da escola pÚblica paranaense 2009 · como parte do projeto de implementação pedagógica do...

88
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Upload: lykien

Post on 09-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO- SEED

UNIVERSIDADE DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE

CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇÚ - PARANÁ

PROGRAMADE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

LEILA ADRIANA VIRTUOSO

CADERNO PEDAGÓGICO

ESCOLA DE PAIS: FAMÍLIA E ESCOLA UMA RELAÇÃO POSSÍVEL E NECESSÁRIA.

CASCAVEL-PR

2010

LEILA ADRIANA VIRTUOSO

CADERNO PEDAGÓGICO

ESCOLA DE PAIS: FAMÍLIA E ESCOLA UMA RELAÇÃO POSSÍVEL E NECESSÁRIA.

Material didático pedagógico apresentado a Secretaria de Estado da Educação - SEED, como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE na área de Gestão Escolar.

Orientador: Professor Ms. Marcos Augusto Moraes Arcoverde.

CASCAVEL-PR

2010

INTRODUÇÃO

O presente caderno de apoio pedagógico tem como finalidade iniciar uma

reflexão coletiva acerca dos benefícios alcançados com a integração entre família e

escola. Já que estabelecer uma boa relação entre estas duas instituições deve fazer

parte de qualquer trabalho educativo que tenha como foco as crianças, adolescentes

e jovens.

Este material foi elaborado como apoio dos encontros da Escola de Pais

como parte do projeto de implementação pedagógica do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE do Estado do Paraná.

Neste sentido, a proposta de trabalhar este material pedagógico na

Escola de Pais servirá como instrumento importante para orientar e informar os pais

dos alunos levando-os a uma reflexão mais profunda sobre seus papéis e sua

realidade de modo a contribuir para a transformação na prática familiar e escolar

provocando mudança de postura. Assim, faz-se necessário discutir coletivamente

sobre direitos e deveres dos pais e alunos em relação ao acompanhamento escolar

dos filhos e a participação dos mesmos no âmbito escolar. Permitindo que os pais

que vivenciam conflitos cotidianos encontrem seus próprios recursos em busca de

vivências mais positivas e um melhor relacionamento tanto familiar quanto com a

escola, visto que ao receberem orientações sobre o desenvolvimento e

comportamentos de seus filhos conseguirão compreender as suas necessidades e

dificuldades em cada etapa vivida.

Neste caderno de apoio pedagógico apresentaremos alguns aspectos e

reflexões, importantes no que diz respeito ao envolvimento familiar na educação dos

filhos e na escola. Num primeiro momento abordaremos a família na modernidade e

suas características. Em seguida daremos enfoque ao tópico a participação da

família e principalmente dos pais na educação dos filhos, a importância do

3

envolvimento familiar no ambiente escolar e os benefícios que este envolvimento

traz ao aluno e à escola.

Passaremos a discutir de que forma este envolvimento contribui para a

gestão escolar, e como os pais podem auxiliar a escola na coordenação das

atividades relacionadas aos filhos em especial as tarefas escolares e na fase de

transição dos alunos da 4ªsérie (5º ano) para 5ª série (6º ano) e suas

particularidades.

O papel da família é de dar o início, ou seja, a base educacional para seu

filho em casa. Quando chega a idade escolar vem a obrigatoriedade de matricular e

acompanhar o desenvolvimento educacional de seu filho na escola. Isso nem

sempre acontece devido os vários fatores sociais que impedem esse

acompanhamento.

O papel fundamental da escola é a socialização do saber sistematizado, a

mesma deve propiciar ao aluno instrumentos que possibilitem o acesso ao saber

elaborado a educação formal. Família e escola são duas fontes de conhecimento as

quais tem em comum contribuir no processo de construção do conhecimento, formar

um cidadão para atuar na sociedade. Para que essa formação tenha sucesso tanto a

família quanto a escola não podem se omitir . Portanto, ambas tem um objetivo

comum, a educação, para alcançar esse objetivo e minimizar as dificuldades do

processo faz-se necessário firmar parcerias entre a família e escola. A escola deve

conhecer a família do aluno, assim como a família deve conhecer a escola na qual

seu filho estuda. A família não deve ser mera expectadora que assiste, de fora,

como está se dando o processo educacional de seus filhos, mas deve ser

coadjuvante neste processo, contribuindo significativamente para o mesmo.

Considera-se a participação dos pais, ou seja, da família, como ponto

principal para um trabalho sério voltado tanto para a infância como para os jovens. A

família é a ponte para que possamos conhecer o nosso aluno o qual estamos

trabalhando e somente a família pode falar da peculiaridade dos mesmos. São

trocas necessárias. Quando a família está acompanhando o processo de ensino de

4

seus filhos, o trabalho da escola passa a ser visto de maneira mais clara e a família

passa a ser mais participativa nas ações da escola.

A participação é um elemento essencial da democracia. Boas práticas de

participação são aquelas que ampliam e qualificam os processos democráticos da

escola. Para isso, é fundamental que essa participação se expresse de várias

formas: na presença, na oportunidade de manifestar a opinião, no planejamento, na

avaliação e nas diferentes instâncias de decisão.

O desafio de modificar a escola num espaço onde se vivencia a plenitude

da democracia sugere a construção de uma política pública que avalie a participação

real dos vários atores sociais do mundo escolar, na formulação e na implementação

da gestão democrática. No entanto não se pode desejar que a união em torno da

democracia dentro das unidades escolares elimine conflitos ou divergências; eles

são parte intrínseca dessa construção e precisam ser enfrentados.

A democracia se expressa como valor e como procedimento. Ou seja, de

um lado, garante ideal, desígnios e desejos (aquilo que se quer), de outro, solicita

formas de manifestação que a consolidem (aquilo que se pratica). Uma sociedade

não é democrática pela simples afirmativa de valores, porém, ao mesmo tempo e,

sobretudo, pela construção e prática diária dos mesmos, ou seja, pelos processos

que os tentam e os reafirmam (VIEIRA, 2002).

O acréscimo da complexidade social e seus efeitos nas crianças em idade

escolar surgem alterando dramaticamente a realidade vivenciada nas escolas,

notadamente nas escolas públicas e que servem, na sua maior parte, as crianças de

baixa renda. A falta de recursos econômicos que levam mais e mais crianças e

famílias a enfrentarem situações de extrema pobreza e violência, levando à

alterações culturais oriundas da migração de famílias de regiões distantes e rurais

para os grandes centros urbanos, tem tornado a tarefa de lecionar nas escolas

públicas uma missão, no mínimo, desafiadora. Neste conjunto complexo, o conceito

de colaboração dentre pais e escola traz o potencial não somente de melhorar o

ambiente escolar, como ainda de alterar a experiência educacional dos alunos numa

vivência mais expressiva.

5

A sociedade atual reflete imensos desafios que exigem da educação

entrelaçar uma parceria efetiva entre a escola e a família. Pois, uma sem a outra não

consegue cumprir com seu papel social, a escola, oportunizar aos alunos a

sistematização dos seus saberes, e a família, servir de base, alicerce social.

Outro tópico relevante deste caderno de apoio pedagógico a serem

abordados são a adolescência, limites, valores e indisciplina, situações que reforcem

o cumprimento do papel da família de forma integral.

A literatura educacional proporciona diferentes leituras a respeito de

indisciplina. Nos escritos analisados localizamos garantido papel do estudo da

indisciplina, bem como um espaço no que se menciona aos estudos a propósito da

percepção dos professores sobre a indisciplina escolar (REBELO 2002).

Esse caderno de apoio pedagógico está dividido em momentos

específicos:

*Fundamentação teórica dos temas a serem estudados nos encontros com os pais.

*Perguntas introdutórias e dinâmicas sobre assuntos a serem abordados na

unidade, que servirão para despertar o interesse e melhor entrosamento entre o

grupo, através das questões apresentadas aos mesmos.

*Apresentação e indicações de bibliografias, textos para aprofundamento teórico dos

temas encontrados em artigos, jornais e revistas, contendo informações e opiniões

sobre os temas tratados, contendo também indicações de filmes.

*O professor deve ler o texto base do capítulo e absorver as idéias centrais do

mesmo para a explanação do tema ao grupo, podendo utilizar de recursos didáticos

como slides multimídia, power point, cartazes ilustrados, transparências, TV

pendrive .

*Abertura para discussão buscando levar o grupo conhecer um pouco mais e refletir

sobre os temas abordados.

6

*Momentos de reflexão coletiva e exposição de idéias. O grupo terá algumas

questões para discutir e dar a opinião sobre os assuntos tratados, abrindo-se espaço

para sugestões e críticas que possam vir a contribuir para melhorias da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério da Educação. Aprova Brasil: o direito de aprender: boas

práticas em escolas públicas avaliadas pela prova Brasil. Parceria entre o

Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira; Fundo das Nações Unidas para a Infância – 2ª edição, Brasília 2007.

REBELO R. A. Indisciplina escolar. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

VIEIRA, S. L. (Org.). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A,

2002.

1º ENCONTRO

A FAMÍLIA NA MODERNIDADE

Até meados do século XIX, a maioria das famílias ocidentais ainda tinha

como estrutura a família patriarcal, ou seja, era distinguida pela centralização e

submissão dos outros membros da família à figura do ‘pai’. Havia hierarquização de

valores entre os membros da família. Os ‘pais’ tradicionais daquela época

determinavam que a família estivesse reunida em cafés da manhã, almoços e

jantares. Todos comiam juntos e as únicas distrações na noite eram as conversas

entre si, uma vez que a televisão ainda não tinha se popularizado (AUGÉ, 2003).

Ainda com toda esta rigidez, os filhos tinham os pais como exemplos a

serem seguidos e os respeitavam totalmente. A mãe era encarregada dos afazeres

da casa, dispensando cuidados exclusivos à família, criando e educando os filhos,

7

respondendo por toda e qualquer problema com eles e zelando pelo marido

(BAUMAN, 2004).

O século XX foi palco de expressivas modificações na estrutura familiar. A

família consolida-se principalmente após a Revolução industrial, quando ocorre a

organização da população e a fixação em núcleos urbanos, transformando-se no

tipo nuclear, composta basicamente por pai, mãe e filhos. A Constituição Federal de

1988 representou um avanço no que diz respeito ao conceito de família,

considerando a união estável entre o homem e a mulher, bem como a convivência

do grupo formado por um dos pais e seus descendentes, como entidades familiares,

colocando tanto homens quanto mulheres em situação de igualdade (Art. 226, p. 3º

e 4º).

Ao longo do tempo ocorreram alterações na sociedade brasileira. A

família sofre influências econômicas, políticas, sociais e culturais, causando

mudanças nos papéis e nas relações em seu interior, alterando deste modo a

estrutura familiar. Sua modificação de sociedade rural, onde imperava a família

paternalista, para uma sociedade de alicerce industrial com suas decorrências

sociais, geográficas e culturais acarretou alterações acentuadas na estrutura do

modelo tradicional de família (BAUMAN, 2001).

A modernidade concretiza a lógica do consumo do capitalismo moderno.

Essa procura incessante pela satisfação das necessidades distingue ao mesmo

tempo a estrutura individualista da sociedade. Consumir é um ato do indivíduo e não

da coletividade, uma das razões que a mídia utiliza para a publicidade aplicando

sempre pronomes pessoais, principalmente o pronome você, em vários ‘slogans’.

Esse individualismo cria na família um ambiente hostil onde as pessoas

não se conhecem, apenas dividem um espaço físico (a casa), mas não se

complementam não se ajudam ou expressam amor umas pelas outras. De acordo

com Boechat (2003, p. 42), “quem se perdeu não foi o jovem foi o adulto que não

está conseguindo ler a modernidade e a confunde com frieza, distanciamento,

solidão, perdas”.

Desta forma, a coerência do consumo também modifica a estrutura

familiar. Essa transformação pode seguir dois caminhos: o primeiro é apoiado pelo

8

individualismo, à procura e aquisição primeira de ideais e objetivos pessoais; e o fato

de formar uma família ser colocado em segundo plano ou ainda não fazer parte do

planejamento de vida. O segundo caminho não abandona a lógica consumista-

individualista, mas a ‘adapta’ a uma conjuntura de formação da família, é quando o

ato de tiver filhos é também encarado como uma forma de consumo, “um filho é,

acima de tudo, um ato de consumo emocional” (BAUMAN, 2004).

A família na atualidade, como instituição do modo que conhecemos pai,

mãe e filhos, assim como o casamento parecem ter entrado em uma crise, e

segundo alguns autores, dentre eles Glick (1975), atualmente é difícil encontrarmos

jovens construindo famílias e quando o fazem, as mesmas são muitas vezes

desestruturadas, com casais que se casam e se separam com a rapidez do

nascimento de um filho. Pois é mais fácil se separar do que aceitar as diferenças

existentes entre duas pessoas.

O relacionamento instável, a promiscuidade e a ocorrência de sexo na

adolescência precocemente e sem responsabilidade estão se tornando um problema

também para a escola, a qual recebe estes alunos que muitas vezes não conhecem

quem é o pai, ou são abandonados pelas mães, criados pelas avós, por tios ou

mães sociais.

A sociedade atual passa por mudanças sócio-econômicas e também

culturais que refletem diretamente nas relações familiares. O mundo do trabalho tem

exigido que os pais trabalhem fora, saindo de casa ainda de madrugada e voltando

somente à noite conforme aponta (NIDELCOFF, 1983).

Nos últimos vinte e cinco anos, houve grandes mudanças comportamentais

e sociais da família e da comunidade, acrescentando-se a elas, novas

configurações familiares que, causam à escola, dificuldades de

entendimento. Aliados a isto, dois fatores parecem pesar muito para a nova

forma de ser e de agir da família; um deles diz respeito à mulher

exclusivamente mãe e, outro se refere à mulher mãe e trabalhadora, com

dupla jornada de trabalho. (...) A mãe de família tem ido ao mercado de

9

trabalho cada vez mais, não só pela necessidade de sobrevivência, mas

também em busca de uma vida mais confortável, sempre pressionada pelo

consumismo moderno. Outro fator que tem pesado bastante sobre a

decisão das mulheres em aderir ao mercado de trabalho é a influência da

mídia, principalmente, a televisão, propondo o consumismo em casa. Mais

necessidades consumistas, maior necessidade de ganhos. Em

compensação, menor tempo da mãe em casa, menos acompanhamento da

vida escolar e educacional do filho dentre outras atribuições (NIDELCOFF,

1983, p. 68).

Apesar da autora Nidelcoff (1983) ter nos dito sobre esta problemática no

início da década de 1980, isso reflete ainda em nossa contemporaneidade de forma

mais acentuada.

Canhoto (2003 p.61) afirma que teoricamente, a família deveria exercer o

papel máximo na educação da criança. Porém na prática, o que se percebe é que

isso não vem ocorrendo nos dias atuais, e a explicação é simples: a família como

instituição está vivendo uma monumental crise. Isso se fundamenta não em

conceitos moralistas convencionais que são relativos a cada época e a cada grupo

cultural, mas sim baseados na constatação da problemática relacionada com os

diversos fatos presenciados diariamente tanto nas escolas, clubes, locais públicos

em geral, como através dos noticiários que é a falta de educação, o vício, a falta de

limites e respeito por parte de muitas pessoas. Ninguém melhor do que os

professores para confirmar as mudanças dos últimos anos na sua relação com os

alunos e com os pais; cada dia mais superficial e artificial (mais parecem

adversários).

A palavra crise vem do grego “krisis” que quer dizer: separar, distinguir,

dividir. Crise é o ponto no tempo no qual se decide se algo continua se deve ser

modificado ou terminar. É momento decisivo. As crises não são nem boas nem

ruins; apenas apresentam-se como uma necessidade humana, pois indicam

expansão de oportunidades e de desenvolvimento (CANHOTO 2003).

10

O mesmo autor considera como uma família, o conjunto de indivíduos

interdependentes reunidos por laços de sangue ou não, que mantém entre si uma

relativa ligação afetiva e que interagem continuamente, mas que desde os tempos

mais remotos sempre esteve em crise. O problema atual é que tudo o que era capaz

de permanecer oculto antes, está ficando à mostra, escancarado (p.62).

Ainda Canhoto (2003), vários são os fatores que vem desencadeando

cada vez mais a crise no ambiente familiar. Entre eles: a falta de identidade humana,

imaturidade, falta de planejamento familiar, pobreza de sentimentos, de valores

morais e espirituais, conflitos íntimos individuais, conflitos familiares, falta de diálogo,

ética, justiça e a globalização.

Ramey (1975) também cita a revolução tecnológica e a independência da

mulher como algumas das causas da falência da instituição família que levou à

emancipação econômica do indivíduo e o afastou da família, desobrigando-o da vida

familiar. Ainda relata que essa emancipação levou a uma alteração das relações da

mulher na família.

Culturalmente, tempos atrás como já vimos anteriormente, o modelo

familiar era estruturado como sendo o pai o provedor do sustento da casa, a mãe

como provedora dos serviços domésticos e os filhos eram criados harmonicamente,

quanto às crianças que residiam na zona rural acompanhavam os pais nos afazeres

das propriedades rurais ajudando no sustento da família. Porém, hoje em dia, pais e

mães têm responsabilidades domésticas em que precisam prover e sustentar o lar

de forma igualitária, o que deixa os filhos desprovidos de alguma forma, do que

existia no modelo familiar anterior.

A mulher conquista novos direitos e não tem apenas a função de

conceber filhos. Insere-se no mercado de trabalho e o conceito abdicado a ela, de

sexo frágil, começa a ser mudado. Porém, esta conquista acabou por usurpar o

próprio controle do tempo, sobretudo do tempo para a convivência familiar e

especificamente para a dedicação e função educativa dos filhos.

11

Fruto do momento histórico e da formação social concreta, a família

passa a constituir-se e organizar-se de acordo com a realidade do momento na luta

pela sobrevivência. Os pais passam a maior parte do tempo fora de casa devido ao

trabalho. Há então, a necessidade de dividir a responsabilidade da educação dos

filhos com outras instituições sociais principalmente com a escola e a igreja. Paralelo

a isso, o Estado precisa criar mecanismos para a formação de trabalhadores que

atendam a demanda do mercado (AVER, 2003).

Desse modo, a escola passa a fazer parte do cotidiano de muitas crianças

e adultos que buscam nela além da transmissão do conhecimento históricamente

construído e uma formação profissional. Ao mesmo tempo a escola afirma-se como

espaço de produção, reprodução de valores necessários à conformação de um

dado modelo social.Entretanto ,a escola precisa assumir o papel de transformador e

mobilizador social,ou seja; deve levantar questionamentos propondo mudanças

necessárias quanto o que já está posto em nossa sociedade.

As transformações sociais, políticas e econômicas atingem uma rapidez

nunca antes experimentada. É nesse quadro que as relações entre a família e a

escola continuam sofrendo o controle direto e indireto do Estado, atendendo às

exigências da propriedade privada imposta pela produção capitalista.

Nos últimos anos, a educação vem se movendo em duas direções

aparentemente contrárias: de um lado a escola, com inúmeras tarefas como a

formação profissional e de cidadania, educação para a saúde, sexual e tantas outras

que até então eram desenvolvidas no âmbito familiar. Por outro lado, a crescente

difusão dos meios de comunicação, da imprensa e da televisão que retiram da

escola a quase exclusividade do título de transmissão e produção do conhecimento,

passando a influenciar na formação das novas gerações, competindo assim com a

educação dada, até então, pelos pais e a própria escola.

Nesta perspectiva, no início do século XXI, a família e a escola

encontram-se marcadas pelas multiplicidades de exigências que a sociedade

12

globalizada e o mundo do trabalho lhes impõem. Enfim, ampliam- se e diversificam-

se os objetivos educacionais e familiares, a fim de atender e assegurar as

necessidades da sociedade.

Pelo exposto verificamos que a família sempre foi considerada como

mediadora entre o indivíduo e a sociedade e as transformações ocorridas na relação

deste indivíduo com o trabalho trouxeram novos posicionamentos da mulher e do

homem diante da instituição Família, o que ocasionou uma mudança de estrutura na

instituição e na própria relação marido- mulher e pais –filhos.

Dessa forma, por parte das mulheres, ocorre uma imposição de alguns

papéis até então exercidos somente pelas mulheres a figura do pai em particular, e

hoje, o que vemos é que tanto mulher como homem tem papéis muito semelhantes

na educação dos filhos.

Na clássica divisão de tarefas acontecem alterações importantes:

Com o trabalho fora de casa, decorrente da inserção feminina no mercado

de trabalho, o tempo da mulher para o cuidado dos filhos foi diminuindo e o

homem foi mudando seu espaço no interior da família, assumindo inclusive

tarefas antes tipicamente femininas. A mulher torna-se mais competente no

trabalho, autônoma e competitiva, ao mesmo tempo em que o homem

aprende a ser mais cuidadoso e cuidador nas relações (...). Essas

alterações nos papéis sociais levaram a adaptações dos homens e das

mulheres, não sem relutância de ambas as partes, pois da mesma forma

que foi difícil para o homem abandonar o papel de senhor absoluto do

modelo tradicional de família, para a mulher foi penoso abrir mão do papel

de rainha do lar, frágil e submissa, ao qual estava secularmente

acostumada, e do qual comumente angariava algumas vantagens

secundárias, numa espécie de poder paralelo no mundo privado

(SEMIONATO, 2003 p. 57-66.)

Ao conceituarmos o termo família encontraremos segundo Ackerman

(1980 p.29) que é “[...] “um sistema de vínculos afetivos onde deverá ocorrer o

13

processo de humanização”, porém o mesmo autor ressalta que “essa instituição

permanece como unidade básica de crescimento e experiência, desempenho ou

falha” assim sendo, estará sempre contribuindo para o desenvolvimento dos que

fazem parte dela.

Para Kehl (apud Comparato; Monteiro, 2001) ainda cobra-se muito o

modelo familiar ideal, nuclear e estruturada, fazendo com que a mulher sinta-se em

dívida com a instituição familiar, pois se fizermos uma análise cronológica, foi à

figura da mulher que mais se modificou nesta estrutura que temos atualmente. E

essa nova estrutura familiar pode ser considerada uma das causas e uma das

justificativas para o aumento do número de casos de dificuldades de aprendizagem

escolar e outros problemas enfrentados tanto pela escola como pela sociedade em

geral.

Não estamos aqui assinalando que a culpa maior recai sobre as

mulheres, que pela busca de uma independência e por uma série de conquistas

brilhantes pode ser a causadora de todos os problemas enfrentados pelos filhos e

pela própria escola. Longe disso. Estamos somente discorrendo sobre as mudanças

ocorridas na sociedade. Temos que buscar métodos, modelos, práticas e ações que

possam auxiliar as famílias na condução da educação dos seus filhos, pois o que

ocorre hoje nas escolas de modo geral é a passagem desta responsabilidade

familiar para o âmbito escolar, o que não pode continuar.

Outro problema familiar que encontramos hoje em dia é o excesso de

informações. Os meios de comunicações e informações são os mais diversificados;

televisão, jornal, rádio, internet. Com tudo isso fez com que as pessoas

componentes dessas famílias da atualidade cresçam mais individualistas, pois tudo

o que precisamos parece estar nos meios de comunicação, prontos a serem

devorados por quem tem acesso a eles. Porém, muitas informações, sem certa

triagem do que é bom ou ruim acabam por fazendo mal às “cabecinhas” de quem

ainda está em formação educacional.

14

Muitos pais isentam- se da responsabilidade de educar os filhos

imaginando que os mesmos conseguem obter muitas informações que procuram

sobre os mais diversos assuntos em outros lugares além da família, pressupõe estar

dividindo a responsabilidade de educar os filhos, com algo ou alguém, pois o maior

medo desta geração de pais é o risco de errar sozinhos na educação, por isso dividir

com “alguma coisa” (meios de comunicação) a educação dos filhos se torna mais

cômodo.

Percebe-se que um grande número de pais está falhando nestas

situações, principalmente quando querem delegar a tarefa de educar seus filhos

para as pessoas que tomam conta dos mesmos – a empregada, os avós, a escola,

enquanto eles estão trabalhando. Só que a responsabilidade da educação é sempre

do pai e da mãe. O casal precisa dividir tarefas e administrar as regras que acham

necessárias para sua casa; devem ter consciência do seu objetivo na educação dos

filhos. Mas nunca delegar e se omitir com respeito a esses assuntos relacionados

aos filhos. A escola deve ser a extensão da família, e a empregada, os avós, as

babás, colaboradores na educação das crianças, jamais responsáveis por ela.

Isso leva a uma desorganização da autoridade familiar. Na verdade, os

filhos não sabem mais a quem obedecer e isso acaba por se refletir na escola, que

fica incumbida de ensinar além dos conteúdos das disciplinas, também a educação

de valores morais, espirituais e saúde, algo, que as crianças deveriam trazer de

casa.

Na nossa sociedade, a responsabilidade pela educação das crianças e

adolescentes recai legal e moralmente sobre duas agências socializadoras: a família

e a escola.

A educação abrange os processos formativos amplos que se

desenvolvem na convivência humana ao longo da vida. Tratar-se á aqui

especialmente da educação obrigatória, tendo o Estado a responsabilidade de oferta

primária e as famílias o dever de matricular e enviar seus filhos à escola.

15

Na Legislação Brasileira, no que se refere à educação escolar

contemplava-se já na Constituição de 1824 que versava a respeito da mesma

prevendo uma organização do campo educacional.

“Art. 179. (...): XXXII - A Instrução primaria, e gratuita a todos os cidadãos”.

A Constituição Federal de 1937, em seu artigo 125, dizia que:

Art.125. A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural

dos pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de

maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as

deficiências e lacunas da educação particular.

Em seguida, a Constituição Federal de 1946, em seu artigo 166 descrevia

que:

Art. 166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve

inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade

humana.

A Lei nº 4.024/61, já revogada (lei nº9. 394de 1996), conhecida como Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 30, preceituava que:

Art. 30. Não poderá exercer função pública, nem ocupar emprego em

sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público

o pai de família ou responsável por criança em idade escolar sem fazer

prova de matrícula desta, em estabelecimento de ensino, ou de que lhe está

sendo ministrada educação no lar.

A Constituição Federal de 1988, o artigo 4º e 205º aduz que:

Art. 4. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do

poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos

referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,

à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária.

16

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e

sua qualificação para o trabalho.

Na consolidação dos direitos das crianças, as responsabilidades

específicas dos adultos que as cercam vão sendo modificadas, e a relação escola-

família passa a ser regida por novas normas e leis.

Atualmente no Brasil, em termos legais, os direitos infanto-juvenis estão

amparados pela Constituição e desdobrados no Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), Lei nº8. 069 de 1990, e na nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB) promulgada em 1996.

Segundo a LDB, os profissionais da educação devem ser os responsáveis

pelos processos de aprendizagem, mas não estão sozinhos nesta tarefa. A lei prevê

a ação integrada das escolas com as famílias.

A Lei 9394/96- LDB, ao tratar dos princípios e fins da educação em seu

artigo 4º explicita que: “a educação, dever da família e do Estado tem por finalidade

o pleno desenvolvimento educacional...” e, ainda que “os estabelecimentos de

ensino terão a incumbência de (...) articular-se com as famílias (...) criando

processos de integração”. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) no artigo 53 Cap. IV, parágrafo único determina que seja “direito dos pais ou

responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição

das propostas educacionais.”

As leis dão garantia à participação da família na escola, quando

incumbem aos estabelecimentos de ensino a criação dos processos de integração,

bem como, quando colocam como direito à participação e acompanhamento do

processo escolar, como se constata na LDB 9394/96 e no Estatuto da Criança e do

Adolescente lei 8069 de 13/07/90, as quais explicitam ainda que a educação seja

primeiro dever da família. Cabe lembrar que é com a família que se inicia o processo

17

de educar e esse processo passa a ser ampliado pela educação escolar com o

apoio do Estado (SANTOS 2007).

Nesta perspectiva, o Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta a

obrigatoriedade dos pais em efetuar a matrícula dos filhos, bem como acompanhar o

seu desempenho escolar, citado no Art.129– Parágrafo V em que fica estabelecido o

seguinte: “Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e

acompanhamento escolar”, e na LDB - Nº 9394/96 o que cabe ao estabelecimento

de ensino em relação às famílias dos alunos é:

Art.12 inciso I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; (...) VI -

articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de

integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes

ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a

freqüência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da

proposta pedagógica da escola (LDB 9394/96, 1996).

O Estatuto da Criança e do Adolescente preza pela família, sua

estruturação e condições necessárias para que possa garantir as necessidades

básicas de sua prole. Aos pais fica a responsabilidade pela formação, orientação e

acompanhamento da criança/adolescente. Portanto, pode-se perceber que os

pais/responsáveis são contemplados no ECA, tanto em forma de direitos

assegurados, quanto na questão de responsabilidades junto à criança/adolescente,

sendo aplicados sansões quando seus deveres não são cumpridos.

Assim como podemos ver a legislação em vigor, prevê a participação dos

pais em relação à educação dos filhos (ECA), e atribui à escola a responsabilidade

de articular-se junto aos pais (LDB). Portanto, família e escola devem buscar esta

integração. No contexto atual, torna-se indispensável à presença dos pais na escola,

entendendo também que isto é ao mesmo tempo um direito e dever.

Com base neste texto, sugere-se a discussão e questionamentos a serem

realizados pelo grupo.

18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACKERMAN, N. Diagnóstico e tratamento das relações familiares. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1986.

AVER, A.V. Família e escola: Reflexões sobre as relações produzidas no

contexto neoliberal. Monografia apresentada para conclusão de curso. Unioeste,

2003.

AUGÉ, M. Sobre modernidade: do mundo tecnológico de hoje ao desafio

essencial do amanhã. In: MORAES, Dênis de (Org). Sociedade Midiatizada. Rio

de Janeiro: Mauad, 2003. pp. 99-117.

BAUMAN, Z. Amor Líquido: sobre fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro.

Ed. Jorge Zahar. 2004. 197p.

.BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro. Ed. Jorge Zahar. 2001. p. 64-

106

BOECHAT, I. A Família no Século XXI. 2ª ed. Rio de Janeiro: Reproarte, 2003.

BRASIL, Constituição Federal, 1988.

BRASIL, Lei nº8069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente.

BRASIL, Lei, Decretos. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional Lei nº9.

394/96.

CANHOTO, A.M. Educar para um mundo novo, São José do Rio Preto: Editora

Ativa, 2003.

GLICK, P.C A Demographer looks of American families. Journal of Marriage and

the family, 1975.

19

KEHL, M. R. Lugares do feminino e do masculino na família. In. COMPARATO,

M. C. M.; MONTEIRO, D. S. F. (Orgs.). A criança na contemporaneidade e a

Psicanálise: família e sociedade. Diálogos interdisciplinares. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 2001. p.29.

NILDECOFF, M.T. A escola e a compreensão da realidade. São Paulo: Editora

Brasiliense S.A 1983.

RAMEY, J.W. (1975). Intimate Networks: will they replace the monogamous

family? The Futurist, Aug. 175-181.

SANTOS, E.H. Família e escola: Refletindo e re significando essa relação. Ponta

Grossa, 2007. Caderno Pedagógico PDE/SEED. Acessível em

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

SEMIONATO, M A.W. ; OLIVEIRA, R.G. Funções e Transformações da Família ao

Longo da História. I Encontro Paranaense de Psicopedagogia. Maringá: 2003,

p.57-66.

ATIVIDADES

QUESTÕES PARA REFLEXÕES E DISCUSSÕES COM O GRUPO.

1-Como era a família tradicional?

2-O que está mudando nas famílias atuais? Como a modernidade está refletindo na

família?

3-O que no seu dia a dia, na sua realidade que mais dificulta o encontro e o diálogo

na família?

4- O que significa hoje a família para a sociedade?

20

5-A importância dada a família hoje é a mesma que anos atrás? E a mesma

continua significativa em dias vividos de forma tão atribulada?

6-Qual a importância da família na vida de um indivíduo e na sua formação tanto

pessoal como profissional?

7-Quais são e como fazer os ajustes necessários para prosseguir no ideal de família

em nossos dias?

9- Para vocês pais, atualmente, quais os fatores que estão contribuindo para a

desestruturação da família?

10- Qual a contribuição da escola para com a família? Poderia a Escola de Pais ser

uma aliada aos pais na educação dos filhos?

SUGESTÃO DE DINÂMICA PARA O ENCONTRO DE PAIS.

Dinâmica: "DNA/Herança Genética"

Objetivo: Descobrir os traços de personalidade herdados da família.

Material: Uma Folha A4 para cada participante, canetas hidrocor, lápis de cor ou giz

de cera, Música ambiente.

Procedimento:

Deve ser acima de 15 participantes. Tempo: 25 min. O coordenador

reflete com o grupo as características genéticas que herdamos de nossos parentes

mais próximos. Às vezes um comportamento ou atitude revela uma característica do

avô, do pai, da tia. Este exercício irá promover no grupo uma apresentação grupal a

partir das qualidades da árvore genealógica de cada um.

Entregue uma folha A4 para cada participante. Dobre-a em quatro partes

e nomeie as partes com sendo A, B, C e D. Coloque música ambiente.

Na parte A o participante deverá desenhar livremente como ele enxerga os avós

21

maternos (colorindo bem o desenho) e ao lado de cada um vai anotar uma qualidade

e uma falha que percebe em cada um dos avós maternos.

Na parte B o participante deverá desenhar livremente como ele enxerga os

avós paternos (colorindo bem o desenho) e ao lado de cada um também vai anotar

uma qualidade e uma falha que percebe em cada um deles.

Na parte C o participante deverá desenhar Pai e Mãe e seguir o exercício anotando

a principal qualidade que nota nos pais e também a principal falha.

Na parte D ele deverá desenhar um auto-retrato (como ele se vê)e observando as

qualidades e falhas da família, deverá anotar que características herdou e de quem

herdou.Escrever também na folha o nome e a idade.

Após o término dos desenhos, o coordenador orienta o grupo a sentarem-

se em trio e comentar sobre suas heranças.

Análise

A análise deste jogo se dá pela valorização que damos à genética, à

nossa história de vida pessoal baseada nos valores e comportamentos familiares.

Da percepção que temos do espaço social chamado Família.

Que personagem da família foi mais fácil desenhar?

Dentre as qualidades que você herdou, qual foi mais confortável anotar?

Por quê?

Que característica você nota em seus familiares e você ainda não possui? Deseja

possuir?

Que sentimentos este exercício trouxe à tona?

Que herança é mais fácil herdar? Características ou valores financeiros?

Referência da dinâmica: Site www..com.cdof.com.br/cooperativa do fitness.

Contribuição enviada pelo usuário Marcos Rogério - consultor em dinâmicas de

grupo e tecnologia educacional Belo Horizonte MG. Acesso em 25/05/2010.

MATERIAL DE APOIO E SUGESTÕES DE LEITURA PARA OS PAIS.

Apostila Governo do Paraná/ Secretaria de Estado da Educação.

22

1-Eu Acompanho a Avaliação Escolar do Meu Filho. E Você?

Encontrado em www.diaadiaeducação.pr.gov.br

2-Texto: A Família, Ontem, Hoje e Sempre.

Referências bibliográficas

GONÇALVES, L.Ernesto. A Família, Ontem, Hoje e Sempre. Revista Programa

Escola de Pais do Brasil. Família nos tempos que correm. Para onde vai? pg. 13,14

Ano 2008. 46º Congresso Nacional.

3-História Social da Criança e da Família.

Autor Philippe Ariès Editora Guanabara Koogan S.A R.J,1978.

INDICAÇÕES DE FILMES

*HERÓIS IMAGINÁRIOS

Trata da transição do modelo familiar tradicional dos anos 60 para o modelo atual

ainda indefinido.

• gênero:Drama

• duração:01 hs 52 min

• ano de lançamento:2004 Bélgica, Alemanha,EUA

site oficial:http://www.sonyclassics.com/imaginary/

*DOZE É DEMAIS

Trata da família, lealdade e prioridades, relacionamentos e valores familiares.

• duração: 94 min

• gênero: Comédia

23

• gênero:Comédia

• duração:01 hs 34 min

• ano de lançamento:2005

• direção: Adam Shankman

Site oficial: http://www.cheaperbythedozenmovie.com/

2º ENCONTRO

A PARTICIPAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DOS

FILHOS

Pais educam para quê? Educar os filhos, eis um dos maiores desafios

vividos pelos pais. A decisão de ter um filho hoje é muito séria e nunca é demais

lembrar da responsabilidade que é tê-lo. É decidir para sempre ter um coração fora

do corpo.

Lembrar que formar alguém é uma longa jornada de dedicação. Não há

escola no mundo que possa substituir os laços afetivos e educacionais que um filho

precisa ter com seus pais, ou com um adulto por ele responsável, assim como não

há família que possa suprir a importância que um convívio escolar saudável traz

para uma criança, que ali aprende a se relacionar com terceiros, a viver em

comunidade, a ser crítico e a se defender sozinho.

Parolli (2003) ressalta que gerar um filho é uma benção. Porém, não se

pode deixar de ter presente, que toda benção é acompanhada de um compromisso

uma missão. Religiosamente falando foi assim para Sara, mãe de Isaac; para Ana,

mãe de Samuel; para Isabel, mãe de João Batista; para Maria, mãe de Jesus; e é

assim para os que são pais.

Educar filhos é sempre uma experiência de aprendizado. Não existe uma

receita. Existem até mesmo bons pais que tem filhos problemáticos. No entanto, é

claro perceber que pais com certas características têm mais sucesso na educação

24

de seus filhos como, por exemplo; pais que transmitem para seus filhos,

principalmente pelo exemplo, a fé em Deus e a vivência da religião, os que

valorizam o trabalho, mas não o hipervalorizam, aqueles que se preocupam com os

bens materiais, mas não são gananciosos, nem consumistas, pais que corrigem os

filhos, mas também sabem ouví-los, e os que se querem bem e se respeitam e não

possuem vícios.

Percebe-se que a maioria dos pais quer dar uma boa educação aos filhos.

O modelo de vida atual não mais permite que as famílias chamem para si a

responsabilidade integral pela educação dos filhos. Nessa importantíssima tarefa,

precisam de auxílio e acredita-se que a sociedade como um todo, mais

enfaticamente a escola e a igreja, devem prestar esse auxílio.

Para Bessa (2009) a família tem uma função primordial na educação, no

crescimento e desenvolvimento do indivíduo na sociedade. E da mesma espera-se

que ao nascer à criança receba alimento, proteção e apoio para desenvolver-se até

conseguir sua autonomia. É deve ser também de responsabilidade da família o

ensinamento de regras de boa convivência e boas maneiras como “obrigado,

desculpa, com licença”.

A autora nos relata que nas sociedades mais antigas o papel de educar

as crianças era realizado exclusivamente pela família, o que acontecia quase que

naturalmente pela observação e a participação daquelas nas atividades dos adultos.

Hoje, esta função é compartilhada com a escola. “Notem que “compartilhada,”, ou

seja, compartilhar segundo o dicionário Aurélio é” Verbo transito. Ter ou tomar parte

em; participar de; compartir (grifo nosso). Porém para que a escola possa

desempenhar sua função complementar na educação dos filhos é necessário que

Família e Escola desenvolvam uma relação tranqüila e positiva.

Como já enfatizado por Bessa (2009), família e escola deve ser o lugar de

uma educação complementar aquela prestada em casa, em família. E para ocorrer

isso deve haver uma convivência muito próxima entre a Família e a Escola para que

25

a cobrança por parte de ambas as instituição seja a mesma, que falem a mesma

linguagem.

A autora ainda ressalta que quando o relacionamento entre as duas

instituições é vivido harmonicamente há um benefício para a criança, porém, quando

este relacionamento é carregado de conflitos, esta será muito prejudicada.

A prática desta convivência tem demonstrado que para uma boa relação,

não é suficiente juntar uma escola perfeitamente competente com uma

família perfeitamente ajustada, mas que ambos os contextos se aceitem,

respeitem e valorizem mutuamente (BESSA, 2009).

Continua a autora que esta boa relação não se constrói com breves

momentos de resolução de problemas financeiros ou pedagógicos, mas que a

família esteja mais presente nas decisões da escola e que a mesma saiba o que

ocorre no interior das famílias. Muitos podem pensar que isto seria uma invasão da

Escola no ambiente familiar e vice versa, mas é assim que se constroem boas

relações.

Segundo o Decreto-Lei nº 30/2002 de 20 de Dezembro, é atribuído aos

pais e encarregados da educação um papel especial de co-responsável com a

escola que é o de acompanhar a vida escolar do seu educando,articular a educação

na família com o ensino escolar, verificar para que sejam cumpridos os deveres e

direitos do educando,colaborar no processo de ensino aprendizagem dos alunos,

integrar –se a comunidade educativa sempre abordando informações importantes a

cerca do que vem ocorrendo no âmbito escolar,contribuir para a disciplina

escolar,comparecer na escola quando julgar necessário e /ou quando for solicitado.

Quando ocorre a aproximação entre família e escola, especialmente no

processo educativo, o resultado com certeza é uma troca de valores que só servirão

para contribuir com a formação acadêmica, ética e moral do aluno em formação.

26

A responsabilidade em educar o aluno entre a família e a escola deve ser

compartilhada, pois as mesmas precisam juntas, criar uma força de trabalho para

superarem as suas dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva; para

isto, é fundamental que se encarem como parceiras de caminhada, pois ambas são

responsáveis pelo que produzem - podendo reforçar ou contrariar a influência uma

da outra. Portanto, é imprescindível que família e escola atuem juntas como agentes

facilitadores do desenvolvimento pleno do educando, pois é através da educação

que vão se constituir em agentes institucionais capazes de exercer seu papel para a

mudança da estrutura social.

A escola necessita da adesão de todos os seus componentes, alunos,

professores, funcionários e dentre outros, os pais, para que os propósitos educativos

sejam efetivados, sobretudo no que tange ao desenvolvimento acadêmico e sócio

afetivo dos alunos. Assim, os pais devem participar de todas as tomadas de

decisões que envolvem o colegiado da escola, e ainda, é preciso que todos os pais

sintam liberdade para questionar a escola, dialogar, propor e refletir junto na

superação dos problemas que impedem o bom andamento da escola, corroborando,

então, para a efetivação concreta das possibilidades de uma aprendizagem

sistemática, que é o propósito da escola.

Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento da criança está

ligado à escola e à família, e considerando que cada ser humano é o ator principal

de sua história escolar, é necessário frisar de que a contribuição motivacional, ética,

moral e todas as possíveis de se imaginar perpassam pela Família e pela Escola e

que ambas devem fazer o seu papel na educação dos filhos.

Salienta Zimerman, apud Bossols, 2003, p. 14:

[...] os pais que não têm condições emocionais de suportar a sua parcela de

responsabilidade, ou culpa, pelo mau rendimento escolar, ou algum

transtorno de conduta do filho, farão de tudo, para encontrar argumentos e

pinçar fatos, a fim de imputar aos professores que reprovaram o aluno, ou à

escola como um todo, a total responsabilidade pelo fracasso do filho.

27

E estes conflitos internos da Família chegam às escolas que se vêem

obrigadas para manter um equilíbrio normal em sala de aula impor alguns limites

dentro desta, e que muitas vezes na tentativa de educar, acaba sendo desautorizada

pela família a imposição destes limites, ocorrendo na visão da criança e do

adolescente um cabo de guerra entre quem pode (manda) mais: escola ou pais,

podendo ocorrer segundo salienta o mesmo autor que “o próprio aluno, que não

suporte reconhecer a responsabilidade por suas falhas, fará um sutil jogo de intrigas

que predisponha os pais contra os professores e a escola”.

Devemos lembrar que os pais e a escola devem ser parceiros, cada um

com seus princípios educativos. Pais com coerência, firmeza e a escola dando

seqüência educativa e aprimorando a essência na construção da cidadania. Os pais

e a escola se não se cuidarem mutuamente acabam trabalhando com ideais

diversos e o aluno/filho se beneficia, erroneamente, da discórdia que se criou entre

as pessoas à sua volta (DANELUZ, 2008).

A parte da educação que compete aos pais deveria consistir em

momentos de autoridade e de diálogo. Autoridade aqui não quer dizer autoritarismo,

quer dizer se fazer entender. A autoridade ao contrário do autoritarismo é uma

atitude inteligente, porque dialoga, justifica, mas é firme em seus princípios e limites.

Dá segurança e cria pessoas preparadas para a vida, capazes de exercerem a sua

autoridade, serem participativas e pessoal e socialmente responsáveis.

Para Donatelli (2009) a contínua perda de autoridade dos pais tem

formado gerações de crianças e jovens sem limites no que tange ao comportamento

social. A fragilidade nas relações familiares leva novos conflitos à escola e aos

educadores que, nem sempre, estão preparados para desempenhar novos papéis

sociais. E coloca em risco o desempenho do professor, um profissional ímpar na

definição do autor. “Ser professor é por definição, no meu entender, ser generoso”,

O mesmo autor ainda ressalta que a falta de limites e a agressividade das

crianças, adolescentes e jovens têm sido alguns dos problemas enfrentados por pais

28

e professores na hora de educar as crianças. Numa inversão de valores, parece

que, hoje, quem comanda a casa são os filhos e os pais ficam à mercê de suas

vontades. A escola, em meio a uma crise de identidade, deixou de ser lugar de

socialização e transformou-se em extensão das residências. É preciso que pais e

professores assumam as responsabilidades e desempenhem seu papel social para

acabar com a tirania dos filhos/alunos. “Cada vez mais os adultos se sentem menos

preparados a serem responsáveis, e, por conseguinte, terem autoridade diante dos

seus filhos. Pai é pai, e não amigo” Donatelli (2009).

Para FREIRE (2000)

A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que

experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo:

gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade

complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade

(FREIRE, 2000 p. 29).

O autor nos passa exatamente o raios-X do que vem ocorrendo nas

famílias e que com toda certeza ocorre também no âmbito escolar com essas

crianças e adolescentes sendo criados desta forma.

Volpato (2010) ressalta que por mais difícil e complicado que possa ser

educar, o adulto jamais deverá abrir mão de sua autoridade, seja diante de filhos ou

de alunos, para quem é professor. Quando a autoridade renuncia a si mesma, a

liberdade não se constitui como tal e, se o professor um dia renunciar a sua

autoridade, nesse momento, ele deve desistir de ser professor.

Portanto, para os pais, como não podem deixar de serem pais, jamais poderão abrir

mão de sua autoridade diante da educação de seus filhos.

Quando professores e pais dizem que não dão conta mais de filhos,

crianças e adolescente. Pior é que ao dizerem isso, na frente deles, estão abrindo

mão de sua autoridade, mostrando suas fraquezas e fortalecendo atitudes de falta

29

de respeito por parte dos filhos ou alunos. É fácil de entender que perderam o

controle da situação, porque perderam a autoridade diante deles.

De acordo com Domingo apud Volpato (2010), para ter autoridade é

necessário o sujeito autorizar-se, atrever-se a fazer o que tem que ser feito. E o que

tem que ser feito por parte do adulto da relação, sejam pais ou professores, é dar

direção, limites, combinar algo, fazer cumprir e cumprir o que foi combinado,

sempre. Os pais e professores que têm autoridade, sem precisar dizer nem ocultar,

mostram a seus filhos ou alunos as profundezas e advertem sobre os perigos que

poderão encontrar na caminhada. O fundamental no ato de educar consiste em os

pais e os professores conseguirem, cada um dentro de seus limites de competência

e responsabilidade, autorizarem os filhos ou alunos a pensarem por si mesmos,

porque confiam na autoridade deles como pais ou professores, porque lhes

concedem autoridade que lhes dá um caminho, porém, um caminho que os dirige a

si mesmos. Aí sim estaremos formando jovens responsáveis e conscientes de seus

atos e atitudes.

Em Parolin (2003, p. 14-15), “para educar um filho é necessário um

investimento de trabalho corporal, de conversa, de valores, de dedicação, de

dinheiro e de afeto” Ora, de um lado os pais com todas as suas qualidades, do outro,

os filhos em sua busca incessante de conhecimento e descobertas.

FREIRE (2000) ressalta que educar os filhos para que sejam pessoas

responsavelmente livres é uma tarefa difícil e dura para os pais, mas é também uma

tarefa apaixonante, pois a liberdade é a raiz da personalidade humana.

A sociedade procura na escola uma instituição que traga conhecimentos

culturais, éticos e estruturais e a partir daí que se constrói o currículo manifesto

(escrito em seus estatutos) e o latente (o dia a dia). (Outeiral apud Siqueira 2002,

p.01)

30

À escola cabe, para os olhos da sociedade, o repasse de conhecimentos

científicos acerca das áreas disciplinares cabendo aqui a autoridade no

gerenciamento das questões pedagógico- educacionais. Porém, salienta-se que,

além disso, busca-se na escola também o desafio de relacionamento entre aluno –

alunos, aluno-professor, - escolas-pai, pais-professores. Enfatiza Viera (2002) que

assim a escola permanece ao lado da família dividindo um espaço de formação da

personalidade do aluno.

O acompanhamento das atividades escolares dos filhos pelos pais parece

ser um importante recurso que a escola poderia valer-se para receber e amenizar

histórias de problemas escolares. Mesmo que existam indícios de que algumas

causas das dificuldades de aprendizagem continuem situadas na família tais como:

dificuldades conjugais, psicopatologias parentais, stress do dia-dia, dentre outras, ao

mesmo tempo tem consideração de que o envolvimento e ajuda dos pais ao aluno

em casa pode ser um importante causador do sucesso escolar. A propósito quanto a

relevância desta questão, Fehrmann, Keith e Reimers (1987) nos indica que o

envolvimento dos pais traz um efeito direto e positivo nas notas dos filhos e um

efeito significativo igualmente no tempo que as crianças despendem fazendo tarefas

acadêmicas em casa (“lição de casa”), tendo também um resultado indireto positivo

nas notas alcançadas por estas crianças.

Bhering (2002) salienta que muitos pais se sentem culpados pelo fracasso

da criança e apresentam dificuldades na ajuda da lição de casa ou por não saberem

ler, por falta de tempo, ou por não saberem ensinar, visto que os conteúdos

estudados em seu tempo de escola eram diferentes de hoje em dia. O dever de casa

muitas vezes surge como um fator de desgaste emocional para mães. Em reuniões

com professores as mesmas utilizam termos negativos para se referir à hora do

dever de casa: aborrecimento, discórdia, medo, stress, irritação, frustração. As mães

expõem que em algumas ocasiões choram por não saber fazer o dever, e acaba

sendo imprescindível a pressão por partes das mães para efetivação deste, até

mesmo utilizando de violência física.

31

Os resultados das interações negativas dentre pais e filhos durante o

dever de casa podem ser constatadas no estudo de Nicholls e Mackenzie (1994), no

qual saíram entrevistados 48 estudantes de escola fundamental, com e sem

distúrbios de aprendizagem, a propósito da experiência com trabalhos escolares,

tarefas de casa e projetos de aprendizagem pessoais. Os autores distinguiram que

os estudantes com distúrbio de aprendizagem estavam, em sua maior parte, no

grupo que, tinham pouco ou nenhum grau de satisfação na realização de tarefas

escolares e entendia quase todo tipo de aprendizagem como imposição.

Segundo Bordoni (2010), assumir a responsabilidade pelos deveres de

casa ajuda as crianças a crescerem e se tornarem adultos responsáveis que

cumprem suas promessas, respeitam seus limites e triunfam em suas tarefas. Um

dos principais objetivos do dever de casa é ensinar a criança como trabalhar por

conta própria. Por outro lado, os pais não devem esquecer que é muito importante

que a criança perceba a atenção que é dada aos deveres de casa e também às

atividades diárias da escola. Os mesmos devem respeitar os diversos ritmos de

aprendizagem, cada um tem o seu ritmo e o seu tempo e ter o cuidado para não

fazer comparações entre as crianças.

E o que podemos dizer do período de mudança, ou seja, da passagem

dos alunos da 4ª série (5º ano) para a 5ª série (6ºano) do Ensino Fundamental?

Como os pais podem auxiliar seus filhos e a escola nesta transição de uma série

para a outra?

Na passagem da 4ªsérie (5ºano) dos anos iniciais do ensino fundamental

para a 5ªsérie (6ºano) dos anos finais do ensino fundamental ocorrem grandes

alterações na vida do aluno. Essa fase é marcada pela ruptura com as séries iniciais

e com a infância, e envolve mudanças de comportamento e da maneira de pensar

(POLIDO, 2010).

Esta passagem de série, para uma escola diferente, é marcada de

dúvidas, incertezas, regada pelo nervosismo dos alunos, pensamentos e atitudes

32

diferenciadas das que se percebia anteriormente. Este momento requer um tempo

de adaptação, de reorganização pessoal, pois antes um único professor

acompanhava o aluno em suas atividades, agora, cada horário é um novo professor,

com diferentes metodologias, jeito diferente, vocabulário, enfim, cada aula é um

mundo novo a ser descoberto. Muitos alunos demoram algum tempo a adaptar-se e

muitas vezes as expectativas sonhadas não são realizadas (FURSTENAU, 2010).

Para Junior (2010) os pais devem procurar entender a evolução natural

pela qual a criança está passando e, por ser mais experientes e maduros,

estabelecer limites para ela. Mesmo que a criança lute por liberdade e autonomia,

ela continua necessitando do acompanhamento dos pais, ainda que não consiga

expressar claramente esse desejo. E como a criança ainda precisa de ajuda, essa

fase é um momento oportuno para estreitar relações.

O mesmo autor ainda salienta que é importante lembrar aos pais que não

se deve fazer tarefas e trabalhos pelos filhos, mas sim estar próximo o suficiente

deles para acompanhar essa nova fase e lhes dar condições e suporte emocional na

medida certa. Assim, o espaço escolhido para o estudo deve ser o mais propício,

longe dos aparelhos de TV e som, da geladeira, dos armários de biscoitos e doces e

próximo das fontes de pesquisa de que a família dispuser e dos objetos necessários

para a realização das tarefas.

É necessário também que se estabeleça com a criança um horário para

os estudos e que seja respeitado à risca. Os pais devem auxiliar o filho a organizar a

agenda, arrumar a mochila, em que agora vários cadernos e livros tomam conta do

espaço, e organizar o espaço onde vai desenvolver as atividades e estudar,

ensinando-o aos poucos a fazer isso sozinho. Só se consegue um bom resultado

com a orientação contínua.

Nesse sentido, é sabido que é justamente nessa passagem carregada de

desafios que os pais devem mostrar-se presentes, corroborando para o pleno

desenvolvimento dos alunos, tanto acadêmico como numa formação pautado nos

33

valores, onde exige a formação ética e moral. Todavia, é fundamental que a família

permaneça presente como na série anterior, visto que o número de professores e

matérias era menor, nessa passagem aumentam-se tudo, sobretudo o apoio dos

pais deve ser intenso e coerente, sem colocar o aluno em constrangimento e

impedindo que perceba suas responsabilidades no contexto escolar, até porque terá

sempre o olhar presente dos pais, para que o filho possa superar com sucesso as

dificuldades encontradas tanto no nível do desempenho escolar como na

socialização. Desse modo, a escola como um todo deve organizar momentos

coletivos entre alunos e os pais da 5ª série (6º ano), para que de forma dinâmica e

prazerosa se discuta a respeito da importância dos pais e filhos dialogar e

organizarem a rotina dos filhos, a fim de garantir um equilíbrio entre o tempo

destinado aos estudos e as demais atividades, tão logo enfatizar da importância da

parceria pais-escola para a efetivação de um ensino de qualidade para todos os

alunos.

Esse momento de transição dos alunos da 4ª série (5º ano) para a 5ª

série (6º ano) é importante tanto para o aluno quanto para a família, pois é o “novo”

o diferente que assusta e trás complicações. A família bem como a escola tem um

papel fundamental nesse momento de desafios para o aluno, são papeis distintos,

mas afins. O que antes era resolvido somente entre pais e professores, na 5ª série

(6º ano) entra em cena um novo personagem o aluno. A partir desse momento o

aluno deverá estar ciente de que precisa assumir a responsabilidade por seus atos.

E é a escola que dá instrumentos e possibilidades para que o aluno conquiste a sua

autonomia e tenha a compreensão da sua responsabilidade no processo

educacional (OLIVEIRA, 2010).

Portanto a escola deve estar preparada para receber esse aluno que está

chegando, nessa hora é relevante deixar claro as regras e normas da escola. A

acolhida às atitudes e práticas da escola em relação ao aluno entrante e sua família

pode traçar linhas de entendimento e de relacionamento. Firmar “acordos” pode

ajudar num bom relacionamento e contribuir no comportamento e desempenho do

34

aluno na escola. Quando juntos escola, família e aluno acordam como devem agir e

como serão as normas e regras da escola, existem grandes possibilidades desse

acordo ser respeitado e cumprido. Lembrando que os pais que colaboravam tanto na

quarta série (5º ano) não devem romper esse vínculo repentinamente, pois a

autonomia não se conquista assim num toque de mágicas de uma hora para outra é

um processo lento e deve ser acompanhado, levando em conta que os alunos estão

no início de uma fase nova da vida, a adolescência. Essa fase também pode ser um

complicador para a escola, uma fase sensível que mexe muito com as atitudes e o

comportamento dos mesmos e isso vêm refletir fortemente na escola.

A possibilidade dos alunos tomarem decisões sozinhos sem o

conhecimento dos pais e a falta de apoio que os professores sentem quando isso

acontece, pode levar ao insucesso do processo de ensino e aprendizagem. Então a

participação e o apoio dos pais são muito importante para o sucesso, adaptação e

permanência do aluno na escola e para que a mesma seja melhor (SANTOS 2010).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BESSA. A.C. Família e Escola: Uma comunhão necessária. Comunidade Católica

Shalom. Site: www.comshalom.org. Acesso em 26/05/2010.

BHERING, E. DE NEZ, T. B. Envolvimento de pais em creches: possibilidades e

dificuldades de parceria. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 18, n. 1, p. 63-73, 2002.

BORDONI, T. Novas posturas, para as velhas relações, com os filhos e com a

Escola.

http://www.adrianaalbuquerque.com.br/index.php?pg=saladeleitura&id=57 Acesso em

02/06/2010.

DANELUZ M. Escola e família - Duas realidades, um mesmo objetivo. (2008)

35

Disponível em www.unioeste.br/cursos/Cascavel.

DONATELLI, D. A perda de autoridade dos pais e os reflexos dentro da escola.

2009. Reportagem de Andrea Antunes em

www.folhadirigida.com.br/http://professora-bia. blogstop.com

FEHRMANN, P. G.; KEITH, T. Z.; REIMERS, T. M. Home influence on school

learning: direct and indirect effects on parental involvement on high school grades.

Journal of Educational Research, v. 80, n. 6, p. 330-337, 1987.

FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São

Paulo: UNESP, 2000.

FURSTENAU. J.E. Escola de Pais: Família e Escola uma relação possível e

necessária. Grupo de trabalho em rede GTR. www.e-escola.pr.gov.br

JUNIOR J.R. Síndrome da 5ª série. www.aprendebrasil.com. Acesso em 18/06/2010.

NICHOLLS, J. G., MACKENZIE, M.; SHUFRO, J. Schoolwork, homework, life’s

work: the experience of students with and without learning disabilities . Journal

of Learning Disabilities, v. 27, n. 9, p. 562–569, 1994.

OLIVEIRA. E.A Escola de pais: Família e escola uma relação possível e

necessária. Grupo de trabalho em rede GTR. Unidade 05, 2010. www.e-

escola.pr.gov.br

PAROLIN, I. Pais educadores. é proibido proibir? Porto Alegre: Mediação, 2003.

PAROLLI, M. Pais Educam para quê?

Catedral Revista Diocesana Bimestral - Ano XIV Nº 133/junho/julho 2003.

36

Cascavel –Pr.

POLIDO, O. Escola de pais: Família e escola uma relação possível e

necessária. Grupo de trabalho em rede GTR. Unidade 05, 2010. www.e-

escola.pr.gov.br

SANTOS, N.A. Escola de pais: Família e escola uma relação possível e

necessária. Grupo de trabalho em rede GTR. Unidade 05, 2010. www.e-

escola.pr.gov.br

SIQUEIRA, A Educação e Processo. (2002)

Encontrado em www. eaprender,com Acesso em 08/06/2010

VIEIRA, S. L. (Org.). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A,

2002.

VOLPATO, G. Autoridade, liberdade e responsabilidade na educação (2010)

http://www.atribunanet.com/artigo/autoridade-liberdade-e-responsabilidade-na-educacao-

50424 Acessado em 31/05/2010

ZIMERMAN, D. A Psicanálise e a Escola. In: BOSSOLS, A. M. S. at al. (org.).

Saúde Mental na Escola: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Meditação,

2003.

ATIVIDADES

QUESTÕES PARA REFLEXÕES E DISCUSSÕES COM O GRUPO

1- O que significa educar?

2- Qual a principal dificuldade dos pais para educar uma criança hoje?

37

3- O que é ser pai e mãe no mundo atual? Como dar respostas coerentes e

adequadas diante de um mundo em constante transformação?

4- O que quero ensinar aos meus filhos? O que priorizar na educação dos

mesmos?

5- De que forma a mídia interfere na educação das crianças no momento em

estamos vivendo?

6- Quais as atitudes dos pais que favorecem uma melhor convivência familiar?

7- Será que estamos dedicando tempo suficiente aos nossos filhos?

8- De que tipo de limites as crianças de hoje mais necessitam?

9- Quais os limites mais difíceis de impor aos filhos e como vencer as dificuldades

encontradas por nós pais e professores?

10-Como os pais dos alunos de 5ª série podem auxiliar seus filhos neste período de

mudanças significativas em suas vidas como a do Ensino Infantil para o Ensino

Fundamental e até mesmo a mudança para uma escola diferente?

MATERIAL DE APOIO

TEXTOS:

- O Valor da Educação nos Primeiros Anos de Vida. p.55 a 57

- Princípios da Educação Familiar. p. 135 a 141

Bibliografia:

WHITE, Ellen. G. Vida em Família – Construindo relacionamentos felizes. Casa

Publicadora Brasileira Tatuí-SP.

-Filhos... Mas com limites. Autor Ney Souza Teixeira

38

-Amor à Moda Antiga. Autora Cybele Russi de Carvalho

Encontrado em www.portaltexbr.com/tex nº 30 janeiro 2003.

SUGESTÃO DE DINÂMICA PARA O ENCONTRO DE PAIS

O peixinho

Esta dinâmica pode ser utilizada com pais de alunos de várias faixas

etárias.

Objetivos: Desenvolver o raciocínio lógico, o sentido reflexivo e crítico, de tal

maneira que possam tornar-se cidadãos conscientes de seus deveres e direitos.

Comparar diferenças e igualdades.

Fonte: www.eaprender.com.br

Material:

Papel pardo, fita adesiva, música Peixe vivo, papel sulfite, lápis preto e de

cor, borracha, giz de cera, tesourinha etc.

Desenvolvimento:

Faça o desenho de um aquário do tamanho de um papel pardo e fixe-o na

lousa. Coloque a música Peixe vivo para eles ouvirem e peça que cantem juntos...

Entregue aos pais um pedaço de papel sulfite (1/4) e peça-lhes que desenhem um

peixinho, como desejarem... (coloque à disposição lápis preto e de cor, borracha, giz

de cera, tesourinha etc.) e depois recortem. Peça que, assim que terminem, vão à

lousa e fixem seu peixinho no aquário. Após todos fixados, peçam para que eles

observem o que realizaram e manifestem o que entenderam sobre a atividade.

Deixe-os à vontade para falar. Se necessário, conduza a conversa para o lado da

moral, da ética, do respeito às diferenças individuais.

Pergunte:

39

Todos os peixinhos estão iguais?

Por que são diferentes?

Porque todos somos diferentes, temos gostos diferentes, habilidades diferentes,

conhecimentos diferentes.

Todos os peixinhos estão indo para mesmo lado? Por quê?

Porque temos objetivos, metas e sonhos diferentes caminhamos por caminhos

diferentes, viemos de famílias diferentes etc.

Mas, apesar de todas essas diferenças, todos são iguais nas suas necessidades de

sobrevivência.

Como podemos transferir essas idéias para a vida escolar?

O que o aquário representa?

Quem são os peixinhos?

Como convivermos, sabendo lidar com essas diferenças, em casa e na escola?

E assim por diante, de acordo com o retorno dos pais.

INDICAÇÕES DE FILMES

• "Sociedade dos poetas mortos"

Direção: Peter Weir

Censura: livre

Drama

Comentários do filme

Quando o carismático professor John Keating, estrelado por Robin

Willians chega àquele colégio conservador com seu moderno método de ensino,

desperta em seus alunos um novo questionamento, uma nova forma de vida. "Carpe

Diem, rapazes! Aproveitem o dia! Façam de suas vidas algo extraordinário.": com

estas palavras, ele estimulou os jovens a viver cada minuto de suas vidas

40

intensamente. Sociedade dos Poetas Mortos provocou em todos os países um forte

impacto nas relações entre pais e filhos, e entre professores e alunos.

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

• “À Procura da Felicidade”

Drama, EUA, 2006,

117 min

Direção: Gabriele Muccino

Chris Gardner é um vendedor e pai de família que enfrenta sérios

problemas financeiros. Precisa sustentar o filho, Christopher, de cinco anos, e a

mulher, Linda. Porém, a carga de problemas só aumenta e a desestruturação

familiar é inevitável. Desesperado, ele tenta colocar sua facilidade com vendas a seu

serviço, e é selecionado para um concorrido estágio numa Corretora de ações

americana. Entretanto, o estágio não é remunerado, mas há uma chance de

contratação, com um excelente salário, no final do estágio, para quem mais se

destacar. Enquanto não recebe um salário, Chris tenta equalizar suas

responsabilidades financeiras, mas é despejado, com o filho, do lugar onde mora,

passando a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros públicos, ou em

qualquer lugar que lhes dê abrigo durante a noite.

Baseado em uma história real.

Sugestões temáticas

Relações familiares, desestruturação familiar, impostos/taxação americanos,

preconceito racial, relações sociais, valores éticos subjetivos, persistência,

determinação.

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

41

3º ENCONTRO

FINALIDADES E BENEFÍCIOS DO ENVOLVIMENTO DOS PAIS NA ESCOLA

Família e escola dividem importantes responsabilidades no que se refere

a instruir e educar adolescentes e crianças, diariamente compartilham

conhecimentos e, principalmente valores que devem ser transmitidos aos mesmos.

Por vezes, uma delega à outra tais responsabilidades que se confundem

acarretando inversão de funções. Para um bom andamento do processo educativo,

é necessário que a escola conheça a realidade da família e esta, por sua vez, deve

acompanhar o desempenho e atitudes dos filhos na escola.

Um dos grandes problemas no que diz respeito a essa inter-relação entre

pais e escolas é que os pais comparecem a escola geralmente nas reuniões de pais

e mestres e entrega de boletins, quando os assuntos abordados dizem respeito a

questões disciplinares ou baixo rendimento escolar, havendo, por um lado, a

cobrança dos professores e, por outro, o afastamento dos familiares da escola. Nas

reuniões de pais gerais, o diálogo é dificultado devido um grande número de

participantes, o que impede a manifestação de muitos deles dentro do espaço

previsto.

Se existe essa grande dificuldade na participação e acompanhamento dos

pais na questão da aprendizagem o que dizer então da participação dos mesmos na

gestão escolar pública? Parece que também ainda é de forma insatisfatória, pois,

aqueles pais que se oferecem para ajudar na escola focam suas ações na doação

de recursos financeiros ou são voluntários na participação em projetos, festas e

eventos previstos no calendário da escola. Ou seja; ganha maior destaque em ações

isoladas, como por exemplo, o Dia da Família na Escola. Nesse dia, muitos pais

visitam a escola de seus filhos e envolvem-se em projetos promovidos por ela. Na

maioria das vezes, a participação dos pais é a de espectador. A escola acaba

organizando e promovendo algumas ações com a finalidade de incentivar a

42

participação dos pais. Ações como essas, apesar de serem importantes para atraí-

los e motivá-los a participar das atividades da escola, parecem dar resultados

apenas no momento em que são promovidas, não garantindo uma continuidade.

Família e escola devem seguir a mesma direção. È impossível

conseguirmos separar aluno/filho, por isso, quanto maior for o envolvimento da

família na escola, melhor deverá ser o desempenho deste na instituição.

Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as

crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que

a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa

instituição. A escola tem suas metodologias filosofia, no entanto ela

necessita da família para concretizar seu projeto educativo. (PAROLIN,

2005, p. 99)

Assim, destacamos a necessidade constante da família estar presente e

em parceria com a escola e seus eventos. Essas duas instituições tem objetivos

bem específicos em relação a educação, porém uma complementa a outra. E deve-

se ficar claro que nenhuma das instituições deve modificar-se em suas formas de

desenvolverem-se e se organizarem, devem sim estar abertas às trocas de

experiências realizando uma parceria no que se refere à educação.

Na mesma análise SZYMANSKI (2003 apud DANELUZ, 2008) escola é

escola, família é família, o que ambas têm em comum é o fato de prepararem os

adolescentes para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de

funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas desempenham um

papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão. A escola tem uma

especificidade, a obrigação de ensinar conteúdos específicos da área do saber,

escolhidos como fundamentais para a instrução de novas gerações. A família tem de

dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor e amoroso e as bases

dos valores socialmente constituídos.

Como já citado anteriormente, o importante é compartilhar

responsabilidades e não transferi-las. A escola não funciona isolada, é necessário

43

que cada uma das instituições – família e escola, dentro de suas funções, trabalhem

buscando a construção coletiva de uma educação satisfatória para os alunos e a

melhoria do desempenho escolar.

Para Canhoto (2003) a participação dos pais no recinto escolar dos filhos

gera canais e treino de diálogo. Os mesmos devem entender que diálogo,

conversas, discussões sobre temas relevantes não é imposição de idéias, não é

impor aos outros seu ponto de vista. É uma troca de opiniões e experiências.

GUZZO (1990, p. 135) afirma que “o envolvimento de pais em programas

educacionais de suas crianças vem sendo considerado como uma variável relevante

e facilitadora no desenvolvimento infantil.”

Para CUBIERO:

A escola é junto com a família, a instituição social que maiores

repercussões têm para o adolescente. Tanto nos fins explícitos que

persegue expressos no currículo acadêmico, como em outros não

planejados, a escola será determinante para o desenvolvimento cognitivo e

social da criança e, portanto, para o curso posterior na vida (CUBIERO,

1995, p.253).

Depois do ambiente familiar, é na escola que os adolescentes

permanecem mais tempo, e as expectativas em relação ao seu desempenho escolar

aumentam, assumindo maior importância na vida em família.

Canavarro (2002) desenvolveu uma pesquisa sobre como pais e

professores podem se auxiliar no sentido de comungar uma parceria para a

educação dos filhos e sua pesquisa resultou em um documento que pode ser aqui

compartilhado para pensarmos na finalidade, importância e benefícios que o

envolvimento dos pais pode auxiliar a escola e os próprios filhos em seu

desenvolvimento.

Sugestões aos Professores e Escola:

44

• As escolas devem promover estratégias para a aproximação das famílias às

escolas – deve ser averiguado como a escola pode aproximar os pais de

acordo com a sua realidade e suas necessidades.

• Ajuda às famílias a cumprir suas obrigações - Ajudar as famílias a estabelecer

as condições básicas (alimentação, saúde, segurança...) para a

aprendizagem, a desenvolver práticas educativas adequadas às

necessidades das crianças e a compreender o desenvolvimento e as

necessidades das crianças e adolescentes em cada período do

desenvolvimento. Estes objetivos podem ser concretizados, através da

educação de pais por técnicos convidados pela escola, de aconselhamento

individual aos pais, de informação escrita, e de um processo de

encaminhamento para outros técnicos e instituições da comunidade.

• Envolvimento dos pais em atividades no espaço escolar – além das

atividades normais de festas de Páscoa, Dia das Mães, Pais, e outras

comuns as escolas, promover a participação da família em eventos diários da

escola, como cuidar dos recreios, apoio á Biblioteca, visitas as salas de aula

durante o ano letivo, visitas as apresentações culturais e apresentações de

trabalhos na escola, ou seja, o envolvimento dos pais na construção de uma

escola melhor.

• Envolvimento dos pais nas atividades de aprendizagem em casa – para haver

um envolvimento maior dos pais neste sentindo é importante que os pais

saibam o que o filho está ou deve aprender dos conteúdos apresentados,

para que este tenha como cobrar os objetivos daquela atividade que foi

desenvolvida em sala de aula, ou mesmo enviada para casa.

• Envolvimento dos pais na tomada de decisão da escola - isto pode ser

concretizado se as escolas ajudarem a manter as Associações de Pais ativas,

facilitando espaço físico, reuniões de coordenação com a direção da escola,

procurarem cativar pais de todos os níveis socioeconômicos e etnias e de

diferentes grupos profissionais que estão presentes na escola a fazerem parte

45

das Associações e criarem grupos de reflexão sobre problemáticas chaves

onde incluam representantes dos pais.

• Envolvimento da Comunidade na escola - A escola deve procurar partilhar as

suas responsabilidades e recursos com as diferentes instituições e

organismos existentes na comunidade e manter a família informada sobre os

recursos e atividades que a escola realiza.

Sugestões aos Pais:

• Fale com o seu filho sobre a Escola – é importante conhecer a escola para

falar sobre ela ao filho. Conhecer as regras e falar sobre elas aos filhos é

fundamental para se falar a mesma língua em casa e na escola.

• Procurar proporcionar ao filho experiências de aprendizagem - ler aos filhos,

ouvi-los ler, conversar com eles acerca de diferentes temas, assistir em

conjunto a programas televisivos e pedir-lhes a opinião acerca daquilo que

estão a ver e a ouvir, passear, ir a museus e sítios com interesse histórico e

cultural, demonstrar e partilhar o seu interesse e curiosidade por tudo aquilo

que o rodeia, ajudar a organizar um horário de estudo (adequado às

necessidades de cada criança/adolescentes e sem exageros!), ensiná-lo a

estudar, e proporcionar um ambiente de estudo facilitador é outra forma de

ajudar o seu filho.

• Comunicação entre Escola e Família - uma boa comunicação entre a família e

o professor facilita a adaptação à escola e a aprendizagem de crianças e

adolescentes. Ao falar com o diretor da escola pode se obter informações

acerca do que os professores e a escola esperam dos alunos relativamente a

questões como o comportamento e a aprendizagem, as evoluções e as

dificuldades do seu filho, como ajudar o seu filho nas tarefas escolares e

promover atividades de aprendizagem em casa. Esta é também uma

oportunidade de conhecer como é o seu filho noutros contextos que não o

familiar. Por outro lado, o diretor da escola também ganha com esta

46

experiência, porque fica a conhecer melhor o seu filho e a sua família. Com

uma adequada comunicação entre a família e a escola é mais fácil

estabelecer objetivos comuns e de comunicá-los com uma maior clareza à

criança. Ir à escola uma vez por trimestre, no horário de atendimento aos

pais é nesta medida uma prática aconselhável.

O mais importante na relação entre família e Escola é o de rever algumas

concepções de ambas as instituições as quais estamos falando.

A primeira delas é rever por parte da família qual é a sua concepção.

Como está formada, por quem é formada, quais os seus valores morais e éticos, que

tipo de educação tem-se em casa e que educação procuro fora do ambiente familiar.

Depois disso a Família deve conhecer a concepção da escola, seus métodos de

ensino, sua visão de mundo e o que será transmitido à criança na educação. Deve-

se depois disso traçar um comparativo entre as duas concepções e verificar se uma

se encaixa ou complementa a outra.

Depois disso a importância maior está em conversar, dialogar entre as

duas instituições e descobrir se a Escola reconhece a função da família na formação

da criança e também se a família reconhece sua função educativa na educação.

Após fazer esta reflexão sobre as concepções e competências de ambas

as partes observam-se algumas pistas, assim chamadas, retiradas do Relatório da

UNESCO que trata da Educação na escola e na Família.

• A família é o primeiro lugar de toda e qualquer educação e constitui a

principal forma de repasse de valores e normas de conduta para a criança;

• Os saberes trabalhados na escola podem vir a ser opostos aos valores

tradicionais da família, ou podem se apresentar como códigos não

compreendidos pelas crianças;

• A complementaridade entre educação familiar e educação escolar pressupõe

a presença constante de diálogo entre pais e professores;

47

• Quando as famílias conhecem a escola como um todo, com suas regras e

concepções há uma melhora na qualidade de ensino aos alunos.

• A Escola não é a comunidade toda ao seu redor, mas faz parte dela e deve

estar na medida do possível ligada socialmente a ela.

• O diálogo entre Escola e Família deve ser uma constante.

Falamos até aqui sobre educação complementar entre Escola e Família,

mas o que quer dizer esta complementaridade?

Segundo NOGUEIRA (2005) faz-se necessário redefinir os papéis das

duas agências socializadoras, escola e família, na sociedade atual. Os papéis

desempenhados pelas duas instituições são complementares, um não anula o outro.

Com isso podemos perceber que a função da família e da escola se completa na

construção de um ser humano mais participativo e mais consciente.

Para oferecer uma educação de qualidade é preciso que família e escola

tenham objetivos muito claros a serem atingidos, sendo assim imprescindível o

diálogo e a interação. Há aqui uma importância intrínseca de que a criança se

encontre numa posição de destaque em ambas as instituições.

Becher (1984) afirma que pais que estão envolvidos na escolaridade dos

filhos ampliam uma atitude mais positiva com relação à escola e com relação a si

mesma, se assumem mais ligados na sua comunidade e tendem a aperfeiçoar seu

relacionamento com os filhos.

A escola também é beneficiada pela colaboração com os pais dos alunos.

De acordo com Comer (1984), o envolvimento dos pais na escola comprova aos

alunos que o aprendizado formal e o bom desempenho escolar são importantes,

procedendo em um ambiente escolar positivo, conduzindo ao aprendizado. Alem do

mais, com a inclusão dos pais na escola os conflitos da escola com os familiares

tendem a se reduzir, melhorando, além disso, mais o ambiente escolar. No entanto,

mesmo com ênfases positivas sobre os benefícios da colaboração em meio à escola

48

e pais, pouco se tem feito no meio educacional para que os familiares dos alunos se

conheçam como parte do procedimento educacional dos seus filhos.

Uma das fundamentais razões visto que escolas e pais tão raramente

colaboram uns com os outros é a falsa crença entre muitos educadores de que a

escola é ineficaz para afetar de modo positivo as famílias dos alunos. Muitos crêem

que crianças que chega de famílias "disfuncionais" ou "carentes" são

impossibilitados ou desmotivados, e destinados a fracassar na sua escolaridade,

tendo o seu futuro logo predeterminado na sociedade. Além disso, muitos

educadores adotam que pais que são pobres, que possuem pouca ou nenhuma

escolaridade, ou são culturalmente desiguais da classe média, são incapazes ou

desmotivados a se abrangerem na formação dos seus filhos (Krasnow, 1990). O

comentário que e freqüentemente ouvido nos corredores escolares: "Não podemos

praticar nada por este aluno... a sua situação familiar e terrível!" medita uma atitude

negativa e estereotipada com relação a certos alunos a qual precisa ser eliminada

do discurso educacional.

Em outros termos, não têm relacionamentos estritamente individuais entre

educadores e alunos visto que as famílias estão sempre representadas na interação,

senão objetivamente, no mundo individual da criança (Doherty & Peskay, 1992).

Epstein (1987) garante que as experiências infantis são elementos de um

ininterrupto do qual a escola e a família, são partes essenciais e das quais esta

sujeito grande parte do desenvolvimento emocional e - cognitivo da criança.

Observação desenvolvida por Fantini (1983) ao mesmo tempo confirma que o

aprendizado escolar é estimulado quando as experiências em casa e na escola são

atreladas e coordenadas de forma a virem ao encontro das precisões dos alunos. A

confiança de que a escola não pode comprometer as famílias dos seus alunos, e

vice-versa, é contraditória, deste modo, a esta visão do aluno como um ser

complexo e holístico. Na realidade, a escola não só tem a capacidade de

entusiasmar positivamente seus alunos e famílias, como tem o dever de assim fazê-

lo.

As maiores barreiras ao desenvolvimento da colaboração dentre estas

duas respeitáveis instituições que são a família e a escola são comumente efeitos de

49

estereótipos, percepções alteradas e falta de entendimento mútuo entre pais e

educadores. No entanto, estes não são os exclusivos bloqueios. Pugach e Johnson

(1995), numa observação recente, identificaram diversas barreiras que na maioria

das vezes impedem o maior envolvimento dos pais na escolaridade de seus filhos.

O primeiro obstáculo identificado pelos pais entrevistados por Pugach e

Johnson (1995) está relacionado à falta de solução dos pais, como por exemplo,

falta de meios de transporte e locomoção, falta de creches e berçários para

deixarem os filhos enquanto se envolvem com a escola, além de problemas para

saírem do trabalho para atenderem a atividades escolares.

Swap (1992) ao mesmo tempo identifica algumas barreiras a colaboração.

Garante que a primeira dificuldade está relacionada à tradição que encoraja a

separação dentre escolas e famílias. Como salienta, educadores estão acostumados

a dar aos pais funções secundários nas atividades escolares, o que os fazem se

sentires frustrados e isolados.

Segundo Castro e Regattieri (2009) quando falamos em interação,

pensamos em pessoas distintas que tem algum grau de reciprocidade e de abertura

para o diálogo. Nesta perspectiva, é importante identificar e negociar em cada

contexto os papéis que vão ser desempenhados, e as responsabilidades específicas

entre escolas e famílias. Por exemplo, considera-se que o ensino é uma atribuição

prioritariamente da escola. Esta, porém, divide essa responsabilidade com as

famílias, quando prescreve tarefas de casa e espera que os pais as acompanhem,ou

a questão do uso do uniforme escolar, ou utilização de matérias escolares

extraclasses que geram encargos financeiros aos pais. Em um contexto de pais com

problemas socioeconômico, pouco escolarizados, com jornadas de trabalho

extensas e com pouco tempo para acompanhar a vida escolar dos filhos, essa

divisão pode tornar-se ineficaz. Por isso, da mesma forma como procura

diagnosticar as dificuldades pedagógicas dos alunos para atendê-los de acordo com

suas necessidades educacionais, a escola deve identificar as condições das

famílias, para então negociar, de acordo com seus limites e possibilidades, a melhor

forma de ação conjunta.

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECHER, R. M. (1984). Parent Involvement: A review of research and principles

of successful practice. ERIC Clearinghouse on Elementary and Early Childhood

Education. Urbana, IL.

CANHOTO, A. M. Educar para um mundo novo, São José do Rio Preto: Ed. Ativa,

2003.

CASTRO, M.J. E REGATTIERI, M. (orgs.) Interação escola família. Subsídios

para práticas escolares. Brasília: UNESCO, MEC.2009. 104p.

COMER, G. P. (1984). Home-school relationships as they affect the academic

success of children. Education and Urban Society, 16, 323-337.

CUBIERO, R. Relações sociais nos anos escolares: família, escola

companheiros. In, Coll, Cesar. Desenvolvimento psicológico e educação. V1 Porto

Alegre: Artes Médicas, 1995.

DANELUZ, M. Escola e família - Duas realidades, um mesmo objetivo.

Disponível em: www.unioeste.br/cursos/Cascavel.

DOHERTY, W. J., & Peskay, V.E. (1992). Family systems and the school. In S. L.

Christenson & I. C. Comnoley (Eds.), Home-School Collaboration: Enhancing

Children's Academic and Social Competence (pp. 1-18). Silver Spring: NASP.

CANAVARRO, P.C. - O envolvimento parental na escola e o seu papel no

ajustamento acadêmico, 2002. Projeto de pesquisa.

DELORS, J. (org). Educação: Um tesouro a descobrir. 6 ed. São Paulo: Cortez,

2001

51

GUZZO, R.S.L. A Família e a educação: uma perspectiva da interação família

escola. VII semana de estudo multidisciplinar de Campinas – Instituto de Psicologia:

Campinas, nº1 p.134/135, 1990.

KRASNOW, J. (1990). Building Parent-Teacher Partnerships: Prospects from

the Perspective of the Schools Reaching Out Project. Boston: Institute for

Responsive Education.

NOGUEIRA, M. A Família e escola na contemporaneidade: os meandros de uma

relação. ANPED, GT Sociologia da Educação, nº 14, 2005. Disponível em: www.

anped. Org.br. Acesso em 24/08/2009.

PAROLIN, I. Professores formadores: A relação entre a família, a escola e a

aprendizagem. Práticas Educativas. Editora Positivo, 2003.

PUGACH, M. C. & Johnson, L. J. (1995). Collaborative Practitioners.

Collaborative Schools. Denver: Love.

SWAP, S. M. (1992). Parent involvement and success for all children: What we

know now. In S. L. Christenson & J. L. Conoley, Home-School Collaboration:

Enhancing Children’s Academic and Social Competence (pp.53-80). Silver Spring:

NASP.

SZYMANSKI. H. A relação família/escola - Desafios e perspectivas. 2ª edição.

Editora Brasília Líber, 2003.

ATIVIDADES

Primeiramente antes de iniciar o debate e discussões das questões sobre

o texto Finalidade e Benefícios do Envolvimento dos Pais na Educação, o

organizador do encontro apresenta o documentário encontrada na Revista Nova

52

Escola–Gestão Escolar sobre “O relacionamento entre pais e a escola” e” Que

relação deve existir entre família e escola?” da especialista Heloísa Zymanski,

professora de Psicologia da Educação da PUC-SP que fala sobre a relação entre

famílias e escolas.

Documentário encontrado no link: HTTP://revista.abril.com.br/gestão-escolar/diretor/pais.

REFLEXÕES E DISCUSSÕES COM O GRUPO

Questões:

1- Como os pais devem envolver-se no processo educacional dos filhos?

2- Qual a importância da integração família e escola na atualidade e no processo

de desenvolvimento do educando?

3- Qual é a função dos pais no processo educacional dos filhos?

4- Qual a função da escola na formação do educando?

5- Quais os motivos que muitas vezes os pais afastam-se da escola?

6- Qual papel a família e a comunidade têm desempenhado na escola ao longo

dos anos?

7- Como tem sido a participação da família e da comunidade na escola

atualmente?

8- E em nossa escola especificamente, como está a participação dos pais tanto

no ambiente escolar como na relação ao acompanhamento da aprendizagem

dos educandos, ou seja, seus filhos?

9- Que iniciativas poderiam ser adotadas pela direção escolar para que os pais

participassem mais efetivamente das decisões a serem tomadas na escola?

10-E os alunos de que maneira poderiam colaborar para que os pais tivessem

uma maior participação no ambiente escolar?

MATERIAL DE APOIO E SUGESTÕES DE LEITURA PARA OS PAIS.

TEXTOS:

53

- Relação família e escola: uma parceria que dá certo.

Autora: Risolene Pereira Reis

Bibliografia: Revista Mundo Jovem. Ano 45 Nº 373. p. 6 Fevereiro de 2007.

-Família e escola: uma relação possível e necessária.

Autora: Lucia Ferreira Borges Pagoto

Bibliografia: Revista Mundo Jovem. Ano XLIV Nº 365. p. 11 Abril de 2006.

-Entre a família e a escola está a criança.

Autora: Isabel Parolin

Bibliografia: Revista Mundo Jovem. Ano XLVIII Nº 404. p. 21 Março de 2010.

SUGESTÃO DE DINÂMICA PARA O ENCONTRO DE PAIS

1-Filhos e Pais ou Pais e Filhos

- Teatro- Meu filho e a Escola.

Objetivo: Mostrar ao grupo os tipos de relacionamentos familiares em especial pais e

filhos e as atitudes dos pais em relação às situações do cotidiano escolar dos filhos.

Fonte: www.juraemprosaeverso.com.br

(Escolhe-se entre os componentes do grupo 08 atores (dois para cada ato), faz-se

um ligeiro ensaio com os atores e inicia-se a interpretação)

UMA CENA DOMÉSTICA EM QUATRO ATOS

Ato nº 1

Material necessário: Um boletim escolar e uma cadeira

54

ATORES: Um participante representando o filho e uma participante representando a

mãe

Ato nº 1 - Desenvolvimento:

MÃE: (Sentada numa cadeira, lendo uma revista.)

FILHO: Entra na sala, meio desconfiado, com o boletim nas mãos.

FILHO: Oi! Mãe!

MÃE: (Nem levanta os olhos da revista. Apenas faz um gesto com uma mão)

FILHO: Mãe! Recebi hoje meu boletim. Infelizmente não fui muito bem nesta

unidade.

MÃE: (Levantando-se de supetão)

- O que? Você tirou notas baixas? – Me dê logo isso!

FILHO: - Mãe! Eu estou tendo dificuldade em Português e Matemática. E a nota de

comportamento é por causa de uma colega que fica o tempo todo puxando conversa

e brincadeiras comigo, aí a professora castiga a mim e a ela. Não é culpa minha

não!

MÃE: (Dá uma olhada no boletim, e diz:) - Você é mesmo um incompetente! Eu e

seu pai nos matamos de trabalhar para lhe dar as coisas e você só consegue isso! É

um incompetente! Nunca vai ser nada na vida! Não presta pra nada! Suma da minha

vista.

FILH0: (Sai cabisbaixo da sala, mostrando profunda tristeza e incompreensão pela

reação exagerada e injusta da mãe).

Ato nº 2

55

Material necessário: Um boletim escolar e uma cadeira

ATORES: Um participante representando o filho e um participante representando o

pai

Ato nº 2 - Desenvolvimento:

PA: (Sentada numa cadeira, lendo uma revista.)

FILHO: Entra na sala, meio desconfiado, com o boletim nas mãos.

FILHO: - Oi! Pai!

PAI: - Oi! Filho! Já chegou da escola?

FILHO: - Pai! Recebi hoje meu boletim. Infelizmente não fui muito bem nesta

Unidade.

PAI: -Deixe-me dar uma olhada! (recebe o boletim) Hum! 3,00 em Matemática; 2,5

em Português; e 4,5 em comportamento. Como pode ser isto?

FILHO: -Pai! Eu estou tendo dificuldade em Português e Matemática. E a nota de

comportamento é por causa de uma colega que fica o tempo todo puxando conversa

e brincadeiras comigo, aí a professora castiga a mim e a ela. Não é culpa minha

não!

PAI: -Bem, você tem que estudar mais as matérias que tem mais dificuldade. Se

você quiser eu posso lhe pagar uma banca de Português e Matemática para lhe

ajudar a complementar o estudo. Se esforce mais que você consegue.

Agora, quanto ao comportamento, sua desculpa não me convence. Uma

semana de castigo, sem sair de casa, sem sobremesa e sem merenda. E eu ainda

vou conversar com sua professora pra saber o que está acontecendo com você.

56

FILH0 (Sai demonstrando tristeza)

Ato nº 3

Material necessário: Um boletim escolar com Notas baixas e duas cadeiras

ATORES: Uma participante representando a filha e uma participante representando

a mãe.

Ato nº 3 - Desenvolvimento:

MÃE: (Sentada numa cadeira, lendo uma revista.)

FILHA: Entra na sala, meio desconfiada, com o boletim nas mãos.

FILHA: – Oi! Mãe!

MÃE - Oi! Filha! Já chegou da escola? Como foi seu dia na escola hoje?

FILHA: – Mãe! Recebi hoje meu boletim. Infelizmente não fui muito bem nesta

Unidade.

MÃE: - Deixe-me dar uma olhada. (Recebe o boletim) Primeiro, minha filha, deixe

eu lhe dar um abraço e um beijo por suas notas em Ciências 9,0, Geografia 9,5 e

Religião 10,0. Estão muito boas. Meus Parabéns. Seu pai vai gostar quando eu lhe

contar que você está tão bem em Ciências, Geografia e Religião. Você é motivo de

orgulho para nós. Mas eu estou vendo aqui que você não se saiu bem em

Matemática 3,0 -Português 2,5 e ainda teve 4,5 em Comportamento. Como pode ser

isto?

FILHA: – Mãe! Eu estou tendo muita dificuldade em Português e Matemática. E a

nota de comportamento é por causa de uma colega que fica o tempo todo puxando

conversa e brincadeira comigo, aí a professora castiga a mim e a ela junto. Não é

culpa minha não!

57

MÃE: - Filha! Sente-se aqui perto de mim. (ESPERA) Bem, você tem que estudar

mais as matérias que tem mais dificuldade. Eu mesmo vou ver se consigo mais

tempo para lhe ajudar a estudar Português e Matemática. Amanhã vou ver sua

professora para combinar com ela como fazer para lhe ajudar a melhorar seu

comportamento. Talvez eu peça a ela para mudar sua carteira para longe da colega

que lhe atrapalha. Minha filha! É importante que você ajude sua professora não

brincando nem conversando durante as aulas. Quem sabe se não é por isso que

você está se saindo mal em duas matérias? Você é uma boa menina, todos gostam

de você. Se esforce que você conseguirá bom resultado na próxima unidade.

Ato nº 4

Material necessário: Um boletim escolar com notas baixas e uma cadeira

ATORES: Uma participante representando a filha e um participante representando o

pai

Ato nº 4- Desenvolvimento:

PAI:- (Sentado numa cadeira, lendo uma revista.)

FILHA: – Entra na sala, meio desconfiada, com o boletim nas mãos.

FILHA: – Oi! Pai!

PAI: - Oi!

FILHA: – Pai! Recebi hoje meu boletim. Infelizmente não fui muito bem nesta

unidade.

PAI: - Não está vendo que estou ocupado?Deixe aí em cima que qualquer hora

dessas eu assino.

58

FILHA: – Mas pai. Eu me saí mal e Matemática e Português. Como é que eu faço

para superar isso na próxima unidade?

PAI! - Ora não me amole! Se vire! Só não venha me dizer no final do ano que foi

reprovada que eu vou virar uma fera.

_ Olhe! Tome aqui dez reais, vá fazer um lanche por aí e me deixe em paz?

FILHA: (Sai pensativa)

Ao final, ouvem-se as conclusões e reflexões de todos sobre o texto

representado e os coordenadores fazem a conclusão final.

INDICAÇÕES DE FILMES

-A Corrente do Bem

País/ano de produção: EUA, 2000

Duração/Gênero: 122min. Drama

Direção: Mimi Leder

Roteiro de Mike Rich

O filme é muito interessante no sentido de despertar diálogos, de nos

fazer entender pelos jovens e de nos fazer atentos as suas colocações, de nos fazer

promover uma possibilidade de maior entendimento entre pais e filhos (fundamental

para a educação!) e de aproximar as escolas daquilo que seja significativo para os

estudantes, a comunidade e mesmo para nós, professores!

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

-Bicho de sete cabeças

País /Ano de produção: Brasil, 2000

Duração/gênero: 74 min. Drama

59

Distribuição: Columbia

Direção: Laís Bodanski

O filme traz a imagem de alguns de nossos jovens e, no tocante aos

professores, a de alunos que trazem problemas e geram enormes dificuldades para

o exercício de nossa função. Abordagem séria quanto à realidade e o

comportamento da família diante dos problemas com jovens e adolescentes. Neto é

um jovem de classe média baixa e leva uma vida comum, apresentando pequenas

rebeldias, como usar brinco ou pichar muros, que são incompreendidas pelo pai.

Seu dia a dia é normal, até que o pai o interna em um manicômio, após encontrar

um cigarro de maconha em sua mochila, deflagrando o início de uma tragédia

familiar.

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

4º ENCONTRO

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA GESTÃO ESCOLAR

A gestão escolar na contemporâneidade exige uma postura democrática,

descentralizada da administração, partilha das decisões e ações a serem

executadas. A participação de todos os envolvidos no cotidiano escolar, professores,

estudantes, funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam de projetos

na escola, e toda a comunidade ao redor da escola, vem contribuir com a melhoria

da qualidade do ensino.

Assim, a gestão democrática estabelece o controle da sociedade civil

sobre a educação e a escola pública, garante a liberdade de expressão, de

pensamento, da criação e da organização coletiva na escola, luta por melhores

condições tanto materiais como humanas .

60

A participação da família na gestão escolar visa fortalecer a escola

perante a sociedade trazendo aos seus integrantes muitos benefícios bem como o

bom funcionamento da mesma.

A escola que se diz pública e democrática define-se como “comum a

todos” –pública- e “governada pelo povo“ –democrática- (LUFT, 1921).

Na prática isso não vem acontecendo, pois há pouco interesse da

comunidade escolar na tomada de decisões, e isso é motivado porque a escola

muitas vezes não favorece essa participação ou ainda porque essa desconhece

seus direitos e não está consciente do “poder“ que tem, ou que poderia ter.

Para a família, participar da gestão de uma escola significa inteirar-se e

opinar sobre os assuntos para os quais muitas vezes se encontra despreparada;

significa todo um aprendizado político e organizacional, mudar sua visão de direção

de escola, passando a não esperar decisões prontas para serem seguidas; significa,

enfim, pensar a escola não como um organismo governamental, portanto externo,

alheio, e sim como um órgão público que deve ser não apenas fiscalizado e

controlado, mas dirigido pelos seus usuários (HORA, 1994. pg.134).

Sabe-se que uma escola só será democrática, a partir do momento em

que a comunidade escolar, representada pelos professores, funcionários, alunos e

pais, tomarem consciência da importância de seu papel na construção dessa

democracia.

A escola pode desenvolver parcerias entre escola, família e comunidade,

abrindo as portas da escola, fazendo com que eles se sintam à vontade para

participar de atividades culturais, esportivas, entre outras que a escola oferecer,

aproximando o contato entre família-escola. A relação de família e escola não pode

somente se deter na participação de reuniões para receber informações de seu filho,

é necessária a presença, a participação efetiva dos pais na construção do projeto

político pedagógico- PPP, no regimento escolar interno, no Conselho Escolar, na

APMF da escola, apresentando sugestões, tomando decisões e fazendo as cumprir

junto com a comunidade escolar. A tarefa dos pais além dessa participação é

também incutir nos filhos a responsabilidade no papel de estudantes e a importância

da educação na sua vida.

61

Para garantir a democracia exige-se a participação popular, a presença e

intervenção ativa de todos. Não conta estar presente para somente ouvir e consentir

é preciso aprender a questionar e a interferir. Exercendo verdadeiramente a

cidadania, a população (pais, mães, alunos, professores gestores e pessoal

administrativo), deve ser capaz de superar os empecilhos que impedem a sua

participação e de aprender a reivindicar, planejar, decidir, cobrar e acompanhar

ações concretas em benefício da comunidade escolar. E pensar sobre a prática

implica buscar alternativas para mudanças e tomar decisões para a inovação da

prática educacional. Nesse sentido, a ação pedagógica poderá se consolidar

realmente numa ação transformadora. Esse processo é importante, pois não é no

silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.

A escola existe para servir a comunidade onde se situa. Ela precisa ser

um fórum aberto de participação, onde a democracia se efetiva, a qual somente se

concretizará de fato, quando a comunidade se posicionar , se impor diante das

situações e dos problemas decidindo corajosamente os rumos da sua história.

Portanto, é indispensável que a escola chegue à família e a conduza para dentro da

escola, forme uma comunidade ou grupo para discutirem problemas de interesse

comum (DALBERIO, 2008).

A comunidade deve participar ativamente nas tomada de decisões da

escola, buscando a igualdade de interesses e soluções para os problemas, sendo

assim, cabe ao sistema educacional proporcionar e facilitar o acesso da comunidade

na escola, visando despertar o envolvimento da mesma para que haja um

comprometimento de ambos para um ensino de qualidade.

Cavalcante (2009) ressalta que, a gestão democrática da escola tem

como intuito garantir o direito de todos à educação, fortalecer a escola como

instituição, e contribuir para a superação do autoritarismo, do individualismo e das

desigualdades socioeconômicas, assegurando a construção da qualidade social

inerente ao processo educativo. Sendo um dos desafios da gestão democrática que

o aluno tenha acesso garantido e permanência na escola.

62

Conforme Libâneo(2001,p.102) a participação é o principal meio de

assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os

integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da

organização escolar. A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos

e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas

relações com a comunidade, e propicia um clima favorável a maior aproximação

entre professores, alunos e pais.

Segundo Luck (2006, p.1),

[...] o conceito de gestão está associado ao fortalecimento da

democratização do processo pedagógico, a participação responsável de

todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante um

compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais

efetivos e significativos.

Nesse sentido, a gestão está ligada ao fortalecimento da democratização

da escola, em todos os seus aspectos, obtendo a participação de todos nas

decisões a serem tomadas.

A gestão escolar vem passando por desafios e mudanças devido à

crescente exigência de toda a sociedade por uma educação básica de qualidade. E

temos que considerar que a Gestão Escolar tem a finalidade de superar os desafios

vindos da administração escolar, buscando olhares á gestão pedagógica, recursos

humanos e administrativos.

Observando a figura a seguir, podemos perceber que a gestão

pedagógica, gestão de pessoas e gestão administrativa devem caminhar juntas, com

o principal objetivo de garantir o processo educativo das escolas, e esse processo

necessita ser democrático.

63

Figura 2: Gestão Escolar: seus olhares

Fonte: BUSS, 2008

O conceito de gestão escolar evoluiu muito nos últimos tempos e vemos

que se encaminha cada vez mais no sentido de desenvolver estratégias diárias com

o objetivo de democratizar a educação, ou seja, deixá-la mais palpável aos pais, que

deveriam ser os mais interessados nesta mudança.

Conforme Luck (2000, p.11) a gestão escolar:

[...] constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover

a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições

materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos

socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a

promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los

capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada

e da economia centrada no conhecimento.

Em uma prática de gestão escolar democrática na qual, pais, educadores

e funcionários participam das decisões da escola descobre-se que a construção

64

GESTAO ESCOLAR

SEUS OLHARES

Gestão Pedagógica

É a ação mais importante, e

institui objetivos para o ensino -

aprendizagem, propõe metas

para a concretização das propostas pedagógicas e sua avaliação.

Gestão de Pessoas

Gestão das pessoas que

compõe a escola: alunos,

Professores, Comunidade

Escolar em geral.

Gestão Administrativa

Zela pela parte física da escola,

burocrática da instituição,

direitos e deveres de todos os

que se encontram no âmbito escolar.

desta democracia se faz com todos os envolvidos da escola, inclusive com os

próprios alunos.

Neste sentido Gadotti (2004, p. 17) considera que o aluno aprende

apenas quando ele se torna sujeito da sua aprendizagem. Para isso, precisa

participar das decisões que dizem respeito ao projeto da escola que faz parte

também do projeto de sua vida.

Segundo Godoy (1999), a escola forma-se no lócus inicial de edificação

da sociedade e da cidadania; precisando incentivar a participação de todos os que

estão envolvidos em sua construção permanente, visando à aprendizagem e o

exercício da democracia, tendo em vista a modificação social e a superação das

desigualdades e beneficiando, especialmente, a formação da cidadania.

As instituições família e escola constituem-se em ambientes imperativos

para a vida da criança, podendo procurar melhores condições de comunicação e de

entendimento na influência mútua entre si, como forma de contribuição e de co-

responsabilidade pelo desenvolvimento social do aluno e da gestão escolar. Com a

diversificação dos espaços educacionais, tendo em vista as demandas

desencadeadas pelo fato socioeconômico do país e do mundo, não será mais

possível trabalhar com um universo limitado de pessoas no processo de tomada de

decisões, no domínio escolar (GOMES, 1994).

Apenas com estruturas gestoras fortalecidas, as escolas podem

concretizar princípios, métodos, práticas e relações de gestão tanto competentes

como democráticas (LIBÂNEO, 2001).

Na realidade educacional e, mais designadamente, no dia-a-dia escolar, a

interação dentre escola e família pode acontecer de forma eficiente se existir uma

comunicação extensa, na qual a relação estabelecida entre gestores, professores e

pais, por exemplo, seja realizada num plano que vise relações horizontais. A

comunicação poderá, deste modo, colaborar para o estabelecimento de um

65

procedimento de mobilização e, por conseguinte, a uma participação mais real,

favorecendo o processo de ensino e aprendizagem e colaborando como um dos

fatores para uma educação de qualidade (MARSHALL, 1967).

Família e escola precisa ser ponto de apoio e sustentação ao ser

humano, sendo termos de referência existencial. Quanto melhor for a parceria dentre

ambas, mais positivos e significativos serão os resultados na formação do

educando. Hoje, é no cenário da organização escolar que as alterações na área

educacional podem se implantar e se desenvolver, criando, através de uma gestão

escolar democrática e participativa, condições organizacionais para que em toda

comunidade escolar exista a oportunidade de sugerir e opinar sobre as melhores

formas de trabalho para o ambiente educacional (GENTILINI, 2001).

No panorama atual, em decorrência das reformas educacionais que

surgem a cada ano, estabelece-se a necessidade de implementação eficaz de uma

gestão democrática escolar como um procedimento de participação dos vários

segmentos da sociedade na apresentação e decisão de propostas para o

funcionamento efetivo da administração das políticas públicas e, também, como

forma de contribuição para a democratização do ensino. O acesso à escola para

todas as pessoas é um direito que deve ser respeitado; contudo a democratização

do ensino também precisa acontecer por meio da criação de mecanismos que

proporcione um ensino de qualidade (ADORNO, 1995).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, T.W. Educação e Emancipação (trad. de Wolfgang Leo maar). Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1995.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Ensino Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil /Ministério da Educação

e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília- DF MEC/SEF,

1998.3v: Il.

66

CAVALCANTE, M.B. A escola como espaço de gestão democrática. (2009)

Encontrado em www.psicopedagogia. com.br . Acesso em 10/06/2010

DALBERIO M.C.B. Gestão Democrática e Participação na Escola Pública

Popular. In: Revista Ibero americana de Educacion nº47/3, 2008.

GADOTTI, M. e ROMÃO, J.E. (orgs) Autonomia da escola: princípios e

propostas. 6. ed.-São Paulo:Cortez:Instituto Paulo Freire,2004.- (Guia da Escola

Cidadã;v.1)

GENTILINI. J. A. Gestão educacional na transição para o século XXI: algumas

(pretensiosas) reflexões. In: Cadernos de Educação. Laboratório Editorial da FCL.

Araraquara, v. 2, jul./dez. 2001, p. 115-125.

GODOY, A. C. de S. Gestão escolar e prática reflexiva. In: BELOTTO, A. A. M.

GOMES, J. V. Socialização primária: tarefa familiar? Cadernos de Pesquisa, nº 91,

1994.

HORA, D.L.da. Gestão Democrática da Escola: Artes e ofícios da participação

coletiva.Coleção Magistério formação e trabalho pedagógico. Campinas, SP:

Papirus, 1994.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia:

Alternativa, 2001.

LUCK, H. Perspectiva da gestão escolar e implicações quanto a formação de

seus gestores. Em aberto, Brasília, v.17, nº 72, pg.11, 2000.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

67

ATIVIDADES

Estratégia para o encontro de pais.

No encontro com os pais após a acolhida dos participantes realizada

pelos organizadores e antecedendo as atividades do encontro os pais fazem um

passeio por todas as dependências da escola observando todos os detalhes da

escola tanto físico como humano.

Em seguida retornam para a sala de reuniões. Depois desse passeio

aplica-se a dinâmica com balões “Trabalhando Juntos”. Comenta-se a dinâmica e

afirma-se a importância da participação de cada membro. Neste momento os pais

acomodam-se nas cadeiras que já estarão arrumadas em forma de círculo, abre-se

um momento para debate e discussão sobre o tema contextualizando a dinâmica

com a participação da família. Questiona-se sobre o que eles acham da participação

na gestão escolar e se os mesmos gostariam de participar. Na seqüência divide os

pais em grupos para que discutam sobre o que viram e perceberam no ambiente

escolar fazendo um levantamento do que já existe e o que eles acham importante

que tenha na escola e quais as possibilidades de melhorar.

Feito isso uma pessoa de cada grupo apresenta o levantamento e as

sugestões da equipe. Em seguida o organizador fazendo uso do datashow passa

fotos sobre as atividades cotidianas realizadas na escola com os alunos e os

aspectos físicos da escola. Por fim coletam-se as sugestões para serem

acrescentadas ao Projeto político pedagógico.

Dinâmica:

Trabalhando Juntos

-Os pais fazem um círculo segurando os balões e a professora fica no meio;

-Um participante da reunião é convidado para ser a ajudante na brincadeira;

68

-Ao sinal todos começam a jogar os balões para cima, sem desmanchar o círculo;

-A ajudante toca um pai de cada vez e este se senta e deixa o balão na brincadeira;

-Todos têm que se esforçar para que nenhum balão caia no chão;

-O organizador, continua no meio tentando, em vão, manter os balões no ar...

REFLEXÃO: Antes de a brincadeira terminar, uma mãe deve falar: "essa professora

não está dando conta de segurar os filhos da gente”... E daqui parte-se para a

reflexão que se quer: A professora precisa da ajuda dos pais para poder realizar um

bom trabalho. Os pais não podem apenas largar os filhos na escola sem saber com

quem eles estão e sair de cenas sem saber o que acontece e as dificuldades que a

professora, que a escola está enfrentando. Precisamos trabalhar juntos, como uma

equipe, para que a educação funcione, afinal dentro de uma sala tem uma gama de

balõezinhos, uma de cada tamanho, cor, pensamento e sentimento diferentes,

somente com a ajuda dos pais será possível compreendê-los e promover um bom

desenvolvimento para a criança, deixar a professora "sozinha" para segurar tantos

balõezinhos no ar será impossível...

Dinâmica retirada do site:

http://brincadeirasdeprofessor.blogspot.com/2010/04/dinamicas-para-reuniao-de-pais.html.

REFLEXÕES E DISCUSSÕES COM O GRUPO

Antes de iniciar as discussões fazer a leitura do texto “A Participação da

Família na Gestão Escolar.”

Questões:

1-O que é gestão escolar? Gestão democrática e participativa?

2-Como pensar a gestão escolar direcionada para uma prática coletiva com todos os

envolvidos no processo educacional?

69

3-De que maneira a escola pode desenvolver ações e projetos que caracterizem

uma gestão democrática e participativa?

4-As leis e as políticas públicas referentes à participação auxiliam ou dificultam o

trabalho da escola?

5-Na sua escola especificamente:

-Existe a participação dos funcionários, professores, alunos, pais nas ações e

decisões da escola?

-Quais são as maiores dificuldades que os professores, funcionários, pais percebem

e descrevem quanto á participação coletiva nas decisões a serem tomadas?

-Quais as dificuldades ainda encontradas para uma participação efetiva da

comunidade escolar nas tomadas de decisões?

-Quais são os mecanismos e práticas de participação e comunicação que existem

na instituição?

MATERIAL DE APOIO E SUGESTÕES DE LEITURA PARA OS PAIS.

TEXTOS:

Autor: Vitor H. Paro.

- Administração escolar e qualidade de ensino: o que os pais ou responsáveis

tem a ver com isso?

Encontrado em Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, 2001.

-Qualidade de ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.

-Participação escolar e qualidade do ensino público fundamental: O papel da

família no desempenho escolar.

São Paulo. FEUSP, 1998 - Relatório de pesquisa.

INDICAÇÕES DE FILMES

1-Coach Carter – Treino para a Vida

70

País/Ano de produção: EUA, 2005

Duração/Gênero: 136 min., Drama

Direção de Thomas Carter

Mostra-nos um líder comprometido com o grupo e não consigo mesmo,

sem egoísmo. Nos mostra, também, que todos somos capazes de alcançar nossos

objetivos, desde que tenhamos superação, disciplina e determinação, sempre

respeitando os outros e ajudando os membros da equipe quando necessário.

http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=462

2-Entre os muros da escola.

Drama, França, 2007, 128min. COR.

Direção: Laurent Cantet.

Em uma escola da periferia de Paris, professores se esforçam para

ensinar, em meio ao descaso dos alunos com sua própria educação, bem como a

falta de estrutura que têm para trabalhar. Entre esses educadores está François

Marin, professor de Língua Francesa que, como seus colegas, lutam contra

inúmeras adversidades para fazer de seus alunos cidadãos conscientes de seus

direitos e deveres. Infelizmente, retrato da educação no mundo moderno.

Sugestões temáticas

Relações educacionais, políticas escolares, relação professor x aluno, relações

sociais, relações familiares, profissão: professor, violência escolar, direitos do aluno,

direitos do professor e da escola.

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

5 º ENCONTRO

71

ADOLESCÊNCIA – LIMITES, VALORES E INDISCIPLINA ESCOLAR

A adolescência é considerada a fase do desenvolvimento humano situada

entre a infância e a idade adulta ocorrendo nela transições biológicas, psíquicas e

sociais.

Não se pode definir com exatidão o início e fim da adolescência (este

período varia de pessoa para pessoa), segundo a Organização Mundial da Saúde,

na maioria dos indivíduos, ela ocorre entre os 10 e 20 anos de idade. No Brasil, o

Estatuto da Criança e do Adolescente define esta fase como característica dos 13

aos 18 anos.

Outro aspecto determinante nesta fase é o mundo do trabalho, este,

também determina quando começa e quando termina a adolescência. Bock (2001)

afirma que em nossa sociedade pela divisão de classes, o período de adolescência

não é igual para todos. Então se torna difícil estabelecer um critério cronológico que

defina a adolescência, ou um critério de aquisição de determinadas habilidades. O

critério básico é o determinante econômico, e, assim haverá condições diferentes de

desenvolvimento do adolescente para diferentes classes sociais

Durante a adolescência desenvolve-se o fenômeno natural conhecido

como puberdade. A mesma tem um aspecto biológico e universal, caracterizada

pelas modificações visíveis no corpo do adolescente. É, portanto, neste período que

o corpo se modifica fisicamente. Na puberdade (entre 10 e 13 anos entre as

meninas e 12 e 14 entre os meninos) que ocorre o desenvolvimento dos órgãos

sexuais. É a partir daí que o adolescente modifica a forma de ver o mundo e

entender as pessoas que o cercam.

Em síntese, adolescência e puberdade se confundem: a puberdade

traduz as mudanças biológicas no corpo do jovem, e a adolescência poderia ser

definida como o conjunto de transformações psicológicas, físicas e sociais.

72

Nesta fase, com relação ao humor e comportamento há uma variação

repentina. Neste período na grande maioria os adolescentes ficam um pouco mais

rebeldes e sentimentos como tristeza, felicidade, agitação e preguiça evidenciam-se.

A adolescência é uma passagem caracterizada por uma crise de

identidade na qual se debatem entre questionamentos relativos ao seu corpo, aos

valores existentes, às escolhas que devem fazer ao que exigimos deles, ao seu

lugar na sociedade.

Em se tratando de uma fase difícil para os adolescentes, é importante que

os pais, professores compreendam este momento e até certas atitudes dos mesmos.

O acompanhamento e o diálogo neste período são fundamentais. Em casos de

grandes mudanças no comportamento e no aspecto físico é importante que o

adolescente seja acompanhado por profissionais da saúde especialistas, ou um

médico pediatra ou então, um psicólogo.

Para Ballone (2003) a adolescência não é uma fase comum, é um

processo cultural e histórico. É uma atitude ou postura do ser humano durante uma

fase de seu desenvolvimento, que deve refletir as expectativas da sociedade sobre

as características deste grupo. A adolescência, portanto, é um papel social.

O mesmo autor ainda ressalta que a adolescência não é um período

marcado somente por dificuldades e crises. Ao abandonar a atitude infantil e

ingressar no mundo adulto, há uma série de acréscimos benéficos no rendimento

psíquico. O intelecto, por exemplo, apresenta maior eficácia, rapidez e elaborações

mais complexas, a atenção e a concentração aumentam, há uma melhor seleção de

informações, a memória adquire melhor capacidade de assimilação e a linguagem

torna-se mais completa com aumento do vocabulário e da expressão.

Mas em nosso país, o que está acontecendo com grande parte de nossos

adolescentes?

Para Cascaes (2005 pg. 15),

73

Existem aproximadamente no Brasil mais de um milhão de adolescentes,

com idade entre 12 e 17 anos, que não sabem ler nem escrever. Quiçá fruto

de leis que asseguram, através da Constituição Federal, o direito a todas as

pessoas ao estudo, mas que não são capazes de garantir uma política

educacional eficiente com uma escola de qualidade para a qual o jovem

sinta-se atraído. Na área da saúde, os jovens estão cada vez mais

propensos a situações de riscos. O número de pessoas, menores de 19

anos, portadoras do vírus HIV aumentou consideravelmente nos últimos

anos. A realidade mostra que os adolescentes estão começando cada vez

mais cedo as suas práticas sexuais. Porém há falta de preparo e

conscientização. Prostituição, gravidez precoce, homicídios, acidentes de

trânsito, drogas, acesso a informações de péssima qualidade estão no rol

das questões nas quais jovens e adolescentes se encontram vulneráveis na

atualidade.

Contudo para Pereira (1996), no Brasil a adolescência possui diferentes

configurações, dependendo da classe social em que o adolescente se encontra.

Nas classes mais privilegiadas, é entendida como um período de experimentação

sem grandes conseqüências emocionais, econômicas e sociais; o adolescente não

assume responsabilidades, pois se dedica apenas aos estudos, sendo essa a sua

via de acesso ao mundo adulto. Enquanto nas classes mais baixas, que

representam aproximadamente 70 milhões de adolescentes com menos de 18

anos, os riscos do experimentar, tentar, viverem novas experiências são maiores e

não há a possibilidade de se dedicar somente aos estudos, tornando a

adolescência simplesmente, um período que antecederá a constituição da própria

família.

E neste período moderno o qual estamos vivendo, é preciso estar ligado,

e os nossos adolescentes são sem dúvida, os mais plugados. Para eles é comum

tratar o virtual sem distingui-lo do real.

O comportamento do adolescente atual difere e muito, do adotado pelos

adolescentes de alguns tempos atrás. Hoje, por exemplo, os adolescentes têm muito

acesso às informações com mais facilidade e rapidez. Nas classes médias e altas,

74

os quartos, local em que os adolescentes passam a maior parte do tempo, estão

equipados com computadores acessados à internet, videogames, televisores, rádios

e telefones celulares. Os mesmos estão atualizados sobre todos os assuntos,

possuem amigos virtuais pelo mundo inteiro, e sobre as últimas novidades da moda,

da música, principalmente através da Internet e dos passeios aos shoppings centers,

fazem questão de comprar sempre o que existe de mais moderno.

Para Silva (2001) é na adolescência que surge para meninos e meninas a

crise de identidade pessoal e a busca pelo vínculo da integração social. A

estruturação da mesma é um dos fundamentos da adolescência e deve ser

conseguida. Embora a identidade comece a ser construída desde o seu nascimento,

é na adolescência que ela se define. É nesta fase que a identidade se encaminha

para um perfil próprio e inconfundível, o que torna tal experiência um dos elementos

principais do processo vital da adolescência.

A mesma autora ainda ressalta que a identidade se organiza por

descobertas, conceituações e aceitações. Inicialmente com a mãe, em um segundo

momento com o pai depois com outros membros da família. Posteriormente, há uma

identificação com professores, amigos e principalmente com ídolos (do esporte,

cinema, música, televisão), levando-os a uma identificação tão completa destes

personagens que se vestem e falam como eles.

O grupo de adolescentes é um dos mais importantes fatores para a busca

da identificação. No grupo se oferecem situações variadas e múltiplas que são

necessárias para o amadurecimento dos adolescentes. Ou seja, o adolescente se

apega mais à realidade grupal. Por exemplo, os mesmos sentem se bem onde todos

se vestem igual, o adolescente pode ser ele mesmo, falar de coisa que a família não

tem idéia do que está acontecendo. Então o grupo pode ser uma coisa boa, no

sentido de dar segurança e aumentar o círculo de amizades. Porém, há também o

lado negativo, é no grupo que acontece o convite para usar drogas, consumir

cigarros e álcool, a atração por gangues ou grupos fechados.

75

Neste sentido, a atitude dos pais assume importância essencial. Segundo

Zagury (2006, p.133). Do equilíbrio e da segurança com que atuam nessa fase,

pode-se estabelecer as bases para uma adolescência sem maiores problemas. Os

pais precisam aproveitar o fato de que nessa idade os filhos ainda os ouvem e

aceitam suas orientações.

Daí a importância dos pais dialogarem com seus filhos adolescentes, pois

a conversa, a troca de idéias entre pais e filhos cria um ambiente de amizade, de

confiança e o adolescente se sente valorizado, não somente sua pessoa, mas

também seus pensamentos e idéias.

A tarefa da família em relação ao adolescente é possibilitar que o mesmo

passe do campo familiar ao social. O espaço e a privacidade do adolescente

precisam ser respeitados bem como suas opiniões próprias. É nesse processo que

ele se diferencia e vai, do modelo dos pais, ao encontro de si mesmo. Nesse

momento os pais devem estar informados e ter clareza das características normais

sobre esta fase da adolescência, para que possam tolerar e auxiliá-los nestas

mudanças.

Para Milani (1995) os pais dos adolescentes de hoje muitas vezes

encontram-se também desorientados quanto os melhores ensinamentos e decisões

a serem tomadas, pois os mesmos, em sua maioria, receberam uma educação

autoritária, rígida e repressora, na qual os valores eram impostos pela família. Vive

agora uma realidade bastante diferente, onde a educação que seus filhos desejam

ou exigem é mais afetiva, amigável, democrática e participativa. Esses pais ficam

entre esses dois modelos de educação e, freqüentemente sentem se desnorteados,

sem saber se devem se comportar como nos velhos tempos, ou se tentam ser

modernos. E, numa tentativa de compensar o fato de que receberam os valores de

seus pais de uma forma imposta e autoritária, caminham para o outro extremo, que

e o de não transmitir aos filhos os seus valores éticos nem colocar limites.

76

A autora ainda contribui ressaltando que essa tendência à omissão por

parte dos pais é a mais comum atualmente. Isso tem criado uma lacuna muito

perigosa na educação dos adolescentes, uma ausência de parâmetros que lhes

sirvam de guia e a falta de um objeto contra o qual possam se rebelar. Se não há um

referencial, ele se rebela e se sente perdido. Essa lacuna está na raiz de vários

problemas com que a humanidade vem se debatendo. Os pais têm obrigação de

transmitir e expor o conjunto de seus valores morais e princípios éticos aos filhos.

Expor e explicar, jamais impor.

Esses fenômenos como a falta de limites, ausência dos pais na educação

dos filhos, falta de valores e violência, aumenta a importância da escola, porque ela

é uma referência marcante na vida do adolescente. É um espaço onde valores são

colocados e vivenciados, seja de forma explícita ou implícita, mas com certeza há

um conjunto de valores que permeiam a vida e a prática educativa de cada

instituição.

O fato dos adolescentes passarem metade do dia na escola, a mesma

acumula não só o papel educativo, mas acaba colaborando e dividindo com os pais

e com a sociedade, a função da formação total dos adolescentes.

Entre os mais diferentes ambientes humanos, a escola e os professores

têm sido escolhidos como o melhor lugar e orientadores para disciplinar e orientar o

comportamento humano deste adolescente, ou seja, o ensino de valores, ética,

solidariedade, respeito mútuo, tendo sempre como finalidade o desenvolvimento

integral do educando.

Segundo Silva (2001) o professor tem um papel imprescindível nesta fase

do adolescente no âmbito escolar. É o mediador de conflitos, busca fazer

negociações e acordos desencadeados pela emergência da adolescência. Busca

entender as formas de comunicação dos grupos pertencentes á escola, suas

tradições, convivências, valores e sexualidade.

77

A escola não é importante apenas pelo conteúdo pedagógico que

transmite; ela exerce vários outros efeitos sobre o aluno. Diversos aprendizados que

não estão escritos no currículo formal são experimentados pelo adolescente em sua

vida escolar. A escola é uma grande experiência de socialização, de convívio com

as diferenças, de todos os tipos e em todos os níveis. E onde, muitas vezes, o

adolescente busca formar o grupo com que se identifica. A experiência escolar tem

uma repercussão marcante na consolidação da auto-estima, seja contribuindo para

o seu fortalecimento ou prejudicando-a. Na escola o adolescente tem a oportunidade

de conviver com outros adultos além de seus pais e de identificar outros modelos de

referência, tanto no sentido positivo quanto no negativo. A escola representa o

microcosmo da sociedade, no qual o adolescente se prepara para lidar com

situações com que se defrontara fora dela (Milani, 1995).

Na escola o aluno também desenvolve (ou não) várias capacidades, tais

como ouvir, negociar, ceder, participar, cooperar, perseverar e, desenvolver

autodisciplina e responsabilidade. Essas capacidades são fundamentais para o êxito

do ser humano. Êxito não pode ser entendido apenas nos campos profissional e

financeiro, mas sim, em todas as esferas da vida.

Limites e disciplina na adolescência.

Estabelecer limites para os adolescentes de hoje é uma das garantias de

que o país terá líderes éticos no futuro. A tarefa cabe a pais e escolas - em

conjunto (LIDIA ARATANGY, 2009).

A adolescência é a melhor fase para desenvolver nos jovens a

capacidade de raciocínio abstrato, é a época de pais e professores firmarem o

compromisso com valores morais tais como ser tolerantes com o próximo, respeito

pelo colega especial ou diferente, o amor, a justiça, o sentimento de solidariedade e

o da ética.

Quando os pais falham, deixando de tomar certas atitudes e cuidados

com os adolescentes com medo de traumatizá – los, que os mesmos sintam-se

78

inferiorizados ou com auto-estima abalada, os superprotegem abrindo assim

espaços para que a mídia e outras pessoas talvez mal intencionadas o façam.

Durante a adolescência os jovens estão mais vulneráveis ás influências

externas tornando-se alvo de problemas que afetam tanto a família como a escola;

no lar as atribulações do dia a dia, e na escola os problemas da indisciplina.

É comum acharmos na escola, especialmente nessa fase da

adolescência em nossas salas de aula alunos sem interesse aos estudos, inquietos,

falantes demais, descomprometidos, desrespeitosos com professores e colegas,

egocêntricos e sem noção de limites. E sabemos que esses comportamentos estão

relacionados a valores morais e éticos. E se os alunos têm poucos destes valores ou

nenhum, eles passam a não achar importante o respeito às pessoas em geral.

Muitos adolescentes não valorizam mais o estudo e ainda tentam provar

com exemplos que a mídia proporciona que para se ter sucesso e dinheiro não há

necessidade de estudar.

Segundo Rego (1996) apud Vygotsky nos trás sobre os alunos

indisciplinados que:

Um aluno indisciplinado não é entendido como aquele que questiona

pergunta, se inquieta e se movimenta, mas sim como aquele que não tem

limite, que não respeita a opinião e sentimentos alheios, que apresenta

dificuldades em entender o ponto de vista do outro e de se autogovernar,

que não consegue compartilhar, dialogar e conviver de modo cooperativo

com seus pares. (REGO, 1996, p. 87)

O autor chama-nos a atenção para o papel do mediador exercido por

outras pessoas no processo de formação do caráter do aluno adolescente. Assim,

vemos que o desenvolvimento e aprendizado individual são e sempre será mediado

pelo outro que indica, limita e atribui significados à realidade em que se vive.

Percebe-se, portanto que o ser humano não aprende individualmente,

mas coletivamente, e precisa do outro para aprender os limites até onde pode

chegar. Fica difícil, portanto ao adolescente que vive em uma família em que tudo é

79

permitido, chegar à escola e ser advertido, barrado, por estar tendo uma atitude

considerada pela escola como errada, pois para ele aquela é a atitude correta. Por

isso, Escola e Família devem estar sempre dialogando e se conhecendo.

Segundo Rego (1996) ninguém nasce disciplinado ou indisciplinado.

Estes comportamentos resultam de influências internas e externas que a criança

convive e passa a entender como corretas, assim esses comportamentos não estão

alheios a família ou a escola. Eles devem ser trabalhados em conjunto.

Cabe principalmente aos pais e depois com auxílio dos professores a

imposição de limites e regras no cotidiano do adolescente, pois este que não

aprende a ter limite e disciplina cresce achando que pode tudo e acaba exigindo que

tanto a família como a escola se dobre a sua vontade. E como a vida fora de casa e

da escola não é como os mesmos pensam, acabam se frustrando, tornam se

revoltados e muitas vezes inconvenientes com as pessoas que convivem, o

resultado disso tudo acaba sendo desastroso aos adolescentes.

Como já falamos anteriormente os adolescentes em que os pais são

firmes na disciplina,mas dialogam,conversam com seus filhos e explicam o que é

certo e o que é errado, olhando olho no olho o que pode e o que não pode ser feito

com certeza terão uma personalidade mais centrada, serão disciplinados e

conhecerão seus limites.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLONE, G.J. Adolescência. (2003)

Encontrado em www.psiqweb. med.br . Acesso em: 17/06/2010.

BOCK, A.M. B; FURTADO, O; TEIXEIRA, M.L.T. Adolescência: Tornar-se jovem.

In: Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia, São Paulo: Saraiva 2001.

80

CASCAES, J.P. Adolescência, juventude e os tropeços. Revista Mundo Jovem

Ed. PUCRS. Ano XLIII nº 353, Fevereiro /2005.

MILANI, F. M. O Adolescente, a Escola e a Família: Um Sistema Integrado. In:

CEAP Revista de Educação, n° 10, setembro 1995. Salvador. Centro de Assessoria

Pedagógica

PEREIRA, T.S. (1996). Direito da criança e do adolescente: uma proposta

interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar.

REGO, T.C.R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na

perspectiva vigotskiana. In: Julio G.Aquino (org) Indisciplina na escola: alternativas

teóricas práticas. São Paulo: Summus, 1996.

SILVA, B.F. B Adolescência na Família e na Escola. Rio de Janeiro. Universidade

Candido Mendes, 2001.

ZAGURY, T. Limites sem trauma -74ª edição, Rio de Janeiro: Record,2006.

(Construindo cidadãos).

ATIVIDADES

QUESTÕES PARA REFLEXÕES E DEBATES

1- O que é a fase da adolescência para vocês pais?

2-A adolescência possui mais pontos positivos ou negativos?

3-Quais são os maiores problemas e desafios que os adolescentes enfrentam na

atualidade?

4-Quais são as decisões mais difíceis que os adolescentes precisam tomar?

81

5-De que maneira os adolescentes podem se preparar para enfrentar estes

desafios?

6-Por que as instituições como família, escola e igreja são importantes na vida dos

adolescentes?

7- Na seguinte informação: A atitude dos pais assume importância essencial

segundo a autora Zagury (2006, p.133). Do equilíbrio e da segurança com que

atuam nessa fase, pode-se estabelecer as bases para uma adolescência sem

maiores problemas. Os pais precisam aproveitar o fato de que nessa idade os filhos

ainda os ouvem e aceitam suas orientações.

Daí a importância dos pais dialogarem com seus filhos adolescentes, pois

a conversa, a troca de idéias entre pais e filhos cria um ambiente de amizade, de

confiança e o adolescente se sente valorizado, não somente sua pessoa, mas

também seus pensamentos e idéias.

a) Como estão acontecendo o diálogo entre vocês pais e seus filhos neste período

da adolescência?

b) Que tipo de diálogo e atitudes os pais poderiam tomar para se ter uma boa

convivência nas relações familiares?

c) Quais as razões que levam pais e filhos a não se relacionarem bem em seus

lares?

d) Seu filho encontra apoio em vocês como pais?E o que seus filhos adolescentes

podem esperar de vocês como pais?

e)Você tem tempo para seu filho? É realmente um amigo, companheiro? O valoriza?

f) Você sabe respeitar as idéias, os sentimentos, os atos de seus filhos?

82

8- O grupo de adolescentes é um dos mais importantes fatores para a busca da

identificação. No grupo se oferecem situações variadas e múltiplas que são

necessárias para o amadurecimento dos adolescentes. Ou seja, o adolescente se

apega mais à realidade grupal. Por exemplo, os mesmos sentem se bem onde todos

se vestem igual, o adolescente pode ser ele mesmo, falar de coisa que a família não

tem idéia do que está acontecendo.

a) Como os pais dos adolescentes normalmente tratam e recebem os amigos de

seus filhos?

b) Para vocês o grupo de amigos (dos adolescentes) influencia os mesmos

positivamente ou negativamente?

c) O que deve preocupar os pais? Quais os cuidados que os mesmos devem ter em

relação ao grupo de amizades que os filhos pertencem?

d) Qual o poder de influência tanto de determinados grupos como da mídia em

geral?

9- Em grupo ou dupla de participantes: Discutir e fazer a explanação ao grupo de

pais as seguintes reflexões.

- Quais as diferenças existentes entre a postura autoritária dos pais com os

adolescentes das gerações passadas em relação as mudanças desses padrões

hoje, quando um grande número de pais dialoga com os filhos?

- Vocês acham que o período da adolescência vivida por vocês está sendo igual

para seus filhos?O que mudou da sua época para cá?

SUGESTÃO DE DINÂMICA PARA O ENCONTRO DE PAIS SOBRE A

ADOLESCÊNCIA.

83

Auto Retrato Desenhado

Fonte: Projeto Memorial Pirajá

Retirada do livro Aprendendo a Ser e a Conviver das autoras Margarida Serrão e

Maria Clarice Baleeiro. FTD - Fundação Odebrecht 2ª Ed, São Paulo, 1999.

Esta dinâmica tem como objetivo aprofundar a percepção de si mesmo,

perceber as motivações que interferem nos pensamentos, sentimentos e ações.

O grupo deverá estar em círculo e sentados. O organizador deverá pedir

que os participantes desenhem uma pessoa de frente e de corpo inteiro dos pés a

cabeça. Após o término do desenho, colocá-lo a sua frente no chão. Olhar para a

figura, entrar em contato com ela, dar lhe uma identidade, uma vida, um nome.

Pedir que os participantes que cada um no seu desenho, respondam por escrito às

solicitações que lhes serão feitas, descritas a seguir:

-saindo da cabeça do personagem, fazer um balão com três idéias que ninguém irá

modificar;

-saindo da boca, fazer um balão com uma frase que foi dita e da qual se arrependeu

e outra frase que precisa ser dita e ainda não o foi;

-do coração, sair uma seta, indicando três paixões que não vão se extinguir. Chamar

a atenção do grupo para o fato de que o objeto da paixão não precisa

necessariamente ser alguém, podendo tornar-se de uma idéia, uma atividade, um

sonho, etc;

-na mão direita do personagem, escrever um sentimento que ele tem disponível para

oferecer;

-na mão esquerda, escrever algo que ele tem necessidade de receber;

-no pé esquerdo, escrever uma meta que deseja alcançar;

-no pé direito, escrever os passos que precisa dar em relação a essa meta.

Quando todos os participantes terminarem o que foi solicitado, pedir que mantenham

contato com o personagem desenhado, procurando os pontos semelhantes e

84

diferentes entre ambos. Escrever no verso da folha as semelhanças e as diferenças

encontradas.

Apresentar ao grupo seu personagem na terceira pessoa; falar das semelhanças e

diferenças que o ligam a ele.

O organizador pontua aspectos importantes nas falas de cada participante.

MATERIAL DE APOIO E SUGESTÃO PARA LEITURA DOS PAIS.

TEXTOS

1-Vida em Família. Construindo relacionamentos felizes.

Autora: Ellen G. White/Tradução Carlos A. Trezza e José Carlos Ebling

Casa Publicadora Brasileira Tatuí-SP, 2001

2-Pais Preparados Filhos Vencedores. Orientação da criança 2.

Autora: Ellen G.White / Tradução Renato Bivar

Casa Publicadora Brasileira Tatuí SP, 2003

3-Como ajudar seu filho na escola. Dicas para melhorar o desempenho

escolar.

2006 Editora Melhoramentos Ltda

2006 Editora Garçoni

1ª edição, 2ª impressão, janeiro de 2007

4-Limites sem trauma. Construindo cidadãos.

Autora: Tânia Zagury, 74ª edição Rio de Janeiro: Record,2006

5-Ajude seu filho a ser feliz.

85

Autor: Frei Anselmo Fracasso, 30ª edição Editora Vozes, 1979

INDICAÇÕES DE FILMES

1- Pro dia nascer feliz

Documentário, Brasil, 2007, 88min; COR.

Direção: João Jardim

Documentário sobre educação, mas não um filme da maneira como

estamos acostumados a ver: o diretor da película opta por esquadrinhar a

subjetividade de professores e alunos, passeia com a câmera por corredores,

banheiros, conselhos de classe, etc.; de seis escolas brasileiras, mostrando, ao

telespectador, a dura realidade do cotidiano escolar, principalmente, o das escolas

estaduais.

Uma ótima oportunidade para que façamos uma análise, de uma

distância adequada, do nosso dia-a-dia em sala de aula, das necessidades e

problemas dos nossos alunos e das nossas próprias questões como educadores,

nos colocando como personagens dessa história, passando de vítimas a cidadãos

atuantes e modificadores do sistema.

Sugestões temáticas

Educação no Brasil (realidades contraditórias), estrutura física das

escolas brasileiras, professores brasileiros, marginalidade, drogas ilícitas, sertão

nordestino, precariedade do transporte escolar, poesia.

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=561

2- Aos Treze

Direção: Catherine Hardwicke

Gênero: Drama/ duração: 100 min.

Distribuidora: Fox Filmes

Carente e tímida a adolescente Tracy (Evan Rachel Wood) recebe um

amor quase que excessivo de sua mãe Melanie (Holly Hunter). Para se enturmar e

86

se sentir parte de um grupo na escola, Tracy se aproxima da extrovertida e rebelde

Evie. Com essa nova amizade, a garota mergulha no mundo descontrolado baseado

em sexo e drogas. Sua mãe percebe a mudança de comportamento, porém não

consegue se aproximar da filha para compreender melhor o que está acontecendo.

Retrato sensível do desajuste juvenil e da dificuldade de amadurecimento dos

jovens.

Encontrado em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo php?conteudo=561

e no site www.cinepop.com.br/filmes/treze.htm.

87