da escola pÚblica paranaense 2009 - … · aos profissionais da escola de educação especial...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
CADERNO TEMÁTICO
NEIDE MITIYO SHIMAZAKI TSUKAMOTO
MARTA REJANE PROENÇA FILIETAZ (ORIENTADORA)
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO DE SURDOS
ALGUMAS INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES SOBRE A INCLUSÃO DOS
ALUNOS SURDOS
Fonte: Vitral da Escola Epheta Autorizado pela Escola Epheta
CURITIBA
2010
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CADERNO TEMÁTICO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: Neide Mitiyo Shimazaki Tsukamoto
ÁREA PDE: Educação Especial
NRE: Curitiba
PROFESSOR ORIENTADOR IES: Marta Rejane Proença Filietaz
IES VINCULADA: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Escola Epheta
PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Professores da Escola Epheta
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE: Formação de professores para a Educação Inclusiva.
TÍTULO: A formação de professores para a inclusão de alunos surdos.
PALAVRAS-CHAVES: Educação Inclusiva; Formação de professores;
Orientação básica; Surdez
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ÍCONES DESTE CADERNO TEMÁTICO
Filme sobre o tema abordado
Fonte: soffss.blog.com
Texto básico
Fonte: juliaseloti.wordpress.com
Referencial básico – elaborado pela Escola Epheta
Fonte: Vitral da Escola Epheta
Texto complementares
Fonte: rodrigoloureiro.com.br
Reportagem ligada ao tema
Fonte:macrofone.wordpress.com
Informações complementares
Fonte: saberdesign.wordpress.com
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SER SURDO
Quando a sua boca se cala...
Os seus olhos analisam, exploram, sentem...absorvem o mundo
O seu rosto se ilumina... como uma tela de emoções
As suas mãos inquietas falam, narram, interpretam, interagem, aprendem, amam,
ensinam...
O seu corpo dramatiza, expressa, representa...
A sua mente implora...
E o seu coração espera...
Que todos entendam
Que isto é comunicação.
(NEIDE MITIYO SHIMAZAKI TSUKAMOTO, 2010)
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AGRADECIMENTOS
A Marta Rejane Proença Filietaz, pela amizade e orientação.
Aos meus queridos pais, pela valorização, pela educação, pela persistência,
responsáveis por eu conseguir chegar nesse nível.
Ao meu marido Nelson, pelo seu incentivo, parceria e crescente amor.
Ao meu filho Matheus Yudi, que é um guerreiro, que é pura força, que me ilumina e
me ensina a nunca desistir.
As minhas irmãs, pelas trocas nos momentos de preocupações e de alegrias.
Aos profissionais da Escola de Educação Especial Epheta, pela acolhida, pela
receptividade constante e pela aceitação deste desafio de participar deste trabalho.
Aos alunos surdos, sem os quais este trabalho seria impraticável.
Aos alunos do GTR, pelas participações construtivas.
A todos os colegas do PDE.
E, Agradeço a Deus pela oportunidade!
6
LISTA DE TABELA Tabela 1 – Graus de audição .................................................................................... 26
LISTA DE QUADRO Quadro 1 – As concepções sobre a surdez .............................................................. 19
Quadro 2 – As representações sobre surdos ............................................................ 20
Quadro 3 – Audiometria de audição normal .............................................................. 26
Quadro 4 – Audometria – Perda auditiva mista bilateral ........................................... 26
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – O sistema Auditivo ................................................................................... 24
Figura 2 – Audiômetro ............................................................................................... 25
Figura 3 – Teste da orelhinha.................................................................................... 29
Figura 4 – AASI - Analógico ..................................................................................... 30
Figura 5 – Implante coclear ....................................................................................... 31
Figura 6 – Aparelho analógico ................................................................................... 43
Figura 7 – Aparelho digital......................................................................................... 44
Figura 8 – Implante coclear ....................................................................................... 46
7
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 8
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRIA A CERCA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ...... 12
2.1 Idade Antiga e Média ......................................................................................... 12
2.2 Idade Moderna ................................................................................................... 13
2.3 Idade Contemporânea ...................................................................................... 15
3 AS CONCEPÇÕES SOBRE A SURDEZ ................................................................... 18
4 ASPECTOS BIOLÓGICOS DA SURDEZ .................................................................. 24
4.1 Diagnóstico da surdez ..................................................................................... 25
4.2 Graus de surdez ............................................................................................... 26
4.3 Características da surdez de acordo com as perdas auditiva ..................... 27
4.4 Incidência da surdez ........................................................................................ 27
4.5 Causas da surdez ............................................................................................. 28
4.6 Aparelho de Amplificação Sonora ................................................................... 30
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CULTURA E IDENTIDADE SURDA ................... 32
6 CONTEÚDO DA ORIENTAÇÃO - INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O
PROFESSOR DO ENSINO COMUM ........................................................................ 34
6.1 Orientação básica para a inclusão de alunos com surdez ............................ 35
6.2 Sugestões em relação à comunicação, com ênfase no uso correto da voz,
articulação de fala e expressão facial ................................................................... 37
6.3 Orientação básica ao professor – em sala de aula ........................................ 39
6.4 O convívio com o tradutor e intérprete de língua de sinais / língua
portuguesa .............................................................................................................. 41
6.5 Orientação ao professor – Educação Infantil ................................................. 42
6.6 Orientações básicas sobre o uso e cuidado com o aparelho auditivo e
implante coclear no Ensino Regular ..................................................................... 43
6.6.1 O manuseio do aparelho auditivo (analógico) ............................................. 43
6.6.2 Manuseio dos aparelhos auditivos digitais e implante coclear ................. 44
6.6.3 Recomendações gerais ................................................................................ 44
6.6.4 Alguns cuidados com o implante coclear ................................................... 45
6.7 Orientações básicas – trabalhar cooperativamente com as famílias ........... 46
7 ESTRATÉGIA DE AÇÃO ....................................................................................... 47
8 CONSIDERAÇÕES CIRCUNSTÂNCIAIS.............................................................. 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
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APRESENTAÇÃO
A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o desenvolvimento da inteligência
humana. (Charles Darwin)
O presente Caderno Temático apresenta algumas orientações básicas para
os professores sobre as pessoas com surdez que constitui uma das produções
didáticas do Programa de Desenvolvimento Profissional – PDE – da Secretaria do
Estado da Educação do Paraná – SEED, ano 2009, efetivadas por meio de
atividades teórico-práticas assessoradas pela orientadora da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná e subsidiadas pelos Seminários Integradores
teóricos e metodológicos.
Como iniciativa multidirecional que visam ações afirmativas, o PDE consiste
em uma política pública que objetiva a formação continuada dos professores da
Rede Estadual do Paraná, em parceira com as Instituições Superiores de Ensino
para que resulte na produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática
escolar das escolas públicas.
O Caderno Temático elaborado está previsto para ser utilizado no decorrer do
processo de implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, que propõe a
formação continuada de professores com o aprofundamento de estudos e pesquisas
relacionadas às pessoas com surdez e com algumas orientações básicas para a
inclusão de alunos com surdez no Ensino Regular.
No entendimento de que as políticas públicas a respeito da Educação
Inclusiva propõem combater o preconceito, discriminação, barreiras entre os
indivíduos, povos, culturas, e requer da educação ação ampla e de qualidade a
todos, o Caderno Temático sugere ações que valorizam a interação social, a
aprendizagem por cooperação e o olhar sobre as diferenças.
9
1 INTRODUÇÃO
A educação atual explicita a perspectiva democrática na defesa do direito de
todos os alunos ao acesso e permanência na escola, que se traduz na busca de
abordagem que superem a segregação e a exclusão escolar de todas as pessoas.
No Brasil, em dezembro de 1996, foi promulgação da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) n.º 9.394, aprovada em 20 de dezembro de 1996 destina um capítulo
com três artigos (Cap. V, Artigo 58 a 60) para a Educação Especial, reafirma os
preceitos apresentados pela Constituição Federal de 1988, quando expressa que o
acesso ao ensino fundamental deve ser garantido pelo “direito público” (BRASIL,
1996). Tanto a Constituição Federal (1988) quanto a LDB (nº. 9394/96) preconizam
a educação como um direito de todos, direito que se estende aos sujeitos com
necessidades educacionais especiais (NEE).
Bueno (2008) analisa que os instrumentos normativos (leis, pareceres,
decretos) e conclui que eles são priorizados no processo de educação para todos os
alunos e, também analisa que os documentos abordam a importância da formação
de professores, no entanto, constata que há poucos investimentos nas informações
sobre das mudanças oficializadas e na formação continuada dos professores.
Para Laplane (2007), o delineamento da proposição da Educação Inclusiva foi
resultante das discussões internacionais e definidas em consonância com as
políticas de incentivos econômicos dos financiadores internacionais, no propósito de
potencializar o aumento de alunos matriculados no ensino regular, na supostas
ações de superação de preconceitos com alunos com NEE. Uma vez oficializada, a
Inclusão solicita uma educação de qualidade e que incluam todos os alunos e,
consequentemente, requer mudanças nas concepções educacionais no atendimento
das pessoas com deficiência.
Contudo, a condição para que a inclusão se efetive, segundo Glat (2009),
requer reorganização e adequação dos diferentes paradigmas em função das
determinações legais e, principalmente, exige a revisão do processo de formação
dos professores, que, na maioria dos casos, durante a sua formação inicial tiveram
um currículo que não contemplou estudos a respeito da NEE, para que viabilizassem
uma prática pedagógica que atingisse todos os alunos, inclusive os alunos com
alguma deficiência.
Em relação a inclusão de alunos surdos, sujeitos deste estudo, Rosa (2006, p.
10
3) afirma que o professor ouvinte esforça-se na aceitação de um aluno surdo, mas
desvaloriza suas contribuições e
não proporcionam o desenvolvimento da autonomia, porque a maioria dos professores ouvintes não sabe muito bem Libras (Língua Brasileira de Sinais). Esse grande fracasso no ensino da escrita e da leitura dos alunos surdos é porque a maioria dos alunos surdos não tem muito interesse e gosto para aprender leitura e escrita, por que a escola não ensina e, consequentemente, o aluno não aprende.
Esse cenário é também descrito por Barbosa e Amorin (2008, p. 32) que
relatam que a maioria dos professores prefere a prática da linguagem oral e o
paradigma do ouvintivismo1 prevalece nas escolas regulares, sendo os alunos
surdos obrigados a adequar-se a essa situação.
Para assegurar o acesso às informações escolares, o Decreto n.º 5.626, de
2005, assegura a figura do tradutor e intérprete de Língua de Sinais / Língua
Portuguesa no ensino regular para os alunos surdos. Todavia, uma pesquisa interna
feita pela Escola de Educação Especial Epheta, no ano de 2008, revela que dos
cento e cinquenta alunos incluídos no ensino regular, somente 25% possuem
intérprete, pela falta de profissionais certificados para essa função. Esse fato tem
sido confirmado pelo órgão regulador da profissão de intérprete, a Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), justificada no ano da
promulgação do Decreto, quando os alunos surdos já estavam incluídos no ensino
regular atendendo as especificações da LDB n.º 9.394 em 1996.
Ainda que se admita o caráter determinista das políticas públicas, os
legisladores que defendem radicalmente a inclusão e que efetiva a Educação
Inclusiva como um processo em construção irreversível, considera, neste estudo que
os professores são os personagens principal que ponderam por meio de estudos,
que buscam uma inclusão processual e aqueles que acionam todo o processo
educacional.
No entanto, a realidade inclusiva revela o desconhecimento sobre os
fundamentos legais e os pressupostos que permeiam a educação dos surdos que
vem a traduzir em posturas inadequadas dos professores, como o aumento
desnecessário no volume da voz; articulam e gesticulam exageradamente, na
ansiedade de se fazerem compreendidos; isolam ou tratam como incapazes de
1 Termo descrito por Skliar (1998, p.15) como um “conjunto de representações dos ouvintes, a partir
do qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte”,
11
realizar as atividades acadêmicas; enfim, constatações que torna este estudo
imprescindível.
Fagundes et al. (2005) encontram justificativas que as aulas que são
traduzidas e interpretadas são destinadas aos alunos homogêneos e com
informações uniformes. O aluno surdo acaba tendo acesso às aulas pré-
estabelecidas, com a repetição oral do saber acumulado do professor, restringindo
as possíveis interações, ainda com bases predominantes nos paradigmas
conservadores.
Neste quadro, este estudo considera o professor como o protagonista do
processo de inclusão e ele não pode ser culpabilizado pelos baixos resultados nos
conhecimentos básicos, como ler e escrever, dos alunos com surdez. Glat (2009)
atribui os baixos resultados nas avaliações escolares (ENEM, Prova Brasil) no fato
dos professores, na sua maioria, não foi contemplada com nenhuma disciplina que
tematizasse a educação especial durante a sua formação inicial e pelo fato de, até o
advento das determinações legais, a educação de alunos surdos eram realizados
em espaços especiais distintos.
Vale enfatizar que a proposição da formação continuada dos professores não
deve ser interpretada como medida de caráter funcionalista que responde às
determinações legais e coniventes com as estruturas impostas, mas como atividades
que fomentem a reflexão que favoreçam a interação, que denunciem a favor da
crença na capacidade dos alunos são importantes para que, face às competências
docentes, direcionem, ampliem e repensem caminhos para ensinar e aprender no
século XXI.
Na busca de equilíbrio entre a realidade pedagógica e o otimismo do discurso
da inclusão total, de atuar como peça amortecedora, não única, dos impactos das
políticas públicas frente à Educação Inclusiva e considerando a educação um
espaço de resistência aos riscos provenientes do autoritarismo oficial que tendem a
reproduzir no espaço escolar, negando o acesso à “educação para a libertação”
(FREIRE, 1997). Assim, é nesses pressupostos que a proposição desta pesquisa: “A
formação de professores para a inclusão dos alunos surdos” apresta no Caderno
Temático para subsidiar os professores para viabilizar a inclusão escolar dos alunos
com surdez.
O Caderno Temático sugere ações que valorizam a interação social, a
aprendizagem por cooperação e o olhar sobre as diferenças. Assim, pode-se ser
12
utilizado como um referencial teórico-metodológico para a ampliação de
possibilidade de participação de dos alunos com surdez no processo escolar e,
consequentemente, de assegurar a participação nos diversos espaços sociais, que
abordará: fundamentação história a cerca da educação dos surdos; as concepções
sobre a surdez; aspectos biológicos da surdez; considerações sobre a cultura e
identidade surda; informações básicas para o professor do ensino comum;
orientação básica para a inclusão de alunos com surdez; o convívio com o tradutor e
intérprete de língua de sinais / língua portuguesa e orientação familiar.
Indicação de filmes para refletir:
Como anda o seu preconceito?
Curta metragem: A luz da escuridão
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=frUJ_RVYmQA
Acesso: 12/03/2010.
2 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRIA A CERCA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
A trajetória registrada acerca da Educação das pessoas deficientes e,
sobretudo, das pessoas surdas, na direção do atendimento educacional, passou por
percalços condicionados aos diferentes paradigmas destinados às essas pessoas.
A retomada histórica mostra que as concepções de homem, sociedade e
trabalho vincula-se às formas de produção da sociedade que influencia no
tratamento dispensado às pessoas com deficiência.
2.1 Idade Antiga e Média
Carvalho (1992) apud Shimazaki e Lemes (2008) afirma que na Idade Antiga,
as características físicas robustas eram valorizadas nas mulheres para que
gerassem guerreiros fortes. Esse paradigma predominava nas civilizações antigas,
principalmente nas helênicas, o que tornava aceitável o extermínio e a exclusão de
qualquer pessoa que não atendessem essas características determinadas pela
sociedade e o surdo foi definido por Aristóteles como pessoa incapaz de aprender.
13
Também, os romanos concebiam os surdos como incapazes de serem
incluídos nos meios sociais da época. Somente em 360 a. C. foram percebidas
alterações nas visões acima colocadas, quando Sócrates assinalou que os surdos
poderiam se comunicar por meio do corpo, com a utilização de sinais manuais.
Na Idade Média, a igreja católica perpetuava a crença de que os surdos não
detinham de alma imortal e não conseguiam cumprir os sacramentos da igreja.
Santo Agostinho, por exemplo, acreditava que as crianças surdas nasciam para que
os pais pagassem os pecados que haviam cometido, e que, os mesmos podiam se
comunicar por meio de gestos. Neste período surgiram as instituições aceitas pela
sociedade como locais destinados às pessoas que apresentavam alguma
deficiência.
2.2 Idade Moderna
No início do Renascimento, segundo Shimazaki e Lemes, (2008), no século
XVII
foi marcado por práticas que revelavam grande marginalização de todas as
pessoas que não atendessem aos padrões de beleza e produtividade da
época [...] pessoas com deficiencia eram rotuladas como idiotas,
delinquentes, rebeldes, além de serem excluidas, dadas ao confinamento
em asilos, onde, muitas vezes, eram dizimadas por epedemias (p.14).
O fato histórico deste período é o inicio do atendimento às pessoas com
surdez, de forma estratificada, os surdos das famílias carentes continuavam sendo
colocados em asilos e hospícios junto aos doentes menstais, sobre a crença na
incapacidade de aprender.
Gerolamo Cardano ( 1501 – 1576) médico, matemático e astrólogo reconhece
que o surdo tinha habilidade de raciocínio e a mudez não representava
impedimento para que o surdo adquirisse o conhecimento. Ele preocupou-se com as
questões orgânicas da surdez, mas não fez referências sobre a possibilidade de
surdo aprender a comunicar (SHIMAZAKI; LEMES, 2008).
O poder financeiro condicionava a educação aos surdos de prover uma
educação sistematizada individual, como o monge beneditino espanhol, Pedro
Ponce de Leon (1520 – 1584), que fundou a Escola para Surdos em Madri e ensinou
14
quatro surdos, filhos de nobres, a falar grego, latim e italiano, além de ensinar-lhes
conceitos de Física e Astronomia. No desenvolvimento educacional dos alunos
surdos, Ponce de Leon se utilizava de sinais, treinamento da voz e leitura labial.
Desenvolveu um alfabeto manual, iniciando um trabalho com os surdos de soletrar
as palavras (JIMÉNEZ, 1997).
Em 1620, Juan Pablo Bonet (ensinava o surdo a ler e escrever), que publicou,
na Espanha, o livro Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los
mudos, que trata da invenção do alfabeto manual de Ponce de Leon . Em 1644 foi
publicado o primeiro livro em Inglês sobre a Língua de Sinais, que acreditava ser a
Língua de Sinais universal e seus elementos constitutivos icônicos. O mesmo autor
publicou em 1648 o livro Philocopus, onde afirma ser a Língua de Sinais capaz de
expressar os mesmos conceitos que a língua oral (QUADROS, 1997).
Há registro de experiências sobre o ensino da fala para os surdos. Francis
Van Hemolt (1614-1699) descreveu o método labial por meio de visualização e
outras experiências como de Johann Conrad Amnan (1669-1724) usava tato e a
percepção da laringe, a fala, para, depois, associar à escrita; John Wallis (1616-
1703) tentou oralizar os surdos e, depois desistiu, ensinou somente a escrita; Jonh
Bulwer (1611-1684) admitia o uso de sinais, mas insistia que os surdos deveriam
falar; William Holder (1615-1697) defendia a oralização; Georges Rafael (1673-1740)
desenvolveu um método em que, inicialmente, eram ensinadas as vogais e,
depois,as consoantes [...] Jacob Rodriguez Pereira (1915-1790) iniciou o processo
de desmutização dos surdos por meio de tato, da visão e da educação auditiva [...]
(SHIMAZAKI E LEMES, 2008, p.22).
Na França, o Abade Charles Michel de L’Epée, em 1750, cria a Língua de
Sinais, com a gramática sinalizada francesa, como meio para educar todos os
alunos surdos e funda o Instituto Nacional de Paris, de característica assistencial.
Com a transferência do médico Itard (1774-1838) para esse instituto, surge os
primeiros estudos sobre treinamento auditivo e leitura labial, por meio de utilização
de métodos atualmente condenados pela medicina, mas utilizadas no início do
século XIX, como a utilização de carga elétrica no ouvido dos surdos (BUENO, 1998
APUD SHIMAZAKI E LEMES, 2008). Itard elaborou a primeira classificação sobre a
surdez, tentou curar a surdez, ensinar a falar e admitiu que a forma mais eficaz de
comunicação para os surdos é por meio da língua de sinais.
15
Leitura complementar:
SHIMAZAKI, Elsa Midori; LEMES, Maria Júlia Ribeiro. Fundamentos da
educação dos surdos. In: Fundamentos da deficiência sensorial auditiva.
MORI, Nerli Nonato Ribeiro (org.). Cap. I, p.13-30. Maringá: EDUEM, 2008
2.3 Idade Contemporânea
Em 1815 surge uma comunicação que misturava a união do léxico da língua
de sinais francesa com a estrutura da língua francesa, adaptada para o Inglês.
Surge então uma metodologia que mais tarde seria utilizada na filosofia da
Comunicação Total.
A partir de 1860, o método oral começa a ganhar força. Alexandre Grahan
Bell defende o ensino dos surdos somente pelo método oral, constituindo como
princípios dos documentos elaborado no Congresso Internacional de Educadores de
Surdos, realizado em Milão, em 1880, oficializando o Oralismo e proibindo a Língua
de Sinais na educação dos surdos. Nesse mesmo período inicia-se a educação
sistematizada dos surdos no Brasil (SÁ, 1999).
A ampliação dos estudos pedagógicos permitiram novas formas de facilitação
do surdo á comunicação e ao processo de leitura e escrita. O significado disso é que
novas metodologias em termos de prática pedagógica, foram sendo adotadas em
diferentes momentos, tendo em vista os conhecimentos adquiridos até então e a
maneira como era concebida a surdez e o potencial do indivíduo surdo.
No Brasil, segundo Jannuzzi (2006), os registros históricos oficiais pontuam a
criação do primeiro Instituto – Imperial Instituto de Surdos-mudos,em 1857, que
depois, recebeu outras denominações, como, Instituto Nacional de Educação de
Surdos Mudos, e, por último Instituto Nacional de Surdos. Na época, Pedro II trouxe
para o Brasil, um surdo francês Edward Huet, que dirigiu esta instituição e iniciou a
educação sistematizada, baseada na língua de sinais e a escrita. Na seqüência,
outros educadores o sucederam, como Tobias Leite que tornou obrigatória a
aprendizagem da língua articulada e da leitura de lábios.
De acordo com Quadros (1997), as práticas educacionais sofreram fortes
influências da Europa, nesta época, inclusive, tendo em vista o Congresso de Milão,
de 1880, e as decisões oriundas do mesmo, quando então, por volta de 1911, foi
16
adotado o método Oral nas salas de aula do Instituto Nacional de Surdos - INES.
A partir da década de 1970, em alguns países como a Suécia e a Inglaterra
perceberam que a Língua de Sinais deveria ser utilizada independente da língua
oral. Na filosofia Bilingue, consolidada a partir da década de 1980, o uso da língua
oral se processa em momentos diferentes.
Estudiosos brasileiros, como Lucinda Ferreira Brito, interessados na questão,
iniciaram pesquisas acerca da contribuição de um sistema de línguas para a
educação das pessoas surdas. Assim, a partir de 1994, passou-se a utilizar a
denominação de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – para designar a língua
oficial a ser utilizada na educação de surdos, com estrutura gramatical construída a
partir da própria comunidade surda brasileira. Além disso, a Libras foi preconizada
como meio de expressão e comunicação na Lei n.º 10.436/2002 e oficializada no
Decreto Federal n.º 5626/05 (BRASIL 2005), o que significa a implementação de
novos direcionamentos, na formação discente e docente e na sociedade como um
todo.
A abordagem bilíngue reconhece a Libras como primeira língua dos surdos e
a segunda língua a escrita da Língua Portuguesa e / ou, na controvérsia, a língua
oral. No Decreto Federal n.º 5626/05 está previsto as determinações para oficializar
essa abordagem, tais como o processo de formação de intérpretes, o direito de
todos os surdos a ter um intérprete, não só na escola, mas como forma de acesso
social, entre outras determinações de igual importância (BRASIL, 2005).
No percurso das mudanças dialética do ser humano, verifica-se a passagem
do extermínio absoluto dessas pessoas à “condição de filhos de Deus”, à de objetos
de pesquisa médico-científico, à do atendimento clínico-terapêutico, até a da criação
de escolas especiais. Atualmente, as mudanças educacionais para Surdos estão
definidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n.º 9394/96, que
evidenciam uma urgência em incluir qualquer aluno com necessidades educacionais
especiais, independentemente de sua singularidade – surdo, cego, paralisado
cerebral – na escola regular.
O Brasil acompanhou as discussões internacionais sobre a eliminação de
qualquer tipo de discriminação, sobre as possíveis pressões dos órgãos
financiadores educacionais (LAPLANE, 2007). No entanto, essa intenção da
educação dos deficientes a ser realizada no ensino regular está, também, expressa
na Constituição da República Federativa do Brasil (1988) que garante, em seu artigo
17
208, inciso III, “o atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”; e a Declaração de
Salamanca (1994) destaca, também, que os alunos com necessidades educativas
especiais devem ter acesso às escolas regulares, que deveriam acomodá-los dentro
de uma pedagogia centrada na criança capaz de satisfazer suas necessidades
diferenciadas. Estes são apenas dois exemplos de documentos que serviram de
bases na determinação da Educação Inclusiva.
Neste quadro, é imprescindível considerar que a inclusão do aluno surdo não
deve ser norteada pelo princípio de igualdade, em termos de comunicação, em
relação ao ouvinte e sim nas diferenças sócio-histórico-culturais, das quais, o ensino
deve fundamentar-se na nova configuração educacional proposta na Declaração de
Salamanca (1994), que propõe o estabelecimento de uma educação bilíngue para
surdos.
Neste contexto, a inserção do aluno surdo no sistema regular de ensino
constitui um processo resultante da evolução histórica da Educação Especial,
repleta de descontinuidades. Como qualquer outro grupo minoritário, os surdos
constituíram-se de objeto de discriminação em relação à maioria ouvinte.
Os estudos sobre a surdez e suas consequências linguísticas e cognitivas
continuam a ser tema de interesse a todos os profissionais que buscam qualidade
na educação dos surdos. Todavia, alguns estudos têm suscitado reflexões sobre os
sujeitos surdos que vem sendo incluído no ensino regular, que passaram por vários
anos de escolarização e apresentam conhecimento acadêmico muito aquém do
desempenho dos ouvintes, apesar de suas capacidades cognitivas serem
semelhantes (MENDES, 2003, pp. 42-43 APUD DIAS, SILVA E BRAUN, 2009).
Lacerda (2000) afirma que a educação dos surdos, no Brasil e no mundo, tem
sido historicamente um assunto polêmico, pois traz à tona as limitações e os
problemas do sistema educacional vigente. Identifica como problema, além das
determinações legais, o momento de tensões interacionais entre aluno e professor;
as teorias educacionais inovadores que não consegue transpor para prática na
escola; a discussão a cerca da informação e conhecimento. Como fator limitante, a
falta de consenso na adoção de metodologia de ensino para surdos tem constituído
a limitação histórica que ora defende a expressão oral, ora a Língua de Sinais.
Nesse sentido, evidencia-se a complexidade de processar a educação no
contexto da diversidade e, quase sempre, convergem na constatação de falta de
18
investimento na formação do professor para delinear ações apropriadas à realidade
de inclusão. Este processo tem deflagrado atitudes diversas entre os profissionais,
alguns voltam a estudar para acompanhar essa nova realidade e outros resistem ou
ignoram a presença de surdos nas suas salas.
Tais fatos justificam o impacto gerado com a presença de alunos surdos na
sala do ensino regular e os professores passam a questionar sobre quem é esse
aluno surdo, por que da surdez, quais são as possibilidades e limitações, enfim, em
termos gerais, o desconhecimento é grande.
Com base nas reflexões apresentadas, os próximos parágrafos se referem na
identificação do sujeito com surdez, foco deste estudo.
Leitura de apoio:
JANNUZZI, Gilberta. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. 2. ed. São Paulo: Autores Associados. 2006.
3 AS CONCEPÇÕES SOBRE A SURDEZ
No contexto das mudanças educacionais propostos pelas leis em vigor (LDB
9394/96; ECA, 1990; Constituição Federal, de 1888), as concepções também se têm
configurado em relação à educação das pessoas com surdez.
Na busca de superar o preconceito de conseqüências sociais, as mudanças
de concepções condicionam na forma de pensar e relatar a surdez que são múltiplas
e variadas. Autores como Fernandes (2002), Quadros (1997), Perlin (1998), entre
outros, sistematizam em dois grandes modelos de concepções que define a pessoa
com surdez: a surdez na concepção clínica-terapêutica e a surdez na perspectiva
pedagógica e social.
Informações Complementares:
A Federação Nacional DE Educação e Integração dos Surdos – FENEIS – tem como objetivo expandir as atividades dando apoio e facilitando a convivência dos surdos à realidade brasileira. Endereço: Rua alferes Poli, 1910, Rebouças – Curitiba – PR. Fone:3334-6577 [email protected]
19
Quadro 1 – As concepções sobre surdez
CONCEPÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA SOCIAL
- A surdez é uma diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, que traz ao indivíduo uma série de conseqüências ao seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito à linguagem oral.
A surdez é uma experiência visual que traz aos surdos a possibilidade de constituir sua subjetividade por meio de experiências cognitiva linguísticas diversa, mediadas por formas alternativas de comunicação simbólica, que encontram na língua de sinais, seu principal meio de concretização.
Considera-se surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum e, parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A competência auditiva é classificada como: normal, perda leve, moderada, severa e profunda. A surdez severa e profunda impede que o aluno adquira, naturalmente, a linguagem oral.
A surdez é uma realidade heterogênea e multifacetada e cada sujeito surdo é único, pois sua identidade se constituirá a depender das experiências socioculturais que compartilhou ao longo de sua vida.
Por decorrência dessa dificuldade em desenvolver normalmente a linguagem oral, os indivíduos surdos podem apresentar um atraso intelectual de dois a cinco anos, dificuldades de abstração, generalização, raciocínio lógico, simbolização, entre outros.
Os surdos têm direito a uma educação bilíngüe, que priorize a língua de sinais como sua língua natural e primeira língua, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como segunda língua.
Essa incapacidade de se comunicar, da mesma forma que as demais pessoas, atua de modo significativo em sua personalidade, fazendo com que manifeste tendências de introspecção, imaturidade emocional, rigidez de juízos e opiniões, prejudicando o desenvolvimento do sujeito em sua globalidade.
O desenvolvimento de uma educação bilíngüe de qualidade é fundamental ao exercício de sua cidadania, na qual o acesso aos conteúdos curriculares, leitura e escrita não dependam do domínio da oralidade.
A fim de que estes problemas sejam evitados é aconselhável que a criança surda seja encaminhada o mais cedo possível a uma escola especializada, para que possa receber estimulação auditiva e oral adequada, adquirindo um desenvolvimento próximo aos padrões de normalidade.
A língua portuguesa precisa ser viabilizada: enquanto linguagem dialógica/ funcional/ instrumental e enquanto área do conhecimento (disciplina curricular).
Desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem está subordinado ao aprendizado da linguagem oral.
A presença de educadores surdos, é imprescindível no processo educacional, atuando como modelos de identificação lingüístico cultural e exercendo funções e papéis significativos.
O domínio da linguagem oral irá permitir sua plena integração na sociedade, uma vez que essa é a forma usual de comunicação entre as pessoas.
A Língua de Sinais é o meio que as pessoas surdas se expressam e asseguram a sua identidade como minoria lingüística a ser respeitada.
Fonte: Texto adaptado do Saberes e Práticas da Inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos – MEC, 2006.
Nas concepções apresentadas sobre a surdez pressupõem o dois conceitos
de surdez:
A surdez na concepção clínica-terapêutica: utiliza o termo “deficiente auditivo”
para conceituar as pessoas com surdez e com as devidas orientações
20
interage com os ouvintes por meio de comunicação oral com apoio da sua
audição residual.
A surdez na concepção pedagógica cultural: utiliza o termo “surdo” e o
concebe como um sujeito sócio-antropológico cultural capaz de decidir seu
futuro e de ter autonomia de decisão assegurada pelo uso da Língua de
Sinais.
Neste cenário, autores como Quadros (1997), Perlin (1998), Behares (1993),
entre outros, consideram o termo surdez o mais adequado considerando os
contextos psicossociais em que a pessoa surda se desenvolve quando é criança,
situando a surdez em relação à pessoa e a seus fatores de personalidade para que
possa captar a essência da situação. Essa consideração formaliza o conceito de
surdez como uma perspectiva sociocultural.
Silva (2005, p.51) apud Ströbel (2007, p. 31) afirma que a identidade e a
diferenças estão condicionadas às representações que dá o poder de definir e
determiná-las, conforme o quadro que os distinguem:
Quadro 2 – As representações sobre os surdos
REPRESENTAÇÃO SOCIAL REPRESENTAÇÃO DE POVO SURDO
Deficiente “Ser surdo”
A surdez é deficiência na audição e na fala Ser surdo é uma experiência visual
A educação dos surdos deve ter um caráter
clínico-terapêutico e de reabilitação
A educação dos surdos deve ter respeito pela
diferença lingüística e cultural
Surdos são categorizados em graus de audição:
leves, moderados, severos e profundos
As identidades surdas são múltiplas e
multifacetadas
A língua de sinais é prejudicial aos surdos A língua de sinais é a manifestações da
diferença lingüística relativa aos povos surdos
Fonte: Karin Lilian Ströbel. História dos surdos: representações “mascaradas” das identidades surdas. Cap. I, p.18-37, 2007.
Sob esse ponto de vista, toda a Educação Especial esteve voltada à
reabilitação de audição e da fala – esta última tomada como sinônimo de linguagem.
Na perspectiva de Vigotsky (1984), a linguagem constitui um fator
indispensável ao desenvolvimento do poder intelectual do homem e para que tenha
acesso a uma visão do mundo, considerada uma das características básicas do ser
humano e permite as interações e a construção de conhecimentos. É no contato
com a linguagem que permite a interação com em uma sociedade que faz uso dela,
que o sujeito adquire. Assim, as pessoas surdas, pela defasagem auditiva, têm esse
contato prejudicado. No entanto, a pessoa com falta de audição utiliza-se de outros
21
recursos para a compreensão do mundo, como o canal visão.
Neste sentido, a falta de audição não pode ser associada à incapacidade de
adquirir conhecimentos, o que suscita a valorização do sentido visual, “já que os
recursos sonoros estão reduzidos” (DIAS; SILVA; BRAUN, 2009, p. 103).
Nos meios educacionais, embora a legislação assegure o bilinguismo, três
abordagens se destacam para o processo educacional dos alunos surdos, que se
formalizou no decorrer da história, caracterizadas entraves políticos e discussões: a
Oralistas, Comunicação Total e Bilinguismo (GÓES, 1999).
A Oralista: a comunicação se baseia na fala e nos resíduos de audição
servem como parâmetros para a aquisição da fala e da linguagem, sendo
associados à leitura da expressão facial. Os estímulos auditivos amplificados,
por AASI ou com Implante Coclear, também constituem as bases do método
da linha oralista.
A Comunicação Total: na comunicação combinam, simultaneamente, a língua
de sinais, a oralidade, os gestos naturais e as expressões faciais. Também
utilizam a audição.
O Bilingüismo: utiliza-se a língua de sinais como língua materna e natural dos
surdos e a língua oficial do país (escrita e/ou falada) como segunda língua.
Elaboração pontos que diferenciam as concepções sobre a surdez.
Indicação de filmes: Para associar os conceitos de surdez e as
abordagens educacionais.
Longa metragem: Os filhos do silêncio
A abordagem oral associa-se ao uso do termo deficiência auditiva e da
adoção da classificação das perdas auditivas estão relacionados à concepção de
surdez clínica-patológica. Na visão da surdez como patologia, como deficiência, e
precisaria ser tratado, o que se poderia conseguir por meio da colocação de
aparelho de amplificação sonora individual, seguida de treinamento auditivo
intensivo. Tais concepções tem sido criticada, pois o aproveitamento dos restos
auditivos condicionaria à valores das pessoas ouvintes e afastaria o Surdo do grupo
dos deficientes (SKLIAR, 1998). Em relação aos resultados educacionais, a
concepção oral, também, tem recebido críticas. Segundo Fernandes (2006, p.69)
22
A principal falha desse modelo foi desconsiderar os resultados negativos que apontavam que tal processo poderia ser eficaz, do ponto de vista da possibilidade do desenvolvimento da linguagem oral, em determinadas circunstâncias: • início na educação infantil antes dos cinco anos; • pais envolvidos no processo educacional; • profissionais de saúde e educação bem preparados e com atuação constante com o aluno; • protetização e manutenção adequadas, nos casos de crianças com resíduos auditivos.
Pesquisadores atuais como Skliar (2007), Lacerda e Soares (2007), Dias,
Silva e Braun (2009), entre outros, propõem que o surdo se aproprie das duas
línguas: a Língua de Sinais e posteriormente a Língua Portuguesa utilizado na
comunidade, no caso do Brasil, a Língua Portuguesa, para que a criança possa
elaborar os conceitos necessários a interação social, é importante, que a criança
surda seja inserida desde a mais tenra idade à Língua de Sinais, aprendendo a
linguagem tão rapidamente quanto as crianças ouvintes. A respeito disso, o Decreto
nº 5.626/05, no capítulo IV, do artigo 14, estabelece:
DO USO E DA DIFUSÃO DAS LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA
PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO:
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino das Libras
e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos.
(Brasil, 2005).
A lei acima citada atende a reivindicação antiga da comunidade surda. No
entanto, Laplane (2007) afirma que a sociedade globalizada, que segue as
determinações das políticas neoliberais, permanece distante da prática de entender
os surdos como minoria linguística ou cultural no país, no sentido inverso da
conquista dos surdos ao convívio com seus pares.
As propostas educacionais expressas nos documentos legais (LDB n.°
9.394/96, Resolução n.° 04/2009), objetivam o desenvolvimento pleno das suas
capacidades no contexto do ensino regular. Todavia, ao final da escolarização
fundamental, os surdos não conseguem formalizar os conteúdos básicos
acadêmicos. Esses problemas são abordados pelos autores como Góes (2000) e
Lacerda (2000), preocupados com a realidade escolar dos surdos no contexto das
escolas brasileiras.
23
Neste cenário de controvérsias, os documentos oficiais do Ministério da
Educação que direcionam o trabalho pedagógico conceituam a surdez como
deficiência auditiva “caracterizada na diminuição da capacidade de percepção
normal dos sons, sendo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum”
(BRASIL, 1997, pp.12-13 APUD DIAS; SILVA; BRAUN, 2009) e também
reconhecem os surdos na sua minoria lingüística quando expressa as diretrizes na
Lei Federal n.° 5.626/2005, que legaliza a Língua Brasileira de Sinais – Libras como
meio de interação comunicativa e considera o enfoque sociocultural dos surdos.
Vale destacar que, no seu Parágrafo único, “considera-se deficiência auditiva
a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida
por audiograma nas freqüências de 500 Hertz (Hz), 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”
(BRASIL, 2005).
Nesse enfoque, o nível de perda é baseado na unidade de medida
denominada decibel (dB), dentro da visão clínica-terapêutica, que indica a
intensidade e o volume dos sons obtida por meio de realização de audiometria para
identificar os diferentes graus de perda auditiva e tipo de surdez.
Diante das reflexões apresentadas, este trabalho adota o termo surdez,
consensuadas a partir das considerações processadas. Também, serão abordados
assuntos referentes à concepção clinica e à sociocultural, na consideração de que o
processo da Educação Inclusiva resulta de um conjunto de determinações legais,
desenvolvem-se conhecimentos dos aspectos biológicos da surdez, não na intenção
de privilegiar uma ou outra concepção, mas como conhecimento integrante das
questões associadas à surdez, conjecturados em todas as dimensões.
Inicia-se pela abordagem considerada clínica terapêutica sobre a surdez.
Texto básico:
FERNANDES, Sueli. Conhecendo a surdez. In: Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. P. 67 – 106. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.
24
4 OS ASPECTOS BIOLÓGICOS DA SURDEZ
A audição é uma das fontes de captação de informações de todos os seres
humanos e o seu funcionamento, segundo Oliveira, Castro e Ribeiro (2002) se
processam quando o som entra pelo conduto auditivo externo em forma de onda
sonora que faz vibrar o tímpano e os ossículos. Os ossículos em movimento
colocam em movimento a cóclea e as células ciliadas que revestem a cóclea. As
células transformam esses impulsos elétricos que são transmitidos ao nervo auditivo
e ao cérebro e então, são interpretados como som.
Bertulani (2002) diz que ouvido humano é dividido em três partes: externo,
médio e interno.
Ouvido externo: É formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a
membrana timpânica no fundo do canal
Ouvido médio: Estão os três ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a abertura
da tuba auditiva.
Ouvido interno: Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho
vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição) e forma as Vias Auditivas Centrais.
Qualquer problema que ocorra em alguma das partes do ouvido pode levar a
uma deficiência na audição. Assim, a surdez é o nome usado para indicar perda de
audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons. É a perda da habilidade
de ouvir, que pode ser causada por quaisquer distúrbios no processo de audição
normal, seja qual for sua causa, tipo e intensidade.
Figura 1 – O Sistema Auditivo. Fonte: Ensino de Física a distância – Carlos Bertulani.
25
Recurso de apoio – filmes de curta duração
a) Filme da partes do ouvido. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=t3INev5FsRU&feature=related . 1min 29seg
b) Filme- o ouvido humano. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=dz_VYOZF4ZY&NR=1
4.1 Diagnóstico da surdez
O diagnóstico da causa da surdez é investigado de diversas formas: por
meio do histórico da pessoa (anamnese) e exames, a fim de determinar o tipo, grau
e local da surdez (condução ou percepção).
Silva e Feitosa (2006) sugerem que os exames sejam feitos com equipamento
especial para avaliar a audição, como Bera – potenciais evocados de tronco
cerebral; Emissões Otoacústicos; Imitanciometria; Avaliação com instrumentos
musicais (Scrinner); Audiometria Comportamental; Audiometria Tonal;
Impedanciometria, sendo a audiometria o mais importante.
Figura 2 – Audiômetro
Fonte: Setor de Audiologia da Escola Epheta Fotografia: Neide M. S. Tsukamoto Em 11/07/09
A audiometria é o estudo metrológico da audição, que determina as
possibilidades acústicas do ouvido. Existem limites de intensidade do estímulo
físico fora dos quais é impossível escutar. Observa-se o mesmo no que se refere
à altura ou freqüência dos sons. Cumpre à audiometria o estabelecimento de
medidas semelhantes, que formam o audiograma (SILVA; FEITOSA, 2006).
Exemplo de audiometria de pessoas sem surdez
26
Quadro 3 – Audiometria de audição normal
Fonte: Serviço de Audiologia da Escola Epheta Formatação: Neide M. S. Tsukamoto Em 03/07/09
Exemplo de audiometria de pessoas com surdez:
Quadro 4 – Audiometria – Perda auditiva mista bilateral
Fonte: Serviços de Audiologia da Escola Epheta Formatação: Neide M. S. Tsukamoto Em 03/07/09
4.2 Graus de surdez
Perda Auditiva quanto ao local da lesão, pode ser condutiva, neurossensorial,
Mista e Central. Quanto a Configuração Audiométrica: linear, ascendente e
descendente.
A classificação adotada pelos documentos oficiais brasileiro, segundo Dias,
Silva e Braun (2009) segue a orientação do Bureau Internacion al d’Audiophonologic
(BIAP), que define o surdos em quatro graus de perdas:
Tabela 1 – Graus de audição.
CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ GRAUS DE PERDAS EM DECIBÉIS (dB)
Surdez leve 25 – 40dB
Surdez moderada 40 – 70 dB
27
Surdez severa 70 – 90 dB
Surdez profunda Perda superior a 90 dB
Fonte: Silva, Dias e Braun – Bureau Internacion al d’Audiophonologic (BIAP), 2009.
4.3 Características da surdez de acordo com as perdas auditiva
Segundo os estudos de Gomes (2006), as perdas auditivas podem ser
caracterizadas como:
Perda auditiva leve: desde que não progrida não tem efeito significativo no
desenvolvimento, sem necessidade de recursos especiais.
Perda auditiva moderada: pode afetar e atrasar o desenvolvimento de fala e
linguagem, mas não impede que a criança fale. Recomenda-se a intervenção
e o uso de aparelho auditivo associado ao processo terapêutico individual.
Perda auditiva severa: pode impedir o desenvolvimento de fala e linguagem.
Contudo, se for feito uso do aparelho auditivo, a criança poderá receber
informações utilizando a audição para o desenvolvimento da fala, linguagem e
aprendizado em geral.
Perda auditiva profunda: se não houver intervenção e utilização de recursos
para o desenvolvimento de uma linguagem, precocemente, tende a ter
limitações comunicativas. Essas crianças irão se valer da leitura orofacial
(leitura labial), com necessidades de adquirir a linguagem de sinais.
4.4 Incidência da surdez
Diagnóstico da surdez dura quatorze (14) meses (EUA) e três (3) a quatro (4)
anos no Brasil – INES – RJ (1990)
Garcia, Isaac e Oliveira (2002) comentam que a incidência de deficiência
auditiva em criança varia de 1 a 6:1000 nascimentos vivos normais e 1 a 4:1000
nascidos atendidos em UTI neonatal. Prevalência de fenilcetonuria (1/10000),
anemia falciforme (2/10000) e de surdez (30/30000).
O desvendamento do código genético permitiu a previsão de que em cada mil
crianças nasce surda ou se tornarão portadores de surdez profunda ou severa antes
que a linguagem seja adquirida (período pré-lingual). Outras duas (2) ou quatro (4)
crianças em cada mil (1000) se tornarão surdas ou portadoras de deficiência auditiva
28
antes da vida adulta. Nos países desenvolvidos, mais de 50% da surdez na infância
é atribuída a causas genéticas. Até a sétima década, mais de 60% da população
terá uma perda auditiva maior que 25 dB (GODINHO; KEOGH; EAVEY, 2003).
4.5 Causas da surdez
A surdez, para Katz et al (1999), pode ser causada por fatores ambientais
(adquiridos) ou por fatores genéticos, isto é, pode ser hereditária (genética) ou
embrionária (intra-uterina).
A surdez de origem genética nos países desenvolvidos tem sido responsável
por 50% de todos os casos de surdez pré-lingual. No Brasil, o estabelecimento da
vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) no calendário básico de vacinação
permite supor que o mesmo fenômeno deverá ocorrer.
Godinho, Keogh e Eavey (2003) relatam os recentes avanços no
entendimento das perdas auditivas de origem genética, com a publicação das
seqüências genoma humana em fevereiro de 2001, facilitando a compreensão da
função auditiva e a realização de um diagnóstico preciso.
Os autores, também, comentam que há dois tipos de surdez genética, a
Surdez Genética Sindrômica e a Não-Sindrômica. A primeira está associada a
malformações da orelha externa ou de outros órgãos ou a transtornos clínicos
envolvendo outros sistemas. Aproximadamente 30% dos casos de surdez hereditária
pré-lingual são sindrômicos e considerando-se também a surdez pós-lingual.
Enquanto que a Surdez Genética Não-Sindrômica está associada às anomalias da
orelha média e interna, representando 70% dos casos de surdez.
Gomes (2006) aponta que as causas ambientais podem ser divididas em:
Pré-natais – surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças
adquiridas pela mãe na época da gestação (rubéola, toxoplasmose,
citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas ototóxicas (medicamentos
que podem afetar a audição).
Peri-natais: surdez provocada mais freqüentemente por parto prematuro,
anóxia cerebral (falta de oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e
trauma de parto (uso inadequado de fórceps, parto excessivamente rápido,
parto demorado).
29
Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo
da vida, como: meningite, caxumba, sarampo. Além do uso de medicamentos
ototóxicos, outros fatores também têm relação com a surdez, como avanço da
idade e acidentes.
A prevenção da surdez por fatores ambientais se faz com a proteção coletiva
(intervenção sobre a fonte emissora) ou proteção individual.
Durante a gravidez recomendam-se os exames pré-natais mensal para
manter a alimentação saudável; aconselhamento para evitar: álcool, fumo, remédios
e acompanhamento de pressão arterial, diabetes, infecção, entre outros.
Farias (2005) orienta que após o nascimento a audição da criança pode ficar
comprometida por certas doenças infecciosas como meningite, caxumba ou
sarampo, contra as quais existe vacinação eficaz. Cuidado com alguns remédios,
especialmente certos antibióticos que podem ser ototóxicos. Tumores benignos e
malignos que atingem o ouvido interno ou a área entre o ouvido interno e o cérebro
podem causar surdez. Como medida preventiva consultar com o pediatra
mensalmente; acompanhamento ao bebê com vacinas e o aleitamento materno.
Na presbiacusia (surdez do idoso) e na perda auditiva por medicamentos de
uso contínuo, a surdez aumenta gradativamente.
A prevenção da surdez hereditária é feita por meio de aconselhamento
genético dos pais, com base nas orientações da cartilha do INES (1998),
relacionado aos cuidados médico pré-natal na gestante previne possível surdez na
criança que vai nascer. Toda mulher, especialmente dos quinze (15) aos trinta e
cinco (35) anos, deve vacinar-se contra a rubéola. A vacinação é simples e
altamente eficaz. A ação recomendada é a realização de exames pré-nupciais.
O teste da orelhinha é um diagnóstico preventivo recente e é indolor e mesmo
os bebês internados em UTI podem passar por ele.
Figura 3 –Teste da orelhinha Fonte: www.brasilescola.com/fonoaudiologia/a-importa...
30
No mundo atual, alerta a Sociedade Brasileira de Otologia, observa-se que os
dispositivos de áudio estão cada vez mais potentes na intensidade, geralmente,
introduzidas diretamente no canal auditivo, causando surdez progressiva,
principalmente nos jovens usuários de sons intra-auricular conhecido como MP3
(DIÁRIO DA SAÚDE, 2008),
Muitos pacientes têm indicação de aparelhos auditivos (aparelhos de surdez),
cuja função é amplificar os sons.
Material de apoio – Implante coclear
Filme – curta metragem. Implante coclear De 7min.14 seg. disponível
em:http://www.youtube.com/watch?v=wVKyL9KYUfU
4.6 Aparelho de Amplificação Sonora
Com a evolução tecnológica os amplificadores estão potentes constituídas por
sistemas captores e amplificadores de sons diversos ajustados aos usuários, com
diversos tipos com opções de modelo e tecnologia.
Em relação a tecnologia os Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais
(AASI) podem ser analógica – mais antiga- som convertido em sinal elétrico;
programável- pouco usada por haver no circuito do aparelho componentes digitais
num processamento de sinal analógico; digital – som captado é convertido em sinal
digital – software-sinal acústico. Todos possuem a função de amplificar os sons.
Destaca-se que o utilizar o AASI não significa ouvir normalmente, requer um
processo de reconhecimento auditivo, para que possa desenvolver a função auditiva
e chegar a possibilidade de discriminar os sons e usar a audição funcionalmente
(BEVILACQUA, 2005).
Figura 4 – AASI - Analógico Fonte: www.telex.com.br/internas. Acesso: 11/03/08
31
Bevilacqua (2005) comentam que o paciente com surdez severa e profunda,
que não se beneficiam com esses aparelhos, indica-se o uso do implante coclear. O
implante coclear é um dispositivo eletrônico composto por uma parte interna
colocada cirurgicamente e por uma parte externa. Juntas, têm a função de captar o
som, codificá-lo e transmiti-lo como impulsos elétricos às fibras remanescentes do
nervo auditivo. Dessa forma o implante oferece ao usuário capacidades auditivas
importantes e melhora a comunicação.
Figura 5 – Implante coclear Fonte: Maria Cecília Bevilacqua et al. Disponível em www.implantecoclear.com.br. Acesso: 11/03/08
Essas informações sobre esses dispositivos amplificadores de sons são
consideradas pelo fato de vários alunos com surdez que estão incluídos no ensino
regular utilizarem o Aparelho de Amplificador Sonora Individual (AASI) e alguns
passaram pela intervenção cirúrgica para implantar o dispositivo o implante coclear,
também denominado de ouvido Biônico”, ao contrário da concepção da cultura e
identidade surda na abordagem sociocultural.
Informações complementares:
Tudo sobre a surdez e o implante coclear.
Implante coclear Bauru.
Disponível em: http://www.implantecoclearbauru.com.br/site/index.html
Acesso em: 12 de mar de 2010.
32
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CULTURA E IDENTIDADE SURDA
O paradigma da Educação Inclusiva solicita a revisão dos objetivos e práticas
educacionais até então existentes, o que significa a exigência de mudanças de
concepções, do tradicional para crítica, como possibilidade de avançar na efetivação
da unidade teoria e prática, na direção de preparar os alunos para uma práxis
transformadora. No entanto, vem constituindo o campo de resistência para combater
a precariedade instalada pelas gestões políticas e administrativas das instituições
educacionais.
Neste sentido, as aulas sustentadas nos pilares escutar, ler, decorar e repetir,
com ênfase na instrução e na sequenciação, não encontra espaço (BEHRENS,
2005), principalmente na inclusão.
Vigotsky (1984) comenta que a linguagem precede a concessão do
conhecimento, no sentido semiótico mais amplo do termo, é sistema organizado de
geração, organização e interpretação da informação. Em outras palavras, trata-se de
um sistema que serve de meio de comunicação e que se utiliza de signos
formalizados, pouco formalizados ou sem nenhuma formalização. Em corroboração
com essa concepção, a comunicação tem representado um grande desafio a ser
superada pela pessoa com surdez.
A qual solicita uma educação estruturada a partir de compreensão da
especificidade lingüística dos alunos surdos e de serem compreendidos dentro das
suas possibilidades comunicativas, por todas as pessoas envolvidas na educação,
que se tornam elementos fundamentais em termos de processar as informações em
conhecimento.
Leitura complementar:
PERLIN, Gládis T. T. Identidades surdas. In: A surdez: um olhar sobre as
diferenças. (Org.) Carlos Skiliar. Porto Alegre: Mediação, 1998.
5.1 Cultura e identidade surda
33
Como um dos aspectos que regem a Declaração dos Direitos Humanos, de
1947, está o direito humano à uma linguagem que garante o direito ao acesso a
língua materna e à língua oficial do país, neste caso, para as pessoas com surdez
tem o direito educacional dentro da uma proposta bilíngüe.
Quadros (1997) comenta que a comunidade surda apresenta uma cultura
própria que deve ser respeitada e cultivada, como proposta educacional deve
permitir o acesso o acesso a comunidade de ouvintes, mas com o devido
reconhecimento em direção ao respeito da especificidade lingüística e a diversidade
cultural para promover o desenvolvimento sobre o enfoque sociolingüística como ser
“bicultural”.
Na viabilização da proposta inclusiva, os profissionais em educação devem
ter como enfoque primordial de que as pessoas com surdez não possuem limitações
cognitivas ou afetivas e se condiciona às possibilidades ofertadas pelos grupos
sociais para o seu desenvolvimento “em especial para a consolidação da linguagem”
(GÓES, 1999, p.38).
Para superação dos conceitos de limitações solicita trabalho coletivo para que
haja um processo educacional consciente entre os envolvidos, escola, pais e
gestores, a fim de garantir o aprendizado segundo a sua cultura e sua comunidade
surda. Há também, a necessidade de apropriação e divulgação dos conceitos que
envolvem a cultura surda e a sua existência.
Ströbel (2007, p.30) comenta que o povo surdo tem a cultura surda, que é
representada pelo seu mundo visual e faz uma analogia com o domínio do
colonizador
para representação social precisamos nos submeter à cultura do colonizador, neste caso a cultura ouvinte, na forma de como ela é. [...] nascemos num mundo que já existia antes de deparar com a existência de povo surdo, e deste modo, devemos nos adaptar a este mundo e aprender com ele. [...] procurando agradar a sociedade usando as identidades mascaradas.
As mudanças iniciais, propostas pelas legislações, trazem desafios a serem
superados para que realmente a inclusão se efetive, no entanto, impulsionam as
alternativas metodológicas que vem transformando o direito do surdo de ser
educado em sua língua natural.
Fernandes (1998, p.21) descreve que o povo surdo vem resistindo “às
34
pressões da concepção etnocêntrica dos ouvintes, organizou-se em todo o mundo e
levantou bandeiras em defesa de uma língua e cultura próprias, voltando a
protagonizar sua história”.
Diante do exposto, como resultados da trajetória histórica, há variações na
forma de comunicação dos alunos surdos, devem ser consideradas no processo de
desenvolvimento cognitivo, mas, sabe-se que bem na verdade, todos estão inseridos
na sala do ensino regular, num sistema limitante que não se permite adotar
inovadoras como um procedimento universal, porque a escola necessita dispor
[...] de um sistema de suportes que permita adaptar métodos e práticas de ensino e avaliação incorporando recursos e adaptações que se façam necessárias para promover o desempenho e aprendizado. Este sistema de suportes (material, pessoal e de conhecimentos) inclui os serviços da Educação Especial (GLAT, 2009, p. 10).
Os resultados iniciais de uma pesquisa empírica que, em relação ao canal de
comunicação a área da deficiência auditiva/surdez, consta múltipla realidade, entre
as principais: surdos oralizados; surdos semi-oralizados; surdos bilíngües e (ou)
usuários de Libras.
Reportagem ligado ao tema:
Entrevista da surda Karin Ströbel, presidente da Feneis.
Disponível em:
http://www.feneis.com.br/page/noticias_detalhe.asp?cod=783
6 CONTEÚDO DA ORIENTAÇÃO - INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O
PROFESSOR DO ENSINO COMUM
Para constituir o material didático como um requisito à proposição do PDE /
2009, considera-se os referenciais do Ministério da Educação e Cultura (MEC,
2006), Bevilacqua et al. (1998), Behares (1993), Bueno (2008), Metodologia Epheta
(2001), entre outros, para a orientação aos professores segundo a concepção de
deficiente auditivo, dentro da concepção clínica-terapêutica, Também, com base em
Quadros (1997), Perlin (1998), Fernandes (2002), MEC (2006), entre outros para
orientar os professores segundo a concepção sociopedagógica.
35
Na realidade diária da educação, ao professor coloca-se o desafio de
promover situações de envolvimento e interação dos alunos com surdez com as
outras crianças, que favoreçam a transformação e a ampliação do seu repertório
cultural, maximizando à aprendizagem. Vem a solicitar uma proposta pedagógica
que possibilite a participação e o aprendizado de todos os alunos, em outras
palavras, seguir as premissas dos paradigmas inovadores que Behrens (2005)
propõem: uma formação multidimensional dos sujeitos para e na sociedade do
conhecimento.
No caso dos alunos com surdez a especificidade relaciona-se à linguagem.
Como uma das formas de assegurar a inclusão é fundamental que o professor
privilegie o uso de recursos visuais, de forma a preparar cuidadosamente as
atividades que propõe. As crianças surdas serão significativamente ajudadas se as
atividades forem visuais (FERNANDES, 2002). Essa orientação constitui um dos
pontos básicos que possibilita a educação dos alunos surdos.
Aponta-se entre outras orientações ao professor, como para qualquer criança,
o professor de alunos surdos, que serão apresentadas nos próximos parágrafos.
6.1 Orientação básica para a inclusão de alunos com surdez
Nos próximos parágrafos segue o seguinte referencial:
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DA ESCOLA EPHETA. Orientação aos professores do ensino regular. BORBA, Odete B. Organizadora e responsável pelo Programa de Encaminhamento e Acompanhamento de Alunos no Ensino Regular (PEAER) da Escola Epheta. Curitiba, 2000.
O acolhimento afetivo da Escola Regular à pessoa do (a) aluno (a) com
necessidades educacionais especiais é o primeiro aspecto a ser observado pelos
profissionais que se empenham no sucesso do projeto de inclusão.
Torna-se necessário que a escola do Ensino Regular valorize esse primeiro
contato com o com surdez e (ou) deficiente auditivo com a premissa de incluir no
ambiente escolar, valorizando as condições de elaborar vínculos de interações com
o ambiente escolar e a sala de aula, o que inclui todas as pessoas que convive com
esse aluno.
36
Texto básico:
FERNANDES, Sueli. Conhecendo a surdez. In: Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo
competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. p. 67 –
106. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial,
2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunossurdos.pdf p.68 - 74
A diversidade na escola propõe um novo olhar para as diferenças individuais
em todas as instâncias do contexto escolar que interferem na aprendizagem e nas
relações afetivas do (a) educando (a).
A comunidade escolar deve considerar o aluno com deficiência auditiva /
surdez um sujeito concebido nas relações sociais amplas, portanto com
direitos de acesso a todos os bens da sociedade, de modo que, o trabalho
com a Língua Portuguesa no ensino regular assume um caráter metodológico
/ filosófico em função da inclusão acadêmico-social e do exercício pleno da
cidadania.
O sujeito com deficiência auditiva / surdez não é mudo – possui a
impossibilidade/dificuldade de ouvir, mas também a possibilidade de interagir
diretamente com as pessoas ouvintes se observado o processo educacional
que considera as duas abordagens: a sociopedagógica e a clínico-
terapêutica, na consideração do uso das linguagens contidas no mundo
multissensorial. Portanto, torna-se altamente segregador e inadmissível a
utilização do “termo surdo-mudo” pelos educadores.
A origem da deficiência auditiva/surdez pode estar em causas congênitas ou
adquiridas, como a rubéola, meningite, toxoplasmose, fatores genéticos,
hereditariedade, síndromes, consanguinidade, prematuridade, ototoxidade,
incompatibilidade de Rh, existindo a possibilidade de ocorrer antes, durante a
gestação ou depois do nascimento.
Com relação ao canal de comunicação a área da deficiência auditiva/surdez
pode ter múltipla realidade: surdos oralizados, semi-oralizados, bilíngues e
gestuais/usuários de Libras; a linguagem poderá desenvolver-se
considerando a comunicação oral, semi-oral, bilíngue e gestual / Libras. No
ato da matrícula desse aluno, deve reunir informações básicas sobre:
37
o etiologia da surdez, ou seja, as possíveis causas, graus, local da
lesão, época da surdez, entre outras informações fornecido pro um
profissional de saúde.
o anamnese do aluno (histórico de desenvolvido dos alunos surdo
fornecido pelos país por meio de entrevista). Geralmente, a anamnese
é realizada por uma equipe multidisciplinar existente nos órgãos
assistenciais municipais, estaduais e particulares.
o o nível de escolaridade. Quando o aluno já frequenta alguma das
modalidades do Atendimento Educacional Especializado (AEE), é
comum o fornecimento de um relatório minucioso do desempenho
acadêmico e identifica qual é a fonte de interação dos alunos surdos
(bilíngue / oral).
o caso o aluno não tenha nenhum relatório embora tenha freqüentado
alguma modalidade do AEE, torna-se fundamental a solicitação deste,
por intermédio da família ou direito aos responsáveis.
Considerar as outras formas de comunicação verbal e não-verbal como a
escrita, o desenho, a expressão e a linguagem do corpo, as artes em geral, a
tecnologia, entre outros, que se complementam e se suplementam para
possibilitar o processo de interação.
6.2 Sugestões em relação à comunicação, com ênfase no uso correto da voz,
articulação de fala e expressão facial.
Referencial básico:
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DA ESCOLA EPHETA. Orientação aos professores do ensino regular. BORBA, Odete B. Organizadora e responsável pelo Programa de Encaminhamento e Acompanhamento de Alunos no Ensino Regular (PEAER) da Escola Epheta. Curitiba, 2000.
A expressão da fala pelo (a) professor (a) deve ser em rítmo e tom de voz o
mais próximo possível do “normal”, pois a deficiência não é cognitiva, mas
linguística.
Quando não compreende ou não se faz compreender, esse (a) aluno (a) pode
apresentar reações comportamentais inadequadas, nesse caso é importante
38
que o (a) profissional não se precipite quanto a julgamentos ou atitudes que
possam comprometer as relações e os vínculos afetivos. Por outro lado, não
deve também fazer vistas grossas e (ou) proteger incondicionalmente. Usar o
bom senso enquanto educador (a), priorizando a compreensão dos fatos,
ouvindo e respeitando as argumentações do (a) aluno (a) e do grupo, e, ainda
quando necessário, solicitar o apoio da equipe técnico-pedagógica, constitui,
sem dúvida, a postura mais adequada.
Não interromper a comunicação do deficiente auditivo / surdos seja por sinais,
oral ou gestual, e outras formas de linguagem verbal e não verbal.
Destacar os aspectos não verbais da comunicação (olhar, sorriso, choro).
Falar sempre o que estiver ocorrendo ao redor, contextualizando as ações
com os objetos.
Respeitar o ritmo e os interesses da criança.
Comunicar-se por meio de contexto significativo mantendo diálogo, sempre
dando informações.
Procurar não causar frustrações e não ser ansioso quando o deficiente
auditivo / surdo tentar se comunicar oralmente ou por sinais.
Deixar a criança se comunicar, pedindo o que ela quer.
Utilizar vocabulário simples e frases claras.
Observar as tentativas de comunicação não-verbal do deficiente auditivo e
procurar decidir quais das categorias foram utilizadas: exigências; pedido;
respostas; descrições; imitações; perguntas.
Se a escola contar com atuação de um intérprete, este deve dirigir-se
diretamente ao (à) aluno(a) e não ao profissional que expõe o assunto.
O(A) aluno(a) com deficiência auditiva / surdez pode sentir-se isolado (a)
entre os ouvintes, com a sensação de estar marginalizado (a). Convide para
que tomem parte da vida sócio-acadêmica, informando sobre o que se passa
ou se diz ao seu redor.
Devem-se estimular os colegas e outras pessoas da escola a falar, interagir
com esse aluno especial dando-lhe a oportunidade de se expressar, de se
comunicar, fazendo perguntas, dando respostas, participando e auxiliando na
apresentação de trabalhos e atividades, tanto em sala de aula como em
outros espaços.
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6.3 Orientação básica ao professor – em sala de aula
Referencial básico:
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DA ESCOLA EPHETA. Orientação aos professores do ensino regular. BORBA, Odete B. Organizadora e responsável pelo Programa de Encaminhamento e Acompanhamento de Alunos no Ensino Regular (PEAER) da Escola Epheta. Curitiba, 2000.
Para facilitar a comunicação, o (a) professor (a) deve procurar falar de frente,
sem cobrir os lábios, com luminosidade adequada sobre o rosto e a
expressão como um todo, pois a leitura de fala inclui não só os movimentos
dos lábios, mas a expressão transmitida pela face e pelo corpo ao comunicar-
se, incluindo o olhar, que comunica muito da intenção do discurso.
A posição do (a) aluno (a) na sala de aula deve ser de tal forma que facilite a
visualização do professor e assim a compreensão do que está sendo exposto
ao (à) aluno (a) que deve sentar-se à frente, no máximo na 3ª carteira,
cuidando para que a orelha com a melhor percepção fique voltada para a voz
de quem fala.
A leitura de fala (ou leitura labial ou ainda oral-facial) e a educação auditiva
(observando-se o uso do aparelho auditivo e (ou) implante coclear por si só
não dão conta da compreensão e da interação do (a) aluno (a) com
deficiência auditiva/surdo (a), é preciso que se faça uso de recursos variados
verbais e não-verbais (a linguagem oral e escrita aliada as mais variadas
linguagens do corpo, da arte e da tecnologia) para garantir a interação com o
outro e o acesso aos conteúdos e à aprendizagem.
Para promover o estabelecimento de vínculo, estimular a interação / o espírito
cooperativo e facilitar o acesso às informações, à compreensão dos
conteúdos e o desenvolvimento das atividades, o grupo do (a) aluno (a) de
inclusão pode contar com um (a) colega indicado (a) (diária ou
semanalmente, conforme critério adotado) para atuar junto ao aluno (a) surdo
(a) em caráter de rodízio para não sobrecarregar ninguém e não correr-se o
risco de acontecer apegos e cobranças indevidas.
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Lembre-se que avisos visuais são muito úteis as pessoas com deficiência
auditiva / surdez quando estiverem participando de aulas, encontros,
palestras ou qualquer atividade realizada em grupos.
Deve-se estimular os colegas e outras pessoas da escola a falar, interagir
com esse aluno especial dando-lhe a oportunidade de se expressar, de se
comunicar, fazendo perguntas, dando respostas, participando e auxiliando na
apresentação de trabalhos e atividades, tanto em sala de aula como em
outros espaços.
Para possibilitar e facilitar o processo de inclusão acadêmica é importante
que o (a) professor (a) e a equipe técnico-pedagógica da escola considerem
as adequações ou todas as possibilidades curriculares nos aspectos do
encaminhamento didático dos conteúdos, dos recursos utilizados e da
avaliação, observando:
o a necessidade de se proceder a transposição didática (a significação /
funcionalidade) e a síntese dos conteúdos dados a cada unidade ou
parte programada para facilitar a visão do todo em relação ao assunto
abordado, a fixação dos pontos essenciais e diagnosticar o nível de
compreensão e apreensão.
o a necessidade de se fazer uso de recursos não só auditivos, mas
visuais utilizando-se de cartazes (para textos adaptados (ou não),
mapas, gravuras, objetos, dramatização, recursos tecnológicos etc,
visto que, a aprendizagem dá-se através dos três canais: auditivo,
visual e cinestésico (esse cuidado com certeza trará benefícios não só
para o (a) aluno (a) especial, mas para todo o grupo).
o o cuidado em estabelecer no planejamento, objetivos que respeitem os
diversos níveis de aprendizagem do grupo. Objetivos de acesso fácil e
mediano, como também objetivos mais elaborados considerando a
zona proximal do desenvolvimento, respeitam as limitações e as
possibilidades dos alunos, estimulam a autonomia a autoestima e o
gosto pelo aprender e saber.
o a necessidade de incluir na avaliação formal (nos testes e provas),
objetivos de acesso à compreensão desse (a) aluno (a), cuidando do
enunciado e do valor das questões, verificando a prioridade dos
41
conhecimentos avaliados em função do seu avanço na escolaridade e
na vida social.
6.4 O convívio com o tradutor e intérprete de língua de sinais / língua
portuguesa
Texto básico:
PAGANO, Adriana; ALVEZ, Fábio; MAGALHÃES, Célia. Traduzir com Autonomia: estratégias para o tradutor em formação. São Paulo: Editora Contexto, 2000. QUADROS, Ronice Muller. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEESP, 2001.
Aceitar o tradutor e intérprete como o mediador de comunicação entre
usuários e não usuários da Libras, que não poderá interferir na relação
estabelecida entre a pessoa com surdez e a outra parte, a menos que seja
solicitado.
Conhecer que existe um código de ética da atuação do profissional tradutor e
intérprete - que é parte integrante do Regimento Interno do Departamento
Nacional de Intérpretes da FENEIS/Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos – cabe a esse profissional agir com sigilo, discrição,
distância e fidelidade à mensagem interpretada, à intenção e ao espírito do
locutor da mensagem. (BRASIL, MEC/SEESP, 2001).
Definir o profissional a e intérprete como aquele que medeia a comunicação
entre professores e alunos, alunos e alunos, pais, funcionários e demais
pessoas da comunidade em todo o âmbito da escola e também em
seminários, palestras, fóruns, debates, reuniões e demais eventos de caráter
educacional.
Considerar que o espaço pertence ao professor e ao aluno e que a liderança
no processo de aprendizagem é exercida pelo professor de sala. Nesse
contexto, tradutor e intérprete é apenas um mediador da comunicação e não
um facilitador da aprendizagem. Esses papéis são absolutamente diferentes e
precisam ser devidamente distinguidos e respeitados nas escolas, em todos
os níveis e modalidades de ensino.
Evitar a dependência total do tradutor/intérprete à tutoria dos alunos com
surdez e também é de fundamental importância que o professor e os alunos
42
desenvolvam entre si interações sociais e habilidades comunicativas, de
forma direta.
Lembrar que a Língua de Sinais é fundamental para que o aluno com surdez,
mas deve permitir que ele adquira a linguagem e avance no seu
desenvolvimento cognitivo, não se pode deixar de considerar também, que
apenas o uso dessa língua não é suficiente para resolver questões relativas à
sua aprendizagem. É necessário que recorra à outros recursos visuais
auxiliares.
Enfatiza-se que a Língua de Sinais, por si só, não promove a aprendizagem
da leitura e da escrita da Língua Portuguesa e, conseqüentemente, dos
conceitos estudados.
Considerar o tradutor/intérprete como um profissional qualificado para tal e
que conhece com profundidade, cientificidade e criticidade sua profissão, a
área em que atua, as implicações da surdez, as pessoas com surdez, a
Libras, os diversos ambientes de sua atuação a fim de que, de posse desses
conhecimentos, com capacidade de atuar de maneira adequada em cada
uma das situações que envolvem a tradução, a interpretação e a ética
profissional, portanto merece respeito e não é um intruso na sua sala de aula.
6.5 Orientação ao professor – Educação Infantil
Referencial básico:
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DA ESCOLA EPHETA. Orientação aos professores do ensino regular. BORBA, Odete B. Organizadora e responsável pelo Programa de Encaminhamento e Acompanhamento de Alunos no Ensino Regular (PEAER) da Escola Epheta. Curitiba, 2000.
A apropriação do significado da linguagem dá-se no processo das relações
afetivas, portanto é indispensável que o bebê/criança com deficiência auditiva /
surda seja exposto / envolvido em ambiente rico em afetividade e interação
simbólica / funcional, seja na casa dos pais, avós, familiares, amigos, creches ou
centros educacionais;
Se a opção da família for pelo processo de Inclusão precoce, ou se as
condições impostas pelo cotidiano da criança apontem para esta
43
necessidade, é importante que a instituição inclusiva considere seriamente os
aspectos da afetividade e da linguagem como fundamentais nas relações
criança / família; criança / professor (a), educador (a); criança / criança;
criança / escola comum; criança / escola especial.
Na consolidação da aprendizagem na infância, os aspectos lúdicos e
interacionais são fundantes para a estrutura da personalidade, do
desenvolvimento normal e efetivação do aprendizado: “brincar significa
apropriar-se do mundo que lhe cerca”.
6.6 Orientações básicas sobre o uso e cuidado com o aparelho auditivo e
implante coclear no ensino regular
Referencial básico:
EQUIPE INTERDISCIPLINAR DA ESCOLA EPHETA. Orientação aos professores do ensino regular. BORBA, Odete B. Organizadora e responsável pelo Programa de Encaminhamento e Acompanhamento de Alunos no Ensino Regular (PEAER) da Escola Epheta. Curitiba, 2000.
Segundo a concepção clínica-terapêutica o uso dos aparelhos auditivos e/ou
implante coclear, o aluno com deficiência auditiva terá maior capacidade de captar,
perceber, reconhecer e discriminar os sons que estão a sua volta, sejam eles
ambientais ou da própria fala, e assim, terá mais oportunidade de comunicar-se e
interagir funcionalmente por meio da linguagem oral.
Alunos originários dessa concepção estão incluídos na sala do Ensino
Regular, o que torna fundamental que os profissionais da Escola Regular, saibam o
correto manuseio do aparelho auditivo e do implante coclear e os principais cuidados
para que sua vida útil venha a ser a mais longa possível.
6.6.1 O manuseio do aparelho auditivo (analógico)
Siga a orientação de uso, quando a alavanca se
encontrar na:
posição “O”- aparelho desligado.
posição “M” – Aparelho ligado para captar os sons ambientais. Figura 6 – Aparelho analógico
Fonte: audisom-rs.com.br
44
posição "T" – Adapta-se para utilizar o telefone
O aparelho também possui o botão de volume. Recomenda-se que este
esteja sempre na posição intermediária entre o mínimo e o máximo. Exemplo:
Se o aparelho tem a numeração máxima com o número “4”, a recomendação
ideal é que seja ajustado entre os números “2” e “3”, assim evitam-se as
distorções sonoras.
O aparelho também possui alguns controles de ajustes e regulagens, os
"trimmers", que geralmente são indicados por letras, números ou outras simbologias;
em compartimentos internos, ou por vezes, externos. Em qualquer uma de suas
apresentações, jamais se deve modificar tais ajustes para não se correr o risco de
alterar a sistemática do funcionamento do aparelho e comprometer o som e o
conforto do aluno.
6.6.2 Manuseio dos aparelhos auditivos digitais e implante coclear
Os aparelhos auditivos digitais e os Implantes
cocleares não possuem as regulagens externas descritas acima.
As regulagens são internas e os ajustes são feitos
por meio de computador, que serão efetuadas por profissionais
em fonoaudiologia e (ou) ao técnico e amplificadores sonoros.
Figura 7 – Aparelho digital
Fonte: isaude.net
6.6.3 Recomendações gerais:
Para colocar o aparelho em uso: verifique se está com pilha em boas condições,
ligando e depois desligando. Ao colocar o molde na orelha, é aconselhável deixar
o aparelho desligado, evitando que o aluno se irrite com a microfonia (apito) que
produz.
É importante que o uso do aparelho auditivo seja sistemático, isto é, que o aluno
com deficiência auditiva da Escola Epheta faça uso diário na Escola Regular para
facilitar o acesso às informações sonoras.
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Na hora do recreio e na sala de aula se o aluno reclamar de muito barulho abaixe
o volume. Alguns digitais não têm controle de volume local. Caso o aluno sinta
desconforto, entre em contato com a Escola Especial ou com o técnico.
Na necessidade de retirar o aparelho deve ser puxado pelo molde e não pelo
tubinho, pois este se solta facilmente, sofrendo danos.
O aparelho deve ser guardado em caixinha apropriada, sem a pilha para não
ocorrer vazamento e danos em todo o seu mecanismo.
Quedas e pancadas na cabeça devem ser evitadas.
Não usar o aparelho quando estiver chovendo, evitando também o uso com a
orelha e os cabelos úmidos.
Caso esteja "apitando" (microfonia), certifique-se de que o molde está bem
colocado, caso não pare de apitar, comunicar aos pais e /ou aos profissionais de
fonoaudiologia.
É importante considerar que, quando o aluno apresentar ulceração, irritação ou
inflamação no ouvido, não deve utilizar o aparelho.
6.6.4 Alguns cuidados com o implante coclear:
Evitar quedas e pancadas na cabeça;
Não usar quando estiver chovendo;
Não deve ser puxado pela bobina;
Radiação eletromagnética (monitores de televisão, computadores, forno
microondas em funcionamento, são fontes de níveis altos de eletricidade
estática, portanto deve-se retirar a parte externa do implante coclear (conforme
figura acima).
Nas aulas de informática, que utiliza o computador, é importante que alguns
cuidados sejam tomados como: o uso de protetor de tela para o monitor e o uso
do protetor antiestático sobre a mesa e sob teclado e o mouse.
Nas atividades de diversão onde a criança tem contato direto com brinquedos de
plástico (escorregadores, piscinas de bolinhas e outros do tipo usado em
parquinhos), deve-se retirar a parte externa do implante coclear. Antes de retirar
o implante coclear, deve-se primeiro tocar na mão do aluno para igualar o nível
de carga elétrica, e aí sim, remover o equipamento.
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Figura 8 – Implante coclear Fonte: blog.cancaonova.com
6.7 Orientações básicas – trabalhar cooperativamente com as famílias
As famílias têm seus estágios e momentos emocionais para “ressignificar” sua
estrutura perante um filho com deficiência auditiva / surdez. A cada um de seus
membros solicita apoio e respeito, quando seus filhos com surdez / deficiente
auditivo passam a freqüentar a escola do Ensino Regular.
Neste processo, entende-se que devem ser estimuladas a se envolver
diretamente com o processo de inclusão, participando da comunidade escolar
regular, mas deve-se deixar claro que o aluno e os pais deverão seguir os mesmos
princípios normativos que regem as demais família e escola.
Todavia, alguns cuidados devem ser adotados, em consideração da
especificidade comunicativa que envolve o aluno com surdez / deficiência auditiva.
Entre os procedimentos pode-se eleger uma forma de trocas de informações com
professores e profissionais, como por exemplo, a adoção de uma agenda, para fazer
a ponte comunicativa entre o Atendimento Educacional Especializado (Escola
Especial, sala de recurso), o Ensino Regular e a família.
A escola deve considerar que as questões psicoemocionais que envolvem os
pais de alunos surdos e as atitudes profissionais de incentivo à participação do
processo educacional dos filhos e de orientações devem predominar nas relações
entre escola e família. De forma que, as escolas ampliem os vínculos comunicativos
e as famílias sejam as aliadas no processo educacional inclusivo.
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8 ESTRATÉGIA DE AÇÃO
Pretende-se com esse estudo demonstrar aos professores e profissionais da
área educacional que a pessoa com surdez tem possibilidade de incluir no processo
escolar, de forma que a pesquisa se caracteriza como sendo qualitativa, pois supõe
o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente em que os problemas
ocorrem naturalmente e a situação que está sendo investigada por meio do trabalho
intensivo de campo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) e será vinculada pro meio de estudo
bibliográfico para subsidiar os conhecimentos a respeito da educação especial e
formação do professor e por meio de um curso de extensão aos professores da
Escola Epheta, em Curitiba-PR.
O curso será oferecido aos professores na própria escola onde o projeto será
implementado e está previsto para ser certificado pelo Departamento de educação –
DEPED – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
O curso de Extensão versará sobre o tema inclusão dos alunos com surdez,
subdivididos em: fundamentos históricos da educação de surdos; as atualidades
legais; as concepções sobre a surdez; aspectos biológicos da surdez; considerações
sobre a cultura e identidade surda; informações básicas para o professor do Ensino
Regulara, em relação a inclusão do alunos com surdez / deficiência auditiva, a forma
de comunicação, em sala de aula, no convívio com o tradutor e intérprete de língua
de sinais / língua portuguesa; surdos / deficientes auditivos na Educação Infantil; o
uso e cuidado com o aparelho auditivo e implante coclear no ensino regular;
trabalho com a família.
8 CONSIDERAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS
As reflexões e os estudos desenvolvidos para elaboração do Caderno
Temático indicam uma política inclusiva que se mostra vaga em relação à formação
de professores, principalmente dos professores especialistas em Educação Especial
que, também, necessitam de formação e, alguns, permanecem tão desinformados
quanto os demais professores do Ensino Regular.
Busca-se, neste contexto, uma formação direcionada a todos os professores,
que permita o desenvolvimento da autonomia pessoal, social e intelectual, além de
necessitar de rever os referenciais didático-metodológicos de acesso ao
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conhecimento, enfim, entender que a inclusão escolar requer estratégias de
intervenções diferenciadas e que não se concretizam com a mera matrícula dos
alunos surdos nas salas de aulas.
O Caderno Temático foi elaborado para compreender a surdez, como uma
característica diferenciada nas necessidades específicas de comunicações, que
sugere medidas autênticas para o enfrentamento das atitudes e valores sociais, por
vezes injustos, acerca das pessoas dos grupos minoritários.
Assim, acredita-se que as orientações e informações contidas neste Caderno
Temático constituam ações na perspectiva de promover a educação de qualidade,
dentro da proposta da inclusão responsável elaborada e divulgada pelo Governo do
Estado do Paraná.
REFERÊNCIAS
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