depoimento marcola - cpi trafico de armas

Upload: andre-thomazoni-pessoa-silva

Post on 02-Mar-2016

365 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • CMARA DOS DEPUTADOS

    DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISO E REDAO NCLEO DE REDAO FINAL EM COMISSES

    TEXTO COM REDAO FINAL TRANSCRIO IPSIS VERBIS

    CPI TRFICO DE ARMAS EVENTO: Reunio Reservada N: 0871R/06 DATA: 08/6/2 006 INCIO: 13h30min TRMINO: 17h43min DURAO: 04h13min TEMPO DE GRAVAO: 04h13min PGINAS: 205 QUARTOS: 50

    DEPOENTE/CONVIDADO QUALIFICAO MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Depoente.

    SUMRIO: Tomada de depoimento.

    OBSERVAES No houve roteiro taquigrfico no incio da reunio. H oradores no identificados. H intervenes inaudveis. H intervenes simultneas ininteligveis. H palavras ou expresses ininteligveis.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    2

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Dou por iniciada a sesso de diligncia da CPI que investiga as organizaes criminosas do trfico de armas. Temos um quorum de 8 presentes e autorizao do Plenrio da CPI para que possamos tomar decises acerca das diligncias e do carter das sesses. A princpio, uma sesso privativa, no sujeita ao sigilo. Se houver a necessidade, a transformaremos em sesso reservada, a sim sujeita ao sigilo. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu coloco em primeiro lugar em discusso... H uma solicitao do juiz-corregedor para que no seja feita nenhuma imagem do apenado Marcos Camacho, o Marcola. Em discusso essa possibilidade. (Pausa.) O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Sr. Presidente, eu acho que no devemos permitir a filmagem, fotografias durante a audincia, mas, na abertura, devemos at mostrar que viemos aqui e que consumamos aquela obrigao nossa de ouvir o Marcola na CPI do Trfico de Armas. Portanto, eu proponho que a gente, na abertura, deixe ser fotografado e filmado, com a presena dele aqui no lugar devido. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Continua em discusso. O SR. DEPUTADO JOO CAMPOS - Eu me manifesto contrrio, porque, primeiro, o seguinte: que o bandido Marcola j conhecido do Brasil, e imagens as mais diversas foram veiculadas. Essa questo de sempre, de forma ostensiva, tornar pblica a imagem dele, o promove como pessoa importante, o artista. Passa a ser uma referncia. Eu no vejo nenhuma necessidade para isso. Acho que o nosso trabalho aqui pode se desenvolver tranqilamente sem necessidade de mostrar a imagem do preso. Essa a minha posio. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Continua facultada a palavra. O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Sr. Presidente, eu entendo a preocupao do nobre colega Deputado Joo Campos e at a solicitao

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    3

    tambm do promotor, mas acredito que no essa imagem que vai desmistificar o Marcola, nem faz-lo mais conhecido ou no. Eu acho que os acontecimentos do ms na cidade de So Paulo fizeram de Marcola uma referncia no s no Estado de So Paulo, mas no Brasil e no mundo. Eu acredito que esta Comisso deva ouvi-lo, e fica entendido entre ns, registrada a presena dele no incio da audincia da CPI, com os reprteres fazendo as filmagens do lado externo da sala. E logo em seguida vamos continuar a sesso sem a presena da imprensa. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O Deputado Luiz Couto onde que est? (Pausa.) O SR. DEPUTADO JOVINO CNDIDO - Sr. Presidente, sem maiores comentrios, eu tambm apio que preciso fazer essa imagem. (Pausa.) O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu apoio tambm. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O Deputado Raul Jungmann deseja fazer algum comentrio? O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Em primeiro lugar, o que eu acho que, se tem uma determinao judicial, mesmo que possamos ter a prerrogativa, eu acho que ns no devemos descumpri-la. Em segundo lugar, o objeto disto aqui obter contribuies, obter informaes que sirvam para o nosso trabalho. absolutamente acessria essa questo da imagem, e acho que esta CPI deve evitar, radicalmente, a espetacularizao dos seus trabalhos. Ns vamos falar pelo resultado, ns vamos falar pelo relatrio daquilo que a gente tenha a contribuir. Por isso eu voto no. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu gostaria de, antes de colocar em votao, eu queria ouvir a opinio do Ministrio Pblico. (Pausa.)

    O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - Excelncia, o Ministrio Pblico est aqui para prestar qualquer tipo de colaborao. Pensando bem, a imprensa, aqui chegando, ela vai desviar o foco, e isso, sem dvida nenhuma, (ininteligvel) que foi dito vai bastante expor a imagem dele, (ininteligvel) em determinado momento. Tornar um mito, para ns, da Justia, no do meu interesse. E quanto mais... Eu acho que, se V.Exas. entendem oportuno dar a devida transparncia ao trabalho que se fez e dar a satisfao

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    4

    para a sociedade, eu acho que de fato no mais essa exposio que vai prejudicar (ininteligvel). O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu acho o seguinte. Tem uma determinao por escrito disso? O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - O juiz diz que no seja filmado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Que no seja filmado. O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - Que no seja filmado. Dr. Luciano est a. Acho que a determinao... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Verbal. Eu consultei ele, verbal. O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - No sei se escrita. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No, no no. O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - O diretor... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ele falou que verbal. O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - No que tange a filmar, eu acho que o mais importante preservar a segurana da prpria unidade prisional, por conta de saber (ininteligvel) conta de onde foi feita, de onde est essa sala. Mas essa a preocupao do juiz. Agora, no que tange s imagens quanto ao trabalho dos senhores, como se fosse um cmodo da Cmara. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - isso a. O SR. REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO - Eu acho interessante ver... O diretor recebeu essa diretriz do juiz. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Chama o diretor, por favor. O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Pela ordem, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Pois no. O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Fosse qual fosse o resultado, fosse feito rapidamente, por conta do horrio e do tempo que pode levar este depoimento.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    5

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Isso a. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vamos iniciar os trabalhos. O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Ou seja, eu pediria celeridade. Que se vote, tome a deciso a favor ou contra... Mas ns precisamos agora de celeridade. Apenas isso. Obrigado. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu, particularmente, me posiciono contrrio tambm a essa possibilidade, porm vou me render votao da CPI. Quero dizer que, por outro lado, existe o argumento da transparncia: nenhum depoente da CPI ficou sem ser identificado, e ele, no sendo identificado, poderia aumentar mais o mito. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Para dizer que no foi ele... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Por que que fizeram essa deferncia com ele? O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Reunio secreta. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Ento poderia dar um efeito contrrio vontade de todos ns. Quer dizer, o fato de ele no poder se manifestar, no poder falar, eu acho que j suficiente. Ento, encerrada a discusso.

    No havendo mais quem queira discutir, em votao. Aqueles que concordam com a tomada s da imagem e mais nada, sem nenhuma manifestao, o faam levantando o brao direito. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Qual a ordem da colocao? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Quem concorda? O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Tomar s a imagem. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Pois no. (Interveno fora do microfone. Inaudvel.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Mas, de qualquer forma, j foi votado, e por 4 votos a 3 foi dada a maioria deciso de fazer a imagem. s imagem, sem... O SR. LUCIANO CSAR ORLANDO - (Ininteligvel.) se o preso se negar (ininteligvel).

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    6

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Bom, a... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ele no vai ter esse direito, no; no vai ter esse direito, no. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ele nem vai ver. Vamos l, ento, pessoal. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ele no vai ter esse direito, no. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Deixem eu explicar para o diretor. porque todos os depoentes... ns no tivemos essa prerrogativa. De repente, dando essa prerrogativa aumenta a histria do mito. Compreendeu? Esse foi o pensamento. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Luciano, apresente a fera a, vai. O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Vai ter o efeito Cabrini no mostrar ele aqui. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Ento pode trazer, por favor.

    O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - O Cabrini negou a entrevista e at hoje ningum acredita que foi ele que fez a reportagem. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Agora, Doutor... (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Doutor. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Luciano, voc estava no dia da visita da (ininteligvel) do Marcola? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Doutor, fique l, para no... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A Iracema? O SR. LUCIANO CSAR ORLANDO - H? Estava.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E ela era advogada dele? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - H quanto tempo que o senhor diretor aqui? O SR. LUCIANO CSAR ORLANDO - Desde novembro.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    7

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Novembro? Tem muita dificuldade? O SR. LUCIANO CSAR ORLANDO - Tem mais na unidade (ininteligvel).

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Pode liberar at essa porta aqui. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - , at essa. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Pode liberar at essa porta. Pode liberar aqui. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Agora, ficar atento. No, no, no, no. L o limite. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - A divisa a porta.

    (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - J est a, j? (Intervenes simultneas ininteligveis.)

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Trs horas, mais ou menos. Trs horas. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Eles vo esperar. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - . Comeando agora, at quase 5 horas. Eu quero s 5 horas, no mais tardar, sair daqui. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ele est vindo, Deputado, est vindo.

    (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - At no, porque 20 e 48 o vo. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Por que vocs no se revezam, os fotgrafos e os cinegrafistas, alternadamente? Vai, vai poder fazer, mas tem que separar fotgrafo e cinegrafista. O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Primeiro (ininteligvel) sair dali, depois vm os fotgrafos. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Faz a diviso entre vocs l. Primeiro fotgrafos, depois cinegrafistas, ou vice-versa.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    8

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Esse (ininteligvel) tinha que mandar liberar... O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Pronto, pessoal. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas nem chegou o cara ainda. O SR. DEPUTADO JOO CAMPOS - O preso tem que chegar. Tem que aguardar o preso. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Eles vo aguardar o preso. Eles querem o preso. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - No, no. O preso entra aqui. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Pode deixar assim mesmo. Pode deixar assim mesmo. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - s para entrar. Entrou... No, no. No entra pra c no. (Intervenes simultneas. Ininteligveis.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Vamos porta ali. O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Faz um revezamento. Primeiro cinegrafista, depois fotgrafo, quando ele chegar. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Doutor, estabelece a porta como limite.

    (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Escolham entre vocs, primeiro os fotgrafos, depois... (No identificado) - Se ele vier algemado pelas costas, vai ter... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Est bom. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - No vejo problema nenhum em algemar pelas costas. O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Depois, quando ns estivermos aqui, podem colocar uma algema mesmo pela frente... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - A inverte. Depois, quando... Traz as algemas pelas costas e depois... (Intervenes simultneas ininteligveis.)

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    9

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - vem como ele vem. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Luciano, voc o diretor, Luciano. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Se o diretor garante, est bom. (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Vamos comear, Presidente. O SR. DEPUTADO JOO CAMPOS - Vamos agilizar. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - J esto buscando ele. que demora pra buscar. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - No, ele t com 2 agentes aqui, de lado a lado, no est? (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - bem levantado, mas, se o diretor disse que est tranqilo, est tranqilo. Deixa assim. Qualquer coisa o diretor segura.

    (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Est certo, Luciano? O SR. LUCIANO CSAR ORLANDO - Est certinho. Esse problema entre vocs. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Luciano, tem alguma coisa que voc quer que a gente tome, alguma cautela, algum cuidado, alguma coisa que voc quer sugerir gente? Fique vontade a. (Intervenes simultneas inaudveis.) O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Tem uma (ininteligvel) que foi tirada daqui agora. (Interveno fora do microfone. Inaudvel.)

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Acho que no precisa no. Vocs... (Interveno fora do microfone. Inaudvel.)

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Deixa na conversa. Est cheio de Polcia Federal a. Que isso!

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    10

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Fecha a porta. (Intervenes simultneas ininteligveis.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Vamos iniciar a audincia. Aqui tem o pessoal da CPI, e tem o Presidente da Ordem aqui tambm, que est presente. Queremos fazer uma audincia da CPI do Trfico de Armas. Vamos reinici-la neste momento, para ouvir Marcos Camacho. isso?

    Marcos, ns estamos reunidos nesta CPI j h um ano fazendo um trabalho nesse sentido. Temos ouvido algumas coisas, vrias coisas pela imprensa, vrias coisas por outras pessoas acerca de tua pessoa. Ns no poderamos deixar de ouvi-lo e ouvir a tua verso sobre todos os fatos. Ento esta uma oportunidade. Tem aqui 8 Deputados da CPI, que esto prontos para ouvi-lo e, posteriormente, se tiverem alguma dvida, ento, vo fazer alguns questionamentos tua pessoa. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O.k. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Ento tu tens a palavra pelo tempo que desejar, para contar a tua verso sobre tudo isso que est acontecendo. E, se puder nos ajudar em algum problema de trfico de armas, que tomou conhecimento ou coisa parecida, tambm ns gostaramos que pudesse fazer isso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Posso falar? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Pois no. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Funciona isso?

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Funciona. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - T

    funcionando? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Est. que ele gravador. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O senhor tem alguma pergunta pra fazer?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    11

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Se quiser falar primeiro, pode falar o que quiser falar. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - A princpio, eu quero dizer o seguinte, que a minha imagem foi vinculada a esses fatos que ocorreram em So Paulo por uma distoro da prpria Polcia e Justia, porque eles precisavam de um culpado e eu era um alvo fcil para ser esse culpado. Eu tive uma discusso dentro do DEIC na sexta-feira anterior, logo que comeou esses fatos, com o delegado. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Que delegado? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O Dr. Ruy. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu peo, pela ordem, por favor, que deixem ele contar a verso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Dr. Ruy Fontes, se no me engano, o nome dele. E eu j o conheo h uns 15 anos, esse delegado, e ele me conhece. A gente j negociou vrias situaes, na rua, inclusive, quando eu era preso. Ou seja, ele um delegado corrupto mesmo. A eu disse a ele o seguinte, doutor, que eu no aceitaria que viesse uma represso forte pra cima de mim partindo de um delegado que j tinha pego o meu dinheiro, voc entendeu? Eu falei s isso, entendeu? A j distorceram tudo isso, dizendo que eu falei que ia matar o Dr. Godofredo, que eu... Eu nego, nunca falei isso pra ningum, jamais falei isso, porque a minha caracterstica no de ameaar ningum. Se eu tivesse inteno de fazer algum mal, eu no falaria, com toda certeza, entendeu? No que eu tenha feito, mas o que eles fizeram ali foi simplesmente para poder me vincular a esses fatos que eles no tinham como explicar, sendo que a gente ficou conversando por volta de umas 3 horas. Eles me perguntaram: Por que que t comeando tudo isso? Que foi logo a princpio. Tinham 2 rebelies, Iaras e Avar, e tinham sido mortos 3 policiais, se no me engano, ou 4, eu no tenho bem certeza. E eu expus pra ele o meu ponto de vista da situao: que ns fomos tirados 6 horas da manh das nossas penitencirias, que a gente estava normal, regime comum, porque no tinha motivo pra estarmos em RDD; fomos colocados nos

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    12

    bondes, que so os caminhes, e fizemos uma viagem dolorosa, de 7, 8 horas, at chegar em Presidente Venceslau II; chegamos todos mortos de cansados, porque horrvel esses bondes; chegamos mortos de cansados, com fome, com frio, com todas as necessidades bsicas de higiene tambm, e permanecemos por mais 7 horas dentro desses caminhes, respirando gs carbnico. Quando fomos colocados dentro das celas, fomos sem nada, sem roupa, s com uma cala, uma camiseta e um chinelo, sem manta, sem nada, sem condio nenhuma. No foi-nos dada alimentao. Chegando l, no no pavilho que eu estava, que era um pavilho de segurana mxima, mas nos outros pavilhes havia telefones celulares que estavam l desde a rebelio anterior que tinha havido l. Os presos simplesmente foram l, tiraram esses telefones do cho, dos lugares que eles sabiam onde estavam, e naquele momento de revolta de todos os presos foi generalizada a coisa , naquele momento de revolta, vrios presos telefonaram pra vrios setores, pra vrios amigos, pra vrias pessoas e pediram providncias, entendeu? Quer dizer, a foi deflagrada essa situao toda que ocorreu, que foi excessiva em todos os sentidos. Mas no tem como falar... Como vai me acusar, dizer que fui eu, que foi o Marcos Willians que fez isso da? absolutamente impossvel, porque, do momento em que fui transferido de Avar pra Venceslau II at o momento que eu vim pra c e tudo o mais, eu no tive acesso a comunicao nenhuma, nem a advogado nenhum, s polcia. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - D licena, Marcos. De Avar pra Venceslau voc foi para o DEIC. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento. De Venceslau para o DEIC, s que todo esse tempo com policiais do meu lado, fortemente escoltado, como sempre, n? Ento como que eu poderia fazer uma comunicao dizendo faz isso ou faz aquilo? impossvel isso. No, realmente... O que esto fazendo e o que fizeram com a minha imagem, a polcia fez, o Nagashi fez... O que eles fizeram comigo um crime, um absurdo. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - D licena. Voc disse que conversou...

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    13

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Arnaldo, ns vamos ter que nos inscrever, Arnaldo. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - ... Dr. Godofredo. Voc conversou? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Conversei bastante com ele, coisa de 3 horas.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu peo ao Deputado Arnaldo que depois... que no interrompa.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Foi pela oportunidade. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Mas no interrompa

    mais, por favor. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento, a

    o que aconteceu? Eu estava em Venceslau com fome, com frio, revoltado, como todos os outros presos, muito mais, porque domingo seria a visita do Dia das Mes... Quer dizer, a gente no tinha cometido falta disciplinar nenhuma que justificasse um regime mais rigoroso pra gente naquele momento. Nada foi dito gente. Pra ns nada foi explicado. Simplesmente nos jogaram numa penitenciria sem as mnimas condies materiais pra nos receber. No mnimo, no mnimo, no mnimo, houve a uma incompetncia do Sr. Secretrio. Mas eu acho que muito mais do que isso. Eu acho que houve uma provocao. No sei. Eu no posso afirmar, mas foi feito de uma forma muito, muito contundente no sentido de nos fazer sofrer, o senhor entendeu? E, como vrios lderes estavam ali no existe um lder, vrios lderes estavam ali tambm , quer dizer, era natural que houvesse uma reao. Por toda a experincia da Secretaria, ela saberia que haveria essa retaliao, ou no essa exatamente, que isso ningum esperava, mas algum tipo de retaliao, o senhor entendeu?

    O SR. DEPUTADO JOVINO CNDIDO - Alm de voc, quais os outros lderes que estavam nessa (ininteligvel)?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tinha uns 50 lderes. Eu no vou citar nome de 50 pessoas jamais.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu gostaria de...

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    14

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas agora eu quero concluir. Ento...

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - S um minutinho, por favor, Marcos, s pra eu me organizar. Vice-Presidente, me alcana uma folha de papel, por favor. Eu vou inscrever aqui as pessoas.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - J est fazendo a inscrio.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Est fazendo a inscrio? Quem que est inscrito j?

    O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Pimenta, que o Relator, que tem a prioridade, Arnaldo, Joo Campos, Raul... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O Raul Jungmann, Joo Campos... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Jovino. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Ento faa toda a inscrio naturalmente, e agora vamos continuar. Eu peo aos Deputados... Eu sei que tem o princpio da oportunidade. Muitas vezes tem uma dvida que fcil de tirar na hora... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Hoje a gente tem tempo. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - . Ento a gente pode tirar depois. Deixa o... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu estou pronto. O senhor j me conhece. A gente j esteve... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Exatamente. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ...discutimos bastante, mas o senhor percebe que eu no tenho por que mentir. Ento eu quero concluir. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Voc tem a palavra, por favor. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento, voltando, a, quando eu estava em Venceslau, simplesmente os funcionrios

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    15

    foram e me retiraram, juntamente com outro preso, falando que eu tinha que ir pro DEIC. At ento eu nem imaginava o que poderia vir a acontecer, ou por que eu estaria indo para o DEIC. A gente no sabia nem que estava tendo a rebelio em Iaras e em Avar. Ento, o que aconteceu? Fomos para o DEIC. Chegando ao DEIC, o Dr. Godofredo falou pra mim que nem ele sabia por que eu estava l, porque ele mesmo no tinha feito nenhum tipo de requisio nesse sentido. A foi visto l que parece que o Secretrio de Segurana, Dr. Saulo, que tinha solicitado a minha ida pra l, porque j tinha o servio de informao analisado que iria haver alguns atentados e queria que eu de alguma forma procurasse brecar isso, o senhor entendeu? A eu respondi a eles que eu no poderia fazer isso porque simplesmente eu no sabia nem de onde ia partir, quem que ordenou... Ento como que eu ia saber onde chegar pra poder acabar com isso? Porque eu tambm no concordaria em inocentes, vrias pessoas serem assassinadas. Isso eu jamais iria concordar com um fato desse. A eles falaram pra mim que, como eu sou o lder perante a imprensa, tinha que partir de mim, porque seno, no fim, como sempre iria sobrar pra mim. Isso foi conversado abertamente. Tinha uns 15 delegados, no s o Dr. Godofredo. Tinha uns 15. A, nesse meio, o Dr. Ruy, esse Dr. Ruy da 5 Delegacia, estava l e, como eu j havia dado dinheiro pra ele vrias vezes... E eu tenho at como provar, no com testemunha, mas, se o senhor analisar alguns documentos, o senhor vai ver que so documentos contraditrios e que comprovam que houve uma mudana na mente dele pra que sassem esses documentos. Inclusive a minha sada daqui foi graas a uma declarao que ele fez, dizendo que eu no tinha nada a ver com o advogado que tinha sido preso aqui trazendo bilhetes, umas coisas assim, e que havia sido dito que era pra estourar metr, esse monte de coisa. Ele sabia. Foi filmado e gravado isso, que eu tinha me colocado exatamente contra esse tipo de terrorismo. S que ele no falou nada. Fizeram uma... uma sindicncia, e veio mais um ano de RDD pra mim aqui devido a esse fato, mesmo eles tendo a fita com a minha imagem negando que eu era contra essa situao. A eu fui ao DEIC quando houve uns atentados aos PMs, na primeira vez. Fui ao DEIC. Chegando l, eu falei pra ele: Doutor, o senhor sabe que o senhor t sendo injusto em fazer

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    16

    isso comigo, em me acusar dessa forma, sem me dar nenhuma chance de defesa, e o senhor sabe tambm, pelas gravaes, que eu sou inocente dessa situao e que eu t pagando por mais um ano de RDD. A ele falou: , justia algo que tem vrios sentidos. E tal e tal, aquele papo furado. Tudo bem. A, eu falei pra ele: Quanto? Porque eu j havia feito um negcio com ele em 1999, quando eu fui preso, e eu dei 600 mil reais na poca, o senhor entendeu? A eu falei: Quanto, dessa vez, pro senhor me inocentar, mesmo que seja... S quero a verdade dos fatos. Eu quero que o senhor coloque no papel que eu me posicionei contra. A ele pediu 45 mil reais. Foi entregue pra uma investigadora de nome Sheila, pra que entregasse pra ele, a ele deu esse documento, esse documento que diz, depois de 6 meses que eu j tinha sido condenado a tirar um ano... A ele me deu esse documento eu tive que pagar por ele, embora fosse verdade , pra que eu sasse daqui. E eu sa, porque esse documento foi apresentado em juzo. O juiz falou: Ento no h por que ele ficar aqui. O senhor entendeu? Isso uma prova que, se quiser analisar com a luz da verdade, sinceramente, sem hipocrisia, vai estar l, o senhor entendeu? A... E eu falei pra esse delegado... (No identificado) - Quando foi isso? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Isso foi em 2003, 2004. A eu falei pra esse delegado ele tava me olhando de uma forma agressiva, eu no entendi o porqu, porque eu j o conheo h 15 anos , eu falei pra ele que eu no aceitava de policiais corruptos que viessem querer me pressionar, o senhor entendeu? Era um direito meu. O cara no tinha moral nenhuma, nem dignidade nenhuma pra me pressionar. E, no entanto, ele tava querendo no s meu dinheiro, como me usar politicamente. E eu percebi isso. E o que eu falei pro Dr. Godofredo o seguinte. Porque ele falou: O que que voc acha de mim? Eu falei: Eu acho que o senhor um poltico e eu no confio em poltico. Quer dizer, isso eu falei pra ele mesmo. Nada de que o senhor no pode me matar, mas eu posso te matar. Isso da no tem sentido eu falar isso pra um delegado-geral da Polcia Civil de So Paulo. Como? S se eu fosse algum louco. E eu no sou. Entendeu? Ento, a foi explicado pro Dr. Bittencourt o que que era necessrio, o que que eu achava

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    17

    necessrio pra que se cessasse ali a situao, porque tinha mais presos l no DEIC que poderiam fazer esse contato telefnico com vrias pessoas e eu chegar aonde estava partindo a situao. E poderiam, de alguma forma, coibir o que viria a acontecer. A ele falou o que que eu queria. Eu falei: Eu no quero nada. Eu s quero que seja cumprida a lei. Qual que a lei? Que a gente, quando a gente transferido, que nos d roupa, nos d um agasalho, que nos d uma manta o que eu pedi, uma manta , nos d alimentao, que ns estvamos 2 dias sem comer, nos d alimentao, porque isso um princpio bsico, e eu acho que a lei bem clara, a que diz que ns temos direito a comida, a nos vestir, a no passar frio, e que nos d a visita de domingo, que a visita do Dia das Mes, pra que as nossas famlias vejam que a gente est tudo bem, que nossa integridade fsica, pelo menos, foi preservada. Foi pedido isso. Ele falou: Isso da algo que bastante lgico e eu concordo com voc. O Dr. Bittencourt falou isso pra mim: Concordo com voc e vou passar isso pro Nagashi. A ele foi, ligou pro Nagashi, e o Nagashi falou simplesmente que no, que no iria fazer concesso nenhuma, que no tava ali pra negociar. Foi intransigente de uma forma que no tinha sentido, porque a gente tava pedindo simplesmente pra que a lei fosse obedecida, no tava pedindo nada alm disso, o senhor entendeu? E o Nagashi, num momento de intransigncia eu nunca tinha visto ele dessa forma, porque eu j venho me relacionando com ele h muitos anos , no entendi por qu, parece um jogo poltico mesmo, simplesmente foi intransigente ao mximo e falou que a gente ia continuar sem cobertor quem no tinha no tinha , sem visita, sem banho de sol, um ms trancado, sem justificativa, sem nada. Quer dizer, a revolta foi generalizada. Presos nessas condies, com certas lideranas muito fortes dentro da penitenciria e telefone celular... isso. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Eu gostaria... Eu sei que tu falaste a sobre a questo da revolta. A questo maior da CPI no a revolta em si, apesar de que uma preocupao da sociedade tudo o que aconteceu e ns temos muita preocupao com isso, com o que aconteceu dentro e fora, com as mortes que acontecem tanto dentro e fora da cadeia. Isso terrvel. Mas eu queria que tu comentasses um pouco para ns, e se no me

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    18

    engano da outra vez tu comentaste, mas eu acho que era s eu que era daquela CPI... O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Eu tambm. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O Arnaldo, ento, tambm. O que o PCC? O que aconteceu? Por que foi criado? Compreendeu? Eu acho importante saberem sobre isso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas isso j tem em livros, tem em revistas, tem enciclopdia j que diz tudo isso a. Qualquer pessoa sabe disso. Mas o senhor quer ouvir isso com a minha voz, da minha boca, isso? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - , porque eu acredito de algum que t dentro, no de algum que t fora, na teoria. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas no existe nenhuma prova jurdica de que eu faa parte do PCC, doutor. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - No, eu no estou preocupado com isso. Eu quero saber o que isso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas o senhor entende como o senhor me coloca numa situao complicada falar de uma organizao que no existe nenhuma prova jurdica de que eu faa parte dela? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - No... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu vou estar alimentando quem quiser usar... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Porque, se no me engano, da outra vez... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu falei porque... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - ...na outra CPI, tu falaste, compreendeu? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu falei porque naquele momento era um momento totalmente diferente. No existia o sensacionalismo que h hoje, o senhor entendeu? Hoje, tudo que eu falar aqui

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    19

    vai ser deturpado, vai ser usado da forma que bem entenderem, pra quem quiser, o senhor entendeu? O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Mas veja que.. Naquele momento, eu acho que no foi... foi um depoimento teu tranqilo. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Foi, mas no havia apelo pblico, no havia essa gana dos promotores de quererem uma prova que eles sabem que no tm. No havia nada disso. Ento, neste momento eu acho errado da minha parte falar sobre o PCC. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Mas tu no achas que a mesma coisa tu teres falado antes ou tu falares agora? Eu no vejo diferena. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Bom, mas j que eu falei antes, deve estar l gravado l. Pode usar aquelas prprias palavras, que eu falei bastante, inclusive, aquela vez. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - , eu me lembro. Eles esto trazendo a cpia, inclusive, daquele depoimento, nesse sentido. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento... S que tambm, at ento, eu era uma pessoa totalmente diferente dentro do Estado de So Paulo do que eu sou hoje, o senhor entendeu? Hoje, tudo o que aconteceu sou eu. Ento diferente. Aquela poca existiam outras pessoas que dividiam a cruz que a gente carregava, o estigma que a gente tinha que ter. Hoje, no; hoje s tem a mim. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Quem tinha naquela poca? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tinha o Geleio, tinha o Cesinha, tinha vrios caras a que gostavam da mdia e viviam l, falando alguma coisa. Quer dizer, ento eu podia muito bem falar abertamente de um fato que era sabido de todo o sistema penitencirio, porque no ia ter problema nenhum pra mim. Hoje, s tem eu pra ficar segurando tudo. Ento, quer dizer, qualquer palavra que eu falar... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O Geleio no faz mais parte do PCC?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    20

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acho que no. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Acha que no. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - . O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Ele est onde agora? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No tenho nem noo. Aqui a gente no tem esse tipo de informao. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - No tem informao nesse sentido. Mas vocs eram amigos naquela poca, no ? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ramos amigos. Assim, no muito ntimos, mas... O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Vocs continuam prximos? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. No temos mais nenhum tipo de relacionamento, no. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O que aconteceu? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Simplesmente houve uma desmotivao de que a amizade continuasse. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - O que causou isso? Tu sabes? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Divergncia de opinies. Ele era muito radical e eu achava que ele tava acabando levando... ele ia acabar levando a ns todos pra uma situao muito ruim. O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Que tipo de atitudes seriam essas? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ele queria explodir a Bolsa de Valores. Bem... No era tanto quanto o que ocorreu agora, mas ele queria atentados terroristas e eu era totalmente contra, na poca, totalmente contra esse tipo de situaes. Ento a gente comeou a divergir muito nesse sentido. E, como ele tinha o poder mximo, ento minha vida tava muito arriscada dentro do sistema penitencirio de So Paulo.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    21

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Porque ele comandava o PCC, era isso? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Todo mundo sabe disso. Ele inclusive ru confesso num processo de formao de quadrilha em que ele diz sobre isso. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Quem comanda hoje? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Hoje no existe um comandante, porque o que aconteceu... Com a lio que houve por parte deles mesmos, que era uma estrutura piramidal tinha uma base e ia fechando at l em cima , a eles resolveram... descentralizou totalmente e um no tem acesso parte do outro. E fica difcil.

    O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - O nome do delegado a que o senhor se refere Ruy Ferraz ou Ruy Fontes?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Dr. Ruy, da Roubo a Bancos.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ruy Ferraz Fontes. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ele

    mesmo. S que o seguinte, mover um processo contra um cara que tem o poder que esse cara tem brincadeira. A gente no vai pra lugar nenhum.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Presidente, voc no quer fazer uma sesso reservada...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, eu no tenho nada a esconder.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Esta uma sesso privada. Tu vs que no tem imprensa, no tem nada disso.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu s no gosto da imprensa... No nem o que eu digo. Se eu...

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - (Ininteligvel.) em relao ao delegado...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas eu no tenho mais tambm, porque cheguei num ponto, doutor...

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    22

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - (Ininteligvel.) pensando em voc.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - A mais... No, mas descer mais do que eu j desci nesse sentido...

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Moroni Torgan) - Obrigado, Deputado Arnaldo. Eu passo a palavra ao Relator.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Esta CPI, ela foi criada com uma finalidade. No sei se... Tu sabes qual o trabalho desta CPI ou no?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Esta CPI foi criada com a

    finalidade de investigar a entrada ilegal no Pas de armas e munio. Esta CPI no tinha, no incio, o objetivo de investigar PCC... Sou o Deputado Paulo Pimenta, sou Relator da CPI.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Qual o partido do senhor?

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - PT. Ento, esta CPI no foi criada com a finalidade de investigar o PCC. O

    que aconteceu? Na medida que comeamos a investigar, muitas das apreenses que foram realizadas, muitas das prises que foram feitas, as informaes davam conta de que eram armas e munio que se destinavam ao PCC ou realizao de aes com pessoas ligadas ao PCC. Aquele episdio da apreenso dos msseis l em Iaras, mais recentemente a priso do Leandro... Ficou sabendo da priso do Leandro?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fiquei sabendo.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ento, qual o nosso objetivo? Eu sei que tu tens os teus objetivos. O nosso objetivo qual ? Entender... O nosso problema no nem... ns no queremos saber nem quem que est comprando, queremos saber quem que est vendendo, qual a facilidade. Como entra com tanta facilidade arma e munio, na tua opinio, dentro do Pas?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    23

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Essa resposta tambm muito difcil pra mim dar pro senhor, porque o senhor falou que eu estou sendo ouvido justamente por imaginar-se que eu seja um lder do PCC...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ... e por

    ter havido... essas armas serem apreendidas. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vamos ignorar, vamos tratar de

    uma forma genrica. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O Brasil

    tem uma fronteira muito grande. bvio como que entra arma. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu tenho uma opinio. Quero

    saber qual a tua. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No

    questo de opinio, questo de o senhor pegar um delegado da Polcia Federal, pegar quem conhece a situao... No tem que ter opinio, tem que ter a certeza. A certeza esta: o Brasil tem fronteiras enormes e dificilmente eles vo conseguir policiar o tempo todo ela toda. Ento isso vai dar margem pra entrada no s de armas, mas de tudo que se imaginar. bvio, muito simples tambm. Tem a Lei do Abate, que no permite mais vir por cima, ento por onde que vo vir as armas?

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Terrestre. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No tem

    outro jeito. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Pelo Paraguai. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Pode ser.

    Paraguai, Bolvia, Colmbia. Tem vrias... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vrias rotas. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Muito

    simples. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - simples trazer arma e

    munio, na sua opinio?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    24

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acredito que sim, pelo que a gente v sendo apreendido, n? Embora difcil pra mim falar sobre esse assunto, porque eu nunca fui preso nem com 22.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quando tu falas assim que tinha vrios lderes, tu te referes a qu? Digamos que no seja o PCC. Existe uma organizao dentro dos presdios.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Existe. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Existe uma organizao dentro

    dos presdios? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Isso

    bvio. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Essa organizao, ela

    ultrapassa a fronteira de um presdio para o outro. uma organizao dentro do sistema.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Presumo que sim.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E evidentemente que as pessoas saem do presdio. Cumprem pena e saem, e de alguma forma mantm esse vnculo, porque uns voltam, outros no voltam, mas vocs tm os lderes, no ? Um certo poder de impor uma disciplina, uma conduta. fato isso? H uma regra de convvio dentro dos presdios que essas lideranas estabelecem.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Existe uma regra de convvio em todos os presdios do Brasil, isso bvio, independente de PCC, de organizao criminosa ou no.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Estabelecida pelas lideranas. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Em todas

    as cadeias do Estado de So Paulo, todas as cadeias do Rio de Janeiro, todas as cadeias do Rio Grande do Sul, todas as cadeias do Brasil em geral existe uma disciplina interna criada pelos prprios presos. bvio. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Estas relaes, elas...

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    25

    O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - No organizaes criminosas. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas uma disciplina. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Uma disciplina. Porque seno o cara vai l e vai querer fazer sexo com a mulher do outro, por exemplo. Se ele for mais forte e o outro mais fraco, naturalmente que ele poderia fazer isso. Mas, pela prpria regra que existe dentro da priso, isso cobe esse tipo de atitude. Isso um exemplo que eu t dando. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Essa disciplina, ela se d pela fora. Quem no cumprir sofre as conseqncias. No geral, no estou falando no teu caso.

    O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acho que o seguinte. Ns todos somos praticamente filhos da misria, todos somos descendentes da violncia, desde crianas somos habituados a conviver nela, na misria, na violncia. Isso a, em qualquer favela o senhor vai ver um cadver ali todo dia. Quer dizer, a violncia o natural do preso, isso natural. Agora, essas organizaes vm no sentido de refrear essa natureza violenta, porque o que ela faz? Ela probe ele de tomar certas atitudes que pra ele seria natural, s que ele estaria invadindo o espao de outro, o senhor entendeu? De outro preso. E elas vm no sentido de coibir isso mesmo. claro que se... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo, mas qual a contrapartida que a organizao exige dele? Ele paga para isso? O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, ningum paga dentro da priso pra nada, acabou isso. Houve uma poca que parece que pagavam 20 reais alguns presos que so ligados a uma determinada organizao. Eram 20 reais de caixinha, mensalmente, pra que pudessem ter advogados, assistncia jurdica, muitas vezes... S que isso foi abolido. Dentro do sistema penitencirio ningum d um real pra ningum. Agora, claro que, por exemplo, pra impor essa poltica de respeito... Por exemplo, dentro do sistema penitencirio de So Paulo proibido o uso de crack, de uma droga chamada crack.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    26

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Isso foram os prprios presos que estabeleceram essa regra. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Foi essa organizao criminosa, que viu a degradao a que os presos estavam chegando e viu que estava totalmente sob... em falta de controle. No tinha como controlar o crack dentro da priso. Ento foi simplesmente abolida, pro cara... Como se abole uma droga que faz o cara roubar a me, matar a me e tudo o mais? difcil. Ento, tem que mostrar a violncia e falar: , cara, se voc usar isso, pode te acontecer.... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E essa regra vlida quando o cara sai do presdio tambm? O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Se ele sair, ele pode vender crack, pode negociar? O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Isso com ele, no tem nenhum problema. Mas, dentro da priso... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Essa regra s vale dentro da priso. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) -... no se usa crack, dentro do Estado de So Paulo, pelo menos em todas as penitencirias que sejam dessa organizao. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Agora, para se chegar a uma deciso sobre isso, preciso que haja um comando. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Um consenso.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Um consenso, um comando. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Um consenso, o senhor no acha? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo, um consenso. Agora, h necessidade de ter uma... O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Algum d uma idia, por exemplo. Algum pensa, raciocina e fala: , gente, o que que

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    27

    vocs acham de a gente abolir o crack dentro da priso? Isso mandado pra todas as penitencirias, todas as penitencirias do Estado. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Por celular. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Claro. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Os advogados tambm fazem esse papel. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Nunca vi nenhum advogado levar esse tipo de recado, mas, naturalmente, por celular. A os presos de todas as penitencirias vo expor suas opinies, contrrias ou a favor. Se a maioria for a favor de abolir o crack, o crack vai ser abolido, conforme foi o caso. A maioria foi a favor de se abolir o homossexualismo. Ou seja... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Foi abolido tambm. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - O cara estuprar outro preso. Isso a tinha muito dentro do sistema penitencirio de So Paulo, e o Estado jamais teve condies de suprimir isso. A veio essa organizao, raciocinou que isso era algo que afrontava a dignidade humana, porque o sentido era esse, e... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quanto tu fala a essa organizao, o PCC, no ? O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Essa organizao, ela estabeleceu regras de convvio. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - De convvio, de higiene... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - De disciplina. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Disciplina. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Isso, de certa forma, para a gesto do sistema penitencirio, era bom. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Foi bom. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Foi bom pra eles.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    28

    O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - S que, por outro lado... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Isso permitiu que a organizao fosse crescendo em termos de fora. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - E tambm tirou a autoridade do Estado. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tirou a autoridade do Estado, que depois, no momento que ele quiser restabelecer, no vai ser simples. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fica difcil. Hoje mesmo, complicado o Estado querer hoje.... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Por exemplo, tu no s uma pessoa, digamos assim, que tenha o perfil...

    (Interveno fora do microfone. Inaudvel.) O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Como? Complicado

    restabelecer a autoridade, tu queres dizer isso? O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acho difcil. O senhor v, 90 peniten... no sei quantas que entraram, mas eu imagino que foram rebelies em srie. De todas essas penitencirias que tiveram essas rebelies, deve existir um ncleo l dentro. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu no s um preso, digamos assim, que tenha um perfil convencional. Tu s um cara que tem uma boa formao intelectual. O SR. MARCOS WILLIAN HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas isso eu adquiri como autodidata. O Estado nunca me deu nada. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu estudou? Tu tens estudo regular? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, regular no, mas eu li demais. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Estudou depois? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Dentro da priso, muito castigo que eu tirei... Em regime de RDD eu estou h 6, 7 anos j.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    29

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Essa estrutura de vocs uma estrutura leninista, na minha opinio, muito semelhante... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - A gente leu muito sobre Lnin, sobre a formao do Partido Comunista. No, a gente l sobre tudo. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas vocs... Quando tu dizes a gente l, tu queres dizer que uma prtica dos dirigentes estudar? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Dirigentes, no, presos em geral. Os dirigentes... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas preso comum estudando Lnin? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ...que esto nesse tipo de regime. Claro, por que no? O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Voc j leu quantos livros, Marcola? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu j estudei bastante Lnin, agora, eu quero entender o seguinte... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Por que o preso faz isso? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Por qu? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Porque ele foi acordado, foi conscientizado, numa determinada poca, de que os direitos dele, enquanto ele no soubesse que ele tinha determinados direitos, eles jamais seriam concedidos, o senhor entendeu? Ento foi uma forma... foi um despertar. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Agora, uma estrutura leninista uma estrutura que tem finana centralizada... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exato. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - uma estrutura que tem arsenal centralizado. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tudo, senhor.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    30

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Disciplina. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No s a leninista. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O PC... No, mas, tudo bem, uma estrutura vertical, hierarquizada. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - , pra gente ir melhor, a gente vai no Mao Tse-Tung ali, um passo de cada vez.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Quer

    dizer, a gente leu tudo que o senhor imaginar. A gente que eu digo foram diversos presos, com diversas idias. No existe um ditador. No existe um cara que... Embora a imprensa fantasie, romanticamente, que exista esse cara, n, o lder do crime e tal. Mas no existe isso. Existem pessoas esclarecidas dentro da priso, que com isso angariam a confiana de outros presos. Por qu? O preso vem com um problema, voc d uma soluo pra ele, mostra uma lgica, mostra a forma que ele est sendo tratado ou a forma que ele deveria ser. O senhor entende? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu vou fazer mais 2 ou 3 perguntas e vou passar para os colegas tambm poderem... Eu quero s insistir na seguinte tese: uma estrutura com esse poder de disciplina, de organizao dentro do presdio, obrigatoriamente ela precisa manter esse nvel de controle quando o preso sai. Isso bvio. Qualquer pessoa que l um mnimo sabe disso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas, quando se cria o idealismo... A que t... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A pessoa sai e ela mantm esse vnculo, porque 70% das pessoas voltam. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - criado um idealismo, senhor, diferente. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Cria uma ideologia. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exatamente.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    31

    O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Que tipo de idealismo? Fala um pouco. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O idealismo esse da solidariedade, do preso saber que existe muita injustia dentro do sistema penitencirio e que o cara que t l, ele precisa de um apoio, ou jurdico ou pra famlia poder visit-lo ou pra ele prprio poder sobreviver l dentro, porque a alimentao geralmente horrvel, ento, se ele depender daquilo, ele vai ficar anmico, vai ficar doente, e se ele depender de remdio no vai ter. Ento vai precisar de um apoio dessas pessoas que saem no sentido de qu? De uma colaborao que elas fazem, porque elas estavam l e sabem como , no sentido de dar condies financeiras, para que essas pessoas que esto l, de alguma forma, subsistam de uma forma mais digna do que se no existisse essa ajuda. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quero insistir sobre a questo das armas. Os membros dessa organizao tm sido presos. Tm sido apreendidas armas sofisticadas, msseis. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, mas aqueles msseis no creio que fossem... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas aquele de Iaras l... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Esse eu no tenho conhecimento. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No chegou a ver? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tinha uns bem rudimentares, mas o de Iaras l, por exemplo, ele tinha plvora branca... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Os msseis que falaram que era... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Agora mesmo, o Leandro, que foi preso teoricamente pra te... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Pra me resgatar.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    32

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - ...pra te resgatar. Estava com arma sofisticada, arma moderna, arma automtica, arma de uso restrito das Foras Armadas. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Qualquer favela tem. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, mas ... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No tem, senhor? O senhor entra numa favela? O senhor entra em favela? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu no costumo, porque l onde eu moro no tem muita... Entendeu? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Claro. Eu imagino. Mas se o senhor entrasse... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu veio da favela? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Vim da favela. Vim da boca do lixo, pra ser mais preciso. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu te consideras um cara que veio da misria, da violncia. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Considero no, eu vim da misria. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu veio? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Claro. Seno eu teria tido condies de estudar e ter uma vida completamente diferente da que eu tenho. Mas, enfim, se o senhor entrasse numa favela, o senhor veria... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Arma, tu no acha que pode ter muito cara de dinheiro ganhando dinheiro nas costas de vocs, vendendo arma e munio pra vocs? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tanta gente ganha dinheiro s nossas custas, senhor... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Trfico de arma e de drogas?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    33

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas, entende, esse seria um mal menor o senhor no concorda comigo? pra gente, porque o que usam a gente, os prprios polticos, o senhor sabe disso...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu nunca usei vocs. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Federal,

    vrias cmeras a na cela... A gente entende tudo isso. Ningum aqui... a gente tem noo poltica, somos politizados. Ento a gente sabe, em determinado momento, se se faz uma situao, por que est se fazendo. O senhor entendeu? Que nem essa transferncia do Nagashi. A gente sabia que ali era uma forma de ele dar uma resposta pra sociedade, dizendo , tranquei toda uma liderana, isolei todos e tal, e pronto.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Para dar uma demonstrao de fora.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Pra promover o Alckmin. Certo que o tiro saiu pela culatra. E como... A gente usado ou no usado?

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Isso uma leitura que tu fazes. Outros podem fazer uma leitura diferente.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Todos os presos fazem essa leitura. Talvez sejam todos tapados, mas a que ns fazemos.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No, no, ningum aqui est... Ningum mais ou menos...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento eu digo pro senhor: agora o senhor entende isso?

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - No aceito que sejam todos tapados.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No, no. Os presos... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ento

    deixe eu explicar pro senhor... O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Ele est falando dos presos.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    34

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, eu tambm. Eu me coloco no meio. Mas eu quero concluir esse raciocnio. Que o senhor falou: a no tem gente ganhando dinheiro s suas custas e tal? Quer dizer, todo mundo ganha dinheiro s nossas custas de alguma forma, o senhor entendeu? Quando vai construir cento e poucas penitencirias, o senhor acha que ali ningum t ganhando dinheiro s nossas custas? O senhor acha que quando vai se... So vrias formas de nos usar. O preso fcil de ser usado. Ele no pode falar. No dado o direito de ele fazer nada, nem votar, nem falar, nem nada... Quer dizer, fica difcil algum represent-lo. Ento fazem da gente o uso que quiserem. O senhor v: nos transferem... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas quando tu falas o seguinte: Olha, ns estamos brigando para o preso ter mais dignidade, ns estamos brigando para o preso ter os seus direitos..., veja bem... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Isso. Essa a minha bandeira, senhor.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ento, teoricamente, veja bem, tu estas partindo de um pressuposto de uma tentativa de uma sociedade mais justa, certo? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exatamente. Exato. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ns no vamos ter uma sociedade mais justa e mais correta com as pessoas traficando arma e matando gente inocente. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, tambm no. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Nem com poltico corrupto.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Principalmente isso.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. Bom, mas vamos concordar o seguinte...Certo. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - ... que o pior de tudo.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    35

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No, mas, veja bem, cada coisa no seu lugar. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, tudo faz parte de uma situao que leva misria do povo. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Como que vocs, que dizem que querem uma vida melhor para as pessoas, do cobertura para o cara que est traficando droga, que est matando criana, que est traficando arma... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu sei. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - ...que t matando gente inocente?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - a mesma questo, senhor.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, mas tu entendes o que eu quero te dizer?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Entendo. Eu aceitei...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ns vamos cuidar disso tambm. No estamos propondo...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ser que vo cuidar mesmo?

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vamos, vamos sim. Meu amigo, veja bem...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Olha, eu vou fazer um desabafo pro senhor. Eu no acho ningum com o direito de me punir, de me cobrar, muito mais porque no existe nenhuma prova no sentido de que eu tenha feito isso ou aquilo, o senhor entendeu? Mas eu acho que...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu achas que isso te d o direito de...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No acho que isso me d direito, mas eu acho que no d dignidade, no d direito de as autoridades quererem me matar, me massacrar, me jogar numa cela com cmera at no banheiro. Isso eu acho... porque era a ltima esperana do

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    36

    povo, era a ltima, a derradeira, certo? A de repente a gente se d conta de tudo isso da? Fica difcil, senhor, pra todo mundo. Psicologicamente, fica...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu respeito o teu ponto de vista. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) -

    Psicologicamente, o preso, o povo, o miservel, ele fica sem saber direito o que pensar, o que fazer.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu quero dizer o seguinte: eu tenho opinio sobre isso, mas eu respeito o teu ponto de vista, certo? Agora, quero dizer o seguinte. Eu acho que trfico de armas...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu no acho um traficante melhor do que um Deputado nem um Deputado melhor do que um traficante de armas. Pra mim tudo igual.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Pra ti tudo igual. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Claro que

    . O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O traficante de armas que mata,

    assassino, droga...Vocs mesmos chegaram concluso de que o crack tinha que ser proibido, porque seno ele ia destruir as pessoas.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exato. E tava destruindo mesmo.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ento vocs tambm devem ter algum tipo de interesse que o crack no destrua as pessoas fora dos presdios.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Se eu pudesse coibir o trfico do crack, o senhor pode ter certeza, fora do presdio, eu faria. S que eu no tenho fora pra isso, no. So poderes muito grandes.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. Deixe eu te fazer s 2 perguntas. A Dra. Maria Cristina Rachado, sua advogada...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Pois no, minha advogada.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dr. Jernimo Ruiz Andrade... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No

    meu advogado.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    37

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Conhece ele? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - J vi,

    mas...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No teu advogado? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No.

    advogado do Geleio, inclusive. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Advogado do Geleio. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Era, no

    sei se... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vocs tiveram acesso sesso,

    aquela em que ns estivemos com o Dr. Godofredo. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Que dia foi a sesso? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Na quarta-feira... O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Dia 10. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dia 10. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Dia 11, 6 horas da manh, fui transferido. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Estou perguntando. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, s estou explicando. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Teve acesso? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No teria condies. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu tens conhecimento de que os presos tiveram acesso quela reunio? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, eu acredito que no, provavelmente, no. No tem como, porque a gente... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu acreditas que os presos no tiveram acesso. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, porque ns fomos isolados na quinta-feira, s 6 horas da manh, todos.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    38

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Outros presos. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, mas quem poderia, de alguma forma, ter algum acesso a alguma coisa foi transferido. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No. Tu acreditas que a histria de que os presos tiveram acesso quele CD... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mentira. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - mentira. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Acredito, no; tenho convico disso. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - De que isso no verdade? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tenho convico disso. Que provem o contrrio. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Aquela carta que foi divulgada no final da rebelio legtima? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Qual carta? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Uma carta que foi divulgada na imprensa, que algumas blogs publicaram... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No sei.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA -... pedindo que parassem a rebelio. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu no tive acesso. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No teve acesso? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. E eu no sei. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O que a Dra. Iracema veio fazer aqui? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Ela veio trazer 2 celulares para que... Segundo ela, eu no conheo ela... Eu nem confiei nela tambm. Uma pessoa que eu nunca vi, vem ela com um juiz da

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    39

    Secretaria de Aes Penitencirias, um juiz-corregedor, e um coronel da PM e um delegado da Segurana Pblica. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, mas como uma advogada, que no tua advogada, vem fazer aqui... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Entenda. Segundo ela, foi posto disposio dela um jatinho do Governador para que ela viesse aqui. Vieram de jatinho, com 2 celulares, para que eu pegasse os celulares e falasse que... para alguns presos que eu estava bem de sade, que no havia sido espancado e coisas nesse sentido, voc entendeu? Eu, como, por hbito, no falo em celular nem com a minha esposa, no falo com ningum, eu no converso em telefone celular com ningum, absolutamente ningum, me recusei. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No era o Luiz Henrique que estava junto contigo? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - A veio um outro preso. Ele falou: No, se s para falar isso, eu falo. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O Luiz Henrique? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - . O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Foi disponibilizado um celular para que ele comunicasse aos presos que ele estava bem. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - . O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A parou a rebelio? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No sei se parou a rebelio. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas a Dra. Iracema no tua advogada. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acho que recrudesceu a rebelio. Pelo que eu soube... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu achas? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu no sei. Foi domingo, eu lembro que foi num domingo. Eu no sei se parou ou no. Eu acredito que no.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    40

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu costumas receber advogados que no so teus advogados? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - s vezes, sim. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Com que finalidade? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - s vezes, sim, porque eu tenho muitos processos, no ? Ento, quer dizer, que nem agora: eu estou abrindo um processo contra o Estado porque minha imagem foi ventilada durante uma blitz e eu teria o direito de ser preservado, e no ser exposto da forma que eu fui. Quer dizer, eu preciso de um advogado, ento, que tenha conhecimento nesse sentido, em saber processar uma revista ou uma (ininteligvel). O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ns ouvimos, por exemplo, um advogado. Constava na lista de tuas visitas um determinado advogado. Ouvimos. O que o senhor foi fazer l com o Marcola? Tu s advogado do Marcola? No, eu fui l falar com ele a pedido de um cliente meu. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Que ano isso? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No dia do teu aniversrio, este ano.

    O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA - Vinte e cinco de janeiro. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Voc recebeu vrios advogados... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu sempre recebo vrios advogados. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - ... no dia do teu aniversrio? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No dia do meu aniversrio... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu recebes vrios advogados de outros presos? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, de outros presos, no. Mas, por exemplo, o que estou falando para o senhor...

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    41

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Nesse caso, eu estou falando de um caso especfico. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Esse caso eu estou tentando me lembrar aqui. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Era um que o cliente dele estava preso em Venceslau. Ele foi l falar contigo no dia do teu aniversrio. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu acho que ele foi levar um... foi... Eu me lembro dessa situao. A gente tava... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Como que um advogado, que no teu advogado, te procura num presdio. Com que finalidade? Tu costumas receber advogados? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu no falo em telefone celular. Ento, como era meu aniversrio e eu tenho amigos, algum deve ter mandado ele l com alguma mensagem de feliz aniversrio, alguma coisa nesse sentido. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - comum, por exemplo, l algum advogado falar contigo, levar uma mensagem, mandar um abrao de aniversrio? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Uma mensagem? Que tipo de mensagem? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Qualquer mensagem. No precisa ser do mal, pode ser uma mensagem qualquer. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No muito comum. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas acontece? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu tambm me preservo nesse sentido, porque, se eu for deixar que todos os advogados que tiverem interesse em conhecer a minha pessoa comearem a me requisitar... Eu no... vou viver s indo para o advogado, voc entendeu? Ento, geralmente eu me preservo a isso. Inclusive aqui foram feitas algumas declaraes minhas aqui por escrito para a diretoria, no essa diretoria, a diretoria anterior porque agora eu estou retornando agora , para que eu s

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    42

    recebesse a Dra. Maria Cristina e no aceitaria nenhum outro advogado. Quer dizer, eu mesmo me preservo. S que tm determinados lugares... Por exemplo, Avar, eu cheguei l naqueles dias, tinha um pouco de opresso por parte dos funcionrios. Aconteceu que vrios advogados estavam indo mesmo, no s para mim, como para vrios presos. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A tua advogada a Dra. Maria Cristina? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola)- S. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tem algum outro advogado? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tenho. Agora, tenho outros advogados. Por exemplo, eu tenho um processo em Fortaleza, a terra do nosso... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA Deputado Moroni. Uma pergunta seca. Como que tu fazes para pagar teus advogados, se no trabalhas? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu no trabalho, mas, se o senhor analisar minha situao processual, o senhor vai ver os meus crimes. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Como que tu fazes para pagar teus advogados, se no trabalha e est preso a um tempo? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O senhor j viu meus crimes? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O senhor viu os valores? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Que tu ests sendo acusado de ter roubado banco? Sim, tu queres dizer o seguinte: tu pagas aos teus advogados com o dinheiro dos crimes que cometeu. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Quinze milhes em um, 10 milhes em outro, quer dizer... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu tens dinheiro para pagar advogado, isso?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    43

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Tenho dinheiro para pagar advogado. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Fruto dos crimes que cometeu. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Estou pagando por eles, no ? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Pagou o crime, est pagando pelo crime, o dinheiro teu, isso que tu queres dizer? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, essa lgica meio complicada, mas... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas o que tu ests dizendo. Estou pagando pelo crime, o dinheiro meu. Custou caro esta priso, mas o dinheiro meu. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Foi bastante caro, exatamente. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu pagas os advogados com o dinheiro dos crimes que cometeu? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exatamente, s vezes. Mas, s vezes, conforme o caso da Dra. Maria Cristina, certo. Ela advogada minha, que minha advogada para todos os processos, quer dizer, eu tenho famlia... O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu pagas a ela? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu tenho famlia, eu tenho amigos, tenho vrias pessoas que de alguma forma me ajudam tambm, e a Dra. Maria Cristina mesmo, quem paga minha famlia, meus amigos. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - ltima pergunta. Tem uma entrevista, ficou sabendo de uma entrevista tua que foi vinculada na televiso, recentemente...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) Roberto Cabrini? O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Exatamente. Deu a entrevista?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    44

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Inclusive j fiz at o teste de voz, porque impossvel dar entrevista estando aqui. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No fostes tu que destes aquela entrevista? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. No tem condies nenhuma. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ela no ... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - mentira. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sabes quem que falou? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No tenho noo, tambm, porque eu estava aqui. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu achas que foi algum dirigente da organizao? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No tenho noo. No posso afirmar.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu no sabes. Chegou a escutar aquela entrevista?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, nem tive acesso ao que foi dito na...

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tem alguma disposio em colaborar com esta CPI, no sentido de coibir a entrada de armas e munio de maneira ilegal no Pas?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - At gostaria, mas eu no tenho com que. No tenho nada que possa oferecer.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu tens relaes, a tua organizao tem relaes fora do Brasil?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Que eu saiba, no.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tu tens relao com o Fernandinho Beira-Mar?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    45

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Nunca tive, a no ser o fato dele ter ficado preso aqui, nesse presdio, e em Braslia tambm.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vocs... hoje uma organizao... antigamente vocs trabalhavam mais com assalto a banco, carro-forte, praa de pedgio, esse tipo de coisa. E hoje at entendi que vocs no incio no aceitavam muito a droga como... Hoje est liberado? Esto usando tambm?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - A gente no tem mais como proibir o trfico de drogas, embora o traficante antes era visto de uma forma meio pejorativa pelos presos, entendeu? Mas hoje muita gente envolvida com isso. Ento fica difcil.

    O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Por enquanto, vou ficar por aqui para dar oportunidade aos outros colegas. Qualquer coisa que voc achar relevante...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O.k. O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Com a palavra o

    nobre Deputado Arnaldo Faria de S. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Marcos Willians,

    logicamente, a gente percebe que voc tem uma noo. Por fora dessa incluso, voc acabou se tornando autodidata, como voc colocou, e voc tem avaliaes polticas, a gente respeita. S fao uma colocao, voc no pode generalizar. Realmente tem muitos Deputados...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fica difcil no generalizar, no doutor?

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ento, voc no pode generalizar, tem muitos Deputados envolvidos no Mensalo, Sanguessuga, voc tem razo, entendeu, mas nem todos, ento, acho que o mnimo que a gente pode dizer, como voc reclama, entendeu? esse discernimento, acho que...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - S que difcil para mim imaginar quem seja, o senhor entende isso?

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    46

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Entendi, s estou dizendo isso, que...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fico at constrangido de falar isso para o senhor assim...

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Estou conversando numa boa.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Mas, Arnaldo, mesmo nesse caso onde existiu um grupo que votou contra o Conselho, existiam cerca de 200, 180, 140 que sempre votaram a favor tambm do Conselho. por isso que o Arnaldo faz essa ressalva.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Eu percebi, mas no entendo por que esse grupo sempre menor do que o outro, o senhor entende isso?

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Isso verdade. O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fica

    difcil, doutor. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - S estou dizendo para

    voc, porque, na realidade, a gente no quer generalizar: todos os problemas da criminalidade em cima de voc, e voc tem razo.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Mas acontece isso.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Voc tem razo quando coloca isso, por isso que estou...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - E acontece isso.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Exatamente, estou mostrando para voc que a gente quer evitar isso da. Voc est preso desde quando?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Fugi, retornei... Dessa ltima vez, desde 1999. Para o senhor ter uma noo, to corrupta a nossa Polcia paulista que eu fui preso, em 1999, acusado de ser um dos maiores assaltantes de banco do Pas, at, na poca. O senhor pode ver:

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    47

    15 milhes aqui, 10 milhes ali, no ? Ento, como eu posso ter sido preso com tudo... com essa fama toda, eu ter ficado 2, 3 anos em liberdade e, no momento da minha priso, fui preso com um carro importado, que valia uns 50, 60 mil reais, e simplesmente eu no assinei nada. No fui indiciado em nada, em nada de nada de nada. complicado, o senhor no acha?

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Voc pagou o pau? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O que

    que o senhor acha? O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Voc falou aqui... O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) -

    Seiscentos mil. Quer dizer, no pouco, no, entendeu? Inclusive, tinha um policial que quis denunciar isso da e tiraram ele, acho, da Polcia e tudo. Nunca mais ouvi falar dele. complicado.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Voc diz que no usa celular. Por que voc no gosta de celular, Marcola?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Porque o celular uma arma contra mim, simplesmente. Minha voz gravada. uma prova que eu posso estar dando para algum. Quer dizer, nem com a minha esposa... raro eu falar com celular, o senhor entendeu? incrvel eu ter sido fotografado vendo um clipe no celular, mas...

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Aquela fotografia voc no...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, um clip. aqueles celulares que acionam a Internet. Tinha clips da Playboy, essas coisas assim... 10 segundos, se no me engano. Eu estava admirado porque eu tinha sado daqui, nunca tinha visto aquilo.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Voc diz que, numa das suas manifestaes, teve um relacionamento com o Nagashi. Que relacionamento foi esse?

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O relacionamento que eu tive com o Nagashi foi que, logo aps a morte do Dr. Machado, o juiz aqui de Prudente, o sistema penitencirio estava um caos,

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    48

    totalmente... morriam uns 80 presos por ano, assassinados dentro da priso. E ele sabia que a minha posio era contra. E ele veio at mim porque eu tinha brigado com o Geleio, com aquele pessoal que era a cpula, e esse pessoal tinha sido repudiado pelo resto da populao carcerria. E ele veio at mim falar... mostrando que ele era um cara idealista eu acreditei nele, inclusive , que tinha planos de humanizar, de dignificar e que, para isso, ele precisaria de pelo menos 1 ano sem morte dentro do sistema penitencirio.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Ele batizado no PCC? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Quem? O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Nagashi? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Se ele

    fosse batizado, ele no faria o que ele fez com a gente: deixar a gente 2 dias sem comida, sem roupa, sem nada.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Mas, nesse relacionamento a...

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No, ele foi pedir para que eu conversasse com outros presos, para que houvesse uma conscientizao; e, para que ele pudesse fazer algo por ns, a gente tinha que dar uma demonstrao de paz. Foi quando... ficou, acho, 2 anos sem mortes, sem assassinatos.

    O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Sua me viva? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Naquela negociao

    com a Dra. Iracema, estava presente um delegado de Polcia, estava presente um corregedor da SAP e estava um coronel da PM.

    O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - Exato. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - Tinha mais algum? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - No. O SR. DEPUTADO ARNALDO FARIA DE S - E eles pediram alguma

    coisa para voc? Conversaram alguma coisa com voc? O SR. MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (Marcola) - O

    Coronel, no , falou: P, cara, est morrendo do meu lado e est morrendo

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: CPI TRFICO DE ARMAS Nmero: 0871R/06 Data: 08/6/2006

    49

    do lado da criminalidade. Acho que hora da gente parar. Eu falei pra ele: Eu concordo com o senhor, s que, para que a gente pare, tem que dar dignidade ao preso. A gente no est pedindo nada mais do que isso. E o que que voc pode fazer pra parar? Eu falei: Que eu posso fazer para parar o que eu j fiz no DEIC. comunicar o meu ponto de vista, ou seja, dar uma manta, alimentao e a visita do preso que teve esse direito. Eu me proponho a ir l, em Venceslau, que de onde parte a situao, conversar com os presos para que eles se comuniquem e parem com essa situao. Foi tentado tudo assim que o senhor possa imaginar no sen