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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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IDENTIFICAÇÃO

Autora: Maria Imaculada de Lourdes Lagrotta Mamprin

Orientadora: Vera Bahl de Oliveira

Estabelecimento: Olavo Bilac, C. E – E Fund Médio Normal

Ensino: Ensino Médio

Disciplina: Biologia

Conteúdo Estruturante: Mecanismos biológicos

Conteúdo Específico: Citologia

1-RECURSO DE EXPRESSÃO

Problematização do conteúdo

Chamada para recurso de expressão: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA

TRABALHAR ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

TÍTULO: IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO

DE BIOLOGIA

Texto

Ensinar é um ato que se concretiza se for realmente eficaz, se propiciar

situações onde os alunos encontrem subsídios para construir e reconstruir seu

conhecimento.

Segundo Mortimer (2000, p. 36) “a aprendizagem se dá através do ativo

envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento, e as idéias prévias

dos estudantes desempenham um papel fundamental no processo de

aprendizagem, já que essa só é possível a partir do que o aluno já conhece”.

Neste sentido, o estudante deve ter oportunidades de participar

ativamente do processo de ensino-aprendizagem. Verifica-se, em diferentes

pesquisas, que o ensino passa a ser mais significativo a partir do momento que

permite a participação ativa do estudante, como nas atividades experimentais.

Verifica-se que as atividades experimentais são importantes e podem

tornar-se interessantes e desafiadoras e quando bem conduzidas levam os

alunos a uma aprendizagem significativa. Para que isso se torne realidade,

precisam sofrer modificações na forma com que vêm sendo desenvolvidas.

À medida que replanejamos as atividades de ensino, incluindo as

experimentais e as integramos ao contexto da Ciência, elas se transformam em

algo interessante que atrai o aluno, e este se vê motivado na busca do

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conhecimento. Neste contexto, os alunos são solicitados a levantar hipóteses

sobre seu objeto de estudo, confrontá-las com o que está sendo observado e

com outras explicações existentes, processo este que gera a necessidade de

buscar informações que embasem seus argumentos, possibilitando a escolha

desta ou daquela explicação ou sobre este ou aquele modelo.

De acordo com as DCEs do Estado do Paraná “[...] a experimentação

deve ter como finalidade o uso de um método que privilegie a construção do

conhecimento [...], [...] os experimentos são o ponto de partida para

desenvolver a compreensão de conceitos ou a percepção de sua relação com

as idéias discutidas em sala, de modo a levar os alunos a aproximarem teoria e

prática e, ao mesmo tempo, permitir que o professor perceba as dúvidas de

seus alunos” (2006, p. 30-41).

Dentre as várias divisões da Biologia, a Citologia foi escolhida porque se

relaciona ao estudo da célula, conteúdo que apresenta um certo grau de

dificuldade para os alunos, embora represente um conceito essencial para a

compreensão da disciplina.

Segundo Morandini e Bellinello (1999) “O estudo da Citologia é

fundamental para a compreensão de qualquer processo biológico, uma vez que

todos os fenômenos vitais ocorrem na célula.”

Normalmente iniciamos este conteúdo através do conceito já elaborado

de célula como sendo a unidade morfofisiológica da maioria dos seres vivos.

Segundo Soncini e Castilho Jr. (1991, p. 51- 54) “Conceber a célula como

unidade estrutural e funcional do organismo e dos seres vivos requer o

entendimento da sua dinâmica, da alta complexidade dos processos

metabólicos e estruturais. [...], [...] Este conteúdo representa a forma mais

complexa do fenômeno vida, exigindo que se tenha um nível de abstração mais

elaborado para compreender as intrincadas relações que ocorrem a nível

celular.”

Trazer à tona os elementos que explicitem este processo implica

propiciar ao aluno condições mais favoráveis para que ele compreenda o

conceito de célula, por meio do confronto das explicações ou hipóteses

existentes sobre os fenômenos e processos que a integram, mediante a

proposição de um problema acerca do fenômeno a ser investigado. Todo este

processo culmina na explicitação de um modelo possível de ser conceituado.

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Ainda de acordo com Soncini e Castilho Jr (1991), torna-se necessário

que a seleção de conteúdos e a escolha de uma metodologia sejam coerentes

com os objetivos propostos, a partir da compreensão de que a Biologia é uma

ciência que interpreta fenômenos da natureza e, portanto, opera com modelos

construídos no tempo e no espaço. Sob este viés, é vital desenvolver a

capacidade de síntese, análise, transferência etc., que leva à apropriação do

conhecimento, o qual se traduz no incremento da autonomia.

Sendo assim, o presente trabalho torna-se oportuno por possibilitar

uma reflexão sobre o fazer profissional dos professores de Biologia, face à

utilização de atividades experimentais como possibilidade de otimização da

tarefa educativa.

REFERÊNCIAS

BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil. São Paulo: Ática, 1998.

CARRASCOSA, J. GIL PEREZ, D. VILCHES, A. VALDÉS. Papel de la

actividade experimental en educación cientifica. Cad. Bras. Ens. Fis., v.23,

n. 2:p. 157-181, ago. 2006.

CARVALHO, A. M...[et al]. Ciências no Ensino Fundamental: o conhecimento

físico. São Paulo: Scipione, 1998 – (Pensamento e ação no magistério).

CHARLOT, B. Da relação com o Saber: elementos para uma teoria. Porto

Alegre: Artmed, 2000.

GARCÍA, S. MARTÍNEZ LOSADA, C. Y MONDELO ALONSO, M. Hacia la

innovación de las actividades praticas desde la formación del

profesorado. Enseñanza de las Ciencias, 16(2), p. 353-366, 1998.

HODSON, D. Hacia um enfoque más critico del trabajo de laboratório.

Enseñanza de las Ciencias, v. 12,n.3, 299-313, 1994ª.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Bilogia. 4 ed. São Paulo: Ed. USP,

2004.

MORANDINI, C. BELLINELLO, L. C. Biologia: volume único. São Paulo: Atual,

1999.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa. Brasília: Ed. UNB, 1999.

MORTIMER, E. F. Linguagem e formação de conceitos no ensino de

ciências. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 · unidade estrutural e funcional do organismo e dos seres vivos requer o entendimento da sua dinâmica, da alta complexidade dos processos metabólicos

SEED. Diretrizes Curriculares de Biologia para a Educação Básica.

Curitiba, 2006.

SONCINI, M. I. CASTILHO Jr. M. Biologia. São Paulo: Cortez, 1991

TAPIA, J. A. FITA, E. C. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz.

5 ed. São Paulo: Loyola, 2003.

2- RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO

2.1 INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

TÍTULO: Mudanças necessárias à compreensão do processo ensino-

aprendizagem em um contexto participativo

Texto

A importância das atividades experimentais no ensino de Biologia é

praticamente inquestionável. Porém, independente do lugar onde são

realizadas, deve-se propiciar condições para que tenham como resultado uma

aprendizagem significativa.

Precisamos descaracterizar os roteiros destas atividades das

tradicionais “receitas de bolo” que pouco contribuem para um processo efetivo

de aprendizagem.

No cenário que se descortina atualmente nas nossas escolas, faz-se

necessária uma mudança na prática pedagógica. Ao abordarmos o aspecto

das aulas práticas, surge o seguinte questionamento: como replanejar as

atividades experimentais para que estas deixem de ser simples “receitas” a

serem seguidas?

Exemplificativamente, quando estudamos a célula sob o ponto de vista

morfológico, observamos a variedade de formas que esta pode apresentar, tais

como: cúbicas, estreladas, esféricas, cilíndricas, etc.

Na maioria das células, a forma mantém-se relativamente constante,

porém podemos encontrar no corpo humano células que alteram sua forma em

decorrência da sua função, por exemplo, os macrófagos e alguns tipos de

glóbulos brancos do sangue (os neutrófilos), que apresentam movimento

amebóide (por se assemelhar ao movimento das amebas).

Tomando por base as afirmações acima, podemos propor para os

nossos alunos os seguintes questionamentos: 1) se as células mantêm sua

forma relativamente constante, por que ao fazermos uma compressão

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(mediana), por exemplo, em uma região qualquer do nosso braço, as células

não se arrebentam? 2) o que possibilita estabilidade da forma da célula?

Referências

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4 ed. São Paulo: Ed. USP,

2004.

LAURENCE, J. Biologia: Ensino Médio. Volume único. São Paulo: Nova

Geração, 2005

MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa. Brasília: Ed. UNB, 1999.

MOREIRA, M. L. DINIZ, E. S. O Laboratório de Biologia no Ensino Médio:

infra-estrutura e outros aspectos relevantes. Disponível em:

www.unesp.br/prograd/PDFNE2002. Acessado em: 02/04/07.

2.2 PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

TÍTULO: Citologia e suas interfaces

Texto

A Citologia abrange estudos da Biologia Molecular e da Bioquímica. A

Biologia Molecular é o ramo da ciência que estuda a estrutura das moléculas

que compõem as substâncias orgânicas e como elas funcionam. Une os

conhecimentos biológicos e bioquímicos para compreender a organização e o

metabolismo dos seres vivos. A Bioquímica ou citoquímica estuda os

componentes químicos da matéria viva e seus respectivos papéis biológicos

(AMABIS e MARTO, 2001; PAULINO, 2003).

A matéria viva caracteriza-se pelo equilíbrio de bilhões de íons e de

moléculas que constituem seu equipamento bioquímico. A análise química das

células de qualquer ser vivo revela a presença constante de certas substâncias

que, nos diversos organismos, desempenham fundamentalmente o mesmo

papel biológico.

Os componentes químicos da célula podem ser divididos em dois

grandes grupos: inorgânicos (água e sais minerais) e orgânicos (carboidratos,

lipídios, vitaminas, proteínas e ácidos nucléicos).

Ao abordarmos os componentes químicos da célula, estabelecemos a

interdisciplinaridade com o conteúdo estruturante matéria e natureza da

disciplina de Química, por se tratar da essência da matéria.

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De forma semelhante, estabelecemos a interdisciplinaridade com o

ensino de Língua Portuguesa que perpassa um complexo mundo dos

conhecimentos a partir da análise e compreensão de informações dispostas

sob as mais diferentes tipologias textuais. Assim, ao buscar as funções da

linguagem, verifica-se que a função Referencial faz-se presente toda vez que

um conteúdo de qualquer disciplina é trabalhado.

Ao explicitarmos aos nossos alunos a interdisciplinaridade com a

Química e com a Língua Portuguesa, favorecemos a conscientização de

diferentes disciplinas se complementam à medida que novos conhecimentos

são agregados, enriquecem assim, o nosso conteúdo de estudo.

Referências

AMABIS, J. M. MARTHO, G. R. Conceitos de Biologia. Vol.1. São Paulo:

Moderna, 2001.

MACHADO, S. Biologia para o Ensino Médio. Vol.único. São Paulo: Scipione,

2003.

MARCZWSKI, M. MARTIN, E.V. Ciências Biológicas. Vol.1. São Paulo: FTD,

1999.

PAULINO, W.R. Biologia. Série Novo Ensino Médio. Vol.1. 8 ed. São Paulo:

Ática, 2003.

2.3– CONTEXTUALIZAÇÃO

TÍTULO: Rumos históricos da Citologia

Texto

De acordo com Machado (2003, p.10) “Biologia é a ciência que estuda a

vida. Levantamentos históricos indicam que este ramo do conhecimento

humano desenvolveu-se a partir do século VI a.C., na Grécia antiga, com os

estudos do filósofo Alcméon, integrante da escola pitagórica de Crotona, que

se dedicou a procurar respostas às indagações do homem sobre a vida.

Alcméon elaborou a hipótese de que ”o homem se diferencia dos animais

porque pensa. O conhecimento sobre a vida vem sendo utilizado desde épocas

remotas.”

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Podemos identificar como marco histórico da Citologia a invenção do

microscópio por Hans e Zaccharias Janssen, em 1590, que possibilitou várias

descobertas sobre a célula.

Ainda conforme Machado (2003, p. 11) “A partir da segunda metade do

século XX, importantes descobertas da Biologia vêm sendo enunciadas [...] os

avanços da Biologia transformarão o modo de vida dos cidadãos, melhorando a

qualidade de vida”.

Dada a especificidade e importância atribuídas à Biologia, é essencial

que seu ensino privilegie as diferentes dimensões que constituem a

complexidade da vida humana, de forma contextualizada e dinâmica.

Contextualizar os conteúdos possibilita que o aluno saia da condição de

mero espectador e se transforme em agente ativo na construção do seu próprio

conhecimento, estabelecendo uma relação entre o que ele vivencia em seu

cotidiano e o que aprende em sua trajetória escolar. É primordial também que o

aluno compreenda que os conteúdos abordados estão inseridos em um

contexto histórico-social e cultural mais amplo.

Referências

MACHADO, S. Biologia para o Ensino Médio. Vol.único. São Paulo: Scipione,

2003

PAULINO, W.R. Biologia. Série Novo Ensino Médio. Vol.1. 8 ed. São Paulo:

Ática, 2003

3- RECURSOS DIDÁTICOS

3.1 SÍTIOS

Título: Super site da web

Disponível em (endereço web): http://supersitesdaweb.com/biologia.htm

Acessado em: janeiro/2008

Comentários: Site com informações sobre vários temas da Biologia,

disponibiliza filmes para download.

Título: Biologia Celular - Citologia

Disponível em: www.mundosites.net/biologia/biologiacelular.htm

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Acessado em: dezembro/2007

Comentários: Neste site encontramos informações sobre Biologia celular,

célula (divisão celular, organelas), bem como um vídeo sobre o interior da

célula.

Título: Células

Disponível em: www.guia.heu.nom.br/celulas.htm

Acessado em: dezembro/2007

Comentários: Este site disponibiliza conteúdo sobre a célula e suas organelas.

3.2 SONS E VÍDEOS

Vídeo

Título: Célula

Produtora: Judy Brooks – BBC World Wild

Duração: 8’ 33’’

Local da publicação: Inglaterra

Ano: TV Escola 2001

Disponível em (endereço web):

Sinopse: Este vídeo descreve a célula e seus componentes

Comentário: É um vídeo que enfoca com clareza a célula, suas partes,

salientando as características das células vivas, quais são seus componentes e

como interagem para a manutenção da vida.

Áudio

Título da música: Muros e Grades

Executor/interprete: Humberto Gessinger, Augusto Lesks, Carlos Maltz –

Engenheiros do Hawaii

Título do CD: Várias variáveis

Número da faixa: 9

Nome da gravadora: BMG

Ano: 1991

Disponível em (endereço web):

http://www2.uol.com.br/engenheirosdohawaii/discos/varias.shtm

Local: Rio de Janeiro

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Texto: Muros e grades

Engenheiros do Hawaii - Muros e Grades

Humberto Gessinger E Augusto Licks

Nas grandes cidades do pequeno dia-a-dia

O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia

Então erguemos muros que nos dão a garantia

De que morreremos cheios de uma vida tão vazia

Erguemos muros...

Nas grandes cidades de um país tão violento

Os muros e as grades nos protegem de quase tudo

Mas o quase tudo quase sempre é quase nada

E nada nos protege de uma vida sem sentido

O quase tudo quase sempre é quase nada...

Um dia super

Uma noite super

Uma vida superficial

Entre sombras

Entre as sobras

Da nossa escassez

Um dia super

Uma noite super

Uma vida superficial

Entre cobras

Entre escombros

Da nossa solidez

Nas grandes cidades de um país tão irreal

Os muros e as grades

Nos protegem de nosso próprio mal

Levamos uma vida que não nos leva a nada

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Levamos muito tempo prá descobrir

Que não é por aí...não é por nada não

Não, não pode ser...é claro que não é

¿Será?

Meninos de rua, delírios de ruína

Violência nua e crua, verdade clandestina

Delírios de ruína, delitos & delícias

A violência travestida faz seu trottoir

Em armas de brinquedo, medo de brincar

Em anúncios luminosos, lâminas de barbear

Um dia super

Uma noite super

Uma vida superficial

Entre as sombras

Entre as sobras

Da nossa escassez

Um dia super

Uma noite super

Uma vida superficial

Entre as cobras

Entre escombros

Da nossa solidez

Viver assim é um absurdo, (como outro qualquer)

Como tentar o suicídio (ou amar uma mulher)

Viver assim é um absurdo (como outro qualquer)

Como lutar pelo poder (lutar como puder)

Comentário:

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O título da canção é emblemático de uma das grandes preocupações da

sociedade pós-contemporânea: a falta de segurança que aflige moradores de

todas as classes sociais, em pequenas ou grandes cidades.

Ao longo dos versos que compõem o texto musical, pode-se entrever a

necessidade crescente de proteção no sentido material, mas que deixa os

indivíduos entregues a uma vida vazia, superficial, sem sentido.

Trazendo o texto em análise para a abordagem sobre o estudo da célula, é

possível estabelecer uma analogia entre a função da membrana plasmática, a

qual separa os meios intra e extracelular, tendo como finalidade central a

regulação das substâncias que entram e saem da célula, com a situação

expressa pelo verso “Os muros e grades que nos protegem de quase tudo”.

3.3- PROPOSTA DE ATIVIDADES

TÍTULO: Atividade de investigação do citoesqueleto

TEXTO:

Para possibilitarmos aos nossos alunos a construção do próprio

conhecimento, sugere-se que esta atividade se inicie com a proposição de um

problema a ser investigado, isto é, propor os alunos os seguintes

questionamentos: 1) se as células mantêm sua forma relativamente constante,

por que ao fazermos uma compressão (mediana), por exemplo, em uma região

qualquer do nosso braço as células não se arrebentam? 2) o que possibilita

estabilidade da forma da célula?

À medida que os alunos vão propondo suas hipóteses, devemos

estimulá-los a explicar as suas possíveis maneiras de comprová-las. Como

possíveis estratégias de solução deste problema, podemos sugerir:

1) uma investigação, na qual o aluno construirá o seu Referêncial teórico

acerca da composição do citoesqueleto e da membrana plasmática. A partir

desta investigação, o aluno terá condições de estabelecer relações entre a

forma da célula, o citoesqueleto e a membrana plasmática e entre o

citoesqueleto e os movimentos que a célula apresenta. Também será possível

identificar que as proteínas que formam o citoesqueleto também estão

presentes na constituição dos cílios e flagelos.

2) orientá-los na construção de um modelo de célula, que poderá

comprovar, reelaborar ou refutar suas hipóteses.

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A utilização de modelos de citoesqueleto revestidos por membranas

formadas pelo sabão possibilita condições de ampliar a percepção da forma

celular como uma característica dependente do citoesqueleto.

Deste modo, a realização da proposta contida neste estudo evidencia

que mesmo atividades simples e de rápida execução podem fornecer a

possibilidade para os alunos vivenciarem um processo analógico que propicia

um aprendizado real, significativo.

As analogias que podem ser tecidas a partir deste experimento podem

ser apresentadas pelos seguintes pares: bolha de sabão/membrana; palito de

pirulito e fio de nylon/citoesqueleto; forma da bolha/forma da célula.

Para uma melhor compreensão da analogia bolha de sabão/membrana,

é necessário que se tenha conhecimento sobre as propriedades dos sabões,

portanto sugerimos a leitura dos seguintes textos:

PULIDO, M. D. Sabões e detergentes. Disponível em:

http://quimicaet.v.10.com.br/textos/detergentes.pdf acessado em:

09/10/07WIKIPEDIA. Detergentes.Disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Detergente acessado em:09/10/07

DEBACHER, N. A. Bolhas de sabão e detergentes.

http://qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/bolhas_sabãohtml acessado

em:09/10/07.

Material necessário para a construção do modelo:

• Bola de isopor de 2 a 3 cm de diâmetro

• Palitos de pirulito

• Palito de churrasco

• Fio de nylon

• Cola para isopor

• Estilete pontiagudo.

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Figura 1 - Material a ser utilizado

Fonte: MAMPRIN, 2008

Procedimento:

• Faça um furo em cada palito de pirulito, próximo a uma das

extremidades, usando para isso o estilete pontiagudo aquecido;

• Faça furos pequenos e bem próximos na bola de isopor, para isso

use a extremidade pontiaguda do palito de churrasco;

• Nesses furos, fixe os palitos de pirulito com cola de isopor,

deixando para fora a extremidade que contém o furo;

• Passe o fio de nylon em cada um dos buracos dos palitos de

pirulito; quantas vezes for necessário para que se obtenha uma

trama bem fechada;

• Coloque água em um balde até o nível que possibilite o mergulho

total do modelo. A seguir, acrescente o detergente escorrendo

pela parede do balde, impedindo desta maneira a formação de

bolhas na superfície da água;

• Afunde lenta e totalmente o modelo na água com detergente;

• Retire lentamente e observe o que acontece;

• Anote suas observações e discuta com seus colegas;

• Responda: a que conclusões chegaram?

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Figura 2 – Resultado final do experimento

Fonte: MAMPRIN, 2008

Referências

LORETO, E. L. S. SEPEL, L. M. N. Atividades experimentais e didáticas da

Biologia Molecular e Celular. Cadernos de Biologia molecular e celular. 2

ed. ampl. e rev. São Paulo: SBG, 2003.

PULIDO, M. D. Sabões e detergentes. Disponível em:

http://quimicaet.v.10.com.br/textos/detergentes.pdf Acessado em: 09/10/07

WIKIPEDIA. Detergentes. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Detergente acessado em:09/10/07

DEBACHER, N. A. Bolhas de sabão e detergentes. Disponível em:

http://qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/bolhas_sabãohtml Acessado em: 09/10/07.

3.4- Imagens

Imagem

Comentário: Imagem do modelo em que a “bolha de sabão”,

representando a membrana plasmática, se amolda à estrutura do

citoesqueleto, representado pelos palitos de pirulito (microtúbulos) e pela

rede de nylon (microfilamentos).

Fonte: MAMPRIN, 2008

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4- Recurso de informação

4.1- Sugestão de leitura

Livros:

Título do livro: Biologia celular

Referência: MAILLET, M. Biologia celular. São Paulo: Santos, 2003

Comentários: Nesta obra, encontramos conteúdos mais aprofundados de

Biologia Celular, ilustrados por esquemas e fotomicrografias de fácil

entendimento.

Título: Bases da Biologia Celular e Molecular

Referência: DE ROBERTIS, E. M. F. & HIB, J. Bases da Biologia Celular e

Molecular. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

Comentários: É um livro sobre Biologia Celular e Molecular, que apresenta

uma linguagem clara e de fácil entendimento. Os temas são apresentados de

maneira concisa e didática, numerados, o que permite agilizar sua busca e

facilita a integração dos conteúdos.

Internet

Título: Laboratório de Imagem Biológica/ UFRJ

Disponível em: http://www.acd.ufrj.br/dhe/labmus.htm

Acessado em: janeiro, 2008.

Comentário: Trata-se de um sítio que disponibiliza um laboratório para

produção e divulgação de material didático ligado à imagem biológica de

diversos temas, principalmente histologia, citologia e embriologia. Traz ainda

um banco de imagens digitais de histologia.

4.2- Notícias

Jornal

Título da notícia: Cuidados com a pele: Como agem os raios solares.

Referência: Folha de Londrina – Folha Verão p. 4 = 14/01/08.

Texto:

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UVB

São os mais agressivos. Os raios ultravioleta B atingem as camadas da pele,

produzindo vermelhidão, queimaduras e câncer da pele. São os mais intensos

no verão.

UVA

Ocorrem da maneira uniforme durante todo o dia. Eles penetram mais

profundamente na pele, causam danos estruturais nas células que produzem e

renovam o colágeno e a elastina (responsável pela elasticidade da pele),

acelerando o envelhecimento. Produzem manchas e alergias. Também

contribuem para o câncer de pele.

Perigos

Os efeitos dos raios ultravioleta são tardios e cumulativos. Quanto mais cedo a

exposição ao sol sem proteção, maior a chance de envelhecimento precoce,

catarata e câncer de pele.

Como funcionam os filtros solares

Há dois tipos de filtros solares. Os químicos absorvem e convertem a radiação

ultravioleta numa forma de energia, como, por exemplo, o calor. Os físicos (ou

de barreira) são opacos, dispersam e refletem a radiação, evitando sua

penetração no organismo. Os autobronzeadores não substituem o uso de filtros

solares e estes devem ser usados diariamente em todas as partes do corpo.

Alguns produtos contidos nos filtros podem causar sensibilidade por contato e

reações alérgicas. É importante testá-los numa área do corpo e observar antes

de espalhar o produto. O bom protetor une os filtros físicos e químicos.

Tipos de pele e fator de proteção solar recomendado

O filtro deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicado a

cada duas horas após a entrada na água ou transpiração excessiva.

Tipo Fator

Pele clara, com sardas e olhos azuis 20 a 60

Pele clara, olhos azuis, verdes ou castanhos, 20 a 60

cabelos louros ou ruivos

Média das pessoas brancas ou morenas claras 15 a 30

Com cabelos e olhos escuros

Pessoas negras ou morenas 15 a 20

Fontes: Sociedade Brasileira de Dermatologia (sbd) GRAFFO Folha Arte

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Comentários: Neste texto, são abordados a ação e os efeitos dos raios UVA e

UVB, a proteção dos filtros solares e a relação entre os tipos de pele e o fator

de proteção solar recomendado.

Revista de circulação

Título da notícia: Façanha microscópica

Referência: BUCHALLA, Ana Paula. Façanha microscópica. Revista Veja.

Edição 2036 – ano 40 – nº 47. 28/11/07. p. 126-127

Texto

Medicina

Façanha microscópica

Pesquisadores americanos e japoneses conseguem fazer com que

células da pele voltem a ser células-tronco embrionárias

Anna Paula Buchalla

Duas equipes de pesquisadores, uma americana e outra japonesa,

anunciaram uma façanha que fornece mais um rumo aos estudos sobre o uso

terapêutico de células-tronco. Lideradas por James Thomson, da Universidade

de Wisconsin, e por Shinya Yamanaka, da Universidade Kioto, elas

conseguiram fazer com que células adultas da pele regredissem ao estágio de

embrionárias e depois se transformassem em neurônios e células cardíacas.

Existem dois grupos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. As

primeiras são retiradas de embriões, no estágio em que eles não passam de

um amontoado de células indiferenciadas entre si. As adultas, por sua vez, são

encontradas sobretudo no cordão umbilical e na medula óssea. Além de se

multiplicarem mais facilmente, as células embrionárias são muito mais

versáteis do que as adultas. Elas têm a capacidade de se transformar em

qualquer um dos 220 tipos de célula do organismo. Por isso, são a grande

esperança no tratamento de diversas doenças – problemas cardíacos,

derrames, diabetes, disfunções neurológicas e traumas na medula espinhal. Os

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estudos com as células-tronco embrionárias, porém, estão cercados de

questionamentos éticos. Usá-las em experiências significa matar embriões

humanos – o que, do ponto de vista religioso, representa um atentado à vida. A

princípio, esse entrave parece resolvido com o feito das equipes de Thomson e

de Yamanaka. Eles conseguiram identificar genes humanos capazes de

reprogramar o DNA das células da pele, convertendo-as em embrionárias, sem

que seja preciso matar embriões. Os resultados dos trabalhos americano e

japonês saíram nas revistas científicas Science e Cell, respectivamente.

Foi um trabalho árduo de tentativa e erro. Entre mais de 1.000 genes

com algum poder de reprogramar células, os pesquisadores descobriram que a

combinação de quatro deles tinha o poder de "ligar" e "desligar" totalmente

funções celulares – ou seja, de fazer com que uma célula adulta voltasse a ser

embrionária. No grupo dos japoneses, de cada 5.000 células de pele

inoculadas com os genes, chegou-se a apenas uma célula embrionária. No

caso dos americanos, essa proporção foi de 10.000 para uma. O passo

seguinte foi induzi-las a se metamorfosear em neurônios e células cardíacas.

As pesquisas de Thomson e Yamanaka foram comemoradas pelos

opositores do uso de embriões humanos como uma vitória consagradora. Entre

eles, o presidente americano George W. Bush e seus assessores mais

próximos. Há seis anos, para agradar aos cristãos fundamentalistas que fazem

parte de seu rebanho eleitoral, ele proibiu o financiamento governamental de

experiências com células-tronco embrionárias. Sua turma chegou a dizer,

inclusive, que os cientistas enveredaram por esse caminho – o de tentar

transformar células adultas em embrionárias – graças ao veto presidencial.

Seria o primeiro caso na história da humanidade em que a ciência recebeu um

impulso da censura. Bobagem, é claro. Cientista que se preza não evita

nenhuma linha de pesquisa. A tentativa de criar células embrionárias a partir de

adultas é um objetivo que esteve sempre presente nos estudos sobre o

assunto. O que se conseguiu, agora, foi passar da intenção à realidade – que,

enfatize-se, ainda está circunscrita aos laboratórios. A façanha de americanos

e japoneses também não significa o abandono dos experimentos com embriões

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humanos. Eles continuam permitidos, sem restrições, em dois países:

Inglaterra e Coréia do Sul.

Os estudos com células-tronco embrionárias já têm quase uma década,

mas persistem os problemas com sua manipulação. "Até hoje não se

conseguiu encontrar um mecanismo para controlar o ritmo com que elas

proliferam", diz a geneticista Lygia da Veiga Pereira. As células-tronco

embrionárias se multiplicam tanto e tão rapidamente que podem dar origem a

tumores malignos. E é aqui que reside o principal problema das técnicas de

reprogramação desenvolvidas por Thomson e Yamanaka. A transformação de

uma célula da pele em embrionária também requer uma série de alterações

genéticas sobre a qual não se tem nenhum controle. "Levará pelo menos uma

década para essa técnica começar a dar resultados em humanos, dentro de

parâmetros aceitáveis de segurança", diz Hans Dohmann, especialista em

células-tronco. Mas não há dúvida de que a Medicina deu um grande passo.

Um primeiro grande passo.

Comentários: O texto relata que pesquisadores americanos e japoneses

conseguiram a reprogramação celular, isto é, induzir a volta das células da pele

ao seu estágio embrionário e depois que se transformassem em neurônios e

células cardíacas. Aborda uma questão recorrente nos meios acadêmico e

científico, mas que interesse também á população mundial de forma geral, uma

vez que pode representar um avanço imensurável em diversas esferas da vida

humana.

Jornal on-line

Título da notícia: Descobridor de um método de induzir células tronco pede

regulamentação.

Referência: www.folha.com.br

Folha online – domingo, 20/01/08 – Ciência e Saúde – 09/01/08

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Texto:

Descobridor de método de induzir células-tronco pede regulamentação

da Efe, em Tóquio

O cientista japonês Shinya Yamanaka, que ficou famoso ao descobrir a

possibilidade de criar células-tronco sem a necessidade de empregar embriões,

pediu nesta quarta-feira que o uso desse método seja regulamentado em

função dos problemas éticos que ele pode gerar.

Durante uma conferência no Clube de Correspondentes Estrangeiros de

Tóquio, Yamanaka disse que seu método está livre de problemas morais

relacionados à destruição de embriões humanos e poderá ser usado, em um

futuro ainda não determinado, para o tratamento de doenças como o mal de

Parkinson e o câncer.

No entanto, a nova tecnologia, que foi apresentada em novembro,

oferece ferramentas para criar vida humana em laboratório, um avanço que

entra no campo da ética.

O pesquisador concordou com a “regulamentação” porque sua

descoberta pode ser usada para “fazer algo ruim”, dada a relativa simplicidade

da tecnologia necessária para seu desenvolvimento.

Yamanaka trabalha na Universidade de Kioto na criação de células-mãe

induzidas, que têm as mesmas funções que as células-tronco, mas os

cientistas não usam embriões humanos para gerá-las, ao contrário das

técnicas existentes até agora, que utilizam estes embriões e os destroem.

O pesquisador japonês emprega apenas células da pele humana, de

modo que desaparecem todos os problemas éticos que até agora travaram a

pesquisa com células-tronco em muitos países.

Comentário: Este texto aborda a questão ética sobre o método de induzir

células-tronco sem a necessidade do uso de embriões, apontando para a

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necessidade de se criar uma regulamentação a fim de que impeça a criação de

seres humanos em laboratório, possibilidade esta gerada por esta técnica.

Revista on-line

Título da notícia: O desbravamento do interior da célula

Referência: http://www.veja.com.br

Texto

O desbravamento do interior celular

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) estudam o

desenvolvimento de uma tecnologia capaz de mapear as estruturas internas

das células. O desafio não é, em si, uma grande novidade. A microscopia

eletrônica já permite a observação de organelas celulares de tamanhos

diminutos, da ordem de apenas alguns nanômetros (1nanômetro equivale a

0,000000001 metro). O problema é que as técnicas atuais exigem que as

células a ser analisadas sejam submetidas a um tratamento complexo, que

acaba por matá-las. O pulo-do-gato dos pesquisadores do MIT, liderados pelo

físico Michael Feld, é um método conhecido como interferometria, técnica que

analisa o modo como os raios luminosos atravessam a célula. A partir desse

levantamento, como em uma tomografia, é possível tirar fotografias de

diferentes ângulos de uma mesma célula – sem causar nenhum dano às suas

estruturas. Com essas fotos, os pesquisadores conseguem montar uma

imagem tridimensional da célula, o que facilita o seu estudo. Alguns integrantes

da equipe de Feld já começam a testar as aplicações práticas da técnica. Um

deles é o físico Gabriel Popescu, responsável por um estudo sobre as

alterações na membrana das hemácias, as células vermelhas do sangue, que

busca pistas de como ocorre a evolução de algumas doenças. Distúrbios como

o alcoolismo, por exemplo, reduzem a elasticidade da membrana das

hemácias.

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Comentários: O texto ressalta a importância do método desenvolvido pelos

pesquisadores liderados pelo físico Michael Feld, a interferometria, que

consiste na análise da maneira como os raios luminosos atravessam a célula,

permitindo o estudo da mesma sem lesionar qualquer uma das suas estruturas.

4.3- Destaques

Título: Destaques da ciência em 2007

Referência: http://ciencias.seed.pr.gov.br/modules/noticias/print.php?

storyid=63

20/01/08

Texto

Destaques da ciência em 2007

A Science elegeu, em sua edição desta sexta-feira (21/12), as dez

descobertas científicas mais importantes de 2007. Entre os principais feitos, a

revista destacou descobertas relacionadas à variação genética humana, à

reprogramação de células adultas e à origem dos raios cósmicos. Esta última

teve participação importante de pesquisadores brasileiros.

Segundo a revista, a comunidade científica se surpreendeu com uma

série de avanços nas pesquisas sobre o genoma humano que demonstram

existir uma diferença muito maior do que se imaginava entre o DNA de

diferentes pessoas.

“Por muitos anos temos ouvido sobre como as pessoas são idênticas

entre elas e até em relação a outros primatas. Mas, neste ano, avanços em

várias frentes levaram pela primeira vez a concluir que há uma grande

diferença entre os genomas de cada indivíduo”, disse o editor de ciências

físicas da publicação, Robert Coontz, que coordenou o processo de seleção

dos principais avanços do ano.

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“É um imenso salto conceitual que afetará a vida humana desde como

os médicos tratam as doenças até como nos vemos enquanto indivíduos”,

destacou.

Desde o seqüenciamento do genoma humano, os cientistas têm

mapeado pequenas variações no genoma humano, que tiveram papel-chave

em projetos de pesquisa em associação completa de genomas, realizados em

2007. Nesses projetos, pesquisadores compararam o DNA de milhares de

indivíduos com e sem doenças para determinar quais das pequenas variações

genéticas representam riscos.

Em segundo lugar entre os avanços científicos do ano, a revista apontou

a tecnologia de reprogramação de células anunciada em junho. Na ocasião,

pesquisadores do Japão e dos Estados Unidos criaram células-tronco

pluripotentes induzidas, a partir da pele de camundongos, que poderiam ser

utilizadas para produzir todos os tipos de tecidos do corpo. Em novembro, duas

equipes anunciaram o mesmo feito com células da pele humanas.

Em terceiro lugar, a revista indicou a pesquisa realizada no Observatório Pierre

Auger, na Argentina, que descobriu a proveniência dos raios cósmicos de alta

energia – um dos maiores mistérios da astronomia. A pesquisa, que teve

importante participação brasileira, sugere que os raios são emitidos a partir de

áreas do espaço onde existem núcleos galácticos ativos, isto é, galáxias com

buracos negros supermassivos em seu centro.

Em quarto lugar, a Science apontou a pesquisa que determinou a

estrutura do receptor Beta2-adrenérgico humano, que regula os sistemas

humanos internos ao carregar, pelo corpo, mensagens dos hormônios,

serotonina e outras moléculas. Esses receptores são alvo para medicamentos

que vão de anti-histamínicos a betabloqueadores.

Avanços na transição de óxidos metálicos ficaram em quinto lugar por

seu potencial para viabilizar uma nova revolução dos materiais. Em 2007, diz a

revista, equipes de cientistas utilizaram pares de óxidos para produzir

interfaces com uma ampla gama de propriedades magnéticas e elétricas

potencialmente úteis.

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Em sexto lugar, foi lembrado o trabalho de físicos teóricos e

experimentais que produziram o já previsto efeito Hall de rotação quântica, um

comportamento singular de elétrons que fluem por meio de certos materiais

submetidos a campos elétricos externos. Se esse efeito funcionar em

temperatura ambiente, ele poderá levar ao desenvolvimento de um novo

equipamento de computação “spintrônico” de baixa potência.

Em sétimo lugar, ficou a pesquisa sobre como células T que combatem

vírus e tumores se especializam para fornecer proteção imediata ou de longo

prazo. Os autores do trabalho descobriram que, quando se observa uma célula

T logo após sua divisão, dois tipos diferentes de proteínas são gerados em

pólos opostos da célula. De um lado, elas apresentam características de

“soldados”, e do outro de “células de memória”, que podem esperar por anos

para combater intrusos.

A revista lembrou ainda da pesquisa em síntese química que levou a

uma série de técnicas eficientes e econômicas para o desenvolvimento de

compostos farmacêuticos e eletrônicos.

Outro destaque foram estudos em humanos e ratos que sugerem que a

memória e a imaginação têm seu substrato no hipocampo, um centro crítico de

memória do cérebro. Os pesquisadores inferem que a memória no cérebro

pode rearranjar experiências passadas para criar cenários futuros.

A décima conquista lembrada pela Science tratou de inteligência artificial: a

solução do jogo de damas. Jonathan Schaeffer e seu grupo demonstraram que

o jogo termina empatado se nenhum dos dois participantes comete erros.

Os dez mais do ano da Science podem ser lidos por assinantes da revista em

www.sciencemag.com.

Fonte: Agência FAPESP

Comentário: Neste texto são relatados os dez principais avanços científicos de

2007 eleitos pela Revista Science. Dentre eles, estão a variação genética

humana, a reprogramação de células adultas, a origem dos raios cósmicos de

alta energia etc.

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4.4- Paraná

Título: Hospital Cardiológico Costantini é o centro de estudos de células-tronco

no infarto agudo.

Texto

Hospital Cardiológico Costantini é centro de estudos de células-tronco

no infarto agudo

Em setembro de 2006, Curitiba deu um importante passo na pesquisa

sobre o tratamento do infarto agudo do miocárdio com células-tronco. O

Hospital Cardiológico Costantini, na capital paranaense, recebeu um dos dois

primeiros pacientes a serem incluídos no estudo mundial – o outro foi incluído,

simultaneamente, no Rio de Janeiro. O Hospital Cardiológico Costantini é um

dos 33 centros escolhidos em nove estados e no Distrito Federal pelo

Ministério da Saúde para participar do maior estudo do mundo com células-

tronco em pacientes com doenças cardíacas, realizou o procedimento. O

paciente chegou ao Hospital Costantini com quadro de infarto agudo. Após os

primeiros socorros, ele foi submetido a uma bateria de exames que o indicaram

como paciente apto a participar dos estudos e aceitou ser incluído. “Foi um

momento histórico para o hospital e para a Medicina. Demos um passo muito

importante nos avanços da medicina cardiovascular, que poderá beneficiar

milhares de futuros pacientes”, observa o cardiologista Costantino Costantini,

diretor do Hospital Cardiológico Costantini. Uma equipe do hospital Pró-

Cardíaco, do Rio de Janeiro, centro-âncora dos estudos de células-tronco para

o infarto agudo do miocárdio, acompanhou todo o procedimento. De acordo

com o cardiologista deste hospital, André Luiz Silveira Soares, outro paciente,

também vítima de infarto agudo, foi incluído no estudo simultaneamente no

Pró-Cardíaco.

Iniciada em 2005, a pesquisa nacional sobre células-tronco no

tratamento de doenças cardiovasculares tem o objetivo de observar os efeitos

do implante em quatro tipos específicos de doenças cardíacas – cardiomiopatia

dilatada, doença isquêmica crônica, doença de Chagas e infarto agudo do

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miocárdio. O Hospital Cardiológico Costantini, que já possui pacientes no braço

do estudo da Cardiopatia Isquêmica Crônica, está também credenciado para

participar dos estudos com células-tronco relacionados ao infarto agudo do

miocárdio.

O credenciamento da instituição pelo Ministério da Saúde permite que,

conforme os critérios estabelecidos pela pesquisa, vítimas de infarto agudo

atendidos no Hospital Cardiológico Costantini – e que aceitem por vontade

própria participar dos estudos – façam parte deste momento histórico na

Medicina. “O objetivo do tratamento é mais do que salvar o paciente, mas

prolongar a sobrevida e a qualidade de vida após o infarto”, explica Costantino

Costantini Ortiz, diretor científico do hospital.

De acordo com as diretrizes do estudo randomizado, as células-tronco

deverão agir no músculo do coração que, afetados pelo infarto, têm sua

atividade principal comprometida. Para fazer circular o sangue pelo organismo,

o coração depende da força da contração muscular. Quando ocorre o infarto

agudo, parte do músculo cardíaco morre, levando a uma diminuição da força

de contração do coração, o que implica em insuficiência cardíaca. O grau de

insuficiência depende da extensão do músculo infartado. O paciente torna-se

fraco, sofre de cansaço, arritmia, entre outros problemas. A idéia é que as

células-tronco recuperem esse músculo inativo e façam com que o coração

recupere, de forma parcial ou total, a sua força de contração.

Passo a passo

Ao receber uma vítima de infarto agudo do miocárdio, a equipe do

Hospital Cardiológico Costantini, após os procedimentos de primeiros socorros,

informa sobre o programa e questiona se este paciente aceita participar do

estudo com células-tronco. Havendo interesse, ele é submetido a uma análise

rigorosa, que avalia seu quadro clínico para, só então, verificar se pode ou não

ser incluído nos grupo do estudo. O infarto deverá ter ocorrido em menos de

seis horas, o quadro de saúde precisa ser estável, o paciente não pode ter

doenças graves (como tumor e problemas hepáticos), deve ser maior de idade,

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não pode ter mais de três artérias comprometidas, entre outros critérios. Nesse

caso, ele assina um termo de consentimento e uma filmagem do coração

verifica se o índice de contratilidade do órgão é inferior a 40%. Se estiver

abaixo desse numero, significa que não está contraindo o suficiente para

bombear o sangue normalmente.

No quinto dia após a angioplastia – procedimento que, com o implante

de um pequeno stent (malha de aço recoberta com medicamento), libera a

artéria obstruída pelo coágulo, permitindo a passagem do fluxo sangüíneo –

realiza-se a punção de até 100 ml de medula óssea, de onde serão retiradas as

células-tronco do paciente.

O material é encaminhado ao laboratório celular. No Paraná, o

Costantini é o único centro de pesquisa que tem o laboratório junto ao hospital.

Em três horas de preparo, as células-tronco são isoladas. O laboratório recebe

do centro-âncora da pesquisa (no caso, o Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de

Janeiro) a orientação que diz se o paciente receberá as células-tronco ou

placebo. Esse procedimento faz parte da randomização do estudo – somente

metade do grupo de pacientes receberá realmente as células-tronco. A outra

metade será tratada convencionalmente. Nem o paciente, nem o médico

saberão que tipo de tratamento o paciente recebeu. Desta forma, é possível

fazer a comparação ao final do estudo e saber se os pacientes com células-

tronco reagiram melhor do que os demais.

Células-tronco

O paciente volta para o centro de hemodinâmica do hospital e passa

por um novo cateterismo. Desta vez, o cateter (sonda que entra na artéria

responsável pelo infarto) possui um balão com uma luz central. Ao insuflar no

interior da artéria, o balão obstrui o fluxo sangüíneo para que as células-tronco

sejam injetadas diretamente na área afetada pelo infarto agudo. “Desta forma,

reduzimos as chances do fluxo sangüíneo carregar as células-tronco para

outras áreas, o que implicaria em uma menor quantidade de células tronco no

músculo cardíaco infartado”, explica Costantini Ortiz. Este procedimento dura

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por volta de três minutos e, após algumas injeções, o paciente recebe cerca de

10 milhões de células tronco ou placebo, de acordo com o protocolo.

Como as células-tronco, em vez de se multiplicar têm a propriedade de

se transformar na parte que o organismo precisa, a expectativa é que, uma vez

implantadas na parte do coração afetada pelo infarto, elas passem a cumprir a

função que o músculo já não consegue mais ou que formem novos vasos

sangüíneos para melhorar a oxigenação do músculo do coração. “Assim,

esperamos que o coração deste paciente volte a ter a contratilidade necessária

para ter uma vida o mais próximo ao normal”, conclui o cardiologista. Todos os

envolvidos no estudo são acompanhados de perto durante o período de um

ano. Ao final dos seis primeiros meses, espera-se que já sejam visíveis alguns

resultados.

Independentemente de integrarem o grupo que receberá células-tronco

ou tratamento convencional, todos os que aceitarem participar do estudo terão

os melhores cuidados. “O stent implantado será o farmacológico, revestido com

medicamentos que reduzem sensivelmente o risco de reestenose –

reobstrução da artéria. Trata-se do que há de mais moderno na angioplastia

atualmente”, afirma o diretor científico do hospital.

O estudo

A pesquisa da qual o Hospital Cardiológico Costantini participa faz parte

do maior estudo com células-tronco no mundo, tanto pelo número de

instituições participantes quanto pelo volume de pacientes – 1,2 mil ao todo

para as quatro doenças específicas. Caso os resultados positivos sejam

confirmados, a expectativa é que, com o aumento da sobrevida e da qualidade

de vida do paciente, as vítimas dessas doenças tenham menos necessidade de

voltar ao hospital, além de reduzir o volume de medicamentos e tratamentos

posteriores. As doenças cardiovasculares são hoje as principais causas de

morte no país, responsáveis por 32% dos óbitos.

Referência: http://www.hospitalcostantini.com.br/noticias08.htm