de bacharel à jurista - daniela barcellos...orlando gomes dos santos 1909 salvador (ba) mario gomes...

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1 De bacharel à jurista: perfil dos artífices da codificação civil ** Daniela Silva Fontoura de Barcellos * Resumo: Tomando por base o processo de reforma do Código Civil brasileiro entre 1942 e 1969, o presente trabalho pretende analisar os recursos mobilizados para a ascensão à categoria de projetador legislativo. Para isto, utilizam-se dados relativos à: origem social e formação escolar (I), às carreiras política(II) e acadêmica(III) dos projetadores legislativos. Tendo sido a reforma do Código Civil a mais longa do século XX, parte-se da hipótese de que a tarefa performativa é um diferencial no âmago das elites jurídicas nacionais. Assim, pretende-se isolar os atributos mobilizados pelos juristas das três comissões projetadoras, comparando-as entre si. A pesquisa funda-se em entrevistas, biografias, memórias, homenagens, necrologias e documentos privados. Palavras-Chave: Elites jurídicas. Sociologia do Direito. Reforma legislativa. Introdução Os processos de transformação das leis civis oferecem uma dupla perspectiva de análise das relações entre direito e política 1 . Por um lado, a função legislativa favorece sistematicamente as prerrogativas do executivo, constituindo-se num verdadeiro laboratório para a instauração de uma nova ordem jurídica (VAUCHEZ, 2005, p. 271), especialmente em períodos autoritários ou de transição. De outro, permite romper com uma aparente “neutralidade” da qual o direito se investe pondo em evidência o fato de que a legislação afina-se com os interesses daqueles que a instituem (BOURDIEU, 1986, p. 3). ** Uma versão deste trabalho foi apresentada no Seminário Nacional de Ciência Política realizado na UFRGS. Este trabalho consiste numa versão em andamento da tese de doutorado intitulada “Código Civil: relações entre a política e a academia”, sob orientação do prof. Odaci Coradini realizada no programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS. * Pesquisadora da FGV Direito-Rio, Mestre em Direito Civil pela UFRGS e doutoranda em Ciência Política UFRGS. 1 Trata-se da análise das relações entre direito e política em micro-escala, ou seja, no âmbito das relações pessoais, tal como é usual no estudo de trajetos e, mais amplamente, no uso do método biográfico. (vide, por exemplo, PENEFF, 1994)

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Page 1: De bacharel à jurista - Daniela Barcellos...Orlando Gomes dos Santos 1909 Salvador (BA) Mario Gomes dos Santos, comerciante. Theophilo de Azeredo Santos 1929 Arcos (MG) Raimundo de

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De bacharel à jurista: perfil dos artífices da codi ficação civil **

Daniela Silva Fontoura de Barcellos*

Resumo: Tomando por base o processo de reforma do Código Civil brasileiro entre 1942 e 1969, o presente trabalho pretende analisar os recursos mobilizados para a ascensão à categoria de projetador legislativo. Para isto, utilizam-se dados relativos à: origem social e formação escolar (I), às carreiras política(II) e acadêmica(III) dos projetadores legislativos. Tendo sido a reforma do Código Civil a mais longa do século XX, parte-se da hipótese de que a tarefa performativa é um diferencial no âmago das elites jurídicas nacionais. Assim, pretende-se isolar os atributos mobilizados pelos juristas das três comissões projetadoras, comparando-as entre si. A pesquisa funda-se em entrevistas, biografias, memórias, homenagens, necrologias e documentos privados. Palavras-Chave : Elites jurídicas. Sociologia do Direito. Reforma legislativa.

Introdução

Os processos de transformação das leis civis oferecem uma dupla

perspectiva de análise das relações entre direito e política1. Por um lado, a

função legislativa favorece sistematicamente as prerrogativas do executivo,

constituindo-se num verdadeiro laboratório para a instauração de uma nova

ordem jurídica (VAUCHEZ, 2005, p. 271), especialmente em períodos

autoritários ou de transição. De outro, permite romper com uma aparente

“neutralidade” da qual o direito se investe pondo em evidência o fato de que a

legislação afina-se com os interesses daqueles que a instituem (BOURDIEU,

1986, p. 3).

** Uma versão deste trabalho foi apresentada no Seminário Nacional de Ciência Política realizado na UFRGS. Este trabalho consiste numa versão em andamento da tese de doutorado intitulada “Código Civil: relações entre a política e a academia”, sob orientação do prof. Odaci Coradini realizada no programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS. * Pesquisadora da FGV Direito-Rio, Mestre em Direito Civil pela UFRGS e doutoranda em Ciência Política UFRGS. 1 Trata-se da análise das relações entre direito e política em micro-escala, ou seja, no âmbito das relações pessoais, tal como é usual no estudo de trajetos e, mais amplamente, no uso do método biográfico. (vide, por exemplo, PENEFF, 1994)

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Entre os anos 1942 a 1969, três comissões de juristas foram convidadas

pelo Ministério da Justiça para reformar o Código Civil, sendo que somente a

última teve seu trabalho convertido em lei. Os treze juristas que participaram

das disputas pelo “monopólio de dizer o direito” civil integram uma elite2

jurídica, ainda que a institucionalização do espaço jurídico estivesse em

processo de formação. Dotados de múltipla inserção social (BOLTANSKI,

1973), os projetadores legislativos ocuparam, de forma sucessiva ou

cumulativa, altos postos privativos de bacharéis em direito. Dentre eles

destacam-se funções relativas a: professor de direito, advogado, parecerista e

juiz3. Além disso, são também “doutrinadores”, expressão empregada no

Direito para designar os produtores de conhecimento técnico-jurídico. Ao lado

das ocupações jurídicas, os projetadores de leis civis exerceram outras

atividades de natureza político-partidária, associativa, jornalística e literária. E é

a combinação destas diversas atividades nas esferas do direito, da política e

das letras que produz o “expert instituinte” (CASTEL, 1991, p. 177) brasileiro,

ou seja, aquele que utiliza o conhecimento técnico para produzir diretamente

normas jurídicas.

Para a análise dos trajetos dos juristas integrantes das comissões de

alteração do Código Civil, privilegio a inserção social e as formas de

recrutamento. Para isso, analiso os dados relativos à: (I) origem social e

formação escolar, (II) carreira política e (III) acadêmica. Em paralelo, procuro 2 Utilizo o termo elite em sentido amplo, ou seja, como grupos de indivíduos que ocupam posições chave em uma sociedade e que dispõem de poderes, de influência e de privilégios inacessíveis ao conjunto de seus membros (HEINZ, 2006, p. 8). 3 Refiro-me aqui genericamente aos cargos de juiz, desembargador e ministro dos Tribunais Superiores. Embora os cargos de ministro dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TSE, TST e STM) não sejam todos privativos, constituem tradicionalmente um nicho de exclusividade dos bacharéis em direito na medida em que se exige, no mínimo, o chamado “notório saber jurídico”.

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demonstrar que as tomadas de posição no plano político e a possibilidade de

trânsito social destes agentes são determinantes no seu recrutamento como

legisladores.

I- Origem social e formação escolar

Os treze juristas em análise integram as gerações de intelectuais

analisadas por Pécaut (1980). Nascidos entre 1891 a 1933, os legisladores são

filhos de pais com profissões diversas. Uma parte significativa possui pais com

profissões liberais (advogados, médicos, e professores) ou vinculadas ao

comércio. Apenas Orozimbo Nonato possui o pai vinculado ao exército, na

patente de major. Estas informações estão sistematizadas no quadro n. 1.

Quadro n. 1: Origem social dos projetadores do Código Civil

Nome Ano de nac. Nascimento Nome e profissão do pai

José Philadelpho de Barros

Azevedo

1894 Rio de Janeiro

(DF)

José Carneiro de Barros e Azevedo,

profissão desconhecida.

Hahnemann Guimarães 1901 Rio de Janeiro

(DF)

Norival Guimarães,

profissão desconhecida.

Orozimbo Nonato da Silva 1891 Sabará (MG) Raymundo Nonato da Silva,

major.

Orlando Gomes dos Santos 1909 Salvador (BA) Mario Gomes dos Santos,

comerciante.

Theophilo de Azeredo Santos 1929 Arcos (MG) Raimundo de Azeredo Santos,

comerciante.

Caio Mário da Silva Pereira 1913 Belo Horizonte

(MG)

Leopoldo da Silva Pereira,

professor de português e de latim.

Erbert Vianna Chamoun 1923 Rio de Janeiro

(DF)

Dados desconhecidos.

Miguel Reale 1910 S. Bento do

Sapucaí (SP)

Alfonso Reale,

médico.

Torquato da Silva Castro 1907 Recife (PE) Dados desconhecidos.

Clóvis Veríssimo do Couto e

Silva

1930 Porto Alegre

(RS)

Waldemar do Couto e Silva,

professor de direito e advogado.

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José Carlos Moreira Alves 1933 Taubaté (SP) Luiz de Oliveira Alves,

profissão desconhecida.

Agostinho Neves Arruda Alvim 1897 São Paulo

(SP)

José Manuel de Arruda Alvim,

profissão desconhecida.

Sylvio Marcondes Machado ? (SP) Dados desconhecidos.

Nota: Quadro demonstrativo da origem social dos agentes. Os dados biográficos foram obtidos na composição de dados constantes em: dicionários biográficos (Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro, Quem é Quem no Brasil, Enciclopédia Britânica); biografias dos ministros do STF (www.stf.gov.br), livros de biográficos ou autobiográficos, currículos do sistema Lattes ou arquivados nas Faculdades de Direito e em órgãos públicos; discursos de posse em instituições de consagração (Academia Brasileira de Letras, Academia Brasileira de Letras Jurídicas, Instituto dos Advogados, Ordem dos Advogados,...); discursos de concessão de títulos acadêmicos e medalhas jurídicas; necrologias e elogios fúnebres; apresentação de obras; entrevistas com os legisladores ou pessoas de suas relações. Alguns dados ainda são desconhecidos da autora, pois a pesquisa encontra-se em andamento.

Quanto à origem geográfica, os agentes são predominantemente

provenientes dos três centros de poder da República Velha: Rio de Janeiro,

São Paulo e Minas Gerais. Estes três estados, além de concentrarem o poder

político, também dão origem a maior parte dos juristas que ocupam altos

cargos estatais.

Tomando como exemplo a origem social dos Ministros do Supremo

Tribunal durante o período republicano, vemos que as origens sociais dos

mesmos guardam uma exata proporcionalidade com a dos juristas

projetadores, sugerindo certo padrão na origem social das elites jurídicas. Mais

interessante ainda é observar que há um projetador com origem em cada um

dos seguintes estados: do Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. Estas são,

respectivamente, as três origens mais freqüentes dos Ministros do Supremo

Tribunal, logo atrás dos estados mais incidentes. Estas constatações são

reproduzidas na distribuição das origens dos agentes redatores do Código Civil

e ministros, como demonstra a tabela n. 1.

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Tabela nº.1: Tabela comparativa da origem geográfica dos Ministros do STF, do STJ e dos redatores dos anteprojetos de Código Civil.

Estado de origem Ministros do STF Ministros do STJ Projetadores do CC

Alagoas 2 4 0

Amazonas 1 2 0

Bahia 14 13 1

Ceará 4 7 0

Espírito Santo 1 0 0

Exterior4 0 1 0

Goiás 1 2 0

Maranhão 5 2 0

Mato Grosso 2 1 0

Minas Gerais 30 25 3

Pará 1 3 0

Paraíba 5 5 0

Paraná 1 5 0

Pernambuco 11 4 1

Piauí 5 3 0

Rio de Janeiro 31 12 3

Rio Grande do Norte 1 3 0

Rio Grande do Sul 16 11 1

Santa Catarina 1 3 0

São Paulo 23 14 4

Sergipe 5 4 0

Total 160 124 13

Nota: Tabela comparativa do local de nascimento dos Ministros do STF, STJ e dos projetadores do Código Civil. Em relação aos ministros, a tabela abrange todo o período republicano atualizado até outubro de 2008. Na contagem dos ministros do STJ, estão inclusos os ministros integrantes do antigo Tribunal Federal de Recursos, transformado em Superior Tribunal de Justiça em 1988. Já entre os projetadores estão os 13 juristas participantes da redação de pelo menos um dos anteprojetos de Código Civil no período de 1942 a 1969. Os dados em relação aos ministros foram retirados do STF e do STJ, disponíveis, respectivamente, em: www.stf.gov.br e www.stj.gov.br, acesso em 1/10/2008. Os dados dos projetadores foram retirados de várias fontes, tal como explica a nota 4. Os estados do Acre, Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e Tocantins não aparecem na tabela, pois não possuem ministros nem projetadores com origem em seu território. Os ministros que nasceram no Rio de Janeiro, época em que este era o Distrito Federal, foram computados no estado do Rio de Janeiro.

4 Trata-se do atual Ministro Felix Fisher, nascido em 30/09/1947 em Hamburgo, Alemanha, e naturalizado brasileiro. O mesmo bacharelou-se no Rio de Janeiro em Ciências Econômicas na UFRJ (1971) e em Direito pela UEG, hoje UERJ (1972). Exerceu sua carreira vida profissional, sempre ligada ao direito, no Estado do Paraná.

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Todos os agentes em análise realizam seus estudos pré-universitários e

a graduação em direito no estado de origem5. Em geral, o doutorado, a livre-

docência e a tese de cátedra também ocorrem no mesmo local. Exceções são

os percursos de Philadelpho de Azevedo e de Teophilo Santos que realizaram

estudos em Paris. O primeiro cursou Ciência Política na École de Sciences

Politiques em 1927, treze anos após sua formatura. O segundo ganhou bolsa

de estudos do governo francês e foi doutorar-se na Université de Paris II, um

ano após sua graduação em direito. No entanto, ambos os casos mostram a

circulação internacional, traço marcante destes agentes, conforme analisado

infra.

Os projetadores oriundos dos estados periféricos (Pernambuco, Rio

Grande do Sul e Bahia) não realizam deslocamento espacial permanecendo no

estado de origem durante toda a carreira profissional. Esta constatação indica

também uma maior probabilidade dos nascidos nas regiões centrais

ascenderem aos postos federais privativos de bacharéis em direito, tais como:

Advogado da União (antigo Consultor-Geral da República)6, Procurador-Geral

da República e Ministro dos Tribunais Superiores.

5 Até mesmo Caio Mario, que se mudara durante a infância para o Rio de Janeiro, acabou retornado a Belo Horizonte para cursar direito. A mudança de sua família para a capital ocorreu devido ao fato de seu pai ter ido lecionar humanidades no colégio São José (PEREIRA, 2001, p.6). 6 O cargo de Consultor-Geral da República foi extinto e substituído pelo cargo de Advogado-Geral da União através da Lei Complementar 73/1993, publicada no D.O. de 11/02/1993.

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Quadro n. 2: Estudos básicos, secundários e superiores .

Nome Estudos primários e secundários

Formação acadêmica

José Philadelpho de Barros Azevedo

Colégio D. Pedro II, Rio de Janeiro.

Graduado na UFRJ (1914) e aluno da SciencePo, Paris (1927).

Hahnemann Guimarães Colégio D. Pedro II, Rio de Janeiro.

Graduado UFRJ (1923), livre-docente em Direito Romano (1931) e catedrático de Direito Civil (1933) na mesma instituição.

Orosimbo Nonato da Silva Primário na cidade de Sabará. Colégio Morais, Belo Horizonte. (humanidades)

Graduado na UFMG (1911), livre-docente e catedrático na mesma instituição (1925).

Orlando Gomes dos Santos Escola Campo Grande, em Salvador.

Graduado na UFBA (1930).

Theophilo de Azeredo Santos Escola Cócio Barcelos, Rio de Janeiro. Grupo Escolar Afonso Pena, Belo Horizonte. Instituto Padre Machado, Belo Horizonte. Colégio Marconi, Belo Horizonte. (clássico)

Graduado na UFMG (1935), doutorado em Paris II (1936) e doutor na UFMG.

Caio Mário da Silva Pereira

Grupo Escolar Barão do Rio Branco, Belo Horizonte (primário).

Graduado na UFMG (1935) e doutor na mesma instituição.

Erbert Vianna Chamoun Local desconhecido. Graduado na UFRJ. Miguel Reale Nossa Senhora da Glória,

Itajubá. Istituto Médio Ítalo Brasiliano Dante Alighieri, São Paulo.

Graduado na USP (1933) e doutor na mesma instituição (1941).

Torquato da Silva Castro Local desconhecido. Graduado na UFPE. Clóvis Veríssimo do Couto e Silva

Colégio Anchieta, Porto Alegre. (primário e secundário)

Graduado na UFRGS (1955), catedrático na mesma instituição (1966).

José Carlos Moreira Alves Instituto Lafayette, Rio de Janeiro. (primário, ginasial e científico)

Graduado na UFRJ (1955), doutor na mesma instituição (1957).

Agostinho Neves Arruda Alvim Local desconhecido. Graduado na USP. Sylvio Marcondes Machado Local desconhecido. Graduado na USP.

Nota : Quadro demonstrativo dos locais de estudos pré-universitários, universitário e de pós-graduação dos agentes projetadores do Código Civil. A maior parte das faculdades teve seus nomes alterados ao longo dos anos. Para simplificar, utiliza-se a sua sigla atual.

A circulação internacional7 é traço marcante nas carreiras dos juristas

projetadores. Eles tiveram oportunidade de integrar organismos internacionais,

estudar no exterior, comparecer a congressos ou, ainda, representar o Brasil

7 Dezalay e Garth defendem que a circulação internacional de idéias entre os bacharéis é um condicionante do campo do Direito, pois permite estabelecer fronteiras, estruturas, e orienta as estratégias implementadas pelos atores nacionais.

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em encontros e reuniões internacionais. Miguel Reale, por exemplo, teve

alguns colóquios internacionais para discussão de seu pensamento. Um deles

ocorreu em Portugal e outros dois no Brasil. O I Colóquio Luso-Brasileiro de

Pesquisa Filosófica (Rio de Janeiro) e o VI Congresso Brasileiro de Filosofia

(São Paulo), ambos realizados em 1999, não estão mencionados no quadro n.

3, pois não configuram exemplos de deslocamento dos agentes. No entanto, os

anais publicados8 no congresso de São Paulo demonstram a presença de

estudiosos vários estados do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito

Federal, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do

Sul, Ceará, Amazonas) e do exterior (Portugal, Itália, Espanha, Estados

Unidos, Argentina, Japão), o que indica a circulação internacional das idéias

filosóficas de Reale. Outros exemplos da circulação internacional dos juristas

em análise encontram-se no quadro n. 3.

Quadro n. 3: Circulação Internacional

Nome Viagens de estudos ou para ministrar aulas

Congressos, cargos ou condecorações

Orozimbo Nonato da Silva Não Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito de Itália

e Portugal.

Hahnemann Guimarães Não Representante do Brasil na Conferência

Internacional do Ensino Superior em Paris,

França. (1937)

Congresso Internacional de Direito Privado em

Montevidéu, Uruguai (1940).

Chefe da delegação brasileira ao Congresso

Internacional de aeronáutica civil em Chicago,

EUA. (1944)

José Philadelpho de

Azevedo

École de Sciences

Politiques, Paris,

França. (1927)

Membro da Seção Brasileira do Comité Juridique

International de l’ Aviation, sediada em Paris,

França. (1930)

8 Meio Século de Filosofia. Anais do VI Congresso Bra sileiro de Filosofia (6 de setembro de 1999). São Paulo: IBF, 2003. vol. I e II.

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Representante do Brasil na “Semaine

Internationale de Droit” em Paris, França. (1937)

Representante do Brasil na Union Internationale

des Avocats em Paris, França. (1937)

Representante do Brasil no II Congresso de

Direito Comparado em Haia, Holanda. (1937)

Representante do Brasil no 8º Congresso

Científico Americano em Washington, EUA.

(1940).

Membro da Inter-american Bar Association em

Washington, EUA. (1940)

Juiz da Corte Internacional de Justiça em Haia,

Holanda. (1946-1961)

Caio Mário da Silva

Pereira

Professor convidado

para lecionar Direito

Comparado na

Univeristé de Paris I,

França. (1953)

Estudou common law

em universidades

americanas. (1953)

Apresentador de trabalho no IV Congresso

Internacional de Direito Comparado em Paris,

França. (1953)

IX Conferência Interamericana de Advogados

em Dallas, EUA. (1956).

Conferencisita em Yale, EUA (1956).

I Jornadas Latino-americanas de Direito Privado

em Buenos Aires, Argentina (1960).

Comission Internationale de Juristes em

Genebra, Suíça (1965).

Theophilo de Azeredo

Santos

Estudou com bolsa de

estudos na Université

de Paris II (1955-1956)

Atual presidente do Comitê Internacional de

Arbitragem da Câmara Internacional do

Comércio com sede em Paris, França (2008).

Orlando Gomes Não possui Não possui.

Miguel Reale Estudou na Itália. Chefe da delegação brasileira na Organização

Internacional do Comércio em Genebra, Suíça.

(1951)

Fundador da Associação Interamericana de

Filosofia (1954).

Chefe da delegação brasileira dos seguintes

Congressos Interamericanos de Filosofia:

Santiago, Chile (1957); Washington, EUA

(1959); e Buenos Aires, Argentina (1961).

Vice-presidente do Congresso Interamericano de

Filosofia em Québec, Canadá. (1967)

Colóquio Tobias Barreto para discussão do

pensamento de Miguel Reale, em Porto e Viana

do Castelo, Portugal. (1996)9

José Carlos Moreira Alves Assessor da delegação do Brasil da reunião dos

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Ministros da Justiça dos países hispânicos, luso-

americanos e filipinos em Madrid, Espanha.

(1970).

Delegado do Brasil nas conferências

diplomáticas da Convenção Universal sobre o

direito do autor e da Convenção de Berna,

realizada em Paris, França. (1971)

Chefe da missão especial para representar o

governo brasileiro no 50° aniversário da

Proclamação da República da Turquia (1973).

Clóvis Veríssimo do Couto

e Silva

Professor convidado na

Université de Paris II.

Professor convidado em

Florença.

Torquato da Silva Castro Residiu no Japão para cuidar dos interesses de

um cliente de seu escritório de advocacia que

possuía uma mineradora (1957).

Nota: Quadro demonstrativo da circulação internacional dos notáveis. Os dados são relativos a

viagens de estudo, de representação oficial do país ou de trabalho dentro das profissões

jurídicas. Não estão computadas viagens de mero turismo.

II – Carreira profissional e distinções

Após a formação universitária, os projetadores civis incorporam um

léxico de práticas comuns aos bacharéis de direito que, além maximizar sua

inserção no espaço profissional, tornam-se reconhecidos socialmente como

juristas. Dentre as características distintivas desta elite estão o exercício da

docência em direito, a circulação internacional e o pertencimento a instituições

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de consagração, como o Instituto dos Advogados Brasileiros10 e Academia

Brasileira de Letras Jurídicas11.

Arinos (apud Venâncio Filho, 1997, p. 8) distingue o bacharel do jurista

através de duas posturas distintas. Ao primeiro, cabe a o bacharelismo, que

consiste na aplicação dedutiva da técnica jurídica aplicada à realidade. Já o

juridicismo, pertencente ao segundo tipo, é uma postura inovadora e criadora

de formas de interpretar o direito e de sistematizá-lo, seja para ao sentido

progressista, seja para o reacionário. Dezalay e Garth (2002, p. 51-52),

inspirados na tradicional separação entre os produtores e práticos de direito, e

diante da indiferenciação destas atividades na América Latina, criam a

categoria analítica de “políticos-bacharéis”. Estes se caracterizam por serem

generalistas dotados de sabedoria prática para ocupar postos-chave dentro da

hierarquia social, notadamente os de natureza intelectual, política e

empresarial.

Miceli (1979) ressalta que a partir do Estado Novo, época em que o

diploma em direito deixa de ser um bem raro, os bacharéis passam a investir

na diversificação de carreiras, de forma concomitante ou alternada. Para isso,

se fazem valer de postos em jornais, revistas, escolas secundárias e de

relações sociais intensas, especialmente em certas instâncias de consagração.

10 Fundado em 1843, o Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, inicialmente chamado de IAOB surge como uma instituição que congregava exclusivamente, e representava, toda a comunidade jurídica do país. Com a criação da Ordem dos Advogados do Brasil, através do Decreto nº 19.408, de 18 de novembro de 1930, o IAB passa a ser um instituto de consagração de “notáveis” juristas. (BONELLI, 1999, p. 61-81). 11 A Academia Brasileira de Letras Jurídicas foi fundada em março de 1974 ao estilo da academia francesa. A missão da academia é zelar pela pureza do idioma pátrio na literatura jurídica, acompanhar a evolução do pensamento jurídico universal e contribuir para a sua construção, congregando cordialmente, em torno desse ideal, juristas de todo o Brasil.

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Para a identificação da presença destas características no grupo em análise,

veja o quadro n.4 que demonstra esta diversificação progressiva.

Quadro n. 4: Primeiro emprego e experiência docente

Nome Primeiro emprego Experiência docente Orozimbo Nonato da Silva Professor de Economia

e Estatística Rural na Escola Mineira de Agricultura e Veterinária (1923).

Livre-docente e catedrático de Direito Civil UFMG (1931-1940). Professor de Direito Civil na PUC-RJ (1940).

Hahnemann Guimarães Professor de Latim no Colégio do Professor Accioly.

Catedrático de Latim D. Pedro II (1926-1937). Livre Docente em Direito Romano da UFRJ (1932). Catedrático de Direito Civil da UFRJ (1933).

José Philadelpho de Azevedo

Professor substituto de Filosofia no Colégio D. Pedro II (1915-1917).

Catedrático de Psicologia, Lógica e História da Filosofia no Colégio D. Pedro II (1917) Livre-docente no D. Pedro II (1930). Livre Docente em Direito Civil da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ (1932). Catedrático de Direito Civil da UFRJ (1933).

Orlando Gomes Advogado. Professor livre-docente de Introdução à Ciência do Direito da Faculdade de Direito da UFBA (1933). Professor de Instituições de Direito Social da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA (1934). Professor de Direito Civil da UFBA (1936). Catedrático de Direito Civil da UFBA (1937).

Caio Mário da Silva Pereira Revisor da Revista Forense.

Professor de Francês e Português no Colégio Mineiro de BH. (1936-1939). Professor de Francês Clássico na Faculdade de Filosofia de UFM. Professor catedrático de Direito Civil da UFMG.(1950). Professor de Direito Comparado no curso de doutorado da UFMG (1951). Professor de Direito Civil da UFRJ.

Theophilo de Azeredo Santos

Taquígrafo.

Professor de Direito Comercial da Faculdade Nacional de Direito (UFRJ). Professor de Direito Comercial da Universidade do Estado da Guanabara (UERJ). Professor da Universidade Estácio de Sá.

Sylvio Marcondes Machado Advogado Comercialista. Professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP)

Miguel Reale Advogado. Professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. (USP)

José Carlos Moreira Alves Professor regente de Direito Civil e de Direito Romano na Faculdade de Direito da Universidade Gama Filho, RJ (1957-1964).

Professor de Direito Romano da Faculdade de Direito Cândido Mendes, RJ (1960-1968) Professor de Direito Romano no doutorado da PUC-RJ (1962.) Professor de Direito Civil e Processual Civil da PUC-RJ (1962-1968). Professor da EBAPE- FGV (1964-1968). Professor livre-docente e catedrático de direito civil e direito romano na Universidade do Brasil (1965-1968). Professor catedrático na USP (1968-1974). Professor da Universidade Mackenzie, SP

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(1969-1974) Professor cedido da USP à UnB (1974-).

Agostinho de Arruda Alvim ? Professor da PUC-São Paulo.

Erbert Vianna Chamoun Advogado. Professor da UERJ.

Professor da UFRJ.

Professor da PUC-RJ.

Clóvis Veríssimo do Couto e Silva

Advogado. Professor da PUC-RS.

Professor da UFRGS.

Torquato da Silva Castro Agricultor. Professor da UFPE.

Nota: Quadro demonstrativo do primeiro emprego e da experiência docente dos agentes projetadores. As universidades têm a abreviação correspondente a seu nome atual.

Além de professores, os legisladores civis ocuparam postos diversos nas

carreiras jurídicas, jornalísticas12 e políticas. Ademais, realizam a produção de

artigos e livros jurídicos, filosóficos13 e literários14.

Ainda hoje, os manuais de direito civil de Caio Mario da Silva Pereira e

de Orlando Gomes são os mais freqüentemente indicados nas faculdades de

direito brasileiras. Com o advento no novo Código Civil, parte dos seus

ensinamentos ficou desatualizada. Assim, mesmo após a morte destes autores,

suas obras continuam a serem reeditadas com adaptações feita por outros

autores, menos consagrados. Estas obras estão no quadro 5.

12 Miguel Reale fundou o jornal integralista Acção (1936), a Revista Panorama (1936) da qual foi diretor (1937). Além disso, foi colunista semana do jornal “O Estado de São Paulo”. José Philadelpho de Azevedo colaborou no Jornal do Commercio na seção vida jurídica entre os anos de 1936 a 1938. 13 Miguel Reale é fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia (1949), o qual presidiu até sua morte (2006). Igualmente fundador da Sociedade Interamericana de Filosofia. Sua teoria tridimensional do direito é mundialmente conhecida e sua obra filosófica foi traduzida para o francês, italiano e espanhol. Como exemplo citamos: Filosifia del Diritto, traduzida para o italiano por Luigi Bagolini e G. Ricci (1956); Filosofia del Derecho, traduzida para o espanhol por Angel Herreros (1979); Situation de la théorie de l’État dans les domaines de la connaissance juridique, traduzida por Jacques Douchez (1953). 14 Destacamos como exemplos Miguel Reale, membro da Academia Brasileira de Letras, e Orlando Gomes, membro da Academia de Letras da Bahia (1968). Este que escreveu um livro de crônicas intitulado O Veranista.

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Quadro n. 5: Manuais de direito de autoria dos coordenadores d a segunda comissão jurídica elaboradora do anteprojeto de Código Civil

Nome Manuais de Direito Civil Caio Mário da Silva Pereira

Introdução ao direito civil: teoria geral do direito civil. 22ª. ed. em 2008. Atualizado por Maria Celina Bodin de Moraes. Teoria geral das obrigações . 21ª. ed. em 2006. atualizado por Guilherme Calmon Nogueira da Gama. Contratos. 12ª. ed. 2005. Atualizado por Regis Fichtner. Direitos reais . 19. ed. em 2007. Atualizado por Carlos Edson Monteiro Rêgo Filho. Direito de família . 16ª. ed. em 2007. Atualizado por Tânia da Silva Pereira. Sucessões . 16 ed. em 2007. Atualizado por Carlos Roberto Barbosa Moreira.

Orlando Gomes Introdução ao Direito Civil. 19ª. ed. em 2007. Atualizado por Edvaldo Brito e Reginalda Paranhos de Brito. Obrigações. 17ª em ed. 2007. Atualizado por Edvaldo Brito. Contratos. 26ª. ed. Em 2008. Atualizado por Antônio Junqueira de Azevedo e Francisco Paulo de Crezenzo Mariano. Direito de família . 14ª. ed. em 2001. Atualizada por Humberto Theodoro Gomes. Direitos reais. 19ª ed; em 2007. Atualizado por Edson Fachin. Sucessões . 14ª. ed em 2007. Atualizado por Mario Roberto Carvalho de Faria.

Nota: Quadro demonstrativo dos manuais de direito de Gomes e Pereira, com respectiva edição e atualizador. Dados atualizados até outubro de 2008.

Outra característica marcante é o exercício de diversas atividades com a

carreira de advogado. Sempre que possível esta se acumulava com a função

de professor. Caso houvesse impedimento de cumulação de carreiras, por

exigência de dedicação exclusiva, ocorre sua retomada após a aposentadoria

ou a exoneração em cargos públicos que impedem a militância na advocacia.

Este é o caso de Nonato, por exemplo, que, após aposentar-se do cargo de

Ministro do STF, dedica-se à carreira de advogado e parecerista no Rio de

Janeiro, em uma banca integrada por Theophilo de Azeredo Santos, seu ex-

aluno na Universidade de Minas Gerais, e Idelfonso Mascarenhas da Silva

(Lisboa, 2003, p. 51).

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O antigo cargo de Consultor-Geral da República, equivalente ao atual

cargo de Advogado Geral da União foi ocupado por três projetadores do

Código Civil: Hahnemann Guimarães, Orozimbo Nonato da Silva e Caio Mario

da Silva Pereira. Os dois primeiros se sucederam durante o governo Vargas e

Caio Mario foi Consultor-Geral da República no ano de 1961, durante governo

Jânio Quadros. Estes dados estão disponíveis no quadro n. 6.

Quadro n. 6: Carreiras públicas dos Projetadores Legislativos

Nome Origem Carreiras Públicas Federais Hahnemann Guimarães Rio de

Janeiro (DF)

Consultor Geral da República de Vargas (1941-1945) Procurador Geral da República (1945-1946) Juiz do Tribunal Superior Eleitoral, no governo Dutra (1946) Ministro do STF, durante o governo Dutra (1946) Vice-Presidente do TSE (1950-1953)

José Philadelpho de Barros Azevedo

Rio de Janeiro (DF)

Ministro do STF, no governo Vargas (1942)

Orozimbo Nonato da Silva Sabará (MG)

Consultor Geral da República, no governo Vargas (1940-1941) Ministro do STF, nomeado por Vargas (1941-1960) Vice-Presidente do STF (1951-1954) reeleito (1954-1956) Presidente do STF (1956-1958)

Caio Mário da Silva Pereira Belo Horizonte (MG)

Consultor Geral da República de Jânio (1961) Chefe de Gabinete do Ministro da Educação, Pedro Aleixo (1966)

Orlando Gomes Salvador (BA)

Não

Theophilo de Azeredo Santos Arcos (MG) Não Agostinho de Arruda Alvim São Paulo

(SP) Não

Clóvis Veríssimo do Couto e Silva

Porto Alegre (RS)

Não

Erbert Vianna Chamoun Rio de Janeiro (DF)

Não

José Carlos Moreira Alves Taubaté (SP)

Coordenador da Comissão de Estudos Legislativos do Ministério da Justiça (1969-1972); Chefe do Gabinete do Ministro da Justiça Alfredo Buzaid. (1970-1971); Procurador Geral da República (1972-1975); Coordenador da Comissão de Estudos Legislativos do Ministério da Justiça (1974-1975); Ministro do STF, no governo Geisel (1975); Juiz substituto do TSE (1975-1978); Juiz efetivo do TSE (1978-1980); Vice-Presidente do TSE (1980-1981); Vice-Presidente do STF (1982-1985); Presidente do STF (1985-1987);

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Presidente da Primeira Turma do STF (1987-); Juiz Substituto do TSE (1994-1998).

Miguel Reale (1910-2006) S. Bento do Sapucaí (SP)

Membro do Conselho Federal de Cultura (1974-1989)

Sylvio Marcondes Machado SP Não. Torquato de Castro (1907-1988) Recife (PE) Não.

Nota: Quadro demonstrativo das carreiras públicas federais dos projetadores civis.

A forte rede de relações sociais e o hetero-reconhecimento pelos pares.

Assim, os juristas das comissões elaboradoras do Código Civil recebem

diversos prêmios jurídicos, homenagens e títulos doutor honoris causa. Dentre

eles, destaca-se o Prêmio Teixeira de Freitas concedido anualmente pelo

Instituto dos Advogados Brasileiros aos melhores trabalhos jurídicos. Instituída

no ano de 1929, premiando Clóvis Beviláqua, autor do Código Civil de 1916, a

medalha Teixeira de Freitas foi concedida a 6 dos 13 juristas projetadores.

Outra instância de consagração relevante é a Academia Brasileira de Letras

Jurídicas.

Outra instituição de consagração fundamental é a Academia Brasileira

de Letras Jurídicas. Sociedade civil fundada em 6 de setembro de 1975, e

declarada de utilidade pública federal em 1983, a academia segue o estilo do

modelo francês. Suas cadeiras simbólicas em número de cinqüenta têm um

patrono cada e são ocupadas perpetuamente por escritores juristas brasileiros

eleitos por maioria absoluta. Cinco dos treze projetadores são membros, sendo

Orozimbo Nonato patrono da cadeira 28. Torquato de Castro, afiliado pela

Academia Pernambucana de Letras Jurídicas, fundada por ele em 1976 e

Sylvio Marcondes dos Santos detentor da cadeira 43 da Academia Paulista de

Letras.

Orlando Gomes foi igualmente da Academia de Letras da Bahia e da

Miguel Reale, além de ser membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas

e da Academia Paulista de Letras Jurídicas é membro da Academia Brasileira

de Letras. Estas informações estão explicitadas no quadro n. 7.

Quadro n. 7: Medalhas e distinções recebidas pelos Projetadores legislativos

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Nome Medalha Teixeira de Freitas

Membro da ABLJ Doutor Honoris Causa

Hahnemann Guimarães Não Não José Philadelpho de Barros Azevedo

Não Não

Orozimbo Nonato da Silva Sim, 1956. Patrono da cadeira 28 Não Caio Mário da Silva Pereira Sim, 1961. Sim, cadeira 28 Orlando Gomes dos Santos Sim, 1974. Sim, cadeira 1 1 Theophilo de Azeredo Santos Sim, 1983. Não Não Agostinho Neves Arruda Alvim Não Não Clóvis Veríssimo do Couto e Silva

Não Sim, cadeira 42

Erbert Vianna Chamoun Não Não Desconhecido. José Carlos Moreira Alves Não Sim, cadeira 44 Miguel Reale Sim, 1968. Sim, cadeira 26 15 títulos Sylvio Marcondes Machado Não Não Torquato de Castro (1907-1988) Não afiliado pela APLJ Desconhecido.

Nota : Quadro demonstrativo de prêmios, medalhas e distinções recebidas pelos projetadores legislativos. Os dados foram obtidos com base no site do IAB (www.iabnacional.org.br), nas Revistas da Academia Brasileira de Letras Jurídicas e nos dados biográficos obtidos conforme explicado na nota 4.

III – A hiperpolitização e a expertise instituinte

Os juristas elaboradores dos Anteprojetos de Código Civil participaram

de outras comissões legislativas, sempre a convite dos políticos no poder.

Assim, há uma estreita relação entre as simpatias ou militâncias políticas, as

amizades e os convites para integrar as comissões legislativas. Evidencia-se

que os recursos mobilizados são provenientes de diversas redes (DURIEZ e

SAWICKI, 2003) freqüentemente sobrepostas à noção de multiposicionalidade

dos agentes (Boltanski).

A primeira tentativa de reforma do Código Civil veio a lume no governo

Vargas. Os juristas Orozimbo Nonato, Philadelpho Azeredo e Hahnemann

Guimarães. Alinhados à política getulista; elaboraram, a pedido do governo, um

projeto de reforma do Código Civil que retirasse a parte relativa à matéria

contratual e, juntamente com dispositivos do Código Comercial, criasse um

Código das Obrigações. Obviamente, esta manobra tinha um duplo objetivo:

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tornar as mudanças legislativas de Vargas ainda mais profundas e promover

uma alteração desapercebida do Código Comercial. Tal empreitada não obteve

sucesso, tendo havido manifestações da sociedade e dos juristas contra esta

unificação.

Apesar de não terem sido terem falhado no projeto de codificação, o

feito desta primeira comissão foi realizar a modificação da Lei de Introdução ao

Código Civil Brasileiro, consubstanciada pelo Decreto-lei 4.657, de 4 de

setembro de 1942, durante o mandato de Alexandre Marcondes Filho no

Ministério da Justiça. Além desta comissão, Nonato participou da reforma da

Lei de Falências (Decreto-lei 7.661, de 21 de junho de 1945) juntamente com

Alexandre Marcondes Filho, Philadelpho Azevedo, Hahnemann Guimarães e

Sylvio Marcondes.

Os elaboradores do anteprojeto de Reforma do Código civil converteram

seu prestígio para ascender à posição de Ministro do Supremo Tribunal

Federal.

Antes disso, Orozimbo Nonato havia sido nomeado por Vargas para o

cargo de Consultor-Geral da República15, tendo permanecido no cargo até

1941, quando ascende a Ministro do STF. Em função disso, Hahnemann

Guimarães (1941-1945) substitui Nonato no cargo de Consultor Geral da

República.

Guimarães, na condição de Consultor Geral da República do governo

Vargas, integrou a comissão presidida pelo Ministro da Justiça Agamenon

Magalhães e integrada pelos seguintes juristas: José Linhares (ministro do

STF) José Miranda Valverde (OAB), Vicente Piragibe e Antonio Lafaiete de

Andrada (Juízes do Tribunal de Apelação). Esta lei correspondeu à tentativa de

Vargas em superar as dificuldades enfrentadas pelo Estado Novo para adaptar-

se as (ABREU, 2001)

15 Consultor Geral da República é o mais assessor jurídico do Presidente da República, submetido à sua direta, pessoal e imediata supervisão. É um cargo em comissão nomeado, pelo Presidente da República, dentre bacharéis em Direito “de notável saber jurídico e ilibada reputação” e possui status de Ministro.

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Os juristas da primeira comissão alinham-se a Vargas e ocupam um

conjunto de cargos públicos até chegarem ao ápice, como Ministros do

Supremo Tribunal Federal, conforme sistematizado no quadro n. 9.

Quadro n.9 : Carreiras públicas dos primeiros projetadores

Nome Cargos diversos Ministro STF Orozimbo Nonato da Silva

Delegado de Polícia em Aiuruoca e Turvo (1912) Promotor de Justiça (1912). Juiz municipal em Rio Branco e Entre Rios (1913). Advogado-Geral do Estado de MG (1933). Desembargador do TAMG (1934) . Membro do TRE-MG. Consultor Geral da República (1940).

Ministro do STF, nomeado por Vargas (1941).

José Philadelpho de Barros Azevedo

Procurador Geral do DF (1934-1936). Prefeito nomeado do Rio de Janeiro, DF (1945-1946). Juiz da Corte internacional de Justiça, com sede em Haia, Holanda.(1946-1951). Membro do Comitê Juridique International de l’aviation (Paris, com sede no RJ)

Ministro do STF, nomeado por Vargas (1942).

Hahnemann Guimarães

Consultor Geral da República (1941-1945) Procurador Geral da República (1945-1946). Integrante do TSE (1945)

Ministro do STF, nomeado por Eurico Gaspar Dutra (1946-1967).

Fonte : Elaboração própria, com base nos dados do DHBB e do site do STF (www.stf.gov.br).

Dentre os segundo grupo de projetadores, destacam-se os

coordenadores da comissão elaboradora do Código Civil, Gomes e o

coordenador da comissão elaboradora do Código das Obrigações, Caio Mario

das Silva Pereira. É o jurista atípico entre os codificadores. Gomes, filho de um

caixeiro, é o projetador de origem mais humilde e que, no plano político,

posiciona-se à esquerda. Em 1937 foi preso pelo Estado Novo por dar aulas

sobre a União SOVIÉTICA. Em 1946, concorreu a senador pelo Partido

Socialista Brasileiro no ano de 1946. No direito, escreveu sobre sociologia do

direito e direito do trabalho. Aproximou-se timidamente da linha alternativa do

direito, embora não simpatizasse com a matriz política que lhe dá origem16.

16 AMARAL, Francisco. “Evocação a Orlando Gomes”; Revista Brasileira de Direito Comparado . n. 17 (1999), p. 10.

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Caio Mario da Silva Pereira é liberal e udenista, alinhando-se a Milton

Campos. Tanto o projeto de Código Civil de Gomes quanto o de direito das

obrigações de Pereira foram retirados de pauta, durante a ditadura militar.

Assim, Miguel Reale é convidado para escrever o Código Civil, mas opta

por convidar outros cinco juristas conservadores para empreenderem a tarefa

com ele. Reale possui um perfil exemplar de uma das gerações de juristas

brasileiros que transitam na permeável fronteira entre a política e a

universidade, alternando postos nas faculdades de direito e na vida pública.

Essa alternância é percebida na visão pessoal de Reale como “uma constante

luta entre a vocação teórica do professor e a nunca vencida vocação

política”.(REALE, 1986, p. 38.) Por ocasião do convite feito pelo presidente

Vargas para integrar o Conselho Administrativo do Estado, aceitou

imediatamente. Em suas Memórias (Reale, v. I, 1987, p. 164.), Reale assim se

manifesta: “não vacilei um instante sequer, pois em meu sem sempre atuaram

duas valências, uma jurídica, outra política, ambas em busca de sincronia”

Reale foi um dos membros mais importantes do Integralismo, ao lado do

próprio Plínio Salgado, seu conterrâneo de São Bento do Sapucaí, e de

Gustavo Barroso. Enquanto membro da AIB, Reale foi seu principal ideólogo, o

que lhe deu a posição de chefe de doutrina. A militância de Reale no

integralismo dura quase dez anos, de 1932 a 1941. É em maio deste ano que

rompe definitivamente com o Integralismo, tanto quanto Gustavo Barroso. Isso

porque Plínio Salgado, antes de seguir para o exílio em Portugal, confia a

chefia do Integralismo a Raymundo Padilha17, A partir desse episódio, tanto

Miguel quanto Barroso rompem com o integralismo, por haverem sido

preteridos na ordem hierárquica do movimento. (Memórias, vol. I, 1987, p. 143-

144.)

No quadro ç são sistematizadas as experiências legislativas dos juristas

projetadores do Código Civil.

17 Então funcionário do Banco do Brasil em Campinas e futuro deputado federal e governador do Rio de Janeiro. (REALE, 1987, vol. I, p. 143.)

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Quadro 9: Experiência legislativa

Nome Comissões Legislativas Orozimbo Nonato da Silva Integrante da comissão redatora da Lei de Introdução ao Código Civil.

Comissão elaboradora do Anteprojeto de Obrigações.

José Philadelpho de Barros Azevedo

Integrante da comissão redatora da Lei de Introdução ao Código Civil. Comissão elaboradora do Anteprojeto de Obrigações.

Hahnemann Guimarães Integrante da comissão redatora da Lei de Introdução ao Código Civil. Comissão elaboradora do Anteprojeto de Obrigações. Comissão elaboradora da lei de falências. Comissão de projeto de lei da supressão da enfiteuse. Integrante da Comissão de elaboração da Lei eleitoral (DL 7.566/45).

Agostinho de Arruda Alvim Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002) Torquato de Castro Autor do livro de Direito das Sucessões do Novo Código Civil. Orlando Gomes da Miguel Reale Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002) Caio Mário da Silva Pereira

Integrante da Comissão designada pelo IA-MG para redigir a Constituição Estadual de MG, aprovada em1935. Através do IA-MG foi encarregado pelo presidente da comissão de elaboração do CPC da parte referente às provas (1935) Integrante da comissão de reforma do sistema tributário estadual (Pereira, 2001, p. 213) Integrante da comissão de elaboração da Lei de Organização judiciária d e MG convertida em lei (1940) Projetou a lei 4.591/1964 sobre condomínios e incorporações. Cordenador da comissão do anteprojeto de Código das Obrigações (1965) Integrante da comissão elaboradora do Anteprojedo de CC (1965)

Erbert Vianna Chamoun Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002)

Theophilo de Azeredo Santos

Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002) Autor, jubtamente com o professor Temistocles Brandão Cavalcanti do Anteprojeto de Lei que cria o Conselho Nacional de Seguros Privadfos e Capitalização. (Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966)

Clóvis Veríssimo do Couto e Silva

Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002)

José Carlos Moreira Alves Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002) Lei dos Direitos Autorais (Lei 5.988/1973) Membro da comissão revisora do Código Penal. (1982) Presidente da comissão revisora do Anteprojeto das contravenções penais. (1982)

Sylvio Marcondes Machado

Comissão elaboradora do CC (Lei 10.406/2002)

Nota:

Conclusão

A partir de uma micro-análise do fenômeno da recodificação civil é

possível pôr em evidência um conjunto de propriedades e relações necessárias

para a ascensão à função de legislador civil. Além do conhecimento técnico-

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jurídico exigido destes professores e práticos do direito, deve acrescentar-se a

afinidade política com o governo em exercício.

Os dados obtidos indicam que o fato d a terceira comissão ter seu

projeto aceito extrapola a importância pessoal dos seus membros, na medida

em que os demais projetadores possuem características semelhantes.

Trabalhos futuros podem afinar a análise a fim de isolar certas propriedades

dos integrantes das três comissões legislativas e seus múltiplos grupos de

interesse, a fim de demonstrar certos princípios de dominação e de eventual

diferenciação de perfil entre as comissões. A partir do estudo dos trajetos dos

agentes da recodificação civil, a mais árdua do século XX, fica evidente que a

tarefa performativa é um caráter distintivo dentro da própria elite jurídica

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