danos morais ceron

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 __  __________________ ___________________ EXCELEN S SI MOS EN H O R D O U TO R J U IZ D ED IREI TO DA _ VA RA C Í V EL DACO MA R CAD E P O R TO VE L H O / R O . ED I MA RPI N TO D EO LI V EI RA G U TI ERRES  ,  b rasi l e i ra , vi ú va, ap osent ada, p ort ad or a d a c édul a d e i d en t i d ad e d o R G . nº 38717 SS P / R O , i n scri t a n o C P F n º 02 4. 83 2. 54 2- 68 , r esi dent e e d o mi ci l i ad a n a R u a P r i ncesa I sab el, 2819, R oq u e, n es ta cid ad e d e Po r t o V el h o/ R O, através d e su a ad vo gad a, qu e ao n al ass i na ( p r o cu r ação a n exa) , vem à p r esen ça d e V o s sa E xcel ên cia, p r o p or e ao nal requerer: AÇÃ ODE D AN O SMATERI A ISEMO RA IS( CO M P E D I D O D E A N TE CIP AÇÃ O D ETU TE L A ) e m f a c e de CERO N - C EN TR A I S ELETR IC A S D E R O N D O NI A , e m presa do si s t e m a E l etrob r ás, co n cessi o n ári a d e serv i ço p u bl i co d e en ergi a el ét ri ca, au t o ri za d a p el a Lei n º..10. 438 d e 2 6 d e ab r i l d e 2 002 , i n sc r i t a n o C N P J sob n º .05.914.650 / 000 1-66, com su cu rsal l o cal i za da n a A v. I m i g r an tes, n º . 41 37 ,I n d u st ri al , n est a ci d ad e d e P orto V el h o , Rua Joaquim Araújo Lima, nº 1.439. Bairro Olaria. Porto Ve lho – R on!nia. "one#$a%& '(()9. 3**3+3'33

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVELDA COMARCA DE PORTO VELHO/RO.

EDIMAR PINTO DE OLIVEIRA GUTIERRES , brasileira,viúva, aposentada, portadora da cédula de identidade do RG. nº 38717 SSP/RO,inscrita no CPF nº 024.832.542-68, residente e domiciliada na Rua Princesa Isabel,2819, Roque, nesta cidade de Porto Velho/RO, através de sua advogada, que ao finalassina (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência, propor e ao finalrequerer:

AÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS (COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃODE TUTELA)

em face de CERON - CENTRAIS ELETRICAS DE RONDONIA, empresa do sistemaEletrobrás, concessionária de serviço publico de energia elétrica, autorizada pela Leinº..10.438 de 26 de abril de 2002, inscrita no CNPJ sob nº.05.914.650/0001-66, comsucursal localizada na Av. Imigrantes, nº.4137,Industrial, nesta cidade de Porto Velho,

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pelas razoes de fato e de direito que abaixo passa a explanar:

1)PRELIMINARMENTE

1.1) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Pugna a Requerente pelo benefício da gratuidade de justiça, nos termos da legislação pátria, inclusive para efeito de possível recurso,tendo em vista ser esta impossibilitada de arcar com as despesas processuais semprejuízo próprio e de sua família, conforme afirmação de hipossuficiência em anexo eart. 4º e seguintes da Lei 1.060/50 e art. 5º LXXIV da Carta Magna.

1.2) DA PREFERÊNCIA NA TRAMITAÇÃO – ESTATUTO DO IDOSO

Insta salientar que a legislação pátria atribui preferênciana tramitação de processos em que maiores de 60 (sessenta) anos sejam parte.

Assim, nos termos do art. 1211-A do CPC combinadocom o art. 71 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), há a concessão do benefício da

“prioridade processual” à pessoa maior de 60 (sessenta) anos, previsto nos referidosdispositivos,in verbis:

 Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interessado pessoa com idadeigual ou superior a 60(sessenta) anos, ou portadora de doença grave,terão prioridade de tramitação em todas as instâncias.

 Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e

diligências judiciais em que figure como parte ouinterveniente pessoa com idade igual ou superior a 60(sessenta) anos, em qualquer instância.

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Em anexo a esta petição, segue documento atestando aidade da Requerente, atendendo ao disposto nos arts. 1211-B,caput do CPC, e 71,§1ºdo Estatuto do Idoso.

1.3) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Faz-se mister destacar que a situação em tela concerne auma relação de consumo, de modo que encontra guarida nas disposições da Lei n.8.078/90, legislação que rege questões em que fornecedores e consumidores integrama lide, mormente no que tange à matéria probatória.

Nesse diapasão, é facultado ao julgador determinar ainversão do ônus da prova em favor do consumidor, conforme o art 6º, inciso VIII dalei supra mencionada:

Art. 6º Sãodireitos básicos do consumidor:

(...)

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive

com ainversão do ônus da prova, a seu favor, noprocesso civil, quando, a critério do juiz, for verossímil aalegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo asregras ordinárias de experiência.

Diante de análise do dispositivo acima, infere-se que olegislador deixou a cargo do magistrado, de forma subjetiva, a incumbência de,presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor forhipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Nesse contexto, presentes a verossimilhança do direitoalegado e a hipossuficiência da parte autora para o deferimento da inversão do ônusda prova no presente caso, dá-se como certo seu deferimento.

1.4) DA LEGITIMIDADE ATIVA

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Por fim, cumpre reforçar que a legislação processual civilpátria dispõe que, para propor ou contestar ação, é necessário ter interesse elegitimidade (art. 3º do CPC).

Nesse sentido, tem-se que no caso em tela a Requerentenão se encontra enquadrada no conceito de consumidor padrão elucidado nocaputdo art. 2º do Código de Defesa do Consumidor, mas no conceito de consumidor porequiparação, cuja definição se encontra no parágrafo único do dispositivo do mesmodispositivo, que diz:

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica queadquire ou utiliza produto ou serviço como destinatáriofinal.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor acoletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, quehaja intervindo nas relações de consumo.

Tal afirmação é ratificada pelo artigo 17 do próprio

Código de Defesa do Consumidor,in verbis: Para os efeitos desta Seção, equiparam-sea consumidores todas as vítimas do evento.

Posto isto, presentes a legitimidade e o interesse de agirda Requerente diante do dano sofrido, resta provada a possibilidade do exercício dodireito de ação daquela em face de um terceiro, com o qual não mantenha relaçãoestrita de direito material.

Isto porque o Código de Proteção e Defesa doConsumidor constitui-se como disciplina jurídica autônoma, uma vez que encerra em

si um conjunto sistematizado de princípios e regras que lhe conferem identidadeprópria, elementos necessários ao efetivo cumprimento de seu desiderato.

Assim, conclui-se que a Requerente possui todos osrequisitos para figurar como autora na presente ação.

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2)DOS FATOS

Na data de 02.12.2014, a Requerida efetuou vistoria padrãode entrada de energia elétrica da unidade consumidora da Requerente, consoantedocumento em anexo, e, então, foi efetuada solicitação por aquela para que fosserealizada troca de padrão monofásico dentro do prazo de 10 (dez) dias, a seremcontados a partir da data da vistoria.

No entanto, em 04.12.2014, sem qualquer tipo de aviso

prévio ou notificação, a Requerida descumpriu o prazo concedido à Requerente paraque efetuasse a troca mencionada e retirou o padrão, restando a residência desta semenergia.

Destarte a situação constrangedora e injusta vivenciadapela Requerente, esta empreendeu diligências para atender à solicitação daRequerida, conforme recibo em anexo. Assim, na data de 05.12.2014, adquiriu os itensnecessários para que fosse realizado o procedimento.

Contudo, o fornecimento de energia na residência daRequerente foi interrompido em 06.12.2014, novamente evidenciando o descaso e afalta de respeito da Requerida com os usuários de seus serviços.

Ainda que a Requerente tentasse contatar a Requerida econtestar o descumprimento do prazo para a troca do padrão monofásico, estasomente informou que a data estimada de ligação de energia seria 16.12.2014, emdetrimento do montante de solicitações a serem atendidas.

Ressalte-se que a situação da Requerente se agrava diante

de sua avançada idade, 70 anos, e por abrigar consigo 3 (três) netos, ainda crianças, esua filha.

Tendo em vista a humilhação e o transtorno vividos pelaRequerida em face da situação narrada, não resta outra opção a não ser buscar no Judiciário a reparação pelos danos sofridos.

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3)DO DIREITO

3.1) DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA REQUERIDA

A Carta Magna prevê que as pessoas jurídicas de direitopúblico e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelosdanos que seus agentes, nessa qualidade causem a terceiros.

O art. 37º, § 6º, da Constituição Federal, preceituaexpressamente a responsabilidade dos entes prestadores de serviços públicos,in

verbis:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direitoprivado prestadoras de serviços públicos responderãopelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarema terceiros, assegurado o direito de regresso contra oresponsável nos casos de dolo ou culpa.

O legislador, conforme prescreve o artigo predito, não sepreocupou apenas em determinar a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito público, pelos danos causados a terceiros no desempenho de suasfunções ou a pretexto de exercê-las, preceituou, também, de forma clara e precisa,que as pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviços públicos ficam sujeitas asmesmas regras jurídicas impostas àquelas, respondendo, desta forma, objetivamentepelos danos causados a terceiros, quando da prestação de serviços públicos.

Eis o magistério do Ilustre Doutrinador Hely LopesMeirelles em Direito Administrativo Brasileiro (2009, p. 482):

Em edições anteriores, influenciados pela letra danorma constitucional, entendemos excluídas daaplicação desse princípio as pessoas físicas e jurídicasque exerçam funções pública delegadas, sob a forma deentidades paraestatais ou de empresas concessionáriasou permissionárias de serviços públicos. Todavia,

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evoluímos no sentido de que também estas respondemobjetivamente pelos danos que seus empregados, nessaqualidade, causarem a terceiros, pois como dissemosprecedentemente, não é justo e jurídico que só atransferência de uma da execução de uma obra ou deum serviço originariamente público a particulardescaracterize sua intrínseca natureza estatal e libere oexecutor privado das responsabilidades que teria oPoder Público se o executasse diretamente, criando

maiores ônus de prova ao lesado.

Outrossim, Alexandre de Moraes, em sua obra DireitoConstitucional (2012, p. 387), ensina que:

Assim, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas dedireito público e das pessoas de direito privadoprestadoras de serviço público baseia-se no riscoadministrativo, sendo objetiva.

Com essa assertiva, a Constituição consagra a ideia deque as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado respondem pelosdanos que seus funcionários causem a terceiro, sem distinção da categoria do ato,mas tem ação regressiva contra o agente quando tiver havido culpa deste, de forma anão ser o patrimônio público desfalcado pela sua conduta ilícita.

Basta, portanto, a ocorrência do dano resultante daatuação administrativa, independente de culpa. A norma é aplicável à Administraçãodireta e indireta (inclusive para as fundações), bem assim às prestadoras de serviços

públicos, ainda que constituídas sob o domínio do direito privado.

Destaque, também, do art. 37, § 6º da CF, que aConstituinte, com relação à responsabilidade civil do Estado e das pessoas jurídicasde direito privado prestadoras de serviços públicos, adotou a teoria do riscoadministrativo, segundo, a qual, o dever jurídico destas pessoas, de indenizar

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terceiros pelos danos causados pelos seus agentes, quando do desenvolvimento desuas atividades, decorre independentemente dos mesmos terem agido com dolo ouculpa, bastando apenas às vítimas, demonstrar o nexo de causalidade entre o ato oufato e o dano sofrido por estas.

A obrigação de reparar danos decorre deresponsabilidade civil objetiva. Se o Estado, por suas pessoas jurídicas de direitopúblico ou pelas de direito privado prestadoras de serviços públicos, causar danosou prejuízos aos indivíduos, deve reparar esses danos, indenizando-os,

independentemente de ter agido com dolo ou culpa. Para obter a indenização bastaque o lesado acione a Fazenda Pública e demonstre o nexo causal entre o fato lesivo eo dano, bem como o seu montante.

Aqui não se cogita da culpa da administração ou deseus agentes, bastando que a vítima demonstre o fato danoso e injusto ocasionadopor ação ou omissão.

Diante dos ensinamentos doutrinários e legislação emepígrafe, cumpre fazer uma análise comparatória com o casosub judice, para ao final

chegarmos a conclusão da culpa da Requerida pelos danos morais e materiaiscausados à Requerente.

Sendo a Eletrobrás (CERON), ora Ré no presentefeito, pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos, deverá amesma submeter-se a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º da CartaMagna, respondendo desta forma pelos prejuízos morais ou materiais que seusagentes causarem, independente da averiguação de seu estado de culpa ou dolo.

Os danos morais causados pela promovida ficarampatentes quando a mesma descumpriu o prazo concedido à Requerente para a trocado padrão monofásico, além do próprio corte, causando transtornos.

Ante o comportamento ilegal e vexatório promovidopela Requerida, deverá a mesma ser responsabilizada pelos danos morais e materiaiscausados à Requerente.

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3.2) DOS DANOS MATERIAIS

A configuração de danos materiais resta evidente ecomprovada no caso em tela, visto como a Requerente, além de ter a parede de suaresidência modificada em detrimento do padrão ter sido arrancado desta, perdeudiversos gêneros alimentícios em face do degelo da geladeira.

Não obstante, a mesma se vê obrigada a empreenderesforços diariamente para armazenar alimentos na geladeira de uma vizinha.

Ora, douto julgador, a Requerente continuará sofrendo ea situação perdurará enquanto não houver a ligação de energia em sua residêncianovamente. Insta fritar que a Requerida exarou pronunciamento no sentido de quetal procedimento será realizado na data provável de 16.12.2014, possibilidade estaincabível, consoante normas da ANEEL.

Neste diapasão, de acordo com a Resolução NormativaNº 414, de 9 de setembro de 2010 da ANAEEL - Agência Nacional De EnergiaElétrica, a religação deve ocorrer em ATÉ quatro (04) horas a partir da solicitação:

Resolução Normativa nº. 417/10

Art. 176. A distribuidora deve restabelecer ofornecimento nos seguintes prazos, contadosininterruptamente:

[...]

III – 4 (quatro) horas, para religação de urgência de

unidade consumidora localizada em área urbana.Ainda que a Carta Magna não fizesse menção expressa à

responsabilidade da Requerida, o que não é o caso, conforme amplamentedemonstrado no tópico anterior, esta teria sua responsabilidade civil prevista no art.186 do Código Civil, que prescreve:

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Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,negligência ou imprudência, violar direito e causar danoa outrem, ainda que exclusivamente moral, comete atoilícito.

Ademais, a Lei nº 7.783/89 define o fornecimento deenergia como serviço essencial e o CDC, no seu art. 22, afirma que os serviçosessenciais devem ser contínuos.

3.3) DOS DANOS MORAIS

Aquele que passou pelo constrangimento de ter ofornecimento de energia elétrica em sua residência cortado injustamenteexperimenta, sem dúvida, dano moral. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiçareconhece que o corte do fornecimento de energia elétrica fere a dignidade da pessoahumana. Não obstante, o corte é admitido em hipóteses excepcionais para garantir aestabilidade do sistema, porque configura forma indireta de compelir os devedores a

pagar, caso este que, não se adequa ao processo em tela.

O corte do fornecimento de energia, ainda que ocorra porpoucas horas, enseja a reparação do dano moral. Já decidiu o Tribunal de Justiça deSão Paulo que:

O fato de se cuidar de episódio que durou poucas horasnão indica que se deva tê-lo por transtorno comumimpassível de indenização. Na situação, o prejuízo moralé presumível; decorre do senso comum de justiça.

(Apelação nº 980.597-0/6, 36ª Câmara, Rel. Des. DyrceuCintra.)

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Assim, diante dos abalos morais estar sem energiaelétrica em sua residência desde o dia 06.12.2014 e, consoante a própria Requerida,até 16.12.2014, na condição de idosa da Requerente e por sustentar e dar abrigo a 3(três) crianças, estando com TODAS as contas referente ao serviço devidamentepagas e do abalo financeiro que, devido à demora na prestação do serviço, vivencioucom a perda dos alimentos em sua geladeira, não restou alternativa senão buscar atutela jurisdicional do Estado, para ser ressarcida de forma pecuniária pelos danosmorais e materiais sofridos.

O dano moral fora inserido na Constituição Federal de1988, no art. 5º, inc. X, da Constituição de 1998:

Art. 5º. (...)

X são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra ea imagem das pessoas, assegurado o direito aindenização pelo dano moral ou material decorrentedessa violação.

Seguindo a mesma linha de pensamento do legisladorconstituinte, o legislador ordinário assim dispôs sobre a possibilidade jurídica daindenização pelos danos morais, prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei n. 8.078/90:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

(...)

VI - a efetiva prevenção e reparação de danospatrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos.

Quando se pleiteia uma ação visando uma indenizaçãopelos danos morais sofridos, não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, maissim um lenitivo que atenue, em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se,também, com a reparação pecuniária de um dano moral imposta ao culpadorepresentar uma sanção justa para o causador do dano moral.

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A ilustre civilista Maria Helena Diniz (2010, p. 395), jápreceitua:

Não se trata, como vimos, de uma indenização de suador, da perda sua tranquilidade ou prazer de viver, masde uma compensação pelo dano e injustiça que sofreu,suscetível de proporcionar uma vantagem ao ofendido,pois ele poderá, com a soma de dinheiro recebida,procurar atender às satisfações materiais ou ideais que

repute convenientes, atenuando assim, em parte seusofrimento. A reparação do dano moral cumpre,portanto, uma função de justiça corretiva ousinalagmática , por conjugar, de uma só vez, a naturezasatisfatória da indenização do dano moral para o lesado,tendo em vista o bem jurídico danificado, sua posiçãosocial, a repercussão do agravo em sua vida privada esocial e a natureza penal da reparação para o causadordo dano, atendendo a sua situação econômica, a sua

intenção de lesar, a sua imputabilidade etc.A tormenta maior que cerca o dano moral diz respeito a

sua quantificação, visto como este atinge o intimo da pessoa, de forma que o seuarbitramento não depende de prova de prejuízo de ordem material.

Evidentemente, o resultado final também leva emconsideração as possibilidades e necessidades das partes de modo que não sejainsignificante, a estimular a prática do ato ilícito, nem tão elevado que cause oenriquecimento indevido da vítima.

O dano moral sofrido pela Requerente ficou claramentedemonstrada, vez que a ligação de energia do seu imóvel resta desligada desde06.12.2014, com previsão para nova ligação comente em 16.10.2014, de modo que estase encontra em situação crítica, tendo em vista o calor excessivo da cidade de PortoVelho, além da agonia que está vivenciando por abrigar seus netos em um local sem

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energia, além de ter seus alimentos putrefados em sua geladeira, sem nada poderfazer e por um motivo alheio a sua conduta.

4)DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

A Lei n. 8.952/94, ao alterar dispositivos do Código deProcesso Civil, instituiu a chamada tutela antecipatória, que serve para adiantar, notodo ou em parte, os efeitos pretendidos com a sentença de mérito a ser proferida aofinal. Difere da medida cautelar, que visa garantir um resultado útil do processoprincipal, bem como da medida liminar, que é uma fração ou espécie do gênero

medida cautelar.

Segundo o artigo 273, que trata da tutela antecipatória, énecessário para a sua concessão que o juiz se convença da verossimilhança daalegação contida na petição inicial, desde que devidamente provada nos autos, bemcomo que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

A prova inequívoca se vislumbra cabalmente em toda asituação elucidada, que prova que o fornecimento de energia no imóvel da

Requerente se encontra interrompido injustamente. A verossimilhança da alegação seidentifica com o fumus boni juris e o periculum in mora, a qual está patente, pelaexposição fática acima apresentada, que dão conta, notadamente, da essencialidadedo serviço, o que proíbe a interrupção abrupta, em face do inadimplemento de contasmensais.

Eis alguns posicionamentos jurisprudenciais acerca datutela antecipatória:

STJ – RECURSO ESPECIAL Nº 1995.00.06514-2/SP –

SEGUNDA TURMA – REL. MIN. ADHEMAR MACIEL –UNÂNIME – DJ 06/10/1997:A antecipação de tutelaserve para adiantar, no todo ou em parte, os efeitospretendidos com a sentença de mérito a ser proferida aofinal. Já a cautelar visa a garantir o resultado útil doprocesso principal. Enquanto o pedido de antecipação de

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tutela pode ser formulado na própria petição inicial daação principal, a medida cautelar deve ser pleiteada emação separada, sendo vedada a cumulação dos pedidosprincipal e cautelar num único processo.

STJ – RECURSO ESPECIAL Nº 199.00.71710-9/PR –PRIMEIRA TURMA – REL. MIN. JOSÉ DELGADO –UNÂNIME – DJ 19/05/1997: O instituto da antecipaçãoda tutela (art. 273, CPC) deve ser homenageado pelo juiz

quando os pressupostos essenciais exigidos para a suaconcessão se tornarem presentes, mesmo que a parterequerida seja a Fazenda Pública.

Ainda que o art. 273, ‘caput’ do CPC, venha a indicarfaculdade, constitui poder-dever do magistrado conceder a tutela antecipatória, comou sem audiência da parte contrária, uma vez preenchidos os pressupostos legais.

TJPB – AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1996.02606-9 –PRIMEIRA CÂMARA CÍVIL – REL. DES. PLÍNIO LEITE

FONTES – UNÂNIME – DJ 27/11/1996: ACÓRDÃO DOTRIBUNAL DE CONTAS – Ação Declaratória deNulidade – Inobservância de prescrição legal quanto aintimação – Tutela antecipada – Agravo –Desprovimento.

(...)

Havendo fundado receio de dano senão irreparável, mas

de difícil reparação, poderá o juiz a requerimento doAutor, antecipar, no todo ou em parte, os efeitos datutela, desde que haja prova inequívoca a convencer o Juiz da verossimilhança da alegação.

Segundo a documentação acostada a esta exordial, restadevidamente provado que a Requerente preenche os requisitos do artigo 273 do

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Código Civil, estando resguardada pelos dispositivos legais supracitados. É patente,também, que caso a Autora tenha que aguardar por uma sentença de mérito ao finalda ação, sofrerá até lá danos irreparáveis, notadamente de cunho material (pelacontinuidade do desligamento da energia), os quais já vem sofrendo até o presentemomento, comprometendo assim a eficácia da prestação jurisdicional, no tocante aodesiderato de propiciar uma justa guarida ao direito do litigante.

Estão, portanto, configurados a verossimilhança daalegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, que enseja,

neste particular, a concessão de tutela antecipatória, para que a Eletrobrás (CERON)religue a energia do imóvel da Requerente, até a sentença final, que, sem sombra dedúvidas, confirmará a antecipação da tutela ora requerida.

5)DOS PEDIDOS

 Ante o exposto,requer a Vossa Excelência:

a) Seja concedida TUTELA ANTECIPADA, determinando que a Requeridaproceda imediatamente com a religação da energia elétrica do requerente, nos

termos do art. 273 do Código de Processo Civil, sob pena de multa de 1 (um)salário mínimo por dia;

 b) Deferido o benefício da prioridade de tramitação, seja determinada à secretariada Vara a devida identificação dos autos e a tomada das demais providênciascabíveis para assegurar, além da prioridade na tramitação, também aconcernente à execução dos atos e diligências relativos a este feito.

c) A Citação daRequerida conforme a exordial,na pessoa de seu Representante Legal,

via Oficial de Justiça,usando das prerrogativas incertas no Artigo 172, § 2º, doCódigo de Processo Civil,para querendo, oferecer Contestação, sob pena derevelia e confissão quanto à matéria de fato, com observância do disposto no Artigo 285, do Código de Processo Civil;

Rua Joaquim Araújo Lima, nº 1.439. Bairro Olaria. PortoVelho – Ron!nia. "one#$a%& '(()9. 3**3+3'33

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Porto Velho – RO. 11 de dezembro de 2014.

LINÊIDE MARTINS DE CASTROOAB/RO 1.902

Rua Joaquim Araújo Lima, nº 1.439. Bairro Olaria. PortoVelho – Ron!nia. "one#$a%& '(()9. 3**3+3'33