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1 DESCRIPCIÓN DE LA INSTITUCIÓN Escola Municipal Orsina da Fonseca Região: Sudeste Município: Rio de Janeiro – RJ Título da experiência: “Alunos jovens e adultos com deficiência e o repensar da educação para todos” Autoras: Paula de Carvalho Fragoso Oliveira, Rose Emilia Antunes e Tereza Cristina Cupello da Silva Esta Experiência Educacional Inclusiva tem como ponto de partida o ingresso cada vez mais freqüente de jovens e adultos com deficiência em turmas da Escola Municipal Orsina da Fonseca, localizada na 2ª Coordenadoria Regional de Educação no Município do Rio de Janeiro (2ª CRE), no bairro da Tijuca, Zona Norte da cidade. Mais especificamente, a preocupação de professores pode ser indicada na seguinte questão: Que lugar ocupa o aluno jovem e adulto com deficiência nas turmas de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola? Observa-se a necessidade dos grupos de professores redesenharem novos perfis em relação ao conceito de inclusão, onde parecem caber negociações e renegociações do que seja a diferença a ser incorporada na sala de aula e, também, de quais sejam os modos de agir, o saber prático de que lançam mão os professores e os alunos diante do trabalho com diferentes necessidades. Persiste o ideal de aluno que copia do quadro, escreve a lápis e caneta no caderno, possui desenvoltura oral (fala) e autonomia. Questiona-se, afinal, o que se espera deste aluno em termos de desempenho escolar. Barreiras de comunicação e de acesso à informação geram conseqüências no processo de inserção do aluno, uma vez que o avanço deste aluno em seus estudos, ou a descrença e a inviabilidade deste avanço nesta turma e escola podem ficar subordinadas aos resultados dos contatos com o ambiente escolar e do que se imagina serem facilitações e ajudas oferecidas às pessoas com deficiência. A partir de mudanças em políticas públicas educacionais que em relação ao aluno jovem e adulto com deficiência têm investido na inserção social e educacional deste alunado, apresenta-se um panorama de ensaios e experiências para escolarização de qualidade. UBICACIÓN GEOGRÁFICA CONTEXTO INSTITUCIONAL

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DESCRIPCIÓN DE LA INSTITUCIÓN

Escola Municipal Orsina da Fonseca

Região: SudesteMunicípio: Rio de Janeiro – RJTítulo da experiência: “Alunos jovens e adultos com deficiência e o repensar da educação para todos” Autoras: Paula de Carvalho Fragoso Oliveira, Rose Emilia Antunes e Tereza Cristina Cupello da Silva

Esta Experiência Educacional Inclusiva tem como ponto de partida o ingresso cada vez mais freqüente de jovens e adultos com deficiência em turmas da Escola Municipal Orsina da Fonseca, localizada na 2ª Coordenadoria Regional de Educação no Município do Rio de Janeiro (2ª CRE), no bairro da Tijuca, Zona Norte da cidade. Mais especificamente, a preocupação de professores pode ser indicada na seguinte questão: Que lugar ocupa o aluno jovem e adulto com deficiência nas turmas de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola?

Observa-se a necessidade dos grupos de professores redesenharem novos perfis em relação ao conceito de inclusão, onde parecem caber negociações e renegociações do que seja a diferença a ser incorporada na sala de aula e, também, de quais sejam os modos de agir, o saber prático de que lançam mão os professores e os alunos diante do trabalho com diferentes necessidades.

Persiste o ideal de aluno que copia do quadro, escreve a lápis e caneta no caderno, possui desenvoltura oral (fala) e autonomia. Questiona-se, afinal, o que se espera deste aluno em termos de desempenho escolar.

Barreiras de comunicação e de acesso à informação geram conseqüências no processo de inserção do aluno, uma vez que o avanço deste aluno em seus estudos, ou a descrença e a inviabilidade deste avanço nesta turma e escola podem ficar subordinadas aos resultados dos contatos com o ambiente escolar e do que se imagina serem facilitações e ajudas oferecidas às pessoas com deficiência.

A partir de mudanças em políticas públicas educacionais que em relação ao aluno jovem e adulto com deficiência têm investido na inserção social e educacional deste alunado, apresenta-se um panorama de ensaios e experiências para escolarização de qualidade.

UBICACIÓN GEOGRÁFICA

CONTEXTO INSTITUCIONAL

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DESCRIPCIÓN DE LA INSTITUCIÓN

Esta perspectiva de ação está demarcada no momento atual da política de inclusão no município do Rio de Janeiro, que é orientada pelo Instituto Municipal Helena Antipoff 1 (IHA), nível central da Secretaria Municipal de Educação, em relação à discussão da escolaridade no Ensino Fundamental dos jovens e adultos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

1 Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA), Centro de Referência em Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro, responsável pela implementação de ações e acompanhamento de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-mento e altas habilidades.

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

Os grupos de professores da escola envolvidos nesta Experiência Educacional Inclusiva com o foco na valorização do jovem e adulto com deficiência são a seguir elencados:

nProfessores regentes de 6º ao 9º ano do diurno e professores regentes da Educação de Jovens e Adultos do noturno e Direção Escolar. nProfessores de Atendimento Educacional Especializado (AEE). nProfessora Intérprete de LIBRAS. O grupo de professores do Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA) envolvido nesta Experiência Inclusiva foram os seguintes: nProfessores da Equipe de Acompanhamento (IHA) responsáveis pela 2ª CRE – Profes sores para dinamizar reuniões e palestras aos professores de Turma Comum e alunos com foco em Educação Especial/ Inclusiva; nProfessor de Informática para introdução ao Dosvox (IHA) – Professor para dinamizar o uso de computadores e outros equipamentos na escola. nProfessoras do Centro de Transcrição a Braille (CTB) – Professoras encarregadas de transcrever apostilas de revisão e livros didáticos para o braile. Foram definidas parcerias ao longo da Experiência Educacional Inclusiva (2008-2009). A seguir delimitam-se os pontos principais das parcerias consolidadas: n Entre as diretoras das escolas (início e término do Ensino Fundamental) – E. M. Consel heiro Mayrink (da Educação Infantil ao 5º ano) e E.M. Orsina da Fonseca (do 6º ano ao 9º ano e EJA). Na Prática: Visitas de TODOS os alunos para apresentação do novo es paço escolar para continuidade dos estudos. nEntre as Professoras de Salas de Recursos (AEE) e Equipe IHA nos Centros de Estudos (CE). Na Prática: Professoras de turma comum anteriores e professores de AEE e de Equipe IHA convidados a palestrar em CE. nEntre a Professora de Itinerância e Famílias de alunos de EJA. Na Prática: Apresentação do espaço escolar, medidas que privilegiem independência e autonomia dentro e fora do espaço escolar.

2 O Relato de experiência da Escola Muncipal Orsina da Fonseca foi redigido pela participante Cristiane Taveira (Equipe IHA) que esteve envolvida nas etapas narradas nesta apresentação. Devido a extensão da iniciativa e ao número de participantes a professora Cristiane Taveira elaborou o presente texto a partir das falas e dos dados coletados ao longo da proposta. Pro-fessora Paula Fragoso foi revisora do texto.

EQUIPE DE TRABALHO 2

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

Escola Municipal Orsina da Fonseca

nDe Aulas do Professor de Informática IHA para introdução do Dosvox 3. Na Prática: Incentivo ao estudo e pesquisa utilizando o Laboratório de Informática da escola. Orientação na aquisição de fones, MP3 para gravar aulas, arquivos digitalizados de matérias para estudo. nEntre AEE e IHA. Na Prática: Articulação entre todos os serviços de acompanhamen- to - Sala de Recursos e Itinerância - circulando informações sobre o processo escolar dos alunos para garantir a produção de materiais e apoios. n Entre a Professora Intéprete de Libras e a Professora Itinerante de EJA da própria E.M. Orsina da Fonseca em atividades dentro e fora da escola em relação a Deficiên cia Auditiva/ Surdez. Na Prática: Dinâmica das aulas da turma comum como intér- prete e itinerante e no fortalecimento do grupo de surdos em visitações à outras escolas e passeios e cursos com os alunos.

3 Dosvox é um software criado por José Antonio dos Santos Borges e Marcelo Pimentel Pinheiro. O programa é um sistema operacional, com base em DOS que trabalha com sintetização de voz para leitura de e-mails, páginas de internet, escrita de textos, comu-nicação, jogos e outros tipos de aplicações. Disponível em: < http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/>.

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

POPULAÇÃO BENEFICIADA

Dados da Escola ANO 2008

n32 Turmas n949 Alunos n20 Alunos com deficiência e transtornos do desenvolvimento n5 TGD n2 DF n6 DI n5 DV n2 DA / SURDEZ

Dados da Escola ANO 2009

n20 Turmas n710 Alunos n25 Alunos com deficiência e transtornos do desenvolvimento n4 TGD n2 DF n9 DI n6 DV n4 DA / SURDEZ

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

OBJETIVO GERAL DA EXPERIÊNCIA

DESCRIÇÃO DETALHADA DO DESENVOLVIMENTO

DA EXPERIÊNCIA

Construir e consolidar, coletivamente, o lugar do aluno com deficiência jovem e adulto em classes comuns de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Orsina da Fonseca., além de validar iniciativas de alunos e professores.

A divisão das iniciativas pode ser observada em três grandes eixos que não se esgotam nesta descrição.

1º) O jovem com deficiência visual de 6º ao 9º ano: As iniciativas em Tecnologia Assistiva (TA) e a relação com os pares videntes.2º) O jovem surdo na escola: As iniciativas na formação de Grupo de Surdos e a articulação com jovens e adultos ouvintes.3º) Jovens e adultos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento na Educação de Jovens e Adultos noturna: As adaptações metodológicas pertinentes a faixa etária e as múltiplas experiências da clientela de EJA.

O domínio em relação a Educação Especial e a tomada de decisão cada vez mais autônoma pelos professores e alunos está se consolidando na Escola Municipal Orsina da Fonseca, mas o resgate do percurso deste aprendizado com as diferenças é o foco deste trabalho.

EIXO 1 e 2: O contexto dos alunos cegos, com baixa visão e os grupos de surdosA autora Rita Bersch (2008) nos aponta o intenso uso de tecnologia em nosso dia-a-dia para tornar nossa vida mais simples e fácil. Utilizamos canetas, tesouras, computadores, controle remoto, celulares. Estes elementos já estão imersos e assimilados em nosso dia a dia e fazem parte de nossa formação cognitiva, afetiva e social.

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

Escola Municipal Orsina da Fonseca

A Tecnologia Assistiva4 (TA) deve ser então entendida como equipamentos, serviços, estra-tégias e práticas que precisam ser planejadas e aplicadas na promoção e ampliação de uma habilidade funcional deficitária, distante do que é interpretado como essencial pelo grupo ao qual o indivíduo se insere.

Neste sentido há que se ter uma discussão sobre valores e modelos de cultura em jogo no ambiente escolar quanto ao que seja normalidade, para que não se pretenda solicitar ações dispensáveis como, por exemplo, elencar a tecnologia assistiva para suprir ou alavancar certa habilidade, desconsiderando o desejo do aluno (TAVEIRA & ROSADO, 2009).

A partir da atuação conjunta do professor de informática para introdução ao Dosvox, Professor Marcio Maciel da Silva e professores de AEE discutiram modos de se lidar com a inserção de tecnologias derivadas da computação digital no meio escolar e deste modo a iniciativa de abertura da Sala de Informática ao acesso ao Dosvox.

A princípio, a utilização do Dosvox, na escola, nos primeiros anos de implementação da proposta, em 2008-2009, ficou restrito aos dias de prova e/ou testes e às aulas de informática.

Numa segunda frente de trabalho, arquivos digitalizados dos livros didáticos das matérias que os alunos estivessem encontrando maiores dificuldades foram disponibilizados em CD ou passados para MP3 com auxílio do professor de informática. Numa terceira frente de trabalho, os cadernos de revisão são transcritos para o braile pelo CTB. Os recursos de transcrições de textos diários que são passados, além do livro didático, são providenciados pelos professores de AEE.

4Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a fun-cionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII, 2007). Ata de constituição do CAT pode ser acessada em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/comite_at.asp

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

Numa quarta frente de trabalho, a tarefa de reconhecer o ambiente da escola foi liderada por várias iniciativas. Umas com continuidade e outras não aprovadas pelo alunado cego ou com baixa visão. A professora Solange de Almeida na matéria de botânica teve a iniciativa de mapear com os alunos as árvores da escola o que poderia auxiliar na orientação dos cegos. O Professor Alexandre Pires da Silva, que dá aulas de Educação Física fez com que todos os alunos numa das primeiras aulas usassem vendas: “Assim os que enxergam têm uma noção de como é o mundo para quem não tem visão”. No decorrer das iniciativas foi percebido que para orientação na quadra de esportes e compreensão de jogos era necessária uma familia-rização particularizada com os objetos que seriam utilizados e com o espaço a ser usado antes de colocar o jogo em prática com TODOS.

A quinta e mais importante frente de trabalho: O planejamento das aulas com a ciência das diferenças em sala de aula (o maior desafio enfrentado). Professores de disciplinas a partir da inserção de alunos com deficiência visual providenciaram materiais previamente adaptados tais como maquetes, experiências no Laboratório de Ciências com materiais para percepção tátil pensados para os alunos cegos e de baixa visão, mas que motivavam aos outros alunos. A professora de Ciências Solange de Almeida Cardoso relata que um dos aspectos mais intere-ssantes da educação inclusiva é que, ao repensar suas aulas para os alunos com deficiência, o professor se vê, automaticamente, repensando o conteúdo para todos: “As aulas ficaram mais dinâmicas.”

O envolvimento da aluna representante, agente de inclusão escolar encorajando a defesa aos direitos dos colegas com deficiência e, ao mesmo tempo, as oscilações e conflitos entre os adolescentes manifestos na diminuição das ajudas oferecidas a estes colegas e na exposição de outras ordens de preconceitos (de deficiência, de gênero, étnico-racial, orientação sexual) mostraram que o trabalho com a tolerância e o respeito a diferença é uma constante.

Para finalizar, fica ainda mais claro com a inserção do surdo na escola que comunicar-se é utilizar-se de instrumentos que o mundo dispõe (linguagem e objetos) para acessar o pensa-mento e a expressão do outro. Pergunta-se então: os alunos estão se comunicando bem? É preciso então pensar em cada aluno e seu contexto, assim como o uso dos canais sensoriais que possui (LAPLANE & BATISTA, 2008, p. 215-216).

Para acrescentar mais informação ao aluno, seja dando acesso a imagem por meio de tex-turizações ou descrições (o que facilita o aluno com deficiência visual), ou fornecendo mais recursos imagéticos a escola (o que facilita o aluno com deficiência intelectual, o aluno com autismo e o aluno surdo) e “dar a voz” ao jovem surdo, destaca-se a parceria do AEE.

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

As Professoras Rosana de Carvalho Moraes, intérprete de LIBRAS e Paula de Carvalho Fragoso, Itinerante de Jovens e Adultos delimitam como prioridade o acesso a LIBRAS por meio de oficinas e de seu uso na escola e fora desta. Ambas as professoras auxiliam a Equipe IHA para que os jovens surdos sejam introduzidos em grupos nas escolas, evitando que o aluno surdo seja trabalhado de forma isolada.

A Língua Portuguesa que circula no dia-a-dia da sala de aula é mediada por recursos visuais e pela LIBRAS na escola. Nesse modelo, o que se propõe é que sejam aprendidas duas línguas, a língua de sinais e, secundariamente, a língua do grupo majoritário (LACERDA & GÓES, 2000, p. 59).

Conforme a Professora Paula Fragoso sinaliza “É preciso mostrar que a prática inclusiva é possível” e para cumprir esta meta a professora de AEE utiliza objetos manipuláveis, faz demonstrações que envolvem o grupo de jovens, cria roteiros orientadores e mostra técnicas de estudos. Iniciativas muitas vezes construídas na urgência das situações são absorvidas pelos professores de Turma Comum.

EIXO 3: O contexto dos alunos na EJA Numa primeira frente de trabalho a(s) forma(s) como se efetiva(m) a inserção de alunos com defi-ciência na Educação de Jovens e Adultos tendo em vista a faixa etária e os interesses destes alunos precisaram ser discutidas com os professores de turma comum.

Necessário entender que ao aluno jovem e adulto com deficiência, por vezes, é oferecida proposta curricular que desconsidera a faixa etária. No caso da EJA os aspectos de pertença ao mundo jovem e adulto com suas expectativas e seus conflitos são considerados pelos professores nas práticas pe-dagógicas.

Numa segunda frente de trabalho articulada a esta primeira está a discussão sobre os jovens e adultos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento. Principalmente em relação as diferentes formas de comportamento, do modo de estar no mundo. Discussões privilegiadas com os próprios alunos e pares e com os professores que por vezes se angustiam com diferen-tes manifestações e no saber lidar.

Paula Fragoso destaca: “Não informamos tudo sobre a história de vida do aluno (os dados clínicos não são enfatizados) ao professor regente de turma comum para não criar um rótulo no indivíduo ou baixa expectativa.”

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DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA

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Vejamos a forma de inserção da aluna na EJA que ilustra esta busca pela compreensão de ambas as partes professor-aluno, a seguir:

Deu um pouco de insegurança que às vezes dá... É normal não é? Quer dizer: É nor-mal para as outras pessoas, mas não é normal pra gente não é? Então a gente fica mais em dúvida, sabe? Então minha mãe foi me apresentar. A Bia [professora] pen-sou que a aluna era ela[a mãe], né? Saí correndo... Eu estava com medo, completa-mente... Quando minha mãe foi olhar: “Cadê a Maria?” Se mandou...Eles [os professores] estão se esforçando muito porque não é fácil, né? Mas eles es-tão estudando... Cada vez eles estão se dedicando, cada vez eles estão tentando compreender este mundo da gente. Cada vez eles estão tendo confiança neles mesmos. Porque eles são profissionais. Eles sabem conduzir. Se eles estudaram, se eles se dedicaram, se eles estão aqui hoje é porque eles são profissionais muito bem profissionais.(...) Eu acho que a EJA quando eu entrei na EJA despertou o meu interesse. Ela [EJA] está procurando mais e quer saber como a gente é por dentro. Saber como é que a gente [aluno da EJA] vê o mundo, sabe? Saber como é que a gente traz a informação. Se agente está por dentro, se agente está ligado, se agente está antenado. Se a gente escuta as notícias, vê os jornais, se a gente vê a televisão. Se a gente tá no mundo, né?...

Não é possível negar na fala da aluna que há a incidência de dois grupos ao qual ela faz parte: o gru-po de jovens e adultos na EJA (e a sua forma de inserção neste grupo e de estar no mundo) e o grupo das pessoas com deficiência, o qual os professores estão buscando compreender e ter profissiona-lismo, nas palavras da aluna. Percebe-se no discurso da aluna da unidade escolar. Este depoimento da aluna foi gravado em vídeo assim como de outros dois e passados aos professores para verificar e discutir como os alunos enfrentam as suas necessidades, seus obstáculos e suas vitórias na EJA.

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EVALUACIÓN DE LA EXPERIENCIA

Os alunos que participam do processo de inclusão escolar nesta escola apresentam os se-guintes indicadores: 90 % de freqüência às aulas; 90% de participação ativa nas atividades escolares (excetuando deveres de casa). O apoio de colegas de turma e de professores é verbalizado como diferencial da escola.

RESULTADOS

AVALIAÇÃO

nA discussão entre o coletivo da escola e a Educação Especial é favorável porque, a partir do momento que alunos com e sem deficiência se vêem escutados em suas angústias, possi- bilidades e impossibilidades, os comportamentos atípicos ou que julgamos inadequados diminuem ou cessam. nA discussão entre o coletivo da escola e a Educação Especial é favorável porque muitas das adaptações e/ou modificações na forma de atuar com o aluno trazem um repensar sobre os outros alunos, ou seja, sobre TODOS os alunos, enriquecendo a prática pedagógica. nAlunos com deficiência jovens e adultos passam a solicitar eles próprios apoios e mudan- ças de metodologia e a ocupar o seu espaço na escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A necessidade de ter a pessoa jovem e adulta com deficiência como co-partícipe da avaliação sobre os usos de tecnologias e adaptações se fez presente no posicionamento deste alunado. Para finalizar, a preocupação de professores com jovens e adultos com e sem deficiência e seus próprios estudos, deveres escolares e com a própria apropriação (desejo e opção) da tecnologia adequada (a cada caso, a cada aluno) também é assunto recorrente. Isso não perpassa por pura e simples apresentação de tecnologias e múltiplas linguagens de expressão aos alunos, mas sim o pensar integrado quanto ao currículo e o modo de torná-lo significativo ao estudante.

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EVALUACIÓN DE LA EXPERIENCIA

BERSCH, R. Introdução à tecnologia assistiva. Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil (CEDI), Porto Alegre, 2008. Disponível em: <http://www.assistiva.com.br/Introducao %20TA%20Rita%20Bersch.pdf> . Acesso em: 14 jun. 2009.

CARVALHO, M. F. Educação de jovens e adultos com deficiência mental: inclusão escolar e constituição dos sujeitos. Horizonte, v. 24, n. 2, p. 161-171, 2006.

LACERDA, C. B. F. & GÓES, M. C. R. Surdez: processos educativos e subjetividades. São Paulo, Editora Lovise, 2000.

LAPLANE, A. L. F.; BATISTA, C. G. Ver, não ver e aprender: a participação de crianças com baixa visão e cegueira na escola. Cad. Cedes, Campinas, v. 28, n. 75, p. 209-227, 2008.

TAVEIRA, C. C. ; ROSADO, L. A. S. Tecnologia Assistiva (TA) e alunos com deficiência visual: um recorte sobre barreiras de comunicação e suas representações. In: Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial, 5, 2009, Londrina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Escola Municipal Orsina da Fonseca