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DANIEL
NO PASSADO E NO PORVIR
LUIZ DE MATTOS
PARTE I
CAPÍTULOS DE 1 a 6
1
PREFÁCIO DO LIVRO DANIEL NO PASSADO E NO PORVIR
Apresentação
É extremamente honroso apresentar aos estudiosos da
Palavra de Deus este precioso trabalho do Dr. e
Evangelista Luiz de Mattos, que além de médico, é também
um servo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Livro de Daniel possui uma relevância indiscutível
para toda a humanidade, as expressões ―o tempo do fim‖ e
―últimos tempos‖, recebem um enfoque profundo e bem
fundamentado no contexto da Bíblia Sagrada por parte do
autor.
Recomendo a todos os Pastores, Obreiros e irmãos
adquirirem um exemplar desta obra, certo que este livro de
Daniel é o Apocalipse do Velho Testamento.
Trata-se de uma obra didática, de cunho simples e
objetivo, à altura do conhecimento de todo aquele que se
dispuser a compreender os mistérios de Deus.
Tenho certeza que a obra é de consulta obrigatória por
todos aqueles que militam na fé que uma vez foi dada aos
santos.
Enfim, vem a lume um trabalho que preenche uma notória
lacuna na bibliografia que trata sobre as profecias
bíblicas.
A leitura do livro é palpitante e satisfaz o desejo da
alma, a interpretação das profecias neste livro é clara e
objetiva, algumas profecias já foram cumpridas e outras
cumprindo atualmente, na seqüência da complementação de
tudo que Deus mostrou a Daniel.
Cuiabá, 11de Março de l998.
SEBASTIÃO RODRIGUES DE SOUZA-
PASTOR PRESIDENTE DA CONVENÇÃO DOS MINISTROS DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS
NO ESTADO DE MATO GROSSO - CUIABÁ-MT.
PASTOR PRESIDENTE DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS EM CUIABÁ - MT.
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PREFÁCIO DO AUTOR
Esta obra é fruto de muito trabalho e de muito
sofrimento. Este livro foi fruto de mais ou menos três
anos de dedicação, tendo sido terminada a sua escrita no
ano de 1997 quando foi entregue para o pastor Sebastião
ler e prefaciar. Em seguida ele foi guardado ate agora,
quando estamos a editá-lo , pois sinto ser agora o tempo
de Deus.
O Livro de Daniel é um dos mais profundos livros da
Bíblia Sagrada.
Daniel é um profeta do Velho Testamento que profetizou
sobre a ressurreição, sobre os governos mundiais de todos
os tempos.
Daniel é também quem nos legou a profecia das Setenta
Semanas de Daniel, Esta profecia envolve o povo de Israel
e também envolve toda a humanidade envolvendo o tempo do
fim.
Daniel foi o maior homem no aspecto político, tendo
tido mais glória que José, pois este foi o primeiro homem
depois do rei, em todo um reinado universal, sendo este o
mais brilhante e próspero entre todos os demais.
Nabucodonosor foi o rei de maior glória, fora do povo de
Deus.
Daniel é um livro atual, um livro que deve ser estudado
com muito carinho e atenção.
Esta obra vem atender os interesses de todos aqueles
que querem aprender um pouco mais sobre as profecias,
passadas e por virem.
Estou à disposição para eventuais esclarecimentos ou
dar esse livro na forma de seminário para todos quantos o
desejarem, independentemente da denominação.
O Autor
O Autor é:
Dr. Luiz de Mattos
Médico formado pela UNESP, Botucatu, SP.
Professor de Matemática e Física
Formado pela USP
Ministro do Evangelho - CGADB e CONFRADESP
Contatos (019) 34066031.
Email: [email protected]
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a DEUS, pelo privilégio de
escrever essa obra, pois foi Deus quem me iluminou através
do Espírito Santo.
Em seguida, minha esposa, que participou em todo
instante do meu trabalho e do meu sofrimento, na
realização dessa obra.
Minha esposa, novamente, porque foi ela quem fez o
trabalho de datilografia dos originais, com a colaboração
de minha filha no início do trabalho.
Ao professor Sebastião Ferri, conceituado professor
de Língua Portuguesa que tão carinhosamente leu, revisou,
corrigiu e muito contribuiu para a clareza do conteúdo do
livro.
Em seguida, ao meu Pastor Antônio Munhoz, que entre
tantas coisas e bênçãos, me levou a consagração
Ministerial, e muito me incentivou.
Ao Pastor Abraão de Almeida, que carinhosamente me serviu como exemplo de um escritor de respeitável e
merecido sucesso.
A meus filhos, que tiveram paciência comigo, enquanto me dediquei quase que exclusivamente a esse trabalho.
MUITO OBRIGADO
Dr. Luiz de Mattos
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DEDICAÇÃO
Esse livro é dedicado a minha família:
Iray Barbosa de Mattos - minha esposa
Luiz de Mattos Júnior
Ricardo Barbosa de Mattos
Clery Barbosa de Mattos
Peterson Barbosa de Mattos - filhos
Davi Weslley de Mattos
Jônatas William de Mattos
Josué Wendel de Mattos
Ian Souza Mendonça
Gabriel Lesina de Mattos
Giovana Barbosa Caíres da Silva
Natalia Barbosa Caíres da Silva
Letícia de Mattos - Netos
Americana 2008
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ÍNDICE Apresentação ......................................... 1
Prefácio do Autor .................................... 2
Agradecimentos ....................................... 3
Dedicação ............................................ 4
Introdução ........................................... 6
Invasão e Ataques a Jerusalém ........................ 12
O Porquê do Cativeiro ................................ 14
Daniel na Corte Babilônica .......... Cap.1.1-7 .... 19
O Propósito de Daniel ............... Cap.1.8-21 ... 22
Daniel e o Sonho de Nabucodonosor ... Cap.2.1-13 ... 29
Daniel recorre a Deus ............... Cap.2.14-18 .. 34
O Deus da Revelação ................. Cap.2.19-30 .. 36
A Revelação ......................... Cap.2.31-35 .. 39
A Interpretação ..................... Cap.2.36-45 .. 41
A Recompensa ........................ Cap.2.46-49 .. 46
A Estátua de Nabucodonosor .......... Cap.3 ........ 48
A Imagem de Ouro .................... Cap.3.1-7 .... 48
A Grande recusa ..................... Cap.3.8-18 ... 51
A Fornalha de Fogo .................. Cap.3.19-25 .. 56
A Exaltação ......................... Cap.3.26-30 .. 60
A Árvore Gigante .................... Cap.4.1-3 .... 64
A Visão da Árvore ................... Cap.4.4-18 ... 65
A Interpretação ..................... Cap.4.19-27 .. 71
Deus Cumpre a Profecia .............. Cap.4.27-37 .. 75
A Queda da Babilônia ................ Cap. 5 ....... 81
A Escritura da Parede ............... Cap.5.1-12 ... 82
A Interpretação ..................... Cap.5.13-29 .. 85
Daniel na Cova dos Leões ............ Cap. 6 ....... 92
A Inveja ............................ Cap. 6. 1-15 . 92
Daniel na Cova dos leões ............ Cap.6.16-28 .. 99
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DANIEL - INTRODUÇÃO
O Livro de Daniel tem como autor o próprio Daniel,
embora existam correntes que defendam a negação desse fato,
isto é: alegam que o Livro de Daniel foi escrito em data
posterior, por um outro autor.
Foi escrito por volta do século VI antes de Cristo. O
Livro de Daniel é considerado o Livro do Apocalipse do
Velho Testamento.
Foi escrito por Daniel, durante o exílio, durante o
período em que o povo judeu esteve cativo em Babilônia e
abrange um período que vai de 606 a.C. até por volta de 530
a.C. Foi escrito em Babilônia.
O Livro de Daniel foi escrito em parte na língua dos
judeus, o Hebraico, e em parte na língua dos Caldeus, o
Aramaico. O trecho em Aramaico é do capítulo dois, verso
quatro, até o capítulo sete, verso vinte e oito.
Daniel foi um instrumento usado por Deus a fim de
estabelecer de forma profética toda a história de Israel e,
como conseqüência, a história do mundo gentílico,
especialmente as nações gentílicas que possuíam relações
com Israel.
Daniel também foi usado para mostrar a extensão do poder
e da onisciência de Deus em relação ao mundo gentio e que
Deus é o excelso governador do universo; e que os
governantes assim como os governados estão submissos ao seu
ilimitado domínio. Daniel 4.25.
Podemos estabelecer como objetivos contidos no Livro de
Daniel:
1- Revelar o futuro de seu povo.
2- Revelar o futuro deste mundo e de toda a humanidade.
Vide Daniel 2.22
3- Revelar a soberania de Deus sobre todos os reinos e
governos terrestres. Vide Daniel 4.25
4- Revelar que Deus estabelecerá, no final desse
período, um reinado eterno, sem auxílio e sem interferência
de mãos humanas.
5- Lançar, desde então, as bases do Apocalipse, o qual
seria mais detalhado após a ressurreição de Jesus.
6- Estabelecer de forma definitiva a extensão do período
de governo humano, fixando na história porvir, quatro
grandes impérios universais e, como conseqüência,
estabelecer quando e como será o final desse período.
7- Mostrar que Deus castiga o seu povo, mas não o
desampara à mercê de si próprio.
8- Mostrar que Deus é zeloso no cumprimento de suas leis
e profecias.
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Estudando-se o LIVRO DE DANIEL pode-se estabelecer de
maneira exata e inequívoca:
a) A época em que nasceria Jesus.
b) A época de sua morte.
c) O final dessa dispensação.
d) O estabelecimento do reino Milenar e quando isso
ocorrerá.
Na seqüência histórica dos acontecimentos narrados aqui,
temos os relatos de Esdras e Neemias, lembrando que os
acontecimentos relacionados com Ester se localizam
(cronologicamente no tempo) entre os capítulos seis e sete
de Esdras.
O Livro de Daniel é um livro do Velho Testamento, mais
ou menos 600 a.C., mas está ligado ao final dos tempos,
sendo que já se passaram 2.600 anos e ainda não se cumpriu
todo o seu roteiro profético. Daniel foi citado por Jesus,
em seu ministério, e se constitui na base do Livro do
Apocalipse, escrito por João na ilha de Patmos. É também
como o Apocalipse, um livro escrito à base de símbolos. O
livro de Daniel é um livro tão atual quanto o livro do
apocalipse.
Os acontecimentos históricos registrados na história
universal ilustram e demonstram os acontecimentos
proféticos apresentados e esmiuçados aqui nesse livro, no
tocante às profecias já realizadas ou já cumpridas.
Certamente deduzimos que as profecias ainda não
cumpridas, ligadas ao final dos tempos, (por exemplo, a 70ª
semana de Daniel), cumprir-se-ão com a mesma fidelidade e
precisão com que aconteceram as já cumpridas. O Livro do
Apocalipse é, quase na totalidade, a 70ª semana de Daniel,
apresentada com detalhes que Daniel não apresentou. No
final desse período, quando estiver cumprida toda a
profecia de Daniel, não existirá mais governo humano,
encerrar-se-á o governo dos gentios e será estabelecido o
reinado eterno, cujo rei será JESUS.
O Livro de Daniel tem citações no Novo Testamento
referidas por Jesus: Mateus 24.15.
MATEUS 24.15 - Quando, pois, virdes o abominável da
desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo.
(quem lê entenda).
Com essa citação de Jesus concluímos:
1- Jesus reconhece Daniel como profeta.
2- Jesus conclama a fim de que acreditemos em suas
profecias.
O livro pode ser dividido em duas partes nítidas e
distintas, a saber:
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a) Histórica.
Abrange principalmente o povo judeu.
Podemos observá-la dos capítulos iniciais até o sexto,
com exceção do capítulo dois.
b) Profética.
Estabelece o roteiro do futuro de Israel e paralelamente
mostra também o futuro de toda a humanidade.
O conteúdo profético desse livro sobre os impérios
mundiais permanece atual e ainda se estenderá até o final
dos tempos. (Os dedos da estátua de Nabucodonosor, como
veremos mais adiante).
Para entendermos melhor o Livro de Daniel, vamos nos
dedicar um pouco ao contexto histórico pouco anterior ao
início do cativeiro de Babilônia.
Bem sabemos que Nabucodonosor invadiu Israel e dominou o
reinado de Judá, levando esse povo para o cativeiro de
Babilônia, entre eles Daniel, autor do livro que nos
propomos a estudar.
A história que nos interessa, tem origem na
desobediência do povo de Israel ao Senhor, tendo o povo se
contaminado com a idolatria cujo pico foi no governo do
reinado de Manassés e de Amon, seu filho. Esses reis
fizeram o que foi mal aos olhos do Senhor, introduzindo
pesada idolatria em todo o Israel. Ver 2 Reis 24 versos 1
ao 4, onde fala desses governos. Ver também 2 Crônicas 34.
21 onde o rei Josias declara que seus pais se desviaram dos
caminhos do Senhor.
Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33.
Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo
34, temos o rei Josias iniciando o seu reinado, com oito
anos, reinado que durou trinta e um anos. Antes do rei
Josias a nação de Israel estava totalmente desviada dos
caminhos do Senhor, principalmente sob o reinado de
Manassés e Amon, filhos de lhos de Ezequias, porque fizeram
o que era mal aos olhos do Senhor, e introduziram uma fase
de idolatria e profanação, levando o povo a se distanciarem
mais e mais de Deus.
2 REIS 21.9 - Eles, porém não ouviram; e Manassés de
tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações,
que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de
Israel.
Devido à obstinação desse povo, Deus determinou que
também Judá seria tirado de sua presença. 2 Reis 21.13-15.
Nesta altura o reino do norte já era cativo dos Assírios.
Quando da morte de Amon, Josias, seu filho, tinha apenas
oito anos, mas não obstante tão tenra idade começou a
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reinar, e o fez de 639 a 609 a.C., 2 Crônicas 34.1 e 2 Reis
22.1
Josias conduziu um governo de reconciliação levando o
povo de volta à presença do Senhor.
Josias fez o que era reto aos olhos do Senhor, purificou
a Judá e livrou-a da idolatria de seus pais (especialmente
Manassés e Amon).
Em 2 Crônicas capítulo 34 versos 1-7 temos a descrição
do seu trabalho. Assim, dessa forma, Josias aplacou a ira
de Deus, que já havia determinado a extradição de Judá, mas
Josias achou graça diante de Deus, a ponto de receber,
através da profetisa Hulda, a promessa de que seus olhos
não veriam o mal que viria sobre Judá. Veja 2 Crônicas
34.27,28. Assim Josias desenvolveu um reinado de paz.
No panorama das demais nações, nessa mesma ocasião,
temos o Egito conquistando extensas áreas de modo a se
constituir num grande império mundial incipiente. A
Assíria já passava por seu apogeu e já se achava em
decadência. O Egito havia conquistado há pouco a capital
dos assírios e havia constituído CARQUEMIS como base
avançada do Egito.
Em Babilônia, nessa época, era rei Nabopolassar, pai de
Nabucodonosor, que era chefe dos exércitos da Babilônia;
jovem valente e audacioso guerreiro.
Nabucodonosor havia conquistado a Carquemis, às margens
do Eufrates, e o rei do Egito, cujo nome era Faraó-Neco,
subia do Egito para livrar Carquemis da mão dos inimigos.
Mas para ir do Egito a Carquemis, é necessário passar pela
Palestina. Ao passar por Megido, que é um local estratégico
na terra dos judeus, eis que o rei Josias, apesar de seu
brilhante comportamento diante do governo em Judá, sai-lhe
ao encontro; no fundo mesmo, para provocá-lo!
Faraó-Neco se achava ali de passagem e seu destino era
Carquemis. Não tinha nenhum interesse contra Judá ou seu
rei. Ver 2 Crônicas 35.20-24. Dessa forma, Josias, fora
da direção de Deus, acabou morrendo ali em Megido, e toda a
Jerusalém chorou e lamentou a sua morte. Josias morreu em
609aC. e Judá teve o seu trono vago e subiu para reinar
Jeoacaz, filho de Josias, quando tinha vinte e três anos e
começou a reinar em Jerusalém. Mas o reinado de Jeoacaz
durou apenas três meses. Veio Faraó-Neco e depôs a Jeoacaz,
tomou o trono e colocou como rei a Eliaquim, cujo nome foi
mudado para Jeoaquim, subjugando agora o povo de Judá ao
Egito. Faraó-Neco obrigou Judá a pagar tributos ao Egito,
e os judeus passaram então a pertencer ao império Egípcio.
Quanto a Jeoacaz, foi levado para o Egito onde morreu.
Veja 2 Reis 23.31-37.
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Esse rei Jeoaquim, que estava submisso ao Egito, foi o
rei em cujo terceiro ano de reinado se deu a invasão de
Nabucodonosor sobre Jerusalém, dando início ao cativeiro de
Babilônia em 606 a.C.
Jeoaquim tinha vinte e cinco anos quando começou a
reinar e seu reinado durou onze anos, tendo feito um mal
governo aos olhos do Senhor.
Devido ao mau procedimento de Jeoaquim, Deus
providenciou a Babilônia para promover o castigo sobre
Judá. Ver 2 Reis 23.37.
No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, subiu
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e conquistou a Jerusalém
das mãos de Faraó-Neco e subjugou a nação e a Jeoaquim,
deixando-o no trono. (Jeoaquim continuou rei; mas agora
submisso a Babilônia). Ver 2 Reis 24.1 e Daniel 1.1.
Judá ficou três anos sob o domínio do Egito e passou em
seguida para o domínio da Babilônia, sendo essa data o
marco inicial do cativeiro de Judá.
Jeoaquim era inimigo de Jeremias e Jeremias foi o
profeta do cativeiro, tendo permanecido em Judá após a
invasão de Nabucodonosor. Ver Jeremias 26.21; 36.26.
A razão dessa inimizade era o mal governo de Jeoaquim e
as profecias de reprovação de Jeremias contra o seu
procedimento.
O rei Jeoaquim inicialmente aceitou bem a submissão à
Babilônia, mas após certo tempo, se rebelou contra
Babilônia. Nabucodonosor foi o instrumento que Deus usou
para reprimir e reeducar o seu povo. Se lermos 2 Reis 24.2
nós podemos observar:
2 REIS 24.2- Enviou o Senhor contra Jeoaquim bandos de
caldeus, e bandos de síros, e de moabitas e dos filhos de
Amom; enviou-os contra Judá para o destruir, segundo a
palavra que o Senhor falara pelos profetas, seus servos.
Nabucodonosor veio contra Jeoaquim, e encerrou o seu
reinado, colocando rei em seu lugar a Joaquim, que era
filho de Jeoaquim. 2 Reis 24.6.
Assim Joaquim foi rei de Judá sob o domínio de
Nabucodonosor, cujo império já era desde o Eufrates até o
rio do Egito. Joaquim também reinou mal, também não agradou
a Deus, e no oitavo ano de seu reinado, Nabucodonosor e
seus súditos militares cercaram a cidade e levaram o seu
rei preso, assim como sua família e os tesouros do Templo
do Senhor. Ver 2 Reis 24.13.
Foi nessa data que tivemos a segunda leva dos cativos de
Judá para a Babilônia. A primeira leva de cativos se deu em
606 a.C., quando Nabucodonosor conquistou a Jeoaquim no
terceiro ano de seu reinado. Na primeira leva de cativos,
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Daniel e seus companheiros foram levados para a Babilônia.
Falaremos ainda sobre isso.
Nessa segunda leva de cativos de Jerusalém para a
Caldéia, Nabucodonosor levou por volta de dez mil cativos
principalmente os artesãos e os artífices, e aquelas
pessoas que tinham alguma habilitação profissional, como
carpinteiros e ferreiros, e não deixou nenhum, a não ser o
povo da terra, o lavrador. Foi nessa leva de cativos que
foi levado Ezequiel para a Babilônia. Enquanto Jeremias
permaneceu em Jerusalém. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis
25.1-22. Ainda voltaremos a falar sobre esse assunto.
Destituído Joaquim do trono de Judá, o rei de Babilônia
colocou em seu lugar a Matanias, cujo nome foi trocado para
Zedequias que se constituiu no último rei de Judá.
Zedequias reinou durante onze anos e também se rebelou
contra Babilônia e mais uma vez, já no undécimo ano de seu
reinado, novamente Nabucodonosor investe contra o rei de
Judá e contra Jerusalém. Desta vez Nabucodonosor cercou a
cidade de Jerusalém por mais ou menos um ano, até que se
esgotaram todos os seus recursos dentro dos seus muros,
obrigando os judeus a se renderem e destruiu totalmente a
cidade de Jerusalém, seus muros, seus palácios e o Templo
Sagrado.
Foi nessa última invasão que se alguém escapou da espada
então foi levado cativo para Babilônia.
Quanto à família do rei Zedequias, foram degolados os
seus filhos, na presença do próprio rei e, quanto ao
próprio, vazaram-lhe os olhos e o levaram vivo para
Babilônia.
Em Jerusalém não ficou nada que não estivesse queimado
ou derrubado. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis no capítulo
25 e 2 Crônicas capítulo 36.
Essa última invasão ocorreu no ano de 586 a.C.,
portanto vinte anos depois do início do cativeiro em 606
a.C.. Essa invasão determina o marco inicial dos TEMPOS
DOS GENTIOS de Lucas 21.24. Hoje, já são passados mais de
dois mil e quinhentos anos e Jerusalém ainda continua
pisada pelos gentios.
O local do Templo sagrado, atualmente, está sob o
domínio dos árabes e em seu lugar está construída a
Mesquita de OMAR. Jerusalém constitui hoje a cidade santa
também para os muçulmanos, além dos judeus e dos cristãos.
Não confundir:
a) Tempos dos gentios
b) Plenitude dos gentios.
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a) Tempos dos gentios:
A Bíblia usa essa expressão em:
LUCAS 21.24 -... até que os tempos dos gentios se
completem, Jerusalém será pisada por eles.
Essa expressão foi do próprio Jesus relatada por Lucas,
onde vemos que o tempo dos gentios está relacionado com
Jerusalém e o povo não judeu. É uma expressão que se
refere ao período que iniciou com a invasão de
Nabucodonosor a Jerusalém, quando a destruiu totalmente na
terceira invasão, por volta de 586 a.C. e terminará na
segunda vinda de Jesus, quando Jerusalém retornará ao povo
Judeu.
Tempo dos Gentios corresponde então ao período no qual
os gentios têm domínio sobre Jerusalém; daí a expressão:
será pisada por eles.
O período dos gentios iniciou com uma profanação do
templo e sua destruição e terminará também com uma
profanação, que será desenvolvida pelas bestas do
Apocalipse. Esse período, portanto, não faz nenhuma alusão
à Igreja, nem tem nenhuma relação com ela.
b) Plenitude dos gentios.
Esse período se refere ao espaço de tempo no qual Israel
se acha desviado dos caminhos do Senhor, período no qual
não reconhecem a Jesus como o Messias e corresponde ao
período da existência da Igreja aqui nesta terra. Teve
início no dia do Pentecostes e terminará no dia do
Arrebatamento da Igreja.
Nesse período, Israel não deixou de ser o povo escolhido
e tão pouco deixou de ser a videira plantada pelo Senhor,
usando a melhor semente. Israel continua sendo a nação
santa e escolhida. Mas a Igreja se constitui no povo de
Deus nesse período, tendo sido comprada pelo sangue de
Jesus, no sacrifício vicário da cruz, no Calvário.
Assim sendo terminará no Arrebatamento da Igreja e
corresponde ao período da graça, onde para ser salvo é
necessário aceitar a Jesus como Salvador, inclusive o povo
judeu.
O período chamado plenitude dos gentios coincide com o
intervalo entre a 69ª e 70ª semanas de Daniel, cujo tempo
está parado no relógio de Deus com relação a Israel.
INVASÕES E ATAQUES A JERUSALÉM
Vamos enfocar de forma mais minuciosa os ataques de
Nabucodonosor a Jerusalém. Foram três esses ataques e
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correspondem às três levas de cativos levados de Judá para
a Babilônia.
606 a.C.: INVASÃO INICIAL
Foi nessa data que teve início o cativeiro de Judá,
conseqüência da primeira invasão de Nabucodonosor em
Jerusalém. Nessa época, Jerusalém estava ainda sob o
domínio do Faraó-Neco, e era o terceiro ano de Jeoaquim.
Essa invasão:
Termina com o jugo Egípcio iniciado com a morte de Josias.
Inicia o jugo da Babilônia dando também início ao
cativeiro de Judá que durará por volta de 70 anos.
Nabucodonosor ordena a Aspenás, chefe de seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da
linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito,
de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em
ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes
para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a
cultura e a língua dos caldeus; escolhendo assim o que há
de melhor em Judá, levando cativo a Daniel e seus
companheiros para a Babilônia, entre outros.
Ver Daniel 1.1-4
597 a.C.: SEGUNDA INVASÃO
A segunda invasão ocorreu em 597 a.C. estando já
Jerusalém sob domínio Babilônico
Foi nessa invasão que Nabucodonosor derrotou a Joaquim e
o levou cativeiro para Babilônia.
Foi nessa invasão que Nabucodonosor levou para a
Babilônia a segunda leva dos cativos. Foi nessa invasão
que:
* Levaram Ezequiel para Babilônia e deixaram Jeremias em
Judá.
2 Crônicas 36.9,10 e 2 Reis 24.10-17.
Levaram por volta de dez mil judeus para o cativeiro, especialmente os profissionais.
Levaram os tesouros do Templo.
586 a.C.: TERCEIRO E ÚLTIMO ATAQUE
Esse foi o último ataque de Nabucodonosor a Jerusalém e
nesse também ocorreu a última leva de judeus para o
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cativeiro. Essa invasão foi contra Zedequias, o último rei
de Judá, e nela:
O cerco de Jerusalém durou mais de um ano.
Ninguém escapou ileso: quem não morreu a espada foi levado cativo.
Ocorreu a destruição total de Jerusalém e do Templo.
Atearam fogo em tudo aquilo que foi possível. Podemos observar então que:
1) Houve três levas de cativos e três invasões da
Babilônia em Jerusalém: 606, 597 e 586 a.C.
2) A terceira invasão foi a mais demorada e a mais
cruel, quando Jerusalém foi sitiada por mais de um ano e
houve a destruição total da cidade e do Templo.
3) Passaram-se vinte anos entre o início do cativeiro e
a destruição do Templo e de Jerusalém.
4) Jeremias foi profeta em Jerusalém durante o
cativeiro.
5) Daniel e seus companheiros foram levados cativos já
na primeira leva.
6) Ezequiel foi levado cativo na segunda invasão.
7) Foi na segunda invasão que foram levados mais de dez
mil judeus para o cativeiro da Babilônia.
8) Ezequias foi levado cativo para Babilônia.
O PORQUÊ DO CATIVEIRO
O povo de Judá iniciou o cativeiro na Babilônia no ano
de 606 a.C.,quando da invasão de Nabucodonosor sobre
Jerusalém, no ano terceiro de Jeoaquim, rei de Judá e
terminou em 536 a.C. no reinado de Ciro, o Persa.
A duração do cativeiro foi de setenta anos, profetizado
por Jeremias em seu Livro, no capítulo 25 verso 11.
Na verdade, Nabucodonosor não venceu o povo de Deus, mas
Deus entregou-o em suas mãos, de modo que a Babilônia foi
um instrumento nas mãos do Senhor, um executor dos planos
corretivos de Deus.
O cativeiro dos setenta anos está muito relacionado:
1º - Aos quatrocentos e noventa anos de uso da terra sem
se respeitar o ano sabático, que seria o ano de descanso da
terra. Para cada sete anos deveria existir um ano de
repouso da terra, mas Israel já tinha vivido quatrocentos e
noventa anos sem cumprir esta determinação de Deus. Nesse
ano sabático, Israel não deveria plantar e nem fazer uso da
terra, pois seria ano de descanso da terra. Eles deveriam
guardar o produto da de modo que no sétimo ano a terra
pudesse descansar. Essa era a orientação de Deus e dos
profetas. 2 Crônicas 36.21.
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Como houve desobediência do povo, então Deus levou o
povo para o cativeiro, de modo a cumprir sua orientação e a
terra ficou os setenta anos descansando, de modo a
descansar um ano para cada sete de desobediência.
Isso é uma demonstração de que Deus vela e zela pela sua
Palavra e suas profecias. Com isso devemos estar atentos a
fim de ouvirmos e atendermos as diretrizes de Deus. No
Livro de Jeremias 25.9-11, Deus revela ao povo, através do
profeta Jeremias que Ele mesmo trará Nabucodonosor, ao qual
o Senhor chama de seu servo, contra o seu povo a fim de
destruí-los como castigo pele desobediência. Deus fala ali,
que fará cessar a alegria e a luz de candeeiro de seu povo.
No verso 11 Deus fala que Israel será escravizado por
setenta anos na Babilônia. Ver Jeremias 25.9 a 11.
O livro de 2 Crônicas, capitulo 36 e versos do 14 ao 21,
fala da terceira invasão da Babilônia e da matança que
houve em Jerusalém. Fala também da destruição dos muros, e
dos objetos preciosos, e ainda do terror sofrido pelo povo.
Ver 2 Crônicas 36.14-21.
2º - Prostituição religiosa e rebeldia contra Deus.
A Bíblia fala em II Crônicas 36.16 e 17 que o povo de
Deus zombava dos seus mensageiros, desprezavam a Palavra de
Deus e desprezavam também aos seus profetas, até que subiu
a ira de Deus contra eles. Leia 2 Crônicas 36.16,17.
CONSEQÜÊNCIAS DO CATIVEIRO
AS conseqüências do cativeiro são aquelas coisas que
aconteceram por terem passado pelo castigo da escravidão na
Babilônia. Algumas dessas conseqüências são:
Foi abolida de uma vez por todas a idolatria entre os judeus.
Os judeus passaram a respeitar a Lei de Moisés com difusão e estudo dessa lei nas reuniões que começaram a
ser periódicas nas Sinagogas.
Surgiram as Sinagogas a partir do cativeiro porque o povo não tinha aonde ir, onde se reunir nem onde adorar ao
seu Deus.
Ocorreu o avivamento da promessa Messiânica, porque o povo se voltou para Deus e se voltou para o estudo de sua
Palavra.
Ocorreu o aperfeiçoamento do sentimento de
patriotismo.
Ver Salmo 137.
16
UM POUCO SOBRE DANIEL
Daniel é um nome Hebraico que quer dizer ―Deus é meu
Juiz‖. Ele foi considerado (e ainda o é) um dos gigantes na
fé.
Daniel procedia de uma família que, segundo Flávio
Josefo, era de nobreza real. Foi o maior intérprete de
sonhos e visões entre os homens de Deus. O seu livro foi
escrito na Babilônia e provavelmente foi concluído em 534
a.C., constituindo-se em integrante do cânon hebraico.
Sua profecia sobre as setenta semanas, conhecida como
―as Setenta Semanas de Daniel‖, ainda é muito atual e
moderna, apesar dos dois mil e quinhentos anos que já se
passaram. Dessas setenta semanas, sessenta e nove já são
passadas, como veremos oportunamente, mas a última delas
ainda não se cumpriu. A respeito do cumprimento das
sessenta e nove semanas, a profecia se cumpriu detalhe por
detalhe na data profetizada, exatamente, de forma precisa,
e na data profetizada. O cumprimento das sessenta e nove
semanas foi tão fiel que existem incrédulos colocando em
dúvida a autoria do livro, dizendo que foi escrito depois
dos acontecimentos dos fatos.
A refinada Teologia do Livro, no Velho Testamento,
representa um grande avanço profético e doutrinário, onde
temos desde a hierarquia angelical, onde os anjos são
chamados pelos seus nomes, até o ensino sobre a
ressurreição dos mortos. Daniel foi o primeiro a mencionar
a ressurreição dos mortos. Ver Daniel 12.2
Daniel foi levado cativo para Babilônia já na primeira
leva dos cativos em 606 a.C. Nessa época tinha entre quinze
e dezesseis anos; um verdadeiro adolescente. Era um moço
sábio, perfeito, saudável, douto em ciência e no saber; de
refinada competência, a ponto de ser escolhido junto com
outros três, também pertencentes à nobreza, para
permanecerem na corte Babilônica, junto ao rei.
Daniel desenvolveu sua vida no exílio e permaneceu em
Babilônia até por volta de 530 a.C., quando já tinha por
volta de noventa anos.
Na corte, suas primeiras atividades proféticas foram
interpretar sonhos e visões dos outros.
Daniel passou a ter suas próprias visões num estágio
posterior, sendo a profecia das setenta semanas uma das
mais importantes, atual até o dia de hoje. Também ainda é
de relevante importância as profecias dos capítulos dez,
onze, e doze do seu livro, onde apresenta em detalhes
profecias que se referiam ao futuro próximo e distante dos
17
seus dias. No Livro de Daniel achamos as bases do Livro de
Apocalipse, escrito por João, mas cujo autor é Jesus.
Daniel ao chegar à corte Babilônica, junto com os seus
três companheiros, foi fazer uma espécie de curso, estágio
ou faculdade, com duração de aproximadamente três anos,
onde deveriam estudar a língua, os hábitos, a cultura e as
tradições do povo caldeu, na companhia de jovens
selecionados em todo o império, oriundos de toda parte do
mundo conhecido.
Foi durante esse estágio que Daniel e seus companheiros
recusaram o manjar e iguarias da mesa do rei, cuja atitude
achou graça e aprovação da parte de Deus. Daniel 1.8-12.
Daniel se manteve sempre numa conduta impecável, reto
diante de Deus e dos homens, de modo a não se achar nele,
nunca, nenhuma falta. Daniel 6.5.
A Bíblia não fala da vida particular de Daniel e por
isso nada se sabe sobre a sua família.
Ezequiel dá testemunho da vida irrepreensível de Daniel.
Vide Ezequiel 14.14-20; 28.3.
Podemos esboçar seu livro em duas partes:
I - Histórica. Daniel capítulos 1 ao 6.
II - Profética. Daniel capítulos 7 ao 12.
I – Histórica
Daniel na corte babilônica: Daniel capítulo 1.
Visão de Nabucodonosor: Daniel capítulo 2.
A fornalha de fogo ardente: Daniel capítulo 3.
A humilhação do grande rei: Daniel capítulo 4.
A queda do império babilônico: Daniel capítulo 5.
Daniel e o império Medo-Persa: Daniel capítulo 6.
II – Profética
A visão dos quatro animais: Daniel capítulo 7.
A visão do carneiro e o bode: Daniel capítulo 8.
As Setenta Semanas de Daniel: Daniel capítulo 9.
A profecia final: Daniel capítulo 11.
Os reis vindouros: Daniel capítulo 12.
18
DANIEL
NO PASSADO E NO PORVIR
I PARTE
DANIEL CAPÍTULOS DE 1-6
19
CAPÍTULO 1
DANIEL NA CORTE BABILÔNICA
Daniel Capítulo 1.1-7
1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá,
veio Nabucodonosor, rei de Babilônia a Jerusalém, e a
sitiou.
2 - O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de
Judá, e alguns dos utensílios da casa de Deus; a estes os
levou para a terra de Sinear, para a casa do seu deus e os
pôs na casa do tesouro do seu deus.
3 - Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, assim da linhagem
real como dos nobres,
4 - jovens sem nenhum defeito, de boa aparência,
instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e
versados no conhecimento, e que fossem competentes para
assistirem no palácio do rei; e lhes ensinasse a cultura e
a língua dos caldeus.
5 - Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas
iguarias da mesa real, e do vinho que ele bebia, e que
assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais
assistiriam diante do rei.
6 - Entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
7 - O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber:
a Daniel o de Beltessazar; a Hananias o de Sadraque, a
Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abede-Nego.
Daniel aprendera muito, embora fosse tão jovem, a cerca
do Deus de Israel, com o rei Josias e com o profeta
Jeremias, além de outros. Daniel tinha entendimento sobre
a importância da fidelidade a Deus.
O verso um estabelece a época da invasão de
Nabucodonosor em Jerusalém. Isso ocorreu no ano terceiro
do reinado de Jeoaquim, que fizera um mau governo aos olhos
do Senhor.
O Verso dois diz: Deus entregou nas mãos de
Nabucodonosor a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos
utensílios da casa de Deus. Esses utensílios sagrados
foram levados para a terra dos Caldeus, mais exatamente
para Sinear, onde se achava a casa do deus de Babilônia. O
deus de Babilônia não era outro senão o Baal dos Hebreus em
Israel.
20
Essa expressão ―entregou em suas mãos‖ é uma referência
à perseverança de Deus em se opor a tal atitude. Na
verdade, Deus não queria, mas o povo era muito obstinado.
Israel se achava corrompido, desviado e fazia pouco da
palavra do Senhor e por esse motivo foi condenado, devido à
idolatria, prostituição e soberba. Veja 2 Reis 21.1-15 e 2
Crônicas 36.14,15.
Deus havia resistido a tal idéia, e deu uma pausa
durante o reinado de Josias, mas sua tolerância se
esgotara. Apenas poupou a Josias e ainda deu-lhe a sua
palavra de que não veria esse mal, pois obrara o que era
reto diante do Senhor, e reconduzira o povo à presença de
Deus. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis 22.16-20.
Mas no período de Jeoaquim, que fez o que era mal diante
dos olhos do Senhor, e ainda perseguiu o profeta Jeremias.
Jeoaquim não deu ouvido à voz de Deus ou aos seus profetas
e suas exortações. O povo estava distante de Deus e por
essa razão, Deus os entregou a Nabucodonosor, instrumento
de sua disciplina.
Deus não entregou somente o povo, mas a cidade santa e
também o templo sagrado e tudo o que nele havia. Não tinha
sentido preservar a santificação dos vasos, dos utensílios
e do Templo Sagrado, com o povo desviado ou no cativeiro.
A santificação é primordial no relacionamento com Deus.
Veja Hebreus 12.14, onde temos que sem a santificação
ninguém verá ao Senhor.
Não havia santificação no Templo, nem poderia haver se o
povo estava desviado. Importante para Deus é o povo, não os
utensílios materiais. Tanto que, hoje, Deus não habita mais
em ―construções‖ humanas, mas em nós. Hoje somos o ―templo‖
do Espírito Santo. Romanos 8.9,11; 1 Coríntios 3.16;6.19
Essa foi a razão de Deus permitir a destruição do Templo
em Jerusalém, como também da cidade.
Nos versos três e quatro temos as orientações de
Nabucodonosor aos chefes dos Eunucos: Escolher jovens sem
nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a
ciência, versados no conhecimento. Corresponde à ―nata‖ da
sociedade. Sobretudo jovens competentes a fim de servirem
na corte Babilônica. Seriam encaminhados inicialmente para
um ―estágio‖ ou curso, com duração de três anos, junto ao
palácio do rei, onde aprenderiam a língua e a cultura dos
caldeus.
Daniel e seus companheiros foram achados satisfazendo
integralmente essas exigências e, portanto, foram
escolhidos para a corte Babilônica.
Como fator de justiça, diante de uma seleção tão
exigente, o rei determinou que esses jovens tivessem o
21
privilégio de receberem a porção diária das finas iguarias
da mesa real, incluindo-se o vinho que era servido ao rei.
Isso por todo o período dos três anos, na formação da nova
cultura.
Entendemos que isso seria mesmo um privilégio! Mas
Daniel, em seu estado de santificação, apesar de sua tenra
idade, reconheceu nessa atitude uma artimanha de Satanás,
um ardil astuto, onde se contaminaria com comida
sacrificada aos ídolos.
Daniel entendeu que isso seria um primeiro passo, em
terra estranha, para se distanciar de seus princípios de
fidelidade a Deus e preferiu se abster desse privilégio,
trocando-o por frutas e legumes.
Satanás é muito astuto e quando tenta derrubar os
crentes ele não vem mostrando suas garras, mas vem
disfarçado dentro daquilo que parece natural, mas é
armadilha onde o crente cai se não estiver ligado com Deus.
Precisamos pedir a Deus que nos conceda do Espírito de
discernimento, a fim de percebermos quando se trata dos
ardis de Satanás. Ver Atos 16 a partir do verso 16 e veja o
Espírito de discernimento de Paulo, Espírito esse que
devemos ter também em nós.
Ao chegarem à corte Babilônica havia interesse em que os
expatriados se esquecessem de sua pátria, dos seus hábitos
e costumes. Por esse motivo foram trocados os nomes de
Daniel e de seus companheiros: Hananias, Misael e Azarias.
Essa troca de nomes era estratégica e visava contribuir
para que perdessem a identidade JUDAICA e renunciassem sua
fé; se esquecessem de seu povo, da sua Pátria e de seu Deus
e, com novo nome, iniciassem nova identidade, uma nova
vida, uma nova fé.
Naquela época os nomes implicavam significados
importantes, e às vezes o próprio nome fazia referência ao
caráter da pessoa. Vejamos os significados dos nomes de
Daniel e de seus companheiros.
A mudança do nome de Daniel e seus companheiros foram do
hebraico para o caldeu:
HEBRAICO CALDEU
Daniel Beltessazar
Misael Mesaque
Azarias Abede-Nego
Ananias Sadraque
22
O significado dos nomes em hebraico:
Daniel Deus é meu Juiz.
Misael Quem é igual a Deus.
Azarias Deus é meu ajudador.
Ananias Jeová é gracioso.
O significado dos nomes em Caldeu:
Beltessazar (Daniel) Bel te proteja.
Mesaque (Misael) Não se sabe o significado.
Abede-Nego (Azarias) Servo de Nebo.
Sadraque (Ananias) Ordem de AKU.
NOTA: AKU era uma deusa dos Babilônios. Bel e Nebo
também eram deuses Babilônicos.
Mas Daniel, embora tão jovem, e embora tão arriscado
fosse tal comportamento, propôs no seu coração não se
contaminar com as finas iguarias da mesa real.
Isso é um verdadeiro exemplo para nossa mocidade. É uma
lição que nos diz: é possível ser fiel a Deus em todas as
provas da juventude, em casa e fora dela, junto aos pais,
ou distante deles! A fidelidade a Deus não tem faixa
etária. Deus ama a todos os que lhe são fiéis. A Bíblia
recomenda que devemos nos lembrar de nosso Criador nos
dias de nossa mocidade, pois é um período no qual temos
muita energia e muita disposição e podemos servir a Deus no
auge da nossa força. Veja Eclesiastes 12.1. Muitas pessoas
se voltam para Deus em sua velhice por ter medo da morte,
mas Deus se agrada daqueles que dele se aproximam porque o
ama e têm desejo de adorá-lo.
O PROPÓSITO DE DANIEL
Capítulo 1.8-21
8 - Resolveu Daniel firmemente não se contaminar com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então
pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se
contaminar.
9 - Ora Deus concedeu a Daniel misericórdia e
compreensão da parte do chefe dos eunucos.
10 - Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do
meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa
23
bebida; por que, pois, veria ele os vossos rostos mais
abatido que o dos outros jovens da vossa idade? Assim
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 - Então disse Daniel ao cozinheiro – chefe, a quem o
chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel,
Hananias, Misael e Azarias:
12 - Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e
que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
13 - Então se veja diante de ti a nossa aparência e a
dos jovens que comem das finas iguarias do rei, e, segundo
vires, age com os teus servos.
14 - Ele atendeu, e os experimentou dez dias.
15 - No fim dos dez dias, as suas aparências eram
melhores; estavam eles mais robustos do que todos os jovens
que comiam das finas iguarias do rei.
16 - Com isto o cozinheiro - chefe tirou deles as finas
iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 - Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento
e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel
deu inteligência de todas as visões e sonhos.
18 - Vencido o tempo determinado pelo rei para que os
trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de
Nabucodonosor.
19 - Então o rei falou com eles; e entre todos, não
foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e
Azarias; por isso passaram a assistir diante do rei.
20 - Em toda matéria de sabedoria e de inteligência,
sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais
doutos do que todos os magos e encantadores que havia em
todo o seu reino.
21 - Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
Aqui nós temos Daniel na corte, juntamente com seus
companheiros Hananias, Misael, e Azarias, e ainda outros
jovens escolhidos de outras nações. A situação desses
jovens era realmente privilegiada, embora estivessem em
cativeiro, vejamos:
1- Estavam na corte do rei, sendo esse rei o mais nobre
dos existentes até então em termos de poderio e autoridade.
2- Haviam passado em um ―vestibular muito difícil‖, cuja
seleção não foi só do conhecimento, mas também físico e
econômico.
3- Estavam cursando uma ―faculdade‖ com duração de três
anos para depois serem aproveitados em destaque no reino.
4- Foram privilegiados com a porção das finas iguarias
da mesa do rei, e até mesmo do vinho que ele bebia.
Ora, sem dúvida alguma, isso era muito honroso e a
posição era privilegiada entre os exilados.
24
Admitir um comportamento diferente das propostas
padronizadas ou gerais aqui, era muito perigoso. O rei era
absolutista. Matava a quem queria, sem julgamento nenhum e
promovia a quem desejasse sem dar satisfação a ninguém.
Concentrava em suas mãos todo o poder de forma autoritária
e absoluta.
Daniel e seus companheiros sabiam disso. Tinham plena
consciência de onde estavam e com quem estavam lidando.
Mas em seu coração sábio, e cheio do Espírito Santo,
Daniel entendeu que seria contaminação participar de tal
mesa. Daniel entendeu ser o primeiro passo para quebrar a
fidelidade para com seu Deus, embora fosse atitude
aparentemente inócua, essa de comer da comida da mesa do
rei.
Por entender dessa forma, teve um comportamento humilde
e inteligente, e ―pediu‖ ao chefe dos eunucos que lhe
concedesse não se contaminar. Verso oito.
No verso nove, observamos a mão de Deus trabalhando a
seu favor, quando diz que Daniel encontrou misericórdia e
compreensão por parte do chefe dos eunucos. Essa pretensão
era muito arriscada para todos e no verso 10 vemos a
preocupação e o temor desses homens diante de possíveis
conseqüências desastrosas: poderia até mesmo rolar alguma
cabeça como castigo maior.
Mas Deus estava nesse negócio, e Deus coroou a
fidelidade de Daniel e de seus companheiros. Era
aparentemente mais fácil e muito mais natural comerem da
mesa do rei. Comida boa, altamente selecionada, de bom
tempero; apetite para comer tinha-se de sobra, o natural
seria participar dessa mesa! Eram jovens, em pleno
desenvolvimento, a comida era muito bem-vinda.
Especialmente essa que vinha da mesa do rei. Mas existe uma
diferença entre aqueles que servem a Deus e os que não o
servem (Malaquias 3.8), e os crentes são separados devido
ao seu estado de santificação. Os crentes necessitam ser
diferentes dos demais habitantes do mundo, pois esses:
a) São lavados no sangue de Jesus.
b) Possuem o nome escrito no Livro da Vida.
c) Estão esperando a volta de Jesus.
d) São o templo do Espírito Santo de Deus.
e) Experimentaram o Novo Nascimento.
E aqueles:
a) Não conhecem a Jesus como Salvador.
b) Não possuem o nome no Livro da Vida
c) São escravos de Satanás e vivem presos em seus laços.
25
d) São sinagogas de Satanás.
e) Nunca nasceram de novo para entrarem no reino dos
céus.
Ora, então, tem que haver uma diferença!
...―Tenho medo de meu Senhor, o rei, que determinou a
vossa comida e a vossa bebida... Disse o eunuco (Daniel
1.10). Tratava-se de ordens do próprio rei. Não cumpri-las
poderia resultar no abatimento daqueles jovens que,
comparados com outros, poderia denunciar alguma diferença e
acusá-los da mudança no cardápio.
Podemos deduzir daqui que o nosso comportamento pode
atingir a vida das outras pessoas. Podemos entender também
que muitas vezes a segurança e a tranqüilidade dos outros
dependem de nós e de como nos comportamos. Por esse motivo
devemos estar sempre na direção e na orientação de Deus, a
fim de sermos uma bênção onde nos encontrarmos, a fim de
sermos um verdadeiro canal de luz e de bênçãos.
No verso 12 vemos uma demonstração da fé de Daniel, onde
ele faz uma proposta de fé: ...“experimenta, peço-te, os
teus servos durante dez dias, e nos dêem de comer legumes e
a beber água”.
Uma demonstração de fé: se Deus quer que prossigamos
nesse propósito, ele vai atuar e nós teremos sucesso nessa
direção. Quando estamos na direção de Deus, devemos nos
preocupar somente com a nossa parte, porque a parte de
Deus, Ele a proverá. Deus nunca desampara os seus fiéis.
Deus requer que tenhamos o firme propósito da fé. Deus
muitas vezes espera o nosso primeiro passo.
No verso 13 temos a pauta contratual: ―Então se veja a
nossa aparência e a aparência dos demais e então poderás
agir conforme os resultados‖.
Assim foi estabelecido um acordo que foi desenvolvido
durante certo período conforme verso 14: ―Ele atendeu e os
experimentou dez dias‖.
E no fim desse período os resultados: Deus operou
maravilhosamente dando aos seus servos conforto, consolo e
desenvolvimento; diz o verso 15: ―no fim dos dez dias, suas
aparências eram melhores, estavam mais robustos do que
todos os jovens que comiam das finas iguarias da mesa do
rei‖!! É assim mesmo, Deus não desampara aqueles que nEle
confiam, aqueles que nEle esperam. Veja 64.4 do Livro de
Isaías.
A experiência havia dado certo, e o espírito da
tranqüilidade atingiu a todos, e no verso 16 encontramos
registrado o sucesso: ―com isso o cozinheiro chefe tirou
deles as finas iguarias e o vinho a eles destinado, e lhes
26
servia legumes com água‖, consolidando um novo cardápio com
duas dietas diferentes.
Assim prosseguiu Daniel e seus companheiros, ao longo
daquele estágio cuja duração foi de três anos. Deus em tudo
os abençoava. Especialmente a Daniel. O verso 17 refere que
Deus incrementou-lhes o conhecimento, a inteligência em
toda cultura e sabedoria. Mas a Daniel Deus o presenteou
com um dom especial: O dom de interpretar sonhos e visões.
Podemos deduzir daqui e com muita clareza, que é Deus quem
dá a sabedoria, quem dá o conhecimento e a inteligência. A
nós nos cabem ―buscar‖ e ―manter‖ essas dádivas oriundas em
Deus.
A Bíblia não fala em detalhes desse período se não o que
já foi exposto, e assim chegamos ao final desse ―estágio‖.
Vencido o tempo determinado para que esses jovens fossem
formados em toda ciência e cultura dos caldeus, os jovens
foram submetidos à prova final, e essa não foi na escola!
Não foi aplicada pelos professores do convívio diário, mas
foi aplicada pelo próprio rei. A prova final foi do tipo
oral. As provas orais são as mais difíceis no âmbito da
avaliação de aprendizado.
Quando, em épocas passadas, na época em que eu cursei os
cursos fundamentais, me lembro muito bem, quando eu era
submetido a esta técnica de avaliação. O exame oral era o
pavor dos alunos, e tínhamos que estudar a fim de conhecer
a matéria e sermos desinibidos ao sermos examinados.
Tínhamos que nos expressar bem, não era somente saber a
matéria. Ali, diante do rei, a situação não era diferente,
pelo contrário, era mais complicada, pois se tratava do
próprio rei.
Agora estamos na presença do rei (verso 18).
O verso dezenove nos apresenta os resultados finais:
entre todos os estudantes da mesma época, não foram achados
outros como Daniel e seus companheiros. Eles tinham se
destacado como os melhores de todos. Deus é fiel! A
fidelidade de Deus não é medida pela extensão da nossa,
graças a sua misericórdia e seu infinito amor. Aqui temos a
operação de Deus naquelas vidas.
Esse ―todos‖ inclui não somente os companheiros dos
jovens judeus, oriundos de outras nações, mas também os
sábios, mágicos, astrólogos e toda sorte de ―doutor‖
naquela época. É só ver o verso vinte onde temos: “Em toda
matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei
lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que
todos os magos e encantadores que havia em todo o seu
reino”.
27
Como consequência disso, esses jovens judeus foram
escolhidos, entre todos, para permanecerem na presença do
rei.
Aqui temos outro ensinamento muito importante: Não é
nenhuma humilhação para um ―líder‖ (de qualquer natureza)
agrupar um conjunto de assessores formados por pessoas
inteligentes e sábias, pois elas em muito poderão
contribuir para o seu sucesso. Ninguém é tão sábio que
dispensa o conselho, ninguém é tão sábio de modo a não ter
o que aprender com alguém.
No verso 21 temos que Daniel permaneceu na corte até o
rei Dario. Daniel resistiu durante três grandes reis:
Nabucodonosor, Dario e Ciro. Todos entenderam o quanto
Daniel podia ser útil. Assim Daniel ocupou posição de
grande destaque, posição privilegiada, tendo atingido em
sua vida maior honra do que José, pois este foi governador
apenas do Egito, e Daniel o foi no maior império mundial
existente até os seus dias.
Daquilo que já estudamos até aqui, já podemos deduzir
que:
1- Deus é como um pai, se necessário for, corrige os
seus filhos, embora isso possa lhe causar maior dor. Deus
corrigiu o povo de Israel utilizando-se da Babilônia como
instrumento da correção. Veja o que está escrito em
Apocalipse 3 verso 19.
2- Deus também chama jovens sábios e fortes para o seu
trabalho e espera deles fidelidade e santificação. Os
jovens fazem parte ativa dos exércitos de Deus. Sabemos que
ser fiel a Deus no período da mocidade é muito mais
difícil, mas veja o que diz em Lamentações 3 verso 27:
“Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade”.
3- O período da mocidade se caracteriza pela força e
pelas falta de experiência; devendo se juntar a isso a
longa expectativa de vida nesse período. Por essa razão
servir a Deus acaba sendo mais difícil nesse período. Mas a
Bíblia tem um estimulo ou uma advertência para os jovens,
em Eclesiastes capitulo 12 e verso 21, onde diz ―Lembra-te
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham
os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho
neles prazer”.
4- Deus honra a fé de seus servos e é fiel em todos os
momentos de nossa vida.
5- Deus está atento ao desejo dos nossos corações quando
nosso desejo é para glória do nome do Senhor. Veja Salmo
37.4.
6- Satanás é muito astuto, inteligente e sutil, sempre
ataca de modo imperceptível e sempre pelo lado mais fraco
28
das pessoas. Tudo parece ser natural, não tem nenhuma
aparência de maldade, mas é uma armadilha.
7- Até esse ponto entendemos também que a sabedoria, a
inteligência e o conhecimento são atributos de Deus.
Na verdade, a sabedoria é um dos atributos eterno de
Deus. Veja Provérbios 8.23 em diante e leia sobre a
sabedoria e o verso 26 diz assim: “Ainda ele não tinha
feito a terra, nem os campos, nem sequer o princípio do pó
do mundo”.
29
CAPÍTULO 2
DANIEL E O SONHO DE NABUCODONOSOR
O capítulo dois é o único capítulo profético contido
nesta parte histórica do Livro de Daniel. Trata-se da
primeira profecia sobre os quatro reinados mundiais. Esses
reinos mundiais abrangem desde os dias de Daniel e se
estendem até a volta de Jesus. Veremos que após o final
desses reinados, Jesus estabelecerá o seu reino, o qual
além de mundial será eterno e cheio de paz. Esse capítulo 2
é o capítulo mais extenso do livro, tanto no sentido
literal, como no sentido espiritual quando consideramos a
extensão da profecia:
a) Sentido literal - é o maior capítulo do Livro de
Daniel.
b) No sentido espiritual - fala dos quatro reinados
mundiais, desde os dias de Daniel, até a segunda volta de
Jesus em poder e grande glória.
Vamos dividir o capítulo dois em seis partes, a saber:
Tema versículos
a) O sonho do rei 1 a 13
b) Daniel recorre a Deus 14 a 18
c) O Deus da revelação 19 a 30
d) A revelação do sonho 31 a 35
e) A interpretação do sonho 36 a 45
f) A recompensa 46 a 49
a) O SONHO DO REI
Capítulo 2.1 - 13
1 - No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve
este sonho; o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o
sono.
2 - Então o rei mandou chamar os magos, os
encantadores, os feiticeiros, e os caldeus, para que
declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e
se apresentaram diante do rei.
3 - Disse-lhes o rei: Tive um sonho; e para sabê-lo está
perturbado o meu espírito.
4 - Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive
eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a
interpretação.
5 - Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é
certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação,
sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
30
6 - mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação,
recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação.
7 - Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho
a seus servos, e lhe daremos a interpretação.
8 - Tornou o rei, e disse: Bem percebo que quereis ganhar
tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido,
9 - isto é: Se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença
será vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas
para as proferirdes na minha presença, até que se mude a
situação; portanto dizei-me o sonho, e saberei que me podeis
dar-lhe a interpretação.
10 - Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram:
Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei
exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse
sido, que exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou
caldeu.
11 - A cousa, que o rei exige, é difícil, e ninguém há que
a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não
moram com os homens.
12 - Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
matassem a todos os sábios de Babilônia.
13 - Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os
sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que
fossem mortos.
Esse capítulo introduz as atividades proféticas de Daniel e
o inicia no exercício de interpretar sonhos e visões. Já
vimos, no verso 17 do capítulo 1, que Deus dotou a Daniel desse
dom especial.
Os quatros judeus não se achavam na sociedade, eles ainda
se encontravam fazendo aquele aperfeiçoamento inicial e não
eram, portanto, reconhecidos como magos ou sábios ou adivinhos,
mas já eram conhecidos pela sabedoria que possuíam a qual era
fora do normal.
A profecia desse capítulo se estende por todo o período do
governo humano, isto é, até o final dos tempos. É, portanto uma
profecia atual. Parte dela já se cumpriu. Ela fala de quatro
impérios mundiais que serão estudados no decorrer do Livro de
Daniel, sendo aqui apenas uma visão panorâmica e global desses
quatro impérios. Desses impérios três já são passados e se
cumpriram com fidelidade absoluta. Trata-se de uma antevisão
panorâmica da história humana.
Inicia com um sonho que foi esquecido, envolvendo o rei de
Babilônia, Nabucodonosor. O grande problema desse monarca era
conhecer o significado do sonho; mas ele tinha se esquecido
sobre o que sonhara e qual era o sonho. (Versos 1,2,3).
31
Verso um nos dá a informação da data do sonho: No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve este sonho; a parte final
desse versículo fala da preocupação do rei a seguir do sonho: o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o sono.
Reuniu então, o rei, os mais importantes magos, adivinhos,
feiticeiros, caldeus e ainda os sábios e propôs-lhes que lhe
dissessem qual foi o sonho e qual a sua interpretação. Ver
verso dois.
No verso três temos a exposição do rei: Tive um sonho; e
para sabê-lo está perturbado o meu espírito.
No verso quatro, naturalmente, os magos e seus companheiros
pedem ao rei a descrição do sonho se comprometendo em
interpretá-lo logo a seguir: ―... Ó rei, vive eternamente! dize
o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.
Mas o grande problema é que o rei se esqueceu do sonho! E o
pior é que o rei quer a descrição do sonho e também a sua
interpretação, sendo que nem mesmo ele se lembra daquilo que
sonhou!!!
Ora, interpretar um sonho conhecendo o seu conteúdo, já não
é tarefa muito fácil, imagine isso sem conhecer o sonho.
Assim, o rei na sua ansiedade de se lembrar o sonho e
conhecer a sua interpretação; propõe no verso cinco, uma
verdadeira recompensa, seguida de uma terrível ameaça. Leia
Diante da solicitação dos magos, para que o rei lhes
descrevesse o sonho, o rei lhes diz a respeito do seu
esquecimento, mas não obstante, ele queria o sonho e a
interpretação. Ë nesse momento que o rei lhes apresenta a
promessa da recompensa ou sobre a ameaça do castigo. Ver Daniel
versos cinco e seis.
“Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é certa:
se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis
despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
Mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação,
recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação”.
Nabucodonosor exigia muito, Na verdade, exigia o
impossível!
Lá estava Nabucodonosor sem dormir, agitado e inquieto.
Ele tinha noção de sua exigência e da limitação humana de seus
sábios. A base de tanta preocupação era o receio que o rei
tinha, a respeito de perder o seu trono.
Nabucodonosor associou o sonho com o futuro do seu reinado.
Seu maior desespero era: nem sequer conseguia se lembrar do
próprio sonho, daí a gravidade maior do problema. Esta missão
exigida por Nabucodonosor era extra-humana. Resolver um
problema dessa natureza somente nosso Deus, pois ninguém sabia
siquer qual era o sonho.
32
No verso quatro, podemos observar o comportamento natural
daqueles homens, que foram chamados para esclarecer ao rei
sobre tal sonho, mas não tinham a descrição do sonho.
Magos ou sábios aqui é uma referência aos homens que se
dedicavam e entendiam as escritas mais antigas, tendo, portanto
uma capacidade maior de se esclarecer dentro da história e de
entender melhor as vicissitudes da vida. Entre eles alguns
usavam de feitiçarias e mágicas ou truques e eram conhecidos
também como feiticeiros. Tudo era decorrente do contato que
tinham com literaturas especialmente religiosas. Mas Daniel
tinha um dom divino, recebido de Deus, e por isso era capaz de
interpretar sonhos e visões e distingui-los dos sonhos
decorrentes ―do bucho cheio‖; ou seja, dos sonhos naturais,
decorrentes das ações cerebrais psicológicas, ou até mesmo
pesadelos.
As adivinhações e o poder das feitiçarias, a capacidade
evolutiva deste mundo e até mesmo a sabedoria e poder de
Satanás, é tudo muito limitado. Aqui, nesse caso, se tratava do
futuro da humanidade e por esse motivo somente Deus, o Deus
Onisciente, é que pode discernir e interpretar, sendo essa a
razão de ninguém poder ajudar o rei nessa situação tão
desesperadora.
No verso 6 temos uma promessa de recompensa, até mesmo
gratificante. Mas como alcançar o objetivo do rei sem a
descrição do sonho?
Nabucodonosor propõe: se me declarardes o sonho (verso
seis) e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas e
prêmios, grandes honras, mas é necessário que me dêem o sonho
e sua interpretação.
Isso se constituía num problema humanamente impossível,
pois o rei não se lembrava do sonho!
Conhecendo exatamente onde estava a chave da dificuldade,
os magos, feiticeiros e adivinhos disseram ao rei pela segunda
vez:
―Diga o rei, o sonho a seus servos, e lhe daremos a
interpretação!‖ (verso sete)
Embaraçosa e complicada era a situação daqueles indivíduos,
pois não dispunham do sonho!
Mas o rei não estava para perder tempo. Sua preocupação era
profunda e temia pelo seu trono. Por isso foi colocando um
ponto final, interrompendo o diálogo, dizendo:
―Bem percebo que quereis ganhar tempo,‖ é como se dissesse:
―bem percebo que estais tentando me enrolar‖, por estarem
convencidos a respeito da sentença de morte! (Verso 8).
Todos os magos tinham plena convicção do poder do rei, e
que suas cabeças rolariam com certeza, mas não podiam resolver
33
o problema, porque este era extra-humano. Como interpretar um
sonho sem tê-lo?!
Satanás não pôde ajudar os seus servos ali presentes,
porque Satanás não tem onisciência das coisas; não sabe nada
sobre o futuro; porque o futuro está somente em Deus. O
problema era sobre-humano, e sobre-satânico também! Nenhum
demônio poderia ajudar; nenhum mago ou feiticeiro poderia
resolver aquele desafio.
No verso nove há um reforço da ameaça:‖se não me fazeis
saber o sonho, uma só sentença será vossa; pois combinastes
palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha
presença, até que se mude a situação; portanto dizei-me o
sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.
É como se Nabucodonosor trocasse em miúdos a sentença e o
faz em alta voz e bom tom:
―Se não me fazeis saber o sonho, uma só será a vossa
sentença: a morte.‖ Nabucodonosor foi taxativo: ―Dizei-me o
sonho já, e só assim saberei que são capazes de fazê-lo, e até
posso esperar um pouco pela interpretação‖ (verso nove).
Mas a situação não dependia dos homens, já que
Nabucodonosor não se lembrava do sonho a fim de facilitar o
problema.
No verso dez, os caldeus expõem a situação ao rei:
“Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há
mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois
jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que
exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou caldeu.
A cousa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa
revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com
os homens”.
Mas o rei não se sensibilizou, pelo contrário, ficou
enfurecido. Pois exigia não só o sonho, mas também a
interpretação.
O rei se achava no direito de exigir, ainda que fosse o
impossível, porque ele era o maior de todos os reis não havendo
rei que fosse superior a ele, até então na história. Por esse
motivo, ele exigia: quero o sonho e a interpretação, caso
contrário, morrem todos! E logo!!! Veja verso 12:
Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
matassem a todos os sábios de Babilônia.
Mas efetivamente os magos, sábios e caldeus ou feiticeiros
não foram capazes de resolver o problema, e o rei se irou muito
mandando matar a todos. Ver verso 12:
Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os
sábios;...
34
Como o rei não estava para perder tempo, já emitiu o
decreto, segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios de
Babilônia.
Nabucodonosor pensava assim: ter os magos, sábios e
encantadores para não resolverem nada é melhor não tê-los,
assim já se sabe que não podemos contar com eles. E condenou à
morte todos os sábios da Babilônia. Todos deveriam ser mortos.
Nessa hora se lembraram de Daniel e de seus companheiros.
Veja ainda no verso 13 em sua parte final:...e buscaram a
Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
Daniel e seus companheiros não foram lembrados na hora da
solução daquele problema insolúvel, mas não foram esquecidos na
hora de pagar a conta.
Na verdade aquela foi uma tentativa de Satanás para
destruir a Daniel e seus companheiros.
Vamos ver a atitude de Daniel e de seus companheiros quando
foram procurados para serem mortos, devido ao decreto do rei.
B) DANIEL RECORRE A DEUS
Daniel 2.14-18
14 - Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque,
chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de
Babilônia.
15 - E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão
severo o mandado do rei? Então Arioque explicou o caso a
Daniel.
16 - Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o
tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.
17 - Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a
Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
18 - para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre
esse mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não
perecessem, com o resto dos sábios de Babilônia.
Tendo então saído o decreto do rei para que fossem mortos
todos os sábios, Arioque, o chefe da guarda do rei, responsável
pela execução do decreto, foi buscar a Daniel e seus
companheiros. (verso quatorze)
Daniel não sabia nada sobre o acontecido. Como já disse,
dele não se lembraram a fim de resolver o problema, mas não se
esqueceram na hora de pagar a conta.
De forma muito prudente, procurou saber o porquê de tanta
agressividade do rei, e pergunta ao chefe dos soldados: “Porque
é tão severo esse decreto do rei?”. Arioque deve ter explicado
a Daniel todo o fato acontecido de forma bem detalhada e
precisa. (verso quinze).
35
Daniel, o rei teve um sonho que o deixou muito perturbado,
tendo chegado a ponto de perder a paz e o sono. Ele quer saber
qual a relação entre esse sonho e o trono.
Para se esclarecer e para que tivesse de volta a paz e
tranqüilidade, mandaram chamar a todos os sábios, os magos, os
encantadores, os feiticeiros e os caldeus a fim de que
interpretassem o sonho.
Mas o grande problema é que o rei não se lembra do sonho e,
além da interpretação, ele quer também a revelação do sonho e
isso não foi possível. O rei ficou furioso, muito furioso pela
incompetência total de tantos sábios e mandou matar a todos.
Você não foi convidado para participar, mas você é
considerado um gênio, você e seus companheiros.
Conheço a sua fama e a fama de seus companheiros quando se
tratam de inteligência, conhecimento e sabedoria, portanto
estão acima da média, e quem está acima da média é sábio, logo
tem que morrer também!
Após escutar toda a explicação de Arioque, diz o verso
dezesseis que Daniel foi ter com o rei.
Sem dúvida alguma, aqui nesse ponto, já há a intervenção
das mãos de Deus, pois Daniel não tinha nem sequer o direito de
saber, porque estava condenado à morte. O rei decretou e
pronto! Quem é Daniel, escravo estrangeiro, para fazer
perguntas, pois nem foi convidado para tentar a solução do
problema?
Mas não foi só isso, Daniel foi até a presença do rei, e
isso aconteceu quando os sábios já estavam condenados à morte.
Entretanto o rei estava tão ansioso em saber sobre o sonho,
que não perdeu a última e possível chance de saber sobre o seu
futuro, se estava ou não relacionado com o trono, e assim
Daniel pediu ao rei que lhe desse tempo para resolver o
problema.
Daniel expressou ali um ato de fé: ―Dá-me tempo, ó rei, e
te darei a solução. Eu te revelarei o sonho e te darei a
interpretação”. Ver verso 16.
Uma demonstração de fé, um compromisso extraordinariamente
sério, pois não havia mortal que resolvesse tal problema; mas
Daniel tinha o Espírito do Senhor. Certamente conhecia a
expressão de Davi. “Entrega o teu caminho ao Senhor e confia
nele, e ele tudo fará”. Salmo 37.5.
O rei também já não tinha alternativa: saber mesmo sobre o
sonho até esse momento, nada!! Quem sabe esse moço me dá alguma
luz! Se com os sábios vivos, Nabucodonosor não tinha esperança,
com todos mortos a situação seria mais difícil ainda! Assim,
Nabucodonosor não tinha escolha, era pegar ou largar. Afinal,
havia um restinho de esperança. Nabucodonosor permitiu a Daniel
um certo tempo, suspendendo temporariamente sua sentença. Na
36
verdade o rei queria era saber sobre o sonho e não matar os
sábios de Babilônia. Assim Daniel foi para casa conforme
esclarece o verso dezessete e saiu da presença do rei confiante
em Deus; confiante que Deus o poderia salvar, não somente a
ele, mas também a todos os sábios da Babilônia. Chegando em
casa, convocou os companheiros a fim de que entrassem em
oração. (Verso dezoito).
Daniel entrou pela porta certa, e recorreu ao endereço
certo: A ORAÇÃO a fim de recorrer à misericórdia do Deus do
céu.
Esse é o caminho pelo qual devemos trilhar, na hora da
angústia, na hora do problema insolúvel, na hora da tribulação.
Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza e socorro bem
presente na angústia. Salmo 46.2.
Para Deus não há o impossível. Ver Lucas 1.37.
Para Deus não há limitação, suas mãos não estão encolhidas
para que não possa salvar e seus ouvidos agravados para que não
possa ouvir. Isaías 59.1
Nós não sabemos qual foi o tempo dado a Daniel. Sabemos
apenas que antes que se esgotasse esse prazo, o Deus dos seus
antepassados lhe revelou o mistério. Seguramente nesta noite
Daniel e seus companheiros passaram a noite em vigília e
oração.
Podemos deduzir aqui, que existe uma parte que é nossa na
aquisição de uma bênção da parte de Deus para nós. Deus atua em
nossas vidas, mas precisamos tomar parte na bênção de Deus para
nós.
c) O DEUS DA REVELAÇÃO
Daniel 2.19-30
19 - Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de
noite; Daniel bendisse o Deus do céu.
20 - Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus de
eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 - é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e
estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos
entendidos.
22 - Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que
está em trevas, e com ele mora a luz.
23 - A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te
louvo, porque me deste sabedoria e poder; e agora me fizeste
saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do
rei.
24 - Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei
tinha constituído para exterminar os sábios de Babilônia;
entrou, e lhe disse: Não mates os sábios de Babilônia;
37
introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a
interpretação.
25 - Então Arioque depressa introduziu Daniel na presença
do rei, e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de
Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
26 - Respondeu o rei, e disse a Daniel cujo nome era
Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua
interpretação?
27 - Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O
mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos, nem
astrólogos o podem revelar ao rei;
28 - mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios;
pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos
dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça quando estavas no
teu leito são estas:
29 - Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te
pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele,
pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser.
30 - E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja
em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que
a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses
as cogitações da tua mente.
Daniel e seus companheiros tinham pela frente uma difícil e
delicada missão. Entraram pelo caminho da oração e diz o verso
dezenove que o mistério foi revelado numa visão, à noite.
Seguramente Daniel e seus companheiros não estavam dormindo. A
situação era muito grave para conseguirem dormir. Quero crer
que estavam em oração e Deus visitou a Daniel numa visão à
noite. Ao receber a dádiva da revelação do sonho, Daniel
louvou ao Senhor que honrou a sua fé, e com cânticos, louvou a
Deus (Versos 20-23).
Esse Deus entre outros atributos é o Deus da revelação:
“Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em
trevas, e com ele mora a luz” (Daniel 2.22).
Agora, mais aliviado, e com um coração tranqüilo, de posse
da solução de um problema insolúvel, dentro das condições
humanas, onde se incluía também o próprio Daniel, cuja
revelação (solução do problema) teve origem divina.
De posse da bênção, Daniel enaltece o nome do Senhor e lhe
rende glórias.
Veja os versos dezenove ao vinte e três onde Daniel bendiz
ao Deus do céu e prossegue nos versos seguintes. No verso vinte
dois, Daniel diz que é Deus quem revela o profundo e o
escondido. No verso vinte e três, Daniel agradece a Deus pele
revelação do sonho do rei. Isto se constitui numa verdadeira
lição para nós. Muitas vezes nós só nos preocupamos em receber
a bênção e, uma vez recebida, nos alegramos tanto que
38
esquecemos de agradecer, nós esquecemos de louvar ao Senhor e
bendizer seu santo nome.Devemos, antes de tudo, agradecer a
Deus pelas dádivas, porque não as merecemos da parte de Deus,
mas Deus é fiel e misericordioso para conosco.
Daniel, agora de posse da bênção, procura o chefe da
polícia palaciana, Arioque, o chefe da guarda do rei para
trazer-lhe a boa noticia.
Arioque aguardava apenas esgotar o tempo dado pelo rei a
Daniel. Ele não acreditava que Daniel tivesse condições de
resolver tal problema. Era simplesmente um jovem inexperiente,
apesar de muito letrado e cheio de sabedoria. Arioque já se
achava como que executando as ordens do rei. Mas de repente,
eis que surge Daniel na sua presença, e lhe diz:
...Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na
presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. Daniel
2.24.
Arioque não queria acreditar em Daniel, mas o momento não
era para brincadeiras, o assunto era muito sério e o rei era
muito autoritário. Arioque achou por bem introduzir Daniel na
presença do rei.
Arioque não perdeu a oportunidade de autopromoção, não
perdeu a oportunidade de dizer ao rei que muito fizera por
encontrar alguém capaz de resolver tamanho problema. Mas na
realidade ele nada tinha feito pelos sábios e nem tão pouco por
Daniel ou pelo rei, mas se apresentou dizendo:
DANIEL 2.25 - ...“Achei um dentre os filhos dos cativos de
Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
Comportou-se como se tivesse ―procurado muito‖. (verso
vinte e cinco).
De qualquer forma temos Daniel, e agora está na presença de
um rei que:
a) Se acha extremamente ansioso, verdadeiramente perturbado
a fim de saber o que sonhou e seu significado.
b) Estava descrente quanto a alguém conseguir alcançar tal
objetivo, pois já se convencera de que era humanamente
impossível e eles não tinham acesso aos deuses.
c) Estava agoniado em saber sobre o futuro de seu trono, de
seu reinado, se estava ou não comprometido.
Por isso sua primeira atitude foi perguntar a Daniel:
“Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e sua
interpretação?”(Verso vinte e seis).
Mas Daniel, ciente do papel de seu Deus, antes de atender a
ansiedade do rei, faz-lhe uma breve apresentação do Senhor,
Deus de seus ancestrais, o Deus revelador de mistérios e disse-
lhe:
“O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos,
nem antropólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos
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céus que revela os mistérios, pois fez saber ao rei, o que há
de ser nos últimos dias”. (Versos 27,28).
E assim Daniel tranqüilizou a Nabucodonosor, e não
aproveitou a oportunidade para autopromoção e nem roubou a
glória de Deus. No verso 30, temos:
DANIEL 2.30 - E a mim me foi revelado este mistério, não
porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os
viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei,
...
O crente temente a Deus, não é oportunista, com relação a
benefícios próprios, mas o é para exaltar a Deus, enaltecer o
seu santo nome e render-lhe glórias.
Agora, Daniel se posiciona para:
Primeiro: passar o sonho ao rei.
Segundo: interpretá-lo ali na presença do rei.
d) A REVELAÇÃO DO SONHO
Daniel 2.31-35
31 - Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande
estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor,
estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
32 - A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de
prata, o ventre e os quadris de bronze;
33 - as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte
de barro.
34 - Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem
auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e
os esmiuçou.
35 - Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o
bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das
eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais
vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em
grande montanha que encheu toda a terra.
A visão aqui descrita corresponde ao sonho de
Nabucodonosor, do qual tinha se esquecido. Trata-se de uma
visão dada a um gentio, envolvendo o mundo todo, desde
Nabucodonosor, até a segunda volta de Jesus, ali representados
por Nabucodonosor com seu sonho e Daniel.
Trata-se de uma visão que se estende até o tempo do fim.
Essa expressão ―tempo do fim”, se refere ao final da
dispensação da graça. Coincide com os tempos dos gentios,
relatado em Lucas 21.24 pelo próprio Jesus. É uma visão que
resume os quatro grandes impérios mundiais, que abrangeriam
todo o período, até a segunda volta de Jesus.
40
Aqui os quatro metais representam os governos nos quatro
impérios universais. Vamos esmiuçar um pouco melhor a estátua
ou a visão de Nabucodonosor.
No verso trinta e um, Daniel informa ao rei que ele se
achava ―vendo‖. Podemos entender que Nabucodonosor olhava como
quem observa o horizonte, quem sabe admirando a beleza natural
em seu reino, ou imaginando quão extenso era seu domínio;
quando, absolvido pelas suas idéias, vê uma grande imagem de
extraordinário esplendor que estava diante dele.
Essa visão foi decorrente de dois fatos, a saber:
1º - Nabucodonosor estava sem sono em seu leito e refletia
sobre sua soberania e a soberania de seu reino. (ver verso
vinte e nove). Quando teve aquela visão, perturbou-se muito em
seu espírito e sentiu um temor profundo quanto ao futuro do seu
reinado. Essa era a raiz da sua preocupação em relação ao
sonho
2º - Deus tinha uma revelação profética para todo o mundo,
através de Daniel.
Daniel ao revelar o sonho de Nabucodonosor, descreveu uma
visão onde Nabucodonosor via uma estátua com aparência
terrível. Na descrição da estátua, provavelmente Daniel quis
enfatizar a intensidade de seu esplendor, portanto a capacidade
da imagem em impressionar quem a via. A visão era de uma emoção
impressionante. Era difícil descrevê-la. Essa estátua era, como
veremos, um símbolo do poder gentio.
Os versos 32 e 33 descrevem essa imagem:
A cabeça era de ouro fino. O peito e os braços eram de prata. O ventre e os quadris eram de bronze. E as pernas eram de ferro e os pés de ferro e barro. O rei contemplava, como que estupefato, aquele esplendor,
que significa e representa o esplendor, a imponência, a
grandeza dos governos humanos, especialmente os impérios
mundiais.
Mas de repente, não mais que de repente, surgiu como que do
nada, uma pedra, sem auxílio de mãos, que veio e feriu a
estátua nos pés. Atentar para o detalhe; nos pés! Não foi na
cabeça; não foi no coração, não foi no peito, mas nos pés. E
com o choque dessa pedra, que esmiuçou inicialmente os pés,
esmiuçou a seguir toda a estátua: pernas, quadril, ventre, etc.
até a cabeça.
Esmiuçou-a. Isso quer dizer: quebrou-a em pedaços tão
pequeninos de modo que o vento levou. Então a extraordinária
estátua ―virou pó‖.
41
A pedra não apresentava violência, mas o impacto do choque
foi de efeito extraordinário. Note que a pedra atingiu a
estátua nos pés, mas esmiuçou toda a estátua, sem sobrar nada,
nem vestígio. Não sobrou nada; não se viu mais nada dela.
Mas a pedra que feriu a estátua começou a crescer, crescer
e ficou muito grande, ao ponto de encher a terra.
Esse é o sonho que Nabucodonosor esquecera e tanto o deixou
perturbado. Essa é a visão que Daniel relatou ao rei, sem que o
rei lhe tivesse dito coisa alguma, mesmo porque houvera se
esquecido do sonho. Nabucodonosor concordou com Daniel. Sem
dúvida era realmente esse o sonho que Nabucodonosor teve
naquela noite e de que havia se esquecido.
Vamos à interpretação porque a revelação do sonho já foi
feita por nosso Deus.
e) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO
Daniel 2.36-45
36 - Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos
ao rei.
37 - Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu
o reino, o poder, a força e a glória;
38 - a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens,
onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves dos
céus, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de
ouro.
39 - Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao
teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre
toda a terra.
40 - O quarto reino será forte como ferro; pois, o ferro a
tudo quebra e esmiuça; como o ferro quebra todas as cousas,
assim ele fará em pedaços e esmiuçará.
41 - Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de
barro de oleiro e em parte de ferro, será isso um reino
dividido; contudo haverá nele alguma cousa da firmeza do ferro,
pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.
42 - Como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em
parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por
outra será frágil.
43 - Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de
lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um
ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
44 - Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um
reino que não será jamais destruído; este reino não passará a
outro povo: esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele
mesmo subsistirá para sempre,
42
45 - como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem
auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a
prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser
futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.
Vemos aqui que aquela estátua (imagem) do sonho de
Nabucodonosor traz a representação de todos os diferentes
governos mundiais, desde Nabucodonosor (no presente) até o
final dos tempos. (futuro num futuro distante).
Por governos mundiais podemos entender um governante cujo
domínio se estenda sobre todos os países que de alguma forma
eram independentes.
Ser submisso a outro país implica em pagar-lhe algum
tributo ou imposto ou algum recolhimento na forma de bem ou
serviço. Então reinado mundial ou império mundial seria um
governo que domina outras grandes potências ou outras nações.
O sonho de Nabucodonosor nos informa, através da
interpretação de Daniel, que haverá quatro desses reinos
incluindo o de Nabucodonosor. Esses quatro reinos seriam
representados:
1- Pela cabeça de ouro fino.
2- Pelo peito e braços de prata.
3- Pelo ventre e quadris de bronze.
4- Pelas pernas de ferro, os pés em parte de ferro,
em parte de barro.
A nobreza decrescente dos metais tem significado em cada
reino. Vamos enfocar cada um desses reinos, os quais também
serão estudados nos capítulos posteriores deste livro.
1- A CABEÇA DE OURO
Cada um desses elementos que compõe esta estátua vai
representar um período da história humana.
No verso 37 nós temos a interpretação de Daniel, que a
cabeça de ouro fino representa o governo de Babilônia. Ali
Daniel diz ao rei Nabucodonosor que ele é o rei de reis, a quem
o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; em
cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que
eles habitassem, e os animais do campo e as aves dos céus, para
que dominasse sobre todos eles, sendo ele mesmo a cabeça de
ouro.
Esse ouro representa a nobreza do rei de Babilônia e a
glória de seu reinado, representado aqui por Nabucodonosor, em
cujas mãos o Deus dos céus entregou o poder, a força e a
glória. Foi esse império que iniciou a contagem do tempo dos
gentios. Nabucodonosor foi o governador mundial de maior poder
e glória em todos os tempos. O fato da decrescente nobreza dos
43
metais está relacionado com a diminuição da nobreza e do poder
dos governos sucessivos.
Nabucodonosor era absolutista e tinha em suas mãos:
a) A vida dos filhos dos homens
b) A vida dos animais do campo
c) As aves do céu.
O poder de Nabucodonosor não tinha limites: ele era o rei,
o chefe de estado, o juiz de direito, o delegado, o papa, o
primeiro ministro; Nabucodonosor era dono da família toda desde
os pais até os filhos; ele fazia e desfazia e não pedia nada a
ninguém. Foi por essa razão que ele determinou a morte dos
sábios da Babilônia, o que seria executado se não fosse Daniel
e seu Deus. Foi Deus quem lhe outorgou tanto poder sobre a
humanidade, sobre os animais e sobre as aves do céu. Veja os
versos trinta e sete e trinta e oito. Já os impérios
posteriores: Persa e Grécia, já não teriam tanta glória e
esplendor.
No verso trinta e nove Daniel revela que depois de
Nabucodonosor se levantará outro reino já inferior ao seu.
Esse reino ―depois de ti‖ referido no verso trinta e nove
se refere ao governo persa que teve a duração de mais ou menos
200 anos, que vai ter início com Dario e Ciro.
2- O IMPÉRIO PERSA
O império persa iniciou com a conquista de Babilônia por
Ciro, o persa, quando dominou a Beltessazar naquela noite no
banquete em Babilônia.
Estudaremos esse reinado com mais detalhes nos capítulos
posteriores. É representado pela prata do peito e dos braços na
estátua. Durou na faixa de duzentos anos e deu lugar ao
terceiro reinado.
O verso 39 fala do segundo e do terceiro reinado, associado
à prata e ao bronze. Esse segundo reinado representado pela
prata do peito e dos braços teve inicio com Ciro, o Persa e o
terceiro, representado pelo bronze dos quadris e do ventre teve
inicio com Alexandre, o Grande. Esse terceiro reinado foi o
reinado dos gregos, iniciado com Alexandre. Aqui ainda temos um
metal de pouca nobreza, mas ainda nobre: o bronze. Ver verso
trinta e nove.
Mas a nobreza do bronze é inferior ao ouro, e também é
inferior à prata; isso aponta para uma demonstração de nobreza
decadente ou que vai diminuindo de um reinado para outro. O
terceiro reinado durou por volta de 250 anos e deu lugar ao
quarto e último reinado mundial, que nesta imagem ou nessa
estátua, é representado pelas pernas de ferro e pés de ferro e
barro.
44
Trata-se do reinado romano, dentro do qual nasceu Jesus.
Verso 40 - Esse quarto reino será forte como o ferro e a
tudo quebra e esmiúça. Esse reinado teve início em 63 a.C. e
foi o reinado que recebeu o Messias e o crucificou.
A estátua de Nabucodonosor tinha duas pernas de ferro, o
que significa que esse reinado teria dois ramos, o que
realmente ocorreu. Por volta do ano de 476 d.C., ocorreu a
cisão do império romano que se dividiu em dois ramos, um com
sede em Constantinopla e outra com sede em Roma.
Descendo mais para os pés nós temos aí uma mistura de ferro
com barro, e temos dez dedos. Posteriormente estudaremos com
detalhes esse fato, mas no momento vou dizer apenas que esse
―pé com dez dedos‖ se refere a uma época que ainda não chegou,
ainda é futuro para nós, mas que acontecerá no desenvolver da
Septuagésima Semana de Daniel. Isso implica na existência de um
intervalo na vigência desse império. Após a queda de
Constantinopla em 1453 os romanos perderam a hegemonia e
deixaram de ter autoridade sobre outros países, mas sem dúvida
esse reinado terá de se restabelecer e voltar a atuar como
reino universal, onde teremos os dez reinos que representam os
dedos dos pés da estátua. Esses dez reinos terão uma relação
direta com o Anticristo. Esse assunto é mais bem detalhado no
Livro de Apocalipse, que apresenta mais pormenores dessa época.
Daniel, em nenhum momento, apresentou ou se referiu à
Igreja em suas profecias. Também não houve nenhum profeta que
profetizasse sobre a Igreja. Na verdade a Igreja vive um
período especial, chamado período da graça. Esse período não é
contado, nem considerado nas profecias que falam do futuro,
porque não tem relação com Israel. Nesse período Israel está
desligado da figueira verdadeira e se comporta como desviado do
caminho do Senhor. Os Judeus ainda não aceitaram a Jesus como
Messias, e nem O admitiram como Filho de Deus.
Os versos quarenta e um e quarenta e dois falam sobre esse
reinado, no final, se refere aos dez dedos da estátua do sonho
de Nabucodonosor. Aqui nós temos esclarecimento sobre a mistura
ferro, barro e lodo, que aliás não se misturam de forma real,
apenas permanecem juntos. Lodo é uma mistura insalubre e úmida.
Isso fala da fragilidade desse reino ao mesmo tempo em que será
um reinado forte.
No verso quarenta e três temos uma referência que fala de
mistura e casamento, mas que não resultará em mistura. Aqui nós
temos uma referência profética que será estudada lá no capítulo
onze, quando estudarmos o versículo seis. Este reinado será um
reinado forte, pois tem também o ferro além do barro, mas como
o ferro não se une ao barro, e ainda se tem lodo nessa mistura,
também a união desse governo será frágil e efêmera, devendo
predominar o ferro, que é o governo romano ressurgido.
45
DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que
há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua
interpretação.
No verso quarenta e quatro temos o final desse período; o
final desse reinado, que será o último. Daniel diz que ―nos
dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será
jamais destruído; este reino não passará a outro povo:
esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo
subsistirá para sempre”. Aqui nós temos uma referência nítida a
respeito da volta de Jesus com poder e grande glória. Aqui
entendemos que o Reino Milenar de Cristo será implantado por
Deus e será Ele quem esmiuçará e consumirá todos os reinos.
Também observamos aqui no verso quarenta e quatro que uma vez
iniciado o reinado de Jesus, que aqui na terra será o Rei dos
reis e Senhor dos senhores, Jesus nunca mais deixará de ser
Rei. O reinado eterno de Jesus iniciará no Milênio e se
estenderá para a eternidade sem fim.
Ao final do Milênio Jesus entregará o reinado ao Pai e
Deus será o gerenciador Eterno, já no Estado Eterno. Ver 1
Coríntios 15.24
Jesus não receberá o reino de mãos humanas, pois é Ele quem
dá os reinos e quem os estabelece, mas o seu reinado Ele o
tomará pela força de seu poder. Jesus receberá do Pai a
autoridade de Rei (ver Daniel 7.13,14). Jesus será Rei, e nós,
a Igreja, reinaremos com Ele. Mas ao final do Milênio, após
ser exterminada a existência humana natural, Jesus devolverá o
reino ao Pai.
Aquela pedra, que sem auxílio de mãos humanas fere o pé da
estátua e a destrói toda, é Jesus, manifesto em sua segunda
vinda, que será cheia de poder e grande glória.
Nessa vinda, aniquilará a besta que saiu do mar, a besta
que saiu da terra e o dragão. A Bíblia faz referência a Jesus
como pedra em outras referências: Atos 4.11; 1 Coríntios 10.4;
Mateus 25.31,32; 2 Pedro 2.4-7; Lucas 19.14; Lamentações 4.6
DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que
há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua
interpretação.
No verso quarenta e cinco fica claro que a estátua foi
destruída TODA (desde a cabeça até os pés) num só instante pela
pedra, sem auxilio de mãos, que esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. Essa estátua representa o governo
humano neste mundo, desde Nabucodonosor até o final e a pedra
tipifica a Jesus em sua segunda vinda.
46
Na verdade, Nabucodonosor não entendeu bem a respeito da
interpretação, porque esta é de grande abrangência, mas
entendeu o suficiente para lhe trazer a paz. Aquela visão e a
sua interpretação diz respeito ao futuro próximo de
Nabucodonosor, mas também a um futuro distante, envolvendo a
judeus e gentios, e de tal profundidade que não foi possível
entendê-la em toda sua extensão. Nabucodonosor ficou contente
com a parte que lhe coube. Estava ansioso para saber sobre seu
reino e seu futuro, e agora sabia. Assim Daniel salvou-se a si
mesmo e a seus companheiros e também a todos os sábios,
caldeus, magos e astrólogos, contemporâneos seus, pois, sem o
sonho e sua interpretação,estavam todos condenados.
Assim cumpriu Nabucodonosor suas promessas e reconheceu a
soberania de Deus, chamando-o por ―Deus dos deuses‖ e o ―Senhor
dos reis‖ e ainda revelador dos mistérios, como se lê no verso
quarenta e sete.
Vamos ver, agora, sobre a recompensa nos versos 46-49.
f) A RECOMPENSA
Daniel 2.46-49
46 - Então o rei Nabucodonosor se inclinou e se prostrou
rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem
oferta de manjares e suaves perfumes.
47 - Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é Deus
dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios,
pois pudeste revelar este mistério.
48 - Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e
grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província
de Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os
sábios de Babilônia.
49 - A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província de
Babilônia; Daniel, porém, permaneceu na corte do rei.
Nabucodonosor, agora de posse da interpretação do seu
sonho, reconhece a participação de Deus nesse processo. No
verso quarenta e seis e quarenta e sete nós vemos, pela
primeira vez, O grande Nabucodonosor se inclinando e prostrando
seu rosto em terra, perante um homem, seu súdito. Nabucodonosor
desce de seu mais alto pedestal e se inclina num gesto de
humildade diante de um novo Deus que ele não conhecia,
reconhecendo que esse Deus é o Deus dos deuses. Essa cena nos
dá a idéia da extensão de sua admiração pela consumação do
fato, mesmo porque sua fatia no bolo não era a pior. Deus lhe
houvera sido longânimo e ele fez honrar a Daniel com oferta de
manjares e suaves perfumes.
47
No verso quarenta e sete, Nabucodonosor reconhece o Deus
dos judeus, o Deus para ele desconhecido até então, como
revelador de mistérios, dizendo para Daniel: ―Certamente, o
vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o
revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”.
Verso 48:- Nabucodonosor, numa forma de agradecimento, e
muito mais para tê-lo a seu lado, fez Daniel chefe supremo de
todos os sábios na Babilônia e ainda o colocou como governador
de todas as províncias de seu reino.
Aqui inicia a glória de Daniel, que foi maior que a de
José.
José foi governador do Egito, mas Daniel o foi de todas as
províncias de Babilônia e chefe supremo de toda sabedoria.
Convém salientar também, nesta altura, que Daniel não se
esqueceu de seus companheiros. Na hora da aflição Daniel
lembrou de procurá-los (versos 17,18) a fim de que
intercedessem a Deus em oração. Quando Daniel os procurou foi
prontamente atendido e juntos passaram noites em oração; agora
de posse das bênçãos, Daniel não poderia esquecê-los. Agora
Daniel é glorificado e poderia ter se esquecido de Misael,
Azarias e Ananias, mas não foi assim. Isso é mais que uma lição
para nós.
O verso 48:- diz que: A pedido de Daniel constituiu o rei,
a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios de
Babilônia.
Poucos homens, nesse mundo, tiveram a glória de Daniel,
cuja glória se estendeu até o reinado de Dario e de Ciro.
Assim chegamos ao final do capítulo dois do Livro de
Daniel, como pudemos ver. Um capítulo profético cuja profecia
abrange toda a história humana.
Agora vamos prosseguir na parte histórica desse livro,
estudando o capítulo três.
48
CAPÍTULO 3
A ESTÁTUA DE NABUCODONOSOR
Esse é o capítulo da colossal estátua de Nabucodonosor,
que não se deve confundir com a estátua do sonho do capítulo
dois. É o capítulo da fornalha de fogo. Podemos dividi-lo em
quatro partes:
A imagem de ouro de Nabucodonosor: Versos 1-7 A grande recusa. Versos 8-18 A fornalha de fogo. Versos 19-25 A exaltação ao Deus de Daniel. Versos 26-29
a) A IMAGEM DE OURO DE NABUCODONOSOR
Daniel 3.1-7
1 - O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha
sessenta côvados de alto e seis de largo; levantou-a no campo
de Dura, na província de Babilônia.
2 - Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas,
os prefeitos e governadores, os juizes, os tesoureiros, os
magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das
províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei
Nabucodonosor tinha levantado.
3 - Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e
governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os
conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a
consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado;
e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha
levantado.
4 - Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós
outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas:
5 - No momento em que ouvirdes o som de trombeta, do
pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e
de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem
de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.
6 - Qualquer que se não prostrar e não a adorar, será no
mesmo instante lançado na fornalha de fogo ardente.
7 - Portanto, quando todos os povos ouviram o som da
trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, e de
toda sorte de música, se prostraram e os povos, nações e homens
49
de todas as línguas, e adoraram a imagem de ouro que o rei
Nabucodonosor tinha levantado.
Nabucodonosor já se esquecera do Deus revelador dos
mistérios, o Deus que ele havia reconhecido como Deus dos
deuses. Movido em seu egoísmo, embriagado em seu poder, e na
glória de sua majestade, construiu uma imagem que tencionava
instituir como Deus. Era uma colossal imagem, cuja altura era
de sessenta côvados e cuja largura era de seis côvados, e
escolheu a província de Dura como sede de sua mais recente
inovação.
Para se ter uma idéia melhor sobre essas dimensões, elas
equivalem às dimensões da estátua da Liberdade em Nova York e
corresponde a um prédio de dez andares, próximo de trinta
metros de altura e três metros de largura, e tudo de ouro.
Assim podemos avaliar de forma grosseira, de quanto ouro
dispunha o rei. Não se sabe sobre quem a imagem representava:
se Bel, se Nebo ou se o próprio Nabucodonosor, sendo os dois
primeiros, deuses babilônicos. Há quem diga que a imagem era a
figura do rei, mas não há bases para tal afirmação.
Porque será que Nabucodonosor fizera tal proeza? Seria
apenas por vaidade? Seria por que tinha muito ouro e não sabia
o que fazer com ele?
Não, não creio. Embora isso tenha sido fator relevante;
Nabucodonosor tinha um interesse político na coisa.
Nabucodonosor sabia a importância da religião na vida do ser
humano e procurou uma forma de achar um único Deus para todo o
seu reino.
Procurava um Deus que lhe fosse confortável e que pudesse
unir todos os povos ao seu redor. Seria uma religião universal
em seu reino. Criou então uma estátua e apresentou-a como Deus
e determinou pela força de seu poder que seria a divindade
oficial a ser adorada.
Aqui vamos estabelecer um paralelo entre esse primeiro
reinado e o último:
Notemos que o reinado universal humano inicia com uma
grande imagem e também termina com uma grande imagem. Ver
capítulo treze de Apocalipse.
No início foi imposta uma religião universal e quem não adorasse a imagem seria morto; no final temos também a
obrigatoriedade de adoração à imagem e também a condenação aos
que não a adorarem.
Neste início um rei de grande soberba e grande poderio; no final também um governador mundial de grande poder e grande
soberba, ao ponto de ocupar o lugar de Deus.
Mas voltando à imagem de Nabucodonosor, temos no verso dois
todo um dispositivo, toda uma ação desenvolvida a fim da
universalização da nova divindade. Para que esse ato fosse de
50
repercussão total e para que tivesse extensão universal,
Nabucodonosor convocou e reuniu a todos os grandes em seu
governo: sátrapas, prefeitos, tesoureiros, governadores,
juízes, magistrados, enfim, todas as autoridades em seu
governo, a fim de que ali estivessem. A finalidade era dupla:
1- Para que tomassem ciência das novas idéias do rei e
adorassem a estátua.
2- Para que exercessem sua autoridade e ajudassem o rei a
conseguir o seu intento.
Verso três, uma vez reunidos, todos na praça pública,
especialmente preparada para o evento, e estando a estátua já
em posição de ser adorada, o culto deveria ter início com ordem
e decência.
O local estava tomado por gente muito importante além do
rei, e através de música convencionou-se organizar o evento.
Haveria um arauto, um anunciador, como se fosse um locutor de
um serviço de auto falantes em nossos dias. Esse seria o
anunciador e organizador das ações ritmadas e ordenadas durante
o processo da consagração da estátua.
O verso quatro apresenta o arauto anunciando as regras e a
quem essas regras são dirigidas: a todos os povos, nações e
homens de todas as línguas. Todos deveriam adorar a estátua ao
som da música dos diversos instrumentos.
No verso seis temos a advertência aos insubordinados à
ordem do rei: Quem não se prostrar, quem não adorar a estátua
do rei; quem recusar a nova divindade, será lançado na fornalha
de fogo ardente.
A fornalha de fogo ardente aqui era o veículo de execução
da pena capital em Babilônia. Quando um indivíduo era condenado
à morte era lançado na fornalha. A Pérsia adotou em sua época
a cova dos leões, que também era usado como veículo da pena
capital. Existiram países que adotaram a cruz, outros a
guilhotina, outros a cadeira elétrica, outros a forca, e assim
a história humana tem variado o instrumento de pena capital, ou
seja, quando da condenação à morte.
Vamos novamente estabelecer um paralelo entre:
Daniel e Apocalipse.
Em Daniel, temos:
a) O primeiro imperador foi absolutista, despótico,
totalitário, e de muito poder.
b) A imposição de uma religião universal pela força
centralizada no imperador.
c) Quem não estiver de acordo é condenado à morte.
Em Apocalipse: 20.4
19.20
24.9-11
13.14,15
51
a) O último imperador universal será absolutista,
despótico, totalitário e de muito poder em suas mãos.
b) A imposição de uma religião universal que será imposta
pelo Falso Profeta. Aqui temos a imagem do Anticristo que será
apresentada como Deus, e, portanto deverá ser adorada.
c) Quem recusar a nova filosofia também é condenado.
Assim o período dos gentios iniciou com imposição de deuses
estranhos e terminará da mesma forma, exceto que neste final a
vitória será do Verdadeiro Deus, cujo reinado será universal e
eterno.
Nesse culto, aqui organizado em praça pública e convocado
pelo rei, provavelmente não havia judeus e também Daniel não
estava ali, mas consta que os três companheiros de Daniel
estavam presentes. Não se sabe por que Daniel não se achava
ali, uma vez que era a maior autoridade após a do rei.
Certamente não se encontrava ali no momento, pois não
adoraria a estátua, o que seria registrado para a história.
É pouco provável que estivesse viajando, porque o decreto
do rei exigindo sua presença seria mais forte que qualquer
motivo de viagem. Talvez estivesse doente e impossibilitado de
comparecer, tendo justificado sua falta ao rei. Esta é a
hipótese mais aceitável, uma vez que se encontravam ali todos
os representantes do governo de Babilônia. Quanto aos demais
judeus, embora desviados e afastados do caminho do Senhor, em
pleno exílio, em terra alheia, mantinham viva na memória a
doutrina do monoteísmo e da grandeza de seu Deus. Em se
tratando de adorar aquela imagem, nunca o fariam, por mais
infiéis que fossem. De qualquer forma, a Bíblia só fala dos
companheiros de Daniel.
O texto sagrado fala dos companheiros de Daniel que se
encontravam ali, pois participavam do escalão governamental.
Estes, Ananias, Misael e Azarias, não adoraram a imagem do rei,
se comportaram como verdadeiros crentes e ainda desafiaram a
Nabucodonosor em relação à fidelidade que tinham para com Deus.
Vamos ver essa parte nos versos 8-18.
b) A GRANDE RECUSA
Daniel 3.8-18
8 - Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens
caldeus, e acusaram os judeus;
9 - disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!
10 - Tu, ó rei, baixaste um decreto, pelo qual todo homem
que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara,
do saltério, da gaita de foles, e de toda sorte de música, se
prostraria e adoraria a imagem de ouro;
52
11 - e, qualquer que não se prostrasse e não adorasse,
seria lançado na fornalha de fogo ardente.
12 - Há, uns homens judeus, que tu constituíste sobre os
negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus
deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste.
13 - Então Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens,
perante o rei.
14 - Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É verdade, ó
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus
deuses nem adorais a imagem de ouro que levantei?
15 - Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som
da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da
gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém,
se não a adorardes sereis no mesmo instante lançados na
fornalha de fogo ardente. E quem é o deus lhe vos poderá livrar
das minhas mãos?
16 - Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó
Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder.
17 - Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele
nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó
rei.
18 - Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus
deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.
Aqui temos, por parte destes jovens judeus, não somente uma
demonstração de coragem:
Enfrentar Nabucodonosor e até mesmo afrontá-lo. Enfrentar a fornalha de fogo ardente, conseqüência
natural da rebeldia; mas também um ato de muita fé, uma
demonstração de fidelidade absoluta a esse Deus.
Judas ao escrever sua carta fala dessa fé no verso três da
referida Epístola: “A fé que uma vez foi dada aos santos”.
No verso oito, podemos observar como o inimigo é ágil,
esperto e astuto: no mesmo instante já acusaram os judeus.
Nessa acusação, do verso dez até o doze, que é uma acusação
verdadeira, que além de acusar já condena, pois cobra ao mesmo
tempo a aplicação da pena. Ver Daniel 10.9 ao 12.
Aqueles acusadores se comportam como se dissessem ao rei:
Oh! Rei, aqueles três jovens que não querem adorar a imagem, é
gente da corte, e daí, oh! rei? Vai ficar por isso mesmo? É
gente que possui obrigação de adorar a imagem, pois exerce
cargo de confiança do rei. Eles não servem a teus deuses e
ainda fizeram pouco de ti! Eles não vão receber o castigo que
prometeram a todos aqueles que não adorassem a sua estátua?
53
Veja que não é apenas uma acusação, mas também uma
condenação sumária. Na realidade, queriam ver aqueles judeus
castigados, mortos sem direito à defesa.
Mas nos versos treze e quatorze vemos Nabucodonosor dando
aos judeus uma oportunidade, estava a fim de esclarecer algum
mal entendido, afinal tinham obrigação de agradarem ao rei:
primeiro, para não serem mortos; segundo, exerciam cargo de
confiança do rei.
O verso 13 diz que trouxeram os jovens para bem perto do
rei. Era olho no olho. E Nabucodonosor lhes pergunta:
“É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que vós não
servis a meus deuses nem adorais a imagem de ouro que
levantei”?
O rei entendia que tivesse ocorrido algum mal entendido e
pergunta a seguir, no verso 15: "Agora, pois, estais dispostos
e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da
harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a
imagem que fiz”? Ainda no mesmo versículo, o rei complementa
com uma ameaça: se não a adorardes sereis no mesmo instante
lançados na fornalha de fogo ardente.
Após chamar a atenção dos jovens judeus, e fazer a ameaça
que fez; isto é: joga-los dentro da fornalha de fogo ardente,
Nabucodonosor extrapola o uso de sua autoridade dizendo: (ainda
no mesmo verso 15).
―Eu quero ver qual é o deus lhe vos poderá livrar das
minhas mãos”?
Essa expressão foi um verdadeiro desafio ao Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego!
Aqui na seqüência, no verso quinze, nós vemos que
Nabucodonosor já havia se esquecido dos fatos acontecidos no
capítulo dois, no segundo ano de seu reinado, quando reconheceu
o Deus de Daniel como sendo:
Deus dos deuses Senhor dos reis Revelador de mistérios
A partir dessa expressão de Nabucodonosor: E quem é o deus
que vos poderá livrar das minhas mãos? A coisa extrapolou o
âmbito humano e o desafio passou para o Deus dos deuses, o
Senhor Jeová que seria o Deus daqueles jovens.
Nabucodonosor desafiou o Deus dos judeus na presença de
tanta gente, querendo ocupar o lugar de Deus, como quem dizia:
“Eu sou o ser superior aqui, e minhas ordens não há quem possa
revogar.” É como se dissesse: “Eu quero ver se existe um Deus
que seja capaz de livrá-los da minha mão, pois não há maior que
eu nem mesmo entre os deuses”.
54
Esse foi o motivo pelo qual Deus permitiu que os três
fossem jogados na fornalha. Mostrar não só a Nabucodonosor, mas
a todos e ao mundo que existe DEUS que tudo pode, e é superior
a todos os seres existentes, pois tudo é obra de suas mãos.
Deus assumiu o comando a partir dali, porque o desafio não é
para aqueles jovens, mas para Deus.
Deus poderia tê-los poupado disso tudo, como poupou a
Daniel. Deus poderia aplacar a ira de Nabucodonosor e através
dele mesmo não permitir que fossem jogados na fornalha, mas não
o fez. Deus poderia intervir na mente de Nabucodonosor de modo
a ficar o dito pele não dito, mas Deus aceitou o desafio e
decidiu mostrar para ele ―qual é o Deus que pode livrar aqueles
moços de suas mãos‖.
É uma situação semelhante a de Moisés, Arão e os reis do
Egito. Deus poderia tirar de lá o seu povo sem a realização das
dez pragas, mas Deus queria mostrar ao povo quem é esse Deus.
Aqui ele vai mostrar para Nabucodonosor ―quem é esse Deus que
poderá livrá-los de sua mão‖.
Mas numa demonstração de fé e de muita coragem, aqueles
três homens mostraram que o seu Deus é superior a TUDO e a
TODOS e que, portanto, permanecerão fiéis. Por essa razão,
respondem ao rei: ―Ó Nabucodonosor, quanto a isto não
necessitamos de te responder...” (Daniel 3.16).
Aqui eles se referiam à pergunta do rei sobre adorarem a
estátua e servirem a seus deuses no verso 15. É como se a
resposta deles fosse assim:
- Ó rei, tu nos conhece o suficiente para saber sobre
nossas convicções, e tu sabes muito bem que não servimos aos
teus deuses e que jamais adoraremos “algo qualquer” que se nos
imponham a não ser o Deus de nossos pais. Tão pouco adoraremos
essa estátua de ouro que fizestes, verdadeiro desperdício com
tanto ouro. Trata-se de uma imagem que levantaste como deus
para ser adorado. Portanto, quanto a isto não necessitamos de
te responder.
No verso 17 e 18, nós temos uma verdadeira demonstração por
parte dos jovens, a respeito de sua convicção sobre o Deus de
seus pais, quando dizem para o rei: “Se o nosso Deus, a quem
servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de
fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó
rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem
de ouro que levantaste”.
Aqueles jovens tinham uma intima comunhão com Deus ao ponto
de acharem que Deus os poderia salvar da fornalha, mas se o não
fizesse, eles aceitariam da parte de Deus como sua melhor
escolha. Ë como se pensassem assim:
1- Nosso Deus pode nos livrar da fornalha sem nenhum
problema.
55
2- Agora, nos livrar da fornalha, ou nos livrar das mãos do
rei, é da inteira competência dEle mesmo, e é de sua exclusiva
vontade, o que nós respeitamos piamente.
3- Se Ele não nos livrar é porque simplesmente lho aprouve.
4- De qualquer forma, ó rei!, Deus nos livre da fornalha ou
não, fica tu sabendo:
a) Não serviremos a teus deuses.
b) Não adoraremos a tua imagem.
Veja que isso não é só uma prova de fé, mas também uma
demonstração de muita coragem. Devemos nos lembrar que isso
ocorria na presença de todas as autoridades do reino e eles
estavam enfrentando a Nabucodonosor pela frente!
Avaliando as atitudes desses homens, os acharíamos
imprudentes e rebeldes ao seu rei. Entenderíamos como um
comportamento bestial; seria a autocondenação. Mas aqueles
homens tinham um coração fiel a Deus e como Daniel, tinham em
seus corações, não se contaminarem com as prostituições dos
caldeus. E Deus honrou aquela fé, e Deus teve o seu nome
glorificado. E assim temos, então, que esses três homens
atendiam ao rei em tudo, e em tudo lhe eram submissos, fazendo
de tudo para o seu sucesso como servos fiéis, desde que não
afrontassem o seu Deus.
Notemos que aparentemente, não haveria problema algum, se
aqueles homens se ajoelhassem naquele momento, mas com o
coração voltado para Deus. Imagine que eles dedicassem a Deus
tal reverência e apenas se ajoelhassem para não comprar
problema com o rei e seu decreto; pois não há nenhum poder
nesses ídolos e para nós não significam nada. Ajoelhar-se
diante de um tronco natural de árvore ou ajoelhar-se diante
dele depois de ser esculpido como obra de escultura não há
diferença alguma.
Mas aqueles homens entendiam que se procedessem assim,
estariam traindo a fidelidade com seu Deus.
Grandes pecados iniciam com pequenos desvios. O efeito
letal de doses mortíferas de veneno é neutralizado quando
iniciadas por pequenas quantidades. Na verdade é o famoso ―um
pouquinho não faz mal que vem disfarçado de inofensivo‖.
Os grandes alcoólatras iniciaram com pequenas doses. Os
grandes fumantes iniciaram sem dependência alguma da nicotina.
Paulo nos ensina que devemos fugir da aparência do mal.
Ver 1 TESSALONICENSES 5.22 - “Abstende-vos de toda a
aparência do mal.
Aqueles homens eram fiéis ao seu rei, mas eram mais fiéis
ao seu Deus. Eles dariam a vida para agrado e defesa do rei,
pois eram fiéis súditos da Babilônia, mas acima de tudo Deus.
Jesus trouxe ensinamento semelhante, veja Mateus 22.36.
56
Aqueles homens entenderam que o desafio era para Deus e não
para eles e ficaram em seus lugares na dispensação do Senhor.
Com esse cenário, Nabucodonosor se enfureceu muito, e no
seu orgulho ferido desenvolve a condenação. Vamos à fornalha de
fogo.
c) A FORNALHA DE FOGO Daniel 3.19-25
19 - Então Nabucodonosor se encheu de fúria, e,
transtornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais
do que se costumava.
20 - Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu
exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e os
lançassem na fornalha de fogo ardente.
21 - Então estes homens foram atados com os seus mantos,
suas túnicas e chapéus, e suas outras roupas, e foram lançados
na fornalha sobremaneira acesa.
22 - Porque a palavra do rei era urgente e a fornalha
estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens
que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego.
23 - Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa.
24 - Então o rei Nabucodonosor, se espantou, e se levantou
depressa e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três
homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó
rei.
25 - Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens
soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e
o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.
Temos vários aspectos a serem considerados nos versículos
19 ao 25:
1- Um homem enfurecido perde a razão, perde a visão, perde
a capacidade de raciocínio e age pela intuição animalesca. Por
causa disso pode não alcançar seu objetivo e muitas vezes
complicar mais uma situação que poderia ser evitada se houvesse
calma.
2- O livramento dos companheiros de Daniel não foi somente
das chamas do fogo, pois precisamos lembrar e entender que eles
CAÍRAM dentro da fornalha, provavelmente com as mãos amarradas
ao corpo e por isso poderiam ter se machucado muito na queda.
3- Após o evento da fornalha, a glória de Deus se
manifestou em todo o reino.
4- A visão do quarto homem foi dirigida exclusivamente a
Nabucodonosor por ter sido ele quem desafiou a Deus.
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5- Deus fez uso da fidelidade e da fé daqueles homens para
glorificar seu nome e para manifestação de seu poder.
Analisemos o primeiro tópico, onde vemos um homem
enfurecido. Diz o verso 19 que Nabucodonosor:
a) Encheu-se de fúria
b) Ficou com o rosto transformado
Isto quer dizer que o ódio de Nabucodonosor era tanto que
transpareceu no seu semblante. Tinha as características de um
furor incontrolável. Ora, um homem quando quer alcançar algum
objetivo, deve manter a calma, pois carreira não é pressa e
quem tem pressa pode se dar mal.
Vejamos quais foram as atitudes de Nabucodonosor,
decorrentes de seu ódio e que sem dúvida surtiram o efeito
contrário àquele que desejava ao dar as ordens, decorrentes de
seu estado de ira:
I - Mandou que se aquecesse a fornalha sete vezes mais.
Isso nem sempre é possível, e a ordem dele pode não ter sido
cumprida, pois existe um limite para a temperatura natural,
limite esse adequado a cada estrutura, cada forma e cada
ambiente.
Não sabemos a morfologia daquela fornalha, mas tenho
certeza que aquecê-la sete vezes mais não foi possível, sendo
possível fornecer sete vezes mais combustível e comburente, o
que não implica em aquecê-la sete vezes.
II - Quando o rei mandou aquecê-la sete vezes, o que ele
pensou foi em aumentar o sofrimento daqueles jovens sete vezes
mais. Isso na verdade não ocorre, pois as queimaduras seriam
mais intensas e isto proporcionaria uma morte mais rápida e o
sofrimento não aumentaria proporcional ao aquecimento.
Queimaduras superficiais doem mais do que aquelas mais
profundas porque essas destroem os terminais nervosos
periféricos e diminui a transmissão da dor.
III - Em sua ira, Nabucodonosor desafiou a autoridade e o
poder de Deus, quando seu problema era apenas com os jovens, e
não com o Deus deles. Não passou por sua mente em nenhum
instante que algum Deus os pudesse salvar e por isso a aqueceu
sete vezes.
IV - Arregimentou os homens mais fortes de seu exército,
sem nenhuma necessidade, apenas fruto de seu furor. Era uma
garantia para si mesmo, a fim de satisfazer a ira de seu furor.
Com isso, aqueles homens morreram e o rei perdeu os melhores
homens do seu exército. Se não fosse a sua ira, esses homens
teriam sido poupados para bem de seu exército.
Certamente Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não opuseram e
nem oporiam resistência aos seus algozes, uma vez que a ordem
veio do rei,portanto não havendo necessidade nenhuma de uma
ordem como essa.
58
V - Analisando esse comportamento na visão do ângulo que
enfoca a glória de Deus, isso só serviu para glorificar ainda
mais o nome do Senhor e envergonhar ainda mais ao homem furioso
e irado, sedento de vingança e pleno ódio. Toda a sua força,
todo o seu poderio, toda a sua glória, foram por terra, porque
só o nosso Deus é Rei e Senhor, e não há Deus fora dEle.
VI - Nabucodonosor não necessitava de aquecer a fornalha
sete vezes, pois em condições habituais servia para matar sem
piedade e sem misericórdia, e não havia quem pudesse se livrar
dela, mesmo em condições normais de aquecimento. A vida humana
é incompatível com temperaturas superiores a 70ºC; nem tão
pouco necessitava de homens fortes, bastava a sua ordem e
qualquer homem, até mesmo o mais fraquinho, o mais franzino de
todos, desenvolveria o cumprimento de sua ordem, uma vez que
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego já haviam aceitado ir para a
fornalha, quer Deus os livrasse ou não.
VII - Como sétima conseqüência de tanta ira, mandou que
lançassem na fornalha não só os homens, mas também todos os
seus pertences: os mantos, os chapéus, as roupas, as túnicas,
etc.
Ora nós vamos observar que nada do que era Hebreu sofreu
danos e tudo o que era Babilônico foi destruído. Com isso
aumentou ainda mais a glória de Deus. Queimou-se apenas as
ataduras, a única coisa que dizia respeito aos babilônicos.
VIII - A urgência da execução, porque a palavra do rei era
urgente (verso 22) só contribuiu para o pior resultado, levando
os homens a não terem o cuidado e a vigilância necessários para
se aproximar da boca da fornalha. O vácuo causado pelo calor,
levou-os à perda do controle e do equilíbrio, derrubando-os
dentro da fornalha com os condenados. A pressa é inimiga da
perfeição! A calma, o raciocínio e a reflexão antes de nossas
atitudes podem preservar nossas vidas e nossa condição
financeira também.
Falemos agora sobre o livramento de Deus na fornalha de
fogo ardente.
Foram lançados na fornalha:
a) Os três condenados foram lançados com as mãos atadas.
Isso, certamente, fez com que eles não pudessem utilizar as
mãos e os braços para protegerem-se da queda dentro da
fornalha. Não sabemos as condições nem as dimensões da
fornalha, mas o verso 22 deixa bem claro que existia uma
altura: ―... que lançaram de cima para dentro”. Assim sendo,
aqueles homens amarrados ao caírem no fundo poderiam sofrer o
trauma da queda, podendo quebrar um braço, uma perna, a cabeça,
etc. O verso 23 diz: “Esses homens caíram atados dentro da
fornalha” o que reforça a idéia de uma altura da qual “caíram”
59
e reforça o fato de não poderem amenizar o impacto da queda,
pois estavam ―atados‖. Mas a Bíblia diz que eles não tiveram
problema nenhum com a queda!
b) Foram lançados diversos utensílios, especialmente de uso
pessoal, que pudessem trazer ao rei, recordações dessa
desventura, tais como chapéu, túnica, roupas, etc. Mas ao que
parece nada se queimou!
c) Os homens do exército caldeu, quando caíram dentro da
fornalha, também o fizeram com diversos aparatos usados, tais
como, fardamento ou equipamento bélico, pois eram homens de seu
exército!
Mas nosso Deus cuida do essencial e não se descuida dos
detalhes.
Dos hebreus, o fogo queimou apenas as ataduras e nada mais! Nem se chamuscaram os seus cabelos e não se queimaram
seus pertences.
Dos caldeus, o fogo foi tão voraz, que os matou só de entrarem na área de sua ação, e os consumiu com tudo que lhes
pertencia, como roupas e armas, exatamente o oposto dos
hebreus.
Aos hebreus, Deus não poupou somente do fogo, mas de um possível traumatismo no fundo da fornalha, pois eles andavam,
como que passeando, dentro da fornalha como se não tivessem
nenhum ferimento. Verso 25: “Eu, porém, vejo quatro homens
soltos que andam passeando dentro do fogo.” Eles começaram a
andar dentro da fornalha para mostrarem que Deus não os livrara
somente do fogo, mas também de qualquer traumatismo devido à
queda, dentro daquela fornalha.
Assim, o aquecimento da fornalha em sete vezes glorificou o
nome do Senhor ainda mais, pois Deus mostrou a Nabucodonosor
que Ele não livrou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo,
ainda que aquecido sete vezes, mas também os livrou da sua mão
sanguinária e despótica. Lembrar que ele perguntou: (Verso 15).
―E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos‖? Está
aí, seu Nabucodonosor: O Deus daqueles jovens pôde livrá-los
das suas mãos!
Deus não só os livrou de suas mãos, como também do fogo e
ainda os colocou a passear dentro da fornalha!!! (isso é que é
Deus!)
Foi uma lição para Nabucodonosor que se viu obrigado, de
forma incontestável, a reconhecer mais uma vez o Deus de
Israel.
Finalmente falemos da manifestação da glória de Deus.
“Então Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa e
disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens
60
atados dentro da fornalha? Sim, responderam eles. Mas o rei
voltou a dizer: pois eu vejo quatro homens soltos, passeando
dentro do fogo e o quarto deles tem aparência dos deuses”.
Era a grande lição de Deus para Nabucodonosor que se achava
o maior do mundo inteiro. Na verdade quero crer, aquela
multidão que se encontrava ali, viu apenas os três soltos na
fornalha, mas Nabucodonosor tinha que ter uma revelação mais
profunda, mais chocante,mais contundente e Deus lhe permitiu
ver a Jesus, pré-figurado, como o quarto homem da fornalha.
Nabucodonosor ASSUSTOU-SE, não tanto pelo milagre, que em
si só era motivo para tanto, mas assustou-se por ver DEUS na
exibição de sua majestade: o quarto homem que tinha aparência
de filho dos deuses. Era a revelação não só do poder de Deus,
mas a representação física de sua própria pessoa, junto com
seus servos fiéis, ali na fornalha de fogo. Nabucodonosor ao
ver tanta glória levantou-se depressa e estupefato; mas era a
verdade incontestável: “Deus não só os livrou, mas estava lá
com eles.”
Assim Deus glorificou o seu nome na manifestação de seu
poder. Deus não salvou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo
e das mãos de Nabucodonosor, apenas para repreender a
Nabucodonosor no seu orgulho e majestade, mas para mostrar ao
mundo inteiro, e a todas as gerações posteriores, inclusive a
nossa, que Ele é Deus que não desampara, opera maravilhas e faz
tudo o que lhe aprouver. Assim seu nome é glorificado até hoje.
Deus não livrou a Sadraque, a Mesaque e a Abede-Nego da
fornalha, mas salvou-os na fornalha onde esteve presente com
eles.
Deus às vezes não nos livra do vale da sombra da morte, mas
não devemos temer mal algum porque a sua vara e seu cajado nos
protegem e nos consolam.
Vamos agora para a grande exaltação do nome do Senhor:
d) A EXALTAÇÃO DO NOME DO SENHOR
Daniel 3.26-30
26 - Então se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha
sobremaneira acesa, falou, e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, servos do Deus Altíssimo, sai e vinde! Então Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.
27 - Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os
governadores e conselheiros do rei, e viram que o fogo não teve
poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram
chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se
mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles.
28 - Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo, e livrou
61
os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a
palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, a servirem
e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.
29 - Portanto faço um decreto, pelo qual todo o povo, nação
e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, seja despedaçado, e as suas casas sejam
feitas em monturo; porque não há outro Deus que possa livrar
como este.
30 - Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, na província de Babilônia.
Vemos aqui Nabucodonosor (verso vinte e seis) ainda
estupefato, sem acreditar no cenário que presenciava.
Aproximou-se da fornalha ardente e vê os jovens lá dentro da
fornalha andando, num cenário inacreditável. Nabucodonosor
relutou em acreditar naquilo que via, mas era a realidade:
havia quatro pessoas dentro da fornalha, que andavam com muita
tranqüilidade. Mantida a visão daquele cenário, ele chama a
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, agora já os classificando como
servos do Deus Altíssimo. Um Deus do qual ele tinha se
esquecido, pois já era conhecedor de uma amostra da extensão de
suas maravilhas.
Um Deus que ele desafiara há pouco, quando falara com
aqueles jovens. A sua ira foi substituída pelo espanto e
atônito aguardava aqueles jovens saírem de dentro daquela
fornalha. Nabucodonosor reconhece a sua derrota, pois com nosso
Deus ninguém sai vencedor. Ele só conhece a vitória e para Ele
não há adversário.
Nabucodonosor reconhece a soberania de Deus: Está aí, ó rei
Nabucodonosor, o Deus capaz de livrar esses rapazes das tuas
mãos!!
No verso vinte e sete, vemos todos os governantes se
aproximarem dos rapazes, agora já fora da fornalha, pois
Nabucodonosor os chamara para fora. (Saí e vinde! Verso vinte e
seis).
Quero crer que essa lição não foi só para Nabucodonosor,
mas a todos os babilônicos, todos os povos cativos, e também
para ser escrita no Cânon sagrado para nosso ensino e
edificação. Isso foi escrito para edificação de nossa fé, para
nos despertarmos para crer de fato nesse Deus Todo-Poderoso, o
qual jamais abandona quem nEle confia. Ver Salmo 40.1.
A respeito do quarto homem, que tinha um aspecto diferente:
Esse quarto homem apareceu de forma física, a ser vista por
Nabucodonosor, deixando muito claro para ele, Nabucodonosor,
que se tratava de um ser sobredivino. Isto certamente ocorreu
para que não houvesse nenhuma possibilidade de dúvidas a
respeito do quarto homem. Quero crer, embora a Bíblia não
esclareça esse item, que somente Nabucodonosor viu o quarto
62
homem. Da expressão: “Eu, porém, vejo um quarto homem com
aparência do filho dos deuses”, deixa margens sólidas para essa
interpretação; caso contrário ele teria dito: Mas “nós” estamos
vendo um quarto homem, ou “existe” um quarto homem dentro da
fornalha.
Essa visão, acrescida do ―pormenor‖ que somente ele viu o
quarto homem, contribuiu, e muito, para o seu espanto e para
sua conversão a respeito de Deus. Aquele quarto homem
simplesmente desapareceu quando os rapazes saíram da fornalha,
e também não foi visto pelos três rapazes. Daniel certamente
não estava ali e, portanto também não O viu.
Esse episódio maravilhoso seria suficiente para converter
todo o reinado babilônico, e para o povo de Israel solidificar
em muito a sua fé. Mas os corações não se transformam pelo medo
nem pelas leis e decretos e sim por um novo nascimento que
brota de dentro para fora.
No verso vinte e sete temos a equipe técnica analisando os
jovens que saíram da fornalha e constataram, de forma
inequívoca e incontestável QUE: ―o fogo não teve poder algum
sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos
da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de
fogo passara sobre eles”.
No verso vinte e oito, Nabucodonosor glorifica ao Deus que
ele desafiou; exatamente o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos das sua
mãos. Deus não envergonha aqueles que nele confia.
Assim Nabucodonosor reconheceu a soberania de Deus e nos
versos vinte e nove e trinta o vemos fazendo, determinando e
publicando decretos com respeito à sociedade de seu reino e o
Deus dos judeus.
- ―Todo povo, nação, e língua que dissesse blasfêmia contra
o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado e
suas casas feita em monturo porque não há outro deus que possa
livrar como aquele‖.
Nabucodonosor sempre no uso de seu poder autoritário e
despótico, querendo legislar em toda área e em todos os setores
da vida. Daí ele ser a cabeça de ouro na estátua do capítulo
dois. Veja bem: além de ser ―cabeça‖ ainda é de ouro.
Acredito que fora de ISRAEL, cuja maior glória existiu em
Salomão, o reinado de maior glória foi esse de Nabucodonosor,
tendo sido sem dúvida maior que a de Salomão.
E os jovens não poderiam deixar de ser recompensados por
esse ato de fé, de coragem, de heroísmo e de fidelidade aos
seus princípios básicos: prosperaram ainda mais na província de
Babilônia.
Deus não precisava fazê-los prosperar na vida material, já
era de grande monta suas ocupações anteriores, mesmo se fossem
63
mantidas sem progresso nenhum. Mas Deus não só os livrou, de
forma miraculosa na fornalha, como também lhe trouxe mais
prosperidade ainda! Porque Deus sempre recompensa o
comportamento de quem é fiel.
64
CAPÍTULO 4
A ÁRVORE GIGANTE
Aqui no capítulo quatro prosseguem as profecias, onde temos
novamente Nabucodonosor tendo outra visão, desta vez não
esquecida por ele, e novamente se vê às voltas com a
interpretação da mesma. Trata-se de uma profecia dada
diretamente a Nabucodonosor, interpretada por Daniel.
Os versos um, dois e três são mais relacionados com os
capítulos anteriores e até deveriam fazer parte do capítulo
três, onde Nabucodonosor ainda reconhece a soberania de Deus e
dá testemunho de sua grandeza e de seu poder. Veja os versos de
1-3.
DANIEL 4.1 - O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e
homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz
vos seja multiplicada!
2 - Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas
que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as
suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu
domínio de geração em geração.
Nesses versículos podemos ver, pelo menos de forma
aparente, que Nabucodonosor estava verdadeiramente convertido!
Presenciara com seus próprios olhos um cenário capaz de
converter o mais incrédulo dos ateus. Não se esquecer que
Nabucodonosor não só presenciou a cena da fornalha de fogo,
como teve o privilégio de ver a Jesus, pré-encarnado, ali na
fornalha como sendo o quarto homem. Ver Daniel 3.25.
Uma experiência como aquela, a visão da fornalha e dos
homens andando em seu interior, num cenário como o do contexto
um apreço, seria o suficiente para converter todos os
presentes, sem exceção. Nabucodonosor estava maravilhado
conforme se expressa nos versos dois e três, da introdução
deste capítulo.
DANIEL 42.3 - ―Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e
maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão
grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas
maravilhas.
Vamos dividir este capítulo quatro, a partir do verso
quatro, em três partes:
A visão da árvore gigante. Versos 4-18 A interpretação da visão. Versos 19-27 Deus cumpre suas profecias. Versos 28-37
65
a) A VISÃO DA ÁRVORE GIGANTE
Daniel 4.4-18
4 - Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa, e
feliz no meu palácio.
5 - Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu
leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram.
6 - Por isso expedi um decreto, pelo qual fossem
introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia,
para que me fizessem saber a interpretação do sonho.
7 - Então entraram os magos, os encantadores, os caldeus e
os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber
a sua interpretação.
8 - Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é
Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o
espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:
9 - Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o
espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis
as visões do sonho que eu tive, dize-me a sua interpretação.
10 - Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava
no meu leito: eu estava olhando, e vi uma árvore no meio da
terra, cuja altura era grande;
11 - crescia a árvore, e se tornava forte, de maneira que a
sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da
terra.
12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e
havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do
campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus
ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela.
13 - No meu sonho quando eu estava no meu leito, vi um
vigilante, um santo, que descia do céu,
14 - clamando, fortemente, e dizendo: Derrubai a árvore,
cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu
fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos
seus ramos.
15 - Mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com
cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ele
molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais,
a erva da terra.
16 - Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração
de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele
sete tempos.
17 - Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta
ordem por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a
66
quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre
eles.
18 - Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó
Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do
meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu
podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.
O capítulo quatro inicia com Nabucodonosor tranqüilo e
feliz. Ao que parece, já devia ter se esquecido novamente de
sua experiência com Deus. Algum tempo se passara e ele tem um
novo sonho, como é referido no versículo 5.
Lendo-se esse conjunto de versos sem uma análise mais
pormenorizada, pode-se ficar confuso sobre o caso; afinal, foi
sonho ou visão que teve Nabucodonosor? Essa dúvida pode surgir
da leitura dos versos quatro e cinco, que dizem:
Verso quatro:- “Eu estava tranqüilo na minha casa e feliz
no meu palácio.”
Isso nos dá a idéia de que estava acordado!
Verso cinco:- “Tive um sonho, que me espantou e quando
estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça
me perturbaram”.
Aqui ele inicia dizendo que teve um ―sonho‖, mas adiante
fala nas ―visões‖ que o perturbaram.
Verso dez:- “Eram assim as visões da minha cabeça quando
estava no meu leito” Aqui fala que foi uma visão. E aí eu
pergunto: foi sonho ou visão?!
Na realidade não há confusão, pois Nabucodonosor teve um
sonho. Isso fica claro nos versos: seis, sete, oito e treze.
Na hora do sonho, Nabucodonosor estava dormindo, sem dúvida.
Sonho é um estado de ativação da consciência do indivíduo
no ―centro dos sonhos”, região que fica localizada no cérebro e
que estando o indivíduo dormindo, ele tem a nítida sensação de
estar acordado e no pleno desempenho das atividades
desenvolvidas no sonho. Por ser sonho, é tudo irreal, mas no
sonho é tudo como se fosse realidade!
Nabucodonosor quis dizer no verso quatro que a rotina da
vida na casa e no palácio estava bem e feliz. Ele,
Nabucodonosor, não tinha nenhuma preocupação ou problema. No
verso cinco ele se refere a uma ocasião na qual o sonho já era
ocorrido. Agora, deitado em seu leito, acordado, os pensamentos
sobre o sonho o perturbavam intensamente, de modo a ―ver‖ as
visões do sonho em sua mente. É como se visse as imagens do
sonho passando pela sua mente, enquanto estava deitado e
pensativo. É como se o verso quatro e cinco fossem assim:
“Estava tudo bem comigo, em casa e no palácio, quando numa
noite,deitado em meu leito, tive um sonho que me deixou
espantado, e comecei a ficar preocupado, imaginando sobre o
67
sonho em minha cama, e parecia ver em minha mente, o sonho
novamente!”.
Nabucodonosor não conseguia mais a tranqüilidade e as
atividades reais se achavam comprometidas, devido a uma
alteração em seu estado de humor, resultante do sonho.
Nabucodonosor foi tomado pelo pânico, pela insegurança, e esta
preocupação o afligia, perturbando-lhe a paz.
Os seus pensamentos lhe tiravam a tranqüilidade. A causa
desse transtorno era fundamentalmente a preocupação com sua
coroa, a preocupação com o futuro de seu reinado. Queria saber
se sua mordomia, sua glória, sua realeza estava ou não
ameaçada, comprometida!
Nabucodonosor faz um decreto (verso seis) pelo qual fossem
introduzidos em sua presença todos os sábios de Babilônia, para
que o fizessem saber a interpretação do sonho. (Verso7) Então
entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os
feiticeiros, e lhes foi contado o sonho.
Mas, novamente a dificuldade da interpretação, pois as
coisas de Deus não é para qualquer um.
Nabucodonosor já tinha alguma experiência a respeito de
Deus, entretanto novamente chamou os sábios, magos, astrólogos
e feiticeiros, caldeus e adivinhos a fim de que esses lhe
dessem a interpretação do sonho.
Tudo indica que novamente recorre a seus súditos e se
esquece de Daniel. Nessa época, Daniel já era o chefe dos
sábios e dos magos, mas não sei por que, se estava tão ansioso,
não procurou Daniel já de imediato. Veja o que está escrito no
verso 8 ―Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é
Beltessazar”. Isso me dá a nítida impressão que Daniel foi
novamente o último, quando deveria ser o primeiro.
Esse fato está muito relacionado com os grandes talentos
que são esquecidos em sua própria sociedade. O mesmo fato
ocorre na Igreja, que às vezes possui homens verdadeiramente
valorosos, mas que dão frutos em seara alheia. Cantores que
possuem valor em outros campos, porque ―o santo em sua casa não
faz milagres‖.
Às vezes a ―prata da casa‖ é rica, brilhante, mas não tem
valor.
O SONHO DO CAPÍTULO DOIS E O SONHO DO CAPÍTULO
QUATRO
Existem semelhanças e diferenças entre o sonho do capítulo
dois e do quatro:
Ambos envolveram o rei.
Ambos foram interpretados por Daniel.
68
Ambos deixaram Nabucodonosor sem a paz. Em ambos os magos nada puderam fazer por se tratar de
profecia de Deus.
Mas:
O primeiro extrapola o reinado de Nabucodonosor, e
abrange até o Estado Eterno.
O segundo se refere somente a Nabucodonosor
O primeiro foi esquecido, sumiu da mente do sonhador.
O segundo, o sonhador o relatou com detalhes.
O primeiro os magos não puderam interpretar porque não tinham o sonho.
O segundo, não puderam interpretar mesmo tendo o sonho,
porque a revelação estava em Deus e não nos homens ou com
Satanás.
O sonho do capítulo dois se encerra com a derrota do
governo humano.
O sonho do capítulo quatro se encerra com o governo de Nabucodonosor.
Daquilo que está escrito nos versos 4.8 e 4.18 podemos
deduzir que Nabucodonosor tinha certeza, a respeito de Daniel,
que ele desvendaria o sonho. Então, por que será que não o
chamou já em primeiro lugar? Por que passou primeiro por todos
os magos e sábios de seu reino antes de recorrer a Daniel?
Talvez Nabucodonosor quisesse reforçar, diante de si e de
todos, a habilidade de Daniel em comparação com seus magos,
sábios, astrólogos, feiticeiros, etc. Nabucodonosor confiava em
Daniel plenamente!Leia o verso 18: ―Tu, pois, ó Beltessazar,
diz a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não
me puderam fazer saber a interpretação, MAS TU PODES; pois há
em ti o Espírito dos deuses santos”. Dá-nos a entender que
Nabucodonosor queria firmar a superioridade de Daniel em
relação aos demais.
Aqui podemos tirar uma lição para nós: Nossos problemas e
nossas aflições têm que ser levadas para a pessoa certa, sem o
que apenas tornaremos público os nossos problemas e não teremos
deles a solução. Não adianta ficar lastimando, nem tão pouco
murmurando, nem ainda discutindo com a pessoa inadequada.
Corroboram esse pensamento as atitudes da viúva de Zarefat que,
tendo o filho morto, foi procurar o homem de Deus, Elias, em
Samaria. Quando outros a interpelaram pelo caminho, respondia
“tudo vai bem”, e apenas ao homem de Deus foi apresentar o seu
problema e o seu lamento. 2 Reis 4.25.
Enfim, Nabucodonosor tem agora diante de si o homem de
Deus, o único capaz de revelar a interpretação.
Aqui no verso oito vemos que Nabucodonosor tem plena
consciência sobre a inoperância de seus deuses, e quando ele
69
diz: “Mas por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome e
Beltessazar, segundo o nome do meu deus e no qual há o espírito
dos deuses santos”; podemos deduzir que reconhecia que seus
deuses não tinham santidade, seus deuses não tinham vida, seus
deuses não passavam de mitos e folclore, não possuíam espírito
nem vida, e que Daniel tinha um Deus que sobre tudo é santo. O
deus de Daniel tinha vida, operava maravilhas e ainda revelava
o escondido.
No verso nove, Nabucodonosor diz: “Beltessazar, príncipe
dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos e
nenhum segredo te é difícil”, como se dissesse: “Tens um Deus
operante, vivo, sábio, cuja sabedoria não há limites!” e assim
Daniel ouve da parte do rei, o seu sonho.
Daniel ouviu atentamente a narração do grande monarca, cuja
descrição está nos versos dez a dezessete. Trata-se de:
a) Uma grande árvore, localizada no centro da terra, cuja
altura era muito imensa. Verso dez.
b) A árvore tinha um crescimento ilimitado, no TAMANHO, no
ASPECTO e na força. Verso onze. Podia ser vista até os confins
da Terra.
c) A árvore cresceu tanto, sua folhagem era vistosa,
exuberante, de raro esplendor, de modo que servia de abrigo
para as aves do campo e sua sombra, de abrigo para os animais.
Verso doze.
d) Seus frutos eram viçosos, além de abundantes, de modo a
sustentar toda a carne. Verso doze. Sua fonte alimentar era
inesgotável, sustinha: os animais do campo, as aves do céu e
todos os homens da Terra; (toda a carne diz o verso doze).
Nabucodonosor observava com admiração aquele cenário e,
como que absorvido por ele, pois era uma visão indescritível,
quando se rompe a harmonia da visão e Nabucodonosor vê um
mensageiro vindo do céu, referido por ele como ―um santo que
descia do céu‖ Verso 13, que gritava em alta voz: “Derrubai a
árvore e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai
o seu fruto; e afugentem-se os animais de debaixo dela e as
aves dos seus ramos.” Verso 14.
Nos versos 15,16 e 17 prossegue o discurso do ser
celestial, do mensageiro do céu, que não se contenta em somente
cortar-lhe os ramos e afugentar os animais, como destruir seus
galhos e suas folhas, eliminando a sombra e os frutos, o abrigo
das aves e o alimento dos animais que dela dependiam.
No verso 15 há uma ordem para se deixar o tronco com suas
raízes sem serem alterados, mas temos também a determinação do
mensageiro: (V.15,16).
a) Seja ele preso à erva do campo com prisão de alta
segurança.
b) Seja regado pelo orvalho do campo.
70
c) Sua alimentação seja a erva da terra.
d) Sua companhia sejam os animais.
e) Mude-se-lhe o coração de modo a ser animal.
f) Esta determinação terá a duração de sete estações.
Era a sentença dos ―vigiadores‖ para aquela árvore tão
frondosa: destruição apenas do seu esplendor, da sua aparência,
da utilidade, mas não da sua essência, pois o tronco devia ser
mantido com suas raízes intactas. Com isso se manteria sua
essência, podendo brotar novamente e vir a ser uma árvore tão
frondosa e bela como antes.
Nós sabemos que o tronco e as raízes representam toda a
essência da árvore, pois são as raízes que extraem os
nutrientes de toda a árvore, e o tronco é o intermediário
através do qual há sustentação de todas as estruturas que
compõem toda a árvore.
Neste caso observamos Deus mantendo, desta árvore, o que
lhe é de essencial: o tronco vivo, ligado à fonte de
alimentação de modo a permanecer vivo.
As determinações que lemos nos versos quinze e dezesseis,
apresentadas nos itens a, b, c, d, e, f são relativas a esse
tronco que foi deixado; este deveria ser regado pelo orvalho,
alimentar-se da erva do campo, ter como companhia os animais,
ter o coração mudado, numa sentença com sete anos de duração.
Vemos aqui que essa árvore tem como tronco ―algo‖ que não
pode ser vegetal, pois:
a) Um vegetal se nutre dos elementos retirados da terra
através de suas raízes; mas este aqui vai se nutrir da erva da
terra.
b) Habitualmente um tronco de árvore não tem companhia, mas
esse tem como companhia os animais.
c) Um vegetal não tem coração, mas esse aqui O TEM, pois
diz o verso 16 que ele SERÁ MUDADO para coração de animal, o
que quer dizer que ele tinha um coração que não era de animal.
Veremos adiante que esse tronco de árvore é o próprio
Nabucodonosor, conforme a interpretação de Daniel.
O verso dezessete nos mostra o fundamento deste sonho
profético, que não é outro se não mostrar:
Primeiro: que Deus é soberano sobre todos os soberanos.
Segundo: que é Deus quem dá ou permite o reinado dos
homens.
Terceiro: Deus dá o governo humano a quem quer e tira
daquele que o tem para o dar a quem de sua escolha, até mesmo
ao mais baixo ou mais simples, ou ainda o mais humilde entre os
homens.
Quarto: O verdadeiro domínio de todas as coisas pertence ao
Deus do povo de Judá.
71
O verso dezoito deixa patente que se trata de um sonho,
podendo ser redigido assim: ―Isso em sonho, eu, rei
Nabucodonosor vi” ou “isso eu vi em meu sonho enquanto dormia”.
Assim temos a narração do sonho por Nabucodonosor a Daniel,
e diante de Daniel, Nabucodonosor anseia pela interpretação e
diz: “este é o sonho que ninguém pôde interpretar, mas que tu o
podes, pois em ti há o Espírito dos deuses santos.”
b) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO
Daniel 4.19-27
19 - Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve
atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam.
Então lhe falou o rei, e disse: Beltessazar , não te perturbe
o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e
disse. Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e
a sua interpretação para os teus inimigos.
20 - A árvore que viste, que cresceu, e se tornou forte,
cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a
terra;
21 - cuja folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e
em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do
campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves dos céus faziam
morada,
22 - és tu, ó rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a
tua grandeza cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à
extremidade da terra.
23 - Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que
descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, destruí-a, mas a
cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro
e de bronze, na erva do campo; seja ele molhado do orvalho do
céu e a sua porção seja com os animais do campo, até que
passem sobre ele sete tempos.
24 - Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do
Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor:
25 - serás expulso de entre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos
bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete
tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
26 - Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da
árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu,
depois que tiveres conhecido que o céu domina.
27 - Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe termo em
teus pecados pela justiça, e às tuas iniqüidades usando de
misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua
tranqüilidade.
72
No verso dezenove vemos Daniel ―ATÔNITO‖ por algum tempo.
Existem versões bíblicas que neste verso traduzem esse ―algum
tempo‖ por ―quase uma hora‖, (Ver Young’s Literal Translation
1998, Almeida Revista e corrigida 1995, por exemplo) e nesse
espaço de tempo, seus pensamentos perturbavam o seu semblante,
de modo que o rei percebeu a mudança exterior de seu aspecto.
Daniel se apresentava ―espantado‖, estava mudo, não falava
nada, estava pálida, vítima de uma vaso-constrição periférica
percutânea, de origem neurogênica, que foi causada pelo
entendimento da narração que acabara de ouvir. Daniel já sabia
que a interpretação era totalmente desfavorável ao rei.
Daniel, súdito fiel, tinha por seu rei, verdadeiro apreço, e o
bem-estar do seu rei fazia parte de seus propósitos. Ele nunca
desejaria mal ao rei e vendo o mal rodeando o seu senhor,
estava envolvido numa terrível emoção desagradável.
Vendo o rei o estado de Daniel, disse-lhe: Beltessazar, não
te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Daniel 4.19. Mas
Daniel estava assustado e como maior prova de consideração e
apreço para com o rei, responde: Senhor meu, o sonho seja
contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus
inimigos.
Nabucodonosor deixou Daniel à vontade para interpretar o
sonho, tranqüilizando-o qualquer que fosse o sentido da
interpretação.
Profetizar contra o rei poderia significar a morte;
profetizar contra o rei poderia significar as conseqüências
mais desastrosas, mas a preocupação de Daniel não foi dessa
natureza. Ele se preocupava realmente com o rei, com o seu
bem-estar.
Assim Daniel se põe a interpretar o sonho do rei, chamando-
o de ―Senhor meu‖. (Verso dezenove)
Para os que te tem ódio, pois boa coisa não é, e não se trata de boas notícias.
A interpretação seja para os teus inimigos, para que esse mal se volte conta eles.
Mas a Nabucodonosor cabia apenas ouvir a interpretação
profética e a Daniel, a interpretação fiel.
Assim ao longo dos versos seguintes temos a explicação do
sonho para Nabucodonosor.
A árvore:
* aquela árvore tão frondosa, tão grande, tão útil não só
para as aves, mas para todo animal, cuja folhagem era formosa e
cujos frutos abundantes;
* aquela árvore que crescera tanto a ponto de atingir o céu
e a extremidade da terra;
* aquela árvore que fornecia o conforto para os animais e
para as aves do céu;
73
Era Nabucodonosor no gozo de sua glória e no domínio de seu
poder que se estendeu até aos extremos da terra conhecida até
então. Verso 20 e 21. Ver verso 22: ‖aquela árvore és tu, ó
rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a tua grandeza
cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à extremidade
da terra”.
Aquela árvore representava a pessoa do rei, pois dele saíam
os recursos para todos e o abrigo às aves e animais. Seu
reinado e poderio se estenderam de tal forma que sua influência
foi representada no sonho por aquela árvore, cujo crescimento
atingiu o céu, e cuja visão atingia o extremo da terra. (Verso
22). Mas no verso vinte e três temos uma quebra nesse cenário
paisagístico tão agradável, de esplêndida admiração, através de
um mensageiro; um santo que desceu do céu e dizia, emitindo uma
ordem sem definição do endereço, sem definir a quem era aquela
ordem:
Cortai a árvore e destruí-a, mas deixai o tronco e não danifiquem em nada suas raízes. E aquele ser prossegue em seu
imperativo discurso:
Mas o tronco, que não deve sofrer danos, seja fixado à terra com prisões seguras, em meio à erva do campo;
Esse tronco deverá ser molhado pelo orvalho do céu que atinge tudo o aquilo que não tem abrigo.
Sua porção alimentar seja junto com os animais do campo, à sua semelhança.
Isso deverá ser mantido até que passe sete tempos. Verso 23.
No verso vinte e quatro, Daniel suspira, inspira um pouco
mais profundo que o habitual e diz ao rei: Esta é a
interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo que virá
sobre o rei, meu senhor.
Nesta altura dos acontecimentos Nabucodonosor não havia
entendido a extensão e o propósito da profecia e olhava para
Daniel como quem queria entendê-lo melhor!
Então Daniel prossegue, esmiuçando a mensagem profética,
numa linguagem mais trivial e ilustrativa:
(Ó rei Nabucodonosor) serás tirado de entre os homens,
perderás o teu trono e também o teu leito, perderás também a
tua família e o teu lar; a tua morada será junto aos animais do
campo, e tu sofrerás uma mudança no modo de comer e passarás a
comer como os bois; passarás a dormir no campo e não mais no
teu leito real, onde gozas a proteção contra as intempéries
naturais; por essa razão o teu corpo será molhado pelo orvalho
do céu, pois dormirás a céu aberto como os bois e os outros
animais. Isso acontecerá sobre ti, até que se passe sete anos a
fim de que reconheças que Deus é muito superior a ti, e que foi
74
ele que te deu esse reinado, que tu não tens nada, que és pobre
e estás nu. Tudo o que tens veio desse Deus a quem não
reconheces como teu Senhor, embora, já tenha visto suas
maravilhas, e já tenhas conhecido do seu poder!
Esse Deus é um Deus que dá e que também tira, e quando dá,
o faz a quem quer, imperando apenas a sua vontade que é
absoluta e suprema. Uma vez reconhecido que a Deus pertence a
verdadeira glória, então voltarás a ter o teu trono, eis o
porquê do tronco ser mantido, inalterado, junto com as suas
raízes, o qual voltará a brotar e formará uma nova árvore.
Deus tirará o teu reino, o dará para outros e depois o
devolverá a ti, e isso acontecerá durante sete anos.
Na verdade, com respeito aos ―sete tempos‖ referidos por
Daniel, não sabemos exatamente o que ele quis dizer; pois os
Babilônios tinham duas estações que correspondem ao verão e ao
inverno e não sabemos se as sete estações seriam diretas, o que
daria três anos e meio, ou se sete verões, ou sete invernos de
modo que seriam sete anos.
Aquele rei necessitava se converter em sua grandeza. Ele se
comportava como um deus absoluto e necessitava reconhecer que
Deus é o Senhor, o Deus de Judá, o Deus de Daniel. Mas Deus lhe
deu uma oportunidade, embora na Sua presciência já sabia que
ele não ouviria o conselho de Daniel, apresentado no verso 27:
- Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaça-te dos
teus pecados e das tuas iniqüidades e passe a usar de
misericórdia para com os pobres e talvez se prolongue a tua
tranqüilidade.
É como se dissesse ao rei: Ó rei, você comete muita
injustiça. Por exemplo: mandou aquecer a fornalha de fogo sete
vezes para nela jogar meus companheiros que sempre lhe foram
fiéis; e isso só para satisfazer o seu ego. Você ocupa um lugar
mais alto do que aquele que Deus o colocou. Você não tem
misericórdia com os pobres e não respeita a ninguém. Arrependa-
te, pois, aceite esse meu conselho e terá sua tranqüilidade
prolongada, caso contrário está aí a profecia a teu respeito.
Agora ó rei, já tens a interpretação e a orientação que
desejavas. A profecia desta vez é contra ti e a vítima serás
tu, ó rei.
Deus ainda deu para Nabucodonosor, tempo para que se
arrependesse e ouvisse os conselhos de Daniel. Foi somente após
ter passado um período próximo de um ano, quando o rei já tinha
se esquecido totalmente da profecia e da visão, além dos
conselhos de Daniel, é que veio a se cumprir essa visão
profética.
Veremos a seguir que Deus cumpre a sua palavra, e todas
essas coisas sobrevieram sobre Nabucodonosor.
75
c) DEUS CUMPRE A PROFECIA
Daniel 4.28-37
28 - Todas estas cousas sobrevieram ao rei Nabucodonosor.
29 - Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real
de Babilônia,
30 - falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia
que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e
para glória da minha majestade?
31 - Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti
se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino.
32 - Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois,
e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que
o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem
quer.
33 - No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a
comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do
céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e
as suas unhas como as das aves.
34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei
os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse
o Altíssimo, e louvei e glorificarei ao que vive para sempre,
cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em
geração.
O verso de número vinte e oito fala sobre o cumprimento
dessa profecia, quando diz que todas estas coisas sobrevieram
sobre o rei.
Conforme o verso vinte e nove nós vemos que Deus esperou
por um período razoável e um ano depois, sobrevieram sobre ele
todas essas coisas.
Após a profecia, Nabucodonosor não ouviu o conselho de
Daniel e se manteve na rotina anterior, talvez um pouco pior,
pois o período do auge das conquistas já se havia passado.
Nabucodonosor agora é rei de todo o mundo civilizado de então.
Já havia construído o palácio de Babilônia, já havia feito da
cidade de Babilônia um marco iluminado neste mundo, cidade
luxuosa e extravagante para a sua época. A cidade de Babilônia
era sem rival na história universal. Jeremias fala de Babilônia
em Jeremias 51. 41 e Isaías 13.19 e a elevam à categoria de
cidade, jóia dos reinos, glória de toda a terra. Isto quer
dizer que Babilônia extrapola a glória dos caldeus.
Babilônia era uma cidade fechada com muros, na faixa de cem
quilômetros, com noventa metros de altura e aproximadamente
76
vinte e cinco metros de largura (espessura); uma verdadeira
fortaleza e que possuía cem portas de cobre.
Convém lembrar aqui que se fôssemos construir hoje, apesar
de todo o avanço da tecnologia, um muro como esse, qual não
seria o seu custo, qual não seria o trabalho, qual não seria o
tempo empregado?
Não sabemos como foi feito naquela época. De qualquer forma
uma verdadeira proeza, pois não dispunham da tecnologia que
conhecemos.
O rio Eufrates passava no seu interior. Era realmente uma
cidade espantosa. A cidade tinha os chamados jardins suspensos,
que por sua beleza e raridade se constituiu numa das sete
maravilhas do mundo antigo.
Ao final de um ano, (verso 29) já esquecido da profecia e
também já esquecido de Deus e já esquecido também de Daniel e
do sonho, lá está Nabucodonosor alimentando sua vaidade, dando
asas à imaginação de seu ego, passeando pelo palácio, quando
começa a regurgitar seu super ego e começa a falar de sua
própria glória: (O verso trinta narra que o rei falou e disse
seguramente em voz alta, provavelmente para si mesmo).
a) Sobre a sua divindade pessoal.
b) Sobre seu poderio religioso, judiciário, concentrado em
suas mãos.
c) Sobre a glória de ser o maior rei e o maior reino até
então.
“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa
real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha
majestade”? Daniel 4.30.
É como se dissesse: “Não é essa a magnífica obra de minhas
mãos sem a ajuda de Deus, sem a interferência de ninguém, mesmo
porque eu sou o maior, e na minha frente não há ninguém”?
Mas diz o verso trinta e um que ainda estavam na boca do
rei as últimas palavras quando ele ouviu uma voz do céu:“A ti
se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. Serás
expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais
do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão
sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo
tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem
quer”.Daniel 4.31 e 32.
No verso trinta e três temos a informação de que na mesma
hora se cumpriu a determinação do céu sobre Nabucodonosor.
“No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a
comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do
céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e
as suas unhas como as das aves”.Daniel 4.33.
77
Nabucodonosor sem dúvida ouviu aquela voz e tomou ciência
daquela sentença. Ele já houvera sido prevenido, mas não dera
ouvido, até mesmo se esqueceu, mas agora se esgotou o tempo e
na mesma hora ele foi tirado de entre os homens.
Nabucodonosor foi acometido de uma loucura, que é uma
doença mental chamada de ZOANTROPIA. Trata-se de uma doença na
qual a pessoa se acha um animal e se comporta como tal.
Acredito que a doença de Nabucodonosor foi a mais grave
manifestação dessa doença, sendo registrada na Bíblia para
ensino nosso.
Assim o rei Nabucodonosor:
1 - Foi deposto de seu trono numa prova inefável de que:
Deus é realmente soberano, e se há alguém realmente cheio de soberania esse alguém é Deus.
Deus exalta os humildes e reprime os soberbos. Deus entrona e destrona os monarcas da terra conforme
seus beneplácitos, e conduz os governantes por sua (de Deus)
soberania.
2 - Foi humilhado ao extremo, chegando a conviver com os
animais do campo e a viver com eles.
3 - Retornou ao seu trono, não por seus próprios méritos,
mas numa verdadeira prova da misericórdia de Deus. Isso se fez
como prova de que:
Deus vela e cumpre sua palavra. Sua misericórdia é infinita. Deus efetivamente é o Senhor dos Senhores, é o Rei dos
reis e é quem efetivamente reina. É nEle que se concentra todo
o poder.
E assim o sonho profético de Nabucodonosor se cumpriu e o
rei passou sete tempos com os animais, vivendo, comendo e
dormindo como eles, resultado da doença mental que o acometeu.
Nabucodonosor teve a sua mente transformada e acometida de uma
doença que o transformou em um animal. Isto quer dizer que
através da doença Deus lhe tirou a razão, o coração de
sentimentos humanos, os pensamentos associados à linguagem
humana. Em sua mente tratava-se realmente de um animal e se
comportava como tal.
Assim:
Nabucodonosor comeu da erva do campo. Seu corpo foi molhado pelo orvalho, isto é, passou a
dormir exposto às intempéries naturais.
Cresceram-lhes as unhas como a das aves, onde não se
podem desenvolver mais os hábitos da higiene compatíveis com a
sua realeza.
78
Cresceu-lhe também o pêlo (isto é, os cabelos de todo o corpo) tornando a sua aparência monstruosa e horripilante,
associada à falta da higiene, pois vivia no campo, como se vê e
se observa ao lermos o verso trinta e três.
Cumprido o tempo determinado por Deus, vemos no verso
trinta e quatro que Nabucodonosor ―levantou os olhos para
cima”.
Não há outra saída! A Igreja em Laodicéia foi convidada a
usar colírio comprado do Senhor, porque não se pode usar
colírio sem voltar os olhos para cima.
Moisés levantou a serpente no deserto a fim de que o povo
voltasse o seu olhar para cima.
Com Nabucodonosor não foi diferente. Foi necessário olhar
para cima, numa prova irrefutável e indiscutível de que a sua
posição é lá embaixo!
Diz o verso trinta e quatro que, ao olhar para cima,
voltou-lhe o entendimento. Isso é narrado pelo próprio
Nabucodonosor. Veja Daniel 4.34
“Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os
olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o
Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo
domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração”.
Nem todas as doenças são decorrentes de castigo de Deus em
nossa vida. Em virtude de estarmos sujeitos às leis naturais
desta vida, temos todos os problemas decorrentes do simples
fato de vivê-la. Assim não estamos livres dos acidentes
naturais, nem das catástrofes naturais, nem dos problemas
decorrentes das intempéries naturais e podemos adoecer
simplesmente por sermos humanos e que um dia haveremos de
morrer; (exceção apenas aos que forem arrebatados na volta de
Jesus). Mas sem dúvida existem doenças que são castigos de Deus
em nossa vida, como esse caso aqui em apreço.
Nabucodonosor precisava se converter de seus pecados e
ouvir os conselhos de Daniel (verso 27).
Quero crer que, sem dúvida alguma, se Nabucodonosor se
convertesse de seus pecados, praticasse a justiça e usasse de
misericórdia, Deus o teria poupado dessa humilhação.
Muitas vezes sofremos muito devido nosso próprio
comportamento e depois ficamos a pensar que Deus está nos
provando! Ora nós temos que pagar pelos nossos erros; temos
que pagar pela nossa língua quando ela for grande de modo a não
caber em nossa boca. Temos que pagar por não sermos humildes,
pois a arrogância é fator anti-social, e o sofrimento
decorrente disso não é prova de Deus em nossa vida coisa
nenhuma! Trata-se realmente de uma correção de Deus.
79
Jó, sim, foi provado por Deus, tanto que ele invocou a Deus
e o convidou a ―pesá-lo em balança fiel‖ (Jó 31.6) a fim de que
Deus visse a sua sinceridade e retidão.
Verso 34, Ao levantar os seus olhos para cima, voltou-lhe
(a Nabucodonosor) o entendimento e Deus o curou daquela doença
tão grave, felizmente rara entre nós.
Na minha experiência pessoal já vi manifestação de doença
psiquiátrica dessa natureza: um jovem achava que era ―Jesus‖ e
um outro achava que era o ―Roberto Carlos‖ e não havia quem os
convencesse do contrário. Essa doença tem pouco resultado
quando em tratamento médico, mas há casos de boa evolução com a
terapêutica adequada.
Nabucodonosor foi então acometido de um mal, fim de uma
lição. Não havia ninguém que pudesse discipliná-lo a não ser
Deus. No verso 34, ao fim daqueles dias, Deus permite a cura
daquele mal e Nabucodonosor levanta seus olhos para cima, única
direção que lhe poderia proporcionar a solução de seu problema;
pois o verdadeiro socorro vem de Cima. Salmo 121.1,2. Assim,
Nabucodonosor:
Nabucodonosor imediatamente reconheceu a soberania de
Deus bendizeu ao Senhor e exaltou o seu glorioso nome.
Glorificou ao Altíssimo que vive para sempre. Reconheceu que seu domínio é ilimitado e seu reino é
eterno.
Nos versos trinta e cinco ao trinta e sete Nabucodonosor,
após reconhecer a soberania de Deus, enaltece o Deus de Daniel:
DANIEL 4.35 - Todos os moradores da terra são por ele
reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa
deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?
36 - Tão logo me tornou a vir o entendimento, também para a
dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o
meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus
grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou
extraordinária grandeza.
37 - Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e
glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são
verdadeiras, e os seus caminhos justos, e pode humilhar aos que
andam na soberba.
Aqui no verso trinta e cinco vemos Nabucodonosor
reconhecendo a grandeza de Deus.
Assim Nabucodonosor voltou a reinar, (verso 36) acredito
eu, convertido pela força e pela violência. Nabucodonosor viveu
depois disso uma vida diferente como se pode deduzir do verso
37, onde passa a exaltar e a glorificar ao Rei de céu, e passa
a reconhecer que todas as suas obras são verdadeiras, e os seus
80
caminhos justos, e pode humilhar aos que andam na soberba. Dn
4.37.
Nabucodonosor reinou por volta de quarenta e cinco anos,
aproximadamente entre 609 a 562 a.C. Nós não sabemos exatamente
como morreu, mas ao que parece morreu com a dignidade de rei e
foi a cabeça de ouro da estátua gigantesca do capítulo dois e
se constituiu no primeiro dos reis, nos quatro reinados
universais da história humana posterior.
Daniel não tinha o intuito de ser historiador e por esse
motivo a sua história é cheia de lacunas e assim temos um
grande espaço de tempo entre o capítulo quatro e o capítulo
cinco, talvez perto de trinta anos, onde nada sabemos sobre a
Babilônia ou sobre Nabucodonosor.
Seguramente não houve nenhum fato importante que merecesse
ser narrado por Daniel em todo esse período.
Em todo esse período Daniel permaneceu como homem de
confiança do rei, não somente Daniel, como também seus
companheiros. Veremos que Daniel ultrapassou todo o reinado de
Babilônia, sempre se destacando como homem de Deus fiel em seus
princípios, de caráter moral irrepreensível.
81
CAPÍTULO 5
A QUEDA DE BABILÔNIA
Aqui no capítulo cinco temos a narração do final do império
babilônico, tendo a Belsazar em exercício do trono A Babilônia
foi conquistada por Ciro, o persa, e por Dario, o medo, dando
início ao segundo império mundial chamado Medo-Persa.
Nessa época Daniel já era um ancião com idade próxima aos
oitenta anos e lendo o capítulo cinco dá para entender que
Daniel se achava como que aposentado ou estava exercendo alguma
atividade fora da corte. Podemos deduzir isso no verso onze
onde diz: “Há no teu reino um homem” que reforça esse
pensamento.
Daniel era um homem muito conhecido naquele reinado, assim
como suas histórias também eram conhecidas em todo o reino.
Tendo morrido Nabucodonosor, a Babilônia entrou em ritmo de
decadência e subiu ao trono um sujeito de nome EVIL MERODAQUE
que reinou por volta de dois anos, e foi assassinado. 2 Reis
25.27-30.
Em seu lugar subiu, para reinar, seu cunhado, NERY GLASSAR,
por um reinado também muito curto (reinou por volta de quatro
anos), foi substituído por LABOCHI MARDUCK, filho de Nery
Glassar, que também foi deposto pelo partido sacerdotal e foi
substituído por NABONIDO, que foi o último rei de Babilônia,
tendo reinado até a queda de Babilônia em 539 a.C.(reinou por
volta de dezessete anos).
Daniel não faz menção de Nabonido, mas refere que Belsazar
lhe ofereceu o terceiro lugar no reino. Ver verso 16: “E serás
o terceiro em meu reino”.
Se Belsazar fosse ―rei‖ efetivo da Babilônia ele teria
oferecido o segundo lugar a Daniel; o que não poderia fazer
porque ele ocupava esse lugar e reinava em Babilônia em
substituição a Nabonido, que era rei efetivo.
Nabonido passou a última parte de seu reinado provavelmente
na Arábia e Belsazar reinava em seu lugar, quando ausente.
Nessa época a população de Babilônia, dentro dos muros, atingia
por volta de um milhão de pessoas. Na noite da derrota,
Belsazar se achava em festa dentro dos muros da cidade, e
confiava na invencibilidade daquela fortaleza e, reunido com
mais de mil pessoas, bebiam e folgavam, quando o inesperado
incrível aconteceu. Vamos ver isso aqui nesse capítulo.
O capítulo cinco pode ser dividido em:
A escritura na parede. Versos 1-12
A interpretação da escritura Versos 13 - 28
82
O cumprimento da escritura.
a) A ESCRITURA NA PAREDE
Daniel 5.1-12
1 - O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus
grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.
2 - Enquanto Belsazar bebia, e apreciava o vinho, mandou
trazer os utensílios de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu
pai, tirara do templo que estava em Jerusalém, para que neles
bebessem o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas.
3 - Então trouxeram os utensílios de ouro, que foram
tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e
beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas.
4 - Beberam o vinho, e deram louvores, aos deuses de ouro,
de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
5 - No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem,
e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do
palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.
6 - Então se mudou o semblante do rei, e os seus
pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram,
e os seus joelhos batiam um no outro.
7 - O rei ordenou em voz alta que se introduzissem os
encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei, e disse
aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura, e me
declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, trará
uma cadeia de ouro ao pescoço, e será o terceiro no meu reino.
8 - Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam
ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.
9 - Com isto se perturbou muito o rei Belsazar, mudou-se-
lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.
10 - A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei
e aos seus grandes, entrou na casa do banquete, e disse: Ó rei,
vive para sempre! Não te turbem os teus pensamentos, nem se
mude o teu semblante.
11 - Há no teu reino um homem, que tem o espírito dos
deuses santos; nos dias de teu pai se achou nele luz e
inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai,
o rei Nabucodonosor, sim, teu pai ó rei, o constituiu chefe dos
magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros,
12 - porquanto espírito excelente, conhecimento e
inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e
solução de casos difíceis, se acharam neste Daniel, a quem o
rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e
ele dará a interpretação.
83
O cenário é de uma grande festa. Essa festa era para
importantes convidados, e não poucos; na presença dos quais
Belsazar bebia vinho. Estimulado pela ação da bebida e na
presença dos maiorais lembrou-se dos vasos sagrados que vieram
de Jerusalém.
No verso dois vemos Belsazar mandando trazer os utensílios
sagrados para que eles todos bebessem neles.
No mundo há um ditado:
“Não se mexe com aquilo que está quieto”. Enquanto Belsazar e seu bando não se envolveram com as
coisas sagradas de Deus, houve tolerância da parte de Deus para
com eles, embora cultuassem seus ídolos e se prostituíssem
naquela grande festa.
Os utensílios sagrados foram trazidos na presença do rei,
como se pode deduzir do verso três, e começaram a beber neles;
o rei, seus maiorais, suas mulheres e concubinas e, como se não
bastasse, com os utensílios sagrados em suas mãos, passaram a
entoar hinos de louvores aos seus ídolos. Verso quatro.
Deus não se deixa escarnecer. Sua paciência tem limites.
Entendeu Deus que aquele povo já ultrapassava seus limites,
pois agora afrontavam ao verdadeiro Deus e provocaram sobre si
a sua ira.
Nessa altura do cenário festivo, quando tudo era festa,
orgia, alegria e bebedeiras, diz-nos o verso cinco:
- ―NA MESMA HORA‖ apareceram uns dedos de mão de homem que
escreviam, defronte do castiçal, (onde havia luz) na parte
estucada da parede (em local propício para a escrita) e o rei
via a parte da mão que ia escrevendo. Verso 5.
Ao ver essa cena, Belsazar perdeu a cor, ficou assustado,
não dava para acreditar, mas era a realidade. Verso 6.
Diante de seus olhos havia, de forma suspensa, uns dedos de
mão de homem escrevendo na parede. Belsazar estava apavorado.
Leia Daniel 5.6.
“Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o
turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus
joelhos batiam um no outro”.
Belsazar estava tremendo, estava assustado, pálido, porque
não dizer atônito! O rei estava tremendo. Mas não era apenas o
rei. Veja o que diz o verso nove:
“... e os seus grandes estavam sobressaltados”.
Também os seus grandes. Todos afrontaram ao Deus dos judeus
e profanaram os utensílios sagrados do templo do Senhor em
Jerusalém.
O escrito da parede era na língua dos caldeus, mas não
entendiam a mensagem, e isto piorou ainda mais a situação de
84
angústia, de desespero, de medo e veio a necessidade de se
saber de que se tratava, qual o significado daquela mensagem.
Tratava-se de palavras conhecidas, sem dúvida, mas eram
palavras que se achavam soltas, isoladas e não faziam sentido.
Mas tinham que ter algum sentido, pois sem dúvida não foram
mãos humanas que as escreveram e se tratava de uma mensagem
para o rei.
Por ordem expressa do rei, foram chamados os magos, os
entendidos, a fim de que ajudassem o rei, a fim de que
interpretassem aquele escrito na parede. Mas se tratava de uma
mensagem de Deus, e mensagem de Deus é necessário se ter do seu
Espírito para entendimento. Mas em vão chamaram os sábios, os
encantadores, os feiticeiros, os caldeus e todos os que
poderiam supostamente ajudar.
Lá está o escrito, os dedos que escreveram a mensagem já se
foram, o que resta agora é desespero. Acabou-se a festa, um ou
outro ainda encontra ânimo para beber o vinho. Na verdade,
tanto o rei quanto seus grandes estão preocupados.
O problema extrapolou a sala do banquete e já estava por
toda a corte. Quero acreditar que era noite quando foi feito o
escrito, pois este foi feito ―defronte ao castiçal‖ a fim de
aproveitar a sua luz.
Mas ao final, tudo em vão. No verso oito temos que não
puderam, apesar da sabedoria, da experiência, dos esforços,
fazer saber ao rei a sua interpretação e como conseqüência
aumentou ainda mais a perturbação do rei. Ver versos 8 e 9.
Dá a entender do verso dez que a rainha mãe não participava
da festa. A rainha mãe, certamente informada sobre os
acontecimentos na casa do banquete e sabendo que o rei se
achava perturbado, e que o clima festivo acabara, dando lugar
ao temor e apreensão; veio entrou na sala do banquete.
Ao entrar na sala, procurou o rei e lhe disse: Há no teu
reino um homem, que tem o espírito dos deuses santos; nos dias
de teu pai se achou nele luz e inteligência, e sabedoria como a
sabedoria dos deuses; teu pai ó rei, Nabucodonosor, sim teu pai
ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos
caldeus e dos feiticeiros. Porquanto espírito excelente,
conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos,
declaração de enigmas e solução de casos difíceis, se acharam
neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-
se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. Verso 11 e 12.
Podemos deduzir, da forma de expressão da rainha, que
Daniel não estava freqüentando a corte, de modo assíduo, pois
me parece que Belsazar não o conhecia pessoalmente. Certamente
Daniel se achava na região da Babilônia, pois foi chamado e, ao
que tudo indica, não demorou muito a chegar. Lembrar que os
85
muros da Babilônia tinham mais ou menos cem quilômetros de
extensão, o que delimita uma grande área.
Aqui temos novamente uma grande lição. Quando houve um
grave e grande problema na corte, lembraram-se do homem de
Deus, sem dúvida pelo seu bom testemunho crente que gerou
confiança ao ponto da rainha afirmar:
... chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.
Daniel 5.12
Nós precisamos inspirar, na sociedade onde vivemos, o mesmo
espírito de luz. Precisamos exalar o perfume da Rosa de Saron e
inspirar nas pessoas que nos rodeiam, a confiança nas atitudes
de nossa fé. Tem crentes que se forem lembrados em alguma
circunstância, logo são desabonados: “Esquece esse crente,
porque é muito problemático, é tribuloso e a situação é ruim
sem ele, ficará mais difícil ainda com ele”.
Fruto de mal testemunho, fruto de comportamento leviano,
adeptos do não faz mal. Mas Daniel não era assim, ainda
veremos sobre a integridade de seu caráter, mas sobre a sua fé,
não deixava nenhuma dúvida:
- Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses
santos.
Oxalá possamos ter uma vida no altar e possamos ser uma
verdadeira luz, úteis na sociedade onde vivemos e nunca,
jamais, servirmos de tropeço para alguém.
Devemos nos lembrar que a nossa recompensa vem de Deus.
Mas voltando ao cenário da festa interrompida, agora surge
uma nova esperança e com ela a certeza da solução. O rei
determinou que Daniel fosse introduzido em sua presença.
Não foi difícil achar o representante do Senhor. Lá estava
ele, talvez como que aposentado em suas funções políticas, mas
no pleno exercício de sua fé. Assim veremos, a seguir, Daniel
na presença do rei.
b)A INTERPRETAÇÃO DA ESCRITURA
Daniel 5.13-29.
13 - Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou
o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de
Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?
14 - Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos
deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e
excelente sabedoria.
15 - Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios
e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber
a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas
palavras.
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16 - Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar
interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes
ler esta escritura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás
vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço, e serás o
terceiro no meu reino.
17 - Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os
teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem;
todavia lerei ao rei a escritura, e lhe farei saber a
interpretação.
18 - Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu
pai, o reino, e grandeza, glória e majestade.
19 - Por causa da grandeza, que lhe deu, povos, nações e
homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava
a quem queria, e a quem queria deixava com vida; a quem queria
exaltava, e a quem queria abatia.
20 - Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu
espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu
trono real, e passou dele a sua glória.
21 - Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração
foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os
jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do
orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que
Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a
quem quer constituí sobre ele.
22 - Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu
coração, ainda que sabias tudo isto.
23 - E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram
trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus
grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho
neles; além disto, deste louvores aos deuses de prata, de ouro,
de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não
ouvem, nem sabem; mas a Deus em cuja mão está a tua vida, e
todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.
24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou
esta escritura.
25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,
TEQUEL, e PARSIM.
26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o
teu reino, e deu cabo dele.
27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.
28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
aos persas.
29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,
e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que
passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.
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Foram então em busca de Daniel, agora a única esperança, e
o encontraram.
Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Daniel
seguramente não se encontrava muito longe, pois não nos parece
ter esperado o rei por uma longa viagem de buscar a Daniel. O
rei ao ver a Daniel, pessoa que seguramente não conhecia,
perguntou:
“És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei meu
pai, trouxe de Judá?”
Belsazar conhecia bem a história de Daniel, pois este era
conhecido em todo o reino. Isso reforça aquela idéia de que
Daniel não estava freqüentando o palácio do rei nesse período
final. Talvez com a morte de Nabucodonosor, devido seu reino
entrar em declínio, na presença de uma instabilidade que
debilitou o reino com uma onda de revoluções e homicídios,
Daniel tenha se afastado de suas funções na corte e fosse viver
alguns anos como se fosse aposentado.
Mas agora, Daniel se vê, novamente, solicitado no palácio e
o rei Belsazar dá testemunho de Daniel através da história de
sua vida:
Tenho ouvido dizer a teu respeito, que o espírito dos
deuses está em ti e que a luz e o entendimento, e a excelente
sabedoria se acham em ti. Verso quatorze.
Belsazar tinha a ficha completa de Daniel, embora pareça
não tê-lo mais na chefia dos sábios e dos entendidos.
Belsazar apresenta para Daniel o motivo de ser trazido à
presença do rei:
―- Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e
astrólogos, para lerem esta escritura e me fazerem saber a
interpretação, mas não puderam dar à interpretação destas
palavras. (Verso dezesseis).
Eu, porém tenho ouvido sobre ti, agora se puderes ler essa
escritura e fazer-me saber a interpretação, então:
a) Serás vestido de púrpura
b) Terás cadeia de ouro ao pescoço
c) Serás o terceiro no meu reino. (Verso dezesseis).
Mas Daniel era homem de Deus, e o homem de Deus não se
vende, não se deixa levar por elogios, não se embala em canções
de ninar. Daniel o exortou com toda a naturalidade de um homem
cheio do Espírito Santo:
- Teus presentes fiquem contigo e dá os teus prêmios a
outrem, mas quanto ao teu problema eu vou resolver, e a
interpretação da escritura eu ta darei de graça e não tenho
nenhum interesse em suas recompensas. (Verso dezessete).
Mas Daniel não foi direto ao assunto que deveras afetava o
espírito do rei, mas foi mexer no ponto central da coisa,
realmente a causa de tudo aquilo.
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Daniel fez lembrar ao rei um pouco da história de sua
própria família e lembrou-o de Nabucodonosor, seu avô, e seu
relacionamento com Deus. Foram experiências de um grande
monarca que ele bem conhecia, mas não deu valor algum, nem
extraiu para si aprendizado.
Então Daniel recorda a Belsazar que Deus, o Altíssimo, o
Deus dos judeus, ele sim é que tem domínio sobre os reinos da
terra. Daniel lembrou a Belsazar a humilhante situação de seu
avô, que trocou o reino pelo campo, o palácio real pelo céu
aberto, o conforto do lar pela companhia dos animais, as fartas
iguarias de sua mesa pela erva do campo e como animal viveu no
meio deles, até reconhecer que Deus é Senhor. (Versos 18 ao 21)
Mas Belsazar não havia parado um minuto sequer para avaliar
a experiência de seu avô com relação ao Deus dos judeus, e
Daniel se volta para Belsazar e lhe diz:
E, tu, Belsazar, membro íntimo dessa mesma família, não te
humilhaste mesmo sabendo de tudo isto. (Verso vinte e dois) E
pior ainda, prossegue Daniel: Levantaste-te contra o Senhor do
céu, pois ordenaste trazer os utensílios sagrados que eram da
casa dEle lá em Jerusalém, a fim de profaná-los, tu, teus
grandes, tuas mulheres e concubinas, numa verdadeira afronta ao
nosso Deus. Não só profanaste os utensílios sagrados, mas os
desonraste na presença de teus deuses inertes e pagãos,
entoaste hinos de louvores aos deuses mortos e não glorificaste
ao Deus vivo, por isso ó rei, prossegue Daniel, da parte dEle
te foi enviada aquela mão para escrever um recado para ti.
(Verso 23 e 24)
24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou
esta escritura.
25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,
TEQUEL, e PARSIM.
26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o
teu reino, e deu cabo dele.
27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.
28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
aos persas.
29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,
e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que
passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.
A mensagem de Deus para ti, o’rei, a qual permanece
escrita na parede, eu a interpretarei:
MENE MENE TEQUEL PARSIM (ARA ou ARC 1995)
MENE MENE TEQUEL UFARSIM (ARC 1969)
89
NOTA: Temos expressões diferentes a respeito daquilo que
foi escrito na parede na dependência da fonte que traduziu o
texto e da edição considerada. Na edição de Almeida Revista e
Corrigida de 1969, temos a tradução UFARSIN, e na mesma
tradução editada em 1995, já temos a tradução PARSIM
A tradução literal seria:
CONTADO - CONTADO - PESADO - DIVIDIDO
Tratava-se de palavras conhecidas, mas que isoladas não
formava nenhuma mensagem; não formavam sentido em si mesmas.
Vamos ver a interpretação de Daniel:
Verso 26: MENE: contou Deus o teu reino e o acabou
Verso 27: TEQUEL: Pesado fostes na balança e achado em
falta.
Verso 28: PARSIM: dividido foi o teu reino e se o deu aos
medos e persas.
Vamos dividir o comentário aqui em duas partes, a saber:
1- A respeito das palavras
2- A interpretação de Daniel
1 - A respeito das palavras
Nas diferentes versões da Bíblia temos três apresentações
diferentes com uma mesma tradução.
UFARSIM PERES PARSIM
PARSIM é uma palavra plural de PERES, sendo que FARSIM é
uma variante de PARSIM e a letra U antecedendo a palavra
corresponde ao nosso e, conjunção aditiva. Assim teremos que
UFARSIM também é plural de PERES que significa dividido.
É por esse motivo que no verso 25 aparece Parsim e no verso
28 temos a sua substituição por Peres.
PARSIM (plural)
PERES singular
UFARSIM (plural)
(Ufarsim é uma variação de Parsim)
PERES é uma palavra que significa: Dividido
MENE é uma palavra de sentido duplo que significa: NUMERADO
ou PROVADO.
90
TEQUEL é uma palavra que traz a idéia de DEFEITUOSO ou de
má qualidade.
2-Sobre a interpretação de Daniel:
Daniel, então, interpreta a escritura: MENE MENE TEQUEL E
PARSIM dessa forma:
Deus provou o teu reino, avaliou-o e achou-o em falta e
por esse motivo, Belsazar, foste pesado na balança de Deus e
foste achado com defeito grave segundo os padrões dos
parâmetros de Deus. Por essa razão, Deus passou de ti o teu
reino e o deu aos medos e persas.
Acredito que Belsazar não entendeu a extensão da gravidade
envolvida na interpretação da escritura, pois se tivesse
entendido, seria aumentado em muito o seu pavor, a sua
preocupação, pois estava ali a palavra profética do seu fim.
Daniel foi claro: O TEU REINO ACABOU! Daniel não lhe disse:
está acabando! Ou acabará num futuro próximo! Mas disse: O TEU
REINO ACABOU!
A maior prova de que Belsazar nada entendeu bem aquela
exposição de Daniel, foi a atitude subseqüente que vemos no
verso 29: “Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de
púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e
proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu
reino”.
Qual reino? O reino dos medos e persas? E quem era ele para
interferir no reino de seus sucessores? Na verdade não
entendera a extensão da interpretação da escritura, cujo
cumprimento seria imediato.
O CUMPRIMENTO DA ESCRITURA
Daniel terminara a interpretação que era totalmente
desfavorável ao rei, e o rei, cumpridor de sua palavra, se pôs
a cumprir sua promessa: Vestir a Daniel com roupas de púrpura.
Acredito que Daniel se retirara da presença do rei e este
ficou perdido nos seus pensamentos.
Logo a seguir, naquela mesma noite, ocorreu a invasão da
Babilônia por Ciro, o Persa o qual se apoderou do reino e o rei
Belsazar foi morto, como podemos ver no verso trinta e trinta e
um do capitulo cinco de Daniel; cumprindo-se assim a
interpretação dada por Daniel que disse ao rei: O TEU REINO
ACABOU!
Era noite, como podemos deduzir do verso trinta. O palácio
do rei é invadido pelas tropas inimigas e naquela mesma noite
Belsazar recebeu o castigo de Deus. Seu trono foi entregue a
Dario, que foi nomeado por Ciro como governador de Babilônia.
91
A queda de Babilônia se deu em 539 a.C. sob o comando de
Ciro, o Persa.
Temos bases em escritos tanto Babilônicos como Persas para
deduzir que não houve nenhuma batalha nesta conquista. Parece
que os últimos reis (Nabonido e Belsazar) eram sim tiranos, e
quando o exército inimigo se dispôs a entrar em Babilônia
tiveram o apoio do povo que lhes permitiu a entrada, aclamando-
os como libertadores daqueles tiranos, abrindo-lhes os portões
e facilitando a conquista.
O governo de Dario foi curto. Não se sabe exatamente a sua
extensão, mas sabe-se que era subordinado a Ciro, quem na
realidade o constituiu rei em Babilônia, enquanto prosseguia
nas batalhas em suas conquistas.
Veremos oportunamente, quando estudarmos o capítulo 8, que
Dario é o chifre pequeno do carneiro, enquanto Ciro é o chifre
maior.
Este Ciro é o que foi citado em profecia por Isaías em
Isaías 44.28 e 45.4, há mais de um século antes de seu
nascimento. É também esse Ciro que vai permitir o retorno dos
judeus.
Nessa época Daniel tinha por volta de oitenta e dois anos
de idade e o cativeiro sessenta e oito anos.
Assim terminou o primeiro império mundial, representado
pela cabeça de ouro na estátua profética do capítulo dois e se
instalou a seguir o segundo, que é o representado pela prata.
Os medos e os persas formaram uma coalizão para unirem as
suas forças durante as conquistas onde Dario é representante
dos Medos e Ciro o representante dos Persas.
Cerca de dois anos antes desse evento, Ciro havia atacado a
Belsazar que o enfrentou com seus exércitos de Babilônia. Foi
travada uma batalha na qual os Persas fizeram os Babilônios
recuarem e foram rechaçados para o interior dos muros.
A partir daí Ciro sitiou a cidade, e não mais permitiu aos
Babilônios, liberdade fora dos muros. Mas havia ali estrutura
para resistirem e se manterem ainda por alguns anos. Ciro nesse
tempo desviou o curso do rio Eufrates e entrou na cidade pelo
leito seco do rio, encontrando apoio na população da Babilônia
e talvez até dos seus generais de exército.
Uma vez dada a sentença de Deus, não há fortaleza, e não há
Babilônia que possa resistir. A Palavra de Deus é fiel e
verdadeira de modo a passar o céu e a terra, mas sua Palavra
persiste para todo o sempre.
92
CAPÍTULO 6
DANIEL NA COVA DOS LEÕES
Este é o último capítulo do Livro de Daniel que fala do
aspecto histórico de sua vida e de seu livro. Os demais
capítulos estão voltados para a profecia e narram fatos que
ocorreram no período de desenvolvimento dos seis capítulos
anteriores e narram fatos vindouros que se estendem até o
arrebatamento da igreja e o período da tribulação’.
Nesta época, Daniel já está por volta de oitenta e cinco
anos, e nessa idade mantinha-se fiel a Deus e ao trono. Servia
seu rei da melhor forma que podia e não media esforços para a
tranqüilidade do reino.
O reinado de Babilônia já se fora. É lembrança de um
passado não muito distante. Reinava o império Persa, o peito de
prata da estátua de Nabucodonosor, no capítulo dois. Já estamos
no segundo reinado universal, o Medo-Persa. Daniel ainda gozava
de muito prestígio e era amigo íntimo do rei Dario, que reinava
em Babilônia, pois fora Dario constituído rei sobre a Babilônia
por Ciro, o Persa.
A corte estava serena e reinava uma aparente paz. Daniel
invocava o seu Deus todos os dias e se mantinha fiel também ao
rei, a quem tinha verdadeira consideração. O rei tinha Daniel
por grande dentro de seu reino, até que Satanás arma um plano
diabólico para destruir Daniel, o braço direito do rei Dario.
Mas Daniel, agora um ―jovem idoso‖, era ainda o mesmo jovem
de outrora e se mantinha no mesmo propósito, agora enriquecido
nas experiências da vida.
Esse capítulo pode ser dividido em:
A inveja condena Daniel versos 1 a 15
Daniel na cova dos leões versos 16 a 28
a) A INVEJA
Daniel 6.1 a 15
1 - Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e
vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino;
2 - e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um,
aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não
sofresse dano.
93
3 - Então o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e
sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino.
4 - Então os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião
para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-
la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele
nenhum erro nem culpa.
5 - Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião
alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra
ele na lei do seu Deus.
6 - Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei,
e lhe disseram: Ó rei Dario, vive para sempre!
7 - Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas,
conselheiros e governadores, concordaram em que o rei
estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem
que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus,
ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova
dos leões.
8 - Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a
escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e
dos persas, que se não pode revogar.
9 - Por esta causa o rei Dario assinou a escritura e o
interdito.
10 - Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada, entrou em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde
havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes no dia
se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu
Deus, como costumava fazer.
11 - Então aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a
Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus,
12 - se apresentaram ao rei e, a respeito do interdito
real, lhe disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço
de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus,
ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova
dos leões? Respondeu o rei, e disse: Esta palavra é certa,
segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.
13 - Então responderam, e disseram ao rei: Esse Daniel, que
é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do
interdito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua
oração.
14 - Tendo o rei ouvido estas cousas, ficou muito
penalizado, e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e até
ao por do sol se empenhou por salvá-lo.
15 - Então aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe
disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que
nenhum interdito ou decreto, que o rei sancione, se pode mudar.
94
O Governo do rei Dario se caracterizou por uma organização
na qual o governo foi dividido em faixas ou zonas de atuação as
quais foram chamadas de:
A COROA
PRESIDENTES
SÁTRAPAS
GOVERNADORES
PREFEITOS
CONSELHEIROS
Governadores, prefeitos e conselheiros eram as autoridades
locais que participavam ativamente do governo.
Os sátrapas: eram do terceiro escalão. Constituíam-se
daqueles que representavam a coroa e tinham o contato direto
com o povo. O governo foi dividido entre 120 Sátrapas colocados
sobre 120 províncias. Sua função era garantir a estabilidade do
reino.
Os presidentes: eram homens colocados entre os sátrapas e o
rei. Eram apenas três. Eram eles quem recebia os problemas
trazidos pelos sátrapas e os expunham ao rei. Era uma espécie
de primeiro ministro, a quem todo o reino prestava contas. Sua
função era zelar pela segurança, de modo que o rei não sofresse
dano. Daniel foi nomeado como um deles. (verso 1,2)
A coroa: era representada na pessoa do rei que, do trono,
no palácio real, governava a todos.
Daniel já era pessoa de fama muito conhecida e Dario,
apesar de tão pouco tempo de governo, aprendeu a confiar em
Daniel e por ele tinha especial apreço.
Diz-nos o verso três que Daniel se distinguiu, e muito, em
relação aos outros, pois o rei o constituíra um dos
presidentes.
Diante de um desempenho brilhante e de refinada eficiência,
o rei Dario pensava em fazer mais uma modificação na estrutura
de seu governo e colocar a Daniel em um nível superior, de modo
que os presidentes não tivessem mais acesso ao rei, mas sim a
Daniel, que passaria a ser a primeira pessoa após a autoridade
do rei como se fosse chefe de gabinete ou primeiro ministro.
Daniel foi muito honrado por Dario devido a sua fidelidade
e devido a sua eficiência. Era homem sábio e diz-nos a Sagrada
Escritura que ele tinha ―um espírito excelente‖.
Dario o conhecia, através dos comentários constantes a
respeito de seus feitos, e como político tinha o nome em
evidência em todo lugar. Tendo constatado o valor desse homem
para seu governo, pretendia colocá-lo sobre todo o seu reino.
(verso três). Dario pretendia fazê-lo governador em todo o
reino.
95
Essa situação privilegiada de Daniel trouxe sobre si muitos
problemas. Imediatamente os sátrapas e seus comandados
desenvolveram uma inveja mortal sobre Daniel. (verso 4)
Sem dúvida foi convocada uma reunião entre as lideranças,
sem uma comunicação ao rei, para a qual seguramente Daniel não
fora convocado.
O objetivo daquela reunião era encontrar uma estratégia que
pudesse condenar a Daniel. Mas Daniel era integro em seu
caráter. Daniel era de uma fidelidade incontestável. Sua vida
era tão impecável que a Bíblia declara: não se achava nele
culpa ou erro algum. Leia o verso 4.
Um plano para ofuscar a luz de Daniel, um plano para tirar
a Daniel do seu caminho; um plano diabólico a fim de impedir
que o rei pusesse a Daniel sobre todos eles. O prestígio de
Daniel, sua capacidade de trabalho e o seu perfeito desempenho,
foram reconhecidos por todos e sem dúvida ofuscava a visão do
rei em relação aos demais governantes.
A INVEJA
A inveja:
É um mal que não tem cura, se não pelo sangue de Jesus. 1
João 1.7.
É a podridão dos ossos. (Provérbios 14. 30) É um mal de grande força e violência (Provérbios 27.4) Já causou tantos males e continua causando. Mateus 27.18.
Levou José a ser escravo no Egito. Gênesis 37.36 Levou Hamã para a forca. Ester 7.9,10. Levou Daniel para a cova dos leões. Daniel capitulo 6.
Levou Jesus para a cruz. Marcos 15.10, Mateus 27.18.
Onde há inveja há toda espécie de coisa ruim. Mateus
27.18.
A Bíblia aconselha a todos que não tenham inveja. Salmo 37.1. Provérbios 23.17.
Mas... Não puderam achar em Daniel uma mácula sequer!
Nenhuma culpa! Nenhum erro!
O homem era perfeito, honesto e fiel. Pessoa cuidadosa, de
extremo zelo no desempenho da função que lhe foi confiada.
Sobretudo Daniel se mantinha também na presença de Deus em
constante consagração.
Aqueles homens invejosos reconheciam a sua inteligência, a
sua capacidade, a sua fidelidade ao rei e confessaram entre si
que reconheciam não encontrarem em Daniel uma falha sequer! Não
havia possibilidade de acusá-lo devido sua integridade
96
indelével. Veja o verso 5: “...Nunca acharemos ocasião
alguma para acusar a este Daniel...”.
Isso é um verdadeiro testemunho. Tomemos para nós esse
exemplo de modo que possam reconhecer em nós a fidelidade para
com nosso Deus.
Até hoje a história ainda não mudou. O trabalho produtivo
do crente incomoda a programação do inimigo e ofusca o percurso
de suas ações de modo a ser tornar alvo de suas investidas.
Quando produzimos, em outrem, sentimento de inveja, é porque
estamos dando frutos. Árvore que não tem fruto, não recebe
pedradas e não se chuta cachorro morto. Mas Deus zela por
nossas almas e por nossas vidas e nos livra da perseguição e do
mal.
Jesus ensinou em Mateus 5.11, que somos bem-aventurados
quando, injustamente, nos injuriarem. Quando não devemos, não
temos com o que nos preocupar. Nosso acerto é com Deus e Ele
sabe de todas as coisas.
Assim crentes com as qualidades de Daniel incomodam, e
podem ser acusados na presença do rei. (ou do pastor, do chefe
no nosso trabalho, do nosso pai ou mãe, etc.). Leiamos Mateus
5.11, 12.
Mas aqueles governantes eram astutos e inteligentes, tanto
que foram escolhidos para participarem do governo, e
arquitetaram um plano envolvendo a vaidade pessoal do rei.
Do verso seis até o verso oito podemos observar os dardos
inflamados:
Da inveja, por parte daqueles governantes. Do rei, por conta da sua vaidade. Aqueles homens arquitetaram um plano diabólico cujo
objetivo era matar a Daniel. Foram até ao rei e lhe disseram:
”Ó rei Dario, vive para sempre! Todos os presidentes do reino,
os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores,
concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o
interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó
rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei,
sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja
mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode
revogar”. Versos 6 ao 8.
Usaram de mentira e de má fé quando disseram que todos
estavam de acordo quando a conspiração foi particularmente
deles e muitos dos Sátrapas, governadores e prefeitos e mesmo
Daniel não sabiam dessa tramóia.
Eles chegaram ao rei jogando elogios falsos. É como se
dissessem: Nós temos participação na responsabilidade pela
glória de seu governo e sucesso de seu reinado. Nós, seus
assessores mais diretos, decidimos promover um período de
97
glória e de honra especial ao rei e elevá-lo à categoria dos
deuses! No espaço de trinta dias, ó rei, tu serás o mais
importante dos deuses e não se poderá fazer nenhuma petição em
teu reino que não seja a ti. Tu serás maior até mesmo que o
Deus dos exilados de Judá, a quem também não se pedirá nada,
exceto a ti‖.
O rei embriagado por seu orgulho, pela vaidade, não se
apercebeu do transtorno que isso poderia causar, pois não se
poderia fazer nenhuma petição nem a homens nem a os deuses
senão ao rei; isso num período de 30 dias. Mesmo não sendo em
todo o reino, e até mesmo sendo apenas onde se achava Daniel, o
transtorno na vida do rei seria um inferno. Quantos milhares de
pedidos não receberiam o rei, nesse caso, e como atender a
todos?! Na verdade, o objetivo daqueles invejosos era tão
somente pegar a Daniel, mas o rei não percebeu a tramóia.
Essa idéia traria um transtorno insuportável para o rei,
pois perderia o sossego em todo esse período; pois várias e
muitas seriam tais petições, e o rei não daria conta de tal
atendimento, mas ele não se apercebeu dessas coisas porque
estava embriagado em sua vaidade.
Assim, se utilizaram da vaidade do rei e, mascarados de
anjos bons, apresentaram um plano absurdo e até mesmo
diabólico.
Mas Dario estava cego, não refletiu e como lhe trouxeram já
pronto o interdito, provavelmente nem o leu e de forma
inconseqüente o assinou. Verso 9.
Mas esse decreto, esse plano, tinha endereço certo. Tinha a
pessoa muito bem definida como alvo. Tratava-se de uma
armadilha para pegar Daniel, e acusá-lo de alguma coisa.
Era um plano voltado contra Daniel que tinha um hábito
maravilhoso, muito raro nos nossos dias: Orar três vezes ao
dia, em seu quarto, cuja janela era voltada para Jerusalém.
Daniel costumava orar com a janela aberta, e era muito
comum e natural vê-lo em oração e isso ele fazia 3 vezes no
dia. Leia o verso 10.
Daniel tomou ciência do decreto do rei, mas achou que o rei
não tinha o direito de mudar o seu relacionamento com Deus.
Assim como ele costumava fazer, não mudou o seu hábito e
continuou na presença de seu Deus, e dava graças, como
observamos no verso 10.
Convém salientar aqui que era hábito dos judeus orarem três
vezes no dia. Geralmente às nove horas, às doze horas, e às
quinze horas do nosso horário.
Isso pode ser deduzido da leitura do Salmo 55.17 onde Davi
se expressa assim: ―À tarde, pela manhã e ao meio dia, farei as
minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz”. Ou de
Atos 3.1.
98
Mas, no caso de Daniel, a oração era:
a) Habitual = Daniel costumava fazê-las todos os dias.
(final do verso dez)
b) Pessoal = Era uma oração individual, sozinho em seu
quarto. (Verso dez).
c) De Humildade= era uma oração de joelhos. Não se esqueça
que ele era o homem mais importante do reino. Mas, estava ali
de joelhos na presença de Deus.
d) De gratidão = Daniel dava graças a Deus. (verso dez)
e) Endereçada ao destinatário certo: a Deus, o Deus de seus
ancestrais, e não ao rei.
Todos conheciam a Daniel, todos conheciam o seu hábito e
sabiam de suas qualidades morais, intelectuais e religiosas.
Aqueles homens, certamente, munidos de testemunhas, foram no
horário certo à casa de Daniel e constataram: Daniel está
orando ao seu Deus. Verso onze.
Não sabemos nada sobre as súplicas de Daniel e nem tão
pouco se aqueles homens ouviram alguma coisa. Afinal não é
claro, no verso onze, se Daniel orava em voz alta ou não. De
qualquer forma encontraram Daniel orando, e isso era contra o
interdito do rei. Na verdade no verso treze eles acusam Daniel
de estar orando e não de fazer alguma petição, mas o objetivo
era exatamente este: acusar a Daniel. Acontece que Daniel tinha
muita consideração com o rei, e tinha perfeita noção do perigo
envolvido em sua atitude. Daniel sabia das intenções
traiçoeiras daqueles homens; mas Daniel tinha acima de todas as
coisas o Deus de seus pais. Ele já vivia os ensinamentos de
Jesus, em Lucas 10.27.
Aqueles acusadores viram e ouviram e documentaram a ―falha‖
de Daniel que desafiava o decreto do rei (que era deles e não
do rei). Na verdade a fidelidade de Daniel para com Deus e para
com seus princípios religiosos é um grande exemplo para os
crentes de hoje.
Devemos ser fiéis mesmo em tempos tempestuosos. Nossas
convicções doutrinárias devem nortear a nossa vida em todas as
nossas decisões.
No verso doze nos vemos aqueles acusadores, munidos das
provas, se apresentando ao rei, a respeito do interdito e lhe
disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço de trinta
dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus, ou a
qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos
leões? Sim, respondeu o rei; e permanece em vigor o que foi
dito, pois pela lei dos medos e dos persas não se pode revogar.
Assim usaram não só da má fé, como foram astutos no preparo
de uma armadilha, tanto para o rei como para Daniel.
99
Em seguida, logo após aquela afirmativa do rei, acusaram a
Daniel de forma criminosa: Pois então ó rei, esse Daniel, dos
exilados de Judá, não fez caso de ti, e nem de teu decreto!
Aí, nessa altura dos acontecimentos, Dario caiu em si e
entendeu a trama daqueles homens. O rei foi tomado como que de
surpresa, mas esses homens estavam alicerçados na lei e tinham
a confirmação da palavra do rei.
O rei Dario perturbou-se de forma profunda e alimentou um
firme propósito de salvar a Daniel. Dario muito desejou salvar
a Daniel da cova dos leões. Ele sabia que seu primeiro ministro
era vítima de um complô de invejosos, que usaram a sua vaidade
e o envolveram na trama contra um de seus súditos mais fiéis.
Verso quatorze.
Mas veremos que Dario não conseguiu. Isso se traduz numa
limitação do poderio, que nesse reinado não foi tão absolutista
como foi o de Nabucodonosor. Afinal Nabucodonosor foi a cabeça
de ouro e Dario já era o peito de prata, na estatua de
Nabucodonosor.
Aqui temos uma nítida limitação onde o rei não poderia
voltar atrás.
Nabucodonosor tinha tudo e todos em suas mãos, tirava a
vida de quem quisesse e deixaria viver quem desejasse. (Veja
capítulo 5.19). A quem queria exaltava e a quem queria
humilhava. Todos os povos, línguas e nações temiam e tremiam
diante dele. É por isso que ele foi a cabeça de ouro e esse
reinado aqui já é representado pela prata, elemento de menor
nobreza.
No verso quinze, vemos uma pressão maciça daqueles homens
invejosos sobre o rei, pois não podiam permitir que o rei
deixasse vivo a Daniel. Na verdade não houve outro caminho,
apesar de todos os esforços do rei. Aquele homem, Daniel, o
exilado da tribo de Judá, ele mesmo, o preferido do rei, estava
condenado à morte. Ele seria jogado na cova dos leões e nada se
poderia fazer para salvá-lo!
DANIEL NA COVA DOS LEÕES
Daniel 6.16-28
16 - Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o
lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus,
a quem tu continuamente serves, que ele te livre.
17 - Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova;
selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes,
para que nada se mudasse a respeito de Daniel.
18 - Então o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a
noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos
de música; e fugiu dele o sono.
100
19 - Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi
com pressa à cova dos leões.
20 - Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz
triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-
se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves,
tenha podido livrar-te dos leões?
21 - Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!
22 - O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos
leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim
inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi
delito algum.
23 - Então o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a
Daniel da cova; assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano
se achou nele, porque crera no seu Deus.
24 - Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que
tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões,
eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado
ao fundo da cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes
esmigalharam todos os ossos.
25 - Então o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens
de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja
multiplicada!
26 - Faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu
reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque
ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não
será destruído, e o seu domínio não terá fim.
27 - Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e
na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
28 - Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no
reinado de Ciro, o persa.
Não sabemos em qual das orações do dia, aqueles homens
flagraram a Daniel e foram acusá-lo junto ao rei; mas quero
crer que foi a primeira. Vimos no verso quatorze que Dario
tudo fez para livrá-lo e isto foi até o pôr-do-sol, isto é: o
entardecer. O dia estava terminando, e o rei não conseguira
livrar a Daniel.
Não tinha alternativa. Ao anoitecer o rei manda chamar a
Daniel, como vemos no verso dezesseis a fim de ser lançado na
cova dos leões. Verso 16.
Mas antes de ser jogado na cova dos leões, o rei se
aproximou de Daniel, no meio de todo aquele povo que certamente
ali estava a fim de se certificar da execução do réu, e disse
para Daniel:
- Daniel, eu tudo fiz para livrar-te da boca dos leões, mas
apesar dos meus esforços, e apesar de eu ser o rei, não pude
fazê-lo. Mas confie no teu Deus, pois eu creio que Ele te
livrará.
101
Não sabemos se Daniel estava ou não de mãos amarradas,
provavelmente não. Certamente, ele estava totalmente livre mas
não ofereceu nenhuma resistência. Aceitou de bom grado aquela
injustiça, pois o mal que fizera era ter orado ao seu Deus e a
ele dado graças.
Assim se cumpriu o interdito do rei e Daniel foi lançado na
cova dos leões. Agora Daniel já está na companhia dos leões. A
porta é fechada, e para se garantir o cumprimento da execução,
foi trazida uma pedra e colocada junto à boca da cova, de modo
que nada podia entrar ou sair sem remover a pedra. Para
garantir a imobilidade da pedra, esta foi selada em seu lugar
com o selo do anel do rei e também o selo do anel de seus
algozes. Verso 17
Daniel não poderá sair de lá e ninguém externamente pode
remover a pedra, nem o rei!
Dario ficou angustiado. Ele cria que o Deus de Daniel o
poderia livra da fúria dos leões, mas a sua fé era muito
mesquinha. Ele cria, mas não exerceu a fé e por isso passou a
noite toda em vigília, e fugiu-lhe o sono. (verso 18). O rei
perdera o apetite e estava em jejum, nada lhe apetecia, nem a
música, seu ―hobby‖ preferido. Não! Nem música! Estava entregue
à ansiedade. Não era para menos, pois:
a) Tinha se comportado como um idiota tinha sido levado por
sua vaidade; agora sua consciência o acusava.
b) Tinha sido enganado por sua cúpula administrativa,
teoricamente homens de sua confiança.
c) Lá estava na cova dos leões um homem, não só inocente,
mas sobre tudo admirável e de extraordinário valor e, acima de
tudo, amigo do rei.
Os pensamentos o atormentavam: Será que Daniel ainda está
vivo?
Foi o preço a pagar por sua imprudência.
Às vezes nós nos enroscamos nas armadilhas criadas por nós
mesmos. Se não vigiarmos todo o tempo, podemos nos enlaçar e
nos envolver em problemas sérios, criados por nós mesmos.
Vigiemos, pois nossas atitudes e nossa língua ao falarmos.
Jesus ensina a esse respeito quando diz: VIGIAI E ORAI. Vigiar
é até mesmo mais importante do que orar, pois Jesus o colocou
em primeiro lugar. Se vigiarmos, estaremos atentos para
percebermos as artimanhas dos nossos inimigos contra nós. No
mínimo não cairemos em buracos ao longo do caminho e vamos nos
desviando dos obstáculos dessa vida. Às vezes nos enroscamos em
nossas próprias linhas. Muita gente está sofrendo e fica
achando que é provação de Deus, mas não é não! É conseqüência
de seu comportamento imprudente. Semeou mal, comportou-se mal,
só poderá colher resultados ruins. Vigie! Cuidado! E assim não
culpará a Deus daquilo que Ele não fez.
102
E assim passou Daniel a noite na cova dos leões e o rei
acordado e ansioso nos aposentos reais de seu palácio.
(V.19) No dia seguinte o rei, que confiava em Deus, o Deus
de Daniel, o qual poderia tê-lo salvo naquela noite, foi com
muito nervosismo e apreensão até à cova dos leões. Seguramente
foi o primeiro a fazê-lo logo ao amanhecer. Seu coração queria
acreditar que Deus o houvera salvado, mas a sua fé não era
tanto assim, e no fundo ele achava que Deus poderia falhar e
neste caso não teria salvado a Daniel. Passava-lhe pela mente:
será que sobrou pelo menos a roupa de Daniel? Será que sobrou
algum osso inteiro do meu querido amigo?
E nessa ansiedade angustiada e triste, Dario chegou à cova
dos leões. Lá estava a pedra selada. Não havia saído do lugar.
Os selos estavam intactos. No verso vinte, vemos Dario com uma
voz sofrida e triste, um tanto esperançosa e trêmula, baixa,
como se quisesse esconder-se em caso de insucesso (afinal Deus
poderia não tê-lo salvo e Daniel nesse caso estaria morto):
“... Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu
Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te
dos leões”?
Será que esse Deus é um Deus leal mesmo e se dispôs a
salvá-lo?
O rei era um sujeito que cria, mas na verdade não
acreditava; sabia que Deus tinha poder para salvá-lo, mas será
que chegava a tanto?
Era um sujeito em que o coração esperava, mas a razão
rejeitava essa esperança. Afinal ninguém escapa da cova dos
leões.
Era a mesma situação de um crente que até crê, mas não tem
experiência suficiente para solidificar essa crença.
“Dar-se-ia que seu Deus tenha podido salvá-lo?” Pensamento
que revela a dúvida! Essa desconfiança é que gerava a tristeza,
aquela preocupação toda, pois no fundo ele não esperava nenhuma
resposta. Em seus pensamentos, na realidade, os leões haviam
comido a Daniel.
Após emitir a pergunta do verso vinte, seus ouvidos nunca
estiveram tão atentos para ouvir uma resposta.
Mas, lá no fundo da cova, Daniel escutou aquela voz apagada
e reconheceu-a como sendo do seu rei, e com uma voz oposta a do
rei, como quem tem muita vida, gritou lá de dentro: Ó rei, vive
eternamente! (Vs. Vinte e um) e prosseguiu: Rei Dario, o meu
Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não
me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante
dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum. (Daniel
6.22)
103
O Deus de Daniel tem tanto poder que não precisou nem de
vir até aqui, mandou apenas um representante, O ANJO! Isso é
que é Deus, Aleluia!
Assim Daniel foi salvo na cova dos leões, tendo passado
toda a noite com eles. Certamente Daniel estava com Isaías
41.10, onde está escrito: não temas, porque eu sou contigo; não
te assombres, porque eu sou o teu Deus...
Agora o rei não podia conter a alegria que na realidade era
dupla.
1- Daniel estava vivo e agora é livre da cova dos leões
2- Deus realmente opera maravilhas
Assim, tudo o que o rei não pôde fazer para Daniel, Deus
fez para os dois, sendo também o rei recompensado na sua
fidelidade para com Daniel.
Ordenou-se que Daniel saísse e o rei, cheio de
contentamento, pôde contemplar as provas de sua vitória e do
verdadeiro milagre, ali presenciado por todos.
Verso 23 - O rei se alegrou sobre maneira e mandou tirar a
Daniel da cova dos leões.
Porque os leões não comeram a Daniel? (Veremos a resposta
oportunamente).
Segundo Flávio Josefo, Dario chamou os acusadores de Daniel
sem a intenção de matá-los. Dario queria externar a sua
alegria e mostrar a todos que Daniel fora salvo da boca dos
leões. Dario queria que esses homens verificassem a
concretização do seu insucesso, da vitória de Daniel e da
alegria de seu rei.O rei Dario queria apenas que aqueles
acusadores traiçoeiros vissem o livramento de Deus para com
Daniel.
Mas aqueles homens não se deram por vencidos. Não
reconheceram a mão de Deus nesse negócio, e de maneira ousada e
irônica, disseram ao rei: ―Também, ó rei, tu deste excesso de
comida para os leões, com o intuito de que estivessem fartos e
não comessem a Daniel‖.
Isso foi dito por que o rei realmente tinha dado aos leões
a ração diária. Mas o rei entendia que foi Deus o autor do
milagre e não a alimentação que foi dada aos leões.
Revoltado e ofendido com tal insinuação, o rei mandou que
se desse comida farta aos leões e disse aos acusadores de
Daniel: Se vocês estão certos, então eu vou dar excesso de
comida aos leões, exatamente como vocês me acusam de eu ter
feito ontem, e depois vou jogar vocês lá dentro; e não só a
vocês mas também seus filhos e suas mulheres, e já que os leões
por estarem fartos, não comeram a Daniel, então muito menos
comerão a vocês todos, suas mulheres e seus filhos. E assim
teremos confirmado essa vossa teoria, e se vocês estiverem
certos, não precisam se preocupar!
104
E aí vemos a atividade do verso 24 quando Ordenou o rei, e
foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e
foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas
mulheres...
Deus não se deixa escarnecer.
Dessa vez, aqueles leões estavam fartos, mas o verso 24
termina dizendo: ... ―e ainda não tinham chegado ao fundo da
cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam
todos os ossos‖.
Aqueles leões se comportaram como os leões mais esfomeados
do mundo, embora estivessem fartos de alimentação!
Isso aconteceu porque esses leões foram instrumentos de
Deus para aplicação de sua justiça, a fim de castigar aqueles
caluniadores na presença de todo povo.
Deus não os perdoara porque mesmo sabendo e vendo tão
maravilhoso livramento, e observando a alegria do rei por esse
acontecimento, se puseram a desafiar a Deus e ao rei, dizendo
que o rei errara em dar excesso de comida aos leões quando isso
não havia ocorrido.
A ira do rei passou para os leões que se tornaram
instrumentos do juízo de Deus. Nisso Deus praticou justiça e
glorificou o seu nome em toda a província da Média e da Pérsia
e também da Babilônia.
Vejamos aqui uma grande lição: Nossos filhos e nosso
cônjuge sem dúvida participam de nossas bênçãos. Eles desfrutam
conosco da prosperidade resultante da nossa santificação e fé.
Haja vista que os filhos inocentes serão arrebatados com seus
pais no Arrebatamento da Igreja, pois são santificados em seus
pais e constituem a sua herança.
Mas o inverso também é verdadeiro. Eles também pagam pelos
nossos erros e também choram devido nossas dores.
Precisamos ter em mente, nós que somos chefes em nossos
lares, e que todos gozam ou pagam pelos resultados de nossa
atitude.
Agora temos Daniel livre dos leões e Dario livre dos
invejosos e acusadores, podendo colocar a Daniel como maior de
seus presidentes.
Depois disso Dario glorificou a Deus, exaltou ao Senhor
Deus de Daniel, reconhecendo-o como Deus vivo, cujo reino não
será destruído, cujo domínio não terá fim, cuja existência é de
eternidade em eternidade.
―Temam e tremam perante o Deus de Daniel‖ era o decreto do
rei.
Dario foi então um pregador dessa nova e um defensor desse
Deus Todo-poderoso e elevou a Daniel a tão grande honra que
ninguém pôde duvidar que Daniel era em seu reino a pessoa que o
rei mais estimava.
105
Assim Daniel prosseguiu o seu trajeto, nas mãos de Deus,
sendo um instrumento que Deus ainda usaria para revelar o
futuro da história de Israel e do mundo. Mesmo após Dario,
Daniel continuou durante todo o reinado de Ciro, entre os
maiores no palácio do rei.
Aqui termina a parte histórica desse livro. Os demais
capítulos são essencialmente proféticos e, cronologicamente,
estão dispersos ao longo dessa história narrada até aqui.
As profecias do Capítulo sete ocorreram no primeiro ano de
Belsazar, portanto antes da ocorrência estudada no capítulo
seis, a cova dos leões.
O capitulo sete é um aprimoramento da visão do capítulo
dois, confirmando e alertando sobre as profecias do capítulo
dois, que foram dadas por Deus usando-se a pessoa de
Nabucodonosor.
O capítulo oito também ocorreu antes dos fatos ocorridos no
capítulo seis, pois essa visão foi no terceiro ano de Belsazar.
O capítulo nove trata das Setenta Semanas de Daniel, que se
constitui na mais importante, completa e extensa profecia
contida no Velho Testamento. Essa revelação já ocorreu no ano
primeiro de Dario, quando Daniel entendera, lendo os livros,
que findara o período do cativeiro que, segundo Jeremias, era
de setenta anos.
A profecia das Setenta Semanas de Daniel do capitulo 9
ocorreu após o evento da cova dos leões, embora na Bíblia não
tenhamos dados muito claros a esse respeito.
Se estiver certo nessa afirmação, podemos entender melhor a
respeito do livramento de Daniel na cova dos leões.
Sem dúvida alguma, Deus livrou a Daniel da boca dos leões:
1) Porque Daniel era fiel e não cometera delito algum
contra Deus e nem tão pouco contra o rei.
2) Porque Daniel confiava em Deus, e este não decepcionou a
sua fé.
3) Para glorificar o seu nome em todo o reino e ganhar para
si almas que se converteram através desse milagre.
Mas não quero aceitar isso como uma causa básica.
Muitos dos fiéis no princípio da Igreja tinham a fé de
Daniel; tinham a fidelidade de Daniel; não fizeram mal algum,
como Daniel e, entretanto, Deus não fechou a boca dos leões.
Então tem que existir um motivo mais íntimo para Deus ter
livrado a Daniel, e este não foi a fé do rei Dario.
Acontece que Daniel era ―homem mui amado‖ conforme vemos em
Daniel capítulo dez e versículo onze, e Deus tinha um
propósito. Deus tinha para Daniel uma missão que ele não havia
totalmente cumprido. Daniel ainda tinha que receber a profecia
que revelaria os fatos da História Universal, que revelaria
todo o futuro de Israel, até a consumação dos séculos; como
106
observamos nos capítulos nove, dez, onze e doze. Nessa segunda
parte do livro, a parte das profecias de Daniel, é onde se
inclui a profecia das Setenta Semanas de Daniel.
Assim quero crer que os leões não comeram a Daniel porque
se o fizessem Deus teria que levantar outro Daniel. Como os
propósitos humanos não mudam os desígnios de Deus, ele enviou o
seu anjo e não permitiu mudança na trajetória da vida de
Daniel, que ainda foi guardado por um bom tempo. Daniel foi o
instrumento de Deus para revelar a profecia das Setenta
Semanas, profecia essa ainda não cumprida em toda a sua
totalidade.
Aqui terminamos essa primeira parte dessa obra, a qual se
refere mais ao período histórico desse Livro. Vamos iniciar
nessa segunda parte desse compêndio, a parte profética desse
Livro, a qual se encontra nos capítulos seguintes, do sete ao
doze.
107
DaniEL
nO PASSADO E NO PORVIR
II PARTE
DANIEL CAPÍTULOS DE 7- 12
ÍNDICE - VOLUME II
108
Os quatro Animais ........................... Cap.7 ................................. 109
A Visão dos Animais ............ Cap. 7.1-8 .......................... 109
A Visão do Trono ................. Cap. 7.9-14 ........................ 114
A Interpretação ..................... Cap. 7.15-29 ...................... 117
O Carneiro e o Bode ....................... Cap. 8 ................................. 127
A Visão de Daniel ................ Cap. 8.1-14 ......................... 127
O Interprete da Visão .......... Cap. 8.15-19 ....................... 134
A Interpretação ................... Cap. 8.20-27 ....................... 136
As Setenta Semanas de Daniel - Introdução ................................. 140
O Cativeiro de Babilônia ..................................................... 141
Os Frutos do Cativeiro ........................................................ 144
A Oração de Daniel .............. Cap.9.1-19 ........................ 145
As Setenta Semanas de Daniel .Cap.9.24-27 ...................... 151
Setenta Semanas de Ano ..................................................... 158
Igreja de Jesus no Intervalo ................................................. 168
Resumo das Setenta Semanas .............................................. 178
A Última Visão de Daniel .................. Cap.10................................ 178
A Visão do capítulo Dez ........ Cap. 10.1-21 ...................... 178
Antíoco Epifânio ............................... Cap.11.1-20 ....................... 187
Período de Antíoco Epifânio .. Cap.11.21-35 ..................... 199
Daniel e o Porvir ............................................................................. 207
Final ............................................................................................... 211
O Final da Tribulação .......................................................... 212
As Últimas Mensagens ........................................................ 214
109
CAPÍTULO 7
OS QUATRO ANIMAIS
As profecias de Daniel efetivamente iniciam aqui no
capítulo sete. Até aqui Daniel fala mais de sua vida e da parte
histórica, embora existam visões proféticas nos capítulos dois,
quatro ou cinco.
Aqui no capítulo sete temos uma visão de quatro animais.
Trata-se de uma visão do próprio Daniel, não de outros.
É uma visão que ocorre no reinado de Belsazar, no ano
primeiro de seu reinado, seguida de outra, por volta de dois
anos, que será discutida no capítulo oito.
No capítulo sete temos o aprimoramento da visão do capítulo
dois; trata-se, portanto, da mesma profecia. Evidentemente é
uma visão que ocorre antes dos fatos do capítulo cinco.
O capítulo trata de uma visão na qual aparecem quatro
animais - leão, urso, leopardo e um animal de aparência
horrível, sendo este último sem correspondente em nossa fauna.
Esses animais, nesta visão, representam os mesmos reinos
universais do capítulo dois, apresentados na estátua da visão
de Nabucodonosor.
Neste momento, já nos achamos no ano primeiro de Belsazar.
Portanto já se passara o reinado de Nabucodonosor, e o período
intermediário entre Nabucodonosor e Belsazar no qual tivemos a
atuação de Evil Merodaque e Neriglassar e o reinado de
Nabonido. Isso corresponde a um período de mais ou menos
cinqüenta anos entre o capítulo sete e o capítulo dois.
Agora Daniel é já um homem maduro, já vivido e cheio de
experiência. Tinha por volta de setenta anos, quando
efetivamente foi usado nas mãos de Deus nas profecias que dizem
respeito à história de Israel e à história Universal,
envolvendo toda a terra.
Podemos dividir o capítulo sete em três partes:
a) A visão dos animais
b) A visão dos tronos
c) A interpretação.
a) A VISÃO DOS ANIMAIS
DANIEL 7.1-8
1 - No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve
Daniel um sonho, e visões ante seus olhos, quando estava no seu
leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as
cousas.
110
2 - Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, durante a
minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu
agitavam o Grande Mar.
3 - Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros,
subiam do mar.
4 - O primeiro era como leão, e tinha asas de águia;
enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado
da terra, e posto em dois pés como homem; e lhe foi dada mente
de homem.
5 - Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal,
semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus
lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe
diziam: Levanta-te, devora muita carne.
6 - Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro,
semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de
ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado
domínio.
7 - Depois disto, eu continuava olhando nas visões da
noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e
sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele
devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava;
era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e
tinha dez chifres.
8 - Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles
subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres,
foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os
de homem, e uma boca que falava com insolência.
Daniel vê quatro animais, dos quais três tem
correspondentes na nossa fauna, e um quarto do qual se limitou
a chamar de Animal Horrível, portanto sem nenhum similar.
Veremos oportunamente o porquê, disso.
Esses quatro animais estão profeticamente relacionados com
a estátua do capítulo dois e vão representar os mesmos
governos, mas com uma grande diferença:
1- No capítulo dois temos um enfoque panorâmico, um
enfoque introdutório, um enfoque esquemático em relação à
história; onde temos uma visão cronológica e esquelética dos
quatro reinos mundiais; onde temos a apresentação do esplendor
externo desses reinados, especialmente o de Nabucodonosor.
Mas no capítulo sete a visão é voltada para um enfoque espiritual, onde se ressaltam os governos gentílicos, vaidosos,
belicosos, estabelecidos e mantidos pela força.
2- A interpretação do sonho do capítulo dois foi
revelação de Deus a Daniel, mas estabelecida por Daniel.
111
Mas a revelação da visão do capítulo sete foi feita e estabelecida pelo próprio Deus.
Mas o reinado eterno terá características diferentes e já
são citadas aqui, onde já se apresenta o ancião de Deus, que é
o efetivo rei, que nunca deixou o seu trono.
Trata-se, portanto de um aprimoramento da profecia do
capítulo dois, mesmo porque aquela, fora dada a um gentio e sua
interpretação fora de Deus, mas através de homem; e nesta, a
visão é dada a um judeu e a sua interpretação vem do céu sem
interferência humana.
Estamos diante de um sonho de Daniel, enquanto repousava em
seu leito, talvez meditando nas coisas passadas e já tão
distantes do capítulo dois. Na verdade trata-se daquelas
situações confusas nas quais não sabemos se sonho ou se visão.
De qualquer forma, Daniel reteve de modo muito nítido e nos
relata com seus pormenores de modo preciso e com perfeição rica
em detalhes.
Trata-se de uma revelação profética:
Verso 1 – Daniel se achava em seu leito, descansando após a
rotina de mais um dia; quando teve um sonho e visões ante seus
olhos e logo se dispôs a escrevê-las por entender que eram
revelações de Deus.
Sua narração inicia no verso dois:
“Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis
que os quatro ventos do céu agitavam o Grande Mar”. (Daniel
7.2)
A expressão MAR na Bíblia é um figurativo que representa a
massa desorganizada e descentralizada dos povos, línguas e
nações.
Inicia com a visão do Grande Mar cujas águas estavam
agitadas por quatro ventos vindos do céu, tornando o mar
revolto através da agitação de suas águas.
Nesse ambiente agitado, hostil, em meio às ondas convulsas,
diante de um mar agitado, Daniel vê emergir quatro animais que
saíram do mar, na seguinte ordem:
1- LEÃO: foi assim descrito porque era um animal que
lembrava a configuração anatômica de um leão.
2- Urso: o segundo animal tinha o aspecto como se fosse um
urso.
3- Leopardo: o terceiro animal tinha semelhança com um
leopardo.
4- Animal Horrível: esse quarto animal não tinha uma
correspondência na nossa fauna. Daniel não encontrou algo que
pudesse nos dar a idéia daquilo que via. Não era semelhante a
nada que Daniel conhecesse e pudesse compará-lo. Ver verso três
e quatro:
112
Quatro animais grandes, diferentes entre si, todos subiam
do mar. Verso três.
No verso quatro temos:
O primeiro animal era:
Como um leão. Tinha asas de águia. Levantou-se e se colocou em pé como homem. Foram-lhe arrancadas as asas. Foi-lhe dado mente (coração) de homem.
O segundo animal - Daniel continua atento e observa um
segundo animal:
Semelhante a um urso. Um de seus lados levantou-se originando uma assimetria.
Tinha três costelas em sua boca. Recebeu uma ordem de devorar muita carne. (verso cinco)
O terceiro animal - Depois disso, isto é, depois de ver
esses dois animais já descritos com suas peculiaridades, Daniel
continua olhando e vê um terceiro animal:
Semelhante ao leopardo. Tinha quatro asas de ave. Tinha quatro cabeças. Esse animal recebeu domínio. (verso seis)
O quarto animal, temos o surgimento do quarto animal, onde
as cenas se sucediam como se fosse filme de cinema visto em
uma tela na nossa frente.
Esse animal era:
Terrível e espantoso.
Era muito forte. Tinha dentes grandes de ferro. Era altamente destruidor. Não só devorava, mas fazia em pedaços. O que sobejava pisoteava com os seus pés.
Tinha também dez pontas. (chifres) Os quatro animais emergiram do mar, um após outro. Isso
pode ser deduzido do verso cinco que diz: ―continuei olhando e
eis que...‖.
Esse mar referido como GRANDE MAR não é outro senão o mar
Mediterrâneo, mas aqui ele é figurado e representa as nações da
Terra. Ver Apocalipse 7.15; 13.1.
113
Daniel permanece como espectador, mas não está entendendo
nada. Para sua total confusão temos que no quarto animal, verso
oito, Daniel vê emergir dentre os dez chifres OUTRO PEQUENO
CHIFRE. Seria o décimo primeiro chifre na cabeça do animal que
já tinha dez. Esse chifre parece-lhe agressivo e autoritário.
Diz o verso oito: ―Diante do qual, três dos primeiros chifres
foram arrancados‖, mas não é só isso, esse décimo primeiro
chifre, para completar as dificuldades, tem olhos e uma boca
que falava com insolência!
Assim terminamos o cenário da visão ou do sonho sobre os
quatro animais do capítulo sete. Daniel está como que
maravilhado, mas entender mesmo, nada! Daniel não entendeu
nada. Sabia ser revelação profética de Deus, pois era homem que
tinha o espírito dos ―Deuses Santos‖. (Daniel 5.11).
Os eruditos no entendimento profético entendem e é de
consenso, que estes quatro animais estejam em perfeita
correspondência harmônica com a estátua do capítulo dois,
vejamos:
Capítulo dois capítulo sete
Uma estátua quatro animais
Cabeça de ouro leão com asas de águia
Peito e braços de prata urso com costelas na boca
Ventre e coxas de cobre leopardo com quatro asas
de cobre e quatro cabeças
Pernas de ferro e pés de ferro animal espantoso com dez
e barro, com dez dedos pontas e dentes de ferro
Há, portanto, um paralelo entre a estátua do capítulo dois
e os quatro animais do capítulo sete. Assim sendo:
A cabeça de ouro, que representava Nabucodonosor em toda a
sua glória, aqui é representada pelo leão, que por sua
imposição e respeito se considera o rei da selva.
O peito de prata e os braços de prata que lá no capítulo
dois representavam ao reinado mundial medo - persa, sucessor da
cabeça de ouro, aqui é representado pelo urso com as costelas
em sua boca. Urso representa a força.
O ventre e as coxas de bronze que lá no capítulo dois
representavam a Grécia, com Alexandre o Grande, na rapidez de
suas conquistas, aqui é representado pelo leopardo, ágil,
astuto, com quatro cabeças e quatro asas.
114
Finalmente na estátua do capítulo dois nós temos as pernas
e pés, sendo os pés com dez dedos, representando Roma. Aqui
esta é representada pelo animal espantoso.
Temos então uma perfeita harmonia e correspondência entre
as visões, com algumas diferenças:
** A visão de Nabucodonosor, foi para um gentio; mostra o
enfoque político, global, panorâmico.
** A visão de Daniel foi para um judeu, pertencente à nação
escolhida, a quem se dirigem as profecias. Neste caso com
enfoque político e religioso com riqueza de detalhes ampliando
em muito as informações proféticas da visão anterior.
No verso oito fala dos chifres ou das pontas do animal
espantoso. Diz o verso sete que esse animal tinha dez chifres
(ou pontas) e que Daniel observava essas pontas e aqui no verso
oito ele diz:
Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas
subiu uma ponta pequena, diante da qual três das pontas
primeiras foram arrancadas. Apenas essa ponta, ao que podemos
entender, tinha ―olhos‖ e ―boca‖.
Aqui temos coisas de extraordinária importância. Esse
animal espantoso representa o último dos reinos mundiais, em
cujo final teremos a atuação do Anticristo. Essa ponta ou
chifre pequeno que surgiu no meio dos dez anteriores, é o
Anticristo, que surgirá no final. É a mesma besta que abate os
três reis, entre os dez reis, em Apocalipse capítulo treze,
verso sete; e capítulo dezenove, versos dezenove e vinte. É ele
quem guerreará contra os santos de Deus e é com essa boca que
possui que proferirá as blasfêmias contra Deus. Entenderemos
melhor isso estudando o Apocalipse onde se trata disso com
detalhes.
A seguir há um interlúdio entre a visão dos animais para
desviar a visão de Daniel para outra área totalmente adversa.
Aqui não é mais o cenário do mar convulso ou tempestuoso.
Segue-se uma visão onde temos um trono onde Daniel observa um
Ancião de dias,assentado sobre ele. Vamos ver isso agora.
b) A VISÃO DO TRONO
DANIEL 7.9-14
9 - Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o
Ancião de dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e
os cabelos da cabeça como a pura lã; o seu trono era chamas de
fogo, cujas rodas eram fogo ardente.
10 - Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares
de milhares o serviam, e miríade de miríade estavam diante
dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.
115
11 - Então estive olhando, por causa da voz das insolentes
palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o
animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser
queimado pelo fogo.
12 - Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio;
todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um
tempo.
13 - Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis
que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e
dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.
14 - Foi-lhe dado domínio e glória, e o reino, para que os
povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu
domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais
será destruído.
O verso nove inicia com a instalação de tronos, no plural:
isso quer dizer que foi mais que um trono. Nesse caso temos a
instalação de alguns tronos e não nos aprece ser somente
dois!!! Certamente há um trono destacado entre os tronos,
destinado ao Ancião de Dias. E os demais tronos para quem
seria???
Temos também, no verso nove, a presença de um Ancião de
dias que se assentou no trono; sua veste era branca como a
neve, e os cabelos da cabeça como a pura lã; o seu trono era
chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente.
Quem poderia ser esse Ancião se não Deus? Veja verso 10:
―Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de
milhares o serviam, e miríade de miríade estavam diante dele‖ A
presença das suas vestes brancas fala de sua santidade,
experiência e pureza; o cabelo de sua cabeça fala de sua
majestade. Um rio de fogo manava e saía de diante dele fala de
sua justiça e da retidão do seu julgamento. O fogo é símbolo de
poder, majestade, justiça e força.
Parece que temos a montagem de um tribunal para fins de
julgamento. Ver o final do versículo 10:... Assentou-se o
tribunal, e se abriram os livros. Que julgamento será esse???
No verso onze temos que Daniel tem sua atenção tomada pela
voz que partia daquele pequeno chifre o qual proferia palavras
insolentes.
O que são palavras insolentes?
INSOLÊNCIA é o mesmo que Desrespeito (Salmo 75.5).
1. Ato ou palavra de atrevimento, desaforo, ousadia.
2. Maneira insólita de proceder; inconveniência.
3. Coisa fora do comum, insólita:
Enquanto olhava, Daniel viu que o animal horrível foi morto
e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo.
Verso onze.
116
Esse animal representa o último governo universal humano,
portanto, se trata do fim; a partir daí não haverá mais reinos
humanos. Nesse mesmo tempo, isto é, quando morre esse animal
espantoso é que morrem também os três animais que o
antecederam. Note que esses animais perderam apenas o domínio
e não a vida. Ver verso 12. “Quanto aos outros animais, foi-
lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de
vida por um prazo e um tempo”.
Isto quer dizer que o reinado universal humano foi passando
de um para outro desde Babilônia com Nabucodonosor, passando
pelo Medo-Persa, pela Grécia e chegando em Roma.
Daniel, nesse cenário, vê vir do céu um como o Filho do
homem, em grande glória e dirigir-se ao Ancião de dias.
DANIEL 7.13 - “e eis que vinha com as nuvens do céu um como
o Filho do homem e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram
chegar até ele”.
Ora, aqui temos com nítida clareza que esse Ancião de dias
é Deus e não Jesus. Certamente Jesus não pode ser o Ancião de
dias e dirigir-se para si mesmo. Essa é a primeira vez na
Bíblia que encontramos a expressão Filho do homem, referindo-se
a Jesus. Antes dessa referência temos mais de cem vezes a
expressão filho do homem, especialmente no Livro de Ezequiel,
mas elas se referem ao seres humanos e não a Jesus.
Nesse caso: o Filho do homem é Jesus e o Ancião de Dias e o
próprio Senhor. Verso treze.
Quando Jesus se aproxima de Deus, verso quatorze, Deus (o
Ancião de Dias) lhe entrega o domínio sobre todos os povos.
Esse reino é o único que não será destruído.
Aqui vemos que Jesus recebe o reino das mãos do Pai e não
das mãos de homem, por essa razão seu DOMÍNIO É ETERNO.
É muito importante entender aqui que a ordem cronológica
não foi respeitada nesta apresentação, pois as cenas dos versos
treze e quatorze acontecem antes das cenas dos versos nove e
dez.
Vamos organizar a cronologia aqui:
1º - Jesus, o Filho do homem, virá nas nuvens. Verso treze.
2º - Jesus vence o Anticristo, o Falso Profeta e o Dragão.
Verso onze.
3º - Nisso é destruído totalmente o reinado dos homens e
também por certo tempo o reinado de Satanás. Verso doze.
4º - Ocorre a instalação dos tronos onde ocorrerá o
julgamento das nações. Verso nove.
5º - Foi-lhe dado todo o poder e domínio. Verso quatorze.
6º - Jesus reina eternamente. Verso dez.
Portanto a seqüência é:
Verso treze, verso onze, verso doze, verso nove, verso
quatorze e verso dez.
117
Após essa maravilhosa visão onde temos a escatologia do
final da Tribulação, quando Jesus descerá do céu em sua grande
glória; voltamos ao problema da visão dos quatro animais, pois
dela Daniel nada entendera. Daniel estava perplexo, imóvel,
maravilhado, espantado! Nesse êxtase, Daniel se chega a ―um dos
que estavam perto‖ e pede-lhe as devidas explicações. Vamos ver
agora a interpretação da visão dos quatro animais.
c) A INTERPRETAÇÃO DA VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS
DANIEL 7.15-28
15 - Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado
dentro em mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram.
16 - Cheguei-me a um dos que estavam perto, e lhe pedi a
verdade acerca de tudo isto. Assim ele me disse, e me fez
saber a interpretação das cousas.
17 - Estes grandes animais, que são quatro, são quatro
reis, que se levantarão da terra.
18 - Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o
possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.
19 - Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do
quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito
terrível, cujos dentes eram de ferro, e cujas unhas eram de
bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que
sobejava;
20 - e também dos dez chifres que tinha na cabeça, e do
outro que subiu, de diante do qual caíram três, daquele chifre
que tinha olhos, e uma boca que falava com insolência, e
parecia mais robusto do que os seus companheiros.
21 - Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os
santos, e prevalecia contra eles,
22 - até que veio o Ancião de dias, e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram
o reino.
23 - Então ele disse: O quarto animal será um quarto reino
na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará
toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 - Os dez chifres correspondem a dez reis que se
levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três
reis.
25 - Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os
santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os
santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos
e metade dum tempo.
26 - Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o
domínio, para o destruir e o consumir até ao fim.
118
27 - O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo
de todo o céu, serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o
seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e
lhe obedecerão.
28 - Aqui terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus
pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu;
mas guardei estas cousas no coração.
Podemos observar nitidamente, no verso quinze, que Daniel
estava perplexo, com a cabeça perturbada; e não entendia nada.
Especialmente sobre o quarto animal! Não havia como entender.
“Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro
em mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram”. Verso 15
Então Daniel, perplexo e pouco confuso, se aproximou de um
dos que estavam perto e sem se conter, pede explicações, sobre
tudo a verdade.
“Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade
acerca de tudo isto”. Verso 16.
Ainda no verso dezesseis, vemos que Daniel declara que a
interpretação da sua visão veio daquele ser, muito
provavelmente um ser celestial que fazia parte daquela multidão
que servia ao Ancião de dias. „Assim ele me disse, e me fez
saber a interpretação das cousas´. Verso dezesseis, parte
final.
A partir de Daniel 7.10 nós encontramos aquele ser que ao
ser interrogado pelo Profeta Daniel, dando explicações sobre
aquela visão:
Verso dezessete – Aquele elemento inicia sua explicação com
a interpretação sobre os quatro animais: “Estes grandes
animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da
terra”.
Já no inicio de sua explicação, aquele intérprete da visão
já esclarece que o governo desses quatro reinos não será para
sempre; mas chegará o momento em que eles terão fim. Aqui nós
temos a explicação de que esses quatro reis, que representam
quatro reinados, não durarão para sempre, mas um dia terá fim e
o governo será passado para os Santos do Altíssimo. Leia o
verso dezoito.
“Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o
possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade”.
Isso é uma revelação profética, já no tempo de Daniel, de
que nós, a Igreja do Senhor, reinaremos com ele. Isso ocorrerá
após o arrebatamento da igreja quando será instalado o Milênio.
Será o cumprimento da Escritura no Livro do Apocalipse 5.10 ou
20.6.
Daniel não se contenta com a explicação, pois seu
entendimento não está preparado para revelações proféticas tão
abrangentes. Na verdade o Livro de Daniel é o Livro do
119
Apocalipse no Velho Testamento. Falaremos mais tarde sobre
isso.
Daniel procura entender a exposição: quatro reinos
universais, seguidos do reinado eterno...?! Não, Daniel não
entendeu nada! Daniel não está satisfeito,... Ele precisa de
mais explicações: ...e aquele último animal?! Porque ele é
tão esquisito, horrível e espantoso? Porque ele é tão diferente
dos outros? Daniel fica perdido em seus pensamentos e insiste
em mais explicações. Daniel queria entender a respeito dos
chifres que aquele animal tinha na cabeça e queria saber a
respeito daquele chifre que subiu caindo três dos anteriores
diante dele. Estava muito difícil para Daniel. Leia o verso 19
e 20.
“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do
quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito
terrível, cujos dentes eram de ferro, e cujas unhas eram de
bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que
sobejava; e também dos dez chifres que tinha na cabeça, e do
outro que subiu, de diante do qual caíram três, daquele chifre
que tinha olhos, e uma boca que falava com insolência, e
parecia mais robusto do que os seus companheiros”.
Esse último animal era tão espantoso que não tinha similar
na Terra e parecia ser tão muito mau!
... E aqueles dentes de ferro? E as unhas de bronze? Por
que os dez chifres?... e o que significa tudo isso? A cabeça
de Daniel tinha dado um verdadeiro nó...
Daniel não se conformava, pois aquele animal ―a tudo
devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava‖.
Daniel desejava muito entender tudo aquilo e por isso queria
mais explicações.
Daniel se perde em sua indignação; não tinha noção alguma
porque dos dez chifres??? E pior ainda: Tem um novo chifre, o
décimo primeiro, que sobe no meio dos dez e que fala com
insolência!!! (Chifre que Fala?!) E diante desse chifre que
fala caem três dos dez; o que será tudo isto!!!??? Porque dos
dez chifres caíram esses três? E porque este quarto animal é
mais robusto do que os outros três? Ver verso vinte.
“E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e
do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre
que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia
mais robusto do que os seus companheiros”.
Tem mais ainda, para completar a confusão na cabeça de
Daniel: O tal décimo primeiro chifre fazia guerra contra os
santos e ainda mais, prevalecia contra eles! Quem serão esses
santos? E porque prevalecia contra os santos do Altíssimo?
Quem é esse Ancião de Dias? Quando haverá de se manifestar
para fazer justiça aos santos? Leia os versos 21 e 22.
120
Daniel 7.21 e 22.
“Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os
santos e prevalecia contra eles, até que veio o Ancião de Dias
e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que
os santos possuíram o reino”.
Daniel convocou um dos seres angelicais, que fazia parte da
comitiva celestial, a fim de que lhe explicasse melhor e com
mais detalhes, sobre esse quarto animal e sobre os mistérios
envolvidos nessa visão. Daniel se esforçava muito, mas não
entendia nada, se achava confuso.
No verso vinte e três, aquele ser celestial, se põe a
explicar para Daniel a respeito de todas estas coisas: (leia os
versos vinte e três e vinte e quatro).
Daniel, aquele quarto animal, representa o quarto e último
reino da Terra, e este reino será diferente de todos os reinos
anteriores:
Ele devorará a Terra Ele pisará a Terra Ele fará a Terra em pedaços. Daniel, aqueles dez chifres na cabeça do animal espantoso,
correspondem a dez reis que se levantarão dentro desse quarto
reinado. Depois que esses dez reinos estiverem instalados,
surgirá um outro reino, o qual será diferente de todos os dez
anteriores. Quando surgir esse décimo primeiro chifre,
certamente três daqueles entre os dez, hão de se opor ao seu
domínio, e de imediato ele abaterá esses três que se rebelaram
entre os dez.
Certamente, Daniel continuou como estava antes, isto é: sem
entender nada.
Mas nós hoje entendemos bem: esse império, aqui
representado pelo animal espantoso é o Império Romano, em cujo
período nos nasceu o Salvador. Esse evento em si mesmo, já faz
desse império um Império diferente dos outros anteriores. Foi
também esse reinado que teve a audácia de matar o nosso
Salvador com morte humilhante precedida de muita tortura e
vitupério.
Este foi o Império que não só crucificou ao Salvador, mas
também perseguiu a Igreja emergente do Senhor, martirizando os
pais da Igreja, pois a maioria deles morreram martirizados.
Como se tudo isso fosse pouco, destruiu a Cidade Santa de
Deus (Jerusalém no ano 70 DC).
Esse reino sofreu uma divisa por volta de 400 a.C. com uma
ruptura entre o ocidente latino e o oriente grego, após a morte
de Teodósio I, quando seus filhos Arcádio e Honório dividiram o
império entre si. Daí as duas pernas da estatua do sonho de
nabucodonosor com seus dois pés representando esse império.
Após esse episódio passaram a existir dois impérios:
121
* Império ocidental com capital em Roma
* Império oriental com a capital em Constantinopla, também
conhecido como Império Bizantino.
O Império Romano do ocidente desmoronou-se sob a ação das
invasões bárbaras que invadiram a Itália sucessivamente. Em
1455 o rei Genserico, dos vândalos, incendiou Roma e fragmentou
o império do ocidente em vários impérios bárbaros de modo que o
império romano do Ocidente cai definitivamente em 476 quando
desapareceu o ultimo imperador do império do ocidente, Rômulo
Augustulo que foi destronado por Odoacro, um bárbaro.
O império romano do oriente resistiu às invasões bárbaras
até 1453 quando perdeu para os turcos otomanos.
Hoje vivemos uma espécie de intervalo no tocante a esse
império romano, pois o mundo hoje se divide em muitas nações
todas independentes embora exista hoje o fenômeno da
globalização.
Bíblia fala que no final dessa dispensação, esse reino há
de ressurgir, e terá uma evolução de modo que em seu final ele
terá dez reinos.
Nós já temos o mundo se organizando em blocos, onde já
podemos distinguir nitidamente alguns:
Bloco da Comunidade Européia
Bloco ligado aos Estados Unidos da América do Norte
Bloco ligado à China. (Mais recente potência que vem
despontando)
Bloco ligado à Rússia. (ex Bloco das republicas Soviéticas
socialistas unidas)
Bloco dos países Sul Americano. (Paises do Mercosul)
Bloco ligado ao Japão
Bloco ligado aos Árabes
Os Judeus
O do Continente Africano
Que poderiam ser citados como exemplo dos precursores
desses dez reinos.
Quando o Anticristo se manifestar, já haverá um império
romano restaurado e dentro dele uma organização de dez reinados
e conseqüentemente dez reis. Depois disso, surgirá o Anticristo
que é o décimo primeiro rei diante do qual cairão três daqueles
reis. Esses dez reis correspondem aos dez dedos da estátua do
capítulo dois. Portanto essa profecia ainda é futura.
Vejamos novamente os versos 24 e os versos 25 e 26:
24 - Os dez chifres correspondem a dez reis que se
levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três
reis.
25 - Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os
santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os
122
santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos
e metade dum tempo.
26 - Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o
domínio, para destruí-lo e o consumir até ao fim.
No verso vinte e quatro temos uma referência ao Anticristo,
o qual será o décimo primeiro reino a sair dos dez existentes
até então, e ele será diferente dos anteriores, será ele quem
abaterá três dentre aqueles reinos logo de imediato. Certamente
isso só ocorrerá somente no período da Tribulação, quando nós
já não estaremos aqui.
Temos no versículo vinte e cinco que ele proferirá palavras
contra o nosso Deus e desenvolverá ações que magoará os santos
do Altíssimo. Isso ocorrerá também no período da Grande
Tribulação, quando ele perseguirá os judeus numa perseguição
tão ferrenha, tão refinada que será de fazer inveja a Hitler,
no período da Segunda Guerra Mundial. Nesse período os Santos
lhe serão entregues em suas mãos. Na verdade o Anticristo terá
como propósito o extermínio da nação de Israel para sempre da
face da Terra. Sugiro ao leitor ler meu livro sobre o
Apocalipse onde cuidamos com detalhes sobre esse período da
Tribulação. O Anticristo terá tanto poder que cuidará em mudar
os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos,
por um tempo, dois tempos e metade dum tempo.
Sobre a expressão ―e os santos lhe serão entregues nas
mãos, por um tempo, dois tempos e metade dum tempo‖ estudaremos
com detalhes no capitulo 9 deste compêndio.
Verso vinte e seis - Mas o juízo será estabelecido e o seu
domínio será tirado e ele será destruído integralmente.
Esse juízo será estabelecido no final do período de
Tribulação, quando os exércitos confederados estiverem reunidos
no Armagedon com a finalidade de destruir Israel. Nesse momento
Israel fará um clamor como nunca feito ao Senhor e Jesus
voltará do céu para defender Israel. Nessa vinda a Igreja
arrebatada voltará com Jesus, fazendo parte desse exército que
desce do céu. Esse cenário que será visto nos céus, corresponde
à pedra cortada sem mãos do capítulo dois, do sonho de
Nabucodonosor. Aquela pedra no sonho, de Nabucodonosor, que
destruiu toda a estátua, desde a cabeça de ouro até os dedos de
ferro e barro, tipifica Jesus que nesta vinda destruirá,
definitivamente, todo o governo humano. Depois disso o governo
passará para Jesus e para Deus o Pai. Jesus derrotará o inimigo
com um simples sopro de sua boca. Nesse momento ocorrerá o
cumprimento de 2 Tessalonicense 2.8 e ainda Apocalipse 20.4.
Aqui nós entendemos porque a pedra atinge somente o pé da
estátua e a destrói toda; é porque Jesus atingirá o governo de
Roma tipificado lá, pelas pernas de ferro e pelos pés de barro
misturado com ferro.
123
Em Daniel, no capítulo sete e Verso vinte e sete, temos uma
passagem que fala: todos os reinos e toda majestade debaixo dos
céus será entregue aos santos. Esse novo reino será eterno e
todos lhe obedecerão. Essa profecia se cumprirá após a volta de
Jesus.
Sobre o Anticristo, já dissemos, será destruído por Jesus
em sua segunda vinda com poder e grande glória. Com a
destruição do Anticristo será destruído todo o governo humano,
dando inicio ao governo eterno.
Do verso doze entendemos porque os animais não morreram
antes: Foi-lhe apenas tirado o poder, tirado o domínio,
entretanto a vida lhes foi poupada de modo a morrerem todos
juntos. É o caso da estátua do sonho de Nabucodonosor, que
estava intacta quando se cortou a pedra sem auxilio de mãos
humanas. Toda a estátua ruiu no momento que foi atingida nos
pés. Leia de novo o verso 12.
“Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio;
todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um
tempo”.
O verso vinte e oito encerra esse capitulo com Daniel sem
entender nada. Daniel estava muito preocupado de modo que seus
pensamentos o perturbavam ao ponto de empalidecer o seu rosto.
Daniel estava atônito, assustado; mas de qualquer modo guardou
para si não só a visão, seu conteúdo, mas o pouco que entendeu
dela.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
As profecias do capítulo dois, assim como as profecias do
capítulo sete, se estendem desde Nabucodonosor até o final, o
qual será marcado com a vinda de Jesus em poder e grande
glória. No capítulo sete fala da instalação do seu reino e da
participação dos santos.
No capítulo dois a vinda de Jesus é preconizada na pedra
que sem auxílio de mãos humanas destrói a estátua atingindo-a
nos pés, exatamente onde estão os dez reinos. É por esse motivo
que a pedra não atinge a cabeça, ou o peito da estátua e sim os
seus pés, pois são eles que representam o último rei,o
Anticristo e o império romano ressurgido. É também por esse
motivo que se esmiúça toda a estátua, pois esta representa os
governos humanos que deixarão de existir após a vinda de Jesus,
pois este estabelecerá o seu reino eterno.
Aqui no capítulo sete, os versos treze e quatorze falam
dessa vinda de Jesus e da instalação do reino numa
correspondência harmônica com o capítulo dois. Ver os versos
nove e dez.
124
Os reinos universais da profecia têm como primeiro rei,
Nabucodonosor e como último o Anticristo, auxiliado pelo Falso
Profeta, cujo poder e autoridade são recebidos diretamente de
Satanás.
O animal espantoso, horrível, que representa Roma, não tem
similar porque esse reinado romano também não terá similar.
Nele ocorreu a morte de Jesus, determinada por ele, e após
ressurgir mais no final dos tempos, por ele passará a grande
Tribulação, período semelhante nunca existente, nem antes e nem
depois. Sua maldade é expressa na profecia porque não terá
misericórdia dos que rejeitarem seus propósitos.
Foi também esse reinado romano o responsável pela
perseguição da Igreja, pois esta só terá existência no período
desse quarto reinado.
Voltaremos a falar mais sobre esse império em momento
oportuno.
Quanto ao primeiro reinado, na profecia, Nabucodonosor era
seu expoente máximo. Representado pelo LEÃO que representa o
rei das selvas. Leão representa a força, domínio, poder. Assim
tipifica a magnitude do poder e do domínio absolutista desse
reinado. Nabucodonosor tinha poderes irrestritos, em suas mãos
estava a vida de todos, não dependia de nada, e não dependia de
ninguém e nada restringia o seu poder.
É a nobreza do ouro, a cabeça da estátua e a presença
imponente do LEÃO. As asas de águia, associadas ao leão é uma
referência específica a Nabucodonosor e o arrancamento dessas
asas, trata-se do que aconteceu a aquele grande monarca. Daniel
7.4
Já o segundo reinado, o Medo-Persa, foi representado pela
prata no capítulo dois e pelo urso aqui no capítulo sete. Com o
Império Medo-Persa já não havia tanto poder e tanta glória como
no governo anterior.
Analisando-se o urso do capítulo sete, vemos que um dos
seus lados se levantou. Vejamos: Daniel 7.5 - Continuei
olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o
qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os
dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora
muita carne.
Essa assimetria causada pelo levantamento de um dos seus
lados, representa a supremacia de Ciro sobre Dario no Império
Medo-Persa. Ciro, o persa, tinha maiores poderes que Dario, o
medo, mas os dois foram reis universais. Dario, apesar de rei,
também absolutista, não conseguiu salvar a Daniel da cova dos
leões. Tal coisa nunca teria ocorrido com Nabucodonosor e
talvez não tivesse ocorrido se fosse com Ciro.
Quanto àquelas três costelas na boca do urso, estas
representam:
125
A Média A Lídia A Babilônia Estes lugares representam as três sedes do governo Medo-
Persa, inicialmente sob o comando geral de Ciro, o persa. Ciro
Conquistou a Babilônia em 539 e morreu em 530 durante um
conflito contra um povo Cita, os massagetas. Ciro reinou apenas
nove anos sobre Babilônia, a partir do que Dario se firmou no
poder. Foi Ciro quem liberou os filhos de Israel para
retornarem para sua pátria em 538, com a finalidade de
reconstruírem o templo.
A nobreza do urso em relação ao leão é representada no
capítulo dois entre a cabeça de ouro e o peito de prata.
O terceiro reinado, aqui representado pelo leopardo,
sucessor do urso, ainda estudaremos de forma mais completa no
capítulo oito.
DANIEL 7.6 - Depois disto, continuei olhando, e eis aqui
outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas
de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado
domínio.
O leopardo já é ágil, mas aqui ele tem quatro asas nas
costas, o que reforça a idéia de muita agilidade, muita
rapidez. Tinha também quatro cabeças, isso fala também de
inteligência. Esse leopardo tipifica as conquistas e o governo
de Alexandre que em apenas doze anos se tornou rei do mundo
todo, dominando todas as civilizações de então. Alexandre teve
um dos mais desenvolvidos exércitos de homens de toda a
história. Seus homens eram de extraordinário preparo e
extraordinária valentia, lembrando muito bem as astúcias e
agilidades da onça ou do leopardo.
As quatro cabeças do leopardo é uma referência à divisão do
seu reino após a sua morte, em quatro reinos menores, a saber:
EGITO - SÍRIA - MACEDÔNIA - ÁSIA MENOR
Esse império, por volta de 63 a.C. dá lugar ao Império
Romano, o último dos reinos universais.
Parece-me que temos uma espécie de intervalo na vigência
desse império, como a Igreja vive um intervalo entre a 69ª e a
70ª Semanas de Daniel. Nesse período, o relógio de Deus está
parado para Israel, portanto, não está contando o tempo. Nesse
período Israel continua sendo o povo da promessa, mas estão
desviados dos caminhos do Senhor.
Esse império terá que ressurgir, pois dele sairá a besta
que saiu do mar referida no Apocalipse capítulo treze.
126
Desde que ruiu o império do oriente em 1453, iniciamos um
intervalo nesse quarto reinado universal onde temos uma
relativa autonomia de muitos países até agora.
Certamente, a estátua de Nabucodonosor ainda está de pé,
pois Jesus ainda não veio para destruí-la; mas o governo desse
quarto reinado, nos dias de hoje, está totalmente apagado. Ao
ressurgir esse império, certamente o fará pelos pés, pois é
onde estão os dez reinos, representado pelos dez dedos daquela
estátua.
Os artelhos dos pés da estátua que são em número de dez,
corresponde aos dez chifres do animal espantoso e se trata do
império romano ressurgido, só não sabemos precisar quando
ressurgirá.
127
CAPÍTULO 8
O CARNEIRO E O BODE
O capítulo oito, do Livro de Daniel nos relata outra visão
ocorrida por volta de dois anos após a visão do capítulo sete.
Não foi uma visão que trouxesse alguma coisa nova, mas foi uma
visão que acrescentou acrescentar mais detalhes àquela do
capítulo dois e do capítulo sete. Essa visão foi voltada para o
império medo-persa e para o império da Grécia, os dois próximos
impérios subseqüentes ao de Babilônia. Essa visão ocorreu no
reinado de Belsazar antes da queda de Babilônia, portanto
anterior ao capítulo cinco do livro.
Daniel se achava em Suzã, na província de Elão, distante
cerca de duzentas milhas ao leste de Babilônia, e estava às
margens do Rio Ulai.
Vamos dividir o capítulo oito em três partes:
a) A visão.
b) O intérprete.
c) A interpretação da visão.
a) A VISÃO DE DANIEL
Daniel 8.1-14
1 - No ano terceiro do reinado do rei Belsazar eu, Daniel,
tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio.
2 - Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela
de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio
Ulai.
3 - Então levantei os olhos, e vi, e eis que um carneiro
estava diante do rio, o qual tinha dois chifres, e os dois
chifres eram altos, mas um mais alto do que o outro; e o mais
alto subiu por último.
4 - Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para
o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir,
nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém,
fazia segundo a sua vontade, e assim se engrandecia.
5 - Estando eu observando, eis que um bode vinha do
ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode
tinha um chifre notável entre os olhos;
6 - dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao
qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo
o seu furioso poder.
7 - Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra
ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia
128
força no carneiro para lhe resistir; mas o bode o lançou por
terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o
carneiro do poder dele.
8 - O bode se engrandeceu sobremaneira; e na sua força
quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro
chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.
9 - De um dos chifres saiu um chifre pequeno, e se tornou
muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.
10 - Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do
exército e das estrelas lançou por terra e os pisou.
11 - Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele
tirou o sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi
deitado abaixo.
12 - O exército lhe foi entregue, com o sacrifício
costumado, por causa das transgressões; e deitou por terra a
verdade; e o que fez prosperou.
13 - Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo
àquele que falava: Até quando durará a visão do costumado
sacrifício, e da transgressão assoladora, visão na qual era
entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?
14 - Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs; e o santuário será purificado.
A visão do capítulo oito, do Livro de Daniel ocorreu no
terceiro ano do reinado de Belsazar, por volta de dois anos
após a visão do capitulo sete, a qual é referida aqui como
visão que tivera a principio. Verso um.
No verso dois, podemos observar Daniel envolvido em seus
pensamentos, e refere ter tido uma visão em Susã, na província
de Elão.
Susã é a terra onde viveu Neemias e onde se desenvolveu a
história de Ester. Neemias 11.1; Ester 1.2. Susã foi a capital
do Elão, sendo em seguida a capital do império Persa.
Quando Daniel se expressa: “... pareceu-me estar na
cidadela de Susã... (Daniel 8.2)”, quero crer que estava
meditando em seus próprios pensamentos, quando levantou os
olhos e viu um carneiro que estava diante do rio. Com certeza
Daniel se achava em Suzã mesmo, local onde passa um rio que é
identificado no verso dois como sendo ―Rio Ulai‖.
O carneiro que viu tinha duas pontas ou chifres, sendo que
os dois chifres eram altos, mas uma das pontas era mais alta
que a outra, com o detalhe que a mais alta subiu por último.
Verso três.
Daniel descreve, no verso quatro, que o carneiro dava
marradas para o norte e para o sul e para o ocidente. O
carneiro era forte, ágil, rápido, violento e nenhum animal o
podiam resistir, enquanto dominava e crescia. Também não havia
quem pudesse escapar de seu domínio. As versões mais antigas
129
falam que o carneiro dava marradas para o ocidente, para o
norte e para o sul.
Dar marradas significa investir em certa direção ou avançar
com ímpeto ou com violência. Versões mais atualizadas como a
NVI traduz essa expressão com ―avançava para o oeste, para o
norte e para o sul‖...
Verso cinco - Daniel estava absorvido na visão, vendo
aquele carneiro, que fazia tudo conforme sua vontade, dominando
de forma absoluta todo o cenário; quando surge do ocidente um
bode que tinha uma ponta (chifre) notável entre os olhos. Mas o
que há de interessante aqui é que esse animal não tocava na
terra. Certamente, Veio como que voando. A expressão ocidente
aqui se refere à Grécia.
Verso seis - Esse bode investiu contra o carneiro que tinha
os dois chifres, mas o fez com todo ímpeto de sua força e não
foi muito difícil vencer ao carneiro. No verso sete podemos
observar que o bode chegou perto do carneiro e se achava
enfurecido contra ele. Atacou ao carneiro, quebrou-lhe os
chifres (ou pontas), lançou-o por terra e o pisou sob seus pés,
e diz o final do verso sete: ...não houve quem pudesse livrar o
carneiro do poder dele. (Daniel 8.7)
Verso oito - depois que o bode derrotou o carneiro, o qual
se comportou como inofensivo diante dele, o bode começou a
crescer e a se engrandecer sobremaneira. No auge de sua maior
força, aquela ponta, que se destacava entre os olhos, foi
quebrada e quatro outras tomaram o seu lugar, e diz o texto:
Também notáveis; isto é, essas quatro pontas tiveram também
relevada importância se comparada com aquela que se quebrara.
Esse carneiro aqui do capítulo oito é representante do
império medo - persa, da mesma maneira que o é, o peito de
prata da estátua do capítulo dois e o urso do capítulo sete.
Esse é o império que subjugou a Babilônia e que nessa época da
visão ainda era futuro. (Era o terceiro ano de Belsazar, que
ainda não havia sido derrotado!)
Esses dois chifres do carneiro representam a Dario e a
Ciro, sendo que aquela que era maior e subira por último se
referia a Ciro, como já comentamos na queda de Babilônia. Ciro
conquistou a Babilônia naquela noite do banquete de Belsazar,
quando surgiu uma mão escrevendo na parede. Naquela mesma
noite, morreu Belsazar. Ao Conquistá-la, Ciro colocou Dario
como rei de Babilônia, e prosseguiu em suas conquistas tendo
morrido numa dessas batalhas, no ano de 1539, apenas nove anos
após conquistar a Babilônia.
O bode representa o império Grego, e a referência
―ocidente‖ aqui é à Grécia, que através de Alexandre invade a
Babilônia e conquista o império medo-persa.
130
A referência do bode sem tocar no chão, como que voando, se
refere a rapidez incrível com a qual Alexandre se tornou rei em
todo o mundo. É a mesma representação do bronze na estátua do
capítulo dois e o leopardo do capítulo sete.
Para se ter uma idéia, em apenas três anos, Alexandre
conquistou:
a) Síria
b) Fenícia
c) Egito
E em apenas doze anos se tornou senhor em todo mundo,
tornando-se o terceiro império universal.
Esse Alexandre é aquela ponta notável entre os olhos do
bode. Alexandre teve a vida ceifada no auge de sua força,
morreu aos trinta e três anos, sem desfrutar de suas
conquistas. Após a sua morte o império mundial foi dividido em
quatro entre seus generais. Correspondem àqueles quatro chifres
(ou pontas) que surgiram após o chifre quebrado (a quebra
daquele chifre seria a morte de Alexandre). (Verso 8)
Após a morte de Alexandre, o reino foi dividido entre seus
quatro generais, a saber:
Seleuco Nicator: ficou com: Síria, Babilônia e Média - ao
leste.
Pitolomeu: ficou com: Egito e Chipre, ao sul Palestina e
Arábia.
Cassandro: ficou com - Macedônia - Tessália e Grécia ao
oeste
Lizimaco:ficou com-Trácia, Capadócia, e ao norte Bitinia.
Cada visão profética que Daniel recebe, vai acrescentando
alguma coisa complementar ou vai acrescentando detalhes na
visão anterior. Já vimos que os quatro animais do capítulo sete
se referem à mesma profecia do capítulo dois, onde já
estabelecemos uma comparação entre eles (logo após verso sete,
capítulo sete).
Aqui no capítulo oito, novamente temos de volta a visão da
mesma profecia, ou seja; segundo e terceiro reinados das visões
do capítulo dois e do capítulo sete, mas aqui vamos observar
agora a partir do verso nove, que Deus vai descortinar e
mostrar detalhes da história universal, dentro desse reinado,
especialmente o terceiro, aqui representado pelo bode.
Lembremo-nos que no bode havia um grande e único chifre o
qual se quebrou e surgiram quatro outros em seu lugar. Aqui, a
partir do verso nove, vamos falar daquele chifre pequeno que
saiu de um dos quatro substitutos do primeiro.
131
Verso nove - E de uma das pontas (ou chifres), saiu uma
ponta pequena a qual cresceu muito para o meio dia, para o
oriente e para a terra gloriosa.
Verso dez - Essa ponta se engrandeceu, e cresceu até ao de
atingir o exército dos céus, e até mesmo conseguiu lançar por
terra alguns elementos importantes aqui representados pelo
exército dos céus tendo até mesmo lançado por terra algumas
estrelas tendo-as massacrado com os pés.
Isto fala da conquista de Jerusalém por Antíoco Epifânio
quando este aniquilou o sacerdócio e profanou o Templo,
subjugando também o rei de Judá.
Verso onze - Seu crescimento não parou aí e foi se
estendendo até atingir ao príncipe do exército (Sumo
Sacerdote), encerrando assim os sacrifícios diários habituais
dos judeus. Como se não bastasse destruiu o Santuário. Leia o
versos 10, 11 e 12: “Cresceu até atingir o exército dos céus; a
alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou.
Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o
sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi deitado
abaixo. O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário,
por causa das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o
que fez prosperou”.
O verso doze é um reforço do verso anterior, esclarecendo
que a ponta pequena,(verso nove) aquela que saiu de um dos
quatro chifres do bode e se tornou muito forte e se voltou
para a terra gloriosa; dominou o exército (Sumo Sacerdotes) e
conseqüentemente cessou os sacrifícios diários. Aqui também
explica o porquê: Por causa das suas transgressões. Deitou por
terra a verdade, significa: prevaleceu sua filosofia religiosa
sobre a verdade dos judeus. E tudo que fez prosperou fala do
sucesso aparente daquele individuo anti-Deus.
Essa ponta se refere a um rei, pertencente ao terceiro
império, que veio surgir de uma das pontas, na cabeça do bode.
Ele não é outro senão Antíoco Epifânio, com sua atuação por
volta de 170 a.C., cerca de quatrocentos anos depois dessa
visão dada a Daniel. O interessante é que Deus revela com
detalhes o que vai acontecer, neste caso, quatrocentos anos
depois.
Antíoco Epifânio é originário da divisão leste, mais
especificamente da Síria. Esse rei veio a oprimir Israel e a
profanar o povo de Israel e seu Templo sagrado, na cidade de
Jerusalém, a Cidade Santa não só dos judeus, mas de toda a
Terra.
Pertencia à dinastia de Seleuco Nicator, reinando sobre a
Síria. Foi um protótipo do Anticristo, e serviu de amostra
daquilo que será essa besta que surgiu do mar no Livro do
Apocalipse capítulo treze.
132
Sua ação ocorreu por volta de 175 a 165 a.C., portanto no
chamado período interbíblico.
Há quem diga que nesse período não houve profecia, mas na
verdade, estava profetizado sobre ele, e também, como hoje,
temos as profecias de Deus até o final da humanidade, quando
adentraremos no Estado Eterno. Deus profetizou com detalhes
sobre esse período a respeito de Antíoco Epifânio e tudo foi
cumprido em todos os seus detalhes.
Antíoco Epifânio tem um comportamento com os judeus,
semelhante ao qual, nunca alguém o teve antes e ainda não houve
que o tivesse depois, apesar de Hitler. Mesmo comparado com
Hitler, em nosso século, quando tentou exterminar os judeus,
Antiíoco Epifânio foi insuperável.
Antíoco Epifânio, sob a inspiração do mal, tudo fez para
exterminar os judeus, sua crença e seu Deus. Recorreu a todo
tipo de tortura, matava os filhos na frente da mãe, matava a
mãe na frente dos filhos, profanou o Templo, cessou o
sacrifício, atacou aos levitas e aos sacerdotes até que houve
uma revolta dos judeus, conhecida como REVOLTA DOS MACABEUS.
Antíoco era o seu nome, mas Epifânio quer dizer MAGNÍFICO,
sendo, portanto um atributo de Antíoco, um qualificativo da sua
pessoa e não seu nome como se poderia inferir.
Aqui no verso treze, Daniel refere ouvir a conversa entre
dois ―santos―, provavelmente dois anjos da parte de Deus: “Até
quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão
assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército,
a fim de serem pisados”“?
Daniel ouve a voz de um anjo celestial que falava próximo
dele quando, este anjo é interpelado por uma a pergunta
emanada de outro ser celestial mais distante; perguntando por
quanto tempo durará o cessar do sacrifício? Por quanto tempo
durará aquela ação assoladora? Será exatamente o período no
qual o santuário permanecerá profanado e os sacerdotes sem o
exercício de suas funções?
Aquele anjo ao dar-lhe a resposta informa também a Daniel
qual é essa duração: duas mil e trezentas tardes e manhãs como
observamos no verso quatorze.
Essa expressão TARDES E MANHÃS está muito relacionada com
os sacrifícios diários que levavam os judeus a dividirem o dia
em duas partes: tarde e manhã. Veja o verso quatorze.
Se considerarmos duas mil e trezentas tardes e manhãs
teremos um mil cento e cinqüenta dias o que corresponde a um
mil cento e cinqüenta de cada.
Os eruditos se dividem nessa questão. Alguns acham que o
templo foi profanado durante dois mil e trezentos dias e outros
pensam como eu; isto é: um mil cento e cinqüenta dias
equivalente a três anos e dois meses onde contamos
133
separadamente cada tarde e cada manhã. Nesse período de
sofrimento e tortura terrível para o povo de Israel, surgiu um
homem cujo nome era Judá Macabeu, que liderou o povo em uma
revolta contra Antioco Epifânio.
Judas Macabeu, o líder da revolta dos Macabeus, recuperou o
templo, colocou um fim na profanação e reconsagrou o templo do
Senhor.
Quando Antioco Epifânio profanou o Templo ele chegou ao
grau máximo da profanação; pois chegou a sacrificar um porco no
Local Sagrado.
A expressão ―Terra Formosa‖ da Bíblia ARC do verso nove ou
Terra Gloriosa da Bíblia ARA se refere às terras de Israel.
Exército dos céus e as estrelas devem se referir aos sacerdotes
e levitas que serviam junto ao Templo.
Vamos aqui estabelecer uma comparação entre:
1- O décimo primeiro chifre surgido entre os dez, no animal
espantoso nos versos vinte e quatro e vinte e cinco do capítulo
sete.
2- Essa ponta pequena que surgiu dos quatro, aqui no bode
do capítulo oito, verso nove ao doze.
Semelhanças:
Ambos perseguem aos judeus e profanam o Templo. Ambos farão cessar o sacrifício. Ambos alimentam profundo ódio contra Deus e seus santos e
por isso fazem guerra contra eles.
Diferenças:
1 - O do capítulo sete - aparecerá no tempo do fim.
2 - O do capítulo oito - já apareceu entre 175 e 165 a.C.
3 - O do capítulo sete - tem origem nos chifres do animal
espantoso. (quarto reinado).
O do capítulo oito - tem origem no chifre do bode que veio
do ocidente (terceiro reinado).
Aqui dá para entender perfeitamente que o décimo primeiro
chifre surgido entre os dez, no capitulo sete versos 24 e 25 se
trata do Anticristo. Este regerá o período da Grande
Tribulação. Está inserido no Reinado Romano. Este só terá
manifestação após o Arrebatamento da Igreja.
Quanto àquele que surgiu de um dos quatro, no caso do bode
do capitulo oito, se trata de Antíoco Epifânio, o qual em nossa
época já é profecia cumprida entre 175 e 165 a.C. Neste caso
nos temos que Antíoco Epifânio é um tipo do Anticristo, (um
precursor) sendo que o Anticristo será muito mais poderoso e
perseguirá o povo de Israel com muito mais afinco e muito mais
violência. Antíoco só perseguiu os judeus da terra gloriosa,
mas o Anticristo o fará em todo o mundo.
134
Antíoco Epifânio é considerado o Anticristo do Velho
Testamento e é um tipo do Anticristo vindouro: a besta que saiu
do mar no capítulo treze do Livro do Apocalipse.
Antíoco Epifânio está inserido no reinado da Grécia.
Como essa visão é muito rica em detalhes, e sua profecia é
minuciosa na sua descrição, Daniel se viu com dificuldades para
interpretá-la. Sua interpretação tinha que vir de Deus e temos,
neste caso, um intérprete que merece um espaço aqui. Vamos
então ao intérprete da visão.
b) O INTÉRPRETE DA VISÃO
Daniel 8.15-19
15 - Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la,
e eis que se me apresentou diante uma como aparência de homem.
16 - E ouvi uma voz de homem de entre, as margens do Ulai,
a qual gritou e disse: Gabriel dá a entender a este a visão.
17 - Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele,
fiquei amedrontado, e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele
me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao
tempo do fim.
18 - Falava ele comigo quando cai sem sentido, rosto em
terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me
achava;
19 - e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer
no último tempo da ira; porque esta visão se refere ao tempo
determinado do fim.
Verso quinze - Na busca do entendimento da visão, Daniel
não conseguia entender nada. Mas de repente surge um belo
cenário em sua frente. Um ser angelical, certamente não humano,
mas como se fosse. Dá a entender pelo escrito que esse ser se
achava no meio do rio, entre as margens, certamente sobre as
águas.
Esse ser deve ser alguém de alta escala celestial, pois
observamos no verso dezesseis que ele dá ordens a Gabriel, e
Gabriel é um dos anjos que servem na presença de Deus.
Verso dezesseis -... Gabriel dá a entender a este a visão.
É como se dissesse: Gabriel, explica para ele a respeito da
visão, porque ele está ansioso para entender, mesmo que essa
visão não seja para ele, nem para o povo de sua geração, pois
se trata de coisas futuras, e de um futuro distante.
Quero entender que apesar do esforço do anjo, Daniel
continuou sem entender aquela profecia.
Gabriel, recebendo a ordem daquele ser angelical, o qual
tinha semelhança com um homem, vem e se aproxima de Daniel. Ao
chegar bem pertinho de Daniel, este não resiste a sua glória;
se ajoelha, lança o seu rosto em terra diante de Gabriel.
135
Ora, se o homem mortal não suporta a glória do anjo
Gabriel, que poderíamos dizer se víssemos a glória de Deus?
Gabriel é um anjo cheio de glória porque assiste diante do
altar onde está o trono de Deus. É dos poucos anjos que possuem
acesso livre ali no palácio celestial, onde está aquele que fez
todas as coisas e sem O qual nada do que foi feito se fez. (Ver
João 1.3...)
Daniel estava atônito. Primeiro: devido a visão, da qual
não entendia nada; segundo: os seres celestiais que compunham a
visão; terceiro: a presença, bem pertinho, de Gabriel, cujo
nome significa ―Poderoso de Deus‖ e cuja função é mensageiro da
Majestade Celestial.
Ocorreu uma alteração na fisiologia corporal de Daniel e
ele se desestruturou todo. Seu corpo, agora, totalmente
desestruturado, se acha muito fraco e sem forças, prostrado em
terra, aos pés do anjo Gabriel.
Estando com o rosto em terra, ele escuta a voz do anjo que
lhe diz: (Verso 17): Daniel entende, filho do homem, pois esta
visão é para o tempo do fim. Veja o verso 16 e 17: E ouvi uma
voz de homem de entre, as margens do Ulai, a qual gritou e
disse: Gabriel dá a entender a este a visão. Veio, pois, para
perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado, e
prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende,
filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.
O ressoar da voz do anjo Gabriel acabou de desconjuntar a
Daniel que ao som de tão harmônica e melodiosa energia sonora,
decorrente da voz do anjo, ―caiu com o rosto em terra‖.
No verso dezoito Daniel narra aquele momento tão glorioso
junto à presença do anjo Gabriel: Estando ele ainda falando
comigo, não resisti e caí com meu rosto em terra, como que
adormecido, mas ele, pois, me tocou e restaurando as minhas
exauridas energias, me colocou novamente em pé. Após encontrar
Daniel em pé e firme, o Anjo Gabriel esclarece a Daniel que
aquela visão é para o tempo da ira, tempo esse reservado mais
para o final dos tempos. O anjo Gabriel tenta esclarecer a
Daniel que aquela visão cinematográfica que se desenrolara
diante dele, se tratava de uma revelação profética para os
tempos do fim, mas Daniel embora muito inteligente não tinha
condições de entender tão extensa e tão profunda revelação
profética.
Agora podemos observar Daniel em pé, firme, graças à ação
do anjo Gabriel que o colocou de pé. A seguir o anjo passa a
explicar-lhe a respeito da visão.
136
c) A INTERPRETAÇÃO DA VISÃO
Daniel 8.20-27
20 - Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis
da Média e da Pérsia;
21 - mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande
entre os olhos é o primeiro rei;
22 - o ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar
dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas
não com força igual à que ele tinha.
23 - Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores
acabarem, levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de
intrigas.
24 - Grande é o seu poder, mas não por sua própria força;
causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe
aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo.
25 - Por sua astúcia nos seus empreendimentos fará
prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá, e destruirá
a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o
Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos
humanas.
26 - A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é
verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a
dias ainda mui distantes.
27 - Eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias;
então me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me
com a visão, e não havia quem a entendesse.
A interpretação do anjo corrobora a que temos, a respeito
do capítulo dois e do capítulo sete, onde o carneiro, assim
como o urso, representa o império medo-persa. Isso está muito
claro no verso vinte. É importante relembrar aqui que Daniel
ainda vive a época de Belsazar, ou seja: A Babilônia ainda não
caiu nas mãos de Ciro ou de Dario; de modo que no momento dessa
revelação tudo isso ainda é futuro para Daniel.
O anjo revela também, verso vinte e um, que o bode
representa a Grécia e o chifre que traz entre os olhos é o seu
primeiro rei, no caso: Alexandre. Como já dissemos, esse rei
será morto em um tempo muito curto e em seu lugar aparecerão
quatro reinos que já foram apresentados em páginas anteriores,
quando comentamos o verso oito.
O anjo continua explicando para Daniel e no verso vinte e
três ele diz:
- Mas no final do seu reinado levantar-se-á um rei de feroz
catadura, entendido em intrigas. E aqui inicia um belo
problema: quem é esse rei? Veja o verso vinte e três: Mas, no
fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem,
levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de intrigas.
137
―No fim de seu reinado‖ significa no final de algum
reinado.
―Quando os prevaricadores acabarem‖ é uma referência a um
grupo de governantes cuja característica será a prevaricação. O
que é prevaricar?
Prevaricar é o mesmo que:
Torcer a justiça;
É agir ou proceder à maldade;
É agir com violência cometendo injustiça.
Corromper ou perverter a moral.
Essa referencia ―quando os prevaricadores acabarem‖ é o
dado que nos fornece a época em que surgirá esse rei. Portanto
precisamos identificar que tempo será esse no qual se levantará
tal rei! Certamente Não é o final do reinado da Grécia porque
até hoje ainda existe prevaricadores.
A primeira vista, esse rei nos parece ser Antíoco Epifânio,
porque é sobre ele que se vem falando desde o verso oito. No
verso vinte e dois fala-se do reinado grego e a seqüência do
vinte e três fala em ―seu reinado” o que leva a entender que
esse reinado seria o grego! MAS, esse rei, de feroz catadura,
se fizermos uma análise mais profunda, será mais coerente com o
Anticristo que com Antíoco, pois vejamos:
Os diferentes reinos foram:
Babilônico 606 a.C. ________ 536 a.C.
Medo Persa 536 a.C. ________ 330 a.C.
Grego 330 a.C. __________ 63 a.C.
Romano 63 a.C. _____ 395 a.C. 476 d.C. 1453 d.C.
1-Antíoco reinou por volta de 170 a.C., mais exatamente no
meio e não no final do período do reinado da Grécia. O verso
vinte e três fala que será no fim do reinado e não na metade
dele.
2- Fala também que será depois que acabarem os
prevaricadores, ou seja, depois dele não haverá mais
prevaricação, o que existe até hoje. (Verso vinte e Três).
Portanto fala contra Antioco.
3- Grande é a sua força, mas não pelo seu poder e
prosperará. Verso vinte e quatro.
Esse verso dá a impressão de que esse rei não o é por si
só. Parece que a força de seu poder depende de outrem.
138
Antíoco não pareceu ser tão próspero e não consta que tenha
recebido força ou poder de outrem. A força do poderio de
Antíoco foi proveniente de sua linhagem real e de sua própria
ocupação no cargo de rei.
4- ―Pelo seu entendimento fará prosperar o engano na sua
mão.‖ Verso vinte e cinco.
Também não consta na história universal tal prosperidade
para Antíoco Epifânio.
5- ―... e se levantará contra o príncipe dos príncipes‖.
Ainda verso vinte e cinco.
Também não há, até Jesus, uma pessoa histórica que receba
esse título: príncipe dos príncipes; logo Antíoco não se
levantou contra ninguém que possa se classificar assim. Ainda
no verso vinte e cinco: ―Mas, sem auxílio de mão será
quebrado‖.
Essa expressão, agora, não deixa mais dúvidas, realmente
não pode ser Antíoco.
Ora se não pode ser Antíoco, então o anjo Gabriel se refere
aqui realmente ao Anticristo. E assim temos Antíoco Epifânio
apenas como seu protótipo.
Um rei de feroz catadura quer dizer:
Um rei duro. (de grande dureza) Um rei arrogante. (muito orgulhoso e autoritário) Um rei insolente. (muito insolente)
O Anticristo tem essas características todas:
É um rei de feroz catadura. Verso vinte e três É entendido em intrigas. Verso vinte e três Grande é o seu poder, mas é proveniente do Dragão a sua
força. Verso vinte e quatro
É próspero, destruidor, fará o que lhe aprouver,
destruirá os poderosos e fará guerra aos santos. Verso vinte e
quatro.
Fará prosperar o engano. Verso vinte e cinco Engrandecer-se-á em seu coração. Verso vinte e cinco Levantar-se-á contra o príncipe dos príncipes. Verso
vinte e cinco
Mas será quebrado sem a intervenção da mão humana. Verso vinte e cinco
Vemos aqui profetizado o surgimento do Anticristo e já
determinada a sua derrota. Isso mais ou menos há dois mil e
quinhentos anos atrás.
139
Há vários eruditos da Bíblia que defende ser Antíoco esse
rei, o que eu não consigo aceitar conforme o exposto acima.
Outra coisa que fala a favor desse rei ser o Anticristo são
as afirmações do anjo nos versos dezessete e dezenove que
repetidamente fala que essa profecia é para o tempo do fim.
Se esse rei fosse Antíoco, a época em que viveu teria sido
o tempo do fim, o tempo da IRA, como se fala no verso dezenove:
Eis que te farei saber o que há de acontecer no último
tempo da ira; porque essa visão se refere ao tempo determinado
do fim. Mas isso não aconteceu, isto é, o tempo do fim não
foi o de Antíoco, logo só pode se tratar do Anticristo.
140
CAPÍTULO 9
O FINAL DO CATIVEIRO
Introdução
DANIEL 9.1 - No primeiro ano de Dario, filho de Assuero,
da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino
dos caldeus,
2 - no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi,
pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao
profeta Jeremias, em que haviam de durar as assolações de
Jerusalém, era de setenta anos.
Já era findo o reinado de Nabucodonosor, portanto já se
passara também o primeiro império que foi representado pela
cabeça de ouro.
Daniel continua na corte e se mantém como homem mui querido
do rei, ocupando ainda lugar de destaque no então império medo-
persa. O povo de Israel continua cativo, a exemplo de muitas
nações contemporâneas, agora já adaptados à uma nova vida. O
povo judeu continuava crente em Deus Jeová, mas não tinha mais
o fervor nacionalista, e maioria não conhecia o templo em
Jerusalém e tão pouco a cidade e seus pais. Grande parte da
nação judia era nascida no cativeiro e conheciam o Deus de seus
pais apenas por tradição e por alguns poucos milagres ocorridos
em Babilônia.
Já haviam se passado setenta anos que estavam ali no
cativeiro e nesse período não havia ali em Babilônia nenhum
profeta para exortá-los a ouvir a palavra do Senhor. Ezequiel
já havia morrido, Jeremias era componente da história do
passado. Na verdade Israel já tinha se esquecido de sua Pátria
e também de Jerusalém.
Os sacrifícios diários não existiam há muito; sobre a Arca,
se conhecia apenas ―a sua história‖! O Templo não existia mais
e o Tabernáculo de Moisés era muito pouco conhecido do povo e
certamente já estava no esquecimento. Os sacerdotes não
desenvolviam o seu sacerdócio, pois se achavam todos no exílio
e a muito não havia mais sacrifício.
Muitos dos judeus já estavam adaptados à terra, já possuíam
os hábitos da maioria das nações e eram participantes ativos
da vida social e econômica do império. A maioria já não sentia
falta de Jerusalém e boa parte do povo judeu já havia nascido
na Babilônia. Já se achavam estabilizados, não se interessavam
pelo sacrifício do retorno, não se interessavam pela
141
reconstrução de Jerusalém e do Templo. Não tinham mais
interesse no sacrifício diário da época de seus antepassados.
Mas Daniel, já na faixa de seus oitenta e cinco anos,
embora na situação mais privilegiada que qualquer outro judeu
mantinha acesa aquela chama ardente, aquela viva fé que tinha
no início do cativeiro, quando ainda era jovem.
Daniel tinha o coração palpitante em voltar para Jerusalém,
a Cidade Santa de seu Deus. Mantinha o hábito de orar três
vezes, ajoelhado em seu quarto, com as janelas abertas,
voltadas para Jerusalém. Daniel tinha no peito a chama viva de
um patriota desprovido de sua pátria.
Daniel era homem de rara inteligência, era cheio do
Espírito Santo de Deus e começou a entender pelos livros que o
cativeiro se aproximara do fim. Começou a alimentar uma viva
esperança de retornar à Cidade Santa e ao seu Santuário.
Começou a orar nesse sentido e Deus ouviu a sua oração. Mas
antes de prosseguirmos nessa linha de pensamento, vamos falar
um pouco mais sobre o cativeiro dos judeus em Babilônia.
O CATIVEIRO DE BABILÔNIA
O cativeiro de Babilônia teve início em 606 a.C. Teve a
duração de setenta anos, profetizados por Jeremias. Esse
cativeiro não se deu de uma só vez, mas foi dividido em três
etapas:
- Primeira leva de cativos -
A primeira leva de cativos ocorreu em 606 a.C., quando
ocorreu a tomada de Jerusalém das mãos do Egito sob Faraó Neco,
o qual tinha posto a Jeoaquim como rei de Judá. Nabucodonosor,
autor dessa conquista, levou consigo os membros da nobreza e os
membros da família real.
Foi nessa primeira leva de cativos que Daniel e seus
companheiros foram levados para a Babilônia. Não consta nessa
primeira etapa que o Templo sagrado haja sido saqueado ou
profanado.
- Segunda leva de cativos -
Essa segunda leva de cativos ocorreu por volta de 597 a.C.,
já no final do reinado de Joaquim, quando foram levados cativos
todos os artífices, todos os líderes, os oficiais e os
aristocratas em número próximo a dez mil pessoas. Incluem-se
nessa leva o rei Joaquim e o profeta Ezequiel. Nessa data
ocorreu o saqueamento do Templo. Isso pode ser lido em: 2 Reis
24.1 e 2 Reis 24.10-17 e ainda em 2 Crônicas 36.9,10.
142
- Terceira leva de cativos -
A terceira leva de cativos ocorreu por volta de 587 a.C.,
quando um exército sitiou a Jerusalém durante um ano e meio e
em 586 a.C., e acabou por vencer o povo pela fome e pela falta
de víveres, agora sob a regência de Zedequias.
Foi essa a etapa mais terrível vivida e observada pelo povo
judeu remanescente na Judéia. Foi a mais cruel investida de
Nabucodonosor sobre os judeus, quando ocorreu o episódio de 2
Crônicas 36.17-21. Foi nessa etapa que aos soldados de
Nabucodonosor matou seus jovens à espada, na casa do seu
santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas,
nem dos velhos nem dos mais avançados em idades. 2 Crônicas
36.17
Também foram nessa invasão que foram levados para a
Babilônia todos os utensílios da casa de Deus, grandes e
pequenos, todos os tesouros da casa do Senhor, e todos os
tesouros do rei e dos seus príncipes. 2 Crônicas 36.18. Foi
também nessa invasão que queimaram a casa de Deus, e derrubaram
os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram a fogo,
destruindo também todos os seus preciosos objetos. 2 Crônicas
36.19.
Nessa invasão os que escaparam da morte foram levados
cativos. A morte foi sem piedade e foi nesse período que abriam
a barriga dos judeus vivos inclusive de mulheres grávidas.
Nessa invasão, os que escaparam da espada, a esses levou
ele para Babilônia, onde se tornaram seus servos e de seus
filhos, até ao tempo do reino da Pérsia; 2 Crônicas 36.20; para
que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias: até
que a terra se agradasse dos seus sábados. Todos os dias da
desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. 2
Crônicas 36.21.
Aqui fica muito claro que esse cativeiro foi uma disciplina
da parte de Deus para o povo e que o prazo de setenta anos foi
previamente definido em função do descanso da terra.
TEMPO DOS GENTIOS
O tempo dos gentios teve início com essa invasão da
Babilônia, quando ocorreu a profanação e destruição do templo.
O tempo dos gentios se refere ao período no quais os
gentios possuem o domínio sobre Jerusalém.
Nessa invasão quem não morreu foi levado cativo, tendo
ficado um grupo insignificante de pessoas ligadas a terra sob o
domínio de Gedálias. Alguns desses pobres fugiram para o Egito
assim que os exércitos Babilônicos lhes deram as costas. Por
143
essa razão a Judéia ficou quase que totalmente vazia. Toda a
Terra Santa ficou desolada. Leia sobre isso em 2 Reis 25.1-22 e
todo o capítulo trinta e nove e o cinqüenta e dois de Jeremias.
Os profetas que profetizaram o cativeiro foram:Isaías 39.6;
Miquéias 4.10; Jeremias 25.11,12
Jeremias profetizou a duração do cativeiro em Jeremias
25.11,12.
DURANTE O CATIVEIRO
Durante o cativeiro foram escritos:
Jeremias, a partir do capítulo trinta e nove. As Lamentações de Jeremias. O Livro de Ezequiel. Certamente o Livro de Daniel.
APÓS O CATIVEIRO
Após o cativeiro tivemos:
Esdras.
Neemias. Ester. Ageu. Zacarias. Malaquias.
Ester foi uma judia que se tornou rainha da Pérsia, mais ou
menos cinqüenta e oito anos após o cativeiro. Sua história se
situa entre os capítulos sete e oito de Esdras, quando do
reinado de Xerxes, conhecido na Bíblia por Assuero, isso por
volta de 478 a.C.
Assuero governou de 486 a 465 a.C.
A VOLTA DOS CATIVOS
A volta do cativeiro também não se deu de uma só vez, mas
também ocorreu em três fases.
- Primeira leva de repatriados
A primeira leva de repatriados ocorreu por volta de 536
a.C. sob Zorobabel e Jesua, sendo Zorobabel governador (líder
político) e Jesua, sacerdote,(líder religioso) em 541 a.C.
144
Esse grupo foi aquele que reiniciou a construção do Templo
por volta de 535 a.C. Nessa etapa, o retorno foi de
aproximadamente cinqüenta mil judeus.
Na época havia mais ou menos um milhão de judeus exilados.
Esdras 2.64,65.
O Templo foi concluído por volta de 516 a.C.
- Segunda leva de repatriados
A segunda leva de repatriados ocorreu sob o comando de
Esdras, vieram cerca de dezessete mil judeus. Isso lá pelo ano
de 450 a.C.
Seu objetivo principal era a reconstrução do Templo, pois
Esdras era sacerdote.
- Terceira leva de repatriados.
A terceira leva de repatriados ocorreu por volta de 445
a.C. sob o comando de Neemias. Este foi copeiro do rei persa e
com esta tivemos a última repatriação em massa, sendo que essa
terceira leva tinha por objetivo a reconstrução dos muros. O
Templo já estava construído, sob o comando de Zorobabel, um
descendente de Davi.
Esses cativos trouxeram o aramaico para a Judéia, sendo ela
a língua oficial no cativeiro. Neemias foi governador.
Com isso podemos observar que a repatriação dos judeus
demorou mais que todo o cativeiro, se estendendo por cem anos.
Nisso podemos observar o desinteresse dos judeus na
repatriação.
OS FRUTOS DO CATIVEIRO
O cativeiro foi um instrumento de castigo que Deus usou
para com o povo de Judá, que cada vez mais se afundavam em seus
pecados, em suas transgressões, mas seus frutos foram
duradouros. Entre os frutos do cativeiro podemos citar:
a) Abolição da idolatria. Após esse episódio do cativeiro
foi abolida a idolatria entre os judeus.
b) Valorização às leis de Moisés. Após o cativeiro o povo judeu passou a ter mais respeito à
lei de Moisés; passaram a estudá-la com mais dedicação, com
avaliação dessa lei nas sinagogas, que passaram a ter reuniões
periódicas.
c) Surgimento das sinagogas.
Com o final do cativeiro e o retorno dos judeus começaram
acontecer reuniões periódicas nas sinagogas com a finalidade de
congregar o povo.
145
d) Avivamento da promessa Messiânica.
Com o cativeiro levando os judeus a discutirem melhor a
lei de Moisés, ocorre um avivamento da promessa messiânica,
decorrente das reuniões periódicas nas sinagogas.
e) Purificação do sentimento patriótico. O cativeiro serviu
para despertar o sentimento patriótico, como se pode ver no
Salmo 137, onde vemos a lamentação do povo. Vou transcrever
apenas os versos um e quatro.
SALMO 137.1 - Às margens dos rios de Babilônia nós nos
assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.
SALMO 137.4 - Como, porém, haveríamos de entoar o canto do
Senhor em terra estranha?
Assim Deus atingiu o seu objetivo, deixando a Terra
descansar os setenta anos correspondentes aos setenta anos
sabáticos que os judeus não observaram e ainda disciplinou o
seu povo com frutos permanentes.
Voltemos à linha Apocalíptica que vínhamos percorrendo e
enfoquemos o primeiro ano de Dario, que havia sido constituído
rei de Babilônia (dos caldeus), quando Daniel entende pelos
livros, provavelmente o de Jeremias, que é vencido o tempo do
cativeiro. Daniel entra pelo caminho da oração e começa a orar
e a se consagrar a fim de que Deus tome uma conduta a respeito
de seu povo.
Vamos dividir o capítulo nove em duas partes:
a) A oração de Daniel.
b) Sobre as Setenta Semanas.
c) Introdução: As Setenta Semanas de Daniel.
d) As Setenta Semanas de Daniel.
a) A ORAÇÃO DE DANIEL
Daniel 9.3-19
3 - Voltei o meu rosto ao Senhor Deus, para buscá-lo com
oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.
4 - Orei ao Senhor meu Deus, confessei, e disse: Ah!
Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a
misericórdia para com os que te amam e guardam os teus
mandamentos;
5 - temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos
perversamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus
mandamentos e dos teus juízos;
6 - e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que
em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos
pais como também a todo o povo da terra.
7 - A ti, ó Senhor, pertence a justiça mas a nós o corar de
vergonha, como hoje se vê; a nós, os homens de Judá, os
146
moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer
os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por
causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
8 - Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos
nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque
temos pecado contra ti.
9 - Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia, e o
perdão; pois nos temos rebelado contra ele,
10 - e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para
andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus
servos, os profetas.
11 - Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-
se, para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e
imprecações que estão escritas na lei de Moisés, servo de Deus,
se derramaram sobre nós; porque temos pecado contra ele.
12 - Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e
contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós
grande mal; porquanto nunca debaixo de todo o céu aconteceu o
que se deu em Jerusalém.
13 - Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos
sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor
nosso Deus, para nos convertemos das nossas iniqüidades, e nos
aplicarmos à tua verdade.
14 - Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal, e
o fez vir sobre nós; pois justo é o Senhor, nosso Deus, em
todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz.
15 - Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu
povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo
adquiriste renome, como hoje se vê; temos pecado e procedido
perversamente.
16 - Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a
tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo
monte; porquanto por causa dos nossos pecados, e por causa das
iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo
opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
17 - Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo,
e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze
resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor.
18 - Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os
teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que
é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas
perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas
muitas misericórdias.
19 - Ó Senhor ouve; ó Senhor perdoa; ó Senhor atende-nos e
age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque
a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.
147
O verso primeiro nos localiza no tempo, indicando-nos o ano
primeiro no reinado de Dario, (Dario I ou Dario o grande) filho
de Assuero, rei da Pérsia entre 522 até 486 a.C. Esse Dario foi
sucessor de Ciro II que governou de 530 a 521 a.C.; sendo esse
sucessor do Ciro conquistador da Babilônia, que foi morto em
530 a.C. Esse Dario foi o Rei Assuero, marido de Ester, a qual
sendo judia, tornou-se rainha da Pérsia. Não confundí-lo com o
Dario da Babilônia, do capitulo seis de Daniel; que era da
linhagem dos medos. Esse foi colocado como imperador da
Babilônia por Ciro, o Persa na época da conquista de Babilônia
em 538 a.C.
O Dario referido aqui no capitulo nove, ficou conhecido
como Dario, o Grande; reinou sobre a Pérsia de 522 até 486 a.C.
Foi esse rei que permitiu aos judeus a reconstrução do Templo.
Ele aparece em Esdras 4 a 6; Ageu 1.1,15-2.10 e ainda em
Sofonias 1.1,7 e ainda 7.1.
Certamente o episódio da cova dos leões já havia se passado
aqui nessa época, mas certamente em passado recente, de modo a
estar, ainda, na mente de todos.
Dario foi constituído rei dos caldeus em 538 a.C.,
enquanto Ciro permanecia nas conquistas bélicas, expandindo o
seu domínio.
Ciro foi filho de Cambises I, rei dos Persas e foi neto de
Astiages que era rei dos Medos.
Cambises I casou-se com uma filha de Astiages e desse
casamento é que nasceu Ciro, que nesse caso era príncipe dos
dois reinos e por esse motivo se constituiu no elo de união dos
dois, Ciro foi um grande guerreiro, assim como o foi Cambises,
seu pai. Ciro teve um filho que foi conhecido como Cambises II.
Daniel, nesse contexto todo, estudioso dos livros,
especialmente os proféticos, entendeu que o cativeiro se
aproximara do fim. Entretanto não via nada que pudesse
descortinar algo favorável a esse respeito. O povo não tinha
mais esperança em retornar para a Jerusalém do Senhor. Em Sião
tudo era monturo e os gentios faziam uso da Terra Santa.
Dario, sólido no poder, e o povo adaptado ao exílio. Boa parte
dos exilados já era nativa do cativeiro, ou seja, já nasceram
em Babilônia e de Jerusalém e de Judá conheciam apenas a
história.
Mas Daniel estava atento aos livros que falavam a respeito
de Deus e entende que é hora de retornar.
Daniel entendia que Deus cumpre a sua Palavra e não falha
em suas promessas e tendo Deus falado, principalmente pela boca
de Jeremias, acreditava ter chegado o momento da volta para a
sua terra. Veja Jeremias 25.11,12; 29.10.
11 - Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto;
estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.
148
JEREMIAS 25.12 - Acontecerá, porém, que, quando se
cumprirem os setenta anos, castigarei a iniqüidade do rei de
Babilônia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra
dos caldeus; farei eles ruínas perpétuas.
JEREMIAS 29.10 - Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem
para Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e
cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-
vos para este lugar.
Daniel, que acreditava em Deus, sentiu de invocar a Deus
quanto ao cumprimento de sua Palavra, pois ansiava retornar
para Jerusalém e reconstruir a Cidade Santa e o Templo de seu
Deus, restabelecendo a adoração e o sacrifício.
Para Daniel, de que servia a prosperidade? De que servia a
sua glória? (Daniel era integrante da corte desde o início), se
o santuário do seu Deus e sua Cidade Santa estava um monturo,
estava destruído!
Verso três - Voltei o meu rosto ao Senhor, para buscá-lo de
todo coração, com rogos e jejum, pano de saco e cinza.
Rogos: - humildade, reconhecer as próprias fraquezas,
falhas e limitações.
Jejum: - consagração, santificação, reverência.
Pano de saco e cinza: - Humilhação diante do Senhor,
insignificância, pobreza espiritual.
E assim Daniel inicia sua oração, que se constitui na
maior oração registrada no Cânon Sagrado, evidentemente para
ensino nosso.
A oração de Daniel pode ser dividida em:
a) Adoração e ação de graças. Verso quatro.
b) Confissão, onde Daniel se inclui entre outros todos.
Versos 5-15.
Convém observar que a oração de Daniel:
1- Não foi a favor de si mesmo, mas intercessora, a favor
de seu povo.
2- Foi a favor da cidade de Jerusalém que ele classificou
como cidade de Deus, além de ser sua e de seu povo. Verso 16.
3 - Confessa a Deus o pecado do seu povo, onde se inclui
como pecador igual aos outros, não obstante sua fidelidade a
Deus; sem nele se achar mácula alguma, ou culpa que o pudesse
incriminar. Ver verso 4,5 Capítulo 6.
4 - Inclui a si próprio no nível de todos embora ele ocupe,
e sempre tenha ocupado, posição privilegiada entre os homens.
Ver Versos 8,9 e 10.
5 - Aceita o castigo de Deus sem se justificar na sua
presença. Versos 13,14.
6 - Roga a Deus, com súplicas; com santificação, e com
humilhação, não somente por si, mas por todo o seu povo. Versos
17-19 e 3.
149
Vemos nos verso vinte e a seguir quão pronto está Deus para
ouvir nossas súplicas. Deus não resistiu às lágrimas de Daniel
e orava ainda Daniel quando o Anjo Gabriel chegou, diz o verso
21: voando rapidamente.
Daniel reconhecera aquele ser celestial com quem já
dialogara no capítulo oito, quando da interpretação da visão do
carneiro e do bode.
Trata-se do Anjo Gabriel, o mensageiro que assiste na
presença de Deus. Gabriel é mencionado nominalmente por quatro
vezes na Bíblia ARC ou ARA. São duas vezes em Lucas: Lucas 1.19
e 26, e duas vezes em Daniel: Daniel 8.16; 9.21.
Notemos que o anjo veio:
a) Rapidamente
b) Voando; não só rapidamente, mas voando! Verso 21.
Quais as razões dessa oração ser tão prontamente atendida?
Observar que embora Deus tivesse respondido a sua oração
tão prontamente, o retorno de modo mais significativo à pátria
demorou mais de cem anos e a reconstrução do templo mais de
cinqüenta anos!
As razões do sucesso aqui são:
1 - Daniel não orava a Deus somente quando em apuros, ou
não se lembrava de Deus somente em tribulação, mas orava
diariamente.
Nós não oramos o suficiente, mas nos lembramos de Deus nas
horas difíceis. Quando está tudo bem, fazemos de tudo, mas
oramos pouco. A oração é o telefone do céu; é o instrumento que
nos coloca em contato com o Pai.
2 - Daniel iniciou sua oração dando graças.
Nós, infelizmente, não temos o hábito de orar nos momentos
de bonança ou de prosperidade. Não temos o hábito de orar nos
períodos em que a paz reina em nossa vida. Nós oramos mais é
nos momentos de aflição ou de dificuldade, nos momentos das
provas; nesse caso oramos para pedir socorro e poucas vezes
para dar Graças.
Nós só oramos em dificuldade e, portanto oramos somente
para pedir. Nós nos comportamos na presença de Deus como filhos
―pidonhos‖, aqueles filhos que só sabem pedir. Mas não era
assim com Daniel.
Daniel iniciou sua oração, primeiro dando graças!
Nas suas orações sempre deu graças ao seu Deus, veja Daniel
6.10:
... “Três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava
graças, diante do seu Deus, como costumava fazer”.
3 - Daniel confessou o seu pecado, o pecado de seu povo,
antes de pedir.
150
Daniel se incluiu entre os pecadores e confessou suas
transgressões, reconheceu suas falhas e pediu a Deus. Veja os
versos 5,6.
Exaltou ao Senhor e assumiu a vergonha para si, assumindo a
culpa do juízo de Deus. Versos 7,10 e 14.
4 - Daniel pede a bênção tão somente após dar graças por
tudo, a partir do verso 16 até o 19.
Deus às vezes nos ouve, responde para nós, mas a bênção vem
no tempo de Deus e não no nosso, como queremos. O maior exemplo
disso é Abraão que esperou Isaque, por volta de vinte e cinco
anos. Sara já se desesperara, já perdera o costume das
mulheres, Abraão já era velho e Deus ainda não tinha cumprido a
sua promessa. O nosso tempo não é o tempo de Deus. O nosso
relógio não é o relógio de Deus. Deus não é nosso servo e tão
pouco o mago da lâmpada maravilhosa que vive sob nossas ordens.
Na doutrina do Velho Testamento temos:
SALMOS 37.5 - Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele,
e o mais ele fará.
SALMOS 37.7 - Descansa no Senhor e espera nele, não te
irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por
causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
No Novo Testamento temos:
Mateus 6.33 e:
LUCAS 12.31 - Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas
cousas vos serão acrescentadas.
Mas nós não nos conduzimos dessa forma. Nosso ângulo de
visão é egoísta. Só vemos os nossos interesses e em vez de
suplicarmos, vivemos dando ―ordens‖ para Deus.
Às vezes oramos ao Senhor e estabelecemos ―regras‖,
estabelecemos ―prazos‖, impomos as condições, e quando Deus não
nos ouve (Ele não está obrigado a fazê-lo) ficamos aborrecidos.
Achamos que Deus não nos ama, e por isso não escuta as nossas
orações. Mas Isaías diz: Suas mãos não estão encolhidas, e Deus
não ficou surdo. A falha está em nós. Isaías 59.1.
No verso vinte e dois temos a declaração do Anjo em sua
missão mui importante:
DANIEL 9.22 - Ele (Gabriel) queria instruir-me, falou
comigo, e disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o
sentido.
E no verso vinte e três o complemento onde temos a
preocupação de Deus com Daniel:
DANIEL 9.23 - No princípio das tuas súplicas, saiu a
ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado;
considera, pois, a cousa, e entende a visão.
Aqui vemos quanta consideração Deus, o Pai, tinha com
Daniel, pois essa declaração: ÉS MUI AMADO foi feito pelo anjo
Gabriel que assiste na presença de Deus.
151
Isto quer dizer que Deus está atento aos seus fiéis e nunca
os decepcionará. É como o nosso filho amado, temos para ele
toda a nossa atenção e cuidado.
Temos agora um cenário bonito e sui gêneris: Daniel e o
anjo!
Daniel atento para ouvi-lo, tinha o coração palpitante, mas
dessa vez não caiu por terra diante da glória do anjo, pelo
contrário, o reconheceu imediatamente e deve ter controlado as
suas emoções; não tem mais aquela disfunção neuro-vegetativa
que teve na visão anterior; pelo contrário, ficou firme, a fim
de entender a mensagem do anjo. Daniel 9.23.
A partir desse instante o anjo entrega a Daniel a mais
importante de todas as profecias para o povo judeu e,
conseqüentemente, para toda a humanidade: AS SETENTA SEMANAS
DETERMINADAS SOBRE O POVO JUDEU.
B) SOBRE AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
INTRODUÇÃO
O capítulo nove de Daniel é um capítulo de extraordinária
importância, porque ele trata da profecia chamada Setenta
Semanas de Daniel.
Nessa profecia temos definida toda a história da
humanidade, desde Daniel até o final. É uma profecia ligada a
Israel, mas o seu cenário envolve, como conseqüência, o mundo
todo até o seu final.
Hoje temos condições de ocupar um lugar privilegiado no
tempo da existência humana porque já se cumpriram muitas
profecias e de forma tão fiel, exatamente como profetizada.
Isso enriquece em muito a nossa fé e nos estimula a crer
naquelas que ainda não se cumpriram.
Veremos no decorrer desse estudo que das setenta semanas,
sessenta e nove já são passadas, cujo cumprimento foi fiel,
item por item, no momento exato para o qual foi profetizado.
Toda essa experiência é privilégio nosso e nos desperta para
realmente estudar as profecias, e nelas depositarmos a nossa
fé, crendo no cumprimento do restante que ainda não se cumpriu.
Daniel nunca entendeu essa profecia, como também não
entendeu as anteriores (capítulo 2,7 e 8). Mas vemos que o anjo
Gabriel lhe diz em Daniel 8.26:
―... tu porém, preserva a visão, porque se refere a dias
mui distantes‖...
A versão linguagem de hoje diz assim:
Você já ouviu a verdadeira explicação dos sacrifícios
da tarde e da manhã. Mas não diga a ninguém o que quer
152
dizer a visão que você teve, pois ainda vai demorar muito
tempo até que ela se cumpra.
É como se o anjo lhe dissesse: Daniel, essa profecia não é
mesmo para entendimento seu, e sim do futuro.
No verso vinte e sete temos:
“...Espantava-me com a visão, e não havia quem a
entendesse”... (DANIEL 8.27)
Durante alguns séculos essas profecias ficaram sem
entendimento, inclusive para o povo judeu, e permaneceram sem
entendimento até pouco tempo atrás. Esse é mais um dado de que
vivemos o tempo do fim.
O entendimento dessas coisas nos apontam para a vinda de
Jesus!
A Septuagésima Semana de Daniel ainda é futura para nós e
ela na verdade corresponde ao período da Tribulação, também
chamado dia da ira de Deus.
Mas nós, integrantes da Igreja que Jesus comprou, não
esperamos a vinda da Tribulação ou a vinda da septuagésima
semana, mas sim, esperamos com uma fé inabalável, a vinda de
Jesus para buscar a sua Igreja. Temos a promessa de Jesus que
sua Igreja não verá a Tribulação = Apocalipse 3.10
Primeiro Jesus virá para arrebatar a sua Igreja e somente
quando estivermos no céu com Jesus, quando participaremos do
Tribunal do Cristo e da festa da Bodas do Cordeiro, é que aqui
na Terra se desenrolará a 70º Semana de Daniel, que coincidirá
com o período da Tribulação, também chamado Tempos da Angústia
de Jacó.
Já vimos que a profecia do capítulo dois nos dá um perfil
da história, dividido em quatro reinos universais, que se
constitui no esqueleto histórico da humanidade. Uma espécie de
visão panorâmica do futuro envolvendo a história universal.
Já no capítulo sete, onde temos a visão dos quatro animais,
temos um aperfeiçoamento mais detalhado da mesma profecia, só
que nesse caso dando-lhe um enfoque mais espiritual. No
capítulo oito temos ainda um refinamento ainda mais detalhado,
especialmente do terceiro reinado, o império grego, onde já nos
apresenta um protótipo do Anticristo que é Antíoco Epifânio,
falando na parte final nos últimos versos sobre o Anticristo
sem entrar nos detalhes proféticos. Como podemos observar, as
profecias de Daniel, até aqui, não é uma profecia específica de
seu povo, ou de sua nação, mas são de aspecto generalizado,
envolvendo desde Nabucodonosor, portanto mais voltada aos
gentios.
Mas aqui no capítulo nove nós teremos uma profecia voltada
exclusivamente para Israel e sua Cidade Santa.
A profecia das setenta semanas é específica para Israel,
sendo a última semana ainda por vir. Ela está bem detalhada no
153
Apocalipse a partir do capítulo seis até o dezenove, os quais
falam do período da Grande Tribulação que, como já vimos,
trata-se da 70º Semana de Daniel.
Deus mostrou a Daniel a linha mestra dos acontecimentos
históricos que ocorreriam com seu povo e sua Cidade Santa, e
depois mostrou a João na ilha de Patmos, mais detalhes de como
será o final. Na verdade os capítulos 6 a 18 do Livro do
Apocalipse, não são outra coisa senão mais detalhes sobre as
profecias de Daniel.
Deus tem feito isso e tem alertado o povo através de
profecia porque elas funcionam como aviso das coisas futuras, e
ninguém poderá alegar ignorância.
Essa 70º semana inicia a qualquer momento, pois nós vivemos
a parte final dessa dispensação. A respeito desse tempo do fim,
Daniel apresenta alguma coisa em 8.17 a 19; 10.14; 12.4
Antes de entrarmos na profecia das Setenta Semanas
precisamos fazer algumas considerações.
O termo SETENTA SEMANAS usado aqui, tem um significado que
para nós não é muito familiar. Aqui significa ―setenta semanas
de anos‖ (agora ficou mais difícil?...).
É que cada semana aqui representa sete anos, como se a cada
dia da semana correspondesse a um ano.
Assim temos:
Uma semana de dias - sete dias
Uma semana de anos - sete anos
Agora, essa nomenclatura foi quotidiana entre os hebreus.
Eles conhecem a semana de dias e a semana de anos. Na verdade
conhecem ainda outras semanas, por exemplo, a semana sabática
que é a semana de sete anos sabáticos.
Para cada sete anos, entre os judeus, teríamos o ano
sabático, que seria um ano de descanso para a terra. Nesse ano
não plantariam nada para que a terra descansasse. Cada conjunto
de sete anos sabáticos daria o ano do jubileu, que Deus
apresenta em LEVÍTICOS 25.8,10,11.
8- Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos: de
maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta
e nove anos.
10 - Santificareis o ano qüinquagésimo, e proclamareis
liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu
vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua
família.
11 - O ano qüinquagésimo vos será jubileu; não semeareis
nem segareis o que nele nascer de si mesmo, nem nele colhereis
as uvas das vinhas não podadas.
154
No caso das setenta semanas teremos então quatrocentos e
noventa anos, que seriam 70x7.
Esses quatrocentos e noventa anos são proféticos em
relação a Israel, como veremos a seguir.
O TEXTO BÍBLICO DAS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
O texto bíblico que contém as Setenta Semanas de Daniel se
encontra em Daniel 9.24-27
24 - Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e
sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para
dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a
justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o
Santo dos Santos.
25 - Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar
e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete
semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 - Depois das sessenta e duas semanas será morto o
Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de
vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num
dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são
determinadas.
27 - Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na
metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que
a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.
A profecia das Setenta semanas de Daniel é a mais extensa e
abrangente profecia do Livro de Daniel e se ainda se constitui
numa profecia atual para nossos dias.
A quem se destina a profecia das Setenta Semanas de Daniel?
A profecia das Setenta Semanas de Daniel se destina ao povo
de Israel e a sua Cidade Santa e veio em resposta à oração de
Daniel que queria ver o retorno de seu povo, a reconstrução da
Cidade Santa e a reedificação do santuário no Monte Santo.
Isso fica claro em Daniel 9.27.
“Setenta Semanas estão determinadas sobre o teu povo e tua
Cidade Santa.”
Inequivocamente, não é uma profecia para os gentios, e tão
pouco para a Igreja; sendo exclusiva para ISRAEL e a CIDADE DE
JERUSALÉM. Veremos que ela contém as respostas para as
angústias de Daniel que foram apresentadas na oração dos versos
cinco a quinze.
É uma profecia que estabelece objetivos muitos bem
definidos, a saber: PARA (verso vinte e quatro).
Para...
155
a) Extinguir a transgressão.
b) Dar fim aos pecados.
c) Expiar a iniqüidade
d) Trazer a justiça eterna.
e) Selar a visão e a profecia.
f) Ungir o Santo dos santos.
É uma profecia que estabelece como ficará Israel após a
ocorrência das Setenta Semanas:
Não haverá mais transgressão nem pecados em Israel...
Os dois itens primeiros do versículo vinte e quatro fala de
um estado de santificação resultante da extinção da
transgressão e também do fim aos pecados.
Se fizermos uma análise bem feita sobre a vida dos judeus,
veremos que este estado de santificação ainda não existiu,
mesmo porque observamos hoje, em pleno 2008, que Israel ainda
se encontra desviado dos caminhos do Senhor. Ainda estão
esperando o Messias, e longe estão de um estado de bem-
aventurança como esse profetizado aqui.
Isto posto, é mister concluir que as Setenta Semanas não
se completaram ainda embora parte dela possa ter se cumprido!
É de fato um consenso entre os entendidos no assunto que a
profecia em discussão realmente não está cumprida ainda em sua
totalidade.
A profecia das Setenta Semanas está dividida em três
etapas.
Uma primeira etapa de sete semanas, verso vinte e cinco.
Uma segunda etapa de 62 semanas, verso vinte e cinco.
Uma terceira etapa de 1 semana só, verso vinte e sete.
Esta divisão esta um pouco camuflada no verso vinte e
cinco, onde lemos:
... desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta
e duas semanas... (Daniel 9.25)
Aqui não fica claro qual é o marco que indica o final da
sétima semana e o início das sessenta e duas, do segundo
período. Não há dados, na Bíblia que nos permita identificar
onde termina a sétima e começa a oitava, mas isso não importa
em nosso estudo, pois não tem vital importância. Podemos
inferir de um estudo mais calmo que esse primeiro período
termine quando se restaurou e se edificou Jerusalém. Neemias
capitulo dois e Esdras capitulo três.
O terceiro período, que ocorrerá após a 69ª semana, é
referido como sendo uma semana, no verso vinte e sete, onde
fala:
Ele fará firme aliança com muitos por uma semana...
(Daniel 9.27)
156
Assim temos a seguinte divisão:
1º período - sete semanas
2º período - sessenta e duas semanas
3º período - uma semana
Após o final da sessenta e nove semanas dá a entender que
haverá um intervalo. Leiamos o verso vinte e seis com muita
atenção:
Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e
já não estará; e o povo de um príncipe, que há de vir,
destruirá a cidade e o santuário,... (Daniel 9.26)
Vemos aqui que duas coisas deverão acontecer quando
terminar o período das sessenta e nove semanas antes de ocorrer
a última:
Primeira: será morto o Ungido
Segunda: povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a
cidade e o santuário,...
Quem seria esse Ungido???
Que povo seria esse??
Destruirá qual cidade e qual Santuário?
Vamos agora analisar a história universal. Os fatos
bíblicos que são verdadeiros não podem ter a História Universal
contra eles, pois a história é o relato de fatos acontecidos, e
se ocorreu o cumprimento de alguma profecia, devemos achar
dados na história. Assim procedendo acharemos que o Ungido
morto foi Jesus e a cidade a ser destruída foi Jerusalém; e o
Santuário foi o Templo dos judeus.
A história registra a morte de Jesus por volta de 33,34 de
nossa era e registra a destruição de Jerusalém ocorrida após a
guerra da Judéia entre 67 e 70 d.C., quando o general Tito
arrasou Jerusalém e o Templo; não deixando pedra sobre pedra,
como foi profetizado em Lucas 19.44:
...e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não
deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a
oportunidade da tua visitação.
Isto posto:
I - Somos levados a entender que a 69ª semana terminou
pouco antes da morte de Jesus, pois está escrito: Depois das
sessenta e duas semanas...
II - A 70ª semana ainda não ocorreu, pois não há na
história registro de fatos que possam inferir tais
acontecimentos. Afinal Israel ainda vive em pecado, não se
selou a profecia nem se extinguiu a iniqüidade.
Isso faz com que se tenha de admitir um intervalo entre a
69ª e a 70ª semana, o que se acha perfeitamente coerente com a
expressão: ―após as sessenta e duas semanas...‖.
157
―Pode acontecer que Daniel tenha tido alguma consciência
desse intervalo e dele não tenha falado nada, mas não creio
nisso porque Daniel não entendeu bem a profecia‖.
O período desse intervalo corresponde ao período da
existência da Igreja de Jesus, que constitui o povo de Deus
aqui na Terra, nesse período, embora Israel continue sendo a
nação escolhida, a Videira plantada pelo Senhor com semente
selecionada. Jeremias 2.21.
Uma vez entendida essa introdução, que considera os
aspectos gerais da profecia, vamos estudá-la minuciosamente.
Comecemos a esclarecer sobre os príncipes.
A profecia fala de dois príncipes:
25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar
e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete
semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 - Depois das sessenta e duas semanas, será morto o
Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir
destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio,
e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
O primeiro: ...até ao Ungido, o Príncipe... verso vinte e cinco 25
O segundo: ...e o povo de um príncipe que há de vir... verso vinte e seis.
Temos aqui, portanto, dois príncipes, onde o primeiro está
com letra P maiúscula e o segundo com letra p minúscula.
Esse primeiro príncipe é Jesus, o Ungido de Deus; o Messias
que foi morto logo após o encerramento da 69ª semana profética.
O segundo príncipe será o Anticristo, que terá origem no
povo que destruiu Jerusalém e o santuário no ano setenta: os
romanos. Lembrar que o povo que destruiu a cidade de Jerusalém
foi o povo romano. Esse príncipe não é outro senão a besta do
capítulo treze do Apocalipse, aquela que saiu do mar.
Podemos confirmar essas idéias analisando o verso vinte e
sete que fala de uma Aliança com muitos por uma semana e que na
metade da semana fará cessar o sacrifício. Isso diz respeito à
besta do Apocalipse, aquela que saiu do mar, e se revelará como
o Anticristo, no tempo do fim. Recomendo a leitura do meu livro
―O Livro do Apocalipse e as Coisas que Hão de Vir‖ para melhor
entendimento a esse respeito.
Com isso entendemos também que a Septuagésima Semana
coincide com o período do Anticristo, pois é no início dessa
semana que ocorrerá o concerto dele com muitos. Leia Daniel
Daniel 9.27:
Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade
da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares;...
158
Lendo o Apocalipse entendemos que se trata do Anticristo e
lendo aqui o verso vinte e sete, se trata da Septuagésima e
última Semana de Daniel.
Vamos agora estudar as Setenta Semanas de Daniel. Essa
profecia é de extraordinária importância não somente para o
povo judeu, mas para todos. Trata-se de uma profecia atual de
difícil interpretação. Pretendo estudá-la em seus mínimos
detalhes.
c) INTRODUÇAO: AS SETENTA SEMANAS DE ANOS
Vamos iniciar nosso estudo, estabelecendo inicialmente a
qual tipo de ano se refere essa profecia. Afinal, existem anos
com diferentes durações, ou seja, com número de dias
diferentes; por exemplo: ano solar, ano lunar, ano comercial,
ano civil, ano astronômico, etc. Precisamos saber qual é o
número de dias que contem esses anos, referidos nessa profecia
de Daniel.
Não podemos, esclareço já de início, misturar os dois
calendários:
O calendário Judeu
O calendário Romano O nosso calendário é baseado no calendário Romano e os seus
anos são definidos pelo movimento da Terra ao redor do sol e se
constitui num calendário do tipo solar. Grosseiramente podemos
dizer que o ano solar tem trezentos e sessenta e cinco dias. Um
ano solar é definido pelo tempo em que a Terra demora em dar
uma volta completa ao redor do sol.
Na verdade, o tempo para esse movimento não é exatamente
trezentos e sessenta e cinco dias, mas trezentos e sessenta e
cinco dias, cinco horas, quarenta e oito minutos e quarenta e
cinco segundos e meio.
O calendário Judeu, usado na Bíblia, portanto nesta
profecia, é um calendário LUNAR e está relacionado com o
movimento da lua.
Um ano lunar é o período em que a lua dá doze voltas ao
redor da Terra. Ele tem exatamente trezentos e sessenta dias.
A Bíblia confirma essa idéia para nós. Vamos ver:
1- No Livro de Gênesis temos uma referência bem precisa a
esse respeito:
Início do dilúvio - décimo sétimo dia do mês segundo
(Gênesis 7.11.)
Final do dilúvio - décimo sétimo dia do mês sétimo (Gênesis
8.4).
Logo isso corresponde a cinco meses, mas Gênesis 8.3; 7.24
diz que o dilúvio foi de cento e cinqüenta dias, ora, cento e
159
cinqüenta dias = cinco meses, então cada mês tem trinta dias e
doze meses, terão trezentos e sessenta dias.
2- a) Em Daniel 7.25 temos:
... e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo,
dois tempos e metade dum tempo.
b) Em Apocalipse 12.6 temos
A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia
Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil
duzentos e sessenta dias.
c) Em Apocalipse 11.2 temos:
Mas deixa de parte o átrio exterior do santuário, e
não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes por
quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa.
a) Um tempo = 1 ano
Dois tempos = 2 anos
Metade de um tempo = ½ ano
Isso totaliza três anos e meio
b) 1260 dias = 3 anos e meio
(3x360 dias + 180 dias)
c) 42 meses = 3 anos e meio
(3x 12 meses + 6 meses)
Disso, podemos concluir que quarenta e dois meses são mil
duzentos e sessenta dias, o que dá um mês de trinta dias e um
ano de trezentos e sessenta dias.
Considerando-se que o ano bíblico tem trezentos e sessenta
dias, voltemos à profecia das Setenta Semanas de Daniel e vamos
determinar:
I- a duração da profecia
II- quando ela se iniciou
III- quando ela terminará
I - QUANTO A DURAÇÃO
São setenta semanas de anos, então fica 70x7 anos cujo
total de anos será 490 anos.
Determinado o número de anos de duração da profecia, vamos
calcular o número total de seus dias.
70 x 7 anos = 70 x 7 x 360 dias = 176 400
160
Então a duração total das Setenta Semanas de Daniel será de
cento e setenta e seis mil e quatrocentos dias equivalentes a
quatrocentos e noventa anos.
Mas sabemos que a última semana, sete anos, totalizando
sete vezes trezentos e sessenta dias; num total de dois mil
quinhentos e vinte dias, ainda não ocorreram.
Sabemos que já se passaram apenas sessenta e nove semanas,
das setenta do total, caracterizando uma interrupção no cenário
profético dessa profecia. Na verdade vivemos em um intervalo
entre a 69ª e a 70ª Semana de Daniel. Estudaremos melhor esse
intervalo oportunamente.
Ora se ocorreram apenas sessenta e nove semanas, então se
passaram apenas 69x7 anos; o que equivale a 483 anos; restando
exatamente sete anos vindouros, os quais ainda é futuro em
nossos dias.
69x7anos= 69x7 x 360 dias = 173880 dias já cumpridos.
1x7anos= 1x7 x 360 dias = 2520 dias ainda a serem
cumpridos, em virtude de se acharem ainda no futuro.
Total das 70 semanas em dias é de 176400.
Total já cumprido: 69 semanas, ou seja: 173880 dias
Total a se cumprir ainda: 1 semana 2520 dias.
II) QUANTO AO INICÍO
A profecia em si não nos fornece a data de seu inicio, de
forma explícita; então nós precisamos descobrir em qual data
ela teve seu início.
Para localizarmos o dia do início da profecia, vamos usar a
própria profecia em seu enunciado e vamos recorrer à História,
a fim de determinarmos esse dia.
Vamos determinar qual foi o primeiro desses 173880 dias. Se
conseguirmos fazer isso, isto é, localizar o primeiro dia no
qual iniciou a profecia, então determinará com precisão o final
dela.
Vamos por partes:
IIa - Primeiro vamos determinar o início desses 173880 dias
no nosso calendário.
IIb – Vamos fazer uma adaptação do calendário judeu para o
nosso calendário Romano para termos uma idéia real dessas
datas.
Apenas por curiosidade, o primeiro dia do ano 5766 dos
judeus foi comemorado no dia 04 de outubro de 2005. Os judeus
têm seu próprio Calendário, baseado em ano lunar e contam os
anos desde o fundamento da sua nação.
161
IIc - Como o ano civil é considerado 365 dias, teremos que
corrigir esse tempo, porque o ano astrológico não tem duração
de 365 dias e sim 365 dias, 48minutos e 44,5 segundos, daí a
finalidade do ano bissexto a fim dessa correção de 4 em 4 anos.
A Bíblia nos informa direitinho qual é o primeiro dia dessa
profecia, vejamos:
Verso 25 “Sabe, e entende: desde a saída da ordem para
restaurar e para edificar Jerusalém...” (Daniel 9.25).
“Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém‖ este é o dia do marco inicial, é a data do início:
“desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém” este é o dia de partida no qual se inicia a contagem
do período DAS Setenta Semanas.
Assim sendo o dia da saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém é o primeiro dia dos 173880 da profecia em
apreço.
Estudando a Bíblia com atenção, devemos observar que houve
vários decretos relacionados ao Templo e Jerusalém, como é o
acaso de Esdras no capitulo 1 onde Ciro autoriza a reconstrução
do templo; (Esdras 1.3) mas a respeito da restauração e da
edificação da cidade de Jerusalém, só temos um, que foi o de
Neemias capítulo dois.
NEEMIAS 2.1 – “No mês de nisã, no ano vigésimo do rei
Artaxerxes...”.
Neemias 2.5 - e disse ao rei: se é do agrado do rei, e
se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me
envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para
que eu a reedifique.
Em Esdras, capitulo quatro, verso um ao vinte e quatro
temos uma referência onde o Templo se envolveu com problemas
devido a rumores da reconstrução da cidade sem autorização do
rei. Isso reforça, e muito, a autorização de Neemias para
reconstruir a cidade e a edificação dos muros como está
explícito em Neemias dois verso cinco.
** QUANTO AO MÊS do decreto:
―No mês de Nisã‖... Então o primeiro mês é mês de Nisã.
** QUANTO AO DIA
Como não está explícito o dia, devemos entender pelo hábito
dos judeus que se tratava do primeiro dia.
Sempre que fosse o primeiro dia do mês não havia
necessidade indicá-lo, fazendo-se a indicação de qualquer outro
que não fosse o primeiro.
Nesse caso o mês é Nisã e o dia é o primeiro.
** QUANTO AO ANO
162
Quanto ao ano é o vigésimo de Artaxerxes.
Então: a ordem saiu em primeiro de Nisã do vigésimo ano de
Artaxerxes, no calendário Judeu,
Ainda há o problema de localizar esse dia, mês e ano no
nosso calendário.
Consultando-se a Historia temos que:
Esse dia foi o primeiro dia de Nisã o qual corresponde ao
quatorze de março, do ano Vigésimo de Artaxerxes, que é o ano
de 445 a.C. do nosso calendário.
Essa data nos é fornecida pela história universal.
Pesquisando a história universal, que pode ser encontrada
na Enciclopédia Larousse Cultural ou em livros de Historias,
nós encontramos a data da ascensão de Artaxerxes como sendo
Julho de quatrocentos e sessenta e cinco.
Isso nos conduz a quatrocentos e quarenta e cinco como
sendo o vigésimo ano de seu governo.
Então concluímos que as Sessenta Semanas de Daniel
iniciaram em 14 de Março de 445 a.C., no nosso calendário.
Uma vez determinado o primeiro dia, então fica mais fácil
achar o último.
III - QUANDO ELA TERMINARÁ
Vamos achar o dia em que terminou a 69ª semana, claro, no
nosso calendário.
Precisamos nos lembrar que nosso ano não tem exatamente
trezentos e sessenta e cinco dias, pois passa disso perto de
seis horas. Esta é a razão do ano bissexto a cada quatro anos.
Vão-se juntando estes restinhos próximos de seis horas e temos
mais um dia a cada quatro anos, que é o vinte e nove de
fevereiro acrescido a cada quatro anos. Trata-se do ano
bissexto.
Mas rigorosamente, esse dia acrescentado a cada quatro
anos, não é capaz de ajustar o calendário de uma forma exata,
pois a diferença não são seis horas exatas e sim 5 horas, 48
minutos e 45,5 segundos.
Quando a cada 4 anos acrescentamos um dia, na verdade
estamos acrescentando 24 horas inteiras. Mas, quando
acrescentamos às 24 horas de quatro em quatro anos, não foram
exatamente 24 horas que dispúnhamos, mas quatro vezes 5h mais
48 minutos mais 45,5 SEGUNDOS O QUE NÃO PERFAZ 24 HORAS
EXATAMENTE, ou seja:
SERÁ 4 X ( 5H + 48 MIN + 45,5 SEGUNDOS) equivalente a
20H + 192MIM + 182 SEGUNDOS.
163
Mas 192 min é o mesmo que 3 horas + 12 minutos; e 182
segundos é o mesmo que 3 minutos + 2 segundos.
Fazendo se a soma minutos com minutos e segundos com
segundos teremos:
20 Horas + (3 horas + 12 minutos) + (3 minutos + 2
segundos)
Num total de 23 horas + 15 minutos +2 segundos. Este é o
tempo que dispomos para acrescentar e não as 24 horas como
acrescentamos!!!
Nesse caso estamos colocando a mais, (acima do permitido) a
cada ano bissexto exatamente (24h =0 min + 0seg) – (23h + 15min
+ 2seg).
Para se fazer a subtração, a fim de sabermos o quanto
estamos pondo a mais, precisamos decompor 24 horas em:
24h = 23horas + 59minutos + 60 Segundos
Onde, das 24 horas, tiramos uma hora para fazer minutos e
tiramos um minuto para fazermos segundos a fim de ter de onde
subtrair, pois hora se subtrai de hora, minuto se subtrai de
minuto e segundos se subtrai de segundos; então fica assim:
(23 horas + 59 minutos +60 Segundos)-(23 horas + 15 minutos
+ 2 segundos).
Isso tem com resultado:
0 horas + 44 minutos + 58 segundos
RESUMINDO
♪♪ - Acrescentamos 24 horas inteiras a cada ano bissexto
♪♪ - Mas dispomos somente de 23 horas, 15 minutos e 2
segundos
♪♪ - Colocamos a mais 44 minutos + 58 segundos.
Ou seja, a cada ano bissexto enxertamos muito próximo de 45
minutos a mais a cada dia 29 de fevereiro que utilizamos!!!
Se formos ajuntando esses 45 minutos a mais em todos os
bissextos, ao final de 24 bissextos teremos, muito próximo de
um dia a mais que terá que ser tirado; pois foi colocada a
mais, ou seja,
24 bissextos x 45 minutos equivalem a 1080 minutos que são
18 horas.
Acontece que 24 bissextos ocupa um espaço de 96 anos, ou
seja, faltando apenas 4 anos para fechar um século. Se
164
considerarmos que temos mais 5h +48 min +45,5 segundos do 96º
ano, que somados com as 18 horas acumuladas no passado, nós
teremos:
18 horas + 5 horas + 48minutos + 45,5 segundos totalizando
23horas 48 minutos + 45,5 segundos equivalente a um dia.
Isso totaliza um dia a mais no calendário que necessita ser
tirado!!!
Por essa razão os anos que fecham o século não recebem o
29º dia de fevereiro, portanto deixará de ser bissexto. e
teremos que sobrará de novo aproximadamente 6horas a cada
século.
Como corrigir essa diferençazinha???
Simples:
...A cada quatro séculos, devolvemos o dia bissexto,
reutilizando aqueles restinhos próximo de 6 horas que sobraram
de cada século.
No ano 100 não acrescentamos o bissexto e sobram seis
horas,
No ano 200 não acrescentamos o bissexto e sobram seis
horas,
No ano 300 não acrescentamos o bissexto e sobram seis horas
No ano 400 se não acrescentarmos o bissexto também sobram
seis horas, mas juntando esses quatro séculos temos de novo
outro dia que devemos acrescentá-lo nos séculos múltiplos de
quatro.
RESUMINDO
De quatro em quatro anos temos um dia a mais que é o 29 de
Fevereiro no ano bissexto.
Nos anos que fecham o século, mas não são séculos múltiplos
de 4, não acrescentamos o 29 de fevereiro e este ano deixará de
ser bissexto. Por exemplo:
Ano 100 (século um) não é bissexto (não colocamos o dia 29
de fevereiro).
Ano 200 (século dois) não é bissexto (não colocamos o dia
29 de fevereiro).
Ano 300 (século três) não é bissexto (não colocamos o dia
29 de fevereiro).
Ano 400 (século quatro, múltiplo de quatro} esse permanece
bissexto e recebe o dia 29 de fevereiro.
Neste caso, prosseguindo: os anos 500, 600 e 700 não se
acrescenta o dia, mas no ano 800, sim! Pois são séculos
múltiplos de quatro;
Nos anos 900,1000,1100, não se acrescenta, mas n 1200 sim;
e assim por diante.
165
Tendo-se tudo isso em mente, vamos distribuir e adaptar os
173880, desde 14 de Março de 445 a.C. e ver qual é o dia final,
ou seja, qual é o dia em que terminou a sexagésima nona semana
de Daniel.
173880 ÷ 365= 476,383561 ou seja 476 anos + 140 dias.
Os 173880 dias ÷ 365 dá 476 anos inteiros e sobram 140 dias
pois 0,383561 de um ano dá 140 dias
Desses 140 dias que restaram precisamos tirar os dias
acrescidos para os reajustes anuais. (os dias considerados nos
bissextos).
Para se achar os bissextos se divide por 4, pois a cada 4
anos temos 1 ano bissexto, então
476 anos ÷ 4 = 119
Dá exatamente 119 dias bissextos, que são os dias que foram
acrescentados. Mas lembremo-nos que os anos 100, 200 e 300 não
recebem o dia bissexto e devemos subtraí-los dos 119 dias; e
assim teremos 116 dias BISSEXTOS E NÃO OS 119, como poderia ser
a primeira vista. Vamos subtrair os 116 bissextos dos 140 dias
que estavam sobrando naquela divisão dos 173880 dias ÷ 365.
Então restaram, na verdade apenas 24 dias. (Deu 476 anos e 24
dias).
Assim nós teremos um tempo igual a 476 anos e 24 dias no
nosso calendário como sendo o período dos 173880 dias da
profecia já cumpridos.
476 anos + 24 dias = 173880 da profecia.
476 anos iniciados no ano 445 a.C. ficam distribuídos
assim:
Esses 476 anos tiveram início no ano de 445 a.C.
Antes de Cristo - Depois de Cristo
445,444,443,...........3,2,1 < 0 > 1,2,3,..............32
total 444 anos < 0 > 32
Não se conta ano Zero, assim do último ano antes de Cristo
já se passa para o ano 1 depois de Cristo e teremos:
476 anos após o dia 14 de março de 445 a.C. cai exatamente
no dia 14 de março do ano 32 depois de Cristo.
166
Mas faltam ainda mais 24 dias que sobraram dos 476 anos.
De 14 de março de 32 ao final desse mesmo mês de março vão
mais 18 dias e chegamos em 31 de março de 32. (de 14 a 31 temos
18 dias); mas ainda sobraram 6 dias que passam para o mês de
abril caindo no dia 06 de abril de 32 d.C.
E assim, amados, a 69ª semana de Daniel, encerrou-se no dia
06 de Abril do ano 32 da era cristã.
O interessante é saber que esse dia, é exatamente o décimo dia de Nisã, do calendário judeu, quando consideramos o 06 de abril de 32 d.C., do calendário romano.
Sabem que dia foi esse???
Pois foi o dia que coincidiu com o dia da entrada triunfal
de Jesus em Jerusalém, no domingo anterior à sua morte.
Essa minha afirmação pode ser confirmada através da
internete, utilizando-se de um calendário permanente, o qual
confirmará ser esse dia um dia de domingo, exatamente o domingo
da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Ver calendário do
ano de 32 d.C., impresso extraído da internete, no site
Calendários Permanentes.
Sendo a 69ª semana de Daniel encerrada no dia da entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém, podemos entender melhor porque
foi que Jesus chorou sobre ela exatamente nesse dia...!!!
Quando nesse dia, Jesus contemplou a cidade de Jerusalém,
de cima do Monte das Oliveiras, Jesus, consciente de ser esse o
dia do encerramento da 69ª Semana de Daniel, chorou o destino
da cidade, que seria destruída após a sua morte.
Jesus chorou por saber o destino da sua amada cidade e do
Templo do Senhor, mas somente Ele sabia que dia era aquele:
Aquele dia ERA O 173880º DIA DA PROFECIA de Daniel,
PORTANTO O Último DIA DA SEXAGÉSIMA NONA SEMANA DE DANIEL!!!
Findava-se naquele dia, o segundo período da profecia de
Daniel a qual foi determinada sobre o seu povo. Por isso, Jesus
sabendo do destino de seu povo, de sua Cidade Santa e do Templo
nesse intervalo, chorou. Ninguém entendeu o motivo de seu choro
naquele momento, naquela hora; era o último dia desta tão
importante profecia!
Vamos ver LUCAS 19.41 - 44
41 - Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou,
42 - e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o
que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos.
167
43 - Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te
cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o
cerco;
44 - e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não
deixarão em ti pedra sobre pedra porque não reconheceste a
oportunidade da tua visitação.
Porque Jesus chorou nesse dia, ao contemplar a cidade? Era
por ventura essa a primeira vez que Ele fazia tal contemplação?
Seguramente Jesus já tivera vivido situação semelhante e não
chorou sobre Jerusalém, mas nesse dia Ele não conseguiu conter
as suas lágrimas, porque somente Ele entendia que nesse dia
encerrava a 69ª semana de Daniel e que a seguir:
a) Seria morto o Ungido
b) Seria destruída a cidade e o Santuário
(Releia os versos de Lucas 19.41-44)
Somente Jesus sabia as conseqüências desse fato e por isso
chorou sobre Jerusalém. No seu último dia Jesus dizia:
- Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido
à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Lucas 19.42.
O que é ―isto‖ que Jesus diz que está oculto aos olhos de
Jerusalém? (Na verdade estava oculto aos olhos da humanidade
toda!)
Está oculto aos olhos de Jerusalém:
1- Que Ele é o Ungido, o Messias que tanto esperavam.
2- Que terminou a 69ª semana determinada sobre Jerusalém e
seu povo, e que essa seria destruída pelo povo do príncipe que
há de vir.
Este oculto é apenas por agora, o que significa que em
algum momento isto seria revelado, o que está acontecendo nesse
momento. Releia o verso Lucas 19.42.
―Arrasarão a ti e teus filhos dentro de ti, não deixarão
pedra sobre pedra‖...
Jesus se referia à destruição de Jerusalém no ano 70, pelo
general Tito, que cercou a cidade por cinco meses e a destruiu
totalmente. ―Porque não reconheceste a oportunidade da tua
visitação‖... não entendestes ...Jerusalém estava distante de
entender e reconhecer ―o dia da visitação‖ não reconheceu que
nesse dia se encerrava a 69ª Semana de Daniel.Na verdade a
interpretação correta desta profecia só ocorreu nesses momentos
mais finais, tendo sido oculta todo o grande período desde o
passado até agora. Isso já havia sido dito a Daniel, em Daniel
8.17.
Jerusalém estava cega, não reconheceu o Príncipe, que veio
para os seus, por isso os seus não O receberam.
168
Era o final dos 173880 dias que acabaram de se esgotar. Era
o dia exato da manifestação do Ungido como o Príncipe nesse
exato dia. Agora será morto o Messias e logo Jerusalém será
destruída e todo o povo de ISRAEL disperso pelo mundo todo; até
o retorno, no reflorescer da figueira ou o reavivamento dos
ossos do vale de Ossos secos de Ezequiel trinta e sete.
E assim se cumpre até a 69ª semana de Daniel na data certa
como profetizada há mais de quinhentos anos e entramos no
intervalo da profecia, que é o período em que vivemos, período
da Igreja.
Falemos agora um pouco sobre essa Igreja, durante o
intervalo da 69ª e a 70ª semana, para encerrarmos sobre as
Setenta Semanas de Daniel.
A IGREJA DE JESUS
A Igreja é o povo de Jesus na Terra, que Ele comprou e
pagou muito caro. Ela se Constitui de um povo especial,
escolhido, zeloso de boas obras. Tito 2.14.
A Igreja, ao contrário do que se pode pensar, não é uma
organização social, nem tão pouco recreativa, (como os clubes
que são destinados a esse fim) ou tão pouco uma sociedade
esportiva. A Igreja não é apenas uma entidade social que
congrega pessoas com pensamentos afins. A Igreja é fruto da
obra redentora do Calvário, e foi para cuidar dela que Jesus
enviou o Espírito Santo. Trata-se de um povo que não está
sujeito às leis do Velho Testamento nem faz parte dele em ponto
algum, porque ela (a Igreja) nasceu com Jesus e antes dele não
se falou sobre ela. A Igreja foi edificada por Jesus e é
mantida pelo Espírito Santo a quem Jesus a confiou. Mateus
16.18.
Antes de Jesus o povo de Deus eram os judeus, a nação
escolhida; depois de Jesus, os judeus foram dispersos pelo
mundo e perderam a sua pátria, se desviaram dos caminhos do
Senhor, não reconheceram o Messias. Eles esperavam um salvador,
um rei, alguém portador de alguma glória, mas ao invés disso,
nasce um menino numa estrebaria e se cria como Galileu, o que
implica em não ser o Messias que eles esperavam. O messias
esperado é um libertador do povo de Israel, seria um novo líder
e, portanto seria invencível. Certamente esse messias deveria
nascer, no mínimo, em uma família de destaque social e
político, podendo ser de família real, com certo poder
aquisitivo; nunca de uma família plebéia, pertencente a um povo
atrasado e ignorante como o povo da Galiléia. O povo judeu, até
hoje esperam pelo Messias. (Ser Galileu naquela época era ser
um povo indouto, sem desenvolvimento, analfabeto, sem cultura).
Mas na Verdade: (Veja João 1.11,12).
169
Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome;
Assim Deus levantou um povo na Terra, com origem em todos
os povos, tribos e nações, que foram redimidos, cujas
vestiduras foram lavadas no sangue do Cordeiro e possuem a
marca da redenção. Esse povo constitui a Igreja.
Igreja então não é o templo que costumamos chamar de
igreja. Tão pouco o templo é o local da habitação de Deus.
Deus habita em cada ser que constitui a Igreja, conforme I
CORÍNTIOS 3.16:
―Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de
Deus habita em vós?”
Então a Igreja não é uma sociedade, e sim um povo que se
reúne para louvar, bendizer seu santo nome e adorá-lo em sua
Santidade.
O período da Igreja também é um período chamado de
PLENITUDE DOS GENTIOS, porque os gentios ocupam o lugar de
Israel como povo de Deus na Terra.
Nesse intervalo, a Igreja é o Israel espiritual de Deus e
se constitui nos filhos de Abraão pela fé. A Igreja faz parte
daquela s estrelas da visão de Abraão em Gênesis 15.5. A
circuncisão da igreja é representada pelo sacramento do batismo
nas águas. Recomendo ler meu livro Os Mistérios do Batismo para
melhor entendimento dessa parte.
A IGREJA E AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
Temos a promessa de Jesus, de que sua Igreja não verá a
Septuagésima Semana de Daniel. Ela existirá somente no
intervalo entre a 69ª e a 70ª semana. Jesus vem para arrebatar
a sua Igreja e levá-la para o céu antes de iniciar a
Septuagésima Semana de Daniel.
No período do desenvolvimento da Septuagésima Semana de
Daniel aqui na Terra, a Igreja já estará arrebatada e passará
pelo Tribunal de Cristo seguido da participação na grande festa
das Bodas do Cordeiro lá no céu.
Quando Jesus voltar do céu com poder e grande glória, como
a pedra sem auxílio de mãos do capítulo dois, ou como o Filho
do homem que se dirigirá ao Ancião de dias no capítulo oito,
nós (Igreja) estaremos com Ele nas nuvens, e voltaremos com Ele
nessa Terra, quando todo olho o verá.
No final da Septuagésima Semana de Daniel Jesus voltará
para instalar o Reino Milenar e nos reinaremos com Ele.
Apocalipse 5.10, Apocalipse 20.6.
A Igreja, portanto, não espera a 70ª Semana de Daniel, mas
espera a volta de Jesus que ocorrerá antes dela.
170
Vamos, finalmente, estudar as Setenta Semanas de Daniel.
d) AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
Vamos agora, depois de toda essa introdução, estudar as
Setenta Semanas de Daniel.
As Setenta Semanas de Daniel é o tempo que Deus reservou
ainda para seu povo. Fazia por volta de quinhentos anos que
Josué conquistara da Terra Prometida. Durante todo esse tempo
os judeus desrespeitaram o ano sabático e não deixaram a terra
descansar como a ordenança de Deus; por essa razão Deus os
entregara ao cativeiro de Babilônia pelos setenta anos nos
quais deixaram de cumprir a exigência de Deus. Setenta anos de
castigo por não terem sido obedientes em respeito à observância
da Palavra de Deus. Jeremias 25.11, Jeremias 25.12, Jeremias
29.10.
Agora Deus determina ainda mais outros quatrocentos e
noventa anos a fim de atender finalmente as angústias de
Daniel. O problema daquele povo era o pecado, a transgressão, a
desobediência, mas passados esses quatrocentos e noventa anos
que eram, ali, determinados sobre seu povo, então:
a) Extinguir-se-ia a transgressão.
b) Dar-se-ia fim aos pecados.
c) Expiar-se-ia a iniqüidade.
d) Haveria justiça e paz para sempre.
e) Seria extinta a visão e a profecia.
f) Seria ungido o Santo dos santos.
Cumpridas esta Setenta Semanas, determinadas sobre o seu
povo, esses seriam os objetivos a serem alcançados após as
Setenta Semanas. Ver Daniel 9.24.
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e
sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a
iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a
visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos”.
Isto quer dizer que uma vez cumprida toda a profecia:
1- Não haverá mais transgressão em Israel. Após essa data
Israel entrará num estado de santificação absoluta.
2 - Não existirão mais pecados em Israel. Será uma época
ultra-humana para o povo judeu porque não estarão mais
sujeitos ao pecado. Não pecarão mais.
3 - Será expiada a iniqüidade, ou seja, ela será totalmente
paga, quitada e deixará de existir. É uma conseqüência das duas
171
primeiras, pois em não havendo mais transgressões e nem mais
pecado, não haverá iniqüidade.
Transgressão pode ser entendida por um ato de ultrapassar
limites proibidos, um ato de transgredir, é o mesmo que cometer
infração.
Pecado pode ser entendido por um fato ligado a
desobediência, ligado ao fracasso, ligado ao erro.
É o mesmo que faltar ao cumprimento de uma lei. Em 1 João
3.4 está escrito que pecar é transgredir a lei de Deus.
Iniqüidade pode ser entendida por um ato de perversão.
Iníquo é a qualidade daquele que não pratica a eqüidade, ou não
pratica a justiça.
Assim sendo não haverá mais nem pecado, nem transgressão,
nem iniqüidade.
4 - Findo essa profecia, que é determinada sobre Judá e
Jerusalém, então haverá uma nova maneira de viver, onde reinará
a justiça eterna e num reinado de justiça, há paz e harmonia.
5 - Após o período das setenta semanas não haverá mais
necessidade nenhuma de visão ou profecia por essa razão elas
não existirão mais. O motivo é fácil de entender. Findo essa
profecia, (as Setenta Semanas), Jesus virá no final da
Septuagésima Semana e vencerá seus inimigos sem auxílio de mão
humana. Dirigir-se-á ao Ancião de dias de quem receberá o
reino eterno e para sempre permanecerá junto a nós. Se Jesus
está junto a nós, não há necessidade de visão ou profecia, pois
Ele mesmo nos dirá diretamente.
6 - E finalmente será ungido O Santo dos Santos.
Essa expressão é sem nenhuma dúvida relativa ao Templo dos
judeus que será restaurado logo no início da Septuagésima
Semana ou até mesmo pouco antes de ela se iniciar.
Após a restauração desse Templo ocorrerá a reinstalação do
sacrifício diário, como ainda veremos aqui. No decorrer da 70ª
semana, ocorrerá a profanação desse templo, na metade da
semana, quando houver o rompimento do concerto que a Besta fará
com muitos; mas após o final das Setenta Semanas de Daniel,
este santuário será ungido e consagrado, como local de
adoração, onde não haverá mais sacrifícios (já foi expiada a
iniqüidade, e não há mais transgressão) e Jesus em pessoa, Ele
mesmo, como Ele é, estará ali no Santuário por um período de
mil anos. Daí a unção do Santo dos santos.
A presença do trono de Jesus, que nessa época ocupará o
trono de Davi, será permanente. Nessa época Jesus será o rei
não somente dos Judeus, mas de toda a Terra.
Após o final da Setenta Semanas, não haverá mais governo
humano, mas somente o eterno (Daniel 7.27); pois estará
cumprida a profecia de Daniel capitulo dois e Daniel capitulo
8. Jesus é aquela pedra cortada sem uso de mãos do capitulo 2 e
172
o Filho do Homem do capitulo 8 que recebeu o reino da mão do
Ancião de dias. Jesus será o único rei, quando ocupará a
posição de rei dos reis e Senhor dos Senhores.
Nessa época a Igreja já estará vivendo no Milênio, e terá
intima comunhão com Jesus. Todos os participantes da Igreja
arrebatada serão livres para irem à Jerusalém, a fim de
adorarem a Jesus, porque Ele permanecerá lá com o seu Trono,
onde será a capital mundial de seu governo.
O acesso a Jesus no reino Milenar será exclusivo aos seus
santos, exclusivo para aqueles que participaram da primeira
ressurreição. Os naturais não terão acesso a Jesus, mas apenas
aos seus ministros.
Assim o verso vinte e quatro nos fornece os objetivos a
serem conquistados após o cumprimento da profecia.
Daniel 9.25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem
para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido,
ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as
praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos
angustiosos.
O verso vinte e cinco nos fornece a data do início da
profecia e divide as primeiras 69ª semanas em dois períodos. O
primeiro se inicia na data da saída da ordem para restaurar e
para edificar Jerusalém, com duração de sete semanas, já
seguido do segundo, com duração de sessenta e duas semanas,
terminando na manifestação do Ungido, o Príncipe.
“As praças e as circunvalações se reedificarão...” o que e’
circunvalações?
Circunvalar é o mesmo que cercar de fossos, valados ou
barreiras procurando se defender.
Circunvalações, portanto pode ser um obstáculo em volta de
uma povoação com o objetivo de protegê-la e pode ser um
parapeito que interrompe a comunicação de certa área com o seu
exterior.
“As praças e as circunvalações se reedificarão... mas
em tempos angustiosos”.
”então é uma referência ao escudo invisível de origem
satânica que envolverá e protegerá ao Anticristo. Mas isso será
em tempos angustiosos é uma referência ao sofrimento dos judeus
no período da Tribulação
DANIEL 9.26: Depois das sessenta e duas semanas, será
morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe
que há de vir destruirá a cidade e o Santuário, e o seu
fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra;
desolações são determinadas.
Daniel já naquela época, profetiza a morte do Messias a
qual, de fato ocorreu exatamente conforme a profecia.
173
... e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a
cidade e o santuário... (Daniel 9.26).
Aqui temos a apresentação de um príncipe, cujo povo
destruiu o Santuário. Ora o povo que destruiu o Santuário foram
os romanos. Na verdade esse Príncipe será o Anticristo. Como
esse príncipe será o Anticristo, então temos aqui com muita
clareza que o Anticristo terá raízes no povo romano.
―E o povo (de um príncipe que há de vir) destruirá a
cidade‖. ―Esse povo que destruiu a cidade‖ é uma referência ao
povo romano que sob o comando de Tito sitiou Jerusalém e
destruiu no ano 70 desta nossa era. Logo o Anticristo sairá do
Império Romano ressurgido. Como no momento não há um império
romano em atividade, esse império terá que ressurgir e
apresentar ao mundo esse príncipe.
Isto está compatível com a profecia do capítulo nove, verso
vinte seis, onde o pequeno chifre (o Anticristo) saiu dos dez
chifres do animal espantoso que representa Roma, e que tinha
olhos e boca e falava com insolência. E leia essa parte agora.
... e o seu fim será num dilúvio (com uma inundação).
E o seu fim será num dilúvio, é uma referência à
turbulência, à precipitação de grande angustia e sofrimento que
envolverá o final do Anticristo.
... e até ao fim haverá guerra; desolações são
determinadas.
―E até fim haverá guerra‖ é uma referência ao fato de que
Israel nunca teve paz.
―Desolações estão determinadas‖ e uma referência a alguns
episódios especiais de sofrimento pelo qual Israel deveria
passar, tais como:
** Destruição total de Jerusalém e do Templo.
** A dispersão total dos judeus que ficaram expatriados
perto de dois mil anos.
** A proibição durante muitos séculos de, sequer, visitarem
a terra de seus pais.
** Os diferentes episódios em que o mundo quis exterminar
os judeus, especialmente Hitler.
** O movimento sionista.
DANIEL 9.27 - Ele fará firme aliança com muitos por uma
semana;...
Esse ―ele‖ aqui é o príncipe do povo que destruiu a cidade,
que haveria de vir. Trata-se do Anticristo cuja manifestação só
ocorrerá após o Arrebatamento da Igreja, pois enquanto a Igreja
estiver aqui, o Espírito Santo de Deus impedirá a sua
manifestação. O Anticristo iniciará sua atuação como tal
somente durante os sete anos de Tribulação. Nesse período ele
agirá como imperador ou líder mundial. Após o Arrebatamento da
Igreja, ocorrerá a restauração do império romano.
174
―Ele fará firme aliança com muitos por uma semana”;
Que aliança será essa?
Com quem foi essa aliança?
O que significa por uma semana?
Qual o por quê dessa aliança?
Essa aliança será um acordo que será realizado entre o
Anticristo e o povo de Israel a fim de um aparente beneficio
mútuo. Israel receberia proteção do Anticristo e o Anticristo
receberia o apoio dos judeus. Esta aliança, portanto será feito
com o povo de Israel, o que será possível devido a atuação do
Falso Profeta que será o grande parceiro do Anticristo nesse
final. Nesse período teremos a atuação do trio satânico: o
Dragão, o Anticristo e o Falso Profeta.
“Por uma semana‖ é uma referência ao tempo de duração da
aliança que seria de uma semana, isto é durante os sete anos da
Tribulação.
O porquê dessa aliança vamos analisar agora.
a1) O Anticristo tem muito pouco tempo para alcançar o auge
do domínio mundial, e para atingi-lo necessita de:
Poderio bélico Prestígio político Grande porte financeiro A2) Do outro lado temos os judeus necessitados de
proteção e força e, se necessário for, eles possuem
muito dinheiro para pagar essa força, essa
proteção.
B1) O Anticristo almeja conquistar o mundo e se tornar
seu Deus.
B2) Os judeus almejam e muito a restauração do sacrifício
diário.
C1) O Anticristo se constitui num ser de alta
concentração de poder (sua autoridade vem do
Dragão).
C2) Os judeus se constituem num povo abençoado, protegido
por Deus e pode ser a chave do prestígio político
internacional da Besta.
Sabemos que um apoio das potências, tais como: Vaticano,
EEUU, Inglaterra, Rússia, Japão, é muito é importante nessa
hora, afim do sucesso da Besta.
Então pode ser vantajoso para os dois: Israel e Anticristo
a realização de tal concerto.
―Firmará um concerto com muitos”, isso quer dizer que não é
a totalidade de Israel que aceitará o concerto, ou que
concordará com ele. Haverá um remanescente que será fiel aos
princípios do judaísmo e não participarão do concerto, dentro
de cujo grupo estarão os 144.000 de Apocalipse capítulo sete.
175
“Na metade da semana fará cessar o sacrifício”
O que significa na metade da semana fará cessar o
sacrifício fará cessar o sacrifício?
Nesta Septuagésima Semana o Anticristo terá domínio
universal e será um broto do império romano ressurgido. No meio
dessa semana, isto é, depois de passados três anos e meio,
acontecerá um fato de suma importância que marcará essa metade
da semana e dividirá a Tribulação em duas partes:
A primeira parte é de uma aparente paz, aquela na qual existe uma esperança de que o Anticristo seja o homem da
solução. Coincide com o período da aliança
Nesta época, grande parte de Israel estará a favor da Besta
e do Falso Profeta. Faz parte do concerto firmado no início da
semana. Os judeus chegarão a aceitar o Anticristo como Messias.
Na segunda parte, logo após o rompimento da aliança, o povo de Israel sofrerá a maior perseguição já sofrida, desde
Faraó até então.
O rompimento dessa aliança ocorrerá:
1 ** Por parte do Anticristo por que:
O Anticristo já está no auge, não necessita mais do
prestígio dos judeus e nem de seu financiamento econômico.
Agora quem se levantar contra seu braço é destruído. O Anticristo necessita de solidificar ainda mais seu
poder, autoridade e autoritarismo. Por esse motivo, o
Anticristo profanará o Templo e se assentará no Trono de Deus
(profanará o local sagrado) e ainda matará as Duas Testemunhas.
O Falso Profeta dará apoio total a esse governador, que se
achará embriagado pelo poder, e levará o povo a adorá-lo como
Deus.
2 ** Por parte dos judeus:
O Anticristo profanará o templo, se assentando no
lugar sagrado e assumindo a posição de Deus.
O Anticristo ordena o cessar do sacrifício.
O Anticristo mata as duas testemunhas.
Nessa hora Israel como um todo, perceberá o barco furado em
que embarcaram e não mais aceitarão, sob hipótese alguma, que a
Besta ocupe o lugar do Altíssimo e o Anticristo se voltará
contra Israel.
Mas a derrota do Anticristo também já esta profetizada aqui
em Daniel 9.27.
... Até que a destruição, que está determinada, se derrame
sobre ele.
176
O Anticristo será vencido pelo próprio Jesus em sua segunda
vinda, sem auxílio de mãos humanas e juntamente com o Falso
Profeta irá inaugurar o fogo eterno, onde será lançado vivo
pelo poder de Jesus. Jesus não usará arma alguma para destruí-
lo. Apenas o poder de sua real e excelsa majestade pode num
simples olhar destruir a todos.
Após esse episódio final, instalar-se-á o Julgamento das
Nações e o estabelecimento do Reinado Eterno, no qual nós, a
Igreja e os Santos de todos os tempos reinaremos com Ele!
Na metade da semana fará cessar o sacrifício... Daniel
9.27.
Isso ocorrerá a seguir do rompimento da aliança que
fora feita no inicio da Tribulação, exatamente na metade
do período dos sete anos. Será nesse momento que o
Anticristo matará as Duas Testemunhas do capitulo 11. 7 a
12, do Livro do Apocalipse e contaminará o Templo dos
judeus conforme podemos ler em 2 Tessalonicenses 2.4: ―o
qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus
ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no
Templo de Deus, querendo parecer Deus‖. Em seguida terá
inicio as perseguições dos judeus. Nesse período será
considerado crime o apoio ou a ajuda a qualquer judeu por
parte de qualquer nação. Fará cessar o sacrifício é uma
referência ao cessar dos sacrifícios que será reativado no
início da aliança. Esta atitude é de iniciativa exclusiva
do Anticristo.
RESUMINDO
SOBRE AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
1- É uma profecia que diz respeito aos judeus e a cidade de
Jerusalém.
2- Fornece o perfil histórico da nação Israelita.
3- É dada a Daniel em resposta à sua angústia, petição e
sua fidelidade a Deus.
4- Não diz respeito à Igreja (não envolve a Igreja) em
nenhum momento.
5- Prevê com precisão a morte de Jesus e a dispersão dos
judeus, que ocorreu no intervalo entre a 69ª e a 70ª semanas.
6- Ainda não ocorreu o cumprimento total da profecia. Falta
a última semana.
7- Há um intervalo muito grande entre a 69ª e a 70ª
semanas, já se passaram por volta de dois mil anos.
8- Teve início em 14/03/445 a.C.
9- A 69ª semana terminou em 06-04-32 d.C.
SOBRE A 70ª E ÚLTIMA SEMANA
177
- Iniciará após o Arrebatamento da Igreja.
- Haverá o estabelecimento de um pacto entre os judeus e
o Anticristo, logo no início da semana.
- Na metade da semana será rompido esse pacto.
- O Anticristo profanará o Templo na metade da semana.
- Haverá a assolação sobre Israel.
- Haverá o domínio total do Anticristo.
- O Falso Profeta estará a serviço do Anticristo.
- Ocorrerá a restauração do sacrifício e da oferta de
manjares.
AO FINAL DA PROFECIA
1 - Todo o Israel será salvo.
2 - Cessará a transgressão e o pecado.
3 - Expiar-se-á a iniqüidade.
4 - Será selada a visão e a profecia.
5 - Será ungido o Santo dos santos.
6 - Encerrará o período dos gentios.
7 - Jesus virá em sua segunda vinda.
8 - O Anticristo será derrotado com o Falso Profeta.
9 - Ocorrerá o Julgamento das Nações.
10 - Jesus será entronizado Rei dos reis e Senhor dos
senhores.
11 - Jesus instalará o Milênio.
178
CAPÍTULO 10
A ÚLTIMA VISÃO DE DANIEL
Os capítulos 10,11 e 12 do Livro de Daniel fazem parte da
última visão de Daniel. Os três capítulos tratam de um mesmo
assunto. O capítulo 10 a visão, o capítulo 11 os eventos do
período interbíblico e o capítulo 12 trata do período da Grande
Tribulação que se seguirá ao Arrebatamento da Igreja.
Daniel agora já é avançado em dias e já se passaram dois
anos desde a primeira leva de repatriados a Jerusalém. Era o
terceiro ano do reinado de Ciro.
Daniel havia crescido muito em experiência, não só com
Deus, como também na vida social e política. Era um homem de
muita sabedoria e gozava de muito prestígio junto ao rei junto
ao povo.
Achava-se em perfeita comunhão com Deus e cheio do Espírito
Santo.
O capítulo 10 nos apresenta uma visão, sensu lato, isto é,
não é sonho. Isto fica muito claro porque “seus companheiros
fugiram” (ver verso sete).
Era a presença real de seres celestes, num cenário
profético de extraordinária repercussão para todo o mundo
vindouro.
Estudaremos os capítulos 10,11 e 12, num só bloco, pois
tratam de um só assunto e vamos dividir o bloco assim:
A visão - capitulo 10
O período interbíblico - capítulo 11. 2 - 25
Profecia para os dias finais - capítulos 11.36 em diante.
A VISÃO
Daniel 10. 1-21
1 - No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada
uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar; a palavra
era verdadeira, e envolvia grande conflito; ele entendeu a
palavra, e teve a inteligência da visão.
2 - Naqueles dias eu, Daniel, pranteei durante três
semanas.
3 - Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram
na minha boca, nem me untei com óleo algum, até que passaram as
três semanas inteiras.
4 - No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à
borda do grande rio Tigre,
179
5 - levantei os olhos, e olhei, e eis um homem vestido de
linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz;
6 - e o seu corpo era como berilo, o seu rosto como
relâmpago, os seus olhos como tochas de fogo, os seus braços e
os seus pés brilhavam como bronze polido, e a voz das suas
palavras como o estrondo de muita gente.
7 - Só eu, Daniel tive aquela visão; os homens que estavam
comigo nada viram, não obstante, caiu sobre eles grande temor,
e fugiram e se esconderam.
8 - Fiquei, pois, eu só, e contemplei esta grande visão, e
não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se
desfigurou, e não retive força alguma.
9 - Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a,
caí sem sentido, rosto em terra.
10 - Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre
os meus joelhos e as palmas das minhas mãos.
11 - Ele me disse: Daniel, homem mui amado, esteja atento
às palavras que te vou dizer, e levanta-te sobre os pés; porque
eis que te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu
me pus em pé tremendo.
12 - Então me disse: não temas, Daniel, porque desde o
primeiro dia, em que aplicaste o coração a compreender e a
humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras;
e por causa das tuas palavras é que eu vim.
13 - Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por
vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio
para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.
14 - Agora vim para fazer-te entender o que há de suceder
ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias
ainda distantes.
15 - Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar
para a terra, e calei,
16 - e eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me
tocou os lábios; então passei a falar, e disse àquele que
estava diante de mim: Meu senhor, por causa da visão me
sobrevieram dores, e não me ficou força alguma.
17 - Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu
senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem
fôlego ficou em mim.
18 - Então me tornou a tocar aquele semelhante a um homem,
e me fortaleceu;
19 - e disse: Não temas, homem muito amado, paz seja
contigo; sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei
fortalecido, e disse: Fala meu senhor, pois me fortaleceste.
20 - E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a
pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que
virá o príncipe da Grécia.
180
21 - Mas eu te declararei o que está expresso na escritura
da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles,
a não ser Miguel, vosso príncipe.
Essa visão ocorreu no terceiro ano do rei Ciro. Nesta época
o Templo já havia sido reiniciado, conforme Esdras 1.1-3;
4.4,5.
Houvera um problema de continuidade na obra, pois os
Samaritanos haviam conseguido embargá-la. Por isso Daniel
estava triste e muito preocupado com o futuro de seu povo e da
sua cidade.
Aqui no capítulo 10 encontramos Daniel profundamente
envolvido em uma angústia, numa verdadeira preocupação, e o
problema era seu povo e sua Cidade Santa. Como já dissemos,
Daniel estava avançado em dias, já havia ocorrido a primeira
leva de retorno à Judéia sob o comando de Zorobabel e Jesua,
por volta de 540 a.C.. Daniel se põe em consagração e começa a
orar a Deus.
Daniel já tinha recebido a profecia das setenta semanas,
mas não tinha dela entendimento. Mas ele queria saber sobre seu
povo e sua Cidade Santa. Se observarmos o verso vinte, onde
temos a pergunta do anjo:
“Sabe por que eu vim a ti? (Daniel 10.20)
Cuja resposta está no verso doze
...por causa das tuas palavras é que eu vim, (Daniel
10.12), veremos que da parte de Deus a profecia ficaria
restrita às Setenta Semanas já apresentadas. Mas Daniel não se
dava por satisfeito e orou, jejuou, rogou, implorou, consagrou
a vida no altar de Deus e este o ouviu, enviando-lhe o anjo
mensageiro a fim de atender a sua oração.
No verso dois temos Daniel em prantos durante três
semanas. Aqui se trata certamente de três semanas de dias, e
não de anos como no caso do capítulo nove. Não só pranteava,
mas em jejum e oração.
Na verdade analisando-se o verso um sabemos que Daniel
recebera uma visão, e diz a Sagrada Escritura ―que ele a
entendeu e teve inteligência da visão.‖
Isso faz com que essa visão não seja a visão das Setenta
Semanas do capítulo nove. Pode ter ocorrido que Daniel tivesse
tido alguma visão que não foi relatada a nós, nem a ninguém, e
pelo que entendesse dela tivesse gerado toda essa situação de
verdadeiro desespero.
Daniel queria de Deus, na verdade, um entendimento global
sobre si, sobre seu povo e sobre sua cidade santa.
Daniel já era experiente em contatar-se com seres
angelicais, tanto que já conhecia a Gabriel, conforme lemos no
capítulo nove e verso vinte e um.
181
No verso quatro, dá a entender que Daniel estava à margem
do Tigre, sem perder o contato com o céu, ainda em santificação
e jejum, junto com alguns companheiros. Não sabemos sobre a
atividade deles ali naquela hora, talvez estivessem pescando.
Pairava sobre o ambiente, provável silêncio, quando de repente
Daniel ergue os olhos e vê um ser vestido de linho.
... estando eu à borda do grande rio Tigre, levantei os
olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho... (Daniel
10.4,5)
Este homem, neste instante, referido no verso quatro e
cinco, não estava no chão, mas pairava na atmosfera, como que
de pé sobre o nada.
Era de raro esplendor e sua presença irradiava uma excelsa
glória.
Os companheiros de Daniel nada puderam ver porque tudo
aquilo era uma atenção de Deus para com Daniel, pois duas vezes
só nesse capítulo é chamado de homem mui amado (verso 11 e 19).
Deus estava respondendo à oração de Daniel e a resposta era,
para ele, uma espécie de coisa íntima entre Daniel e o Senhor.
Na verdade os companheiros não puderam ver, mas puderam
sentir a santificação do lugar, a presença do ser celestial e
por esse motivo fugiram. Isso faz com que essa visão seja real,
e não se trata de sonho ou arrebatamento de espírito.
Daniel havia orado já por vinte e um dias, consagrando—se
ao Senhor, em jejum, oração e pranto. Ver verso 2 e 3. No
terceiro dia após esse período ininterrupto de consagração,
Daniel ainda se acha enfraquecido pelo jejum prolongado Daniel
se acha às margens do Rio Tigre, junto com outros companheiros;
quem sabe pescando ou num culto adorando a Deus quando é
surpreendido por uma visão. Ver versos sete e oito.
Vinte e quatro dias se passaram e Daniel não perdera a
esperança. Agora eis aí um ser celestial em sua presença.
Certamente Daniel não o reconheceu como Gabriel, mas descreveu-
o com minúcias, dando-lhe uma glória próxima à glória de Jesus.
Era um homem, como se deduz do verso cinco, vestido de
linho e somente ele o via.
(Daniel 10.8) Fiquei, pois, eu só, e contemplei esta grande
visão,...
Todos fugiram, mas Daniel não podia fugir. Como aconteceu
no capítulo oito nos versos 17, 18 e 27.
Quando aquele ser angelical estrondou a sua voz, Daniel não
resistiu. Pois a voz de suas palavras era como o estrondo de
muita gente. Era uma voz de alta energia, e ao ouví-la, Daniel
desmaiou.
Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí
sem sentido, rosto em terra. (Daniel 10.9)
182
O homem carnal não tem estrutura para resistir à glória
celeste. É por esse motivo que antes de irmos para o céu
seremos transformados, porque essa carne e sangue não poderão
ver a glória de Deus.
A glória descrita de este ser angelical é compatível com a
do Filho do homem do Apocalipse, que é Jesus.
a) Vestido de linho fino
b) Ombros cingidos de ouro
c) O seu rosto como relâmpago
d) Os olhos como chama de fogo
e) Braços e pés reluzentes como bronze polido
f) Sua voz - estrondosa
São atributos que podem prefigurar a Jesus, mas certamente
esse ser aqui, em apreço, não é Jesus, nem tão pouco a pré-
figuração de Cristo.
Certamente se trata de anjo de alta categoria e esplendor,
mas não pode ser Jesus.
Quando esse ser angelical, mensageiro de Deus, vinha
trazendo a resposta a Daniel, já no início de sua oração, ele
foi barrado pelo príncipe da Pérsia, e não conseguiu passar por
ele. Ora qual príncipe, e muito menos o da Pérsia, pode segurar
Jesus? Qual é o ser, angelical ou não, espiritual ou não, de
espécie qualquer que seja, é capaz de barrar Jesus?!
Jesus só pode ser barrado por Deus, o Pai, e esse anjo foi
barrado e foi necessária a ajuda de outro anjo, no caso Miguel,
príncipe de Israel.
Miguel é anjo de elevada categoria, chefe dos exércitos
celestiais e guardião de Israel. Daniel 10.21 e 12.1
Há eruditos e profundos conhecedores da teologia e da
Teofania, que afirmam ser Jesus esse ser aqui em apreço, com o
que eu não posso concordar. Pois:
Primeiro: esse ser foi barrado por um anjo. Segundo: Daniel onze, verso 1; diz que esse anjo é o
mesmo ―do Dario, no primeiro ano de seu reinado‖ sendo que
esse anjo é Gabriel (Daniel 9.1, 21, 22 e 11.1)
Terceiro: no verso onze temos que esse ser é enviado: eis que te sou enviado... e a Jesus ninguém envia, senão o Pai.
Quarto: no verso doze o anjo se expressa: ... humilhar-te perante o teu Deus... Se tratasse de Jesus ele teria dito:
humilhar-te perante Mim, como ocorre em outras passagens da
Bíblia, onde Jesus é nitidamente identificado como O ANJO DO
SENHOR. Ver Gênesis 22.12 no caso do sacrifício de Abraão com
seu filho Isaque.
Não se discute sobre a glória desse anjo, pois assiste
direto diante do trono de Deus e deve, portanto, ser anjo de
183
alta glória; mas seguramente não se trata de Jesus, como
afirmam algumas literaturas desse gênero.
Aqui temos alguns ensinamentos sobre o mundo oculto dos
anjos.
No verso treze vemos a declaração do anjo:
Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e
um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para
ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.
(Daniel 10.13)
Observemos aqui, que o anjo já vinha com a resposta da
oração de Daniel, mas alguém, que ele chamou príncipe da
Pérsia, o resistiu; não deixou que ele passasse e viesse até
Daniel trazer-lhe a resposta. Esse príncipe da Pérsia
certamente é um anjo mal. Não pode se tratar de nenhum ser
humano, pois seres humanos não possuem condições de vencer um
anjo, e este o venceu, sendo necessária a intervenção de
Miguel.
Os anjos maus ocupam dois lugares que são citados na
Bíblia:
1) - As prisões, ou abismo, onde estão presos os piores
espíritos que não podem ficar em liberdade porque a sua maldade
é intensa e extensa. Por esse motivo permanecem em prisões a
fim de que a vida espiritual e material se desenvolva em certa
harmonia. Trata-se de seres de extrema revolta e profunda
maldade de modo a não conviverem com outros seres em liberdade.
2) - O espaço sideral e atmosférico que envolve a Terra.
Os judeus costumam considerar o espaço aéreo dos aviões,
das chuvas e dos ventos, como sendo o primeiro céu.
O espaço ocupado pelo sol e pelas estrelas, como sendo o
segundo céu. E consideram o terceiro céu um espaço onde se
localizam as cortes celestiais que servem ao Altíssimo e onde
também está o seu Trono.
Os anjos bons vivem a serviço de Deus e dos homens.
Os anjos maus vivem a serviço de Satanás, contra Deus e os
homens.
Entendemos dos versos treze e vinte que cada nação tem um
anjo MAU destinado a protegê-la a favor do mal. Entendemos
ainda que cada nação tem um anjo do bem que é o seu guardião
(anjo da guarda), e temos aqui como exemplo, a indicação de que
Miguel é o anjo guardião de Israel.
Podemos deduzir também daqui que os anjos maus lutam com os
anjos bons tendo os seres humanos como pivô da contenda.
Acredito que cada crente ao receber o bilhete da salvação,
lavando suas vestiduras no sangue do Cordeiro, recebe também,
da parte de Deus, um anjo da guarda, que deve protegê-lo dos
anjos maus. Quando aceitamos a Jesus passamos a ser alvos de
Satanás, que passa a rodear-nos, rugindo como leão buscando a
184
quem possa tragar. 1 Pedro 5.8. Mas Deus nos dá um anjo capaz
de rebater esse rugir e ele não nos pode fazer mal algum. Ver:
Salmos 37.7; 91.11; Hebreus 1.4; Mateus 18.10; Atos 12.15.
Jesus, em Mateus 25.41, nos dá a entender que o diabo tem
anjos a seu serviço e em Apocalipse 12.7, temos:
...Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também
pelejaram o dragão e seus anjos.
Onde observamos que realmente existe luta entre os anjos
bons e os anjos maus. Aqueles defendendo os interesses de Deus
e dos homens e estes defendendo os interesses de Satanás. Forma
dois grupos opostos em constante peleja.
(Na defesa dos interesses de Satanás, os quais (desejos)
são destruir, roubar e matar).
A Bíblia cita Miguel como Arcanjo e o apresenta como chefe
dos exércitos celestiais e a Gabriel como Mensageiro que
assiste na presença do Altíssimo. Judas 9; Lucas 1.19; Daniel
8.16; 9.21.
Mas vamos voltar onde temos Daniel caído, no verso nove,
onde se acha sem sentido com o rosto em terra, diante da glória
daquele ser celeste.
Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os
meus joelhos e as palmas das minhas mãos. (Daniel 10.10)
Daniel fora pego pelo anjo, provavelmente pelo tronco, e
colocado de ―quatro pés‖. Daniel não tinha condições de
permanecer de pé, achava-se apoiado sobre os joelhos e a palma
das mãos, quando o anjo lhe dá uma declaração que o coloca como
privilegiado de Deus:
Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às
palavras que te vou dizer, e levante-te sobre os pés;...
(Daniel 10.11).
Deus não fala com homem caído, Deus não fala com homem que
anda ou permanece de quatro pés, Deus não aceita homem caído e
tão pouco seus mensageiros angelicais aceitam, pois falam em
nome do Altíssimo.
Deus para falar com Ezequiel, ordenou-lhe:
Põe-te em pé e falarei contigo! Ezequiel: 2.1
Aquelas palavras, seguidas de algumas sacudidelas (Verso
10), fez com que Daniel se levantasse e continuasse a ouvir o
anjo que disse:
...Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que
aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu
Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas
palavras é que eu vim. (Daniel 10.12)
Vejamos que todo esse cenário ocorreu porque Daniel se
preocupou em compreender e saber sobre o seu povo e sua cidade
185
santa. No verso quatorze temos o anjo esclarecendo exatamente
esse ponto de vista:
DANIEL 10.14 - Agora vim para fazer-te entender o que há de
suceder ao teu povo nos últimos dias;...
Daniel era muito amado e Deus não resistiu o seu jejum. O
anjo veio para detalhar a Daniel todo o futuro de seu povo, no
período interbíblico, como veremos, e no final dessa
dispensação em que vivemos, pois no verso quatorze temos:
... Porque a visão se refere a dias ainda distantes.
Referindo-se à Septuagésima Semana da profecia anterior.
Vamos aqui fazer uma distinção entre: últimos dias e
derradeiros dias.
Últimos dias é uma expressão que foi usada por Jesus para
indicar os dias que antecedem ao Arrebatamento da Igreja. São
indicativos da volta de Jesus e indicam o final do período da
Graça.
Derradeiros dias é uma expressão que se refere aos dias
finais coincidentes com a Septuagésima Semana, o período da
Tribulação.
Daniel se achava como que bêbado, com suas forças
exauridas. Era um misto de medo de fraqueza e de dor. Era
difícil permanecer em pé, mas o anjo renova as suas forças, num
novo toque.
Verso dezesseis - E eis que uma como semelhança dos filhos
dos homens me tocou os lábios; então passei a falar e disse
àquele que estava diante de mim: ... (Daniel 10.16)
Daniel recobra a energia da fala e conversa com aquele ser
celestial.
Verso dezesseis e dezessete - Meu Senhor, por causa da
visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma. Como,
pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor?
(Daniel 10.16,17)
Daniel estava com falta de ar, cansado e fraco, seu estado
débil necessitava de apoio e renovação, então o anjo o toca
novamente. Aqui nesse verso dezesseis temos o esclarecimento do
verso quinze onde diz:
DANIEL 10.16 -...uma como semelhança dos filhos dos homens
me tocou os lábios;...
Aqui no verso dezoito temos: Então me tornou a tocar aquele
semelhante ao homem, e me fortaleceu. (Daniel 10.18)
Isso quer dizer que aquele ser celestial tinha a forma
absolutamente compatível com um homem.
E assim Daniel recebe as forças necessárias para permanecer
de pé e receber do anjo a resposta aos seus anseios.
No verso vinte o anjo expõe a Daniel que ainda voltará a
pelejar com o príncipe da Pérsia, não somente com ele, mas
também com o príncipe da Grécia. Fica bem claro aqui a
186
persistência dos anjos do mau em lutarem contra as forças do
bem.
Mas o anjo irá revelar a Daniel o futuro de seu povo, mesmo
estando sozinho contra as hostes espirituais da maldade, pois
pode contar com Miguel, o único que está a seu lado.
Verso vinte e um - Mas eu te declararei o que está expresso
na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado
contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe. (Daniel
10.21)
No capítulo onze, onde tem seqüência o cenário do capítulo
dez, o anjo vai falar sobre dois futuros:
a) Um futuro mais próximo, a seguir dos dias de Daniel,
envolvendo a história das nações vizinhas e Israel. Essa
descrição vai até o verso trinta e cinco.
b) Um futuro distante, ligado ao tempo do fim, que pula o
grande intervalo da 69ª semana e a 70ª Semana de Daniel,
evidentemente sem nenhuma menção desse intervalo.
Os primeiros versículos apresentam a Daniel a história de
seu povo por todo o período que se segue, através do período
interbíblico, até por volta dos 60 a.C.
Vale dizer que essas profecias foram literalmente
cumpridas. Isso nos conclama e nos exorta a acreditar no
restante da profecia que ainda não se cumpriu; essa parte se
estende do verso trinta e seis em diante, incluindo o capítulo
doze.
Vejamos agora, primeiro sobre o futuro próximo, dividindo
essa fase em duas partes:
Capítulo 11 - versos 1 ao 20 – Até Antíoco Epifânio
Capítulo 11 - versos 21 ao 35 - Período de Antíoco Epifânio
187
CAPÍTULO 11
ANTÍOCO EPIFÂNIO
Daniel capítulo 11.1-20
1 - Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei
para o fortalecer e animar.
2 - Agora eu te declararei a verdade: Eis que ainda três
reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de
grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte, por suas
riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia.
3 - Depois se levantará um rei, poderoso, que reinará com
grande domínio, e fará o que lhe aprouver.
4 - Mas, no auge, o seu reino será quebrado, e repartido
para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade,
nem tão pouco segundo o poder com que reinou, porque o seu
reino será arrancado e passará a outros fora de seus
descendentes.
5 - O rei do Sul será forte, como também um de seus
príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará e será
grande o seu domínio.
6 - Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a
filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer
a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço,
ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue,
e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por
sua naqueles tempos.
7 - Mas de um renovo da linhagem dela um se levantará em
seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte e
entrará na sua fortaleza, agirá contra eles, e prevalecerá.
8 - Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens
fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará
como despojo para o Egito; por alguns anos ele deixará em paz o
rei do Norte.
9 - Mas depois este avançará contra o reino do rei do Sul,
e tornará para a sua terra.
10 - Os seus filhos farão guerra, e reunirão numerosas
forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará
adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei
do Sul.
11 - Então este se exasperará, sairá, e pelejará contra
ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande multidão,
mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele.
12 - A multidão será levada, e o coração dele se exaltará;
ele derrubará miríades, porém não prevalecerá.
188
13 - Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo
multidão maior do que a primeira, e ao cabo de tempos, isto é,
de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes
provisões.
14 - Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do
Sul; também os dados à violência dentre o teu povo se
levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão.
15 - O rei do Norte virá, levantará baluartes, e tomará
cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir,
nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.
16 - O que, pois, vier contra ele, fará o que bem quiser, e
ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo
estará em suas mãos.
17 - Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e
entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento,
para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será
para a sua vantagem.
18 - Depois se voltará para as terras do mar, e tomará
muitas; mas um príncipe fará recair este opróbrio e ainda fará
recair este opróbrio sobre aquele.
19 - Então voltará para as fortalezas da sua própria terra;
mas tropeçará e cairá, e não será achado.
20 - Levantar-se-á, depois em lugar dele, um que fará
passar um exator pela terra mais gloriosa do seu reino; mas em
poucos dias será destruído, e isto sem ira nem batalha.
Aqui nós temos apresentada a história relativa ao povo de
Israel desde Daniel até Antíoco Epifânio, já por de 170 a.C.
Como podemos ver, no período interbíblico, quando se costuma
dizer que não houve profecia, na verdade este período está
totalmente profetizado aqui no capítulo onze de Daniel, e isto
com minúcias que somente um Deus como o nosso poderia fazê-lo.
Vale salientar que toda essa profecia do capítulo onze, desde o
verso dois até o vinte, se cumpriu verso a verso, como veremos
agora.
As profecias do Capítulo onze, versos de um a vinte
até Antíoco Epifânio
O capítulo onze inicia no verso um, onde o anjo se
identifica como aquele do ―primeiro ano de Dario‖, uma
referência à profecia das Setenta Semanas do capítulo nove e
que nos leva a identificar esse anjo como sendo Gabriel.
Daniel 9.1,21. Trata-se também do mesmo anjo da visão do
capítulo 8.16, exatamente onde se tem a identificação do ser
como sendo Gabriel.
Esse Dario referido aqui no verso um, Dario, o medo, é o
mesmo do capítulo cinco, verso trinta e um, que foi constituído
189
rei sobre a Babilônia por Ciro, o persa. Foi um rei que teve
alta estima e consideração para com Daniel, diante de quem
Daniel era homem de muito apreço. Dario colocou a Daniel como
presidente de seus presidentes e confiou em suas mãos as rédeas
de seu governo.
Esse Dario é filho de Assuero, citado em Daniel, capítulo
nove verso um. Mas esse não é o Assuero de Ester capítulo um e
verso um.
Os nomes dos reis são muito confusos e é muito complicado
identificá-los com precisão. Falaremos ainda sobre esses reis.
Então no verso um, temos a perfeita identificação desse
anjo.
DANIEL 11.1 - “Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo,
que levantei para o fortalecer e animar.”
Isto é dito pelo anjo que continua no verso dois: “Agora eu
te declararei a verdade”... (Daniel 11.2)
Dá a entender que o anjo não deu a Daniel uma visão
completa no capítulo nove e veio agora completá-la.
Essa expressão não quer dizer que o anjo não lhe tenha
declarado a verdade no capítulo nove, mas sim uma verdade mais
global, mais simplificada, de modo que Daniel teve dificuldade
em entendê-la.
Vale salientar aqui que o anjo só veio trazer mais profecia
por insistência de Daniel, como se vê no início do capítulo
dez.
O anjo então inicia a história antes de ela acontecer, a
fim de que Daniel tenha a resposta aos seus anseios:
DANIEL 11.2 -... Eis que ainda três reis se levantarão na
Pérsia, e o quarto será acumulado de grande riquezas mais do
que todos; e, tornado forte, por suas riquezas, empregará tudo
contra o reino da Grécia.
Aqui temos uma referência a três reis e um quarto rei que
seria muito rico, que se seguiriam após o atual Ciro, então rei
no instante da visão.
Vamos vasculhar um pouco a história a fim de vermos que
reis são esses.
O rei vigente no momento dessa visão era Ciro, o persa, no
ano terceiro de seu reinado. Ciro reinou até 529 a.C.
Depois de Ciro temos:
1- Cambises II que era filho de Ciro. É citado em Esdras
capítulo quatro e verso seis como sendo Assuero. Este rei é
aquele que bloqueou a restauração do Templo, tendo embargado a
obra por nove anos, conforme se pode ler em Esdras capítulo
quatro e verso vinte e quatro.
Esse rei também foi conhecido por Xerxes I, sendo que a
Bíblia se refere a ele como Artaxerxes I. Segundo a história
190
dos hebreus por Flávio Josefo, morreu em Damasco, quando
voltava do Egito. Reinou por volta de 529 a 522 a.C.
2- Artaxerxes II, que foi o substituto efetivo de Cambises
II, mas o foi após um período conturbado, no qual alguns magos
reinaram por período muito curto, sendo deposto pelos
principais chefes das mais destacadas famílias Persas.
Artaxerxes reinou muito pouco: de 522 a 521 a.C., após o que
subiu o terceiro rei.
3- Dario II, filho de Histape. Esse rei reinou de 521 a 485
a.C. e foi este rei o pai de Assuero, o marido de Ester (Ester
1.1). Este rei permitiu que se concluísse o Templo, a partir
do segundo ano de seu reinado, sob Zorobabel, época do retorno
a Jerusalém de Zorobabel com Jesua. O templo foi concluído em
516 a.C.
4- Esse quarto rei, filho de Dario III, chamado de Xerxes
por Flávio Josefo e chamado de Assuero em Ester 1.1, reinou de
485 a 465 a.C. E entrou na história universal com o nome de
Xerxes. Este foi o quarto rei de que fala o verso dois, sendo
ele o rei mais rico de todo o reinado persa. Foi ele quem
lutou contra a Grécia e se tornou marido de Ester, a judia,
cuja história está no Livro de ESTER. Foi o rei que teve o
grande relacionamento de Esdras.
5- Artaxerxes II, que é citado em Esdras capítulo sete e
verso um, e Neemias capítulo treze e verso um, é filho do rei
Assuero, marido de Ester. Portanto tendo a Ester como madrasta
(é enteado de Ester). Ficou conhecido na história como
LONGÂNIMO. Foi no vigésimo ano de seu reinado que se decretou
o Edito da ordem para edificar Jerusalém, data do início das
Setenta Semanas. É por isso que o anjo diz a Daniel:
Daniel 11.2 - Eis que ainda três reis se levantarão na
Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do
que todos;... Depois desse quarto rei, terá início as Setenta
Semanas do Capítulo Nove.
Na verdade esse rei não foi o quinto, e sim o quarto,
porque se formos rigorosos, o segundo rei apresentado aqui como
Artaxerxes I, não reinou, mas teve um reinado de transição
entre o primeiro e o terceiro, aqui apresentado como Dario,
Persa, filho de Histape.
Após esse rei, ainda tivemos na Pérsia:
6- Dario III - 424 a 404 a.C.
7- Artaxerxes III - 404 a 359 a.C.
8- Artaxerxes IV - 359 a 338 a.C.
9- Dario IV - 335 a 331 a.C.
191
Sendo esse último vencido por Alexandre o Grande e os
persas passaram a ser subjugados pelos gregos.
Esse Alexandre é o rei valente do verso três.
Depois se levantará um rei, poderoso, que reinará com
grande domínio, e fará o que lhe aprouver... (Daniel 11.3)
Quando estamos lendo o capítulo onze, e lemos o verso um,
seguido do verso dois e em seguida o verso três, dá uma
impressão de que após o quarto rei já vem ―o rei poderoso‖ do
verso três; mas isso não é verdade, pois ocorre um intervalo
entre o quarto rei do verso dois e o rei poderoso do verso
três, de aproximadamente cento e trinta e quatro anos, quando
temos ainda mais quatro reis (que são o sexto, sétimo, oitavo e
nono).
Quando o anjo se expressa:
“Ainda se levantarão três reis na Pérsia, cujo quarto o
mais rico”, ele se referia à novidade, ou data marcante para o
povo de Daniel, que seria o início das Setenta Semanas, na
vigência do quinto rei. É como se ele tivesse dito assim:
―Daniel haverá ainda quatro reis na Pérsia, quando então
iniciará a profecia referente às setenta semanas que estão
determinadas sobre o teu povo e tua cidade de Jerusalém.”
Veja que o verso três inicia: ―DEPOIS”...
Depois do início das Setenta Semanas, então, virá um rei
poderoso que reinará com grande domínio... (Daniel 11.3)
É necessário ter em mente que a preocupação de Daniel era o
SEU povo, e não o universo! Por isso o anjo só enfoca aquilo
que tiver relação com ISRAEL e o que realmente é importante
para Israel. A prova disso é que os quatro reis que se seguirão
a Artaxerxes III não tem nenhuma menção do anjo, porque em nada
foram importantes para Israel.
O verso três, após um hiato de aproximadamente cento e
trinta anos, nos apresenta um rei que:
a) Será poderoso
b) Reinará com grande domínio
c) Fará o que lhe aprouver.
Trata-se de Alexandre, o grande, que conquistou o mundo
todo. Teve um reinado muito curto, de apenas doze anos, e
instituiu o terceiro império mundial, o grego. Este é o império
que corresponde:
Ao ventre e quadril de bronze da estátua do capítulo dois de Daniel 2.39.
Ao leopardo do capítulo sete que tinha nas costas as
quatro asas, e também tinha quatro cabeças, a quem foi dado
domínio. Daniel 7.6
Ao bode do capítulo oito verso cinco, que tinha um chifre notável entre os olhos.
192
Alexandre foi um grande general de guerra e tinha um
exército cujos homens eram de extraordinário valor, coragem e
habilidade bélica.
Segundo Flávio Josefo, Alexandre foi muito benevolente com
o povo judeu, e lhe permitiu manter as tradições de seus
antepassados. Uma das grandes glórias de Israel foi ter homens
Hebreus participando de seu exército.
A história diz que o exército de Alexandre era de tal
eficácia e seus guerreiros de tal força e habilidade que ele
não trocava UM só de seus soldados por MIL homens de outros
exércitos.
Alexandre conquistou Babilônia por volta de 330 a.C. E em
pouco tempo, em apenas seis anos, era senhor do mundo todo.
Mas o verso quatro diz:
Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será
repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua
posteridade, nem tão pouco segundo o poder com que reinou;
porque o seu reino será arrancado, e passará a outros. ARC.
(Daniel 11.4).
Isso corresponde ao bode que investiu sobre maneira sobre o
carneiro e ―na sua força quebrou-lhe o grande chifre”. Esse
grande chifre é Alexandre, que morreu no auge de sua força.
Depois da morte prematura deste grande homem, o império recém-
nascido foi dividido entre quatro de seus generais.
Esses generais que receberam o reino não eram da família de
Alexandre, pois este não deixou posteridade, o que cumpriu a
mensagem profética: mas não para sua posteridade ARC. Ou
passará a outros fora de seus descendentes. ARA.
Alexandre na realidade teve um filho que foi assassinado
ainda pequeno e tinha um irmão insano. Assim não teve herdeiros
para o trono.
Os generais que dividiram o império foram:
1- Pitolomeu: Egito ao Sul.
2- Seleuco: Síria e Babilônia
3- Lisimaco: Macedônia
4- Cassandro: Ásia Menor e Trácia
E assim se cumpriu a profecia de que seu reinado passaria
para quatro outros, não de sua família. Estes reinaram, mas não
com a autoridade de Alexandre, como afirma a profecia, nem tão
pouco com o poder com que reinou. (verso quatro).
Esses quatro reis correspondem aos quatro chifres notáveis
do capítulo oito verso oito, que surgiram no lugar do grande
chifre que representa Alexandre.
193
Verso cinco: O rei do Sul será forte, como também um de
seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará e
será grande o seu domínio. (Daniel 11.5)
Esse versículo fala do rei do Sul. Ora o rei do sul foi
Pitolomeu que ficou com o Egito. Fala-se aqui de ―um de seus
príncipes‖ e sobre esse se diz que será mais forte ainda que
Pitolomeu, e aquele terá grande domínio.
A partir daqui a bússola profética se volta para o sul do
Egito e enfocará também o reino do norte, a Síria.
Pitolomeu, rei do Egito, introduziu uma dinastia egípcia
que teve quatorze reis, que reinaram desde 330 até o final do
reinado, por volta de 30 a.C., quando foram dominados pelos
romanos.
Seleuco, governador do Norte, também introduziu uma
dinastia forte, estável, que reinou também até o final, por
volta de 63 a.C. Quando foram dominados pelos romanos.
Esse rei do Sul que será forte, citado no verso cinco,
trata-se de Pitolomeu Soter I, que reinou de 323 a 285 a.C.
(Egito). O príncipe que fala no mesmo versículo é Seleuco I
Nicator, que veio a se tornar rei da Síria e se transformou no
mais poderoso rei, cujo domínio foi o maior e que iniciou a
Dinastia dos Selêucidas (Síria). (311 a 280 a.C.)
A seguir de Pitolomeu Soter I no Egito, tivemos Pitolomeu
II Filadelfo que reinou de 285 a.C.a 246 a.C., e foi
substituído por Pitolomeu III. (Energetes I) de 2546 a 221
a.C.).
Pitolomeu IV, Filopatro de 221 a 205 a.C. Referência:
Macabeus 1.1-5.
A Palestina ficou inicialmente sob o domínio do Egito até
por volta de 200 a.C. quando através de Antíoco III, da Síria,
expulsou os egípcios da Palestina e os Selêucidas passaram a
dominar a Palestina.
Pitolomeu V reinou de 205 a 180 a.C. (Esse foi expulso da
Palestina por volta de 200 a.C.)
Pitolomeu VI reinou de 180 a 145 a.C.
Pitolomeu VII reinou de 145 a 116 a.C.
Assim tivemos uma visão panorâmica da Dinastia dos
Pitolomeus do Egito.
Os nomes dos reis são muito confusos, e é muito complicado
identificá-los com precisão. Falaremos ainda sobre esses reis.
Os nomes dos reis se complicam ainda mais quando sabemos,
por exemplo, que:
ASSUERO: - não é nome, mas é uma expressão Hebraica que
quer dizer PODEROSO.
XERXES: - não é nome, mas é uma expressão grega que quer
dizer PODEROSO.
194
Nessa: Assuero = Xerxes!!! Onde um é Hebraico e o outro é
grego.
DARIO: - não é nome, mas é um expressão que quer dizer
MANTENEDOR em linguagem dos Persas.
No verso seis lemos: Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão,
e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um
tratado; mas não conservará a força de seu braço; nem ele
persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que
a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles
tempos. ARC. (Daniel 11.6)
Aqui temos uma profecia que vê a união dos reinos do Norte
(Síria) e do Sul (Egito).
Essa aliança veio ocorrer por volta de 250 a.C.,
apresentando um espaço de aproximadamente setenta anos entre os
versos cinco e o verso seis.
O verso cinco fala do início dos reinados, por volta de 320
a.C., mas a união profetizada veio ocorrer em 250 a.C. Quando
Pitolomeu II, Filadelfo arma todo um plano utilizando-se de sua
filha Berenice.
O rei do Norte envolvido nessa união (que é uma verdadeira
trama) é Antíoco Theos, que nessa época estava casado com
Laodice.
“A filha do rei do Sul (Berenice) se casará com o rei do
Norte (Antíoco Theos) para estabelecer a concórdia (união dos
dois reinos).‖
Como vemos, a união dos dois reinos foi resultado de um
acordo das lideranças, onde Antíoco Theos deveria se divorciar
de Laodice, casar-se com Berenice e ter um filho com ela, de
modo que esse filho seria herdeiro do trono.
Mas esse plano não deu nada certo porque morreu Pitolomeu
II e Antíoco Theos voltou com Laodice e dispensou a Berenice.
Mas nessa altura Laodice não confiava mais em Antíoco Theos e
matou os dois envenenados, temendo nova separação ou divórcio.
Isso vem cumprir a profecia do verso seis que diz:
...”porém não conservará a força do seu braço, ele não
permanecerá, nem o seu braço (morte de Pitolomeu II) porque ela
será entregue, (se casará) e bem assim os que a trouxeram, e
seu pai, (os egípcios ficaram sem o herdeiro filho de Berenice
e Antíoco Theos) e o que a tomou por sua naqueles tempos.
(Antíoco que também morreu).
Assim Deus vê e mostra profeticamente a Daniel um futuro
onde se desenvolve todo cenário quase um século depois e morrem
os três maiorais envolvidos na trama dessa união interesseira,
sem conseguirem nada do seu intento.
Verso sete: - Mas do renovo das suas raízes um se levantará
em seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas
195
do rei do norte, e operará contra elas, e prevalecerá. (ARC)
(Daniel 11.7)
Trata-se de uma profecia que é favorável ao rei do Sul, que
veio a se cumprir com Pitolomeu III, Energetes ( 246-221aC.)
que era irmão de Berenice, portanto filho de Pitolomeu II.
Ele investiu contra a Síria e a conquistou. Conquistou
também Babilônia e as terras de Suzã, na Pérsia, e matou a
Laodice, que assassinara sua irmã com Antíoco Theos, rei da
Síria.
Assim Daniel foi recebendo do anjo o descortinar da
história no período interbíblico que ficou profetizado aqui com
detalhes impressionantes.
Pitolomeu III levou para o Egito como despojo muitas
riquezas da Síria e levou também seus deuses e suas imagens
fundidas. (Verso oito)
Após esse episódio ocorreu um período de relativa paz entre
o sul e o norte, como se vê no verso oito.
Verso oito: - Também aos seus deuses com a multidão das
suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e
ouro, levará como despojo para o Egito; por alguns anos ele
deixará em paz o rei do Norte. (Daniel 11.8)
Mas essa paz não é muito duradoura, pois o verso nove diz:
Mas depois este avançará contra o reino do rei do Sul, e
tornará para a sua terra. (Daniel 11.9)
Aqui vemos uma retomada do rei do Norte, refeito e
recuperado daquela derrota vista nos versos sete e oito.
Foi Seleuco Calínico que invadiu o Egito com um poderoso
exército por volta de 240 a.C., contra Pitolomeu III (aquele
que era o irmão de Berenice). Mas Seleuco Calínico teve a
infelicidade de enfrentar uma terrível tempestade. Foi
derrotado pela força selvagem da natureza, voltando mesmo sem
enfrentar o Egito. Morreu em seguida a esse episódio: ... e
tornará a voltar a sua terra.
O verso dez fala dos filhos de Seleuco Calínico que
reuniram força numerosa, a fim de vencer o Sul.
Verso dez: - Os seus filhos farão guerra, e reunirão
numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e
passará adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza
do rei do Sul. (Daniel 11.10)
Esse ―um deles‖, que fala o verso dez, é Seleuco III (226-
223 a.C.), que se tornou forte e consolidou o seu reino e,
através de uma sucessão de vitórias, se impôs sobre as
províncias do Egito que estavam na Ásia menor.
O outro filho de que trata o versículo é Antíoco III,
também conhecido por Antíoco, o Grande. Este era um sujeito
muito ambicioso e se interessou em subjugar a Palestina.
196
Antíoco III invadiu a Palestina e estando já de posse da
cidade de Jerusalém recebeu um contra ataque de Pitolomeu
Epifânio, sendo vencedor o rei da Síria, Antíoco III, o grande.
Verso dez:- ... e voltando à guerra, a levará até à
fortaleza do rei do Sul. É a parte da profecia referente a
essa batalha, pois a Palestina sempre foi objeto de cobiça dos
dois reinos. Antíoco III reinou de 223 a 187 a.C.
O verso onze novamente trará um hiato com o verso dez, e
trata de uma nova luta entre o Norte e o Sul.
Verso onze: - Então este se exasperará, sairá, e pelejará
contra ele, contra o rei do Norte; este (rei do Norte) porá em
campo grande multidão, mas a sua multidão será entregue nas
mãos daquele. (do rei do Sul) (Daniel 11.11)
Esse verso se refere ao rei Pitolomeu Filopater, algum
tempo depois, mais precisamente em 217 a.C., no quinto ano de
seu governo.
- Então se exasperará e sairá. É a referência de quando
Filopater saiu do Egito e invadiu repentinamente a Síria,
quando Antíoco, o Grande; saiu em seu encontro com grande
multidão, mas Pitolomeu Filopater foi mais astuto e mais
poderoso e aquela multidão foi dominada por Pitolomeu., onde
vemos o cumprimento da profecia; mas a sua multidão será
entregue nas mãos daquele. (o rei do Sul)
O motivo dessa invasão foi retomar a Palestina, de onde
havia sido expulso pelo próprio Antíoco III, conseguindo assim
dominar novamente a terra gloriosa.
Filopater morreu em 205. Foi um rei que odiava o povo
judeu, devido sua fé e sua religião monoteísta.
Verso doze: - A multidão será levada, e o coração dele se
exaltará; ele derrubará miríades, porém não prevalecerá.
(Daniel.11.12)
Aqui é uma referência ao rei do Sul que anexou ao seu
exército os remanescentes do exército sírio, ficando com um
gigantesco exército, o maior daqueles dias.
Em 205 morreu Pitolomeu Filopater e Antíoco III continuou
rei da Síria. Antíoco nunca aceitou a derrota para o Egito e
reorganizou um novo exército, sendo esse ainda mais numeroso
que o primeiro, e assim que morreu Pitolomeu Filopater, invadiu
o Egito, quando o trono era ocupado pelo Infante Pitolomeu
Epifânio, por volta de 203 a.C.
Verso treze:- Porque o rei do Norte tornará, e porá em
campo multidão maior do que a primeira, e ao cabo de tempos,
isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes
provisões. (Daniel 11.13)
197
Aqui nessa invasão se cumpre a profecia do verso doze, onde
diz: não prevalecerá, e o Egito foi derrotado, sendo a duração
de sua vitória muito efêmera.
E assim a Síria volta novamente ao Egito e conseqüentemente
retomou a Palestina libertando-a do jugo Egípcio, que muito a
hostilizava, pois como já foi dito, Pitolomeu Filopater odiava
os judeus.
Antíoco foi recebido como libertador do povo judeu, e
apoiou o povo judeu no exercício da sua fé e no sacrifício
diário no templo do Senhor.
...virá à pressa com grande exército e abundantes
provisões. (Daniel.11.13)
Se refere ao povo judeu, pois Antíoco III deu muito recurso
aos judeus para o exercício de sua fé.
E a história prossegue na boca daquele anjo, ali junto às
margens do rio Hidequel, onde Daniel ouve atentamente o relato
profético, histórico, que ainda haveria de ocorrer muitos anos
depois.
Verso quatorze:- Naqueles tempos se levantarão muitos
contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu
povo se levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão.
(Daniel.11.14)
Esse rei do Sul ainda é Antíoco III e esses ―muitos‖ se
refere aos egípcios que se rebelarão contra Antíoco, e...
também os dados à violência dentre o teu povo... se refere ao
grupo de judeus que habitavam no Egito e decidiram apoiar o rei
do norte em sua rebelião, e se puseram a lutar contra o rei do
Sul. Mas: ...se levantarão, para cumprirem a profecia, mas
cairão!.
Esse grupo de judeus e o grupo dos egípcios rebeldes foram
derrotados diante dos Selêucidas que conquistaram não somente o
Egito, mas também consolidaram o domínio sobre a Palestina.
No verso quinze, prossegue ainda sobre Antíoco III.
DANIEL 11.15- O rei do Norte virá, levantará baluartes, e
tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão
resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para
resistir.
Vemos aqui que Antíoco III consolida o seu poder, inclusive
sobre o povo judeu, onde tudo ficará em suas mãos, não havendo
força capaz de resisti-lo. Daí ser conhecido por Antíoco, o
grande.
DANIEL 11.16 - O que, pois, vier contra ele, fará o que bem
quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra
gloriosa, e tudo estará em suas mãos.
O verso dezesseis ratifica a glória desse rei que reinou
durante trinta e seis anos. No verso dezessete encontramos
198
Antíoco III fazendo um acordo com o reino do Norte, onde
Antíoco oferece a sua filha Cleópatra em casamento a Pitolomeu.
DANIEL 11.17 - Resolverá vir com a força de todo o seu
reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em
casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará,
nem será para a sua vantagem.
Antíoco oferece a Cleópatra em casamento para Pitolomeu,
mas é com a finalidade de tê-la como espiã na terra do Sul e
lhe servisse como olhos e ouvidos na terra do Egito. Mas a
moça passou para o lado dos Egípcios e deu o seu apoio a
Pitolomeu. Traiu a confiança de seu pai e todo o plano de
Antíoco foi pela água abaixo. Isto foi previsto na profecia:
...“isto , porém ,não vingará, nem será para a sua vantagem”.
(Daniel 11.17)
A Bíblia ARC, usa a expressão ―filha das mulheres‖ quando
se refere a essa moça (Cleópatra).
Isso acontece porque Cleópatra, muito jovem, vivia sob os
cuidados da mãe e da avó, sendo Antíoco grande, seu pai.
Com isso Antíoco se volta para as terras que margeavam a
Ásia menor, junto ao mar Mediterrâneo! Verso dezoito
DANIEL 11.18 - Depois se voltará para as terras do mar, e
tomará muitas; mas um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio sobre
aquele.
Esse se voltará para as terras do mar e tomará muitas
terras. São as últimas conquistas desse rei, pois ele vai se
cruzar com um capitão asiático de nome Ciprião, que marchou
contra a Síria em 190aC., e derrotou Antíoco III que morreu
após conquistar algumas terras do mar Egeu e do mar
Mediterrâneo.
Antíoco III, o grande, foi substituído por Seleuco
Filopater em 187, que reinou até 175aC. Este ficou conhecido
na história como Seleuco IV, que morreu envenenado por um de
seus vassalos.
O verso dezenove fala do final de Antíoco III e o verso
vinte fala de um substituto do Antíoco III, refere-se portanto
ao Seleuco IV. Esse Seleuco IV cumpriu a profecia de passar um
exator pela terra gloriosa conforme a profecia e morreu
destruído sem ira e sem contenda, pois foi assassinado por seu
ministro da economia que o envenenou no ano 175 a.C.
Como podemos observar até aqui, o anjo, na interpretação da
visão de Daniel, profetiza sobre todo o período interbíblico, e
o faz de forma pormenorizada.
Observamos que a explicação profética é ligada às setenta
semanas, que é um resumo da história do povo de Israel.
Para Daniel tudo é futuro, pois ainda estamos em 536 a.C.
com Ciro ainda governador geral, mas o anjo está descrevendo a
história de Israel trezentos e cinqüenta anos após essa reunião
199
celestial às margens do Rio Tigre. (Hidequel em outras
traduções). Daniel não entendia nada, com certeza.
Após o verso vinte e um, nós ainda permanecemos no período
interbíblico e vamos estudar o período de Antíoco Epifânio.
PERÍODO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO
Daniel Capítulo 11. 21- 35
21 - Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual
não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e
tomará o reino com intrigas.
22 - As forças inundantes serão arrasadas de diante dele;
serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança.
23 - Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e
se tornará forte com pouca gente.
24 - Virá também caladamente aos lugares mais férteis da
província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de
seus pais; repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens;
e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por
certo tempo.
25 - Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do
Sul à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha
com grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque
maquinarão projetos contra ele.
26 - Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o
exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados.
27 - Também estes dois reis se empenham em fazer o mal, e a
uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque
o fim virá no tempo determinado.
28 - Então tornará para a sua terra com grande riqueza; o
seu coração será contra a santa aliança, fará o que lhe
aprouver, e tornará para a sua terra.
29 - No tempo determinado tornará a avançar contra o Sul;
mas não será nesta última vez como foi na primeira,
30 - porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe
causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa
aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá
aos que tiverem desamparado a santa aliança.
31 - Dele sairão forças que profanarão o santuário, a
fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado,
estabelecendo a abominação desoladora.
32 - Aos violadores da aliança ele com lisonjas perverterá,
mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.
33 - Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia
cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo,
por algum tempo.
Dn.11.
200
34 - Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro;
mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.
35 - Alguns dos entendidos cairão para serem provados,
purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se
dará ainda no tempo determinado.
Aqui, a partir do verso vinte e um, temos uma profecia
sobre um homem vil. Veremos que esse é tipo do Anticristo, pois
o Anticristo será muito pior que ele.
Verso vinte e um:- Depois se levantará em seu lugar um
homem vil,... (Daniel 11.21)
Essa referência ―seu lugar‖ se refere ao rei do qual se
fala no verso vinte, e se refere a Seleuco IV ou Seleuco
Filopater ( reinou de 187 a 175aC.) o qual foi morto envenenado
por seu ministro das finanças. Esse homem que ―se levantará em
seu lugar‖ é Antíoco Epifânio, irmão de Seleuco IV que subiu ao
poder em 175 e reinou até 164 a.C.
Verso vinte e um:- ...ao qual não tinham dado a dignidade
real;...
Antíoco Epifânio, ajudado e auxiliado pelo rei de Pérgamo,
apossou-se do trono de forma elegítima, enganosa e astuta; pois
não era ele o herdeiro da coroa e sim o filho de Seleuco IV, um
jovem chamado Demétrio.
Verso vinte e um:- ...mas ele virá caladamente, e tomará o
reino com intrigas...
Assim vemos que Antíoco usurpou o trono e se fez rei da
Síria com intrigas, enganos e contendas, o que vem a cumprir a
profecia ―...Ao qual não tinham dado dignidade real‖...
Epifânio não é seu nome, mas quer dizer ―ilustre‖. Isso
eqüivale dizer: Antíoco, o ilustre.
Esse homem se constituiu um grande perseguidor do povo
judeu e foi no seu governo que se deu a revolta dos Macabeus,
que se acha lavrada em livro apócrifo, incluso na Bíblia
Sagrada das Edições Paulinas.
Os versos que se seguem ao verso vinte e um vão tratar
profeticamente desse rei, que Deus chamou de homem vil.
Esse homem vil, Antíoco Epifânio, que corresponderia a
Antíoco IV, é o chifre pequeno de Daniel Capítulo oito, nos
versos nove em diante, até o quatorze.
NOTA: Vamos deixar bem claro aqui: o chifre pequeno do
capítulo oito, verso nove, não é o mesmo chifre pequeno de
Daniel capítulo sete verso oito.
Daniel sete verso oito:- Estando eu a observar os chifres,
(do animal espantoso e terrível, que tinha dez chifres) eis que
entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos
primeiros chifres, foram arrancados; e eis que neste chifre
havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com
insolência.
201
Aqui se trata: Daniel 7.8
1- Animal espantoso Império Romano
2- Dez chifres Império Romano ressurgido
3- Entre elas (as dez pontas) surgiu uma décima primeira
ponta.
4- Essa décima primeira ponta tinha olhos e boca que falava
blasfêmia.
Isso é uma referência ao Anticristo, no tempo do fim.
Daniel 8.9,10
E de uma delas, saiu uma ponta mui pequena (um chifre
pequeno) que: (das pontas do bode)
1- Cresceu muito para o meio dia
2- Cresceu muito para o oriente
3- Cresceu muito para a terra formosa
4- Se engrandeceu até ao exército dos céus
5- Deitou por algumas estrelas por terra e as pisou
Essas referências aqui são relativas a Antíoco Epifânio,
como veremos a seguir, pois aqui se refere ao bode, que
representa o Império Grego de Alexandre, e não o animal
espantoso do capítulo sete.
Nos versos vinte e dois e o vinte e três observamos que
após ―usurpar‖ o trono e ter sido coroado como rei, Antíoco
mantém com o Sul atritos constantes, não sendo nisso diferente
de seus antecessores.
Reinava no Egito, nessa ocasião, o rei Pitolomeu VI, que
reinou de 180 a.C. até 145 a.C.
Antíoco, muito astuto e cheio de mentiras, cheio de
fingimento, armou o cenário de um concerto fingido com o rei
Pitolomeu. Mas esse rei também era fingido e ambicioso e tinha
desejos vaidosos de engrandecimento.
Antíoco, após granjear a confiança de Pitolomeu, veio em
silêncio e sem nenhum alarde, com pouca gente, de forma sutil,
traiu a Pitolomeu e teve êxito no seu intento, despojando o
Egito de suas riquezas, repartindo-as com seus comparsas de
traição e astúcia.
Verso vinte e três:- ―Apesar da aliança com ele, usará de
engano, subirá e se tornará forte com pouca gente.‖
Assim Antíoco tira de sua frente a única possível e efetiva
resistência. Cumprem-se os versos vinte e dois e vinte e três.
Verso vinte e quatro:- Virá também caladamente aos lugares
mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus
pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa,
os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as
fortalezas, mas por certo tempo.
202
Após a traição, Antíoco se apoderou das fontes de riquezas
do Egito, invadiu as terras mais férteis das províncias,
especialmente Alexandria, e fez o que nunca fizeram os seus
antecessores: dividiu os despojos entre si e seus comparsas.
Quero chamar a atenção dos leitores, nesta altura, para
observarem a riqueza dos detalhes na profecia do anjo a Daniel.
Isso profetizado há mais de trezentos e cinqüenta anos atrás se
cumprindo nos seus mínimos detalhes. Isso deve nos despertar,
e nos despertar de forma efetiva, a fim de crermos nas
profecias e atentarmos para aquelas que ainda não ocorreram.
Ainda está por vir o ARREBATAMENTO DA IGREJA, o que realmente,
sem dúvida, acontecerá no tempo previsto por Deus. A
Tribulação é tão certa quanto o ar que eu respiro!
Um dos conceitos de história, é que a história é uma
ciência que estuda o passado para entender o presente e
projetar o futuro.
Estamos nos utilizando da história, estudando o passado
(Daniel, o povo judeu, o Velho Testamento) para entendermos bem
esse PRESENTE e dessas conclusões projetarmos o futuro. É
isso que temos que fazer. Entender as profecias de Daniel,
analisá-las com relação ao que já se cumpriu, procurar entender
o que ainda virá, e nos convertermos ao Senhor. Nosso Deus é
de presciência absoluta e somente Ele é capaz de nos dizer como
será o porvir.
Verso vinte e cinco:- Suscitará a sua força e o seu ânimo
contra o rei do Sul à frente de grande exército; o rei do Sul
sairá à batalha com grande e mui poderoso exército, mas não
prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele.
Aqui temos novas investidas do rei do Norte contra o rei do
Sul. Agora ambos tinham grande exército e dá a entender que o
exército do Sul era mais poderoso. Ambos os líderes se achavam
embriagados pelo poder.
Mas dessa vez, novamente o reino do Sul não prevaleceu. A
profecia diz:
...Porque formarão projetos (ARC), (maquinarão projetos
ARA) contra ele.
Aconteceu uma traição, em seu próprio arraial, desenvolvida
por seus próprios generais, como se observa no verso vinte e
seis.
Verso vinte e seis:- Os que comerem os seus manjares o
destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão
traspassados.
Da sua própria mesa, da roda de seus próprios amigos,
nascera a sua derrota.
Mas esses reis se rivalizavam na arte de enganar; se
rivalizavam na astúcia e na falsidade, mas ―o feitiço virou
contra o feiticeiro‖ e o engano e a traição mais uma vez
203
traziam os seus frutos. O rei do Sul foi mais uma vez rendido
na presença de Antíoco Epifânio.
O verso vinte e sete retrata bem a atuação dos dois reis.
Verso vinte e sete:- Também estes dois reis se empenham em
fazer o mal, e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não
prosperará,...
Antíoco e Pitolomeu fizeram vários tratados, vários
acordos, mas sempre tendo como base a mentira e a astúcia.
Era fingimento dos dois lados, pois estavam continuamente
voltados para o mal.
Não podemos semear uma coisa e colher outra. Há quem diga
que se semeamos ventos colhemos tempestades; o que é muito
certo.
Se vivermos na ilusão e na mentira, no engano e falsidade,
nos enlaçaremos nas nossas próprias armadilhas e não teremos
sucesso algum.
Temos que semear o bem. A Bíblia diz: Lança o teu pão nas
águas e depois de muitos dias, o acharás. Eclesiastes 11.1.
A partir do verso vinte e oito, nós temos a profecia
voltada para Israel e Jerusalém.
A história que descreve bem a relação de Antíoco com judeus
está nos livros I e II de Macabeus, da Bíblia Edições Paulinas,
traduzida pelo Padre Mattos Soares.
Vou transcrever aqui algum trecho de I Macabeus, capítulo
um:
1.17 - Quando lhe pareceu bem consolidado o seu reino (da
Síria), Antíoco começou a querer reinar no país do Egito, para
ser soberano dos dois reinos.
1.21 - Depois de ter vencido o Egito, no ano cento e
quarenta e três, Antíoco voltou e marchou contra Israel.
1.22 - Chegado a Jerusalém com um formidável exército,
entrou cheio de soberba no santuário e tomou o altar de ouro, o
candelabro dos lumes com todos os seus utensílios, a mesa da
proposição, as bacias, os copos, as grais de ouro, o véu, as
coroas, e arrancou todo o ornamento de ouro que cobria o
templo.
1.24 - Tomou a prata e o ouro, os vasos preciosos e os
tesouros escondidos que encontrou. Tendo saqueado tudo, foi-
se para o seu país,
1.25 - depois de haver feito grande matança de homens e
proferido palavras insolentes.
1.26 - Então houve um grande pranto em Israel e em todo o
país.
1.27 - Os príncipes e os anciãos gemeram, as virgens e os
jovens ficaram sem forças e a formosura das mulheres desbotou.
1.28 - O desposado entregava-se ao pranto, e a desposada,
assentada sobre o seu leito nupcial, derramava lágrimas;
204
1.29 - o país comoveu-se com a desolação dos seus
habitantes, e toda a casa de Jacó se cobriu de confusão.
1.30 - Depois, ao cabo de dois anos, o rei enviou por todas
as cidades de Judá um superintendente dos tributos, o qual
chegou a Jerusalém com muitas tropas.
1.31 - Dirigiu-lhes astuciosamente palavras de paz, e eles
acreditaram.
1.32 - Então deu de repente sobre a cidade, fez nela grande
estrago e matou grande número de israelitas.
1.33 - Tomou os despojos da cidade, e pôs-lhe fogo e
destruiu as suas casas e os muros que a cercavam.
1.34 - Levaram cativas as mulheres e as crianças e
apoderaram-se dos seus gados.
1.38 - uma armadilha para o santuário, inimigos mortais
para Israel; derramaram o sangue inocente ao redor do santuário
e profanaram-no.
1.40 - Os habitantes de Jerusalém fugiram por causa deles,
a cidade tornou-se morada dos estrangeiros, tornou-se estranha
aos seus naturais: seus próprios filhos a abandonaram.
1.41 - O seu santuário ficou desolado como um ermo; os seus
dias de festa transformaram-se em pranto, os seus sábados em
opróbrio, a sua glória em desprezo.
1.43 - Então o rei Antíoco decretou a todo o seu reino que
todos os povos não fossem mais que um, que cada qual
abandonasse a sua lei particular.
1.44 - Todas as nações se conformaram com esta ordem do rei
Antíoco;
1.45 - muitos de Israel submeteram-se a este culto,
sacrificaram aos ídolos e violaram o sábado.
1.46 - O rei enviou cartas, por meio de mensageiros, a
Jerusalém e a todas as cidades de Judá, ordenando que seguissem
as leis das outras nações da terra;
1.47 - que no templo de Deus se não fizessem holocaustos,
sacrifícios e ofertas em expiação dos pecados;
1.48 - que se profanassem os sábados e as solenidades.
1.49 - Mandou (além disso) que se profanassem os lugares
santos e o santo povo de Israel.
1.52 - Todos aqueles que não procedessem conforme a ordem
do rei seriam mortos.
1.59 - Rasgavam e queimavam todos os livros da lei de Deus,
que podiam encontrar.
1.60 - A todo aquele, em poder de quem se achavam os livros
do testamento do Senhor, e a qualquer que observava a lei do
Senhor, davam a morte conforme o edito do rei.
1.63 - As mulheres que circuncidavam seus filhos eram
mortas, segundo a ordem do rei Antíoco,
205
1.64 - com os meninos pendurados no pescoço; também matavam
os seus parentes e os que tinham realizado circuncisão.
1.65 - Entretanto muitos do povo de Israel resolveram não
comer nada impuro e preferiram morrer a manchar-se com
alimentos impuros.
1.66 - Não quiseram violar a santa lei do Senhor, e foram
trucidados.
1.67 - Caiu sobre Israel uma grande cólera.
Nessa altura da descrição dos Macabeus é que surge a
família de Matatias, cujos filhos conhecidos por Macabeus,
promoveram a revolta dos Macabeus e que culminou na libertação
do povo de Israel.
Esse pequeno trecho aqui transcrito dá uma pálida idéia do
sofrimento do povo de Israel.
Ao final da revolta dos Macabeus, ocorre a purificação do
Templo por Judas Macabeu.
No ano 168 a.C. Antíoco voltava de uma expedição com grande
riqueza e se dirigiu para a Judéia onde saqueou o templo de
Jerusalém e deixou ali uma guarnição síria. Em seguida foi
embora para sua terra, como temos escrito no verso vinte e oito
de Daniel.
Então tornará para a sua terra com grande riqueza; o seu
coração será contra a santa aliança, fará o que lhe aprouver, e
tornará para a sua terra.
Antíoco nutriu grande ódio pelo povo judeu, pois é um ser
que prefigura o Anticristo. Tem as mesmas virtudes, as mesmas
qualidades, só que o Anticristo as terá multiplicadas.
Antíoco acreditava que sua raça e sua língua era superior a
qualquer outra e ainda odiava os judeus por causa de sua
religião.
Verso vinte e nove:- No tempo determinado tornará a avançar
contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na
primeira,
Verso trinta:- porque virão contra ele navios de Quitim,
que lhe causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a
santa aliança, e fará que lhe aprouver; e, tendo voltado,
atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança.
Nessa sucessão de conflitos entre o Norte e o Sul, menos
que num tempo determinado, (verso vinte e nove) Antíoco volta a
atacar o Egito, mas antes de chegar ao Egito viu-se de cara
com os navios romanos cheios de soldados, nas ilhas de Chipre,
mais precisamente em Quetim. Os soldados romanos obrigaram a
Antíoco a confinar-se em Alexandria e lá foi encantoado ao
ponto de desistir de seus intentos.
Mas aí, derrotado, revolta contra o povo de Israel.
Nessa ocasião uma parte de Israel se apostatou e passou a
apoiar Antíoco e foram cumprir a profecia. Verso trinta.
206
...e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado
a santa aliança. (os apóstatas)
No verso trinta e um:- Dele sairão forças que profanarão o
santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado,
estabelecendo a abominação desoladora.
Antíoco fez um decreto que todo povo deveria adorar e
aceitar a idolatria grega e, como conseqüência, se fez
necessário parar o sacrifício. O templo sagrado foi profanado
e nele foi sacrificado um porco.
O templo foi dedicado a Júpiter. A ―FORTALEZA‖, que é a
cidade de Jerusalém, também foi profanada, assim como seu povo,
jovens e mulheres, adultos e crianças.
Veja no trecho transcrito (anteriormente) 1.48 a seguir até
o verso 67.
Essa referência ―abominação desoladora‖ é à prostituição do
templo, e da cidade, pois aquele foi contaminado e dedicado a
Júpiter e essa foi destruída e seus muros derrubados.
Apolônio, tendo sob seu comando mais de vinte mil soldados,
marchou contra Jerusalém e matou grande multidão.
Antíoco contou com o apoio dos violadores do concerto
(verso trinta e dois) judeus apóstatas que facilitaram a sua
ação. Mas o povo que conhece a Deus, se esforçou e fizeram
proezas. Foram os fiéis seguidores dos Macabeus que não
aceitaram a humilhante situação do povo de Deus, e lutaram com
todas as suas forças e com muita astúcia e coragem. Tiveram a
vitória e puderam, no final, ver a purificação do templo.
No tempo do fim, também haverá esses dois grupos como
também haverá a abominação desoladoras.
Entendemos então que haverá duas abominações desoladoras.
- Essa que já ocorreu com Antíoco Epifânio e aquela da qual
fala Jesus em Mateus 24.15, sobre a abominação desoladora de
que falou Daniel.
Jesus seguramente não se referiu a essa aqui, mas
certamente a uma vindoura.
Voltaremos a discutir sobre a abominação desoladora, em
Daniel doze verso onze.
207
CAPÍTULO 11.36-45
DANIEL E O PORVIR
A partir de Daniel capítulo onze e o verso trinta e seis,
nós mudamos nitidamente o rumo da profecia, estabelecendo um
intervalo muito extenso entre o verso trinta e cinco e o verso
trinta e seis do capítulo onze.
O verso trinta e cinco se cumpre por volta do ano 168 a.C e
o verso trinta e seis trata de um rei que ainda não apareceu na
terra. Nessa intervalo ocorre o nascimento do Salvador, após a
queda do reinado grego. É morto o Messias, conforme profecia
do capítulo nove e nasce o estabelecimento da Igreja.
Vivemos hoje, ainda, esse intervalo. A manifestação desse
rei de que fala o verso trinta e seis não se dará enquanto a
Igreja estiver aqui na terra. Pois trata-se do Anticristo que
se manifestará no início da Tribulação, a Septuagésima Semana
de Daniel.
Quando houver o cumprimento dessas profecias desde o verso
trinta e seis até o final do capítulo doze, a Igreja estará no
céu.
A partir daqui vamos ter um aperfeiçoamento profético das
Setenta Semanas de Daniel.
Daniel capítulo 11.36 - 45
36 - Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará e
se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses,
falará cousas incríveis, e será próspero, até que se cumpra a
indignação; porque aquilo que está determinado será feito.
37 - Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao
desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se
engrandecerá.
38 - Mas em lugar dos deuses honrará o deus das fortalezas;
a um deus que seus pais não conheceram honrará com ouro, com
prata, com pedras preciosas e cousas agradáveis.
39 - Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as
poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem multiplicar-
lhes-á a honra, fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá
a terra por prêmio.
40 - No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei
do Norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros, e com
muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e
passará.
41 - Entrará também na terra gloriosa e muitos sucumbirão,
mas do seu poder escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias
dos filhos de Amom.
208
42 - Estenderá a sua mão também contra as terras, e a terra
do Egito não escapará.
43 - Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de
todas as cousas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o
seguirão.
44 - Mas pelos rumores do oriente e do norte será
perturbado, e sairá com grande furor, para destruir e
exterminar a muitos.
45 - Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra
o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá
quem o socorra.
Não se conhece na história, até hoje, fatos que possam
corresponder à profecia desses versos.
Porque será que Daniel é tão completo e extenso em sua
profecia, mas não fala e nem aponta para a Igreja?
É porque a Igreja nada tem a ver com Israel e as profecias
de Daniel são voltadas para o povo Judeu. Na verdade a Bíblia
divide a humanidade em três grupos:
a) Judeus
b) Gentios
c) Igreja
Os judeus e os gentios são referidos no Velho Testamento,
mas a Igreja só o é no Novo Testamento.
Aqui no verso trinta e seis fala-se de um rei soberano cuja
vontade não será limitada e que se engrandecerá sobre todo
deus.
Isso quer dizer que esse rei será superior aos deuses.
Esse rei também se levantará contra o Deus dos deuses e
contra ele falará coisas incríveis.
O verso trinta e seis garante que será um rei próspero,
mas a sua prosperidade será de curta duração, rigorosamente...
até que se cumpra a indignação, que está determinada sobre ele.
A profecia afirma: aquilo que está determinado sobre ele será
feito.
Será feito apesar de sua força Será feito apesar de seu progresso Será feito apesar do seu poder Será feito apesar do apoio do Dragão
Será feito tudo o que estiver determinado sobre ele,
porque esta é a palavra de Deus.
É a palavra profética de Deus, através daquele anjo, ali
junto de Daniel.
Verso trinta e sete continua retratando, aquele rei de
feroz catadura, ou feroz de cara.
Não terá respeito aos deuses de seus pais. Não terá respeito ao desejo das mulheres
209
Crescerá acima dos deuses. A expressão ―não terá respeito aos deuses de seus pais‖ é
uma referência de que ele não respeitará os deuses pagãos de
seus antecessores, que estarão espalhados pelo mundo.
Ele anulará as filosofias religiosas e as unirá em torno de
uma só religião, em torno de um só pensamento religioso, para o
que contará com o auxílio do Falso Profeta.
A expressão ―não terá respeito ao desejo das mulheres‖ é
uma referência ao desprezo da esperança messiânica. Desprezará
a família, a instituição familiar, porque essa foi instituída
por Deus.
A expressão ―não terá respeito a qualquer deus‖ é uma
referência do seu engrandecimento, pois crescerá ao ponto de
ser SOBRE os DEUSES.
Verso trinta e oito:- Mas em lugar dos deuses honrará o
deus das fortalezas;...
Trata-se de uma referência a si próprio, pois a ninguém
reconhece como deus. Ele só dará glórias a si próprio e a mais
ninguém. O Falso Profeta o introduzirá como deus e promoverá a
sua adoração.
Aos poucos irá se impondo até ao ponto de se sentar no
lugar de Deus, no templo sagrado em Jerusalém. Seu domínio
político irá se estendendo até que seja rei universal, com
domínio em toda a terra.
A expressão ―a um deus que seus pais não conheceram honrará
com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas
agradáveis.‖, só pode se tratar do deus desse século, pois esse
rei será um agente de Satanás, e todo o seu poder tem origem
nesse deus da maldade. Formará com o Falso Profeta e o Dragão
o chamado TRIO SATÂNICO.
Verso trinta e nove:- Este verso fala das suas conquistas
políticas junto aos governantes de sua época, seguramente com
promessas falsas de uma proteção apenas de rótulo. Quem não
estiver por ele, será contra ele!
Com o auxílio de um deus estranho agirá contra poderosas
fortalezas;...
Esse deus estranho não é outro senão Satanás. Agirá contra
as fortalezas é uma referência que indica a sua atitude a
qualquer um que lhe resistir ou se opuser em seu caminho. Ele
imporá a sua astúcia, o seu poder e expandirá o seu império.
E aos que o reconhecerem multiplicar-lhes-á a honra, fá-
los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio,
mas na verdade tudo isso é falso, efêmero e passageiro, porque
ele recebeu o poder de Satanás e passará esse poder que tem
origem no deus desse século, que na verdade, não tem nada para
dar.
210
É um mentiroso, um enganador. Suas promessas são ilusórias
e todo o seu reino é passageiro. Esse rei, por um período
muito pequeno, será reconhecido como solução para o mundo, mas
na realidade enganará a todos.
O Anticristo será humano sobre todos os aspectos, e será
natural como todos os demais, mas seu interior será diferente
de todos.
Sobre o Anticristo devo dizer:
a) Sua religião tem como centro a Satanás e a si próprio.
A glória é para ele próprio e ninguém mais.
b) É a besta que saiu do mar em Apocalipse 13.11.
c) A sua autoridade será mundial e se estenderá sobre todos
os povos e nações.
d) Receberá dos judeus o apoio e a força na metade inicial
de seu governo, o que lhe proporcionará prestígio e poderio
bélico e, como conseqüência, político e econômico também.
e) Não terá respeito por nada e nem por ninguém, mas será
respeitado por todos, inclusive pelo Falso Profeta.
f) Não terá respeito à instituição da família.
A partir do verso quarenta, começamos a firmar os passos a
respeito desse personagem, que manifestará no tempo do fim.
Aqui temos:
No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei do
Norte arremeterá contra ele... Aqui temos uma forte razão para
ver que esse rei não é Antíoco Epifânio, porque ele não pode
―se arremeter contra si mesmo‖ e no início do versículo temos a
época do evento: no tempo do fim.
Esse rei do Sul que se levantará contra ele, é o Egito, que
surgirá com poderio militar no tempo do fim. Também o reino do
norte será restabelecido e nesse final ambos serão contra o
Anticristo, mas serão destruídos pelo seu poder brutal.
Verso quarenta e um:- Aqui temos uma área definida
profeticamente por Deus onde suas mãos não tocará Edom e Moabe
e as primícias de Israel.
Será uma área reservada para o remanescente de Israel na
época da grande perseguição.
Após o rompimento do concerto, o Anticristo se voltará
contra Israel, porque este perceberá nitidamente com quem estão
lidando, e isto despertará a sua fúria.
Mas Deus preparou um lugar para proteger o seu povo fiel.
Apocalipse 12.6
...Porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus
preparado lugar...
O deserto dos povos reservado por Deus. Ezequiel 20.35
Levar-vos-ei ao deserto dos povos, e ali entrarei em juízo
convosco,...
211
Edom ou Iduméia é a região do mar morto e do golfo de
Ácaba.
Moabe é a terra ao oriente do mar Morto.
Amom é a região nordeste do mar Morto.
Essa região será o refúgio que os protegerá do destruidor.
Ver Isaías 16.4.
Mas a terra gloriosa não escapará das suas mãos e será uma
perseguição terrível, sobrenatural, assim como também o será
contra os outros países. Verso quarenta e dois.
O verso quarenta e dois faz uma especificação sobre o Egito
que não escapará de suas garras. Não sabemos porque esse
enfoque tão específico para o Egito, mas diz a profecia, não
resistirá.
O verso quarenta e três fala da derrota dos egípcios de
onde leva os despojos. Mas a Líbia e Etiópia parecem aceitar
sua supremacia sem oposição. A Líbia e a Etiópia aqui é uma
referência à África negra, provavelmente.
No verso quarenta e quatro vemos os ―rumores do oriente e
do norte‖ que o espantarão. Acredito se tratar do gigantesco
exército de duzentos milhões mencionados em Apocalipse capítulo
nove e verso dezesseis. Hoje já é possível se estruturar um
exército nesse teor. Por exemplo, a Rússia e a China, países
orientais extremamente populosos, dispostos a massacrarem
Israel e o governo mundial.
Verso quarenta e cinco: Armará as suas tendas palacianas
entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao
seu fim, e não haverá quem o socorra.
Esse verso já se refere ao final da Tribulação, pouco antes
da Batalha do Armagedom. Armará suas tendas entre o Mar
Mediterrâneo e o monte Sião e Moriá.
Mas seu fim é líquido e certo. Sem ajuda de mãos humanas
virá a pedra do capítulo dois, e então a estátua ruirá e com
ela todo o governo humano, pois Jesus estabelecerá o seu Reino
Eterno.
FINAL CAPITULO 12
Vamos dividir o capítulo doze de Daniel em duas partes:- um
ao três, quatro ao treze.
O capítulo doze é seqüência do verso quarenta e cinco do
capítulo onze.
a) O final da Tribulação e a ressurreição dos justos.
b) As últimas mensagens de Deus a Daniel.
212
a) O FINAL DA TRIBULAÇÃO E A RESSURREIÇÃO
1 - Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o
defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia,
qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas
naquele tempo será salvo o teu povo, todo aquele que for achado
inscrito no livro.
2 - Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns
para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.
3 - Os que forem sábios, pois, resplandecerão, como o
fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça,
como as estrelas sempre e eternamente.
Hoje Miguel permanece guardador de Israel como o foi até
aqui.
O verso um fala de um ―certo dia‖ em que ele se
―levantará‖.
Quero relacionar essa atitude de Miguel, aqui relatada, com
aquela que está em Apocalipse doze do verso sete ao dezoito.
Aqui no Apocalipse temos uma referência do início da
perseguição a Israel, perseguição essa que se instalará na
metade do período da Tribulação, logo após o rompimento do
concerto.
Aqui (Apocalipse doze), temos o relato de uma grande peleja
no céu, quando o dragão é expulso de lá e não se achou mais
lugar para ele, e (verso treze) vendo-se jogado na terra passa
a fazer a perseguição a Israel como nunca houve até então.
Creio assim que esse verso um (de Daniel doze) é uma
referência ao que acontecerá na metade do período quando haverá
o tempo de angústia, o qual nunca houve, desde que há nação até
naquele tempo.
Mas o anjo diz a Daniel profeticamente mais no final do
verso um, mas naquele tempo será salvo o teu povo.
A salvação de Israel é garantida por Deus, afinal é a nação
santa, a nação escolhida.
O verso dois fala da ressurreição, mas fala da ressurreição
de um modo genérico, não separando a primeira da segunda.
Na verdade o assunto ressurreição é muito complicado. Ele
pode ser dividido em duas grandes etapas, separadas por um
espaço de mil anos.
A primeira etapa, da qual participarão apenas os santos,
está referida em Apocalipse 20.6.
Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade;
pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e
reinarão com ele os mil anos.
213
Aqui se fala da ―primeira ressurreição‖ que pode ser
dividida em duas fases:
a) primeira fase:- ocorrerá no Arrebatamento da Igreja,
quando os que estiverem vivos serão transformados e os mortos
ressuscitados para juntos irem ao encontro com o Senhor nas
nuvens.
b) segunda fase:- trata-se do complemento da primeira
ressurreição, apresentada em Apocalipse capítulo vinte e verso
quatro, que é a ressurreição dos Mártires da Tribulação.
Trata-se da colheita dos rabiscos.
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais
foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos
decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por
causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta,
nem tão pouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e
na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
Aqui se trata dos mártires mortos durante a septuagésima
semana, que só poderão ressuscitar no final do período.
Portanto, sete anos após o Arrebatamento da Igreja e sete anos
após a primeira etapa. Estes não terão galardão, apenas uma
PALMA nas mãos, mas não perderão o privilégio de reinar com
Cristo os mil anos.
Também faz parte da colheita dos rabiscos a ressurreição
das duas testemunhas que ocorrerá na metade do período da
septuagésima semana, quando do rompimento do concerto entre a
besta e Israel.
Só participam dessa primeira ETAPA os santos. É na verdade
um prêmio para os que serviram a Deus nesta terra e louvaram ao
seu santo nome. Nesta etapa da ressurreição, ninguém será
ressuscitado para vergonha eterna, e sim para a bem-aventurança
dos Santos.
Na segunda etapa (da ressurreição) teremos o juízo do
grande trono branco onde Jesus não será advogado, mas será
JUIZ. É nessa época que ―todo o joelho se dobrará diante
Dele.‖ Nessa época, que ocorrerá mil anos após aquela primeira,
uns ressuscitarão para a vergonha eterna, outros ainda poderão
ser salvos no grande juízo do Trono Branco se forem encontrados
seus nomes no Livro da Vida.
Ver Apocalipse 20.5 - Os restantes dos mortos não reviveram
até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira
ressurreição.
É nessa ressurreição final, na qual o mar, o Hades, o
inferno, e a morte devolverão os seus mortos. Veja Apocalipse
20.13.
214
Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além
entregaram os mortos que neles havia.
Todos esses mortos enfrentarão o juízo de Deus como
observamos em Apocalipse 20.12
Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé
diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro,
o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,
segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos
livros.
Nessa ocasião ainda receberá o benefício do gozo eterno
todos aqueles que não participaram da primeira etapa da
ressurreição dos mortos, mas possuem o seu nome no Livro da
Vida.
Voltando então a Daniel capítulo doze, verso dois, vemos a
teoria da ressurreição apresentada a Daniel, assim como o juízo
de Deus aplicados aos homens após a morte.
No verso três:- Os que forem sábios, pois, resplandecerão,
como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à
justiça, como as estrelas sempre e eternamente.
Aqui fala dos ENTENDIDOS. Esses entendidos, são os sábios
desta vida. Ser sábio nesta vida é ter temor a Deus. O grande
sábio Salomão deixou escrito que o temor a Deus é o princípio
da sabedoria. Então só pode ser sábio quem tem temor a Deus.
Provérbios 1.7
Então, esses entendidos são os fiéis a Deus, que não
somente vivem uma vida de temor a Deus, como levam muitos a
seguir o mesmo caminho. Por esse motivo RESPLANDECERÃO como o
esplendor do firmamento, ou seja, terão brilho na presença de
Deus.
Esse versículo espelha uma parte do valor do crente aqui
nessa vida; aquele que trabalha ensinando a muitos o caminho da
justiça, refulgirá como as estrelas, pois testifica sobre o sol
da justiça. Malaquias 4.2.
b) AS ÚLTIMAS MENSAGENS DE DANIEL
Versos quatro a treze:-
4 - Tu, porem, Daniel, encerra as palavras e sela o livro,
até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se
multiplicará.
5 - Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros
dois, um duma banda do rio, o outro da outra.
6 - Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava
sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?
7 - Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as
águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao
215
céu, e jurou por aquele que vive eternamente, que isso seria
depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E quando
se acabar a destruição do poder do povo santo estas cousas
todas se cumprirão.
8 - Eu ouvi, porém não entendi; então eu disse: Meu senhor,
qual será o fim destas cousas?
9 - Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão
encerradas e seladas até ao tempo do fim.
10 - Muitos serão purificados, embranquecidos e provados;
mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles
entenderá, mas os sábios entenderão.
11 - Depois do tempo em que o costumado sacrifício for
tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil
duzentos e noventa dias.
12 - Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos
e trinta e cinco dias.
13 - Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois
descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a
tua herança.
Três são os períodos de tempo referidos aqui:
Verso sete:- tempo, dois tempos e metade de um tempo.
Essa expressão equivale a um mil duzentos e sessenta dias ou
três anos e meio. Corresponde ao tempo da Tribulação, ao final
do qual será vencido o Anticristo, o Falso Profeta e o Dragão.
O verso onze fala de outro período de tempo que é de um mil
duzentos e noventa dias, ou seja, trinta dias a mais que o
período dos três anos e meio.
Depois do tempo em que o costumado sacrifício foi tirado, e
posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e
noventa dias. (verso 11)
Verso doze:- fala de outro período de tempo que é de um mil
trezentos e trinta e cinco dias, onde se acrescem quarenta e
cinco dias aos mil duzentos e noventa do verso onze, e setenta
e cinco dias aos mil duzentos e sessenta do verso sete.
―Bem-aventurado o que espera e chega até um mil trezentos e
trinta e cinco dias.
Em nenhum lugar a Bíblia discute alguma coisa sobre esses
dias, mas seguramente, os trinta primeiros dias, após a
Tribulação, após a derrota do trio satânico (Anticristo, Falso
Profeta e Dragão), a seguir da prisão de Satanás, temos o
período do julgamento das nações, com a instalação do juízo de
Jesus sobre o povo que restou da grande Tribulação.
Os quarenta e cinco dias restantes, após o julgamento das
nações, é o período no qual haverá a instalação e organização
do reinado eterno de Jesus. Veja o verso doze novamente.
―Bem-aventurado‖... (Verso 12). Essa bem-aventurança de
entrar no reino milenar de Jesus e dele participar se refere
216
aos sobreviventes da Tribulação. Se refere aos homens,
mulheres e crianças NATURAIS que adentrarão ao Milênio, e que
juntamente com os glorificados desfrutarão do reino milenar de
paz.
No verso quatro a expressão ―tempo do fim‖, se refere ao
período próximo ao Arrebatamento da Igreja, que ocorrerá antes
do início da Tribulação, e se refere a uma época de grande
progresso na ciência. Nós vemos hoje um extraordinário
progresso na ciência. Na parte final deste século
especialmente. Nunca houve tanto progresso em tão pouco tempo.
Sobre o automóvel temos: Naum 2.4
Os carros passam furiosamente pelas ruas, e se cruzam
velozes pelas praças; parecem tochas, correm como relâmpago.
O avião, o rádio, a televisão, a geladeira, a luz elétrica,
as armas nucleares, os computadores, o telefone, a automação
das fábricas, os robôs, etc., são produtos desse progresso onde
a ―ciência se multiplicará‖. (Daniel 12.4)
Quanto à expressão: ―e tu, Daniel, encerra essas palavras e
sela o livro‖ (Verso 4) é como se dissesse a Daniel: ―E tu,
Daniel, fecha essas palavras e guarde-as bem guardadas,
anotadas em um livro, que deverá permanecer até o tempo do fim,
quando haverá frutos do progresso da ciência (conexão de uma
parte para outras, e a ciência se multiplicará)‖.
Essas palavras, serão palavras que se utilizarão para
despertar o povo que estarão vivendo o tempo do fim.
“Essas visões serão entendidas na hora certa.”
Verso cinco:- nesta altura dos acontecimentos, Daniel se
volta para o cenário da visão e vê outros dois seres
celestiais, um dos quais estava na banda de lá e outro na banda
de cá, ambos à beira do rio. O anjo anterior, vestido de linho
ainda estava sobre as águas.
Não sabemos por que surgem esses dois anjos um em cada
margem do rio, mas Daniel nos informa que um deles interroga o
anjo vestido de linho sobre quando ocorrerão “estas coisas
maravilhosas”, como se estivessem ali ouvindo a narração do
anjo a Daniel. (verso seis).
―Quando se cumprirão estas maravilhas?‖
Estas ―coisas maravilhosas‖, na verdade, não têm nenhuma
maravilha, pois pela resposta do anjo dá a entender que ao
final da Tribulação estarão cumpridas.
A resposta do anjo que estava sobre as águas ―depois de um
tempo, de tempos e metade de um tempo‖; quando tiverem acabado
217
de destruir poder do povo santo, todas estas coisas estarão -
Eu ouvi, porém não entendi nada. (verso oito)
Daniel se põe a perguntar ao anjo qual seria o fim
daquelas coisas que via e sobre o que ouvia.
Mas o anjo, pela segunda vez (a primeira foi no verso
quatro):
Verso nove:- ―Vai Daniel, porque essas palavras estão
encerradas e seladas até o tempo do fim.‖ Aqui nós podemos
entender porque o entendimento das profecias é progressivo, e
porque hoje as entendemos com profundidade. É porque essas
profecias são para os tempos do fim, e se nós estamos
entendendo bem a profecia é porque se trata do tempo do fim.
É como se o anjo dissesse para Daniel: continue vivendo
sua vida da forma que sempre viveu. Você não precisa, nem se
preocupe com isso; não se envolva em cálculos complicados, nem
perca noites de sono, pois isso aqui é para tempos muito
distantes.
À medida que se aproxima o fim, vai sendo mais difícil
permanecer no caminho, vai sendo necessário maior dose de
perseverança, coragem e também de paciência.
Paulo escreveu para os Tessalonicenses (II Tessalonicenses
2.3,2)
Verso três:- ―Ninguém de nenhum modo vos engane,...
Verso dois:- a que não vos demovais da vossa mente, com
facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por
palavra, quer por epístola,...
Dá a entender que os tempos finais serão ricos de enganos e
será fácil entrar pelo caminho da apostasia. Apocalipse 22.11
Os perversos procederão perversamente e nenhum deles
entenderá, mas os sábios entenderão. A sabedoria deverá ser
atributo constante. Somente os sábios resplandecerão como o
fulgor do firmamento. (Verso três).
Ser sábio é saber discernir o falso do verdadeiro, é saber
discernir o que é bom e o que é mau, é saber reconhecer o que é
de Deus, por Deus ou contra Deus, sendo que o temor a Deus é o
princípio do saber. (Salmo 110.10)
Muitos serão purificados, embranquecidos e provados (verso
10).
É o processo de aperfeiçoamento contínuo, na jornada de se
esperar ao Senhor. Na parábola das dez virgens, todas
esperavam pelo noivo, todas eram virgens, todas tinham azeite,
mas o noivo demorou muito e todas adormeceram. Até aqui nenhuma
diferença entre elas, mas Jesus disse que cinco delas eram
sábias e somente estas é que entraram e participaram da festa.
Verso dez:- Muitos serão purificados, embranquecidos e
provados; mas os perversos procederão perversamente;...
218
Aqui temos uma referência ao final dos tempos, seguramente,
relacionada ao povo após o Arrebatamento da Igreja.
Dá-nos uma idéia parecida com aquela dada a João em
Apocalipse 22.11
Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo
ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o
santo continue a santificar-se.
Isso fala da salvação de muitos que serão purificados e
embranquecidos, mas através de PROVAÇÃO, e a maldade que já é
grande crescerá ainda mais. Isso fica claro no Livro de
Apocalipse, quando do derramamento das taças da Ira de Deus, no
final da septuagésima semana, quando o sofrimento será
multiplicado, mas também o será a prostituição religiosa, a
blasfêmia contra Deus e a perversidade do sistema universal
será ascendente.
Verso dez:- ... e nenhum deles entenderá, mas os sábios
entenderão.
As profecias de Deus nunca estiveram abertas ao
entendimento dos ímpios, mas os sábios terão entendimento. O
princípio da sabedoria é o temor de Deus, portanto apenas os
que terão o temor a Deus é que entenderão.
O leitor pode perguntar: entenderão o quê?
O anjo fala do tempo do fim, esse tempo envolve o final do
período da Igreja e todo o período da septuagésima semana. Ora
entenderão exatamente que se trata do período do fim e que Deus
está para derramar a sua IRA e tornar pleno o cumprimento das
profecias.
A perfeita compreensão das profecias só se dará no final
absoluto dos tempos.
No verso onze continua a exposição do anjo:
Depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado, e
posta a abominação desoladora...
Aqui fala do rompimento da aliança entre o Anticristo e o
povo de Israel, quando ocorrerá a morte das duas testemunhas.
Nessa época o Anticristo, através do Falso Profeta, fará parar
o sacrifício diário e instalará a abominação desoladora. Isso
acontecerá exatamente na metade do período, isto é, após três
anos e meio do início da Tribulação, quando faltará ainda a
segunda metade.
Verso onze - ... haverá ainda mil duzentos e noventa dias.
Aqui nós temos um período de trinta dias, além dos um mil
duzentos e sessenta dias que farão parte da septuagésima
semana. Esses trinta dias serão os dias da solidificação da
vitória de Jesus. Será um período intermediário entre o reinado
eterno e a derrota do trio satânico. Esses trinta dias,
acredito, são os dias do julgamento das nações. O julgamento
das nações ocorrerá logo a seguir do final da Tribulação.
219
Verso doze:- Bem-aventurado o que espera e chega até mil
trezentos e trinta e cinco dias.
Essa bem-aventurança é para o povo que passou pela grande
Tribulação. Um povo consciente da vitória, que vive na
esperança de alcançá-la. Esses um mil trezentos e trinta e
cinco dias seria:
- um mil duzentos e sessenta - dias da grande Tribulação
(do período da Angústia de Jacó).
- trinta - dias para o julgamento das nações.
- quarenta e cinco - dias para a implantação do reino
milenar.
E, a partir daí, teremos Jesus reinando em Jerusalém e nós
estaremos reinando com Ele.
A partir desse período teremos um reinado especial, cujo
rei será Jesus, cujos membros e assessores da Coroa, serão os
santos, bem-aventurados, participantes da primeira
ressurreição. A partir daí Jesus reinará durante mil anos,
cujo reinado se caracterizará por uma grande paz, será um tempo
de grande prosperidade, quando todas as leis naturais serão
alteradas. Sugiro a leitura do Livro de Escatologia, e do
Livro do Apocalipse, desse mesmo autor, a fim de se estudar
melhor esse aspecto.
Verso treze:- Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim;
pois descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para
receber a tua herança.
O Livro de Daniel não poderia finalizar de forma diferente.
Ele finaliza com a promessa a Daniel de que ele deve permanecer
fiel até o fim, quando morreria para descansar e receber a
promessa de participar da primeira ressurreição. - Te
levantarás para receber a sua herança, e participar da bem-
aventurança de reinar com Jesus durante os mil anos. Apocalipse
20.6.
Concluindo Daniel: Daniel foi um profeta que discutiu
profeticamente sobre:
a) A história universal com a indicação do final das
dispensações humanas.
b) A existência da ressurreição dos mortos, após o que se
seguirá o juízo de Deus
c) A existência de um período de grande Tribulação para
toda a humanidade, especialmente os judeus.
As profecias de Daniel possuem um ponto de ressonância e
seguem um padrão uniforme. Cada visão profética tem uma
ligação com a visão anterior, acrescenta novas informações e
sempre apontam para o fim dessa época humana.
No geral apresentam os impérios universais, com o governo
humano sempre subordinado a Deus e apontam para o fim desse
220
processo com a destruição total e definitiva do governo humano,
com a instalação do governo de Jesus, o qual será eterno.
A profecia inicia no capítulo dois com uma visão
panorâmica, escatológica e misteriosa de todo o sistema do
governo humano representado na estátua do sonho de
Nabucodonosor que simboliza e representa o poderio gentílico,
mas que termina esmiuçada e espalhada se dissipando
completamente, enquanto que a pedra que a destruiu encheu e
ocupou toda a terra. Daniel 2.44,45.
Os capítulos três, quatro, cinco e seis são mais históricos
que proféticos e a profecia volta no capítulo sete onde lemos
novamente a repetição, sob outros aspectos, dos mesmos quatro
reinos já discutidos no capítulo dois. Aqui no capítulo sete
são enfocadas as características animalescas destes reinos.
Esse capítulo termina com o poder sendo entregue pelo Ancião de
dias ao Filho do homem e aos seus santos. Daniel 7.14.
Esse cenário diz respeito ao final do Milênio quando Jesus
receberá o reino de seu Pai, sem auxílio de mãos humanas, nem
interferência de homens.
O capítulo oito vem acrescentar detalhes às visões
anteriores, onde temos a visão do carneiro que representa o
império Medo-Persa e a visão do bode que representa o império
grego, onde se acrescentam em detalhes a partir do verso nove,
o período tipológico da grande Tribulação. Apresenta Antíoco
Epifânio, tipo do Anticristo, que atuou mais especificamente de
168aC a 165aC. Mas no verso vinte e três a profecia pula para
o final dos tempos com o rei de feroz cara (ARC) ou de feroz
catadura (ARA) que será derrotado sem auxílio de mãos humanas.
Daniel 8.23
No capítulo nove temos a importantíssima profecia das
Setenta Semanas de Daniel, que espelha o final dessa
dispensação. É uma profecia curta, de pouquíssimas palavras,
mas que resume o último período de setenta semanas sobre
Israel.
Vale comentar aqui que, desde o nascimento de Abraão, a fim
de constituir uma nação escolhida, Deus já determinara períodos
de setenta semanas sobre esse povo. Com isso quero dizer que
existiram outros períodos de setenta semanas sobre os
descendentes de Abraão, a saber:
1º - período - vai desde o nascimento de Abrão até as
tábuas da lei, no Sinai, quando Deus tinha um povo, mas não
tinha uma nação.
Abrão foi chamado aos setenta e cinco anos, e nasceu por
volta de 2111 a.C. Em Gálatas capítulo três versos dezesseis e
dezessete podemos ver a promessa de Deus a Abrão que foi
confirmada 430 anos depois com as tábuas da lei. Setenta e
221
cinco anos de idade de Abrão mais quatrocentos e trinta anos
depois, dão quinhentos e cinco anos.
Se Abrão nasceu em 2111, isto nos leva a 1606 a.C.
Uma coisa interessante é notar que Deus não conta o tempo
em que Israel está desviado. Deus não conta o tempo em que
Israel está sob disciplina e esse é o grande motivo do tempo de
Israel estar parado agora nesse intervalo da Igreja e só
voltará a ser contado após o seu Arrebatamento.
Ora nesse período de quinhentos e cinco anos Abrão ficou
fora do caminho traçado por Deus, desde o nascimento de Ismael
até ao nascimento de Isaque que são exatamente quinze anos. Se
fizermos quinhentos e cinco menos quinze, teremos quatrocentos
e noventa, o que constitui o primeiro período das setenta
semanas.
Veja que a trama de Agar foi criada por Sarai. Gênesis
16.1-14
2º período - Vai desde o Êxodo (monte Sinai) até o templo
de Salomão.
Esse período corresponde ao período em que Deus tem uma
nação, tem um povo escolhido, mas não tem uma casa onde ser
adorado. Nessa época eles possuíam o Tabernáculo de Moisés que
fora ditado e desenhado por Deus. Vede Êxodo capítulos 25 a
27.
Isso quer dizer que o Tabernáculo foi mantido durante toda
uma dessas dispensações.
A dedicação do templo de Salomão está em I Reis capítulo 8,
9.9
A consagração do templo de Salomão foi em 1005aC.
Esse período durou seiscentos e um anos, portanto cento e
onze anos mais que os quatrocentos e noventa.
Mas nesses seiscentos e um anos Israel foi cativo ou
tributário de:
a) Mesopotâmia oito anos - Juízes 3.8
b) Moabitas dezoito anos - Juízes 3.12-14
c) Cananitas vinte anos - Juízes 4.2,3
d) Midianitas sete anos - Juízes 6.1
e) Filisteus e Amonitas dezoito anos - Juízes 10.7,8
f) Filisteus novamente quarenta anos - Juízes 13.5
Somando todos são cento e onze anos, portanto, 601-111=490
que é o segundo período das setenta semanas.
Terceiro período - inicia na inauguração do templo e vai
até o início das Setenta Semanas de Daniel em 445 a.C.
Desde agora, com o templo já construído por volta 1005
a.C., até quatorze de Nisã de 445 a.C., época do início das
Setenta Semanas de Daniel, temos quinhentos e sessenta anos,
222
com uma diferença de setenta anos. Esse é o período do
cativeiro de Israel na Babilônia que deve ser subtraído dos
quinhentos e sessenta que dão os quatrocentos e noventa
proféticos sobre Israel.
Quarto Período - e último, corresponde às Setenta Semanas
de Daniel, que estão determinadas sobre Israel para pôr fim aos
pecados, expiar a iniquidade, extinguir a transgressão e trazer
a justiça eterna.
A razão de serem ―quatro‖ os períodos de setenta semanas, é
que ―quatro‖ na Bíblia é o número do homem ou da terra. O
conceito da semana de anos é do próprio Deus como se pode ser
em Levítico 25.8-11.
Assim nós temos no capítulo nove a profecia que encerrará a
época das transgressões, do pecado e da iniquidade, quando
Israel entrará na posse das bênçãos plenamente.
No capítulo onze, voltamos à Pérsia e à Grécia e dá
seqüência profética aos tempos interbíblicos, terminando
novamente nos juízos de Deus aplicados no período da grande
Tribulação, referido a partir do verso trinta e seis até o
final do capítulo doze.
Daniel é considerado o Apocalipse do Velho Testamento, e se
acha intimamente relacionado com o Apocalipse do Novo
Testamento, que foi dado a João na ilha de Patmos.
Textos de Daniel com correspondente no Apocalipse:
DANIEL APOCALIPSE
2.44 11.15 Reino de Deus
5.4 9.20 Idolatria
7.9 20.4 Os tronos
7.10 5.11 Milhares de anjos
7.13 1.7 Volta de Jesus
7.22 20.4 Julgamento dado aos Santos
7.25 12.7 Expressão tempo e tempos
8.10 12.4 Sobre as estrelas
8.26 22.10 Selvagem da visão
10.13 12.7 Miguel Arcanjo
12.1 7.14 Tribulação
12.1 20.15 Livro da vida
12.7 10 Juramento angelical
Daniel, cronologicamente, foi dos últimos profetas do Velho
Testamento, vindo depois dele apenas Ageu, Zacarias e
Malaquias. Foi contemporâneo de Ezequiel, e Jeremias, sendo
que já era jovem na época de Habacuque, que foi profeta em 606-
605 a.C durante o reinado de Joaquim, rei de Judá. Habacuque
foi contemporâneo de Jeremias, assim como também o foi
Sofonias.
223
Observando-se o capítulo 10,11, e 12 do Livro de Daniel,
podemos observar o cumprimento fiel de suas profecias no
período interbíblico; assim como ocorreu o cumprimento fiel dos
reinados posteriores a Daniel. Isso nos desperta para
acreditarmos que a Septuagésima Semana de Daniel, que ainda é
porvir, realmente virá da forma que foi profetizada, porque a
profecia é verdadeiramente fiel.
Daniel 12.9 - ...Vai, Daniel, porque estas palavras estão
encerradas e seladas até ao tempo do fim.
AMÉM