de capacaça a bom conselho – uma visão pessoal

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De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal Livro de Bom Conselho a capa caça - CELINA FERRO - Escritora: www.bomconselhopapacaca.com.br OS FUNDADORES Quando o Brasil Colônia desenvolvia o “Ciclo do couro”, chegavam, vindos de Portugal, precisamente da cidade do Porto; três irmãos, componentes da família. “Cruz Villela’ descendentes de Judeus, foragidos da inquisição, estabeleceram-se no Brasil, onde posteriormente converteram-se ao cristianismo. Chegados á capital da Colônia, Salvador, resolveram separa- se, O primeiro deles segue para Minas, atraído pelo ouro; o segundo se fixou em Sergipe e Bahia e o terceiro, Manoel da Cruz Villela, comprou de Jerônimo Burgos de Souza e Eça uma sesmaria de trinta léguas quadradas,que custou duzentos mil réis, no ano de 1712. Compreendia o terreno das seguintes dimensões: as terras do sul de Alagoas (Palmeira do Índio Tanque d’arca,Campo de Anadias) ;em Pernambuco ao norte faziam divisas com o município de Garanhuns, próximo ao povoado de Brejão de Santa cruz, a leste com o poço do veado e a Oeste com o município de Águas Belas. Após as providências legais,viaja Manoel da cruz Villela á procura do sertão. Chegando a 46 km de Garanhuns, ao norte da sesmaria, um vasta área de agreste, A base de uma serra de mata abundante, próximo de um rio. E foi exatamente entre o rio e a serra que Manoel da cruz Villela encontrou o lugar ideal para se fixar com uma fazenda. Ali possuía os elementos indispensáveis: água, o clima de agreste para o rebanho e a serra para as plantações. CRIAÇÃO DA FAZENDA Criada a fazenda, Manoel da Cruz Villela comanda com perfeição os escravos, as criações, a lavoura, determinando o que há de melhor, logo surge à casa da fazenda, a senzala, o curral, etc. O gado era criado solto no pasto. Contava apenas com a marca de uma flor –de- lis, ’que indicava a propriedade da família. Os escravos trabalhavam na lavoura nas proximidades da mata e lagoa do Bulandim, que derramava suas águas entre as serras até desembocar no riacho Lava-pés, que recebeu este nome porque os trabalhadores tinham como hábito lavar os pés quando voltavam do trabalho diário. O curioso era que estás águas serviam para atividades domésticas, para beber e cozinhar. Com o passar dos anos, a fazenda foi prosperando, as plantações cresciam, o gado se multiplicando, sempre cuidado pelo senhor e seus escravos. Aos poucos, e quase tudo era produzido para o abastecimento da fazenda e seus moradores. Apenas se comprava sal e tecidos. Estava formada mais uma família aristocrata rural, com vida própria. Sempre que necessário, apesar de raro, iam até Pilar, antiga capital de Alagoas. E numa dessas viagens Manoel da Cruz Villela conhece uma moça, filha de um rico comerciante Português, com quem se casou e construiu uma família. A vida transcorria normalmente, quando certa manhã estava terminando a construção do curral de pau-a- pique e foram surpreendidos por um veado que fugiu de alguns caçadores. O animal assustado correu para o curral e Manoel da Cruz Villela mandou fechar a porteira. Em seguida os caçadores chegaram a procura de caçar. Entretanto o Fazendeiro não permitiu que o levassem, alegando que o animal havia buscado socorro em seu curral. Ofereceu um boi oito arrobas, mas aquele animal iria castrá-lo e soltá- lo para comer dias após, quando estivesse gordo. A partir daí tornou-se costume castra os veados e caititus (porco-montês), na certeza de que mais tarde eles viriam até o caçador. Deste uso surgiu o nome de Papacaça, nome com que foi conhecida inicialmente nossa cidade. Dos seus descendentes Antonio Anselmo da Cruz Villela e Joaquim Antonio da costa pouco se saber além dos nomes e que se foram chefes patriarcas, podendo ser filho e neto de Manoel da Cruz Villela. O POVOADO.

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Page 1: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão

pessoal

Livro de Bom Conselho a capa caça - CELINA

FERRO - Escritora:

www.bomconselhopapacaca.com.br

OS FUNDADORES

Quando o Brasil Colônia desenvolvia o “Ciclo do

couro”, chegavam, vindos de Portugal,

precisamente da cidade do Porto; três irmãos,

componentes da família. “Cruz Villela’

descendentes de Judeus, foragidos da inquisição,

estabeleceram-se no Brasil, onde posteriormente

converteram-se ao cristianismo. Chegados á

capital da Colônia, Salvador, resolveram separa-

se, O primeiro deles segue para Minas, atraído

pelo ouro; o segundo se fixou em Sergipe e Bahia

e o terceiro, Manoel da Cruz Villela, comprou de

Jerônimo Burgos de Souza e Eça uma sesmaria de

trinta léguas quadradas,que custou duzentos mil

réis, no ano de 1712. Compreendia o terreno das

seguintes dimensões: as terras do sul de Alagoas

(Palmeira do Índio Tanque d’arca,Campo de

Anadias) ;em Pernambuco ao norte faziam divisas

com o município de Garanhuns, próximo ao

povoado de Brejão de Santa cruz, a leste com o

poço do veado e a Oeste com o município de

Águas Belas. Após as providências legais,viaja

Manoel da cruz Villela á procura do sertão.

Chegando a 46 km de Garanhuns, ao norte da

sesmaria, um vasta área de agreste, A base de

uma serra de mata abundante, próximo de um

rio. E foi exatamente entre o rio e a serra que

Manoel da cruz Villela encontrou o lugar ideal

para se fixar com uma fazenda. Ali possuía os

elementos indispensáveis: água, o clima de

agreste para o rebanho e a serra para as

plantações.

CRIAÇÃO DA FAZENDA

Criada a fazenda, Manoel da Cruz Villela comanda

com perfeição os escravos, as criações, a lavoura,

determinando o que há de melhor, logo surge à

casa da fazenda, a senzala, o curral, etc.

O gado era criado solto no pasto. Contava apenas

com a marca de uma flor –de- lis, ’que indicava a

propriedade da família. Os escravos trabalhavam

na lavoura nas proximidades da mata e lagoa do

Bulandim, que derramava suas águas entre as

serras até desembocar no riacho Lava-pés, que

recebeu este nome porque os trabalhadores

tinham como hábito lavar os pés quando

voltavam do trabalho diário. O curioso era que

estás águas serviam para atividades domésticas,

para beber e cozinhar. Com o passar dos anos, a

fazenda foi prosperando, as plantações cresciam,

o gado se multiplicando, sempre cuidado pelo

senhor e seus escravos. Aos poucos, e quase tudo

era produzido para o abastecimento da fazenda e

seus moradores. Apenas se comprava sal e

tecidos. Estava formada mais uma família

aristocrata rural, com vida própria. Sempre que

necessário, apesar de raro, iam até Pilar, antiga

capital de Alagoas. E numa dessas viagens

Manoel da Cruz Villela conhece uma moça, filha

de um rico comerciante Português, com quem se

casou e construiu uma família. A vida transcorria

normalmente, quando certa manhã estava

terminando a construção do curral de pau-a-

pique e foram surpreendidos por um veado que

fugiu de alguns caçadores. O animal assustado

correu para o curral e Manoel da Cruz Villela

mandou fechar a porteira. Em seguida os

caçadores chegaram a procura de caçar.

Entretanto o Fazendeiro não permitiu que o

levassem, alegando que o animal havia buscado

socorro em seu curral. Ofereceu um boi oito

arrobas, mas aquele animal iria castrá-lo e soltá-

lo para comer dias após, quando estivesse gordo.

A partir daí tornou-se costume castra os veados e

caititus (porco-montês), na certeza de que mais

tarde eles viriam até o caçador. Deste uso surgiu

o nome de Papacaça, nome com que foi

conhecida inicialmente nossa cidade. Dos seus

descendentes Antonio Anselmo da Cruz Villela e

Joaquim Antonio da costa pouco se saber além

dos nomes e que se foram chefes patriarcas,

podendo ser filho e neto de Manoel da Cruz

Villela.

O POVOADO.

Page 2: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Com o crescimento da família e o aparecimento

de outras famílias importantes, vai surgindo o

povoado. Em 1774 o povoado tinha à frente

Mathias da Costa Villela, neto de Manuel da Cruz

Vilela, e tinha uma irmã chamada Francisca

Xavier, mulher muito católica onde desejava uma

igreja onde pudesse fazer suas orações e assistir a

suas missas. Para satisfazer a irmã, Mathias

manda ela escolher o local para construção. O

local foi escolhido e colocado a pedra

fundamental. Em seguida foi erguida uma

pequena igreja sob a invocação de Jesus, Maria,

José. Mais tarde a capela foi substituída pela

atual matriz. Apesar de distante da casa grande,

ela gostou do local por ser próximo do rio. Em

volta da igreja foi ser formando um largo e daí

surgindo um comércio. Matias da Costa Villela já

se tornara homem influente entre os colonos e os

comerciantes. Não era só o chefe da família

patriarcal. Era também chefe político da região e

muito conhecido pelo nome “comandante”.

Possuidor de grande autoridade e por não gostar

do nome Capa-caça, mudou o nome do povoado

para Papa-caça.

FREI CAETANO EM PAPACAÇA

Chegado ao povoado por volta de 1850, Frei

Caetano procurou inteirar-se dos problemas que

afetavam os vários setores da vida comunitária,

especialmente daqueles que se prendiam aos

aspectos morais, religiosos, sociais, educacionais.

Dois fatos que lhe atraíram a atenção: grandes

números de órfãs desvalidas e o elevado índice

de prostituição. Por outro lado, a falta de uma

instituição educativa, de água canalizada e

tratada, de um cemitério adequado, de um

templo que acomodasse o necessário número de

fieis. As secas periódicas que se flagelavam

animais e as plantas e tantos outros problemas

foram constatados pelo venerável e também

enfrentados por eles um a um. Fez amizade com

a família Villela e recebeu de Antonio Anselmo da

Cruz Villela uma extensão de seis quilômetros de

terra cortada pelo rio Papacacinha, onde se

dispôs a construir um colégio modelo para o sexo

feminino, idéia que foi prontamente considerada

pelos moradores do lugar. A escolha da área

onde iria ser edificado o educandário e a capela

não foi feita arbitrariamente, pois determinados

fatores indicariam a posição geográfica que

melhor se adequaria a execução do projeto.

Pensou-se em denominar o projeto de “colégio

de Papacaça”, mas o frade não gostava deste

nome e resolveu que a escola teria como

padroeira Nossa senhora do Bom Conselho e se

chamaria “colégio do Bom Conselho de Maria” e

tendo como protetora Santa Verônica, devido ao

culto de nossa senhora. Com o empenho da

população iniciaram-se os trabalhos no dia13 de

fevereiro de 1853, pela manhã, após um sermão

feito por Frei Caetano. Os que assistiriam á

pregação do sacerdote não se fizeram de rogados

e munidos de enxada, machado, foice e outros

instrumentos ganharam o campo e em pouco

tempo estava pronto o terreno com de 1400

palmos de comprimento e 300 palmos de largura.

Conduzia os fieis para ajudar com o material,

dinheiro, os mais pobres com seu trabalho. Frei

Caetano, frente pregava as missões, trabalhava e

nos sermões dizia: -Povo de Papacaça, faz

penitência!Quem não carregar pedra e tijolo para

fazer a casa de Deus está nas profundas do

inferno!Faz penitência povo! Deita na rua e te

cobre para a procissão passar por cima! E muita

gente nos dias de procissão embrulhavam-se

num lençol e deitava-se no meio nada em 1º de

Março de 1853- no dia 18 do referido mês

esperava “vestir três ou quatro freiras

capuchinhas e entregar-lhes o Colégio de Bom

Conselho. Vale ressalvar que foi o próprio Frade

Capuchinho o arquiteto quem traçou no local a

planta da igreja, da clausura e dos corredores

térreos. Apesar da impossibilidade de concluir as

obras do educandário na data anunciada, isso

não implicaria em dizer que o fato não ocorreria

em prazo mínimo, pois tendo sido os trabalhos

iniciados no dia 13/02/53 já em 26/04/53 era

solenemente inaugurado com o nome de Colégio

Nossa Senhora de Bom Conselho 22 educandas e

algumas irmãs. Após a inauguração da primeira

etapa construída, o missionário capuchinho

continuou com a construção das outras etapas

que formariam o colégio, no ato, inaugurando a

Page 3: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

segunda etapa em 1857, edificando dois novos

corredores, refeitório, transformando o artigo em

enfermaria, aumentando os salões de aulas e

fazendo no lugar da primeira capela uma

nova.Foram trazidas as imagens de Nossa

Senhora do Bom Conselho e Santa Verônica, do

Recife, pelo missionário. Procurou organizá-lo

administrativa e financeiramente a fim de que o

estabelecimento pudesse arcar com as próprias

responsabilidades, entregando – o nas mãos de

pessoas experientes e honradas, com um

regulamento interno, faltando-lhe apenas um

patrimônio particular que lhe desse uma

determinada renda. Outra grande obra de

utilidade para o Colégio e o Povoado foi in

discutivelmente a construção dos primeiros

chafarizes com a canalização do riacho Lava-pés.

Mais de 10 mil Pessoas trabalhavam na realização

do aqueduto que veio a dar a Papacaça um

progresso fora do comum. Inaugurado o

primeiro chafariz na noite de 28/12/1857, no

pátio da Igreja Jesus, Maria,José . O missionário

mandou construir a caixa d’água de pedra e cal

no Lava-pés para a qual tinha mandado busca no

Recife cimento e torneiras de bronze. Depois

tratou de prolongar o encanamento até o

Colégio. Mandou escavar dois açudes de

proporções bem regulares. Após a edificação do

Colégio, da Capela, das quatorze casas que

serviriam de patrimônio do Educandário, da

construção do aqueduto e dos dois açudes, mais

três novos projetos em execução: O cemitério de

Santa Marta, o da Ponte do Papacacinha e da

nova Matriz. Próxima ao Colégio foi erguida uma

casa para os frades, que posteriormente

transformou-se no convento dos frades

Capuchinhos. Finalmente concluída a obra do

colégio, donativos eram enviados com a distância

de 50 léguas e em algum tempo era criada uma

fazenda de gado e por último o próprio

presidente da província, conselheiro Jose Bento

da Cunha e Figueiredo, a pedido do Frei Caetano,

autorizou a doação de dois contos e quatrocentos

mil réis e pleiteou da Assembléia Provincial uma

subvenção anual de um conto e quatrocentos mil

réis. O Colégio ainda tinha o rendimento de cinco

mil réis das 130 alunas externas.

ÚLTIMA PROMESSA-CONSTRUÇÃO DA IGREJA

MATRIZ

Tendo uma pequena capela e contando o

povoado mais de 400 casas, vários

estabelecimentos comercias, com feiras aos

sábados mantendo relações comerciais com

Garanhuns, Correntes, Penedo, São Miguel dos

Milagres, Maceió e outros centros, era necessária

a construção de uma igreja matriz que

acompanhasse o desenvolvimento da freguesia,

que já se encaminhava, muito em breve, para ser

vila. A antiga capela construída por Matias da

Costa Villela, no período de 1825 a 1830, seria

substituída por uma maior, com o objetivo de

acomodar todos os fiéis nos dias de feira e de

festa santa. Em 1857, contou Frei Caetano com o

apoio dos fiéis para a construção de um novo

templo compatível com a freguesia. Demoliu a

pequena e construí uma matriz de bela

arquitetura colonial e convenientes dimensões,

ficando assim com 41 palmos de frente sobre 160

de fundos, mas somente concluída no seu todo

em 1882 pelos seus sucessores, os missionários

Frei José de Bolonha em 1876 e Frei Cassiano de

Comachio, em 1822. Os altares foram construídos

posteriormente, em 1888,pelo Mons. João

Marques, então pároco da freguesia de Bom

Conselho. Apesar das reformas sofridas através

dos tempos, ainda se conserva boa parte da

pintura original executada por Joaquim Vieira

Belo-Joaquim correntão.

COMANDO POLITICO DO CEL. AUGUSTO

MARTINIANO

Apesar da conquista da construção do colégio,

neste ano Papacaça foi atingido pela epidemia de

cólera. Morre, entre tantos habitantes, Luiz

Carlos da Costa Villela. Respondia pela chefia do

povoado Antonio Anselmo, que devido a idade

avançada passa o comando ao coronel Augusto

Martiniano Soares Vilela, neto de Matias da Costa

Villela, homem de letras. Pelo fato de ter

estudado em seminário em Recife, era sempre

consultado sobre todos os problemas e assuntos

da família e do povoado. Segue o coronel

Page 4: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Augusto dominado por 45 ou 50 anos, somente

interrompido com a vitória em 1889 de Lourenço

Ipiranga, apoiado pelos Tenório e Cavalcante, que

subiram ao poder da queda do gabinete

conservador do conselheiro João Alfredo. Com o

advento da República, o cel. Augusto domina

novamente a situação, com plenos poderes

conferidos pelo governador de Pernambuco,

Barbosa Lima, permanecendo dirigindo os

destinos de Bom Conselho a família Villela, ainda

por mais um bom tempo. Durante o seu reinado,

o cel. Augusto ora se apresenta para prefeito,

terminado o mandato indica um filho ou outro

parente sobre qual tinha todo domínio, porque

não queria perder a influência política. E assim

governou o coronel Augusto Martiniano Soares

vilela o município de Bom Conselho por várias

décadas, com toda força nas mãos, um

verdadeiro ditador, fazendo delegado, juiz de paz

e outros cargos, pessoas da própria família.

Quando foi interrompido o seu domínio por

ocasião das eleições de 1889, perdendo a chefia

política, passando Bom Conselho a pertencer á

chefia política de Dr. Jardim, juiz de direito de

Garanhuns, homem temido por toda região o cel.

Augusto vendo-se em perigo tratou de fazer

modificações. O partido contrário crescia, pois

todo município estava desgostoso com a

oligarquia. Mas o coronel ainda conseguiu

nomear delegado o seu parente Camilo Peixoto

Soares para substituir Bernardo Figueredo. A

situação piorou quando o pai do novo delegado

passou para o lado de Jose de Ferraz, cunhado de

Dr. Jardim que em 1904 tornou se prefeito de

Bom Conselho. Para a família Villela não ficar fora

da situação, pois era certa a eleição do adversário

o cel. Augusto adotou uma tática Candido Carlos

da Costa Villela, o pai pinto e seu primo João

Peixoto passariam para o lado contrário.

finalmente deu-se a eleição e José Ferraz tomou

o poder. Apesar de derrotada a família Villela

sempre foi respeitada por seus adversários

políticos.

OPOSIÇÃO AOS VILELAS

A população crescendo, muitas famílias surgindo,

outras chegando e vai se formando a cidade,

conseqüentemente o município de Bom

Conselho. O povo começa a se cansar da

oligarquia dos Vilelas. Começa a ser articulada

uma oposição. Quando em 1904, por ocasião da

eleição do Cel. José de Souza Ferraz, perde o

poder o cel. Ferraz, nova eleição é realizada e

mais uma vez perde a eleição o partido dos

Vilelas. Vence o partido do Dr. Jardim, que pouco

tempo depois morre, deixando eleito o major

Pedro Urquisa Cavalcante. Tempos depois, o

major Urquisa rompe com o cel. Ferraz e vai se

filiar á corrente do Cel. Lívio machado Wanderley,

que era sogro do Cel. José Cupertino. Sobe Lívio

Machado, apoiado pelos Tenório, que além de

adversários políticos dos Vilelas eram inimigos

pessoais, embora existisse um parentesco entre

as duas famílias (havia um antepassado-

Francisco Tenório-chico Tenório-casado com uma

filha de Matias da Costa Villela- o comandante). O

Cel. Lívio Machado era grande comerciante na

cidade de Bom Conselho e chefiava uma forte

oposição ao Dr. Jardim e ao Cel. Ferraz. A essa

corrente também estava ligado José Abílio, que

apesar de jovem já participava da política em

Bom Conselho. Apesar de seu pai não gostar de

política, desfrutava de grande prestigio junto a

matutada. E Zezé Abílio, como era conhecido,

soube aproveitar a situação. O capitão Abílio,

senhor da Mata verde, dizia sempre ao filho:

“Meu filho, eu não nasci para ser

político...Política não presta e se presta só presta

para quem não presta...” Apesar dos conselhos

paternos,o jovem Zezé continua firme nas

campanhas eleitorais até chegar ao ponto de

assumir o comando da política em nossa terra.

DANTAS BARRETO E A POLITICA EM BOM

CONSELHO

Tenente Costa Neto chega a Bom Conselho

incumbido de organizar o partido de Dantas

Barreto, com o objetivo de derrotar a oligarquia

de Rosa e Silva, que já durava dezoito anos em

Pernambuco. Ambos bom-conselhenses. Dantas

e Costa Neto precisavam do apoio dos seus

conterrâneos. Em Bom Conselho os oficiais do

tem. Costa Neto cuidaram de organizar o “Tiro de

Page 5: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Guerra” sendo José Abílio eleito presidente do

mesmo. Como presidente do tiro de guerra, o

prestigio e as influências de José Abílio foram

crescendo. Já se encontravam estremecidas as

ligações com o prefeito Cel. Lívio Machado.com a

campanha eleitoral vem o rompimento. De um

lado José Abílio Costa Neto e a Família Vilela; do

outro Cel. Lívio e outras famílias apoiavam Rosa e

Silva. As eleições foram marcadas para o dia cinco

de novembro. Trinta dias antes, uma onda de

febre tifóide invade Bom Conselho e atinge boa

parte da população,incluindo José Abílio que fica

impossibilitado de ajudar nos serviços da eleição

a seus companheiros. O estado estava envolvido

numa verdadeira revolução. Na véspera das

eleições, no Recife o Palácio do governo era palco

de grande tiroteio. Em Bom Conselho, pela

madrugada, chega de Alagoas o Dr. Rodrigo

Tenório com mais de duzentos homens e ao lado

do Tenente Costa Neto,José Abílio, que apesar de

doente se fazia representar, Luiz Carlos

Villela,Alípio Luna e Tantos outros, defendiam a

corrente dantista e enfrentavam tremendo

tiroteio,que durou duas horas, contra os Rosistas,

representados pelo Cel. Lívio Machado, Lizimaco

Vila-Nova e outros homens. A cidade ficou

deserta. Neste dia não houve eleição em Bom

Conselho. Vitorioso Dantas Barreto, a chefia

política de Bom Conselho é entregue ao Ten. Luiz

Carlos da Costa Neto. Mais uma vez o poder

voltava ás mãos dos Villelas.Apesar de não usar o

sobrenome, Costa Neto era um legitimo vilela.

Acompanhou o governador para recife e tornou-

se deputado estadual do seu governo (1911-

1912). Vitorioso todo o grupo Dantista, José

Abílio também sobe ao poder. Exercia influência

direta no distrito de Taquari, pois a Mata verde

(fazenda de José Abílio) pertencia a este

povoado, chegando a ser nomeado sub-delegado

do Taquari. Respondia pela Delegacia de Bom

Conselho o tenente Andrelino. Este veio a ter um

desentendimento com José Abílio devido um

dos”cabras”de José Abílio andar armado. Foi o

incidente que mobilizou todas as autoridades

desde o Pároco – Pe. João Clemente; o Promotor

público –Dr. Paulo André; chefe político Capitão

Luiz Carlos Costa Neto, que intercederam e

concluíram fazendo um acordo, onde José Abílio

mandaria os seus cabras para fora da cidade.

Foram todos levados para a fazenda Mata Verde

e lá puderam andar armados sem ferir a

autoridade do Delegado de policia.

DO MENINO ZEZÉ AO PODEROSO CEL. ZEZÉ

Infiltrado na política, Zezé Abílio continua na

fazenda, quando chegaram às eleições de

deputado. Dr. Bento Borges, grande amigo de

Dantas Barreto, candidato federal, encontrando-

se no Recife manda chamar José Abílio e com um

entendimento este assume o compromisso de

trabalhar nas eleições em seu favor. A votação de

Bento Borges foi regular, deixando D. Sinhazinha,

esposa de Bento Borges, muito satisfeita. Ela

manda chamar José Abílio e lhe oferece o cargo

de fiscal de consumo. José Abílio recusou a

oferta. Ela insiste em querer recompensá-lo.

Então se lembra de dar-lhe um lugar na Guarda

Nacional. Naquele tempo Guarda Nacional era da

maior importância. Aguardando a nomeação,

volta José Abílio a Bom Conselho. No Rio de

Janeiro o Dr. Bento Borges recebe muitas cartas

dos inimigos de José Abílio, nas quais diziam que

Zé Abílio era espingardeiro conhecido em Bom

Conselho e não podia fazer parte da |Guarda

Nacional. Todas as cartas foram entregues a José

Abílio posteriormente. Finalmente, sendo

presidente da República Venceslau Braz cria em

bom conselho a 59ª Brigada da cavalaria e

nomeia, a pedido do Dr. Bento Borges, José Abílio

Coronel e comandante da mesma. Está

fortalecido o prestigio do então Coronel José

Abílio de Albuquerque Ávila. A partir daí o Cel.

Jose Abílio passou a ter o seu lugar na política

municipal, estadual e até nas eleições para

presidente. Das suas amizades as que mais lhes

trouxeram repercussão foi com Manuel Borba,

Agamenon Magalhães, Etelvino Lins e Barbosa

Lima Sobrinho. Com Manuel Borba, sua

característica principal era a lealdade. Sempre foi

fiel a Borba, chegando a deixar qualquer

pergunta sobre as eleições sem respostas até que

encontrasse o Dr. Borba e este lhe informasse

qual a direção a tomar. Da amizade com

Page 6: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Agamenon Magalhães restou o deu emprego no

I.A.A. como inspetor. O fato mais curioso é o

coronel. Apesar de poucos estudos, ter prestado

concurso de português, matemática,

contabilidade e outras matérias. Quando só

falava o português do sertão, esses ensinamentos

serviram ao coronel. Amigo do então Ministro do

trabalho foi aprovado e logo nomeado.

Permaneceu um bom tempo no cargo e mais

tarde se aposentou por motivo de doença.

Durante seu domínio Jose Abílio exerceu o

mandato de prefeito por quatro vezes e de

deputado por duas vezes.

A AMIZADE DE BORBA E NOVAS ELEIÇÕES

Com o governo de Dr. Manoel Borba, Costa Neto

assume o comando da política e aumenta o

prestígio da família Villela. Quando Chegadas às

eleições municipais para a sucessão de Luiz Carlos

da Costa Villela, irmão de Costa Neto, não aprova

a escolha feita por Luiz Carlos e se candidata a

prefeito. José Abílio fica ao lado de Josino Villela.

Foi uma luta terrível e a eleição acabou por ser

anulada pelo próprio governador devido aos

erros e fraudes. É nomeado por Borba o

comerciante José Guilherme. Através do Dr.

Ernesto Santos, então juiz de Bom Conselho,

chega até Borba a fama de José Abílio e os

serviços prestados por ele á policia local. Borba

manda convidá-lo para uma conversa. No palácio,

o encontro é rápido e Borba o convida para uma

conversa mais demorada na sua casa. No dia

seguinte José Abílio se faz presente ao encontro.

Quando a conversa está iniciada, o governador

queria saber como estava a situação em Bom

Conselho. Já havia se dado o rompimento entre

Dantas e Borba, por isso era necessário saber se

existia em Bom Conselho Dantistas. A resposta de

José Abílio foi que seria mais fácil perguntar a

Costa Neto, de uma vez que o mesmo continuava

como comandante de policia. No mandato do

prefeito Sr. José Guilherme, fazia parte das

amizades do cel. José Abílio, no entanto, Borba

ofereceu ao mesmo o cargo de Delegado. José

Abílio recusa a oferta, alegando não estar em

boas relações com então prefeito. O Dr. Borba

argumenta: Se o prefeito aceitar, você aceita? A

resposta: Dr. Manuel Borba. Se V. Exa. quer me

nomear delegado, por que não mim da a chefia

de bom conselho? Borba fica calado e escreve

uma carta ao prefeito José Guilherme. O mesmo

ao receber a carta diz que tem outro candidato

para o cargo, Osório Villela, irmão de Costa Neto.

José Abílio telegrafa ao governador informando o

que recebeu como resposta e fica aguardando.

Borba ao receber o telegrama não acreditar,

colocando em dúvida a palavra de José Abílio. Na

tarde do mesmo dia chegar ao palácio o

mensageiro do prefeito com a referida carta.

Após ler a mesma, Borba se dirige ao Sr. Clarindo

de Abreu e diz-lhe: ”Volte e vá se entender com

José Abílio, atual delegado de policia e chefe

político de Bom Conselho.” José Abílio é

informado por telegrama e fica surpreso.

Tornando-se chefe político de Bom Conselho no

dia 19 de fevereiro de 1919. Com novas eleições

se aproximando, detendo o poder em suas mãos,

convoca a mando do governador novas eleições.

Indica para o cargo João Peixoto Soares e para o

conselho municipal vários outros amigos. Não

houve duvida: o prefeito indicado foi eleito.

Diante da situação de prestigio crescente, José

Abílio tira proveito em tudo. Controla os órgãos

públicos e começa a fazer sua política. Apesar do

passado de José Abílio ser de homem envolvido

com situações às vezes de violência com muitos

“cabras”, Bom Conselho passa a ter um bom

tempo de ordem. Em 1922 José Abílio publica um

abaixo-assinado com o seu nome para prefeito e

noventa dias antes das eleições deixa a delegacia

e se candidata a prefeito do município. Candidato

único, eleito, preocupa-se em administrar com

equilíbrio. Havia terminado o governo de Borba,

sendo governador do estado o Sr. José Bezerra. O

sucessor de Manoel Borba dava todo prestigio a

José Abílio, favorecendo assim uma

administração pacifica e cheia de realizações.

Com um orçamento de apenas vinte e dois

contos de réis, José Abílio conseguiu construir,

dentre outras coisas, um teatro municipal, um

açougue uma empresa de luz. Bom Conselho

passou a ter outra vida e o seu comércio

aumentou sensivelmente. Infelizmente o

Page 7: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

mandato não chegou até o final, pois com a

mudança de governo no estado, com a queda de

Borba, passa José Abílio por muitas dificuldades,

inclusive perseguições, chegando mesmo a

abandonar o cargo e fugir.

DESPRESTÍGIO POLÍTICO E PERSEGUIÇÃO EM

BOM CONSELHO

Durante o governo de Estácio de Coimbra,

opositor de Borba, Bom Conselho sì¥Á 9 ø ¿ èñ

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tG tG tG ì¥Á 9 ø ¿ èñ bjbjýÏýÏ .2 Ÿ¥ Ÿ¥ èí ÿÿ ÿÿ ÿÿ l

& & & & & & & : tG tG tG tG rem um roubo por

lá. Começaram a praticar desordem altas horas

da noite e foram assassinados. O fato ocorrera a

cinco anos atrás. Este caso foi reaberto e José

Abílio, Lizimaco Florisbelo Vila-Nova, Alfredo

Canuto e Zezé Calado indiciados. Com exceção de

José Abílio, todos tiveram a prisão decretada.

Lizimaco por ser da guarda nacional ficou detida

na prefeitura e precisamente no dia 23 de Agosto

1927 José Abílio foge. Algumas horas depois de

sua fuga é decretada sua prisão. Com a ajuda de

Manoel Borba e Agamenon Magalhães, o seu

advogado Brito Alves consegue proclamar José

Abílio inocente num julgamento que teve uma

votação de três começa a luta para libertar seus

amigos, principalmente Lizimaco, que havia sido

levado a cidade de Olinda. José Abílio passa a

residir no Recife com o objetivo de libertar seu

amigo Lizimaco. No inicio do ano de 1930, já pela

segunda vez, entram em julgamento os amigos. O

dia tão esperado havia chegado e Lizimaco faz

sua própria defesa, auxiliando os advogados de

defesa Dr. Brito Alves e Demócrito de Souza filho.

Com habilidade, chegam á absolvição de todos.

Passados dois anos e meio na casa de detenção o

Cel. Lizimaco Vila-Nova, que havia sido Delegado

de policia na época do duplo assassinato; José

Calado, comerciante; Alfredo Canuto, diretor da

casa de detenção em Maceió. Todos amigos de

José Abílio, Manoel Borba e Agamenon

Magalhães foram perseguidos por serem inimigos

do governador do Estado Estácio Coimbra.

DE NOVO NO PODER CEL.JOSÉ ABILIO

Após este período, volta José Abílio a Bom

Conselho todos os amigos voltados ás causas da

revolução de 30. Com lenço vermelho no

pescoço, Ulisses Tenório chefiava o município.

Respondia por Pernambuco o interventor Carlos

de Lima Cavalcanti, que nomeava e exonerava os

prefeitos, inclusive os de Bom conselho. Apesar

do nome de José Abílio ter sido lembrado, ele só

foi prefeito novamente quando disputou as

eleições com Pe. Alfredo Pinto Dâmaso. No dia da

posse, 15-08-36, fez um discurso onde relatava

sua vida política até então. Continua com muito

prestigio junto ao interventor do estado até a

posse de Agamenon Magalhães (37), como

Interventor Federal em Pernambuco. Para Bom

Conselho é nomeado Josino Villela que a estas

alturas já se tornara inimigo de José Abílio.

Magoado e sem prestigio, retorna a Alagoas o

coronel e reassume o emprego de inspetor do

I.I.A. Dias depois se afasta por motivo de saúde e

volta para sua terra natal. A partir de 1943, sendo

Juca Medeiros prefeito de Bom conselho,

partidário do PSD, recebe um telegrama de

Etelvino Lins solicitando a formação do Diretório

incluindo o nome de José Abílio. Entretanto, o

coronel por ter sido presidente do partido acha

desagradável se tornar apenas um membro. Para

solucionar o problema, o governador Etelvino

Lins manda chamar os dois e propõe: “José Abílio

vamos resolver o caso de Bom Conselho do

seguinte modo: Você será o presidente do

partido com direito a quatro membros e Juca

Medeiros ficará com a vice-presidência e três

membros, como você quer. Quantos ases

nomeações serão feitos de acordo com vocês. Eu

de modo algum abandonarei o Juca, você apenas

dará, o nome e o mais resolverá, pois você anda

doente e não pode com o peso da luta...” Neste

dia foram determinados os nomes para a

composição do diretório do PSD em Bom

Conselho. Com a queda do governo de

Getúlio,muitas modificações são feitas em

Pernambuco e em Bom Conselho. A U.D.N. cresce

e toma forma a oposição a Jose Abílio e ao PSD A

partir daí surge um período de muita de muita

luta, muitas brigas entre o cacique de Bom

Conselho (como era chamado pela imprensa do

Page 8: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

estado) José Abílio e a U.D.N., encabeçada por

Gervásio Pires. Apesar de toda oposição, José

Abílio é reeleito para mais um mandato de

prefeito (26-10-47), se afastando para se

candidatar ao primeiro mandato de deputado

(1951). Eleito com 3.145 votos e empossado no

dia 25 de janeiro de 1951. Durante o primeiro

mandato, José Abilio tornou-se um elemento de

destaque, ora pela respostas, ora pelos seus

pedidos, alguns para Bom Conselho, outros para

seus afilhados, nunca para si próprio. Levando

adiante sua política fiel ao psd., sempre ligado a

Manuel Borba e mais tarde a Agamenon

Magalhães, nunca tomado uma atitude sem

prévia autorização. Findo o seu primeiro mandato

de deputado, tenta reeleição, em novo pleito

conseguindo uma votação de 3.127, tomando

posse em 26 de janeiro de 1955. São mais quatro

anos de mandato na Assembléia legislativa de

Pernambuco. Com o fim do segundo mandato,

José Abílio volta a Bom Conselho e não mais se

candidata. Passa a dirigir o destino de nossa terra

apoiando,articulando,usando seu prestigio, seus

afilhados, seus discípulos em cada pleito. Ainda

hoje sentimos a sua presença a cada eleição,

principalmente nas eleições municipais, quando

um candidato ou outro faz dos expedientes, fruto

do autoritarismo do coronelismo. Por não ter

filhos homens, o coronel se afeiçoou a outros

políticos, entretanto alguns deles já não

pertencem à linha do antigo PSD estão filiados á

corrente da U.D.N. junto aos seus familiares que

apóiam plenamente o ultimo opositor do coronel,

o bacharel Arnaldo Amaral.

GERVÁSIO –OPOSIÇÃO SISTEMÁTICA

Em 1945, um grupo de jovens idealistas reúnem-

se e criam o Diretório da U.D.N.- União

Democrática Nacional, em bom conselho,

passando a fazer oposição sistemática ao Cel.

José Abilio e ao PSD Gervásio ainda muito jovem

estava sempre envolvido nos problemas sócio-

culturais, passou também a participar da política

de oposição chegando a se tornar chefe do

partido. Custou-lhe grandes aborrecimentos, tais

ideais, que iam de encontro aos interesses dos

coronéis que faziam parte da outra corrente. As

pressões eram muitas, as violências aconteciam

das mais diversas. Eram bombas jogadas nas

casas de seus correligionários pelos simpatizantes

do partido adversário, o PSD, tendo inclusive, e

certa vez um senhor entrar no comitê da U.D.N. a

cavalo, disparando vários tiros de revolver no

local onde estava afixado a o escudo U.D.N.

Muitos crimes eleitorais eram atribuídos ao

cel.,entretanto o mesmo dizia que nada era de

sua autoria, ignorando e não calmando atenção

os autores de tais desmandos;falava o coronel –

“para os meus amigos não tem defeitos; os

inimigos o defeito que não tiver eu boto.” E assim

ia protegendo fosse quem fosse, desde que

estivesse ligado a ele e ao PDS A cada eleição o

grupo se fazia presente, com o candidato próprio,

no entanto, o esquema do PSD era mais eficiente,

não se sabe como, mas a eleição era derrotada,

até 1958, com a vitória do Dr. Cid. Sampaio, que

lhe garantiu a chefia política do município. Foi

candidato a deputado por três vezes, disputando

com José Abílio, ficou na suplência por duas

vezes, em 1955 e 1958, chegando a se eleger em

1960,com 4.153 votos. Com a revolução de 1964,

e a queda do então governador Miguel Arraes,

passou a assumir o estado, Dr. Paulo Pessoa

Guerra, conseqüentemente com a mudança

estrutural da política nacional, caem os coronéis

da Guarda Nacional e inevitavelmente o cel. Zezé

perde o prestigio. Pela proximidade do governo,

Gervásio ocupava uma cadeira na assembléia

Legislativa, reassume a chefia política de nossa

terra. Unido a população, ao prefeito Dr. Raul

Camboim de Vasconcelos e ao governador do

estado, Dr. Paulo Pessoa Guerra, constroem o

Hospital da cidade e escolhe para patrono Mons.

Alfredo P. Damasco, pois o mesmo havia iniciado

as obras e parado devido a falta de recursos,

posteriormente sua morte. Findo sua mandato de

Deputado, com a vida estruturada em Recife, pois

havia recebido um Cartório do Registro Civil na

Capital, ligados a outros interesses, fica residido

por lá, até sua morte. Em resgate a sua memória,

o atual prefeito denominou a “Casa de Arte e

Cultura Gervásio Vieira Pires”, numa justa

homenagem a esse bom-conselhense.

OUTROS POLITICOS DE EXPRESSÃO

Page 9: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Na década de 50 alguns jovens filiados ao Psd e a

U.D.N foram se firmando, candidatando-se a

vereador ou tentando eleger seus amigos,até que

surgem como líderes políticos. Assim aconteceu

com Arnaldo Amaral,Manuel Tenório Luna,

Walmir Soares da Silva. Fugindo a regra de líder,

um dos políticos merece o maior destaque: é Raul

Vasconcelos. Atualmente, uma nova liderança

surge: Gervásio Cavalcante de Matos, e mais

recentemente desponta como político Audalio

Ferreira de Araújo.

ARNALDO AMARAL - OPOSIÇÃO OBSTINADA

Quase um garoto volta do Recife, ás pressas, para

atender a um chamado da família. Seu pai, José

Hermínio Amaral, sofrera uma paralisia facial,

tornando-se impossibilitado de prosseguir o

trabalho. Assumiu o cartório seu filho mais velho,

Arnaldo, nomeado como escrevente em 1949,

dias depois enfrentando o concurso de

escrevente e mais tarde o de tabelião titular,

assumido até os de hoje. Com o idealismo

peculiar da juventude, une-se a outros jovens-

entre os quais Edjasme Tavares de lima, Zadir

Barbosa, dr Jose Barbosa- e resolver enfrentar

uma eleição municipal. Após a grande vitória do

partido nas eleições do governador, sagrando-se

vencedor Cid Feijó Sampaio, o grupo esperava

contar com o apoio de Gervásio Vieira Pires,

então deputado, em eleição municipal. Gervásio

achou por bem apoiar outro candidato. Lançada a

primeira candidatura, tinha como adversário o

médico humanitário, Raul Camboim de

Vasconcelos, muito conceituado no município.

Transcorria o ano de 1963. Foi a primeira

campanha de uma série, sendo derrotado. Passou

a lutar por mais quatro campanhas, perfazendo

um total de cinco disputas, em todas elas sendo

derrotados nas urnas. Com firmeza, o grupo

permanecer constante e unido a cada pleito

eleitoral seja para eleição municipal, estadual ou

federal. Finalmente, talvez para marcar uma nova

era, este ano, centenário da cidade , o grupo,

agora PMDB.,faz uma coligação com o PTR e o

PDS lançado um candidato. Concretiza assim a

tão esperada vitória deste obstinado líder político

e de seu partido.

Dr. RAUL - NOSSO OSVALDO CRUZ

Quando em 1963 candidatou-se prefeito, o

médico humanitário Raul Camboim de

Vasconcelos iniciou o trabalho com muita luta.

Primeiros problemas políticos, logo depois veio o

golpe de 64 e o mandato prorrogado muito

problema saúde que o município enfrentava, as

questões de base, a receita municipal muito

pequena e sua benevolência muito grande.

Iniciou seu mandato tentando corrigir algumas

deficiências de nossa cidade. Foi prefeito em

segundo mandato, pois já havia respondido pelo

município em 1947, substituindo Cel. José Abílio,

quando afastou-se para candidatar-se a deputado

estadual, terminando o mandato em 1951. A

primeira providencia foi construir o sistema de

saneamento, pois vivíamos numa cidade sem

esgotos. Sua administração não deixou placas,

mas o que foi realizado pelo bem de sua gente foi

além do perceptível. Instalou um programa de

saúde ainda não visto em nossa cidade, com a

ajuda de Gervásio Pires e de Paulo Pessoa

Guerra, conseguindo inaugura a Unidade Mista

de Saúde Mons. Alfredo Pinto Damaso,

favorecendo assim toda população, que tinha

apenas o posto de higiene e a Pré-maternidade

Mãe sertaneja. Durante o seu mandato procurou

ajudar o povo de todas as maneiras. Ao sair que

vender uma fazenda recebida em herança do seu

pai, Arcôncio Camboim, para cobrir a diferença

do caixa público. Por quê? Muito simples. Com o

salário muito baixo, a prefeitura sem verbas para

a assistência social, ia displicentemente fazendo

vales para serem descontados no salário a cada

vez que alguém lhe pedia algum trocado. No final

do mandato estava registrado o déficit público.

Em pleno período da ditadura militar, o tribunal

recusou suas prestações de contas e o exercito

veio até o ex-prefeito. Seus bens foram

penhorados até que fosse feita a reposição da

quantia. Alguns dias depois, a fazenda foi vendida

e todo o dinheiro foi para os cofres públicos. Foi o

único caso que se tem noticia em nossa terra de

Page 10: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

alguém rico entrar na prefeitura e ao sair dela

encontra-se pobre. Hoje, Dr. Raul vive em sua

casa, na mesma casa de muitos anos atrás,

apreciado pela janela os acontecimentos da

cidade que ele ama e que recebeu toda a sua

dedicação profissional, além de suas riquezas.

Rodeado pelos filhos, netos e bisnetos, toma sua

cerveja diariamente, gozando da tranqüilidade de

sua consciência.

MANOEL TENÓRIO LUNA: VELHA RAPOSA

Do terraço do cel. José Abilio saíram grandes

discípulos políticos. Um deles foi Manoel Tenório

Luna. Como bom aluno, aprendeu a nuanças da

política partidária do passado. Vindos de

Quebrangulo - AL, seus pais e irmãos, gozavam de

prestigio, pois como pertencem a família Tenório

fazem parte da cúpula administrativa do

município. De todos da família apenas este tinha

pretensões políticas, ingressando logo no serviço

municipal. Após o primeiro mandato de vereador,

resolver partir para o sul do país, onde se fixa por

um determinado tempo, voltando logo á terra do

Papacaça, candidatando-se novamente a

vereador e cumprindo o seu segundo mandato.

Em novas eleições é apoiado pelo cel. José Abílio

e se candidata a prefeito. Eleito, cumpre seu

primeiro mandato a partir de 68. Em 1976 é

reeleito, passando administrar a cidade até 1983.

A ele são atribuídas muitas obras, apesar de

modesto e não falar em seus feitos. Chegou a ser

deputado pela nossa cidade em 1986, filiado ao

`PMDB. Atualmente “a velha raposa”, encontra-

se recolhido, quase em retiro na sua fazenda,

próxima á cidade, assistindo a tudo o que se

desenrola no cenário público da velha Papacaça,

apoiando quem goza de sua amizade. Na eleição

de 92 apoiou o candidato ligado á coligação PTR,

PMDB e PDS, saindo vitorioso, resgatando junto a

seu povo a fé e alegria de ser bonconselhense.

WALMIR SORES – FIGURA CONTROVERTIDA

Caminhoneiro, muito simples, jovem Walmir não

imaginava o caminho que iria percorrer. Visitava

a casa de cel. José Abílio, ouvia as conversas e

aprendia como fazer política, com todas as

formas e característica daquela época. Candidato

e eleito por duas vezes para vereador ficam

definitivamente como político, formando uma

nova corrente política em nossa cidade. Eleito

para prefeito em 1972, reeleito em

1982administrou nossa cidade por dez anos.

Enfrentou tempos difíceis na sua segunda gestão,

devido a uma onda de violência que invadiu a

cidade, chegando a vitimar varias pessoas,

incluindo o candidato a prefeito, seu opositor,

Marne Urquisa, em 10 de novembro de 1982. O

político Walmir é uma figura controvertida,

porem de muito carisma: consegue manter no

poder pelos métodos mais simples de

clientelismo, da simpatia e do autoritarismo.

Apesar de não ter estudado, sempre se

preocupou muito com a educação em nossa

terra, sabendo-se que após o seu segundo

mandato nossos estudantes, principalmente os

da zona rural, receberam uma assistência mais

programada. Não foge das táticas de conseguir

eleitores, batendo no ombro, dando um sorriso

ou mesmo uma gargalhada estrondosa que deixe

seu possível eleitor satisfeito. Mantém as portas

de sua casa abertas para o povo. Com apenas um

filho homem e seis filhas, todas casadas,

consegue armar um esquema eleitoral invejável,

pela união e o dinamismo da família. Muitas

obras em nossa cidade têm sua assinatura,

prendendo-se sempre as grandes obras de

concreto. Foi infeliz quando na sua primeira

gestão resolveu reformar a praça D. Pedro II,

construída por Cel. José Abilio em 1937, para dar

lugar a um projeto de concreto, muito diferente

da nossa antiga. Foram derrubadas as belas

palmeiras imperiais que adornavam o centro da

cidade, não sendo perdoado até hoje. Ocupou a

cadeira de deputado estadual em 1990, eleito

pelo povo de sua terra que aspirava ter um

representante para lutar pelos interesses da

cidade. Porem, o poder é uma faca de dois

gumes. Levado pelo desejo de voltar a

administrar e dominar a sua cidade, alegando

traição, de seu sucessor resolveu candidatar-se a

prefeito, na eleição de 03 de outubro de 92. Em

dado momento, ao dar uma entrevista ao jornal

Page 11: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

da cidade, afirmou que iria voltar para a

prefeitura e que só iria passar o poder para

alguém da própria família. Afinal gozava o

prestigio para isso. Foi derrotado. Tudo acabado,

volta Walmir para Recife para cumprir a missão

que lhe foi confiada em novembro de 1990: Lutar

pelo bem de “ Seu povo”. Afinal foi esse seu

desejo e o da população de sua terra, que não

pode ser desrespeitada.

GERVÁSIO MATOS - PREFEITO EM NOVA VERSÃO

Após vinte anos de domínio exclusivo de dois

homens – Manuel luna e Walmir Soares - surge

de forma inesperada o nome Gervásio Matos. A

surpresa foi até para o próprio, pois até então

não tinha a menor pretensão de envolvimento na

política. Apresentado pelo então prefeito Walmir

Soares, Gervásio Matos teve que enfrentar um

adversário veterano que representava uma

preferência muito grande das famílias de Bom

Conselho. Era março de 1998 e o desconhecido

no mundo político iniciou sua campanha. Contou

inicialmente com apoio de sua família, por sinal

muito grande e bem relacionada, conseguindo

reverter o quadro da campanha ainda nos

primeiros comícios. Com uma nova tática, a da

conscientização, prometia nos palanques á

juventude melhoria de vida. Respeitou estas

promessas e quando eleito investiu maciçamente

nos jovens. Ora em esporte, ora em educação,

ora em saúde, ora em eventos. Foi considerado o

prefeito das grandes festas. Conseguiu devolver

ao povo tranqüilidade e a segurança de ir ás ruas.

Levado pelo idealismo e pela vontade de

aprender, não se inibiu participando de vários

seminários e cursos onde aprendia o que o cargo

exigia. Conheceu pessoas e lugares. Programou e

executou a melhoria de vida para a cidade,

investiu em obras invisíveis como educação,

saúde e segurança. Efetuou muitas obras de pì¥Á

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ÿÿ ÿÿ l & & & & & & & : tG tG tG tG os idosos,

resgatando duas gerações desprestigiadas em

nosso país: as crianças e os idosos. Enfrentou

corajosamente cada problema que se

apresentava, conseguindo reverter as situações

adversas que surgiam. Com a aprovação ao seu

trabalho e aos seus propósitos quando apoio e

apresentou o Audalio Ferreira de Araújo, pessoa

muito bem relacionada em todas as camadas da

sociedade bonconselhense, recebeu a resposta

positiva ao seu trabalho, elegendo para seu

sucessor alguém da sua linha política. Mas nem

só de acertos é feita a administração pública e

quando decidiu construir uma escola

profissionalizante no ginásio São Geraldo, diante

de vários apelos da população, cedeu e modificou

o projeto, para salvaguardar a memória dos seus

contemporâneos. Outro grande erro de sua

administração foi à escolha e inicio da construção

do centro de abastecimento de Bom Conselho

em local totalmente inadequado da cidade, entre

quatro escolas, e as margens do Rio Papacacinha

será transformado em uma fonte de insetos e

poluição, incluindo também os problemas sociais

que surgirão, como prostituição, trafico de

drogas, etc. Por que não transformar a área em

um espaço cultural alusivo ao centenário, com

pista de Cooper, ciclovia,uma praça (por que não

uma replica da antiga Pç. D. Pedro II)* ginásio de

esportes, para que todos nós professores,

possamos aproveitar junto com nossos alunos? E

necessário ao homem público a humildade para

reconhecer que após a eleição ele passa a ser um

instrumento da população, proporcionando a

cada cidadão que resida em uma cidade ou

região o bem-estar e a melhoria de vida. O

homem público não é o ditador, o carrasco ou

justiceiro que pune o povo, condena a cada passo

ou palavra dita em desacordo. Gervásio Matos

procurou aprender está lição e algumas vezes

pecou por não tê-la seguido. Espero que a

vivência e a experiência deem-lhe novas chances

de provar que é bom aluno.

------------------

SUGESTÕES DE LUIZ CLÉRIO DUARTE

A POSIÇÃO DA IGREJA NOS MOVIMENTOS

POLITICOS DE BOM CONSELHO

Desde a fundação Bom Conselho vem recebendo

interferência da Igreja em seu desenvolvimento.

Inicialmente, nos primórdios, com a chegada de

Page 12: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Frei Caetano, como foi citado no capitulo

anterior. Após toda a sua participação na

arrancada para a composição e desenvolvimento,

outros religiosos marcaram a presença em Bom

Conselho. Como o cônego João Marques de

Souza, que esteve na cidade de 1888 a1895. na

sua partida, ele bateu uma chinela na outra para

tirar o pó e disse a frase que ficou célebre: -Bom

Conselho só crescera como rabo de cavalo: para

baixo. E assim tem sido, chegando até a ser

chamada atualmente de “a terra do já teve”, por

que muita coisa já tivemos e já perdemos. Outros

religiosos tiveram marcada presença Durante o

governo revolucionário, o Mons. Joaquim elysio

Cavalcante chegou a ser nomeado prefeito. No

entanto, foi exonerados quinze dias depois (03-

11 18-11-30). Entretanto, o pároco chegado aqui

em 1918, o Padre Alfredo Pinto Damaso, foi o

maior destaque na política local.

PADRE ALFREDO – MUITA FÉ E MUITA BRIGA

CHEGOU A Bom Conselho no ano de 1918, sendo

recebido muito bem pelos fieis da paróquia.

Tempos depois foi transferido para Águas Belas

com a finalidade de resolver os problemas

existentes entre políticos e os índios daquela

cidade. Por considerar os índios “os donos da

terra”, Pe. Alfredo chegou a se desentender com

os políticos porque queria demarcar o patrimônio

em favor dos nativos. Isto lhe custou muitos

aborrecimentos levando-o, inclusive, ao Rio de

Janeiro, onde em entrevista com Getulio Vargas

expôs o caso e consegui do então presidente da

Republica o compromisso de proteger os índios

Funiôs. De volta a Águas Belas, conseguiu

despejar das terras dos índios os ocupantes que

se opunham a pagar foro. Após a resolução do

problema, volta para Bom Conselho, mais ou

menos no ano de 1930. Dias depois se

envolvendo em política, ao ponto de disputar a

Prefeitura em campanha tendo adversário o seu

grande inimigo Cel. José Abílio. Era tão pública

sua inimizade que sempre ao se referir ao coronel

chamava-o de “O amarelo”. Esta inimizade

rendeu muitos episódios entre os dois. Esta

eleição foi considerada muito dura. Inclusive o

governador do Estado, Carlos de Lima Cavalcanti,

não acreditava na vitória de Jose Abílio.

Muitos fatos ocorreram durante a campanha e a

eleição, chegando a serem anuladas duas secções

pelo Tribunal Eleitoral e quase um ano depois

foram autorizadas as eleições complementares.

Foram designados dois juízes especiais, um para

cada distrito, a fim de presidir as mesmas. O

grupo do coronel utilizou entre seus mecanismos

a criação de uma ala feminina, chamada e

treinada por gente de Jose Abílio. As moças

tomaram as ruas do Taquari e da Prata, onde

acompanhavam cada eleitor de braços dados até

asa proximidades das urnas. O matuto ficava

envaidecido com a presença das moças bonitas e

entregava-se ao esquema como se fosse uma

brincadeira. Padre Alfredo tomou suas

precauções. Foi até ao juiz, denunciou que os

eleitores estavam voltando sobre coação. O Juiz

manda chamar José Abílio, com a finalidade de

apurar a denuncia, ao que José Abílio responde

com a seguinte frase: - apresentem um eleitor

que votou coagido, que eu tomarei as

providências!... Como não apareceram provas, as

eleições seguiram e o padre foi derrotado,

cumprindo a profecia do coronel: - O povo vai

ficar com o padre na igreja e com o coronel na

prefeitura”. - Assim padre Alfredo desistiu de ter

um mandato público. No entanto, cresceu sua

hostilidade pelo coronel, chegando a pedir ao

mesmo que do coronel sempre foi bem recebida

na igreja pelo pároco. - Diante do tratamento

recebido no Taquari, o padre amaldiçoou o

povoado e criou a Vila de princesa Isabel, hoje

conhecida por Rainha Isabel. Com o

desenvolvimento de Princesa Isabel, o distrito de

Taquari, que era o maior distrito de Bom

Conselho, foi decaindo ao ponto de ser

totalmente destruído. Como pároco de Bom

Conselho, todos os fieis de sua época tem uma

lembrança bonita do padre. Para uns ele fez o

casamento, para outros batizou todos os filhos, e

para outros deu primeira comunhão. Sempre

disposto mesmo quando já estava bem idoso e

doente, nunca se negou a fazer um atendimento

a quem quer que fosse. Não tinha horário nem

expediente, viajou durante muitos anos montado

Page 13: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

a cavalo ou em lombo de burro. No final da vida

usava um jeep. Viveu na mais singela humildade.

Apesar der ter vindo de família abastada e ser

também capitão reformado do exercito, jamais

demonstrou luxo ou qualquer desperdício.

Realizou grandes festas religiosas, sendo

responsável pela tradição das comemorações

religiosas da semana santa e da quaresma,

comemorada desde a quarta-feira de cinzas até a

festa da Páscoa. De todas as festas religiosas, a

maior e mais bonita sempre foi a quaresma e a

semana santa, com vias – sacras, Procissão do

encontro, procissão de ramos, procissão de

enfermos, Lava-pés dos apóstolos, hora da

agonia, procissão do Senhor morto, onde as moça

da sociedade representavam as figuras bíblicas

envolvidas na paixão de cristo, como: os pecados,

as virgens loucas e virgens e virgens prudentes,

Bem-Hur, o cego de Jérico, Santa Verônica,os

apóstolos, as almas, são Tome , todas vestidas

caracterizadas como personagens, pronto para a

dramatização do da Paixão. Outras festas eram

realizadas na paróquia como: Festa da sagrada

Família, Festa de São Sebastião, Festa de N. sra.

Do Bom Conselho,Festa de Santo Antonio, Festa

de nossa senhora das Vitórias,Festa de São

Francisco, além da celebração dos meses de maio

e de outubro. De todas as festas apenas as de são

Francisco e de Nossa do Bom Conselho eram

realizadas pelos franciscanos, auxiliados pelo

padre Alfredo. Havia as festas dos distritos,

também realizadas sob o seu comando e sua

incansável fé e liderança. Construí a ermida de

Santa Terezinha, a casa do padre, na serra, para

servir de local de repouso e retiro: a residência

paroquial, um sobrado, chamado por ele de

quixó, demolido por ocasião da construção da

nova casa paroquial. Por ver muitas mulheres

morrerem de parto, construí a Pré-maternidade

Mãe sertaneja, na rua Mons. Marques, uma mini-

maternidade, que tinha uma sala de parto

equipada dos instrumentos mais usados, com

pequenos apartamentos e alguns leitos para as

mães pobres. Acolheu muitas mulheres para um

atendimento médico ou mesmo pelos parteiros

da cidade, Joaldi Soares e Dulce Guerra, pessoas

que ajudaram milhares de crianças nascerem.

Não esquecer dos idosos: construiu e manteve

por muito tempo o Abrigo são Vicente de Paula

onde recolheu diverso idoso abandonados pela

família Após algum tempo, resolveu construir um

hospital. Batalhou o terreno e começou as obras.

Quando a construção já tinha mais ou menos um

metro de altura, Pe. Alfredo adoeceu, enquanto

celebrava uma missa na igreja de são Sebastião e

desmaiou. Todos os fiéis ficaram surpresos e a

partir deste dia ficou publico o estado de saúde

do pároco. Muitos exames foram feitos, inclusive

uma cirurgia, no entanto, tempos depois,

precisamente no dia 29 de junho de 1964; Pe.

Alfredo faleceu no Recife. - Vários episódios são

relatados por relatados por pessoas que

conviveram com ele. Os mais conhecidos são os

seguintes: Por ocasião da construção do hospital,

um senhor que tinha sua casa vizinho ao terreno

do hospital resolveu construir o muro da casa

mais ou menos um metro adiante do terreno do

hospital. Por varias vezes o padre pediu que não

construí-se o muro até aquele ponto. Uma das

vezes chegou a marcar com a bengala onde

queria que desmanchasse. No entanto, o

proprietário do muro não atendeu ao pedido do

padre e no dia da sua morte, uma grande chuva

caiu em Bom Conselho e o muro curiosamente

caiu exatamente no local marcado pelo padre.

Outro fato curioso e de que nós tivemos noticia:

Na hora em que padre Alfredo faleceu no Recife,

os sinos da igreja da Aldeia, em Águas Belas,

repicaram sem que tivesse alguém na igreja. Não

sabemos até que ponto podemos considerar

folclore ou não, mas todas as pessoas que viviam

e que vivem até hoje podem contar estes fatos.

Na manha do seu sepultamento a população

encarregou-se de limpar a estrada que dava

acesso á ermida e na hora do seu sepultamento

reuniu-se uma multidão em Bom Conselho jamais

vista e jamais repetida. Deixou uma carta

testamento determinando suas vontades para o

povo de bom conselho e distribuindo seus

pertences aos parentes e amigos. Passados 28

anos após sua morte, pessoas visitam seu

túmulo, pagam promessas e alcançam graças,

invocando a Santa Terezinha através do Padre

Alfredo, grandes graças e favores. Em sua

Page 14: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

homenagem foi construído, um praça e colocado

o seu busto. Por ser de gesso, o tempo destruiu e

em breve espera-se que seja colocado um novo,

desta vez de um material digno do grande

sacerdote que foi para bom conselho.

CARTA TESTAMENTO DO PE. ALFREDO PINTO

DAMASO, PAROCO DE BOM CONSELHO

Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo.

Amém. Sentido-me gravemente enfermo, além

da pior das enfermidades a velhice, quero deixar

alguns esclarecidos e algumas determinações

sobre coisas de minha pobre vida. Estou nas

mãos de Deus- Meu pai- e d´Ele aceito

alegremente tudo o que ele houve disposto sobre

a minha vida. A ele peço perdão pelos meus

enormes pecados e deficiências. “a ele ofereço a

minha morte. Quero que ela seja um ato de amor

a santíssima Trindade assim como um ato de

total submissão e adoração á sua vontade

Soberana. Também de amor a Santa igreja. Tenho

muito medo da justiça de Deus, mas tenho uma

confiança ilimitada na sua misericórdia Infinita.

Sou pobre. O pouco que possuía já foi distribuído.

Pouquíssimo resta. Para maior clareza desejo e

determino o seguinte: 1º) Na cidade de Bom

Conselho, nos fundos da casa paroquial,construí

um sobradinho que determinei “ O Quixó” para

minha residência. Quero e faço doação deste

humilde prédio á SOCIEDADE DE SÃO VICENTE

PAULO – “ Casa de São Vicente” que tem

personalidade jurídica, para o fim de auxiliar com

seus rendimentos ao “Abrigo D.Moura” ou a Casa

da caridade de velhos indigentes, que temos

conservado e amparado até hoje com as esmolas

dos bons paroquianos. Terei o uso fruto

enquanto viver e quero que seja inalienável

perpetuamente. Conflito no critério justiça do

nosso bispo diocesano. No alto da Ermida de

Santa Teresinha, num pequeno sitio, junto á

capela que tem já seu patrimônio em terra e

casas de aluguel, fiz também um sobradinho para

residência do Vigário ou do Capelão.do mesmo

modo quero que seja incorporado ao Patrimônio

da Ermida, com as mesmas condições acima

determinada: 2º) Biblioteca: quase desaparecida!

Não convém dizer. Restam poucos livros todos

eles quero que façam parte da biblioteca do meu

irmão mais novo, por um educado – Jorge Pinto

Damaso. Quanto porém aos livros eclesiásticos

ficarão sob seus cuidados e destinado ao primeiro

sacerdote da família que venha a ordenar-se

futuramente. 3º) Minha casa: É paupérrima.

Nunca me incomodou a falta de conforto. O meu

irmão Jorge disponha de tudo como quiser –

lembrando –se de deixar cadeiras e camas á casa

paroquial. Lembrando –se também do Paulo e da

velha Júlia.

ATENÇÃO

No caso de morte aqui no Recife – é preferível – o

sepultamento aqui mesmo para evitar

atrapalhação e despesa no seio da família – no

chão (cova bem funda). Enterro paupérrimo. Não

convém transportar para Bom Conselho. Para

que? Melhor aqui mesmo. No caso de Bom

Conselho, se morto lá – seria sepultamento no

pátio da Ermida ( antes da entrada do enrolado)

numa rede, presente de Alfredo Canuto – rede de

linho – do amazonas. E dentro do caixão da

caridade, se os índios reclamarem – seria na

capelinha da Aldeia. Ass: Pe. Alfredo Pinto

Dâmaso

CONSTRUÇÃO DA ERMIDA DE SANTA TEREZINHA

Aproximando – se o centenário da paróquia de

Jesus, Maria e Jose, padre Alfredo Pinto Damaso,

então pároco local, adquiriu de Francisco de

Ferreira Bento e sua mulher D. Maria Rosa dos

Santos uma parte da terra localizada serra do

Gico, conforme registro em cartório de imóveis,

fls 58 do Iv. 37 nesta cidade, no ano de 1937, o

terreno onde foi erguida a ermida de santa

Terezinha do menino Jesus. A pedra fundamental

foi lançada no dia 28 de abril de 1935, após

autorização de D. Manoel Antonio Gouveia,

segundo bispo de Garanhuns. No entanto, as

obras foram interrompidas devido ao falecimento

deste bispo em 19 de maio de 1937. em 12 de

junho de 1937, realizou-se uma santa missa e foi

colocada a placa de mármore na pequena igreja,

Page 15: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

ainda em construção. Sua inauguração realizou-

se finalmente no dia 07 de janeiro de 1940, sendo

bispo da diocese D. Mario Miranda Vilas – Boas,

quando realizava visita a esta paróquia. O habito

da peregrinação foi adquirido com o passar dos

anos, sendo que a primeira realizada pelos

prisioneiros de Garanhuns. Trabalharam na

construção alguns pedreiros da cidade, sempre

orientados pelos mestres Jose Barbosa e João

Vieira Belo. Sua pintura foi executada por

Joaquim Vieira Belo, o Joaquim correntao. Foi

construída com doações do povo de Bom

Conselho, que levava tijolos, pedrês, areia,

cimento, cal e até água na cabeça até o topo

serra. Liberados por padre Alfredo todos os fieis

participavam sendo os ricos com doações e

esmolas e os pobres com trabalho e mão – de –

obra. E a exemplo de frei Caetano foi construída a

Ermida de Santa Terezinha e a casa do padre. Em

22 de maio de 1941 alguns devotos de santa

Terezinha do menino Jesus abriram um estrada

até a ermida e fizeram a doação de quinze

cruzeiros alusivos ás quinze estações da via –

sacra, onde os fieis fazem suas penitencias até

hoje. Foram doadores dos cruzeiros em madeira

os seguintes senhores e suas famílias: Francisco

Vicente e Agustinho, Expedito Amaral, mestre

Fausto, Abílio Alapenha, João Taveira, João

Gomes, capitão Felix, Cassiano, capitão Pedro

Zuza, João Reif, Antonio Penedo, Barretinho,

Estevão Malafaia, capitão Antonio Meireles,

coronel Alípio Luna. Em 1987, por ocasião do

jubileu de Ouro, exigência do próprio Pe. Alfredo

foi realizada uma grande festa e a partir daí,

todos os anos se realiza a festa de santa

Terezinha com uma procissão de fieis, trazendo a

santa nos braços. Dias depois, a santa é levada ao

seu santuário em uma carreta que percorre toda

cidade. Esta festa mobiliza toda a paróquia, com

uma grande demonstração de respeito. É

importante ressaltar que o Mons. Alfredo Pinto

Damaso encontra – se sepultado dentro da igreja,

atendendo um pedido do mesmo, no mês de

junho dia 29, também dia de São Pedro, é

realizada uma missa com a presença de muitos

fieis que conviveram com o padre Alfredo e

conversavam a sua fé no sacerdote. Este ano foi

feito o calçamento e as escadarias que dão

acesso á serra possibilitando aos fieis, devotos de

santa Terezinha e padre Alfredo melhores

condições para chegar até o santuário.

PADRE CARICIO... E UM SÓ REBANHO

Com a morte de padre Alfredo outros padres

vieram de forma interina assumir a paróquia. No

dia 31/11/65, chega a Bom Conselho padre Edgar

Caricio de Gouveia, que foi pároco durante 19

anos. Saiu de Bom Conselho quando foi

promovido a bispo e recebeu a diocese de Irecê

/Ba, para trabalhar. Em entrevista, Dr. Caricio fala

sob sua estada, da seguinte forma: - minha

chegada a Bom Conselho foi marcada por uma

grande adesão do povo. Teve muita

compreensão, neste sentido, porque todos

formaram um só rebanho em meu respeito. Eu

respeitei religiosamente os princípios dos

adversários políticos do Mons. Alfredo. Nunca

procurei discutir com eles certas coisas, mas

houve um profundo respeito a minha pessoa e,

portanto eu os respeitei muito. Achei que cada

um tem o direito de pensar como quiser, embora

respeitando os princípios dos outros. Nesta linha,

eu procurei caminhar até o fim da minha

passagem por essa paróquia e fui bem sucedido. -

A posição da igreja durante o tempo em que foi

pároco foi de grande fidelidade aos princípios do

catolicismo e ao papa. Seguindo sempre os

caminhos tradicionais que a igreja apresentava,

procurou formar um só rebanho em torno do

único pastor, DEUS. Se antes existia em Bom

Conselho oposição declarada ao Pároco, com

padre Caricia as forças políticas não se

manifestaram claramente, havendo ocasiões de

toda comunidade se mobilizar para a construção

da Atual casa Paroquial e todos ficarem juntos de

mãos dadas na mais perfeita unidade de

pensamento. Todos colaboram, prestaram sua

assistência, atingindo êxito as promoções

realizadas a tal fim. Dentro de seu trabalho

pastoral, desempenhava com muito brio e

decência. Procurou cumprir a agenda de seu

antecessor, dando assistências aos seus

paroquianos da melhor forma possível.

Page 16: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Conservou as tradições religiosas da cidade.

Apesar de reduzir o numero de figurantes da

procissão de Senhor Morto, a mesma continuou

tão bonita como antes. Auxiliava as irmãs

religiosas, com aulas de francês no colégio N. Sra.

Do Bom Conselho, oferecendo ás alunas um

aprendizado de boa qualidade do idioma

estrangeiro. Por ocasião da visita da imagem de

N. Sra. Aparecida, o núncio apostólico do Brasil

acompanhava a imagem chegando a Bom

Conselho ficou muito satisfeito com o trabalho

realizado pelo padre. Em reconhecimento, o

promoveu a Monsenhor. Toda paróquia ficou

feliz, manifestando – se com muitas palmas,

durante alguns minutos. Foi tão grande a

identificação do padre caricio com a terra e seu

povo que sua família, mãe e irmãs vieram morar

em Bom Conselho e as que aqui faleceram foram

sepultadas e não em Quipapá, sua terra natal. O

povo bonconselhense tem muita admiração e

agradecimento ao padre Edgar Caricio e quando

soube da sua promoção para bispo, entre

lagrimas, lenços brancos e muitas mãos

acenando, deram adeus ao bom Pastor que

partia. D. Caricio continua cidadão

bonconselhense, pois aqui reside sua irmã, é aqui

que vota e presta sua declaração de imposto de

Renda. Quando indagado sobre o seu trabalho

material, se posicionou sempre com uma

pequena reforma na igreja, uma pintura, etc., eu

vi que era necessário e que foi feito com muita

eficiência, como também se listou muito, a

construção da casa paroquial. A casa que

funcionava era muito pequena. - Eu construí a

casa a paroquial com muito sacrifício, mas com o

apoio de todos. Por exemplo, fizemos um grande

bingo com cinco carros. Todos colaboraram.

Todos prestaram a assistência devida para o êxito

daquele movimento em prol da igreja e da casa

paroquial. Tudo foi feito com muita alegria e

muita satisfação por todos - Quando foi embora

para a Bahia, deixou grandes amizades e sempre

que se refere a Bom Conselho se tornou no meu

tempo, grande família.

FREI DIMAS – UMA REVOLUÇÃO CULTURAL

Diante de uma igreja conservadora de padres

seculares, de uma educação religiosa voltada

para as formas voltada para as formas

tradicionais, surge um novo líder. Chegado de

Caruaru, Frei Dimas – José Marleno -,

transformou Bom Conselho com os seus

trabalhos religiosos, suas missas movimentadas e

concorridas pelos jovens da cidade. Em todos os

horários a igreja ficava lotada e entoava os mais

modernos cânticos. Foi uma grande revolução

religiosa e cultural. O frade participava dos ritos

eclesiásticos com o mesmo entusiasmo com que

desenvolvia seu trabalho de professor do mais

novo colégio da cidade – Escola Frei Caetano de

Messina – tendo assumido tempos depois a

direção do mesmo. A partir daí, Bom Conselho

não foi mais o mesmo. Sua contribuição a historia

é inegavelmente de grande valia. Trabalhou com

a juventude, proporcionando a cada um

condições de se educar em uma democrática

onde a arte era sua grande arma de conquista.

Neste período, precisamente em 1973, Bom

Conselho participa do programa de televisão da

rede Jornal do comercio, campeonato das

cidades e frei Dimas unido ao povo sob o

patrocínio do então prefeito Walmir Soares,

produzem um show que vence a cidade de

surubim com larga vantagem. É uma grande

conquista e um grande momento para a cidade

das escolas, pois, a partir de sua chegada os

jovens passaram a participar mais ativamente da

vida sócio-cultural de nossa terra. Criou

movimentos artísticos, que há muito não havia,

deu impulso á banda Marcial da Escola F. Caetano

de Messina, que sob sua regência transformou-se

em cartão de visita, chegando a participar de

concursos e encontros de bandas e outros

eventos até hoje. Irrequieto, frei Dimas promove

expedições e escavações arqueológicas em nosso

município e encontra diversas ossadas gigantes,

de animais já extintos. Não pára e cria o instituto

Marcelino Pão e Vinho, uma escola para atender

ás crianças de pré – escolar. Não sendo muito

feliz, mais tarde veio a encerrar suas atividades.

Percebendo a necessidade de atender aos

adultos, consegue para Bom Conselho o curso

madureza, atual supletivo, favorecendo a

Page 17: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

dezenas de adultos a realização dos estudos.

Posteriormente conseguiu o 1º grau realizou em

dois anos, que permaneceu por maior tempo e a

Escola frei Caetano abrigou todo esse pessoal

oferecendo uma chance que jamais tivera.

Muitos deles prosseguiram os estudos chegando

a fazer, mais tarde, curso superior, dentro de

suas habilidades. Muitas outras mudanças foram

realizadas em nossa terra, enquanto sua

permanência entre nós. Alguns de seus discípulos

são hoje bons professores da escola frei Caetano

e de outras escolas. Muitos outros partiram em

busca de novos horizontes e hoje são pessoas de

destaque na vida profissional e social. Após vários

anos de atividade em nossa cidade, a ordem

Franciscanas, a que pertence,achou por bem

transferir frei Dimas para outra cidade e até hoje

os jovens procuram preservar os seus ideais

plantados na terra do Papacaça e na Escola

estadual Frei Caetano de Messina.

OUTROS PADRES IMPORTANTES

Outros padres e frades estiveram aqui e deixaram

seu testemunho, cada um de modo, cada um com

sua contribuição. Do seminário vinham os

conselhos sábios, nas palavras do Frei Leão de

Viçosa, durante suas duas passagens aqui em

Bom Conselho, trabalhou baseado na fé e nos

ensinamentos bíblicos. Posteriormente chegaram

outros frades, pois a paróquia passou a ser

administrada pelos frades franciscanos. Com a

chegada de Frei Hélio, foi um choque muito

grande, afinal era muito novo, brincalhão,

dançava nos bailes e tomava uísque. Foi muito

trabalho para pessoas aceitarem o

comportamento extrovertido e extravagante do

pároco da cidade. Muitas vezes as moças que

visitavam a cidade, não sabendo que o mesmo

fosse um padre chegavam a tentar uma

conquista. Ficavam desapontadas quando o

mesmo lhe falava que era padre. Outros frades

de valor estiveram aqui, Frei Babosa, Frei

Severino e atualmente o nosso pároco, Frei Zico,

apesar de jovem e de ter assumido sua primeira

paróquia, tem demonstrado grande força de

vontade e dedicação a seu rebanho. Com uma

visão muito prática, procurou resolver os

problemas dos idosos do Abrigo São Vicente de

Paula, colocando-os para morar na casa Paroquial

e junto a um grupo de fiéis, a Prefeitura

Municipal e ajudas da Alemanha está construído

uma nova casa destinada aos idosos e ao Abrigo

São Vicente de Paula, que será inaugurada muito

em breve. Outras obras estão sendo executadas,

como a Casa do Estudante Carente, onde jovens

da Zona Rural terão abrigo, estudo e uma

atividade produtiva, dentro de suas habilidades.

Para esse projeto também recebeu ajuda da

Alemanha. Como diz o próprio Frei Zico-‘’Minha

passagem deve ficar marcada onde quer que eu

vá, para que não seja uma passagem em vão.’’

Quando a sua atividade pastoral tem

desenvolvido dentro de uma nova dinâmica,

onde cada periferia recebe a ajuda espiritual em

seu bairro, com missa, palestras e outras

atividades referentes ao trabalho de quese. São

muitos os planos do jovem frade, que estão

sendo elaborados, espera-se que se tenha tempo

e condições de realizá-los.

A PRIMEIRA IGREJA EVANGÈLICA

São pioneiro na fundação da primeira Igreja

Evangélica Presbiteriana de Bom Conselho o casal

João José de Oliveira Campos e D. Maria Oliveira,

sua esposa, quando em 1929, cediam sua casa às

primeiras reuniões, posteriormente, os primeiros

cultos, presididos pelos americanos, Dr. Thaylor e

Dr. Nevelly, missionários vindos de Garanhuns

para evangelizar em nossa cidade. Gozava de

certo destaque o casal que recebiam os

missionários, pois o Sr. João José era medico

prático muito conhecido e farmacêutico

homeopático com larga experiência nos

tratamentos a base de ervas e plantas. Para todos

era apenas, “João Boutler”, pois recebera este

nome devido a um bom tempo trabalhando ao

lado do médico americano Dr. Boutler. Aos

poucos algumas famílias foram se aproximando

ao ponto de ser formada a primeira congregação.

Em 1930, já formada a pequena congregação,

transferiu-se para a Rua Sete de setembro nº149,

tendo como lideres Sr. Manoel batista de Macedo

Page 18: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

e José Campos de Oliveira. Foram muitas

perseguições, pois até aí, a cidade era totalmente

católica e com a invasão dos “bodes” tudo que

acontecia era motivo para ser considerado um

castigo dos céus. Contam os idosos, que certa

vez, por ocasião de fortes chuvas, caiu um raio na

igreja Matriz, chegando a destruir a cruz e parte

de umas das torres, foi danificada.

Coincidentemente no dia anterior tinha falecido

um comerciante evangélico por nome Justo

Cordeiro. As pessoas católicas fervorosas e

fanáticas atribuíram este fato a um “castigo dos

céus”. Eram tantos os escárnios e as perseguições

que Manoel batista de Macedo chegou a ser

expulso da cidade, voltando tempos depois. Com

a evolução da congregação em igreja, funda-se

em 1931 a sociedade Auxiliadora Feminina – SAF

que já comemorou seus 50 anos. Por ocasião do

jubileu de ouro da mesma foi realizada a reunião

das Federações das SAFs; Reunião dos

Presbíteros; e União da mocidade Presbiteriana.

O atual templo situado á Pç. Dantas Barretos foi

construído em 1946, quando contava com

numero significativo de membros tendo-se

destacado alguns deles que tornaram pastores,

sendo notável o seu desempenho. São eles:

-Revdº-Zenas Campos

-Revdº- João Campos

-Revdº- Cilas Campos

-Revdº-Elias Sabino

-Revdº- Abel cordeiro

-Revdº- Manoel Cavalcante

-Revdº-Jason oliveira dos Anjos

-Revdº-Eronides Batista, este filho do saudoso

Manoel batista de Macedo.

Dentre os presbíteros destacamos a participação

do Sr. Genésio Cordeiro, atuou durante 42 anos

tendo inclusive, conduzido os trabalhos da igreja

sozinho por muitos anos. Assumiu diversas vezes

muitas funções dentro da igreja, excetuando - se

ministrar a Santa Ceia, Batismo, e Casamentos.

Chegou a ser convidado para se ordenar pastor,

tendo recusado o convite. Faleceu em 26/11/90,

deixando o legado de seu exemplo e seu

testemunho. Atualmente a igreja encontra – se

dirigida pelo Revdº José Ernando Pereira de

Vasconcelos, desempenhando um trabalho

eloqüente, incluindo o programa “Cristianismo, a

melhor Resposta”, na Rádio papacaça com o

apoio e participação de alguns membros. Foram

organizadas diversas congregações ao longo dos

anos, como: Pedra de Fogo, Monte Alegre, Saloa

e Ebenezer. As duas últimas já são duas novas

igrejas, fruto dos trabalhos da igreja Presbiteriana

do Bom Conselho.

CIDADE DAS ESCOLAS – OS PRIMEIROS MESTRES

No século passado não existia em Bom Conselho

alguém ou escola responsável pela educação

masculina, pois as famílias de posses recorriam às

escolas das cidades vizinhas e até das capitais de

Maceió e Recife. As moças já contavam com a

existência do colégio N. Sra. Do Bom Conselho.

Muitos rapazes pobres recorriam aos seminários

pelo fato de ser mais cômodo, pois ali tinham a

moradia, a educação, tudo isso, gratuito. Foi por

estes motivos que muitos rapazes estudavam nos

seminários e após os estudos concluídos

renunciavam a vida religiosa. No final do século

passado, surgiu um professor que veio mudar o

destino dos rapazes da nossa terra. Mestre

Laurindo Seabra era professor muito severo, que

ensinava aos meninos e rapazes a ler. Seguia a

metodologia de que” a letra com sangue entra” e

a cada erro seja tabuada, nas argüições, nas

sabatinas, recorria da velha palmatória, dos

castigos ajoelhados sobre sementes de milho e

outros. Segundo Arthur Carlos Villela, em suas

memórias, “ele dava aulas de ceroulas compridas

e suspensórios”. Nos dias de domingo, segundo o

senhor Barretinho, “trajava – se de paletó,

chapéu de massa e bengala, quando ia a missa.”

Foram muitos anos de luta para professor de

renome, pois dentre seus alunos destaca –se o

Dr. Agamenon Magalhães, e num gesto de

gratidão homenageou o velho mestre com a

construção do grupo que trás seu nome. Faleceu

em 1936, nosso herói, após um trabalho de muita

dedicação, semeando o saber em muitas

crianças, que mais tarde se destacaram na vida

pública de Bom Conselho. É este mesmo período

a participação valiosa da Mestra beatriz, figura

humana que encarou a educação como uma

Page 19: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

missão. Em suas aulas utilizava de carinho,

dedicação e honestidade profissional. O ano

letivo em sua escola iniciava – se no dia 03 de

janeiro e terminava ás vésperas do natal. De

muita religiosidade, tocava órgão na igreja,

pertencia ao apostolado da oração da igreja

Matriz e nas missas entoava os hinos e benditos.

Com o seu método e ao som da cantoria do Bê-á-

bá, alfabetizava, recitava a tabuada e tirava os

“nove-fora”. Foi uma verdadeira mãe - mestra de

seus alunos e obrigava-os todos os dias ao entrar

e ao sair da escola, dar-lhe a benção. Faleceu

entre 1932 e 1933, com mais de sessenta anos de

idade. Em 1968 recebeu do programa “aliança

para o progresso”, onde americanos e brasileiros

unidos, investiram em educação e saúde, a justa

homenagem de ter um grupo escolar com o seu

nome.

O SECULAR COLÉGIO N. Sr. DO BOM CONSELHO

Tudo começou a semente plantada por frei

Caetano de Messina, ainda no século passado.

Durante todos esses anos, sempre firme, esteve

no colégio de nossa senhora do Bom Conselho,

abrigando entre suas paredes estudantes e

religiosas. Tem sido um trabalho serio e

persistente desde a sua fundação em 1853.

Muitas mulheres saídas desta casa tornaram – se

figuras importantes nos mais diversos cenários,

em nossa região. Foi o primeiro colégio do

agreste Pernambucano a formar professores, no

curso normal Rural, 1º Ciclo. As professoras

formadas aqui saiam com muita credibilidade e

competência. As festas do colégio sempre foram

uma beleza impar, a partir da festa religiosa de N.

Sra. do Bom Conselho, como também as

escolares. Foram inúmeros os seus momentos de

gloria, podendo criar a festa do centenário em

1853, quando na ocasião as professoras ex-

alunas fizeram a doação do documento á nossa

senhora do Bom Conselho. Outros momentos

foram importantes na vida desta casa, tornando-

se difícil enumera. Aqui foram realizados grandes

encontros da congregação; muitas participações

na vida social da cidade sempre que seus salões

são cedidos as recepções de casamentos, bodas

de prata, etc. Apesar da imponência do seu

prédio da paz que inspira aos seus visitantes, o

colégio passa por grandes dificuldades, até em

manter as suas noviças. Boa parte do seu

patrimônio se encontra improdutivo. O terreno já

não rende o suficiente e o numero de irmãs que

produzem é muito restrito, pois a maioria delas

se encontra idosas e doentes não podendo

trabalhar mais. Da estrutura da congregação

muito se conserva, entretanto do ensino

tradicional muito pouco nos resta. Foi um colégio

exclusivamente feminino, passando a misto

apenas na década de 80, com a finalidade de

solucionar os problemas financeiros, porem

pouco ajudou, haja vista, atualmente só existir o

primeiro grau (até a 8ª Série), perdendo o

segundo grau, este ano, por total falta de

condições financeiras, pois a crise que enfrenta o

pais não poupou a grande obra de frei Caetano. É

necessário que uma medida urgente seja tomada,

quer pelas autoridades civis e eclesiásticas para

devolver ao colégio o seu objetivo inicial: Abrigar

meninas órfãs, resgatando sua filosofia e desejo

do seu criador. Concluindo, é muito triste vê uma

obra tão bonita e importante, que tantos serviços

prestou a nossa terra venha a sucumbir diante

dos nossos olhos e nada seja pelos habitantes

desta terra.

CRIAÇÃO DO GINÁSIO SÃO GERALDO

Na década de 30, chega a Bom Conselho, um

jovem, chamado de Valdemar Gomes de Santana,

formado em humanidades pelo colégio salesiano

do Recife E junto a outros jovens idealistas,

Gervásio Vieira Pires, fundaram e construíram o

centro Lítero cultural que tinha como objetivo

ensinar as crianças abandonadas. Tamanho foi o

entusiasmo, que tempos depois, Valdemar

Santana, Gervásio Pires e Dr. Joaquim Cirilo, juiz

de direito da comarca de Bom Conselho

fundaram o instituto São Geraldo, que funcionou

basicamente de 1944 a 1947. contaram com o

apoio de muitas pessoas da cidade, que fizeram

doações e cooperaram como puderam. Com a

colaboração de alguns bonconselhense e o

idealismo de Valdemar, Gervásio e Dr. Cirilo

Page 20: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

surgiu o Ginásio são Geraldo em 1948, contra

tudo e contra todos os poderosos. Compreendia

o poder o grupo político do PSD e os sócios do

são Geraldo faziam parte da U.D.N., corrente

política adversária. Era pensamento dos “homens

do poder” daquela época, que uma escola de

porte, chefiada por pessoas de visão política iria

mudar a mentalidade das pessoas; após estudar e

receber esclarecimento e até hoje esta filosofia

permanece. Durante a construção muitas vezes

as paredes que estavam sendo construídas eram

derrubadas á noite; no outro dia, Prof. Valdemar

responsabilizava o cel. Jose Abilio, representante

da corrente política e chefe político da cidade.

Era uma eterna briga entre eles, pois o Coronel

negava qualquer participação nos atos. Atribui –

se que o são Geraldo só chegou a ser concluído,

devido as influencias de Dr. Cirilo em Bom

Conselho, pois sendo juiz, havia muito respeito a

sua pessoa. Superado os problemas com a

fundação e construção o ginásio passa a

funcionar legalmente em 1948, em 1954, cria o

2º ciclo, o curso pedagógico ( equivalente ao

segundo grau de magistério) e em 1956 realiza as

solenidades de formatura de seus primeiros

alunos- mestres. Continuava prof. Valdemar no

são Geraldo, Dr. Joaquim Cirilo e Gervásio Vieira

Pires unidos na educação de jovens de Bom

Conselho. Entretanto, os caminhos desses

homens foram tomando rumos diferentes.

Gervásio já se tornara político e os compromissos

na capital o prendiam cada vez mais. Permanece

em Bom Conselho prof. Valdemar e Dr. Cirilo

lutando pelo crescimento de ensino, o que lhe

valeu o titulo de Baluarte da Educação em

Papacaça; o ginásio são Geraldo, formara

algumas dezenas de professores, já somara outro

curso de 2º grau, desta vez, o curso Técnico de

Contabilidade, quando as dificuldades chegaram

a escola. Os primeiros problemas se agravaram

com os atrasos nos pagamentos das bolsas

escolares, que os governos municipais, estaduais

e federais favoreciam aos estudantes carentes e

muitas vezes só eram pagas no final do ano

letivo. Com o surgimento dos colégios Souto filho

e estadual frei Caetano de Messina oferecendo

inicialmente o primeiro grau, em seguida com a

criação do segundo grau de boa qualidade,

cientifico e contabilidade, provocou o

agravamento da crise ao ponto da escola não

mais sobreviver. Como recurso, prof. Valdemar

utilizou um artifício muito comum em algumas

faculdades, nos dias de hoje, matricula alunas

portadoras de diplomas de segundo grau, no

curso pedagógico sem exigir freqüência. “As

fantasmas” como eram chamadas, foram

aumentando de tal modo que chamou a atenção

da secretaria de educação e após uma denúncia,

a inspeção chegou ao são Geraldo e constata as

irregularidades tornando-se impossível

prosseguir o trabalho educacional, chegando a

encerrar suas atividades em 1978. Em 1979

faleceu o prof. Valdemar, o último baluarte do

Ginásio são Geraldo, segundo José Duarte,

“decepcionado, sentido-se abandonado por

todos os jovens que ele educou e que agora esses

ex-alunos procuravam outras escolas para educar

seus filhos.” Atualmente o prédio do ginásio sapo

Geraldo abriga uma pré-escola do estado.

Paralelamente o prefeito, Gervásio Matos, está

construindo a escola técnica profissionalizante

São Geraldo, no terreno anexo ao antigo prédio,

onde futuramente deseja criar a fundação de

ensino Valdemar Gomes de Santana.

A ESCOLA DA COMUNIDADE

Em 1963 exatamente no final do ano, um grupo

de pessoas lideradas pelo tenente coronel

Florisbelo Vila-Nova, conseguiram através do

Deputado Roberto Phalhante, genro de Ademar

da Costa Carvalho também deputado ligado ao

Sr. Gervásio Vieira Pires, conseguiram para a

nossa cidade a primeira escola que daria

condições ás pessoas de baixa renda conseguir

estudar ou formar seus filhos. Foram tempos

muito difíceis. Inicialmente, a primeira turma que

pretendia enfrentar o admissão ao ginásio, turma

muito grande, contando com um numero grande

de adultos, pessoas da comunidade que não

tinham estudado por não haver escola noturna, e

o ginásio Souto Filho chegara para solucionar

estes problemas. O tenente- coronel Florisbelo

Vila-Nova havia sido indicado para ser o diretor e

Page 21: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

este lutando muito, enfrentando diversos

problemas conseguiu vence-los e em março de 64

já havia cursado regulamente duas turmas, uma

de admissão e uma de primeira série ginasial.

Com muita boa vontade um grupo de

professores, os mesmos dos colégios particulares

davam sua colaboração, muitas vezes sem

receber salários. Aos poucos o ginásio Souto

Filho foi ser firmando e em 1967, realizava a sua

primeira festa de conclusão do curso Ginasial.

Com uma festa muito bonita. Era a consagração

do trabalho daquela equipe que lutava contra ás

adversidades. Mas, surgia um novo problema,

como prosseguir os estudos? Prof. Valdemar

Gomes para atender as necessidades daqueles

estudantes, cria o curso Pedagógico á noite, pois

já contava no são Geraldo com o ensino noturno

e o curso técnico de contabilidade, fechando

posteriormente. Tempos depois, Florisbelo se

transfere para outra cidade e a direção do Souto

Filho é entregue ao prof. Manoel Barros de

Miranda, este continua a luta e em 1970

consegue o curso técnico de contabilidade,

realizando sua primeira solenidade de formatura

no dia 03 de janeiro de 1973, da qual eu

orgulhosamente fazia parte como formanda. Com

transferência do prof. Manoel Barros de Miranda,

vieram muitos outros professores a dirigir o

então colégio Comercial Souto Filho, entre eles

prof. Joaldi Soares, prof. Geraldo Guedes de

Araújo, profª Mercês Estevão, prof. Hildeberto

Campos e outros. Como o regulamento

determinava o colégio deveria ser administrado

da seguinte forma: Na direção um professor e

um conselho comunitário presídio pelo prefeito

do município. Com tas mudanças políticas,

sempre interferia no andamento do colégio,

provocando crises. Em uma dessas crises,

vereadores acompanhados de alguns

professores, conseguem com o governador do

estado a liberação de alguns professores

contratados pelo estado para prestar a serviços

no colégio e essa crise foi superada.

Posteriormente nova mudança de governo, nova

crise, nova diretoria, novos problemas. A partir

deste momento o Colégio Comercial Souto Filho

passa a diminuir a matricula que resulta no

inevitável fechamento. Transcorria o ano de 1983

e em menos de dez anos, duas boas escolas

deixaram de existir na “Cidade das escolas”. O

Colégio Comercial Souto Filho sempre funcionou

no prédio do grupo escolar Mestre Laurindo

Seabra, durante 20 anos.

ESCOLA FREI CAETANO DE MESSINA

Estava o prédio do seminário são Fideli ocioso há

vários anos, quando o governo do estado,

representado por Dr. Paulo Pessoa Guerra e o

secretario de educação Dr. Roberto Magalhães,

solicitou dos frades Capuchinhos a cedência do

prédio a fim de instalar um escola estadual.

Inicialmente ficou determinado que a direção da

escola deveria ser entregue a um religioso da

ordem Franciscana e designaram para exercer o

cargo de primeiro diretor, Frei Bernardo. Em

1970, a direção da escola foi entregue a Frei

Dimas (José Marleno), este solicitou a criação do

curso cientifico, a nível de 2º grau. Entretanto as

dificuldades para se conseguir professores eram

inúmeras, levando o frade a convidar professores

da cidade vizinha de Garanhuns. Imediatamente

o convite foi aceito e alguns dias depois contava,

o colégio, com os professores (também

estudantes da Faculdade de Formação de

professores de Garanhuns), Luis Carlos Pessoa,

Fernando Souto, Carlos Alberto Guilherme, Edson

e a saudosa Profª Dora (Maria das Dores).

Com a conquista do segundo grau, logo veio uma

outra, que seria tornar a escola mista. Não era

lógica uma escola estadual só para homens.

Primeiramente o ingresso se deu no segundo

grau, posteriormente no primeiro grau, a partir

daí muita coisa cresceu no campo educacional.

Tornou – se um marco importante na vida

educacional dos jovens papacaceiros, dando

origem a vários movimentos, inclusive a banda

Marcial. Após sua transferência, por questões

religiosas, passou a dirigir o colégio, o também

franciscano, frei Leão de Viçosa – Nicio Peixoto –

que desenvolveu um trabalho de excelente

qualidade. Algum tempo depois com a

transferência de frei leão para Maceió e a ordem

franciscana abrindo mão da direção do colégio

Page 22: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

passa o comando para as mãos do prof. Luis

Carlos Pessoa, até os dias atuais. São muitos os

momentos de gloria desta escola, nos seus 25

anos, podendo relacionar alguns:

- Participação no campeonato das cidades;

- Concurso de bandas marciais;

- Vitória no vestibular e o triunfo profissional de

seus ex-alunos;

- Ingresso de alguns deles, no corpo docente da

escola;

- Festa dos casais;

- Outros eventos, etc.

Atualmente a escola possui o curso técnico de

contabilidade e o curso de estudos gerais (antigo

cientifico) e o primeiro grau, atendendo uma

população de 2000 alunos.

CERU – CENTRO DE EDUCAÇÃO RURAL CEL. JOSÉ

ABILIO

Em 1977 era prefeito de Bom Conselho o Sr.

Walmir Soares da Silva e tendo boas relações

com o governo estadual, conseguiu para nossa

cidade um colégio com boas instalações,

equipamentos de primeira qualidade e uma

filosofia de trabalho muito abrangente e

profunda. É inaugurado o CERU em 02 de agosto

de 1977 e para o prédio foram removidos os

alunos e professoras de três outras escolas:

Dircéia Vilela, Zélia Dias, e cel. José Abílio. Iniciou

suas atividades com os alunos de 5ª série no ano

seguinte e em 1980 era feita a primeira festa de

conclusão do primeiro grau. Foi designada para

dirigir a escola a Professora Jaciara Pereira de

Souza, que o fez com muito mérito, deixando o

cargo em 1987, por questões políticas. Passou a

dirigir o CERU o prof. Joaldi Soares por quase

quatro anos, aposentando – se por tempo de

serviço. Para seu cargo foi designado o prof.

Alberto Torquato Ramos, que responde

atualmente. A filosofia inicial da escola era servir

de apoio ás escolas da zona rural, para isso

contava com o efetivo e competente

desempenho do grupo de Estudos. Era formado

por uma equipe de cinco ou seis professores que

assistiam e repassavam as determinações da

secretaria de educação; capacitava o professor –

leigo; promovia o aluno da zona rural

proporcionando um ensino votado para a

agricultura e pecuária. Os próprios alunos, com

auxilio de um professor, desenvolviam os

trabalhos de horta, granja e jardins, chegando a

ser premiado em concurso realizado entre outros

CERUs do estado de Pernambuco, como o de

melhor desempenho. A comercialização dos

produtos era feita pelos próprios alunos na

cadeira de técnicas comerciais, que funcionava

em sala – ambiente muito bem equipada,

integrada também ás aulas de educação para o

lar, educação artística e escola de danças

folclóricas. O grupo de danças foi varias vezes

convidadas a se apresentar no Recife, no centro

de convenções e em outras localidades e

eventos. Apesar de funcionar muito bem foi

extinto após as mudança de governo e a

transformação do CERU em escola de magistério.

Como toda escola de Bom Conselho, possui

Banda Marcial de grande porte, não ficando a

dever a nenhuma outra. Dos grandes momentos

nos resta lembrar: as formaturas, os encontros de

professores e finalmente os seus quinze anos de

existência. Recebeu como patrono cel. José Abílio

em homenagem ao grande chefe – político de

nossa terra por 50 anos. Após uma busca muito

grande com seus cursos, firma – se o CERU como

escola de magistério, sendo considerado o

melhor curso de magistério da rede oficial do

estado de Pernambuco.

O MOVIMENTO ESTUNDANTIL

O movimento estudantil nos anos 60 era ativo,

responsável e organizado. Com a U.E.B. – União

dos Estudantes de Bom Conselho, criada em

10/06/59, tudo era determinado e a participação

dos jovens era maciça, no dia 1º aniversario da

organização foi também inaugurada a sede

própria cedida pelo prefeito Valdemar Guedes,

no antigo prédio do clube dos 30. Durante cinco

anos o movimento atuou com muita competência

preparando o individuo para o exercício da

cidadania. Através do jornal “Tribuna Estudantil”

se fazia ouvir, conscientizando os seus leitores

com artigos de qualidade, sempre dirigidos aos

Page 23: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

jovens. Foram anos de muita luta e muito

sucesso, quando em 1962 realizou-se o

Congresso dos Estudantes Secundaristas aqui em

Bom Conselho. Foi um movimento impar. Todos

os estudantes foram mobilizados, hospedando os

visitantes em suas casas, formando uma

participação brilhante. Nossos representantes,

precisamente, Joseleno Vieira Belo chegou a

participar do congresso nacional dos estudantes

secundaristas. Anualmente eram realizadas as

eleições para diretório e a cada gestão o

movimento crescia, com biblioteca, jogos,

competições, eventos culturais, tudo voltado

para o desenvolvimento consciente do cidadão.

Com a revolução de 64, tudo foi desarticulado. Os

estudantes participantes do movimento foram

rotulados de comunistas, perseguidos, outros

presos e outros chegaram a passar alguns dias

fora de suas casas. O jornal saiu de circulação e

aquela juventude que antes participava, passou a

se calar, se afastar uns dos outros. Poucas

amizades resistiram às pressões da Ditadura

Militar. O entusiasmo deu lugar a desconfiança: a

coragem ao medo: medo daquele regime

estranho onde era proibido aos jovens pensar e

falar. Tudo era perigoso. Algumas casas fechadas,

algumas famílias sobressaltadas, alguns jovens

desaparecidos, outros confinados longe da

família. Por quase trinta anos não vimos os

nossos estudantes nas ruas questionando,

exigindo, posicionando-se. Finalmente em fins de

agosto deste ano, ressurge o movimento

estudantil. Tomando as ruas, estão eles lá,

organizados estudantes e professores na luta

pelo ”impeachment” do presidente Fernando

Collor. A praça D. Pedro II volta a receber seus

estudantes ativistas, agora de “cara pintada”,

gritando palavras de ordem, lutando por dias

melhores, resgatando o direito constitucional de

exercício da cidadania, com muita dignidade,

liderada agora pelo estudante Zenon Nogueira,

quase uma criança, mas com uma visão de quem

viveu muitos anos, chamando os jovens á

responsabilidade de uma participação atuante e

significativa, trazendo de volta a tradição

bonconselhense de que os grandes movimentos,

as grandes oposições têm sempre á frente um

jovem idealista.

CULTURA

FOLCLORE

De modo geral a nossa cultura é constituída de

conhecimentos básicos indispensáveis para a

nossa convivência, entretanto pouco se conserva

de nosso patrimônio histórico e cultural.

Partindo dos nossos hábitos, que já perderam

com as novas gerações e as interferências de

outras regiões e até as importadas, porém

resistindo a tudo e a todos ainda encontramos

em nossa zona rural os mais puros grupos

folclóricos como os aboiadores, os reisados, os

cocos de roda, as zabumbas, as cantadeiras de

excelência, os pastoris, jogos populares, as

cantigas de roda e as brincadeiras infantis. Na

área urbana temos grupos que desenvolvem

essas atividades, como as escolas, o Núcleo da

FUNDAC, etc., se apresentando sempre nas festas

internas ou quando solicitadas, resistindo às

inovações culturais.

ARTESANATO E ARTE

A nossa região é muito rica e variada em

artesanato, haja vista contarmos com mais de

uma centena de artesões cadastrados na casa de

arte e cultura Gervásio Vieira Pires, inaugurada

recentemente para apoiar o artesão local.

Dividindo por área temos: Nos trabalhos com

fios, existe um numero indefinido de jovens e

mulheres que trabalham com as técnicas de

crochê, tricôs, tapeçaria, bordados á amo e á

maquina, costuras, metalassê, etc., muitos deles

ligado a FUNDAC. Outros artesões independentes

trabalham com tecelagem, macramé com cordas

pinturas em tecidos, serigrafia, pinturas em

nogueiro ou nogueirama, destacando nesta arte

Fernando Lima, pintor primitivista.

ESCULTORES

Como escultores em madeira temos grandes

artistas, os mais importantes são: + Irineu

Page 24: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Feitosa, grande mestre que passou para muitos

jovens a técnica e a arte de entalhe. Junto a sua

esposa, Dalva Feitosa, trabalhou muitos anos na

fabricação de imagens de gesso dos santos mais

conhecidos e as figuras dos presépios da cidade.

+ Eduardo discípulo de Sr. Irineu que desenvolve

um trabalho de muita qualidade. + Cláudio Anjo,

herdou de seu pai, o velho Anjo, o talento para o

desenvolvimento de uma técnica e uma ate tão

valorizada. Participou de vários salões em Recife

sempre com destaque. + Natalício Góes,

residindo atualmente no sul do País,

desempenhou sua arte com muito destaque e

talento. Realizou varias exposições em Maceió e

em Garanhuns. + Antonio Francelino, desenvolve

o seu trabalho de forma magistral, tendo suas

peças “O CAÇADOR”, símbolo de Bom Conselho

de Papacaça. + Adriano Santana e seu pai Zé Neto

Santana, dois talentos em uma só casa,

completando o cenário de nossos escultores.

PINTURA EM TELA

Muitos são os talentos nesta área. Temos as

pintoras Berenice Vieira Belas, Eronisia Azevedo,

Irene Alves, Telma Beijoino, Auxiliadora Vieira

Pires, Filha do saudoso Gervásio Pires, e outras

Porem, entre telas e pinceis uma família se

destaca pelo talento, técnica e arte, Nara Tavares

e as filhas Carmem Cleide formada em

comunicação visual pela UFPE e participante de

varias exposições e salões de arte em Recife e

Carmem Lucia, médica geriatra, que nas horas

vagas trabalha com pinceis maravilhosamente.

MÚSICA

O maior destaque para as notas musicais fica com

o talentoso José Duarte, autodidata, possuidor de

peças musicais, valsas, machas carnavalescas,

hinos religiosos, maestro da antiga Banda de

musica Villa – Lobos. Outro talento que

destacamos é o musico Sebastião Moraes, o

conhecidíssimo Basto Peroba, que desde

pequeno toca acordeom, chegando a ser

comparado com os grandes mestres da

“sanfona”. Participou da gravação de muitos

discos, de cantores nordestinos. Atualmente é

proprietário do conjunto Metamorfose Musical e

também “ Basto Peroba e seu Regional”, muito

solicitado nos períodos juninos.

EM CENA, LEDA!

Após um tempo distante, volta a Bom Conselho a

estudante de historia natural, leda Cavalcanti.

Com a sua chegada a nossa cidade passou a se

transformar. Contratada posteriormente pelo

colégio Frei Caetano, leda se encarregou das

aulas de educação física e daí para as aulas de

teatro foi um pulo. Desenvolveu um trabalho

muito bonito e deixou plantadas as sementes de

sua arte no corpo de Balizas do colégio Frei

Caetano de Messina e em muitas outras áreas.

Realizou grandes espetáculos de danças e desfiles

colaborando com o desenvolvimento cultural.

PEDRO DE LARA – O excêntrico que deu certo.

São poucas as noticias deste bonconselhense,

quase tudo que se sabe a seu respeito é o que se

vê e ouve pela televisão. Infância de menino

pobre, desde cedo já ajudava ao medico da

cidade, chamado Dr. Lessa. Eram recados,

mandados e la ia Pedro de Lara, como era

conhecido. Diante de quadro de tamanha

pobreza, o pequeno Pedro resolveu partir para

outras terras. Lá se foi, com apenas doze anos de

idade. Após muitas lutas, estudo re dedicação,

desponta para o Brasil o esotérico Pedro de Lara,

profundo conhecedor dos segredos dos sonhos e

da grafologia, alcançando grande sucesso. Nunca

voltou a sua terra natal, porem na ocasião do

“campeonato das cidades”, programa

apresentado pela televisão Jornal do Comercio,

foi solicitada a sua presença e o mesmo

compareceu, contribuindo para a vitória na

disputa com surubim, terra do saudoso

Chacrinha. Sempre que fala de sua terra, de suas

lembranças, fala de forma folclórica e

extravagante levando as pessoas a duvidar de sua

seriedade, porém suas verdades variam de

acordo com suas fantasias. Esta figura

controvertida conseguiu vencer longe de sua

Page 25: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

terra e sempre fala de seu Papacaça com carinho

dos que amam sua terra natal.

VALORES DO PASSADO

Entre os valores do passado podemos destacar a

pianista Iracema Tenório Braga, que em sua

juventude chegou a dar concertos no teatro

Santa Isabel, no Recife. D. Iracema ou vó Iracema

como gostava que seus alunos a chamassem, foi

uma artista que viveu entre nós bom-

conselhenses, com o seu grande talento,

ensinado os princípios de musica, piano e

desenho a varias gerações de jovens, ora no

colégio são Geraldo, ora em sua residência

sempre com carinho, técnica e talento. Apos sua

morte ficou esta lacuna que jamais foi

preenchida. Outro grande artista foi o pintor

Joaquim Correntao, como era conhecido. De

Tamanho talento foi responsável pela pintura da

igreja matriz e da Ermida de santa Terezinha.

Contavam os mais velhos, que certa vez, ao

procurar emprego de pintor, chegou a uma

construção e o mestre – de – obras não acreditou

na sua capacidade profissional. Percebendo o que

se passava na cabeça do tal homem, Joaquim

ficou magoado e quando chegou a hora do

almoço, todos largaram e foram embora. Nosso

artista resolveu dar uma lição; desenhou e pintou

uma mosca na parede que havia sido pintada.

Quando o mestre voltou, tentou varias vezes tirar

o inseto até quando percebeu perguntou quem

era o autor de tal brincadeira Joaquim se

apresentou e falou que era sua. Apesar de esta

com muita raiva, o mestre- de – obras o

contratou, pois reconhecera o seu talento.

POETAS MODERNOS

CARLOS ALBERTO BARROS DE SENA Ou

simplesmente, CARLOS SENA:

“Autor de três livros de poesias, “sujeito

composto” (1981); “Frente e Verso” (1983);

“Verbo ser”, onde ele fala de si, da sua infância,

dos seus sonhos e das suas insônias. Transcreve

suas emoções de forma direta, também suas

criticas ás condições de vida ou subvida do povo

nordestino. Não poderia faltar o poema dedicado

aos amigos de infância e até a “Zé bebinho”, que

o assustava nos becos por onde passava, todos os

seus livros estão com as edições esgotadas.

DORALICE SORES DE MORAES:

Apesar de nova entre os poetas, já s e encontra

com o seu primeiro livro “reticências de vida”

esgotado. São poesias que falam da busca

interior, uma procura do conhecimento mais

profundo do ser. O seu estilo difere dos demais,

não tem nome nenhum dos seus poemas do seu

primeiro livro. Já se encontra em fase de

publicação o seu segundo livro.

LITERATURA

Pouco é divulgado entre os bonconselhense, o

valor de seu filho mais ilustre, DANTAS BARRETO.

Além de general, herói da guerra do Paraguai e

governador do estado de Pernambuco, foi

também escritor, chegando a se tornar imortal na

Academia Brasileira de Letras, entre suas obras

podemos destacar: “Margarida Nobre”,

“Destruição de Canudos”,”Acidentes de Guerra”,

“Impressões militares”, Expedições a Mato

Grosso”, “Comentários”, Ultima expedição Contra

Canudos”, e a peça em 4 atos” A condessa

Herminia” Escreveu para numerosos periódicos,

entre eles a “revista Americana” e a “Revista da

SOCIEDADE fênix Literária”, Onde são

encontrados os seus trabalhos: “ Dois pintores da

renascença”, “ O Plebeu e a Fidalga” “ A Poesia

do século XIX e “ Do Para o templo”.

VIDA SOCIAL

Ainda era uma fazenda de gado, povoada pela

família Villela, quando despertava para á vida

social, a localidade que mais tarde veio a ser Bom

Conselho. As diversões e o lazer neste período da

nossa historia, se prendia aos acontecimentos

religiosos, alguns casamentos, batizados,

quermesse, grandes procissões, alguns saraus,

recitais de poesias sempre realizados nas

residências dos fazendeiros. Os ambulantes eram

Page 26: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

esperados com ansiedade pelas moças para

conhecer as novidades em tecidos e a moda

feminina. Cinta – se que por ocasião da

Proclamação da Republica e a aprovação da

primeira Constituição, surgiu um tecido chamado

de constituição que se transformou na grande

atração das moças e das costureiras. Eram belos

vestidos, usados para brilhar nos salões, quando

participava das festas ou na igreja, quando

participava das procissões. Foi a partir da década

de 20, que Bom Conselho contava com uma vida

social movimentada; os grupos se organizavam e

as festas populares concentravam um numero

significativo de gente e as melhores famílias. Os

concursos de beleza passaram a ser realizados na

década de 30 e precisamente no ano de 1934, foi

eleita Miss BOM CONSELHO, Berenice Feliciano,

aos 15 anos de idade, conservando até hoje a

beleza e a elegância de sua juventude, quando

em companhia de seu esposo, o comerciante José

– Correntao Vieira Belo, deslizam nos salões de

baile dos clubes locais.

“DO CENTRO LÍTERO CULTURAL AO CLUBE DOS

30”

Segundo o Sr. José Correntao, baseado em suas

lembranças pude apurar que o “Centro Lítero

Cultural surgiu do ideal de alguns jovens,

Gervásio Pires, Tenorinho, Expedito Amaral,

Gaudêncio e outros amigos, com o objetivo de

ensinar a crianças que não tinham pais ou mesmo

que tivessem; também ensinavam adultos que

não tiveram oportunidade de aprender. Tudo era

precário. Foi daí que surgiu a idéia do instituto

São Geraldo. Tempos depois os salões de baile

surgiram e sempre foram bem freqüentados

durante muitos anos.” Com a orquestra Vila -

Lobos do Maestro José Duarte, o Zé Puluca, eram

animados os bailes, as festas, as solenidades e os

grandes carnavais. Desde aquele tempo, a vida

social entra em crise a cada campanha política,

pois algumas pessoas assumem o partido de

forma tão apaixonada que não conseguem fazer

a distinção entre política e sociedade. Após cada

eleição a cidade permanece dividida por um bom

tempo.

VAI OU RACHA

Foi durante uma dessas crises, que surgiu uma

agremiação carnavalesca, chamada ”vai ou

racha”, encabeçada pelo jovem José correntao,

os irmãos e alguns amigos. Seguiram estes

jovens, algumas das melhores famílias da cidade

e o vai ou racha passou a ser o salão das grandes

festas sociais, sendo registrado, inclusive, os

grandes desfiles do bloco carnavalesco com as

mais ricas fantasias de seus componentes, que

pelo fato de pertencerem ás famílias ricas,

caprichavam em suas vestes, não podendo ser

igualadas pelos outros blocos que não dispunham

de recursos. Com o passar do tempo o prédio

onde funcionava o “Centro” foi ficando pequeno

para as grandes festas, os grandes bailes, os

grandes carnavais, apenas as matines eram

realizadas lá e José de Puluca com sua orquestra

enchia aquele salão de boleros, fox – trot,

marchinhas, sambas e samba – canção; ás vezes

arriscava um rock e outros ritmos modernos. As

tardes do domingo eram magníficas. As moças

com suas saias rodadas, os sapatos Luis XV, os

rapazes de terno e gravata black – tié, os sapatos

brilhando, as camisas engomadas, os cabelos

arrumados com brilhantina faziam a composição

dos anos dourados. Diante dos problemas

ocasionados pela falta de condições, do clube O

Sr. José Galindo Alves, empresário sócio dos

lacticínios Santa Maria, na época, era também

presidente do centro, que já havia mudado de

nome e era agora clube dos 30, pois haviam

trinta sócios, resolveu construir uma nova sede,

hoje é o prédio da secretaria municipal de

educação, na av. xv de novembro. Foi ótimo. A

cidade aprovou e muito se desenvolveu o nosso

acontecimento social, com registro grande bailes,

grandes desfiles. O domingo á tarde também

trazia grande expectativa masculina, para ver as

moças internas no colégio N. Sra. do Bom

Conselho,quando saiam a passeio pelo quadro

(centro) da cidade, “naquela praça”, a antiga,

cheia de palmeiras imperiais, pés de rosas e

canteiros de margaridas, que foi substituída pela

Page 27: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

atual, tudo acontecia naquele cenário e naqueles

domingos cheios de sonhos e romantismo. Eram

bilhetes, recados e os mais ousados arriscavam

um beijinho rápido, escondido das “irmãs”,

acompanhantes das internas.

O CINE TEATRO REX – Quem não se lembra?

Era um prédio muito bonito onde grandes filmes

eram exibidos, grandes espetáculos de teatro

eram trazidos para Bom Conselho. A sociedade

comparecia em massa e os grandes momentos

ficavam por conta dos filmes de Elvis Presley,

Sarita Montiel e outros dramas,quando a

juventude comparecia para copiar os modelos

das roupas, os ritmos alucinantes, e até mesmo a

choradeira no final da fita, quando a mocinha

ficava junto de seu herói após grandes

sofrimentos. No entanto, por conta de uma

administração municipal, sem visão, este prédio

foi destruído dando lugar a prédio muito simples,

que seria o Mercado de carne. Nosso jovem não

era diferente dos outros, acompanhava a moda,

dançava e cantava as canções de sucesso nas

serenatas; á janela de sua amada. Costume este

conservado até a década de 70, sendo os últimos

seresteiros Paulo de Tarso Albuquerque (Paulo

índio), Pedro Ramos (Dodô), que encantavam

nossas noites de lua, fazendo solo para as vozes

dos boêmios Antonio Vila Nova (Tonho Raul ),

Alexandre Canuto e outros que acompanhavam

ás vezes bem desafinados, mas entre uma cerveja

e outra era valido para declarar um grande amor

ou uma grande fossa. Com evolução da cidade, a

sede social do clube dos 30, tornou – se

insatisfatório e o idealismo de seu presidente na

época, sr. Marne Geordemar Urquisa, fez com

que lutasse e conseguisse uma nova sede, que

veio a satisfazer a expectativa da sociedade. Na

planta original já existia um parque aquático que

foi realizado posteriormente na gestão do Sr. José

Maria Tenório Taveira, com o apoio de muitos

boncoselhenses A inauguração da nova sede se

deu no carnaval de 68 quando se cantava a

marcha: “Esse amor de carnaval, Durou uma

canção, Foi uma serpentina partida, Que você

jogou no salão”... E assim, como uma

“serpentina”, ávida de Marne foi partida

inexplicavelmente, quando disputava as eleições

de prefeito em 1982. Atualmente a vida social de

Bom Conselho cresceu bastante, apesar das

crises, tendo inclusive a sede social do clube dos

30, passado por um leilão, por conta de uma

divida trabalhista, sendo recorrido e tornado o

leilão sem efeito, em junho de 92, tente se erguer

e sobreviver para continuar proporcionando

momentos de alegria e prazer em seus

associados e visitantes. Tudo foi possível graças

ao amor que os filhos de Bom Conselho tem por

nossa, cada um de seu jeito, participando da

forma que teve condições. Lado a lado temos a

Associação Atleticana Banco do Brasil, que

participou de modo brilhante com boas

instalações, uma bela quadra coberta, duas

piscinas e um salão de festas muito bom. A

população prestigia as nossas associações se

fazendo presente a cada evento produzido.

OS CARNAVAIS DO PASSADO

Dede os primeiros tempos, Bom Conselho

sempre foi terra dos grandes carnavais,

acompanhou a programação das grandes

cidades, os rapazes e as moças se organizavam

em blocos carnavalescos, realizavam batalhas de

confetes, elegiam a rainha do carnaval, que

desfilava em carro alegóricos. Ainda hoje os mais

idosos e os contemporâneos falam da beleza das

suas rainhas. Em 1958 a coroa ficou com a beleza

de Miriam Vieira Belo, hoje Sra. Juarez Tenório,

que herdou de sua mãe a beleza; em 1956, a

coroa foi para a cabeça de Fanife Ferro, hoje Sra.

Severino Tenório Pinto, que foi reeleita em 1959;

Este ano seguindo a tradição a coroa e a faixa

esta com a bonita e a jovem Milena Urquisa,

eleita rainha do carnaval centenário (1992). Mas

nem só de beleza se fez o carnaval de Bom

Conselho, desde o aparecimento do vai ou racha,

a festa do momo sofre grandes modificações. O

centro Lítero que naquele tempo já se tornara

um salão dançante, já promovia grandes

carnavais, estava feita a concorrência, qual dos

dois deveria fazer o melhor carnaval. Surgiram os

desfiles dos blocos, pelas ruas, os que mais se

Page 28: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

destacaram eram: - Vai ou Racha; A rosa; A nega

da costa; O leão do norte; as moreninhas; O

Macaiba; O Paga nada; O bola de ouro: vai quem

pode; e o infantil, O amigo da onça. Todos eles

apresentavam um verdadeiro show. As moças e

os rapazes se organizavam e faziam grandes

fantasias, toda cidade participava, cada um

dentro do grupo social que pertencia. Os

fazendeiros também participavam de forma

característica, enfeitavam os cavalos, se

caracterizavam e dava seu desfile, á tarde, junto

com as agremiações. Das festas do modo foram

surgindo os grandes carnavalescos, os mais

comportados outros mais excêntricos,

irreverentes, como foi o caso de Frederico

(coveiro do cemitério) criador da tiririca, que

desfila até hoje, sua forma autentica,

acompanhado por sanfoneiro, invadem as ruas

assustando crianças e deixando os adultos

curiosos com os tipos extravagantes, por eles

compostos. Dos blocos dos sujos que saiam pela

manhã, a turma do funil, aglomerava as moças e

rapazes da sociedade; e dos casais, determinava

a condição essencial para fazer parte do mesmo

era ser casado e se fazer acompanha do cônjuge.

OS CARNAVAIS ATUAIS

Apesar de pequenas modificações, os carnavais

ainda conservam características básicas. Pela

manha os blocos de sujos invadem a cidade, hoje

com novas denominações. As caveiras (o maior

deles); O xipe; Ajamé; Poca oio; Vambora amar;

Padeiros; Fuscão preto e outros, que

movimentam a cidade com o tradicional mela-

mela. Apenas o clube dos 30 realiza bailes e

matinês carnavalescos, sempre muito animados,

todas as famílias se dirigem aos seus salões onde

se brinca durante quatro noites com muita

animação. Em 1990, tivemos dois bonecos que

resgataram dois personagens carnavalescos, o Zé

pelo sinal, que foi homenageado pelo Zé do boné,

e a nega da costa, que homenageava as grandes

folias, que arrastaram pelas ruas da cidade um

grande numero foliões, durante o tríduo

carnavalesco daquele ano. Sempre á tarde o

espetáculo fica por conta do desfiles dos blocos

carnavalesco e as escolas de samba Vera Cruz,

pertencente ao Vera cruz futebol clube, que

participa ativamente da vida social cultural, com

presenças marcadas nos eventos locais. Dentre

os blocos carnavalescos que desfilam á tarde, os

mais importantes são: (Fuscão preto; O vencedor;

Os padeiros; Os artistas, apresentando suas

fantasias simples, mas com muita alegria, na

preservação de nossa cultura e a escola de samba

“Unidos do Vera Cruz”.

OS GRANDES ARRAIAIS

O período junino em Bom Conselho e outro

período de destaque na vida social. Iniciamos o

Ciclo junino com a festa dos casais, festa

realizada pela escola frei Caetano de Messina,

onde são convidados os casais que destacam na

vida sócio-econômica da cidade. E um sucesso.

Muitos casais aguardam com ansiedade para

participar com muito entusiasmo. É um dos

grandes acontecimentos sociais vividos

atualmente. Nesta gestão municipal de Gervásio

Matos, surgiu o lado popular das festas juninas.

Utilizando a quadro de esportes Otavio

Gonçalves, onde muitas quadrilhas de rua

desfilam a tradições e animam os festejos, a do

Vera Cruz se faz presente e se destaca devido à

característica primitiva do folguedo e quase

sempre se faz vencedora. Terminada cada

apresentação, a população toma conta do grande

palhoção e das barracas de comidas típicas,

durante a segunda quinzena de junho.

OUTROS ACONTECIMENTOS SOCIAIS

A vida social também se confunde com a vida

religiosa da cidade, de uma vez que os

acontecimentos religiosos tomam o impulso e

atraem pessoas de outras localidades, alguns

bom-conselhenses, outros, apenas pessoas que

querem participar destes eventos.

Freqüentemente fatos isolados assumem a

projeção de acontecimentos sociais, quando

reúnem – se pessoas em torno de alguns eventos

como casamentos, formaturas, concurso de

beleza. Bom Conselho foi conhecida como a

Page 29: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

“Terra de Mulher bonita”, sendo destaque até

hoje, a beleza das jovens. Nos anos 30, Berenice

Vieira Belo- miss Bom Conselho- 34; Marluze

Urquisa – Miss Bom Conselho-68; Tereza

Benjoino a mais bela estudante anos – 60; Miriam

Vieira Belo e Fani Ferro que dividiram as glorias

dos carnavais dos anos 50. Atualmente temos as

faixas de beleza nas mãos das jovens: Flávia

Claudine Miranda Ferro – garota

Bonconselhense; Michelly Tenório Paes – Garota

verão; Michelle Tenório Benjoino de Moraes – A

mais bela estudante – 92; Milena Urquisa Galvão-

Rainha do carnaval – 92. O sete de setembro, a

festa da Independência em Bom Conselho é um

acontecimento social, pois o desfile da escola são

tão produzidos que de cívico fica bem pouco. O

mais alto e esperado é quando as balizas entram

em cena. Desde o tempo do são Geraldo, quem

não se lembra da 1ª. Baliza, Marluce Urquisa,

“fechando” a cidade em 62 desfilava em frente

da Banda Marcial, totalmente masculina? Há

trinta anos que no dia sete de setembro as

escolas de segundo grau, sejam particulares ou

da rede oficial ( estadual e municipal), compondo

um corpo de ginástica rítmica orientadas e

seguindo os ensinamentos da Professora Leda

Cavalcanti, apesar de já não morar em Bom

Conselho deixou seu legado sendo transmitida

anos após ano por alunas que se dedicam a este

trabalho. E assim no dia da pátria, já não e tão

cívico e sim um acontecimento social. Da antiga

festa resta o desfile da Maçonaria – Loja Segredo

e Caridade - que da um toque solene aos festejos

cívicos, da festa da Independência.

ECONOMIA MUNICIPAL

Durante a criação da fazenda e o povoado de

Papacaça, tudo era produzido num verdadeiro

estilo feudal, apenas era comprado sal e tecidos.

Entretanto desde os primórdios as atividades

ligadas ao setor primário foram as mais que se

destacaram, conservando as raízes até os dias

atuais. Nas décadas de 30,40 e 50 nossa cidade

dispunha de farta agricultura e pecuária

chegando a pesar na economia do Estado.

Levados por esta produção, o comércio era de

boas proporções chegando a abastecer alem da

região, boa parte dos sertões de alagoas. Aqui

eram vendidos a maioria dos viveres daquele

povo. Com o desenvolvimento da cidade vizinha

Garanhuns a chegada a estrada de ferro até ela, o

comercio daquela cidade prosperando dia a dia,

deste lado problemas políticos internos se

agravando, prejudicando o desenvolvimento

local, tudo isso provoca uma grande evasão dos

nossos compradores que ate então favoreciam o

nosso comercio, esta pena pagamos até hoje pois

os nossos consumidores preferem comprar em

outra cidade, levando nossa riquezas embora a

investir no comercio local. Alegam a falta de

opção, falta de condições e outras coisas mais. De

real só temos que a cada cruzeiro saído de nossa

terra é mais um cruzeiro somado nas riquezas da

outra cidade. Posteriormente com a queda da

agricultura, o município passou a se dedicar mais

a pecuária, criando gado, especialmente de vacas

leiteiras, transformando a região anteriormente

agrícola, com boas fazendas de café, milho, feijão

e outras culturas, em cercados de capim, palma e

outros pastos destinados a alimentação dos

rebanhos, provocando mesmo uma

transformação em nossa vegetação.

MAIOR BACIA LEITEIRA DO ESTADO

Com o aumento da pecuária, as grandes vacarias

vão surgindo, conseqüentemente o leite passou a

ser nossa maior fonte de renda. Muitos

fazendeiros industrializavam e industrializavam

até hoje, de forma artesanal em suas próprias

fazendas. Ali é fabricado o queijo de manteiga, ou

requeijão; o queijo de coalho e a manteiga, entre

eles destacam-se alguns da família Ferro, que

desenvolvem esta atividade há quase cinqüenta

anos, passado de geração a geração. No entanto

o maior destaque é para o Sr. José Galdino Alves,

que de simples fabrica na fazenda Santa Maria,

no ano de 1947, transformou nossa cidade na

maior bacia leiteira do estado, poucos anos

depois. Em sociedade com algumas pessoas do

Recife, surge os laticínios Santa Maria,

respondiam pela administração os três sócios

majoritários, Sr. Antonio Eduardo M. Simões; Sr.

Page 30: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Alberto Eduardo M. Simões Sr. José Galdino

Alves, Sr. Arnaldo da Silva Regatas e o chamado

Dawsk, estes últimos representavam pequena

parte do capital. Do grupo só Sr. José Galdino é

bonconselhense; homem simples, de poucas

letras, porém de uma visão futurista, progressista

batalhando e muito trabalhador que logo

impressionou aos seus sócios pela capacidade

administrativa. Foi daí que surgiu a época de ouro

do leite em nossa terra. A santa Maria, como era

identificada, iniciou sua produção em torno de 10

toneladas por semana, recebia toda produção

leiteira da região. Tempos depois expandiu – se

para o vizinho Estado de Alagoas e abriu uma

filial em batalha, então maior bacia leiteira do

seu estado. Estava formando o intercambio entre

os dois estados. Com a produção aumentada

passamos a fornecer nossos produtos de São

Paulo a Manaus, chegando a uma produção diária

de 15 toneladas. Quando em 1974, por

problemas internos foi dissolvida a sociedade,

passou Bom Conselho a contar com mais de uma

centena de pessoas desempregadas e nos outros

núcleos Recife, Salvador e Batalha o restante

totalizando em quatrocentos o total de

desempregados. Fechada a única indústria de

representação, estamos com uma agricultura

sem significado e com uma produção de leite sem

consumo, surgem algumas pequenas fabricas que

vieram a fechar posteriormente por falta de

estrutura, capital de giro e outros problemas.

Torna – se difícil a situação para os produtores

que recorrem ao Governo do Estado um posto de

resfriamento de leite da CILPE, que permanece

até hoje, somado a mais outros dois, o da Betânia

( Vale Dourado) r o posto da cooperativa de

Produtores de leite do santo Antonio, organizada

pelos próprios, a fim de buscar uma saída para o

seu produto.

NOVAS PERSPECTIVAS ECONÔMICAS

Com a mudança do governo municipal,

assumindo a Prefeitura o Sr. Gervásio Cavalcanti

de Matos uma nova perspectiva surge para os

bom-conselhenses. Levados pelo idealismo do

atual prefeito surgem novas esperanças com o

inicio do distrito de nossa cidade. É feita uma

campanha apelando aos conterrâneos de posses,

que invistam em nossa região, canalizando

recursos para nossa terra. Segundo o mesmo, o

seu maior sonho é montar uma indústria em Bom

Conselho. Para isso já construí a parte estrutural

e aguarda a liberação do projeto pela sudene,

Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste

para montagem de uma industria de tubos de Pvc

e de roupas de malhas. Concluído este projeto,

irá gerar mais de 100 empregos diretos; outros

100 indiretamente; outras perspectivas na busca

de sócios para construir um hotel, que faz parte

do projeto político elaborado pela SUDENE, para

explorar os nossos recursos turísticos, que só

poderá existir após a construção do referido

hotel. Existe ainda uma expectativa muito grande

em torno do desenvolvimento econômico, de

uma vez que foi criado através de Lei Municipal o

parque industrial, oferecendo incentivos fiscais,

assegurando a construção de mais duas

empresas. É cogitada também a construção de

uma fabrica de Vitamina C, a base de batata

doce, no distrito de Rainha Isabel, com a

participação da prefeitura, população e o grupo

estrangeiro. Concluído estes projetos vamos

verificar que após o Centenário, nosso município

terá outra vida econômica, passando a viver de

outra forma neste segundo século, com maior

numero de empregos, pois há cinco anos, a nossa

oferta de empregos diretos. Concluindo o Parque

industrial nos teremos uma vida econômica ideal,

onde o bonconselhense passará a crê mais em si

próprio, em seu potencial e em sua capacidade

empresarial e política, para fixar o nosso povo em

nossa terra. Esperamos que o comércio cresça e

volte a abastecer a nossa terra; que nossa gente

se compromete a consumir aqui e não continua

enriquecendo as cidades vizinhas que não nos

valorizam e não nos prestigiam.

VALORIZAÇÃO POLÍTICA

Em 1712 chega o português Manoel da Cruz

Villela, se estabelece, constituiu uma família

iniciando o povoado através de seus descentes

Antonio Anselmo da Costa Villela e Joaquim

Page 31: De Capacaça a Bom Conselho – Uma visão pessoal

Antonio da Costa, possivelmente filho e neto

respectivamente do patriarca Manoel da Cruz

Villela, vindo mais tarde a assumir o patriarcado

da família. Em 1825 foi construída a primeira

capela, a mando de Matias da Costa Villela, sob a

invocação de Jesus, Maria e José, e em 12 de

junho de 1837, pela Lei nº45, foi elevada a

freguesia sob a denominação de Papacaça, tendo

o seu primeiro vigário padre João Clemente da

Rocha. Em 25 de junho de 1848 pela Lei

Provincial de nº204, o território dessa freguesia

foi anexado ao território dessa freguesia foi

anexado ao território de correntes. A 30 de maio

1849, por efeito da Lei Provincial nº239, volta a

freguesia a sua primitiva sede,restaurando – se

em sua plenitude pela Lei Provincial nº246, de 30

de Abril de 1860, quando Papacaça foi elevada a

categoria de Vila, com a denominação de 1861 foi

inaugurada a Vila de Bom Conselho,

denominação dada por Frei Caetano de Messina.

Em 07 de junho de 1872 foi criada a comarca de

Bom Conselho, pela Lei Provincial nº157. O

decreto 5.004, de 10 de junho de 1872 considera

a comarca de primeira Entrância e o Decreto

5.139, de 13 de novembro do mesmo ano nomeia

o Dr. João Vieira de Araújo, primeiro juiz de

direito. Em 03 de agosto de 1892, pela Lei

Provincial nº52, determina o prazo. Para a

distribuição do município autônomo. E a 28 de

dezembro de 1892 constituiu – se município

autônomo tendo sido seu primeiro prefeito o

coronel Augusto Martiniano Soares Villela; sub-

prefeito: Francisco Teixeira de Macedo e o

conselho Municipal: Tenente Cândido Carlos da

Costa Villela, Antônio Idelfonso da Silva Amaral,

Capitão Tude Pinto Costa, Joaquim Vieira de

Souza e tenente João Tenório Mascarenhas.

Home page da cidade:

www.bomconselhopapacaca.com.br

E-mail: [email protected]

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