das aÇÕes possessÓrias++

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Cleusa da Silva Botelho Marizete Cândida Pereira

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Page 1: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Cleusa da Silva Botelho

Marizete Cândida Pereira

Goiânia, 2013

Page 2: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Cleusa da Silva Botelho

Marizete Cândida Pereira

Trabalho apresentado como

requisito parcial para obtenção

de nota referente AP-2, da

disciplina de Direito Processual

Civil IV, na Faculdade Lions de

Goiânia-GO.

Goiânia, 2013

Page 3: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

INTRODUÇÃO

Preliminarmente este trabalho visa informar, genericamente, alguns

aspectos relevantes com relação a ações possessórias como por exemplo o

esbulho, turbação e ameaça, ao quais são objetos de suma importância dentro

das ações possessórias, que são motivos relevantes para que se

instrumentalize as mesmas.

Em um segundo momento, trataremos da ação de reintegração de

posse, também conhecida como ação de esbulho possessório, como as

demais ações concebidas pelo ordenamento jurídico para defesa da posse, é

uma ação sumária, porquanto, assim como as outras, terá ela sempre a

mesma limitação do campo das defesas permitidas ao demandado.

Buscaremos também fazer um paralelo entre a doutrina e a prática,

salientando o conflitante art. 923 do CPC, informando com base na súmula e

jurisprudências conflitantes.

Em um terceiro momento, analisaremos a Tutela Antecipada, que ainda

está sendo analisada de uma forma mais abrangente, pois, por parte de muitos

doutrinadores e até militantes na área do direito tem algumas resistências que

aos poucos estão sendo sanadas, pois, trata-se uma forma de flexibilização do

judiciário, além do mais, uma forma de proteger o proprietário antes de uma

catástrofe maior e que diminua os danos para a própria coisa.

GENERALIDADES

No entendimento de Maria Helena Diniz, posse é “a exteriorização do

domínio, ou seja, a relação exterior intencional, existente, normalmente,

entre o proprietário e sua coisa”. Pela tradição prática como doutrinária a

posse é tutelada pelo direito, garantindo-se dessa maneira a estabilidade

social.

O Código de Processo Civil limitou os artigos a respeito  de ações

possessórias em apenas oito  (arts 926 aos 933 do CPC), dos quais estes

Page 4: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

tratam de reintegração e manutenção de posse e o interdito proibitório que são

as chamadas ações possessórias típicas, as demais ações, que não foram

elencadas, não tem seu objetivo na tutela possessória.

  AÇÕES POSSESSÓRIAS E AÇÕES PETITÓRIAS

  As ações possessórias tem como objetivo a proteção da posse. Vale

salientar que o possuidor pode intentar a ação contra o proprietário, mas, o

objetivo das ações possessórias não é o de discutir propriedade.

As ações petitórias tem por objeto o reconhecimento e reintegração da

pessoa, que a intenta, no seu jus in re (domínio), mantendo-o integral e livre de

qualquer importunação. O direito de domínio é o seu fundamento. E se mostra,

assim, a ação própria para a defesa e garantia da propriedade.

Serão petitórias, pois, todas as ações formuladas nesse sentido, desde

que pretendam defender o direito de propriedade ou de qualquer outro direito

real, que se tenha violado ou se pretenda violar, para que seja reconhecido,

protegido, e possa ser livremente exercido. Temos como ações petitórias as de

reivindicação, negatória, confessória.

  PROCEDIMENTO

Como dispõe o art. 931 do CPC: “Concedido ou não o mandado liminar

de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos cinco dias

subseqüentes, a citação do réu para contestar a ação.

Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (art. 928), o

prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não

a medida liminar.”

Com base neste artigo chega-se a conclusão de que o procedimento é

ordinário, tendo quinze como prazo para resposta do réu, cabendo neste caso

também a exceção.

 

ESBULHO, TURBAÇÃO E AMEAÇA

Page 5: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Esbulho é a perda total da posse. O possuidor perde o acesso pleno

da coisa.

Turbação é a perda parcial da posse. O possuidor ainda tem acesso

(mesmo que parcial) da coisa.

Ameaça se caracteriza quando há receio sério de que a posse venha a

sofrer alguma ameaça, tanto de esbulho como de turbação.

A FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

Na fungibilidade das ações possessórias há necessidade de dois

elementos primordiais que é a tutela adequada e a adaptação no curso do

processo, sem as quais não há como fungibilidade.

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

Nas ações possessórias admiti-se a cumulação de pedidos, ou seja, o

pedido principal cumulado com os pedidos acessórios, como temos em um

primeiro momento (principal) a proteção de posse e , além de proteger o que foi

esbulhado ou turbado, também a necessidade de ressarcimento pelas perdas e

danos e, se caso for, desfazimento de construção (por exemplo os sem terra).

CARÁTER DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

Neste caso temos dois tipos de tutela, uma do autor contra o réu e

outra do réu contra o autor, vence quem “convence e consegue provar”.

            Este caráter afasta a necessidade de reconvenção, porque o réu pode,

através de uma contestação, desenvolver e formular pedidos e argumentos a

seu favor, não dependendo do uso do expediente formal consistente na

reconvenção.

CARÁTER EXECUTIVO LATO SENSU DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

 

Page 6: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Tendo como ponto de partida que o escopo é a proteção à posse, esta

se dá independentemente de outro processo (execução). Neste caso, a

restituição da posse ocorre mediante simples expedição de mandado de

manutenção ou reintegração, independentemente de procedimento de

execução.

Mas, o caráter executivo só se refere à proteção da posse e não nas

possíveis condenações. Portanto, conclui-se que neste caso tem-se a eficácia

condenatória e a eficácia executiva.

AÇÕES DE “FORÇA NOVA” E DE “FORÇA VELHA”

Força nova são aquelas intentadas dentro de ano e dia contados da

turbação ou esbulho.

Força velha são aquelas intentadas fora do ano e dia, não perdendo o

caráter possessório, mas o procedimento será ordinário.

CAUÇÃO

A caução pode ser real ou fideicussória,  não sendo necessário o

depósito em dinheiro.

Deve-se ater para o réu, cuja a prova fica a seu encargo, deve ser bem

elaborada, eficiente e suficiente para demonstrar que pode ocorrer sério

prejuízo ao réu, se o autor não caucionar.

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - DOUTRINA

Ações possessórias como demandas sumárias sob o ponto de vista

material

A ação de reintegração de posse é uma ação sumária, que terá sempre

a mesma limitação do campo das defesas permitidas ao demandado. Mesmo

sendo materialmente sumárias, podem ter como veículo um procedimento

ordinário.

Page 7: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Toda a demanda possessória, na medida em que impede as defesas

fundadas em direito limitando a controvérsia exclusivamente ao terreno do

conflito possessório, ainda quando a ação seja ordinária, por dirigir-se contra

turbação ou esbulho praticados há mais de ano e dia, por isso mesmo, é uma

demanda sumária.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE COMO AÇÃO REAL EXECUTIVA

A ação de reintegração de posse, em sendo sumária, por ser ela

possessória, é uma ação executiva. Sua condição de ação executiva radica,

como em todas as demais desta classe, na pretensão que a ordem jurídica

reconhece ao possuidor de recuperar a posse que haja perdido em virtude do

esbulho contra ele cometido. Trata-se, portanto, de uma ação real, como o são

as ações executivas, através da qual o possuidor desapossado pede a coisa

(res) e não o cumprimento de uma obrigação.

Com esses argumentos analisa-se que a natureza de demanda

executiva não se perde quando a ação de reintegração de posse – por haver o

possuidor esbulhado perdido o prazo de ano e dia a contar do esbulho – tenha

quanto a ação ordinária, tratando-se de ação de esbulho, serão executivos, de

modo que a respectiva sentença se auto-executa, sem necessidade da

propositura de uma nova ação de execução. Como nas demais ações

executivas, o juiz deverá inserir, na sentença de procedência, a determinação

de que se expeça mandado para a reintegração do autor na posse, tanto que a

sentença passe em julgado.

EXIGÊNCIAS:

a) O autor precisa demonstrar que fora possuidor e que, em virtude do

esbulho possessório cometido pelo demandado, teve como resultado o de

perder a posse. A ação de reintegração de posse pressupõe que o autor haja

sido desapossado da coisa em virtude do esbulho. Se o autor, tendo

perturbações com a posse, mas está conservando a mesma, em sua total

condição de coisa, sem alterações a ação competente não será a de

reintegração e sim a de manutenção de posse; e se o possuidor apenas teme a

Page 8: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

prática de uma agressão iminente à posse, então a ação cabível passa a ser o

interdito proibitório de que dispõem os arts. 932 e 933 do CPC.

Para que se possa estabelecer a distinção correta entre as duas

espécies de interditos – o recuperatório da posse e o de simples manutenção –

é necessário determinar os casos em que, segundo nosso direito, o possuidor

deve ser tido como despojado da posse; e os casos em que, não obstante

esteja ele afastado momentaneamente do poder fático efetivo sobre a coisa,

ainda o considere a lei possuidor.

A prova da posse obedece em geral às regras comuns de direito

probatório. Sendo a posse uma relação fática de poder, ou de pertinência, a

ligar a coisa ao sujeito dessa relação, prova-se a posse provando que a pessoa

que se diz possuidora exerce sobre o objeto algum ou alguns dos poderes

inerentes ao domínio, ou propriedade, segundo prescreve o art. 485 do Código

Civil.

b) Elaborada, juntada a prova da posse pelo autor esbulhado, há

necessidade agora de demonstrar o esbulho, também a data em que ocorreu.

A data é uma prova importante porque o direito diferencia a espécie de

proteção possessória segundo o esbulho tenha ocorrido antes de completar-se

um ano e um dia da data em que o possuidor pede a proteção judicial ou, ao

contrário, se tenha dado em tempo superior. Se a perda da posse datar de

menos de um ano e dia, o autor gozará do benefício do interdito de

reintegração de posse, cuja vantagem reside na possibilidade de obter o

mesmo a reintegração liminar na posse. Ultrapassado esse prazo, somente

restará ao possuidor esbulhado o recurso à ação possessória ordinária, que ,

justamente por sê-lo, não permite a reintegração liminar.

DO INTERDITO PROIBITÓRIO

Na visão sábia de Vicente Greco Filho temos que:

“O possuidor direto e indireto que tenha justo

receio de ser molestado na posse poderá

impetrar ao juiz que o segure na turbação ou

Page 9: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

do esbulho iminente, mediante mandado

proibitório, em que se comine ao réu

determinada pena pecuniária, caso transgrida o

preceito.

Esta ação, que tem por fundamento a ameaça de turbação ou esbulho

da posse, é uma ação de preceito cominatório. Devem ser observados, pois, os

princípios contidos no art. 287 e na execução das obrigações de fazer e não

fazer que contenham a multa cominatória.

No que for cabível, aplica-se ao interdito proibitório o disposto para as

ações de manutenção e reintegração de posse, inclusive quanto à concessão

de medida de liminar.”

CUMULAÇÃO – AÇÃO POSSESSÓRIA ESPECIAL DE PEDIDOS QUE NÃO

SEJAM POSSESSÓRIOS.

Tendo como base o art. 921:

“É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I – condenação em perdas e danos;

II- cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;

III- desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de

sua posse.”

Na cumulação no qual os procedimentos são diferentes o correto é

processar-se pelo rito ordinário. Com relação aos interditos possessórios, essa

exigência não atua. A junção às ações possessórias especiais de uma

demanda ordinária não lhes retira o caráter de procedimentos especiais.

Além do pedido de indenização por perdas e danos o autor poderá

cumular à ação de esbulho ou turbação o pedido de uma cominação para o

caso de vir o réu a cometer novo esbulho, bem como o pedido de desfazimento

de construções ou plantações porventura feitas pelo esbulhador.

Page 10: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

A EXCEPTIO DOMINII NOS JUÍZOS POSSESSÓRIOS

Cabe salientar que Exceptio domini ou exceptio proprietatis: é o

f e n ô m e n o s e g u n d o o qual o réu alega na defesa, ser titular do domínio

nas ações possessórias.

            Art. 505 do Código Civil dispõe: “Não obsta à manutenção ou

reintegração na posse, a alegação de domínio, ou de outro direito sobre a

coisa. Não se deve, entretanto, julgar a posse em favor daquele a quem

evidentemente não pertencer o domínio.”

            Segundo Adroaldo Fabrício:

“A doutrina formada em nosso direito, ao

interpretar o verdadeiro sentido do art. 505 do

Código Civil, concluía que a possibilidade de

aflorar, no juízo possessório, a controvérsia

fundada em direito, de modo que o juiz

devesse recusar a tutela da posse em favor de

quem a tivesse ofendido, mas pudesse

demonstrar seu direito à posse da coisa,

apenas se dava em duas hipóteses bem

determinadas: a) quando ambas as partes

disputassem a posse a título de proprietários,

alegando como fundamento para a demanda,

ou para a defesa, o domínio; b) no caso de

mostrar-se duvidosa a prova da posse, de

modo que o julgador não tivesse elementos de

prova no processo, capazes de ensejar-lhe

convencimento seguro de qual dos dois

litigantes seria o possuidor.”

            Já o Código de Processo Civil, na redação originária dispunha da

seguinte maneira:

Page 11: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

“Na pendência do processo possessório é

defeso assim ao autor como ao réu intentar a

ação de reconhecimento do domínio. Não

obsta, porém, a manutenção ou reintegração

na posse a alegação de domínio ou de outro

direito sobre a coisa; caso em que a posse será

julgada em favor daquele a quem

evidentemente pertencer o domínio.”

Dispondo, assim, sobre a mesma matéria, o legislador federal, no

entanto, introduzira uma modificação significativa na extensão da denominada

exceptio dominii, nos juízos possessórios. Segundo Ovídio A . B. da Silva

“Enquanto , pela letra do art. 505 do Código Civil, o julgador não deveria julgar

a posse em favor daquele a quem evidentemente não pertencesse o domínio;

agora, segundo a nova disposição do Código de Processo Civil, ao contrário, a

posse deveria ser julgada em favor daquele a quem evidentemente o domínio

pertencesse.

Entretanto, por força da Lei. 6820, de 16 de setembro de 1980, foi

inteiramente suprimida do art. 923 do CPC a proposição que dispunha sobre a

possibilidade de introduzir-se, nos juízos possessórios, as questões fundadas

em direito, ficando seu texto reduzido ao seguinte: ‘Na pendência do processo

possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de

reconhecimento do domínio.’

            A questão que persiste, portanto, relativamente à possibilidade de

introduzir-se, nos juízos possessórios, matéria referente a direito e não

simplesmente a posse, é a de saber se o art. 505 do Código Civil ainda vigora

em sua concepção primitiva ou se, tendo vindo o Código de Processo Civil a

disciplinar a mesma matéria, tê-lo-ia revogado, de modo que  a subseqüente

revogação da lei revogadora, não teria a virtude de repristinar a disposição

revogada. O entendimento de que a Segunda parte do art. 505 do Código Civil

não mais existe em nosso direito tende a tornar-se dominante na doutrina,

assim como em inúmeros exemplares de jurisprudência.”

Page 12: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – PRÁTICA – COMO VEM

DECIDINDO OS TRIBUNAIS

Para a prática vem-se analisando muito o art. 923, em que chega-se a

conclusão de que a conseqüência prática desta disposição será que o

possuidor não proprietário, desde que ajuíze ação possessória, poderá impedir

a recuperação da coisa pelo seu legítimo dono; ficará este impedido de recorrer

à reivindicação, enquanto a possessória não estiver definitivamente julgada.

Como esta conclusão é, para os olhos da prática, relativamente

absurda, mas com fundamento em lei, a doutrina e a jurisprudência têm

reagido contra ela.

Há muita polêmica ainda em torno do art. 923 do CPC , mas as

decisões jurisprudenciais tem sido favoráveis ao real proprietário da coisa na

sua maioria, mas o conflito continua gerando discussões com relação à

competência e também às partes da ação.

Súmula 487 do STF define a discussão com a seguinte redação: “Será

deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste

for ela disputada”.

Nesta ordem de idéias tem-se: “A Súmula 487 só se aplica nas

hipóteses em que ambos os litigantes pretendem a posse a título de domínio, e

não quando um deles a defende por ela mesma, até porque não é proprietário

do imóvel” (RTJ 123/770). Ainda: “Será deferida a posse a quem

evidentemente tiver domínio, apenas se com base neste for a posse disputada

por um ou por outro dos litigantes”(STJ-4ª Turma, Resp 6.012-PR, rel. Min.

Athos Carneiro. J. 13.8.91, não conheceram, v.u., DJU 9.9.91,p. 12.205).”

“Não cabe, em sede possessória, a discussão sobre domínio, salvo de

ambos os litigantes disputam a posse alegando propriedade ou quando

duvidosas ambas as posses alegadas”(STJ – 4ª Tur. Resp 5.462-MS, rel. Min.

Athos Carneiro. J. 20.8.91, não conheceram, v.u. , DJU 7.10.91, p. 13.971).”

“Na pendência de processo possessório fundido em alegação de

domínio, é defeso assim ao autor como ao réu intentar a ação de

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reconhecimento de domínio – art. 923 do CPC”RE 199.179-0-PA, rel Min.

Cordeiro Guerra, j. 3.8.71, deram provimento, v.u. DJU 31.8.79, p. 6.470).”

“A proibição do art. 923 é restrita à pendência de ação possessória.

Não impede que, ajuizada reivindicatória, o réu proponha ação de usucapião

(RJTJESP 84/203).

TUTELA ANTECIPADA

GENERALIDADES

O instituto da tutela antecipada ganhou universalidade, em nosso

processo civil, com a Lei n. 8.952, de 13 de dezembro de 1994, que deu nova

redação ao art. 273 do Código de Processo Civil.

Em relação ao processo de conhecimento, o que se operou foi uma

notável valorização do princípio da efetividade da função jurisdicional, ao

atribuir ao juiz o poder de, já no curso do processo de conhecimento, deferir

medidas típicas de execução, a serem cumpridas inclusive mediante

mandados, independentemente da propositura de nova ação, rompendo, com

isso, a clássica segmentação das atividades cognitiva e da executória, a que

nos referimos anteriormente, consagrada em nosso procedimento comum.

O Código de Processo Civil, com relação ao artigo 273, redirecionou

suas atenções para o tema da Tutela Antecipada, dispondo que pode o juiz, a

pedido da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

jurisdicional perseguida no pedido exordial, desde que, respaldado em prova

inequívoca, convença-se da verossimilhança da alegação, afora os requisitos

dos incisos I e II, que se resumem à exigência de dano irreparável ou de difícil

reparação; ou que reste caracterizado o abuso do direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório do réu. O fato é que o processo se encontra

atolado em uma grave crise, tanto que redundou em reformas estruturais

recentes, no intuito de minimizar os efeitos desta crise.

Cabe, antes de mais nada, à própria ordem jurídica a tarefa de

harmonizar as relações sociais entre os indivíduos, com vistas a que se

propicie a máxima realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício

Page 14: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

e desgaste. A orientar esta busca, deve estar o critério do justo e do eqüitativo,

segundo a convicção prevalente em um certo momento e lugar. Por isso, é com

a insatisfação de uma pessoa, que o Estado atua jurisdicionalmente no caso

concreto, pacificando as partes conflitantes, fazendo cumprir o preceito jurídico

pertinente a cada situação, tutelando a prestação jurisdicional correta.

Quanto ao momento da antecipação, o juiz precisa ter em mente que o

momento não pode ser antecipado mais do que o necessário. O perigo de

dano, com efeito, pode preceder ou ser contemporâneo ao ajuizamento da lide,

e nesse caso a antecipação assecuratória será concedida liminarmente.

Porém, se o perigo, mesmo previsível, não tem aptidão para se concretizar

antes da citação, ou antes da audiência, a antecipação da tutela não será

legítima senão após a realização desses atos. Quanto à antecipação punitiva,

esta certamente supõe a ocorrência de fatos que emperrem o curso do

processo, e dificilmente se poderia imaginá-los praticados antes da citação ou

da resposta.

A tutela antecipada consiste em oferecer rapidamente a quem veio ao

processo pedir determinada solução para a situação que expõe, precisamente

aquela solução que veio ele a postular no feito. Não se cuida de obter medida

que impeça o perecimento do direito, ou que assegure ao titular a possibilidade

de exercê-lo futuramente. A medida antecipatória é, portanto, importantíssima

modificação trazida à moderna processualística, já que visa a emprestar

eficácia executiva provisória à decisão de mérito que dela seria normalmente

desprovida.

COM RELAÇÃO A COISA JULGADA

Dispõe, genericamente do art. 273:

“O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar , total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no peido inicial, desde que,

existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

Page 15: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório do réu.

§1º Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e

preciso, as razões do seu convencimento.

§2º Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo

de irreversibilidade do provimento antecipado.”

Com base neste artigo temos que a tutela antecipada se dá na coisa

julgada em dois casos célebres que são: esbulho ou turbação.

O proprietário da coisa se sente lesado, ou com receio de perda da

posse, então, pede-se para o juiz a antecipação da tutela para garantir ao

proprietário a tutela do bem, não causando danos maiores para o proprietário,

evitando o risco de perda da posse, e perda da coisa para o esbulhador ou

turbador.

A eficácia da tutela antecipada se dá pela rapidez na solução do

conflito gerado, tutelando a coisa antes que se perca o controle da situação,

tornando, dessa maneira, além de favorecer o réu em alguns quesitos, morosa

a decisão e ao mesmo tempo conflitante e polêmica.

JURISPRUDÊNCIAS – REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Intervenção Federal - Decisão fundada em lei federal

(infraconstitucional)- competência do STJ e não do STF – Tratando-se de

pedido de intervenção federal, destinado a prover à execução de decisão

judicial, sobre medida liminar, em ação de reintegração de posse de imóvel

fundada em dispositivo legal federal (infraconstitucional), a competência para o

processo e julgamento é do STJ e não do STF. Interpretação dos arts. 105, III,

102, III, 34, VI, 36, II, da CF e art. 19, I, da Lei nº 8.038, de 28.05.1990. Pedido

não conhecido, por incompetência do STF, remetidos os autos ao STJ. ( STF –

Int. Fed. 107 – SC – TP – Rel. Min. Sidney Sanches – DJU 04.09.1992)

Intervenção Federal- Decisão fundada em lei federal

(infraconstitucional). Competência do STJ e não do STF – Tratando-se de

Page 16: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

pedido de intervenção federal, destinado a prover à execução de decisão

judicial, sobre medida liminar, em ação de reintegração de posse de imóvel

fundada em dispositivo legal federal (infraconstitucional), a competência para o

processo e julgamento é do STJ e não do STF. Interpretação dos arts. 105, III,

102, III, 34, VI, 36, II, da CF e art. 19, I, da Lei nº 8038, de 28.05.90. Pedido

não conhecido, por incompetência do STF, remetidos os autos ao STJ . (STF –

Int. Fed. 107 – SC – TP – Rel. Min. Sidney Sanches – DJU 04.09.1992).

Ação Possessória – Reintegração de posse – Liminar deferida –

Decisão posterior que, diante da possibilidade de os réus terem de boa-fé

construído a modesta casa, cassa a medida – Admissibilidade – Inteligência do

art. 471 do CPC.

Ementa da Redação: Conforme se depreende do art. 471 do CPC, se o

Magistrado, entendendo provados a posse dos autores, bem como o esbulho

de menos de ano e dia, concede liminar de reintegração de posse, não há se

falar em ausência de amparo legal na decisão, subseqüente, que cassa a

liminar após analisar a certidão dos oficiais de justiça atestando a possibilidade

de os réus terem, de boa-fé, construído a modesta casa, pois a medida liminar

concedida em ação possessória pode ser cassada no curso da lide ou na

sentença, desde que haja fato novo. (Agln 830.282-7-4º Câm. – j. 04.11.1998-

rel . Juiz Térsio José Negrato) RT 766/278

Ação Possessória – Conexão a outra posteriormente processada com

tutela provisória deferida – Revogação da liminar pela reunião dos processos

como fato novo – Admissibilidade.

Ementa da Redação: A descoberta de ação possessória conexa a

outra posterior processada com liminar, autoriza pela reunião de processos

como fato novo, revogar a tutela provisória deferida.( Agln 064.809-4/5 – 3ª

Câm. – j. 14.10.1997 – rel . Des. Ênio Santarelli Zuliani.) RT 749/283

Ação Possessória – Reintegração de posse – Arrendamento mercantil

– Leasing – Caracterização de esbulho em virtude de mora- Liminar negada

pelo pedido da arrendatária de concordata preventiva – Inadmissibilidade, pois

a arrendante é a proprietária do bem e portanto seu crédito não é quirografário.

Page 17: DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS++

Ementa da Redação: A empresa de arrendamento mercantil, ao

celebrar contrato de leasing, é a proprietária do bem até o momento em que o

arrendatário o adquira. Assim, verificado o esbulho pela mora não se pode

negar a liminar de reintegração de posse em virtude de pedido de concordata

preventiva pelo devedor, pois o crédito da arrendante não é quirografário. (Agln

572.520-00/1 – 1ª Câm. – j. 04.05.1999 – rel . Juiz Amorim Cantuária). RT

767/289.

Ação Possessória – Reintegração de posse – Arrendamento mercantil

– Impugnação genérica, por parte da ré, alegando o pagamento de quantia

mais do que devida – Impossibilidade de se conceder dilação probatória.

Ementa da Redação: A ação de reintegração de posse de bem objeto

de arrendamento mercantil, a impugnação genérica apresentada pela ré, com a

afirmativa de que já pagou mais que o devido, é inconsistente, não se

justificando dilação probatória. (ap c/ ver. – 520278-00/8 – 5ª Câm. J.-

02.09.1998 – rel .  Juiz Dyrceu Cintra.) RT 769/289

Ação Possessória – Reintegração de posse – Ação de natureza

pessoal – Prescrição da pretensão que ocorre no prazo previsto no art. 177 do

CC – Voto vencido.

Ementa da Redação: A ação de reintegração de posse é de natureza

pessoal e a prescrição da pretensão ocorre no prazo do art. 177 do CC.

Ementa Oficial do voto vencido: Sendo a ação de reintegração de

posse de natureza real,  a prescrição para o seu aforamento, entre presentes,

opera-se em dez anos contados da data em que poderia ter sido proposta.

(REsp 93.308 – RS – 4ª T – j. 11.02.1999 – rel . p/ o acórdão Min. Ruy Rosado

de Aguiar – DJU 1º. 07.1999. RT 769/169.

CONCLUSÃO

Como lembrava Ronaldo Cunha Campos – “No Estado de Direito, a

ordem pública, a paz social, o respeito à soberania do Estado, são interesses

públicos básicos, de cuja tutela cuida precipuamente o poder judiciário. A

posse é a situação de fato e uma componente de estabilidade social. Se a

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posse muda de titular, tal mudança não pode resultar em desequilíbrio social,

em perturbação de ordem. Impõe-se que a passagem da posse de um para

outro titular se dê sem quebra de harmonia social, e. g. , pelo contrato, pela

sucessão. Quando a disputa pela posse se acende urge que cesse através do

processo e não pelo exercício da justiça privada. Esta última produz a ruptura

da paz social e viola a soberania do Estado ; representa a usurpação de um de

seus poderes.”

Com relação a ação possessória e reintegração de posse, podemos

chegar a conclusão de que apesar de alguns conflitos de idéias, algumas

divergências entre a prática e a teoria, este é um meio eficaz de resolver

problemas pendentes relacionados a esbulho e turbação, tendo em vista que o

pólo ativo e passivo da ação possuem o mesmo interesse comum, pleiteando a

mesma coisa, caso que gerou grandes polêmicas no mundo jurídico.

Com relação a tutela antecipada que vem para mostrar mais uma vez

que o judiciário, apesar a precariedade em alguns pontos, vem tentado buscar

a flexibilidade, inovando neste dado momento com a antecipação da tutela na

posse, tutelando desta maneira a coisa para que o proprietário não venha

sofrer prejuízos maiores no decorrer do processo.

O trabalho visou esboçar três pontos básicos: um primeiro que é a ação

possessória propriamente dita, a ação de reintegração de posse (esbulho,

turbação e ameaça de turbação e esbulho), além de inovar com a tutela

antecipada.

 

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