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Degrau do tempo 1 Degrau Do tempo

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Degrau do tempo

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Degrau

Do tempo

Degrau do tempo

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Copyright 2015 (1ª Edição) Todos os direitos desta edição reservados ao autor. Impresso no

Brasil Printed in Brazil Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20/12/1907.

Projeto Editorial Diagramação: Antônio Ramos da Silva

Capa:

Vanessa Ramos Mengatto

Revisão técnica e ortográfica: Ivanilde Kiem Dranka

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Elaborada por: Andréa Blaskovski CRB 14/999

É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto às características gráficas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei nº 6.895, de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei nº 9.610/98).

S586d Silva, Antônio Ramos da/ Degrau do tempo [et al.].

– 1. ed. – [S.l.] : Bookess, 2015.

120 p. ; il. color.

ISBN: 978-85-

1. Bibliografia I. Silva, Antônio Ramos da II. Título.

CDD: 010

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Antônio Ramos da Silva

Degrau

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1ª edição

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Reflexão

A cada degrau é um passo na vida. Lembranças que me cercam trazendo momentos inesquecíveis. Cada degrau, cada momento. Penso, repito cada ato. Meu pensamento vai além, além da minha imaginação. Relembro muito bem o primeiro beijo. O beijo roubado aos pés da igreja, a minha primeira namorada. Os beijos, os abraços, os sussurros, os minutos roubados, o segredo guardado. Aqui nesse degrau nasceu o amor, mas aqui foi que conheci as loucuras, os delírios, as ilusões e as conquistas. Nas lembranças que me cercam conheci vidas opostas, pessoas com mascaras escondendo a tristeza e a solidão em sorrisos falsos. Os sorrisos, a confusão a metade de mim diz que sim, a outra diz que não. Desejos e sonhos perdidos. A criança que sonha; o adulto que realiza o pai que ama. Por ela resgato o sonho. Digo, vá em frente. Em minha vida a última palavra não será desisto!

Nem as flores conseguem disfarçar

a tristeza vidrada no olhar.

As flores da praça zelam nossa história. Cada degrau, um momento, um ato no...

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Do tempo.

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Apresentação

Entre céu, terra e mar uma imensidão múltipla e um horizonte preenchido de oportunidades para conectar-nos com o mundo. Não hesitei, elevei meus pensamentos ao infinito, contemplei o céu; o silêncio se fez presente e lentamente as sensações de vazio foram embora, não fiz questionamentos; não tentei decifrar os segredos, nem os mistérios. Simplesmente percorri nesse imenso universo dos meus sonhos escondidos.

Permiti-me voar em pensamento e levemente ouvi o sussurro do vento. Senti a brisa tocar-me e trazer-me o frescor que renovou todo meu ser. A leveza daquele momento era tão enigmática, indecifrável me levando a plenitude que foi encontrar a outra parte de mim.

Deixei-me envolver pela força e energia invisível que adentrou minha alma extraindo os sentimentos mais puros da minha essência permitindo-me traduzi-los aqui em cada

Degrau Do Tempo.

Antônio Ramos da Silva

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Brusque (SC) - Primavera de 1965.

Pacata cidade do vale do Itajaí, interior do sul do Brasil. Um universo de lembranças que desembarca o no pequeno mundo de Antônio Ramos da Silva; quinto filho na escala familiar.

Nascido em berço humilde, filho de pai sapateiro e mãe domestica, em um pequeno sítio tiravam o sustento da família, onde todos tinham os seus afazeres domésticos bem distribuídos pela matriarca Luíza, filha de italianos fervorosos devotos de Nossa Senhora Aparecida.

Luiza casou-se muito nova, seu esposo Nilo era viúvo e pai de três filhos: Gilmar, Sueli e Lourdete.

Conta ela, a decisão de se casar com Nilo foi que,

certo dia se deparou com a família dele, viu aquele homem aleijado cuidando de três crianças, ficou comovida em vê-lo só, zelando com tanta dedicação os seus filhos. A cena ficou gravada na memória, aquilo a deixou com o coração palpitando e por sintonia divina levou-a ao matrimônio.

A primeira esposa de Nilo havia contraído o vírus da gripe espanhola, faleceu deixando aqueles três crianças pequenas com idade entre elas de apenas um ano. Nilo, filho de pai imigrante português e mãe descendente de índio com bugre brasileiro, pioneiros e abastados, possuíam muitas terras na cidade de Camboriú, pois seu pai era Juiz de Paz e a mãe Professora, pessoas ilustres naquela comunidade.

Nilo saiu de casa cedo; foi morar em uma cidade

próxima, percorreu 40 quilômetros no lombo de um cavalo, até chegar à cidade de Brusque onde fixou residência.

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Começo a trabalhar com auxiliar de sapateiro na

indústria de calçados Zendron.

Um homem extremamente vaidoso, com uma deficiência em ambos os pés (curvatura recolhida) ele não se achava inferiorizado, talvez por isso a sua especialidade, fazer sapatos, para ele os sapatos tinham que serem feitos em forma especial.

Construiu seu próprio negócio – uma sapataria – atendendo a necessidade de ilustres amigos da época, depois de ter trabalhado muitos anos em uma única fábrica de sapato da região – Calçados Zendron - que ainda resiste aos tempos atuais, servindo-os como a formação profissional ali adquirida.

Um homem preferencial, importante - tinha os seus choferes para transportá-lo em suas idas e vindas ao centro da cidade e em seus lugares preferidos sempre a bordo de um carro de mola (charrete), meio de transporte da época, puxado por dois cavalos, garboso táxi daquele tempo.

Lembro-me dos meus cinco anos, mamãe falava

que quando retornei da maternidade fui recepcionado com um saquinho de papel enchido a todos os pulmões pela minha irmã enciumada que estourou em minha cabeça, assim fui batizado com um estridente soluçar.

Mais tarde passei a ser o todo especial, pois para

dormir alguém tinha que colocar os dedos em meus cabelos e fazer cachinhos. Adicionando mais uma rotina a todos, enquanto me deliciava em primeiro sonho, aos mimos de um irmão.

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Meu pai era um homem com muita visão comercial, possuía uma sapataria e um empório-venda, nome dado para os secos & molhados, hoje supermercado; além de alimentos, também servia bebidas, mais tarde virou bar.

Minha mãe tinha um excelente domínio da matemática; Nilo era analfabeto, uma parceria importante que se completavam. Ela possuía noções de planejamento e geria os negócios e ainda costurava roupas para uma entidade filantrópica, hoje seria uma ONG, bancada pelo governo alemão, em contrapartida conseguia bolsa de estudos em escola privada para todos nós.

Era uma época difícil, após o advento da Segunda Guerra Mundial e o começo do período da Ditadura Militar no Brasil. Muitos alemães refugiados se escondiam em Santa Catarina. As casas eram bem fechadas com seus muros altos, algumas com antenas de rádio amador. Lembro-me disso, vi uma esquadrilha de aviões pela primeira vez cruzando o céu. Meu pai sempre com o rádio ligado acompanhando as notícias. Era assustador. Na sapataria ficava assistindo ele bater o couro cru com o martelo até enrijecer virando sola de sapato. Era uma prancha de ferro sobre suas coxas, do lado um balde de água, mergulhava aquele couro cru batido por longo tempo; depois de seco pregava e fazia o recorte com uma faca afiada.

O acabamento lateral da sola do sapato era feito com um instrumento em forma de cunha, onde deslizava em movimentos sincronizados, dando um brilho envelhecido naquele couro marrom. Às vezes a sola do sapato era costurada, dependia do gosto do cliente, uma verdadeira obra de arte artesanal.

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Partindo dessas observações em sua rotina de trabalho mais tarde passei a ser o seu assistente, principalmente no final de ano, onde ele atendia muitos clientes por encomendas.

Sempre fui muito observador da rotina dele.

Nossos parentes moravam em Camboriú.

Certo dia a família de um irmão de meu pai, tio Jiló, vindo de Camboriú veio passar um fim de semana conosco. Eu entusiasmado levei o meu primo até a sapataria para mostrar o funcionamento e como se produzia um sapato.

Comecei a fazer demonstração de como se costurava o couro: abri a máquina, coloquei a linha na agulha, peguei um retalho de couro e fui mostrar como se costurava, só que me esqueci de tirar o meu dedo indicador debaixo da agulha, fiz o movimento com os pés no pedal da máquina de costura e a agulha transpassou o dedo e travou.

Evidentemente que além do choro adicionado à vergonha, acabei por levar umas cintadas do meu pai.

Com o seu cigarro Eldorado na boca e um café

aparado na hora esticava o couro na forma e assim ia construindo nossa base alimentar ao lado de sua grande mulher Luiza.

Passei a incorporar cedo minhas tarefas de casa com muita responsabilidade. Eram minhas as atribuições de: alimentar algumas criações - galinha, pato, cabra, coelho e outros animais; limpar o terreiro e abastecer a fornalha com pó de serra e cepilho. Assim que concluísse as tarefas eu estava liberado para brincar.

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Dali minha mãe preparava a farta mesa para onze pessoas que agradecíamos em oração pelos alimentos a nós fornecidos.

Quanto chegava os sábados tinha que estar tudo bem limpo e abastecido, fornalha a lenha aquecendo para os pães e doces serem assados. Massa de pão escorrendo pelas bordas da bacia, forma untada com azeite, massa descansando até serem levadas ao forno, para o café da tarde, com nata, requeijão, doces caseiros serem saboreados.

Eu era um boi magro na infância correndo pelos pastos no sol ardente do interior, mas com a alma calcificada inquebrantável de alegria. Calças curtas e pés descalços. A mata era o meu jardim botânico, os morros o meu escorregador, o cipó o chapéu mexicano, pular da árvore era descer no Big Tower, o rio a piscina social. Quanta energia, mundo farto, nada nos faltava, na mata colhia coquinhos, butiás caindo dos bolsos, jabuticaba nativa que parecia uma bola de tênis envernizada, íngua com sua vagem aveludada como se fosse chantilly encapsulado. Tucum azedo e maracujá. Goiaba então... Não tenho boas lembranças dela não, de tanto me empanturrar, suas sementes viravam um concreto endurecido dentro do intestino grosso, pagava caro depois com o meu suor de tanto fazer esforço para defecar. Essa era a minha dor.

Meus brinquedos favoritos eram: jogar bola, pescar e caçar, nadar no rio pelado, para não molhar o calção e quando chegasse a casa não ter que dar explicações, se não à surra era certa. O pai era muito disciplinador; também, tantos para educar, a psicologia era o respeito, assim fui educado.

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Sempre sabedor do que era certo ou errado, mesmo assim o risco pelas aventuras estava sempre a minha disposição.

Aos sete anos fui para escola, calça curta e terninho azul-marinho, com os pés descalços (nossa sapataria não fabricava sapato para criança) andava os meus cinco quilômetros todas as manhãs até o grupo escolar Dom João Becker. Mais uma responsabilidade que enfrentei sem cobranças, fazia minhas tarefas sem a participação de minha mãe (tia Lica era a minha salvação).

Nunca fui rebelde, nem sabia que existia essa palavra. Compunha minha existência entre a responsabilidade (tarefas) e liberdade (brincar), no sono recuperava a minha energia para um novo amanhecer.

Os poucos a família crescia como uma escadinha em dez anos de minha existência mais quatro membros adentraram no meu universo familiar (Ivete, Maurílio, Carmo e Marcio); a mesa teve que ser duplicada, não era mais um simples almoço, virou um banquete. Meu pai na cabeceira da mesa, minha mãe comandando a oração, depois era autorizado o almoço e me pai alertava: “O que colocar no prato será comido, não terá sobras, a comida é sagrada”. Usava algumas gírias, deve ser as que utilizavam em Portugal na época, ainda não pesquisei – Funfa da miuda - sei lá o que é isso? Pela expressão dele, sinto que devia ser: “Estou ferrado com toda essa gente para alimentar” e também utilizava a expressão “É o avanço”, na minha mente imaginava um formigueiro em plena construção, um trânsito alvoroçado de pratos e talheres e uma montanha de comida sendo carregada para dentro do estomago e que logo, logo se repetiria, numa seção interminável de reposições energéticas.

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O que me impressionava; é não ter lembranças de vê-lo preocupado com tanta responsabilidade. Imagino nos dias de hoje como seria sustentar uma família de onze pessoas.

Minha família é fruto do amor e foi gerada com amor. Tudo foi possível até o dia que meu pai adoeceu.

Uma úlcera gástrica levou-o a fazer uma cirurgia, foi transportado para o hospital de Clinica em Curitiba, onde morava minha avó, ficando até o final do tratamento por longos oito meses.

Tempos difíceis, minha mãe teve elaborar uma rifa de uma geladeira para angariar fundos para o tratamento dele, a sapataria ficou desativada. Logo também a mãe adoeceu e teve que ser internada em Florianópolis com estafa mental. Ficamos desestruturados. Minha irmã Lourdete foi morar e trabalhar em Curitiba e Gilmar para Joinville. Estávamos unidos na inexperiência, mas com dedicação e disciplina acumulada para esse momento, onde minhas irmãs Sueli e Arlete tomaram a responsabilidade da casa.

Tão logo o pai retornou de Curitiba recuperado, vendemos a casa e todo o dinheiro foi investido na fábrica de toalhas Schlosser. Com promessa de arrumar emprego no escritório para todos da família, nem uma coisa nem outra, o empresário Kurt Schlosser deu o calote em meu pai pagando 1/5 do investimento. Minha mãe teve que viajar ao Rio de Janeiro onde o empresário havia se refugiado, ressarciu somente o valor gasto na viagem. Como tudo na vida que é feito com base, com oração e fé; tudo volta a fluir, apenas um pouco de água fica represada para manter a terra úmida, mas logo vem à chuva e enche o tanque de esperança novamente.

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O que vaza fertiliza a terra adubada e a semente volta a produzir o fruto que sempre esteve pendurado amadurecendo para saciar a nossa fome e com resíduo recompomos o solo para outra planta nascer.

Os negócios voltaram a fluir, compramos uma caminhonete Ford Bigode, carroceria de madeira, antiguíssimo. Meu pai não dirigia, mas tinha um chofer de nome Ludgero. Fizemos a primeira viagem até a cidade em que meu pai havia nascido (a casa de minha avó paterna era no mato de Camboriú, assim era conhecido o lugar). Chegando lá, depois de uma viagem demorada, passando por ruelas empoeiradas deparei com um paraíso nunca visto. A chácara tinha pés de café carregados com os grãos vermelhos amadurecidos, castanhal com frutos estendidos por todo o chão, era só catar, inédito para os meus olhos. Um córrego dentro do terreno com a água cristalina onde se observava os peixes e siris na galhada de árvores mergulhada na água. Não me contive, peguei uma vara de pesca e icei um siri para beira do barranco, todo eufórico sai correndo em direção os meus irmãos para mostrar a façanha. Mais tarde descobri o que os siris estavam fazendo ali naquele córrego. O mar não estava muito distante, o córrego dentro da chácara era de água salobra um estuário.

Não visualizo em minha mente se dei bom dia a todos e se tomei a bênção de minha avó Etelvina. Não era muito comum as crianças ficarem escutando as conversas de adultos, eu mesmo era um bicho do mato.

Recordo-me que comi tanta castanha portuguesa que no final do dia meu estômago não suportou; causando-me um mal-estar e consequentemente um desarranjo lubrificado pelo óleo extraído e triturado pela ingestão descontrolada de um espécime tão gostoso ao meu paladar.

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Masquei alguns grãos de café, chupei cana-de-açúcar e outras tantas frutas colhidas naquele oásis que havia encontrado.

O retorno foi um chacoalhar intermitente; se passaram dois dias, ainda sentia a sensação de um corpo desidratado. Contei essa façanha para os meus amigos no campinho de futebol, onde era nosso habitat natural. Eles não acreditaram levando em tom de gozação. Levou certo tempo para explicar o porquê consegui pegar um siri no anzol.

Mais o importante era o nosso time de futebol, o Botafoguinho, com idade média de dez anos. Eu jogava como ponta direita, magro como um palito de sorvete, mais muito bom de bola, imitava o Jairzinho furação da seleção brasileira dos anos 70. Fomos muitas vezes campeões de torneios. Éramos sempre assediados por outros times, achava que um dia seria jogador de futebol profissional.

Eu e meu amigo Nico fomos contratados para defender outra agremiação lá no Guarani, um bairro distante do centro da cidade. Vinham nos buscar de “Carro de Mola” (charrete) aos sábados para compor o time deles. No primeiro jogo fiz um gol de cabeça contra o Palmeirinha, time dos riquinhos da cidade. Nessa partida atuei como centroavante, estilo Roberto Dinamite do Vasco da Gama, clube profissional carioca.

Havia muita sintonia, o nosso grupo era muito unido em tudo, viajávamos para cidades próximas: Nova Trento, Moura, Tijucas e São João Batista - para fazer apresentações. Essa turminha deu o que falar; fizemos muitas peripécias.

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Colher uvas nos pomares dos vizinhos era muito comum, tantas que aprontávamos; mas tudo sobrava para mim, meu pai era muito austero, enquanto os outros riam das proezas de seus filhos.

Levei muitas surras, protegido pela minha mãe que depois me dava um banho de salmoura para tirar os vergões produzidos pela guasca preparada para disciplinar as tais condutas infantis não toleradas pelo meu velho pai.

Terminei o curso primário, minha mãe conseguiu uma bolsa de estudo para cursar o ginásio, hoje segundo grau, no colégio São Luiz, da igreja católica, a partir dessa fase não podia vacilar, senão perdia a vaga.

Uma grande base foi sendo construída; estudei Francês, Latim, Inglês, Canto, Desenho e outras matérias; participava do seminário de padres, fui coroinha (do latim pueri chori - menino do coro), nas missas, adora aquele tilintar dos sininhos.

Outras pessoas foram acrescentadas em meu circulo de amizades. Meu melhor amigo Nico morava em cima do Correios e Telégrafos, ao lado da igreja, o pai dele era Operador de Telégrafos, meu padrinho Osni, homem muito atualizado para aquela época, sempre de bem com a vida, também tinha uma deficiência física, uma perna era mais curta do que a outra; quando tinha festa na Paroquia São Luiz Gonzaga, ia dormir na casa dele. Numa noite entramos as escondidas na sacristia e abríamos o sacrário onde se encontrava o cálice com as hóstias. Comemos todas e ainda tomamos o vinho imitando todo o gestual feito na consagração, nunca tive coragem de confessar esse pecado ao padre.

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Como Jesus está presente na Hóstia consagrada, ela fica guardada no Sacrário para poderem comungar os doentes e os que não puderam ir à Missa, bem como aqueles querem acompanhar Jesus sempre que quiserem estarão experimentando o seu imenso amor.

Estávamos no auge das traquinagens. Por pouco os nossos pais foram chamados à delegacia; uma turma que queria fazer parte do nosso grupo cometeu um pequeno furto e nos procuram para repartir o dinheiro, uma parte da turma foi a um restaurante tradicional, Churrascaria Lamim, gastar o dinheiro com um belo jantar. Imagine a cena, um bando de pirralhos à noite, sem os pais e com dinheiro no bolso?

Evidentemente que no dia seguinte a cidade toda

estaria sabendo. Seria o meu fim de linha. A sorte foi que o suposto amigo falou mais do que devia e deixou escapar ao delegado que estava nos envolvendo sem termos participado daquele evento catastrófico. Inaceitável aos olhos de meu disciplinador pai; seria o maior choque ver o seu nome manchado.

Não éramos mais tão infantis com as brincadeiras, como caçar passarinhos, fazer arapuca, cortar conchas da palmeira para fazer jangada e descer morro abaixo; estávamos mais atrevidos, outra turma.

Costumávamos tomar banho de rio pulando do barranco e mergulhar, mas com a chegada de novos amigos, passamos a nos arriscar mais; até que numa tarde surgiu a ideia de cortar o pseudocaule da bananeira e navegar em cima daquela canoa roliça descendo o rio; a tragédia estava eminente. Um desses amigos entrou em um redemoinho e sumiu agarrado no pseudocaule da bananeira; sendo encontrado mais tarde sem vida.

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A partir desse episódio nos dispersamos.

Em casa a minha irmã mais velha Lourdete já estava com a data de casamento marcada, tínhamos criações de perus, galinhas e marrecos, prontos para o abate e para fazer a festa de casamento. Uma semana antes do casamento todas as aves morreram; suspeita de envenenamento, pois o vizinho odiava o mundo e a nossa chácara que fazia divisa com o terreno dele. Mas a festa foi bonita independente desse fato lamentável.

A primeira vez que andei de bicicleta, foi com uma que emprestei do Bruno, namorado de minha irmã Sueli, não tinha a menor noção de como guia-la, mesmo assim desci o morrinho e me espatifei na cerca de arame do vizinho. Para quem já havia enfrentado touro e saltado de peito sobre a cerca de arame como um gavião flutuando no ar, andar de bicicleta seria muito mais simples.

Não tinha brinquedos de loja, cria os que podia imaginar. Todos os dias eu ia à serraria buscar pó de serra e cepilho, catava restos de toco de madeira e depois fabricava os meus carrinhos, caminhões, tratores, retroescavadeira e com os filtros de óleos descartados de caminhão fazia as rodas. Com os rolamentos estragados coletados nas oficinas mecânicas de veículos e construía os carrinhos de rolamento (rolimã).

Aprendi a fazer pandorga (pipa) com uma família que veio de São Paulo. Só que para fazer a estrutura eu adaptei com Garapuvu (árvore que seus galhos eram leves e macios) ou taquara de bambu, a cola era produzia com “Maisena” e água aquecida na frigideira, ficava um grude de pirão (cola). Tinha que usar a criatividade, a que vi era com armação de tubinhos de plástico.

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O mais difícil era arrumar o dinheiro para comprar a folha de papel de seda, mas com a primeira pandorga que vendi sobrou dinheiro até para comprar quilica (bola de gude), antes era só as bolinhas do rolamento de caminhão ou bolinha de barro queimado no forno de assar pão. Bodoque (estilingue feito com forquilha de madeira) e flecha eram bem mais simples, com galhos selecionados da goiabeira o arco ficava bem flexível, as cordas enceradas com sebo de boi. Gostava de flechar o mamão verde no pé e ver o leite pingar.

Mas a minha alegria era quando minha irmã Lourdete vinha de Curitiba passar o natal em casa, trazia muitos chocolates.

Minha mãe sempre fez presépio de natal. Nós íamos para o mato catar as parasitas e barba de velho para enfeitar a árvore. As peças que compunham o presépio era como se fossem esculturas barrocas; pois eram importadas de Portugal. Resistiram ao tempo e hoje estão tuteladas pela minha irmã Maria do Carmo que restaurou varias peças. Uma vez uma cobra quase me picou, coloquei a mão dentro de um tronco oco da árvore para arrancar uma bromélia e ela estava lá em posição de ataque, foi por pouco, me atirei ao solo e corri sem olhar para trás.

Final de ano era uma loucura, minha mãe tinha mania de pintar a casa toda, inclusive mesas e cadeiras; tudo a tinta a óleo, uma maravilha aquele cheiro, uma semana respirando mal, acho que por isso que todos lá de casa sofreram com bronquite asmática. Agente se divertia até em passar cera no assoalho, colocava meias nos pés e ficava deslizando e espalhando a cera.

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Depois pegava o escovão (usava-se para lustrar o chão de madeira antigamente), um subia em cima da plataforma e segurava no cabo para forçar e dar mais brilho, tudo era festa. Como também era festa preparar as carnes de suíno criado para a ocasião. Senhor Ari amigo de meu pai é que matava o porco. Começávamos cedo, esquentando a água no fogão a lenha para tirar os pelos do porco (depilar) e fazer os preparos das carnes: banha, linguiça, morcilha ou morcela e torresmo.

Conservas de todo tipo, até o cacho do coqueiro virava palmito. A minha mãe era muito sabia e criativa, seus bolos, cucas, pães, até flor de abobora recheada com queijo; hoje posso dizer que ela foi quem inventou o crepe suíço, era idêntico o sabor.

Não ganhávamos brinquedos, mas sim comida farta condensada e encapsulada de inteligência. O nosso natal era festivo e religioso, uma união; um belo peru recheado enfeitava o centro da mesa.

A páscoa era de reflexão e jejum seguido à doutrina cristã; silenciosa, nenhuma palha se movia. Um mês antes pintávamos as cascas de ovos (pêssankas ucranianas), quando chegava o sábado de aleluia minha mãe torrava o amendoim numa forma, parte ela ralava e misturava com açúcar e outra fazia as amêndoas com açúcar derretido e amendoim; ervas e chocolate para modificar o sabor, esfriava e colocava nas cascas de ovos enfeitadas, fazendo assim a nossa Cesta de Páscoa. A oração sempre estava em nosso dia, antes de almoçar e no jantar. Uma vez por mês rezava-se o terço O terço se inicia com o sinal da Cruz, uma invocação ao Divino Espírito Santo – (Vinde Espírito Santo) - e a apresentação das intenções pelas quais se reza.

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Em seguida, reza-se o Creio, 1 Pai Nosso e 3 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai. Depois se anuncia o Mistério (meditando-o) – conforme o dia da semana – e continua-se com 1 Pai Nosso e 10 Ave-Marias. Segue-se esse processo para cada um dos cincos Mistérios. No sábado ou domingo participávamos da missa na igreja matriz Paróquia São Luiz Gonzaga, o pai ficava em casa escutando a missa transmitida pela rádio Araguaia.

Em 1954 o Padre Luís Steiner mandou demolir a antiga Matriz, as missas e demais atos religiosos foi transferido para o salão da Casa São José. A 4 de abril de 1955 foi lançada a pedra fundamental, com grande festa popular. O belo projeto arquitetônico de Godfried Boehm, sendo que o primeiro projeto da nova matriz foi do engenheiro Simão Gramlich. As pedras que compõem a igreja foram talhadas no vilarejo da Volta Grande, na pedreira dos Irmãos Bittencourt. Somente em 1962 é que as celebrações das Santas Missas começaram a serem realizadas na nova Matriz. Levou sete anos para ser construída, toda de rocha cortada em retângulos enormes e pesados; o vão central deve ultrapassar a 12 metros de altura.

Um domingo eu desmaiei na missa das 6 horas da manhã, inaugurei o piso na nova catedral, não tinha tomado café, fui cedo à missa para ganhar tempo para brincar, acabei sem saber o que aconteceu e meu domingo foi ficar na cama me recuperando não sei do que. Mais tarde fiquei sabendo que era o dia de minha primeira comunhão.

Quando tinha jogo de futebol eu e meus amigos não perdíamos nenhum, assistíamos sem pagar o ingresso, furávamos a bilheteria pulando o muro ou atravessando o bambuzal atrás do vestiário, onde a vigilância era falha.

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Valia tudo para assistir o nosso time jogar para observar as jogadas e depois praticarmos as que mais nos encantava. Quando os dois times da cidade se enfrentavam Carlos Renaux e Paissandu era mais divertido, sempre tinha aquela gozação saudável entre nós. Lembro-me que uma quarta-feira o Fluminense, clube carioca, foi fazer uma apresentação em Brusque contra o meu clube e na época o ponteiro esquerdo do Carlos Renaux era um amigo nosso de pelada. Ele em uma jogada infeliz acabou fazendo uma falta grave em cima do poderoso Rivelino, craque da seleção brasileira, em outra, acabou levando três bolas por entre as pernas e caiu no gramado, foi a maior gozação para cima do garoto depois do jogo. Nunca mais participou de jogos profissionais. O Rivelino encerrou a carreira do moleque prematuramente.

Por causa de uma partida de futebol na hora do recreio no pátio da escola que estudava Grupo Escolar Dom João Becker; fui castigado. Sempre na hora do recreio fazíamos a bola rolar, em um determinado dia fiz um gol e o adversário veio e me empurrou quando comemorara o belo feito. Revidei, empurrei o garoto, por uma infelicidade ele caiu batendo a cabeça num palanque e desmaiou, acabei indo de castigo na sala escura, só saindo de lá depois do término da aula, fui para o livro negro da escola.

Eu era muito tímido, xucro, sempre muito individualista por essa maneira de ser, não gostava muito de perguntar. Quando estava cursando o ginásio no Colégio São Luiz - Relatos de 1951: em nome da Paróquia São Luiz Gonzaga, o padre João da Cruz Stuepp, professor do curso de Filosofia do Convento Sagrado Coração de Jesus, assumiu a direção dos cursos do SENAC em Brusque, dando início à Escola Técnica do Comércio São Luiz.

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Dedicada à formação de auxiliares do comércio, técnicos em contabilidade e datilógrafos, sendo reconhecida como uma das melhores do Brasil. Em 1968, o Ginásio é incorporado à Província dos padres Dehonianos. O reconhecimento do Colégio São Luiz pelo Ministério da Educação e Cultura ocorre em 1971, através da Portaria nº 5/ISES/71.

Na precariedade dos meus materiais escolares, minha mãe não podia comprar tudo o que a escola pedia (compasso, calculadora etc.), sempre tive que ir me adaptando ao método de estudo e conquistando a aprovação para não perder a bolsa de estudo. Adquiri uma excelente base, tanto advindo do lar como dos exemplos da vida e da escola.

Aos quinze anos de idade, meu tio Antônio Nelson que morava em Curitiba foi nos visitar e fez um convite para eu ir terminar os estudos e trabalhar na empresa dele e do meu tio Osni, sediada na Rua Humberto Matana, 528, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba; não pensei nem um minuto, fiz a maleta e fui aguarda-lo na rodoviária pronto para seguir viagem.

Isso foi logo após o Brasil ter conquistado o Tricampeonato mundial de futebol em 1970. Onde assisti pela TV na casa de meu padrinho Osni, foi o ultimo grande momento juntos de meus amigos, não possuíamos um televisor, naquela época raríssimas pessoas os possuíam.

Algo que me motivou a sair de Brusque foi vendo que todos os meus amigos estavam indo estudar fora, fazer o curso preparatório para o vestibular e depois ingressar em uma universidade.

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Meus pais não tinham recursos para tal regalia e nem era essa visão deles, desejavam que seus filhos atingissem a maioridade para começar a trabalhar e contribuir em casa. A minha percepção do convite feito pelo meu tio só poderia ser obra do acaso e tudo em minha vida iria mudar. Jamais o meu pai teria recurso para me manter estudando em outra cidade nessa fase tão essência da vida, ainda em um grande centro educacional com na cidade de Curitiba. Apareceu essa luz no meio do túnel, mesmo sendo um moleque xucro, sem a menor noção do que encontraria pela vida a partir daquele momento. Revi rapidamente o meu passado, largando uma vida de moleque sadio, bola, pesca, rio e outras safadezas.

Abandonando amigos e família rumo à vida. Não tinha a menor noção o que era isso, única coisa que passou pela minha cabeça naquele instante foi, se continuasse ali, ou seria jogador de futebol ou teria que engolir pó em uma fabrica de tecido, única atividade econômica existente no município, também pelo fato das pessoas te rotularem, discriminarem, isso me aborrecia, sempre no tom de deboche, me chamavam de filho do sapateiro; ao meu entender, menosprezando uma deficiência física do meu pai, um sábio guerreiro.

Enchi os pulmões e disse para mim mesmo: ─ Volto, mas como prefeito dessa cidade, mostrarei quem é o filho do sapateiro.

Dia 6 de Janeiro de 1971, desembarquei na rodovia de Curitiba, na Rua João Negrão, uma pequena estação pelo porte da cidade, o ônibus saiu às oito horas da manhã e chegou ao meio dia para me conduzir para outros destinos. Embarcamos em um circular (ônibus de linha – Centro/Bairro), até a Vila Parolin, onde morava minha avó Maximina.

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Como recepção, ao desembarcar do ônibus circular e caminhar um trecho, o meu tio Osni, que vinha nos seguindo, tocou o seu carro em cima de mim; foi o meu primeiro susto na cidade grande, sai em disparada para o meio do mato. Passado o susto chegamos à casa da avó, era como se fossem todos estranhos, só adultos, mas aos poucos me acalmei e relaxei. O meu tio Osni muito brincalhão me deixou descontraído e a vontade.

Noutro dia fui conhecer o minimercado que ficava do outro lado da cidade, no bairro Capão da Imbuia, onde iria ajuda-los, nesse local era também a residência anexada e lá que eu fixaria o meu domicilio.

Passaram-se quinze dias e a primeira gripe de minha vida. Saindo de uma temperatura de 30 graus em pleno verão brusquense, cidade ao nível do mar, próximo ao litoral, meu corpo não resistiu à baixa temperatura da Cidade dos Pinheirais, um inverno de 5 graus em pleno carnaval curitibano, levando-me ao leito por uma semana, com febre e dores por todo corpo.

Passado no primeiro teste; que era adquirir anticorpos para as sucessivas gripes que estavam por vir, comecei a trabalhar de balconista, logo me adaptei, não tinha experiência, mas o domínio da matemática era o essencial para desempenhar bem a função.

Tirei minha carteira de identidade e CPF para fazer a matrícula e ingressar no colégio Estadual do Paraná. A história do Colégio Estadual do Paraná começa oficialmente antes da criação do Estado do Paraná. Em 1846 foi criado o Licêo de Curitiba, pela Lei n.º 33, de 13 de março, sancionada pelo Presidente da Província de São Paulo, Marechal Manoel da Fonseca Lima e Silva - Barão de Suruí e instalado em casa alugada no Largo da Matriz, atual Praça Tiradentes.

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Prestei o exame pré-admissional conseguindo a vaga com relativa facilidade, ora que não era tarefa fácil estudar em tão renomado colégio da época.

Durante o dia trabalhava e a noite estudava. Embarcava em um ônibus e fazia um grande percurso a pé pelos labirintos da Praça Carlos Gomes até a Praça Tiradentes e me direcionava para Praça do Homem Nu e o Passeio Público, na rua de trás era o pomposo colégio.

Passaram por ali ilustres figuras do Paraná. Uma ótima escola, boa infraestrutura com laboratórios bem equipados e professores renomados. No retorno vinha pela Rua Riachuelo, corredor onde faziam ponto às garotas de programa. Assim fui descobrindo outro mundo, até então invisível em minha experiência vivida no interior, para as noites frias de Curitiba cheia de novos rostos e gostos para quem não levava o menor jeito, sem malícia e sem maldade; encapuzado e, sobretudo até os pés caminhava pela ruela escura aos gracejos de mariposas e bonecas embandeiradas, peça teatral, psicodélicos figurinos se expondo em imensa vitrine. Depois de ter feito um farto lanche sentindo o cheiro gostoso da carne moída feita na cantina do colégio. Novas amizades eram conquistadas.

De volta a minha rotina, cada dia meus tios ficavam mais surpresos com o meu desempenho e desprendimento comercial, sendo elogiado pelos clientes. Minha remuneração eram passagens de ônibus, alimentação e estadia; adolescência limitada a responsabilidades e crescimento individual. De lazer só domingo à tarde, quando o time de futebol do bairro, que meu tio Osni era o dono, ia para o estádio ver o Ideal Futebol Clube jogar, pois eram todos adultos e veteranos. Prematuramente encerrei minha carreira de jogador de futebol após um deslocamento na virilha.

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Todas as vezes que tentava retornar a jogar futebol o mesmo problema persistia.

Após o encerramento da partida de futebol abria o bar, que era um anexo que meu tio tinha e que eu também cuidava, além disso, meu tio era membro da Escola de Samba Ideais do Ritmo, do saudoso CHOCOLATE, figura pioneira no Carnaval de Rua Curitibano; agregando a comunidade do Capão da Imbuia e ainda os jóqueis do Hipódromo do Tarumã para os seus negócios, todos ali comemoravam suas vitórias.

Foi a partir bar onde tinha mesas de bilhar e mesa de baralho que comecei a me aperfeiçoar e arrumar uma maneira de ganhar dinheiro para atender as minhas necessidades de viagens a Brusque, roupas e lanches; adorava comer esfiha, cachorro quente e pastel especial (carne moída e ovos), servido em uma pastelaria da Praça Tiradentes, onde o pasteleiro tinha uma unha maior do que a do Zé do Caixão.

Tornei-me um excelente jogador de sinuca e baralho; sempre com dinheiro na carteira que possibilitou entrar na onda e na moda, mandando fazer minhas roupas em um alfaiate do bairro em plena efervescência dos anos 70, calça boca de sino e cabelo comprido.

Na época o Coritiba Futebol Clube era o melhor time de futebol do Paraná; não tinha ainda assistido nenhum partida de futebol, até que o tio Antônio Nelson me levou para ir à acanhada Baixada, o Caldeirão, hoje Arena da Baixada, moderníssimo estádio. Jogava Atlético Paranaense e Operário de Ponta Grossa, um estádio que fez recordar e sentir o toque da bola nos alambrados e uma torcida fervilhando nos ouvidos do bandeirinha a um metro de distância.

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Assim era o estádio do Consul Carlos Renaux Futebol Clube, hoje Brusque Futebol Clube, onde dei os meus primeiros toques na bola ao som de uma torcida. Simpatizei imediatamente com o clube, mas o Atlético perdeu por dois a um. O Tião Quelé, jogador do Operário Pontagrossense acabou com os Atleticanos. Anos depois ele foi contratado para vestir a camisa vermelha e preta do Atlético Paranaense. Furação da Baixada como é conhecido nacionalmente.

Em 1972 o Atlético Paranaense contratou o goleiro Picasso, com passagens pelo Grêmio Porto-alegrense, São Paulo e Palmeiras e Rubens.

Um forte grupo montado para aquela temporada escalado com: Cláudio Deodato (vindo do São Paulo). Di (Valdir Belz, de Brusque, amigo de infância dos meus tios). Alfredo, Júlio, Valtinho e Sérgio Lopes (o fita métrica com destacada passagem pelo Grêmio Porto-alegrense), Buião (Atlético Mineiro e Corinthians Paulista), Sicupira, Paulo Roberto, Rubens (goleiro) e Joãozinho vindo do Cruzeiro e Seleção Brasileira. Paulinho, Silva, Liminha, Serginho, Tião Quelé, Zico, Ademir Rodrigues, Ari, Amauri, Lori, Mazolinha, Valmor e Jaime um excelente time.

Passou se um ano fui visitar meus pais.

Chegando a Brusque meus pais haviam se mudado para Rua Coelho Neto, no bairro Santa Terezinha. Levava em mãos uma radiola azul com duas partes transportável tipo maleta e uns discos de vinil. Dentre eles o inédito Bob Dylan. Lado A - Rainy Day Women, Blowin’ In The Wind, The Times They Are A-Changin’, It Ain’t Me Babe, Like A Rolling Stone. Lado B - Mr. Tambourine Man, Subterranean Homesick Blues, I Want You, Positively 4th Street, Just Like A Woman.

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Logo começaram a aparecer às amigas de minha irmã, fizemos a primeira tarde dançante de minha vida regada a suco de laranja e inconsequentes namoricos.

Reencontro os amigos; Odair, o canona, como havíamos apelido tinha adquirido um Fuscão 1500 branco, rodas tala larga. As festas começavam a ganhar mais ritmo, mas com o mesmo jeito moleque, revivendo as nossas proezas. Uma dessas foi no Balneário Camboriú, em plena madruga, pedimos um lanche para comer no carro e levamos o suporte, garrafas, bisnaga de molho tudo embora, deixando somente o prejuízo.

Ninguém tinha vícios (fumo, álcool ou drogas), éramos de bem com a vida; cheios de energia e deboches, apelidos colocávamos em todo mundo. Passava o natal e ano novo em casa, isso era sagrado, matando a saudade de todos. Quando retomava a minha vida, o meu dia a dia, me enclausurava no trabalho e estudos com o propósito de passar em um concurso público.

Comecei a escrever cartas para a namoradinha semanalmente, desenvolvendo e polindo as palavras, os primeiros passos rumo à solidão e pensamentos refletidos, expondo o lado poético entre quatro paredes, em plena madrugada fria de Curitiba, logo que chegava do Colégio; nas horas que tinha disponível escutando a Rádio Iguaçu que tocava só “Rock And Road” qualificado.

Minha rotina era bem puxada, dormia no máximo seis horas, trabalhando de domingo a domingo. Ainda ajudava minha tia em algumas atividades domésticas; juventude pautada em cima de livros se preparando para a grande virada (concurso público).

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Os dois primeiros anos foram a todo vapor, era aprovado sempre com boas notas. Com o passar dos tempos novas amizades e outros caminhos são experimentados. O terceiro ano do curso, que era a última fase para prestar o vestibular foi catastrófico.

Um grande amigo de sala e vizinho de bairro ganhou um carro de presente, como a gasolina era barata, adeus estudos, quando terminou o primeiro semestre a viola já estava em cacos.

Era só festa, recuperei o ano em seis meses, para não ter que justificar a todos que acreditavam em mim.

Trancar a matrícula e fazer o supletivo no Colégio Iguassu na Praça Rui Barbosa, hoje só resta a fachada

do prédio, que durante 66 anos ali funcionou. Vendido pela família Parodi para um bilionário libanês, Hussein Hamdar, o prédio ainda foi ocupado nos últimos três anos pelo Colégio Decisivo, mas que se transferindo para outro endereço liberou para a demolição. Fundado pelo educador Alfredo Parodi (1901-1943) em 1917, o Colégio Iguassu (com dois "SS") foi um marco do ensino particular de Curitiba durante várias décadas - ao lado do Hotel Parthenon (há muito já fechado). Após a morte do professor Alfredo, sua viúva - dona Elisabete Parodi, senhora vigorosa, assumiu a direção administrativa, com auxílio de seus filhos Amazonas e Gastão - mantendo-se até a sua desativação. Pelo Iguassu passaram gerações de curitibanos e para recuperar o ano a solução que sabiamente administrei foi fazer ali o supletivo que era pago, para fechar o ano sem reprovação.

Alistei-me no exército com vontade de seguir uma carreira militar, mas fui dispensando por excesso de contingente.

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Uma pequena frustração, porque tinha porte físico suficiente para ser um militar e fazer a Academia Militar das Agulhas Negras; unidade do Exército Brasileiro e uma escola de ensino superior localizada na cidade fluminense de Resende.

Prestei vestibular para o curso de Ciências Econômicas na FADEPS-Faculdade de Plácido e Silva, no mesmo ano e consegui ingressar para o mundo academico, meta idealizada a todo custo.

A maior felicidade de minha vida foi quando escutei o meu nome na lista dos aprovados pela Rádio Iguaçu e imediatamente fui à faculdade para o trote.

Queria raspar o cabelo para ficar patenteado esse ciclo; até o meu chinelo Franciscano de tiras de pneu de caminhão que eu adorava feito pelo meu pai doei para os veteranos do diretório. Assim que terminou o trote peguei o primeiro ônibus para Brusque, era um sábado à tarde. Apenas como afirmação; queria mesmo era mostrar quem era o filho do sapateiro e isso que fiz, porque muitos daqueles que zombavam de mim não haviam ingressado naquele ano na universidade e ainda faziam o curso preparatório à custa de papai em Curitiba.

Chegando a casa meus pais não tinham muita noção daquele feito, pelas suas limitações, mas a pessoas da cidade perceberam. Pasta do curso, boné com a logomarca do curso e o emblema da faculdade; fiz questão de visitar todos os meus amigos com o visual de calouro, onde somente dois por cento eram privilegiados com um curso superior neste país e as vagas eram requisitadas e justo o filho do sapateiro havia conquistado esse espaço.

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Tornei-me um exemplo no seio familiar. Logo em seguida saiu o resultado de um concurso que havia feito para fiscal da receita estadual, onde fui aprovado, gerando o primeiro conflito em minha mente, duas ótimas oportunidades, mas teria que trabalhar em Jacarezinho, cidade a 500 quilômetros de Curitiba. Optei por seguir meus estudos e continuar trabalhando com os meus tios, bem depois descobri que poderia ter transferindo o curso para aquela cidade onde iria trabalhar.

A minha estrela começava a brilhar e poderia intensificar rapidamente todo o brilho. Mas, o importante estava conquistado.

A princípio queria estudar engenharia civil ou arquitetura, mas com o fervilhar de um novo cenário político me filiei ao Movimento Democrático Brasileiro.

No Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa, continuamos a luta pela redemocratização. A estupenda vitória alcançada pelo MDB em nível nacional deu novo ânimo aos democratas. O MDB elegeu 16 senadores e quase 100 deputados federais.

No Paraná a Arena lançou chapa completa e fortíssima para a Câmara Federal. O MDB não conseguiu lançar mais que 17 candidatos, sendo muitos desconhecidos do eleitorado. A Arena elegeu 16 deputados e o MDB elegeu 16 dos l7 lançados. Enquanto Álvaro Dias com mais de 200 mil votos, Antônio Belinati e Alencar Furtado tiveram mais de 100 mil votos; Osvaldo Busquei, Pedro Lauro, Expedito Zanotti e Gamaliel Galvão se elegeram pela legenda com menos de cinco mil votos.

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Foi uma verdadeira revolução conquistada pelo voto. Golpe violento contra a ditadura. A ditadura estava cedendo espaço para a democratização de ideias, acertei na mosca em ter escolhido de última hora o curso de Ciências Econômicas.

Estudava a noite em uma turma qualificada de empresários e outros já bem colocados profissionalmente e eu de calça de brim e cabelos compridos, idealizando formar uma banda de rock. Queria participar dos festivais universitários, sendo eu o baterista e o compositor.

Encontrei o par perfeito, Altair de Barros Machado, amigo de carteirinha, passávamos os fins de semana na casa dele estudando e escrevendo letras.

A primeira frase que escrevi em uma mesa de bar traduz o que e o que sigo como lema de minha vida: “Se cada caminho tivesse um atalho à imensidão até as estrelas seria um sopro”. Comecei a divulgar no meio acadêmico e conquistar simpatizantes, era o redator do jornal criado pela nossa turma, mas não tinha um grupo com a minha disponibilidade. Ficávamos nas sextas-feiras depois das aulas, filosofando em guardanapos no Bar Enseada, localizado na Rua Desembarcador Westphalen, 129, Centro; ao lado um chope gelado, bolinho de bacalhau e muita conversa. Trafegando pela Boca Maldita (Rua XV de Novembro ou Rua das Flores) pouco importava para nós era a rua dos idealistas e intelectuais locupletando estratégias de abertura política e liberdade de expressão.

As bandas do Rock nacional circundavam a cidade inflamando a juventude, com letras conclamando nossa postura diante da repressão.

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Comícios inflamados em plena Praça Osório; no Largo da Ordem um burburinho ao pé dos ouvidos, no café da XV, na feirinha da ordem, poetas, atores e artistas expunham seus trabalhos e dentro da sala de aula, nossos mestres eram quase todos militares, catequizando-nos, com matérias de sociologia, ordem social e política, até religião e filosofia.

Mas tinha os comunistas infiltrados também, um deles era o titular da cadeira de Contabilidade Nacional, um sujeito albino de fala mansa tocava o terror. Entregando as maracutaias do governo para fazer superávit primário e equilibrar a balança comercial, no sigiloso silêncio de um apagador de quadro negro em movimentos rápidos. Ele tinha uma cara estranha e uma pele avermelhada de russo. Resolvi perguntá-lo, qual era o salário dele como economista? Ele respondeu: Os grandes ganham muito, mas o mais fácil é fazer o que eu fiz, trabalhei em uma grande empresa e casei com a filha do dono. Mesmo com cara de ditador ele era carregado de humor à base da escola do mestre Chico Anísio.

Nos cinemas da vida passava-se brilhantina nos embalos de sábado à noite ao som de discos de vinis e luzes estroboscópicas. A música internacional invadia o país e os festivais ganhavam espaços. Esse movimento ocorria lá em casa; Lourdete havia casado e Maria Arlete foi morar em Curitiba, mas logo retornou a Joinville.

Por ultimo meu irmão Maurilio veio morar comigo em Curitiba, onde tirei o da decadente cidade onde havia nascido, começando a estudar na mesma faculdade, mas logo teve que servir o exército e foi prestar serviços no 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, em Brasília (DF), após a baixa também se casou. Ficando somente os dois casulas morando com os meus pais; Maria do Carmo e Márcio.

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Como a casa estava se esvaziando migram para Joinville, cidade onde já moram os meus outros quatros irmão (Gilmar, Lourdete, Sueli e Maria Arlete).

Agreguei mais uma função com o meu tio, que na época era fiscal da receita estadual, Trabalhei para a Associação dos Fiscais do Estado do Paraná, começando a ser remunerado e ter vida própria. Fiz inscrição no INOCOOP-PR, para adquirir uma casa pelo sistema financeiro da habitação e logo fui sorteado, mas acabei vendendo para custear meus estudos; que já estava ficando em inadimplemento. Sendo salvo com o advento do Crédito Educativo, implantando por Ney Amintas de Barros Braga.

Ney Braga, como era conhecido o governador do Paraná; em 1974 foi convocado pelo presidente Geisel para compor seu ministério, sendo destinada a pasta da Educação e Cultura. Destacou-se por medidas inovadoras. Instituiu o Crédito Educativo, o Fundo de Assistência ao Atleta Profissional, o Conselho Nacional de Direitos Autorais, a Política Nacional de Educação Física e Desporto, o Programa Nacional de Pós-Graduação; criou o Concine e a Funarte. Enfim, iniciativas modernizantes e objetivas, me salvando definitivamente de ter que trancar a matricula. Políticos da atualidade acham que são os pais da criança.

Tudo que acontecia, o roteiro era encaixado e as peças em sua ordem cronometricamente medidas se apresentavam no palco da minha vida.

Os amores eram o plano dois, esporádicas namoradas. Teve uma garota que pagava passagem de ônibus para eu atravessar a cidade e ir namorar, outra estava bem próxima.

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Mas o que meus tios se área interferiam e queriam para mim; que eu casasse com a irmã de minha tia, morena bonita, pernas lisas. Passei as mãos naquelas pernas, ela se apaixonou ao som da família Jackson Five. Levaram-nos ao cinema e eu escorreguei as mãos delicadamente naquelas coxas; passei a frequentar a sua casa, meus tios aos sábados iam visitá-los e me encaixavam no carro para forçar uma aproximação.

Foi num evento jogando baralho que me embriaguei tomando steinhaeger puro, forçado pelo meu futuro sogro.

Mas o que eu queria era ir para minha cidade natal, onde estava minha princesinha Tereza, que meu pai não aprovava, dizendo sempre abertamente: Um homem de presença namorando uma entanguida dessas (expressão dele que acho que queria dizer que ela era baixinha e pobrinha). Mas tinha tudo haver comigo, baixinha, hippie, cabelinho de carneiro; ficamos uns bons anos embalando nossa juventude, sendo nesta fase que me distanciei dos meus amigos de infância, passei a vivê-la em poesia.

Enquanto isso em casa minha mãe empreendia comprando um tear para fazer tapetes e tudo passou a ficar mais abundante, nas férias da faculdade eu sempre estava lá para ajuda-los a organizar os negócios, nesse período meu pai havia conseguido a aposentadoria. Sempre dona Luiza buscando os direitos que a ela pertencia.

Enquanto isso mais um novo endereço domiciliar; quando retornei para passar minhas férias tive que perguntar para os vizinhos onde poderia encontrá-los.

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Uma bela casa de madeira, amplo pomar e o rio Itajaí-mirim passando nos fundos. Nessas férias trouxe na bagagem um violão, mas o meu tempo estava escasso em função dos estudos, concursos, dei de presente para o meu irmão casula Márcio, que foi uma bela opção, hoje ele é um autêntico músico e nos alegre muito pelos seus gostos refinados e sonoros. Este era o mais problemático, desde nascença sofria com as crises asmáticas, mais em leito hospitalar do que em casa.

A minha faculdade atribuía todo o empenho, tinha o domínio pleno do curso, comprava muitos livros em sebos, assinatura de revistas, recortes de matérias. Lia os importantes economistas nacionais. Adiantava os trabalhos acadêmicos com resumos para em momento oportuno discorrer algumas perguntas ou desenvolver qualquer tipo de respostas, eu era a segunda maior nota do curso. Tinha um enorme grupo de amigos de classe para os quais fazia os trabalhos e passava as respostas nos dias de provas e depois os colocava em meu grupo, por isso me remuneravam ou me levavam as festas. Isto, graças ao Credito Educativo que envia o pagamento da mensalidade direto na conta da faculdade e ainda liberava na minha conta corrente dois salários mínimos para o seu custeio.

Li muitos livros à custa de outros acadêmicos que me pagavam para fazer os trabalhos de faculdade: A República, de Platão, Capital, de Karl Marx, Pequeno Príncipe, de Antonie de Saint-Exupéry entre outros.

Nas provas bimestrais era eu a salvação de muitos que estavam ali somente para ter o diploma para desenvolvimento de suas carreiras. Era o centro da rodinha.

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Terceiro ano concluído, participando da política e dos meios culturais; filiado ao Movimento Democrático Brasileiro e culturalmente envolvido no que ocorria no mundo e no país. Movimentos de tudo que se podia imaginar, seguidor do poeta Paulo Leminski e Ivo Rodrigues Junior, vocalista da Banda Blindagem, antes membro de A Chave; frequentávamos um barzinho pé sujo ao lado do edifício ASA, onde eles davam uma canja. Os meus escritos se aprofundavam; mais admiradores sugeriam a publicação, mas muito dificultosa, não existia espaço na mídia ainda dominada pela censura. Dessa vida sem roteiro e de alimentar não saudável, adquiro um cálculo renal.

Novo amor surge nos embalos das discotecas e em pleno cinco de fevereiro, carnaval havaiano em minha cidade natal, levando-me ao matrimônio em um espaço curto de onze meses.

Uma festa monumental, com presença de ilustres convidados da cidade, um evento grandioso, a marcha nupcial afinada pela filha do renomado maestro brasileiro Edino Kruger, nascido em Brusque em 1928, consolidou sua carreira musical no Rio de Janeiro, com passagens pelos Estados Unidos e Inglaterra. Como compositor, deixou marcas profundas no meio musical brasileiro, trazendo importantes contribuições para o desenvolvimento da cultura, da música e do músico brasileiro, sendo, sem sombra de dúvida, um dos pilares do meio musical de nosso tempo.

Ao espumejar das ondas que em plena lua fez do mel o doce aconchego para uma lua de mel se realizar em um sonho familiar e preencher a solidão de oito anos entre quatro paredes paradas transpirando poesias e ideologias.

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Não havia concluído a faculdade, restavam seis meses e o professor de Moedas e Bancos me perseguindo, achando que nas provas eu colava, ficando ao meu lado o tempo todo para me flagrar, coisa que não conseguiu. Terminado a prova entreguei em suas mãos e falei: Coloco-me a disposição para fazer de forma oral toda a matéria dada, suas provas não testam nada e são fracas. Pensei que me daria um zero, já articulava o pedido de revisão junta à secretária da faculdade, mas não foi necessário. Quem sofreu foram os colegas que dependia da minha ajuda.

Foi uma linda Formatura, a segunda turma de 1979, no palco do Circulo Militar, ao lado de minha segunda mãe Lurdes e minha ex-esposa Lenita. Nesse intervalo surgiu uma indicação de meu grande irmão e amigo Altair de Barros Machado. Onde ladeamos por quatro anos quase que abraçados em um banco escolar, nessa linda faculdade do conhecimento.

Caminhei para vida, conquistando um grande emprego dentro de minha formação em uma das maiores empresas nacional no seu segmento, a Supergasbras Distribuidora de Gás, espalhadas pelo Brasil em seis regionais: Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná e como outra denominação no Rio Grande do Sul (Multigas). .

A Supergasbras consta da relação de 3 categorias na tradicional

edição "Melhores e Maiores" da revista Exame, que avaliou os dados de mais de 3 mil empresas e dos maiores grupos privados do Brasil em 2013. Incluída em: "As 500 maiores em vendas" (172º lugar); "Os 200 maiores grupos" (136º lugar); "Os 50 maiores do comércio" (43º lugar).

Uma história correlata: Um jovem de nível acadêmico excelente candidatando-se a uma vaga de gerente em uma grande empresa.

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O diretor avaliou através do seu currículo que as suas realizações acadêmicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até a pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse pontuado com nota máxima.

O diretor perguntou: Tiveste alguma bolsa na escola? ─ O jovem respondeu "nenhuma". O diretor perguntou: Foi o teu pai que pagou as tuas mensalidades? ─ O jovem respondeu: O meu pai faleceu quando

tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades.

O diretor perguntou: Onde trabalha a tua mãe? ─ E o jovem respondeu: A minha mãe lava roupa. O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as

suas mãos. ─ O jovem mostrou um par de mãos macias e

perfeitas. O diretor perguntou: Alguma vez ajudaste a tua mãe a lavar as roupas? ─ O jovem respondeu: Nunca, a minha mãe

sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu.

O diretor disse: Eu tenho um pedido. - Hoje, quando voltares, vais e limpas as mãos da tua mãe, e depois vens ver-me amanhã de manhã.

O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego

era alta. Quando chegou a casa pediu feliz mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho o pedido, mas ficou feliz, com um misto de sentimentos e mostrou as suas mãos ao filho.

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O jovem limpou lentamente. Uma lágrima escorreu no rosto enquanto limpava. Era a primeira vez que reparava que as mãos dela estavam muito enrugadas e havia demasiadas contusões. Algumas eram tão dolorosas que ela se queixava quando ele limpava com água. Esta era a primeira vez que o jovem percebia que aquele par de mãos que lavavam roupa todos os dias tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos era o preço pago pela sua graduação, excelência acadêmica e o seu futuro.

Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas para a sua mãe. Nessa noite, mãe e filho falaram por um longo tempo. Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor.

O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou: Diga-me o que fizeste e aprendeste ontem em tua casa?

─ O jovem respondeu: Eu limpei as mãos da minha mãe e ainda acabei de lavar as roupas que sobraram.

O diretor pediu: Por favor, diga-me o que sentiste.

─ O jovem disse:

─ Primeiro: agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não existiria e nem teria sucesso hoje.

─ Segundo: ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora eu senti a dificuldade e a dureza que é ter algo pronto.

─ Terceiro: agora aprecio a importância e valor de uma relação familiar.

O diretor disse: Isto é o que eu procuro em um gerente.

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Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Estás contratado.

Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipe. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.

Uma criança que foi excessivamente protegida e teve habitualmente tudo o que quis vai desenvolver-se mentalmente de modo a se colocar em primeiro plano. Tende, em regra, a ignorar os esforços dos seus pais e ao atingir a vida adulta, poderá assumir a postura de que as pessoas sejam obrigadas a lhe ouvir tão somente pela sua posição de gerente, chefe ou superintendente.

Talvez nunca saiba o sofrimento dos seus empregados e vai sempre culpar os outros. É provável que atinjam o ápice acadêmico e profissional, mas existirá o risco de não experimentarem a sensação de objetivo atingido. Vai resmungar, estar cheios de ódio e lutar por mais. Se formos esse tipo de pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir o nosso filho?!

Você pode proporcionar ao seu filho que viva em uma grande casa, que coma boas refeições, aprenda piano e veja televisão num grande TV de LED. Mas, quando cortar a relva, por favor, deixe-o vivenciar isso. Depois da refeição, deixe-o lavar o seu prato juntamente com os seus irmãos e irmãs. Isto independe de ter ou não dinheiro para contratar uma empregada. Isto é amar como se deve amar.

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Faça-o entender que não interessa quão rico os seus pais sejam, um dia ele vai envelhecer, tal como a mãe daquele jovem. A coisa mais importante que os seus filhos devem entender é a apreciar o esforço, a experiência, a dificuldade, o aprendizado, a habilidade de trabalhar com pessoas tão diferentes e tão fundamentais para que se alcance objetivos comuns.

Quais são as pessoas que ficaram com as mãos enrugadas por mim? E por você? O valor de nossos pais.

Essa breve relato transcrito, faço como se a vida paralisasse por um minuto em memória de meus pais Nilo e Luiza e de minhas irmãs Sueli e Ivete e de minha tia Lurdes. Em vida Antônio Nelson e Osni.

Sempre tive bolsas de estudos, mas em função

das buscas incessantes de minha mãe. Não precisei lavar as mãos dela ou deles para perceber seus calos, fizemos juntos com muita dedicação.

Após a entrevista o meu Diretor Fernando

Castione me chamou em sua sala observou em meu currículo um curso de Localização Industrial, descrevi com detalhes por muito tempo sobre o assunto; na época o prefeito de Curitiba Jaime Lerner estava implantando a Cidade Industrial, expliquei uns dos motivos, entre eles, foi em função das correntes de ventos que não levaria a poluição das fábricas para o centro da cidade.

Ficamos horas em uma conversa profissional e

muito animadora, onde ele Fernando Castione, um grande idealista, dizendo-me o motivo para qual eu estava sendo contratado: Estruturar um Departamento de Custos, Orçamentos e Projetos só existente na Matriz; nas Regionais a nossa seria a pioneira.

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Quinze dias depois estava embarcando para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa para fazer um estágio de um mês. Coincidentemente, chegava pelos correios minha convocação para começar a trabalhar no Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) concurso que havia sido aprovado para o cargo de Auxiliar Administrativo. Claro que preferi o desafio de atuar dentro da minha especialização. Estava concluindo a faculdade de economia e pela primeira vez voei literalmente; seis meses depois havia implantado o Departamento de Custos, Orçamentos e Projetos. Passamos a dar treinamentos às demais Regionais viajando os quatro cantos do país.

Quinze meses se passaram e minha primeira promoção, assessorando uma nova diretoria. Logo nasceu minha primeira filha Letícia. O confortável saber fez de mim pai, outra obra cronologicamente registrada.

A seguir iniciou-se às reformas na administração do grupo Supergasbras, com o objetivo de descentralizar as decisões e profissionalizar-se ainda mais; Wilson Lemos de Moraes afasta-se das posições executivas da Companhia por motivo de saúde.

Tão logo nasceu a minha primeira filha Letícia em 18 de Maio de 1981 (mesma data que o Papa João Paulo II comemora o seu aniversário – meu ídolo).

João Paulo II chegou à capital no dia 5 de julho de 1980, vindo de Porto Alegre. Karol Wojtyla - o primeiro polonês a ocupar o trono de São Pedro - foi aclamado por uma multidão de pessoas que se concentravam ao longo de todo o percurso percorrido até o Estádio Couto Pereira, onde falou para um público superior a 60 mil pessoas, tudo acontecendo como uma obra divina nós estávamos ali, Letícia no ventre da mãe.

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Logo em seguida minha irmã querida Ivete contraiu matrimônio e foi morar em Joinville; ficando somente os dois irmãos mais novos juntos de meus pais, Maria do Carmo e Marcio. Nesse ínterim venderam a casa de Brusque e compram outra em Joinville no bairro Saguaçú, para ficarem próximos onde estavam os demais.

Após dezesseis meses nasceu à segunda filha Vanessa em 11 de Setembro de 1982.

Compramos um apartamento no condomínio Amarílis. Leticia e Vanessa passaram a conviver melhor, pois o condomínio possuía cento e quarenta e quatro apartamentos, repletos de crianças.

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-las a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo, nem culpa de ser feliz.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida a nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo o desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo novo, de novo e de novo quantas vezes forem precisas.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se presente e tem a duração no instante que passa...

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Minha vida acelera tanto em casa como no trabalho, poucas experiências como pai e ainda longe de familiares; emagreço quilos e quilos no sonoro choro de dois bebes em plena madrugada até o amanhecer.

Cochilo e percorro 60 minutos até o trabalho, de segunda a sábado. Mais atribuição na empresa. Começo a fazer inúmeras viagens, substituindo gerentes em férias, longe de casa e a cabeça ligada com tantos problemas e cuidados.

As minhas filhas especiais necessitavam de muitos cuidados iniciais, uma tinha que usar botinha para corrigir um defeito no pé, outra, usava aparelho para corrigir um defeito no queixo.

Nesse intervalo meu pai havia falecido de enfisema pulmonar exatamente no dia 30 de Janeiro de 1986, quando estava voltando de férias. Havia passado o fim de ano em uma praia próximo de Bombinhas (SC), onde a mãe de minha ex-esposa tinha uma casa de veraneio na Meia Praia. Ao abrir a porta do apartamento o telefone tocou e recebi a notícia do falecimento, deixei as malas como estavam e retornei para o velório. Um fato marcante, aos setenta e seis anos de idade é sepultado em Joinville o meu pai Nilo Ramos da Silva.

A vida segue mais duas promoções galgadas na minha carreira profissional. Em 1986 Wilson Lemos Júnior, dando prosseguimento ao processo de profissionalização da empresa planejado pelo seu pai, assume a presidência da Supergasbras Indústria e Comércio para coordenar o processo de transição administrativa. Durante dois anos que ocupou o cargo, levou a empresa a atuar no norte/nordeste brasileiro, associada à Liquigás.

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Inaugurando a Novogás em 1987, em Recife, tendo sido o primeiro presidente desta empresa. Nesse trajeto chego à chefia de Operações em uma condição de turbulência no setor, em seguida ocorreu a maior greve na REPAR – Refinaria da Petrobras em Araucária – Paraná e somando para piorar a do Sindicato dos Petroleiros, abrangendo todos os funcionários do setor, a maior greve deflagrada da história e eu comandando toda a logística. Ficamos paralisados internamente, mas operacionalizando a atividade por outros mecanismos externos; minimizando o desabastecimento do gás de cozinha no mercado.

Com o término da greve levamos noventa dias para reabastecer o mercado, com maciça dose de trabalho, mas obrigou-me a incrementar métodos de produção nunca experimentados. Levando-me a mais um título em meu currículo, um ano depois, ocupo o Cargo de Chefe de Contabilidade, outra área totalmente desestruturado, nada informatizada e com quinze filiais centralizadas sob meu comando.

Em 1988 ainda na gestão Wilson Lemos Júnior é definida a próxima etapa do processo de profissionalização do comando executivo da empresa, sendo designado Abelardo de Lima Puccini o primeiro presidente profissional contratado no mercado.

Neste período obtenho a maior vitória profissional. Formalizo uma consulta a Comissão Consultiva da Secretária da Fazenda do Estado do Paraná a respeito da Substituição Tributária do ICMS. Nova sistemática de tributação, mas em desacordo com as praticas comerciais, um conflito legal só observado por mim (como identificar o consumidor final se a composição da estrutura de preço do produto possuía três escalas de consumo?). Conforme descrevo na integra:

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1 - A Consulente, distribuidora de gás combustível, solicita informação sobre procedimentos fiscais relativos ao ICMS. Visto ter constatado que os débitos apropriados através da substituição tributária são indevidos quando tomam por base de cálculo os preços praticados na entrega domiciliar normal.

2 - Tal situação, que ora se coloca, é pelo fato de mais ou menos 80% de suas vendas serem efetuadas por Representantes que não efetuam a Entrega Domiciliar, e sim a venda de Portaria. E de acordo com o que rege o Decreto 5.012/89 - PR, artigos 8° e 9° em anexo, com alterações dadas pelo Decreto 5.132/89, o valor a ser retido terá como base de cálculo o preço de Portaria, que nesse caso é o preço máximo a varejo.

3 - Acha a consulente viável esse questionamento; pois o artigo 9° diz que só deve debitar o imposto sobre a taxa de Entrega Domiciliar quando for acrescentada ao valor da venda o que não ocorre conforme citado no tópico 2.

RESPOSTA DA COMISSÃO CONSULTIVA

Em resposta diremos que os dispositivos arrolados pela consulente são claros e insofismáveis. Nada há a tergiversar. O artigo 8° do Decreto 5.012/89 manda que o contribuinte substituto aplique a alíquota de operação interestadual sobre o PREÇO MÁXIMO DE VENDA a varejo. Já o parágrafo único deste artigo, na redação do artigo 1°, alteração L, do Decreto 6.466, de 29/12/89: diz que na falta do preço máximo de venda a varejo; a base de cálculo é o PREÇO DE VENDA PRATICADO PELO SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO.

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Incluídos os valores correspondentes ao IPI, se for o caso, fretes, carretos, seguros e outros encargos transferidos ao VAREJISTA, bem como bonificações e descontos, acrescido do percentual de lucro de 30%.

Destarte, não vê este colegiado onde, na substituição tributária, tomar por base de cálculo os preços praticados na entrega domiciliar. Realmente, se o varejista, na venda do GLP, adir a taxa de entregar domiciliar, estará a consulente desonerada do pagamento do ICMS sobre o valor dessa taxa, porquanto já praticara o preço nas regras do artigo 8° ou do seu parágrafo único, conforme focalizamos em linhas anteriores.

Finalizando, é o VAREJISTA o único responsável pelo ICMS pertinente ao valor da taxa domiciliar que impuser aos particulares (contribuintes de fato).

Está decisão me rendeu um lindo memorando de elogios da Diretoria Financeira. Mas para a empresa representou para o fluxo de caixa de 19% retido em seus cofres, em um período de inflação elevada e juros maiores ainda para quem no momento era tomador de empréstimos.

Nesse percurso, sou acometido de um grave acidente automobilístico, em meio à neurose do trabalho e brigas dentro do lar pela falta de tempo para minha família, onde em um momento de fragilidade proferi uma frase antes de sair de casa para o trabalho extremamente infeliz: ─ Não preciso de ninguém nessa vida! Quinze minutos após, ocorre a maior desgraça evitada por Deus, apenas alertando-me. Lembro que alguém perguntou como eu estava e acordei no hospital.

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Todas as providências foram tomadas, família e empresa comunicada do acidente; até hoje não sei quem me socorreu?

Será? Apavorei-me ao ver o estado que ficou o

veículo, foi rebocado direto para um desmanche, por sorte um pequeno corte em cima de uma veia da mão esquerda, onde o sangue jorrava; uma pequena sutura realizada no pronto socorro do Cajuru e as dores da colisão muito impactante; por um tempo ficou o trauma em dirigir.

Levei seis meses para adquirir outro veículo, em

função de minha atividade que era gerente da área de transporte e tinha que percorrer as filiais com frequência.

Em quatorze anos cheguei o posto máximo na

carreira “Gerente de Controladoria e Finanças”, em 01 de Abril de 1993. Minhas duas filhas já na adolescência. Meus outros dois irmãos (Marcio e Maria do Carmo) se casando e minha mãe morando sozinha, um pouco distante dos demais e com idade avançada.

Com uma nova função tudo acontecendo de forma

acelerada, viagens constantes a trabalho, a vida familiar sofrendo um desgaste enorme, uma cirurgia no estômago, a hérnia de hiato em estado crônico em 10 anos me consumindo de tanto ardor.

No dia 1 de Maio de 1994, em plena comoção nacional pela morte Airton Sena da Silva, acordo seis horas da manhã, arrumo minhas malas e estou me divorciando. Todos se surpreendem, mas sigo a vida e mantenho as minhas obrigações, não tão feliz, mas com propósito de encontrar uma oportunidade para poder buscar uma realização intima.

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Em 11 de Janeiro de 1995, o Conselho de Administração define a associação junto ao Grupo Sul América, negócio que envolve 40% das ações da empresa. Em 1995, 49% das ações são adquiridos por um grupo holandês, desencadeando um processo de mudanças em um ritmo frenético.

Em 28 de Dezembro de 1995 é definida a associação junto ao grupo holandês adquirindo a totalidade das ações do Grupo Sul América, e 9% da Supergasbrás – SIC. Passando a seguinte composição acionária: 49% SHV e 51% SIC; 1996 O comando é dividido entre Patrick Kennedy, executivo da SHV e Geraldo Ferreira Muniz, executivo da SIC. 1997 Cria-se a empresa S&M Armazenadora. Uma luta particular desenvolvida na nossa Regional, onde fui peça fundamental para a sua implantação. Nunca aceitei os valores que eram cobrados para manter nossa estocagem pela empresa Utingás, cuja rubrica em nosso balancete contábil tinha um pesado valor, prejudicando o resultado final quando comparado com outras Regionais.

Sabiamente o então Gestor Patrick Kennedy cedeu aos meus longos debate em reuniões em nossa matriz, sediada no Rio de Janeiro, a Rua São José nº 90. Resultado da gestão em cooperação entre as empresas Supergasbras e Minasgas.

Com o objetivo de incentivar a entrada de novos investimentos e aumentar a concorrência, iniciou-se uma reforma que teve como balizador fundamental a promulgação da Lei 9478, de agosto de 1997. O novo marco legal criava as bases para abertura dos segmentos de exploração e produção, refino, transporte, importação e exportação de petróleo e seus derivados.

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Objetivava-se, também, a eliminação gradual dos subsídios e a progressiva desregulamentação dos preços. Felicidade para o setor de distribuição de GÁS DE COZINHA, mas tristeza em minha vida com o falecimento de minha irmã Sueli, um infarto fulminante sorrateiro levou a mais agregadora e generosa pessoa do nosso seio familiar. No momento em que adquiro um terreno na Lagoa de Barra Velha, em 17 de Janeiro de 1998 e construo um rancho para pescar e podermos veranear próximo dela. Em 20 de Agosto de 1998 ela nos deixou órfão de sua alegria.

Em 1998 Patrick Kennedy encerra a sua gestão, sendo substituído por outro executivo da SHV vindo da Índia, o britânico Robert West. Em junho de 1998, Andrew B. Willing então dirigindo a ação da SHV na China, substitui Robert na Presidência da Supergasbras Distribuidora de Gás.

Em 1999 resolvemos construir uma nova casa para minha mãe. Por conseguinte, melhorar sua qualidade de vida, renasceu uma nova Dona Luíza morando ao lado de seus filhos, Arlete e Márcio.

Das perdas havidas agregamos mais sentido repartindo um pouco de tudo aquilo que ela tinha me proporcionado.

Começa um período de turbulência interna de grupos dentro da empresa. Sou candidato preferido para sucessão do Diretor, que inexplicavelmente é demitido em Novembro e dois meses após também deixo a empresa (em 21 de Janeiro de 2000); perfazendo 20 anos 2 meses e quinze dias de trabalho ininterrupto.

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Faço um acordo e recebo em minha indenização uma área em Santa Catarina para representar a empresa, em 15 de fevereiro constituo a GABIGAS Distribuidora de gás, abrangendo três municípios, São Bento do Sul, Campo Alegre e Rio Negrinho. Onde passo a residir e constituir uma nova família. Em Curitiba, minha filha Letícia, ingressava na faculdade de Turismo, outra alegria que me enobreceu.

Do status quo para a carreira de empreendedor; integralizo um investimento, adquiro de três veículos.

Seis meses depois, participo de mais uma sociedade, agora na área de Propaganda e Publicidade, em Curitiba. Em parceria com o meu ex-diretor e amigo onde fui seu assessor Carlos José Romão, com a finalidade de ajudá-lo, uma vez que ele estava aposentado e queria alguém de confiança junto de um empreendimento para poder se ocupar para sair de uma depressão. Pelos 18 anos que trabalhamos juntos, a princípio parecia brincadeira, por ser ele uma pessoa muito divertida, mas o seu caso era gravíssimo. Fundamos a Alvo Propaganda e Publicidade Limitada, cujo objetivo era usar o prestígio que ele tinha com Diretor junto aos seus pares nas distribuidoras de gás e na rede de revendas, nicho de mercado onde tínhamos transito livre. Equilibro minhas finanças novamente e os negócios começam a fluir.

Em São Bento adquiro um terreno de quase 2 mil metros quadrados, dando de entrada um veículo que possuía e parcelei o restante em doze meses, com o lucro o investimento foi liquidado; uma vez que possuía reservas e a empresa em Curitiba mantinha as minhas obrigações em dia, não necessitando sacrificar os cofres da Gabigas.

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Ampliamos a empresa com estrutura adequada e sobrou ainda parte da área para construir um sobrado esperando nascer à herdeira que estava a caminho.

No ano seguinte mais duas alegrias, Minha filha Vanessa ingressava a faculdade de Propaganda e Publicidade e vem meu mundo a alegria em 20 de Setembro de 2001, minha terceira filha Sabrina. Fruto de uma união estável advindo de Curitiba e mentora da abertura de uma empresa em São Bento do Sul, onde se objetivava tirar o pai e irmão das estradas, lugar onde passaram a vida como caminhoneiro.

Intercalo minha rotina entre São Bento do Sul e Curitiba, nesse vai e vem e com a eleição do governo petista o preço do gás de cozinha fica congelado.

Em 2003 fundamos a APAGAS - Associação Paranaense de Gás, onde ocupo o cargo de Vice-Presidente com participação ativa para regulamentar o setor de distribuição de gás, onde em 18 de Novembro de 2003, a Agência Nacional de Petróleo, instituiu através da Portaria 297 a figura da REVENDA DE GÁS DE COZINHA.

APAGAS passa a ter um papel importante junto às distribuidoras face às mudanças no perfil comercial do revendedor gerando um inadimplemento enorme no setor, onde poucos percebem o novo modelo de comercialização. As experiências adquiridas com as modificações de mercado no comercio de gás em Curitiba aplico em São Bento do Sul e em curto espaço passamos a ter uma participação de mercado em 50% dos lares.

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Face ao conhecimento antecipado dos malefícios que a lei trazia em seu arcabouço, nomeei as revendas antes da concorrência, não desprezando os parceiros.

Em Curitiba a empresa Alvo Propaganda e Publicidade; contrata para o seu quadro de funcionário minha filha Vanessa, em fase final de curso, vem para aplicar seus conhecimentos acadêmicos na área e passamos a liberar o mercado no segmento de imã de geladeira.

Mas os bons negócios...

O grande problema de uma sociedade é que ela é muito bonita quando esta dando certo, mas na hora que algo sai errado, sai da frente, porque ninguém vai se lembrar da família, da equipe. Tudo ficará de lado e dará espaço para xingamentos dos mais variados (e se você tiver sorte, descobrirá alguns novos).

Costumo comparar sociedade à balada, sabe quando o cara se aproxima de uma garota linda e xaveca a noite toda, é linda para cá, maravilhosa para lá. Aí ela resolve mandar o cara embora, o que acontece? O cara fala mal da garota, chama de feia, tudo o que foi dito minutos atrás, foi esquecido.

Ah! Então não devo entrar neste tipo de parceria/sociedade nunca? Não, meu caro. A grande sacada é analisar os prós e contras, mas o fator essencial é o que a pessoa (sócio) pode agregar. Por exemplo: Você pensa abrir uma empresa, é um cara inteligente na área de publicidade, tem uma criatividade maior que o mundo. Sabe criar peças sensacionais. Porém, na hora de falar com cliente, você trava, não sabe como tratá-lo, ou pior, não sabe encontrar clientes.

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Mas aquele seu amigo é um ótimo comercial e tem muitos contatos. Então ele vai agregar à sociedade. Sociedades podem surgir nos lugares e situações mais inusitadas. Agora imagine que você é um profissional ótimo em administração, controla e projeta feito louco, não tem desafio que você não ultrapasse e aí você encontra outro profissional excelente com o mesmo perfil. O que vocês fazem? Juntam-se, claro.

Mas não seria mais fácil se ele fosse comercial? Ah, mas qual é o problema de ter dois administradores? O problema é que duas pessoas tratando da mesma área correm o sério risco de não agregarem nada à sociedade, o que pode vir a gerar muitos conflitos.

Falando de negócios, será que não era melhor contratar um comercial ao invés de montar uma sociedade com ele? Será que dividir 50% dos lucros vale a pena? Sua capacidade de ser o único sócio não é boa o bastante? Analisar tudo isso é bom, pois ter conflitos internos sempre é uma situação desagradável e em sociedade é tiro e queda acontecer esse tipo de coisa. Procure pessoas que sempre podem acrescentar ao trabalho, que tragam coisas que você não poderá trazer à sociedade, pessoas que de preferência sejam mais inteligentes que você. Isso não é vergonha, ao contrário: você aprenderá muito. E você, já teve alguma sociedade? Qual a experiência? Pois é tudo isso que questiono foi tudo aquilo que não fiz...

Em 2004, perdemos o contrato do nosso maior cliente na área de propaganda em função da mudança de diretoria, sendo estes desafetos do meu sócio, encolhemos de tamanho. Não tivemos mais reação, somado ao desgaste das minhas idas e vindas, só tinha um momento de lazer nas terças-feiras, onde reuníamos em nossa associação (APAGAS).

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Na sequencia o meu sócio faleceu e a empresa travou em função da conta bancária onde só ele operava e tinha plenos poderes, em face de aspectos legais do inventario. A empresa morreu junto, os grandes clientes desapareceram. Depois continuei em escala menor, para depois ficar só com o setor de criação, onde minha filha passou a administrar sozinha. A empresa de propaganda e publicidade encerrou suas atividades e 2010.

Enquanto no segmento do gás de cozinha as coisas fluíam chegando ao máximo de investimentos. Premiado pelos analistas de mercado, como a empresa Top de Marketing. Como o Top tudo entope, o nosso caso não foi diferente, até poderíamos lançar um candidato a cargo eletivo político de tão popular que ficamos; se perder fosse questão de tempo, que espere o tempo necessário para justificar um tempo de imaturidade. A causa foi quando um dos sócios que administrava o dia a dia da empresa se retirou para realizar mais uma faculdade e assumir o filho do tempo, top tempo. Por ser uma empresa Individual não constava o meu nome na sociedade, não idealizada por ele e sim por quem havia investido para atribuí-lo alguma atividade. Como tudo já estruturado rendia verdadeiros sacos de confete, após reuniões constantes com a distribuidora e os concorrentes, em busca de equacionar o mercado a lucratividade gerada começou a ser jogada aos carnavais da vida. E dele cabia-nos varrer e lustrar o salão.

Vem à crise - Empresas moveleiras fazem demissões em massa no Planalto Norte. Desvalorização do dólar continua sendo a causa da crise no setor de móveis e madeiras na região. A crise no setor moveleiro estava provocando muitas demissões nas indústrias de São Bento do Sul. A indústria de Móveis Rudnick confirmava a demissão de 80 funcionários da Fábrica III.

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Móveis Neumann demitindo 216 funcionários. Além das empresas são-bentenses, a Battistella, comunicava a demissão de 400 funcionários, das unidades de Rio Negrinho (cidade próxima a 15 km).

Levantamento do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul aponta queda de quase 27% nas vendas. A diminuição nas vendas acarreta perdas no faturamento. Nos últimos dois anos a receita das empresas registrava uma queda de 35,5%.

Uma das alternativas adotadas pelas empresas

moveleiras para evitar a falência foi o corte na folha de pagamento. Desde junho de 2004 somava-se mais de dois mil desempregados, o que correspondia a 19% da mão de obra empregada pelo setor. Também houve queda de 33% no volume de contêineres exportados. No final do ano, as perdas chegaram a 26,7%. Já no faturamento em dólar as empresas sentiram perdas em 2006, se comparado com 2005 o saldo foi 22% menor.

A valorização do real frente ao dólar a partir de 2003 aconteceu naturalmente, não foi necessário vender nossas reservas, ao contrário a partir de 2006 o governo estava comprado dólar na tentativa de desvalorizar nossa moeda. A solidez de nossa economia surpreendeu os empresários de nosso município que dependiam tão somente de exportações.

2.000 demissões, evidente que carrega 8.000 pessoas para outros lugares em busca de emprego, o consumo do gás de cozinha é o primeiro a sofrer com a essa redução. Com a redução de empregos reduz o consumo.

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O mercado fica mais competitivo e os preços não sobem.

Começa a avalanche de aumentos por parte da Petrobras e das Distribuidoras e o consumidor da região perdendo o poder de compra o cenário para as revendas fica catastrófico:

As manchetes de jornais naquele momento eram somente de aumento de preço:

“Aumento do gás de cozinha chega aos consumidores, é o terceiro aumento, este ano”.

O gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) fica mais caro no dia 01 de Julho de 2008, comunicado pela Petrobras às distribuidoras, a alta será de 6%. Cujo preço estava congelado desde 2002. Bandeira de Mello critica o que chama de "artificialismo exagerado" na política de preços da Petrobras para o GLP, uma vez que o produto vendido em botijões de 13 quilos está congelado desde o final de 2002. Ele calcula que, hoje, a diferença de preços entre o botijão de 13 quilos e os outros vasilhames chegue a 50%.

As distribuidoras não cedem e repassam o reajuste para as revendas, negociamos o máximo possível, o preço de custo sobe 4 reais e o preço de venda ao consumidor despenca ainda mais, o prejuízo dobra.

A partir de 18 de Abril de 2008, o BESC - Banco do Estado de Santa Catarina é incorporado pelo Banco do Brasil. À transição ocorrerão nas 450 agências do Estado e nos 192 postos de atendimentos.

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Essas agências e postos de atendimento estão espalhados por 293 municípios Catarinenses. Juntos somam 1,5 milhão de clientes no Estado. Essa mudança nos tira vários benefícios que tínhamos na instituição anterior. Perdemos o prazo para renovar os contratos antes da incorporação em função de um sócio avalista ter-se negado a assinar o novo contrato antes da mudança da gestão do banco. Culminando em termos que optar pela troca de cheques pré-datados com terceiros a ordem de 5%, antes pelo BESC 2,8%. 70% das vendas da nossa empresa era a prazo, a diferença de taxa a maior em 2,2% gerou drasticamente um impacto nos custos administrativos.

A crise que vivíamos naquele momento também era o desequilíbrio da maior economia do mundo, os Estados Unidos. Os ataques de 11 de setembro têm a ver com isso. Depois da ofensiva terrorista, o governo americano se envolveu em duas grandes guerras, no Iraque e Afeganistão e começou a gastar mais do que deveria.

Para piorar a situação, ao mesmo tempo em que o país investia dinheiro nas guerras, a economia deles não ia muito bem. Uma das razões é que os Estados Unidos estavam importando mais do que exportando. Ao invés de conter gastos, os americanos receberam ajuda de países como China e Inglaterra. Com o dinheiro injetado pelo exterior, os bancos passaram a oferecer mais crédito, inclusive a clientes considerados de risco. Aproveitando-se da grande oferta a baixas taxas de juros, os consumidores compraram muito, principalmente imóveis, que começaram a valorizar.

A expansão do crédito financiou a bolha imobiliária, já que a grande procura elevou o preço dos imóveis.

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Porém, depois disso, chegou uma hora em que a taxa de juros começou a subir, diminuindo a procura pelos imóveis e derrubando os preços. Com isso, começou a inadimplemento, afinal, as pessoas já não viam sentido em continuar pagando hipotecas exorbitantes quando as propriedades estavam valendo cada vez menos.

Nesse momento, faltou dinheiro aos bancos, que em um primeiro momento foram ajudados pelo governo americano. Só que, ao mesmo tempo, surgiram críticas a essa política de socorro aos banqueiros. Frente à pressão política, a Casa Branca decidiu que não ia mais interferir, deixando o Banco Lehman Brothers quebrar.

O fechamento do quarto maior banco de crédito dos Estados Unidos causou pânico e travou o crédito. Chegou à crise, que afetou o Brasil. Sem crédito internacional, também diminui o crédito no Brasil, caem às exportações e o preço das nossas mercadorias.

Aumenta o risco e as taxas de juros disparam. Uma crise dessa intensidade não é comum, a mais parecida com ela foi à de 1929. O historiador norte-americano Edward N. Luttwak no seu texto "A Roda da Fortuna" no caderno "Mais" da Folha de São Paulo de 25 de outubro de 2008 tece o seguinte comentário para a atual crise econômica global: “Muitas empresas estão diminuindo de tamanho, entrando em colapso ou simplesmente fechando as portas e aquelas que sobreviverem terá receita muito menor e bem menos funcionários”.

Em 12 de Fevereiro de 2010 tomamos um empréstimo a taxas elevadas para cobrir o fluxo de caixa, quando o correto seria optar pela venda de um bem, mas não foi acatada a ideia, com um agravante:

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Dizem-me quem se desfaz de um bem material esta empobrecendo, então teria que substituir por sacar menos da empresa, mas não! As retiradas duplicaram em dinheiro vivo, sequer aceitando cheques pré-datados, seria uma pequena ajuda, menos juros seriam pagos a terceiros.

Restava negociar com a empresa fornecedora que havia aviltado em 30% o preço de seu produto, também foram irredutíveis, já havia feito uma analise Econômico Financeira e feito igual sugestão (reduzir as retiradas dos sócios).

O concorrente possuía outras filiais no estado e em mercados maiores mais ajustados; sabiamente percebendo toda a dificuldade dos demais revendedores (nativos e com operações somente locais), manteve o preço de venda ainda mais baixo. Não resistimos e em 24 meses de agonia fechamos as portas em 5 de Fevereiro de 2011.

A Gabi Distribuidora continua nos dias de hoje com um novo formato atendendo consumidor final, com equipamentos mais novos, da parceria de onze anos não existe sequer um sinal de gratidão. Além do patrimônio que ficou. Guardo boas lembranças, muito se edificaram, todos foram capazes, muitos não se responsabilizaram, poucos são os culpados. Sei que ainda caminho com meus próprios pés, ajudando quem assim necessitar, outros estão indo muito bem aprendendo com o meu saber, seguindo com humildade. Na luz da certeza não deveria estar aqui. De onde eu vim tudo eu construí, até estaria aposentado, mas de tão jovem seria um desperdício; mostrar tanto sucesso, mas para tê-lo tem que ser abençoado, não amaldiçoado, vida até salvei, com as mãos de Deus, fui glorificado, mas quem tudo quer tudo perde, o que possuirás terá que ser justificado.

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Um novo capítulo, nova fase, mais digna estou traçando, perde-se o mais valioso dos bens, falece minha santa mãezinha em 22 de outubro de 2011, tira-me mais um pouco o solo que me resta, mas lá de cima ela faz que tudo cresça.

Produzo obras que encantam e motivam tanta gente. Aposento-me da vida de sucesso, baixo a carteira profissional de Economista, abro a de Poeta, que nasceu em mim, não precisei aprender (determinação ou acaso), essa é minha história, será longa...

Não sei. Será?

Entre Fevereiro a Dezembro de 2011, retorno no seguimento de gás de cozinha e fundo a “Procura Certa” empresa de propaganda e publicidade e encaminho o meu pedido de aposentadoria junto ao INSS e em 1 de Setembro de 2012 estou aposentado, mas o valor do benefício existe divergência apontada pela minha advogada Doutora Silvia Regina Trosdolf e o processo segue para esfera jurídica.

Certamente não fui moldado para ter sócios. Retornei ao mercado de trabalho como Consultor Econômico e passei a assessorar uma empresa do ramo de distribuição de gás de cozinha que se iniciou em dezembro de 2011 e encerramos o contrato de prestação de serviços em 31 de Agosto de 2012, coincidentemente em 1 de Setembro de 2012 recebo o comunicado que estou aposentado.

Nesse intervalo nasceu o escritor e poeta Antônio Ramos da Silva.

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Em 9 meses trabalhando na cidade de Campo Alegre (SC), escrevi o livro de poesias Doce Gesto; obra impressa com verba do fundo municipal da cultura de Campo Alegre tendo como patrono Francisco Vilmar Munhoz, contador da empresa que eu administrava naquele momento (como não residia no munícipio só através de um patrono eu poderia participar do edital da Casa da Cultura).

O projeto “Diferente Sim Indiferente Não” surgiu no ano de 2012, através de um projeto para publicação de livro da prefeitura municipal de Campo Alegre, contemplado com verba pública do fundo municipal da cultura para impressão de 1000 exemplares do livro de poesia “Doce Gesto” no mês de outubro de 2012 de autoria do escritor Antônio Ramos da Silva.

Na época ocupava a Casa da Cultura de Campo Alegre Marilia Crispi Maciel, aquém sou grato; pela vibração colaboração e ajuda efetiva na confecção e orientação do projeto.

Todo projeto cultural aprovado com verbas publicas o proponente se compromete perante a sociedade de divulgar e propagar a cultural em certo período de tempo.

A partir desta data a poesia ficou concreta com o recebimento de um convite de Luiz Arthur Montes Ribeiro, presidente da Academia de Letras do Brasil para Itapoá, para divulgar e lançar esta obra subsidiada pela prefeitura de Campo Alegre no evento “Festa Literária de Guaratuba – ISEPE 2012”, faculdade do Litoral Paranaense no dia 20 de Outubro de 2012, data que se comemora o “Dia do Poeta”.

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Festa com duração de 15 dias, proferi palestra divulgando a obra e contando a minha trajetória de vida e de escritor e poeta. Evento que estive acompanhado com minha irmã Ivete sempre apoiando, mesmo estando debilitada em sua saúde.

Chegando a São Bento do Sul o Jornal Evolução,

Jornalista Elvis Loseiko; Jornal A Gazeta, jornalista Bianca Riet Vilanova e o Jornal Liberdade, jornalista Valmir Forteski divulgaram a obra, o projeto e o autor.

Em dezembro recebi o convite de Rejeane

Beckert, Diretora da escola de ensino fundamental Engelberto Grossl para fazer uma palestra. Contei a minha história de vida para um grupo de aproximadamente 40 jovens; isso ocorreu em 06 de Dezembro de 2012.

Essa data passou a ser o março da implantação

do projeto “Diferente Sim Indiferente Não”; inspirado em duas jovens, Bruna e Jéssica, após o encerramento da palestra se dirigiram a mim e contaram um pouco de si e o que estavam escrevendo.

Em 10 dias o livro “Flambara Dan” estava

publicado pela Editora Bookess e Bruna Scheffmacher Liebl ingressava para literatura infanto-juvenil com a primeira escritora com obra própria do município de São Bento do Sul, concedendo sua primeira entrevista para a Jornalista Bianca Riet Vilanova, do jornal A Gazeta.

Novo cenário para 2013, direcionar para os jovens

estudantes os meus projetos culturais no município.

Novo ano e festa natalina com a família em

Joinville e na praia de Itapoá juntamente com a minha irmã Ivete.

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Na sequencia, Janeiro de 2013, Jessica Aparecida Munch amiga de Bruna publicava a sua Obra “Conto de Fadas – Desafios do Amor”. Enquanto que na Fundação Cultural, assumia a administração Sr. Bráulio Hantschel e Marilia Crispi Maciel, sendo o nosso primeiro evento cultural no município de São Bento do Sul, eu, Bruna e Jessica.

Em 4 de Fevereiro de 2013, às 10 horas e 30 minutos. No Hospital São José, ao lado de sua filha Thifany, o coração descansa e a alma flutua. Uma perda sentida, machucada quando tudo estava em harmonia. Tínhamos projetos e ela seria a minha coordenadora.

Momento que me levou a escrever um livro em sua homenagem: “A hora Certa - Meu pacto com Deus – O câncer não me venceu”. Um desabafo de minha alma em tempo recorde.

A vida segue e Março de 2013, em cumprimento a contrapartida social do projeto; inserido no calendário festivo da cidade; circulamos pelas escolas do município de Campo Alegre palestrando e difundindo a poesia.

Novamente recebo o convite, agora para instalar a “Oficina de Poetas, na Escola de Educação Básica Orestes Guimarães”, de Rejeane Beckert, diretora nessa instituição, onde participamos do dia que se comemorava a poesia, 14 de Março, onde produzimos um livro com a participação de 132 alunos, um envolvimento total da escola.

Nesse mesmo ano quatros livros individuais foram lançados pela Oficina de Poetas: Gleici Kelli Fagundes - Obra: Florescência. Gabriela Pereira Schultz - Obra: Sorriso Doce.

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Josué Caleb Santos Casa - Obra: O menino da Família do Só. Reginaldo e Regilene Freitas de Souza - Obra: Ciranda Cirandinha.

Em 6 de Junho de 2013 criamos a página da Oficina de Poetas https://www.facebook.com/groups/659480440734716/.

Em 02 de Agosto de 2013, reunimos 460 alunos das escolas do município e estadual na “Primeira Feira de Trocas de Livros e Gibis”, no Centro de Eventos Genésio Tureck. Uma grande festa literária onde foram empossados os primeiros Membros da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina Municipal São Bento do Sul e concedido o Mérito Cultural para autoridades e representantes de classes do município.

Em 9 de agosto de 2013 foi criado o site da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul https://www.facebook.com/academiadeletrasinfantojuvenilscsbs/

O projeto “Diferente Sim Indiferente Não” transcendeu São Bento do Sul e recebeu o reconhecimento de “Mérito Cultural 2013”, em agosto na câmara de vereadores de Itapoá, outorgado pelo Instituto Montes Ribeiro e em setembro com o troféu “Escritor Osvaldo Deschamps”, pela Associação dos Escritores e Cronistas da Região da Grande Florianópolis.

São Bento do Sul passou a conhecer os seus Escritores Mirins através da imprensa escrita, com publicações de obras literárias e recitais de poesias no “Dia da Cultura”, dentro do programa “Manhã Total” da Rádio São Bento AM 1450.

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Em 2014, novo projeto foi lançando, um trabalhado voltado para os alunos do 4ª Série, dentro da proposta “Introdução ao Mundo Literário”, coordenado pela professora Ivanilde Kiem Dranka.

O que era privilégio das escolas estaduais, Orestes Guimarães; Celso Ramos e Osmarina Batista; integrou-se ao projeto a Escola Básica Municipal Prefeito Henrique Schwarz, coordenado pela professora Andreia Maria Konig Grazek.

Em novembro de 2014, São Bento do Sul recebeu a exposição “Porta-Retratos Poéticos” na Biblioteca Pública Municipal Luiz de Vasconcellos, do Poeta e Presidente da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina, Luiz Arthur Montes Ribeiro, onde poetas e poetisas do projeto “Introdução ao Mundo Literário” participaram de uma nova formatação de ler poesias. Ilustres convidados, escritores Maurélio Machado, Mariano Soltys e Clérverson Minikoski, bem como o historiador Edimar Geraldo Salomon e o poeta Luiz Arthur Montes Ribeiro, foram apresentados para a nova geração de escritores são-bentense. Palestras; conversa de escritor para escritor deixou o mundo da poesia alçando voos no imaginário de todos.

A Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul contribuiu com a sociedade, quer participando de bancas julgadoras da JCI Brasil, em concurso de oratória, como no palco FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, promovendo a poesia, como também sendo partícipe na escolha do escritor que escreverá o livro “História da Câmara de Vereadores de São Bento do Sul”.

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Através do site da Academia e da Oficina de Poetas, divulgamos e prestigiamos as crianças e adolescentes das séries iniciais e do ensino fundamental do município de São Bento do Sul e com os recursos online integramos jovens de Campo Alegre, São Francisco do Sul, Joinville e também do Rio de Janeiro.

2015 foi o ano de grandes conquistas. EPO - Editora PRIMA OBRA – "Acendendo

palavras". Uma reunião de amigos escritores do Brasil e de países de língua portuguesa, saboreando silabas e formando livros é um projeto que criei em 29 de Março de 2015 de pleno êxito. Reuniu 46 escritores do Brasil, 1 de Angola e Itália, 2 da Suíça e 7 de Portugal. Projeto Editorial Premium, em 10 edições, compondo 150 lindas páginas, impresso e distribuído pela Bookess Editora.

A apelação cível impetrada pela minha advogada

Doutora Silvia Regina Trosdolf, nº 5003313-06.2013.404.7201/SC, tendo como relator o juiz Rogério Favreto por decisão unanime condenou o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) a implantação do benefício de aposentadoria imediatamente com os valores reais por tempo de serviço/contribuição desde a data do requerimento, segundo o cálculo mais vantajoso; na data de 30 de Junho de 2015.

Em 31 de Julho de 2015 o projeto “Introdução ao

Mundo Literário” foi contemplado com a verba do Fundo Municipal da Cultura em São Bento do Sul, apoiando o projeto da Oficina de Poetas, onde foram lançadas três obras: Eu era Poesia Eu sou Poesia, Bagunça de Poesias e Formigas na Sala, envolvendo 67 escritores mirins integrantes da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, coordenados pelas professoras Ivanilde Kiem Dranka e Andrea Maria Koenig Grazek.

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Em 07 de Agosto de 2015, no centro de eventos Dr. Genésio Tureck; realizamos o evento “Noite de Autógrafos e Posse”, participaram aproximadamente 400 pessoas, que contou com as presenças de autoridades do poder Executivo, Legislativo, gestores da cultura e escritores de Blumenau, Florianópolis e locais.

Em 17 de Novembro de 2015, três edições da série TOP 10 - Academia da Poesia; lançamos 26 poetas mirins da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul e no dia 18 de Novembro de 2015, lançamos o livro da escritora e Ilustradora Alya Ferreira Leal Obra: Cabelo Preto & Bigode Branco, na Escola Henrique Schwarz.

3 de Dezembro de 2015, lançamos o Livro: "Mini Contos & Textos" com participação de seis escritores mirins da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul. Evento promovido na Escola Osmarina Batista Betkowski.

A vida segue com objetivos e metas, sempre despertando o interesse nos jovens pela leitura. Incentivados a transitar pelo mundo dos livros, desde a sua produção até a obra coletiva impressa, com registro na Biblioteca Nacional e o desfecho como autores e escritores, participe do universo literário de direito.

“A leitura corrói a ignorância assim como a maresia corrói o ferro”.

“Se cada caminho tivesse um atalho à imensidão até as estrelas seria um sopro”.

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Fatos & Fotos

Determinação

ou Acaso

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A década de 1980, ou simplesmente década de 80,

conhecida ainda como anos 80. Foi um período bastante marcante para a história do século XX segundo o ponto de vista dos acontecimentos políticos e sociais: é eventualmente considerada como o fim da idade industrial e início da idade da informação, sendo chamada por muitos como a década perdida para a América Latina. Mas para mim foi a melhor década, onde CRIAR ATIVOS, com muita criatividade no degrau do tempo, pontos relevantes conquistados em minha carreira:

a) Colação de grau, bacharel em Ciência Econômica – Turma de 1979.

b) Matrimônio em 14 de Julho de 1979 – Comemoração do dia da Tomada da Bastilha.

c) Admissão no primeiro emprego com carteira de trabalho assinada pela Supergasbras Distribuidora de Gás em 06 de Novembro de 1979.

d) 18 de Maio de 1981. Nasce minha filha Letícia, no dia do aniversário do meu grande ídolo o Papa João Paulo II.

e) 01 de Agosto de 1981 assumo o cargo de Auxiliar Administrativo.

f) 11 de Setembro de 1982. Nasce minha segunda filha Vanessa.

g) 01 de março de 1985 assumo o cargo de Encarregado de Crédito e Cobrança.

h) 30 de Janeiro de 1986; falecimento de Nilo Ramos da Silva, meu pai.

i) 01 de Outubro de 1986 assumo o cargo de Chefe de Operações.

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Tancredo Neves

Nessa história cercada por controvérsias e dissimulações, correu ainda a suspeita de que Tancredo Neves não teria

morrido em 21 de Abril de 1985, mas um dia antes, na noite de 20 de Abril, quando seu cérebro deixara de

funcionar. O anúncio da morte teria sido adiado para coincidir com a data simbólica, aproximando as figuras

históricas de Tancredo e Tiradentes, dois mártires Minérios. Dois anos depois do ocorrido, tal versão seria

sustentada em uma reportagem da Veja, amparada por uma declaração de um dos médicos que teria

acompanhado o estado clínico de Tancredo até o fim. Indagado a respeito, 20 anos depois, José Sarney balança a

cabeça, negativamente: “Está é uma daquelas histórias que nunca ninguém jamais conseguirá confirmar”.

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FADEPS – Faculdade De Plácido e Silva

Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de fevereiro de 1985. Silenciosamente, sem que sequer se promovesse a documentação fotográfica do fato, um dos mais antigos prédios do centro de Curitiba está sendo

demolido: a antiga sede da FADEPS - Faculdade de

Ciências Econômicas do Paraná/Escola Técnica de Comércio "De Plácido e Silva", entre as Ruas Carlos de Carvalho/Voluntários da Pátria/Cândido Lopes. Não se pode dizer que se trata de um edifício de valor histórico, em termos arquitetônicos. Ao contrário, uma construção comum, sem qualquer detalhe estético mais importante. Entretanto, durante meio século sediou estabelecimentos de ensino, pelos quais passaram milhares de paranaenses, entre professores e alunos, muitos dos quais hoje nomes famosos em vários setores. Há mais de 50 anos, quando o jornalista, advogado, professor, editor e empresário Oscar Augusto De Plácido e Silva (Maceió, 1893 - Curitiba, 1963) adquiriu a Academia Paranaense de Comércio que seu irmão mais Velho, João Alfredo Silva, havia instalado em 1920. A Praça Osório ainda não tinha limites fixados e as ruas que hoje a circundam também não haviam sido abertas. E foi ali que, em 1934, se construiu o prédio que abrigaria aquela escola de comércio e, posteriormente,

uma faculdade de Ciências Econômicas e Atuarias. Muitos anos depois, após a morte do velho De Plácido e Silva, um grupo de professores criou uma fundação, transferindo a escola para a Rua General Carneiro, 216, onde hoje tem sede a rica e grande Fundação de Estudos Sociais do Paraná, com vários cursos superiores.

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Acompanhando as atividades do pai desde a infância, Juril Carnascialli (foto de colação de grau de Antônio Ramos da Silva) não aceitou a separação e, assim, em 1974, criaria a Faculdade de Ciências Econômicas De Plácido e Silva. Onde fomos à segunda turma (1979) a se formar e reconhecida pelo MEC. A Faculdade está hoje num prédio da segunda quadra da Avenida Vicente Machado. Com a demolição do velho edifício, que sediou a primeira Academia Paranaense de Comércio (escola de tanta presença nas primeiras décadas do século), mais um pouco da história da antiga Curitiba desaparece.

Foto colação de grau:

Juril Carnascialli – Antônio Ramos da Silva

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Impeachment de Collor

17/12/1989 - A vitória. Candidato do Partido da Renovação Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello é eleito no segundo turno. A campanha destacava a

juventude do “Caçador de Marajás”.

15/3/1990 - Mau começo. O presidente tinha como meta

eliminar a inflação de 80% ao mês. Reduziu ministérios, demitiu servidores públicos e anunciou o Plano Collor: o bloqueio por 18 meses das contas correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros (o equivalente a quase 7 mil reais). No início, o plano foi bem-sucedido. Em dezembro, a inflação atingiu índice próximo dos 20%, mas a queda das vendas no comércio gerou desemprego.

27/5/1992 - Barraco de irmãos. Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão mais novo do presidente, acusa o tesoureiro da campanha, PC Farias, de usar a amizade com Collor para enriquecer. Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegais que envolviam o irmão e o tesoureiro.

16/8/1992 - Nas ruas. Milhares de estudantes usam roupas pretas e fazem passeatas em dez capitais. Eles são

chamados de Caras Pintadas e a sociedade passa a

exigir o impeachment de Collor.

29/9/1992 - Na câmara. A CPI conclui que o presidente sabia da corrupção e do esquema de lavagem de dinheiro

de PC. A Câmara aprovou o impeachment por 441 votos a 38. Collor, condenado por crime de responsabilidade, é

afastado. Em 2 de Outubro de 1992, o vice Itamar Franco assume interinamente a Presidência.

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Plano Real

Plano econômico desenvolvido e aplicado no Brasil

durante o governo de Itamar Franco. Desenvolvido

em 30 de Junho de 1994, tinha como principal

objetivo à redução e o controle da inflação.

Elaborado pelo ministro da Fazenda Fernando Henrique

Cardoso, o plano de estabilização da economia contou com a participação dos seguintes economistas: Gustavo Franco, Pérsio Arida, Pedro Malan, Edmar Bacha, André Lara Rezende, entre outros. Ações e fases do Plano Real: 1ª - Redução de gastos públicos e aumento dos impostos. 2ª - Criação da Unidade Real de Valor (URV). 3ª - Criação de uma nova moeda forte: o Real (R$).

4ª - Aumento das taxas de juros e dos compulsórios. 5ª - Redução dos impostos de importação. 6ª - Controle cambial, mantendo o Real valorizado. O Plano Real foi bem-sucedido.

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O Atlético-PR sagrou-se campeão da 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro em 1995. No último jogo do campeonato, quando venceu o time do Central de

Caruaru e garantiu a volta à elite do futebol brasileiro.

Atlético: Ricardo Pinto; Valdo, Jean, Luís Eduardo e Ronaldo; Alex, Leomar (Everaldo), João Antônio e Washington (Borçato); Oséas e Paulo Rink. Técnico: Pepe.

O artilheiro da competição foi Oséas, com 14 gols.

Estatísticas do Atlético-PR:

• 28 Jogos

• 20 Vitórias

• 5 Empates

• 3 Derrotas

• 47 Gols Pró

• 20 Gols Sofridos

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GUGA

Campeão da Masters Cup, novo número 1 do mundo e centro das atenções do mundo do tênis,

Gustavo Kuerten passou por uma situação delicada

ainda no vestiário em Lisboa, naquele histórico domingo,

dia 3 de Dezembro de 2000.

Enquanto festejava a conquista e seu novo status no topo do esporte, o tenista catarinense ficou sem graça ao ver sua avó, dona Olga, pedir uma foto ao lado do americano

André Agassi, ex-número 1 vítima de seu neto naquele

dia. Meu pai foi um dos investidores na empresa da avó

do Guga.

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World Trade Center – 11/09/2001

Camicases islâmicos lançam dois aviões contra as

torres do World Trade Center, em New York, e

outro contra o Pentágono, em Washington. Um

quarto aparelho onde passageiros se atracaram com os terroristas cai em uma área deserta da Pensilvânia. Estes ataques sem precedentes no território dos Estados Unidos matam 2.973 pessoas, além dos camicases. As Torres Gêmeas desabam poucas horas depois dos ataques, deixando a América em estado de choque. Os atentados são reivindicados pela rede

terrorista Al-Qaeda de Osama Bin Laden,

baseada principalmente no Afeganistão dos talibãs. Dia do aniversário de minha filha Vanessa.

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Nunca o Natal atleticano foi tão feliz. Em 23 de Dezembro de 2001, a data do segundo jogo da grande final, as ruas de Curitiba - num frio incomum para a

época - foram tomadas desde o aeroporto até a Arena, esperando os campeões. As comemorações atravessaram a madrugada, nem mesmo o atraso no voo da delegação rubro-negra de São Paulo à capital Paranaense impediu a festa. E no final, o Atlético ainda ficou com a melhor campanha de toda a competição.

Final - Brasileiro - (23/12/2001) São Caetano 0 x 1 Atlético-PR

Local: Anacleto Campanela; Arbitro: Carlos Eugênio Simon. Gol: Alex Mineiro.

Atlético: Flávio; Alessandro, Gustavo, Nem, Rogério Corrêa (Igor) e Fabiano; Cocito (Pires), Kleberson e Adriano; Kléber (Souza) e Alex Mineiro.

Técnico: Geninho.

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O Candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito em 27 de Outubro de 2002 presidente da República do Brasil. O primeiro governante eleito de esquerda da história do país ganhou a Presidência no dia de seu 57º aniversário. Lula é o primeiro civil sem formação universitária a ser eleito presidente, na 19ª eleição direta para o cargo, entre 27 já

realizadas desde 1891. Ele será o 39º brasileiro a ocupar o posto, computando-se nessa soma os substitutos e integrantes das juntas militares que governaram o Brasil.

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Indonésia

Em 26 de Dezembro de 2004, um violento terremoto

submarino ao largo da Indonésia provoca um tsunami gigante no Oceano Índico, com ondas de até 30 metros. A tragédia deixa 220.000 mortos, a grande maioria na Indonésia. Sri Lanka, Índia e Tailândia também são duramente atingidas. Trata-se de uma das piores catástrofes naturais do último século.

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Subprime

A bancarrota do tradicional banco de negócios americano

Lehman Brothers, em 15 de Setembro de 2008,

encerra de forma brutal o frenesi criado em torno das operações arriscadas no setor do crédito imobiliário

americano (subprime). A quase falência de um símbolo

do sistema bancário e as grandes dificuldades encontradas por outras instituições como a seguradora AIG deflagra uma crise financeira e econômica, a mais grave desde a de 1929. A crise revela os enormes ativos “podres” dos subprimes, difundidos em todo o mundo através do sistema financeiro. Eles provocam a despencada das bolsas, o bloqueio dos mercados de crédito e obrigam os governos a resgatar o setor bancário com fundos públicos. Começa então uma forte recessão mundial que atinge a maioria dos países, com exceção de alguns emergentes como o Brasil ou a China. A gigantesca fraude – a maior da história de Wall Street – comandada pelo gestor Bernard Madoff. Os juros sobem e inviabiliza a reestruturação da minha empresa de gás de cozinha.

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ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE CAMPO ALEGRE SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA, TURISMO,

ESPORTE E LAZER

FUNDO MUNICIPAL DE CULTURA Lei MUNICIPAL Nº 3.609, de 16 de junho de 2010.

FORMULÁRIO PARA ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS

CULTURAIS

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

TÍTULO:

EDIÇÃO DO LIVRO DE POESIAS “DOCE GESTO“

AUTOR – ANTONIO RAMOS DA SILVA

ÁREA(S):

LITERATURA

MODALIDADE(S):

PUBLICAÇÃO DE LIVRO

PARA USO DA SECRETARIA DE CULTURA

TERMO DE RESPONSABILIDADE

Manifesto minha concordância com os termos estabelecidos neste formulário, comprometendo-me ao cumprimento das exigências da Lei Municipal nº 3.609

de 16 de junho de 2010 e de seu Decreto de Regulamentação.

Nome:

Assinatura:_______________________________________

Local:

Campo Alegre – SC

Data: 24/05/2012

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FESTA LITERÁRIA DE GUARATUBA - ISEPE PROGRAMAÇÃO OFICIAL - Dia 20/10/2012

9hs – Oficina: “Poemas com Imagens” com a poetisa, artista plástica e pós-graduada em Arte Terapia Regina Leopardi, (São Paulo - SP). (30 vagas). Público alvo: público em geral. A oficina será ministrada no laboratório de informática e os participantes precisam ter noções básicas de informática e manipulação de imagens.

14hs - Bate papo/oficina: “Poesia e Literatura Ilustrada” com jornalista, poeta e escritor Zeca Correia Leite, (Curitiba – PR). (30 vagas). Público alvo: Público em geral.

14h30min – Intervenção Teatral e Poética: “Vampiro da Tristeza” encenada pelo grupo “Poema em Som”, (Araucária – PR). Ficha técnica: Texto de Hugo Roberto Bher; direção de Michele Prussak; foto de Everson Santos; interpretação Ana Kriger e violino Abner Miranda.

15hs – Bate papo, lançamento e sessão de autógrafos do romance: “Labirinto de Mil Corações Mudos” com o escritor Fabio Gimovski, (Curitiba – PR).

16hs – Bate papo, lançamento e sessão de autógrafos do livro: “Os Estranhos” com a escritora Jaqueline Mello, (Joinville – SC).

16hs – Sessão de autógrafos do romance: “A mulher Santa” do escritor José Antônio Porse, (Curitiba/Guaratuba – PR).

16hs – Palestra e sessão de autógrafos do livro de poesias “Doce Gesto” do escritor Antônio Ramos da Silva. (São Bento do Sul – SC).

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Doce Gesto - Lançamento

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Doce Gesto - Divulgação

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Fundação da ALIJSBS

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Primeiro Evento Cultural - ALIJSBS

“Incentivar o gosto pela leitura”

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Objetivos • Estimular a participação do público nas discussões literárias e acadêmicas. • Estimular a leitura e formação do público leitor jovem, aproximando-os do conhecimento amplo que os livros proporcionam. • Estimular a criação literária; leque oferecido pela Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul. • Oportunizar discussões e intercâmbio para o público com interesses culturais. • Facilitar o acesso aos livros com preços mais acessíveis ao público que não tem condições de adquiri-los. • Criar um espaço livre de aproximação entre autores e leitores. • Democratizar os conhecimentos e valores humanos registrados nos livros. • Desenvolver mecanismos de difusão para escritores e obras, estimulando as produções literárias, intelectuais e editoriais. • Organizar oficinas literárias. • Promover visitas programadas de escolas.

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História da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul – ALIJSBS

O projeto “Diferente Sim Indiferente Não” surgiu no ano de 2012, através de um EDITAL para publicação de livro da prefeitura municipal de Campo Alegre, contemplado com verba pública do fundo municipal de cultura para impressão de 1000 exemplares do livro de poesia “Doce Gesto”, projeto protocolado em 24 de Maio de 2012. Na época ocupava a Casa da Cultura de Campo Alegre Marilia Crispi Maciel.

Todo projeto cultural aprovado com verba publica o proponente se compromete em divulgar e propagar a cultura no município conforme o cronograma proposto como contrapartida social.

A partir desta data a poesia ficou concreta com o recebimento de um convite de Luiz Arthur Montes Ribeiro, presidente da Academia de Letras do Brasil para Itapoá, para divulgar e lançar esta obra subsidiada pela prefeitura de Campo Alegre no evento “Festa Literária de Guaratuba – ISEPE 2012”, faculdade do Litoral Paranaense no dia 20 de Outubro de 2012, data que se comemora o “Dia do Poeta”.

Festa com duração de 15 dias, proferi palestra divulgando a obra e contando a vida do escritor e poeta. Chegando a São Bento do Sul o Jornal Evolução, Jornalista Elvis Loseiko; Jornal A Gazeta, jornalista Bianca Riet Vilanova e o Jornal Liberdade, jornalista Valmir Forteski divulgaram a obra, o projeto e o autor.

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Na sequencia recebemos um convite de Rejeane Beckert, Diretora da Escola de Ensino Fundamental Engelberto Grossl para fazer uma palestra. Contei a minha história de vida para um grupo de aproximadamente 40 jovens; isso ocorreu em 06 de Dezembro de 2012. Essa data passou a ser o março da implantação do projeto “Diferente Sim Indiferente Não”; inspirado em duas jovens, Bruna e Jéssica.

Após o encerramento da palestra se dirigiram a mim e contaram um pouco de si e o que estavam escrevendo. Em 10 dias o livro “Flambara Dan” estava publicado na Editora Bookess e Bruna ingressava para literatura infanto-juvenil com a primeira escritora com obra própria do município de São Bento do Sul, concedendo sua primeira entrevista para a Jornalista Bianca Riet Vilanova, do jornal A Gazeta.

Na sequencia, em Janeiro de 2013, Jéssica amiga de Bruna publicava a sua Obra “Conto de Fadas – Desafios do Amor”. Enquanto que na Fundação Cultural de São Bento do Sul, assumia a administração Sr. Bráulio Hantschel e Marilia Crispi Maciel, recebemos um convite em 6 de Janeiro de 2013 para participar de uma reunião cultural na fundação sendo o nosso primeiro evento cultural no município de São Bento do Sul, aproveitando o evento Bruna e Jessica foram apresentadas como as primeiras escritoras do nosso município. Em Março de 2013, em cumprimento a contrapartida social do projeto; e inserido no calendário festivo da cidade; circulamos pelas escolas do município de Campo Alegre palestrando e difundindo a poesia.

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A partir de palestras realizadas nas escolas, recebemos o convite para instalar a “Oficina de Poetas, na Escola de Educação Básica Orestes Guimarães”, Rejeane Beckert, diretora da instituição. Participar no dia que se comemora a poesia, “14 de Março”, onde produzimos o primeiro livro coletivo com a participação de 132 alunos, um envolvimento total da escola Orestes Guimarães.

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O projeto “Diferente Sim Indiferente Não” transcendeu São Bento do Sul e recebeu o reconhecimento de “Mérito Cultural 2013”, em agosto na câmara de vereadores de Itapoá, outorgado pelo Instituto Montes Ribeiro e em setembro com o troféu “Escritor Osvaldo Deschamps”, pela Associação dos Escritores e Cronistas da Região da Grande Florianópolis.

São Bento do Sul passou a conhecer os seus Escritores Mirins através da impressa escrita, com publicações de obras

literárias e recitais de poesias no “Dia da Cultura”, dentro do programa “Manhã Total” da Rádio São Bento AM 1450,

comandado por Osnildo Langa.

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7 de Agosto de 2015 – Evento Inédito

Em 2014, novo projeto foi lançando, um trabalhado voltado para os alunos do 4ª Série, dentro da proposta “Introdução ao Mundo Literário”, coordenado pela professora Ivanilde Kiem Dranka.

O que eram privilégio das escolas estaduais, Orestes Guimarães; Celso Ramos e Osmarina Batista; integraram ao projeto a Escola Básica Municipal Prefeito Henrique Schwarz, coordenado pela professora Andreia Maria Konig Grazek.

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Em 31 de Julho de 2015 o projeto “Introdução ao Mundo Literário” foi contemplado com a verba do Fundo Municipal da Cultura em São Bento do Sul, apoiando o projeto da Oficina de Poetas, onde foram lançadas três obras: Eu era Poesia Eu sou Poesia, Bagunça de Poesias e Formigas na Sala, envolvendo 67 escritores mirins integrantes da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, coordenados pelas professoras Ivanilde Kiem Dranka e Andrea Maria Koenig Grazek.

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A Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul contribui com a sociedade, quer participando de bancas julgadoras da JCI Brasil, em concurso de oratória, como no palco FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, promovendo a Poesia, como também sendo partícipe na escolha do escritor que escreverá o livro “História da Câmara de Vereadores de São Bento do Sul”.

Através do site da Academia e da Oficina de Poetas, divulgamos e prestigiamos as crianças e adolescentes das séries iniciais e do ensino fundamental do município de São Bento do Sul e com recursos online integramos jovens de Campo Alegre, São Francisco do Sul, Joinville e também do Rio de Janeiro.