da escola pÚblica paranaense 2009 - … · superintendência da educação diretoria de políticas...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
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SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE APUCARANA COLÉGIO ESTADUAL PADRE ÂNGELO CASAGRANDE
ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E NORMAL
SEBASTIANA APARECIDA TAVARES
UNIDADE DIDÁTICA - PDE 2009/2010
MARILÂNDIA DO SUL 2010
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Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
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SUMÁRIO
IDENTIFICAÇÃO............................................................................................... 03
TEMA DE ESTUDO .......................................................................................... 03
TÍTULO.............................................................................................................. 03
CONTEÚDO BÁSICO........................................................................................ 04
PROBLEMATIZAÇÃO....................................................................................... 04
OBJETIVO..........................................................................................................04
AÇÃO ESTRATÉGICA...................................................................................... 05
PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR.................................................................06
CONTEXTUALIZAÇÃO..................................................................................... 08
AVALIAÇÃO...................................................................................................... 09
UNIDADE DIDÁTICA.........................................................................................11
INTRODUÇÃO................................................................................................... 11
REFERÊNCIAL TEÓRICO................................................................................ 13
PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES................................................................. 22
REFERÊNCIAS................................................................................................. 45
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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
PROFESSORA PDE: Sebastiana Aparecida Tavares.
ÁREA PDE: História
NRE: Apucarana
PROFESSORA ORIENTADORA IES: Profa.Dra.Monica Selvatici
IES VINCULADA: UEL – Universidade Estadual de Londrina
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande,
Ensino Fundamental, Médio e Normal.
PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Segundo ano do ensino médio.
PRODUÇÃO DIDÁTICA: Unidade Didática.
TEMA DE ESTUDO: O Regate da História e a Memória do Castelo Eldorado do
Município de Marilândia do Sul – PR.
TÍTULO: A História Oral como estratégia Didática do Ensino de História
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1. CONTEÚDO BÁSICO:
História Local: Reconstrução da história do Castelo Eldorado de Marilândia do Sul,
Estado do Paraná.
2. PROBLEMATIZAÇÃO:
Dado o contexto apresentado, surge o seguinte problema de pesquisa, proposto
para investigação no presente estudo: Como a história oral, a partir de uma
perspectiva mais próxima dos alunos, pode ser utilizada no ensino de História?
3. OBJETIVO:
O objetivo desta Unidade Didática é realizar um trabalho de reconstrução
da História e Memória do Castelo Eldorado, utilizando como fonte de pesquisa a
história oral como método qualitativo de investigação. Esta metodologia tem como
foco de atenção o próprio sujeito na história e como meta tem o desafio de afirmar
que a história oral é uma ferramenta estratégica para o professor de História fazer
uso dela em sala de aula, incluindo-a no âmbito da história local.
Sendo assim, a intervenção do projeto em sala de aula busca desenvolver o
talento na área criativa dos discentes ao programar trabalhos em equipes,
entrevistas, gravações, transcrições, produção de narrativas históricas e pesquisa-
ação, tudo isso visando:
* Elaborar uma aprendizagem do tempo presente e a reconstrução da memória do
Castelo Eldorado a partir da voz de pessoas que viveram naquele espaço no
período de sua construção e moradores que ainda residem no município;
* Proporcionar junto aos alunos uma transformação de mentalidade em relação à
atenção com a história local e o suporte empírico que lhes concedam reconstruir a
história do patrimônio paranaense;
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* Fazer com que a pesquisa com a história oral, repassada através da educação
não-formal aos educados, proporcione uma atual compreensão sobre a memória
do Castelo Eldorado, da região pertencente ao município de Marilândia do Sul.
4. AÇÃO ESTRATÉGICA:
Exposição e conscientização dos alunos sobre a proposta da elaboração do
material e a busca dos conhecimentos teóricos básico para a construção do
trabalho de pesquisa, enfatizando a mediação docente nos trabalhos em grupos.
A turma será dividida em grupos para desempenhar o trabalho com a
execução das etapas:
* Elaboração e planejamento do material realizado através da História Oral sobre
o Castelo Eldorado de Marilândia do Sul, e abordagem teórica sobre o tema do
estudo em ação.
* Roteirização com definição da linguagem e de vários recursos a serem usados.
* Produção, instante em que se encaminha a elaboração dos recursos básicos
estipulados no roteiro.
* Direção e gravação, conduzindo as cenas, definindo os melhores ângulos e
aspectos para gravá-las para que a mensagem fique compreensível.
* Montagem de arquivo e álbuns fotográficos com registros históricos do Castelo
Eldorado; este se trata do momento de conclusão da pesquisa qualitativa com o
uso da história oral.
A atividade realizará na sala de aula uma montagem do cenário fazendo
uso da interdisciplinaridade, envolvendo alunos do magistério com a montagem da
réplica do Castelo Eldorado e a utilização do laboratório de informática do colégio
para realizar pesquisas, bem como a utilização das TVs multimídia.
A utilização de pen-drive para apresentação da proposta de implementação
e a TV pen-drive para exposição do filme „Narradores de Javé‟ e do filme
´Memória e História´com direção de Paulo Baroukh (Fundação para o
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desenvolvimento de Educação, 1992. 19 min), como material de apoio para
introdução da pesquisa enfocando a história oral.
A metodologia segue baseada no depoimento oral como peça documental
de um determinado período histórico, valorizando a pesquisa qualitativa e a
subjetividade presente nas respostas coletadas. O método aplicado levará em
consideração, sobretudo, o conjunto dos depoimentos de valor histórico dos
pioneiros entrevistados e pessoas que conhecem a história no período da
construção do Castelo Eldorado.
O início do terceiro período será destinado para a transcrição das
entrevistas, organização da narrativa e a gravações em CDs, e a apresentação na
sala de aula, através do data-show com a exposição realizada pelo docente e
discentes envolvidos no projeto.
A metodologia proposta privilegia alunos e professores como sujeitos
produtores da história, através do registro sistematizado da memória e com
respaldo em fontes orais. O personagem que escreve a história objetiva a
narrativa e busca novos caminhos de trabalho, com a história oral, permitindo,
assim, a construção mais sólida de uma história local.
4.1. PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR:
A área da história oral se caracteriza pela interdisciplinaridade e pela
abertura a novas possibilidades de escrita da história. Assim, consideramos uma
oportunidade ideal para a produção, reconstrução e promoção das execuções das
narrativas historiográficas.
O trabalho enfatiza as possibilidades transdisciplinares que a metodologia
da história oral proporciona, favorecendo a integração de outras áreas de saberes
que compõem as diretrizes curriculares e que fazem parte do projeto político
pedagógico da escola. Com efeito, a história-memória do patrimônio “Castelo
Eldorado” reflete a trajetória da comunidade pioneira ainda existente.
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Assim, as pessoas são designadas pela história de existência, todos são
indivíduos da própria história; isso equivale a compreender que a história é feita
por todos.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008, p.14), é
possível compreender que: “[...] um sujeito é fruto do seu tempo histórico, das
relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua
no mundo como o compreende e como dele lhe é possível participar”.
A oralidade torna-se determinante no recurso metodológico de ensino como
transmissão de informações das experiências sociais, excedendo as imperfeições
das falhas dos documentos oficiais, compreendendo o seu processo e o direito de
preservar a identidade, desvendando as entrelinhas da memória coletiva.
José Saramago, nesse sentido, escreveu: “Do novelo emaranhado da
memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me parece solto. Devagar
o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos.” (SARAMAGO, 2006, p.75).
Acredita-se que a esfera da memória através dos depoimentos orais e
biográficos contribuirá para o campo de análise histórica, ligando temporalidade e
resgatando atores sociais silenciados no mundo atual dos discentes, atribuindo-
lhes a consciência dessas ações na perspectiva local.
O vídeo-história aparece nesse contexto com a particularidade da
linguagem documental e com foco na memória, buscando analisar o emprego de
vídeos nas entrevistas de história oral; propondo a reconstrução e a escrita da
história; organizando as fontes orais e visuais.
Contamos ainda com o trabalho interdisciplinar com as disciplinas de língua
portuguesa, artes, geografia, disciplinas do magistério e outras.
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4.2. CONTEXTUALIZAÇÃO:
A história oral nos proporciona compreender a oralidade como importante
recurso de transmissão de informações através das experiências e memória das
pessoas que viveram no espaço social pertencente ao Castelo Eldorado. Assim
sendo, com a prática da História oral vamos vencer as omissões dos espaços
vazios dos documentos oficiais. Para Portelli (1997, p.26) “o aprofundamento
teórico e metodológico, passa a penetrar no íntimo da história oral de forma mais
envolvente e subjetiva”.
O grande desafio é manter na transcrição das entrevistas e depoimentos
orais a fidelidade e a forma legível dos relatos dos depoentes. Todo o trabalho
articula o uso das fontes orais, uma viagem no tempo que remete à afirmativa de
Seixas (2000, p.123) sobre o tempo e a memória e “sobre o caráter de
descontinuidade que a singulariza e sobre a função aí escrita de atualização das
experiências outrora vividas”.
A memória é dialética com movimento no tempo e espaço, com lembranças
que despertam outras lembranças. Ainda, citamos Halbwachs (1990, p.32), para
quem “a memória é resultado do movimento do sujeito no ato da memorização,
como também é ação dos diversos grupos sociais em suas histórias, o passado e
presente”.
Thompson (1992) no seu estudo sobre mudanças nos significados e vigor
de costumes e tradições populares no processo de constituição dos sujeitos
sociais, reconhece a impossibilidade de uma pura volta ao passado e de
aproveitar algumas indicações do futuro.
Com a participação da comunidade pioneira sobre o conhecimento presente
e passado relativo ao Castelo Eldorado, junto aos alunos pretende-se reconstruir
uma narrativa histórica sobre este local. Estamos cientes do trabalho significativo
com a interação dos alunos e da comunidade, utilizando como instrumento
metodológico a história oral, proporcionando a oportunidade e a habilidade de
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ouvir a história contada, com possibilidade de reconstruir uma narrativa histórica
da região que não encontramos escrita nos manuais didáticos.
4.3. AVALIAÇÃO:
A avaliação será feita de forma diagnóstica, formativa e somativa com a
finalidade de observar o progresso de aprendizagem, procurando registrar os
avanços significativos dos alunos.
A avaliação da aprendizagem tem o objetivo de compreendê-la e aprimorá-
la com os seguintes instrumentos:
- atividades de leitura compreensiva de textos;
- produção de texto;
- palestra e apresentação oral;
- projeto de pesquisa qualitativa;
- seminário como conclusão de trabalho.
- elaboração de narrativa histórica.
A finalidade principal da avaliação é fornecer informações sobre o processo
pedagógico que permita ao professor decidir sobre intervenções e ajustes
necessários em face do projeto e comprometimento com a garantia da
aprendizagem do aluno.
Alguns pontos da DCE História definem critérios como sendo os indicadores
do grau de aprendizado dos alunos. Vejamos alguns:
Análise de diferentes conjunturas históricas a partir das relações de
trabalho, de poder e culturais;
Linguagem e conceitos históricos;
Método histórico, compreendendo que o conhecimento histórico é
produzido com base no método da problematização de distintas fontes
documentais e textos historiográficos, a partir dos quais o pesquisador produz a
narrativa histórica;
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Estabelecimento de comparações simples entre passado e presente, com
referência a uma diversidade de períodos, culturas e contextos sócio-históricos;
Entender que a História é tanto um estudo da continuidade como da
mudança e da simultaneidade. Um acontecimento histórico pode responder a uma
multiplicidade de fatores;
Identificar os sujeitos que viveram no passado e perceber que as suas
opiniões, atitudes, culturas e perspectivas temporais são diferentes das nossas.
Explicitar o respeito à diversidade étnico-racial, religiosa, social e
econômica, a partir do conhecimento dos processos históricos;
Compreender a História como experiência social de sujeitos que constroem
e participam do processo histórico. (SCHMIDT; CAINELLI apud PLUCKAROSE,
1996, p.125).
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5. UNIDADE DIDÁTICA
5.1. INTRODUÇÃO
A Unidade Didática proposta pela professora PDE, Sebastiana Aparecida
Tavares e orientada pela professora doutora Monica Selvatici, da Universidade
Estadual de Londrina, possui como meta assegurar uma soma de atividades
metodológicas com capacidade de auxiliar o ensino-aprendizagem, a aquisição e
a articulação do conhecimento pelas vias da história oral, assim, compreendendo
os bens culturais de nosso patrimônio histórico por meio do ensino da disciplina de
História para os alunos de Ensino Médio do Colégio Padre Ângelo Casagrande,
de Marilândia do Sul, Paraná.
O trabalho proposto estabelece maneiras prováveis e alternativas
aconselháveis sobre como servir-se da história oral na prática do professor, sem,
contudo, circunscrever a autonomia e a inovação do discente. Mas, ao oposto,
entusiasmando-o com proposta de exercícios, que expandem o discernimento de
análise e julgamento dos alunos, isto é, a competência de contestar, o senso
comum e imaginar com responsabilidade, como cidadãos autênticos e sensatos
de seu papel enquanto sujeitos históricos, leais agentes de mudança social.
Posto que estejam vivenciando o século XXI, contudo não podemos
esquecer as grandes evoluções marcadas pela raça humana no século passado,
as apreciáveis transformações que ficaram na expectativa do término do milênio.
Eric Hobsbawm (1995), historiador inglês, analisando o século XX, aponta que,
nos seus últimos cinqüenta anos a humanidade viu emergir em seu convívio mais
inovações do que em todo o resto da sua história.
Percebemos, atualmente, a presença da força econômica que, apesar de
não coibir a força de trabalho de poucos privilegiados, os mantém subordinados
aos princípios determinados pelos sistemas econômico e social. Alicerça a
dominação do capital e o alcance limitado de bens, evidenciando que nas
sociedades poucos são os que possuem o capital.
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Mesmo assim, são contínuas as transformações básicas para ajustar aos
procedimentos de ensino-aprendizagem a situação real do mundo. Neste sentido
o presente estudo propõe uma metodologia de pesquisa procurando superar as
dificuldades de ensino e encontrar vias favoráveis para resolver tais problemas na
contemporaneidade.
Para tanto, vamos praticar a dinâmica introduzindo a história oral com o
propósito interdisciplinar num enfoque problematizador na reconstrução da história
local. Ao mesmo tempo busca-se promover um trabalho coletivo com o fazer
criativo, situando os alunos no seu contexto histórico, os inserido na pesquisa de
modo ativo, transformando a forma de aprendizagem e não apenas reproduzindo
o discurso do docente.
Assim para nós, educar é conduzir a um lugar do saber e a aquisição de
valores em nossas vidas como fim de um processo de operações mentais que
começa pela leitura intrínseca e com a pesquisa em ação. (NOSELLA, 2008)
Avaliando que esta é a definição de educação que impera na pós-
modernidade, entendemos a educação como formação do ser humano na
construção de valores, crenças, mentalidades, costumes e práticas.
Nesta perspectiva, podemos mencionar como recurso de ensino a
metodologia história oral para a aprendizagem de História, e temos como recurso
favorável o uso das tecnologias (gravador, filmadora, TV pen-drive, multimídia,
máquina fotográfica, recursos audiovisuais, internet, laboratório de informática).
Ferramentas com as quais temos o intuito de estimular o trabalho de
pesquisa e valorizar as capacidades cognitivas individuais, valores pessoais e as
habilidades para facilitar o trabalho em grupo. Adotaremos uma postura coletiva
na construção da investigação do objeto de estudo que os alunos saibam analisar,
com apreciações construtivas, as informações para a elaboração do saber.
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No entanto, é necessário instruir o “conhecimento como um todo complexo”
(MORIN, 2000) criando a partir de complexas interações do sujeito com outros
sujeitos e com o meio, considerando as especialidades de cada aluno.
Assim, contamos com as novas tecnologias e a história oral a ser
incorporadas ao saber do professor, transformando a ação tradicional em um
trabalho de constante ação de pesquisa voltado para o desenvolvimento social.
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/4portugues/5charge4.jpg
5.2. REFERENCIAL TEÓRICO
Um planejamento de estudos metodológicos alicerçado na evidência da
história oral para a superação de dificuldades encontrada pelos discentes para
estudar a história local no que tange sua abordagem a reconstrução da memória e
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história do Castelo Eldorado do município de Marilândia do Sul, PR. Os dados
serão coletados junto à comunidade pioneira e pessoas que conhecem essa
história.
De outra forma, para o desenvolvimento das atividades pedagógicas junto
aos alunos, se proporão aos professores a utilização da metodologia da história
oral como procedimento e auxílio da pesquisa quantitativa, onde se deverão
envolver os alunos em um trabalho autônomo na reconstrução da memória.
Dessa forma, a finalidade é propor tanto aos discentes quanto aos docentes
a oportunidade de inserir-se na essência da elaboração do conhecimento
histórico.
Assim sendo, trabalha-se com o objetivo de ultrapassar a escolha dos
temas propostos no plano de aula docente de História que estão nos manuais
didáticos e de oportunizar ao docente a maior ênfase na relação entre teoria e
prática, com condições de problematizar e mediar o processo ensino
aprendizagem inovador, científico, empírico e prático, junto aos alunos tornando-
os autores do conhecimento de cunho histórico, aproximando os discentes da
história de sua comunidade local.
O entendimento de História Oral segundo Thompson (2002) segue abaixo:
A história oral não é necessariamente um instrumento de mudança; isso depende do espírito com que seja utilizada. Não obstante, a história oral pode certamente ser um meio de transformar tanto o conteúdo quanto a finalidade da história. Pode ser utilizada para alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de investigação; pode derrubar barreiras que existam entre professores e alunos, entre gerações, entre instituições educacionais e o mundo exterior; e na produção da história – seja em livros, museus, rádio ou cinema – pode devolver às pessoas que fizeram e vivenciou a história um lugar fundamental, mediante suas próprias palavras. (THOMPSON, 2002, p.22).
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Os processos da História Oral possuem o alvo de unir o educador, discente
e coletividade como agentes da história na realização do saber histórico. Desse
modo, professor e alunos recebem uma atribuição específica, bem como se
proporciona informação à própria sociedade para estabelecer essa história numa
conjuntura abrangente. Thompson complementa,
Nas escolas, tem sido desenvolvidos projetos sobre a história das famílias dos alunos, que oferecem um meio eficiente de vincular seu próprio ambiente a um passado mais amplo. A história da família possui outros méritos educacionais especiais. Contribui para uma abordagem centrada na criança, pois utilize como base do projeto o conhecimento que a própria criança tem de sua família e de sua parentela e o acesso que tem a fotografias, velhas cartas e documentos, recortes de jornais e recordações. (THOMPSON, 1992, p.30).
Através da História Oral o aluno passa a perceber que a história não é
alguma coisa imprecisa e informe sem motivação, mas, sim, é realizada por
personagens com aspectos, afeições e desejos. Nesta perspectiva, Thompson
garante que “pelo sentimento de descoberta nas entrevistas, o meio ambiente
imediato também adquire uma dimensão histórica viva: uma percepção viva do
passado, o qual não é apenas conhecido, mas sentido pessoalmente”.
(THOMPSON, 2002, p.30).
Entendemos que a História Oral, conforme Thompson, é uma história
formada em torno de indivíduos que contribuem com seus depoimentos para uma
construção mais precisa e completa da história.
Uma sugestão que permite agentes nascerem não só entre os dirigentes,
mas entre a generalidade das pessoas anônimas, que acabam a ser aceitas como
elementos da história. Assim sendo, a historicidade passa a ser desvendada
através da visão dos homens e mulheres simples.
Assim as atitudes benéficas da História Oral apresentadas por Thompson
(1992) são a presença de entusiasmo entre docentes e alunos no cotidiano da
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atividade tornando-os acompanhantes da ação, disponibilizando instrumentos para
uma mudança básica do ângulo coletivo da reconstrução de narrativas históricas.
É de grande importância recordar que Thompson (1992) observa que as
interlocuções fundamentais entre os indivíduos não se realizam através da escrita,
porém oralmente, em convívio direto ou por telefone.
Sabendo-se que o conhecimento se dá por princípios da comunicação e da
informação, os alunos do segundo ano do ensino médio, do Colégio Estadual de
Marilândia do Sul, aplicarão os processos da História Oral em uma pesquisa
qualitativa com o uso de roteiro de entrevista aberta e semi-aberta, preparadas
conjuntamente com a docente em grupos no âmbito escolar.
A entrevista será com os pioneiros e pessoas que viveram no município na
época do apogeu do Castelo Eldorado, a qual deverá ser transcrita. A seguir, os
alunos deverão elaborar narrativas históricas sobre o local estudado, com a
mediação do professor com o objetivo de reconstruir a memória desse patrimônio
histórico, que os jovens contemporâneos não conhecem.
Existe a necessidade de transmitir aos alunos o valor da memória social
como patrimônio da sociedade, reconstruindo a mesma nos setores e classes
sociais de forma efetiva, observando que a memória vem sendo desprezada e que
a uma parte do povo tem sido obstaculizado o direito à memória.
Assim, afirma Le Goff, “a memória é um elemento essencial do que se
costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das
atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na
angústia.” (LE GOFF, 2003, p. 469)
Salientamos que a memória coletiva continua evidente no duelo das forças
sociais pelo domínio. As preocupações das classes, dos grupos e das pessoas
que controlaram e controlam as comunidades históricas não deve se transformar
em ser supremo da memória e do abandono. Segundo Le Goff (2003, p.422), “os
esquecimentos e os silêncios da história são reveladores destes mecanismos de
manipulação da memória coletiva.”
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Com a reconstrução da memória de identidades sociais, dos grupos com
suas tradições, elaboram a sua memória, propiciando constante re-preparação e
mudança do saber histórico. Isto é, a identidade cultural do universo ocorre com a
memória individual ou coletiva. É a memória que processa a ação dos homens
viabilizando o elo entre o legado de gerações e o tempo histórico nesse
procedimento de percurso.
Ainda podemos mencionar a colocação de Fernandes (2006), “o direito à
memória como direito de cidadania indica que todos devem ter acesso aos bens
materiais e imateriais que representem o seu passado, a sua tradição, enfim, a
sua história.” (FERNANDES, 2006, p. 138)
Entendemos que o autor destaca que aceitação à memória pode expressar
o acolhimento da força política executada por vários grupos sociais, como maneira
de conservar as suas identidades e a formação de modelos apropriados.
Entretanto a recuperação da memória permite aos integrantes dos movimentos
sociais apropriarem-se de seu direito à cidadania e como meios de reconstruir
sua autoconfiança.
É sinalizar que os “lugares e suportes da memória”, como museus,
monumentos históricos, arquivos, bibliotecas, são meios fundamentais no
procedimento de aprendizagem com o objetivo de comover a compreensão do
aluno da consideração da permanência dos bens culturais.
Se não evitarmos o aniquilamento dos “lugares da memória”, o que
permanecerá será a força econômica das classes dominantes elaborando ou
resolvendo ter como emblema da memória as elites sociais. Isto é, a recordação
“oficial”, a recordação da autoridade, contrariando a concepção de uma memória
diversificada, cidadã, com a probabilidade de conceber uma identidade cultural
para todos os homens que buscam a autonomia e uma efetiva cidadania.
A prática de uma educação com ênfase no valor do patrimônio cultural deve
ter como meta conservar a consciência da memória histórica.
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Circe Bittencourt, historiadora e pesquisadora sobre o ensino e
aprendizagem de História, afirma que:
“[...] O compromisso do setor educacional articula-se a uma educação patrimonial para as atuais e futuras gerações, centrada no pluralismo cultural. Educação que não visa apenas evocar fatos históricos „notáveis‟, de consagração de determinados valores de setores sociais privilegiados, mas também concorrer para a rememoração e preservação daquilo que tem significado para as diversas comunidades locais, regionais e de caráter nacional [...]” (BITTENCOURT, 2005, p. 278).
Também temos que ressaltar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) que enfatiza a necessidade de se observar as características
regionais e locais da sociedade e da cultura. Assim, a referida lei oferece campo
para a inserção do ensino de História Local e propõe que o ensino de História do
Brasil contemple as várias etnias e culturas na composição da sociedade
brasileira.
Em seu livro A Era dos Extremos: o breve século XX, Hobsbawm alerta
para a ameaça da perda de referências históricas por parte dos jovens e para a
destruição do passado. Apesar de neoliberalistas e pós-modernistas anunciarem o
“fim da História”, é cada vez mais necessária a busca da afirmação da identidade
nacional, a valorização das culturas regionais e das identidades étnico-culturais
que, em meio ao processo de globalização, carecem encontrar espaço para a
defesa de seu direito à diferença e ao passado.
Schmidt e Cainelli afirmam que:
O contato com as fontes históricas facilita a familiarização do aluno com formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-o a associar o conceito histórico à análise que o origina e fortalecendo sua capacidade de raciocinar baseado em uma situação dada (SCHMIDT; CAINELLI, 2006, p.94).
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Todavia, a atividade realizada com o documento histórico em sala de aula
exige que o educador aumente a sua compreensão e a prática com documento,
sem priorizar o documento escrito. Isto é, apresentando ao discente o
entendimento de documentos iconográficos, fontes orais, testemunhos da história
local, além das linguagens contemporâneas, como cinema, artes plásticas, a
música, a fotografia, a televisão e a informática.
Diante deste contexto, podemos compreender a utilidade da história oral
como uso de pesquisa através das fontes orais, um recurso pós-moderno, por sua
essência e plasticidade, utilizando as entrevistas e depoimentos. Assim contamos
com uma investigação com foco na memória e lembranças de pessoas viventes
sobre o seu passado histórico.
Nesse sentido, afirma Thompson:
A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimulam professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ajuda os menos privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar dignidade e autoconfiança. Propicia o contato – e, pois, a compreensão – entre classes sociais e entre gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a determinada época. Em suma, contribui para formar seres humanos mais completos. Paralelamente, a história oral propõe um desafio aos mitos consagrados da história, ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece os meios para uma transformação radical no sentido social da história (THOMPSON, 1992, p.44).
Portanto, podemos superar as dificuldades para trabalhar a história social,
que se encontra correlacionada com a escola dos Annales com seus vários
conceitos. Reportar a ação dos Annales é fundamental como uma característica,
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efetiva ou alegórica, para a composição de uma nova história, onde se inclui a
história social, como aspecto necessário à historiografia.
Em vista deste conjunto de procedimentos, pode-se aventurar uma definição de História Oral como um conjunto de procedimentos que vão desde o planejamento do projeto, a definição da colônia [“um grupo amplo que tenha uma „comunidade de destino‟], a eleição das redes [subdivisões significativas da “colônia”], o estabelecimento de uma pergunta de corte [um dilema comum, importante e explicativo da experiência coletiva, um recurso básico de unidade dos depoimentos, questão que deve estar presente em todas as entrevistas], a elaboração das entrevistas, a feitura dos textos e a devida guarda, a conferência e a devolução do documento à comunidade que o gerou. No caso de caber análises dependerão do término da fase anterior (MEIHY, 1996, p.54).
Diante de tal processo, o conjunto dos trabalhos de entrevistas inclui alunos
e professor, este tendo a postura de mediador na condução da atividade, com
presença atuante na pesquisa, organização do projeto, realização e transcrição
das entrevistas, finalizando com uma interpretação do material produzido para
narrativa de textos históricos. Com a intervenção direcionada se acredita que a
história oral seja realmente uma estratégia para o ensino de História,
proporcionando a maneira ideal de uma construção cientifica de saberes históricos
no âmbito da escola.
Pois, com a "transformação" das narrativas sobre a história contada em
documentos históricos é fundamental entender sobre as experiências e as
memórias mencionadas, considerando a subjetividade na pesquisa.
Dessa forma, alguns autores argumentam que:
Nossos primeiros e, um tanto ingênuos, debates metodológicos e nosso entusiasmo pelos depoimentos a cerca "do que realmente aconteceu" amadureceram, dando lugar a um entendimento comum das questões técnicas e humanas fundamentais de nossa profissão e o que é igualmente importante, a uma percepção muito mais apurada de como cada história de vida interliga inextricavelmente evidências tanto objetivas quanto subjetivas, que
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são diferentes, mas igualmente importantes (THOMSON; FRISCH; HAMILTON, 2001, p. 69).
Na prática a vivência adquiriu um valor, além de ser uma afirmação do
passado, a reconstrução da história se dá agora através de narrativas anotadas.
De fato, os indivíduos podem ao falar de suas experiências, narrar uma
interpretação do passado e refletir uma vivência, a partir das ansiedades e
angústias do mundo atual. Assim, constatamos que a história oral produz
narrativas sobre o passado e também um diálogo com o objetivo da compreensão
das conjunturas do momento atual.
A nova perspectiva de produção de conhecimento nasce da criação de
narrativas com interpretações, resultado do material adquirido de uma
conversação, uma ação em conjunto, através de gravação, filmagem, registros
escritos. A narrativa é constituída por condições da fala, a partir das palavras
utilizadas; conforme a posição social, a mediação intersubjetiva determinada entre
as pessoas, personagem que constitui a narrativa. De acordo com Walter
Benjamin (1994, p. 198), “entre as narrativas escritas, as melhores são as que
menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores
anônimos”.
Sabemos que nas sociedades primitivas, os contadores de histórias eram
muito considerados, pois se declaravam como conhecedores da memória da
sociedade. Um bom exemplo deles são os interpretes dos jograis no período
medieval.
O filósofo e historiador francês Michael Foucault, em sua obra já
contestava o documento como mera transparência da realidade, reflexo do real,
ou meio de acesso direto a acontecimentos e personagens do passado.
O trabalho de história oral em construir o texto em reciprocidade com as
mudanças vivenciadas pelos homens é de grande importância como fonte e
metodologia histórica.
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22
Verifica-se que Ferreira (1996) exalta a diferença entre História e Memória,
evidenciando a História como uma área profissional institucional que tem
convicções e maneiras de atuação, germinando um conhecimento elaborado a
partir de observação, de vários processos e normas. Assim, apesar da diferença
não existe divergência ou atrito entre memória e história.
Porém, a memória estipula várias instigações sobre o papel da história,
assim como a história também pode colaborar com a memória: "em regiões de
conflitos étnicos, onde a memória coletiva é muito agressiva e associada a
guerras, a história pode produzir uma reflexão mais crítica e mais comprometida
com a objetividade" (FERREIRA, 1996, p.18).
A partir da leitura destes teóricos percebemos claramente a importância da
metodologia da História Oral, que vem se instituindo como um essencial método
de pesquisa científica, principalmente na área de História, que possibilita o
favorecimento de estudos mais variados sobre as atividades dos homens
contemporâneos na busca de reconstruir a sua história.
5.3. PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES: História e memória Castelo Eldorado
Fonte: Arquivo pessoal.
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23
Pesquisar, construir, conhecer e recordar histórias.
Você constrói a sua história neste instante? E seus amigos no pátio do
colégio? Será que todo o homem contemporâneo constrói suas histórias da
mesma forma? Como é construída a história? Pergunte para seus avós quem
contavam histórias para eles? E nas tribos indígenas como eram contadas as
histórias. Quem contava?
Assim, a cada instante você compõe a sua história e uma parte da história
de sua comunidade das quais pertence: sua casa, o colégio, as festas, a religião.
Você consegue recordar os fatos que ocorreram no seu cotidiano? Às
vezes, sim, diversos incentivos nos ajudam a recordar de dados armazenados em
nossas memórias: por exemplo, quando falamos com amigos de infância que nos
lembram a casa em que morávamos.
Ou seja, me lembro das histórias que minha avó contava, falava de sua
família, como era a sua vida enquanto menina, da cidade em que nasceu a sua
vida era difícil, pois trabalhava com o meu avô no corte de madeira na década de
1940, as ferramentas rudimentares e as moradias precárias e, muitas vezes para
esquentar o frio, o meu avô fazia uma fogueira no centro do rancho, esquentava
um pano e punha para cobrir a minha mãe com seus irmãos. Também contava
histórias de príncipe, de princesa, como a história de Branca de Neve, A Cinderela
de hoje, que antigamente chamava de Gata Borralheira.
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Porém, a história das pessoas está se construindo a todo o momento,
assim os acontecimentos são efêmeros, a Copa do Mundo, as guerras, restando a
impressão de que nada permanece para sempre. Ver o passado é uma maneira
de compreendermos o que ocorre conosco na atualidade. E assim é importante
termos um olhar reflexivo para o passado e buscar, através da memória das
pessoas, reconstruírem a história que ninguém ainda escreveu.
Assim, também ocorre nas culturas indígenas, sem escrita, onde os mais
velhos narram à história, seus costumes e tradições. Na cultura oral, as narrativas
são contadas de forma dinâmica com uso de uma arte especifica para contar
estórias, oriunda de sua cultura e construída durante a vida, com a oportunidade
de prender atenção de seus ouvintes.
A memória é um recurso importante para o trabalho com a história oral. No
resgate das informações do cotidiano dos alunos e de seus familiares, a área em
que vivem e as ações culturais de suas famílias e comunidades. Nesse sentido
abordar-se-á neste trabalho o resgate da memória e da história do Castelo
Eldorado.
Também é intuito deste projeto de memória criar oportunidade para unir
diversas gerações. Vivemos em uma sociedade em que o conhecimento
concebido pelos idosos, na trajetória de sua vida, é pouco ou nada compartilhado
com a juventude. Jovens e idosos têm o dia-a-dia diferente e separado.
Acreditamos que esse trabalho com a memória venha a converter-se em um
procedimento de conhecimento recíproco e até mesmo de união entre gerações.
Diante de tal processo se dará a troca de experiências e a valorização dos idosos,
proporcionando o diálogo para a construção do conhecimento através dos
depoimentos, relatos e entrevistas sobre o tema citado para a produção de
registros para a narrativa histórica.
A memória nos traz os fatos importantes, marcantes, as experiências
difíceis ou prazerosas, enfim, a nossa forma de viver.
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a) Atividades – História e Memória
Observe a memória representada pelo artista plástico espanhol Salvador Dalí, tela
de 1931 “Persistência da Memória”.
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp013583.pdf
Observe a tela do artista plástico Salvador Dalí, e relacione as informações
que caracterizam a memória nesse quadro.
Nesta pintura, os relógios apresentam – se moles, numa imagem que
desmonta os relógios firmes, mecânicos, exatos, que registram a cada segundo a
evolução contínua do tempo. Por quê? Explique.
Leia a afirmativa: “recordar a própria vida é fundamental para o nosso
sentimento de identidade” (THOMPSON, 2002, p.209). Para realizar a tarefa
converse com a sua família e apresente para os colegas de sala de aula, uma
investigação sobre a memória de um objeto antigo significativo para a família.
Como pesquisador utilize a história oral e investigue: a que geração da
família pertencia? De qual material é feito? Quando foi construído? Que
lembranças trazem para a família? É um objeto de estimação?
Elabore um texto narrativo com as informações da pesquisa.
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Leia o fragmento do texto da carta da Kari-Oca e responda:
Segundo o texto, como era construído o conhecimento?
Explique a informação principal do texto.
Por que Kari-Oca escreve: tais conhecimentos em formas de narrativas-
chamados mitos pelo ocidente – foram sendo apropriados por pesquisadores,
missionários, aventureiros, viajantes que não levaram em consideração a autoria
coletiva e divulgaram estas histórias não se preocupando com os seus
verdadeiros donos. Explique. Ocorreu plágio? (segundo o dicionário Houaiss,
plagiar: copiar, falsificar, imitar, reproduzir.)
A diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o
homem diz ou escreve, tudo que fabrica tudo que troca pode e deve informar
sobre ele (BLOCK, 1965). Assim, vamos analisar o depoimento gravado pela
professora Sebastiana Aparecida Tavares. A entrevista com o senhor Aníbal
Kuss Soares relata sobre o seu trabalho na serraria situada em Eldorado na
década de 1950. O trabalho no corte da madeira era feito de forma braçal, usava o
machado, o traçador, a foice para abrir a mata, para cerrar as toras era utilizava
mais de uma pessoa.
Os conhecimentos de nossos avós foram deixados para nossos netos de forma oral como uma teia que une o passado ao futuro. Esta fórmula pedagógica tem sustentado o céu no seu lugar e mantido os rios e as montanhas como companheiros de caminhada para nossos povos. Tais conhecimentos, em forma de narrativas – chamadas mitos pelo ocidente – foram sendo apropriados por pesquisadores, missionários, aventureiros, viajantes que não levaram em consideração a autoria coletiva e divulgaram estas histórias não se preocupando com os seus verdadeiros donos. (KARI-OCA, 2007).
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Vocabulário
Força braçal: trabalho manual.
Catraca: alavanca para levar a madeira até a serraria.
Toras: pedaço de madeira cerrada.
Vagonete: vagão pequeno que transportava a madeira.
De sol a sol: Trabalho a partir do nascer do Sol até o pôr do Sol.
b) De acordo com o depoimento, responda:
Em que atividade trabalhava? Segundo o depoimento, o que podemos saber
sobre a época? Que idéia seu depoimento nos sugere sobre a vida naquele
tempo? Quais as condições de trabalho enfrentadas?
c) Vamos à pesquisa no laboratório de informática.
* O que é trabalho?
*Como é realizado o trabalho na sociedade contemporânea?
*Pesquise e escreva um texto narrativo sobre:
- o sociólogo francês Emile Durkheim (1858-1917).
[...] depois de serrar a madeira em torras nós transportava elas
em um caminhão e era utilizada a catraca para carregar a madeira,
que era colocada em uma vagonete e transportada para a serra fita.
[...] o trabalho era muito difícil, em mata fechada cortava e
serrava a madeira de lei: pinheiros (araucária), peroba, imbuía,
cedro... Trabalhava muito de sol a sol.
A madeira depois de beneficiada era vendida para ser utilizada
na construção de Brasília, construíam caixas para embalagem de
produtos industrializados.
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28
- o pensamento de Karl Marx sobre o trabalho humano.
d) Fragmento de texto presente no livro de BOSI, Éclá. Memória e
sociedade, lembrança de Velhos. ´Depoimento Oral: senhora de idade fala de
sua vida nos anos 1930.´
Vocabulário
Arrumar tiotê: colocar em forma de círculos os babados e rendas que
embelezavam as saias e as blusas das mulheres.
Questões:
* Comente sobre a atividade desempenhada pela senhora.
* O que o depoimento nos mostra sobre aquele tempo?
*Qual a informação o depoimento da senhora nos relata sobre a vida de domestica
naquela época?
* Vamos à pesquisa: em tríade.
Entreviste uma senhora que trabalhe de doméstica, registre o seu depoimento e
traga para compartilhar com os colegas de sala de aula.
Consegui logo emprego na casa da dona Cotinha e nessa família
trabalhei dezoito anos. Foi lá que criei meus filhos [...]. Chegava de noite do
meu serviço, cozinhava feijão, ensaboava a roupa deles, lavava com água
quente e no outro dia levantava cedinho, pra fazer o almoço e deixar pronto
para eles. Enchia bem o fogão de cinzas e naquele carvão miudinho botava
dois tijolos e botava as panelas por cima.
[...] Ganhava o sustento no tanque e no fogão. E engomava a blusa,
vestido, saião de linho, terno. Vinha para lavar, passar, engomar e fazer tiotê
nas rendas. (BOSI, 1999, p.395)
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29
* Os dois depoimentos relatam sobre duas formas de trabalho no Brasil entre os
anos 1930-1950. Comente as diferenças e semelhanças.
Investigação sobre o trabalho nas serrarias de Eldorado (vamos recorrer à história
oral para resolver as atividades e o laboratório de informática).
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos
/Image/conteudos/imagens/3geografia/8mercad
o-madeireiro.jpg
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos
/File/imagens/4geografia/6_desmatamento_5.jp
g
Pesquise a forma de trabalho nas serrarias de Eldorado na década de 50 e
como se trabalhavam no corte da madeira naquela época. Observando o
questionamento a seguir:
O que mudou com a tecnologia? No final do século XX como era o
pagamento dos trabalhadores da serrarias? Trabalhavam por um salário? Existiam
patrões? Existiam salários? Como os trabalhadores das serrarias se organizavam
para lutar por seus direitos? Como era a relação entre patrão e empregado? O
que aconteceu desde esse tempo (década de 1950) até os nossos dias para que
ocorressem tantas mudanças?
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30
http://geografia.seed.pr.gov.br/arquivos/Image/desmatamento02.jpg
Interagindo com a tecnologia: vamos assistir a um filme. “Memória e
História” (Direção Paulo Baroukh. São Paulo: Fundação para o desenvolvimento
de Educação, 1992. 19 min.).
http://www.ldaolympiamtormenta.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/18/1380/1709/arquivos/Image/
TV.jpg
O filme trata da abordagem da memória pela história e a reconstrução da
memória local como componente da identidade histórica da sociedade.
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31
Oralidade : atividade conjunta de professor e alunos.
Após a exposição do filme, questionar:
* Enfoques construtivos do filme.
* Enfoques desfavoráveis.
* Informações básicas que ocorre no filme.
* O que você gostaria de mudar no enredo do filme.
* Logo após a exibição do filme os alunos irão redigir um texto narrativo para
futura exposição. Atividade em tríade.
* No trabalho em conjunto entre educadores e alunos farão abordagem dos
relatos idênticas e diferentes.
* Ao termino do trabalho o educador fará uma síntese docente produz o resumo
envolvendo as idéias dos alunos escrevendo no quadro de giz a partir dos relatos
dos alunos
Vamos às questões escritas:
*Qual história o filme relata?
*De que forma é relatada a história?
*Em relação ao aspecto visual, o que você mais gostou? Por quê?
* Saliente parte importante do diálogo entre os personagens e faça um
comentário se a musica estava de acordo com o tema abordado no filme.
* Que idéias passam claramente a história presente no filme?
* O que relatam e apresenta as pessoas como intérprete do filme?
* Padrão de sociedade representado?
* Idéias representada pelo filme?
* Hipóteses?
* Como estão representados os valores humanos no filme? E o julgamento dos
participantes sobre a história narrada?
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Interagindo “com a Língua Portuguesa” leia o fragmento abaixo e reflita:
Escolha uma poesia de Cecília Meireles e compartilhe a mensagem com os
colegas de sala de aula.
Vamos à ferramenta de pesquisa “A HISTÓRIA ORAL”.
Leia o fragmento do texto presente no livro de SCHIMIDT, Maria Auxiliadora
e CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009. (Pensamento
e ação no magistério).
Lembra Cecília Meireles que “não se pode pensar numa infância a
começar logo com gramática e retórica: narrativas orais cercam a criança
da Antiguidade, como as de hoje”. Assim, “mitos, fábulas, lendas, teogonias,
aventuras, poesia, teatro, festas populares, jogos, representações várias”
ocuparam, “no passado, o lugar que hoje concedemos ao livro infantil”. E
acrescenta: “quase se lamenta menos a criança de outrora, sem leituras
especializadas, que as de hoje, sem os contadores de histórias”
(MEIRELES, 1984, p. 55).
A história oral são as memórias e recordações das pessoas vivas
sobre seu passado. Como tal, está submetida a todas as ambigüidades e
debilidades da memória humana; não obstante, nesse ponto, não é
consideravelmente diferente da história como um todo, a qual, com
freqüência, é distorcida, subjetiva e vista pelo cristal da experiência
contemporânea. [...]
A história oral escolar serve para diminuir a brecha entre o
acadêmico e a comunidade; traz a história à casa, já que relaciona o
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33
ATIVIDADES
Com o seu grupo de sala de aula, após a leitura e interpretação do
fragmento do texto faça uma síntese das principais idéias e escreva uma
conclusão, apontando as possibilidades de utilizar a história oral na pesquisa
História e Memória do Castelo Eldorado de Marilândia do Sul (PR).
http://www.tibagi.pr.gov.br/images/noticias/confeagro2.jpg
mundo da sala de aula e o livro didático com o mundo social direto e
cotidiano da comunidade em que vive o estudante. [...]
Os projetos escolares de história oral podem ser algo mais que mera
história local e têm aplicação até mesmo fora dos limites formais da
disciplina história. [...] A história oral aproveita a motivação pessoal para o
estudo da História, na medida em que permite ao aluno participar de uma
investigação válida dentro de seu próprio grupo familiar, étnico e local.
(SITTON, MEHAFFY; DAVIS, 1995, p.09-32).
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A história Oral como estratégia para o Ensino de História. História e
Memória do Castelo Eldorado, Marilândia do Sul (PR).
Foto: arquivo pessoal
Planejamento de atividades subsequentes : Na turma do segundo ano do Ensino Médio, os alunos serão distribuídos em
grupos para a execução do trabalho de pesquisa qualitativa utilizando a história
oral.
Os alunos responderão um questionário elaborado pela professora para avaliar o
conhecimento sobre a história do Castelo Eldorado.
Os alunos utilizarão os recursos da história oral: depoimentos, entrevistas, relatos
e a tecnologia disponível pela turma e o laboratório de informática.
Visita de estudo ao Castelo Eldorado, objeto de investigação.
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35
Na sala de aula em grupo os alunos irão preparar:
*Roteiro para a visita;
*Organizar uma ficha para registro de informações sobre o local de estudo;
*Selecionar e levar o material tecnológico (filmadora, máquina fotográfica,
gravador, etc.) para registrar material respeito ao Castelo.
* Lanche para uma confraternização.
* Ao retornar do passeio de estudo em grupo, discutir e registrar a partir das fichas
em seus cadernos de pesquisa as informações colhidas pelo grupo.
* Selecionar as fotos para montar álbum para objeto de estudo.
Novamente vamos interagir com a tecnologia: assistindo ao filme
Narradores de Javé. (Direção Eliane Café. Distribuição: Vídeo Filmes, 2003,100
min.).
O filme retrata a história de uma cidadezinha Javé, com temor da
construção de uma usina hidrelétrica. A sociedade resolve escrever a história a
partir da memória de seu povo, com o objetivo de defender a estabilidade do
seu arraial.
A SEGUIR:
Após exibir o filme, questionar:
* Enfoques construtivos do filme.
* Enfoques desfavoráveis.
* Informações básicas que ocorre no filme.
* Qual a transformação que gostariam de realizar no filme?
* As questões serão resolvidas em tríade e após a narração será colocada para
a sala de aula.
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* O educador e os discentes realçam as colocações idênticas e diferentes.
* O docente produz o resumo envolvendo as idéias dos alunos escrevendo no
quadro de giz.
Vamos às questões escritas:
*Qual história o filme relata?
*De que forma é relatada a história?
*Em relação ao aspecto visual, o que você mais gostou? Por quê?
* Saliente parte importante do diálogo entre os personagens e comente sobre a
música?
* Que idéias passam claramente o programa? (o que diz claramente esta história).
* O que relatam e apresenta as pessoas como intérprete do filme?
* Padrão de sociedade representado?
* Idéias representada pelo filme?
* Hipóteses?
* Como estão representados os valores humanos no filme? E o julgamento dos
participantes? .
Além dos depoimentos colhidos dos pioneiros que viveram na época da
construção do Castelo Eldorado e o auge do lugar e pessoas que conhecem essa
história, vamos também usar relatos e entrevistas.
Leia o fragmento do texto presente no livro de SCHIMIDT, Maria
Auxiliadora e CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.
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37
ATIVIDADES:
Com o seu grupo de sala de aula, leia o texto e faça uma síntese das
principais idéias dele e escreva uma conclusão, apontando as possibilidades de
utilizar a entrevista, depoimento e relato na pesquisa História e Memória do
Castelo Eldorado - Marilândia do Sul, PR e a reconstrução da história utilizando a
história oral como metodologia na construção da narrativa realizada pela
professora e alunos.
A relação entre o entrevistador e o entrevistado é outro aspecto
constitutivo da produção de um depoimento. A postura de um entrevistador
deve ser de um parteiro que não conhece a pressa e a impaciência e está
disponível para ouvir as histórias do entrevistado com o mesmo cuidado,
atenção e respeito, tenham este significado ou não para a pesquisa em tela.
[...]
Um outro aspecto a ser analisado é o resgate da memória. Esta é
constituída a partir de um universo diversificado de marcas que poderá nos
remeter ao relato de imagens, situações, acontecimentos ou à narração de
experiências. [...] No interior desse processo de universos imbricados, o
tempo cronológico inexistente. O tempo da memória é o tempo da
experiência de um período de vida, de atividade profissional, política,
religiosa, cultura, afetiva [...] que nos arrebata e condiciona quase que
inteiramente, nos fazendo perceber e reconstruir a realidade de uma
determinada maneira. Realizar uma entrevista é, sobretudo a tentativa de
visitar com o entrevistado esses territórios diversos, que se relacionam e se
comunicam através de uma lógica para nós desconhecida
(MONTENEGRO, 1992, p.55-65).
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38
Leia o fragmento do texto de THOMPSON, Paul. A voz do passado:
história oral. 3° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
A Entrevista
Ser bem-sucedido ao entrevistar exige habilidade. Porém, há muitos
estilos diferentes de entrevista, que vão desde a que se faz sob a forma de
conversa amigável e informal até o estilo mais formal e controlado de
perguntar. E o bom entrevistador acaba por desenvolver uma variedade de
método que, para ele, produz os melhores resultados e se harmoniza com
sua personalidade.
Mas a principal característica de um entrevistador é a disposição
para ficar calado e escutar. O primeiro ponto é a preparação de informações
básicas, por meio de leitura ou de outras maneiras. O que se dá na verdade
é que, em geral, quanto mais se sabe, mais provável é que se obtenham
informações históricas importantes de uma entrevista. Contudo, não há
razão alguma para fazer uma entrevista, a menos que o informante seja de
algum modo, mais bem informado do que o entrevistador.
É necessário, para se fazer uma entrevista, ter um conhecimento das
práticas locais, bem como elaborar perguntas que sejam historicamente
relevantes e corretamente formuladas para aquele contexto.
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39
Após a leitura e interpretação do fragmento texto de Thompson (1992)
realizar o roteiro de entrevista, a atividade será realizada pelos alunos em grupos,
a sala de aula será dividida em quatro grupos iguais em número de participantes.
O roteiro das entrevistas pronto será analisado pela professora. Em
seguida, parti-se-á para fase da pesquisa, cada elemento do grupo terá uma
responsabilidade durante a entrevista: marcar a data da entrevista com o
depoente, gravar, fotografar, filmar e anotar as considerações no caderno de
pesquisa.
As entrevistas serão realizadas no domicílio da pessoa ou na sala de aula,
onde foi construído um cenário especial para acolher os convidados que serão
entrevistados.
Arquivo pessoal.
A entrevista pode ser com perguntas fechadas de respostas diretas e
curtas, ou ao invés de uma entrevista propriamente dita, o entrevistador
conduz uma “conversa”, onde o narrador é convidado a falar sobre um
assunto de interesse comum. (THOMPSON, 1992).
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40
Após o término das entrevistas, depoimentos e relatos sobre a história e
memória do Castelo Eldorado, os alunos e a professora farão as transcrições com
o objetivo de escrever a narrativa sobre o objeto de estudo.
Com o conhecimento adquirido com a história oral sobre o Castelo
Eldorado, e a pesquisa no laboratório de informática, resolva as questões:
a) Pesquise sobre os castelos medievais e produza um texto narrativo.
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagem/6filosofia/5castelo_amo
urol.jpg
Sugestões de sites para pesquisa:
Castelos na Idade Média: http://www.sobre.com.pt/castelos-na-idade-media
Vida nos castelos: http://marged.vilabol.uol.com.br/medieval_castles.html ( vídeo do you tube que
estruturas internas dos castelos).
Museu medieval: http://blog.museumedieval.com.br/category/castelos/
Agora vamos analisar o nosso objeto de estudo, observe as fotos do
Castelo Eldorado e descreva-o através da produção de texto narrativo.
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41
Fonte: Arquivo pessoal
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42
Fonte: arquivo pessoal
Faça uma análise comparativa entre o castelo medieval e o Castelo
Eldorado, e escreva as considerações podendo apontar semelhanças, diferenças,
etc.
Refletindo sobre o nosso objeto de estudo Castelo Eldorado, produza uma
história em quadrinhos sobre a história do Castelo Eldorado utilizando as
informações colhidas através da história oral: construção do castelo, época, quem
construiu, por que construíram, atividades dos moradores de Eldorado,
característica do povoado, as moradias, as serrarias, e represente com desenhos
os componentes da história.
SUGESTÕES: para a execução da história em quadrinhos:
-Realize o esquema através do conhecimento adquirido com as entrevistas, depoimentos e relatos e os textos produzidos na sala de aula. - Prepare a quantidade e a ordem dos quadrinhos. - Descrever as personalidades. - Produza o espaço onde se ocorreu à história.
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43
- Faça em balãozinho a interação (conversa) entre os componentes da história. - Faça as sentenças do narrador da história em quadradinhos. - Represente as dinâmicas das personalidades nos desenhos.
De modo interdisciplinar busque subsídios com o professor de Artes para a
técnica da História em Quadrinhos, pois é um gênero textual com regras
específicas, e junto ao professor de Português, o emprego dos tipos de balões que
indicam a fala e a professor de Inglês para a tradução do quadrinho a seguir.
Reproduza os barulhos com ilustrações. Com onomatopéias.
Usem a sua criatividade e elaborem da melhor forma, contando a história
que ninguém ainda escreveu. Somos sujeitos desta conquista!
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/4ingles/2kids.jpg
Olá, pessoal, chegamos ao final das tarefas:
Selecionar todas as fotos para montar o álbum e as gravações em CDs dos
depoimentos e entrevistas para serem organizados em arquivos. As transcrições e
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44
a produção da narrativa final e todos os recursos elaborados com a pesquisa
estarão na biblioteca do Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande para
possíveis consultas.
Fonte: arquivo pessoal
É o momento de retornarmos ao nosso objeto de estudo, o Castelo
Eldorado, e vivermos um momento de confraternização com os alunos,
professores e a equipe técnica da comunidade escolar.
Como parte deste momento de confraternização incluir-se-á uma visita
direcionada dos alunos ao Museu Histórico de Curitiba, um espaço rico em
informações históricas que certamente trará enriquecimento à formação cultural
dos estudantes.
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