e

venda, por sua vez, varia de 23% até 39%, mostrando que o poder de geração de valor de

cada loja varia drasticamente. Ao analisar os gráficos de contribuição, fica evidente que as

performances das lojas são muito diferentes. Primeiramente nota-se que há lojas que

faturam mais de 100 unidades de faturamento, enquanto outras tem resultado negativo.

Além disso, percebe-se que os 10 mercados do Rio de Janeiro e Niterói somam um

faturamento quase 150 maior que da Região dos Lagos, apesar de ter menos de 2 terços

das lojas. Por esta razão, é importante estudar as origens destas diferenças para entender a

dinâmica existente no negócio e possibilitar que se saiba como trabalhar a expansão da

rede para alcançar os melhores KPI’s.

5.3 Resultados

De acordo com o método proferido no capítulo anterior (4), primeiramente, foram

analisadas as hipóteses sugeridas, com alguns comentários, e, posteriormente, analisadas

quais variáveis mais influenciam nos principais KPI’s das lojas.

56

Todas as plotagens de gráficos e as regressões realizadas para explicar os

resultados estão no Apêndice.

5.3.1 ESTACIONAMENTO AUMENTA TICKET MÉDIO?

A análise não demonstrou correlação entre estacionamento e ticket médio. Isso

significa que a hipótese de que o cliente adquire mais produtos por compra, por poder levar

as mercadorias dentro do carro ao invés de carregá-las, pode não estar correta.

5.3.2 ESTACIONAMENTO AUMENTA FATURAMENTO?

Esta análise também não demonstrou correlação entre estacionamento e

faturamento. O que fortalece a interpretação de que a relação de estacionamento com a

quantidade de compras pode não existir.

5.3.3 CONCORRÊNCIA DIMINUI MARGEM?

De fato, utilizando na regressão apenas a concorrência como variável explicativa

para margem, é evidente que existe uma relação, tanto analisando todas as lojas, como

analisando apenas Rio de Janeiro e Niterói. Isso quer dizer que a existência de concorrência

afeta a margem de uma loja negativamente, provavelmente pela competição de preços.

5.3.4 CONCORRÊNCIA DIMINUI TICKET MÉDIO?

Na Região dos Lagos, há uma forte correlação em conjunto com a variação de mix

de produtos, evidenciada por uma regressão linear múltipla. A presença de concorrência

causa queda do ticket médio, seja por baixa de preços ou divisão de compras dos clientes

entre os concorrentes, dando força à hipótese testada.

57

5.3.5 CONCORRÊNCIA DIMINUI FATURAMENTO?

A análise mostrou uma pequena correlação entre concorrência e faturamento, mas

outros fatores influem mais no faturamento. O que indica, na verdade, que o faturamento é

afetado negativamente pela concorrência, mas outros fatores explicam melhor o aumento ou

diminuição dele.

5.3.6 MIX DE PRODUTOS AUMENTA FATURAMENTO?

Sim, de acordo com as plotagens de dados, há fortíssima evidência visual (pela

formação de uma linha) de que o mix de produtos afeta positivamente o faturamento. O que

reforça a hipótese de que um maior número de opções de compra pode aumentar a receita

de uma loja.

5.3.7 MIX DE PRODUTOS AUMENTA TICKET MÉDIO?

Sim, de acordo com as regressões, há fortíssima evidência de que o mix de

produtos afeta positivamente o ticket médio. Também reforçando a hipótese de que um

maior número de opções de compra pode aumentar o faturamento médio por compra.

5.3.8 PERFIL SOCIOECONÔMICO AUMENTA MARGEM?

Os gráficos criados para analisar se o perfil tem relação com a margem indicaram

que, para todas as lojas da rede ou as do Rio de Janeiro e Niterói, há influência positiva na

margem com o aumento do perfil socioeconômico. O que pode confirmar que quanto maior

o poder aquisitivo do público-alvo, maior a disposição de pagar maiores margens pelos

produtos ou de comprar produtos supérfluos, que possuem maior margem.

58

5.3.9 PERFIL SOCIOECONÔMICO AUMENTA TICKET MÉDIO?

Na Região dos Lagos, isoladamente, quando o perfil socioeconômico é analisado

sendo única variável explicativa para ticket médio, apresenta forte correlação. Esta relação

indica que a hipótese de que clientes com mais dinheiro compram mais, e mais produtos

supérfluos, pode estar correta.

5.3.10 PERFIL SOCIOECONÔMICO AUMENTA FATURAMENTO?

Quando todas as lojas são analisadas juntas, o perfil socioeconômico apresenta

alta correlação com o faturamento. No Rio, quando analisado sendo única variável

explicativa, também. Isso indica que é muito provável que o perfil socioeconômico afeta o

faturamento positivamente, o que possibilita a interpretação de que, de fato, o público com

maior renda tende a gastar mais.

5.3.11 TAMANHO DA LOJA AUMENTA FATURAMENTO?

Nenhuma análise evidenciou esta relação. Desta forma, a conclusão pensada é que

o tamanho da loja não afeta diretamente o faturamento, mas indiretamente sim, uma vez

que possibilita um maior mix de produtos que, por sua vez, tem correlação com o

faturamento.

5.4 DIAGNÓSTICO

Com as regressões feitas, é possível identificar quais os parâmetros que tem maior

correlação com os resultados utilizados como KPI’s pela rede de supermercados.

59

5.4.1 FATURAMENTO

5.4.1.1 Mix de Produtos

O Mix de produtos apresentou os maiores coeficientes nas regressões geradas,

com variação de aproximadamente 320 unidades de medida de faturamento entre uma loja

com mix de produtos limitado e uma loja com o mix bastante variado, o que quer dizer que

esta variável tem um grande impacto no faturamento de uma loja. De fato, pode-se observar

que das 5 lojas com maior mix de produtos, 4 são as maiores em faturamento da rede (Lojas

O, W, I e U). Além disso, comparando essa variação com o faturamento das lojas, podemos

notar que é uma variável muito relevante, já que, mesmo para a loja com maior faturamento,

320 unidades é uma quantia alta.

Nota-se que esta variável tem limitações. Para que uma loja tenha uma gama maior

de produtos, é necessário espaço de frente de gôndola, portanto, maior precisa ser a área

de venda da unidade.

5.4.1.2 Perfil Socioeconômico

Também com muita influência no faturamento, o perfil socioeconômico consegue

explicar variações em torno de até 120 unidades de faturamento. As lojas O, I, U e P estão

entre as lojas com melhor nível socioeconômico de público-alvo e estão entre os 5 maiores

faturamentos da rede de supermercados.

5.4.1.3 Concorrência

A concorrência, dentre as variáveis que apresentaram possível relação com o

faturamento, foi a que teve a menor correlação, com a regressão não aderindo muito bem à

amostra, mas apresentou uma variação negativa de 110 unidades de receita com o aumento

de menor nível de concorrência para o maior, que pode representar mais da metade do

faturamento da pior loja (E, com 191 de faturamento).

60

5.4.2 TICKET MÉDIO

5.4.2.1 Mix

O ticket médio de uma loja parece sofrer grande influência do mix de produtos nela

presente. Quanto maior o mix, maior o ticket médio. A variação entre uma loja com o mix

mais variado para o menos variado pode causar uma diferença de cerca de 25 reais, em

média, considerando todas as lojas da rede na regressão. Na análise do Rio de Janeiro o

ticket varia um pouco menos, mas na Região dos Lagos essa diferença pode chegar a 34

reais. Esta variável parece ser muito importante, pois 34 reais pode mais do que dobrar o

ticket médio das lojas com menor mix.

5.4.2.2 Perfil Socioeconômico

Na região dos Lagos, o perfil socioeconômico mostrou ter influência do ticket médio

das lojas. Regiões mais ricas parecem gastar 20 reais a mais por compra que regiões mais

carentes.

5.4.2.3 Concorrência

A concorrência na Região dos Lagos foi citada como um grande problema nas

conversas com gerentes. Na análise de regressão foi confirmado que na Região dos Lagos,

uma loja com maior concorrência pode diminuir o ticket médio em até 16 reais, comparando

com uma em área pouco concorrida.

5.4.2.4 Área de venda

A área de vendas, de acordo com a regressão com todas as lojas da rede, mostra

que a média de ticket médio das menores lojas é aproximadamente 14 reais a menos que

das maiores lojas. Isso pode ter acontecido, pois o mix de produtos tende a ser maior em

lojas maiores.

61

5.4.3 MARGEM

5.4.3.1 Perfil Socioeconômico

O perfil socioeconômico é o fator que melhor explica a margem de contribuição

sobre o faturamento. Um mercado numa área com alto perfil socioeconômico gera margem

em torno de 6% maior que uma loja numa região mais carente. Em um universo em que as

margens variam entre 39% e 24%, sendo 30% o nível mínimo aceitável para uma boa

operação, de acordo com os gestores, a relevância deste fator é grande.

5.4.3.2 Concorrência

A concorrência também mostrou ter grande influência na margem, com variação

média de 5% entre as lojas com menores níveis de concorrência e as lojas com maiores.

5.4.3.3 Estacionamento

Estranhamente, a existência de estacionamento, que supostamente agrega valor ao

empreendimento, ficou inversamente proporcional à margem da loja. O efeito desta

presença de local para estacionar na margem é grande, sendo esta, em média, 4% maior

nos mercados sem estacionamento.

Após investigar o que pode ter gerado essa informação, é notável que as lojas que

possuem estacionamento são em sua maioria lojas que sofrem com bastante concorrência e

em cidades com perfil socioeconômico mais baixo, como as lojas A, E, M e Q, onde, não por

acaso, o aluguel de espaço para usar como estacionamento é barato. Desta forma, o que

causou essa influência negativa possivelmente não foi o estacionamento em si, mas o fato

de haver estacionamentos justamente em lojas em situações “problemáticas”.

62

5.5 CONSIDERAÇÕES A PARTIR DOS RESULTADOS

Ao levar os resultados da análise para a empresa, foram debatidas as hipóteses

defendidas pelos gerentes para tornar mais claras as influências que as características de

uma loja podem ter em seu resultado. Assim, pôde-se abrir campo para estudos apoiados

pela alta gestão, que procuram, com maior profundidade, como gerar melhores resultados.

5.5.1 MIX DE PRODUTOS

O mix de produtos é uma variável muito importante porque ela apresenta opções ao

consumidor. O consumidor que tem menor poder aquisitivo terá maiores chances de

encontrar produtos de menor qualidade, mas mais baratos, e efetuar a compra. Poderia não

comprar, caso fosse um produto mais caro, e ir procurar em outro mercado. Para pessoas

que tem marcas favoritas, a probabilidade de encontrar as que estão procurando é maior.

Para pessoas que querem experimentar produtos diferentes, há diferentes marcas de um

mesmo produto.

Isso tudo possibilita um aumento de ticket médio e, consequentemente, de

faturamento na mesma proporção.

Obviamente, espaço de frente de gôndola é muito valorizada pelos fornecedores de

mercadorias. Eles sempre querem mais dos melhores locais, o que pode tornar um aumento

de mix conflitante, uma vez que acordos comerciais podem ser prejudicados.

O mix de produtos, além disso, é limitado pelo espaço físico da loja. Quanto maior a

loja, maior pode ser o mix, em contrapartida, maiores serão os custos de mantê-la.

5.5.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO

O perfil socioeconômico é importante, pois define a propensão do cliente a

consumir e a sua sensibilidade a diferenças de preço. Um cliente com maior poder

aquisitivo, geralmente, consome mais e em maior variedade e de melhor qualidade.

Clientes com perfil socioeconômico mais alto tende a consumir mais e desperdiçar

mais. Provavelmente tem a geladeira cheia de produtos e não raramente joga algo que

63

passou da validade ou que não gostou no lixo. Isso pode indicar que quando ele for ao

mercado, irá comprar mais produtos, o que aumenta o faturamento e ticket médio.

Além disso, clientes com maior poder aquisitivo consomem mais itens não

essenciais, que tem maior margem de contribuição para o mercado do que produtos

essenciais, além de aumentar o ticket médio e faturamento.

Por fim, esse público tem menor sensibilidade a preço, o que resulta em uma

diminuição do efeito da concorrência em regiões de maior renda.

5.5.3 CONCORRÊNCIA

Em lugares em que a população tem menor renda, um mercado com preços

menores é um concorrente muito perigoso, uma vez que a sensibilidade a preço nessa

região tende a ser maior, reduzindo seu faturamento, através do número de compras.

O ticket médio também tende a diminuir, uma vez que haja vantagem em preço em

apenas alguns dos produtos. O cliente pode comprar os que estão mais baratos na sua loja

e os que estão mais baratos na loja concorrente.

Como para aumentar a competitividade em situações com concorrência há a

diminuição de preços, a margem de venda dos produtos também é prejudicada.

5.5.4 ÁREA DE VENDA

A variável área de venda não parece ser um fator importante, mas é ela que limita a

extensão do mix de produtos. Portanto, para melhorar os KPI’s faturamento e ticket médio

de uma loja, é necessária uma estrutura que possibilite grande variedade de produtos.

5.5.5 ESTACIONAMENTO

A análise teve como resultado uma relação inesperada. O estacionamento abaixa a

margem de compra e venda.

64

Uma explicação para isso pode ser relacionada à disponibilidade de espaço para

aluguel, que pode indicar pouco valor comercial no local. A existência de grandes

estacionamentos em mercados com concorrência de varejistas baratos na região dos lagos

juntamente com um perfil socioeconômico baixo pode ter gerado um ambiente comum com

estacionamento e margem de contribuição baixa, resultando nessa relação.

Outra possibilidade é que o estacionamento possibilita que um cliente vá a diversos

supermercados, aproveitando as promoções de cada um. Desta forma, se um cliente vai ao

mercado e só compra produtos que estão em promoção, a margem de contribuição se torna

menor. Isso haveria mais chance de acontecer em locais com famílias de menor renda, que

aproveitam ao máximo oportunidades de economizar. Esse pode ser o caso dos mercados

na Região dos Lagos, que apresentaram a correlação da presença de estacionamento com

diminuição da margem.

Ainda sobra alguma chance de ter ocorrido uma correlação acidental, mas não se

pode ter certeza disso.

5.5.6 UMA PROPOSTA DE LÓGICA SUBJACENTE À EXPANSÃO DA REDE

Dadas as relações descobertas entre as variáveis estudadas e os KPI’s utilizados

no setor supermercadista, podemos descrever o que seria uma proposta de supermercado

para a empresa estudada com potencial para gerar bons resultados. Para isso, podemos

citar as características que possuem preferência para futuras expansões.

Novas lojas preferivelmente teriam um mix de produtos bastante variado, se

possível localizando-se em uma região onde mora população com alta renda, em um

quarteirão sem outros mercados muito próximos. Desta forma, seriam maximizados

faturamento, ticket médio e margem, como ocorre com as lojas O e U. Importante destacar

que, em regiões com melhor nível socioeconômico, a concorrência não mostrou, neste

trabalho, ser tão relevante quanto os outros fatores, ainda possibilitando bons resultados

mesmo sendo alta, como nas lojas P, G e I.

Caso não seja possível estabelecer uma loja em bairro nobre, a concorrência pode

ser determinante no desempenho da loja, então, seria interessante saber se há concorrência

próxima e se ela tem preço baixo. Se houver chance de ocorrer uma guerra de preços, não

é inteligente abrir uma loja próxima, pois se perde em todos os KPI’s, visto lojas como A, E e

L.

65

Nota-se que o mix de produtos deve variar de acordo com o perfil socioeconômico

do local, refletindo as preferências de qualidade de cada público. Além disso, para uma loja

ter um mix de produtos amplo, é preciso espaço, portanto, uma área de venda maior pode

ser necessária.

66

6 CONCLUSÃO

Este trabalho contribuiu com aprendizado sobre a dinâmica no setor

supermercadista. O contato com os gerentes da rede de supermercados possibilitou uma

troca de informações muito rica, com o peso da experiência de cada um.

Espera-se que, com esse estudo, tenha ficado mais claro como as variáveis

estudadas, características de uma loja da rede de supermercados, se tornam fundamentais

para criar expectativas e explicações para os resultados obtidos pela empresa. Que essa

compreensão sobre quais fatores mais afetam os resultados das lojas seja útil nas futuras

expansões da organização.

Infelizmente, a complexidade do negócio e a ausência de bases de dados

sistematizadas disponíveis limitou o estudo às variáveis mais palpáveis. Fatores como

qualidade de gestão, treinamento de pessoal, limpeza, arrumação e disposição de produtos

de uma loja e nível de serviço não foram analisados neste trabalho pela dificuldade de se

quantificar esses conceitos.

Por fim, é possível que este trabalho possa fomentar futuros estudos na empresa,

uma vez que nas conversas com gestores foram discutidos diversos tópicos, além dos

tratados neste trabalho.

Pode-se mostrar, a partir dos resultados do trabalho, que é importante focar os

próximos esforços para entender melhor a dinâmica entre mix de produtos, perfil

socioeconômico e concorrência, uma vez que evidenciaram relevantes relações com o

resultado de cada loja. Entender verdadeiramente como esses fatores funcionam e como a

empresa pode agir em prol do aproveitamento deles, tanto com refinamento da estrutura

existente ou futuras expansões, poderia gerar um grande diferencial para a empresa em

termos estratégicos de operação. Análises mais aprofundadas e profissionalizadas com a

supervisão de consultorias, neste sentido, poderiam gerar valiosos ganhos de conhecimento

privilegiado que possibilitariam tomadas de decisão mais bem fundadas e estruturadas.

67

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71

8 APÊNDICE A

GRÁFICOS DE PLOTAGEM E TABELAS DE REGRESSÃO

Os gráficos contem, em azul, os pontos que representam os dados das lojas estudadas e

em vermelho os pontos previstos pela regressão. É visível que há aderência do modelo

quando os pontos azuis se alinham e há sobreposição de pontos.

ANÁLISE 1: Estacionamento x Ticket Médio

Todas as Lojas

Rio de Janeiro e Niterói

72

Região dos Lagos

73

ANÁLISE 2: Estacionamento e Faturamento

Todas as Lojas

Rio de Janeiro e Niterói

74

ANÁLISE 3: Concorrência e Margem de Contribuição

Todas as Lojas

Estatística de regressão Estatística de regressão

R múltiplo 0,44371

R-Quadrado 0,19688

R-quadrado ajustado 0,15864

Erro padrão 0,03677

Observações 23,00000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,00000 0,00696 0,00696 5,14806 0,03393

Resíduo 21,00000 0,02839 0,00135

Total 22,00000 0,03535

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 0,37764 0,02177 17,34780 0,00000 0,33237 0,42291 0,33237 0,42291

Concorrência -0,01688 0,00744 -2,26893 0,03393 -0,03234 -0,00141 -0,03234 -0,00141

RESUMO DOS RESULTADOS

Rio de Janeiro e Niterói

75

ANÁLISE 4: Concorrência e Ticket Médio

Região dos Lagos

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 1 2 3 4 5

Tick

et

Concorrência

Concorrência e Ticket Médio

Ticket

Previsto(a) Ticket

Estatística de regressão

R múltiplo 0,773528

R-Quadrado 0,598345

R-quadrado ajustado 0,525317

Erro padrão 8,252499

Observações 14,000000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 2,000000 1115,997008 557,998504 8,193360 0,006625

Resíduo 11,000000 749,141214 68,103747

Total 13,000000 1865,138222

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 23,657789 8,145008 2,904575 0,014327 5,730748 41,584830 5,730748 41,584830

Mix 11,617857 2,898355 4,008431 0,002056 5,238620 17,997093 5,238620 17,997093

Concorrência -5,522315 2,331909 -2,368152 0,037273 -10,654812 -0,389818 -10,654812 -0,389818

RESUMO DOS RESULTADOS

76

ANÁLISE 5: Concorrência e Faturamento

Todas as Lojas

Estatística de regressão

R múltiplo 0,2355

R-Quadrado 0,0555

R-quadrado ajustado 0,0105

Erro padrão 122,7754

Observações 23,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,0000 18.588,8402 18.588,8402 1,2332 0,2793

Resíduo 21,0000 316.549,5449 15.073,7879

Total 22,0000 335.138,3851

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores95% superioresInferior 95,0%Superior 95,0%

Interseção 437,2900 72,6902 6,0158 0,0000 286,1224 588,4577 286,1224 588,4577

Concorrência 27,5818- 24,8374 1,1105- 0,2793 79,2341- 24,0705 79,2341- 24,0705

RESUMO DOS RESULTADOS

77

ANÁLISE 6: Mix de Produtos e Faturamento

Todas as Lojas

Estatística de regressão

R múltiplo 0,6878

R-Quadrado 0,4731

R-quadrado ajustado 0,4480

Erro padrão 91,6994

Observações 23,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,0000 158.554,0399 158.554,0399 18,8558 0,0003

Resíduo 21,0000 176.584,3452 8.408,7783

Total 22,0000 335.138,3851

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 146,5022 53,1275 2,7576 0,0118 36,0176 256,9868 36,0176 256,9868

Mix 79,8463 18,3879 4,3423 0,0003 41,6065 118,0860 41,6065 118,0860

RESUMO DOS RESULTADOS

78

ANÁLISE 7: Mix de Produtos e Ticket Médio

Todas as Lojas

Estatística de regressão

R múltiplo 0,6471

R-Quadrado 0,4187

R-quadrado ajustado 0,3910

Erro padrão 8,5303

Observações 23,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,00 1.100,70 1.100,70 15,13 0,00

Resíduo 21,00 1.528,10 72,77

Total 22,00 2.628,80

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 18,6706 4,9422 3,7778 0,0011 8,3928 28,9484 8,3928 28,9484

Mix 6,6527 1,7105 3,8893 0,0008 3,0955 10,2100 3,0955 10,2100

RESUMO DOS RESULTADOS

79

ANÁLISE 8: Perfil Socioeconômico e Margem de Contribuição

Todas as Lojas

Estatística de regressão

R múltiplo 0,7359

R-Quadrado 0,5415

R-quadrado ajustado 0,5196

Erro padrão 0,0278

Observações 23,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,00 0,02 0,02 24,80 0,00

Resíduo 21,00 0,02 0,00

Total 22,00 0,04

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 0,2628 0,0150 17,5707 0,0000 0,2317 0,2939 0,2317 0,2939

Perfil SE 0,0336 0,0067 4,9799 0,0001 0,0196 0,0476 0,0196 0,0476

RESUMO DOS RESULTADOS

Rio de Janeiro e Niterói

80

ANÁLISE 9: Perfil Socioeconômico e Ticket Médio.

Região dos Lagos

Estatística de regressão Estatística de regressão

R múltiplo 0,6240

R-Quadrado 0,3894

R-quadrado ajustado 0,3386

Erro padrão 9,7416

Observações 14,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,00 726,35 726,35 7,65 0,02

Resíduo 12,00 1.138,78 94,90

Total 13,00 1.865,14

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 23,9161 6,1907 3,8632 0,0023 10,4278 37,4044 10,4278 37,4044

Perfil SE 9,8883 3,5742 2,7666 0,0171 2,1008 17,6758 2,1008 17,6758

RESUMO DOS RESULTADOS

81

ANÁLISE 10: Perfil Socioeconômico e Faturamento

Todas as Lojas

Estatística de regressão Estatística de regressão

R múltiplo 0,5399

R-Quadrado 0,2915

R-quadrado ajustado 0,2578

Erro padrão 106,3344

Observações 23,0000

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1,0000 97.691,1015 97.691,1015 8,6399 0,0078

Resíduo 21,0000 237.447,2836 11.307,0135

Total 22,0000 335.138,3851

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%

Interseção 206,6338 57,2375 3,6101 0,0016 87,6018 325,6657 87,6018 325,6657

Perfil SE 75,9030 25,8229 2,9394 0,0078 22,2013 129,6048 22,2013 129,6048

RESUMO DOS RESULTADOS

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ANÁLISE 11: Tamanho da Loja e Faturamento

Todas as Lojas