desapropriaÇÃo

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DESAPROPRIAÇÃO Pode ser conceituada como, procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere de forma compulsória para si, ou para seus delegatários a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou de interesse social, normalmente mediante indenização. Tem por natureza jurídica, procedimento administrativo e quase sempre, também judicial. Possui alguns pressupostos de admissibilidade, como utilidade pública, nesta incluindo a necessidade pública, e o interesse social. A utilidade pública é demonstrada quando a transferência do bem se afigura conveniente para a Administração; necessidade pública decorre de situação de emergências e interesse social, está ligada com a função social da propriedade, objetivando a neutralização de alguma forma, as desigualdades coletivas. A fonte normativa dessa modalidade de intervenção do Estado na propriedade se encontra em diversos diplomas legais. A desapropriação comum, no art. 5°, XXIV da CF/88; utilidade pública no art. 5° do Decreto-Lei n° 3.365/41; interesse social na Lei 4.132/62 e a urbanística sancionatória no art. 182, §4°, III, da CF/88, é adotada a título de penalização ao proprietário do solo urbano que não atender à exigência de promover o adequado aproveitamento de sua propriedade ao plano diretor municipal. Outra espécie do instituto é prevista no art. 184 e 191da CF, e pode ser denominada de desapropriação rural, porque incide sobre imóveis rurais para fins de reforma agrária. Trata-se, na verdade, de modalidade específica da desapropriação por interesse social e tem o objetivo de permitir a perda da propriedade quando esta não esteja cumprindo sua função social. O expropriante nessa modalidade é exclusivamente a União Federal, e a indenização, da mesma forma que sucede com a modalidade anterior (urbanística), será paga através de títulos, e não em dinheiro.

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Page 1: DESAPROPRIAÇÃO

DESAPROPRIAÇÃO

Pode ser conceituada como, procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere de forma compulsória para si, ou para seus delegatários a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou de interesse social, normalmente mediante indenização.

Tem por natureza jurídica, procedimento administrativo e quase sempre, também judicial.

Possui alguns pressupostos de admissibilidade, como utilidade pública, nesta incluindo a necessidade pública, e o interesse social.

A utilidade pública é demonstrada quando a transferência do bem se afigura conveniente para a Administração; necessidade pública decorre de situação de emergências e interesse social, está ligada com a função social da propriedade, objetivando a neutralização de alguma forma, as desigualdades coletivas.

A fonte normativa dessa modalidade de intervenção do Estado na propriedade se encontra em diversos diplomas legais. A desapropriação comum, no art. 5°, XXIV da CF/88; utilidade pública no art. 5° do Decreto-Lei n° 3.365/41; interesse social na Lei 4.132/62 e a urbanística sancionatória no art. 182, §4°, III, da CF/88, é adotada a título de penalização ao proprietário do solo urbano que não atender à exigência de promover o adequado aproveitamento de sua propriedade ao plano diretor municipal.

Outra espécie do instituto é prevista no art. 184 e 191da CF, e pode ser denominada de desapropriação rural, porque incide sobre imóveis rurais para fins de reforma agrária. Trata-se, na verdade, de modalidade específica da desapropriação por interesse social e tem o objetivo de permitir a perda da propriedade quando esta não esteja cumprindo sua função social.

O expropriante nessa modalidade é exclusivamente a União Federal, e a indenização, da mesma forma que sucede com a modalidade anterior (urbanística), será paga através de títulos, e não em dinheiro.

Contudo, é notório ressaltar que, não há óbice que o Estado-membro promova desapropriação de imóvel rural por interesse social. Não pode é fazê-lo para fins de reforma agrária, esta sim, reservada à União Federal. Necessitando do imóvel, o Estado deverá promover desapropriação ordinária, assinando-se-lhe a obrigação de proceder à indenização prévia, justa e em dinheiro.

Desapropriação confiscatória está prevista no art. 243 da CF/88. Não confere ao proprietário direito indenizatório, como cocorre com as modalidades anteriores.

A perda da propriedade nesse caso ocorre pelo fato que nela estão localizados culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Consumada a expropriação, essas áreas são destinadas a assentamentos de colonos com vistas ao cultivo de produtos alimentícios e medicamentos.

Tem por objeto bem móvel ou imóvel datado de valoração patrimonial. Corpóreos ou incorpóreos. Ex.: ações, cotas ou direitos relativos ao capital de pessoas jurídicas.

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Impossibilidade da desapropriação: impossibilidade jurídicas e impossibilidades materiais. A primeira se refere a bens que a própria lei considere insuscetíveis de determinado tipo de desapropriação, exemplos, propriedade produtiva não pode ser objeto de desapropriação para fins de reforma agrária,e desapropriação por um Estado-membro, de bens particulares situados em outro Estado-membro.

Impossibilidades materiais: A sua própria natureza, inviabiliza a desapropriação. Ex.: moeda corrente, pois o próprio meio em que se materializa a indenização; os direitos personalíssimos (honra, liberdade, cidadania), pessoa jurídicas e físicas.

Em relação aos bens públicos, a possibilidade expropriatória pressupõe a direção vertical das entidades federativas.

A entidade expropriante somente poderá promover o processo expropriatório se devidamente autorizado pelo Poder Legislativo de seu âmbito.

Bens públicos, a possibilidade expropriatória pressupõe adireção vertical das entidades federativas. A entidade expropriante somente poderá promover o processo expropriatório se devidamente autorizada pelo Poder Legislativo de seu âmbito.

A competência em torno da desapropriação gira em torno de três, a competência legislativa, a declaratória e a executória.

A competência legislativa consiste na produção normativa a respeito da matéria, significando que é a União que tem o poder de criar regras jurídicas novas sobre desapropriação.

Os Estados-membros, legislam sobre questões específicas das matérias sujeitos à competência da União.

A competência declaratória tem por finalidade declarar a utilidade pública ou o interesse social do bem com vistas à futura desapropriação. A competência para declarar a utilidade pública ou interesse social é concorrente da União, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios.

A regra alcança todas as pessoas federativas, porque é a elas que incube proceder à valoração dos casos de utilidade pública e de interesse social que propiciam a desapropriação.

A regra, contudo, comporta exceções. Assim, atribui-se competência para declarar utilidade pública ao DNIT e para ANEEL.

A competência executória certifica atribuição para promover a desapropriação, ou seja, para providenciar todas as medidas e exercer todas as atividades que venham a conduzir à efetiva transferência da propriedade.

Que poderá ser dividido em dois grupos, incondicionada ou condicionada.

No primeiro grupo, estão a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, pois, esses são livres para propor ação expropriatória.

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No segundo grupo, estão as pessoas que exercem funções delegadas do Poder Público, visto que só podem propor a ação se estiverem expressamente autorizadas em lei ou contrato.

Em questão da indenização, a regra geral é que deverá ser prévia, justa e em dinheiro. Claro que, eventuais dívidas devidas fiscais serão deduzidas ao quantum indenizatório.

A desapropriação indireta acontece quando o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. Observe-se que, a despeito de qualificada como “indireta”, essa forma expropriatória é mais direta do que a que decorre da desapropriação regular, afinal é manu militari, considerada por parte da doutrina como esbulho possessório.

Essa modalidade é reconhecida pelos Tribunais e inclusive consta na lei, no art. 35 do Decreto-lei n° 3.365/41.

A destinação dos bens desapropriados tem por regra, residir na circunstância de que os bens desapropriados devem integrar o patrimônio das pessoas ligadas ao Poder Público que providenciariam a desapropriação e pagaram a indenização. Adquirindo status de bens públicos.

Poderá ser definitiva ou provisória.

Será definitiva quando tiver utilização para o próprio Poder Público.

Será provisória quando, apesar de o bem ter sido desapropriado pelo Poder Público, este o tiver feito para possibilitar sua utilização e desfrute por terceiro.

O procedimento expropriatório não se exaure num só momento. Trata-se de um procedimento dividido em duas fases: a fase declaratória e a fase executória.

Declaração expropriatória: Manifestação emitida pelas pessoas federativas no sentido de expressar a vontade de transferir determinado bem para seu patrimônio ou para o de pessoa delegada, com o objetivo de executar atividade de interesse público previsto em lei.

Formalização: Rege-se pelo princípio da publicidade. A regra geral consiste em que essa declaração seja formalizada através de decreto do Chefe do Executivo, sendo o ato normalmente denominado de decreto expropriatório.

EM caráter de execução “O Poder Legislativo poderá tomar iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação” (decreto legislativo).

Efeitos: interesse na desapropriação de determinado bem. Poderá também enumerar outros três efeitos:

Primeiro, permissão às autoridades competentes no sentido de penetrar no prédio objeto da declaração, sendo possível o recurso à força policial no caso de resistência;

Segundo, início da contagem de prazo para ocorrência da caducidade do ato;

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Terceiro, indenização do estado em que se encontra o bem objeto da declaração para efeito de fixar a futura indenização.

Em relação a este último efeito, vale a pena serem feitas duas observações. A primeira reside em que a indenização somente abrange as benfeitorias necessárias, quando feitas após a declaração, e as úteis, quando o proprietário for autorizado pelo Poder Público. Não são indenizáveis as benfeitorias voluptuárias feitas após a declaração.

Caducidade; Caducidade é a perda dos efeitos jurídicos de um ato em decorrência de certa situação fática ou jurídica mencionada expressamente em lei.

O Decreto-lei n° 3.365/1941 prevê a caducidade do decreto expropriatório no prazo de cinco anos, se a desapropriação não for efetivada mediante acordo ou judicialmente nesse prazo, sendo este contado a partir da data de sua expedição. Esse prazo é fixado para a declaração de utilidade pública. No caso de interesse social, o prazo de caducidade do decreto é de dois anos.

Fase Executória: Depois de declarada a utilidade pública do bem, cumpre adotar as providências para efetivar a desapropriação, procedendo-se a transferência do bem para o patrimônio do expropriante. São obtidas de dois modos, sem ação judicial e com ela.

Via administrativa: encerra a ultimação da trnafer~encia do bem por intermédio de acordo entre o Poder Público e o proprietário.

A bilateralidade de vontades incide sobre o bem e o preço, ou seja, as partes se ajustam no sentido de que o bem pode ser alienado mediante o pagamento de preço previamente acertado.

É tratado como um contrato de compra e venda.

Essa negociação jurídica deve ser formalizada através de escritura pública ou por outro meio previsto em lei.

Esse negócio alienativo só pode ser ajustado se houver certeza quanto ao domínio e quanto aos documentos que o comprovam.

Via Judicial: Não havendo acordo na via administrativa, outra alternativa não há senão a de ser proposta a respectiva ação com vistas a solucionar o conflito de interesses entre o Poder Público e o proprietário.

Dispõe o art. 9° do Decreto-lei n° 3.365/1941: “Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se verificam ou não os casos de utilidade pública”.

O dispositivo tem sido considerado inconstitucional por alguns autores, porque estaria retirando à parte a possibilidade de levar à apreciação do Judiciário, lesão a direito seu.

Domina o entendimento, porém, que não há inconstitucionalidade, porque não está proibindo a indenização da validade da conduta administrativa nem a defesa do direito subjetivo. O qye ocorre é que essa apreciação será processada em ação autônoma, e não no processo expropriatório.

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Aspectos Especiais

Tredestinação: significa destinação desconforme com o plano inicialmente previsto. A retrocessão se relaciona com a tredestinação ilícita, qual seja, aquela pelo qual o estado desistindo dos fins da desapropriação, transfere a terceiro o bem desapropriado ou pratica desvio de finalidade, permitindo que alguém se beneficie de sua utilização.

Há tredestinação lícita quando, persistindo o interesse público, o expropriante dispense ao bem desapropriado destino diverso que planejara no início, mas que ainda continue revestido de interesse público.

É vedada a tredestinação se o imóvel for desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado a classes de menor renda, não poderá haver qualquer outra utilização, nem haverá retrocessão.

Retrocessão: O Poder Público procede à desapropriação e ultima o respectivo processo, pagando a devida indenização. Introduzindo o bem no patrimônio público, o expropriante não concretiza a destinação do bem, inclusive através da expressa refer~encia a essa destinação no decreto expropriatório. A hipótese, portanto, demonstra desinteresse superveniente do Poder público pelo bem que desapropriou, ou, se preferir, pela finalidade a que destinava a desapropriação.

O expropriante passa a ter a obrigação de oferecer ao exproprietário o bem desapropriado, reenbolsando-se do valor que pagou a este, a título de indenização.

Direito pessoal, cabendo ao expropriante apenas o direito à indenização pelos prejuízos causados pelo expropriante.