dedução metafísica e dedução transcendental na crítica da razão pura, de i. kant
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Universidade de So Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas
Departamento de Filosofia
Deduo Metafsica e Deduo Transcendental na Crtica da Razo Pura, de I. Kant
Texto elaborado pelo aluno Ionadir Rodrigues
Correa Junior, como componente de avaliao da
disciplina Histria da Filosofia Moderna II,
ministrada pelo professor Dr. Maurcio Keinert.
So Paulo, 27 de novembro de 2012
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Comente a citao abaixo:
A mesma funo que num juzo1 d unidade s diversas representaes tambm d numa intuio,
unidade mera sntese de diversas representaes: tal unidade, expressa de modo geral, denomina-
se o conceito puro do entendimento. Assim, o mesmo entendimento, e isto atravs das diversas
aes pelas quais realizou em conceitos a forma lgica de um juzo mediante a unidade analtica,
realiza tambm um conceito transcendental em suas representaes mediante a unidade sinttica do
mltiplo na intuio em geral. Por esta razo, tais representaes denominam-se conceitos puros do
entendimento que se referem a priori a objetos, coisa que a lgica geral no pode efetuar.
Immanuel Kant, Crtica da Razo Pura, 1787
O projeto filosfico kantiano consistiu em colocar a razo, suas possibilidades e limites,
como tema central da reflexo filosfica, lugar antes ocupada por uma concepo metafsica na qual
a realidade se adequava em si mesma forma da razo ou, no obstante e ao contrrio, que a razo
seria um fenmeno determinado pela prpria a realidade. Essa inverso no debate filosfico,
chamada pelo prprio Kant de Revoluo Copernicana (Chau, 1995), que resultou na
constituio de um sujeito transcendental (o sujeito do conhecimento), implicou uma complexa
articulao do pensamento metafsico com uma crtica da razo na determinao do processo de
conhecimento dado ao homem. Nesse sentido, a Crtica da Razo Pura (1787)2, um esforo na
articulao de categorias da razo destitudas do elemento metafsico sem, contudo, elimin-lo do
pensamento filosfico. A cada passo em direo do seu projeto, as snteses, elaboradas por Kant,
constituem as explicitaes dos nveis categoriais da razo pura em direo ao objetivo final
formulado sob a questo dos juzos sintticos a priori.
Neste enredo, as categorias do entendimento sugeridas na analtica transcendental
aparece como mais uma etapa necessria no processo de sntese, na qual Kant descreve os conceitos
do entendimento puro ao mesmo tempo em que articula a crtica do elemento metafsico. No se
trata, entretanto, de negar a validade ou legalidade do pensamento metafsico, menos a sua
possibilidade, mas antes em demonstrar que o sujeito transcendental, enquanto elabora seu
conhecimento acerca do mundo, no condiciona ou condicionado por uma realidade dada em si
mesma. Ora, a metafsica, sugere Kant, deve ceder o lugar de centralidade da discusso filosfica
no porque seja um conhecimento falso ou que tenha menor valor, mas, ao contrrio, porque o
processo de conhecimento racional no permite. Critica-se, desse modo, a metafsica com base na
crtica razo. Tal procedimento, como pode parecer, no permite que a cada passo do texto
possamos, sem desvio, compreender como evidente o resultado a que chegamos, quer dizer, todas
1 Grifos do autor
2 Doravante CRP.
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as etapas da crtica da razo no algo dado por si mesmo, mas deve necessariamente se articular
crtica da metafsica. Assim, a deduo transcendental no um elemento evidente por si mesmo,
mas articula-se necessariamente, de acordo com o mtodo de exposio kantiana, com a deduo
metafsica. o que passaremos a investigar aps uma pequena digresso em dois atos.
Iniciemos com o projeto kantiano. No prefcio CRP, Kant estabelece como a
finalidade de suas investigaes a determinao dos limites da razo enquanto fundamento de todo
conhecimento. A metafsica, no propsito estabelecido acima, no ofereceu at aquele momento,
segundo o filsofo, resultado satisfatrio, por que:
Nela [Metafsica] se precisa retomar o caminho inmeras vezes porque se descobre que no leva aonde se quer e, no tocante unanimidade de seus
partidrios quanto a afirmaes, ela se encontra a tal ponto distante disso, que ela
muito antes um campo de batalha que mui propriamente parece destinado a
exercitar suas foras no combate simulado, onde ainda combatente algum
conseguiu conquistar para si o menor lugar e fundar uma posse duradoura sobre
essa vitria (Kant, 2000, p. 38)
Kant considera insatisfatria qualquer soluo metafsica ao problema proposto porque
at aquele momento esse campo do pensamento antes se constituiu como um espao de discusso
no qual os seus participantes parecem mais combatentes, lutando com armas de meros conceitos
para se impor um ao outro, sem, contudo, alcanar os resultados seguros e duradouros, tal como
ocorre com as cincias de seu tempo: a Matemtica e a Fsica. Estas cincias oferecem duas
caractersticas da razo que se contrape aos esforos metafsicos: a determinao a priori dos
objetos e leis universais e necessrias, fundamentos do verdadeiro conhecimento.
Enquanto isso, a Metafsica toma a realidade, isto , os objetos do mundo, como
conceitos prprios da razo, dotados da mesma substncia. Seja do ponto de vista do racionalismo
que subordina a razo, de certa forma, a busca da extenso da substncia ao objeto, seja do ponto de
vista do empirismo, que condiciona o conhecimento determinao sensvel da razo.
Assim, o projeto kantiano se prope a uma inverso de posio muito mais sutil do que
pode aparecer sob a expresso revoluo. Com efeito, ele pretende romper, de um lado, com o
empirismo, ao apontar que os objetos da razo s podem ser determinados a priori, isto , antes de
qualquer experincia e, por outro lado e por conseqncia, eliminar qualquer vestgio de substncia
do objeto seno os elementos oferecidos pela prpria experincia, ao mesmo tempo em que
demonstra o carter universal e necessrio desse conhecimento. de se notar que Kant, na
execuo de seu projeto usa as armas de cada combatente contra o outro. Contra o racionalismo, o
filsofo afirma a prioridade da experincia sobre a substncia na constituio do conhecimento
enquanto, contra o empirismo, afirma a prioridade da razo sobre a experincia na determinao do
verdadeiro conhecimento. Em sntese, Kant afirma, em linhas gerais, que a razo conhece apenas
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aquilo que ela prpria capaz de conhecer, dentro dos seus limites, para aqum de uma realidade
em si mesma e para alm da experincia dada imediatamente:
A razo tem que ir natureza tendo numa das mos os princpios unicamente segundo os quais os fenmenos concordantes entre si podem valer como leis, e na
outra o experimento que ela imaginou segundo aqueles princpios, na verdade
para ser instruda pela natureza, no, porm na qualidade de um aluno que se
deixa ditar tudo o que o professor quer, mas na de um juiz nomeado que obriga as
testemunhas a responder s perguntas que lhes prope. E assim, at mesmo a
Fsica deve a to vantajosa revoluo na sua maneira de pensar idia de
procurar na natureza (no lhe imputar), segundo o que a prpria razo coloca
nela, aquilo que precisa aprender da mesma maneira e sobre o que nada saberia
por si prpria (apud, p. 37-38)
At esse momento, portanto, fica mais ou menos claro que o projeto kantiano da
determinao racional do conhecimento no deve considerar a coisa em si da realidade, sua
substncia. Pelo contrrio, toda argumentao do filsofo mostra que a razo apenas pode conhecer
a natureza sob a forma em que ela se manifesta pela experincia, isto , enquanto fenmeno. Assim,
igualmente, a manifestao fenomnica do objeto apenas pode ser apreendida sob as formas a priori
prprias da razo.
O segundo aspecto a ser definido para a compreenso desse projeto a prioridade da
noo de juzo sobre a noo de conceito. Com efeito, como no podemos falar mais de um
conceito que seja a substncia estendida ao objeto, o pensamento deve ser visto como estruturado a
partir de juzos. Trata-se da prioridade do pensamento proposicional sobre o conceitual. Em linhas
gerais, a lgica proposicional utilizada por Kant estabelece uma relao entre um sujeito e um
predicado e pode se manifestar de trs formas: 1) juzo analtico: quando o predicado est contido
no sujeito; 2) juzo sinttico: quando o predicado acrescenta algo ao sujeito, amplia o seu
significado. Este ltimo pode ser a priori ou a posteriori desde que se observe a participao da
experincia em sua constituio. O que interessa a investigao kantiana saber se so possveis
juzos sintticos a priori. Com efeito, trata-se da proposio das leis cientficas, tal como a Lei da
Gravitao Universal de Newton. Para alm disso, implica dizer que o conhecimento da natureza
sob a forma de leis universais e necessrias a forma da razo conhecer a natureza.
Curiosamente ou no, no apenas a sntese de juzos a priori ser o objetivo final da
crtica kantiana, mas o prprio caminho para se chegar at esse objetivo aponta uma srie de
snteses, necessrias para articular a experincia dada (a natureza) com a estrutura a priori do
sujeito cognoscente. Trata-se de demonstrar como cada nvel de sntese estabelece e encaminha o
prximo nvel de sntese at os juzos sintticos a priori, ao final descrevendo toda a estrutura
transcendental do sujeito do conhecimento.
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Chegamos, assim, ao segundo ato, no qual so expostas essas camadas de snteses,
operadas por Kant. E como esse filsofo mesmo afirma, todo o nosso conhecimento comece com3
a experincia (CRP, 2000, p. 53), para adiante completar que pela sensibilidade nos so dados
objetos e apenas ela nos fornece intuies; pelo entendimento, em vez, os objetos so pensados e
dele se originam conceitos (apud, p. 71). Portanto, entramos na conhecida diviso entre esttica
transcendental e analtica transcendental; a primeira, a se referir s formas de apreenso do objeto a
partir da experincia, enquanto a segunda apresentando as categorias transcendentais do
conhecimento. Muito embora, o nosso tema se restrinja especificamente a segunda parte, parece-nos
que sua compreenso necessita da percepo do procedimento kantiano da sntese j exposta na
primeira parte.
Com efeito, para Kant todo conhecimento comea com a experincia a partir da
sensao. Contudo, por si s, o fenmeno do objeto no constitui nada alm de sensaes do
mltiplo. Sua representao ser dada pela intuio do objeto sob as formas puras a priori da
sensibilidade. Tais formas, afirma Kant, so o tempo e o espao. Novamente aqui, para prosseguir
com sua investigao o filsofo alemo faz uma digresso em relao s concepes metafsicas
dessas formas. Como afirmamos acima, necessrio eliminar os elementos metafsicos dos
conceitos, articulando, ao mesmo tempo, com o carter universal e necessrio das formas a priori.
Alguma dificuldade nessa tarefa resultaria em Kant assumir uma das duas formas de discurso que
ele pretende superar. Assim, aps Kant fazer a exposio metafsica e transcendental dos conceitos,
conclui, respectivamente:
O espao de modo algum representa uma propriedade de coisas em si, nem tampouco estes em suas relaes recprocas; isto , no representa qualquer
determinao das mesmas que seja inerente aos prprios objetos e permanea
ainda que se abstraia de todas as condies subjetivas da intuio (CRP, 2000, p. 75)
E
O tempo no algo que subsista por si mesmo ou que adere s coisas como determinao objetiva (...) pois no primeiro caso, o tempo seria algo real sem
objeto real. No que concerne ao segundo caso, porm, enquanto uma
determinao ou ordem aderente s prprias coisas, o tempo no poderia preceder
os objetos como sua condio, nem ser conhecido e intudo a priori4 por
proposies sintticas (apud, p. 79)
Kant, portanto, esvazia os conceitos da substncia metafsica, mas preserva o carter
universal e necessrio sob a condio de formas transcendentais. Em relao a elas, os mltiplos
elementos da experincia sensvel so organizados como unidades da intuio pura. Assim, a
3 Grifos do autor;
4 Grifo do autor;
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representao do objeto no dada diretamente razo, como pretende o empirismo, mas antes
intudas atravs das formas de espao e tempo. Ora, esse processo de intuio marca o primeiro
nvel de sntese elaborada pelo sujeito transcendental do conhecimento. Com efeito, o objeto do
conhecimento, mesmo que ainda no completo, comea a se constituir a partir da atividade do
sujeito em relao aos elementos da experincia, ao promover reduo do mltiplo a unidade
inteligvel.
Chegamos ao segundo momento de sntese na CRP. Passamos a tratar, com Kant, do
entendimento, definido desde o incio como uma faculdade no sensvel de conhecimento. Para o
filsofo:
Portanto, o conhecimento de cada entendimento, pelo menos do humano, um conhecimento mediante conceitos, no intuitivo, mas discursivo. Todas as intuies
enquanto sensveis repousam sobre afeces e os conceitos, por sua vez, sobre
funes. Por funo entendo a unidade da ao de ordenar diversas
representaes sob uma representao comum (Kant, 2000, p. 102)
Podemos dizer, ento, que a primeira sntese organizou a multiplicidade de sensaes
em representaes. Contudo, faz-se necessrio que o entendimento, j no mais ligado
imediatamente s sensaes, organize o conjunto de representaes sob a forma de um objeto, dado
o pressuposto da espontaneidade do pensamento: Podemos, porm, reduzir todas as aes do
entendimento a juzos, de modo que o entendimento5 em geral pode ser representado como uma
faculdade de julgar. Com efeito, segundo o visto acima ele uma faculdade de pensar. O
pensamento o conhecimento mediante conceitos (apud., p. 103). Caminhamos, desse modo, para
a unidade conceitual das representaes dadas pela intuio. Essa unidade conceitual ser dada
pelas categorias do entendimento. Novamente aqui necessrio afirmar, pelo menos de acordo com
o projeto proposto pela CRP, que tais categorias so puras e a priori, de um lado e, por outro, que
seja possvel determinar o objeto e o conhecimento sobre ele.
O percurso da sntese segue, ento, em paralelo a etapa anterior, com a discusso sobre
a deduo metafsica das categorias. Com afirmado pelo filsofo, acima, ele identifica o
entendimento como faculdade de julgar e este como faculdade de pensar, portanto, o pensamento
seria o conhecimento mediante conceitos ou categorias. Com efeito, para Kant, o juzo no apenas
capaz de realizar sntese da multiplicidade de representaes, mas os conceitos so ligados na forma
do julgar que ela estabelece. Assim, Kant apresenta uma tbua de juzos e, aps a sua discusso
procura deduzir cada categoria do entendimento correspondente a cada um dos juzos descrito.
Com a deduo metafsica, portanto, Kant procurou mostrar que o pensamento ocorre
sob a forma de juzos e que estes podem ser deduzidos a partir de formas categoriais. Contudo,
assim se faz necessrio mostrar como tais categorias, uma vez entendidas como puro e a priori, so
5 Grifos do autor.
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tambm as condies de possibilidades da experincia, de modo a permitir no apenas a intuio,
mas tambm o conhecimento dos objetos sem, apesar disso, partirem imediatamente deles. A
passagem da deduo metafsica, de certa forma, produziu o esvaziamento da substncia nas formas
de categorias, mas ainda no foi capaz de demonstrar o seu carter transcendental, universal e
necessrio:
Todavia, dentre os vrios conceitos que constituem o muito mesclado tecido do conhecimento humano h alguns determinados ao uso puro a priori
6 (independente
de toda a experincia). Esta sua faculdade requer sempre uma deduo, pois para
a legitimidade de tal uso no so suficientes as provas da experincia, mas se
necessita saber como estes conceitos podem se referir a objetos que no tiram de
nenhuma experincia. Por conseguinte, denomino deduo transcendental de
conceitos a explicao da maneira como estes podem referir-se a priori a objetos
(...) (Kant, 2000, p. 114)
As categorias do entendimento, contudo, devem se referir a objetos. Na deduo
transcendental, portanto, trata-se de demonstrar como os objetos do conhecimento so constitudos
a partir das categorias e estas, por sua vez, no so derivadas da experincia, afirmando-as como
condio necessria prpria experincia.
Essa demonstrao deve caminhar na busca de uma unidade, novamente de conceber
uma sntese anterior experincia, para que se possa constituir o objeto do conhecimento. Tal
sntese, afirma Kant, no poderia ser a mesma observada no processo de intuio das representaes
a partir das sensaes. Com efeito, a atividade de intuio produziu a representao do objeto a
partir da multiplicidade da experincia sensvel, mas no capaz de articular as mltiplas
representaes adquiridas enquanto objetos do pensamento, valer dizer, enquanto objetos do
conhecimento. No se trata ainda das categorias a priori tanto da sensibilidade quanto do
entendimento. Kant procura relacionar o processo do conhecimento com a prpria conscincia da
atividade do conhecimento. Com efeito, trata-se de conceber uma atividade absolutamente a priori
capaz de articular todas as categorias do conhecimento, enfim, toda a multiplicidade de
representaes na forma da unidade. A nosso ver, busca-se, em ltima instncia, um fundamento
para a atividade do conhecimento que, contudo, destituda de qualquer substncia e se apresenta
como pura operao, pura atividade de sntese que , ao mesmo, tempo, toda condio de sntese:
A unidade sinttica da conscincia , portanto, uma condio objetiva de todo o conhecimento, de que preciso no apenas para mim a fim de
conhecer um objeto, mas sob a qual toda a intuio tem que estar a fim de
tornar-se objeto para mim7, pois de outra maneira e sem essa sntese o
mltiplo no se reuniria numa conscincia (apud, p. 124)
6 Grifos do autor.
7 Grifos do autor.
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Assim, o objeto o resultado da atividade de uma autoconscincia transcendental.
A conseqncia da definio dessa sntese originria que: Objeto8, porm, aquilo
em cujo conceito reunido o mltiplo de uma dada (Kant, 2000, p. 124). Com efeito, coerente
com o seu objetivo, mesmo considerando que as categorias transcendentais operam sobre os objetos
da natureza, tais objetos o so apenas na forma de intuio e entendimento da sntese originria
transcendental. Deve-se fazer um parntese para afirmar que se todo conhecimento comea pela
experincia ela diz cada vez menos natureza do objeto do que um conhecimento que resulta da
atividade pura do sujeito transcendental.
Estamos, assim, como sugere Kant, diante da objetividade do conhecimento, que diz
respeito ao carter universal e necessrio de todo o processo descrito. Com efeito, a sntese
originria (no sentido de fundamental) opera sob categorias da intuio ou do entendimento (puras e
empricas), nas quais o mltiplo dado pela experincia j passou por uma primeira etapa de sntese.
Implica dizer, por conseguinte, que a forma de conhecimento assim determinado deve ser vlido
sobre e para qualquer intuio subjetiva da natureza. Se, portanto, as bases dessa objetividade esto
corretas, na forma estabelecida pela deduo transcendental, o conhecimento da natureza sob a
forma de leis naturais nada mais do que um juzo sinttico puro a priori, na qual possvel
estabelecer um predicado ao conceito necessrio e vlido universalmente.
Referncias Bibliogrficas
BORDIN, Gustavo Leoni A Necessidade das Idias Transcendentais para o Sistema
Kantiano. Dissertao de Mestrado. Curitiba: Universidade Federal do Paran, 2010.
CHAUI, Marilena Convite Filosofia. 3 ed. So Paulo: tica, 1995.
KANT, Immanuel (1787) Crtica da Razo Pura. trad. Valerio Rohden e Udo B. Moosburger.
So Paulo: Nova Cultural, 2000.
8 Grifos do autor.