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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

A FOTOGRAFIA NO ENSINO DE

LÍNGUA PORTUGUESA

Professora PDE Titulada: Suely Marcolino Peres de Oliveira

“Toda e qualquer fotografia é um olhar sobre o mundo, levado pela intencionalidade de uma pessoa, que destina sua mensagem visível a um outro olhar, procurando dar significação a este mundo”. (SAMAIN, 1997)

O contexto sócio-cultural em que vivemos nos permite repensar a escola e nossas práticas pedagógicas. Nossos alunos apresentam muitas dificuldades na leitura, interpretação e reflexão dos temas e atividades propostas. Tais dificuldades implicam negativamente no processo de aprendizagem dos mesmos.

A rapidez das mudanças ocorridas no meio social e a percepção das inúmeras relações de poder presentes nas teias discursivas que atravessam o campo social, constituindo-o e ao mesmo tempo, sendo por ele constituídas, requerem do professor uma percepção crítica cujo horizonte é a mudança de posicionamento em sua ação pedagógica” (Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica em “A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados. O leitor é sempre um caçador que percorre terras alheias” (Chartier, 1999: 77).

Fazenda na Serra do Mar – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres de Oliveira

Le lecteur de bréviaire, le soir, cerca de 1845-1850. Paris, Museu do Louvre

O leitor desfruta de liberdade, não se submete ao que o livro pretende lhe impor, todavia esta liberdade não é absoluta, uma vez que é cercada por limitações criadas pelas convenções, capacidades, contexto sócio-político e hábitos que caracterizam a prática da leitura (Chartier, 1999: 77).

Monumento ao Tropeiro - Cidade da Lapa – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres de \ Oliveira

O cinema e a fotografia permitem uma leitura menos controlada, a segunda quando utilizada em sala de aula como um dos recursos metodológicos para o ensino da Língua Portuguesa possibilita ao professor explorar as várias práticas de leitura existentes na sala de aula. Surgirão muitas leituras sobre um mesmo tema, pois se trata da visão de mundo e dos valores que aqueles leitores possuem. (Chartier, 1999: 79).

( Mulher lendo, de Botero - claro).

Flores à beira do caminho – Colônia Witmarsum – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres de Oliveira

Vista parcial da Cidade da Lapa – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas – Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

A linguagem fotográfica faz parte do cotidiano dos alunos, são poucos aqueles que não possuem aparelhos celulares com recursos tecnológicos como câmeras fotográficas, entre outros recursos, criam álbuns virtuais nos Orkuts, disponibilizam suas fotos nos Blogs, etc.

Igreja do bairro Vila Nova em São Jerônimo da Serra - Outubro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas – Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

A fotografia, conforme Ana Maria Mauad, pode ser entendida como a “materialização da experiência vivida, doce lembrança do passado, memórias de uma trajetória de vida, flagrantes sensacionais, ou ainda, mensagens codificadas em signos” (Andrade, 1990).

Gruta do Monge – Lapa – Paraná - Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas – Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

Nesse sentido, explorar a fotografia em sala de aula seria permitir a troca de experiências, a interação, a construção do conhecimento a partir de algo que os alunos conhecem e dominam que é a tecnologia, seria a promoção da compreensão da realidade em que está inserido e discutir com eles o seu papel como participante dessa sociedade.

Capela na Serra do Mar – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

Cerimônia de casamento comunidade religiosa - Londrina – Paraná – Dezembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

Vista parcial da zona rural de São Jerônimo da Serra - Setembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres

de Oliveira

A fotografia é um documento e cabe lembrar que o documento como afirma Jacques Le Goff, é sempre portador de um discurso que, assim considerado, não pode ser visto como algo transparente (1997, p. 377). Portanto, faz-se necessário atentar-se para o conteúdo histórico a ser examinado, pois o conteúdo que se pretende resgatar depende muito da forma do texto: o vocabulário, os enunciados, os tempos verbais etc. (1997, p. 377).

Portal Turístico de São Jerônimo da Serra - Setembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres

de Oliveira

Zona rural de São Jerônimo da Serra - Outubro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

O trabalho com a fotografia possibilita ainda a exploração da oralidade e da escrita a partir da história da vida dos alunos bem como a trajetória de suas famílias e considerando a diversidade étnico-cultural que forma a sociedade brasileira poder-se-ia trabalhar com os alunos a Língua Portuguesa e a influência de elementos lingüísticos dos vários povos estrangeiros que chegaram ao Brasil e misturaram-se aos elementos das culturas e línguas indígenas, portuguesa e africana.

Igreja Matriz da Lapa – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino

Peres de Oliveira

Uma metodologia viável pode partir da análise de imagens que se encontram no cotidiano do aluno para, estabelecer uma postura reflexiva com a imagem fotográfica. A fim de compreender e levantar questões acerca de seu alcance no imaginário coletivo (através da análise das reações e opiniões do público), suas influências na constituição da sociedade e sua funcionalidade. Pode-se, posteriormente, estabelecer um paralelo com as imagens no campo das artes plásticas.

Estabelecer essa relação trará à luz uma conexão entre arte, cotidiano e realidade do aluno que poderá, se desejar, incorporar idéias contidas nas obras da artista, por entender a sua crítica diante da sociedade ou numa outra abordagem, estabelecer relações entre o papel da arte em nossa sociedade, ou ainda, partir para um exercício de produção própria.

Tal análise pressupõe as seguintes ações: descrever, analisar, interpretar, fundamentar e revelar. • Descrever implica em investigar tudo o que pode ser percebido sobre a fotografia

que se pretende estudar criticamente; • Analisar é investigar os elementos da composição e formas da fotografia; • Interpretar se transforma no momento da expressão de reações, reflexões e

emoções suscitadas pela fotografia; • Fundamentar é a possibilidade de agregar conhecimento e informações à

fotografia;

• Revelar consiste no desenvolvimento, pelo aluno, de uma produção escrita ou oral com ênfase na observação e problematização.

A imagem fotográfica não representa de modo fiel a realidade, mas nos permite observar, apreender e compreender alguns aspectos da cultura na qual ela foi produzida, sem deixar de lado que na fotografia está o olhar do fotógrafo, sua leitura de mundo, os interesses que motivaram sua produção, a intencionalidade e o discurso ali implícito.

Centro Histórico da Lapa – Paraná – Novembro de 2007

Arquivo pessoal das professoras PDE Tituladas Cacilda Estevão dos Reis e Suely Marcolino Peres

de Oliveira

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Ana Maria Mauad de S. Sob o signo da Imagem: a produção da fotografia e o controle dos códigos de representação social da classe dominante, no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. Dissertação de mestrado. Niterói: UFF-CEG-ICHF, 1990. BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem.Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. 5a ed. São Paulo: Hucitec, 1978.CARDOSO, Ciro F. & VAINFAS, Ronaldo (org.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. CHARTIER, Roger. A Aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora UNESP, 1999. __________. “O mundo como representação”. Estudos avançados, 11(5), 1991GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1989. JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papyrus, 1996. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996. KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo; Ática, 1989. ________ . Realidades e ficções na trama fotográfica. Cotia: Ateliê Editorial, 2002. PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 1991.