dancy.o conhecimento

Upload: kristin-simmons

Post on 13-Apr-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    1/9

    O conhecimento

    Jonathan Dancy

    2.1 A Descrio Tradicional

    A descrio corrente do conhecimento, em torno da qual todos os trabalhos recentes tm sidoelaborados, define o conhecimento como crena verdadeira justificada; defende que aconhece quepse e s se

    1p,

    2 acr quep,

    3 a crena de ade quep justificada

    !omo e"istem trs #artes nesta definio, ela chamada a definio tri#artida ou descrio

    tri#artida; define o conhecimento #ro#osicional, conhecimento de $que% #; no define o conhecimento#or trato como em &a conhece 'ames( nem o conhecimento do como, # e" conhecimento de comoandar de bicicleta, a no ser que se demonstre que estes se #ossam redu)ir a conhecimento*de*que

    A definio tri#artida tem atractivos bvios A #rimeira condio, que, se aconhece quep, entopverdadeiro $o que #ode ser lido como Kap*+p%, normalmente considerada esti#ulativa A seundacondio, que, se aconhece quep, ento acr quep$#odemos ler isto como Kap*+Bap%, m-nima, e aterceira, que, se a conhece que #, ento a sua crena de que p justificada $Kap*+JBap%, encontra*sea- #ara im#edir qualquer conjectura fortuita de ser considerada conhecimento no caso de a #essoaque conjectura ser suficientemente confiante #ara crer na sua #r#ria conjectura .ale contudo a#ena notar uma consequncia desta justificao da condio 3; ela que uma crena no eralmente considerada justificada #elo mero facto de ser verdadeira, #ois de outro modo a condio3 seria desnecess/ria 0e eu decidir, atirando uma moeda ao ar, qual o investimento que dar/ maiorlucro, e se vier afortunadamente, a verificar ter ra)o, su#omos que o valor da minha escolha talve)demonstrado #elo resultado, mas ela no justificada #or esse resultado; eu no tinha qualquerjustificao real #ara fa)er a escolha que fi) $od-amos alternativamente distinuir entre duas formasde justificao, antes e de#ois do acontecimento, e #assar a definio tri#artida em termos da#rimeira; mas ento a questo #assaria a ser se elas so realmente duas formas da mesma coisa%

    uais so os #roblemas da definio tri#artida oder*se*ia #ensar que a seunda condio insuficiente4 crer que # no to forte como ter a certe)a de que p, e #ara conhecer #reciso ter acerte)a, no a#enas crer

    A melhor ra)o #ara querermos aluma descrio de certe)a na nossa an/lise do conhecimento, ofacto de as #essoas se mostrarem, com ra)o, hesitantes em afirmaro conhecimento quando no

    esto bem certas 5sta hesitao #arece dever*se a alo acerca do que o conhecimento , e no e"istemaneira bvia de e"#lic/*lo se o conhecimento for como a conce#o tri#artida afirma que ele Assim, embora seja normalmente suerido que a noo de certe)a relevante #ara a an/lise deafirmaesde conhecimento, mas no #ara a an/lise do conhecimento em si $# e", in 6oo)le7,1893%, isto no nos dei"a qualquer hi#tese de e"#licar #orque que a certe)a deva ser requeridaantes de se #oder afirmar conhecimento quando ela no requerida #ara o conhecimento em si, i e,#ara a e"istncia daquilo que se afirma

    !omo vamos descobrir outras ra):es #ara rejeitar a definio tri#artida, no temos qualquer ra)o#ara a#rofundar aqui este #onto A moral a tirar a de que, se #retendemos dar uma descrio doconhecimento que no inclua uma e"incia de certe)a, a nossa descrio devia alures ter luar #araa noo de certe)a; se ela encara a certe)a como um requisito #ara uma afirmao de conhecimentotem de ser ca#a) de e"#licar nos seus #r#rios termos #or que motivo deveria ser assim

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    2/9

    as #or que haver-amos de ter relutenr7 est/ a ver televiso numa tarde de 'unho Assiste @ final masculina de 6imbledon e, nateleviso, c5nroe vence !onnors; o resultado de dois a )ero e &match #oint( #ara c5nroe noterceiro &set( c5nroe anha o #onto >enr7 cr justificadamente que

    1 acabei de ver c5nroe anhar a final de 6imbledon deste ano, e infere sensatamente que

    2 c5nroe o cam#eo de 6imbledon deste ano

    ?o entanto, as c

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    3/9

    3 aceitar os e"em#los contr/rios e alterar a an/lise tri#artida #ara os incluir em ve) de lheacrescentar o que quer que seja

    = restante #rende*se com a #rimeira via

    5m que #rinc-#ios de inferncia se baseiam estes e"em#los contr/rios = #r#rio ettier a#resenta

    dois ara que os e"em#los funcionem, deve ser #oss-vel que uma crena falsa continue a serjustificada; e uma crena justificada deve justificar qualquer crena que ela im#lique $ou que se creiajustificadamente que im#lique% 5ste Gltimo #recisamente o #rinc-#io da ocluso = j acimamencionado na discusso do ce#ticismo $12% ortanto, se #udssemos mostrar que = j falso, istoteria o du#lo efeito de destruir os e"em#los contr/rios de ettier bem como $#elo menos em #arte% o#rimeiro arumento c#tico oderia ser, contudo, #oss-vel construir novas variantes do tema ettierque no se baseiam na inferncia ou numa inferncia deste ti#o, como veremos a seuir, e sendoassim no h/ quei"as acerca do =H ou de outros #rinc-#ios que venham a ser muito eficientes

    Ima coisa que no #odemos fa)er rejeitar os e"em#los contr/rios de ettier como forjados eartificiais 0o #erfeitamente eficientes nos seus #r#rios termos as #oder-amos sensatamente#eruntar de que serve cansar o crebro a descobrir uma definio aceit/vel de &asabe quep( 0er/

    isto mais do que um mero e"erc-cio tcnico = que nos desconcertaria no facto de no conseuirmoselaborar uma definio @ #rova de #roblemas uitas das inGmeras disserta:es escritas em res#osta aettier do a im#resso de que res#onder a ettier uma es#cie de joo filosfico #rivado, que notem qualquer interesse a no ser #ara os joadores 5 no nos demonstrou afinal 6ittenstein que umconceito #ode ser #erfeitamente le-timo sem ser defin-vel, arumentando que no indis#ens/velque e"ista qualquer elemento comum a todos os casos de uma #ro#riedade $# e" casos deconhecimento% #ara alm do facto de serem casos $# e" de que so conhecimento% $!f6ittenstein, 18C8b, ## 1J*1K, e 1893, LL CC*J% 5nto o que que #oderia afinal de#ender do nosso"ito ou maloro #ara descobrir condi:es necess/rias e suficientes #ara o conhecimento

    0im#ati)o sob v/rios as#ectos com o tom eral desta quei"a, como de#ressa se tornar/ evidente =que me entusiasma na #rocura de uma res#osta a ettier a sensao de que talve) seja #oss-velencontrar uma descrio do que o conhecimento, que venha a ter um efeito substancial no que

    dissermos sobre a justificao em #artes ulteriores deste livro Msto #odia acontecer de duas maneirasou atravs da qualquer delas od-amos encontrar uma descrio do que o conhecimento, quebastasse #ara destruir atitudes c#ticas cruciais, e consequentemente confirmar a #ossibilidade dealumas das nossas crenas serem justificadas; a descrio que tento a#oiar no ca#-tulo 3 tem#retens:es neste sentido =u #od-amos tentar definir a justificao em termos de conhecimento ore"em#lo, #od-amos su#or que uma crena justificada se e s se em certas circunst

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    4/9

    justificada, mas recusarmo*nos a aceitar que eu sei que e"iste uma ovelha no cam#o $5ste e"em#lovem de !hisholm, 18JJ, # 1N9%

    Ima das r#licas #oderia ser que eu estou certamente a inferir que vejo uma ovelha no cam#o a#artir do meu conhecimento dos meus actuais estados sensoriais 5sta r#lica levanta vastos #ontoscontroversos; mas o ca#-tulo 9 contm um aturado arumento que di) que se e"iste alum

    conhecimento no*inferencial, %arte dele refere*se a outras coisas que no os nossos estados dossentidos * #orque no ento ovelhas, #or e"em#lo

    = seundo defeito o de que a suesto demasiado forte e #ode tomar*nos im#oss-vel conhecer oque quer que seja !omo veremos, um #erio de uma srie de res#ostas a ettier ?o caso #resente,todos ns sofremos de numerosas crenas falsas que tm alum #a#el dos nossos #rocessosinferenciais, e #ortanto nesta suesto nenhuma das nossas #resentes crenas justificadas contariacomo conhecimento

    ara eliminar estes defeitos temos de remover a referncia @ inferncia, e reforar a relaoes#ecificada entre as crenas falsas e as verdadeiras justificadas, que no devem contar comoconhecimento Deste modo #oder-amos sim#lesmente requerer uma ausncia de falsidade #ertinente

    Msto fuiria ao e"em#lo da ovelha no cam#o #orque eu #resumivelmente creio $falsamente% que oanimal que #osso ver uma ovelha ainda que esta crena no seja utili)ada em inferncia as comosuesto #arece mais atribuir um nome @ dificuldade do que resolv*la4 quais as crenas falsas quedevem ser consideradas #ertinentes

    Ima res#osta #oderia ser a de que uma crena falsa de $que% p #ertinente no sentido #retendido se,tendo o crente acreditado em ve) disso que, Fp, a sua crena de que qdei"aria de ser justificada?em todas as crenas falsas so #ertinentes neste sentido Alumas sero to remotas ouinsinificantes que o facto de uma #essoa crer nelas ou no seu contr/rio no teria qualquer efeitonaquilo que uma #essoa cr aqui or e"em#lo, entre as crenas em virtude das quais eu afirmoconhecer que ?a#oleo foi um rande soldado, #ode haver uma que falsa, mas que toinsinificante que a minha justificao em crer que ?a#oleo foi um rande soldado sobreviveria @minha mudana de o#inio nesse as#ecto #articular 0emelhante crena falsa no seria #ertinente no

    nosso caso #resente

    as a nova descrio defronta*se com dificuldades, que #odem ser ilustradas #or um e"em#lo0u#onhamos que eu es#ero que uma colea me d boleia #ara casa esta noite, mas que o carro delaest/ sem bateria; isto no constituir/ dificuldade, #orque o carro de um amio se encontraconvenientemente #erto com aluns cabos que #odemos utili)ar #ara #Or o carro dela a trabalhar!reio aora que ela me dar/ uma boleia esta noite, e esta crena justificada 0ei que ela me dar/uma boleia = requisito de no haver crenas falsas #ertinentes suere #lausivelmente que o facto deeu saber de#ende das outras crenas que #ossa ter as esta suesto levanta dificuldades 0e, #ore"em#lo, eu creio meramente

    1 que ela me dar/ uma boleia esta noite

    ode ser*me dado conhecer isto, mas se creio simultaneamente $em% 1 e

    2 que o carro dela no est/ sem bateria,

    no #osso, uma ve) que tenho uma falsa crena #ertinente as se, ao mesmo tem#o que creio em 1 e2, #or acaso tambm creio

    3 que o carro de um amio se encontra convenientemente #erto com cabos,

    ento esta crena a#arentemente ratuita torna de novo #oss-vel que eu saiba que terei uma boleiaois se tivesse acreditado no contr/rio de 2, a minha #rimeira crena no seria justificada, ano ser

    que eu tambm acreditasse em qualquer coisa como 3 arece, #ois, que a nossa #resente suestotem #or efeito que, o facto de eu ter ou no conhecimento de#ender/ vularmente das outras crenas

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    5/9

    a#arentemente ratuitas que #ossa ter >/ qualquer coisa de insatisfatrio nisto, e #reciso maistrabalho #ara defender a descrio contra quei"as deste ti#o

    Anla!ilidade " Re#o$a!ilidade

    Ima abordaem lieiramente diferente analisa os e"em#los contr/rios de ettier di)endo que surem

    #orque h/ alumas verdades que teriam destru-do a justificao do crente se ele acreditasse nelas $cfBehrer e a"son, 18C8; 0Pain, 18JQ% Assim, #or e"em#lo, su#onham que >enr7 tinha acreditado estara assistir a uma ravao da final de 6imbledon do ano #assado, tal como na realidade estava; nessecaso, a sua justificao #ara a sua crena de que # e, consequentemente, atravs do ! j, #ara a suacrena de que q, teria sido destru-da A suesto ento acrescentar uma quarta condio e"iindoque no haja nenhuma outra verdade tal, que o facto de >enr7 crer nela destru-sse a sua justificao#ara crer que q 5sta a suesto de revoabilidade; requeremos #ara o conhecimento que ajustificao seja irrevo/vel, i e, que a adio de outras verdades no a revoue

    Msto no im#licar/ que uma crena falsa no seja nunca justificada, uma ve) que a suesto a deque, embora alumas crenas sejam revoavelmente justificadas, requeremos a justificaoirrevo/vel #ara o conhecimento !ontudo, corre o #erio de tornar a #rimeira condio #ara o

    conhecimento $Kap*+p% redundante R como se uma crena falsa nunca #udesse ser irrevoavelmentejustificada dado que haveria sem#re aluma verdade $ainda que fosse a#enas a neao da crenafalsa% cuja adio destruiria a justificao as talve) isto seja uma fora da teoria e no umafraque)a, uma ve) que a nova an/lise quadri#artida #ossuir/ uma coerncia que antes faltava; forneceuma e"#licao na quarta condio daquilo que antes era inclu-do #or mera esti#ulao, que oconhecimento requer verdade

    ode afirmar*se que a suesto de revoabilidade fornece uma e"tenso do requisito anterior, de queno haja falsidades #ertinentes; olhamos aora #ara alm das #ro#osi:es de que o crente est/realmente convicto, #ara #ro#osi:es que teriam um efeito se se acreditasse nelas as esta e"tensono constitui uma vantaem real = ti#o de dificuldade com que de#ara a noo de revoabilidade,#ode uma ve) mais ser ilustrada #or um e"em#lo Assim, creio talve) que os meus filhos se encontramaora mesmo a brincar em casa no jardim, e tenho boas ra):es #ara esta crena !ontudo, sem que eu

    o saiba, um vi)inho foi at l/ de#ois de eu ter sa-do de casa esta manh #ara convidar as crianas #arairem #assar a manh a casa dele 5 se eu tivesse sabido isto, a minha justificao #ara crer que elasesto a brincar em casa seria anulada, #orque eu tambm creio que elas normalmente aceitam esseti#o de convites ?o entanto, a minha mulher tem estado #reocu#ada com a saGde de uma delas erecusou o convite 0aberei eu que os meus filhos esto a brincar no jardim em casa 0e a sua intuio que sim, sei, deve rejeitar o critrio de revoabilidade de acordo com o aora formulado 0e a deque no sei com base no facto de que se tivesse sabido do convite a minha justificao teria sidoanulada, tem o dever de dar uma descrio do #orqu $que eu desconheo% da verdade de que aminha mulher recusou o convite no conseuir restabelecer de alum modo o equil-brio De qualquerdas formas, a #ro#osta de revoabilidade tem de ser alterada

    = #roblema #arece residir, tal como residia em relao ao requisito de que no #ode haver falsidade#ertinente, na forma como novas crenas #odem ser acrescentadas #ouco a #ouco e destruir ajustificao e"istente, ao #asso que e"istem ainda outras verdades @ es#era em fundo #ara anular oelemento anulador rimeiro queremos #eruntar se, seja como for, no #rov/vel que e"ista sem#realuma verdade que, se s ela fosse acrescentada e todas as outras e"clu-das, anulasse a minhajustificao esmo que isto no acontecesse sem#re, acontecer/ #or certo com frequncia suficiente#ara que o alcance do meu conhecimento seja consideravelmente redu)ido, e isto em si j/ umaes#cie de objeco 5m seundo luar, #recisamos de encontrar uma maneira de contradi)er o modocomo a adio #ouco a #ouco de outras verdades #arece liar*me e de#ois desliar*me doconhecimento

    oder-amos conseuir reali)ar a seunda tarefa alterando a nossa descrio de revoabilidade deforma a que, em ve) de falarmos de aluma outra verdade $que #ouco a #ouco causou o #roblema daadio%, falemos acerca de todas as verdades sejam elas quais forem Assim #oder-amos requerer

    como quarta condio que a nossa justificao fosse mantida, mesmo quando todas as verdades soacrescentadas em simult

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    6/9

    seunda verdade acrescentada nea os #oderes anuladores da #rimeira as restam ainda #roblemas#ara esta nova noo de revoabilidade rimeiro, ao falar de acrescentar todas as verdades aomesmo tem#o, #arece que #ass/mos claramente ao dom-nio da fico !om efeito, teremos alumaconce#o adequada de &todas as verdades( 0eundo, #arece, #or este critrio, nunca teremos maisdo que a mais leve das ra):es #ara crer que conhecemos aluma coisa; #ois ao crer isto estamos a crerque, quando todas as verdades l/ estiverem, a nossa justificao manter*se*/, e #arece ser necess/rio

    muito mais #ara sustentar essa crena do que o que necess/rio #ara sustentar uma vular afirmaode conhecer

    %ia!ilidade

    Ima abordaem diferente desvia a nossa ateno da relao entre a #ro#osio afirmada comoconhecimento e outras crenas falsas que deviam ter sido verdadeiras ou outras verdades em que sedevia ter acreditado Soi #or ve)es suerido que uma crena verdadeira justificada #ode serconhecimento quando deriva de um mtodo fidedino $ver oldman, 18JC; Armstron, 18J3, ca# 13;0Pain, 18K1% ?o e"em#lo de ettier, >enr7 sabe de facto que a final de 6imbledon est/ a serdis#utada nessa tarde; esta crena verdadeira justificada deriva do mtodo seuro de ler os jornais,que esto normalmente correctos em relao a este ti#o de coisa ?o entanto, a sua crena de que qderiva nitidamente de um mtodo que menos que fidedino T*lo*ia indu)ido em erro neste #onto,se c5nroe tivesse sofrido um la#so moment

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    7/9

    Ima abordaem diferente revela a im#erfeio de >enr7 no caso ettier como devendo*se ao facto deas suas ra):es serem menos do que conclusivas 0e requerermos, #ara o conhecimento, que a crenaverdadeira justificada se baseie em ra):es conclusivas, todos os casos ettier, e na realidade qualquercaso em que o crente esteja correcto #or acidente, caem #or terra

    Todo o trabalho nesta abordaem deve centrar*se numa descrio #ersuasiva do que torna as ra):es

    conclusivas Ima suesto seria que, onde as crenas A* constituem ra):es convincentes #ara acrena ?, A* no #oderia ser verdadeiro se ? for falso Msto e"cluir/ os e"em#los contr/rios, mastornar/ tambm o *conhecimento um fenmeno raro na melhor das hi#teses = conhecimentoem#-rico, #elo menos, #arece aora im#oss-vel; no dom-nio em#-rico, as nossas ra):es nunca soconclusivas leste sentido

    Ima descrio mais fraca, que devemos a S DretsUe $18J1%, suere que as ra):es A* de alum #arauma crena ? so conclusivas se e s se A* no fossem verdadeiros se ? for falso isto mais fraco#orque di)er que A* no seria verdadeiro se ? for falso no o mesmo do que di)er que no#oderiam ser verdadeiros se ? for falso, como di) a descrio mais forte R to fraca que no chea afornecer um enu-no sentido de &conclusivo(, mas isto no im#orta randemente 5sta descrio maisfraca #arece*me #rometedora na sua abordaem eral, e a teoria que defenderei no ca#-tuloseuinte, distintamente semelhante as difere no facto de no falar de ra):es; e isto uma virtude#orque #arece de facto #oss-vel que deva haver crena justificada sem ra):es A minha crena de queestou a sofrer #ode talve) ser justificada, mas dificilmente se #ode di)er que eu a baseie em ra):esconclusivas ou outras ?o a baseio de forma aluma em ra):es

    A (eoria Casal

    A M oldman #ro#:e um com#lemento causal #ara a definio tri#artida $oldman, 18CJ% Imadianose inicial dos e"em#los contr/rios de ettier #ode ser a de que a#enas uma questo de sorteque a crena justificada de >enr7 seja verdadeira 5sta dianose no #ode #or si fornecer umares#osta adequada ?o nos #odemos limitar a esti#ular que no h/ sorte envolvida, #orque todos nsde#endemos da sorte at certo #onto or e"em#lo, o facto de o nosso mtodo de recolha de crenasfornecer aqui uma crena verdadeira em ve) de uma falsa, como #or ve)es fornece, ser/ unicamente

    uma questo de sorte quanto a ns 5 evidentemente que o facto de a sorte se encontrar sem#reenvolvida alures d/ tambm um #onto de a#oio ao c#tico as a dianose #ode suerir uma res#ostamelhor A suesto de oldman a de que, o que tornou crena verdadeira no caso ettier, no oque levou >enr7 a acreditar nela or conseuinte ele #ro#:e, como quarta condio #ara oconhecimento de que p, que o facto depdeveria causar a crena de ade quep Msto e"clui os casosettier #orque neles, o facto de a crena ser verdadeira, uma coincidncia ueremos que um elode liao entre crena e verdade im#ea que isto acontea, e um elo causal #arece #rometedor

    or atraente que seja esta abordaem, de#ara com dificuldades A #rimeira a de que #odemosconsiderar dif-cil su#or que os factos #ossam causar o que quer que seja; eles so decerto demasiadoinertes #ara que afectem o andamento do mundo, ainda que esse mundo seja um mero mundo mentalde crenas Afinal, o que so factos A #rimeira ideia que nos sure a de que os factos sosemelhantes, se no idnticos, a #ro#osi:es verdadeiras $o que e"#licaria a ra)o #ela qual noe"istem factos falsos% as #odero as #ro#osi:es verdadeiras causar aluma coisa !ertamente queos factos $ou as #ro#osi:es verdadeiras% reflectem o mundo mais do que o afectam As an/lises#revalecentes de causalidade #arecem justificadamente admitir a#enas acontecimentos e#ossivelmente aentes como causas 5m seundo luar, h/ um #roblema acerca do conhecimento dofuturo; a suesto de oldman #arece requerer que, ou temos um caso de causalidade retrrada$causando o futuro o #assado%, ou que o conhecimento do futuro im#oss-vel, uma ve) que as causasno #odem suceder*se aos seus efeitos Terceiro, h/ o #roblema do conhecimento universal, ou deuma forma mais eral do conhecimento #or inferncia A minha crena de que todos os homens somortais causada, mas no #elo facto de todos os homens serem mortais; se quaisquer factos ocausam, so os factos de este homem, aquele homem, etc, terem morrido 5 a morte destes homensno causada #elo facto de todos os homens morrerem $o que restauraria a an/lise causal, com umacausa intermdia%; mas todos os homens morrem #orque esses homens morrem $entre outros% !omo

    #ode, #ois, a an/lise causal mostrar que eu conheo que todos os homens morrem

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    8/9

    >/ res#ostas #ara estas cr-ticas, claro 5stamos mais habituados a falar de factos como causas do quea cr-tica #rimeira #ermite = facto de os filsofos no se terem ainda #ersuadido de com#reender aideia de que os factos #odem ser causas, no devia causar que ns e"clu-ssemos todo o recurso @causalidade do facto como filosoficamente infundado $A frase anterior um caso #ontual% Tambm aseunda cr-tica #oderia ser res#ondida com#licando a teoria ao #ermitir que os factos fossemconhecidos em casos em que facto e crena so efeitos diferentes de uma causa comum A terceira

    cr-tica, #arece, contudo, mais insubmissa A aceitao de que os factos #odem ser causas nomelhorar/ muito a nossa #redis#osio #ara su#or que os factos universais #odem causar crenasuniversais

    >/ as#ectos #rometedores na teoria causal, e a teoria que defenderei #ode de facto ser encaradacomo uma enerali)ao a #artir dela

    2.). O!ser#aes %inais

    As v/rias #ro#ostas anteriormente consideradas foram a#resentadas como se fossem adi:es @ an/lisetri#artida, admitindo que ettier mostrara que a an/lise fosse insuficiente as #odemos encontrarentre elas #elo menos uma que #ode ser considerada como uma defesa directa da an/lise tri#artida

    ualquer #ro#osta que seja equivalente a uma nova teoria da justificao #ode conseuir mostrar quenos casos ettier as crenas verdadeiras #ertinentes no eram de todo justificadas 5 #od-amosconsiderar a teoria causal desta maneira A teoria causal #odia estar a di)er*nos que uma crena s justificada quando causada $directa ou indirectamente% #elos factos 5staria ento a ado#tar a via 1,conforme distinuida em 22 $Alumas vers:es da #ro#osta de fiabilidade tambm #odiam serencaradas a esta lu)% ovendo*nos desta forma, #artir-amos ento de uma teoria causal dajustificao; a teoria causal do conhecimento seria sim#lesmente uma das suas consequncias

    Ima forma #oss-vel de arumentar contra uma teoria causal da justificao seria afirmar que notemos qualquer arantia de que e"ista a#enas uma maneira de vir a justificar as crenas, e em#articular nenhuma ra)o real #ara su#or que qualquer maneira aceit/vel #ossa ser de alum modocausal, de forma que todas as crenas justificadas $de% que p devem ser causadas #or factos#ertinentes ?o queremos #or certo e"cluir @ #artida a #ossibilidade de que alumas crenas morais,

    #or e"em#lo, sejam justificadas, fa)endo*o a#enas #orque no queremos admitir a e"istncia defactos morais $se no o quisermos% 5 #oder-amos continuar a duvidar da e"istncia de factosmatem/ticos causalmente eficientes, sem querer com isso di)er que nenhumas crenas matem/ticas#ossam #or isso ser justificadas

    ais im#ortante, todavia, que a suerida descrio causal de justificao falsa #orque nea a#ossibilidade de uma crena falsa ser justificada Ima crena falsa de que pno tem qualquer factode que # a caus/*la 0 se #ode fuir a esta objeco encontrando uma descrio diferente dajustificao de crenas falsas da que a#resentada #ara verdadeiras as isso no #ode estarcorrecto A justificao deve ser a mesma tanto #ara crenas verdadeiras como #ara falsas, quantomais no seja #orque #odemos #eruntar e decidir se uma crena justificada $# e", uma crenaacerca do futuro% antes de decidirmos se verdadeira ou falsa

    5sta cr-tica dei"a em aberto a #ossibilidade de um ti#o diferente de teoria causal, nas linhas sueridasno final de 22 !om uma teoria causal do conhecimento e a tese de que uma crena justificada se es sendo verdadeira fosse conhecimento, #odemos dar uma descrio causal da justificao que no vulner/vel @ e"istncia de crenas justificadas falsas

    *eitra Adi'ional

    As disserta:es centrais na /rea so de ettier $18C3%, DretsUe $18J1%, oldman $18CJ% e 0Pain$18JQ%

    A discusso $e rejeio% talve) mais antia da definio tri#artida encontra*se no Teeteto de lato$lato, 18J3, 2N1 c*21Nd%

  • 7/21/2019 Dancy.O Conhecimento

    9/9

    A enorme dilincia recentemente erada #elos defeitos encontrados na descrio tri#artida meticulosamente analisada in 0ho#e $18K3%, com inGmeras referncias 5"istem evidentemente muitasabordaens e variantes de abordaens do #roblema ettier que no discuti, incluindo a do #r#rio0ho#e

    A maioria das disserta:es referidas no #resente ca#-tulo encontram*se coliidas in a##as e 0Pain

    $18JK%, que contm tambm uma introduo anal-tica da /rea

    richard $18CJ% fa) uma interessante e inovadora descrio das rela:es entre conhecimento, crena,certe)a e verdade

    Ima questo im#ortante que no discutimos se o conhecimento im#lica crena ara isto, cf Vin$18JJ%

    As disserta:es da autoria de ettier, richard e 6oo)le7 esto coliidas in hilli#s riffiths $18CJ%

    Fonte: http://www.esec-alberto-sampaio.rcts.pt/filosofia/dancy_conhecimento.htm

    Original: DA?!W, 'onathan $188N%, Epistemolo$ia Contempor+nea Bisboa4 5di:es JN, ## 38*9Q

    http://www.esec-alberto-sampaio.rcts.pt/filosofia/dancy_conhecimento.htmhttp://www.esec-alberto-sampaio.rcts.pt/filosofia/dancy_conhecimento.htm