a receptividade de diferentes tipos de...

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Página 1 de 16 A RECEPTIVIDADE DE DIFERENTES TIPOS DE DANÇA PELOS ADOLESCENTES, ANTES E DEPOIS DO CONHECIMENTO: COISA DE MENINO COISA DE MENINA. 1 Talita Dunke Ferreira; Eliane Regina Wos 2 . 1. Acadêmica do curso de Educação Física, Licenciatura, da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR) 2. Educação Física, Prof. Ms. da Universidade Tuiuti do Paraná. Contato:1. [email protected] ______________________________________________________________ RESUMO: Objetivou-se com este trabalho de pesquisa, a identificação da aceitação ou não da dança na escola. Como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a dança nem sempre é trabalhada de forma prazerosa nas escolas, talvez pelo despreparo dos professores, ou pelo próprio preconceito dos alunos, em praticá-la. Nesta pesquisa pode-se observar algumas mudanças de opinião após algumas danças serem apresentados aos alunos de forma divertida e didática. Foram analisados 40 alunos de uma escola estadual, em Curitiba, Paraná, durante o segundo semestre de 2015. Como resultados observaram-se mudanças na opinião deles com relação a dança antes e depois das aulas ministradas pela pesquisadora. Este estudo confirmou o referendo da literatura, quando, com um trabalho pedagógico eficaz por parte dos professores é possível uma aceitação superando preconceitos dos alunos em relação à na escola. Palavras-chave: Dança na Escola, Adolescentes, Preconceito. ____________________________________________________________________ ABSTRACT: It was aimed with this research paper, the identification whether is there an acceptance in dancing at school or not. As part of the National Curriculum Patterns, the dance isn’t always worked in a pleasurable way in schools, perhaps due to the lack of preparation from the teachers or because of students’ prejudice, in order not to practice it. In this research, it is possible to observe a few changes of opinion after some dances were presented to the students in a fun and didactic way. It had been analyzed 40 students from a state school in Curitiba, Paraná, during the second semester of 2015. As results, it was observed their opinion change towards dancing before and after the classes taught by the researcher. This study confirmed the literature referendum that with an effective pedagogical work by the teachers’ part is possible an acceptance overcoming prejudice from the students related to dance at school. Keywords: dance at school, teenagers, prejudice.

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A RECEPTIVIDADE DE DIFERENTES TIPOS DE DANÇA PELOS

ADOLESCENTES, ANTES E DEPOIS DO CONHECIMENTO: COISA

DE MENINO COISA DE MENINA. 1Talita Dunke Ferreira; Eliane Regina Wos 2.

1. Acadêmica do curso de Educação Física, Licenciatura, da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba,

PR)

2. Educação Física, Prof. Ms. da Universidade Tuiuti do Paraná.

Contato:1. [email protected]

______________________________________________________________

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho de pesquisa, a identificação da aceitação ou não da

dança na escola. Como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a dança nem sempre é

trabalhada de forma prazerosa nas escolas, talvez pelo despreparo dos professores, ou pelo próprio

preconceito dos alunos, em praticá-la. Nesta pesquisa pode-se observar algumas mudanças de

opinião após algumas danças serem apresentados aos alunos de forma divertida e didática. Foram

analisados 40 alunos de uma escola estadual, em Curitiba, Paraná, durante o segundo semestre de

2015. Como resultados observaram-se mudanças na opinião deles com relação a dança antes e

depois das aulas ministradas pela pesquisadora. Este estudo confirmou o referendo da literatura,

quando, com um trabalho pedagógico eficaz por parte dos professores é possível uma aceitação

superando preconceitos dos alunos em relação à na escola.

Palavras-chave: Dança na Escola, Adolescentes, Preconceito.

____________________________________________________________________

ABSTRACT: It was aimed with this research paper, the identification whether is there an

acceptance in dancing at school or not. As part of the National Curriculum Patterns, the dance isn’t

always worked in a pleasurable way in schools, perhaps due to the lack of preparation from the

teachers or because of students’ prejudice, in order not to practice it. In this research, it is possible to

observe a few changes of opinion after some dances were presented to the students in a fun and

didactic way. It had been analyzed 40 students from a state school in Curitiba, Paraná, during the

second semester of 2015. As results, it was observed their opinion change towards dancing before

and after the classes taught by the researcher. This study confirmed the literature referendum that

with an effective pedagogical work by the teachers’ part is possible an acceptance overcoming

prejudice from the students related to dance at school.

Keywords: dance at school, teenagers, prejudice.

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INTRODUÇÃO

O movimento do corpo surgiu como forma de comunicação antes mesmo da

fala. A dança apareceu como uma forma de transmitir seus medos, desejos e

vontades. Segundo Hanna (2013) “A dança pode ser definida mais propriamente

como um comportamento humano, composto, do ponto de vista do dançarino, de

sequências voluntárias, que são intencionalmente rítmicas e culturalmente

estruturadas. ” (Hanna 1979 p. 19 Tradução Hugo Zemp)

Na antiguidade não havia um padrão definido, era simplesmente o movimento

do corpo de forma livre, com a evolução e o surgimento das religiões ela se

tornou algo ligada a cultos e rezas, em algumas religiões a dança é uma forma de

agradecimento pela colheita, pela cerveja, pela caça, pela vida em si.

Os conceitos relativos à dança variam consideravelmente segundo as

culturas e as línguas do mundo. Algumas línguas não possuem termo

genérico para essas atividades que chamamos de dança, mas

denominações específicas para cada tipo de dança. E se termos genéricos

existem, eles não cobrem necessariamente, ou mesmo raramente, o mesmo

campo semântico que o verificado na Europa contemporânea. ” (Zemp 2013

p. 34)

Isso quer dizer que a dança é “ criada’’ de acordo com o contexto cultural

que a rodeia, depende do seu povo, seus costumes etc.

No Brasil as danças eram realizadas pelos seus primeiros habitantes, os

índios, como forma de agradecimento aos seus deuses e como recreação. Com a

chegada dos portugueses isso mudou com a inserção dos costumes portugueses

aos índios. Após isso vieram os escravos que como forma de não esquecer suas

origens continuaram com suas danças e músicas típicas.

Conforme a sociedade foi mudando, foram surgindo diversos gêneros de dança,

quais sejam: rock, salsa, tango, hip hop, bale clássico e moderno, dança jazz, etc.

Dança na Escola

Dentro da Escola a dança entra como parte do currículo nacional. Segundo

Vargas (2009) a escola pode buscar uma educação mais completa através do

ensino das artes, através dela o aluno tem um acréscimo em formas de

comunicação.

A educação pelo movimento deverá atuar no interior para o exterior,

levando as pessoas a conhecerem seu corpo, a fim de que se conheciam

inteiramente, que possam elaborar seu esquema corporal e para que

tomem consciência de suas possibilidades expressivas. É fundamental que

este processo tenha sempre o indivíduo como centro das atividades

buscando o seu desenvolvimento integral, sua sensibilização e a utilização

plena de seu corpo, tanto do ponto de vista motriz, como de sua capacidade

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expressiva e criadora, logrando assim a exteriorização do seu mundo

interior. (Vargas, 2009, p. 48)

Através da dança na escola o aluno pode aprender mais sobre seu corpo e

mente. Mas se a dança é assim tão importante como parte do aprendizado,

porque ela é muitas vezes mal aceita e mal interpretada principalmente dentro da

escola?

Muitas vezes por receio de não saber ministrar a matéria ou o medo da não

aceitação pelos alunos. Como cita Vargas (2009 p.75) “O professor e a

professora de dança deverão estar preparados para a atuação na turma, havendo

passado pelas mesmas experiências que propõem aos alunos.” O que nem

sempre é possível devido à falta de preparo ou a falta de abertura do professor e

ou da escola com relação a novas experiências.

Conforme afirma Wos (2011, p.20) “o professor precisa se libertar das

amarras que o ligam a um único espaço de atuação, que são as quadras de

esporte’’

Inserir novas maneiras de ensinar nem sempre é fácil e muitos deles

somente continuam dentro da sua zona de conforto e ensinando somente o “

quarteto fantástico” (vôlei, basquete, futebol, handebol).

Adolescência

Segundo Rodrigues (1997, p.35) “a adolescência é a fase que se estende da

puberdade até a maturidade e se caracteriza pela estabilização da diferenciação

sexual e por uma progressiva individualização.” Mudanças hormonais são

esperadas nesta fase, de acordo com Papalia (2006, p. 441) nas meninas os

ovários aumentam a produção de estrogênio o que estimula o crescimento dos

genitais femininos e o desenvolvimento dos seios, já nos meninos os testículos

aumentam a fabricação de androgênios, como a testosterona, o qual estimula o

crescimento dos genitais masculinos, da massa muscular e dos pelo no corpo.

Os hormônios estão associados à agressividade nos rapazes e tanto à

agressividade como à depressão nas moças. Entretanto, outras influências,

como o sexo, a idade, o temperamento e o momento de ocorrência da

puberdade, podem moderar ou até sobrepujar as influências hormonais.

(Brooks-Gunn, 1988; Buchanan, Eccles e Becker 1992 apud Papalia 2006

p.442)

Estas mudanças muitas vezes influenciam na vida do adolescente dentro da

escola, é nesta fase que ele forma opiniões e precisa ser aceito em um grupo

social, para isso tentam ser o mais possível diferentes de seus pais, que eram

figuras de admiração na infância como cita D’Andrea 2003.

Nesta fase os adolescentes estão pensando em como será seu futuro e tentam

encontrar parceiros sexuais, por isso nem tudo que lhes é proposto é aceito com

naturalidade por eles, e a dança entra dentro desse patamar.

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Seguindo também na mesma linha tem a questão do gênero onde no Brasil, por exemplo, possui grande discriminação, pois relacionar-se com o corpo, sentir, emocionar-se, intuir, ter prazer são características humanas muitas vezes inaceitáveis em uma sociedade machista como a nossa. No processo criativo ainda é muito ligado à questão da efeminação como, por exemplo, o ballet clássico consequentemente associado à graça, leveza e delicadeza. (SHIMIZU, 2004 p. 07)

Com essas transformações físicas, mentais e sociais os adolescentes tentam

ao máximo se ajustar de forma que sejam aceitos pela família, pelos amigos, por

um grupo, pelo sexo oposto e pela sociedade em geral.

A problemática deste estudo é referente à receptividade de meninos e meninas,

aos diferentes tipos de dança, antes e depois do conhecimento. Para atender

esse problema foi delimitado o seguinte objetivo geral: verificar se existe

aceitação da dança em diferentes estilos, comparando adolescentes do sexo

feminino e masculino dentro da escola como conteúdo da aula de Educação

Física. Este estudo justifica-se do ponto de vista acadêmico porque a dança é

uma matéria obrigatória determinada pelo Ministério da Educação, constando nos

Parâmetros Curriculares Nacionais. Do ponto de vista da literatura, pode-se

ensinar através da dança a quebra de preconceito quanto a mesma, privilegiando

a Educação Física em ministra-la.

METODOLOGIA

Amostra

Foram analisados 40 alunos do Colégio Estadual Bento Munhoz da Rocha

na cidade de Curitiba estado Paraná. Os alunos tinham entre 14 e 20 anos, sendo

22 do sexo masculino e 18 do sexo feminino. As pesquisas foram respondidas de

forma voluntária por eles antes e após a apresentação da matéria dança.

Instrumentos e Procedimentos

Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário quantitativo e

validado por professores da área. Os alunos responderam 12 questões, sendo 10

aplicadas anterior a pesquisa e 2 questões após aulas ministradas, de hip hop,

sertanejo, balé e jazz, as questões eram todas abertas gerando diferentes

resultados para análise.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta o detalhamento dos dados e a discussão de resultados

obtidos através de questionário. No gráfico estarão separados os percentuais do

gênero masculino e feminino e analisados através de gráficos.

1) O que você entende por dança?

No 1º gráfico 50% dos analisados do sexo masculino definem a dança

como movimento, 18% acham que é expressão de sentimento, 14% acham que é

ritmo, e empatados, a arte musical e expressão corporal com 9%. Do sexo

feminino, 28% acham que é uma forma de expressão corporal, 22% que é uma

forma de exercício físico, 17% como sendo movimento, 11% como expressão de

sentimento e 6% disseram que é coordenação e 6% não opinaram.

Nota-se um conhecimento bom dos alunos quanto à definição da dança na

escola. Conforme Melhem (2012, p.116) citado anteriormente, a dança é

“manifestações da cultura corporal que tem como características comuns a:

intenção de expressão e comunicação através de gestos e a presença de

estímulos sonoros como referência para o movimento corporal”.

2) Você gosta de dançar? Por quê?

No gráfico 2 vê-se que no perfil masculino 64% não gostam de dançar e 36%

gostam. Já as meninas 56% gostam enquanto 44% não. Quanto às respostas do

porque os dados divergem entre masculino e feminino.

22%

6% 11% 17%28%

11% 6%14%

50%

9%18%

9%

0%

20%

40%

60%

Exerciciofísico

Coordenação Ritmo Movimento Expressãocorporal

Expressão desentimento

Arte musical Não sei

gráfico 1

feminino masculino

56%36%44%

64%

0%

50%

100%

Feminino Masculino

gráfico 2

SIM NÃO

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Das respostas sim que contam no gráfico 3, 38% dos meninos gosta por

diversão e 13% responderam: ajuda na coordenação motora, me sinto bem, perda

da timidez, liberdade de expressão, exercício.

As meninas responderam que gostam por: 30% sentem-se bem, 20% por

diversão e 10% para cada opção seguinte: coordenação motora, aliviar o

estresse, perder peso, aumentar a autoestima e postura.

Quanto à resposta do por que não gosta de dançar, responderam: 75% das

meninas não saber, 25% por timidez. Já os meninos houve um empate entre

timidez e não sabem dançar com 29%, 14% não tem interesse e 7% não costuma

praticar, tem limitações físicas, não tem interesse ou não respondeu.

Nesta questão constatou-se um grande porcentual tanto masculino quanto

feminino que não gosta de dançar, isso pode ter vários motivos, como cita Wos

(2011, p.22) “Em pleno século XXI, é no mínimo lamentável que a arte da dança

ainda tenha seu brilho ofuscado por preconceitos sexuais e sociais. ” Já Vargas

(2009 p.20) cita a religião como algo que pode impedir os alunos a pratica da

dança “A igreja condenou esta “loucura” chamada dança, coisa do diabo. ”

Assim sendo é necessário que o professor trabalhe a dança de uma forma

mais pedagógica possível.

10%

30%

10%

20%

10% 10% 10%13% 13%

38%

13% 13% 13%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

gráfico 3

feminino masculino

25%

75%

29%14% 7%

29%7% 7% 7%

0%20%40%60%80%

Timidez Não teminteresse

Não costumapraticar

Náo sabedançar

Não temcoordenacao

Limitaçõesfísicas

Não saberesponder/Não

opinou

gráfico 4

feminino masculino

Página 7 de 16

3) Você acha que é possível aprender alguma coisa com a dança? O que?

Em relação ao gráfico 5, tivemos resultados parecidos entre masculino e

feminino. Os meninos 33% disseram que é possível aprender coordenação

motora através da dança, também 22% disseram que é possível aprender cultura,

17% acham que é ritmo, 11% socialização e perder a timidez, 6% falaram que

pode aprender a ser mais divertido (se soltar). Quanto às meninas 35% acham

que é possível aprender coordenação motora através da dança, 30% ritmo, 5%

pensam que é possível aprender técnica, disciplina, socialização, persistência,

postura e cultura, os mesmos 5% não souberam opinar ou não responderam.

A maioria define que é possível aprender coordenação motora através da

dança, como cita Melhem (2012 p.69): “ A coordenação motora é a capacidade da

coordenação de movimentos decorrentes da integração entre o comando central

(cérebro) e as unidades motoras dos músculos e articulações. Do mesmo modo é

ter controle temporal, espacial, e muscular de movimentos simples ou

complexos...”

Constatou-se, portanto, que as respostas dos alunos vêm de encontro aos

autores quando, em sua maioria respondeu que a dança ensina formas de

movimentos, e ou auxilio na coordenação corporal.

4) Você acha que existe dança para menino e para menina? Se sim cite exemplos.

5%

30%

5% 5% 5%

35%

5% 5% 5%

17%11%

33%

11%6%

22%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

gráfico 5

feminino masculino

6%

50%

94%

50%

0%

50%

100%

Feminino Masculino

gráfico 6

SIM NÃO

Página 8 de 16

No gráfico 6, os meninos estão divididos em 50% para sim e não, citado o

ballet como sendo só para meninas; enquanto as meninas ficaram com 94%

dizendo que não existe danças especificas para gêneros e somente 6% acha que

tem sim gêneros específicos para cada sexo, que no caso foi citado o ballet como

sendo feminino

Apenas 1 menina afirmou que ballet é só para meninas (100%). Quanto ao

masculino 50% acham que ballet é só para meninas, 11% disseram que é o funk,

6% divergem entre break, axé, eletrônica, forró, sertanejo e hip-hop, os mesmos

6% não souberam exemplificar. Conforme citação no referencial teórico, Shimizu

2004, diz que existe um preconceito principalmente do sexo masculino quanto à

dança, onde, sentir ou se emocionar não é “permitido”, dentro de uma sociedade

muitas vezes machista, isso no Brasil é comum já que um homem ser delicado

significa que ele vai ser tornar mais feminino na visão de alguns, o que acaba

causando o preconceito quanto a esta questão.

5) Se você é do sexo feminino, acha que tem algum gênero de dança que você

não dançaria por ser muito masculino?

Esta questão foi feita para o sexo feminino, a maioria 72% disse que não

deixariam de dançar mesmo o gênero da dança sendo muito masculino, porem

11% acham que tem sim e 17% não souberam responder ou não opinaram.

Houve uma igualdade de porcentagem nas respostas e esses 3 ritmos surgiram

100%

50%

11% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6%

0%20%40%60%80%

100%120%

gráfico 7

feminino masculino

17%

72%

11%

0%

50%

100%

NÃO SABE NÃO SIM

gráfico 833% 33% 33%

0%

50%gráfico 9

Break Funk Hip Hop

Página 9 de 16

como algo que elas não fariam por ser muito masculino, 33% de break, funk e hip-

hop.

O hip hop, em parte por ser uma cultura de rua, apresenta alta predominância

masculina. “O break, por ser composto de movimentos vigorosos e de força,

supostamente não favoreceria a presença feminina” (Alves 2008, p.2) A força

citada por Alves deve ser a questão principal para a relação das meninas com o

break e hip hop como sendo uma dança muito masculina, uma das principais

características femininas é a delicadeza, o que segundo as repostas não se

encaixa no contexto do hip hop por movimentos rigorosos e pela força exigida

pela dança.

6) Se você é do sexo masculino, acha que tem algum gênero de dança que você

não dançaria por ser muito feminino?

Os gráficos 10 e 11 foi específica aos meninos donde 73% alegam que tem sim

algum gênero de dança que eles não fariam por ser “muito feminino”, 9%

disseram que não tem e 18% não souberam responder ou não opinaram.

Quanto aos meninos houve grande diferença entre ritmos que seriam só para

meninas. Desses 52% alegam que não dançariam o ballet por ser muito feminino,

17% disseram que a dança do ventre, 9% o funk e os mesmos 9% o axé, 4%

citaram o samba, Hula (dança havaiana), e valsa como danças que eles não

fariam por ser muito feminino.

“No processo criativo ainda é muito ligado a questão da efeminação como, por

exemplo, o ballet clássico consequentemente associado a graça, leveza e

delicadeza” ( Shimizu 2004, pg07)

Como cita Shimizu (2004), o ballet ainda é excluído por pessoas do sexo

masculino por significar uma delicadeza que para eles pertencem somente ao

sexo feminino.

Outras danças também são citadas por eles por serem muito femininas, algumas

como no caso da dança do ventre é realmente só dançada por mulheres, outras

porem como a valsa, é dançada em casais.

18%

9%

73%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

NÃO SABE NÃO SIM

gráfico 10

52%

9% 4% 9%17%

4% 4%

0%10%20%30%40%50%60%

gráfico 11

Página 10 de 16

7) Em aulas de Educação Física algum professor já trabalhou dança com você?

Quais? (Para respostas sim)

Esta questão era para saber se algum professor já tinha trabalhado dança

com eles antes, a porcentagem foi bem parecida entre masculino e feminino, 73%

dos meninos e 78% das meninas responderam que algum professor já tinha sim

trabalhado dança eles antes, enquanto 23% dos meninos e 22% das meninas

alegaram que não. Somente 5% dos meninos não souberam opinar ou não

responderam à questão.

Como opções de ritmos que os professores já trabalharam nota-se vários

exemplos. Os meninos já trabalharam axé, folclore e forró com 25%, já 19% fez

hip hop, 13% brincadeiras cantadas, valsa e capoeira, 6% contemporânea, já 25%

não opinou. Quanto as meninas a maioria 50% hip hop, 43% axé, 29% forró, 7%

brincadeiras cantadas, eletrônica, sertanejo, folclore, samba e funk, 14% não

exemplificou. A capoeira também foi citada como uma opção pelos alunos,

lembrando que a capoeira é considerada luta, porem os alunos atribuem ela a

dança por sempre ser acompanhada de música.

A dança ou atividade rítmicas faz parte da PCN (Parâmetros Curriculares

Nacionais 1998), portanto é uma matéria obrigatória nas escolas do Brasil, como

podemos verificar:

22%

78%

5%23%

73%

0%

50%

100%

NÃO SABE NÃO SIM

gráfico 12

feminino masculino

7%

50%

29%

7%

43%

7% 7% 7% 7%

14%13%

19%

25% 25% 25%

13%

6%

13%

25%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%gráfico 13

Página 11 de 16

“Este bloco de conteúdos inclui as manifestações da cultura corporal que tem como característica comum a intenção explícita de expressão e comunicação por meio dos gestos na presença de ritmos, sons e da música na construção da expressão corporal. Trata-se especificamente das danças, mímicas e brincadeiras cantadas” (Parâmetros curriculares nacionais de Educação Física 1998) A porcentagem significativa indica que a maioria dos professores já trabalhou

de alguma forma este conteúdo com seus alunos, isso quer dizer que os

professores estão cumprindo com as metas da PCN.

8) Você praticou dança na escola? Responda se gostou ou não e por quê.

Para esta questão meninos e meninas estão bem parecidos em quanto 73% dos meninos já praticou somente 27% não, já entre as meninas ficou em 67% já praticou e 33% não.

Quanto ao porque gostou ou não as respostas foram diferentes, dos meninos

22% gostaram porque é divertido, 17% gostaram porque aprenderam coisas

novas, 11% aprenderam para a festa junina, outros motivos também foram

citados como melhora a interação da turma, por uma dinâmica diferente do que

33% 33%

67% 67%

27% 25%

75% 73%

0%

20%

40%

60%

80%

NÃO - PRATIQUEI NÃO - GOSTEI SIM - GOSTEI SIM - PRATIQUEI

gráfico 14

feminino masculino

17%

8%

42%

8%

17%

8%6% 6%

22%

11%17%

6% 6% 6% 6% 6%11%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

gráfico 15

feminino masculino

Página 12 de 16

estão acostumados, ajuda contra a timidez todos 6%, também 11% não souberam

responder ou não opinaram. Quanto ao porque não gostaram os resultados

masculinos foram iguais 6%, porque foi obrigado, porque não havia espaço

suficiente na sala, porque não se sente bem dançando ou porque não gosta de

dançar.

As meninas os resultados foram que 42% delas gostou de dançar porque é

divertido, 17% porque melhora a interação entre a turma, 8% gostaram pela

dinâmica da aula. Quanto ao não gostou 17% foi porque não sabe dançar, já 8%

não se sentem bem dançando e acharam as músicas infantis.

Citando Wos (2011 p.20) “Há necessidade de ainda se ultrapassar barreiras

para que a dança esteja cada vez mais inserida no ambiente escolar. ” Isso se

encaixa para professores, direção e para os próprios alunos que as vezes

possuem um preconceito com a dança. É necessário um ensino completo sobre a

arte da dança para eles verem como ela pode ajudar tanto na parte física quanto

mental.

9) Você pratica dança fora da escola? Por quê?

Perguntado se praticam dança fora da escola e por que, dos respondentes do

sexo masculino 5% não opinaram; 27 % praticaram e pararam, destes o motivo

mais citado foi falta de tempo 14%, não gostou 9% e 5% por questões

geográficas; 59% nunca praticam, destes 27% não responderam o porquê, 18%

não gostam de dança e 9% alegam falta de tempo e 5% falta de aptidão; 9%

pratica, destes o porquê ficou com percentual igual para: por paixão e/ou

diversão. Quanto às meninas, 39% responderam que praticaram e pararam,

destas 39% citam a falta de tempo como motivo e 6% destas acrescentam a falta

de dinheiro; 44% nunca praticou, destas 33% não disseram porquê e 11%

disseram que não gostam; 17% das questionadas, ainda praticam algum tipo de

dança fora da escola.

39% 44%17%5%

27%59%

9%

0%

100%

NÃO OPINOU PAREI NUNCA SIM

gráfico 16

feminino masculino

Página 13 de 16

Citando Shimizu (2004, p.5) “Toda essa exclusão social acompanhada de

preconceito formou um público genuíno de arte, naturalmente a ser uma pequena

elite culta. ” Muitos ainda vêm a dança como algo inacessível a todos, porque

pensam que a arte em si não é para todos, o que não condiz com a realidade.

10) Se fosse para dançar que tipo de ritmo voce escolheria?

Quanto a que tipo de ritmo eles gostariam de dançar se destaca o sertanejo

entre os meninos com 23%, seguido do hip-hop com 19%, tango com 16%,

música eletrônica com 10%, já com 3% estão dança de salão, forró, valsa, ballet,

break e salsa, 13% não souberam responder ou não opinaram. As meninas em

sua maioria 29% gostariam de ballet, e 17% gostaria de hip-hop, sertanejo e

tango cada um com 8%, e com 4% forró. Frevo, jazz, dança de salão,

contemporânea, eletrônica e samba, 4% também não sabem ou não

responderam.

Segundo Wos (2011, p.20) “É obrigação do professor, que corresponde com

excelência a sua qualidade profissional, repensar a elaboração para o trabalho

com dança”. Os próprios alunos podem ajudar neste processo, dando opções

para que o professor trabalhe diferentes tipos de ritmos em sala.

11%6%

39%

6%11%

33%

5% 5%

14%9%

5% 5%9%

18%

27%

5%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

gráfico 17

feminino masculino

8%4%

17%

8%4% 4% 4%

29%

4% 4% 4% 4% 4%

23%

3%

19%16%

3% 3%

10%

3% 3% 3%

13%

0%5%

10%15%20%25%30%35%

gráfico 18

feminino masculino

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Questionário Pós

1). Você mudou de opinião com relação a dança depois da aula dada pela

professora Talita?

Essa questão foi aplicada após as aulas de dança ministradas por esta

professora, nota-se uma diminuição entre os alunos que não gostavam de dançar

(pré-questionário, questão 2) inicialmente os meninos que não gostava de dançar

eram 64% e agora passando para 36%, já quanto as meninas que antes eram

44% passou a ser 17% após as aulas. Wos (2011, p.22) como citado

anteriormente diz que “Deve ser considerado que, se o professor não fizer os

alunos quebrarem os mitos em relação à dança ou não lhes apresentar a

atividade de forma interessante e agradável, jamais estes alunos poderão gostar

de dança, por inexperiência e desconhecimento. ” Talvez a mudança tenha se

dado pelo fato de que os alunos foram apresentados a um pouco do

conhecimento sobre a dança.

2). Quais tipos de dança você praticaria?

Com 55% a dança mais praticada pelos meninos seria a Hip Hop, já 23% faria

Jazz, 14% faria sertanejo, 5% empataram em Balé clássico, dança de salão,

tango, pop, pagode, rock, zumba e eletrônica, já 27% não opinaram ou não

39%28%

17% 17%32%

14%

36%

18%

0%

50%

Sim, começei a gostar Não, pois já gostava Não, ainda não gosto Não soube opinar

gráfico 19

feminino masculino

22%

61%

28%39%

6% 11% 6% 11%5%

55%

14%23%

5% 5% 5% 5% 5% 5% 5%

27%

0%10%20%30%40%50%60%70%

gráfico 20

feminino masculino

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souberam responder. Quanto as meninas 61% faria hip hop, 39% jazz, 28%

sertanejo, 22% bale clássico, 11% funk, 6% dança de salão e tango, e 11% não

souberam ou não opinaram. Nota-se que eles continuam abertos a novos ritmos

para ser trabalhados em aula. Com essa abertura é possível que o professor de

Educação Física consiga agradar a uma maioria se ele estiver apto e ou aberto ao

ensino da dança.

CONCLUSÃO

Com o resultado da pesquisa chegou-se à conclusão de que é possível trabalhar

a dança na escola de forma que os adolescentes realmente apreciem sua pratica

como algo que beneficia tanto fisicamente quanto mentalmente. Esta autora

referenda o trabalho com dança nas escolas, contudo, salienta que é preciso que

o professor de educação física a trabalhe em sua totalidade e não somente uma

parte dela, como muitas vezes acontece, quando o professor deixa na mão dos

alunos a coreografia a ser montada sem sequer dar uma base a eles, o resultado

disso é a reprodução do que eles vêm na mídia, o que nem sempre é o correto

para a parte educativa. É preciso mostrar aos alunos o quão benéfico é a dança

para minimizar e/ou até excluir os preconceitos sexuais e sociais que a maioria

dos adolescentes afirma ter. Este trabalho, portanto, teve resultados positivos

quanto à mudança de opinião dos alunos, uma mudança foi vista após a

apresentação de aulas montadas especificamente para os alunos, aulas de Hip

Hop, montagem de coreografias, sertanejo, balé e jazz. Porem sugere-se mais

pesquisas sobre o tema com maior número de aulas práticas, para que seja

observada a possível elevação dos percentuais positivos em relação à aceitação

da dança, pelos adolescentes.

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REFERÊNCIAS:

1- ALVES, Ana Paula Almeida, Mulheres no break: a dança do movimento hip hop numa comunidade

pobre da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro 2008

2- CAMARGO, Giselle, Antropologia da Dança I. Florianópolis: Insular, 2013

3- D‘ANDREA, Flavio Fortes, Desenvolvimento da personalidade. 16º edição. Bertrand Brasil, 2003.

4- HANNA, Judith. Antropologia da Dança I. Florianópolis: Insular, 2013

5- MELHEM, Alfredo, A pratica da Educação Física na Escola 2º edição. Rio de Janeiro: Sprint, 2012.

6- PAPALIA, Daiane E. Desenvolvimento Humano, 8º edição. São Paulo, Artmed, 2006.

7- PCN, Educação física. Ministério da Educação, 1998.

8- RODRIGUES, Maria, Manual teórico-prático de Educação Física infantil. 7º edição. São Paulo:

Ícone, 1997.

9- SHIMIZU, Cristina Mayumi Velucci, O ensino da dança: reflexões para construção de uma

pedagogia emancipatória. Coimbra- Portugal 2004.

10- VARGAS, Lisete Arnizaut Machado, Escola em Dança: Movimento, expressão e arte. Porto

Alegre: Meditação,2009.

11- ZEMP, Hugo, Antropologia da Dança I. Florianópolis: Insular, 2013

12- WOS, Eliane Regina, Técnicas de coreografia para dança na escola. Curitiba: Científica, 2011.