desafios da engenharia - crea-to · ajudar a matar o mosquito que transmite a dengue, febre...

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REVISTA ANO 01 ED. 001/2016 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Código que pauta valores e normas da Engenharia deve ser seguido à risca O MERCADO É DELAS Elas projetam, vão a campo, lideram e já conquistaram espaço. Como é a profissão de Engenharia para as mulheres? CAPA PÁG. 25 PÁG. 08 PÁG. 14 DESAFIOS DA ENGENHARIA Como está a avaliação do mercado atualmente? CREA-TO, Sinduscon-TO e profissionais comentam o que esperam do futuro nessa profissão

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Código que pauta valores e normas da Engenharia deve ser seguido à risca

O mercadO é delasElas projetam, vão a campo,

lideram e já conquistaram espaço. Como é a profissão de Engenharia

para as mulheres?

CAPA

PÁG. 25

PÁG. 08

PÁG. 14

DESAFIOS DA ENGENHARIA

Como está a avaliação do mercado atualmente? CREA-To, Sinduscon-To e profissionais comentam o que esperam

do futuro nessa profissão

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Palavra do Presidente

A Engenharia existe desde os tempos mais remotos

para atender às necessidades humanas, utilizando da

melhor forma dos recursos naturais e criando estruturas,

processos e ferramentas que facilitem a vida e o convívio

social.

Mas além de executar um bom serviço, o profissional

desta área precisa se atentar às responsabilidades e aos

princípios éticos do desenvolvimento de suas funções,

estabelecidos pela instituição que o regulamenta, no caso,

o Sistema CONFEA/CREA.

Este é o tema da reportagem de capa da nossa primeira

revista de 2016. O profissional registrado no Conselho

está sob a Lei 5.194/66, que estabelece e regulamenta sua

profissão e as atividades executadas por ele.

Acreditamos que mais importante do que obter o

conhecimento técnico especializado, é necessário aos

profissionais conhecer o Código de Ética da sua profissão

e aplicá-lo diariamente. Na reportagem, tratamos sobre

a relação entre Código de Ética da profissão e como ele

pode valorizar a trajetória profissional.

Também trazemos para discussão uma avaliação

sobre quais os desafios que a engenharia deve enfrentar

durante o ano de 2016 em meio à realidade brasileira,

uma entrevista sobre a modalidade Civil, uma matéria

sobre a fiscalização do Regional e o benefício deste

monitoramento para a sociedade tocantinense.

Nossa publicação traz ainda reportagens sobre

o restabelecimento do Programa CREAjr-TO e da

importância do profissional inscrito no Conselho emitir a

ART e quais são as vantagens deste documento.

No CREA-TO, os nossos desafios são inúmeros

e estamos trabalhando muito para melhorar nosso

Conselho. Buscamos aprimorar a nossa relação com

os profissionais e com a sociedade. Esta revista é

concretização de um compromisso da atual gestão de

ampliar os meios de comunicação do Conselho e de

tratar de temas relevantes à nossa área e à boa conduta

profissional.

Engenheiro Civil Marcelo Costa Maia

Um abraço e boa leitura

DIRETORIAEng. Civil Marcelo Costa Maia (2015-2017) PresidenteEng. Agrônomo João Alberto Rodrigues Aragão 1º Vice PresidenteEng. Agrônomo Luiz Amado Pereira Júnior 2º Vice PresidenteEng. Civil Luiz Fernando de Paula Machado 1º Diretor AdministrativoEng. Ambiental Benjamin Frederico Anders 2º Diretor AdministrativoEng. Civil Elievan Marques dos Santos 1º Diretor FinanceiroEng. Geólogo Fábio Lúcio Martins Júnior 2º Diretor Financeiro

CONSELHEIROS TITULARESEng. Agro. João Alberto Rodrigues AragãoEng. Civ. Cleidson Dias de SousaEng. Geo. Fábio Lúcio Martins JúniorEng. Agro. Luiz Amado Pereira JúniorEng. Civ. Daybson Dias de Sousa

Eng. Civ. Elievan Marques dos SantosEng. Civ. Luiz Fernando de Paula MachadoEng. Agro. Rafael Odebrecht MassaroEng. Agro. Romilton Brito da PaixãoEng. Amb. Cassius Ferreira GariglioEng. Amb. Benjamin Frederico AndersEng. Agro. Ubiratan Carlos Barreto AraújoEng. Agro. Cid Tacaoca MuraishiEng. Civ. Milton Septimio Alves NetoEng. Elet. Sebastião de Oliveira CamiloEng. Mec. Raimundo José Cordeiro de CarvalhoEng. Civ. Elvan Leão CostaEng. Civ. Valdivino Dias da Silva CONSELHEIROS SUPLENTESEng. Agro. Joseano Carvalho DouradoEng. Civ. Shirlene da Silva MartinsEng. Geo. Marco Cesar Ceballos BonattoEng. Agro. Fernando Fernandes GarciaEng. Civ. Renato Neves dos SantosEng. Civ. Antônio Sávio FilhoEng. Civ. Jefferson Jaime Cassoli

Eng. Agro. José Vieira JucáEng. Agro. Norton Rodrigues de LellisEng. Amb. Loane Ariela Silva CavalcanteEng. Amb. Rafael Marcolino de Souza

ASSESSORA DE COMUNICAÇÃOLeticia Bender

JORNALISTA RESPONSÁVEL Luana Fernanda

PRODUÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃORecords Propaganda

FOTOGRAFIAGlauber Matos

IMPRESSÃOCapital Gráfica

TIRAGEM3.000 exemplares

EXPEDIENTE

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Sumário

14

08 18

2503

2206

11

05 12

desafios daengenharia entrevista

mulher na

engenhariacapa:

éticaO guia do profissional de sucesso e valorizado

Com Daybson Dias de Sousa, Coordenador da Câmara de

Engenharia Civil do CREA-TO

Profissionais precisam encarar mercado exigente e

economia lenta

Mulheres garantem seu espaço em uma profissão dominada pelos homens

Editorial

CREAjr-TOFiscalização

Artigo CONFEA

Campanha Aedes ART

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RC Tocantins

5

Mais de 120 obras, de Norte a Sul da Capital, foram

fiscalizadas e limpas, no início do mês de março, por um mutirão

realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do

Tocantins (CREA-TO). O objetivo da fiscalização era ajudar no

combate de um dos maiores problemas atuais de saúde pública no

Brasil: a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. A ação contou

também com a parceria de agentes de combates de endemias da

Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

Durante as vistorias, fiscais do CREA-‐TO e agentes de saúde

da Semus entregaram material de conscientização à população,

com informações sobre atitudes simples e eficazes que podem

ajudar a matar o mosquito que transmite a dengue, febre

chikungunya e o zika vírus.

Dados A ação é pontual e importante, já que segundo dados da

Secretaria Municipal de Saúde, o número de casos de dengue vem

aumentando muito nos últimos anos. Em 2014, foram registrados

4.159 casos. No último ano, este número saltou para 4.593. Em

relação aos casos confirmados, em 2014, eles passaram de 1.174

para 1.632 em 2015, o que representa um crescimento de 70%.

No que diz respeito ao zika vírus, a doença que vem causando

pânico na população brasileira por estar sendo ligada aos casos

de microcefalia em bebês recém-nascidos, em 2015 foram

registrados 1154 casos suspeitos, nove foram confirmados.

A preocupação com o aumento da doença gera a busca por

soluções. De acordo com a diretora de vigilância em saúde da

Semus, a única forma de enfrentar o Aedes é controlar os focos do

mosquito. Por isso, a ação do CREA em parceria com a Secretaria

veio na hora certa.

Segundo Silvana, no mutirão realizado em março, os

agentes e fiscais buscaram encontrar focos em materiais que

são descartados durante a construção e que acabam se tornando

potenciais criadouros do mosquito. Parte da própria estrutura

da obra, que é desprezada na fase de montagem (como os pré-

moldados, que tem em seu formato alguns sulcos, que enquanto

não são preenchidos podem acumular água), também foi alvo da

busca dos agentes da Secretaria e fiscais do Conselho.

“A logística de trabalho foi organizada em conjunto com o

CREA, Secretaria de Saúde e Defesa Civil. Com o apoio dos agentes

de endemia e os fiscais da instituição, as equipes foram divididas

em todas as áreas da cidade. Os fiscais e agentes fizeram essas

visitas em busca de criadouros. Além dos materiais não utilizados

foram checados os pontos de apoio para os trabalhadores nas

obras, como os banheiros e refeitórios, que também podem

oferecer riscos”, explica.

O mutirão também fiscalizou obras paradas, que podem

ser perigosas, isso por terem buracos antigos escavados, que

acabam se tornando uma grande piscina de água parada, ou seja,

outro local que o mosquito pode fazer de criadouro.

Na opinião do presidente do CREA‐-TO, o engenheiro civil

Marcelo Costa Maia, o Conselho tem papel imprescindível na

luta pelo fim do Aedes. “É importante ficarmos atentos a esses

cuidados. Canteiros de obras e outros serviços de engenharia

podem ser potenciais criadouros do mosquito e nós, como

Conselho, temos esta grande responsabilidade na fiscalização do

exercício profissional desta área tecnológica”, explica.CA

MPA

NH

A AE

DESCREA-TO participa de mutirão de combate ao

mosquito Aedes Aegypti em PalmasMais de 120 obras foram fiscalizadas; ação deve se estender para outras cidades do Tocantins

Para evitar o pior, quando estiver construindo, a população pode realizar ações simples e eficazes de combate à proliferação do mosquito. Evitar o acúmulo de água em poços de elevadores, fundações, lajes e calhas. Manter caixas e reservatórios de água tampados, manter betoneiras secas e de cabeça para baixo, quando não estiverem em uso, guardar lonas em locais secos e quando em uso esticadas para evitar formação de bolsões de água, entre outras.

COMO COMBATER O AEDES?

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

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CREA-TO fiscaliza obrase serviços ligados às atividades da Engenharia no Estado

Foram 4.050 visitas durante todo o ano que se passou.

Em 2015, a equipe de oito fiscais do Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO) percorreu 76

dos 139 municípios tocantinenses, o que resultou em 1.488

autuações aos profissionais e empresas.

Em campo, os fiscais têm o objetivo de inspecionar todo

o tipo de obra e serviço, que de alguma maneira é ligado ao

Conselho. Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas

a área da construção civil que é supervisionada por esses

profissionais. De acordo com o gerente de Fiscalização do CREA-

TO, Nivardo Tavares, a equipe verifica também a regularidade de

obras civis (construção, reforma e ou ampliação), condomínios

(empresas que prestam serviços na área de Engenharia

como manutenções prediais e elétricas), bancos, postos de

combustíveis (manutenção em bombas e as empresas que

recolhem resíduos usados, como óleo), clínicas hospitalares

(equipamentos médico e odonto hospitalares), supermercados

(manutenção em elevadores ou equipamentos eletroeletrônicos)

e etc.

A lei determina que o Conselho inspecione tanto a atividade

profissional, quanto os serviços realizados por Engenheiros,

Agrônomos, Geólogos, Geógrafos, Meteorologistas, Tecnólogos

e Técnicos de Segundo Grau das modalidades listadas. O

objetivo maior é garantir a qualidade do serviço prestado e coibir

a prática do exercício ilegal dessas profissões.

“Muita gente acha que o CREA fiscaliza apenas a

construção civil, mas não é assim. Tenho direcionado a equipe

para cobrir todas as áreas pertinentes à nossa função. O alvo de

nossas últimas visitas foram bancos e postos de combustíveis.

O trabalho é muito amplo”, explica Nivardo.

O gerente de fiscalização esclarece que para cada tipo de

serviço oferecido na área de Engenharia ou obra visitada, os

fiscais precisam observar se há ali um profissional habilitado e

responsável ou se há também um projeto daquela obra.

“Durante as visitas, os fiscais fazem uma abordagem

onde solicitam a documentação da obra ou serviço. De posse

destes documentos, eles fazem um relatório e ao chegar ao

CREA buscam no sistema se tudo está ok. É verificado se o

profissional está em dia e a Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART) está condizente com o que diz a documentação

apresentada, ou seja, se aquele profissional tem atribuição para

realizar o tipo de serviço que está prestando ou se o profissional

não registrou o serviço ou a obra. Se houver irregularidade em

alguma dessas etapas é feita a autuação. Nos casos das visitas

em que o fiscal percebe que não há profissional responsável, a

autuação é realizada na hora. A indicação que os fiscais dão para

o leigo (aqueles que não são profissionais com responsabilidade

prevista em lei) é sempre para procurar o CREA. Ele vai precisar

pagar uma multa e contratar um profissional para assumir a

supervisão da obra ou serviço”, informa.

FISC

ALIZ

AÇÃO

Equipe de fiscais do CREA-TO percorreu 76 municípios tocantinenses e realizou mais de quatro mil visitas

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RC Tocantins

7

FISC

ALIZ

AÇÃO

IrregularidadeSegundo um dos fiscais do Conselho, Clerisvan Sousa,

as irregularidades mais comuns observadas em campo são a

falta de Anotação de Responsabilidade Técnica, seguida por

empresas que trabalham na área de Engenharia sem o registro

no CREA. “Uma das grandes dificuldades que nós encontramos

é a falta de informações nas obras irregulares. Nesse tipo de

situação, os leigos não fornecem o nome do proprietário, o CPF e

o endereço dos donos das obras. Nesses casos necessitamos de

um tempo maior de pesquisa para conseguir estes dados”, diz.

Na hora de escolher as obras que irão ser fiscalizadas, a

equipe do Conselho segue um minucioso planejamento. Dentro

do município de Palmas as áreas são divididas de Norte a Sul

da cidade de acordo com o número de fiscais. Como o CREA

fiscaliza as obras e os demais serviços de Engenharia, em uma

determinada área de atuação, é possível encontrar obras e

serviços que envolvam uma gama bem mais ampla. Por exemplo,

em uma região específica, a equipe pode fiscalizar obras e no

caminho também inspecionar as atividades de agronomia como

as plantações de soja, que devem ser acompanhadas por um

Engenheiro Agrônomo.

Todos podem denunciar as irregularidadesA comunidade também pode ajudar a equipe de fiscais do

CREA solicitando uma visita através da aba ‘Ouvidoria’ pelo site

do Conselho (www.crea-to.org.br).

“O cidadão ou profissional pode denunciar qualquer

irregularidade através do site, cadastrando a denúncia com o

máximo de informações que dispuser naquele momento ou

pela ouvidoria do conselho. Além das denúncias da comunidade

ou dos profissionais, nós fazemos a fiscalização direta,

saímos a campo e coletamos informações diretamente nas

obras e em outros empreendimentos que podem ser: postos,

supermercados, clínicas, dentre outros, desde que nestes

estabelecimentos tenham atividades de Engenharia temporárias

ou permanentes. Na fiscalização indireta nós podemos analisar

contratos ou publicações nos diários oficiais, em que são

publicados os editais, que geralmente são de obras públicas.

No processo de fiscalização diária podem ser gerados relatórios

regulares e os irregulares. Esses últimos são objetos da nossa

atenção”, elucida Clerisvan.

Com todo o esforço, minúcia e comprometimento, Nivardo

acredita que a sociedade é quem ganha com o trabalho da equipe

de fiscalização do CREA. Ele comenta que, a população vai ter

um serviço de qualidade, responsabilidade e um profissional que

vai responder por todos seus atos.

“A fiscalização inibe todo o tipo de irregularidade em

serviços ou obras. Nosso foco é buscar o benefício dessas

visitas que é garantir um alto padrão do prestador de serviço,

da execução, da obra erguida. Nós buscamos sempre o positivo,

tanto é que a maioria dos nossos relatórios resulta em um

parecer de regularidade, ou seja, o CREA passou por ali e deu o

seu ok, isso é muito importante para a sociedade”, finaliza.

DADOS SOBRE FISCALIZAÇÂO 2015/ CREA-TO

AçãO / MODAlIDADE VISITAS PROFISSIONAIS EMPRESAS AUTUADAS

Fisc. Direta e Indireta (em campo e em cartórios, diário oficial, convênios)/Civil

2326 637

Fisc. Direta/Mecânica/ Metal./Geologia/Minas 274 150

Fisc. Direta / Elétrica 163 55

Fisc. Direta / Química 1 1

Fisc. Direta/Agronomia/Agrimensura 1284 643

Fisc. Direta / Segurança 2 2

Total Geral 4050 1488

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Revista Crea Tocantins Maio/Junho 2016

Profissionais precisam encarar mercado exigente e economia lenta

DESAFIOS DAENGENHARIA

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RC Tocantins

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O avanço da tecnologia, o aumento da população mundial e

a luta pela preservação do meio ambiente são alguns dos fatores,

para bem ou para o mal, que os profissionais da Engenharia

precisam levar em conta quando pensam no futuro.

Encarar as mudanças climáticas, incluir questões ligadas à

sustentabilidade na pauta de debates da sociedade e também da

própria profissão, assim como usar as novidades tecnológicas

ao seu favor, são alguns dos desafios que a longa lista de

modalidades que compõe a Engenharia precisa superar com

criatividade.

E ser inventivo está no sangue. A palavra Engenharia, em

seu conceito simples e básico, significa a aplicação de métodos

científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza

em benefício do ser humano, ou seja, no campo, na cidade,

na elaboração de novas técnicas agrícolas ou mecânicas, os

profissionais que trabalham com essa ciência precisam usar o

conhecimento e tecnologia como aliados para o desenvolvimento

da sociedade.

Quem concorda com esta afirmativa é o presidente do

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Tocantins

(CREA-TO), Marcelo Costa Maia. Para ele, o momento atual

é realmente desafiador e exige muito dos profissionais da

Engenharia, especialmente da área tecnológica.

“Temos muita responsabilidade nas mãos, pois somos o

meio pelo qual o país é planejado, construído e desenvolvido

com observância à sustentabilidade e ao bem-estar social. A

situação demanda liderança, empreendedorismo e, sobretudo

um desenvolvimento profissional diferenciado. Para isso,

é o momento de buscarmos especialização e atualização

profissional, inovação e dinamização do setor tecnológico”,

ressalta.

Neste contexto, para o presidente, a função do CREA é

assegurar que os serviços de Engenharia, Agronomia, Geografia,

Geologia e Meteorologia sejam executados por profissionais e

empresas habilitadas. “Temos que cumprir a missão de proteger

a sociedade e valorizar os profissionais que executam suas

atividades com ética e responsabilidade”, diz.

AfunilandoDentro da profissão, uma das áreas que também deve

enfrentar grandes desafios quando se pensa no futuro é a

Engenharia Civil. Após o país viver um boom da construção entre

os anos de 2009 a 2013, com o agravamento da crise mundial

que consequentemente afetou o Brasil, o segmento vive agora

uma retração que atinge profissionais, estudantes e investidores.

E se o mercado apresenta dificuldades para os empresários,

como está a realidade para aqueles que estão deixando a sala

de aula agora? As expectativas para quem acabou de sair da

universidade são bem realistas.

Para Ana Maria Menezes, 23 anos, formada há um mês em

Engenharia Civil, um dos maiores problemas para os jovens que

deixam a academia para experimentar o mercado de trabalho,

com todas suas complexidades, é o abismo entre o que se

discute e se aprende em sala de aula e o que o mercado exige.

“Sempre sonhei em fazer Engenharia. Na época que entrei,

em 2010, o país estava vivendo o boom da construção civil e

com isso muitos colegas começaram a fazer o curso por causa

da expectativa de ter bons salários, o que não era o meu caso.

Na universidade encontrei excelentes professores, mas sai de

lá sem ter feito nenhum estágio, sem ter a vivência, a prática.

Em virtude disso minhas perspectivas são baixas. Não deixei

nenhum currículo ainda e, por enquanto, estou focada em

concurso. A iniciativa privada exige experiência e como não

tenho nenhuma, não espero muita coisa”, pondera.

Um dos grandes problemas que Ana percebeu com as

experiências dos colegas é que durante a universidade, muitos

começavam a estagiar em empresas que não proporcionavam

nenhum aprendizado para os estudantes e acabavam forçando-

os a realizar as mesmas tarefas de um profissional formado.

“O que percebi é que muitos colegas passaram a

graduação inteira fazendo estágio em uma mesma empresa e lá

permaneceram sem ter nenhum aprendizado. Eles trabalhavam

mesmo, não aprendiam nada. Estagiar pelo dinheiro não valia a

pena pra mim”, comenta.

Retomada do crescimentoNo meio de todas essas mudanças, o presidente do

Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do

Tocantins (Sinduscon-TO), Bartolomé Alba Garcia, aposta que

há motivos para acreditar que o crescimento na área deve ser

retomado ainda em agosto desse ano.

“Uma forma que o governo tem de fazer a economia andar

rapidamente é investir na construção civil. Acredito que se houver

uma mudança ou não de governo, teremos que ter mudanças no

FUTU

RO

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

10

financiamento sobre a construção, porque

este é o único segmento que você tem

retorno imediato, em trinta dias. Aposto

em bons patamares a partir de 2017”,

enfatiza.

De acordo com o presidente

do Sinduscon, o mercado para os

profissionais da Engenharia Civil não será

tão favorável como foi há alguns anos,

mas com a recuperação do crescimento,

todos envolvidos no processo também

devem visualizar a recuperação dos seus

empregos e a criação de novos postos de

trabalho.

Olhando para frente, para ele, a

inserção da tecnologia como agente

facilitador do desenvolvimento tanto da

profissão, quanto do profissional, é uma

das apostas de Bartolomé para o futuro da Engenharia.

“A tecnologia vem sempre contribuir. Na construção civil

ela é muito cara, principalmente no Brasil. Houve grandes

investimentos nessa área, mas ainda é tudo muito caro para

o país, então é difícil absorver estas ferramentas. Isso sem

contar que o próprio empresariado tem uma resistência grande

em relação a mudanças bruscas. Mas acho que é um caminho

irreversível, a inserção da tecnologia na construção civil é um

caminho sem volta”, pondera o presidente.

E falando em mudanças, Bartolomé acredita que

o desenvolvimento de projetos e obras que apontem e

dialoguem com a temática da sustentabilidade não são apenas

uma tendência do mercado, mas uma demanda dele. “A

sustentabilidade é a bola da vez. Todo mundo fala sobre isso.

Começamos a discutir o assunto e agora ele já é uma realidade

no nosso meio, saiu da teoria. Ou a gente se adapta ao que nos

pede o meio ambiente ou a nossa situação vai ficar muito ruim.

Hoje percebo que a transformação da sustentabilidade em uma

realidade é barrada pelos custos de implantação dela. Então

vejo que o desafio é tornar o sustentável viável para o mercado.

Assim essa mudança não vai acontecer tão devagar e o impacto

será menor”, comenta.

Para frente e avanteEmbora as perspectivas para o futuro sejam bem realistas

para quem está começando, Ana Maria acredita que o mercado

está reagindo e pretende aproveitar qualquer oportunidade que

aparecer.

“Hoje vejo o mercado muito mais competitivo. A graduação

não é mais suficiente, é preciso ter uma especialização. Estou

atirando para todos os lados, se aparecer algo em alguma

empresa vou agarrar. Mas ao mesmo tempo também quero

tentar mestrado e vou continuar estudando para concurso,

pretendo fazer tudo ao mesmo tempo, o que não dá é para

desistir” diz.

E apostando num futuro melhor, para o presidente do

Sinduscon-TO, o maior desafio para o profissional da Engenharia

hoje é conseguir acompanhar as exigências do mercado. Ele

acredita que só vai se sobressair os profissionais que oferecerem

algum diferencial. “Hoje é preciso ser o melhor, é preciso estar no

topo, participar de uma forma mais ativa de todo o processo. O

profissional que se sobressair é o que vai ter mais oportunidade.

O mercado atualmente não está para todos, já esteve. Então

quem conseguir se destacar, mesmo com a recessão, não vai ter

dificuldade em se encaixar, em fazer a diferença”, finaliza.

FUTU

RO

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RC Tocantins

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ARTIGO:

Limpeza urbanacomeça por você

O Brasil atravessa um momento crítico na saúde pública.

Estamos muito aquém do necessário no que diz respeito ao

desenvolvimento de políticas e infraestruturas de saneamento

e limpeza urbana. E, nós, profissionais da Engenharia, temos

responsabilidade direta nesse assunto.

A ameaça de um mosquito transmissor de graves doenças,

que vem se espalhando Brasil afora, é motivo para mobilizar toda

a sociedade e nos convida a refletir sobre o papel de cada um

no processo de construção de cidades mais limpas e saudáveis.

Neste ano, o CONFEA participa da Campanha da

Fraternidade Ecumênica, da Confederação Nacional dos

Bispos do Brasil, que tem como lema: “Casa comum, nossa

responsabilidade”. A campanha nos convida a debater temas

como saneamento e saúde pública e nos traz a oportunidade

especial de refletir sobre as ferramentas que cada um possui

para mudar a realidade atual.

Creio que nós, profissionais CONFEA/CREA, temos o

notório saber técnico-científico para garantir cidades mais

limpas, com mais saneamento e melhores condições de saúde

para o cidadão.

Por esse motivo, neste ano o CONFEA se pauta pela campanha “limpeza urbana começa por você”.

Esforço localO Tocantins vem se destacando no combate ao mosquito

da dengue: superou em 132,61% a meta estabelecida pelo

Ministério da Saúde de visitação de imóveis para verificação de

focos do mosquito. Em Palmas, 2,5 mil pessoas se mobilizaram,

em fevereiro, no mutirão em combate ao Aedes. Também na

capital é onde acontece o “Movimento 20 para zero”, em que

todos os dias um servidor público tira 20 minutos para verificar

possíveis focos nos prédios municipais.

Além disso, Palmas lançou o aplicativo de celular “Na luta

contra o mosquito”, tecnologia a favor dos cidadãos. Isso é

uma amostra de como a mobilização faz a diferença. É limpeza

urbana, literalmente, nas mãos do tocantinense.

Ressalto, ainda, que, enquanto cidadãos, temos que exercer

o controle social sobre nossas autoridades para que cumpram

seu papel de formuladores, implementadores e fiscalizadores

das políticas públicas de saneamento, limpeza e conservação

do nosso meio. O CONFEA parabeniza o Tocantins, onde todas

as instâncias estão envolvidas na proteção da saúde pública.

Profissional, conte com o CREA nessa batalha: é no nosso

Sistema que se encontram os principais profissionais que

atuam no saneamento básico e em sistemas de escoamento,

componentes fundamentais para a limpeza urbana.

Agradecemos ao CREA-TO, com quem podemos contar como

parceiro essencial nessa luta! A Engenharia e a Agronomia têm

papel fundamental em garantir qualidade de vida para toda a

população.

Engenheiro Civil José Tadeu da SilvaPresidente do CONFEA

ARTI

GO

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

12

A Anotação de Responsabilidade Técnica, um documento

encarregado de definir quem são os responsáveis técnicos

por alguma obra ou serviço de área da Engenharia, tem

também o objetivo de apontar as principais características do

empreendimento. Ela foi implantada em dezembro de 1977,

e a partir desta data, todo contrato escrito ou verbal para o

desenvolvimento das atividades no âmbito das profissões

fiscalizadas pelo sistema CONFEA/CREA deve ser registrado no

Conselho.

Para o gerente

de ART do Conselho

Regional de Engenharia

e Agronomia do

Tocantins (CREA-

TO), Euclides Muniz,

o documento é

importantíssimo e

passou a ser adotado

como prova da

contratação de alguma

atividade técnica.

Com ele é possível

indicar a extensão dos

encargos, os limites

das responsabilidades - tanto de quem realiza, como de quem

contrato o projeto -, e a remuneração correspondente ao

serviço contratado. “Em outras palavras, ele possibilita que o

profissional exerça simultaneamente as funções de contrato,

certificado de garantia e registro de autoria”, completa.

Euclides ressalta que quando o profissional presta algum

serviço, desde uma consultoria, até a execução de uma grande

obra, deverá registrar, previamente, uma ART mencionando

a atividade técnica pela qual se responsabilizará. Da mesma

forma, a anotação deve ser registrada para que assim aconteça

o desempenho de cargo ou função técnica.

Segundo o gerente, é importante ficar atento, já que a ART

só é considerada válida quando estiver cadastrada no CREA,

quitada e possuir as assinaturas originais do profissional e

contratante. “Além de estar livre de qualquer irregularidade

quanto a atribuições do profissional que anotou, a ART deverá

ser anotada (registrada) antes do início dos serviços. Ela garante

os direitos autorais do profissional e o direito à remuneração,

como comprovante da execução do serviço. Também ratifica

a existência de contrato entre as partes, define os limites

da responsabilidade técnica (civil e criminal), e comprova a

experiência do profissional à medida que registra todas as

atividades desempenhadas ao longo de sua carreira”, menciona.

Ele explica que para projetos, laudos, avaliações e

arbitramentos, entre outros, a anotação também pode ser

emitida e recolhida no local onde o profissional mantém o seu

escritório ou empresa. Já as execuções de obras ou serviços

técnicos, só podem ser registradas no CREA, onde o trabalho

será realizado.

EmissãoAtualmente a ART só pode ser emitida por meio do sistema

eletrônico. Desta forma, otimiza o tempo do profissional e

possibilita que toda a tramitação do documento seja feita por

ART na vida profissional do engenheiro

AnOTAÇãO DE RESpOnSABILIDADE TéCnICA é DOCuMEnTO quE RESguARDA pROFISSIOnAL, COnSELhO E SOCIEDADE.

Há três tipos de Anotação de Responsabilidade Técnica, divididas nas seguintes categorias:

Obra ou serviço Obra ou serviço de rotina Cargo ou funçãoA ART de obra ou serviço se refere à execução de obras ou prestação de serviços. Essa é a mais utilizada e faz referência a um único contrato;

Em caso de obra ou serviço de rotina, a ART é denominada múltipla. Ela especifica vários contratos referentes à execução de obras ou à prestação de serviços do dia a dia em determinado período;

A ART de cargo ou função faz referência ao vínculo do profissional com pessoa jurídica para desempenho de cargo ou função técnica.

ART

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RC Tocantins

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ARTmeio da internet.

Após o preenchimento, um boleto bancário é gerado.

Depois da confirmação desse pagamento, a ART é analisada

pelos colaboradores do CREA-TO.

Ainda de acordo com Euclides, o documento somente

ficará disponível para impressão após a compensação do boleto

bancário. Caso o engenheiro identifique alguma inconformidade

no preenchimento, ela será recusada e enviada para o

profissional para as devidas correções e ele receberá um e-mail

com os dados para os ajustes. “Depois de ser registrada no

sistema e paga, a ART não pode mais ser alterada. Para efetuar

correções posteriores é preciso registrar uma nova anotação de

substituição, vinculada a que contém erro”, frisa.

O documento, relativo ao desempenho de cargo ou função,

deve ser registrado após assinatura do contrato ou publicação

do ato administrativo de nomeação ou designação, de acordo

com as informações constantes do documento que aponte o

vínculo do profissional com a empresa.

É interessante salientar que quando o profissional é

contratado como autônomo, cabe a ele o pagamento da taxa

da ART. Agora, quando se tratar de profissional com vínculo

empregatício de qualquer natureza jurídica, cabe a empresa a

responsabilidade pelo pagamento da taxa do documento.

BaixaA baixa na ART é um procedimento necessário para

comunicar ao CREA a conclusão da obra/serviço ou o

encerramento de sua participação técnica. Mesmo com a ART

baixada, o profissional continua responsável pela obra ou

serviço.

PenalidadesDe acordo com a procuradora jurídica do CREA-TO, Fernanda

Teixeira, a não emissão do documento pode levar o profissional

a pagar multa, o que dependerá da análise do caso concreto e do

tipo de infração cometida. Também estão previstos advertência,

censura pública, suspensão temporária do exercício profissional

ou cancelamento definitivo do registro. “A análise será feita no

caso concreto e de acordo com a gravidade da falta”, afirmou.

A procuradora ressalta que a ART oferece legitimidade

documental e assegura, com fé pública, a autoria, a

responsabilidade e a participação técnica em cada obra ou

serviço, não apenas porque os dados ficam registrados no

Conselho, mas também porque o documento não é aceito se

houver incompatibilidade entre atividades desenvolvidas e

atribuições em cada área.

“A anotação é uma ferramenta também de proteção à

sociedade contra o exercício ilegal da profissão, a ART declara

que os projetos e obras estão de acordo com as normas de

acessibilidade e com a legislação vigente”, informa.

A jurista assegura que outra função do documento é

constituir prova da contratação técnica, de fundamental

importância, podendo ser adotada até mesmo como um

contrato entre as partes. Isso porque, segundo ela, estabelece

a remuneração, as responsabilidades dos envolvidos, os

direitos e deveres do profissional e do contratante e ainda as

características do empreendimento e encargos do serviço

contratado. “Ela resguarda e ampara as partes em eventuais

reclamações, sejam elas jurídicas ou administrativas”, salienta.

MERCADOPara os contratantes, particulares ou órgãos públicos, a ART

tem caráter preventivo. O instrumento confere mais segurança na

medida em que demonstra com precisão as características dos

serviços contratados e assegura que eles sejam realizados por um

profissional habilitado.

O documento ainda preserva a sociedade de profissionais

inabilitados ou daqueles que exercem ilegalmente a profissão.

Além disso, impossibilita a utilização ilegal de acervo técnico

em processos licitatórios, garantindo que as obras ou serviços

públicos – que têm por fim a melhoria da qualidade de vida da

população – sejam feitos com segurança técnica.

O engenheiro mecânico Raimundo Carvalho, que há mais

de 15 anos atua na área, registrou em 1993 a primeira ART. Na

sua opinião, o documento dá mais credibilidade aos trabalhos

executados. “Ele garante que os serviços estão sendo registrados

e que existe um profissional habilitado responsável pela execução

dos trabalhos com muita responsabilidade”, completa.

Por que é preciso

ficar de olho?

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ÉticaO guia do profissional de sucesso e valorizado

O que é ética? É o nome dado ao ramo da filosofia

dedicado aos assuntos morais. A palavra é derivada do grego,

e significa aquilo que pertence ao caráter, ou seja, trata de

uma análise sobre o valor das ações sociais, consideradas

tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.

Segundo Marilena Chauí, em seu livro ‘Convite à Filosofia‘

(2008), a ética nasce a partir do momento que o ser humano

começa a questionar o que é certo ou errado. Uma reflexão

que já esteve presente desde a antiguidade ocidental, quando

grandes filósofos como Sócrates e Platão começaram a

busca de respostas pessoais sobre a conduta do homem.

Mas, afinal, como a ética está ligada à Engenharia? Se

uma criança tem sua formação moral nos seus primeiros anos

de vida, iniciando antes mesmo de andar ou falar, como isso

se conecta nas profissões? A ética na Engenharia começa

ainda na formação universitária e é levada para a sociedade,

quando este profissional começa a exercer a profissão por

meio da prestação de serviços.

Para nortear o profissional, a fim de que ele leve o

melhor para a execução do seu trabalho, ele tem como base

o Código de Ética. O guia é o instrumento que define os

princípios que objetivam a profissão, define os critérios de

eficácia, a qualidade do relacionamento com a sociedade

e a sustentabilidade na intervenção no meio natural ou

construído. O documento ainda traz os deveres e as condutas

que são proibidas, dispõe os direitos e deveres da profissão e

qualifica as infrações.

“O Código de Ética tem por objetivo materializar as

condutadas vedadas perante os profissionais e a sociedade.

Sua observância só traz ganhos para todos”, comenta o

coordenador da Comissão de Ética do Conselho Regional

de Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO), o

engenheiro ambiental Cassius Gariglio.

Código AtualPara o Presidente do CREA-TO, engenheiro civil Marcelo

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RC Tocantins

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Costa Maia, o atual Código de Ética é abrangente e atende

aos anseios dos profissionais e da sociedade. Ele menciona

que o profissional que conhece o código e sabe aplicá-lo no

seu dia a dia é mais valorizado. Isso porque, segundo ele,

cumpre com rigor os limites da sua profissão em benefício da

segurança da população.

“A sociedade pode ficar exposta a muitas situações de

risco, caso o profissional não seja ético com seus trabalhos.

São várias as situações, porque a Engenharia, por exemplo,

está em tudo: nas nossas casas, nas escolas dos nossos

filhos, no solo onde produzimos os alimentos que comemos,

na água pela qual nos mantemos vivos e somos dependentes,

nas estradas em que viajamos, no transporte de tudo que nos

cerca, nas diversas energias que nos mantêm conectados e

nas tecnologias e sistemas que facilitam nossa vida, entre

outros”, comenta.

Marcelo também ressalta que o CREA-TO trabalha sempre

para divulgar o Código. O Conselho distribui este documento

para os profissionais e recebe denúncias da sociedade,

em caso de o profissional não cumprir os fundamentos

éticos. “Este documento defende a sociedade e valoriza a

profissão de engenheiros, agrônomos, geógrafos, geólogos,

meteorologistas, técnicos e tecnólogos. O profissional que

conhece e o pratica, trabalha em defesa de um serviço com

qualidade e segurança”, enfatiza.

O que diz a LeiA procuradora jurídica do CREA-TO, Fernanda Teixeira,

explica que quando ocorre infração ética por parte de

qualquer profissional vinculado ao sistema, é instaurado o

processo ético. “O profissional estará sujeito às penalidades,

quais sejam a advertência reservada e a censura pública, a

depender da gravidade da conduta no caso”, pontua.

Conforme a lei 5.194/66, que regula o exercício

profissional de Engenharia e Agronomia, o cancelamento

do registro pode ser feito por má conduta e escândalos

praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por

crime. Fernanda ressalta que a instrução do processo ético

ocorre perante a Comissão de Ética Profissional do CREA-

TO e eventual punição poderá ser aplicada pela Câmara da

Modalidade correspondente, após a aprovação do plenário.

Em relação à fiscalização do exercício profissional de

Engenharia e Agronomia, a procuradora jurídica informa que

ela acontece mediante atuação dos fiscais vinculados ao

Conselho, quando estão em campo verificando as obras e

demais atividades.

Fernanda reforça que isso também é um exercício

que a própria sociedade pode contribuir. “Isso pode ser

feito mediante denúncias efetivadas por meio da Ouvidoria

do CREA-TO, que disponibiliza os seguintes canais de

comunicação: e-mail, telefone, link no site do CREA-TO

e também pessoalmente na sede do Conselho, sendo as

denúncias éticas realizadas através de protocolo na Sede do

Conselho ou nas Inspetorias, com assinatura do denunciante.

Dessa forma, por meio das denúncias ou da infração

constatada ‘in loco’ pelos fiscais, ocorre o procedimento de

apuração da conduta e instauração do processo ético”.

DenúnciasQuando a denúncia é feita por meio da sociedade e dos

profissionais ao Conselho, o processo é instaurado após ser

protocolado pelo setor competente do CREA, onde ocorreu

CAPA

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a infração, decorrente de denúncia formulada por escrito e

apresentada por instituições de ensino, que ministrem cursos

nas áreas abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA. Ou por

qualquer cidadão, mediante requerimento fundamentado,

associações ou entidades de classe, representativas da

sociedade, de profissionais fiscalizados pelo sistema ou

pessoas jurídicas, titulares de interesses individuais ou

coletivos.

O coordenador da Comissão também explica que

mediante relatório da fiscalização é instaurado um processo.

Ele é conduzido pela Câmara Especializada da modalidade

profissional (Câmaras de Engenharia: Civil, Elétrica, Mecânica

e Metalúrgica e Geologia e Minas, etc.), para só depois,

com indícios da existência de elementos que comprovem a

violação ao Código de Ética Profissional, mediante decisão

fundamentada da Câmara da modalidade do profissional

denunciado, surge a possibilidade da atuação da Comissão

de Ética Profissional (CEP). Assim sendo, denunciante e

denunciado serão ouvidos e prestarão esclarecimentos.

Deveres do profissionalDe acordo com o coordenador, os preceitos do Código

de Ética não são faculdades, mas obrigações de todos os

profissionais que integram o Sistema CONFEA/CREA. Para

controlar isso, Cassius também acredita que é necessário

um trabalho coletivo, já que existem muitos envolvidos no

processo.

“As Engenharias são o motor econômico do nosso

Brasil. Atuamos desde a fase de planejamento dos

empreendimentos passando por sua implantação e

manutenção. Nos dias atuais, grande parte da sociedade

não tem a clareza dos benefícios da contratação de um

engenheiro, frise-se, desde a fase de planejamento até

execução, pois há flagrante redução dos custos: econômicos,

ambientais e em alguns casos vidas são poupadas”.

Cassius ainda reforça que no caso dos profissionais

da Engenharia, em suas diversas modalidades (Ambiental,

Agronomia, Civil, Minas, Mecânica etc.), o Código de

Ética vigente encontra-se em sintonia com a legislação.

“Os profissionais do Sistema CONFEA/CREA brotam

da sociedade brasileira, assim, não basta a censura

profissional, mas a necessidade de conscientização de cada

indivíduo, do seu papel no tecido social, nas relações da vida

privada ou profissionais”, ressalta.

Nos muros da UniversidadeSegundo o professor de Engenharia Civil da Faculdade

Católica do Tocantins, Jocélio Cabral de Mendonça, mais

do que o conhecimento técnico especializado, é necessário

conhecer o Código de Ética da sua profissão para aplicá-lo

diariamente. “O profissional de Engenharia lida com vidas

e sua responsabilidade social é muito grande”, acrescenta.

Para ele, a presença do professor influencia o aluno

não só dentro da sala de aula, mas também na postura

profissional. Jocélio acredita que o Conselho e as escolas

de Engenharia devem estar cada vez mais próximos. Como

professor, ele se preocupa com aspectos formadores, visto

“O código de ética tem por objetivo materializar as condutas vedadas perante os profissionais e à sociedade. sua observância só traz ganhos para todos”, diz cassius Gariglio.

CAPA

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RC Tocantins

que o engenheiro é um líder profissional, pois na maioria

de suas atividades comanda equipes. Além disso, é

solicitado a tomar decisões técnicas e operacionais que

precisam ser confirmadas por outras pessoas.

“Como se comportar diante disso, se lhe faltar o

padrão ético? Não tendo, significa que profissionais com

a mesma formação, diante da mesma solicitação, podem

reagir de forma divergente”, pontua.

De acordo com o professor, as engenharias ainda

precisam ser mais rigorosas quanto à questão ética, em

complemento ao rigor físico-matemático ensinado nas

disciplinas dentro das universidades. Jocélio enfatiza

que profissionais rigorosos tecnicamente, em muitas

oportunidades, são encarados como éticos de forma

errada. Isso porque algumas decisões ‘rígidas’ podem

prejudicar a sociedade, em comparação a uma visão

técnica em um ambiente plural, por exemplo.

“Por outro lado, o rigor profissional pode ser

interpretado como desnecessário para o leigo que não

entende que uma determinada obra ou serviço tem

previsão de vida útil de centenas de anos. Não posso

falar genericamente pela ‘Universidade’, mas o Sistema

CONFEA/CREA regula a profissão e tem por base a

formação dos seus acolhidos profissionais, então se o

Código de Ética vai reger a atuação do profissional, deve

ser ministrado e praticado dentro do ambiente acadêmico

de forma cotidiana”, completa.

Para o professor, as disciplinas profissionais das

engenharias são mais amplas e geralmente buscam

ambientes de problemas de engenharia e de projetos,

onde há maior liberdade de postura e posicionamento

perante a busca para a solução dessas problemáticas.

“Hoje, diferente da escola que estudei, o ambiente

das universidades é mais dinâmico. O sistema de crédito

e a liberdade da grade de disciplinas têm diferenciado

a formação. Os alunos, ocasionalmente, têm optado

por fazer disciplinas em outras faculdades. Tudo isso

dificulta a formação profissional do ponto de vista de um

padrão comportamental. Mesmo que haja a vantagem de

formação diferenciada, temos aí uma miscigenação de

posturas. Nas engenharias, onde o mercado exige rotina,

hierarquia e padrão nos produtos e serviços, corremos o

risco de liberar para esse mercado um profissional com

perfil divergente do requerido”, finaliza.

“O profissional de engenharia lida com vidas e sua responsabilidade social é muito grande.”

CAPA

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EntrevistaMODAlIDADE CIVIl

São 23 anos de carreira. Ainda em 2001, o conselheiro Daybson

Dias de Sousa, Coordenador da Câmara de Engenharia Civil do CREA-

TO, visualizou no Estado um lugar promissor, um local com materiais

de boa qualidade para se trabalhar e apostou em Palmas como

uma cidade que estava pronta para agregar os recém-chegados de

todo Brasil. Com uma vasta experiência na área de Engenharia, ele

acredita que um dos grandes desafios da profissão, e talvez o maior

deles, é desenvolver construções sustentáveis, sempre priorizando

os recursos naturais e o meio ambiente em geral. Confira abaixo, na

íntegra, a entrevista com o conselheiro!

Como foi que você escolheu a Engenharia Civil como sua

profissão? Na época você tinha alguma noção de como era o trabalho

de um engenheiro?

Sabia mais ou menos. Tinha facilidade com as ciências exatas

e isso ajudou. Naquela época em Goiás, você tinha habilidade em

humanas, biológicas ou exatas, apenas. E geralmente quem tinha

habilidades com números fazia algo na área de Ciências Exatas e a

profissão de maior vulto naquela época, no final da década de 80, era

a Engenharia Civil.

O senhor vislumbrou no Tocantins uma oportunidade para

alavancar a carreira?

Foi isso sim. Tinha um mito em relação ao Tocantins, que eu

entendia que era uma situação mais precária. Mas foi a partir do

Carnaval de 2001 que vi que os agregados de construção civil (areia,

seixos e até tijolos), eram de boa qualidade e naquela época, no

mercado regional de Goiás, a gente enfrentava uma luta com materiais

de baixa qualidade, tipo tijolos. Nas edificações verticais de grande

vulto tínhamos problemas com trinca (todos muito cansados de lutar

contra os fornecedores). Já aqui no Tocantins havia materiais de boa

qualidade, que com certeza não teriam esse tipo de problema. Isso

ajudou também na tomada de decisão para migrar para o estado.

No CREA, qual é a função dos conselheiros? O que difere o

trabalho deles do presidente e vice?

Na verdade o trabalho do presidente é um trabalho de gestão, de

ordenamento das despesas e direcionamento das ações. O CREA é

um órgão fiscalizador e a função primordial do Conselho é defender

a sociedade, fiscalizando a profissão de Engenharia e Agronomia.

Em função disso, os conselheiros, dentro de suas câmaras, dão o

norte, o direcionamento para onde vai a fiscalização. Essa é uma das

funções do conselheiro. Eles também têm outras funções correlatas

que dão suporte ao produto final, que é a fiscalização. Como produto

secundário, temos: certidões, cadastro de profissionais e instituições,

mas o objetivo principal é fiscalizar a profissão e proteger a sociedade

dos maus profissionais.

“O profissional não pode ficar de fora das inovações tecnológicas. Ele tem sim que investir o seu tempo na qualificação, tanto própria, quanto da equipe do escritório”

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RC Tocantins

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Quais áreas hoje que este profissional pode procurar para

se especializar?

Ele pode se especializar na área ambiental, por exemplo, as

questões ambientais, de sustentabilidade. Nós temos desafios

aqui no Tocantins, como a enorme incidência solar, é inadmissível

que a gente não use, em nossos telhados, placas solares. Isso

quer dizer sustentabilidade em sua edificação. Faz com que na

edificação seja toda estratizada. Sem contar o revestimento, que é

outra engenharia. As pessoas podem também se especializar em

acústica (no caso de desenvolvimento de cinemas, anfiteatros).

Como é possível se manter competitivo no mercado de

trabalho? O que um profissional que quer se destacar nessa área

precisa fazer?

Na verdade o destaque vem com a experiência e é uma

situação contínua de investimentos. Posso dizer hoje que

praticamente já fiz dois cursos sem estar matriculado. Duas

áreas que avançaram muito foram a do cálculo estrutural, que

cresceu muito com o apoio da informática -- antigamente se

fazia um projeto de cálculo estrutural de um sobrado, de 350

m², em três semanas, hoje se consegue fazer em oito horas –

e da qualidade de apresentação, que atualmente é excelente.

São avanços que a gente tem na tecnologia da informação em

prol da Engenharia. Para se destacar, acredito que é necessário

depender da experiência sim, mas também de outros fatores

como ser dinâmico, ser atento às inovações tecnológicas e

inserir isso ao seu portfólio. São características essenciais para

se manter no mercado. O profissional não pode ficar de fora das

inovações tecnológicas. Ele tem sim que investir o seu tempo na

qualificação, tanto própria, quanto da equipe do escritório.

Muito se fala sobre a atual crise econômica no país, que é

um reflexo da crise mundial. E com todos os ajustes econômicos

é natural que haja também um impacto na construção civil. Há o

desaceleramento das obras e dos investimentos. Qual a análise

que você faz do mercado hoje? Ele ainda é amplo?

Houve sim um ataque bem grande aos recursos financeiros

e é um desafio da Engenharia desenvolver métodos, porque

o recurso está escasso. E como a nossa profissão deriva

conceitualmente de engenhoca e invenção, acredito que compete

a nós inventar. O nosso teto é um recurso escasso e assim

temos que desenvolver novos métodos para otimizar processos

de construção dentro das edificações, de forma econômica,

reduzindo o desperdício. Isso é desenvolvimento de processo,

como também desenvolvimento de novos materiais. Como você

sabe, historicamente, a medicina nunca se desenvolveu tanto

como em épocas de guerras e agora estamos em uma época de

guerra para a Engenharia, com recursos escassos. Temos que

desenvolver o processo para que isso seja sanado.

Como está o mercado hoje para a Engenharia Civil?

Essa crise sempre acompanhou a Engenharia. Tenho 45

anos de idade, acompanhei no final da década de 70 a crise do

petróleo, sempre houve momentos de turbulência. Mas existem

épocas em que elas se acentuam e épocas que se abrandam.

Lembro que na época da minha graduação nós também vivíamos

uma situação de crise. Porém, para o pessoal que agora está

chegando ao mercado, a minha resposta é: não se acomode

no local que você está! Existem outras áreas geográficas do

nosso país que não estão experimentando essa crise. Por

exemplo, existem outros locais em que o agronegócio está em

alta e as pessoas não estão ‘teoricamente’ reclamando. A área

mineradora, em alguns estados, por exemplo. Agora, ficar preso

ao seu nicho territorial, aí é complicado. Por isso, para o pessoal

que está chegando agora meu conselho é procurar outros

locais. Quando me formei na cidade de Goiânia, vivíamos uma

crise, mas busquei trabalho em Mato Grosso, no agronegócio,

onde desenvolvi obras fantásticas, ou seja, é uma questão de

experimentar e buscar novos horizontes.

O quE FAZ uM EngEnhEIRO CIvIL?A Engenharia Civil é bastante ampla. Pode ser desenvolvido

tanto para projeto, como execução. No segmento de edificações,

o engenheiro pode fazero projeto de uma residência, um

projeto elétrico de baixa tensão, ele pode fazer as instalações

hidrossanitárias (de esgoto e água) e ainda pode fazer as

fundações (tanto projetar como executar). A Engenharia Civil foi

desmembrada, porque antigamente era a Engenharia Militar. Para

diferenciar aquele engenheiro do engenheiro da cidade foi criada a

Engenharia Civil, especificamente o estudo relativo a edificações.

Em seguida, houve outro desmembramento do transporte, onde a

gente encontra as rodovias, as ferrovias, as hidrovias. Tudo isso

é de responsabilidade do Engenheiro Civil, porque são coisas

inerentes à cidade. Tanto o desenvolvimento de projetos, quanto

a execução. Outra categoria da Engenharia Civil é o saneamento

básico, onde nós temos atividades relativas à adução de água,

que é a captação da água bruta do manancial, tratamento da

água, em função da população daquele município, projetos para a

rede de distribuição de água limpa, tratada e também a recoleta,

que seriam os efluentes. É bem amplo. É praticamente o que se

faz dentro da cidade.

ENTR

EVIS

TA

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

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Quais as perspectivas para o futuro?

As perspectivas são muito boas. A gente vê um sentimento

nacional que é não do mesmismo. Nós estamos hoje com

desdobramentos políticos, que acredito que em um futuro próximo

serão solucionados. Passando essa fase turbulenta da política

econômica, acho que as coisas vão melhorar e nós enfrentaremos

grandes desafios de tecnologia e desenvolvimento.

O mundo hoje volta os olhos para a engenharia sustentável,

afinal já somos seis bilhões de pessoas e não paramos de crescer.

Quando construímos é preciso pensar no futuro da Terra, tanto

pelo espaço, quanto pela questão da geração de lixo e poluentes.

Como é pensar em construções que respeitem o meio ambiente,

diminuam o impacto no planeta e ainda sejam inteligentes? Esse

é o maior desafio da engenharia hoje?

Sem dúvida! Esse é o maior desafio da Engenharia. No

caso das construções sustentáveis, elas começam a partir do

planejamento. Nós temos que desenvolver métodos modernos

para isso. Temos que deixar de lado aquelas formas arcaicas,

como a questão do escoramento. Há 30, 40 anos nós usávamos

madeira para escoramento e hoje você já tem o escoramento

metálico, ou seja, não há mais a derrubada de árvores. Os

modelos construtivos estão sendo adequados. Temos também a

questão de revestimentos, onde o projetista está se preocupando

com o módulo da cerâmica, para usar o múltiplo da peça e não

vai ter corte. Se você projeta um banheiro com um 1m20 e a sua

cerâmica é de 60, basta duas peças. Agora se você coloca 2m25,

teria que usar duas peças de 60 e uma pecinha de 5cm. Por

isso, o projetista, já sensível com esse tipo de situação pensa na

sustentabilidade, para não haver desperdício.

A acessibilidade também é um tema que durante muito

tempo foi deixado de lado, mas que hoje está em pauta e é

tratado com total importância por engenheiros e projetistas.

Hoje as construções já são pensadas para agregar a todos?

Fico muito feliz em comentar sobre esse assunto porque nos

ajuda a divulgar a nossa Câmara, que luta hoje pela acessibilidade.

Você vê que o transporte coletivo atual já contempla a

acessibilidade. Temos também exemplos de shoppings centers,

estacionamentos, calçadas que também estão inseridas nessa

mudança. Posso dizer com mais absoluta certeza que dos anos

70 para cá a questão da acessibilidade evoluiu muito. Palmas

hoje, em seu código municipal de edificações, já abarca essas

questões.

O senhor acredita que o profissional consegue entender

que é preciso incluir todo mundo no espaço tanto público quanto

privado?

Mais privado do que público, porque quanto à edificação que

nasce pública, ela precisa sair do papel sustentável, do ponto de

vista da acessibilidade. Agora quando é feita locação, entram os

grandes problemas de interferência. No caso particular, quando

são edificações privadas, o poder público já direciona para que

isso seja contemplado.

O que a Engenharia pode fazer para ajudar a tornar esse

conceito uma realidade?

Continuar desenvolvendo as normas. Elas na verdade

já existem, mas precisam sair do papel e ir para a realidade.

A Engenharia, tanto na área projetista, quanto edificações e

transportes vêm contemplando esta matéria. O que, às vezes,

não está inserido são nas obras antigas, que foram erroneamente

feitas sem olhar para esse aspecto. Mas as novas todas já

pensam nisso.

Essa crise sempre acompanhou a Engenharia. Tenho 45 anos de idade, acompanhei no final da década de 70 a crise do petróleo, sempre houve momentos de turbulência. Mas existem épocas em que elas se acentuam e épocas que se abrandam.

ENTR

EVIS

TA

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RC Tocantins

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Falando da questão do desenvolvimento de projetos, uma

dúvida que todos têm é a diferença, na prática, da atividade do

arquiteto e do engenheiro. O que diferencia uma da outra?

Na verdade é um conceito difundido que se chama

sombreamento. São situações que as duas profissões podem

atuar. Dentro de uma edificação você tem uma multidisciplinidade

total. A Engenharia Civil contempla essa situação e a Arquitetura

também. Compete à sociedade, na sua forma harmônica,

decidir quais os profissionais vão atuar em áreas específicas.

Por exemplo, temos projetos arquitetônicos, de baixa tensão,

estrutural... Tudo isso contempla essas duas áreas.

Como é a relação do profissional de Engenharia Civil com

outros profissionais da Engenharia? O trabalho em uma obra é

da equipe toda?

Precisa da sintonia, de todo mundo. Tem que ter uma

sintonia tanto na obra, como na logística. Não adianta a obra

estar toda sintonizada, se a logística não está chegando com

os materiais. É todo um macroplanejamento da situação.

Logicamente, essa interação

vai desde o psicológico

até o financeiro. Nossos

colaboradores têm que estar

recebendo a sua devida

remuneração em dia, tudo,

inclusive o fator econômico

tem que ser harmônico. A

questão do relacionamento

interpessoal é outro fator

que precisa ser observado

já que em uma obra existem

os encarregados, o mestre

de obras e também o engenheiro. Todo mundo precisa estar em

sintonia. A gente sabe que cada uma das pessoas envolvidas tem

suas particularidades, precisamos entender isso, não podemos

ser carrascos. Até porque esse tipo de situação já foi vencida há

mais de 200 anos, o feudalismo deixou de existir há muito tempo.

Para quem quer fazer Engenharia Civil, quais as aptidões

que essa pessoa precisa ter? Afinal, há sempre aquela máxima

de que ela precisa ser excelente em matemática. Mas no que esse

estudante precisa ser bom? E claro, do que ele precisa gostar?

Na verdade as Ciências Exatas em si é uma teoria bastante

acentuada e se a pessoa não tem isso desenvolvido, ela pode

ter dificuldades, porque as matérias são pesadas, os cálculos

também. E principalmente na parte de concreto, de aço, essa

aptidão é realmente necessária. Mas de maneira geral, o

profissional da Engenharia, em todo momento (tanto é que ele

está na área tecnológica que por si só tem certa afinidade com

as Ciências Exatas), é preciso ter um bom relacionamento com

os números. Não pode haver aversão, pavor. Isso realmente

são condições de pré-requisito, porque isso faz falta, tanto nos

primeiros períodos (no básico), como também na profissão. Hoje

os conceitos estão mudando, porque esse profissional também

tem que aprender a interagir com as pessoas e isso antigamente

não era assim. O engenheiro era muito duro, era muito cálculo e

hoje não, ele é mais maleável. Tem que saber se relacionar com as

pessoas, tem que desenvolver a comunicação, o tino comercial,

a contabilidade. O profissional da Engenharia é mais completo

do que era antigamente. Para os estudantes e para quem está

pleiteando a área, sempre digo: aproveitem o tempo máximo

dentro da universidade porque ali é o estudo, a teoria. Depois

que se forma é mais complicado, tem que aproveitar o tempo de

universidade.

Hoje Palmas tem o curso

de Engenharia Civil em suas três

principais universidades, ou seja,

formam-se muitos profissionais.

Além das dicas cima, quais as

outras que o senhor dá para

quem está começando?

Palmas hoje se transformou

em uma cidade universitária.

Conheço vários alunos das regiões

bem próximas, de outros estados

ou do interior que vem estudar na

Capital. Jovens que vem buscar

o conhecimento na cidade, mas que muitas vezes precisam

voltar para seu município de origem porque estas localidades

também precisam de profissionais. E é algo que muitas vezes

acontecem, eles voltam para levar o seu conhecimento. Acredito

que na nossa profissão não tem arrogância, até mesmo porque o

profissional da Engenharia depende do material das pessoas que

estão fazendo seu trabalho. Você é um técnico. Você é um gestor

de ideias e depende dos seus colaboradores. E uma gestão, hoje,

inteligente é compartilhada. Você mantém a responsabilidade

dos seus colaboradores e o desempenho e trabalha melhor dessa

forma. Minha sugestão é realmente manter os princípios de

igualdade e fraternidade. É isso que move não só a Engenharia,

como todas outras profissões.

Acredito que na nossa profissão não tem arrogância, até mesmo

porque o profissional da Engenharia depende do material das pessoas que estão fazendo

seu trabalho. Você é um técnico. Você é um gestor de ideias e

depende dos seus colaboradores

ENTR

EVIS

TA

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

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Para proporcionar aos estudantes mais conhecimento

sobre o sistema junto às áreas de Engenharia e Agronomia

e ainda abrir as portas do Conselho para os acadêmicos, foi

reestabelecido, em 2016, o projeto CREAjr-TO.

O programa tem o objetivo de viabilizar a participação

dos estudantes no desenvolvimento de ações que incentivem

os futuros engenheiros e agrônomos à prática do exercício

profissional. Ele ainda é responsável em promover a interação

do CREA-TO com os estudantes da área tecnológica, além de

ser um espaço para debater temas nacionais e de interesse

da área.

Dentro das perspectivas do CREAjr-TO está a promoção

e formação de novas lideranças, onde vale ressaltar o valor da

participação dos estudantes nas entidades de classe, como

futuros engenheiros e também a colaboração dos mesmos

para sensibilizá-los quanto ao seu papel profissional junto ao

meio ambiente e a sociedade.

Todos os estudantes regularmente matriculados nas

universidades do Estado podem participar do CREAjr-TO. Já

na diretoria do Conselho, apenas os acadêmicos que tenham

cumprido os pré-requisitos do processo eletivo podem fazer

parte.

“O CREAjr-TO tem grande importância na aproximação

dos estudantes com o Conselho. Isso porque esclarece

as dúvidas e possibilita as discussões para a melhoria do

sistema”, comentou o coordenador adjunto da Comissão

Eleitoral do CREAjr-TO Cleidson Dias de Sousa. O intuito,

segundo ele, é divulgar ações do Conselho junto à comunidade

acadêmica, através de reuniões e encontros periódicos. “É

uma forma do estudante ter conhecimento do nosso sistema,

conhecendo mais sobre legislação que rege o Conselho”, frisa.

A finalidade do projeto é que no CREAjr-TO, o estudante

tenha a possibilidade de conhecer o funcionamento do

sistema, no qual estará vinculado, e também usufruir de

benefícios, como: espaço de discussão dos mais variados

temas profissionais, acadêmicos, mercado de trabalho,

tecnologia, contato com o sistema CONFEA/CREA, legislação

e outros temas da área.

Programa proporciona mais conhecimentoaos estudantes sobre a área

CREA

jr

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RC Tocantins

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Além de tudo isso, o estudante pode desenvolver a

liderança, aprimorar sua rede de relacionamentos e fazer

contato direto com lideranças do CREA-TO.

ProgramaO Programa CREAjr começou no estado de Minas

Gerais no ano de 2000, onde foi criado com o objetivo de

disseminar informações acerca do Sistema CONFEA/CREA

e estabelece uma relação entre os futuros profissionais

da área tecnológica, além de fomentar a valorização

profissional das áreas abrangidas pelo sistema.

Hoje, 16 anos depois (completados em abril deste ano),

o programa existe em 24 estados e Distrito Federal. Segundo

o coordenador nacional do CREAjr, Maycon Juan, ele vem

cada vez mais sendo reconhecido como um formador de

lideranças mais éticas e comprometidas com a sociedade.

O coordenador ainda explica que o programa funciona

de forma dinâmica, sempre focando em resultados.

“Levamos informações aos futuros profissionais e recém-

formados da área tecnológica através da elaboração de

atividades como palestras sobre temas específicos e

gerais, congressos, simpósios e visitas técnicas, além de

desenvolver ações sociais e projetos principais, como a

‘Engenharia Pública, ‘CREA nas Escolas’ e o fomento à

abertura de Entidades Jovens”, completa.

Maycon Juan acredita que o sucesso do programa

está diretamente ligado à formação de novas lideranças

para Engenharia. “Nós do programa CREAjr acreditamos

que a Engenharia deve ser mais valorizada, tendo maior

participação nas áreas de inovação e empreendedorismo

e também na área pública. Nosso país precisa cada vez

mais de profissionais éticos trabalhando com foco no

desenvolvimento econômico e social, e é nisso que nós

apostamos. Proporcionamos um espaço para que futuros

profissionais e recém-formados possam colocar suas

ideias em prática e contribuir com projetos que coloquem a

Engenharia a serviço da vida”, ressalta.

ParceirosOs membros dirigentes e recém-formados dos cursos

abrangidos pelo sistema CONFEA/CREA, estão envolvidos

diretamente com o programa. De forma indireta estão os

futuros profissionais, que não são membros dirigentes,

mas que contribuem participando e divulgando as

atividades.

Também existem as organizações parceiras, que

são protagonistas no crescimento do programa porque

contribuem de forma direta com as atividades.

“Estão junto conosco as Federações Estaduais de

Empresas Juniores, Ong’s como os ‘Engenheiros Sem

Fronteiras’, e as entidades de classe que tem sido nossas

parceiras há anos. Ainda temos os CREA’s que tem

contribuído para o programa nos estados onde ele existe

e também o nosso Conselho Federal. O programa CREAjr

tem uma capilaridade muito grande de aproximação com

todo tipo de instituição e tem se aproveitado disso para

fazer a Engenharia se tornar uma unidade cada vez mais

forte”, diz.

MembrosPara o estudante de engenharia civil, Lucas Tolentino,

uma das formas de encarar o futuro é a busca pelo

conhecimento e a preparação para a atuação na área.

Segundo ele, o Conselho traz uma inter-relação entre os

acadêmicos e o CREA, o que promove a participação dos

estudantes e mostra a importância do Conselho na vida

profissional.

“O Conselho busca essa proximidade conosco. É uma

“O programa creajr-TO tem uma capilaridade muito grande de aproximação com todo tipo de instituição e tem se aproveitado disso para fazer a Engenharia se tornar uma unidade cada vez mais forte”.

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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016

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oportunidade que o sistema concede a você,

para a troca de experiências, participação

em palestras, grupos de discussões,

seminários entre outros, com objetivo de

torná-lo um futuro profissional ‘antenado’

com a legislação vigente, os assuntos

de responsabilidade técnica, Código de

Ética e compromisso social”, ponderou o

acadêmico.

A estudante de engenheira ambiental

Tharinne Borba Brito, enfatiza que dentro

da universidade é possível ter um universo

vasto de oportunidades, mesmo assim há

uma necessidade maior de vivenciar na

prática o que se aprende em sala de aula. Ela vê o CREAjr-TO

como uma grande oportunidade no seu crescimento pessoal

e profissional.

“Na prática devemos ser dinâmicos e proativos e o

CREAjr vem a somar neste sentido, como uma grande

oportunidade de testar minhas competências, descobrir

novas habilidades e aprender a lidar desde cedo com os

obstáculos de uma profissão. O mercado de trabalho está

cada vez mais competitivo e diferenciais como este podem

me levar mais longe, abrindo novos horizontes em minha

vida”, ressalta.

UniversidadePara o professor de engenharia civil, Daniel Iglesias,

atualmente há um envolvimento muito grande da sociedade

em cima das questões políticas e de alguma forma isso

também é levado para as entidades representativas da

profissão.

“O acesso da juventude, do pessoal mais novo na

profissão faz com que o envolvimento deles funcione como

uma maneira mais acessível a todos. Antigamente existia

a ideia só de criticar, dizer que não funciona, mas agora o

Conselho está dando a oportunidade para essa moçada

jovem. Então ao invés de simplesmente aceitar o que está

sendo decidido e que não concorda ou simplesmente criticar

de maneira passiva, o estudante tem a opção de maneira

ativa de fazer parte desse envolvimento político, fazer parte

desse movimento de tomada de decisões que afetam, de

maneira direta, na maioria das vezes, o nosso dia-a-dia

como profissional”.

O professor pontua que além do engajamento político

e da participação dos acadêmicos, o CREAjr-TO possibilita

uma reciclagem de pensamentos devido ao fato da

geração mais nova estar envolvida de uma maneira mais

fácil e presente em assuntos relacionados à tecnologia, à

comunicação e à troca de informação.

“A tecnologia na vida da moçada mais jovem é

muito mais presente do que na minha época. Esses

questionamentos, de maneira geral, vão fazer com que o

CREA e a nossa profissão cresçam, desenvolvam e estejam

mais atualizados, presentes e ativos, atingindo todas as

áreas, todos os campos e todas as idades também”.

Daniel diz ainda que antigamente o Conselho era visto,

dentro das universidades, apenas como uma entidade

fiscalizadora e os alunos não sabiam muito bem a função do

lugar. “Hoje isso não é assim, pois com a criação do CREAjr-

TO a gente consegue transformar essas informações, essa

participação, esse contato de maneira mais real e mais

ativa”, finaliza.

CREA

JR

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RC Tocantins

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Pode não ser algo óbvio de adivinhar, mas inspecionar

obras de grandes edifícios, acompanhar as instalações

elétricas de prédios em construção, desenvolver soluções

para problemas do meio ambiente e planejar e aumentar

a produtividade agrícola são trabalhos realizados por

engenheiras de diferentes segmentos de atuação e formação.

Áreas, antes dominadas por homens, e papéis, antes

representados por figuras masculinas, hoje já equilibram

os gêneros. E graças a esses avanços, a Engenharia,

finalmente, vem compartilhando seus conhecimentos e

consequentemente o mercado de trabalho entre homens e

mulheres.

Mas a realidade, que hoje é motivo de comemoração, nem

sempre foi assim. Para Heryka Alves, há doze anos quando

decidiu cursar Engenharia Civil, a quantidade de alunas em

sala de aula representava bem como o mercado ainda era

predominantemente masculino. Heryka conta que dividiu a

sala com 45 homens e apenas quatro mulheres.

“Lembro que tive um professor que brincava dizendo que

quando uma mulher nascia perguntavam para ela se ela queria

ser bonita ou se queria ser engenheira. Sempre dizia que tinha

o privilégio de ser as duas coisas”, comenta Heryka.

Segundo a engenheira, ainda na faculdade, ela se

interessou pelo trabalho de campo, mas depois de formada

não conseguiu emprego na área.

“Ainda quando estava estudando me identifiquei muito

com as matérias que precisavam que eu fosse a campo,

matérias em que eu tivesse que lidar com gente, coisa que

sempre gostei. Quando comecei como engenheira a mulher

ainda era muito rejeitada para execução de obras, mas era

o que gostava. Ainda hoje é um pouco assim, existe muito

Mulheres na Engenharia. Pode?demais!

“Lembro que tive um professor que brincava dizendo que quando uma mulher nascia perguntavam para ela se ela queria ser bonita ou se queria ser engenheira. Sempre dizia que tinha o privilégio de ser as duas coisas”, Heryka Alves

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Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 001 2016

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NOVA

CARTEIRA PROFISSIONAL

SEGURANÇA

CERTIFICAÇÃO DIGITAL

AGILIDADE

CARTÃO INTELIGENTE

O QUE MUDA:

Acesse: novacarteira.confea.org.br

preconceito ter uma mulher fiscalizando, à frente de tudo em

um canteiro de obras. Para as pessoas, a mulher engenheira

ainda é uma figura que precisa ficar no escritório, fazer

projeto, consultoria. Hoje vejo mais mulheres assumindo a

responsabilidade, principalmente em Palmas, mas na época

senti muita dificuldade, tanto que agora trabalho fazendo

projetos porque não consegui, há alguns anos, emprego na área

onde queria”, conta.

quando a Engenharia vira paixãoNo caso da engenheira ambiental, Danielle Magalhães

Ohofugi, a descoberta da profissão veio ainda no ensino médio.

Ela conta que se encantou pela área quando viu um cartaz na

escola. Na época, ela descobriu que o único lugar do país que

oferecia curso era o Tocantins, e mesmo com tudo organizado

para cursar psicologia, decidiu apostar na novidade.

Hoje, professora, Danielle percebe que a quantidade de

alunos homens e mulheres é praticamente a mesma em sala

de aula, mas na época dela não era bem assim. “Na minha

sala a maioria era formada por homens. Isso vem mudando,

especialmente na minha área. Já no caso da Engenharia Elétrica,

onde ministro uma matéria, a prevalência de homens é ainda

maior, as mulheres somam apenas 30%. Acho que a Engenharia

Ambiental atrai mais o público feminino por causa daquela

analogia que podemos fazer com o zelo, do cuidado da mulher

com sua cria, com a família, isso acaba externando também

pras questões ambientais”, explica.

no meio do matoPara Danielle, a segregação não acontece apenas nas salas

de aula, mas também no mercado de trabalho. Ela conta que

durante sua carreira já viveu momentos em que o gênero fez toda

a diferença. Quando ainda era recém-formada, a engenheira

precisou realizar uma visita técnica ao lado de profissionais de

órgãos ligados ao meio ambiente. Durante uma atividade no

campo, Danielle se deu conta de que era a única mulher no meio

de uma equipe de 20 homens.

“Foi uma experiência que me marcou muito. Eu era a única

mulher ali, não tinha com quem dividir aquilo que estava vivendo.

Como nós estávamos no campo, percebia que os homens ao

meu redor queriam sempre me ajudar, perguntavam se estava

tudo bem, questionavam se tinha condições de andar ali no

meio do mato. Mas isso foi algo que nunca me abalou. Nunca

me senti menos representada, mesmo sendo a única mulher

naquela situação. Se consegui chegar aonde cheguei, sei que foi

por causa da minha persistência. Não foi a última vez que isso

aconteceu comigo, mas nunca me deixei abalar”, diz.

Como professora, Danielle percebe que o futuro para suas

alunas é muito mais promissor do que foi para ela. A profissional

acredita que, atualmente, as mulheres estão muito mais à frente

na Engenharia do que há alguns anos.

“Elas têm um espaço muito grande hoje. Estão realizando

pesquisas, participam muito em sala de aula, são mais

estudiosas. Me sinto realizada na minha profissão e fico feliz

por ajudar a formar um profissional e colaborar no processo de

formação de outros engenheiros. Como mulher, me sinto mais

orgulhosa ainda”, finaliza.

MuLhERES pOR MODALIDADE

Agrimensura 4,7%Agronomia 28,5%Civil 52%Elétrica 4,1%Geologia e Minas 3,3%Mecânica e Metalúrgica 0,9%Química 6,4%Segurança do Trabalho 0,1%

REgISTROS ATIvOS

Homem Mulher78% 22%

Nunca me senti menos representada, mesmo sendo a única mulher naquela situação. Se consegui

chegar aonde cheguei, sei que foi por causa da minha persistência. Não

foi a última vez que isso aconteceu comigo, mas nunca me deixei abalar

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RC Tocantins

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NOVA

CARTEIRA PROFISSIONAL

SEGURANÇA

CERTIFICAÇÃO DIGITAL

AGILIDADE

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28www.mutua-to.com.br | [email protected] Sul, Conj. 1 Lote 10 - Av. Joaquim T. Segurado - Centro - Palmas-TO Tels.: (63) 3214-1875, (63) 3214-1875Siga! Twitter: @comunicaMutua | Facebook: /MutuadeAssistencia

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