desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

24
XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Paulo, 2009, pp. 1-24 DESAFIOS DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CAMPONESA NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA ASSENTAMENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP DESAFÍOS DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA CAMPESINA EM LOS ASENTAMIENTOS DE REFORMA AGRARIA ASENTAMIENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP Larissa Mies Bombardi (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) [email protected] Sidneide Manfredini (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) [email protected] Amanda de F. M. Catarucci (Mestranda em GF – DG/USP) [email protected] Júlio Takahiro Hato (Mestrando em GH – DG/USP) [email protected] Carlos Vinicius Xavier (Graduando - Deptº de Geografia USP) [email protected] Maria Cristina Lima (Graduanda - Deptº de Geografia USP) [email protected] Lucélia Martins Souza (Graduanda – DG/USP) [email protected] John Herbert Badi Zappala (Graduando – DG/USP) [email protected] Wanderlei Evaristo de Mattos (Graduando – DG/USP) [email protected] Cláudio E. Andreoti (Bal em Geogr. DG-USP e discente de Licenciatura em Geogr. USP) [email protected] Dafner Peixoto Barreto (Graduanda - Deptº de Geografia USP) [email protected] Leonardo J. Cappucci (Graduando – DG/USP) [email protected] Thiago T. da Cunha Coelho (Graduando – DG/USP) [email protected] Fernando P. dos Santos e Silva (Graduando – DG/USP) [email protected] Bruna Mariana Rodrigues (Graduanda – DG/USP) [email protected] Bruno Dantas Hidalgo (Graduando - Deptº de Geografia USP) [email protected] Wellington Jose da Silva (Graduando - Deptº de Geografia USP) [email protected] Carla C. Cintra (Grad. em Geografia – Unesp/Ourinhos) [email protected]

Upload: john-herbert-badi-zappala

Post on 24-May-2015

1.051 views

Category:

Documents


32 download

TRANSCRIPT

Page 1: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Pau lo, 2009, pp. 1-24

DESAFIOS DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CAMPONESA NOS ASSENTA MENTOS DE REFORMA AGRÁRIA

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP

DESAFÍOS DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA CAMPESINA EM LOS ASENTAMIENTOS DE REFORMA AGRARIA

ASENTAMIENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP

Larissa Mies Bombardi (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) [email protected]

Sidneide Manfredini (Profª Drª - Deptº de Geografia U SP) [email protected]

Amanda de F. M. Catarucci (Mestranda em GF – DG/USP ) [email protected]

Júlio Takahiro Hato (Mestrando em GH – DG/USP) [email protected]

Carlos Vinicius Xavier (Graduando - Deptº de Geogra fia USP) [email protected]

Maria Cristina Lima (Graduanda - Deptº de Geografia USP) [email protected]

Lucélia Martins Souza (Graduanda – DG/USP) [email protected]

John Herbert Badi Zappala (Graduando – DG/USP) [email protected]

Wanderlei Evaristo de Mattos (Graduando – DG/USP) [email protected]

Cláudio E. Andreoti (Bal em Geogr. DG-USP e discent e de Licenciatura em Geogr. USP)

[email protected]

Dafner Peixoto Barreto (Graduanda - Deptº de Geogra fia USP) [email protected]

Leonardo J. Cappucci (Graduando – DG/USP) [email protected]

Thiago T. da Cunha Coelho (Graduando – DG/USP) [email protected]

Fernando P. dos Santos e Silva (Graduando – DG/USP) [email protected]

Bruna Mariana Rodrigues (Graduanda – DG/USP) [email protected]

Bruno Dantas Hidalgo (Graduando - Deptº de Geografi a USP) [email protected]

Wellington Jose da Silva (Graduando - Deptº de Geog rafia USP) [email protected]

Carla C. Cintra (Grad. em Geografia – Unesp/Ourinho s) [email protected]

Page 2: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

2

2

Resumo:

Este artigo aborda a Experiência de Extensão em Geografia Agrária coordenada

pelas Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi e Sidneide Manfredini, realizada em conjunto

com um grupo de alunos do Depto de Geografia da USP. Este trabalho tem como

finalidade colaborar com as práticas agrícolas e a comercialização que se iniciam no

Assentamento Milton Santos localizado em Americana – São Paulo. O assentamento

tem três grandes peculiaridades que são, também, um desafio: é composto por muitas

famílias de origem urbana, está localizado em uma região monocultora de cana-de-

açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e Campinas. O

projeto tem se caracterizado pela orientação de formas adequadas de manejo e pelo

fornecimento de elementos para a construção do Plano de Assentamento por parte dos

assentados.

Palavras-Chave: Extensão, Reforma Agrária, Plano de Assentamento

Resumen: Este artículo aborda la Experiencia de Extensión en Geografía Agraria

coordinada por las Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi y Sidneide Manfredini, realizada

en conjunto con un grupo de alumnos del Depto de Geografía de la USP. Este trabajo

tiene como finalidad colaborar con las prácticas agrícolas y la comercialización que se

inician en el Asentamiento Milton Santos, localizado en Americana – São Paulo. El

asentamiento tiene tres grandes peculiaridades que son también un reto: está

compuesto por muchas familias de origen urbano, está localizado en una región de

monocultivo de caña de azúcar y es muy cercano a dos grandes metrópolis: São Paulo

y Campinas. El proyecto se ha caracterizado por la orientación de formas adecuadas

de manejo y por la provisión de elementos para la construcción del Plan de

Asentamiento por parte de los asentados.

Palabras Clave: Extensión, Reforma Agraria, Plan de Asentamiento.

1. Apresentação

O projeto de extensão ora apresentado surgiu a partir da disciplina “Trabalho de

Campo em Geografia I” ministrada pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi no

Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. O trabalho de campo

realizado no Assentamento Milton Santos é uma das atividades da referida disciplina e,

Page 3: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

3

3

no ano de 2007, os alunos permaneceram três dias no assentamento, sendo recebidos

em duplas pelas famílias assentadas. No retorno ao campo, requisito da disciplina, os

alunos apresentaram uma devolutiva para os assentados e, a partir daí, ou seja, a

partir do vínculo criado com os assentados e, também, a partir das necessidades

apontadas pelos próprios assentados no sentido de sua formação com relação às

formas de produção, manejo e comercialização, abriu-se espaço para gestarmos o

projeto de extensão em curso.

No mesmo ano a Pró Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo

abriu uma modalidade de bolsa chamada “Ensinar com Pesquisa” que tem, como

finalidade principal, permitir que os alunos desenvolvam habilidades específicas da

pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar. Neste âmbito, foram

solicitadas bolsas pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi, tendo sido concedidas sete

bolsas. A partir daí, pudemos dar início ao trabalho. Parte dos alunos ora envolvidos no

Projeto de Extensão são bolsistas do Programa Ensinar com Pesquisa, os demais,

tomam parte no trabalho em caráter voluntário.

2. Objetivos

O trabalho de pesquisa e extensão “Desafios da Produção Agrícola Camponesa

nos Assentamentos de Reforma Agrária: Assentamento Milton Santos – Americana/SP”

tem como finalidade central desvendar e colaborar com as práticas agrícolas e com o

processo de comercialização que se iniciam no Assentamento Milton Santos localizado

em Americana – São Paulo.

O assentamento, cujo nome homenageia um grande geógrafo, tem três grandes

peculiaridades que são, ao mesmo tempo, um desafio: o assentamento é composto por

muitas famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios

monocultores de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles:

São Paulo e Campinas. Estas peculiaridades são um desafio na medida em que os

assentados de reforma agrária, para se consolidarem na terra, têm que lidar com as

formas de subordinação de sua renda ao capital. Isto significa que a viabilidade da

reforma agrária depende da maneira como estes grupos camponeses lidam com o

mercado. Neste sentido, é fundamental entender suas práticas agrícolas e, ao mesmo

tempo, possibilitar uma orientação das formas adequadas de manejo. A participação de

alunos de graduação neste projeto permite que os mesmos desenvolvam habilidades

Page 4: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

4

4

específicas da pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar,

colaborando com os assentados no desenvolvimento de práticas agrícolas adequadas.

3. Conexão do Projeto de Extensão com o Projeto Ped agógico do Curso de

Geografia

O projeto em curso, que visa desvendar/colaborar com as práticas agrícolas que

se iniciam no Assentamento Milton Santos está em consonância com o Projeto

Pedagógico do curso de Geografia da Universidade de São Paulo.

No Projeto Pedagógico do curso de Geografia construímos a seguinte

ponderação a respeito da formação de nossos alunos de graduação:

Não se pode mais ignorar o reconhecimento da constituição de um espaço planetário complexo, sobretudo diante das profundas e sérias mudanças globais ambientais que já afetaram ou que põe em risco a vida no planeta. Para a geografia torna-se necessário refletir sobre os modos como esses processos mundiais se constituem no espaço brasileiro, pois o geógrafo deve contribuir para, através de seu trabalho, aprofundar a análise e a compreensão da realidade no que ela tem de global e de específico. Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na cotidianidade de suas relações sociais. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA, 2004:5)

Neste sentido, realizar uma pesquisa a respeito de assentamentos agrários

significa compreender o processo de reprodução do capital no mundo atual e,

especificamente, a sua contraditoriedade através da territorialização do trabalho

camponês. Desta maneira, o trabalho de campo, prática clássica do fazer geográfico,

tem lugar central no processo de desvendamento da realidade em uma perspectiva

eminentemente geográfica. Portanto, o desvendamento da trajetória de assentamentos

de reforma agrária pressupõe a realização da pesquisa empírica como ferramenta

fundamental para “Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na

cotidianeidade de suas relações sociais, se impõe”.

Desta forma, em nossa concepção, conforme explicitada em nosso Projeto

Pedagógico, a pesquisa tem lugar central na formação de nosso graduando:

A Universidade é o locus privilegiado da produção do conhecimento, que se constrói, basicamente, no cotidiano da pesquisa, enquanto produção crítica e original, sem a qual não há ensino comprometido com a formação do cidadão . É preciso reforçar que o conhecimento só pode ser produzido através do comportamento crítico e do exercício de liberdade e de existência do pleno direito à diferença. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA, 2004:5)

Neste sentido, buscamos na formação de nossos alunos e, particularmente no

desenvolvimento deste projeto, “desenvolver as habilidades de pesquisar e de

questionar o conhecimento”.

Page 5: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

5

5

Para realizar uma pesquisa acerca das práticas agrícolas de assentados de

reforma agrária, através deste projeto, os alunos-pesquisadores tem a oportunidade de

aprender e aplicar as técnicas necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.

Dentre estas técnicas apresentam-se: a observação de campo, a realização de

entrevistas/questionários com as famílias camponesas, a elaboração de cartas (mapas)

específicas que orientem o manejo agrícola adequado, a avaliação do solo, a avaliação

da potencialidade de comercialização dos produtos cultivados e, finalmente, a

sistematização dos dados e informações coletados.

4. Fundamentação teórica

Os sucessivos conflitos e a emergência de movimentos sociais envolvidos com a

luta pela terra têm marcado o Brasil principalmente nas últimas duas décadas, gerando

uma alteração de sua configuração territorial. É necessário, portanto, que tenhamos as

ferramentas teóricas adequadas para o desvendamento da formação territorial do

Brasil, em especial no que se refere à compreensão da questão agrária.

Estas ferramentas teóricas dizem respeito ao entendimento dos processos

históricos relacionados à propriedade da terra no Brasil e de conceitos que são

fundamentais para a compreensão do campo brasileiro na atualidade, especialmente

neste momento de mundialização do capital.

Algumas idéias e conceitos têm sido importados pela geografia agrária, de

autores da economia ou da sociologia, sem que uma reflexão aprofundada sobre o

significado dos mesmos tenha sido feita.

Entre estas idéias tem tomado força a “de novo rural”, segundo a qual o campo

brasileiro tem se tornado mais moderno e cada vez menos agrícola e mais “plural”. Os

camponeses, nesta concepção, vão deixando de dê-lo para tornarem-se agricultores

familiares (uma espécie de pequenos empresários do campo) ou simplesmente

assalariados.

Há três grandes perigos nesta concepção: o primeiro é o de não enxergar a

peculiaridade do campesinato enquanto classe social e, portanto, negligenciar a

especificidade de sua ação e trajetória. O segundo é que neste caminho de

entendimento não há possibilidade de compreender a ação dos movimentos sociais no

campo que têm como bandeira a execução de uma reforma agrária ampla. O terceiro,

particularmente do ponto de vista da geografia, é que não se consegue abarcar a

Page 6: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

6

6

transformação do território em toda a sua contraditoriedade, determinada pelo modo de

produção capitalista.

Sabemos que o capital não se reproduz de maneira única, mas que, ao

contrário, seu processo de reprodução é contraditório e esta contraditoriedade marca o

território brasileiro e, sobretudo, o campo, de uma maneira muito específica. Temos

lado a lado a agricultura camponesa e a agricultura capitalista desenvolvendo-se.

Temos um movimento camponês extremamente atuante e de proporção nacional que

vem buscando a realização de uma reforma agrária de forma ampla e massiva e que,

no limite, tem questionado a lógica da apropriação da terra no Brasil e tem provocado

uma alteração territorial, social, econômica e política, no campo brasileiro.

Ocorre que as últimas ocupações de terra e marchas dos movimentos sociais

têm posto a nu o poder do latifúndio no Brasil.

O Brasil não só foi um dos países com pior concentração fundiária do mundo,

como ainda é. Oliveira (2003) nos mostra que temos as pequenas propriedades, com

menos de 100 hectares - que são 84% dos estabelecimentos agrícolas - ocupando

apenas 17% da área total. Em contrapartida os maiores estabelecimentos - com mais

de 1000 hectares - que correspondem a apenas 2,4% do número total de

estabelecimentos - ocupam 50% da área. Oliveira (2003) nos mostra também que se

somarmos a área das 27 maiores propriedades rurais no Brasil, temos uma área

equivalente ao estado de São Paulo inteiro.

O mecanismo do latifúndio na atualidade - que espantosamente é improdutivo ou

“reprodutor” daquilo que poderíamos chamar de monocultura nefasta (excludente de

pessoas e devastador do meio ambiente) - se apresenta exatamente da mesma

maneira como já havia se apresentado em outros momentos de nossa história quando

da atuação de outros movimentos sociais. O que nos permite jocosamente dizer que ao

contrário de estarmos diante de um novo rural, estamos na verdade, diante de nosso

“Velho Rural”.

Josué de Castro escreveu “Geografia da Fome” na década de 40. Portanto,

sessenta anos depois estamos vivenciando exatamente o mesmo problema. Enquanto

isso o Brasil – não bastasse a enorme concentração fundiária - tem cerca de 60% de

suas terras agriculturáveis improdutivas.

É isso que os movimentos sociais, em especial o MST, estão trazendo para a

ordem do dia. Estes movimentos estão colocando em questão a incoerência de um

país com 60% das terras improdutivas e 30 milhões de miseráveis.

Page 7: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

7

7

Neste sentido, estamos diante da construção de uma reforma agrária,

perpetrada a partir da ação de classe do campesinato, que tem trazido para a realidade

brasileira perspectivas antes impensadas. Estas perspectivas se dão em duas

direções: uma, a do avanço da territorialização camponesa em si a qual, além da

importância econômica tem significado, para as famílias assentadas, a possibilidade de

um salto na condição de vida (sob diferentes aspectos). Outra. aquela que se refere ao

acolhimento/participação de famílias de origem urbana no movimento social de luta

pela terra. Uma parte significativa dos atuais acampamentos tem sido composta por

famílias/pessoas de origem urbana. Este caráter é, de alguma forma, inovador na

trajetória da luta pela terra e, também, vai na contramão da trajetória migratória que

grassa o país há décadas.

Entretanto, tem sido um desafio para os projetos de reforma agrária a contínua

luta contra a subordinação da renda camponesa ao capital. Esta subordinação se dá de

três formas: ao capital industrial, ao capital financeiro e ao capital comercial. (Bombardi,

2005)

É fundamental, portanto, quando se trata de assentamentos camponeses, uma

prática agrícola que busque superar as formas clássicas de subordinação da renda ao

capital. Neste sentido, esta pesquisa visa contribuir com a construção de práticas

agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como também, ao

mercado consumidor presente no entorno do assentamento.

Neste sentido, este projeto visa – além de desvendar a territorialidade originada

pelas práticas agrícolas já consolidadas – contribuir com a construção de demais

práticas agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como

também, ao mercado consumidor presente no entorno do assentamento.

O assentamento Milton Santos, diferentemente de parte dos assentamentos do

Estado de São Paulo originários do movimento social organizado até os anos 80 e 90,

tem algumas particularidades, dentre elas, vale ressaltar: é composto por muitas

famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios monocultores

de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e

Campinas.

Para a compreensão da origem do Assentamento Milton Santos, vinculado e

fruto do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cabe um

esclarecimento a respeito da compreensão que se faz, no âmbito deste projeto, da

origem dos assentamentos como resultado da ação do movimento social organizado.

Page 8: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

8

8

Os dados revelam o campo brasileiro em conflito há, no mínimo, sessenta anos

(Bombardi, 2005). Tais conflitos são conflitos de classe, de uma sociedade que é

eminentemente contraditória; são conflitos pela apropriação e controle do território.

O campesinato luta por sua reprodução na própria terra. É, portanto, através da

compreensão do sentido dos conflitos que se compreende simultaneamente, a luta de

classes, a luta pela terra e a necessidade da reforma agrária na atualidade.

Vale dizer que o campesinato e o conflito de classe, estão no centro da

interpretação para desvendar a reforma agrária. Desta forma proponho que a reforma

agrária é a apropriação de frações do território que o campesinato – consciente de sua

unidade e de seus interesses - conquista através da luta e do enfrentamento de classe.

(Bombardi, 2005)

O campesinato, enquanto classe, está em conflito com as duas outras classes

sociais hegemônicas no capitalismo: que são os capitalistas e os proprietários de terra.

Esta concepção do campesinato como classe social, está presente em autores como

Shanin, José de Souza Martins, José Vicente Tavares dos Santos e Ariovaldo

Umbelino de Oliveira; que se contrapõem a outros autores no âmbito do marxismo que

negam a existência do campesinato.

Para a interpretação desta classe social tão específica, que é o campesinato, há

que se considerar duas questões que estão relacionadas e que não podem ser

compreendidas separadamente.

A primeira questão é aquela que diz respeito à ordem moral camponesa,

conforme nos informa o antropólogo Klass Woortmann, entre outros, ou seja, é a

questão da concepção de mundo camponesa que vê a terra vinculada à vida, à família

e ao trabalho.

Entretanto, esta ordem moral só pode ser entendida em conjunto com um outro

aspecto, que também caracteriza esta classe social, que é a sua forma econômica de

produzir. Quer dizer, contraditoriamente, que o capital faz uso, precisa de relações não

capitalistas para se reproduzir. É isso que explica a presença desta classe social neste

modo de produção.

Mas, ao mesmo tempo, temos uma contradição dentro da outra: o capital

embora precise e permita a reprodução camponesa, também despoja o campesinato,

também o expulsa. Assim, se por um lado é possível compreender a reprodução

camponesa dentro do capitalismo, como um imperativo da própria reprodução do

capital, isto sozinho não explica tudo.

Page 9: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

9

9

Ou seja, o campesinato, mesmo quando despojado ou expulso, luta para

resgatar sua condição.

Isto quer dizer que temos, duplamente: uma forma econômica não pautada pelo

lucro que é informada pela ordem moral camponesa e, ao mesmo tempo também a

informa.

Assim, é no âmbito dessa concepção que este projeto está sendo concebido, em

uma perspectiva de que a compreensão do campesinato e sua inserção e reprodução –

contraditória - na sociedade capitalista é que possibilitam uma abordagem profícua da

realidade e, especificamente, da realidade dos assentamentos, desvendando o lugar

dos conflitos de classe no país e o significado da reforma agrária.

Portanto, a reforma agrária é sempre esta apropriação de frações do território

que o campesinato – consciente da sua unidade e dos seus interesses - conquista

através da luta e do enfrentamento de classe.

Esta reforma agrária, que é buscada através da luta camponesa por sua

reprodução, cria marcas no território, territorializa-se e transforma a experiência das

famílias que a vivenciam. Essa experiência – quando a família se reproduz na terra - é

traduzida de uma maneira extremamente positiva nas falas colhidas em trabalhos de

campo - já realizados no âmbito do projeto ora proposto – e que são a âncora para a

construção de uma teoria sobre a reprodução camponesa.

Neste sentido, particularmente no tocante ao Assentamento Milton Santos, de

acordo com Salim, 2007 (p.70-72):

A conquista do Pré-Assentamento Comuna da Terra Milton Santos foi o resultado de quarenta e dois dias de luta e ocupações por um grupo de famílias em busca do acesso a terra. Muitos deles já faziam parte do movimento e tiveram participação em outros acampamentos em sua trajetória de vida e luta.

Este processo de luta, as informações sobre as ocupações e a descrição do pré-assentamento foram levantadas a partir de entrevistas realizadas ao longo dos trabalhos de campo com os integrantes do MST. Entrevista com funcionários do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP); consultas à reportagens de periódicos e bibliografia sobre o assunto.

O grupo que realizou os acampamentos foi formado através de um trabalho de base realizado por integrantes do MST no segundo semestre de 2005, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) e município de Limeira.

Os militantes do MST se espalharam nos bairros dos municípios divulgando que estariam realizando um trabalho de base, explicando a situação, que a luta pela reforma agrária começa debaixo da lona preta, com vento, chuva e sol.

Desta forma, na manhã do dia 12 de novembro de 2005 de acordo com Lima (2007) cerca de 100 famílias, juntamente com estudantes e sindicalistas, entre outros apoiadores, ocuparam a fazenda Santo Antônio em Limeira, da antiga Granja Malavazzi. Até o início de dezembro, o acampamento acolheu mais pessoas, chegando ao número de 300 famílias.

Page 10: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

10

10

A fazenda Santo Antônio está situada no bairro Jardim da Lagoa Nova, próximo a antiga estrada que liga Limeira à Santa Bárbara d’ Oeste e possui uma área de 230 hectares, sendo que apenas uma parte da propriedade foi utilizada para o acampamento.

A alegação dos integrantes do movimento era que a granja Malavazzi havia falido e não realizou o pagamento dos encargos trabalhistas, estando penhorada e no poder da justiça, portanto a fazenda poderia ser utilizada para a reforma agrária.

Na primeira assembléia do acampamento foi escolhido o seu nome, Acampamento Milton Santos, homenageando o geógrafo (in memorian), que ocupou a posição de embaixador no governo do Jânio Quadros, comprometido com as causas populares e com discussões referentes à globalização. De acordo com o líder do assentamento Elias Antônio dos Santos, “Gordo”, o MST normalmente escolhe nomes de pessoas que lutaram contra o capitalismo e a favor da erradicação da pobreza.

(...) Após diálogos com o ITESP, com a Polícia Militar e com a liminar de reintegração de posse, no dia 07 de dezembro de 2005, às 19h, os integrantes do movimento desocuparam a fazenda.

A reintegração de posse foi baseada na alegação de esbulho possessório por parte do proprietário do imóvel. O esbulho possessório é baseado na “[...] acusação de ato ilegal triplificado no artigo 161, parágrafo 1º, inciso II, do Código Penal”. (FELICIANO, 2006, p. 106).

No mesmo dia as famílias realizaram uma nova ocupação, próxima à rodovia que liga Limeira a Arthur Nogueira, a fazenda Santa Júlia, no bairro Ferrão, com área de 90 hectares. Os membros da coordenação do movimento continuavam não querendo confrontos com a Polícia Militar, mas esperavam que o INCRA encontrasse uma área para que as famílias fossem assentadas, já que não tinham para onde ir.

Os integrantes do acampamento reivindicaram a questão da improdutividade da fazenda Santa Júlia, uma vez que a mesma não estava cumprindo sua função social. A liminar de reintegração de posse foi novamente concedida, mas a desocupação não ocorreu, pois os acampados aguardavam a decisão do INCRA referente a uma nova área para realizar o assentamento das famílias.

No dia 23 de dezembro de 2005, após duas liminares de reintegração de posse nas áreas ocupadas, o INCRA organizou a retirada das famílias da fazenda Santa Júlia que foram acompanhadas pela Polícia Militar Rodoviária até uma nova área definitiva, próxima ao bairro Antônio Zanaga, em Americana.

O INCRA já havia regularizado a compra desta área em Americana, na região conhecida como Pós-represa, para fins de reforma agrária em fevereiro de 2004, quando a mesma foi ocupado pelo acampamento Terra Sem Males.

A área utilizada para o novo assentamento corresponde ao sítio Boa Vista, confiscado e incorporado ao patrimônio do Instituto Nacional de Previdência Social (atual Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS) e comprado pelo INCRA para fins de reforma agrária. Encontram-se hoje assentadas cerca de 87 famílias, em uma área de

aproximadamente 105 hectares.

Estas famílias, como afirmado, têm origem diversa, parte significativa delas têm

uma trajetória de vivência na cidade, apesar de terem passado a infância no meio rural,

sobretudo mantendo relações de trabalho como parceria (meação).

As famílias, em contato com o Movimento Social (MST – Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra), passaram a acalentar a possibilidade de serem

assentadas e reviverem a situação outrora perdida: a da vida camponesa.

As famílias – acompanhadas pelo grupo que ora desenvolve este trabalho – têm

encontrado formas diversas de produzir, desenvolvendo, por exemplo, uma agricultura

Page 11: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

11

11

consorciada em que são empregados diferentes tipos de leguminosas e tubérculos,

desenvolvimento de fruticultura orgânica, entre outros.

Entretanto, todos os desafios comuns à agricultura camponesa também se lhes

impõe, na medida em que buscam encontrar formas de evitar a subordinação de sua

renda. Neste caso, aliás, estamos diante da territorialidade camponesa imersa no “mar

de cana” fruto da territorialização do capital (Thomaz Jr, 1988).

Justamente na perspectiva de colaborar com mecanismos que evitem a

subordinação da renda camponesa ao capital é que nosso grupo está procurando

atuar.

5. Descrição da Metodologia

Este projeto de extensão tem sido desenvolvido a partir das seguintes

atividades:

- Reunião de estudo permanente (quinzenal) com os alunos-pesquiadores;

- Trabalho de campo quinzenal, envolvendo: observação, entrevistas com as

famílias camponesas, acompanhamento das reuniões do assentamento e diálogo e

acompanhamento das reuniões com o Engenheiro Agrônomo do Incra;

- Mapeamento do Assentamento (demarcação atual dos lotes, matas ciliares e

solo);

- Coleta e análise do Solo;

- Elaboração da Carta de Solos.

A partir das viagens de trabalho de campo que se realizam quinzenalmente, o

grupo – nas reuniões com os assentados – pôde entender que a questão primordial a

ser resolvida hoje no assentamento trata-se da apresentação de um Plano de

Assentamento ao Incra, uma vez que dele depende a liberação de verbas de custeio e

de moradia.

As famílias assentadas (em conjunto com a Direção) já haviam feito uma divisão

provisória dos lotes. Entretanto, tendo em vista a necessidade de determinar as áreas

para cultivo coletivo, para uso de equipamentos coletivos (escola, salão social, etc)

para a mata ciliar e reserva legal – além evidentemente, de definir a parcela que caberá

a cada família (visto a exigüidade das terras: 105 hectares para cerca de 87 famílias) –

tornou-se, fundamental o mapeamento do assentamento.

Page 12: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

12

12

O nosso grupo de extensão, a partir das reuniões em que ficou clara esta

necessidade, passou a definir como tarefa principal o fornecimento de elementos

(conhecimento sistematizado) para que as famílias assentadas possam construir o

Plano de Assentamento.

A partir daí, passamos a realizar este mapeamento, de modo a atender às

necessidades de determinação: das melhores áreas para cultivo, de adequação de

cultivos, de adequação das parcelas a serem destinadas à reserva legal, de área da

mata ciliar, de área de produção de horticultura coletiva.

Para a realização do mapeamento foi necessário o levantamento de dados que

envolveu: levantamento de pontos por GPS (do perímetro do assentamento, do

perímetro de cada lote, do perímetro das casas, da mata ciliar, dos cursos d’água),

coleta de amostras de solo e análise física do solo no assentamento, análise química

do solo em laboratório.

Vale dizer que o levantamento dos pontos com GPS no assentamento, bem

como a coleta de solos, foram todos realizados com o acompanhamento de parte dos

assentados, nos diversos trabalhos de campo.

A partir destes dados foram elaborados: um mapa geral do assentamento (com a

divisão dos lotes e a localização das famílias em seu respectivo lote, a partir da

plotagem dos pontos na carta de 1:10.000 do IGC) e a carta de solos do assentamento.

Feito este trabalho, nas reuniões do Grupo, discutiu-se que a linguagem das

cartas não seria a melhor linguagem para subsidiar os assentados na realização do

Plano de Assentamento, de tal sorte que decidimos construir uma maquete com as

informações levantadas, de modo que a maquete fosse oferecida aos assentados e

pudesse servir de instrumento “permanente” para o Planejamento do Assentamento.

Para a realização da Maquete serviram de base os mapas elaborados pelos

alunos do Projeto Ensinar com Pesquisa e apresentados a seguir:

Mapa 1 – Limites do Assentamento Milton Santos – Am ericana - SP

Page 13: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

13

13

Imagem da área do Assentamento Milton Santos anterior à implantação do assentamento. Área demarcada com o Spring sobre mosaico de imagens do Google. Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti.

Page 14: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

14

14

Mapa 2 – Divisão dos Lotes no Assentamento Milton S antos – Americana - SP

Área do Assentamento Milton Santos com a divisão atual dos lotes. Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti.

A partir da elaboração dos mapas 1 e 2 e, também, do levantamento e análise

de solos realizado no Assentamento, os alunos deram início à construção da Maquete,

conforme fotografias apresentadas a seguir.

Page 15: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

15

15

Fotografia 1 : Maquete sendo iniciada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP, sob a orientação de Júlio Hato. Autora: Larissa Mies Bombardi.

Fotografia 2 : Maquete em processo de elaboração a partir das curvas de nível. Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP Autora: Maria Cristina Lima.

Page 16: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

16

16

Fotografia 3 : Maquete em processo de finalização. Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP. Autor: Cláudio Eduardo Andreotti.

Feita a maquete, os alunos do grupo propuseram uma pequena oficina de

apresentação da mesma, de modo que os assentados possam lidar com as

informações nela contidas, conforme apresentado no próximo item.

6. Apresentação dos resultados

No final de Julho de 2008 os alunos concluíram a maquete, “colorindo” as

manchas de solo com o próprio solo coletado no assentamento Milton Santos. O

objetivo era justamente oferecer de forma “palpável” elementos para que os

assentados tenham o conhecimento de: como o solo se apresenta qualitativamente no

assentamento; como é a atual divisão dos lotes; como é o tamanho de cada lote em

relação aos demais; como a divisão dos lotes está em relação à qualidade do solo em

cada parcela; como se apresenta a mata ciliar em relação à declividade; em quais

áreas o solo está mais fragilizado, entre outros elementos, conforme se observa na

fotografia apresentada a seguir.

Page 17: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

17

17

Fotografia 4 : Maquete Finalizada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP, antes de ser apresentada no Assentamento Milton Santos. A divisão da maquete foi realizada com o objetivo de marcar os perfis do solo em suas porções laterais. Autora: Larissa Mies Bombardi.

No dia 29/07/2008 o Grupo de Pesquisa-Extensão foi ao Assentamento Milton

Santos apresentar a maquete, realizando a seguinte oficina:

1. A primeira parte da atividade se caracteriza como um momento de interpretação livre onde os participantes possam falar de suas percepções sobre aquilo que acabam de ter contato. Aqui podem estar embutidas respostas sensitivas interessantes, como reconhecimento, surpresa, limites de compreensão, o que pode servir de subsídio para a continuidade da atividade (e seus limites), podendo ser re-conduzida a partir do que se vive no momento. Isso não implicaria no desvio do que se propõem, mas no enriquecimento, que é próprio de um processo orgânico. 2. Em um segundo momento, com o propósito de uma contextualização espacial da maquete, propomos a colocação da maquete no chão de terra (ao lado do barracão), e com a colaboração de todos riscamos no próprio solo as cidades vizinhas como Cosmópolis e Limeira, etc. As localizações e formas dos territórios serão, sem dúvidas, aproximados. O fato de estarmos trabalhando com posições geográficas imprecisas não deve ser motivo de uma suposta confusão no entendimento e nem representar a falta de rigor, sendo que pode, inclusive, servir como introdução sobre a questão de escala. O fato da maquete estar no chão pode facilitar o entendimento da diminuição que fizemos do terreno do assentamento. Além disso, temos a possibilidade de discutir duas aproximações da realidade: uma ilustrativa (o desenho livre na terra) e a outra em escala, que segue o rigor científico. 3. Nesse momento podemos fazer a ligação com a leitura mais detalhada da maquete. Cada pessoa ou núcleo (trabalho em grupo) - a decidir- irá tentar achar seus respectivos lotes. Nessa parte da atividade podemos lembrar a todos o rigor científico com a qual foi feita a maquete e da possibilidade do reconhecimento dos detalhes da realidade. 4. No momento seguinte, podemos estimular o pensamento sobre quais outras possibilidades de exploração deste material podem existir: �

Observação de solos mais, ou menos produtivos;

Page 18: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

18

18

� Região de mata, reflorestamento; � abundância/escassez de água; � Águas mais , ou menos sujas; � Pontuar as nascentes; � Estrutura da rede elétrica e da de distribuição de água; � Discutir o esgoto; � Discutir o que é o assentamento hoje, partindo do pré-suposto que aquela é uma

representação congelada da história; � Discutir o que pode ser o assentamento, tendo como possibilidade a construção de uma

segunda, terceira... maquete que representem nova configuração de lotes, espaços coletivos, captações de água, de energia, áreas de plantio, etc; �

Apresentação da comuna para visitantes, entre outras. 5. Para finalizar a atividade, podemos contar um pouco sobre o trabalho de concepção e construção da maquete. Em seguida, podemos ainda, sugerir (isso se nós todos entendermos se é possível e/ou pertinente) a construção de maquetes em formato de oficinas para os interessados. Seja ela com critérios científicos ou mesmo com caráter mais artístico produzida com sucata.

A entrega da maquete e a realização da oficina estão retratadas nas fotografias

apresentadas a seguir.

Fotografia 5 : Apresentação da Maquete no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008. Alunos e assentados observam a maquete. Autora: Larissa Mies Bombardi.

Page 19: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

19

19

Fotografia 6 : Oficina realizada no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008 a partir da Maquete. Assentados observam a localização de seus lotes e a distribuição dos lotes no assentamento. Autora: Larissa Mies Bombardi.

A oficina teve um resultado bastante positivo já que dela participaram pelo

menos um representante de cada núcleo do assentamento e, também, o agrônomo do

Incra que dá assistência ao assentamento. Na oficina os assentados vieram até a

maquete para localizar seu próprio lote, fizeram observações sobre o solo, puderam

compreender o sentido da “escala” na maquete (ocasião em que muitos se

surpreenderam ao descobrir que a representação correspondia às distâncias reais),

localizaram os lotes dos vizinhos, observaram a cor e a textura do solo e discutiram

conosco todos estes elementos.

No atual estágio de nosso trabalho, entendemos que a maquete possa ser um

importante instrumento para o Planejamento do Assentamento em conjunto com o

técnico do INCRA.

Segundo Paulo Freire (1977, p. 44):

No momento em que um assistente social, por exemplo, se reconhece como “o agente da mudança”, dificilmente perceberá essa obviedade: que, se seu empenho é realmente educativo libertador, os homens com quem trabalha não podem ser objetos de sua ação. São, ao contrário, tão agentes da mudança quanto ele. A não ser assim, ao vivenciar o sentido da frase, não fará outra coisa se não conduzir, manipular, domesticar. (grifos nossos)

Page 20: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

20

20

Nesta perspectiva, entendemos que nosso papel é construir elementos – em

conjunto com os assentados – definidos a partir das necessidades apontadas e

percebidas por eles próprios, no processo complexo e desafiador de construção de

suas vidas no assentamento.

7. Bibliografia

ABRA. “Pirituba, exemplo vitorioso e sem mistérios”. Reforma Agrária, Campinas: Associação Brasileira de Reforma Agrária, v. 15, n. 2, p. 61-68, mai./jul. 1985.

BASTOS, E. R. ; FERRANTE, V. L. B.; CHAIA, V. L. M. “Os conflitos sociais no campo no Estado de São Paulo”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Campinas), v. 13, n.5, p.26-34, set-out /1983.

BERGAMASCO, S. M. P. P. “Ontem e Hoje, a difícil realidade dos assentamentos rurais”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Campinas), v. 22, n.3, p.36-45, set-dez /1992.

BERGAMASCO, S. M. P. P.; Norder, L. A. C. “Os impactos regionais dos assentamentos rurais em São Paulo (1960-1997)”. In: Leite, S. e Medeiros, L. S. A formação dos assentamentos rurais no Brasil. Rio Grande do Sul, Editora da Universidade, 1999.

BOMBARDI, L. M. Campesinato, luta de classe e reforma agrária (A Lei de Revisão Agrária em São Paulo). São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, Universidade de São Paulo.

__________. O Bairro Reforma Agrária e o processo de territorialização camponesa. São Paulo, Anna Blume, 2004a.

__________. “O Bairro Rural como Identidade Territorial: a especificidade da abordagem do campesinato na geografia”. In: Revista Agrária, nº 1, Jan-Jul, São Paulo, 2004b. p. 55-95.

__________ “Geografia agrária e responsabilidade social da ciência”. In: Terra Livre. nº 21, São Paulo, 2004c. p. 41-53.

___________. “O Papel da Geografia Agrária no Debate Teórico sobre os Conceitos de Campesinato e Agricultura Familiar”. In: Geousp. nº 14, São Paulo, 2003a. p. 107-117.

__________ “Movimentos sociais no campo e a ordem moral camponesa”. In: Anais do II Simpósio Nacional de Geografia Agrária/I Simpósio Internacional. São Paulo, 2003b, 11p.

BRANDÃO, C. R. Plantar, colher, comer: um estudo sobre o campesinato goiano. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981.

______________. A Partilha da Vida. São Paulo: Cabral/GEIC Editora, 1995. CASTRO, J. de. Geografia da Fome. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2002. CASTRO OLIVEIRA, B.A.C. “Camponês”. In: Orientação. São Paulo: IGEOG/USP. n.8,

p.102-4. 1990. ___________. Tempo de travessia, tempo de recriação: profecia e trajetória

camponesa. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

CHAYANOV, A. V. La Organización de la Unidad Económica Campesina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visón SAIC, 1974.

COSTA, C.M.O. Um olhar sobre o processo organizativo em assentamentos rurais: o caso da Fazenda Pirituba. Campinas, 2001. Dissertação (Mestrado em

Page 21: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

21

21

Engenharia Agrícola). Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas.

D’AQUINO, T. A Casa, os Sítios e as Agrovilas: uma poética do tempo e do espaço no assentamento das terras de Promissão. In: ENCONTRO DA ANPOCS, XX, 1996. Caxambu. 35p. (Mimeogr.).

ETGES, V. E. Sujeição e Resistência - Os camponeses gaúchos e a indústria do fumo. São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

FELICIANO, C. A. O Movimento Camponês Rebelde e a Geografia da Reforma Agrária. São Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

FERNANDES, B. M. MST: Formação e Territorialização. São Paulo: Editora HUCITEC, 1996.

___________. “Questões teórico-metodológicas da pesquisa geográfica em assentamentos de reforma agrária”. In: Boletim Paulista de Geografia, nº 75, Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, 1998, p. 83-129.

___________. Contribuição ao Estudo do Campesinato Brasileiro: formação e territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST – 1979 - 1999. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

____________. Questão Agrária, Pesquisa e MST. São Paulo, Cortez Editora, 2001. FREIRE, P. Extensão ou Comunicação?. São Paulo: Paz e Terra, 1977. IOKOI, Z.M.G. Lutas Sociais na América Latina. Argentina, Brasil, Chile. Porto Alegre:

Mercado Aberto, 1989. (Revisão 35). ___________. “Lutas Camponesas no Rio Grande do Sul e a formação do MST”.

Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/Marco Zero/Fapesp/CNPQ. n.22, p.49-70. Março-agosto, 1991.

JUSTO, M. G. “Exculhidos”: ex-moradores de rua como camponeses num assentamento do MST. São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

LACOSTE, Y. “A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos.” In: Seleção de Textos. n.11. Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, agosto de 1985.

LAMARCHE, H. (Coord.) A Agricultura Familiar: uma realidade multiforme. Campinas: Editora da Unicamp, 1993.

___________ . A Agricultura Familiar: do mito à realidade. Campinas: Editora da Unicamp, 1998.

LEITE, S; HEREDIA, B; MEDEIROS, L. et al. Impactos dos Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural; São Paulo: Editora UNESP, 2004.

MARIANO, N. F. “O Bairro Revisão Agrária – Jaú-SP”. In: Anais do II Simpósio Nacional de Geografia Agrária. I Simpósio Internacional. São Paulo –SP, 2003.

MARQUES, M. I. M. O modo de vida camponês sertanejo e sua territorialidade no tempo das grandes fazendas e nos dias de hoje em Ribeira – PB. São Paulo, 1994. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) - Departamento de

Page 22: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

22

22

Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

MARTINS, J. S. Os Camponeses e a Política no Brasil. 4ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1990.

___________. A Chegada do Estranho. São Paulo: HUCITEC, 1993. ___________. O Poder do Atraso. São Paulo : HUCITEC, 1994. ___________. O Cativeiro da Terra. 6ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1996a. ___________. O tempo da fronteira: retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da

frente de expansão e da frente pioneira. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, volume 8, nº 1, 25-70, São Paulo, maio, 1996b.

___________. Fronteira. A degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo: HUCITEC, 1997.

MEDEIROS, L. S. de. A questão da reforma agrária no Brasil: 1955-1964. São Paulo, 1982. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

___________. História dos Movimentos Sociais no Campo. Rio de Janeiro: Fase, 1989. MIZUSAKI, M. Y. Monopolização do Território e Reestruturação Produtiva na Avicultura

em Mato Grosso do Sul. São Paulo, 2003. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

MOURA, M. M. Os Herdeiros da Terra. São Paulo: HUCITEC, 1978. ___________. Camponeses. São Paulo: Editora Ática, 1986. (Princípios). MURAMATSU, Luiz Noboru. “Movimentos sociais no campo: o caso de Santa Fé do

Sul”. In: Cadernos do CERU, nº 12, 1ª série, Centro de Estudos Rurais e Urbanos, São Paulo, setembro de 1979, p. 135-141.

MUSUMECI, L. O mito da terra liberta. São Paulo, Vértice/ANPOCS, 1988. OLIVEIRA, A. U.“Agricultura e Indústria no Brasil”. In: Boletim Paulista de Geografia,

n.58, AGB, São Paulo, 1981. _____________. “Renda da terra”. In: Orientação, n.5, p.94-95. IGEOG/USP, São

Paulo, 1984. _____________. “Renda da terra diferencial I e II”. In: Orientação, n.6, p.93-104.

IGEOG/USP, São Paulo, 1985. _____________. “Renda da terra absoluta, renda da terra de monopólio, renda da terra

pré-capitalista, preço da terra”. In: Orientação, n.7, p.77-85. IGEOG/USP, São Paulo, 1986.

_____________. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Editora Ática, 1990. (Princípios).

_____________. A Agricultura Camponesa no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 1991a.

_____________. Integrar para (não) entregar: políticas públicas na Amazônia. São Paulo: Papirus, 1991b.

_____________. “As (in)justiças no Pontal do Paranapanema”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º trimestre/1995a.

_____________. “Agricultura Brasileira: Transformações Recentes”. In: ROSS, J.L.S. (Org.), Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp.1995c.

____________. “O marxismo, a questão agrária e os conflitos pela terra no Pontal do Paranapanema”. In: COGGIOLA, Osvaldo (Org.). Marx e Engels na História. São Paulo: Humanitas, 1996c.

____________. “A Geografia Agrária e as Transformações Territoriais Recentes no Campo Brasileiro”. In: CARLOS, A. F. A. (Org.), Novos Caminhos da Geografia. São Paulo, Contexto, 1999.

Page 23: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Desafios da produção agrícola camponesa nos assenta mentos de reforma agrária Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

23

23

___________. A Geografia das Lutas no Campo: conflitos e violência, movimentos sociais e resistência, os “sem-terra” e o neoliberalismo. São Paulo, Contexto, 2001b.

_____________. “O Século XXI e os conflitos no campo: modernidade e barbárie”. In: Conflitos no Campo Brasil 2001. Comissão Pastoral da Terra/ Edições Loyola, Goiânia, 2002.

_____________. “Barbárie e modernidade: as transformações no campo e o agronegócio no Brasil”. In: Terra Livre, São Paulo, Ano 19, v.2, nº 21. p.113-156. Jul-Dez. 2003b.

PAOLIELLO, R. M. Posse da Terra e Conflitos Sociais no Campo. Texto baseado em ___. Conflitos Fundiários na Baixada do Ribeira: A Posse como Direito e Estratégia de Apropriação. Campinas, 1992. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. UNICAMP.

QUEIROZ, M. I. P. “Bairros Rurais Paulistas”. In: Separata da Revista do Museu Paulista. Nova série. XVII . São Paulo, 1967.

_____________. O Campesinato brasileiro. 2ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1976. RAPCHAN, E. S. De identidades e Pessoas: Um Estudo de Caso Sobre os Sem Terra

de Sumaré. São Paulo, 1993. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

RIBEIRO, S. L. S. Processos de mudança no MST: história de uma família cooperada. São Paulo, 2002. Dissertação (Mestrado em História Social) – Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

SADER, M.R. Espaço e luta no Bico do Papagaio. São Paulo. 1987. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

___________. “A luta dos trabalhadores rurais sem terra”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º trimestre/1995.

SADER, M.R., PACHECO, R. Modernidade, Tradição e Ruptura - Algumas Reflexões Sobre Aspectos da Paisagem Rural Brasileira. São Paulo. s.d., 9p. (Mimeogr.).

SALIM, A. Pré-assentamento Comuna da Terra Milton Santos: história de vida, história de luta. Campinas, 2007. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Geografia da PUC-Campinas, para obtenção do título de Bacharel em Geografia).

SANTOS, M. Por uma Geografia Nova. 3ª edição. São Paulo: Editora Hucitec. 1990. __________ . “Globalização e Reforma Agrária”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º

trimestre /1995. SHANIN, T. “El campesinado como factor politico”. In: ___. Campesinos y sociedades

campesinas. México: Fondo de Cultura Economica, 1979. ___________. “A Definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho

e o novo em uma discussão marxista” . Novos Estudos CEBRAP, São Paulo: Editora Brasileira de Ciência. n. 26, 1980. p.43-80.

__________. La clase incomoda: sociologia política del campesinado en una sociedad en desarrollo (Rusia 1910-1925). Madrid: Alianza Editorial, 1983.

__________. Chayanov e a questão do campesinato. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. s.d. (Mimeogr.). Transcrição: Leny Belon Ribeiro e Marcos A. G. Domingues.

SILVA, M. A. M. Errantes do Fim do Século. São Paulo: Editora da UNESP, 1999. SIMONETTI, M. C. L. A Longa caminhada: A (re)construção do território camponês em

Promissão. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana) -

Page 24: Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.

24

24

Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

TARELHO, L. C. - Da consciência dos direitos à identidade social: os sem terra de Sumaré. São Paulo, 1988. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) - Programa de Pós Graduação em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

TAVARES dos SANTOS, J. V. Colonos do Vinho. São Paulo: Editora HUCITEC, 1978. _______________. “Camponeses e trajetórias migratórias: Do Sul para a Amazônia

Ocidental”. In: Anuário Antropológico, n.91, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. p.73.

TEDESCO, J. C. – Terra, trabalho e família: racionalidade produtiva e ethos camponês. Editora Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, 1999.

THOMPSON, E. P. Senhores e Caçadores. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987. _____________ . Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.

São Paulo, Companhia das Letras, 1998. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E

CIÊNCIAS HUMANAS. DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA. Plano de Metas Acadêmicas 2004-2008. São Paulo: Departamento de Geografia, 2004. Mimeo.

WOORTMANN, E. Herdeiros, parentes e compadres. São Paulo: Hucitec, Brasília: Edunb, 1995.

WOORTMANN, E., WOORTMANN, K. O trabalho da terra. Brasília: Editora UNB, 1997. WOORTMANN, K. Com parente não se neguceia: o campesinato como ordem moral,

in: Anuário Antropológico/87, pp. 11–73. Brasília/Rio de Janeiro, 1990.