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II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 DESCRIÇÃO ANALÍTICA: UM ESTUDO DE CASO DA SUBSÉRIE DEPOIMENTOS E TESTEMUNHOS DE VÍTIMAS E FAMILIARES AO MOVIMENTO DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS (MJDH) MEDEIROS, ROBERTA PINTO. (1); KONRAD, GLAUCIA VIEIRA RAMOS (2) 1. Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) Av. Itália, Km 8. Campus Carreiros. Prédio 4. Cep: 96201 900 [email protected] 2. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Departamento de Documentação Av. Roraima, número 1000. Cidade Universitária. Bairro Camobi. Prédio 74. Cep: 97105 900 [email protected] RESUMO Este trabalho aborda a documentação relativa à Subsérie 03.3 Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), que está inserida na Série 03 Terrorismo de Estado no Período da Ditadura do Cone Sul, a qual faz parte do Fundo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Trabalha o contexto histórico do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e da Ditadura Civil-Militar no Brasil. Apresenta a estrutura do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, seu acervo, arranjo e descrição documental e os procedimentos utilizados no gerenciamento da documentação. Descreve os procedimentos de descrição arquivística utilizados na Subsérie trabalhada. Tem por objetivo mostrar o estudo de caso da descrição dessa documentação através dos depoimentos que estão sob a custódia do MJDH. Conclui que os arquivos têm papel fundamental na guarda de documentos de valor permanente, principalmente aqueles relacionados ao período da Ditadura Civil-Militar no Brasil. Palavras-chave: Arquivo. Ditadura Civil-Militar. Depoimentos e Testemunhos.

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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

DESCRIÇÃO ANALÍTICA: UM ESTUDO DE CASO DA SUBSÉRIE DEPOIMENTOS E TESTEMUNHOS DE VÍTIMAS E FAMILIARES AO

MOVIMENTO DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS (MJDH)

MEDEIROS, ROBERTA PINTO. (1); KONRAD, GLAUCIA VIEIRA RAMOS (2)

1. Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI)

Av. Itália, Km 8. Campus Carreiros. Prédio 4. Cep: 96201 – 900 [email protected]

2. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Departamento de Documentação

Av. Roraima, número 1000. Cidade Universitária. Bairro Camobi. Prédio 74. Cep: 97105 – 900 [email protected]

RESUMO

Este trabalho aborda a documentação relativa à Subsérie 03.3 Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), que está inserida na Série 03 Terrorismo de Estado no Período da Ditadura do Cone Sul, a qual faz parte do Fundo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Trabalha o contexto histórico do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e da Ditadura Civil-Militar no Brasil. Apresenta a estrutura do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, seu acervo, arranjo e descrição documental e os procedimentos utilizados no gerenciamento da documentação. Descreve os procedimentos de descrição arquivística utilizados na Subsérie trabalhada. Tem por objetivo mostrar o estudo de caso da descrição dessa documentação através dos depoimentos que estão sob a custódia do MJDH. Conclui que os arquivos têm papel fundamental na guarda de documentos de valor permanente, principalmente aqueles relacionados ao período da Ditadura Civil-Militar no Brasil.

Palavras-chave: Arquivo. Ditadura Civil-Militar. Depoimentos e Testemunhos.

INTRODUÇÃO

É evidente na atualidade a importância que se tem quanto ao tratamento da

informação. Tratamento no sentido de disponibilizá-la de forma acessível e para todos,

independentemente das dificuldades e deficiências que podem vir do acervo. A informação

está presente em todos os estágios da vida do homem, e desde seu nascimento até sua morte

são elaborados documentos para provarem que aquele momento de fato existiu. Assim como

na história de uma instituição, na qual se tem informações de suas atividades e funções, tanto

da própria empresa como da sociedade na qual ela atua. Logo, o tema que será abordado

neste artigo tem como enfoque o estudo de caso da Subsérie Depoimentos e Testemunhos de

Vítimas e Familiares ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) que será

desenvolvido através de uma descrição analítica.

A Subsérie Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao Movimento de

Justiça e Direitos Humanos está inserida na Série Terrorismo de Estado no Período da

Ditadura do Cone Sul, a qual faz parte do Fundo Movimento de Justiça e Direitos Humanos.

Tendo em vista que o acervo do MJDH tem um destacado papel na sociedade e na história

dos movimentos sociais do País, além de ser o guardião de importantes fontes de pesquisa

sobre a Ditadura Civil-Militar, é fundamental que este acervo esteja disponível ao cidadão.

Grande parte dessa documentação encontra-se organizada (classificada e ordenada), mas

ainda não possui instrumentos de pesquisa adequados e disponíveis para a consulta dos

usuários. O conjunto de documentos que constituem a Subsérie dos Depoimentos e

Testemunhos de Vítimas e Familiares ao MJDH arquivados no MJDH é uma importante fonte

de pesquisa e necessita estar disponível ao público.

Os arquivos, nas suas mais abrangentes áreas de atuação, podem e devem auxiliar no

desenvolvimento de várias pesquisas nos diferentes campos de interesse. Pesquisas que têm

como foco políticas de salvaguarda e preservação desses documentos, além de promover o

acesso à informação, favorecem a preservação e a garantia da fidedignidade e a

autenticidade das informações contidas no acervo.

2 MOVIMENTO DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS

As lutas sociais e políticas fazem parte da nossa história desde o processo de

colonização até os dias de hoje. As teorias dos movimentos sociais apresentam uma distinção

entre os chamados movimentos sociais tradicionais (sindical, luta pela terra, pela moradia,

etc.) e dos denominados “novos” movimentos sociais (mulheres, orientação sexual, estudantil,

negro, ambientalistas, indígenas), além das redes de movimentos sociais (networks) surgidas

mais recentementes.

Estes movimentos podem ser oriundos tanto do meio urbano quanto rural. Tais

movimentos são influenciados por teorias marxistas bem como as teorias chamadas dos

“novos movimentos sociais”. Cada movimento tem sua característica específica. No entanto,

todos expressam as contradições econômicas, políticas e sociais da sociedade brasileira,

segundo Fleuri (2005):

Entretanto, o eixo conceitual em torno do qual se situam as questões e as reflexões emergentes neste campo, e que caracteriza os mais espinhosos problemas do nosso tempo, é o da possibilidade de respeitar as diferenças e de integrá-las em uma interação que não anule, mas que ative o potencial criativo e vital da conexão entre diferentes agentes e entre seus respectivos contextos. (FLEURI, 2005, p. 03, grifo do autor)

Hoje, com a facilidade de acesso e divulgação da informação fica cada vez mais fácil

evidenciar os movimentos sociais, assim a população toma conhecimento através de

manifestações públicas, como as passeatas, que são ações que dão maior visibilidade.

“Diante do exposto, um dos desafios dos movimentos sociais está na articulação conjunta,

resguardadas as diferenças para a elaboração de propostas que possam ir para além da

globalização econômica, que avance na direção de uma globalização social.”(SOUZA, 2010)

Para Gohn (1995) os “novos” movimentos

são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. (GOHN, 1995, p. 44)

Diante disso, não poderia ser diferente a atuação do Movimento de Justiça e Direitos

Humanos, que foi criado oficialmente em 25 de março de 19791. Os movimentos sociais

ligados à defesa dos direitos humanos têm contribuído muito na redemocratização do País e

para a denúncia de violações cometidas contra os direitos civis e políticos. Antes da sua

criação, o grupo fundador já vinha atuando nas questões de defesa aos Direitos Humanos.

Assim, em 1979, como relata Cunha (2008), em seu livro intitulado “Operação Condor. O

sequestro dos uruguaios: uma reportagem dos tempos da Ditadura”:

Em 1979, enquanto o mundo discutia as mazelas das ditaduras do Cone Sul, ele (Jair Krischke) e um grupo de amigos e voluntários, alguns ainda do tempo da praça da legalidade, fundaram o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) de Porto Alegre. A primeira reunião foi numa sala emprestada, no centro da cidade, com três dezenas de cadeiras de bar. (CUNHA, 2009, p. 434)

Portanto, o MJDH é uma sociedade civil, apartidária, sem fins lucrativos e com sede na

cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul – Brasil. Na década de 1960 já se preocupava em

auxiliar pessoas perseguidas, não apenas pelos militares brasileiros, mas também pelos

regimes autoritários dos países latino-americanos.

No início da década de 1970, a integração das ditaduras do Cone Sul teve como alvo

principal os movimentos populares de resistência, os sindicatos e os partidos políticos de

oposição. Um acordo clandestino de cooperação entre os aparelhos de repressão do Brasil,

Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e Paraguai, criaram a “Operação Condor”. É nesse contexto

que o MJDH começa sua atuação “não oficial2”.

Com o fim do Ato Institucional nº 5 (AI-5) em março de 1979, esse mesmo grupo que

lutava pelos direitos de liberdade de expressão, pela libertação de presos e contra a atuação

ilegal de policiais, com base na urgente necessidade de prestar uma ajuda mais qualificada

aos povos do Cone Sul – com a liderança de Jair Krischke, Celso Franco Geiger e o Padre

Albano Trinks – resolve fundar oficialmente o Movimento de Justiça e Direitos Humanos.

Além disso, não é apenas o pioneiro na luta pelos Direitos Humanos no Rio Grande do

Sul, mas também é o propulsor de diversas outras entidades afins. Como a ação dos

advogados militantes do MJDH ao terem a ideia de implantação da Comissão Sobral Pinto de

Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio Grande do Sul. Enquanto

que os deputados integrantes do grupo criaram a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos

da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a primeira da história dos parlamentos

brasileiros, em 25 de junho de 1980, através Resolução nº 1.187. Com o fim do regime

autoritário no Brasil, o MJDH não deixa de existir, apenas tem sua ação voltada contra

violências cometidas pelas autoridades policiais, dentre outras3.

O MJDH teve participação ativa quando aconteceu o sequestro dos uruguaios Lílian

Celiberti, seus dois filhos menores e Universindo Diaz, que ocorreu em Porto Alegre, no dia 12

de novembro de 1978 (Figuras 1 e 2), colaborando de diversas formas com as autoridades

envolvidas, como na denúncia da ação ilegal, além de lutar pela condenação dos policiais

envolvidos e pela libertação do casal. O caso teve repercussão internacional, pois foi o

primeiro em que uma clássica ação da Operação Condor foi denunciada, investigada e levada

até o final, com a condenação de seus responsáveis.

1 Relatório anual. MJDH, 1980.

2 Entrevista de Jair Krischke concedida à autora em 09 de setembro de 2010, no MJDH, em Porto Alegre, RS.

Figuras 1 e 2: Linha do tempo após um ano do sequestro dos Uruguaios. Fonte: Jornal Zero Hora,

12/11/1979, p.31-32. Acervo: MJDH.

Alguns casos defendidos pelo MJDH e que obtiveram o êxito do seu apoio, vale a pena

destacar, como o prestado às Mães da Praça de Maio, o sequestro dos uruguaios

(Universindo Diaz e Lílian Celiberti), à Associação de Familiares Uruguaios Desaparecidos; à

fuga do cientista Cláudio Benech; à luta contra a editora neonazista Revisão; à denúncia do

Caso Konrad e a do Caso Sandro Yost (Figura 3). Entre muitos outros apoios que foram

oferecidos, sempre tendo como principal objetivo à defesa aos direitos humanos,

independentemente da nacionalidade do caso. Outras inúmeras circunstâncias vividas pelo

MJDH estiveram relacionadas com a coleta de dados e depoimentos de mais de cinquenta

pessoas, familiares ou conhecidos próximos, de pessoas desaparecidas.

3 Idem.

Figura 3: Caso Sandro Yost. Fonte: Jornal Zero Hora, 15/09/2000, p.37. Acervo: MJDH.

Segundo Krischke, as Mães da Praça de Maio (Figura 4), também conhecidas

internacionalmente como Locas de Ia Plaza de Mayo, lutaram para que conseguissem uma

audiência com o Papa João Paulo II no ano de 1980. Depois de terem estado em Roma e em

Puebla, e não tendo logrado com êxito em suas tentativas de encontrar-se com o Pontífice,

não desistiram e decidiram vir a Porto Alegre. Por intermediação de Jair Krischke, do então

deputado Antenor Ferrari, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia

Legislativa, e do Bispo Dom António Cheuiche, foi conseguida uma entrevista com o Papa.

Aproveitando a oportunidade e em solidariedade a Dona Lília Celiberti (mãe de Lílian),

juntamente com os documentos relativos às pessoas desaparecidas na Argentina, o grupo

entregou ao Papa um dossiê sobre o caso do sequestro de Lílian e Universindo.

Figura 4: Mães da Praça de Maio – Argentina. Fonte: Jornal Correio do Povo, 26/03/1983, p.09. Acervo:

MJDH.

Esse caso se constituiu de forma tão grave e desumana que, à semelhança das

iniciativas desenvolvidas pelas Madres de Plaza de Mayo, os parentes de uruguaios

desaparecidos fundaram em Paris uma associação para tratar especificamente do assunto,

sendo permanentes na Europa as denúncias por parte de emigrados. Esses casos

somavam-se a milhares de situações semelhantes ocorridas no Paraguai, no Chile e, de

modo especial, na Argentina. Tanto, que a Subcomissão de Direitos Humanos da

Organização das Nações Unidas, com sede em Genebra, sensibilizada pelo vulto da questão

e movida pelos apelos humanitários, em 29 de fevereiro de 1980, criou um grupo de trabalho

especificamente encarregado de tratar de casos de pessoas desaparecidas.

O primeiro contato foi estabelecido com o Presidente do Conselho Federal da Ordem

dos Advogados do Brasil, Eduardo Seabra Fagundes, e, posteriormente, com o MJDH, em

Porto Alegre, pois era de extrema importância que se colhessem os depoimentos das pessoas

que tinham familiares desaparecidos. Porém, a distância entre Montevidéu e o Rio de Janeiro,

bem como a impossibilidade das pessoas serem ouvidas no território uruguaio, foi tido, que a

melhor alternativa, seria a tomada de seus depoimentos em Porto Alegre. Assim, em 27 de

outubro de 1980, na sede do Conselho Federal, sob a direção do Presidente Seabra

Fagundes – presentes além de representantes do Movimento de Justiça e Direitos Humanos

do Rio Grande do Sul, Thierry Mignon, do Movimento Internacional de Juristas Católicos e Pax

Romana, Willem Boogard, professor de Direito Penal da Universidade de Utrech, na Holanda,

e da Secção Holandesa do Secretariado Internacional de Juristas pela Anistia no Uruguai, e

de Belisário dos Santos Júnior, presidente da Associação Latino Americana de Advogados

pelos Direitos Humanos, inicia-se a audiência.

Os demais familiares de desaparecidos foram ouvidos em Porto Alegre, na presença

das autoridades internacionais acima mencionadas, da diretoria do MJDH, além do

desembargador Celso Franco Geiger e dos advogados Luiz Goulart, Mara Loguércio e Nora

Tatsch. Após as oitivas, Jair Krischke, em nome do MJDH, fez a entrega de toda a

documentação ao Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, que a remeteu à

Subcomissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. Nessa época, Porto Alegre foi

proclamada como a capital dos Direitos Humanos pelo jornal "Zero Hora", em reportagem

assinada por Carlos Alberto Kolecza.

Outro episódio que certamente se constituiu como um capítulo significativo na história

do Movimento é o que se relacionou com a fuga da família Benech para o Brasil. Cláudio

Benech foi um biofísico uruguaio de renome internacional, autor de várias obras publicadas e

participante de inúmeros simpósios, inclusive alguns realizados no Brasil. Foi sequestrado,

em meados de 1980, dentro de sua casa em Montevidéu. E quase dois meses depois, sua

mulher – a médica Graziela Gulla de Benech – e seus sete filhos, ficaram sabendo que estava

preso e incomunicável numa unidade militar uruguaia, no famoso 13º de Infantaria, também

conhecido como “El Infierno”.

Com a ajuda do MJDH, sua prisão foi denunciada através da imprensa internacional,

no entanto, foi transferido para a Companhia de Contra Informações, onde continuou sendo

torturado. Quando na passagem do ano de 1980 para 1981, o MJDH, organizou sua fuga para

o Brasil, onde obteve o status de Refugiado Político da ONU (Organizações das Nações

Unidas), o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados). Este foi mais um

caso dentre outros que aconteceram e acontecem nos países do Cone Sul que viviam sob

ditaduras militares. Essas pessoas que foram torturadas e presas receberam a designação de

refugiadas e posteriormente asiladas em países europeus através da ação do MJDH junto ao

ACNUR.

Essas são apenas algumas das muitas ações que o MJDH já prestou para centenas de

pessoas que recorreram e recorrem até hoje a seu auxílio, tanto jurídico como humanitário.

Esta lista de casos não faz esquecer que, em sua maior parte, a atuação cotidiana do

Movimento destina-se a proteger cidadãos da opressão e da repressão de órgãos estatais,

bem como buscar o fim da corrupção e injustiça que assola o País.

2 DESCRIÇÃO ANALÍTICA E O CASO DA SUBSÉRIE DEPOIMENTOS

E TESTEMUNHOS DE VÍTIMAS E FAMILIARES AO MJDH

Após essa contextualização do tema e dos instrumentos de objeto e estudo do mesmo,

parte-se para o seu desenvolvimento propriamente dito, ou seja, a leitura dos depoimentos. O

trabalho desenvolvido no MJDH teve como objetivo a descrição analítica através do

instrumento de pesquisa catálogo, por meio de um estudo de caso da Subsérie Depoimentos

e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao MJDH, a qual possui documentos que abordam

principalmente a repressão sofrida durante a Ditadura Civil-Militar ocorrida no Brasil e em

países integrantes do Mercosul.

A descrição arquivística tem como objetivos disponibilizar a informação, facilitar o

controle da documentação, além de socializar o conhecimento através dos instrumentos de

pesquisa. Os mesmos indicam a localização, identificação e gestão dos documentos de

arquivo, além de situar o pesquisador ou usuário quanto ao contexto e o sistema de arquivo

que os produziu. É também através dos instrumentos de pesquisa que a recuperação dos

dados contidos em documentos e/ou fundos arquivísticos é possível, pois eles tornam os

acervos acessíveis e controláveis.

Portanto, é na descrição que se faz o uso da normatização, que pode ser tanto a

Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística (ISAD (G)) como a Norma Brasileira de

Descrição (NOBRADE). As duas normas se diferenciam apenas em relação ao número de

elementos descritores. Enquanto a ISAD (G) possui vinte e seis (26) elementos descritores

divididos em sete (7) áreas de informação descritiva, sendo que dessas sete áreas, seis (6)

são elementos de caráter obrigatório:

1. código de referência;

2. título;

3. produtor;

4. data(s);

5. dimensão da unidade; e

6. nível de descrição.

Já a NOBRADE, a qual foi utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, possui

vinte e oito (28) elementos de descrição divididos em oito (8) áreas de informação descritiva,

sendo sete (7) obrigatórios, incluindo um item a mais do que a ISAD (G):

1. código de referência;

2. título;

3. data(s);

4. nível de descrição;

5. dimensão e suporte;

6. nome(s) do(s) produtor(es); e

7. condições de acesso (usado somente em descrições de níveis 0 e 1).

A partir da descrição arquivística, o resultado obtido, geralmente, é o instrumento de

pesquisa, que é a sistematização da descrição. Sendo assim, o instrumento representa os

documentos e suas agrupações, ou seja, é uma representação fiel dos documentos de tal

modo que configura a documentação de forma precisa e objetiva. Diante disso, relata

estritamente o necessário enquanto objeto de descrição, além de oportunizar as políticas

públicas no acervo, através da frequência de consulta, identificação histórica, redundância de

informações, entre outros.

Sendo assim, a relação do instrumento de pesquisa com os documentos e a própria

descrição ficará melhor de visualizar a subsérie Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e

Familiares ao MJDH (Subsérie 03.3). A mesma está inserida na Série Terrorismo de Estado

no Período da Ditadura – Cone Sul (Série 03), a qual pertence ao Fundo Movimento de Justiça

e Direitos Humanos. A composição da documentação da subsérie 03.3 está distribuída em

pastas (dossiês) e em ordem alfabética por país. Ou seja, cada país possui um código que

está presente na pasta para identificá-lo, o código indica a série em que pertence a

documentação e a subsérie que a mesma faz parte:

Pasta Argentinos: código 03.3.1

Pasta Brasileiros: código 03.3.2

Pasta Chilenos: código 03.3.3

Pasta Uruguaios: código 03.3.4

Com a posse desses dados deu-se início a elaboração do catálogo. O catálogo

descreve parcialmente um acervo, ou seja, pode descrever uma série dentro de um fundo com

várias séries, ou uma subsérie que pertence a uma série e assim por diante. Assim, o catálogo

possui alguns elementos descritores que estão contemplados pela NOBRADE, como a

espécie documental; o emissor; o destinatário; a função; a ação; a data tópica; a data

cronológica; a assinatura; os anexos (observações) e a notação.

A formatação do catálogo pode se dar por meio de um quadro ou por verbete, neste

trabalho optou-se pelo uso da formatação por verbete. Independente do tipo de formatação,

os itens descritores devem ser contemplados. Algumas siglas presentes no catálogo devem

ser melhores esclarecidas. Toma-se como exemplo o caso das s/l e s/d, que significam

respectivamente sem local e sem data, isso significa que alguns documentos não continham a

informação do local (data tópica) de onde foi feito o relato (colhido o testemunho), ou não veio

com a identificação da data cronológica do depoimento.

A coleta desses depoimentos por parte do MJDH teve como impulso o caso do

sequestro dos uruguaios Universindo Diaz e Lílian Celiberti na década de 1970, no entanto, os

depoimentos começaram a ser recolhidos de fato a partir da década de 1980 e um pouco no

final da década de 1970. O objetivo principal da coleta desses depoimentos era investigar e

conhecer os nomes dos culpados ou como eram conhecidos (apelidos), além de ter um

levantamento das pessoas e familiares que estavam presos no período da Ditadura

Civil-Militar e, consequentemente, dos locais onde os presos ficavam e eram torturados.

Sendo assim,

Bloqueados em casa, os familiares de presos e desaparecidos precisaram pegar um ônibus em Montevidéu e vir a Porto Alegre, sob o estímulo de Krischke, para uma reunião na sala emprestada pelo Sindicato dos Jornalistas, na sede apertada da rua da Praia. A maioria nem se conhecia. Krischke apresentou uns aos outros. Descobriram-se uma grande família de dor, de tragédias pessoais, que desconheciam, mas pressentiam. A filha daquela senhora era a namorada do filho daquele senhor ao lado, ambos desaparecidos. Mãe e pai choraram a dupla descoberta. Krischke também. Um a um, contaram suas histórias mal contadas, que foram transcritas em depoimento formal e entregues por Krischke à OAB, que as repassou à comissão da ONU. (CUNHA, 2009, p. 434)

Os depoimentos não se limitam apenas às pessoas que estavam desaparecidas ou

presas no Brasil, ou seja, além de ter depoimentos de brasileiros, há testemunhos de chilenos,

argentinos e uruguaios. Sendo que a maioria da documentação analisada pertence aos

uruguaios com mais de 60 depoimentos, e em menor número estão os chilenos, apenas seis

declarações. Portanto, grande parte da documentação encontra-se escrita em espanhol. Além

disso, alguns depoimentos foram dados em conjunto e classificados como um só, ou seja,

outros depoimentos estão anexados uns aos outros, mesmo sendo de pessoas diferentes, no

entanto, esse fato aumenta em número de declarações. Porém, decidiu-se manter dessa

forma devido ao fato de como foi acumulada essa documentação relativa aos depoimentos.

Durante a análise dos dados percebe-se que houve uma tentativa de padronizar a

coleta dos depoimentos, os quais eram chamados de termo de declaração. Mais tarde, a

nomenclatura foi sendo perdida ao meio de tantos relatos e violências cometidas pelos

governos dos países dos quais as pessoas pertenciam, fazendo com o MJDH recebesse

cartas e relatos de outros países, inclusive integrantes da Europa, como Suécia e França.

Nem mesmo a padronização do papel foi alvo de impedimento para que o MJDH recolhesse

os depoimentos, sendo que alguns estão escritos em papel de blocos de anotação ou em

bilhetes, e muitos estão escritos à mão. Tal atitude coloca em evidência a importância dessa

subsérie, assim como do próprio MJDH, guardião desse acervo. Sendo assim, segundo

Catela (2002):

Los archivos son utilizados como la fuente principal para construir la información y la conmemoración. En 1998 se cumplieron treinta años del Acta Institucional núm. 5, norma que simbolizó el período más violento de la represión en Brasil. Las recordaciones públicas del mismo expusieron de modo claro a los archivos como la fuente por excelencia para la reconstrucción de las memorias. (CATELA, 2002, p. 63)

Um ponto que vale destacar e que vem sendo objeto de estudo de alguns

pesquisadores4 é o testemunho de Garcia Rivas, não o depoimento em si, mas o caso que

envolve o depoimento. Garcia Rivas prestou seu depoimento ao MJDH em 03 de maio de

1980, no qual declarou ser o policial encarregado de levar os uruguaios Lílian Celiberti e

Universindo Diaz de Porto Alegre até Montevidéu. No mesmo ano, em setembro de 1980, o

pai de Hugo, Orosman Garcia, declarou que seu filho Hugo Walter Garcia Rivas, estava

asilado na Noruega.

Esse é apenas um caso dentre outros que se destaca pelo fato de ser um depoimento

de um agente do governo na época, enquanto os outros casos pertencem, na sua maioria, de

pessoas que foram torturadas e presas ou de familiares dessas pessoas. Todos os

depoimentos são importantes, independente do foco que tiveram perante a mídia ou a

sociedade, no entanto alguns tiveram mais destaques nas redes de comunicação, enquanto

outros não ficaram tão conhecidos. Não havia distinção entre os capturados durante esse

período, eram presos professores universitários, partidários, estudantes e até mesmo

pessoas que faziam parte das Forças Armadas, como é o caso do depoente Jose Ramon

Juarez.

Outro depoimento em destaque presente na subsérie estudada foi o testemunho de

Sonia Maria Haas Luz, no qual declara o conhecimento da morte de sue irmão João Carlos

Haas Sobrinho em 1972. Tal depoimento está inserido no dossiê dos brasileiros. Não menos

importante, também foi o caso de Elena Quinteros, que de acordo com o testemunho de

Alberto Grille Motta, Elena foi sequestrada em junho de 1976 enquanto estava na Embaixada

da Venezuela no Uruguai. Em outro depoimento, relatado por Cristina Marquet Navarro, que

esteve detida em 1976 na Prisão Punta Rieles, conhecida como o centro de tortura “300

Carlos”, também chamada de El Infierno, assim, enquanto esteve presa conheceu Elena, no

entanto, logo foi transferida e acabou perdendo contato com Quinteros.

4 Luiz Cláudio Cunha com seu livro intitulado Operação Condor. O sequestro dos uruguaios, lançado em 2008.

Assim como o tema da dissertação de mestrado de Ramiro José dos Reis, defendida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2012, com o título: Operação Condor e o Sequestro dos Uruguaios nas ruas de um Porto não muito Alegre.

Alguns depoimentos trazem consigo detalhes que alguns depoentes fazem questão de

esquecer, como a planta ou o mapa da prisão, relatado pelo argentino Ernesto Argel Defant,

que traz o mapa da linha Férrea que conduz ao local de tortura. Outros relatam os nomes das

“casas" ou locais onde as pessoas eram torturadas, como o depoimento do uruguaio Rubens

Waloemar Avallaneda, ou os nomes dos métodos de tortura física empregados nos

prisioneiros, como a picaña que se refere aos choques elétricos realizados em qualquer parte

do corpo, principalmente nas genitálias (femininas e masculinas); o submarino que era o

mesmo que o afogamento ou submersão da cabeça; o telefono que indica a maneira como era

feito o tapa contra os ouvidos do torturado, que dá impressão de ser um telefone; e o

quirofano, o qual era o nome dado à sala de tortura onde se realizavam e praticavam os

métodos de tortura e outros.

Os relatos dos depoentes vão além dos métodos de tortura física, que deixavam

marcas e feridas no corpo, trazem também os torturadores (algozes, como eram chamados

pelos prisioneiros) com seus métodos da tortura psicológica, talvez a que mais afetava os

prisioneiros. Os militares usavam parentes e amigos próximos durante a sessão de tormento,

fazendo com que essas pessoas gritassem de dor e assim, o preso os escutavam, o que era o

objetivo do torturador, obrigando assim o prisioneiro a “falar”. Segundo Padrós (2006), a

tortura psicológica é:

A imposição do medo, portanto, é um objetivo central nas experiências de Terrorismo de Estado (TDE) e objetiva causar atitudes de paralisia, desconfiança, resignação, silenciamento e indiferença da sociedade civil diante dos grandes problemas da realidade. [...] Consequentemente, o fator psicológico cumpre um papel fundamental no superdimensionamento das ameaças e temores que podem produzir desequilíbrios psíquicos de desestruturação das defesas internas das pessoas. (PADRÓS, 2006, p. 18)

Alguns relatos são mais minuciosos que outros, contando cada detalhe, desde a

chegada à prisão, os momentos de tortura, o reconhecimento de amigos e vizinhos, a comida,

o trato com a saúde, os dias intermináveis em celas imundas, e por sorte de alguns, o dia da

liberdade, e mesmo assim alguns continuavam sendo torturados mesmo após terem cumprido

sua pena.

Os presos perdiam a dignidade assim como sua própria identidade, pois ao chegarem

aos locais de detenção ganhavam uma identificação numérica. Na verdade não deixavam de

ser apenas mais um número para o governo da época, mesmo porque, estando fora das ruas,

da sociedade, era um a menos que o Estado precisava se preocupar. Pois no momento em

que eram declarados subversivos para o comando da situação, independente do país em que

se encontrava, eram presos e torturados ou mortos. Não escapavam nem mesmo as

mulheres grávidas, que segundo Cunha (2009):

A situação dos direitos humanos tinha sofrido uma deterioração tão grande no país outrora orgulhoso de sua civilidade que até o acuado Senado uruguaio foi obrigado a abrir uma investigação. Após cinco meses de funcionamento, a comissão de senadores concluiu, por unanimidade, que a tortura no Uruguai tinha se tornado uma “ocorrência habitual, frequente e normal”, aplicada a qualquer um – fosse ou não Tupamaro. (CUNHA, 2009, p. 350)

Muitos depoentes declararam que, mesmo estando em liberdade (Libertad Vigilada),

continuavam a receber ameaças, inclusive de morte, pois qualquer deslize cometido na

sociedade poderia levá-los de volta à prisão. Alguns deles fugiram do Uruguai e se refugiaram

no Brasil. Outros tantos ficaram com marcas irreparáveis tanto no corpo como na mente,

pode-se dizer que esse foi um dos legados da tortura: deficiências físicas e mentais. Muitos

ainda pedem ajuda e auxílio para encontrar seus entes queridos que continuam sem saber

seus paradeiros, ou seja, se estão vivos ou mortos, além de pedidos de indenização por esse

período em que ficaram presos e perderam suas dignidades.

Todas essas informações foram levantadas a partir da descrição da subsérie

Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao MJDH. Nem todas foram relatadas

neste capítulo devido à quantidade de depoentes e das informações que os mesmos trazem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo traz alguns dos detalhes ocorridos durante a Ditadura Civil-Militar em

alguns países pertencentes ao Cone Sul através de alguns casos em que o MJDH teve

participação direta ou indireta. Revelando a importância de salvaguardar esse acervo que diz

respeito ao resgate dos Direitos Humanos, que durante esse período não foram respeitados,

mas sim violados. Não só pelo fato de possuir alguns casos que tiveram relevância nas redes

de comunicação, mas também por ter uma relação com documentos e fatos que fizeram e/ou

fazem parte de outros acontecimentos e com as próprias pessoas envolvidas, ou seja, a

organicidade da documentação, característica inerente dos documentos de arquivo.

A documentação presente na subsérie Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e

Familiares ao MJDH reflete no caráter de “testemunho de fé” da existência ou

desaparecimento das vítimas da Ditadura Civil-Militar. Além de ser extremamente significativa

para estabelecer a legitimidade da existência de que houve pessoas torturadas, presas ou

desaparecidas durante o período da Ditadura Civil-Militar nos países do Cone Sul.

Portanto, os arquivos contribuem, através da documentação que custodiam, para fins

de ordem legal nos processos judiciais abertos e como prova material com o propósito de

instrumentalizar os devidos direitos dessas pessoas perante o Estado. Ou seja, atuam como

uma memória viva da sociedade, sem perder sua finalidade que é o acesso à informação, “en

este trabajo de la memoria social los archivos son una especie de fuente que parece no

agotarse em la incessante búsqueda de explicaciones y significados” (CATELA, 2002, p. 65).

Após a leitura de cada depoimento que foi dado ao MJDH, as palavras que deveriam

ser escritas somem diante dos testemunhos e dos detalhes relatados pelas vítimas. A forma

como os presos foram capturados, os dias incomunicáveis, as torturas ininterruptas, os

questionamentos sem fundamentação, tudo isso somado, tem-se como resultado que

naquele período não havia direitos humanos para quem estava preso ou como eram

chamados de subversivos. Naquele momento não importava nada, nem a nacionalidade, nem

a cor, muito menos o idioma.

Dessa forma, o presente trabalho teve o compromisso de propiciar a recuperação e a

disseminação da Subsérie Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao MJDH,

garantindo seu amplo acesso através do catálogo desenvolvido especialmente para essa

subsérie. Por isso, foi necessário analisar e estudar o acervo do MJDH, em especial, a

Subsérie Depoimentos e Testemunhos de Vítimas e Familiares ao MJDH e descrevê-la.

REFERÊNCIAS CATELA, Ludmila da Silva. Territorios de memoria política. Los archivos de la represión en Brasil. In: Los archivos de la represión: Documentos, memoria y verdad. CATELA, Ludmila da Silva; JELIN, Elizabeth (comps.). Madrid: Siglo XXI, 2002. CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. Comissão Ad Hoc de Normas de Descrição. 2. ed. ISAD (G): norma geral internacional de descrição arquivística: adotada pelo Comitê de Normas de Descrição, Estocolmo, Suécia, 19-22 de setembro de 1999. CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (Brasil). NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: CONARQ, 2006. CUNHA, Luiz Cláudio. Operação Condor. O sequestro dos uruguaios: uma reportagem dos tempos da ditadura. 2.ed. Porto Alegre: L&PM, 2009. FLEURI, Reinaldo Matias. Intercultura, Educação e Movimentos Sociais no Brasil. Disponível em: <http://www.paulofreire.org.br/Textos/fleuri_2005_recife_resumo_e_texto_completo.pdf> [Acesso 19 maio 2013] GOHN, Maria da Glória. Movimentos e lutas sociais na História do Brasil. 5ª ed. São Paulo: Loyola. 2009 MJDH, Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Relatório de Atividades 1980. Porto Alegre, RS: 1980. Mimeografado. 9p.

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