desenhando um outro olhar

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS CLÁUDIA VANZO ONGARATTO DESENHANDO UM OUTRO OLHAR Canoas/RS 2010

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Trabalho de Curso apresentado por Cláudia Vanzo Ongaratto em julho de 2010

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Page 1: Desenhando um outro olhar

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

CLÁUDIA VANZO ONGARATTO

DESENHANDO UM OUTRO OLHAR

Canoas/RS

2010

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CLÁUDIA VANZO ONGARATTO

DESENHANDO UM OUTRO OLHAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil.

Orientadora: Profª M.ª Ana Lúcia Beck.

Canoas/RS.

2010

Page 3: Desenhando um outro olhar

Ao meu marido, Élio, que faz parte desta conquista

pelo grande apoio e incentivo que recebi.

Aos meus filhos pela compreensão.

Aos meus pais agradeço pelo apoio que recebi.

Page 4: Desenhando um outro olhar

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa e aplicação do projeto de

ensino ¨Desenhando um Outro Olhar¨ nas turmas 105 e 106 do 1° ano do ensino médio da

Escola Estadual de Ensino Médio Professor Sarmento Leite, no município de Porto Alegre,

Rio Grande do Sul. O tema desenvolvido no projeto foi o Desenho, uma linguagem plástica

que constitui uma forma de expressão. É o desenho com um outro modo de olhar, um olhar

mais atento e aguçado ao universo visual que nos rodeia. No primeiro capítulo os autores que

embasaram o tema foram Edith Derdyk, Betty Edwards, Gombrich, Maria Letícia Vianna,

Carol Strickland, Ana Angélica Moreira entre outros. A justificativa para este projeto deu-se a

partir das observações silenciosas das aulas teóricas e do diagnóstico da turma. Através do

desenho, os alunos podem expressar o que pensam; seus pontos de vista ou sua visão do

mundo. Os objetivos gerais do projeto foram: propiciar aos aprendizes o desenvolvimento de

um processo artístico através da execução da linguagem gráfica do desenho e de atividades

visando aprimorar um senso crítico em relação ao fazer artístico; despertar o interesse dos

aprendizes pela Arte, obras e artistas; e propiciar o desenvolvimento da expressão através da

linguagem do desenho. A metodologia do projeto de ensino deu ênfase a exercícios práticos

visando uma outra visão sobre o desenho. Os autores Ana Mae Barbosa, Anamélia Buoro,

Arslan, Dworecki, Gombrich, Edwards entre outros deram base ao projeto. As reflexões

surgidas desta prática de ensino foram que o aprendiz demonstra interesse quando estimulado

e motivado; e que o interesse do professor pelo aluno propiciou mudanças de comportamento

e participação dos aprendizes em sala de aula.

Palavras-chave: Desenho. Estereótipo. Motivação. Interesse.

Page 5: Desenhando um outro olhar

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 6CAPÍTULO I………………………………………………………………………………… 91 DESENHO............................................................................................................................. 9

1.1 O DESENHO NA PRÉ – HISTÓRIA................................................................................ 12

1.2 O DESENHO NO RENASCIMENTO............................................................................... 13

1. 2. 1 LEONARDO DA VINCI.............................................................................................. 13

1.2. 2 MICHELANGELO........................................................................................................ 151.3. DESENHO NA RENASCENÇA GERMÂNICA............................................................. 161.3. 1 ALBRECHT DÜRER (1471- 1528)............................................................................... 171.4. O DESENHO BARROCO HOLANDES.......................................................................... 181.4. 1 REMBRANDT VAN RIJN (1606 – 1669)................................................................... 191.5 O DESENHO NO SÉCULO XIX - O NASCIMENTO DOS “ISMOS”........................... 201.5. 1 JEAN AUGUSTE DOMINIQUE INGRES (1780-1867).............................................. 201.6 DESENHO NO PERÍODO IMPRESSIONISTA............................................................... 211.6. 1 EDGAR DEGAS (1834 – 1917).................................................................................... 221.7 DESENHO NO PERÍODO PÓS-IMPRESSIONISTA...................................................... 231.7.1 VICENT VAN GOGH (1853 - 90)................................................................................. 231.8 DESENHO NA ARTE MODERNA (SÉCULO XX)........................................................ 241.8.1 PABLO PICASSO (1881-1973)..................................................................................... 251.8.2 SAUL STEINBERG (Romênia, 1914)............................................................................ 261.9 ARTE CONTEMPORÂNEA............................................................................................. 271.9.1 DAVID HOCKNEY (1937)............................................................................................ 28CAPÍTULO II………………………………………………………………………………... 30CAPÍTULO III......................................................................................................................... 381.CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA................................................................................... 381.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA...................................................................................... 382. OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS........................................................................................ 392.1 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS........................................................... 47CAPÍTULO IV.......................................................................................................................... 49PROJETO DESENHANDO UM OUTRO OLHAR.................................................................. 49AULA N° 1............................................................................................................................... 51

Page 6: Desenhando um outro olhar

AULA N° 2............................................................................................................................... 54AULA N° 3............................................................................................................................... 57AULA N° 4............................................................................................................................... 59AULA N° 5............................................................................................................................... 61AULA N° 6............................................................................................................................... 63AULA N° 7............................................................................................................................... 65AULA N° 8............................................................................................................................... 67AULA N° 9............................................................................................................................... 70AULA N° 10............................................................................................................................. 73AULA N° 11............................................................................................................................. 75AULA N° 12............................................................................................................................. 78CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 82REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 86APÊNDICE.............................................................................................................................. 881. QUESTIONÁRIO DA DIREÇÃO……………......…………………………….………… 89

2. QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR…………........………….…………………………. 90

3. QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS ………………………….….………………………... 91

ANEXO CD………………………….…………………………..…………………………... 96

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um relato e uma reflexão sobre o desenho, uma forma de

expressão que faz parte da vida do homem desde a Pré-história. E a aplicação do projeto

Desenhando um outro olhar que foi desenvolvido com a turma 106 do 1° ano do ensino

médio noturno da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Sarmento Leite, no município

de Porto Alegre, no ano de 2009. Foram realizados doze encontros com a turma 106 e a partir

da quinta aula também com a turma 105, pois as turmas foram condensadas em uma só.

O projeto foi elaborado a partir do tema ¨o desenho¨ no qual visa um outro modo

de olhar, um olhar mais aguçado sobre o universo visual que nos rodeia.

A partir das observações das aulas teóricas e do diagnóstico da turma percebi a

necessidade de fomentar os alunos para o despertar de uma outra visão sobre o desenho,

fugindo do convencional: desenho estereotipado.

Algumas pessoas sentem receio de se expressarem através do desenho, porque

buscam a reprodução fotográfica e realista do objeto e isto, muitas vezes, desencadeia uma

Page 7: Desenhando um outro olhar

sensação de medo no qual faz com que as crianças abandonem gradativamente sua capacidade

de desenhar. Através do desenho, os alunos podem expressar o que pensam, seus pontos de

vista ou sua visão do mundo.

Este trabalho foi dividido em quatro capítulos conforme abaixo.

No primeiro capítulo há uma conversa sobre o desenho, sua importância, o

conceito de estereótipo e artistas que trabalharam com o desenho como: Leonardo da Vinci

que usava o desenho para entender a realidade, realizou estudos e esboços de inventos que só

se tornariam possíveis após alguns séculos; Michelangelo estudou a harmonia das formas, o

estudo das posições e os detalhes da anatomia humana utilizando luz e sombra para obter

relevo; Dürer experimentou regras de proporção para descobrir o equilíbrio e a harmonia

perfeita; Rembrandt era um artista gráfico que desenhava com agulha sobre a cera que cobria

uma lâmina de cobre; Ingres preferia desenhar as pessoas de perfil usando uma linha sinuosa

e contínua; Edgar Degas gostava de cenas não planejadas para captar a espontaneidade do

mundo; Vicent Van Gogh desenhava com gestos que compõe ritmos, as texturas são feitas por

gestos circulares, retos e pontos; Picasso tem uma série de desenhos de uma linha única no

Page 8: Desenhando um outro olhar

qual o traço do lápis quando chega ao fim retorna ao início; Steinberg que transforma as

palavras em seres gráficos; e David Hockney que utiliza a máquina fotográfica para fazer

imagens. O desenho é a matriz de outras formas de expressão visual que tem como base um

esboço: a pintura, a gravura.

O desenho é um tema que pode ser trabalhado em qualquer série, o material é de

fácil aquisição pelos alunos. Os autores que embasaram o tema foram Edith Derdyk, Betty

Edwards, Gombrich, Maria Letícia Vianna, Carol Strickland, Ana Angélica Moreira entre

outros.

No segundo capítulo faz-se uma abertura do tema para o ensino em Artes Visuais.

Neste capítulo trata – se das inúmeras possibilidades que o desenho proporciona como

exemplo desenhar com materiais não convencionais como: clips, fita crepe, canetas ou

plásticos sobre radiografias, carvão, nanquim, grafite e maquiagem sobre papelão, jornais,

papel pardo e outros. Outro exemplo é trabalhar com palavras no qual elas são personagens

que sofrem experiências de acordo com os significados.

O terceiro capítulo contém informações e observações da comunidade escolar no

qual realizei o meu estágio supervisionando. Ele contém sete observações que foram feitas no

primeiro semestre de 2009 e a análise das observações silenciosas.

No quarto capítulo, há um relato da aplicação do projeto Desenhando um outro

olhar com uma descrição detalhada do planejado e do realizado de cada aula.

Os autores que embasaram este capítulo foram Ana Mae Barbosa, Ana Angélica

Moreira, Betty Edwards, Susana Rangel V. da Cunha, Susan Galassi, Miriam C. Martins,

Anamélia Buoro entre outros.

Os artistas trabalhados em aula foram Picasso, Nair de Teffé, Joan Miró e Alfredo

Volpi.

Foram planejadas e realizadas várias atividades como desenho cego, de

observação, experimentação de diferentes materiais traçando linhas e texturas variadas,

composição com as texturas feitas, composição de uma figura utilizando pedaços rasgados

aleatoriamente, fazer uma representação gráfica com apenas uma linha, desenhar uma imagem

invertida, fazer caricaturas de Tiago Rodrigues e de Gisele Bündchen, desenhar em folhas

com recortes e dobras, desenhar a partir de detalhes colados das reproduções do artista Joan

Miró e um ditado de imagens da reprodução de Alfredo Volpi.

Ao final da prática surgiram reflexões como: o interesse do professor e do aluno é

importante para que o projeto tenha êxito e devemos acreditar no que estamos nos propondo a

realizar em sala de aula.

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Page 9: Desenhando um outro olhar

As pessoas através da prática contínua podem desenvolver o seu processo criador.

Não é por falta de interesse dos alunos e sim por receberem tudo pronto que eles têm

dificuldade em criar e imaginar

A insegurança e o medo nos remetem a um sentimento de impotência gerando

uma baixa auto-estima.

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Page 10: Desenhando um outro olhar

CAPÍTULO I

1. DESENHO

A palavra desenho vem do Latim – designium, conforme a enciclopédia Delta

Larrouse Cultural (1950). É a Arte de representar visualmente, por meio de traços, a forma e

eventualmente os valores de luz e sombra de um objeto ou figura.

O desenho é capaz de exprimir tanto valores de luz e sombra quanto os contornos

desde as épocas primitivas. O desenho não se separa da pintura, pois os artistas o utilizam

como fim de esboço para uma obra que se pretende pintar ou esculpir.

Definir a palavra desenho não é fácil, pois engloba inúmeras atividades

relacionadas, porém diferentes. De uma forma simples podemos definir desenho como

rabiscos feitos numa folha de papel.

Segundo Derdyk,

O desenho como linguagem para a Arte, para a ciência e para a técnica é um instrumento de conhecimento, possuindo grande capacidade de abrangência como meio da comunicação e expressão. As manifestações gráficas não se restringem somente ao uso do lápis e papel. (DERDYK, 2004, p. 20).

O desenho pode manifestar-se através de sinais gráficos como ponto, linha,

texturas, manchas, e também através de marcas como um risco no muro, impressão digital e

desenhos da natureza: rugas no rosto, nervuras das plantas, caminho dos animais e outros.

Segundo Ana Mae Barbosa (2002) no Brasil, o desenho foi introduzido como

disciplina no ensino a partir dos cursos de Belas Artes da Missão Francesa

Barbosa (2002, p.23) cita que ¨não sabemos quais os métodos empregados no

ensino do Desenho, mas é indicativo de uma nova abordagem educacional sua inclusão no

currículo, como também o é a criação de uma aula régia de desenho e figura em 1800¨.

Para Derdyk (2004, p. 24) “Desenhar não é copiar formas, figuras, não é

simplesmente proporção, escala [...] Desenhar é conhecer, é apropriar-se”.

O desenho, conforme o traçado pode expressar como as pessoas pensam, como

vêem o mundo, seus sentimentos, suas inquietações, seu ¨eu¨ interno .

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Page 11: Desenhando um outro olhar

O desenho vem antes de todas as coisas que o homem produz como roupas, casas,

edifícios, utensílios, automóveis e é útil em várias profissões como: engenharia, arquitetura,

medicina e design.

Um desenho pode representar várias coisas um esboço – poucas linhas para

lembrar de algum aspecto importante, uma etapa da pintura, uma obra inacabada.

Desenhar, como escrever, é uma habilidade que pode ser conquistada, basta

motivação e como qualquer outra prática pode ser aperfeiçoada.

O desenho é a matriz de outras formas de expressão visual que tem como base um

esboço: a pintura, a gravura.

Quando crianças desenhamos muito, mas a timidez, os comentários nos levam

abandonar o desenho e acreditar que não sabemos desenhar, que não temos o “dom”.

Para Dworecki (1992) os principais empecilhos que fazem com que as crianças

abandonem os desenhos e aos poucos sua capacidade de figurar tornando-se adultos que não

desenham são: considerar ¨errado¨ todo o desenho que não retrate a imagem e semelhança do

original e tentar fazer uma reprodução fotográfica.

Assim que surgem os estereótipos, são como ervas daninhas que se alastra e faz

com que as pessoas se acomodem não desenvolvendo seus potenciais criativos em plenitude.

Para uma prática efetiva de produção artística, o professor terá que abandonar

alguns aspectos como, por exemplo: a famosa pasta de desenhos de datas comemorativas e

deixar aflorar a linguagem gráfica plástica de seus alunos.

Para entendermos o que é estereótipo, devemos fazer uma viagem ao passado,

segundo Maria Letícia Vianna (1994) no ano de 1040, na China o tipógrafo Pi Ching inventou

um processo de impressão que mais tarde foi adotado na Europa, cujo nome é estereotipia.

Antes do processo de estereotipia a impressão dos livros era feita manualmente página por

página.

As letras e sinais que constituem a escrita se apresentavam em forma de tipos

(peças isolados) que combinados e colocados em suportes especiais formaram as palavras e as

frases. A composição de cada página era feita linha por linha.

O processo de Pi Ching consistia em conservar as folhas através do uso de uma

cera derretida, fundindo-a em uma placa inteiriça como uma forma permitindo assim

sucessivas reimpressões.

Conforme Vianna (1994), estereotipia vem do grego “stereós¨, que quer dizer

firme, constante; imóvel compacto e de “typos” que significa molde representação sinal.

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Page 12: Desenhando um outro olhar

Estereótipos ou¨clichê ¨como chamavam os europeus passou a ser a designação de

um novo processo tipográfico. Exemplos de recursos para produzir estereótipo mimeógrafo,

xerox, matrizes materiais e mentais, transferência de imagens de um suporte para outro.

Os estereótipos de tão reproduzidos, multiplicados se tornam em uma espécie de

estereótipos mentais, isto é, clichê que ficaram armazenados nas gavetas do nosso cérebro e

nos acompanham para o resto da vida. A criança passa a admirar estereótipos passando a

copiá-los, imitá-los achando-se incapaz de criar.

Os desenhos estereotipados empobrecem a percepção e a imaginação da criança, inibem sua necessidade expressiva; embotam seus processos mentais, não permitem que desenvolvam naturalmente suas potencialidades. Estereotipar quer dizer então, simplificar, esquematizar, reduzir à expressão mais simples. (VIANNA, 1994, p. 3).

De acordo com Edwards (2003), o cérebro humano se divide em dois hemisférios,

o direito que é o não verbal e intuitivo que pensa em imagens, padrões e não compreende

reduções e o lado esquerdo do cérebro é o racional e verbal e reduz o raciocínio a números,

letras e palavras.

Como algumas habilidades globais – por exemplo, ler, dirigir, esquiar e andar, desenhar compõe-se de outras habilidades parciais que se integram numa habilidade total. Uma vez aprendidas e integrados os componentes, você conseguirá desenhar – assim como uma vez aprendida a habilidade de ler, sabe-se ler por toda a vida; uma vez que se aprende a andar, sabe-se andar por toda vida. (EDWARDS, 2003, p. 18).

Conforme Edwards (2003) para desenhar um objeto, uma pessoa ou cenário exige

cinco componentes básicos, percepção das bordas, espaços, relacionamentos, luzes e sombras

e a percepção do todo ou gestual.

Silvio Dworecki desenvolve uma pesquisa onde o adulto é estimulado a descobrir

o traço perdido no desenho.

Para o aluno desenvolver - se plasticamente tem que se ¨sentir capaz ¨e essa

capacidade tem que ser ¨reconstruída¨ dia após dia. (Dworecki,1999, p.194).

Como educadores devemos acreditar no poder de criatividade das pessoas, na

individualidade do ser humano, na necessidade que a criança tem de se expressar.

A primeira manifestação da história da humanidade são os desenhos; os desenhos

das cavernas. Os homens desenham antes mesmo de representar a escrita. A expressão e

modo de comunicação entre eles era o desenho, através de símbolos e códigos entre eles.

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Page 13: Desenhando um outro olhar

1.1. O DESENHO NA PRÉ-

HISTÓRIA

Na Pré-história os homens pintavam as cavernas com desenhos simples feitos de

carvão e pigmentos extraídos da natureza, aproveitando o relevo das rochas. Os desenhos

eram associados a rituais de caça, religião, crenças, como está ilustrada nesta representação.

Pinturas nas cavernas Lascaux,França.Entre 15000 e 13000 a.C. Fonte: OLIVEIRA, Jô; GARCEZ, Lucília (1994, p. 116)

Segundo Strickland (2004. p.40) “os primeiros “quadros” foram pintados em

cavernas, provavelmente 15000 anos atrás”.

Os símbolos de animais e de pessoas tinham significados sobrenaturais e poderes

mágicos.

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Page 14: Desenhando um outro olhar

1.2. O DESENHO NO

RENASCIMENTO

De acordo com Strickland (2004, p. 32) no início dos anos 1400, iniciou-se em

Florença, o renascimento da cultura, se estendeu a Roma e Veneza e, em 1500 ao resto da

Europa.

Nesta época, a exploração de novos continentes, pesquisas cientificas, confiança

no homem e o poder da igreja foi diminuído pela Reforma protestante. O Homem passa a ser

o centro do mundo e não Deus.

Neste período os artistas que obtiveram prestigio em virtude do desenvolvimento

das técnicas de pintura foram Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael.

1.2.1. LEONARDO DA VINCI

No Renascimento, na Itália um dos mestres do desenho é Leonardo da Vinci- que

usava o desenho para compreender a realidade.

Ainda conforme Strickland (2004), Leonardo da Vinci (1452- 1519), nasceu na

pequena cidade de Vinci, perto de Floresça. Como o pai não lhe deu o nome, Leonardo

passou a utilizar o nome do Vilarejo onde nasceu.

Segundo Gombrich (1995), através do desenho, Leonardo realizou estudos para a

elaboração de obras de pintura e escultura, registrou aspectos da natureza com interesse

científico e esboço de inventos que só se tornariam possíveis em alguns séculos, desenhou

série de máquinas de guerra, investigou as leis das ondas e correntes, inventou uma máquina

13

Page 15: Desenhando um outro olhar

voadora a partir da observação do vôo dos pássaros e insetos, pesquisa da posição do feto no

útero, análise do sistema nervoso.

Como era canhoto, resolvera escrever da direita para a esquerda, por isso suas notas só podem ser lidas num espelho. É possível que temesse divulgar as descobertas, com medo de que suas opiniões fossem consideradas heréticas. De fato, encontramos em seus escritos as cinco palavras¨ O sol não se move¨, o que prova ter Leonardo antecipado as teorias de Copérnico que mais tarde colocariam Galileu em sérios apuros. (GOMBRICH,1995, p. 294).

Conforme os Grandes Artistas (1989), Leonardo empregou larga variedade de

materiais como: pena, craion e ponta de prata. Na arquitetura, os desenhos feitos por ele de

igrejas “ideais” influenciaram um dos maiores arquitetos do Renascimento italiano Donato

Bramante.

Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci. Fonte: GRANDES ARTISTAS, 1989, p.31.

Segundo a coleção Grandes Artistas (1989, p.31), as proporções da figura humana

de 1492, ilustra a tese filosófica “o homem é a medida de todas as coisas”.

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Page 16: Desenhando um outro olhar

1.2.2. MICHELANGELO

Conforme Gombrich (1995, p, 303) Michel Angelo di Ludovico Buonarroti

Simoni conhecido por Michelangelo nasceu em 06/03/1475 na cidade de Toscana de Capresa,

perto de Arezzo.

Michelangelo - renascentista ele não segue a harmonia das formas como no

Renascimento. Dedicou-se ao estudo da anatomia humana, dessecando cadáveres e desenhou

utilizando como modelos meninos e homens. Pintou o teto da Capela Sistina.

[...] Michelangelo demonstrava sua genialidade através da maestria ao reproduzir o corpo humano - e, particularmente, o nu masculino, revelando uma homofilia intensa e platônica no culto do corpo viril e musculoso, do ideal masculino captado em seus mais belos gestos e posições. O homem, de acordo com as idéias do Renascimento, era a medida de todas as coisas, o centro do universo. E Michelangelo apaixonou-se pela figura humana, não sentindo interesse em criar paisagens ou em retratar pessoas. (Grandes Artistas 1989, v. I, p. 8)

Michelangelo utilizava desenhos preliminares, tanto para os trabalhos de pintura

em afresco como para escultura em mármore, visando o estudo de posições e os detalhes de

anatomia.

Para a Coleção Grandes Artistas VI (1989, p. 10), “seus desenhos mostram que,

como escultor que era, raciocinava naturalmente em três dimensões. Luz e sombra eram

utilizadas em abundância, para obter o relevo, sugerindo várias texturas”.

A minúcia com que Miguel Ângelo estudou todos os detalhes com cuidado é

mostrada no desenho da figura abaixo.

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Page 17: Desenhando um outro olhar

Estudos das formas de um modelo para uma das Sibilas, no Teto da Capela Sistina, 1510. Michelangelo Fonte: GOMBRICH. História da Arte (1995, p. 311).

1.3. DESENHO NA RENASCENÇA GERMÂNICA

Conforme Strickland (2004) o período foi marcada pela austeridade da pintura

religiosa de Grünewald, pela técnica perfeita de Dürer e pelos insuperáveis retratos de

Holbeim.

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Page 18: Desenhando um outro olhar

1.3.1. ALBRECHT DÜRER

(1471- 1528)

Segundo Gombrich (1995), Dürer era um artista alemão que fez muitas

xilogravuras para livros. Os estudos dos esboços de Dürer mostram e copiam a natureza com

todo o seu brilho, como uma cópia perfeita.

A paciência para desenhar seus esboços fez dele o gravador nato que não se

cansava de adicionar detalhes sobre detalhes.

Gombrich (1995) relata que Dürer “experimentava várias regras de proporção,

vendo distorcendo a compleição humana ao desenhar corpos demasiados longos ou largos

para descobrir o equilíbrio e a harmonia perfeita” (Idem, p. 347).

Segundo Strickland (2004, p. 42) ¨ […] Dürer foi o primeiro a usar a gravura

como forma de Arte maior”.

Conhecido como “Leonardo do Norte” pela diversidade de interesses, aprofundou

seus estudos de botânica já que era apaixonado pela natureza.

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Page 19: Desenhando um outro olhar

Drawing of mother- 1514. Albert Durer Fonte: www.1st.art.gallery.com

1.4. O DESENHO BARROCO

HOLANDES

Strickland (2004 p. 52), afirma que os artistas foram bons técnicos pela sua

“habilidade para captar os jogos de luz em diferentes superfícies e para sugerir texturas–das

luminosas às opacas – conforme a luz é absorvida ou refletida”. Neste período os grandes

mestres são Hals, Rembrandt e Vermeer.

18

Page 20: Desenhando um outro olhar

1.4.1. REMBRANDT VAN RIJN (1606 – 1669)

Para Gombrich (1995), Rembrandt foi um grande pintor e artista gráfico usando a

técnica que chama-se água forte. Nesta técnica o artista cobre a lâmina de cobre com cera na

qual desenha com agulha.

I Moisés salvo das águas, desenho, 1643, Rijksprentenkabinet,Amsterdã. Artista: Rembrandt Fonte: OSTROWER, Fayga, 2001, p.145.

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Page 21: Desenhando um outro olhar

1.5. O DESENHO NO SÉCULO

XIX - O NASCIMENTO DOS “ISMOS”

Conforme Strickland (2004) os artistas enfatizavam os desenhos com linhas e não a

cor que excitava os sentidos.

Três estilos principais o Neoclassicismo, o Romantismo e o Realismo competiram

um com o outro nesta época

.

1.5.1. JEAN AUGUSTE DOMINIQUE INGRES (1780-1867)

Pintor formalista. Relatado em Grandes Artistas (1989 p.248) como um dos

expoentes do Neoclassicismo onde o “seu forte é o desenho ao mesmo tempo clássico e

original, às vezes permeado de sensualidade”

Para Ingres era mais importante desenhar do que colorir.

Ingres acreditava que à “forma interior” de uma figura podia ser expressa só com um contorno. Por isso, preferia desenhar as pessoas de perfil, usando uma sinuosa linha contínua. Essa influencia da antiga Arte Grega é um ponto em comum entre os desenhos de Ingres e os de Pablo Picasso. (Grandes Artistas 1989, p. 250)

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Page 22: Desenhando um outro olhar

Retratos a lápis 1815 – 1820, Ingres. Fonte: Grandes Artistas 1989, v.III p.249.

1.6. DESENHO NO PERÍODO IMPRESSIONISTA

Conforme Strickland (2004), este movimento surgiu na França no início dos anos

1860. Os artistas passaram a representar neste período sensações visuais através da cor e da

luz rejeitando a perspectiva, composição equilibrada, figuras estilizadas e o chiaroscuro da

Renascença.

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Page 23: Desenhando um outro olhar

1.6.1. EDGAR DEGAS (1834-1917)

Como relata Strickland (2004, p. 108), Degas gostava de cenas não planejadas,

para captar a espontaneidade do mundo. Seus desenhos, pinturas e pastéis de bailarinas

mostram gestos como ajeitar as sapatilhas, quando bocejam, se coçam.

Como seus olhos enfraqueceram e sua visão começou a faltar, nos anos 1870,

mudou de óleo para pastel, desenvolvendo um estilo próprio.

Foi um pioneiro em expor pastéis como obras acabadas ao invés de esboços.

Aguardando a deixa-1879, Degas. Pastel sobre papel, 99,8x119, 9 cm.; coleção particular. Fonte: GOMBRICH, 1995, p. 527.

22

Page 24: Desenhando um outro olhar

1.7. DESENHO NO PERÍODO

PÓS-IMPRESSIONISTA

Foi um fenômeno francês onde os artistas se expressavam com cores vivas como

o arco-íris. Seus representantes são Seurat, Gauguin, Cézanne, Toulouse-Lautrec e o

holandês Van Gogh.

1.7.1 VICENT VAN GOGH

(1853-90)

Enfatizou a expressão de suas emoções através da cor e da luz, segundo Strickland

(2004).

Segundo Derdyk (2004, p. 174), o desenho de Van Gogh é uma ¨festa de textura¨.

Elas são feitas por gestos circulares, retos e pontos.

[...] os gestos compõe ritmos, cadenciando um universo em cada pedacinho do papel. O olho se perde no meio desta atribuição gráfica. Não existem centros de atenção, focos de interesse específico. A visão, atenção e o espírito não se acomodam, não repousam. [...] há uma área que se movimenta que seduz e atrai; é um desenho exigente. (DERDYK, 2004, p. 174).

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Page 25: Desenhando um outro olhar

Paisagem, desenho 1888, museu Van Gogh, Amsterdã. Fonte: OSTROWER, Fayga - 2004 p. 143.

1.8. DESENHO NA ARTE

MODERNA

(SÉCULO XX)

Há uma busca de liberdade de expressão. A Arte se afasta da natureza e parte para

a abstração, onde o domínio é a forma, as linhas e as cores.

24

Page 26: Desenhando um outro olhar

1.8.1 PABLO PICASSO

(1881-1973)

Picasso tem uma série de desenhos de uma ¨linha única¨ onde o traço do lápis

quando chega ao fim retorna ao início da forma.

Conforme Galassi (1998, p.8), Picasso afirmava que ¨desenhar não é brincadeira¨.

Muitos desenhos possuem citações que acompanham as imagens.

Desenhos de Picasso Fonte: GALASSI, Susan Grace-1998, p. 25.

25

Page 27: Desenhando um outro olhar

1.8.2 SAUL STEINBERG

(Romênia, 1914)

Como Edith Derdyk (2004, p.156) relata Steinberg ¨transforma as palavras em

seres gráficos¨, usa a linguagem verbal como uma troca com a linguagem visual.

Steinberg, 1969. Fonte: DERDYK (2004 p. 156).

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Page 28: Desenhando um outro olhar

Steinberg, 1968. Fonte: DERDYK (2004, p. 157).

1.9. ARTE CONTEMPORÂNEA

Conforme Strickland relata (2004. p. 168) que ¨à medida que o século XX

caminha para seu término, a arte se torna mais internacional, sem uma área geográfica

dominante, e mais diversificada do que nunca¨. Surge a liberdade total após um século de

experimentação.

27

Page 29: Desenhando um outro olhar

1.9.1. DAVID HOCKNEY (1937)

Segundo Gombrich (1995), David Hockney usa a máquina fotográfica para fazer

inúmeras imagens, lembrando de pinturas cubistas.

¨Mother,Bradford¨,1978,350X2mm, tinta sépia s/ papel.David Hockney. Fonte: LUCKHARDT, Ulrich; MELIA, Paul. David Hockney: a drawing retrospective. Londres: Chronicle Books, 1995.

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Page 30: Desenhando um outro olhar

Lápis de cor. David Hockney. Fonte: LUCKHARDT, Ulrich; MELIA, Paul. David Hockney: a drawing retrospective. Londres: Chronicle Books, 1995.

29

Page 31: Desenhando um outro olhar

CAPÍTULO II

Possibilidades de ensino a partir do

tema

No nosso cotidiano passamos muitas vezes por um mesmo caminho, uma cena,

um local, uma paisagem, uma rua e não percebemos nenhum detalhe. Se estamos desocupa-

dos, e nos propomos a olhar com atenção ao nosso redor, passamos a perceber milhares de de-

talhes que nunca tínhamos percebido.

A primeira habilidade que precisamos renovar, estimular e desenvolver é a obser-

vação. È como usar uma lente de aumento sobre algum objeto.

Foi muito difícil selecionar, pois há vários que gostei mesmo os mais difíceis. De-

pois de muito refletir, escolhi o que talvez mostre a trajetória de uma caminhada onde tentei

colocar minhas marcas e impressões.

Sou professora do jardim nos turnos manhã e tarde numa escola estadual e estudo

na ULBRA no curso de Artes Visuais. Quando fiz a cadeira de introdução ao desenho precisei

de galhos para desenhar. Quando estava na pracinha da escola pedi às crianças que procuras-

sem galhos que tinham nozinhos, marcas para que eu pudesse desenhar. Brinquei com eles de

passar galhos, senti-los e observar como eles são. Comecei o desenho ali mesmo na praça e as

crianças ficaram entusiasmadas e perguntavam se podiam fazer o mesmo e respondi que sim,

depois começaram trazendo flores do chão e me diziam para que lado eram as linhas da flor e

as marcas, contornos e como era para ser feito.

A partir disso, comecei a aguçar a curiosidade, observação e a incentivá-los a de-

senhar o que enxergavam como marcas, sombras, cores, linhas.e colocassem nos seus dese-

nhos.

30

Page 32: Desenhando um outro olhar

Deve haver um maior compromisso com o ensino da Arte na escola, acabando

com a idéia de que a Arte é diversão, ou o momento para a criança relaxar, se distrair. Obvia-

mente, a produção artística deve ser sempre prazerosa. Porém, devemos mostrar aos alunos

várias técnicas de trabalho de tal forma que ele se aproprie delas para se expressar criativa-

mente. Criar é um ato que requer muito esforço e concentração, além de habilidades especiais,

que podem e devem ser desenvolvidas na escola.

Precisamos ser sempre criativos para solucionar problemas ou enfrentar as mais

diversas situações; a prática artística ensina que não há apenas uma forma de ultrapassar obs-

táculos.

A criança ao se expressar livremente através de técnicas de desenho, pintura, re-

corte, modelagem manifesta suas emoções, seu ritmo interior, seus interesses. Assim, as pala-

vras, os gestos e os movimentos, a expressão plástica é uma linguagem, constituindo uma for-

ma de comunicação com o mundo.

As crianças da educação infantil, em geral experimentam movimentos e materiais

oferecidos sem medo, exercitando sua função simbólica. Quando há uma relação dos conheci-

mentos iniciais com os novos saberes, segundo Cunha (2006, p.13), há um ¨conhecimento sig-

nificativo em relação aos materiais e à própria expressão, pois não podemos perder de vista

que os materiais são os veículos que tornam visível e invisível”.

O professor deve ter conhecimento do desenvolvimento gráfico-plástico das crian-

ças e adolescentes, pois através dele podemos obter informações sobre o nosso aluno, suas po-

tencialidades, dificuldades, saber em que estágio se encontra para que possamos ajudá-lo nes-

ta caminhada da construção do saber. Devemos incentivar e apresentar desafios para que o

aluno consiga vencer suas dificuldades.

Através dos questionários e das observações feitas em sala de aula no ensino mé-

dio e fundamental percebi que aparecem os desenhos estereotipados, a professora reforça di-

zendo que são lindos, não há uma reflexão, um desafio sobre as obras dos alunos.

Auto- estima não se promove afirmando que tudo o que o aluno faz e pensa em arte é ótimo. Ele se sentirá confiante em relação a sua arte apenas na medida em que aprender de modo significativo: fazendo, interpretando, refletindo e sabendo contex-tualizar a arte como produção social e histórica. (ARSLAN, 2006, p.9).

Segundo Cunha (2006, p. 15), “o processo é importante, o produto realizado é um

resultado que não é questionado”.

31

Page 33: Desenhando um outro olhar

Nas atividades livres, ao invés do professor simplesmente disponibilizar materiais, as crianças devem ser desafiadas a explorar os materiais em todas as suas possibili-dades, [...] como numa atividade simplista e comum em uma proposta e comum em uma proposta investigadora e fonte de descobertas matéricas, além de conhecermos as hipóteses das crianças sobre o que vamos trabalhar. (CUNHA, 2006, p. 12).

Assim como as crianças menores podem ser estimulados a aguçarem sua percep-

ção os jovens também deveriam ser trabalhados para olhares, ao seu redor.

A falta de imagens nas aulas e história da Arte e dos artistas também é um dos

problemas observados.

A maioria das pessoas sente um certo receio em desenhar porque buscam a repre-

sentação mais realista do objeto ou figura e muitas vezes desencadeia a sensação de medo e a

preocupação com o fazer bem feito.

A criança passa a admirar os estereótipos passando a copiá-lo, imitá-lo achando-se

incapazes de criar.

Para que as crianças tenham possibilidades de desenvolverem-se na área expressiva, é imprescindível que o adulto rompa seus próprios estereótipos, a fim de que consiga realizar intervenções pedagógicas no sentido de trazer à tona o universo expressivo infantil. (CUNHA, 2006, p. 10)

A criança desde a mais tenra idade começa a fazer rabiscos numa folha de papel.

O desenho é uma atividade motora prazerosa e natural. Ele adquire conhecimento através da

experimentação e manuseio de materiais.

Quando a criança entra na adolescência deve ser desafiada para seus desenhos não

virarem estereótipos.

Para Derdyk,

[...] o desenho acompanha a rapidez do pensamento, responde às urgências expressivas: o desenho feito às pressas para indicar o melhor caminho, a seqüência de desenho em busca da melhor solução para tal encaixe de madeira, o desenho para afirmar simplesmente uma necessidade existencial poética e estética. O desenho possui a natureza aberta e processual. (DERDYK, 2006, p. 42).

O desenho pode ser introduzido a partir da observação de reproduções de imagens

de vários artistas que trabalharam com desenho. A partir disso, pedir que os alunos analisem

seus próprios desenhos para descobrir como podem melhorá-los.

Trabalhar com texturas num primeiro plano e desafiar os alunos a inventarem e

fazerem as suas próprias texturas nos seus desenhos.

A observação e desenho de elementos da natureza com galhos, folhas, vegetais,

são meios de desenhar as linhas, sombras e marcas. Cunha (2006, p.16), cita que ¨uma

32

Page 34: Desenhando um outro olhar

educação do ver, do observar, significa desvelar as nuanças e características do próprio

cotidiano, e ir além, propondo rupturas com o instituído.

A reprodução da obra de Dürer, ¨Drawinng of mother¨, 1514, é um exemplo de

como o desenho pode ser trabalhado, a partir da análise e reflexão da mesma. A partir dele

podemos pedir que os alunos os alunos observem o rosto do seu colega, escolham alguma

parte que ache interessante e desenhem.

Outro processo é o desenho cego, dá medo nas pessoas porque não podemos ver o

processo, mas é um meio de soltar o traço, deixar fluir o movimento sem tirar o lápis do

papel. O objetivo é soltar a mão, o traçado e não a perfeição do desenho.

A figura fragmentada faz parte de um desafio, pois demanda de observação e da

continuidade à figura usando a própria criatividade.

A observação das roupas, dos materiais dos aprendizes – pode ser um meio de

introduzir o desenho. A partir deles podemos explorar texturas, linhas, cores, formas,

movimentos, sons e cheiros. São objetos com valor significados para os alunos, pois tem a sua

marca.

Incentivar o uso de outros materiais que não os convencionais como: desenhar

com fita crepe, clips, linhas, canetas ou plásticos sobre radiografias, carvão nanquim, grafite e

maquiagem sobre papelão, jornais, papel pardo e outros.

[...] a linha como o espelho do gesto no espaço do papel. O ponto sai do repouso, passeia pelo papel vislumbrando, dele mesmo, uma memória do trajeto: eis a linha. A linha é o depósito gráfico da pulsão, do ritmo, do movimento, da ação motora e energética, revelando no papel pontos, traços, manchas, resultantes da interação mão/ gesto/ instrumento. Desta interação, nascem as qualidades expressivas da linha: a intensidade, a duração, a direção, a espessura, a dimensão, o ritmo, a tensão, a tipologia. (DERDYK, 2006, p.144).

Desenhar em duplas pode ser enriquecedor, pois envolve exercício mental e

questões relativas a valores morais.

Leitura e releitura de representações de obras como de Dürer, Van Gogh,

Michelangelo, Da Vinci, Klee, Picasso, David Hockney, Ingres, Saul Steinberg e outros que

mostram que o desenho é uma forma de expressão.

Temos que alfabetizar para a leitura de imagem. Através da leitura das obras de artes plásticas estaremos preparando a criança para a decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e da televisão, a preparemos para aprender a gramática da imagem em movimento.

33

Page 35: Desenhando um outro olhar

Esta decodificação precisa ser associada ao julgamento da qualidade do que está sendo visto aqui e agora e em relação ao passado.Preparando-se para o entendimento das áreas visuais se prepara a criança para o entendimento da imagem quer seja arte ou não. (BARBOSA, 2009, p. 34-35)

Desenhar um violão em diferentes posições a partir de uma representação da obra

de Picasso ¨Violino e as uvas¨.

[...] sua forma de expressão que contraria o código da perspectiva euclidiana, apontando a representação do mundo visual, o real mundo de nosso meio ambiente como o princípio construtivo do cubismo, contrário à teoria da representação do campo visual que dominou o impressionismo.A teoria da representação do mundo visual supõe que não percebemos os objetos, apenas estando nosso corpo em imobilidade, mas considerando também o meio ambiente que o cerca. A perspectiva euclidiana que preside os manuais de desenho supõe que o indivíduo que vê o objeto esteja imóvel (teoria da representação do campo visual). (BARBOSA, 2009, p. 61).

Barbosa (2009) propõe que os alunos, usando de um desenho acabado,

representem os mesmos elementos procurando arranjá-los de maneiras diferentes, assim,

como Picasso

Os alunos podem fazer desenhos através de fotografias colocadas em baixo de

uma tampa de caixa de cd transparente, com agulha ou material com ponta.

O desenho em papel rasgado- rasgar uma folha de papel. Observar os pedaços e

montar alguma forma utilizando a cola, O aluno desenha o que imaginou com materiais

como: lápis de cor, giz de cera, caneta.

Fazer frotagem de objetos ou elementos da natureza com lápis de cera, observá-

las e depois desenhá-las.

[...] mais do que quantidade de materiais, é preciso oferecer ricas oportunidades de aprendizagem. Para isso, é preciso selecionar meios acessíveis à realidade, inventar possibilidades para os materiais existentes, inovar, ousar. (MARTINS, 1998, p. 145).

O livro Desenhando com o lado direito do cérebro possui exercícios como vaso/

rostos, negativo e positivo, desenho de memória, desenho da imagem invertida que podem ser

aplicados em sala de aula

Levar para a sala de aula imagens que nos cercam no cotidiano e que são

desvalorizadas.

Arslan (2006) relata que Hernandes (2000) defende que ¨muitas outras imagens da

¨cultura visual¨(não legitimadas como arte ) por exemplo, propagandas, fotografias de jornais,

desenho de moda, videoclipes e outras, podem ser apreciadas na sala de aula ¨(ARSLAN,

2006 p. 23 )

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Page 36: Desenhando um outro olhar

Os alunos devem desenhar em papéis pequenos do tamanho de etiquetas desenhos

que mostram as suas marcas, característica como se fosse uma tatuagem.

Desenhar histórias em quadrinhos.

No papel sulfite fazer alguns recortes onde podem ter partes vazadas e dobras e

pedir para que os alunos imaginem o que podem desenhar nesta folha.

[...] o aprendiz também brinca com as linhas, formas e cores da linguagem visual, em produções sonhadas também por artistas que nelas buscaram a liberdade e a ousadia. Ousadia de quem nem sabe que ousa tanto. (MARTINS, 1998, p.136).

Desenhar com palito de churrasco numa bandeja de isopor. Passar um rolinho

com têmpera e pôr o papel em cima e passar uma colher de pau ou a mão para fazer

impressão.

Observar suas mãos e desenhá-las como todos os detalhes que elas apresentam

anéis, rugas, linhas e sombras.

Conhecer o livro Picasso em uma só linha – fazer desenhos utilizando uma só

linha sem tirar o lápis do papel.

[...] quando estamos diante de uma obra de arte, a recriarmos em nós. A contemplação de uma produção artística nunca é passiva, algo de nós penetra na obra ao mesmo tempo em que somos por ela invadidos e despertados para novas sensibilidades.A forma de nos relacionarmos com a obra de arte é totalmente diversa da relação cotidiana, utilitária que temos como os fatos, com as coisas, com o nosso dia-a-dia (MARTINS, 1998, p. 75).

Propor aos alunos a confecção de um portfólio, onde eles podem decidir através

da reflexão e seleção dos trabalhos mais significativos.

Para a introdução da linha podemos trabalhar com arames maleáveis. Os alunos

devem modelar o arame formando figuras das mais diversas. A partir desse trabalho de

escultura passar o papel, através do desenho à figura formada com todas as suas linhas

retorcidas.

Outro exemplo é trabalhar com um rolo de linha ou barbante a qual os alunos em

circulo seguram uma ponta da linha com a mão e jogam o rolo com a outra para um colega

formando uma teia. Essa teia é um emaranhado de linhas que viajam por cima por baixo, prá

direita, esquerda e que se inclinam num espaço.

O livro de Rosalind Ragans “estuda os elementos do desenho, em primeiro lugar. Um deles, a linha, analisa em relação à espécie de linhas, variações, desenho de contorno, desenho gestual, desenho caligráfico, linha e valor, levando os alunos a verem criticamente os trabalhos de outros alunos e de grandes mestres como Durer,

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Page 37: Desenhando um outro olhar

Roualt, John Marin, Juan Gris, Tintoretto, Calder, Edward Hooper, em especial, Cabinet Maker de Jacob Lawrence. Propõe trabalhos práticos com lã. Arame, relevos etc., para explorar as múltiplas possibilidades de expressões da linha. (BARBOSA, 2009, p. 71)

Utilizar a reprodução da obra de Van Gogh sobre o seu quarto. Segundo Grandes

Artistas (1989, p. 13) há um esboço do quarto em uma de suas cartas para Gauguin em

setembro de 1888. A partir da análise dessa obra pedir para os alunos que imaginem como

poderiam montar o seu próprio quarto, pensando nas cores, imagens, texturas e marcas

pessoais para compor o seu quarto ideal.

Oferecer o suporte técnico, acompanhar o aluno no enfrentamento dos obstáculos inerentes à criação, na resolução de problemas com dicas e perguntas, fazendo-o acreditar em si mesmo, no que faz e pensa; propor exercícios que aprimorem a criação, informar com base na história da Arte, promover a leitura, a reflexão e a construção de idéias sobre arte; e ainda, documentar os trabalhos e textos produzidos para analise e reflexão conjunta configuram o quadro de ações do professor na área de arte. (ARSLAN, 2006, p. 9).

A partir da história da arte, o período da pré-história nos remete a inúmeras

possibilidades de como desenhar com tintas naturais em papel pardo na qual o aluno imprime

suas marcas mais significativas assim como a tatuagem no papel. Pode ser usado junto com

grafite e carvão.

Observar e analisar reproduções dos desenhos de Saul Steinberg (Romênia 1914).

Ele usa linguagem verbal como uma troca com a visual. Segundo Derdik (2004, p. 156) ¨ele

transforma as palavras em entes gráficos adquirindo a solidez das coisas¨.

As palavras são os personagens que sofrem experiências de acordo com os

significados.

[...] a palavra doente está caída no sofá, socorro desaba de um precipício, raiva explode numa plataforma de foguetes. As palavras personificadas refletem, decidem marcham, escolhem direções, têm poder de decisão. Uma palavra, um número, uma entidade abstrata qualquer é um “objeto” achado da mesma ordem que uma árvore, uma lata, um cachorro. Esta reordenação do familiar é um recurso da imaginação causando estranheza em relação aos elementos do cotidiano. (DERDYK, 2004, p. 158).

Propor uma releitura com os alunos na qual devem dar um significado visual a

palavras significativas para eles.

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Page 38: Desenhando um outro olhar

CAPÍTULO III

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Page 39: Desenhando um outro olhar

Neste capítulo estão contidos dados, informações e observações da comunidade

escolar onde realizei meu estágio supervisionado.

1. CARACTERIZAÇÃO DA

ESCOLA

A Escola Estadual de Ensino Médio Professor Sarmento Leite está inserida em

uma comunidade de nível sócio- cultural diversificado, sendo que parte da comunidade pode

ser considerada carente. Neste aspecto há falta de estrutura física, financeira e profissional.

1.1. IDENTIFICAÇÃO DA

ESCOLA

A escola foi fundada no dia 7 de setembro de 1951. Situa-se na Rua Eugenio Du

Pasquier 280, Bairro Jardim Floresta, no município da Porto Alegre.

Ela possui 773 alunos distribuídos nos turnos da manhã, tarde e noite. No período

da manhã e da tarde são oferecidas turmas de Currículo por Atividades e Áreas por disciplinas

de estudos e ensino médio. À noite são oferecidas turmas de ensino médio.

QUADRO FUNCIONAL

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Page 40: Desenhando um outro olhar

A instituição educacional conta com o auxílio de uma supervisora escolar, um

orientador escolar que atua em regime de 20 horas semanais, duas secretárias, e conta com o

apoio de 49 professores.

Existe três vice-diretoras (sendo uma para cada turno: manhã, tarde e noite), duas

merendeiras, duas serventes e dois auxiliares de disciplina.

ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA

Esta instituição educacional possui um prédio de alvenaria, um biblioteca, uma

sala de vídeo, um laboratório de Ciências, dois banheiros dos professores, quatro banheiros

masculinos e quatro femininos, uma cozinha, um refeitório, um laboratório de Biologia, uma

sala de supervisão, uma sala de professores, sala de coordenação, duas canchas, área coberta e

um laboratório de informática (sem uso por falta de pessoal qualificado).

2. OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS

TURMA 106 - ENSINO MÉDIO

NOTURNO

As sete observações silenciosas foram feitas na turma 106 do ensino médio,

noturno, no primeiro semestre de 2009, na E. E.E. M. Professor Sarmento Leite.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 1

DIA 19-03-2009.

TURMA 106 – Ensino médio - Noturno

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Page 41: Desenhando um outro olhar

A aula de Artes é no 3º período, após a aula de Física. A aula foi realizada na sala

de Artes.

A turma é calma. Os alunos entraram tranqüilos e foram sentar-se perguntando o

que fariam. O professor disse que continuariam o desenho da pré - história.

Foram utilizadas folhas A4, lápis de cor, lápis preto e grafite. A maioria levou os

lápis, o professor emprestou algumas folhas e o grafite.

Os aprendizes pegaram os livros com gravuras rupestres que se encontrava na sala

e foram trabalhar. O professor ligou o computador da sala onde se encontrava a imagem de

um bisão pintado nas paredes de uma caverna em Altamira, Espanha para um grupo de alunos

continuar o seu desenho.

A aula passou rapidamente. Os alunos não concluíram o trabalho, que deverá ser

retomado na próxima aula.

A chamada é feita no final da aula. A turma compõe-se de 15 alunos, onde

compareceram neste dia 11aprendizes.

ANÁLISE DA AULA

Não houve retomada pelo professor sobre as pinturas nas cavernas, qual o

significado, que tipo de material era utilizado pelos povos primitivos.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 2

DIA 25-03-09

TURMA 106- Ensino Médio noturno

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Page 42: Desenhando um outro olhar

Na quarta - feira, a aula de Artes é após o período de História. Os alunos levam

em torno de 5 minutos para entrar na sala de Artes.

Os alunos continuam o desenho que começaram no dia anterior sobre pintura

rupestre. Os que concluíram guardam os trabalhos e devem continuar o questionário sobre a

Pré-História.

O texto xerocado sobre Período Neolítico foi distribuído para os alunos em

grupos, pois não tem para todos. Este texto deve ser entregue para o professor ao final da aula

para ser usado em outra turma. O professor escreveu no quadro verde quatro perguntas para

serem respondidas.

Os questionários e todos os trabalhos que serão feitos serão entregues ao final do

trimestre.

Os aprendizes trabalham tranqüilos. A chamada é feita no final da aula.

Compareceram na aula 13 alunos.

ANÁLISE DA AULA

A aula está monótona, o período é curto de 40 minutos e não há incentivo por

parte do professor.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 3

DIA 26-03-09.

TURMA 106 - Ensino Médio-Noturno.

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Page 43: Desenhando um outro olhar

A aula começa às 20h: 20min., na própria sala de aula, porque até os alunos

dirigirem-se à sala de Artes perdem muito tempo. A sala fica no andar de cima do prédio e no

corredor tem portas com grades que são chaveadas.

Continuação do questionário. Os alunos devem assinalar o que é relacionado ao

Período Neolítico. (7 alternativas).

Após o exercício eles devem continuar o desenho de pintura Rupestre.

O professor saiu para falar com a diretora. Os aprendizes continuaram trabalhando

(alguns com rádio nos ouvido, lendo e respondendo o questionário).

O questionário e as perguntas são para levar para casa para serem entregues no

final de Maio.

A turma é calma.

Na volta do professor, os aprendizes reclamaram que gostariam de trabalhar

pintura. O professor explicou que o tempo é curto e que está batalhando para ter dois períodos

no mesmo dia. Ele pede que os alunos, em grupos, comprem tinta têmpera, as cores primárias,

para trabalhar com pintura no mês de Abril.

Compareceram treze alunos.

ANÁLISE DA AULA

As aulas poderiam ser mais dinâmicas.

Como consta nos Parâmetros Curriculares nacionais de Artes (PCNs, 1997, p.

112) o educador é o descobridor de propostas de trabalhos que tem por objetivo sugerir

atividades onde os aprendizes possam realizar seu processo de criação e apreciação da arte.

Através de imagens de reproduções o professor poderia falar de linha, textura,

cores, volume e outros.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 4

DIA 1º/04/2009.

TURMA 106 - Ensino Médio – Noturno.

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Page 44: Desenhando um outro olhar

A aula começou às 20h 25min.

O professor chegou com um dado de varetas e explicou que iriam trabalhar

perspectiva. Através do cubo de varetas o professor mostrou os vários lados do cubo e

começou a desenhar no quadro o cubo de várias posições. Disse que iriam passar do

tridimensional para o bidimensional (no papel).

O professor pediu que os alunos fizessem junto com ele o cubo e o retângulo.

Pediu que copiassem numa folha do caderno e em casa passassem a limpo usando uma régua.

Uma aluna de outra turma gritou na porta: ¨ - Oi loira tu tá muito concentrada

nesta aula¨. A aluna loira levantou-se e saiu retornando no final do período.

O professor continuou de costas desenhando e não deu a mínima importância.

Logo após ele saiu para buscar o questionário para os três alunos novos que chegaram.

Os alunos continuaram copiando do quadro várias formas em perspectiva. Alguns

reclamaram que é difícil de fazer o desenho.

Ás 20h. 50 min. chegou um aluno.

A chamada foi feita no final do período 8h55min.

Nos corredores têm muita conversa por causa do jogo.

Compareceram 12 alunos.

ANÁLISE DA AULA

Embora a turma seja calma, as aulas são monótonas. O professor acha um período

insuficiente e inconveniente para levar os alunos até a sala de Artes, onde possui imagens no

computador da sala e os livros de Artes. Eles perdem tempo no deslocamento.

Alguns alunos reclamam que desenhar o cubo em várias posições é difícil.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA

Nº5

DIA: 02/04/09

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Page 45: Desenhando um outro olhar

TURMA- 106 Ensino Médio-Noturno.

O professor avisou que a aula de hoje é a continuação do desenho do cubo em

perspectiva, desta vez com a peça cortada e girando sobre seu eixo.

Um aluno foi chamado ao quadro para fazer o corte na peça porque disse que

sabia. Brincou que era o ajudante do professor, os colegas brincaram dizendo “que ajudante o

professor foi arranjar”.

O professor disse que estava perfeito e que agora ele deveria girar o corte do cubo.

Enquanto isso, ele desenhou no outro lado do quadro uma cadeira e os alunos pediram que ele

desenhasse uma pessoa sentada.

O aluno que desenhava o cubo no quadro falou –¨tá tri o cubão, né professor?¨

¨-Está muito bom ¨– disse o professor.

Os colegas davam risadas das palhaçadas do colega enquanto ele desenhava. Às

vezes ele não conseguia acertar o corte, os colegas opinavam e ele apagava porque não estava

reto. Três alunos pediram ajuda para outros colegas porque não conseguiam fazer.

Neste dia compareceram dez alunos, entre eles, uma aluna grávida que trocou de

turno.

ANÁLISE DA AULA

A aula foi participativa e descontraída, os alunos davam opiniões do corte do cubo

se estava certo ou torto.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 6

DIA: 15/04/09.

TURMA 106 Ensino Médio - noturno

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Page 46: Desenhando um outro olhar

Continuação da aula sobre perspectiva - cubo em perspectiva em 4 etapas, desta

vez devem usar a medida de 4 cm de aresta.

Os alunos ajudam os que não conseguem desenhar os cubos.

Entreguei o questionário do estágio para os alunos, que logo responderam e me

entregaram.

Nessa aula os alunos devem desenhar um objeto em perspectiva, à mão livre, para

ser entregue no final de Maio. O professor deu exemplo de uma caixa, um estojo.

A aula passou rápido.

Compareceram 11 alunos.

ANÁLISE DA AULA

Os alunos faltam bastante. Eles não demonstram interesse nas aulas.

Em uma conversa informal uma aluna disse que queria criar, estava enjoada de ter

que desenhar os cubos.

Se o desafio fosse observar e desenhar uma cadeira ou mesa em perspectiva o

trabalho não ficaria tão monótono.

Mostrar e descobrirem perspectivas em algumas reproduções de pinturas.

O professor deve incentivar a participação dos alunos fazendo-os observarem,

analisar e a pensar nas aulas.

OBSERVAÇÃO SILENCIOSA Nº 7

DIA: 16/04/09

TURMA 106- Ensino médio - noturno

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Page 47: Desenhando um outro olhar

O professor chegou e disse que eles iriam fazer uma composição de paisagem.

Ele desenhou uma árvore, céu e montanhas no quadro. Pediu aos alunos que

desenhassem e pintassem com o lápis de cor da seguinte maneira:

Céu – azul fraco mais cor de pele.

Montanha – verde mais marrom.

Árvore – tronco – marrom mais verde.

Copa – verde fraco mais amarelo.

Entreguei o questionário para quatro alunos que tinham faltado no dia anterior.

Rapidamente eles responderam e entregaram.

Duas alunas disseram: ¨Até que enfim não vamos mais desenhar os cubos, não

aguentamos mais. ¨

O professor saiu para falar com a diretora. Os alunos trabalharam quietos. Quando

o professor retornou disse que ainda não conseguiu os dois períodos no mesmo dia. Uma

aluna disse que iria falar com a diretora para ajudar o professor.

2.2. ANÁLISE DAS

OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS

Penso que deveria haver uma retomada pelo professor sobre as pinturas nas

cavernas, qual o significado, que tipo de material era utilizado pelos povos primitivos na

primeira aula que observei.

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Page 48: Desenhando um outro olhar

O professor chega desmotivado, alguns alunos não trazem materiais, a escola não

fornece. É um círculo vicioso – o professor e aluno estão desmotivados

A aula está monótona, o período é curto (40 minutos) e não há incentivo por parte

do professor. As aulas poderiam ser mais dinâmicas. Os alunos faltam bastante e não

demonstram interesse nas aulas.

Em uma conversa informal uma aluna disse que queria criar, estava enjoada de ter

que desenhar os cubos.

Se o desafio fosse observar e desenhar uma cadeira ou mesa em perspectiva,

mostrar e descobrirem perspectivas em algumas reproduções de pinturas o trabalho não ficaria

tão monótono.

O professor deve incentivar a participação dos alunos fazendo-os observarem,

analisarem e a pensarem nas aulas. Através de imagens de reproduções o professor poderia

falar sobre linha, textura, cores, volume e outros elementos visuais.

Como consta nos Parâmetros Curriculares nacionais de Artes (PCN’s, 1997) o

educador é o descobridor de propostas de trabalhos que tem por objetivo sugerir atividades

onde os aprendizes possam realizar seu processo de criação e apreciação da arte.

Embora a turma seja calma, as aulas são monótonas. O professor acha um período

insuficiente e inconveniente para levar os alunos na sala de artes, onde possuem imagens no

computador da sala e os livros de Artes. Eles perdem tempo no deslocamento.

Conforme Ana Mae Barbosa (2009) a arte na escola não quer formar artistas; ela

busca o conhecedor, fruidor e o decodificador de arte. E o conhecimento em arte se dá através

da experimentação, da apreciação de arte, da decodificação da informação.

É dever de todo educador de Arte, como consta nos parâmetros Curriculares de

Arte (PCN’s, 1997; p. 111),

[...] ser um incentivador de seus aprendizes; propor questões relativas à Arte, interferir tanto no processo criador dos alunos como nas atividades de apreciação de obras de arte e informações sobre artistas. O educador é o estimulador do olhar crítico dos aprendizes em relação às formas produzidas por eles, pelos colegas e pelos artistas.

Penso que na última aula a paisagem deveria ser criada pelos alunos - onde iriam

imaginar e desenhar criando seus trabalhos podendo usar as cores pedidas pelo professor.

47

Page 49: Desenhando um outro olhar

CAPÍTULO IV

Este capítulo contém o plano de ensino e as doze aulas aplicadas no ensino médio,

na turma 105 e 106 do noturno, na E. E. E. .F. Professor Sarmento Leite.

TEMA

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Page 50: Desenhando um outro olhar

O tema escolhido foi o desenho, uma linguagem plástica que constitui uma forma

de expressão.

É um outro modo de olhar, um olhar mais atento, aguçado ao universo visual que

nos rodeia.

JUSTIFICATIVA

A partir das observações das aulas teóricas e do diagnóstico da turma, percebi a

necessidade de fomentar os alunos para o despertar de uma outra visão sobre o desenho,

fugindo do convencional: desenho estereotipado.

Não há um incentivo desafiador com atividades que estimulam a criatividade do

aluno.

Através do desenho, os alunos podem expressar o que pensam, seus pontos de

vista ou sua visão do mundo.

Algumas pessoas sentem receio em desenhar, porque buscam a representação

realista do objeto e isto, muitas vezes, desencadeia uma sensação de medo e a preocupação de

fazer bem feito.

OBJETIVOS GERAIS

-Propiciar aos aprendizes o desenvolvimento de um processo artístico através da

execução de uma linguagem gráfica e de atividades que visem aprimorar um senso crítico em

relação ao fazer artístico.

-Despertar o interesse dos aprendizes pela Arte, obras e artistas.

-Propiciar o desenvolvimento da expressão através da linguagem do desenho.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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Page 51: Desenhando um outro olhar

-Reproduzir através da linguagem do desenho o objeto observado.

-Exercitar o lado direito e esquerdo do cérebro.

-Incentivar os alunos a um outro modo de olhar, um olhar mais atento, aguçado ao

-universo visual que os rodeia.

-Experimentar diferentes materiais traçando linhas e texturas variadas.

-Compor uma imagem com as texturas feitas em papéis de diferentes cores e

gramaturas da aula anterior.

-Exercitar a linguagem do desenho através de um exercício não convencional.

-Conhecer a obra de Nair de Teffé, a primeira mulher caricaturista brasileira.

-Identificar uma caricatura e representar por meio de caricatura os artistas Tiago

Rodrigues e Gisele Bündchen.

-Estimular a criatividade.

-Conhecer um pouco da vida e obras do artista Joan Miró.

-Utilizar o desenho como meio de expressão artística

-Conhecer a vida do artista Pablo Picasso e seus desenhos com o uso de poucas

linhas.

-Observar que com apenas uma linha é possível fazer uma representação gráfica

-Conhecer um pouco sobre a vida de Volpi e a reprodução da obra ¨Grande Fachada

Festiva¨.

-Compor uma figura utilizando pedaços rasgados aleatoriamente de uma folha de

ofício.

1ª Aula

Dia: 09/09/09

Turma 106

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Page 52: Desenhando um outro olhar

OBJETIVOReproduzir através da linguagem do desenho o objeto observado.

PLANEJADODistribuir uma folha A4 e o lápis 6B.

Desenhar um objeto (mochila ou bolsa) sem olhar para a folha A4 e sem tirar o

lápis do papel.

Fazer um desenho de observação com o mesmo objeto, procurando ocupar todo o

espaço da folha.

REALIZADOA aula foi no último período da noite. Entrei na sala de aula junto com o professor

regente que informou aos alunos que a partir desse momento eu iria assumir a turma até o

final de novembro e que os trabalhos feitos a partir de agora seriam para as notas do trimestre.

O professor saiu da sala. A chamada foi feita por mim.

Apresentei-me e passei as informações aos alunos sobre o trabalho que seria

realizado. Meus olhos percorriam a sala para ver onde poderia colocar a mochila, de forma

que ficasse visível a todos os aprendizes. Como não tinha prego a opção foi a classe dos

alunos.

Solicitei que eles guardassem todo o material e que sobre as suas classes

permaneceria apenas uma folha A4 e lápis grafite. Enquanto eles organizavam seus materiais,

coloquei a cadeira em cima da mesa dos alunos e disse: “pessoal hoje vou colocar a cadeia em

cima da mesa para que vocês possam observar um objeto”, então coloquei a mochila em cima

da cadeira.

Pedi que os alunos desenhassem o objeto sem olhar para a folha e sem tirar o lápis

do papel.

Alguns alunos disseram que ¨não conseguiam desenhar olhando, imagina sem

olhar¨.

Tranquilizei-os informando que o objetivo da atividade é o traçado da linha, o

movimento e não a perfeição do desenho.

Após observarem seus rabiscos foi feito o desenho de observação da mochila.

Quando o tempo se esgotou recolhi os trabalhos.

Ao serem questionados sobre a experiência do desenho cego alguns acharam

interessante e outros não gostaram muito por que é difícil ficar sem olhar a folha ao desenhar.

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Page 53: Desenhando um outro olhar

Percebi que os adolescentes estão muito presos a preconceitos e isto gera uma

certa resistência neles no ato de desenhar para outras pessoas verem a sua produção artística.

A maioria dos aprendizes, sentem uma certa resistência em desenhar para que os

outros vejam, porque consideram que não sabem desenhar. Toda criança desenha aquilo que

sente, não está presa a paradigmas, sua expressão gráfica é solta. Mas a maioria destas

crianças, conforme Ana Angélica Moreira ( 1999, p.51 ) quando crescem dizem: ¨...eu não sei

desenhar...¨ e esta é uma característica da maioria das pessoas que presas a paradigmas

alegam que não sabem desenhar. Isto pude observar em sala de aula.

O ato em si de desenhar busca pela representação mais realista do objeto ou figura

que muitas vezes desencadeia sensações de medo e de preocupação com o bem feito. É por

esta razão que a maioria das pessoas sentem um certo receio em desenhar.

Analisando os trabalhos observei que a maioria dos alunos não ocupou todo o

espaço da folha para o desenho e muitos não fizeram texturas, não utilizaram o recurso luz e

sombra para dar volume ao mesmo.

Trabalho do aluno Israel, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 54: Desenhando um outro olhar

Figura: Trabalho do aluno Douglas, 2009. Figura: Trabalho da aluna Yasmim, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

2ª AULA

Turma: 106 - E. Médio

Data: 16 / 09 /09

OBJETIVOSExercitar o lado direito e esquerdo do cérebro

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Page 55: Desenhando um outro olhar

Construir um perfil humano de frente para um outro (já desenhado) e que no meio

deles apareça um vaso simétrico.

Exercitar o lado direito e esquerdo do cérebro.

PLANEJADO Distribuir aos alunos uma folha A4 com um perfil impresso para destros e outra

com um perfil para canhotos. Pedir que eles desenhassem o perfil oposto ao apresentado.

Após pedir aos alunos que observem qual a figura que se formou no meio dos dois

perfis.

Mostrar o desenho de ilusão de ótica vaso / rostos

Figura: Vaso /Rostos

Fonte: EDWARDS (2003, p.72)

REALIZADOApós a chamada expliquei aos alunos que eles iriam traçar um perfil humano.

Para esta atividade entreguei uma folha com o perfil feito para destros e outra para canhotos.

Os alunos (após observarem o perfil impresso na folha) devem desenhar o perfil

do lado oposto.

Pedi para que eles observassem que figura foi gerada no meio dos dois perfis.

Ao término do trabalho mostrei o desenho de ilusão de ótica (vaso / rostos) do

livro de Betty Edwards, Desenhando com o lado direito do cérebro.

Pedi que eles escolhessem qual das figuras (vaso ou rostos) iriam pintar.

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Page 56: Desenhando um outro olhar

Segundo Betty Edwards (2003, p. 73), ¨ […] os alunos sentem uma certa confusão

ou conflito ao fazerem este exercício.¨

Para Edwards (2003), o cérebro humano é dividido em dois hemisférios, o

esquerdo que é a modalidade dominante e o direito que é a modalidade subordinada. O

primeiro perfil foi desenhado à maneira do hemisfério esquerdo onde podemos nomear as

partes do rosto. O segundo perfil foi desenhado na modalidade do hemisfério direito onde

observamos os espaços e examinamos a direção do traçado da linha. O cérebro deve passar de

uma modalidade verbal à outra, visual, gerando confusão e exigindo uma mudança mental.

Observando os alunos trabalhando notei que muitos passaram primeiramente o

lápis por cima do perfil impresso para depois tentar desenhar o lado oposto. Algumas vezes

foi preciso intervir para que eles observassem os espaços, curvas e formas. Alguns alunos

queriam desistir alegando que não conseguiam fazer, insisti que eles tentassem porque

conseguiriam.

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Page 57: Desenhando um outro olhar

Trabalho aprendiz Paulo G., 2009. Trabalho aprendiz Josiane, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

Figura: trabalho aprendiz Israel, 2009. Figura: trabalho aprendiz Pamela, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 58: Desenhando um outro olhar

3ª AULA

TURMA: 106

DATA: 23 / 09 / 09

OBJETIVOIncentivar os alunos a um outro modo de olhar, um olhar mais atento, aguçado ao

universo visual que os rodeia.

PLANEJADOOs alunos deverão observar a sua mão e desenhá-la numa folha A4 com lápis 6B.

Se o aluno for destro, desenhará a sua mão esquerda na posição que preferir. Se sinistro,

desenhará a sua mão direita.

REALIZADOExpliquei aos alunos que eles deveriam observar sua mão, que procurassem

perceber as linhas, texturas, contornos.

Disse que quem fosse destro, desenharia sua mão esquerda, na posição que

preferisse, e o canhoto a sua direita.

Distribuí folhas A4 e o lápis 6B para fazerem o desenho.

Alguns alunos tiveram dificuldades com o contorno das unhas.

De acordo com Betty Edwards,

¨[...] ao chegar as partes que lhe imponham nomes-as unhas, por exemplo-, tente fugir das palavras. Uma boa estratégia é se concentrar nas formas em torno das unhas. Estas formas compartilham arestas com as unhas. Portanto se desenhar as formas em torno das unhas, você também terá desenhado as arestas das unhas [...]. (EDWARDS, 2003, p.129)

A maioria dos trabalhos apresenta textura, eles ocuparam melhor o espaço da

folha e os desenhos apresentam noções de proporção.

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Page 59: Desenhando um outro olhar

Trabalho da aprendiz Yasmin, 2009. Trabalho aprendiz Pamela, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

Trabalho do aprendiz Israel, 2009. Trabalho do aprendiz Wagner, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 60: Desenhando um outro olhar

4ª AULA

Turma: 106 - ensino médio- noturno

Dia: 30 / 09 / 09.

OBJETIVOExperimentar diferentes materiais traçando linhas e texturas variadas.

PLANEJADODistribuir papéis com cores e gramaturas diferentes.

Colocar em uma mesa diversos materiais: nanquim preto e amarelo, líquido

corretivo, canetinhas hidrocor, lápis aquarela, lápis 6b, palitos, pincéis, lápis de cera, papéis

com cores e gramaturas diferentes.

Os alunos devem fazer experimentos com os materiais.

REALIZADOConversei com os alunos sobre o experimento com diversos materiais. Pedi aos

alunos que juntassem algumas mesas para colocarem os materiais: nanquim preto e amarelo,

líquido corretivo, hidrocores, lápis aquarela e de cor, lápis 6B, palitos, pincéis, lápis de cera e

papéis de diferentes gramaturas e cores.

Pedi aos alunos que fizessem texturas, linhas diversas, enfim, que brincassem com

o material.

Os alunos estavam concentrados no trabalho. A aula foi tranquila.

Um aluno disse que fazia muito tempo que não trabalhava com vontade sem

preocupação com forma, utilizando vários materiais. A aula estendeu-se quinze minutos além

do previsto, porque os alunos pediram para terminar o que tinham começa.

Duas alunas comentaram que a aula ¨estava muito gostosa¨.

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Page 61: Desenhando um outro olhar

Susana Rangel Vieira da Cunha afirma que,

[…] Para que as crianças [e os adultos] tenham possibilidades de desenvolverem-se na área expressiva, é imprescindível que o adulto rompa seus próprios estereótipos, à fim de que consiga realizar intervenções pedagógicas no sentido de trazer á tona o universo expressivo infantilUma das maneiras de o adulto romper suas formas cristalizadas é resgatar seu processo expressivo, voltando a brincar com os materiais, não tendo medo de mostrar suas descobertas formais, espaciais e colorísticas, lançando-se junto com as crianças na aventura de criar o inusitado, acompanhando o processo infantil junto com o seu próprio processo. (CUNHA, 2006, p. 10).

Os alunos estavam concentrados no trabalho e experimentaram todos os materiais,

pois alguns nunca trabalharam com lápis aquarela, nanquim e o líquido corretivo.

Nos trabalhos surgiram mistura de cores, linhas retas, onduladas, espirais, linhas

sinuosas, manchas, pontos, abstrações sem preocupação do resultado.

Os alunos demonstraram satisfação e prazer em aula.

Fonte: ONGARATTO, 2009. Figura: Trabalho aprendiz Josiane, 2009.

Fonte: ONGARATTO, 2009. Figura. Trabalho aprendiz Felipe, 2009.

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Page 62: Desenhando um outro olhar

5ª AULA

DIA: 14 / 10 /09.

TURMAS: 105-106 - Ensino Médio-noturno.

OBJETIVOCompor uma imagem com as texturas feitas em papéis de diferentes cores e

gramaturas da aula anterior.

PLANEJADOPedir aos alunos que escolham um dos trabalhos de textura feitos na aula anterior.

Após, cada aluno deverá colar em uma folha A4 e fazer uma composição

utilizando canetas, lápis coloridos e lápis 6B.

REALIZADOQuando cheguei à escola fui avisada pela direção que a partir deste dia as turmas

106 e 105 foram condensadas numa única, pois as duas tinham poucos alunos.

Para os alunos da turma 105 foi a primeira vez que dei aula. Alguns dos

adolescentes são inquietos e agitados.

Coloquei as texturas feitas na aula anterior numa mesa e pedi aos alunos que

escolhessem as texturas que os colegas da turma 106 tinham feito na aula anterior.

Cada aluno ficou com uma textura para trabalhar. Quando foram escolher as

figuras dois alunos da turma 105 disseram que as figuras ¨eram feias e que fariam muito

melhor ¨. Pedi que respeitassem o trabalho dos colegas e instiguei-os a fazerem suas

composições, mostrando-me como iriam resolver seus desenhos usando sua criatividade e

como poderiam fazer melhor a partir das texturas dos colegas.

Após os alunos escolheram as figuras e o material disponível numa mesa e foram

trabalhar.

Penso que os dois alunos que desdenharam do trabalho dos colegas ficaram com

ciúmes por não terem passado pelo mesmo processo de experimentação e vivência que os

colegas da turma 106.

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Page 63: Desenhando um outro olhar

Quando os alunos entregaram os trabalhos disse que estavam razoáveis, mas que

poderiam ter trabalhado mais, fazendo com que os seus desenhos sobressaíssem mais do que a

textura. Disse que na próxima aula teriam que melhor.

Ana Mae Barbosa (2003) afirma que

[...] para Antônio Nóvoa as escolas precisam abrir espaços para a história e o projeto pessoal do aluno, unindo saberes e experiências, e eu [a autora] acrescento, saberes como sabores significativos, quer deliciosos, quer “terríveis”, mas transformados em delicias […] (BARBOSA, 2003, p.36).

Os alunos que passaram pela experiência da experimentação fizeram trabalhos

mais significativos.

Alguns alunos ao fazerem seus desenhos ainda utilizam estereótipos e procuraram

usar o lado figurativo mesmo que as texturas sugerissem formas abstratas.

Trabalho aluno Israel, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 64: Desenhando um outro olhar

Trabalho aluno Gelson, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

6ª AULA

TURMAS: 105-106 -Ensino médio -noturno.

DIA: 21 /10 / 09

OBJETIVOCompor uma figura utilizando pedaços rasgados aleatoriamente de uma folha de

ofício.

PLANEJADOPedir aos alunos para rasgar folhas de ofício sem pensar em formas.

Orientar para que o pedaço do papel não fique muito pequeno e que observem os

pedaços e monte-os em várias posições antes da colagem.

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Page 65: Desenhando um outro olhar

Após a colagem o aluno deverá utilizar lápis 6B, hidrocor, lápis de cor e de cera

para desenhar a figura que imaginou.

REALIZADODistribuí duas folhas de papel ofício pra os alunos. Mostrei como deveriam rasgar

os papéis, cuidando para que não ficassem muito pequenos e que rasgassem primeiro tirando

as pontas e depois, trabalhando com as mãos, fazendo vários contornos diferentes.

Após rasgar as folhas, pedi que eles observassem as formas em várias posições

montando uma figura com os pedaços rasgados. Solicitei que os alunos colassem os pedaços

de papel quando terminassem a montagem. Dois deles pediram uma folha para colar a figura

que formaram. Respondi que esse trabalho não seria colado em outra folha.

Os alunos, após a colagem, utilizaram lápis 6B, lápis de cera, de cor e canetas

hidrocor para completarem a figura formada.

Para Susana Rangel (2006, p. 56), o sujeito deve ser provocado e desafiado na sua

criação, onde o ¨criar é sempre complexificar, coordenar, combinar de forma nova a partir de

uma provocação ¨.

Surgiu uma variedade de figuras como carro, pessoas, animais e outras. Esse

trabalho foi muito bom, pois sai da figura do estereótipo.

Trabalho da aprendiz Liliane, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 66: Desenhando um outro olhar

Trabalho da aprendiz Taiara, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

7ª AULA

DIA: 24 /10/09

TURMAS: 105-106 -Ensino médio -noturno.

OBJETIVOSObservar que com apenas uma linha é possível fazer uma representação gráfica.

Conhecer a vida do artista Pablo Picasso e seus desenhos com o uso de poucas

linhas.

PLANEJADOSolicitar aos alunos que pensem numa figura, pessoa ou animal.

Após eles devem tentar desenhar o contorno desta figura sem levantar o lápis da

superfície do papel.

Desenhar o mesmo contorno, porém desenhando com a mão direita e tapando o

olho esquerdo sem tirar o lápis do papel.

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Page 67: Desenhando um outro olhar

Repetir novamente este procedimento utilizando a mão esquerda e tapando o olho

direito sem levantar o lápis da folha.

Após a execução do trabalho, mostrar o desenho de Picasso, falar um pouco da

vida do artista e dizer que com poucas linhas ele consegue transmitir segurança e graça nos

traçados de suas linhas.

Figura: desenhos de Picasso.

Fonte: GALASSI, Susan Grace – 1998.

REALIZADO Pedi aos alunos que pensassem numa figura, podendo ser esta um animal ou

pessoa e que desenhassem o contorno desta figura numa folha A4 com lápis 6B sem levantá-

lo da superfície do papel.

Os alunos devem procurar desenhar o mesmo contorno com a mão direita e

tapando o olho esquerdo sem tirar o lápis do papel.

Após repetiram desenhando com a mão esquerda e com o olho direito tapado.

Comentei com os alunos que Picasso era pintor e desenhista e que tinha desenhos

onde utilizava uma linha só.

Mostrei desenhos onde Picasso desenha com uma linha só. Como foram poucos

alunos por ser sábado, entreguei o livro de Susan Grace Galassi (1998) para que os alunos o

manuseassem.

Segundo Galassi( 1998, p.7 ), ¨[...]o interesse de Picasso se ligava ao próprio

prazer do processo de desenhar e a infinita extensão de permutações da linha, e não à simples

solução de um problema.¨

Os alunos ficaram impressionados com os desenhos de Picasso, que fez uma

figura com apenas uma linha.

Os desenhos dos alunos são simples e eles utilizaram uma linha única.

São contornos de pessoas, peixe, cachorro, pato sem texturas e volumes.

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Page 68: Desenhando um outro olhar

Alguns alunos apresentaram mais dificuldade no traçado com os olhos fechados,

talvez por mudar seu foco de visão, os desenhos ficaram com o traçado das linhas um pouco

tremulas.

Trabalho da aprendiz Jennifer, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009

8ª AULA

DIA: 28 /11/09

TURMA: 105-106 -Ensino médio -noturno.

OBJETIVOExercitar a linguagem do desenho através de um exercício não convencional

PLANEJADOObservar a reprodução do desenho do compositor Igor Stravinsky, feita por Pablo

Picasso. A imagem está de cabeça para baixo. Os alunos deverão copiar essa imagem

invertida, ou seja, de cabeça para baixo.

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Page 69: Desenhando um outro olhar

Pablo Picasso(1881-1973), retrato de Igor Stravinsky.Paris, 21 de maio de 1920(datado). Coleção particular. Fonte: EDWARDS, 2003, p. 80.

REALIZADO Expliquei que a proposta de trabalho era desenhar uma imagem invertida, de

cabeça para baixo. Seria um grande desafio.

Entreguei a reprodução do desenho de Stravinsky feito por Picasso xerocado na

metade de uma folha A4. Na outra metade da folha os alunos deveram desenhar a imagem

invertida com lápis 6B.

Disse aos alunos que não virassem o desenho para cima antes de terminar. Eles

poderiam começar por onde quisessem, por baixo, por cima, um dos lados, basta começar

copiando as linhas. Recomendei que não tentassem desenhar o contorno inteiro da forma e

depois preencher as partes, porque se cometessem algum erro as partes não se encaixariam.

Pedi aos alunos para passar de uma linha para outra adjacente, de um espaço para outro

encaixando as partes do desenho. Para Betty Edwards (2003, p. 82), os alunos devem¨ usar a

linguagem da visão descobrindo somente as linhas e não dar nome as partes do desenho¨.

Uma aluna disse: ¨não sei desenhar e a senhora quer ainda de cabeça para baixo?¨

Respondi que ela tentasse e seguisse todas as orientações dadas e possivelmente

teria uma grande surpresa.

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Page 70: Desenhando um outro olhar

Segundo Edwards (2003), a razão para se fazer este exercício é de que possamos

fugir dos conflitos entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro e desenhar somente

aquilo que percebemos.

Respondi que ela tentasse e seguisse todas as orientações dadas e possivelmente

teria uma grande surpresa.

Depois de terminado o desenho os alunos viraram a cópia.

Eles, que diziam não saber desenhar ficaram surpresos com os resultados. A aluna

que reclamou comentou que ¨foi mais fácil desenhar invertido, que nunca imaginou que

conseguiria, pois o desenho tinha muitas linhas ¨.

Os alunos ficaram satisfeitos com o resultado, pois os desenhos ficaram bons.

Retrato de Igor Stravnsky Trabalho da aprendiz Taiara, 2009. por Pablo Picasso, 1920 Fonte: Ongaratto, 2009. Fonte: Edwards, 2003, p. 80.

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Page 71: Desenhando um outro olhar

9ª AULA

DIA: 04 /11 /09.

TURMA: 105-106 -Ensino médio - noturno.

OBJETIVOSIdentificar uma caricatura.

Conhecer a obra de Nair de Teffé, a primeira mulher caricaturista brasileira.

Representar por meio de caricatura os artistas Tiago Rodrigues e Gisele

Bündchen.

PLANEJADOFalar um pouco da vida da primeira caricaturista brasileira, Nair de Teffé.

Nair de Teffé foi a primeira caricaturista brasileira (Petrópolis, RJ, 1886)

Iniciou-se com o pseudônimo de RIAN (Nair de trás para frente), fazendo retratos

caricatural de indivíduos (portrait-charges ).

Seu sucesso como artista deveu-se, em parte, à posição social que desfrutou, como

filha do barão de Teffé e, mais tarde esposa do Presidente da Republica, marechal Hermes da

Fonseca.

Morreu em 1981, em Niterói no Rio de Janeiro.

Mostrar a caricatura feita do presidente exilado na década de 30 por Nair de Teffé

-Rian como assinava.

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Page 72: Desenhando um outro olhar

Caricatura de Nair de Teffé Gisele BündchenFonte: wwwmuseuhistoriconacional.com. BR Revista Caras, 2008.

Tiago Rodrigues. Revista Caras, REALIZADO

Mostrei a reprodução da Caricatura feita por Nair de Teffé e relatei sobre sua

vida,

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Page 73: Desenhando um outro olhar

Comentei que caricatura é uma das formas de expressão que se utiliza do exagero

em determinadas características físicas da pessoa. É comum vermos o exagero nos traços

fisionômicos da pessoa caricaturada, mas podemos destacar no desenho qualquer parte do

corpo, bem como trejeitos. O exagero é importante, mas sem esquecer de manter os traços

característicos que identifiquem a pessoa caricaturada.

No site Wikipédia consta que,

A caricatura é um retrato cômico de uma pessoa, salientando seus traços peculiares e provocando em quem os aprecia, riso, zombaria e até mesmo desprezo. Sua história tem início nas antigas civilizações: os assírios, gregos e romanos fizeram uso da caricatura. Esta arte, porém, só floresceu por volta do século XVII. (www.wikipédia.org).

A caricatura é um meio de expressão através do desenho, pintura, escultura,

cinema teatro e outros.

Após o comentário mostrei a representação da imagem do artista Tiago Rodrigues

para os alunos e pedi que fizessem uma caricatura do mesmo utilizando lápis 6B e folha A4.

No mesmo site, aparece a seguinte definição:

Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo. Historicamente a palavra caricatura vem do italiano caricare (carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção). (www,Wikipédia.org.)

Após mostrei a imagem de Gisele Bündchen para os alunos fazerem a caricatura

da mesma.

Analisando os trabalhos nota-se a dificuldade em alguns alunos de observar as

imagens e colocar no papel suas impressões. Outros alunos mostram uma facilidade na

expressão caricatural utilizando o exagero em determinados traços da fisionomia da pessoa

caricaturada.

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Page 74: Desenhando um outro olhar

Trabalho do aprendiz Gideão, 2009. Trabalho do aprendiz Israel, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

10ª AULA

DIA: 11 / 11 /09

TURMA: 105-106 -Ensino médio - noturno.

OBJETIVOExpressar- se criativamente através do desenho.

PLANEJADODar uma folha A4 com alguns recortes e dobras para os alunos. Pedir que

observem a folha e que imaginem um desenho onde essas dobras e recortes se integrem

e desenhar com lápis 6B, lápis de cor e canetinhas hidrocor.

REALIZADODistribui folhas A4 com recortes e dobraduras em algumas partes das

folhas.

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Page 75: Desenhando um outro olhar

Pedi que os alunos observassem a sua folha em várias posições e que eles

imaginassem um desenho que interagisse com as dobras e recortes da folha.

Alguns alunos tiveram dificuldade em desenhar na folha demorando mais

tempo que o previsto.

Nota-se em alguns trabalhos, os estereótipos.

Para Maria Letícia Viana (2006, p.3), ¨os desenhos estereotipados

empobrecem a percepção e a imaginação da criança, inibem sua necessidade expressiva;

embotam seus processos mentais, não permitem que desenvolvam naturalmente suas

potencialidades¨.

Todas as pessoas podem desenvolver seu processo criador através da prática

continua.

Outros alunos deixaram sua imaginação e criatividade fluir.

Os alunos têm dificuldade em criar.

Trabalho do aprendiz Israel, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 76: Desenhando um outro olhar

Trabalho do aprendiz Paulo, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

11ª AULA

DIA: 18 / 11 /09

TURMA: 105-106 - Ensino médio noturno.

OBJETIVOSObservar detalhes da obra do artista Joan Miró.

Conhecer um pouco das obras e vida do artista Joan Miró.

Utilizar o desenho como meio de expressão artística

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Page 77: Desenhando um outro olhar

PLANEJADO Falar sobre o artista Joan Miró e mostrar as reproduções de suas obras:¨O

Jardim de Miró¨, ¨Carnavial of Harlequin¨ e ¨Chiffres et Constellations¨.

Joan Miró nasceu no dia 20 de abril de 1893, em Barcelona, Espanha.

Iniciou sua formação como pintor, em Barcelona.

Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali onde conheceu a

obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nesta época, fez amizade com Picasso

e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. É desse período

sua obra Auto-retrato.

Miró dedicou-se também à cerâmica e a escultura.

Entre suas obras mais importantes estão Carnaval de Arlequim (1924-25)

e o Caçador, ou Paisagem Catalã (1923). Integrante do movimento surrealista e um

dos maiores pintores espanhóis.

Morreu em 1983.

Fonte: Grandes Artistas Modernos: Picasso, Modigliani e Miró, 1991, p.53.

Mostrarei algumas reproduções de suas obras.

Figura: Carnaval de Arlequim 1924-25. Figura: O Jardim de Miró.Fonte: Grandes Artistas Modernos: Fonte www.crfrance.wordpress.com Picasso, Modigliani e Miró, 1991

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Page 78: Desenhando um outro olhar

Figura: Chiffres et Constellations . Fonte: www.abcgallery.com.

Recortarei um pedacinho de suas obras, ¨ O carnaval de Arlequim e¨ O

Jardim de Miró¨ e colarei em uma metade da folha A4. Pedirei aos alunos que

observem a figura colada e expressem através do desenho o que a figura lhes transmite.

REALIZADOComecei a aula mostrando as reproduções de Joan Miró- ¨O Carnaval de

Arlequin¨,¨O Jardim de Miró¨ e ¨Chiffres et constelations¨. Perguntei se sabiam quem

teria pintado as telas. Os alunos responderam que não. Então, fiz um breve relato sobre

a vida de Miró.

Após, distribuí as folhas A4 cortadas pela metade com detalhes colados das

reproduções do artista, lápis 6B, canetinhas, lápis de cor e de cera.

Pedi aos alunos que observassem a figura colada na folha e que, a partir

dela, se expressassem através do desenho deixando fluir sua criatividade.

Para Miriam Celeste Martins, Gisa Picosque e M. T. Guerra (1998, p. 114),

¨quem não produz e inventa idéias dificilmente consegue encontrar soluções criativas

para resolver as dificuldades do cotidiano¨.

Os alunos devem ir em busca de soluções criativas para resolverem seus

problemas na vida diária tornando-se sujeitos com olhares críticos e pensamentos

criadores.

Analisando os trabalhos, muitos alunos utilizaram uma variedade de cores e

partiram para o lado abstrato fazendo com que o seu desenho sobressaísse como a figura

colada.

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Page 79: Desenhando um outro olhar

Alguns trabalhos dos alunos apresentam contornos dados pelas cores que

definem formas ou espaços e em outros o contorno é dado pela cor preta. Algumas

formas da figura fragmentada se repetem em alguns trabalhos, há uma variação de

linhas e de diferentes espessuras nos trabalhos dos alunos.

Trabalho da aprendiz Taiara,2009. Trabalho do aprendiz Paulo Gilberto, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009 Fonte: ONGARATTO, 2009.

12 ª AULA.

DIA: 25 / 11 /09.

TURMA: 105-106 -Ensino médio - noturno.

OBJETIVOS

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Page 80: Desenhando um outro olhar

Conhecer um pouco sobre a vida e a reprodução da obra ¨A Grande Fachada

Festiva ¨de Alfredo Volpi

PLANEJADO Ditar as imagens que compõem a reprodução de Alfredo Volpi, a ¨Grande

Fachada Festiva ¨, (década de 1950 ),

Figura: Grande Fachada festiva (década de 1950 ). Fonte: www.artedesalto.wordpress.com

Após, os alunos deverão pintar o desenho como preferir.

Por último, mostrarei a reprodução da obra ¨Grande Fachada Festiva¨ aos

alunos e um breve comentário sobre Volpi.

Alfredo Volpi foi um grande artista moderno. As características de suas

obras são bandeirinhas e os casarios. Ele fazia murais decorativos. Tem uma série de

bandeirinhas e mastros de festas juninas.

REALIZADOComecei a aula dizendo aos alunos que a atividade proposta seria um ditado

de imagens, ou seja, eles fariam um desenho através de um ditado de imagens sobre um

artista famoso.

Comecei o ditado falando lentamente objeto por objeto do quadro para que

os alunos desenhassem do jeito que imaginavam.

Os alunos desenharam as imagens com lápis 6B nas folhas A4.

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Page 81: Desenhando um outro olhar

Anamélia Bueno Buoro cita ¨Paulo Mendes de Almeida que publicou o

seguinte, no jornal Diário da Noite, em junho de 1930¨

É este pintor uma das mais fortes individualidades da ¨Família¨( Família Artística Paulista). No que faz, deixa sempre a ¨marca de fábrica¨ do seu temperamento. É alguém que encontrou sua forma de expressão. Seu progresso se realiza sem vacilações. Tomou uma estrada e nela se aprofunda. É pictório por excelência... Tenho a impressão de que Volpi descobriu a chave dos seus problemas artísticos. O resto é realizar as operações, trabalhar.( BUORO, apud. Almeida, 1998, p. 140)

Os alunos pintaram seus desenhos com lápis de cor, cera e canetinhas

hidrocor.

Os trabalhos apresentam formas geométricas como retângulos e quadrados.

As figuras foram distribuídas uniformemente ocupando todo espaço da folha

A4.

Foram utilizadas combinações de cores das mais variadas como vermelho /

preto e branco; amarelo/ verde e branco; rosa /azul e branco; amarelo /laranja /branco e

vermelho.

Segundo Anamelia Bueno Buoro,

Volpi tece uma só teia, ao longo de sua carreira, num processo de criação intuitivo e individualizado. Nas etapas de sua construção pictórica, vai transformando portas e janelas em incisões retangulares; telhados, em triângulos recortados. Sua arte tornou-se abstrata. No início, era signo indicial das formas figurativas; depois, com os primeiros quadros geométricos, abstração nas formas não-representativas, na relação signo com o objeto. (BUORO 1998, p. 140)

As janelas no canto superior da folha, em cinco trabalhos, os alunos

desenharam quatro quadrados um ao lado do outro em cada janela e em outros

organizaram os quadrados como na reprodução da obra ditada.

Quando os alunos terminaram os desenhos mostrei a reprodução da obra e

comentei sobre ela e também sobre a vida de Volpi.

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Page 82: Desenhando um outro olhar

Trabalho da aprendiz Yasmin, 2009.

Fonte: ONGARATTO, 2009.

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Page 83: Desenhando um outro olhar

Trabalho aprendiz Gideão, 2009. Fonte: ONGARATTO, 2009.

CONCLUSÃO

O tema escolhido é o desenho. O desenho com um olhar mais aguçado deu

origem ao projeto ¨Desenhando um outro olhar¨. Este projeto foi aplicado

primeiramente com a turma 106 e a partir do quinto encontro com a turma 105.

As crianças desde a mais tenra idade, quando pegam num lápis, ensaiam

seus primeiros rabiscos; a sua expressão gráfica é solta. Os desenhos das crianças são

símbolos de como ela vê e sente o mundo ao seu redor. Portanto, ela desenha

livremente, sem medo, sem receio do certo e/ou errado. O professor não deve podá-la,

pois ela se expressa através de suas representações. Em contrapartida, deve estimulá-la a

brincar com os materiais para que possa explorar o seu mundo e seu potencial criador.

Muitas vezes o professor vem com sua famosa pasta de desenhos

estereotipados que empobrecem a criatividade e inibem as pessoas na sua expressão

gráfica fazendo com que se sintam impotentes e com a certeza de não saberem

desenhar.

As situações mencionadas anteriormente foram corroboradas nas minhas

experiências vivenciadas no decorrer do estágio durante o qual muitos aprendizes

relatavam dificuldades como: não saberem desenhar, acreditarem que seus desenhos

eram feios, produção de estereótipos e entre outros.

O projeto ¨ Desenhando um outro olhar¨ foi aplicado na turma 106 do

ensino médio e previa atividades técnicas sobre o desenho como: o desenho cego,

desenhar o perfil (vaso/rostos), desenhar a sua mão, traçar tipos variados de linhas e

texturas utilizando diferentes materiais fazendo uma composição com as mesmas,

composição de uma figura utilizando papéis rasgados aleatoriamente, desenhar

conforme Pablo Picasso somente com uma linha, desenhar uma imagem invertida, fazer

uma caricatura de artistas famosos como Gisele Bündchen e Tiago Rodrigues, desenhar

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Page 84: Desenhando um outro olhar

em uma folha com recortes e/ou dobras, desenhar a partir de um pedacinho da

reprodução da obra de Miró, um ditado de imagens.

No início do estágio sentia-me insegura, com medo e com receio por ser

professora há 29 anos e trabalhar somente com crianças de cinco a nove anos. Nunca

havia trabalhado com adolescentes e adultos. O meu medo era de não conseguir

transmitir informações, fazer um bom estágio. Será que eles iriam me aceitar? Sentia-

me muito angustiada. Talvez fosse medo do ¨novo¨. Quanta bobagem. A partir do

momento em que o medo do novo passou, senti que tinha capacidade. Fui bem aceita

por todos, direção, professores e alunos, isso me tranqüilizou. Aliás, a minha capacidade

estava adormecida, mas a minha postura inicial foi de medo

No primeiro encontro a atividade do desenho cego serviu para quebrar o

gelo inicial da aula. Foi para soltar o traço, o movimento da mão.

Os adolescentes estão muito presos a preconceitos e isto gera resistência no

ato de desenhar, porque consideram que não sabem desenhar.

Ainda surge a preocupação do fazer bem feito, da perfeição e a

representação mais realista do objeto, deixando de lado o movimento, o traçado das

linhas, não dando importância ao que sente e ao que vê.

Nos segundo e terceiro encontros os alunos precisaram ser incentivados com

perguntas para completarem seus desenhos.

Os adolescentes são como crianças grandes, necessitam de apoio, atenção e

motivação. Eles devem ser motivados para não desistir na primeira dificuldade, pois na

vida enfrentarão muitos obstáculos.

O medo nos traz insegurança e nos remete a um sentimento de impotência,

gerando uma baixa auto-estima. O meu medo de errar foi desvanecendo, mostrando-me,

ao longo dos encontros, que o prazer de estar com os aprendizes adolescentes foi muito

maior. Esse prazer fez com que surgisse uma sintonia entre eu e os alunos e fez com que

me sentisse segura tanto em termos técnicos como pessoais.

A atividade do quarto encontro foi de traçar linhas e texturas utilizando

diferentes materiais. Essa aula de experimentação foi muito prazerosa, eu e os alunos

reunidos em um único grupo exploramos os materiais. Os adolescentes voltaram a

brincar com os materiais na aventura de criar, sem a preocupação do resultado final e

sim com o processo de criação. A aula de artes era no último período da noite, quando

ela acabou os alunos não queriam ir embora pedindo para ficar mais um pouco e

continuar o que estavam fazendo. O comentário de duas alunas de que a aula estava

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Page 85: Desenhando um outro olhar

muito ¨gostosa¨ e o pedido dos alunos para que pudessem terminar o trabalho reforça

como a aula foi significativa para eles.

No quinto encontro, as turmas 105 e 106 do ensino médio foram

condensadas em uma só. Esta fusão das turmas serviu para me desequilibrar e ao

mesmo tempo como motivação para enfrentar um novo desafio

As turmas 106, talvez por serem estimulados desde o primeiro encontro e

por já termos uma afinidade, levaram mais tempo em aula para terminarem os trabalhos.

Eles utilizaram mais texturas, linhas e ocuparam mais o espaço da folha, o que não

ocorreu com os alunos da turma 105 que fizeram rapidamente seu desenho e não se

preocuparam com o acabamento e texturas. Os aprendizes da turma 106 fizeram uma

caminhada durante a qual tiveram experiências significativas. É uma pena que somente

a turma 106 passou pela experiência e vivência de experimentação de materiais. As

vivências podem e devem ser estimuladas pelo professor através de estímulos, materiais

e atividades que estimulem a criatividade ao invés do fazer por fazer.

O ritual em todas as minhas aulas era circular pela sala e conversar

individualmente com todos os alunos com uma palavra de apoio, incentivo, um elogio.

Penso que isto ajudou a criar um vínculo de afinidade e interesse entre eu e

os alunos.

A partir do sexto encontro o adolescente G da turma 105, que na aula

anterior chamou atenção para si, mudou sua postura em aula se interessando e ajudando

nas aulas. Esse episódio me fez refletir sobre se o meu interesse pelos alunos,

conversando, estimulando, às vezes provocando e desafiando fez com que fomentasse o

interesse, a participação e assiduidade nas aulas dos aprendizes.

As palavras de Fussari reforçam como é importante o papel do professor de

Arte na educação.

[...] ao chegar à adolescência, muitos jovens demonstram até uma perda do entusiasmo pelas questões artísticas, ao contrário do grande envolvimento manifestado pelas crianças. Um dos desafios para o professor de Arte é manter vivo esse interesse, para que seja possível a continuidade do crescimento e aprendizado iniciado na infância (FUSSARI, 2001, p.62).

Os adolescentes precisam de motivações para seguir sua caminhada. Por

estarem passando por inúmeras transformações no seu corpo e identidade, eles se acham

feios, acham que as pessoas não gostam deles, estão desorientados, confusos. Eles

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Page 86: Desenhando um outro olhar

tentam se afirmar, muitas vezes, agredindo os outros ou se recolhendo em seu mundo

solitário.

No oitavo encontro os aprendizes tiveram que copiar a reprodução do

desenho do compositor Igor Stravinsky, feita por Pablo Picasso invertida.

Os alunos se mostraram surpresos com a questão técnica e o resultado,

porque não esperavam conseguir desenhar invertido. Foi a primeira experiência neste

sentido. Os desenhos ficaram parecidos com o modelo que tinha muitas linhas. As

afirmações: ¨eu não sei ¨e ¨eu não consigo desenhar¨ mostram como as pessoas estão

presas a modelos estereotipados e ficam presas a preconceitos. Será realmente que as

pessoas perderam seu traço em alguma fase de sua vida adulta como comenta Silvio

Dworecki em seu livro ¨Em busca do traço perdido? Penso que este trabalho ajudou na

auto-estima dos alunos, pois todos conseguiram realizar a atividade satisfatoriamente

Os aprendizes, a partir do oitavo encontro sentem-se mais soltos e tranqüilos

para se expressarem. Os adolescentes da turma 105 estão mais confiantes em si, penso

que o meu interesse por eles esteja modificando suas atitudes de interesse, participação

em aula e assiduidade.

As pessoas através da prática contínua podem desenvolver o seu processo

criador. Não é por falta de interesse dos alunos e sim por receberem tudo pronto que

eles têm dificuldade em criar e imaginar.

Os adolescentes gostam de expor seus pensamentos, de uma palavra de

apoio e atenção e de se sentirem importantes para alguém.

Nas minhas aulas geralmente a sala estava sempre cheia. Faltava um ou dois

alunos por aula. Após o estágio retornei por duas vezes a escola para conversar com o

professor e encontrei somente sete ou oito alunos. Perguntei pelos alunos e a resposta

foi que ¨tu sabe como é, eles não se interessam, não querem nada com nada¨. Isto me fez

pensar sobre o que estava acontecendo. Será mesmo que os alunos não se interessavam

pelas aulas ou será que o professor estava desestimulado e as aulas estavam chatas como

alguns alunos reclamaram.

Encontrei dois alunos na frente da escola, conversei com eles e perguntei

por que não estavam na aula, a resposta foi: ¨Ah prof. tem só um questionário para ser

entregue no final do trimestre depois a gente copia dos colegas¨.

Presume-se que as aulas deveriam ser como um banquete agradando a todos

os sentidos e deixando um gostinho de quero mais.

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Page 87: Desenhando um outro olhar

Meu estágio termina aqui. Levo comigo lembranças e experiências que

jamais serão esquecidas. Momentos como o de entrar em sala de aula e ver os

aprendizes curiosos me olhando e eu, com o coração aos pulos, com receio de errar,

iniciando a aula e, aos poucos, percebendo nascer uma sensação de alívio e bem estar.

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Page 88: Desenhando um outro olhar

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GOMBRICH, E. H. A história da Arte. Ed. LTC, 1995.

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www.abcgallery.com. Acessado em 25 de abril de 2009.

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Page 89: Desenhando um outro olhar

APÊNDICE

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Page 90: Desenhando um outro olhar

APÊNDICE-1 Questionário da direção da escola

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Page 91: Desenhando um outro olhar

APÊNDICE-2 Questionário do professor

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Page 92: Desenhando um outro olhar

APÊNDICE-3 Questionário dos alunos

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Page 93: Desenhando um outro olhar

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Page 94: Desenhando um outro olhar

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Page 95: Desenhando um outro olhar

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Page 96: Desenhando um outro olhar

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Page 97: Desenhando um outro olhar

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Page 98: Desenhando um outro olhar

ANEXO

CD contendo os seguintes materiais:

-cópia virtual em PDF do trabalho impresso;

-planejado e realizado do estágio no ensino fundamental;

-apresentação do Power point da banca.

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