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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Material didático - OAC

Rosane Aparecida Favoreto da Silva

Conteúdo estruturante: Esporte

Conteúdo específico:Esporte e Educação de Surdos:

Palavras-chave: Corpo, Educação de Surdos, Esporte, Educação Física

1-PROBLEMATIZAÇÃO

Esporte e Educação de Surdos: Tem um surdo no meu time

Um grande número de professores de Educação Física tem dificuldades

para colocar em prática alguns conteúdos da sua disciplina quando possuem

alunos surdos na turma. Por exemplo, há o questionamento sobre a pertinência

da dança em um currículo destinado a alunos surdos, bem como quanto a

metodologia de aplicação desse conteúdo. Num jogo de basquetebol, como

fazer se o aluno surdo não ouve o apito? Essa questão nos remete a pensar

sobre como se efetiva o processo ensino e aprendizagem de alunos surdos nas

aulas de Educação Física, bem como sua participação em jogos esportivos

estudantis.

É comum que em regulamentos de jogos estudantis esteja estipulado

que os alunos surdos devam participar de uma categoria separadamente dos

alunos ouvintes. Essa evidência nos leva a refletir como seria se os alunos

participassem juntos, independente de serem surdos ou ouvintes, mas

simplesmente como alunos. Isso seria possível? Por exemplo: um aluno surdo

jogando xadrez com um aluno ouvinte; ou jogando voleibol em uma equipe

composta por alunos surdos e ouvintes. Tais questões poderiam ser colocadas

em prática? O que seria diferente, além de recursos visuais para sinalizar as

regras em tais jogos? Os professores e arbitragem estariam “quebrando uma

regra ou norma” se, além do som do apito, algumas bandeirinhas coloridas

fossem utilizadas durante o jogo?

Nesses indicadores, muitas vezes, existe um regulamento “à parte”

destinado às pessoas com necessidades educacionais especiais. Em nossa

opinião, elaborados desta forma, os documentos constituem-se dispositivos de

normalização do corpo das pessoas surdas, pois é possível identificar a noção

de medicalização e reabilitação quando são especificadas categorias, conforme

a deficiência. Essas regulação contém indicadores sob uma visão clínico-

terapêutica que estabelecem classificações de perda auditiva, em decibéis,

para que os alunos surdos participem nas categorias esportivas. Ou seja, o

sujeito é visto a partir de sua falta, seu déficit: o não ouvir, o não falar. Skliar

(2004,p.6) afirma que, “se acredita que a deficiência, por si mesma, em si

mesma, é o eixo que domina toda a vida pessoal e social de um sujeito, então

não se estará construindo um verdadeiro processo educativo, mas um vulgar

processo clínico.”

A partir dessa perspectiva, a forma como o corpo é pensado na escola,

intermediada pela apropriação que o professor de Educação Física manifesta

em sua prática docente, pode criar barreiras às possibilidades de formação do

individuo, principalmente quando há a redução das diferenças singulares a

escalas classificatórias, impregnadas de julgamentos valorativos.

2-INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

Esporte como Espetáculo

O esporte invade nosso dia-a-dia e nossas casas através da

transmissão de grandes eventos esportivos pela televisão: Copa do Mundo,

Olimpíadas, Pan-americano, entre outros. Conforme Kunz (2006), observa-se

um processo de “espetacularização1’ do esporte legitimado pela mídia, o que

tem influenciado, substancialmente, o conteúdo a ser desenvolvido nas aulas

de Educação Física. Esse processo tende a induzir a elaboração de projetos

que levem as escolas a se engajarem em propostas que privilegiem o esporte

de competição (como é o caso de alguns jogos estudantis), em detrimento de

uma prática da Educação Física que leve os alunos a se envolverem num

projeto de formação que pense o ser humano em suas dimensões históricas,

social e cultural.

As práticas competitivas ocupam um grande espaço nas aulas de

educação física, não só nas atividades esportivas, mas também em outros

saberes dessa disciplina. Assim, o esporte, tem sido associado por algumas

instituições a um forte elemento de integração social, muitas vezes, tornando-

se um dispositivo de hierarquização no ambiente escolar proporcionando

oportunidades para o reconhecimento de “melhores” e “piores”, de “mais fortes”

e “mais fracos”, chegando, inclusive, ao estabelecimento de escalas que

dispõem os alunos do “primeiro” ao “último”.

Educação Física e Esporte são objetos distintos quanto à sua origem e

natureza; embora o Esporte seja um dos elementos constitutivos da Educação

Física, muitas vezes esta disciplina tende a ser, erroneamente, confundida com

o exercício de uma prática desportiva.

As práticas geradas sob esse contexto fazem com que os corpos sejam

vistos como fonte de aptidões, capacidades e instrumentos a serem utilizados

em diversas instâncias de poder, sendo a escola o lugar privilegiado para a

difusão dessa atividade disciplinadora e normalizadora.

Os corpos dos surdos foram “tratados”, ao longo da história, por práticas

de correção e disciplinamento onde o ouvir e o falar representavam a

1 O esporte se torna um espetáculo quando o objetivo é transformar os corpos dos alunos e atletas em instrumentos e objetos de manipulação em consonância com interesses econômicos, políticos e sociais.

normalidade. Tais práticas normalizadoras, impostas na educação de surdos,

ainda fazem parte do ensino aprendizagem desses alunos.

3 - PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

O que se fazia dos corpos em outros lugares e épocas?

Sempre que pensarmos em termos históricos devemos ter o cuidado de

não supor que as palavras mantenham uma continuidade no seu significado. A

medicina praticada por Hipócrates, o “pai da medicina”, está muito distante

daquilo que hoje se entende como sendo a prática médica, ou, ainda, as

práticas das sangrias que eram tão comuns na idade média. Daí podemos

dizer que nem sempre o esporte foi esse “espetáculo” mostrado pelos meios de

comunicação. Por exemplo, (LE GOFF e TRUONG, p. 149-150) na Idade

Média, o conceito de esporte não se ligava ao que era feito pelos gregos na

antiguidade, nem ao que viria a ser praticado na modernidade, embora

atividades físicas tivessem muita importância em práticas sociais como os

jogos corporais cavalheirescos (destinados a formação militar e a exibição das

práticas peculiares às camadas superiores da sociedade) e os jogos populares.

Como outro exemplo, já na Revolução Industrial e no século XIX, as

mudanças sociais e culturais provocam um renascimento do esporte, agora

com finalidades diferentes de outras épocas e associado a novas formas de

pensar o corpo, evidenciando-se o caráter de competição e modalidades que

envolvem a participação de equipes. Surgem as práticas de ginástica e

acentua-se a ideologia da performance.

São exemplos pontuais, mas ajudam a colocar a refletir como o corpo foi

construído historicamente. Desse modo, uma perspectiva interdisciplinar

possível seria com a disciplina de História, possibilitando ao aluno conhecer, ler

e interpretar o esporte como um fenômeno sociocultural, percebendo-o através

de pesquisas sobre diferentes povos e épocas. A História ofereceria a

oportunidade para pesquisas que abrangeriam não apenas o esporte, mas

também os conceitos de corpo e normalidade em diferentes contextos.

Essas abordagens envolvendo outras disciplinas e modos de ver nos

levam à problematizar sobre como a segregação e discriminação manifestam-

se no corpo das pessoas com necessidades educacionais especiais. No caso

das pessoas surdas, por exemplo, deveríamos refletir sobre o conceito de

corpo resultante da proibição da língua de sinais pelo Congresso de Milão em

1880.

4-CONTEXTUALIZAÇÃO

A participação de alunos surdos em jogos esportivos.

Os surdos podem participar de jogos esportivos juntamente com as

pessoas ouvintes?

Ainda que fosse adotado um enfoque biológico para esta questão, os

surdos não se “encaixam” em determinados eventos esportivos destinado

especificamente para pessoas com necessidades educacionais especiais, por

exemplo: as Paraolimpíadas.

Desde 1996, os surdos não participam das Paraolimpíadas, pois

optaram por participar das Olimpíadas. Atualmente, em jogos esportivos

mundiais, os atletas surdos têm participado de competições destinadas às

pessoas surdas ou comuns a todas as pessoas. Porém, em jogos estudantis,

que são de cunho pedagógico, é comum que os alunos surdos participem em

uma categoria específica para pessoas com necessidades especiais.

Questiona-se se o fato de não ouvirem o som do apito é um impedimento para

jogarem voleibol, ou outra modalidade qualquer, juntamente com os alunos

ouvintes. Tais fatos nos levam a refletir sobre as práticas pedagógicas

presentes, de forma implícita ou explícita, no espaço escolar.

Na educação de surdos, pensar no corpo sob a perspectiva biológica

significa desenvolver práticas centradas na deficiência, no déficit, ou seja, na

perda auditiva, significa buscar a normalização do corpo através da reabilitação

da audição e da fala ao invés de reconhecer a surdez como uma experiência

visual.

O sujeito surdo não possui uma marca visível e física sinalizando a

surdez. Porém, o fato deste sujeito não fazer parte de uma invenção social e

cultural denominada “norma”, geralmente, faz com que ele seja inserido em um

discurso de anormalidade, onde a fronteira entre ele e o outro está imposta.

Assim, nos eventos esportivos referenciados e semelhantes, num discurso de

inclusão educacional e social, cria-se uma categoria específica para as

pessoas “deficientes” e uma subcategoria, que é sua deficiência. A partir de tais

classificações, nesses jogos que deveriam fazer parte de um projeto

pedagógico – pois essa é sua natureza, senão não seriam jogos estudantis e

sim de rendimento, ou qualquer outro tipo que vise especificamente à

competição – o aluno surdo participará fisicamente, separadamente e não de

forma inclusiva.

Desse modo questiona-se: As práticas docentes, durante as aulas ou em

jogos estudantis, fazem parte de um projeto de exclusão ou de inclusão

educacional? Ou será que, neste contexto, a inclusão e exclusão ocupam um

mesmo espaço?

É importante destacar que o “problema” não é o sujeito surdo, e sim o

discurso que se faz em torno desse sujeito, as representações sobre a surdez.

A norma tende a ser invisível, destaca Silva (1997), e é essa própria

invisibilidade da norma que faz com que ela raramente seja questionada ou

problematizada: é sempre o desvio que constitui um “problema”. O “outro” é

sempre o desvio tornado invisível e “problemático”. Muitas vezes se torna mais

fácil caracterizar o “outro” como um problema do que participar de um projeto

de inclusão educacional, valorizando o potencial de cada aluno a partir de sua

singularidade e diferença que o constitui como sujeito.

5-SÍTIOS

a)Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional/SEED PR.

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/index.php

Site institucional do Departamento de Educação Especial e Inclusão

Educacional da Secretaria de Estado de Educação do Paraná.

Neste site você terá acesso à legislação, artigos, referências bibliográficas,

texto sobre as áreas de atendimento, e as diretrizes curriculares da Educação

Especial..

Acessado em 13/12/2007.

b) Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/semana/t_edfisica.pdf

Texto das diretrizes curriculares de Educação Física para a Educação Básica.

Acessado em 13/12/2007

c) Instituto Nacional de Educação de Surdos -INES

www.ines.org.br

O Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, órgão do Ministério da

Educação - MEC, tem como missão institucional a produção, o

desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na

área da surdez em todo o território nacional, bem como subsidiar a Política

Nacional de Educação, na perspectiva de promover e assegurar o

desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito

as suas diferenças.

d) Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos

www.feneis.org.br

A FENEIS é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos com finalidade sócio-

cultural, assistencial e educacional que tem por objetivo a defesa e a luta dos

direitos da Comunidade Surda Brasileira. É filiada a Federação Mundial dos

Surdos e suas atividades foram reconhecidas como de Utilidade Pública

Federal, Estadual e Municipal.

e) Portal de Comunicação Surdos on-linel

www.surdosol.com.br

Portal de comunicação on line destinado à comunidade surda que contém lista

de associações, eventos, informações diversas, fórum, etc.

6-SONS E VÍDEOS

Video do teatro “Futebol” apresentado por alunos e profissionais surdos

no Seminário Paranaense de Surdos. (Disponível no edição do OAC no site do

Portal Dia-a-dia Educação)

7-IMAGENS

Estas são imagens de atividades desenvolvidas por alunos e instrutores

surdos no Seminário Paranaense de Surdos .

Entre as atividades desenvolvidas estão: o teatro, expressão facial,

poesia em Libras, e a dança.

O professor de dança, Cacau Mourão, que já fez parte da equipe de

Carlinhos de Jesus, ministra oficinas neste evento e dá um show de talento e

ritmo em suas apresentações.

Confiram!!!!

Cacau Mourão- dançarino surdo

Teatro com alunos surdos

Dança com alunos surdos

8-PROPOSTA DE ATIVIDADES

Visando uma proposta inclusiva em que os alunos surdos compartilhem

das mesmas atividades que os demais, orienta-se que os professores utilizem

recursos visuais durante as aulas, tais como:

-Em substituição ao apito, a utilização de bandeirinhas coloridas sinalizando

determinadas regras.

-Uso das tecnologias de comunicação e informação como um recurso durante

as aulas. Ex: Jogo de xadrez on-line, pesquisas na Internet, entre outros

recursos da Web.

-Realização de jogos e brincadeiras utilizando materiais coloridos.

-Uso de vídeo em sala de aula.

- Elaboração de regras e sinalização dos jogos e brincadeiras juntamente com

o aluno surdo e o aluno ouvinte.

-Utilização de contagem sinalizada com as mãos para fazer a marcação de

ritmo para trabalhar o conteúdo de dança.

ATIVIDADE

Tema: Xadrez.

• Tipo de Atividade: Expositiva e prática.

• Objetivos a alcançar: realizar as jogadas: roque e xeque pastor, do jogo

de xadrez.

• Recursos Utilizados: Painel do tabuleiro com as peças para encaixe,

tabuleiro e peças de xadrez, computador com Internet.

• Método Utilizado: em dupla

• Desenvolvimento: Para realizar esta atividade, é pré-requisito que o

aluno conheça as posições e movimentos das peças de xadrez.

Inicialmente, o professor solicitará aos alunos que formem duplas. Após,

explicará, através de uma aula expositiva no painel do tabuleiro, o movimento

das peças para a realização das jogadas em questão. Cada dupla praticará a

jogada em seu tabuleiro.

Em seguida, cada dupla utilizará o computador para realizar uma pesquisa

em sites de busca sobre as jogadas roque e xeque pastor. Finalmente, jogarão

uma partida do jogo, colocando em prática as jogadas, através xadrez on-line

(utilizarão a Internet para jogar e interagir com outros internautas). Outra opção

é fazer download, ou seja, baixar o programa do jogo para que os alunos

possam jogar com seus colegas de turma.

• Número de alunos: 30 alunos de Ensino Médio. A atividade foi planejada

para uma turma composta de alunos surdos e ouvintes, fazendo parte

de uma proposta de inclusão educacional.

• Avaliação será processual e formativa. O professor poderá elaborar uma

ficha de avaliação com os itens a serem observados para realização da

avaliação durante o desenvolvimento das atividades.

O painel, os tabuleiros com as peças e o computador se constituem em

ferramentas com recursos visuais importantes para o processo de ensino e

aprendizagem do aluno surdo.

10-SUGESTÕES DE LEITURA

FERNANDES. Sueli. Educação Bilíngüe para Surdos: desafios á inclusão.

Disponível em:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/grupo_estu

do_surdez2006.pdf . Acessado em 13/12/2007

Este texto se constitui num conjunto de orientações, destinado ao professor da

Educação Básica, que pretende oportunizar a reflexão deste professor sobre a

prática pedagógica, quando nela estiver envolvido esse alunado, desafiando-o

a buscar as práticas mais adequadas em cada caso.

KUNZ, Elenor Kunz. Transformação didático pedagógica do esporte. 7 ed.

Ijuí: Editora Unijuí,2006.

Conforme o autor, este livro responde ao desafio de fazer do esporte objeto de

aprendizagem sistemática e formal intencionada pela escola, uma linguagem

complementar às demais e por elas complementada no inteiro sistema das

relações em que se empenham corpos capazes da linguagem da ação e da

ação da linguagem.

LE GOFF,Jacques; TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade

Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

Conforme os autores, o corpo tem um papel importante na história, e é também

responsável por constituí-la, assim como as estruturas econômicas e sociais ou

as representações mentais, das quais ele é de certa forma, produto e agente.

LUNARDI. Márcia Lise. Medicalização, Reabilitação, Normalização: Uma

política de Educação Especial. Disponível em:

http://Www.Educacaoonline.Pro.Br/Art_Medicalizacao.Asp?F_Id_Artigo=466#_

Ftnref5 . Acessado em 13/12/2007.

A autora busca entender como a Educação Especial se inscreve como um

discurso médico e que tem por finalidade exercer um poder de normalização.

Para isso, utiliza como base para sua crítica, entre os múltiplos discursos da

Educação Especial, o da Política Nacional de Educação Especial.

SKLIAR, Carlos (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto

Alegre: Mediação, 1998.

Conforme o autor, os escritos que atravessam este livro procuram um

horizonte epistemológico na definição da surdez, onde ela possa ser

reconhecida com uma questão de diferença política, de experiência visual,

de identidades múltiplas, um território de representações diversas que se

relaciona, mas não se refere aos discursos da deficiência.

SKLIAR, Carlos. As abordagens sócio-antropológicas em Educação

Especial. In: SKLIAR, Carlos. Educação e Exclusão: abordagens sócio-

antropológicas em Educação Especial. 4 ed.Porto Alegre: Mediação,

2004.

Neste texto, o autor problematiza esta área da Educação, que recebe o

nome de especial e discorre sobre a insatisfação a respeito das tradições

e paradigmas, que hoje em dia, predominam dentro da Educação

Especial.

SKLIAR, Carlos. A inclusão que é “nossa” e a diferença que é do “outro”

In: RODRIGUES, David (org.) Inclusão e Educação.: doze olhares sobre

a educação inclusão.São Paulo: summus editorial, 2006.

No presente livro, o autor salienta que “desenvolver uma escola que rejeite

a exclusão e promova a aprendizagem conjunta e sem barreiras. Trata-se

de um objetivo ambicioso e complexo, que a escola sempre conviceu com

a seleção e só aparentemente “é para todos e para cada um”.

SILVA. Tomaz Tadeu da. A política e a epistemologia do corpo normalizado. In:

Revista Espaço. n. 8, agosto/dezembro. p.3-15.Rio de Janeiro: INES,1997.

O autor problematiza a norma e as formas pelo qual o corpo tem sido

normalizado a partir de sua sujeição e subjugação.

11-DESTAQUES

A Secretaria de Estado da Educação/Departamento de Educação

Especial e Inclusão Educacional – SEED/DEEIN, em parceria com a Federação

Nacional de Educação e Integração dos Surdos -Feneis, promove anualmente

o Seminário Paranaense de Surdos.

Este evento reúne aproximadamente 700 pessoas, entre elas instrutores

surdos, professores de surdos e pais de alunos surdos. As palestras e oficinas

são ministradas por profissionais surdos de todo o país.

O objetivo do seminário é a difusão da Língua Brasileira de Sinais,

valorização da cultura surda e da potencialização do sujeito surdo na sua

diferença lingüística e cultural, onde a surdez é reconhecida como uma

experiência visual.

12-NOTÍCIAS

a) A partir de 2008, atletas surdos brasileiros voltam a competir em

jogos mundiais.

“Subir ao pódio é sempre uma alegria. Imagine então ganhar os aplausos de

mãos estrangeiras? A partir de 2008, os atletas surdos brasileiros podem voltar

a participar de jogos mundiais, o que não ocorria há mais de dez anos. Só no

próximo ano serão cinco campeonatos internacionais, que abrangem as

modalidades de artes marciais, tênis, futebol, vôlei e atletismo. Logo depois,

em 2009, serão realizados na cidade de Taipei, em Taiwan, os jogos mais

esperados por todos os esportistas: a 21ª Olimpíada de Surdos.”

http://www.cbds.org.br/noticias.asp?news=31

b) Atletas surdos participam de competição

“O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines/MEC), juntamente

com a Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro (Farj), realiza

amanhã, 15, às 11h, no campus do Ines, competição de saltos a distância e

triplo, marcando a filiação do Instituto nos campeonatos da Farj.

É a primeira vez que atletas surdos filiam-se à Federação de Atletismo

do Estado do Rio de Janeiro.

Acreditando no programa Esporte na Escola, do Ministério da Educação,

o Ines, centro de referência nacional na área da surdez, vai desenvolver, por

meio de consultorias técnicas gratuitas, a promoção de filiações de atletas

surdos de escolas de todo Brasil a outras federações.

Inclusão – O objetivo é a inclusão e a integração entre surdos e ouvintes

também por meio do esporte, quebrando barreiras, preconceitos e mostrando a

capacidade das pessoas surdas. Além dos atletas surdos participarão da

competição de saltos atletas da Mangueira e dos clubes do Flamengo, Vasco,

América e Fluminense.”

http://www.educacao.gov.br/acs/asp/noticias/noticiasId.asp?Id=2032

Considerações:

A partir das notícias destacadas, percebe-se que os atletas surdos comemoram

a participação em jogos esportivos destinados às pessoas surdas, por outro

lado, nos deparamos com ações como esta do Ines/MEC com o objetivo de

promover a inclusão.

Acredita-se que os objetivos de tais eventos são distintos, pois, nas

Olimpíadas para Surdos, conforme noticiado, o foco é o esporte de rendimento,

a competição; enquanto o foco do evento do Ines/MEC é educacional.

É importante que não se perca de vista o objetivo para o qual tais

eventos esportivos são destinados, bem como a importância de “ouvir” a

opinião dos surdos: se querem permanecer no discurso de deficiência ou

valorizados a partir de seu potencial e diferença lingüística e cultural.

13.PARANÁ

Num projeto de inclusão social e educacional, a SEED/Paraná Esporte

promove anualmente os Jogos Colegiais do Paraná – JOCOPs.

Os JOCOPs, proporcionam a participação de alunos de todo o Estado

do Paraná em sua fases: municipal, regional, macro-regional e final.

Atualmente, os alunos com necessidades especiais estão contemplados

no regulamento geral destes jogos. E, neste ano de 2008, evidenciou-se um

grande avanço na Educação de Surdos ao instituir que os alunos surdos

participarão juntamente com os alunos ouvintes nos JOCOPs. As equipes das

modalidades serão compostas de alunos surdos e/ou ouvintes. O diferencial

será a utilização de recursos visuais pela arbitragem, por exemplo, bandeirinha

colorida.

A organização destes jogos estudantis, neste ano, muito tem avançado

ao revisar e elaborar os itens do regulamento dos jogos, que instituem sobre a

participação de alunos com necessidades especiais, juntamente com

profissionais que atuam no seu cotidiano escolar com este alunado. Pois, tais

práticas de inclusão educacional, através dos JOCOPS , deverão estar em

consonância com as Diretrizes Curriculares da Educação Especial da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Tais ações contribuem para que os JOCOPs, realmente, alcance seu

objetivo de inclusão social e educacional e não se torne mais um dispositivo de

normalização do aluno surdo.