da escola pÚblica paranaense 2009 · soluções e respostas inesperadas, que buscam construir um...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
O LÚDICO NO ENSINO DE UM MÓDULO DA GRAMÁTICA
BRECAILO, Aristides1
FOLTRAN, Maria José G. D.2
Colégio Estadual Ivanete Matins de Souza – Ensino fundamental, Médio e EJA.
Núcleo Regional da Educação área Metropolitana Norte.
RESUMO
O presente artigo analisa resultados de atividades que propõem o lúdico no ensino
de um módulo da gramática que trata dos substantivos. O objetivo dessas atividades
era desenvolver o interesse dos alunos acerca de um recorte da gramática do
português. Encaminho aqui essa experiência que pode servir de apoio pedagógico
para outros docentes. Para tanto, exponho o referencial teórico que deu suporte ao
módulo de atividade, bem como o plano de ação. O Resultado consiste numa
pesquisa ação, que é uma intervenção de pequena escala na situação real. A
preocupação desse tipo de trabalho é diagnosticar o problema e resolvê-lo. Assim,
buscou-se a intervenção com os docentes, a maneira como vivenciam o ensino da
gramática e a proposição de atividades. Tais atividades lúdicas foram relevantes
para a aprendizagem do educando e excelente material de apoio para os
educadores.
Palavras-chaves: Ludicidade. Gramática. Aprendizagem Escolar.
1 Professor da Educação Básica há 20 anos e pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa. Email: [email protected] Professora Orientadora IES – Doutora.
ABSTRACT
This article analyzes the results of the proposed recreational activities in teaching a
module of grammar that deals with nouns. The goal of these activities was to develop
students' interest about a cut of the grammar of Portuguese. I submit here that this
experience can serve as a pedagogical support for other teachers. For this, I explain
the theoretical framework that gave support to the activity module and the action
plan. The result is an action research, which is a small-scale intervention in the real
situation. The concern of this type of work is to diagnose the problem and solve it.
Thus, we sought to intervene with teachers, how they experience the teaching of
grammar and proposing activities. Such playful activities were relevant to the
student's learning and excellent support material for educators.
Keys-words: Playfulness. Grammar. School Learning.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta resultados de um trabalho desenvolvido no âmbito do
Programa PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Esse trabalho é
fruto de um projeto que tem por meta o trabalho de um módulo gramatical de forma
lúdica. O conteúdo escolhido foi a classe dos substantivos. Relato aqui os passos
que me levaram do projeto de pesquisa inicial à prática em sala de aula. O objetivo é
deixar a experiência registrada para que sirva de parâmetro a outros docentes.
O artigo é estruturado, tendo em vista as seguintes partes: a) o referencial
teórico, onde apresento concepções de aluno, escola, professor, bem como
conceitos importantes sobre a formação desse professor; b) questões relacionadas
ao conteúdo propriamente dito, como a gramática e seu ensino; c) a aplicação das
atividades bem como os resultados observados. Depois disso, encaminho minhas
conclusões.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O ALUNO
O aluno é o principal sujeito envolvido no ensino-aprendizagem, pois é com
base na sua necessidade educacional que nós educadores procuramos buscar
inúmeras estratégias de ensino para orientá-lo, a fim de garantir sua aprendizagem.
Juliatto (2007) coloca que os alunos são a razão de ser de toda a escola.
Eles ocupam o lugar de destaque, Por serem o objetivo e alvo da educação, a
escola só se justifica pela presença deles. Uma visão romântica e superficial dos
estudantes pode levar a escola a considerá-los todos iguais ou muito parecidos. Um
olhar mais atento a cada estudante, porém, leva o educador a descobrir que
dificilmente encontra turma realmente homogênea em todos os sentidos. A
heterogeneidade dos alunos é clara quanto à origem familiar, ao potencial
intelectual, às expectativas de cada um sobre a escola e a vida, assim como no
concernente aos problemas que os afligem.
2.2. A ESCOLA
A escola em sua amplitude assume um papel essencial para a formação do
indivíduo.
Abramovay (2004) salienta que a escola se constitui em um campo vasto,
plural e diversificado, marcado por uma série de dificuldades, ancoradas,
principalmente, nas precárias condições educacionais. Porém observa-se práticas,
soluções e respostas inesperadas, que buscam construir um outro tipo de história,
longe daquelas que reproduzem o fracasso e a descrença na educação. As escolas
estão enfrentando seus problemas, de um modo geral, de forma participativa e
flexível, com a existência de diversas atividades de integração multidisciplinar para
superar as dificuldades existentes.
Para Candau (2002), a escola passou a ser reconhecida como “instância
social” que tem a tarefa de favorecer a organização do pensamento das novas
gerações, de incentivar o compartilhar dos significados, o retraçar a história do
processo de construção do conhecimento, da cultura, da tecnologia, o compreender
e antecipar as transformações, cuja concretização requer participação concreta e
ativa em um projeto mais amplo de sociedade, que busque superar as formas de
exploração e de dominação vigentes.
Assim, impondo a concepção de escola como lugar de ensino e
aprendizagem e de enriquecimento cultural, coordenado e dinamizado por docentes,
que requerem padrões de gestões específicas, que privilegiem a articulação entre o
trabalho desenvolvido pela comunidade escolar e o da comunidade circundante, em
direção ao desenvolvimento de propostas pedagógicas consistentes com a
construção da qualidade da educação.
O papel das escolas está subordinado às diretrizes (rumos)
estabelecidas pela União e às normas do seu sistema de ensino (federal,
estadual, municipal). Dentro desse limite, cabe à escola:
- elaborar e executar sua proposta pedagógica (sua proposta de
desenvolvimento de ensino);
- administrar seus recursos humanos, materiais e financeiros;
- assegurar o cumprimento do ano-letivo e das horas-aula;
- supervisionar o trabalho docente;
- estabelecer meios de recuperação dos alunos com menor rendimento;
- promover a integração da comunidade com a escola;
- informar os pais e responsáveis sobre o desempenho do aluno e as
propostas pedagógicas da escola, art.12,I a VII, (Colombo e Welter, 2004,
p.32)
Conhecer o papel das escolas é fundamental para que se cobre medidas
educacionais em seu interior.
2.3. O PROFESSOR
Segundo Juliatto (2007), há dois tipos de professor: o professor instrutor,
que transmite conhecimentos ou facilita o processo de aprendizagem, e o professor
educador, que, além de ser instrutor, transmite valores aos seus alunos. Isso
pressupõe ir além da capacidade e de preparo intelectual, um nível elevado de
desenvolvimento humano.
O professor é o facilitador o processo de ensino e aprendizagem.
O docente participa da elaboração da proposta pedagógica e do plano de
trabalho da escola (art.13, I e II, e art. 14, I).
Cabe ao professo, além disso:
- cuidar da aprendizagem do aluno;
- estabelecer maneiras de recuperar o aluno de menor rendimento;
- participar do planejamento e da avaliação da escola;
- cumprir o ano letivo;
- participar das atividades de desenvolvimento profissional;
- colaborar na aproximação da escola com as famílias e a comunidade,
art.13, III a VI. (Colombo e Welter, 2004, p.33))
Ele é o facilitador do processo de ensino e aprendizagem.
2.4. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
O professor, como educador, precisa estar em constante evolução de
conhecimento, ou reciclagem, no sentido de buscar alternativas metodológicas para
o ensino em sala de aula.
Um tema central do debate sobre educação na atualidade é, certamente, a
formação dos professores.
Segundo Candau (2002), essa discussão vem sendo associada a aspectos
relacionados ao aluno e à escola, tal como a persistência do fracasso escolar,
explicada frequentemente pela oferta de um ensino dissociado das necessidades do
aluno, pelo alheamento da escola em relação aos problemas da comunidade em que
se insere.
Assim, em relação à formação do professor para o ensino da gramática, ele
deve ter claro qual é a sua função, não sendo desenvolvida tradicionalmente, de
forma conteudista, sendo assim necessária uma melhor formação metodológica.
2.5. A GRAMÁTICA E SEU ENSINO
Para Possenti , “saber gramática é saber dizer e entender frases” (Possenti,
1996, p.31).
Já para Travaglia (1996) a gramática é cheia de regras para o bom uso da
língua, especialmente daqueles que querem se expressar adequadamente.
Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Paraná, SEED
(2009), a gramática, com as mudanças no decorrer dos anos, não se deve privilegiar
o repasse e nomenclatura da gramática tradicional, mas sugere-se o ensino de
língua portuguesa por meio da leitura, oralidade e escrita.
O documento salienta ainda que o trabalho de reflexão linguística, a
gramática, deve ser realizada em seu uso.
... o que inclui morfologia, sintaxe, semântica e estilística; variedades
linguísticas; as relações e diferenças entre língua oral e língua escrita, quer
no nível fonológico-ortográfico, quer no nível textual e discursivo, visando à
construção de conhecimentos sobre o sistema linguístico.(SEED, 2009,
p.60)
Para vislumbrarmos melhor essas diferentes concepções, reproduzo o
quadro abaixo que resume, de um lado, a concepção de língua como uma estrutura
inflexível e, de outro a concepção de língua como interlocução discursiva:
Concepção de língua como sistema, estrutura inflexível e invariável.Fragmentação entre os eixos de ensino: as aulas de gramática não se relacionam necessariamente com as de leitura e de produção textual.Metodologia transmissiva, baseada na exposição dedutiva (do geral para o particular, isto é, das regras para o exemplo) + treinamento.Privilégio das habilidades metalinguísticas.Ênfase nos conteúdos gramaticais como objetos de ensino, abordados isoladamente e em sequência mais ou menos fixa.Centralidade na norma-padrão.
§
Ausência de relação com as especificidades dos gêneros, uma vez que a análise é mais de cunho estrutural e, quando normativa, desconsidera o funcionamento desses gêneros nos contextos de interação verbal.Unidade privilegiada: a palavra, a frase e o período.Preferência pelos exercícios estruturais, de identificação e classificação de unidades/funções morfossitáticas e correção.
fonte (Fonte: MENDONÇA, M. Análise Linguística no
Ensino Médio: um novo olhar, um outro objeto. In:
BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia (orgs.).
Português no ensino médio e formação do
professor. 2 ed. São Paulo: Parábola, 2006, p. 207).
Apud. SEED (2009)
Concepção de língua como ação interlocutiva situada, sujeita às interferências dos falantes.Integração entre os eixos de ensino: a AL é ferramenta para a leitura e a produção de textos.Metodologia reflexiva, baseada na indução (observação dos casos particulares para conclusão das regularidades/regras).Trabalho paralelo com habilidades metalinguísticas e epilinguísticas.Ênfase nos usos como objetos de ensino (habilidades de leitura e escrita), que remetem a vários outros objetos de ensino (estruturais, textuais, discursivos, normativos), apresentados e retomados sempre que necessário.Centralidade nos efeitos de sentido.Fusão do trabalho com os gêneros, na medida em que contempla justamente a intersecção das condições de produção dos textos e as escolhas linguísticas.Unidade privilegiada: o texto.Preferência por questões abertas e atividades de pesquisa, que exigem comparação e reflexão sobre adequação e efeitos de sentido.
O uso da gramática pode ser observado muito na escrita do aluno. Podemos
constatar isso nas orientações divulgadas pela SEED (2009):
Na prática da escrita, há três etapas interdependentes e
intercomplementares sugeridas por Antunes (2003) e adaptadas às
propostas destas Diretrizes, que podem ser ampliadas e adequadas de
acordo com o contexto:
• inicialmente, essa prática requer que tanto o professor quanto o aluno
planejem o que será produzido: é o momento de ampliar as leituras sobre a
temática proposta; ler vários textos do gênero solicitado para a escrita, a fim
de melhor compreender a esfera social em que este circula; delimitar o tema
da produção; definir o objetivo e a intenção com que escreverá; prever os
possíveis interlocutores; pensar sobre a situação em que o texto irá circular;
organizar as ideias;
• em seguida, o aluno escreverá a primeira versão sobre a proposta
apresentada, levando em conta a temática, o gênero e o interlocutor,
selecionará seus argumentos, suas ideias; enfim, tudo que fora antes
planejado, uma vez que essa etapa prevê a anterior (planejar) e a posterior
(rever o texto);
• depois, é hora de reescrever o texto, levando em conta a intenção que se
teve ao produzi-lo: nessa etapa, o aluno irá rever o que escreveu, refletir
sobre seus argumentos, suas ideias, verificar se os objetivos foram
alcançados; observar a continuidade temática; analisar se o texto está claro,
se atende à finalidade, ao gênero e ao contexto de circulação; avaliar se a
linguagem está adequada às condições de produção, aos interlocutores;
rever as normas de sintaxe, bem como a pontuação, ortografia,
paragrafação. (SEED, 2009, p.69 e 70)
As Diretrizes SEED (2009) apresentam quatro tipos de gramática:
• Gramática normativa: estuda os fatos da língua culta, em especial da língua
escrita. Considera a língua uma série de regras que devem ser seguidas e
obedecidas, regras essas do falar e escrever bem;
• Gramática descritiva: descreve qualquer variante linguística a partir do seu uso,
não apenas a variedade culta. Dá preferência à manifestação oral da língua;
• Gramática internalizada: é o conjunto de regras dominadas pelo falante, é o próprio
“mecanismo”;
• Gramática reflexiva: volta-se para as atividades de observação e reflexão da
língua. Essa gramática se preocupa mais com o processo do que com o resultado,
está relacionada com as atividades epilinguísticas.
Possenti (1996) e Travaglia (1996) citam esses quatro tipos de gramática,
mas Travaglia cita ainda mais:
• Gramática Internalizada ou Implícita: o indivíduo não tem conhecimento dela,
apesar de estar em sua mente permite que utilize a língua automaticamente.
Relacionando: no ensino da gramática, no trabalho da escola com a gramática e a
gramática de uso;
• Gramática Explícita ou Teórica: a gramática normativa e descritiva juntas;
• Gramática Contrastiva ou Transferencial: descreve dois ou mais línguas ao mesmo
tempo, os padrões de uma língua podem ser esperados pelos padrões de outro
língua. Esta gramática e a materna são úteis para mostrar diferenças e semelhanças
entre variedades: dialetos, regionais, oralidade e escrita, formal e coloquial, etc;
• Gramática Geral: compara as línguas para reconhecer fatos linguísticos. É uma
gramática de previsão de possibilidades gerais (língua humana possível);
• Gramática Universal: ela é comparativa, descreve e classifica os fatos observados
e realizados universalmente;
• Gramática Histórica: sequência de fases evolutivas. Fala sobre a origem do
Português, ou da língua portuguesa, ou do latim, elementos fonológicos e sintáticos,
além da formação vocabular. É mais para o ensino médio.;
• Gramática Comparada: responsável pelo estabelecimento das famílias de línguas,
descobrindo parentesco entre línguas aparentemente muito distanciados como o
latim e o sânscrito por exemplo.
E no ensino da língua o autor apresenta os tipos de gramática que são
relevantes para o estudo, são eles:
• Gramática Prescritiva: leva o aluno a substituir seus próprios conhecimentos de
atividades linguísticas;
•Gramática Descritiva: como funciona ou determina uma língua, pois ela existe não
só pela gramática descritiva, mas também para a normativa;
•Gramática Normativa: relacionada à padronização e à descrição de suas
variedades linguísticas;
•Gramática Produtiva: ajuda o aluno a entender o uso de sua língua materna de
maneira mais eficiente, aumentando o seu potencial para inúmeras necessidades de
uso, sendo elas estudadas pelos seus aspectos funcionais na constituição dos
sentidos, considerando o uso das quatro gramáticas definidas.
Mas antes de trabalhar qualquer tipo de gramática é necessário observar “a
concepção clara da língua e do que seja criança (na verdade um adulto, de maneira
geral” (Possenti, 1996, p.21).
Segundo o autor, não podemos dizer que as crianças ou adultos são
incapazes de aprender línguas, pois elas são complexas e eles aprendem no
convívio. O dicionário e as gramáticas são bons para conhecer aspectos da língua,
mas não os únicos meios.
Para Travaglia (1996), temos que ter em mente para que/por que/como se
ensina a gramática. Ela está sendo utilizada sem qualquer utilidade prática
2.6. O ENSINO E APRENDIZAGEM DA GRAMÁTICA
Segundo Castro (2010), o ensino e aprendizagem é aquele que se preocupa
com o desempenho tanto do professor ao ensinar quanto do aluno ao aprender.
Neste processo, constitui um desafio construir aprendizagens. Para a autora, o ideal
seria trabalhar com a ludicidade por meio de jogos através de perguntas e respostas
organizadas por regras.
Muitas são as queixas dos professores “os alunos não têm interesse em
aprender o que queremos ensinar”. Segundo Tapia e Fita (2006), esta queixa se dá
em função das áreas de estudo, dos níveis do sistema educacional e das
características socioculturais de quem aprende, entre outras variáveis.
O ensino de língua portuguesa requer um conjunto de ações, segundo as
diretrizes de educação do Paraná, de modo que os conteúdos possam receber
abordagens contextualizadas histórica, social e politicamente, fazendo sentido para
os alunos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo
com sua formação cidadã.
É fato que forma e conteúdo são complementares e que o conteúdo é melhor e mais
facilmente transmitido quando estamos atentos e cuidamos bem da maneira como
ele chega ao receptor final. A comunicação envolve o emissor – no caso, o professor
– e os receptores – aqui, os alunos. (Gikovate, 2001, p.60, 61)
Assim, ao selecionarmos os conteúdos, eles deverão fazer relações:
conteúdos básicos e conteúdos estruturantes, sem esquecer seu significado para o
aluno e sua realidade.
Temos que ter cuidado com os materiais que selecionamos para o trabalho
com os conteúdos. Para Travaglia (1996), o ensino tem sido prescritivo apegando-se
às gramáticas normativas. Isso se deve ao fato de a literatura clássica ser usada
como referencial de onde é retirada a maioria dos exemplos como “corretos e
“bons”. Há também uma concentração muito grande no uso da metalinguagem para
identificação e classificação dos elementos linguísticos, o que caracteriza um ensino
descritivo, de qualidade questionável. Assim, avançam-se anos com a insistência
dos mesmos tópicos gramaticais: classes de palavras e sua flexão; análise sintática
do período simples e composto acrescentando-se ainda noções de palavras e
regras, de regências e concordâncias, além de acentuação e pontuação. Sem
sentido na prática ou sem abordagem prática.
Para Possenti (1996), faz-se necessário um ensino em que se pratique a
leitura e a escrita, para que o ensino seja efetivado. Seu fracasso muitas vezes é de
ordem metodológica ou valores complexos.
A leitura nesse processo de ensino é importantíssima, porém percebemos
que nossos alunos não possuem o hábito da leitura, sendo necessária a intervenção
do professor para superar essa defasagem. Mas, devemos também nos preocupar
com novos métodos de ensino. Além de utilizar a leitura, devemos também inserir
atividades lúdicas no ensino da língua portuguesa.
Possenti (1996), ainda salienta que se aprende ao longo do processo, pois a
aprendizagem é constante, deve ser significativa, ou seja, por práticas significativas.
Ler e escrever são trabalhos essenciais no processo de aprendizagem. A escola tem
uma responsabilidade muito grande para atingir a aprendizagem de seu aluno. Cabe
a ela investir em projetos de leitura para que a criança tenha contato com a língua
escrita por ser padronizada, não se esquecendo também da motivação.
De acordo com Tapia e Fita (2006), a motivação possui um papel importante
na aprendizagem. Já no início da aula, o professor deve motivar seus alunos,
despertando sua curiosidade e interesse, mostrando a importância do que vão
aprender. Tudo isso implica conceitos de aprendizagem: formulação de metas
(planejamento e programação); conhecimento do estado inicial do aluno
(desenvolvimento intelectual); modelo de aprendizagem (procedimentos da
psicologia da aprendizagem); modelo de ensino (atividades de ensino; metodologias,
motivação); modelo de avaliação (controlar o estado inicial, seu estado final e
processos que o levam a outros, permitindo controlar e melhorar processo e
resultados).
São necessários elementos que nos ajudem na aprendizagem de nossos
alunos, saindo do tradicionalismo.
Segundo Gikovate (2001), um dos ingredientes da personalidade do
educador que salta aos olhos da platéia é o fato de ele ser verdadeiro, consistente,
de saber sobre o que está falando e acreditar no que está dizendo. A autoconfiança
cresce à medida que ele se expõe aos seus alunos, de sorte que o seu crescimento
se faz pelo ato de ensinar. Devemos empolgar os jovens e transmitir-lhes o prazer
por aprender e o quanto isso pode lhes ser útil para a vida pessoal. A interação é
riquíssima: ensinar e aprender; alimentar o outro é se sentir alimentado; dar é
receber. A troca que se estabelece é de uma riqueza humana rara.
A motivação, a interação e a empolgação são cruciais no nosso dia a dia, ao
trabalharmos nossos conteúdos em sala. Mas precisamos muito é de elementos
lúdicos nesse processo de ensino e aprendizagem, utilizando assim a criatividade de
nossos educadores.
Segundo Kraemer (2008), o professor precisa buscar novas alternativas para
auxiliar a criança a acompanhar as atividades escolares, incluindo atrativos capazes
de motivar o educando, com seus interesses, suas limitações e sua forma de viver,
sem perder de vista a qualidade de ensino e a adequação de conteúdos à realidade
em permanente evolução. O professor que adota em sua metodologia outros
instrumentos está criando automaticamente um agente motivador, está fazendo com
que a aprendizagem seja conduzida e encarada como meta a ser conquistada na
busca de prêmio maior, o conhecimento, fazendo da brincadeira um agradável
aprendizado e não somente um simples passatempo ou lazer.
E é isso que se pretendeu nesse projeto: trabalhar o lúdico no ensino de um
conteúdo considerado muito “chato” a gramática, especialmente as classes
gramaticais, trabalho importante desde que se faça uso na funcionalidade prática.
Muitos professores criticam o ensino da gramática por ser normativa, cheia
de regras e padrões, porém se esquecem que nosso vocabulário, seja oral ou
escrito, necessita dessa padronização. Porque é por meio dela que temos clareza
nas informações, imagine escrever por escrever, sem respeitar o uso de
determinado verbo, sua conjugação, os elementos coesivos, etc. Seria um texto sem
concordância, sem estrutura, sem sentido. Assim, devemos usar a gramática e seus
recursos na descrição da língua, seja oral ou escrita.
Segundo Perini (2005), no ensino de gramática devemos deixar entrever
métodos e evitar dar a impressão de que a disciplina é um conjunto de princípios
fixos e universalmente aceitos. Mas sabemos que se tem uma padronização e que a
mesma pode sim ser modificada.
Para Travaglia (1996), é importante que o aluno possa vir a dominar
efetivamente o maior número possível de regras gramaticais e a escola deve criar
condições para que o aluno aprenda, com metodologias que passa pela exposição
constante do aluno ao maior número possível de experiências linguísticas na
variedade padrão: leitura, oralidade, escrita, debate e interpretação. Podemos
ensinar o padrão sem estigmatizar e humilhar as formas populares, mas fazê-los
observar que há outra forma além da que eles já conhecem.
A melhor forma é fazer com que nosso aluno entenda o uso da gramática
aplicada, em que posteriormente fará suas modificações necessárias. Até porque
muitos de nossos escritores sabem e conhecem as regras, mas não usam o
português padrão.
(...) uma das finalidades do ensino da gramática é conscientizar o estudante de sua
língua, da língua que ele deve aprender a manejar, seja lendo, seja escrevendo. (...)
Mas é certamente necessário que eles cheguem a manejar a língua técnica e
jornalística, pelo menos como leitores. Uma exigência que a civilização faz do
homem moderno é que seja capaz de adquirir conhecimentos técnicos. (...) é
importante colocar objetivos mais realistas para o ensino da língua. (...) a gramática
seja uma descrição do português padrão tal como se manifesta na literatura técnica
e jornalística. (Perini, 2005, p.87, 88)
Devemos saber usá-la nos momentos a serem trabalhados na forma
padronizada, seja na literatura técnica ou jornalística, porém sem deixar de introduzi-
la nas frases, orações e períodos de diferentes literaturas.
Como trabalhar os conteúdos presentes na gramática? Esse é o objetivo
deste projeto, no qual se pretende usar o lúdico.
Mas antes do lúdico, Travaglia (1996) coloca três orientações
metodológicas:
• Gramática ao uso da língua: ensina a gramática para que os alunos possam usar a
língua com eficiência (escrever, falar, ler e ouvir), mas muitos autores questionam o
funcionamento da língua e se os alunos conseguem transformar o conhecimento
sobre a língua para seu uso;
• Uso da língua à gramática: há distinção entre o “ensino da língua” e ensina a
respeito da língua, questionando a eficácia das regras gramaticais normativas e
atividades de análises sintáticas e morfológica para ensinar a falar, escrever, ler e
ouvir, valorizando a idéia de que se aprende a fazer fazendo, perdendo-se a idéia de
sistema, gradação de dificuldade e de progressão da aprendizagem;
• Gramática do uso: com métodos e exercícios estruturais, realmente valorizando o
uso, a produção linguística e não a descrição.
A metodologia diferenciada é sempre produtiva. A depender da experiência
de cada envolvido poderá ser positiva ou negativa, mas são práticas pedagógicas
que devem ser usadas para superar as dificuldades de aprendizagens de nossos
alunos.
De acordo com Maluf (2007), pensar em prática pedagógica a partir de
atividades lúdicas nos conduz a pensar em mudanças significativas para o contexto
educacional. Devemos ter em mente os conteúdos e como ensinar para alcançar o
maior objetivo “aprender a aprender”. Considerando a brincadeira como estratégia
de ensino e aprendizagem, ou seja, o lúdico.
Para Castro (2010,) ao trabalhar com jogo é preciso ir além das teorias
porque ocorre um processamento intenso das informações.
Maurício (2010), afirma que brincar e jogar são indispensáveis para a saúde
física, emocional e intelectual, por meio dela se desenvolve a linguagem, o
pensamento, a socialização, a iniciativa e auto-estima.
O lúdico, segundo Maluf (2008), são atividades que propiciam a experiência
completa do momento, associando o ato, o pensamento e sentimento. A atividade
lúdica pode ser uma brincadeira, um jogo, um desenho, uma dança, ler, construir
coletivamente ou qualquer outra atividade que vise proporcionar interação, mas
deve-se ter em mente o tipo de atividade, a forma como será dirigida e vivenciada e
o porquê de sua realização. Sabe-se que todas as crianças que participam de
atividades lúdicas adquirem conhecimento e desenvolvem habilidades de forma
natural e agradável. Deste modo pretende-se usar atividades lúdicas no ensino da
gramática. Além do conhecimento em relação ao conteúdo, podemos obter vários
benefícios, tais como: assimilação de valores, aquisição de comportamentos,
desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, aprimoramento de habilidade,
socialização, entre outros.
Souza (2010) cita os seguintes tipos de jogos:
• Jogos de exercícios: fase sensório-motora, que objetiva a formação de
esquemas de ação, condutas, automatismo, necessário ao bom
desempenho do indivíduo;
• Jogos simbólicos: produção de conhecimento na escola;
• Jogos de regras: herda as duas estruturas dos jogos anteriores. São
jogos de regras de valor lúdico com ações contínuas, desenvolve a
noção de tempo, espaço, critérios de vitória e derrota, regulando as
ações recíprocas do indivíduo.
Todos esses devem ser inseridos no uso em sala.
Mas antes de pensar qual atividade lúdica desenvolver em determinado
conteúdo, é necessário fazer o que Tapia e Fita (2006) salientaram: que devemos
conhecer o estado inicial do aluno (desenvolvimento intelectual), para então elaborar
nosso plano de ação docente, dentro da realidade de nossos alunos. É importante
também observar o desenvolvimento cognitivo que nosso aluno se encontra.
Possenti (1996) também sugere que devemos identificar a situação de
aprendizagem que nossos alunos se encontram, para então dar continuidade ao
processo, pois o que já é sabido não precisa ser ensinado, pode e deve ser
ampliado.
Segundo Maluf (2008), Piaget acredita que o desenvolvimento mental dá-se
espontaneamente, a partir das potencialidades e da interação com o meio. O
processo de desenvolvimento é lento, ocorre por meio de graduações contínuas e
através dos seguintes fases:
• Sensório-motora (0-2 anos): a criança se transforma em alguém capaz de
organizar as atividades sensório-motoras em resposta ao ambiente, como
para alcançar um brinquedo, por exemplo, ou para sair de perto de um
estranho assustador. A fase é caracterizada pela prática e exploração dos
sentidos, passando para o pré-operatório;
• Pré-operatório (2-7 anos): o pensamento de uma criança, de acordo com os
padrões de um adulto, é ilógico e totalmente concentrado em si próprio. Ela
começa a usar símbolos para representar objetos, lugares e pessoas. Os
símbolos, imagens que representam algum objeto ou pessoa, são sensações
visuais, sonoros ou de toque invocadas internamente. Nas brincadeiras, uma
criança age de acordo com sua visão do mundo, usando um sistema de
símbolos para representar o que ela vê em seu ambiente, obtendo-se a fase
operatório-concreta;
• Operatório-concreta (7-12 anos): é tomada de consciência, operação de
reversibilidade, capacidade que é conseqüência das conquistas da etapa
anterior. A criança começa a ganhar a capacidade de pensar de maneira
lógica e entender os conceitos que usa ao lidar com o ambiente ao seu redor;
• Operatório-formal (a partir dos 12 anos): é o reconhecimento da realidade, a
partir da capacidade de gerar as possíveis hipóteses de solução confirmando-
lhes a validade por análise lógica.
Já em Vygotsky, segundo ainda a autora Maluf, o desenvolvimento cognitivo
é produto dos estabelecimentos sociais e sistemas educacionais, ou seja, a criança
compreenderá as coisas, dependendo das pessoas, que mostraram ações,
movimentos e formas de expressão.
Vygotsky valoriza o trabalho em grupo, ao contrário de Piaget, que considera
a criança como construtora do seu próprio conhecimento de forma individual. Mas
ambos concordam que é preciso compreender a ação do sujeito no processo do
conhecimento. Nas atividades lúdicas também acontecem todas as experiências
adquiridas pela criança, propiciando novas conquistas individuais e coletivas.
Pode-se dizer que o aluno vai construindo seu conhecimento de mundo de
modo criativo, lúdico, modificando a realidade com os recursos da sua imaginação,
sendo necessário o respeito, pois seu mundo é mutante e acaba oscilando entre a
fantasia e a realidade o que comprova os estágios de Piaget, pois nossos alunos de
5ª série estão entre os estágios operatório concreto e formal. São capazes de se
desenvolver plenamente. Então precisamos identificar o nível de aprendizagem que
possuem para iniciarmos o trabalho lúdico no ensino de partes da gramática.
Devemos privilegiar todos os recursos metodológicos para o ensino da
língua portuguesa, em seu aspecto gramatical ou linguístico, sem deixar de lado
também os interesses e necessidades dos alunos, pois os estudantes devem
aprender a se relacionar com o conhecimento de forma ativa, construtiva e criadora.
É necessário tomarmos cuidados com conteúdos e métodos, a partir das novas
relações e necessidades entre homem, conhecimento e trabalho.
3. O TRABALHO EM SALA DE AULA
A pesquisa realizou-se dentro da pesquisa-ação. Para Moreira e Caleffe
(2006, p. 89-90) “pesquisa-ação é uma intervenção de pequena escala no mundo
real e um exame muito de perto dos efeitos dessa intervenção”. O objetivo foi
verificar a situação real, na qual os docentes vivenciam o ensino da gramática,
especificamente um módulo das classes gramaticais, os substantivos (simples,
comum, concreto, abstrato, primitivo e derivado). De acordo ainda com os autores,
“a pesquisa-ação é situacional - está preocupada com o diagnóstico do problema em
um contexto específico para tentar resolvê-lo nesse contexto” (2006, p. 91). Essa foi
a intenção do projeto: verificar a situação real e tentar resolvê-la. Ou seja, verificar a
forma como os docentes, de 5ª série ensinam a gramática, classes gramaticais, em
sala de aula e desenvolver atividades lúdicas por meio de jogos com caça palavras,
cruzadinha, forca, dominó com perguntas e respostas, enfim, diversos jogos que
propiciem a formação das palavras para que os auxiliassem nesse processo de
ensino com a gramática.
A exposição desse assunto, inicialmente, foi durante o GTR, onde
participaram vinte e cinco professores e apenas quatorze concluíram.
Posteriormente, no momento da implementação do projeto, no Colégio Estadual
Ivanete Martins de Souza, houve a participação de todos os docentes das 5º séries,
ao todo cinco.
Essa intervenção, tanto on-line, GTR, quanto direta, durante a
Implementação, foi bastante rica, no sentido de conhecer a forma como os docentes
desenvolvem o seu trabalho pedagógico, de forma inovadora e atrativa.
Com base nesse trabalho de observação e troca de idéias entre os
docentes, desenvolveu-se a produção didática pedagógica, com atividades lúdicas
para o ensino dos substantivos, dentro das classes das palavras, especialmente
para os alunos da 5ª série, podendo ser adaptada para demais séries.
Além das atividades lúdicas, a produção também possibilitou a
interdisciplinaridade com os professores de arte, geografia e ciências. E foi utilizada
pelos professores do GTR e do colégio, que implementaram o projeto de intervenção
pedagógica, durante as suas aulas.
4. RESULTADO E DISCUSSÕES
Neste item pretende-se divulgar os resultados e discuti-los com base nos
estudos e intervenção pedagógica do projeto sobre O Lúdico no Ensino de um
módulo da Gramática.
Inicialmente, ao escolher o tema, necessitava-se de uma proposta inovadora
quanto ao ensino da gramática em sala de aula, fugindo da forma tradicional,
padronizada, com exercícios fixos, mas buscando auxiliar os professores nesse
processo de ensino.
A primeira fase do estudo foi o contato com os professores através do GTR,
com vinte e cinco professores inscritos. No entanto, ao iniciarem a unidade 1,
tivemos a participação de apenas quinze professores, nas atividades de diário,
fórum e tarefas. Nessa unidade, os professores participaram do Fórum de
apresentação, inserindo informações pessoais para os colegas cursistas do GTR,
depois escreveram um Diário sobre as expectativas em relação ao GTR. Foi
possível notar grande interesse em buscar trocas de idéias entre os colegas e
capacitação para o trabalho em sala de aula. Por fim, na Tarefa Minhas
experiências, relataram experiências realizadas no decorrer das aulas. No fórum
puderam trocar experiências e idéias entre os colegas cursistas. Nesse primeiro
contato, notou-se que as expectativas foram parecidas: todos estavam buscando
conhecimento para atuarem em sala com os conteúdos de gramática.
A unidade 2 teve a participação de quatorze professores. Relataram sobre a
EaD, e iniciaram a leitura com o texto sobre Motivação em Sala de Aula do autor
Jésus Alonso Tapia e Enrique C.Fita. Refletiram e argumentaram sobre a
importância da motivação para a aprendizagem. Nessa unidade os docentes tiveram
contato com os textos pertinentes ao tema, para aprofundamento teórico, fórum de
discussão e pesquisa. Relataram opiniões acerca dos textos estudados e
discussões no fórum sobre os textos, contribuindo com a pesquisa e com os colegas
cursistas.
Na unidade 3 os quatorze cursistas tiveram contato com o Projeto de
Implementação, relatando os limites e possibilidades para a realização do mesmo.
Interagiram com os colegas cursistas no fórum, contribuindo para o projeto,
organizando as ideias. Foi muito válido, pois obtiveram-se excelentes contribuições
nas discussões, diários e tarefas, avaliando o Projeto para seu enriquecimento.
A unidade 4 contou ainda com a participação dos quatorze professores. Os
cursistas estudaram dois textos: um sobre como elaborar um Plano de Trabalho
Docente, excelente suporte para enriquecer o trabalho de todos; outro texto era para
ser a Produção-Didática, mas como não ficou pronta e ainda está em análise, foi
enviado um texto sobre as Estratégias e Cronogramas de Ações do Projeto. Os
professores analisaram e discutiram o assunto, o posicionamento geral era de que
tinha tudo para dar certo por estar bem fundamentado, apenas o cronograma era
curto, de fato, e agora mais ainda, pois os professores PDE retornaram para as
escolas em Agosto não em Junho como era previsto. Ainda assim, os colegas
cursistas do GTR elaboraram também um Plano de Ação Docente, focalizando os
conteúdos das classes gramaticais, que foi maravilhoso, porque as atividades
estavam dentro da proposta lúdica em sala de aula. Observou-se que todos os
cursistas não tiveram dificuldades em realizá-la, mostrando que sabiam usar essa
metodologia: o lúdico, em suas aulas.
A unidade 5 teve ainda a participação dos quatorze professores cursistas.
Seriam os primeiros relatos da intervenção na escola em estudo, mas como houve
mudanças, foi disponibilizado o Diário e a Tarefa , não tiveram a participação no
Fórum e nem reposição e ampliou-se o prazo para a realização das atividades
sobre o Ensino a Distância - EaD. Nota-se que o curso foi satisfatório para todos,
atingindo as expectativas e contribuindo na formação, seja ela pessoal ou
profissional. E a EaD não era novidade para muitos e no GTR tiveram um bom
direcionamento facilitando a aprendizagem.
Na unidade 6, os quatorze professores concluintes avaliaram o curso, o que
foi gratificante, pois relataram que o curso, apesar dos contratempos, atingiu as
expectativas e a Produção Didática Pedagógica auxiliou-os na prática em sala,
melhorando a qualidade do ensino.
A segunda fase do estudo foi a implementação no Colégio Estadual Ivanete
Martins de Souza. No início, houve um pouco de rejeição, mas os docentes ao
tomarem conhecimento sobre sua importância tiveram uma boa participação,
contribuindo para a pesquisa e enriquecendo o projeto com idéias e sugestões
pertinentes.
Constatou-se que o ensino da gramática é para os docentes um desafio. No
entanto, eles buscam métodos inovadores no ensino, e o lúdico tem sido um
excelente aliado, pois motiva o aluno na aprendizagem.
Os autores Tapia e Fita (2006), Kraemer (2008) concordam no que diz
respeito à motivação. Maluf (2007) descreve a importância da ludicidade no trabalho
docente. Maurício e Castro (2010) colocam que se deve inserir os jogos e
brincadeiras nas aulas. Souza (2010) traz sugestões de jogos. Ambos os autores
descrevem o papel do lúdico na construção do conhecimento, possibilitando a
aprendizagem escolar.
5. CONCLUSÃO
O estudo sobre O Lúdico no Ensino de um Módulo da Gramática mostrou-se
extremamente relevante, conforme relatos dos cursistas do GTR e dos professores
durante a implementação do projeto no Colégio Estadual Ivanete Martins de Souza.
Na intervenção pedagógica, durante a implementação, ao analisar o Plano
de Ação Docente notou-se que os educadores não inserem na sua metodologia o
uso da ludicidade no ensino dos substantivos. É sabida a sua importância, no
entanto não sabem desenvolver atividades lúdicas que contemplem os conteúdos
abordados. Isso se dá devido a diversos fatores, desde a má qualidade da formação
acadêmica, graduação, até a falta de especialização no decorrer da linha funcional
do docente, sendo esta importantíssima para desenvolver um ensino de qualidade.
Assim, para se chegar ao objetivo proposto neste estudo que era o de
desenvolver atividades lúdicas para o ensino da gramática, classes gramaticais,
como um apoio pedagógico para os docentes, foi necessário refazer algumas
modificações na seleção dos conteúdos das classes gramaticais, em que se
trabalhou apenas com os substantivos, devido ao cronograma proposto, pois era
curto. No entanto, isso não atrapalhou o restante do andamento do projeto.
As atividades lúdicas desenvolvidas para a 5ª série com o conteúdo
substantivo contemplou o conteúdo estruturante, discurso como prática social e a
interdisciplinaridade, especialmente português, arte, geografia e ciências. Partindo
do livro “A água que mudou de nome” de autoria de Adélia Maria Woellner. A história
se passa no município de Piraquara e está dentro da realidade dos educandos,
partindo da vivência de muitos. A partir do texto, foi possível desencadear atividades
de encenação, artes, leitura, oralidade e atividades lúdicas, tais como cruzadinhas,
caça palavras, perguntas e respostas, forca e dominó, todas inseridas na Produção
Didática Pedagógica.
Essa Produção ficou disponível para os professores cursistas do GTR e para
os professores que participaram da Intervenção Pedagógica, ou seja, a
Implementação no colégio Estadual Ivanete Martins de Souza. O material foi
utilizado nas aulas sobre o ensino dos substantivos.
Ao acompanhar os professores e coletar os seus relatos e dos alunos da 5ª
série, quanto ao fato de a ludicidade estar realmente correspondendo ás
expectativas de ensino e aprendizagem no trabalho com os substantivos, foi
possível concluir que o uso do lúdico nas aulas desperta os interesses dos alunos,
fazendo-os participar e interagir mais, facilitando o ensino dos conteúdos e tornando
a aprendizagem mais divertida e fácil.
Alguns professores adaptaram as atividades de acordo com as séries com
as quais estavam trabalhando e tiveram um resultado positivo.
Espera-se que este artigo contribua para os professores tomarem
conhecimento dos resultados e, se necessitarem, podem solicitar a Produção
Didática Pedagógica pelo e-mail que consta no início do artigo para que seja
socializado com professores da Educação Básica.
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