desafios da engenharia - crea-to · ajudar a matar o mosquito que transmite a dengue, febre...
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Código que pauta valores e normas da Engenharia deve ser seguido à risca
O mercadO é delasElas projetam, vão a campo,
lideram e já conquistaram espaço. Como é a profissão de Engenharia
para as mulheres?
CAPA
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PÁG. 14
DESAFIOS DA ENGENHARIA
Como está a avaliação do mercado atualmente? CREA-To, Sinduscon-To e profissionais comentam o que esperam
do futuro nessa profissão
Palavra do Presidente
A Engenharia existe desde os tempos mais remotos
para atender às necessidades humanas, utilizando da
melhor forma dos recursos naturais e criando estruturas,
processos e ferramentas que facilitem a vida e o convívio
social.
Mas além de executar um bom serviço, o profissional
desta área precisa se atentar às responsabilidades e aos
princípios éticos do desenvolvimento de suas funções,
estabelecidos pela instituição que o regulamenta, no caso,
o Sistema CONFEA/CREA.
Este é o tema da reportagem de capa da nossa primeira
revista de 2016. O profissional registrado no Conselho
está sob a Lei 5.194/66, que estabelece e regulamenta sua
profissão e as atividades executadas por ele.
Acreditamos que mais importante do que obter o
conhecimento técnico especializado, é necessário aos
profissionais conhecer o Código de Ética da sua profissão
e aplicá-lo diariamente. Na reportagem, tratamos sobre
a relação entre Código de Ética da profissão e como ele
pode valorizar a trajetória profissional.
Também trazemos para discussão uma avaliação
sobre quais os desafios que a engenharia deve enfrentar
durante o ano de 2016 em meio à realidade brasileira,
uma entrevista sobre a modalidade Civil, uma matéria
sobre a fiscalização do Regional e o benefício deste
monitoramento para a sociedade tocantinense.
Nossa publicação traz ainda reportagens sobre
o restabelecimento do Programa CREAjr-TO e da
importância do profissional inscrito no Conselho emitir a
ART e quais são as vantagens deste documento.
No CREA-TO, os nossos desafios são inúmeros
e estamos trabalhando muito para melhorar nosso
Conselho. Buscamos aprimorar a nossa relação com
os profissionais e com a sociedade. Esta revista é
concretização de um compromisso da atual gestão de
ampliar os meios de comunicação do Conselho e de
tratar de temas relevantes à nossa área e à boa conduta
profissional.
Engenheiro Civil Marcelo Costa Maia
Um abraço e boa leitura
DIRETORIAEng. Civil Marcelo Costa Maia (2015-2017) PresidenteEng. Agrônomo João Alberto Rodrigues Aragão 1º Vice PresidenteEng. Agrônomo Luiz Amado Pereira Júnior 2º Vice PresidenteEng. Civil Luiz Fernando de Paula Machado 1º Diretor AdministrativoEng. Ambiental Benjamin Frederico Anders 2º Diretor AdministrativoEng. Civil Elievan Marques dos Santos 1º Diretor FinanceiroEng. Geólogo Fábio Lúcio Martins Júnior 2º Diretor Financeiro
CONSELHEIROS TITULARESEng. Agro. João Alberto Rodrigues AragãoEng. Civ. Cleidson Dias de SousaEng. Geo. Fábio Lúcio Martins JúniorEng. Agro. Luiz Amado Pereira JúniorEng. Civ. Daybson Dias de Sousa
Eng. Civ. Elievan Marques dos SantosEng. Civ. Luiz Fernando de Paula MachadoEng. Agro. Rafael Odebrecht MassaroEng. Agro. Romilton Brito da PaixãoEng. Amb. Cassius Ferreira GariglioEng. Amb. Benjamin Frederico AndersEng. Agro. Ubiratan Carlos Barreto AraújoEng. Agro. Cid Tacaoca MuraishiEng. Civ. Milton Septimio Alves NetoEng. Elet. Sebastião de Oliveira CamiloEng. Mec. Raimundo José Cordeiro de CarvalhoEng. Civ. Elvan Leão CostaEng. Civ. Valdivino Dias da Silva CONSELHEIROS SUPLENTESEng. Agro. Joseano Carvalho DouradoEng. Civ. Shirlene da Silva MartinsEng. Geo. Marco Cesar Ceballos BonattoEng. Agro. Fernando Fernandes GarciaEng. Civ. Renato Neves dos SantosEng. Civ. Antônio Sávio FilhoEng. Civ. Jefferson Jaime Cassoli
Eng. Agro. José Vieira JucáEng. Agro. Norton Rodrigues de LellisEng. Amb. Loane Ariela Silva CavalcanteEng. Amb. Rafael Marcolino de Souza
ASSESSORA DE COMUNICAÇÃOLeticia Bender
JORNALISTA RESPONSÁVEL Luana Fernanda
PRODUÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃORecords Propaganda
FOTOGRAFIAGlauber Matos
IMPRESSÃOCapital Gráfica
TIRAGEM3.000 exemplares
EXPEDIENTE
Sumário
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08 18
2503
2206
11
05 12
desafios daengenharia entrevista
mulher na
engenhariacapa:
éticaO guia do profissional de sucesso e valorizado
Com Daybson Dias de Sousa, Coordenador da Câmara de
Engenharia Civil do CREA-TO
Profissionais precisam encarar mercado exigente e
economia lenta
Mulheres garantem seu espaço em uma profissão dominada pelos homens
Editorial
CREAjr-TOFiscalização
Artigo CONFEA
Campanha Aedes ART
RC Tocantins
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Mais de 120 obras, de Norte a Sul da Capital, foram
fiscalizadas e limpas, no início do mês de março, por um mutirão
realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do
Tocantins (CREA-TO). O objetivo da fiscalização era ajudar no
combate de um dos maiores problemas atuais de saúde pública no
Brasil: a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. A ação contou
também com a parceria de agentes de combates de endemias da
Secretaria Municipal de Saúde (Semus).
Durante as vistorias, fiscais do CREA-‐TO e agentes de saúde
da Semus entregaram material de conscientização à população,
com informações sobre atitudes simples e eficazes que podem
ajudar a matar o mosquito que transmite a dengue, febre
chikungunya e o zika vírus.
Dados A ação é pontual e importante, já que segundo dados da
Secretaria Municipal de Saúde, o número de casos de dengue vem
aumentando muito nos últimos anos. Em 2014, foram registrados
4.159 casos. No último ano, este número saltou para 4.593. Em
relação aos casos confirmados, em 2014, eles passaram de 1.174
para 1.632 em 2015, o que representa um crescimento de 70%.
No que diz respeito ao zika vírus, a doença que vem causando
pânico na população brasileira por estar sendo ligada aos casos
de microcefalia em bebês recém-nascidos, em 2015 foram
registrados 1154 casos suspeitos, nove foram confirmados.
A preocupação com o aumento da doença gera a busca por
soluções. De acordo com a diretora de vigilância em saúde da
Semus, a única forma de enfrentar o Aedes é controlar os focos do
mosquito. Por isso, a ação do CREA em parceria com a Secretaria
veio na hora certa.
Segundo Silvana, no mutirão realizado em março, os
agentes e fiscais buscaram encontrar focos em materiais que
são descartados durante a construção e que acabam se tornando
potenciais criadouros do mosquito. Parte da própria estrutura
da obra, que é desprezada na fase de montagem (como os pré-
moldados, que tem em seu formato alguns sulcos, que enquanto
não são preenchidos podem acumular água), também foi alvo da
busca dos agentes da Secretaria e fiscais do Conselho.
“A logística de trabalho foi organizada em conjunto com o
CREA, Secretaria de Saúde e Defesa Civil. Com o apoio dos agentes
de endemia e os fiscais da instituição, as equipes foram divididas
em todas as áreas da cidade. Os fiscais e agentes fizeram essas
visitas em busca de criadouros. Além dos materiais não utilizados
foram checados os pontos de apoio para os trabalhadores nas
obras, como os banheiros e refeitórios, que também podem
oferecer riscos”, explica.
O mutirão também fiscalizou obras paradas, que podem
ser perigosas, isso por terem buracos antigos escavados, que
acabam se tornando uma grande piscina de água parada, ou seja,
outro local que o mosquito pode fazer de criadouro.
Na opinião do presidente do CREA‐-TO, o engenheiro civil
Marcelo Costa Maia, o Conselho tem papel imprescindível na
luta pelo fim do Aedes. “É importante ficarmos atentos a esses
cuidados. Canteiros de obras e outros serviços de engenharia
podem ser potenciais criadouros do mosquito e nós, como
Conselho, temos esta grande responsabilidade na fiscalização do
exercício profissional desta área tecnológica”, explica.CA
MPA
NH
A AE
DESCREA-TO participa de mutirão de combate ao
mosquito Aedes Aegypti em PalmasMais de 120 obras foram fiscalizadas; ação deve se estender para outras cidades do Tocantins
Para evitar o pior, quando estiver construindo, a população pode realizar ações simples e eficazes de combate à proliferação do mosquito. Evitar o acúmulo de água em poços de elevadores, fundações, lajes e calhas. Manter caixas e reservatórios de água tampados, manter betoneiras secas e de cabeça para baixo, quando não estiverem em uso, guardar lonas em locais secos e quando em uso esticadas para evitar formação de bolsões de água, entre outras.
COMO COMBATER O AEDES?
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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CREA-TO fiscaliza obrase serviços ligados às atividades da Engenharia no Estado
Foram 4.050 visitas durante todo o ano que se passou.
Em 2015, a equipe de oito fiscais do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO) percorreu 76
dos 139 municípios tocantinenses, o que resultou em 1.488
autuações aos profissionais e empresas.
Em campo, os fiscais têm o objetivo de inspecionar todo
o tipo de obra e serviço, que de alguma maneira é ligado ao
Conselho. Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas
a área da construção civil que é supervisionada por esses
profissionais. De acordo com o gerente de Fiscalização do CREA-
TO, Nivardo Tavares, a equipe verifica também a regularidade de
obras civis (construção, reforma e ou ampliação), condomínios
(empresas que prestam serviços na área de Engenharia
como manutenções prediais e elétricas), bancos, postos de
combustíveis (manutenção em bombas e as empresas que
recolhem resíduos usados, como óleo), clínicas hospitalares
(equipamentos médico e odonto hospitalares), supermercados
(manutenção em elevadores ou equipamentos eletroeletrônicos)
e etc.
A lei determina que o Conselho inspecione tanto a atividade
profissional, quanto os serviços realizados por Engenheiros,
Agrônomos, Geólogos, Geógrafos, Meteorologistas, Tecnólogos
e Técnicos de Segundo Grau das modalidades listadas. O
objetivo maior é garantir a qualidade do serviço prestado e coibir
a prática do exercício ilegal dessas profissões.
“Muita gente acha que o CREA fiscaliza apenas a
construção civil, mas não é assim. Tenho direcionado a equipe
para cobrir todas as áreas pertinentes à nossa função. O alvo de
nossas últimas visitas foram bancos e postos de combustíveis.
O trabalho é muito amplo”, explica Nivardo.
O gerente de fiscalização esclarece que para cada tipo de
serviço oferecido na área de Engenharia ou obra visitada, os
fiscais precisam observar se há ali um profissional habilitado e
responsável ou se há também um projeto daquela obra.
“Durante as visitas, os fiscais fazem uma abordagem
onde solicitam a documentação da obra ou serviço. De posse
destes documentos, eles fazem um relatório e ao chegar ao
CREA buscam no sistema se tudo está ok. É verificado se o
profissional está em dia e a Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) está condizente com o que diz a documentação
apresentada, ou seja, se aquele profissional tem atribuição para
realizar o tipo de serviço que está prestando ou se o profissional
não registrou o serviço ou a obra. Se houver irregularidade em
alguma dessas etapas é feita a autuação. Nos casos das visitas
em que o fiscal percebe que não há profissional responsável, a
autuação é realizada na hora. A indicação que os fiscais dão para
o leigo (aqueles que não são profissionais com responsabilidade
prevista em lei) é sempre para procurar o CREA. Ele vai precisar
pagar uma multa e contratar um profissional para assumir a
supervisão da obra ou serviço”, informa.
FISC
ALIZ
AÇÃO
Equipe de fiscais do CREA-TO percorreu 76 municípios tocantinenses e realizou mais de quatro mil visitas
RC Tocantins
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FISC
ALIZ
AÇÃO
IrregularidadeSegundo um dos fiscais do Conselho, Clerisvan Sousa,
as irregularidades mais comuns observadas em campo são a
falta de Anotação de Responsabilidade Técnica, seguida por
empresas que trabalham na área de Engenharia sem o registro
no CREA. “Uma das grandes dificuldades que nós encontramos
é a falta de informações nas obras irregulares. Nesse tipo de
situação, os leigos não fornecem o nome do proprietário, o CPF e
o endereço dos donos das obras. Nesses casos necessitamos de
um tempo maior de pesquisa para conseguir estes dados”, diz.
Na hora de escolher as obras que irão ser fiscalizadas, a
equipe do Conselho segue um minucioso planejamento. Dentro
do município de Palmas as áreas são divididas de Norte a Sul
da cidade de acordo com o número de fiscais. Como o CREA
fiscaliza as obras e os demais serviços de Engenharia, em uma
determinada área de atuação, é possível encontrar obras e
serviços que envolvam uma gama bem mais ampla. Por exemplo,
em uma região específica, a equipe pode fiscalizar obras e no
caminho também inspecionar as atividades de agronomia como
as plantações de soja, que devem ser acompanhadas por um
Engenheiro Agrônomo.
Todos podem denunciar as irregularidadesA comunidade também pode ajudar a equipe de fiscais do
CREA solicitando uma visita através da aba ‘Ouvidoria’ pelo site
do Conselho (www.crea-to.org.br).
“O cidadão ou profissional pode denunciar qualquer
irregularidade através do site, cadastrando a denúncia com o
máximo de informações que dispuser naquele momento ou
pela ouvidoria do conselho. Além das denúncias da comunidade
ou dos profissionais, nós fazemos a fiscalização direta,
saímos a campo e coletamos informações diretamente nas
obras e em outros empreendimentos que podem ser: postos,
supermercados, clínicas, dentre outros, desde que nestes
estabelecimentos tenham atividades de Engenharia temporárias
ou permanentes. Na fiscalização indireta nós podemos analisar
contratos ou publicações nos diários oficiais, em que são
publicados os editais, que geralmente são de obras públicas.
No processo de fiscalização diária podem ser gerados relatórios
regulares e os irregulares. Esses últimos são objetos da nossa
atenção”, elucida Clerisvan.
Com todo o esforço, minúcia e comprometimento, Nivardo
acredita que a sociedade é quem ganha com o trabalho da equipe
de fiscalização do CREA. Ele comenta que, a população vai ter
um serviço de qualidade, responsabilidade e um profissional que
vai responder por todos seus atos.
“A fiscalização inibe todo o tipo de irregularidade em
serviços ou obras. Nosso foco é buscar o benefício dessas
visitas que é garantir um alto padrão do prestador de serviço,
da execução, da obra erguida. Nós buscamos sempre o positivo,
tanto é que a maioria dos nossos relatórios resulta em um
parecer de regularidade, ou seja, o CREA passou por ali e deu o
seu ok, isso é muito importante para a sociedade”, finaliza.
DADOS SOBRE FISCALIZAÇÂO 2015/ CREA-TO
AçãO / MODAlIDADE VISITAS PROFISSIONAIS EMPRESAS AUTUADAS
Fisc. Direta e Indireta (em campo e em cartórios, diário oficial, convênios)/Civil
2326 637
Fisc. Direta/Mecânica/ Metal./Geologia/Minas 274 150
Fisc. Direta / Elétrica 163 55
Fisc. Direta / Química 1 1
Fisc. Direta/Agronomia/Agrimensura 1284 643
Fisc. Direta / Segurança 2 2
Total Geral 4050 1488
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Revista Crea Tocantins Maio/Junho 2016
Profissionais precisam encarar mercado exigente e economia lenta
DESAFIOS DAENGENHARIA
RC Tocantins
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O avanço da tecnologia, o aumento da população mundial e
a luta pela preservação do meio ambiente são alguns dos fatores,
para bem ou para o mal, que os profissionais da Engenharia
precisam levar em conta quando pensam no futuro.
Encarar as mudanças climáticas, incluir questões ligadas à
sustentabilidade na pauta de debates da sociedade e também da
própria profissão, assim como usar as novidades tecnológicas
ao seu favor, são alguns dos desafios que a longa lista de
modalidades que compõe a Engenharia precisa superar com
criatividade.
E ser inventivo está no sangue. A palavra Engenharia, em
seu conceito simples e básico, significa a aplicação de métodos
científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza
em benefício do ser humano, ou seja, no campo, na cidade,
na elaboração de novas técnicas agrícolas ou mecânicas, os
profissionais que trabalham com essa ciência precisam usar o
conhecimento e tecnologia como aliados para o desenvolvimento
da sociedade.
Quem concorda com esta afirmativa é o presidente do
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Tocantins
(CREA-TO), Marcelo Costa Maia. Para ele, o momento atual
é realmente desafiador e exige muito dos profissionais da
Engenharia, especialmente da área tecnológica.
“Temos muita responsabilidade nas mãos, pois somos o
meio pelo qual o país é planejado, construído e desenvolvido
com observância à sustentabilidade e ao bem-estar social. A
situação demanda liderança, empreendedorismo e, sobretudo
um desenvolvimento profissional diferenciado. Para isso,
é o momento de buscarmos especialização e atualização
profissional, inovação e dinamização do setor tecnológico”,
ressalta.
Neste contexto, para o presidente, a função do CREA é
assegurar que os serviços de Engenharia, Agronomia, Geografia,
Geologia e Meteorologia sejam executados por profissionais e
empresas habilitadas. “Temos que cumprir a missão de proteger
a sociedade e valorizar os profissionais que executam suas
atividades com ética e responsabilidade”, diz.
AfunilandoDentro da profissão, uma das áreas que também deve
enfrentar grandes desafios quando se pensa no futuro é a
Engenharia Civil. Após o país viver um boom da construção entre
os anos de 2009 a 2013, com o agravamento da crise mundial
que consequentemente afetou o Brasil, o segmento vive agora
uma retração que atinge profissionais, estudantes e investidores.
E se o mercado apresenta dificuldades para os empresários,
como está a realidade para aqueles que estão deixando a sala
de aula agora? As expectativas para quem acabou de sair da
universidade são bem realistas.
Para Ana Maria Menezes, 23 anos, formada há um mês em
Engenharia Civil, um dos maiores problemas para os jovens que
deixam a academia para experimentar o mercado de trabalho,
com todas suas complexidades, é o abismo entre o que se
discute e se aprende em sala de aula e o que o mercado exige.
“Sempre sonhei em fazer Engenharia. Na época que entrei,
em 2010, o país estava vivendo o boom da construção civil e
com isso muitos colegas começaram a fazer o curso por causa
da expectativa de ter bons salários, o que não era o meu caso.
Na universidade encontrei excelentes professores, mas sai de
lá sem ter feito nenhum estágio, sem ter a vivência, a prática.
Em virtude disso minhas perspectivas são baixas. Não deixei
nenhum currículo ainda e, por enquanto, estou focada em
concurso. A iniciativa privada exige experiência e como não
tenho nenhuma, não espero muita coisa”, pondera.
Um dos grandes problemas que Ana percebeu com as
experiências dos colegas é que durante a universidade, muitos
começavam a estagiar em empresas que não proporcionavam
nenhum aprendizado para os estudantes e acabavam forçando-
os a realizar as mesmas tarefas de um profissional formado.
“O que percebi é que muitos colegas passaram a
graduação inteira fazendo estágio em uma mesma empresa e lá
permaneceram sem ter nenhum aprendizado. Eles trabalhavam
mesmo, não aprendiam nada. Estagiar pelo dinheiro não valia a
pena pra mim”, comenta.
Retomada do crescimentoNo meio de todas essas mudanças, o presidente do
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do
Tocantins (Sinduscon-TO), Bartolomé Alba Garcia, aposta que
há motivos para acreditar que o crescimento na área deve ser
retomado ainda em agosto desse ano.
“Uma forma que o governo tem de fazer a economia andar
rapidamente é investir na construção civil. Acredito que se houver
uma mudança ou não de governo, teremos que ter mudanças no
FUTU
RO
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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financiamento sobre a construção, porque
este é o único segmento que você tem
retorno imediato, em trinta dias. Aposto
em bons patamares a partir de 2017”,
enfatiza.
De acordo com o presidente
do Sinduscon, o mercado para os
profissionais da Engenharia Civil não será
tão favorável como foi há alguns anos,
mas com a recuperação do crescimento,
todos envolvidos no processo também
devem visualizar a recuperação dos seus
empregos e a criação de novos postos de
trabalho.
Olhando para frente, para ele, a
inserção da tecnologia como agente
facilitador do desenvolvimento tanto da
profissão, quanto do profissional, é uma
das apostas de Bartolomé para o futuro da Engenharia.
“A tecnologia vem sempre contribuir. Na construção civil
ela é muito cara, principalmente no Brasil. Houve grandes
investimentos nessa área, mas ainda é tudo muito caro para
o país, então é difícil absorver estas ferramentas. Isso sem
contar que o próprio empresariado tem uma resistência grande
em relação a mudanças bruscas. Mas acho que é um caminho
irreversível, a inserção da tecnologia na construção civil é um
caminho sem volta”, pondera o presidente.
E falando em mudanças, Bartolomé acredita que
o desenvolvimento de projetos e obras que apontem e
dialoguem com a temática da sustentabilidade não são apenas
uma tendência do mercado, mas uma demanda dele. “A
sustentabilidade é a bola da vez. Todo mundo fala sobre isso.
Começamos a discutir o assunto e agora ele já é uma realidade
no nosso meio, saiu da teoria. Ou a gente se adapta ao que nos
pede o meio ambiente ou a nossa situação vai ficar muito ruim.
Hoje percebo que a transformação da sustentabilidade em uma
realidade é barrada pelos custos de implantação dela. Então
vejo que o desafio é tornar o sustentável viável para o mercado.
Assim essa mudança não vai acontecer tão devagar e o impacto
será menor”, comenta.
Para frente e avanteEmbora as perspectivas para o futuro sejam bem realistas
para quem está começando, Ana Maria acredita que o mercado
está reagindo e pretende aproveitar qualquer oportunidade que
aparecer.
“Hoje vejo o mercado muito mais competitivo. A graduação
não é mais suficiente, é preciso ter uma especialização. Estou
atirando para todos os lados, se aparecer algo em alguma
empresa vou agarrar. Mas ao mesmo tempo também quero
tentar mestrado e vou continuar estudando para concurso,
pretendo fazer tudo ao mesmo tempo, o que não dá é para
desistir” diz.
E apostando num futuro melhor, para o presidente do
Sinduscon-TO, o maior desafio para o profissional da Engenharia
hoje é conseguir acompanhar as exigências do mercado. Ele
acredita que só vai se sobressair os profissionais que oferecerem
algum diferencial. “Hoje é preciso ser o melhor, é preciso estar no
topo, participar de uma forma mais ativa de todo o processo. O
profissional que se sobressair é o que vai ter mais oportunidade.
O mercado atualmente não está para todos, já esteve. Então
quem conseguir se destacar, mesmo com a recessão, não vai ter
dificuldade em se encaixar, em fazer a diferença”, finaliza.
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ARTIGO:
Limpeza urbanacomeça por você
O Brasil atravessa um momento crítico na saúde pública.
Estamos muito aquém do necessário no que diz respeito ao
desenvolvimento de políticas e infraestruturas de saneamento
e limpeza urbana. E, nós, profissionais da Engenharia, temos
responsabilidade direta nesse assunto.
A ameaça de um mosquito transmissor de graves doenças,
que vem se espalhando Brasil afora, é motivo para mobilizar toda
a sociedade e nos convida a refletir sobre o papel de cada um
no processo de construção de cidades mais limpas e saudáveis.
Neste ano, o CONFEA participa da Campanha da
Fraternidade Ecumênica, da Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil, que tem como lema: “Casa comum, nossa
responsabilidade”. A campanha nos convida a debater temas
como saneamento e saúde pública e nos traz a oportunidade
especial de refletir sobre as ferramentas que cada um possui
para mudar a realidade atual.
Creio que nós, profissionais CONFEA/CREA, temos o
notório saber técnico-científico para garantir cidades mais
limpas, com mais saneamento e melhores condições de saúde
para o cidadão.
Por esse motivo, neste ano o CONFEA se pauta pela campanha “limpeza urbana começa por você”.
Esforço localO Tocantins vem se destacando no combate ao mosquito
da dengue: superou em 132,61% a meta estabelecida pelo
Ministério da Saúde de visitação de imóveis para verificação de
focos do mosquito. Em Palmas, 2,5 mil pessoas se mobilizaram,
em fevereiro, no mutirão em combate ao Aedes. Também na
capital é onde acontece o “Movimento 20 para zero”, em que
todos os dias um servidor público tira 20 minutos para verificar
possíveis focos nos prédios municipais.
Além disso, Palmas lançou o aplicativo de celular “Na luta
contra o mosquito”, tecnologia a favor dos cidadãos. Isso é
uma amostra de como a mobilização faz a diferença. É limpeza
urbana, literalmente, nas mãos do tocantinense.
Ressalto, ainda, que, enquanto cidadãos, temos que exercer
o controle social sobre nossas autoridades para que cumpram
seu papel de formuladores, implementadores e fiscalizadores
das políticas públicas de saneamento, limpeza e conservação
do nosso meio. O CONFEA parabeniza o Tocantins, onde todas
as instâncias estão envolvidas na proteção da saúde pública.
Profissional, conte com o CREA nessa batalha: é no nosso
Sistema que se encontram os principais profissionais que
atuam no saneamento básico e em sistemas de escoamento,
componentes fundamentais para a limpeza urbana.
Agradecemos ao CREA-TO, com quem podemos contar como
parceiro essencial nessa luta! A Engenharia e a Agronomia têm
papel fundamental em garantir qualidade de vida para toda a
população.
Engenheiro Civil José Tadeu da SilvaPresidente do CONFEA
ARTI
GO
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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A Anotação de Responsabilidade Técnica, um documento
encarregado de definir quem são os responsáveis técnicos
por alguma obra ou serviço de área da Engenharia, tem
também o objetivo de apontar as principais características do
empreendimento. Ela foi implantada em dezembro de 1977,
e a partir desta data, todo contrato escrito ou verbal para o
desenvolvimento das atividades no âmbito das profissões
fiscalizadas pelo sistema CONFEA/CREA deve ser registrado no
Conselho.
Para o gerente
de ART do Conselho
Regional de Engenharia
e Agronomia do
Tocantins (CREA-
TO), Euclides Muniz,
o documento é
importantíssimo e
passou a ser adotado
como prova da
contratação de alguma
atividade técnica.
Com ele é possível
indicar a extensão dos
encargos, os limites
das responsabilidades - tanto de quem realiza, como de quem
contrato o projeto -, e a remuneração correspondente ao
serviço contratado. “Em outras palavras, ele possibilita que o
profissional exerça simultaneamente as funções de contrato,
certificado de garantia e registro de autoria”, completa.
Euclides ressalta que quando o profissional presta algum
serviço, desde uma consultoria, até a execução de uma grande
obra, deverá registrar, previamente, uma ART mencionando
a atividade técnica pela qual se responsabilizará. Da mesma
forma, a anotação deve ser registrada para que assim aconteça
o desempenho de cargo ou função técnica.
Segundo o gerente, é importante ficar atento, já que a ART
só é considerada válida quando estiver cadastrada no CREA,
quitada e possuir as assinaturas originais do profissional e
contratante. “Além de estar livre de qualquer irregularidade
quanto a atribuições do profissional que anotou, a ART deverá
ser anotada (registrada) antes do início dos serviços. Ela garante
os direitos autorais do profissional e o direito à remuneração,
como comprovante da execução do serviço. Também ratifica
a existência de contrato entre as partes, define os limites
da responsabilidade técnica (civil e criminal), e comprova a
experiência do profissional à medida que registra todas as
atividades desempenhadas ao longo de sua carreira”, menciona.
Ele explica que para projetos, laudos, avaliações e
arbitramentos, entre outros, a anotação também pode ser
emitida e recolhida no local onde o profissional mantém o seu
escritório ou empresa. Já as execuções de obras ou serviços
técnicos, só podem ser registradas no CREA, onde o trabalho
será realizado.
EmissãoAtualmente a ART só pode ser emitida por meio do sistema
eletrônico. Desta forma, otimiza o tempo do profissional e
possibilita que toda a tramitação do documento seja feita por
ART na vida profissional do engenheiro
AnOTAÇãO DE RESpOnSABILIDADE TéCnICA é DOCuMEnTO quE RESguARDA pROFISSIOnAL, COnSELhO E SOCIEDADE.
Há três tipos de Anotação de Responsabilidade Técnica, divididas nas seguintes categorias:
Obra ou serviço Obra ou serviço de rotina Cargo ou funçãoA ART de obra ou serviço se refere à execução de obras ou prestação de serviços. Essa é a mais utilizada e faz referência a um único contrato;
Em caso de obra ou serviço de rotina, a ART é denominada múltipla. Ela especifica vários contratos referentes à execução de obras ou à prestação de serviços do dia a dia em determinado período;
A ART de cargo ou função faz referência ao vínculo do profissional com pessoa jurídica para desempenho de cargo ou função técnica.
ART
RC Tocantins
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ARTmeio da internet.
Após o preenchimento, um boleto bancário é gerado.
Depois da confirmação desse pagamento, a ART é analisada
pelos colaboradores do CREA-TO.
Ainda de acordo com Euclides, o documento somente
ficará disponível para impressão após a compensação do boleto
bancário. Caso o engenheiro identifique alguma inconformidade
no preenchimento, ela será recusada e enviada para o
profissional para as devidas correções e ele receberá um e-mail
com os dados para os ajustes. “Depois de ser registrada no
sistema e paga, a ART não pode mais ser alterada. Para efetuar
correções posteriores é preciso registrar uma nova anotação de
substituição, vinculada a que contém erro”, frisa.
O documento, relativo ao desempenho de cargo ou função,
deve ser registrado após assinatura do contrato ou publicação
do ato administrativo de nomeação ou designação, de acordo
com as informações constantes do documento que aponte o
vínculo do profissional com a empresa.
É interessante salientar que quando o profissional é
contratado como autônomo, cabe a ele o pagamento da taxa
da ART. Agora, quando se tratar de profissional com vínculo
empregatício de qualquer natureza jurídica, cabe a empresa a
responsabilidade pelo pagamento da taxa do documento.
BaixaA baixa na ART é um procedimento necessário para
comunicar ao CREA a conclusão da obra/serviço ou o
encerramento de sua participação técnica. Mesmo com a ART
baixada, o profissional continua responsável pela obra ou
serviço.
PenalidadesDe acordo com a procuradora jurídica do CREA-TO, Fernanda
Teixeira, a não emissão do documento pode levar o profissional
a pagar multa, o que dependerá da análise do caso concreto e do
tipo de infração cometida. Também estão previstos advertência,
censura pública, suspensão temporária do exercício profissional
ou cancelamento definitivo do registro. “A análise será feita no
caso concreto e de acordo com a gravidade da falta”, afirmou.
A procuradora ressalta que a ART oferece legitimidade
documental e assegura, com fé pública, a autoria, a
responsabilidade e a participação técnica em cada obra ou
serviço, não apenas porque os dados ficam registrados no
Conselho, mas também porque o documento não é aceito se
houver incompatibilidade entre atividades desenvolvidas e
atribuições em cada área.
“A anotação é uma ferramenta também de proteção à
sociedade contra o exercício ilegal da profissão, a ART declara
que os projetos e obras estão de acordo com as normas de
acessibilidade e com a legislação vigente”, informa.
A jurista assegura que outra função do documento é
constituir prova da contratação técnica, de fundamental
importância, podendo ser adotada até mesmo como um
contrato entre as partes. Isso porque, segundo ela, estabelece
a remuneração, as responsabilidades dos envolvidos, os
direitos e deveres do profissional e do contratante e ainda as
características do empreendimento e encargos do serviço
contratado. “Ela resguarda e ampara as partes em eventuais
reclamações, sejam elas jurídicas ou administrativas”, salienta.
MERCADOPara os contratantes, particulares ou órgãos públicos, a ART
tem caráter preventivo. O instrumento confere mais segurança na
medida em que demonstra com precisão as características dos
serviços contratados e assegura que eles sejam realizados por um
profissional habilitado.
O documento ainda preserva a sociedade de profissionais
inabilitados ou daqueles que exercem ilegalmente a profissão.
Além disso, impossibilita a utilização ilegal de acervo técnico
em processos licitatórios, garantindo que as obras ou serviços
públicos – que têm por fim a melhoria da qualidade de vida da
população – sejam feitos com segurança técnica.
O engenheiro mecânico Raimundo Carvalho, que há mais
de 15 anos atua na área, registrou em 1993 a primeira ART. Na
sua opinião, o documento dá mais credibilidade aos trabalhos
executados. “Ele garante que os serviços estão sendo registrados
e que existe um profissional habilitado responsável pela execução
dos trabalhos com muita responsabilidade”, completa.
Por que é preciso
ficar de olho?
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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ÉticaO guia do profissional de sucesso e valorizado
O que é ética? É o nome dado ao ramo da filosofia
dedicado aos assuntos morais. A palavra é derivada do grego,
e significa aquilo que pertence ao caráter, ou seja, trata de
uma análise sobre o valor das ações sociais, consideradas
tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.
Segundo Marilena Chauí, em seu livro ‘Convite à Filosofia‘
(2008), a ética nasce a partir do momento que o ser humano
começa a questionar o que é certo ou errado. Uma reflexão
que já esteve presente desde a antiguidade ocidental, quando
grandes filósofos como Sócrates e Platão começaram a
busca de respostas pessoais sobre a conduta do homem.
Mas, afinal, como a ética está ligada à Engenharia? Se
uma criança tem sua formação moral nos seus primeiros anos
de vida, iniciando antes mesmo de andar ou falar, como isso
se conecta nas profissões? A ética na Engenharia começa
ainda na formação universitária e é levada para a sociedade,
quando este profissional começa a exercer a profissão por
meio da prestação de serviços.
Para nortear o profissional, a fim de que ele leve o
melhor para a execução do seu trabalho, ele tem como base
o Código de Ética. O guia é o instrumento que define os
princípios que objetivam a profissão, define os critérios de
eficácia, a qualidade do relacionamento com a sociedade
e a sustentabilidade na intervenção no meio natural ou
construído. O documento ainda traz os deveres e as condutas
que são proibidas, dispõe os direitos e deveres da profissão e
qualifica as infrações.
“O Código de Ética tem por objetivo materializar as
condutadas vedadas perante os profissionais e a sociedade.
Sua observância só traz ganhos para todos”, comenta o
coordenador da Comissão de Ética do Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO), o
engenheiro ambiental Cassius Gariglio.
Código AtualPara o Presidente do CREA-TO, engenheiro civil Marcelo
RC Tocantins
15
Costa Maia, o atual Código de Ética é abrangente e atende
aos anseios dos profissionais e da sociedade. Ele menciona
que o profissional que conhece o código e sabe aplicá-lo no
seu dia a dia é mais valorizado. Isso porque, segundo ele,
cumpre com rigor os limites da sua profissão em benefício da
segurança da população.
“A sociedade pode ficar exposta a muitas situações de
risco, caso o profissional não seja ético com seus trabalhos.
São várias as situações, porque a Engenharia, por exemplo,
está em tudo: nas nossas casas, nas escolas dos nossos
filhos, no solo onde produzimos os alimentos que comemos,
na água pela qual nos mantemos vivos e somos dependentes,
nas estradas em que viajamos, no transporte de tudo que nos
cerca, nas diversas energias que nos mantêm conectados e
nas tecnologias e sistemas que facilitam nossa vida, entre
outros”, comenta.
Marcelo também ressalta que o CREA-TO trabalha sempre
para divulgar o Código. O Conselho distribui este documento
para os profissionais e recebe denúncias da sociedade,
em caso de o profissional não cumprir os fundamentos
éticos. “Este documento defende a sociedade e valoriza a
profissão de engenheiros, agrônomos, geógrafos, geólogos,
meteorologistas, técnicos e tecnólogos. O profissional que
conhece e o pratica, trabalha em defesa de um serviço com
qualidade e segurança”, enfatiza.
O que diz a LeiA procuradora jurídica do CREA-TO, Fernanda Teixeira,
explica que quando ocorre infração ética por parte de
qualquer profissional vinculado ao sistema, é instaurado o
processo ético. “O profissional estará sujeito às penalidades,
quais sejam a advertência reservada e a censura pública, a
depender da gravidade da conduta no caso”, pontua.
Conforme a lei 5.194/66, que regula o exercício
profissional de Engenharia e Agronomia, o cancelamento
do registro pode ser feito por má conduta e escândalos
praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por
crime. Fernanda ressalta que a instrução do processo ético
ocorre perante a Comissão de Ética Profissional do CREA-
TO e eventual punição poderá ser aplicada pela Câmara da
Modalidade correspondente, após a aprovação do plenário.
Em relação à fiscalização do exercício profissional de
Engenharia e Agronomia, a procuradora jurídica informa que
ela acontece mediante atuação dos fiscais vinculados ao
Conselho, quando estão em campo verificando as obras e
demais atividades.
Fernanda reforça que isso também é um exercício
que a própria sociedade pode contribuir. “Isso pode ser
feito mediante denúncias efetivadas por meio da Ouvidoria
do CREA-TO, que disponibiliza os seguintes canais de
comunicação: e-mail, telefone, link no site do CREA-TO
e também pessoalmente na sede do Conselho, sendo as
denúncias éticas realizadas através de protocolo na Sede do
Conselho ou nas Inspetorias, com assinatura do denunciante.
Dessa forma, por meio das denúncias ou da infração
constatada ‘in loco’ pelos fiscais, ocorre o procedimento de
apuração da conduta e instauração do processo ético”.
DenúnciasQuando a denúncia é feita por meio da sociedade e dos
profissionais ao Conselho, o processo é instaurado após ser
protocolado pelo setor competente do CREA, onde ocorreu
CAPA
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
16
a infração, decorrente de denúncia formulada por escrito e
apresentada por instituições de ensino, que ministrem cursos
nas áreas abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA. Ou por
qualquer cidadão, mediante requerimento fundamentado,
associações ou entidades de classe, representativas da
sociedade, de profissionais fiscalizados pelo sistema ou
pessoas jurídicas, titulares de interesses individuais ou
coletivos.
O coordenador da Comissão também explica que
mediante relatório da fiscalização é instaurado um processo.
Ele é conduzido pela Câmara Especializada da modalidade
profissional (Câmaras de Engenharia: Civil, Elétrica, Mecânica
e Metalúrgica e Geologia e Minas, etc.), para só depois,
com indícios da existência de elementos que comprovem a
violação ao Código de Ética Profissional, mediante decisão
fundamentada da Câmara da modalidade do profissional
denunciado, surge a possibilidade da atuação da Comissão
de Ética Profissional (CEP). Assim sendo, denunciante e
denunciado serão ouvidos e prestarão esclarecimentos.
Deveres do profissionalDe acordo com o coordenador, os preceitos do Código
de Ética não são faculdades, mas obrigações de todos os
profissionais que integram o Sistema CONFEA/CREA. Para
controlar isso, Cassius também acredita que é necessário
um trabalho coletivo, já que existem muitos envolvidos no
processo.
“As Engenharias são o motor econômico do nosso
Brasil. Atuamos desde a fase de planejamento dos
empreendimentos passando por sua implantação e
manutenção. Nos dias atuais, grande parte da sociedade
não tem a clareza dos benefícios da contratação de um
engenheiro, frise-se, desde a fase de planejamento até
execução, pois há flagrante redução dos custos: econômicos,
ambientais e em alguns casos vidas são poupadas”.
Cassius ainda reforça que no caso dos profissionais
da Engenharia, em suas diversas modalidades (Ambiental,
Agronomia, Civil, Minas, Mecânica etc.), o Código de
Ética vigente encontra-se em sintonia com a legislação.
“Os profissionais do Sistema CONFEA/CREA brotam
da sociedade brasileira, assim, não basta a censura
profissional, mas a necessidade de conscientização de cada
indivíduo, do seu papel no tecido social, nas relações da vida
privada ou profissionais”, ressalta.
Nos muros da UniversidadeSegundo o professor de Engenharia Civil da Faculdade
Católica do Tocantins, Jocélio Cabral de Mendonça, mais
do que o conhecimento técnico especializado, é necessário
conhecer o Código de Ética da sua profissão para aplicá-lo
diariamente. “O profissional de Engenharia lida com vidas
e sua responsabilidade social é muito grande”, acrescenta.
Para ele, a presença do professor influencia o aluno
não só dentro da sala de aula, mas também na postura
profissional. Jocélio acredita que o Conselho e as escolas
de Engenharia devem estar cada vez mais próximos. Como
professor, ele se preocupa com aspectos formadores, visto
“O código de ética tem por objetivo materializar as condutas vedadas perante os profissionais e à sociedade. sua observância só traz ganhos para todos”, diz cassius Gariglio.
CAPA
17
RC Tocantins
que o engenheiro é um líder profissional, pois na maioria
de suas atividades comanda equipes. Além disso, é
solicitado a tomar decisões técnicas e operacionais que
precisam ser confirmadas por outras pessoas.
“Como se comportar diante disso, se lhe faltar o
padrão ético? Não tendo, significa que profissionais com
a mesma formação, diante da mesma solicitação, podem
reagir de forma divergente”, pontua.
De acordo com o professor, as engenharias ainda
precisam ser mais rigorosas quanto à questão ética, em
complemento ao rigor físico-matemático ensinado nas
disciplinas dentro das universidades. Jocélio enfatiza
que profissionais rigorosos tecnicamente, em muitas
oportunidades, são encarados como éticos de forma
errada. Isso porque algumas decisões ‘rígidas’ podem
prejudicar a sociedade, em comparação a uma visão
técnica em um ambiente plural, por exemplo.
“Por outro lado, o rigor profissional pode ser
interpretado como desnecessário para o leigo que não
entende que uma determinada obra ou serviço tem
previsão de vida útil de centenas de anos. Não posso
falar genericamente pela ‘Universidade’, mas o Sistema
CONFEA/CREA regula a profissão e tem por base a
formação dos seus acolhidos profissionais, então se o
Código de Ética vai reger a atuação do profissional, deve
ser ministrado e praticado dentro do ambiente acadêmico
de forma cotidiana”, completa.
Para o professor, as disciplinas profissionais das
engenharias são mais amplas e geralmente buscam
ambientes de problemas de engenharia e de projetos,
onde há maior liberdade de postura e posicionamento
perante a busca para a solução dessas problemáticas.
“Hoje, diferente da escola que estudei, o ambiente
das universidades é mais dinâmico. O sistema de crédito
e a liberdade da grade de disciplinas têm diferenciado
a formação. Os alunos, ocasionalmente, têm optado
por fazer disciplinas em outras faculdades. Tudo isso
dificulta a formação profissional do ponto de vista de um
padrão comportamental. Mesmo que haja a vantagem de
formação diferenciada, temos aí uma miscigenação de
posturas. Nas engenharias, onde o mercado exige rotina,
hierarquia e padrão nos produtos e serviços, corremos o
risco de liberar para esse mercado um profissional com
perfil divergente do requerido”, finaliza.
“O profissional de engenharia lida com vidas e sua responsabilidade social é muito grande.”
CAPA
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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EntrevistaMODAlIDADE CIVIl
São 23 anos de carreira. Ainda em 2001, o conselheiro Daybson
Dias de Sousa, Coordenador da Câmara de Engenharia Civil do CREA-
TO, visualizou no Estado um lugar promissor, um local com materiais
de boa qualidade para se trabalhar e apostou em Palmas como
uma cidade que estava pronta para agregar os recém-chegados de
todo Brasil. Com uma vasta experiência na área de Engenharia, ele
acredita que um dos grandes desafios da profissão, e talvez o maior
deles, é desenvolver construções sustentáveis, sempre priorizando
os recursos naturais e o meio ambiente em geral. Confira abaixo, na
íntegra, a entrevista com o conselheiro!
Como foi que você escolheu a Engenharia Civil como sua
profissão? Na época você tinha alguma noção de como era o trabalho
de um engenheiro?
Sabia mais ou menos. Tinha facilidade com as ciências exatas
e isso ajudou. Naquela época em Goiás, você tinha habilidade em
humanas, biológicas ou exatas, apenas. E geralmente quem tinha
habilidades com números fazia algo na área de Ciências Exatas e a
profissão de maior vulto naquela época, no final da década de 80, era
a Engenharia Civil.
O senhor vislumbrou no Tocantins uma oportunidade para
alavancar a carreira?
Foi isso sim. Tinha um mito em relação ao Tocantins, que eu
entendia que era uma situação mais precária. Mas foi a partir do
Carnaval de 2001 que vi que os agregados de construção civil (areia,
seixos e até tijolos), eram de boa qualidade e naquela época, no
mercado regional de Goiás, a gente enfrentava uma luta com materiais
de baixa qualidade, tipo tijolos. Nas edificações verticais de grande
vulto tínhamos problemas com trinca (todos muito cansados de lutar
contra os fornecedores). Já aqui no Tocantins havia materiais de boa
qualidade, que com certeza não teriam esse tipo de problema. Isso
ajudou também na tomada de decisão para migrar para o estado.
No CREA, qual é a função dos conselheiros? O que difere o
trabalho deles do presidente e vice?
Na verdade o trabalho do presidente é um trabalho de gestão, de
ordenamento das despesas e direcionamento das ações. O CREA é
um órgão fiscalizador e a função primordial do Conselho é defender
a sociedade, fiscalizando a profissão de Engenharia e Agronomia.
Em função disso, os conselheiros, dentro de suas câmaras, dão o
norte, o direcionamento para onde vai a fiscalização. Essa é uma das
funções do conselheiro. Eles também têm outras funções correlatas
que dão suporte ao produto final, que é a fiscalização. Como produto
secundário, temos: certidões, cadastro de profissionais e instituições,
mas o objetivo principal é fiscalizar a profissão e proteger a sociedade
dos maus profissionais.
“O profissional não pode ficar de fora das inovações tecnológicas. Ele tem sim que investir o seu tempo na qualificação, tanto própria, quanto da equipe do escritório”
RC Tocantins
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Quais áreas hoje que este profissional pode procurar para
se especializar?
Ele pode se especializar na área ambiental, por exemplo, as
questões ambientais, de sustentabilidade. Nós temos desafios
aqui no Tocantins, como a enorme incidência solar, é inadmissível
que a gente não use, em nossos telhados, placas solares. Isso
quer dizer sustentabilidade em sua edificação. Faz com que na
edificação seja toda estratizada. Sem contar o revestimento, que é
outra engenharia. As pessoas podem também se especializar em
acústica (no caso de desenvolvimento de cinemas, anfiteatros).
Como é possível se manter competitivo no mercado de
trabalho? O que um profissional que quer se destacar nessa área
precisa fazer?
Na verdade o destaque vem com a experiência e é uma
situação contínua de investimentos. Posso dizer hoje que
praticamente já fiz dois cursos sem estar matriculado. Duas
áreas que avançaram muito foram a do cálculo estrutural, que
cresceu muito com o apoio da informática -- antigamente se
fazia um projeto de cálculo estrutural de um sobrado, de 350
m², em três semanas, hoje se consegue fazer em oito horas –
e da qualidade de apresentação, que atualmente é excelente.
São avanços que a gente tem na tecnologia da informação em
prol da Engenharia. Para se destacar, acredito que é necessário
depender da experiência sim, mas também de outros fatores
como ser dinâmico, ser atento às inovações tecnológicas e
inserir isso ao seu portfólio. São características essenciais para
se manter no mercado. O profissional não pode ficar de fora das
inovações tecnológicas. Ele tem sim que investir o seu tempo na
qualificação, tanto própria, quanto da equipe do escritório.
Muito se fala sobre a atual crise econômica no país, que é
um reflexo da crise mundial. E com todos os ajustes econômicos
é natural que haja também um impacto na construção civil. Há o
desaceleramento das obras e dos investimentos. Qual a análise
que você faz do mercado hoje? Ele ainda é amplo?
Houve sim um ataque bem grande aos recursos financeiros
e é um desafio da Engenharia desenvolver métodos, porque
o recurso está escasso. E como a nossa profissão deriva
conceitualmente de engenhoca e invenção, acredito que compete
a nós inventar. O nosso teto é um recurso escasso e assim
temos que desenvolver novos métodos para otimizar processos
de construção dentro das edificações, de forma econômica,
reduzindo o desperdício. Isso é desenvolvimento de processo,
como também desenvolvimento de novos materiais. Como você
sabe, historicamente, a medicina nunca se desenvolveu tanto
como em épocas de guerras e agora estamos em uma época de
guerra para a Engenharia, com recursos escassos. Temos que
desenvolver o processo para que isso seja sanado.
Como está o mercado hoje para a Engenharia Civil?
Essa crise sempre acompanhou a Engenharia. Tenho 45
anos de idade, acompanhei no final da década de 70 a crise do
petróleo, sempre houve momentos de turbulência. Mas existem
épocas em que elas se acentuam e épocas que se abrandam.
Lembro que na época da minha graduação nós também vivíamos
uma situação de crise. Porém, para o pessoal que agora está
chegando ao mercado, a minha resposta é: não se acomode
no local que você está! Existem outras áreas geográficas do
nosso país que não estão experimentando essa crise. Por
exemplo, existem outros locais em que o agronegócio está em
alta e as pessoas não estão ‘teoricamente’ reclamando. A área
mineradora, em alguns estados, por exemplo. Agora, ficar preso
ao seu nicho territorial, aí é complicado. Por isso, para o pessoal
que está chegando agora meu conselho é procurar outros
locais. Quando me formei na cidade de Goiânia, vivíamos uma
crise, mas busquei trabalho em Mato Grosso, no agronegócio,
onde desenvolvi obras fantásticas, ou seja, é uma questão de
experimentar e buscar novos horizontes.
O quE FAZ uM EngEnhEIRO CIvIL?A Engenharia Civil é bastante ampla. Pode ser desenvolvido
tanto para projeto, como execução. No segmento de edificações,
o engenheiro pode fazero projeto de uma residência, um
projeto elétrico de baixa tensão, ele pode fazer as instalações
hidrossanitárias (de esgoto e água) e ainda pode fazer as
fundações (tanto projetar como executar). A Engenharia Civil foi
desmembrada, porque antigamente era a Engenharia Militar. Para
diferenciar aquele engenheiro do engenheiro da cidade foi criada a
Engenharia Civil, especificamente o estudo relativo a edificações.
Em seguida, houve outro desmembramento do transporte, onde a
gente encontra as rodovias, as ferrovias, as hidrovias. Tudo isso
é de responsabilidade do Engenheiro Civil, porque são coisas
inerentes à cidade. Tanto o desenvolvimento de projetos, quanto
a execução. Outra categoria da Engenharia Civil é o saneamento
básico, onde nós temos atividades relativas à adução de água,
que é a captação da água bruta do manancial, tratamento da
água, em função da população daquele município, projetos para a
rede de distribuição de água limpa, tratada e também a recoleta,
que seriam os efluentes. É bem amplo. É praticamente o que se
faz dentro da cidade.
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Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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Quais as perspectivas para o futuro?
As perspectivas são muito boas. A gente vê um sentimento
nacional que é não do mesmismo. Nós estamos hoje com
desdobramentos políticos, que acredito que em um futuro próximo
serão solucionados. Passando essa fase turbulenta da política
econômica, acho que as coisas vão melhorar e nós enfrentaremos
grandes desafios de tecnologia e desenvolvimento.
O mundo hoje volta os olhos para a engenharia sustentável,
afinal já somos seis bilhões de pessoas e não paramos de crescer.
Quando construímos é preciso pensar no futuro da Terra, tanto
pelo espaço, quanto pela questão da geração de lixo e poluentes.
Como é pensar em construções que respeitem o meio ambiente,
diminuam o impacto no planeta e ainda sejam inteligentes? Esse
é o maior desafio da engenharia hoje?
Sem dúvida! Esse é o maior desafio da Engenharia. No
caso das construções sustentáveis, elas começam a partir do
planejamento. Nós temos que desenvolver métodos modernos
para isso. Temos que deixar de lado aquelas formas arcaicas,
como a questão do escoramento. Há 30, 40 anos nós usávamos
madeira para escoramento e hoje você já tem o escoramento
metálico, ou seja, não há mais a derrubada de árvores. Os
modelos construtivos estão sendo adequados. Temos também a
questão de revestimentos, onde o projetista está se preocupando
com o módulo da cerâmica, para usar o múltiplo da peça e não
vai ter corte. Se você projeta um banheiro com um 1m20 e a sua
cerâmica é de 60, basta duas peças. Agora se você coloca 2m25,
teria que usar duas peças de 60 e uma pecinha de 5cm. Por
isso, o projetista, já sensível com esse tipo de situação pensa na
sustentabilidade, para não haver desperdício.
A acessibilidade também é um tema que durante muito
tempo foi deixado de lado, mas que hoje está em pauta e é
tratado com total importância por engenheiros e projetistas.
Hoje as construções já são pensadas para agregar a todos?
Fico muito feliz em comentar sobre esse assunto porque nos
ajuda a divulgar a nossa Câmara, que luta hoje pela acessibilidade.
Você vê que o transporte coletivo atual já contempla a
acessibilidade. Temos também exemplos de shoppings centers,
estacionamentos, calçadas que também estão inseridas nessa
mudança. Posso dizer com mais absoluta certeza que dos anos
70 para cá a questão da acessibilidade evoluiu muito. Palmas
hoje, em seu código municipal de edificações, já abarca essas
questões.
O senhor acredita que o profissional consegue entender
que é preciso incluir todo mundo no espaço tanto público quanto
privado?
Mais privado do que público, porque quanto à edificação que
nasce pública, ela precisa sair do papel sustentável, do ponto de
vista da acessibilidade. Agora quando é feita locação, entram os
grandes problemas de interferência. No caso particular, quando
são edificações privadas, o poder público já direciona para que
isso seja contemplado.
O que a Engenharia pode fazer para ajudar a tornar esse
conceito uma realidade?
Continuar desenvolvendo as normas. Elas na verdade
já existem, mas precisam sair do papel e ir para a realidade.
A Engenharia, tanto na área projetista, quanto edificações e
transportes vêm contemplando esta matéria. O que, às vezes,
não está inserido são nas obras antigas, que foram erroneamente
feitas sem olhar para esse aspecto. Mas as novas todas já
pensam nisso.
Essa crise sempre acompanhou a Engenharia. Tenho 45 anos de idade, acompanhei no final da década de 70 a crise do petróleo, sempre houve momentos de turbulência. Mas existem épocas em que elas se acentuam e épocas que se abrandam.
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RC Tocantins
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Falando da questão do desenvolvimento de projetos, uma
dúvida que todos têm é a diferença, na prática, da atividade do
arquiteto e do engenheiro. O que diferencia uma da outra?
Na verdade é um conceito difundido que se chama
sombreamento. São situações que as duas profissões podem
atuar. Dentro de uma edificação você tem uma multidisciplinidade
total. A Engenharia Civil contempla essa situação e a Arquitetura
também. Compete à sociedade, na sua forma harmônica,
decidir quais os profissionais vão atuar em áreas específicas.
Por exemplo, temos projetos arquitetônicos, de baixa tensão,
estrutural... Tudo isso contempla essas duas áreas.
Como é a relação do profissional de Engenharia Civil com
outros profissionais da Engenharia? O trabalho em uma obra é
da equipe toda?
Precisa da sintonia, de todo mundo. Tem que ter uma
sintonia tanto na obra, como na logística. Não adianta a obra
estar toda sintonizada, se a logística não está chegando com
os materiais. É todo um macroplanejamento da situação.
Logicamente, essa interação
vai desde o psicológico
até o financeiro. Nossos
colaboradores têm que estar
recebendo a sua devida
remuneração em dia, tudo,
inclusive o fator econômico
tem que ser harmônico. A
questão do relacionamento
interpessoal é outro fator
que precisa ser observado
já que em uma obra existem
os encarregados, o mestre
de obras e também o engenheiro. Todo mundo precisa estar em
sintonia. A gente sabe que cada uma das pessoas envolvidas tem
suas particularidades, precisamos entender isso, não podemos
ser carrascos. Até porque esse tipo de situação já foi vencida há
mais de 200 anos, o feudalismo deixou de existir há muito tempo.
Para quem quer fazer Engenharia Civil, quais as aptidões
que essa pessoa precisa ter? Afinal, há sempre aquela máxima
de que ela precisa ser excelente em matemática. Mas no que esse
estudante precisa ser bom? E claro, do que ele precisa gostar?
Na verdade as Ciências Exatas em si é uma teoria bastante
acentuada e se a pessoa não tem isso desenvolvido, ela pode
ter dificuldades, porque as matérias são pesadas, os cálculos
também. E principalmente na parte de concreto, de aço, essa
aptidão é realmente necessária. Mas de maneira geral, o
profissional da Engenharia, em todo momento (tanto é que ele
está na área tecnológica que por si só tem certa afinidade com
as Ciências Exatas), é preciso ter um bom relacionamento com
os números. Não pode haver aversão, pavor. Isso realmente
são condições de pré-requisito, porque isso faz falta, tanto nos
primeiros períodos (no básico), como também na profissão. Hoje
os conceitos estão mudando, porque esse profissional também
tem que aprender a interagir com as pessoas e isso antigamente
não era assim. O engenheiro era muito duro, era muito cálculo e
hoje não, ele é mais maleável. Tem que saber se relacionar com as
pessoas, tem que desenvolver a comunicação, o tino comercial,
a contabilidade. O profissional da Engenharia é mais completo
do que era antigamente. Para os estudantes e para quem está
pleiteando a área, sempre digo: aproveitem o tempo máximo
dentro da universidade porque ali é o estudo, a teoria. Depois
que se forma é mais complicado, tem que aproveitar o tempo de
universidade.
Hoje Palmas tem o curso
de Engenharia Civil em suas três
principais universidades, ou seja,
formam-se muitos profissionais.
Além das dicas cima, quais as
outras que o senhor dá para
quem está começando?
Palmas hoje se transformou
em uma cidade universitária.
Conheço vários alunos das regiões
bem próximas, de outros estados
ou do interior que vem estudar na
Capital. Jovens que vem buscar
o conhecimento na cidade, mas que muitas vezes precisam
voltar para seu município de origem porque estas localidades
também precisam de profissionais. E é algo que muitas vezes
acontecem, eles voltam para levar o seu conhecimento. Acredito
que na nossa profissão não tem arrogância, até mesmo porque o
profissional da Engenharia depende do material das pessoas que
estão fazendo seu trabalho. Você é um técnico. Você é um gestor
de ideias e depende dos seus colaboradores. E uma gestão, hoje,
inteligente é compartilhada. Você mantém a responsabilidade
dos seus colaboradores e o desempenho e trabalha melhor dessa
forma. Minha sugestão é realmente manter os princípios de
igualdade e fraternidade. É isso que move não só a Engenharia,
como todas outras profissões.
Acredito que na nossa profissão não tem arrogância, até mesmo
porque o profissional da Engenharia depende do material das pessoas que estão fazendo
seu trabalho. Você é um técnico. Você é um gestor de ideias e
depende dos seus colaboradores
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Para proporcionar aos estudantes mais conhecimento
sobre o sistema junto às áreas de Engenharia e Agronomia
e ainda abrir as portas do Conselho para os acadêmicos, foi
reestabelecido, em 2016, o projeto CREAjr-TO.
O programa tem o objetivo de viabilizar a participação
dos estudantes no desenvolvimento de ações que incentivem
os futuros engenheiros e agrônomos à prática do exercício
profissional. Ele ainda é responsável em promover a interação
do CREA-TO com os estudantes da área tecnológica, além de
ser um espaço para debater temas nacionais e de interesse
da área.
Dentro das perspectivas do CREAjr-TO está a promoção
e formação de novas lideranças, onde vale ressaltar o valor da
participação dos estudantes nas entidades de classe, como
futuros engenheiros e também a colaboração dos mesmos
para sensibilizá-los quanto ao seu papel profissional junto ao
meio ambiente e a sociedade.
Todos os estudantes regularmente matriculados nas
universidades do Estado podem participar do CREAjr-TO. Já
na diretoria do Conselho, apenas os acadêmicos que tenham
cumprido os pré-requisitos do processo eletivo podem fazer
parte.
“O CREAjr-TO tem grande importância na aproximação
dos estudantes com o Conselho. Isso porque esclarece
as dúvidas e possibilita as discussões para a melhoria do
sistema”, comentou o coordenador adjunto da Comissão
Eleitoral do CREAjr-TO Cleidson Dias de Sousa. O intuito,
segundo ele, é divulgar ações do Conselho junto à comunidade
acadêmica, através de reuniões e encontros periódicos. “É
uma forma do estudante ter conhecimento do nosso sistema,
conhecendo mais sobre legislação que rege o Conselho”, frisa.
A finalidade do projeto é que no CREAjr-TO, o estudante
tenha a possibilidade de conhecer o funcionamento do
sistema, no qual estará vinculado, e também usufruir de
benefícios, como: espaço de discussão dos mais variados
temas profissionais, acadêmicos, mercado de trabalho,
tecnologia, contato com o sistema CONFEA/CREA, legislação
e outros temas da área.
Programa proporciona mais conhecimentoaos estudantes sobre a área
CREA
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RC Tocantins
23
Além de tudo isso, o estudante pode desenvolver a
liderança, aprimorar sua rede de relacionamentos e fazer
contato direto com lideranças do CREA-TO.
ProgramaO Programa CREAjr começou no estado de Minas
Gerais no ano de 2000, onde foi criado com o objetivo de
disseminar informações acerca do Sistema CONFEA/CREA
e estabelece uma relação entre os futuros profissionais
da área tecnológica, além de fomentar a valorização
profissional das áreas abrangidas pelo sistema.
Hoje, 16 anos depois (completados em abril deste ano),
o programa existe em 24 estados e Distrito Federal. Segundo
o coordenador nacional do CREAjr, Maycon Juan, ele vem
cada vez mais sendo reconhecido como um formador de
lideranças mais éticas e comprometidas com a sociedade.
O coordenador ainda explica que o programa funciona
de forma dinâmica, sempre focando em resultados.
“Levamos informações aos futuros profissionais e recém-
formados da área tecnológica através da elaboração de
atividades como palestras sobre temas específicos e
gerais, congressos, simpósios e visitas técnicas, além de
desenvolver ações sociais e projetos principais, como a
‘Engenharia Pública, ‘CREA nas Escolas’ e o fomento à
abertura de Entidades Jovens”, completa.
Maycon Juan acredita que o sucesso do programa
está diretamente ligado à formação de novas lideranças
para Engenharia. “Nós do programa CREAjr acreditamos
que a Engenharia deve ser mais valorizada, tendo maior
participação nas áreas de inovação e empreendedorismo
e também na área pública. Nosso país precisa cada vez
mais de profissionais éticos trabalhando com foco no
desenvolvimento econômico e social, e é nisso que nós
apostamos. Proporcionamos um espaço para que futuros
profissionais e recém-formados possam colocar suas
ideias em prática e contribuir com projetos que coloquem a
Engenharia a serviço da vida”, ressalta.
ParceirosOs membros dirigentes e recém-formados dos cursos
abrangidos pelo sistema CONFEA/CREA, estão envolvidos
diretamente com o programa. De forma indireta estão os
futuros profissionais, que não são membros dirigentes,
mas que contribuem participando e divulgando as
atividades.
Também existem as organizações parceiras, que
são protagonistas no crescimento do programa porque
contribuem de forma direta com as atividades.
“Estão junto conosco as Federações Estaduais de
Empresas Juniores, Ong’s como os ‘Engenheiros Sem
Fronteiras’, e as entidades de classe que tem sido nossas
parceiras há anos. Ainda temos os CREA’s que tem
contribuído para o programa nos estados onde ele existe
e também o nosso Conselho Federal. O programa CREAjr
tem uma capilaridade muito grande de aproximação com
todo tipo de instituição e tem se aproveitado disso para
fazer a Engenharia se tornar uma unidade cada vez mais
forte”, diz.
MembrosPara o estudante de engenharia civil, Lucas Tolentino,
uma das formas de encarar o futuro é a busca pelo
conhecimento e a preparação para a atuação na área.
Segundo ele, o Conselho traz uma inter-relação entre os
acadêmicos e o CREA, o que promove a participação dos
estudantes e mostra a importância do Conselho na vida
profissional.
“O Conselho busca essa proximidade conosco. É uma
“O programa creajr-TO tem uma capilaridade muito grande de aproximação com todo tipo de instituição e tem se aproveitado disso para fazer a Engenharia se tornar uma unidade cada vez mais forte”.
Revista Crea Tocantins Ed. 01/2016
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oportunidade que o sistema concede a você,
para a troca de experiências, participação
em palestras, grupos de discussões,
seminários entre outros, com objetivo de
torná-lo um futuro profissional ‘antenado’
com a legislação vigente, os assuntos
de responsabilidade técnica, Código de
Ética e compromisso social”, ponderou o
acadêmico.
A estudante de engenheira ambiental
Tharinne Borba Brito, enfatiza que dentro
da universidade é possível ter um universo
vasto de oportunidades, mesmo assim há
uma necessidade maior de vivenciar na
prática o que se aprende em sala de aula. Ela vê o CREAjr-TO
como uma grande oportunidade no seu crescimento pessoal
e profissional.
“Na prática devemos ser dinâmicos e proativos e o
CREAjr vem a somar neste sentido, como uma grande
oportunidade de testar minhas competências, descobrir
novas habilidades e aprender a lidar desde cedo com os
obstáculos de uma profissão. O mercado de trabalho está
cada vez mais competitivo e diferenciais como este podem
me levar mais longe, abrindo novos horizontes em minha
vida”, ressalta.
UniversidadePara o professor de engenharia civil, Daniel Iglesias,
atualmente há um envolvimento muito grande da sociedade
em cima das questões políticas e de alguma forma isso
também é levado para as entidades representativas da
profissão.
“O acesso da juventude, do pessoal mais novo na
profissão faz com que o envolvimento deles funcione como
uma maneira mais acessível a todos. Antigamente existia
a ideia só de criticar, dizer que não funciona, mas agora o
Conselho está dando a oportunidade para essa moçada
jovem. Então ao invés de simplesmente aceitar o que está
sendo decidido e que não concorda ou simplesmente criticar
de maneira passiva, o estudante tem a opção de maneira
ativa de fazer parte desse envolvimento político, fazer parte
desse movimento de tomada de decisões que afetam, de
maneira direta, na maioria das vezes, o nosso dia-a-dia
como profissional”.
O professor pontua que além do engajamento político
e da participação dos acadêmicos, o CREAjr-TO possibilita
uma reciclagem de pensamentos devido ao fato da
geração mais nova estar envolvida de uma maneira mais
fácil e presente em assuntos relacionados à tecnologia, à
comunicação e à troca de informação.
“A tecnologia na vida da moçada mais jovem é
muito mais presente do que na minha época. Esses
questionamentos, de maneira geral, vão fazer com que o
CREA e a nossa profissão cresçam, desenvolvam e estejam
mais atualizados, presentes e ativos, atingindo todas as
áreas, todos os campos e todas as idades também”.
Daniel diz ainda que antigamente o Conselho era visto,
dentro das universidades, apenas como uma entidade
fiscalizadora e os alunos não sabiam muito bem a função do
lugar. “Hoje isso não é assim, pois com a criação do CREAjr-
TO a gente consegue transformar essas informações, essa
participação, esse contato de maneira mais real e mais
ativa”, finaliza.
CREA
JR
RC Tocantins
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Pode não ser algo óbvio de adivinhar, mas inspecionar
obras de grandes edifícios, acompanhar as instalações
elétricas de prédios em construção, desenvolver soluções
para problemas do meio ambiente e planejar e aumentar
a produtividade agrícola são trabalhos realizados por
engenheiras de diferentes segmentos de atuação e formação.
Áreas, antes dominadas por homens, e papéis, antes
representados por figuras masculinas, hoje já equilibram
os gêneros. E graças a esses avanços, a Engenharia,
finalmente, vem compartilhando seus conhecimentos e
consequentemente o mercado de trabalho entre homens e
mulheres.
Mas a realidade, que hoje é motivo de comemoração, nem
sempre foi assim. Para Heryka Alves, há doze anos quando
decidiu cursar Engenharia Civil, a quantidade de alunas em
sala de aula representava bem como o mercado ainda era
predominantemente masculino. Heryka conta que dividiu a
sala com 45 homens e apenas quatro mulheres.
“Lembro que tive um professor que brincava dizendo que
quando uma mulher nascia perguntavam para ela se ela queria
ser bonita ou se queria ser engenheira. Sempre dizia que tinha
o privilégio de ser as duas coisas”, comenta Heryka.
Segundo a engenheira, ainda na faculdade, ela se
interessou pelo trabalho de campo, mas depois de formada
não conseguiu emprego na área.
“Ainda quando estava estudando me identifiquei muito
com as matérias que precisavam que eu fosse a campo,
matérias em que eu tivesse que lidar com gente, coisa que
sempre gostei. Quando comecei como engenheira a mulher
ainda era muito rejeitada para execução de obras, mas era
o que gostava. Ainda hoje é um pouco assim, existe muito
Mulheres na Engenharia. Pode?demais!
“Lembro que tive um professor que brincava dizendo que quando uma mulher nascia perguntavam para ela se ela queria ser bonita ou se queria ser engenheira. Sempre dizia que tinha o privilégio de ser as duas coisas”, Heryka Alves
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 001 2016
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preconceito ter uma mulher fiscalizando, à frente de tudo em
um canteiro de obras. Para as pessoas, a mulher engenheira
ainda é uma figura que precisa ficar no escritório, fazer
projeto, consultoria. Hoje vejo mais mulheres assumindo a
responsabilidade, principalmente em Palmas, mas na época
senti muita dificuldade, tanto que agora trabalho fazendo
projetos porque não consegui, há alguns anos, emprego na área
onde queria”, conta.
quando a Engenharia vira paixãoNo caso da engenheira ambiental, Danielle Magalhães
Ohofugi, a descoberta da profissão veio ainda no ensino médio.
Ela conta que se encantou pela área quando viu um cartaz na
escola. Na época, ela descobriu que o único lugar do país que
oferecia curso era o Tocantins, e mesmo com tudo organizado
para cursar psicologia, decidiu apostar na novidade.
Hoje, professora, Danielle percebe que a quantidade de
alunos homens e mulheres é praticamente a mesma em sala
de aula, mas na época dela não era bem assim. “Na minha
sala a maioria era formada por homens. Isso vem mudando,
especialmente na minha área. Já no caso da Engenharia Elétrica,
onde ministro uma matéria, a prevalência de homens é ainda
maior, as mulheres somam apenas 30%. Acho que a Engenharia
Ambiental atrai mais o público feminino por causa daquela
analogia que podemos fazer com o zelo, do cuidado da mulher
com sua cria, com a família, isso acaba externando também
pras questões ambientais”, explica.
no meio do matoPara Danielle, a segregação não acontece apenas nas salas
de aula, mas também no mercado de trabalho. Ela conta que
durante sua carreira já viveu momentos em que o gênero fez toda
a diferença. Quando ainda era recém-formada, a engenheira
precisou realizar uma visita técnica ao lado de profissionais de
órgãos ligados ao meio ambiente. Durante uma atividade no
campo, Danielle se deu conta de que era a única mulher no meio
de uma equipe de 20 homens.
“Foi uma experiência que me marcou muito. Eu era a única
mulher ali, não tinha com quem dividir aquilo que estava vivendo.
Como nós estávamos no campo, percebia que os homens ao
meu redor queriam sempre me ajudar, perguntavam se estava
tudo bem, questionavam se tinha condições de andar ali no
meio do mato. Mas isso foi algo que nunca me abalou. Nunca
me senti menos representada, mesmo sendo a única mulher
naquela situação. Se consegui chegar aonde cheguei, sei que foi
por causa da minha persistência. Não foi a última vez que isso
aconteceu comigo, mas nunca me deixei abalar”, diz.
Como professora, Danielle percebe que o futuro para suas
alunas é muito mais promissor do que foi para ela. A profissional
acredita que, atualmente, as mulheres estão muito mais à frente
na Engenharia do que há alguns anos.
“Elas têm um espaço muito grande hoje. Estão realizando
pesquisas, participam muito em sala de aula, são mais
estudiosas. Me sinto realizada na minha profissão e fico feliz
por ajudar a formar um profissional e colaborar no processo de
formação de outros engenheiros. Como mulher, me sinto mais
orgulhosa ainda”, finaliza.
MuLhERES pOR MODALIDADE
Agrimensura 4,7%Agronomia 28,5%Civil 52%Elétrica 4,1%Geologia e Minas 3,3%Mecânica e Metalúrgica 0,9%Química 6,4%Segurança do Trabalho 0,1%
REgISTROS ATIvOS
Homem Mulher78% 22%
Nunca me senti menos representada, mesmo sendo a única mulher naquela situação. Se consegui
chegar aonde cheguei, sei que foi por causa da minha persistência. Não
foi a última vez que isso aconteceu comigo, mas nunca me deixei abalar
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