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DA CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA AOS MILITARES DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL Philipe Rapozo 1 José Onildo Truppel Filho 2 RESUMO O presente artigo visa verificar a possibilidade de concessão do abono de permanência aos Militares dos Estados e do Distrito Federal, em que pese a distinta disciplina constitucional acerca desses e dos servidores públicos. O método utilizado para execução da pesquisa foi a abordagem dedutiva, por partir de descrições gerais da carreira e do abono de permanência para finalmente confluir estas na análise da possibilidade da concessão do abono de permanência, analisando-se questões legais e eventuais benefícios do instituto. Utilizou-se também o método qualitativo, já que inexiste a necessidade de representatividade numérica, ao passo que visa o aprofundamento da compreensão de uma questão iminentemente conceitual e doutrinária. Não se busca aqui, portanto, um modelo único de pesquisa, haja vista a especificidade da ciência em comento, digna de metodologia própria. A pesquisa também foi bibliográfica, visto que se baseou em conhecimentos já consolidados sobre o assunto, através do levantamento de referências publicadas sobre o assunto nos mais variados meios físicos e eletrônicos. O tema é de extrema relevância, e visa, sobretudo, a boa aplicação do numerário público. Palavras-chave: Militares dos Estados. Abono de permanência. Princípios. 1 Cadete da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Faculdade Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina – CESUSC. Especialista em Ciências Criminais pela Faculdade Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina – CESUSC. Bacharelando em Ciências Policiais pela Academia de Polícia Militar de Trindade – APMT. E-mail: [email protected]. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/6123923417057257. 2 Tenente-Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Especialista em Administração da Segurança Pública, Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Mestre em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/2163687995709662.

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DA CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA AOS MILITARES DOS

ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

Philipe Rapozo1

José Onildo Truppel Filho2

RESUMO

O presente artigo visa verificar a possibilidade de concessão do abono de permanência aos Militares dos Estados e do Distrito Federal, em que pese a distinta disciplina constitucional acerca desses e dos servidores públicos. O método utilizado para execução da pesquisa foi a abordagem dedutiva, por partir de descrições gerais da carreira e do abono de permanência para finalmente confluir estas na análise da possibilidade da concessão do abono de permanência, analisando-se questões legais e eventuais benefícios do instituto. Utilizou-se também o método qualitativo, já que inexiste a necessidade de representatividade numérica, ao passo que visa o aprofundamento da compreensão de uma questão iminentemente conceitual e doutrinária. Não se busca aqui, portanto, um modelo único de pesquisa, haja vista a especificidade da ciência em comento, digna de metodologia própria. A pesquisa também foi bibliográfica, visto que se baseou em conhecimentos já consolidados sobre o assunto, através do levantamento de referências publicadas sobre o assunto nos mais variados meios físicos e eletrônicos. O tema é de extrema relevância, e visa, sobretudo, a boa aplicação do numerário público.

Palavras-chave: Militares dos Estados. Abono de permanência. Princípios.

1 Cadete da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Faculdade Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina – CESUSC. Especialista em Ciências Criminais pela Faculdade Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina – CESUSC. Bacharelando em Ciências Policiais pela Academia de Polícia Militar de Trindade – APMT. E-mail: [email protected]. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/6123923417057257. 2 Tenente-Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Especialista em Administração da Segurança Pública, Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Mestre em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/2163687995709662.

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1 INTRODUÇÃO

Hodiernamente vislumbra-se a constante busca de mecanismos propícios ao

alcance de economia aos cofres públicos e de eficiência da máquina pública. Diante

de um quadro mundial de crise econômica, a busca pela boa aplicação do dinheiro

público é medida imprescindível para qualquer nação minimamente sustentável em

que se preze a saúde financeira e o alcance do interesse público.

No Brasil se vivencia um grave quadro de corrupção – e isto é de

conhecimento público, dada a recorrente veiculação na mídia de antigos e novos

casos de corrupção envolvendo quantias exorbitantes, grandes empresas, servidores

públicos e agentes políticos –, o que ocasiona um estrepitante desvio da aplicação

das verbas públicas a seus devidos fins, pondo em cheque a saúde financeira estatal

e por conseguinte o atendimento dos mais elementares anseios públicos. Por esse

motivo, torna-se ainda mais evidente o dever de se promover a correta aplicação dos

recursos públicos – além de ser uma obrigação constitucional e legal, é uma questão

de sustentabilidade –, sempre visando a máxima eficiência da máquina pública, de

modo a se alcançar o interesse público em sua efetividade máxima.

Nesse sentido, visando a boa aplicação da verba pública, há na Constituição

da República Federativa do Brasil DE 1998 – CRFB/88 uma ferramenta que

incentive, mediante uma contraprestação financeira determinada, um servidor que

tenha cumprido os requisitos para a aposentadoria voluntária possa permanecer no

serviço ativo por mais tempo. Isto possibilita uma desoneração temporária atinente

ao suporte desse servidor na inatividade por parte do Estado. Trata-se a referida

ferramenta do abono de permanência, com previsão no artigo 40, § 19, da CRFB/88.

Contudo, constitui-se de um direito constante da Seção II –“Dos servidores

públicos” – do Capítulo VII – “da administração pública” –, dirigido aos servidores

civis, portanto, ao passo que os militares estaduais encontram-se inseridos na Seção

III – “Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios” do mesmo

capítulo.

Dessa forma, em uma análise inicial e superficial, verifica-se que os Militares

Estaduais e do Distrito Federal não estão abrangidos na Seção II “Dos servidores

públicos” da CRFB/88, de onde se extrai a previsão do abono de permanência.

Diante desse quadro, observa-se que não foi previsto aos Militares Estaduais e do

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Distrito Federal o direito ao abono de permanência, situação que impediria a fruição

deste direito por aqueles.

Apesar de uma aparente barreira à viabilidade da extensão do abono de

permanência aos Militares do Estado e do Distrito Federal, há argumentos no sentido

de que o direito é extensível, analisando-se a questão sob a ótica do vários

dispositivos e princípios constitucionais e legais, além de jurisprudências e

constatações dignos de denotar um provável intuito do constituinte originário de, na

verdade, não pretender excluir a aplicação de tal instituto aos militares, haja vista,

sobretudo, os seus vários benefícios ao interesse público, em que pese as

capitulações constitucionais distintas já referidas.

Além disso, está cada vez mais em voga a possibilidade de aumento do

tempo de permanência em atividade dos agentes públicos tendo-se em vista as

despesas com a previdência social. A manutenção dos Militares dos Estados e do

Distrito Federal mais tempo na ativa está tomando contornos de factibilidade, o que

corrobora ainda mais a necessidade de que esta permanência a mais no serviço

ativo seja propiciada, remunerando-se o militar e evitando-se o aumento dos limites

de idade para a inatividade.

Por conseguinte, o tema é muito importante e atual, pois além de impactar

diretamente os Militares Estaduais e do Distrito Federal, atinge em cheio a saúde

financeira e a logística da Administração Pública. Sua discussão e a formação de um

estudo a respeito é uma importante ferramenta para a viabilidade da implementação

do instituto no âmbito dos militares do Estados e do Distrito Federal.

O objetivo geral do presente trabalho é analisar a viabilidade da concessão

de abono de permanência aos Militares dos Estados e do Distrito Federal, já os

específicos são identificar as características dos Militares dos Estados e do Distrito

Federal; descrever o abono de permanência, suas peculiaridades, sua previsão

constitucional e normativa; analisar os princípios que podem ser aplicados ao caso –

a exemplo do da isonomia, da indisponibilidade do interesse público e da eficiência –,

para ao final analisar a concessão do referido abono aos militares com base nas

informações e conclusões dos demais objetivos específicos.

O cumprimento dos objetivos acima delineados permitirá a resposta da

questão central da pesquisa: aplica-se o art. 40, § 19, da CRFB/88 – que prevê o

abono de permanência –, aos Militares dos Estados e do Distrito Federal, em que

pese a capitulação constitucional distinta entre militares e servidores públicos civis?

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2 DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho visa debater a possibilidade de conceder, aos Militares

dos Estados e do Distrito Federal o abono de permanência.

Para isso, serão tratados aspectos e peculiaridades dos Militares dos

Estados e do Distrito Federal. Abordar-se-á ainda o instituto do abono de

permanência, sua definição, previsão, aplicabilidade e principais características.

Para melhor esclarecer o assunto, se discutirá os princípios consonantes

aplicáveis à questão da viabilidade da concessão do abono de permanência aos

Militares dos Estados e do Distrito Federal; para, ao final, diante da análise integrada

dos capítulos anteriores, tratar da possibilidade de tal concessão.

2.1 Dos Militares dos Estados e do Distrito Federal

Por apresentar muitas peculiaridades, é importante um estudo acerca da

carreira dos Militares dos Estados e do Distrito Federal, discorrendo-se sobre suas

características, amparo e tratamento legais.

2.1.1 Características e peculiaridades das carreiras

Extraem-se do art. 144, V, e §§ 5º e 6º, da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 - CRFB/88 as atribuições das instituições militares

estaduais e do Distrito Federal, bem como as características de forças auxiliares do

exército e de subordinação destas ao Chefe do Executivo do Estado. Em relação à

Polícia Militar, houve um alargamento da missão constitucional em 1988, passando

essa a ser a grande instituição de socorro da sociedade. Desse modo, Foi cunhada

com a nomenclatura de polícia ostensiva com a missão de preservação da ordem

pública (TEZA, 2011, p. 99-100).

Desse modo, grafa a CRFB/88 em seu art. 144, V, e §§ 5º e 6:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. [...]

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Do acima exposto, extraem-se as atribuições das instituições militares

estaduais e do Distrito Federal, bem como as características de forças auxiliares do

exército e de subordinação destas ao Chefe do Executivo. Em relação à Polícia

Militar, houve um alargamento da missão constitucional em 1988, passando essa a

ser a grande instituição de socorro da sociedade. Desse modo, Foi cunhada com a

nomenclatura de polícia ostensiva com a missão de preservação da ordem pública

(TEZA, 2011, p. 99-100).

Ainda nesse sentido, além do papel precípuo da prevenção ostensiva da

prática de futuras infrações penais, com o fito de preservação da ordem pública, não

há óbice para que a Polícia Militar exerça função investigativa – inicialmente e

precipuamente atinente à polícia civil. Ainda não é descartada a possibilidade do

exercício de um papel auxiliar ao Poder Judiciário, o que é bem comum (GRECO,

2014, p. 5).

Por sua vez, o art. 42, § 1º da CRFB/88 alude a uma gama de artigos

constitucionais aplicáveis aos militares de maneira expressa:

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.

Ainda, “regulando aspectos gerais, mas em alguns casos específicos, existe

o Decreto-Lei nº 667/69 que reorganizou as polícias militares e corpos de bombeiros

militares, sendo regulamentado pelo Decreto nº 88.777/83” (HIPÓLITO; TASCA,

2012). Além disso, há a submissão ao controle e fiscalização do exército com relação

ao seu material, organização, efetivo, apreciação dos quadros de mobilização,

orientação quanto à legislação básica, coordenação e controle do cumprimento da

legislação federal e estadual pertinentes, colaboração nos estudos atinentes a

direitos, deveres, remuneração, justiça e garantias, entre outros pontos descritos no

Decreto nº 88777/83, que “aprova o regulamento para as policias militares e corpos

de bombeiros militares (R-200)”.

Outra característica das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares

está insculpida no art. 42 da CRFB/88, que determina a organização baseada na

hierarquia e na disciplina. Ainda, grafa o § 1º do mesmo artigo que se aplicam a

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estes, “além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40,

§ 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as

matérias do art. 142, § 3º, inciso X [...]”.

Por sua vez, cabe à lei estadual a especificação acerca do ingresso dos

Militares dos Estados, a estabilidade e outras condições de transferência do militar

para a inatividade, os limites referentes à idade, além dos direitos, remuneração,

prerrogativas e outras situações especiais dos militares estaduais, dada a

peculiaridade de suas atividades (CARVALHO, 2010, p. 1118).

Também se submetem os militares dos Estados e do Distrito Federal ao

Código Penal Militar – CPM, conforme o art. 9º deste diploma e ao Código de

Processo Penal Militar – CPPM.

Por todo o exposto, verifica-se o específico tratamento constitucional e legal

atinente aos Militares dos Estados e do Distrito Federal. Dessa forma, está o militar

submetido a rigores e a normatizações próprias, inexistentes no âmbito dos

servidores públicos civis.

2.1.2 Do panorama atual em Santa Catarina em relação à transferência para a reserva remunerada à pedido

Especificamente com relação à Polícia Militar de Santa Catarina, em

consonância com as peculiaridades da carreira acima descritas, traz o Estatuto dos

Policiais Militares do Estado de Santa Catarina – Lei nº 6218/83 –, em seu art. 104, I

e II, o tempo mínimo de serviço para a transferência a pedido para a reserva

remunerada:

Art. 104. A transferência para a reserva remunerada, a pedido, será concedida ao militar estadual que contar, no mínimo: I – 30 (trinta) anos de serviço, se homem, desde que 25 (vinte e cinco) anos sejam de efetivo serviço na carreira policial militar; ou II – 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se mulher, desde que 20 (vinte) anos sejam de efetivo serviço na carreira policial militar.

Percebe-se que há, no atinente ao tempo de serviço, um reconhecimento da

diferenciação da carreira policial digna de redução no tempo de serviço se

comparada a carreiras que não estão submetidas aos mesmos fatores estressores.

Reconheceu o Supremo Tribunal Federal - STF, nos autos da Ação Direta de

Inconstitucionalidade – ADI nº 3817 (BRASIL, 2008), nesse ponto, o direito à

aposentadoria especial aos servidores policiais, reafirmando que o art. 1º da Lei

Complementar – LC nº 51/85 foi recepcionado pela CRFB/88.

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Além das carreiras militares do Estado, há o reconhecimento da

“aposentadoria especial” para outras carreiras policiais por força da previsão em

âmbito nacional na Lei Complementar nº 144/14, que “atualiza a ementa e altera o

art. 1º da Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro de 1985, que ‘Dispõe sobre a

aposentadoria do funcionário policial, nos termos do art. 103, da Constituição

Federal’ [...]”, além da previsão em âmbito estadual, nos arts. 1º e 2º da Lei

Complementar nº 343/06, para todo o Grupo Segurança Pública.

Portanto, verifica-se a e existência de peculiaridades em relação à carreira

dos Militares dos Estados e do Distrito Federal, em virtude do tratamento

constitucional e legal, bem como jurisprudencial.

2.2 DO ABONO DE PERMANÊNCIA

Será neste capítulo abordado o abono de permanência, que, por sua

essencialidade para o tema do trabalho e em virtude de suas inúmeras

características, imprescinde de um estudo detalhado. Será possível, a partir do

estudo do referido instituto, depará-lo frente à Carreira dos Militares dos Estados e do

Distrito Federal, somando-se a isso as análises principiológica, legal e jurisprudencial

feitas oportunamente no decorrer deste trabalho.

2.2.1 Previsão constitucional, conceito, características e implementação

Tem como raiz histórica um Decreto baixado no ano de 1921 pelo então

Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara, correspondente a um incremento de ¼ no

salário daquele que optasse permanecer trabalhando embora satisfeitos os requisitos

para a aposentadoria voluntária. Após, até o ano de 1991, equivaleu a 25% do

salário-benefício, tomando contornos atuais na CRFB/88 através da Emenda

Constitucional nº 41/03 (MARTINS, 2012).

Nesse lume, aponta o art. 40, § 19, da CRFB/88, a previsão do abono de

permanência, consistente na concessão de um valor equivalente ao da contribuição

previdenciária para aqueles servidores públicos que tenham satisfeito as exigências

com vistas a requerer a aposentadoria voluntária, até que completem as exigências

para a aposentadoria compulsória. Observe-se ainda que tal abono, por se constituir

norma constitucional, não se confunde com qualquer dos institutos a que se refere o

art. 39, § 4º, da CRFB/88, cujas concessões são obstaculizadas pela percepção

subsídio.

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Segundo Marinela (2015, p. 782), o referido abono corresponde “[...] ao valor

pago ao servidor que, já tendo os requisitos para se aposentar, decidir continuar

trabalhando. [...] O valor é compatível com a contribuição previdenciária que teria que

pagar e a previsão do art. 40, § 19, CF”.

Sobre o tema, complementa Carvalho (2016, p. 862):

Esse abono será recebido pelo servidor, mensalmente, enquanto puder aposentar com proventos integrais e não o quiser, mantendo-se em atividade. O abono é pago em valor correspondente ao da contribuição previdenciária desse servidor.

Por sua vez, Elias (2009, p. 78) o conceitua como uma indenização

pecuniária descontada da remuneração do servidor titular de cargo público efetivo

com vistas a compensar o esforço da permanência em atividade após a satisfação

das condições para a aposentadoria voluntária.

Nessa tessitura, no Estado de Santa Catarina o valor da contribuição

previdenciária – e, portanto, o correspondente ao abono de permanência – é

regulado pela Lei Complementar nº 412/08, que assim dispõe em seu art. 17, I, com

nova redação conferida pela Lei Complementar nº 662/15: “Art. 17 A contribuição

previdenciária será devida ao RPPS/SC: I - pelos segurados e pensionistas, com

alíquota de 14% (quatorze por cento) calculada sobre o salário de contribuição”.

Equivale o referido abono à contribuição previdenciária.

Importante se faz ressaltar que, com o advento da Emenda Constitucional nº

41/03, houve severas reformas no sistema próprio de previdência dos servidores

públicos. Entre essas reformas veio a previsão da cobrança de contribuição

previdenciária em face dos servidores inativos e pensionistas, pelo STF considerada

constitucional (ALEXANDRE, 2013, p. 92).

Embora Marinela (2015, p. 794) considere o abono de permanência como

uma isenção de contribuição previdenciária em virtude do valor de ambas, que, bruto,

é o mesmo, tem-se que tal assertiva é errônea, visto que referido abono e a isenção

constituem institutos distintos. Nesse sentido, bem elucida a diferenciação a seguinte

Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Paraná - TJPR (PARANÁ, 2016):

ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ABONO DE PERMANÊNCIA. AUTOR QUE FAZ REFERENCIA A RESTITUÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ABONO DE PERMANENCIA QUE NÃO SE CONFUNDE COM ISENÇÃO DE CONTRITUÇÃO (sic) PREVIDENCIÁRIA. ISENÇÃO TRATADA PELA EC 20/98 QUE DIFERE DO ABONO CONCEDIDO PELA EC 41/03. [...]. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. O abono de permanência é um benefício de natureza pecuniária concedido ao servidor

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que opte por permanecer em atividade mesmo após cumprir todos os requisitos legais para aposentadoria voluntária. Porém, cumpre destacar que o instituto não se trata de isenção tributária, ou seja, a necessidade da contribuição previdenciária permanece, cabendo, no entanto, ao Estado pagar o abono correspondente a contribuição. [...] Ante o exposto, esta 4ª Turma Recursal - DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de ESTADO DO PARANA , julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito - Provimento em Parte nos exatos termos do vot (TJPR - 4ª Turma Recursal - DM92 - 0010578-81.2016.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Renata Ribeiro Bau - - J. 07.12.2016)

Desse modo, o servidor não deixa de contribuir para o regime previdenciário,

não havendo que se falar em isenção de contribuição previdenciária. Ainda sobre tal

diferenciação, aduz Brito Filho (2012):

Diz-se que o abono de permanência, na sua atual concepção, teria surgido com a Emenda Constitucional nº 20/98. Este pensamento encontra-se equivocado, já que tal emenda foi responsável por prever a isenção da contribuição previdenciária, que de fato se assemelha ao atual abono, mas não se confunde com o mesmo. Com a isenção prevista nos arts. 3º, §1º, e 8º, §5º, da EC 20/98, o servidor que viesse a completar as condições para aposentadoria ali constantes deixaria de contribuir para o regime de previdência ao qual estivesse vinculado, instituindo uma verdadeira hipótese de imunidade tributária. Já o abono de permanência nada mais é do que parcela remuneratória concedida ao servidor público que perfaz os requisitos para sua aposentadoria voluntária e opta por permanecer na ativa, tendo em comum com a citada imunidade apenas o seu valor que correspondente ao da contribuição previdenciária. Enquanto na dita isenção, corretamente denominada de imunidade, já que prevista no texto constitucional, o servidor deixa de pagar contribuição previdenciária, com o abono de permanência o servidor continua contribuindo para o seu regime previdenciário, todavia passa a receber parcela de valor equivalente a essa contribuição.

Não assiste razão também a Carvalho (2016, p. 863) quando afirma que o

servidor recebe de volta o valor pago a título de contribuição previdenciária, visto

que, sobre o abono de permanência há a incidência de imposto de renda,

entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça - STJ através do Recurso

Representativo de Controvérsia nº 1192556/PE (BRASIL, 2010) – em que pese o art.

4°, § 1º, XI, da Lei n° 10.887/04, excluir o valor da incidência da contribuição

previdenciária –, o que torna as quantias distintas, não havendo, portanto, o retorno

pleno do valor até então descontado a título de contribuição previdenciária.

“Esse abono foi criado nas Emendas Constitucionais que alteraram as

regras da previdência pública, tendo como objetivo evitar a debandada geral dos

servidores” (MARINELA, 2015, p. 782). Trata-se o abono de permanência, portanto,

de uma preocupação trazida pela Emenda Constitucional nº 20/98 para se evitar a

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debandada geral dos servidores públicos dos quadros da Administração Pública em

virtude de alterações constitucionais (CARVALHO, 2016, p. 859).

Outra característica é que não há submissão do referido abono ao limite do

teto remuneratório (CARVALHO, 2016, p. 892), o que torna esta ferramenta

constitucional interessante ao Estado.

Alguns Estados já preveem o abono de permanência aos militares, como o

Estado de São Paulo, através, da Lei Complementar Estadual Paulista nº 1249/14,

em seu art. 4º; o Estado de Minas Gerais, através dos art. 204, § 2º e art. 220,

parágrafo único, da Lei Estadual Mineira nº 5301/69, o Estado do Rio de Janeiro,

especificamente aos bombeiros militares, pelo art. 98, § 4º da Lei Estadual Carioca nº

880/85 e o Estado do Rio Grande do Sul, especificamente aos praças da Brigada

Militar, através do art. 58, § 2º da Lei Complementar Estadual Gaúcha nº 10990/97. O

Estado do Paraná, através do art. 117 da Lei Estadual Paranaense nº 6417 /73, com

nova redação dada pelo art. 4º da Lei 14961/05, também adota a concessão do

abono de permanência para a Polícia Militar, consoante as seguintes diretrizes: Art. 117. O militar que preencher os requisitos estabelecidos no art. 157, § 4º, I, da Lei nº 1.943, de 23 de junho de 1954, e optar por permanecer em atividade, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor de sua contribuição previdenciária, subsistindo até que seja transferido para a inatividade.

Completa o art. 157, § 4º, I, da Lei nº 1943/54 do Estado do Paraná:

Art. 157. Serão transferidos compulsoriamente para a reserva remunerada o oficial que conte ou venha a contar 35 anos de serviço público, o que atingir a idade limite estabelecida nesta Lei e o que permanecer afastado da atividade militar ou policial por mais de 8 (oito) anos contínuos ou não. [...] § 4º. Poderá ser transferido, a pedido, para a reserva remunerada, o militar que conte mais de: I - 30 anos de serviço público, na forma do art. 158, da Constituição Estadual, independentemente de inspeção de saúde e com os proventos integrais;

Do acima exposto, observa-se que o Estado do Paraná adota a dinâmica da

possibilidade de permanência do militar que, havendo cumprido os requisitos para a

transferência a pedido para a reserva remunerada, opte por permanecer no serviço

até a sua efetiva transferência para a inatividade de maneira compulsória.

Em relação à outras carreiras, no Estado de Santa Catarina tem-se que o

instituto é aplicado, inclusive, em relação a outras carreiras de natureza policial, a

exemplo da carreira de Delegado de Polícia Civil, com previsão de abono de

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permanência aos seus membros, nos termos do art. 3º, IV, da Lei Complementar

Estadual nº 609/13.

Outro ponto importante a ser destacado é que, como já trazido

anteriormente, há para os policiais o reconhecimento chamada “aposentadoria

especial” – ressalvada a imprecisão terminológica para o contexto militar –, já

reconhecida pelo STF. Contudo, poder-se-ia questionar a compatibilidade da

aposentadoria especial com o percebimento do abono de permanência.

Em referência à questão acima levantada, o STF já assentou em sede de

repercussão geral, nos autos do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) nº

954408 (BRASIL, 2016), cujo relator foi o Ministro Teori Zavascki, que os servidores

públicos abrangidos pela aposentadoria especial possuem o direito de perceber o

abono de permanência, visto que o art. 1º, I, da LC nº 51/85, tratante da

aposentadoria especial dos policiais foi recepcionado pela CRFB/88. Além disso,

destacou o Ministro Teori Zavascki que a Corte Constitucional tem o entendimento

consolidado de que a CRFB/88 não veda a extensão do direito ao benefício aos

servidores públicos aposentados com estribo no art. 40, § 4º da CRFB/88, que trata

da aposentadoria voluntária especial, manifestando-se pela repercussão geral da

matéria, reafirmando a jurisprudência e conhecendo do agravo, negando provimento

ao recurso extraordinário, sendo seguido por maioria, vencido o Ministro Marco

Aurélio.

Do supra exposto, dessume-se que se trata o abono de permanência de uma

ferramenta constitucional eficiente, consonante com o interesse público, com tradição

no ordenamento jurídico pátrio, utilizada por inúmeras carreiras civis, inclusive já

implementada no âmbito das instituições militares de alguns Estados.

2.3 DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O presente capítulo é de fundamental importância para o presente trabalho,

haja vista, notadamente, as funções balizadora e norteadora dos princípios,

“proposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações

subsequentes” (CRETELLA JÚNIOR, 2008. p. 61). São os postulados genéricos que

atribuem unidade e coerência ao sistema normativo (GUIMARÃES, 2002, p. 46).

Nesse ínterim, em relação ao rol dos princípios aplicáveis à questão da

viabilidade da extensão do abono de permanência aos Militares dos Estados e do

Distrito Federal, far-se-á, nesse momento, uma análise meramente conceitual, para

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que, oportunamente, no capítulo 2.4, seja realizado o debruçamento acerca da

sintonia desses com o instituto em debate.

Inicia-se com a análise do princípio da isonomia. Almeja o referido princípio a

busca pela tratativa isonômica entre os administrados, sem discriminações,

favoritismos ou perseguições (MELLO, 2012, p. 117), ou seja, veda qualquer

vantagem não extensiva a outrem (CARVALHO FILHO, 2011, p. 225).

No mesmo compasso, complementa Cunha Júnior (2015, p. 54-55) que o

princípio da isonomia é um postulado básico da democracia, ao passo que indica que

todos são merecedores das mesmas oportunidades, obstando-se o tratamento

desigual às pessoas iguais. É um importante postulado limitador da

discricionariedade legislativa, já que a lei deve ser um instrumento regulador da vida

social com o escopo de promover a tratativa equitativa aos cidadãos (CUNHA

JÚNIOR, 2015, p. 55).

Eis que surge o postulado da igualdade perante a lei, dirigida aos aplicadores

desta – a lei deve ser igualmente aplicada, mesmo que dela decorra uma

desigualdade (CUNHA JÚNIOR, 2015, p. 55). Mello (2012, p. 117), por sua vez, traz

o princípio da isonomia como sinônimo dos princípios da impessoalidade e o da

igualdade. Nessa jaez, há o status constitucional do aventado princípio nos art. 5º,

caput, e art. 37, caput, da CRFB/88.

Nesse enfoque constitucional, aduz Carvalho (2010, p. 824) que a CRFB/88

abre o Título da Declaração de Direitos com a afirmativa constante do art. 5º, caput,

de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”,

constando ainda a igualdade do art. 3º, IV, da CRFB/88, como objetivo fundamental

do Estado Brasileiro.

Por fim, há ainda o desdobramento do princípio da isonomia lato sensu no da

isonomia tributária, que nas palavras de Alexandre (2013, p. 655) “impõe a

desigualdade de tratamento entre os sujeitos passivos que estejam em situação

desigual, na medida das desigualdades entre eles havidas”.

Outro princípio aplicável é o princípio da finalidade, que impõe este que o

Administrador só pratique um ato visando seu fim legal, indicado expressa ou

virtualmente pela norma do Direito como seu objetivo (MEIRELLES, 2010, p. 93), já

que “o fim da lei é o mesmo que o seu espírito e o espírito da lei faz parte da lei

mesma” (QUEIRÓ apud MELLO, 2012, p. 109).

Nesse passo, bem traduz tal princípio o art. 2º, XIII, da Lei nº 9784/99:

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Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. [...] XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

Nessa senda, a referida finalidade sempre possuirá como escopo certo e

inerente a qualquer ato administrativo o interesse público, sob pena de configuração

de desvio de finalidade, nos termos do art. 2º, parágrafo único, “e”, da Lei nº 4.717/65

(MEIRELLES, 2010, p. 93). Nesse norte, aplicar a lei como escora para a realização

de ato destoante de sua finalidade é desvirtuá-la – burlá-la sob o pretexto de cumpri-

la –, culminando-se o ato como nulo por desvio de poder ou de finalidade (MELLO,

2010, p. 109).

Para Meirelles (2010, p. 93), o princípio da finalidade nada mais seria que o

clássico princípio da impessoalidade, constante do art. 37, caput, da CRFB/88.

Ainda, tal princípio estaria ligado ao da igualdade (art. 5º, I e art. 19, III, da CRFB/88),

na medida em que impõe à Administração Pública a tratativa igualitária daqueles que

se encontrem em situação fática e jurídica equivalente (MEIRELLES, 2010, p. 94).

Já para Mello (2012, p. 109), o princípio em tela está contido pelo princípio

da legalidade, a este sendo imanente, visto que corresponde à aplicação da lei em

virtude do objetivo para que foi editada, ou seja, sua razão de ser. Além de possuir

raiz constitucional no princípio da legalidade, estampado no art. 37 da CRBF,

entende-se que há ainda outro dispositivo constitucional que lhe dá ancoradouro, o

art. 5º, LXIX, que traz a possibilidade da impetração de mandado de segurança em

face de abuso de poder, ou seja, o poder exercido além dos limites, sendo a

finalidade um desses limites (MELLO, 2010, p. 111).

Ainda sobre o princípio da finalidade, discorre Celso Antônio Bandeira de

Mello (2012, p. 109) traz que “o que explica, justifica e confere sentido a uma norma

é precisamente a finalidade que a anima. A partir dela é que se compreende a

racionalidade que lhe presidiu a edição”. Consiste, dessa forma, na subjugação ao

dever de almejar a finalidade normativa (MELLO, 2010, p. 109).

No mesmo espírito do princípio supra aludido é o da indisponibilidade do

interesse público. Este princípio, decorrente do princípio da supremacia do interesse

público, apresenta que, diante da não possibilidade de disposição dos interesses

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públicos provenientes de guarda conferida por disposição legal, os poderes

atribuídos à Administração possuem um caráter de poder-dever, não podendo,

portanto, deixar a Administração de exercê-los, sob pena de se configurar omissão,

como por exemplo, no ato de deixar que ocorra liberalidade com o dinheiro público

(DI PIETRO, 2010, p. 66).

Segundo a Escola do Interesse Público, o próprio regime jurídico de direito

administrativo teria como fundamento os princípios da supremacia do interesse

público e da indisponibilidade do interesse público, já que as normas

administrativistas teriam como desiderato o alcance da prevalência dos referidos

princípios, dignos de orientar diversas normas afetas ao setor. Ou seja, segundo esta

vertente, o interesse público prevaleceria sobre os demais interesses (JUSTEN

FILHO, 2010, p. 59).

Extrai-se do citado princípio que não é possível que a Administração Pública

disponha de um interesse geral nem renuncie a poderes de tutela conferidos por lei

(MEIRELLES, 2010, p. 105), ou em outras palavras, que a Administração imponha o

sacrifício ou transigência do interesse público (JUSTEN FILHO, 2010, p. 59). Define

Hely Lopes Meirelles (2010, p. 105) como aquele de cumprimento obrigatório pela

Administração Pública, de modo a corresponder aos fins de interesse geral, vedando-

se a renúncia de poderes ou de competência, salvo expressa autorização legal, nos

termos do art. 2º, II, da Lei nº 9.784/99.

“Este princípio está presente tanto no momento da elaboração da lei como no

momento da sua execução em concreto pela Administração Pública. Ele inspira o

legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação” (DI PIETRO,

2010, p. 64).

Justen Filho (2010, p. 59), por sua vez, afirma que a supremacia e

indisponibilidade do interesse público é a concepção de regime jurídico de direito

público que preside o direito administrativo, por se vincularem diretamente ao

princípio da República, que dissocia titularidade de exercício do interesse público, por

ser o povo o titular. Nessa toada, é o agente mero servo do interesse público, que é

indisponível, não havendo a possibilidade de escolha do seu cumprimento (JUSTEN

FILHO, 2010, p. 59).

Há ainda o princípio da eficiência, inserido pela Emenda Constitucional nº 19

de 1998 no art. 37, caput, da CRFB/88 e com previsão no art. 2º, caput, da Lei nº

9784/99, possuindo, nas palavras de Di Pietro (2010, p. 82-83), dois aspectos: o

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melhor modo possível de atuação do agente público, esperando-se o melhor

resultado possível decorrente de sua atuação; e ao modo de disciplinar, organizar e

estruturar a Administração Pública, também com vistas a obter os melhores

resultados quando da prestação do serviço público – e é este segundo aspecto que

se relaciona com o trabalho em tela.

Relaciona-se tal princípio com as normas de boa administração, já que deve

a Administração Pública, por meio de seus setores, exercer suas atividades de modo

a alcançar o maior número de efeitos positivos a seus administrados, levando-se em

conta a sopesação do custo-benefício e almejando a excelência de recursos, por

exemplo, sempre na busca de se conferir a maior eficácia possível às ações estatais

(CARVALHO, 2010, p. 1096).

Já Moraes (2002, p. 317) assim o define:

[...] impõe à Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca de qualidade, primando pela adoção de critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração da tecnocracia, muito pelo contrário, o princípio da eficiência dirige-se para a razão e fim maior do Estado, a prestação de serviços sociais essenciais à população, visando a adoção de todos os meios legais e morais possíveis para a satisfação do bem comum.

Para Carvalho Filho (2012, p. 29), decorre o princípio da eficiência do

descontentamento social ante a deficiente prestação dos serviços públicos, que

trouxe incontáveis prejuízos aos seus usuários. O aventado princípio configura um

dever constitucional da Administração Pública, possuindo como cerne a procura da

produtividade, da economicidade e da exigência da redução do desperdício de

dinheiro público, importando na prestação de um serviço com rendimento funcional,

presteza e perfeição.

Já Mello (2012, p. 125) prefere chamar o princípio da eficiência de princípio

da boa administração, pois, a seu ver, a eficiência está intimamente ligada à

legalidade, dever administrativo por excelência. Trata, pois, o princípio da eficiência

como uma faceta do princípio da boa administração, que significa o desenvolvimento

da atividade administrativa pelo modo “mais congruente, mais oportuno e mais

adequado aos fins a serem alcançados, graças à escolha dos meios e da ocasião de

utilizá-los, concebíveis como os mais idôneos para tanto” (MELLO, 2012, p. 125).

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São, pois, vários os princípios, constitucionais, infraconstitucionais e

correlatos passíveis de aplicação à questão da possibilidade de concessão do abono

de permanência aos Militares dos Estados e do Distrito Federal.

2.4 DA CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA AOS MILITARES

Na redação original da CRFB/88 havia o mesmo tratamento para os

servidores públicos civis e os militares, situação esta modificada pela Emenda

Constitucional nº 18 de 1998 que, em seu art. 2º, dispôs apenas dos servidores

públicos na Seção II do Capítulo VII do Título III. Deixou a CRRB, portanto, de

enquadrar os Militares como pertencentes da categoria servidores públicos (JUSTEN

FILHO, 2010, p. 846).

Em que pese a expressa previsão dos dispositivos constitucionais

extensíveis aos Militares pelo art. 42, § 1º da CRFB, a previsão de direitos não se

encerra nesse ponto – não se trata de um rol exaustivo –, já que o mesmo § 1º do

art. 42 da CRFB/88 traz a expressão “além do que vier a ser fixado em lei”,

remetendo ainda à competência legislativa estadual para especificar as matérias

constantes do art. 142, § 3º da CRFB/88 – “limites de idade, estabilidade e outras

condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a

remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares,

consideradas as peculiaridades de suas atividades” – (CARVALHO, 2010, p. 1118).

Percebe-se acima, pois, que não há empecilhos para que seja instituído o

abono de permanência aos militares em âmbito estadual, mas ao contrário, a

CRFB/88 lhe confere essa competência nos termos do § 1º do art. 42 da CRFB/88 –

aliás, foi este o dispositivo constitucional utilizado pelos Estados que já preveem o

referido abono –. Nesse viés, infere-se que a própria CRFB, em que pese capitular

distintamente Militares e servidores públicos, traz a possibilidade de regulamentação

do tema por legislação estadual, permitindo, portanto, a fruição do abono de

permanência pelos militares, por se tratar de assunto afeto ao amplo rol constante do

art. 142, § 3º, X, da CRFB/88.

Nesse sentido, a CRFB/88 deve ser analisada de maneira sistemática e

jamais de forma isolada. Nesse passo, socorre-nos o Professor Ferraz Júnior (2003,

p. 288-289) acerca da interpretação sistêmica:

[...] emergem recomendações sobre a hierarquia e conexão das normas do ordenamento num todo que culmina (e principia) pela primeira norma-origem do sistema, a Constituição.

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[...] em tese, qualquer preceito isolado deve ser interpretado em harmonia com os princípios gerais do sistema, para que se preserve a coerência do todo. Portanto, nunca devemos isolar o preceito nem em seu contexto (a lei em tela, o código penal, civil, etc.) e muito menos em sua concatenação imediata (nunca leia um só artigo, leia também os parágrafos e os demais artigos.

Dessa forma, a questão merece também ser analisada à luz dos princípios

correlatos, dada a qualidade desses como pensamentos diretores da

regulamentação jurídica e critérios norteadores da Constituição, modelos jurídicos e

da ação das normas (AMARAL, 2003, p. 92).

Nesse lume, inicia-se a análise do princípio da isonomia. Observa-se que o

STF, ao reconhecer a aposentadoria especial para os integrantes da carreira policial,

entendeu que esta condição não afasta o percebimento, por parte do servidor que

executa atividade de risco, do percebimento do abono de permanência, nos termos

do Recurso Extraordinário nº 609043 AgR/PR (BRASIL, 2013).

Do acima exposto, percebe-se o reconhecimento das condições adversas de

trabalho do policial dignas de propiciar a aposentadoria especial – e aí inclusos os

policiais militares, como já abordado oportunamente –. Por essa razão, causaria

estranheza que, em que pese a similaridade do tratamento legal conferido aos

integrantes da carreira policial com referência à aposentadoria especial e observadas

as próprias características de trabalho em condições adversas e com risco de vida,

aos militares, diferentemente do que ocorre com todos os demais executantes de

atividades de risco, fosse negado o direito de usufruir do abono de permanência.

Há também a questão relativa aos princípios da indisponibilidade do

interesse público, da finalidade e da eficiência. Nesse passo, o Ministro Dias Toffoli

bem analisou a questão nos autos da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

nº 956.304 (BRASIL, 2016):

A mens legis é nitidamente traduzida no incentivo à permanência na ativa, promovendo uma decorrente economia para o Poder Público, que posterga o pagamento simultâneo dos proventos de aposentadoria do servidor egresso e da remuneração do respectivo substituto. [...] O debate resvala também, cumpre notar, no significativo impacto sobre as finanças públicas, atuais e futuras.

Dessa forma, possui o abono em questão essencialmente o escopo de

estimular o servidor que satisfez os requisitos para se aposentar, mas permaneceu

em atividade até a data de sua aposentadoria compulsória, de modo a se alcançar

economia ao Estado, visto que é adiada a dupla despesa ocasionada pelo

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pagamento de proventos a um aposentado além da remuneração ao servidor

substituto (BRIGUET; VICTORINO ; HORVATH JÚNIOR, 2007, p. 125).

Em outras palavras, o referido abono gera economia e eficiência ao poder

público, ao passo que retarda a contratação de novos agentes – através do estímulo

ao servidor pela continuidade do exercício do serviço público, visando a desoneração

da previdência, já que evita o pagamento simultâneo de proventos e rendimentos –, e

a concessão de aposentadorias, ações com direto impacto nos cofres públicos

(BRITO FILHO, 2012).

O fato acima descrito possui fundamental importância em um contexto

histório em que há o extraordinário aumento populacional de idosos (HEKMAN,

2004), ou em outras palavras, aumento da expectativa de vida. Desse modo, o

envelhecimento de seus servidores e a não reposição rápida do quadro de pessoal

vem se tornando uma preocupação das Instituições Públicas (NUNES et al., 2009).

Em relação à importância do tema, tem-se que, em âmbito federal, em uma

tentativa do Governo para salvar as contas públicas do exercício de 2016,

almejando-se uma economia de R$ 1,2 bilhão de reais, cogitou-se a extinção do

abono de permanência via Emenda Constitucional. Contudo, diante de uma análise

racional do caso, verificou-se o efeito nefasto da medida, que promoveria uma

debandada em massa dos servidores da União que já satisfizeram os requisitos para

se aposentar, além de que, em que pese gerar uma economia a curto prazo, elevaria

o déficit previdenciário (BÔAS; SOUZA, 2015).

Portanto, diante do supra exposto, percebe-se o total amparo para a

extensão do abono de permanência aos militares dos Estados e do Distrito Federal,

tema este atual e muito relevante à saúde financeira nacional, que assiste hoje à

necessidade de corte de gastos e do uso acertado de seus recursos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação aos Militares dos Estados e do Distrito Federal, evidencia-se a

sua diferenciação quanto ao tratamento legal e constitucional frente aos servidores

públicos. Assim sendo, além de tratamento constitucional específico, há um amplo

acervo legal aplicável também de maneira específica, impondo obrigações e

prevendo direitos diversos, consonantes com as peculiaridades dos militares, fatores

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estes dignos de identificar as características dos Militares dos Estados e do Distrito

Federal.

Em relação às peculiaridades, previsão normativa e constitucional do abono

de permanência, denota-se que é uma ferramenta constitucional que possibilita

manter no serviço ativo o servidor que opte por tal condição quando do

preenchimento dos requisitos para a aposentadoria voluntária, mediante

contraprestação financeira correspondente a uma contribuição previdenciária. Está

previsto na CRFB/88 na Seção II –“Dos servidores públicos” – do Capítulo VII – “Da

administração pública” e já é aplicado em alguns Estados aos militares mediante a

elaboração de leis estaduais específicas, não havendo previsão a esses em Santa

Catarina, mas somente às carreiras civis.

Já em relação aos princípios aplicáveis à concessão do abono de

permanência aos militares, conceituam-se laconicamente o da isonomia por buscar a

tratativa isonômica entre os administrados; o da indisponibilidade do interesse

público por perseguir um interesse geral, buscando-se evitar liberalidades com o

numerário público; e o da eficiência como aquele que, dirigido a toda a administração

pública, preza pela obtenção dos melhores resultados quando da prestação do

serviço público; dentre outros princípios correlatos.

Por sua vez, verifica-se que a concessão do referido abono é viável, diante

de uma análise conjunta dos aspectos dos Militares dos Estados e do Distrito

Federal, das peculiaridades do abono de permanência e dos princípios aplicáveis ao

tema. Não há incompatibilidades ou óbices legais dignos de barrar tal direito aos

militares, mas ao contrário, há uma forte sintonia da compatibilidade do instituto tanto

em âmbito constitucional quanto legal, jurisprudencial e doutrinário.

Por todo o exposto, é inconteste que há capitulações constitucionais distintas

para os servidores públicos e os militares e que o art. 42, § 1º da CRFB/88 alude a

uma gama de artigos constitucionais aplicáveis aos militares. Ocorre que, além

destes artigos expressamente indicados, há de se observar os demais dispositivos

constitucionais, inclusive abarcados no próprio § 1º, do art. 42 da CRFB/88, bem

como o basilar leque de princípios básicos trazidos pelo art. 37, caput, da CRFB/88,

que orientam de forma geral toda a Administração Pública, bem como a

jurisprudência assentada acerca do tema.

Diante de todo o exposto, mediante uma análise abrangente e completa

acerca do assunto, observe-se que, além do amparo constitucional e legal, o instituto

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em comento traz sobrevida à saúde financeira pública, que atualmente vivencia um

gradual incremento dos gastos com inativos resultante do aumento da expectativa de

vida. Ainda, por corolário do atendimento ao interesse público, tornar-se-ia a máquina

pública mais eficiente ao passo que recursos seriam economizados e mais bem

aplicados, evitando-se, por exemplo, a contratação de novos servidores – ou a falta

de pessoal resultante da não realização de novas contratações, devido a eventuais

crises financeiras nos Entes Federativos –, otimizando-se o serviço público e,

portanto, alcançando-se os objetivos da Administração Pública de forma eficaz.

Por fim, sugere-se estudos acerca das consequências financeiras e de

recursos humanos aos Estados que instituíram o abono de permanência aos

militares, bem como a realização de estimativas no Estado de Santa Catarina sobre

os possíveis impactos de tal instituição, de modo a se traduzir numericamente

eventuais benefícios econômicos e de efetivo ativo, bem como o estudo dos fatores

que levam os militares a permanecerem em atividade ou não quando do

cumprimento dos requisitos para o requerimento da reserva remunerada.

Sugere-se ainda que eventual disciplina do abono de permanência, via lei

estadual específica, seja balizada por requisitos e especificações, a exemplo da

indicação do perfil dos militares aptos a usufruir do abono; bem como a possível

previsão de uma situação de agregação aos optantes do abono, de modo a conferir

fluidez à carreira.

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REFERÊNCIAS

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AMARAL, Francisco. Direito civil introdução. 5 ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. BÔAS, Bruno Villas; SOUZA, Leonardo. Extinção de abono de permanência ameaça esvaziar órgãos públicos. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1687045-extincao-de-abono-ameaca-esvaziar-orgaos-publicos.shtml>. Acesso em: 16 jan. 2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 04 out. 2016.

______. Decreto-Lei nº 667, de 2 de Julho de 1969: Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Território e do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm>. Acesso em: 05 maio 2017.

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______. Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro de 1985. Dispõe sobre a aposentadoria do servidor público policial, nos termos do § 4o do art. 40 da Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp51.htm>. Acesso em: 04 out. 2016.

______. Lei Complementar nº 144, de 15 de maio de 2014. Atualiza a ementa e altera o art. 1o da Lei Complementar no 51, de 20 de dezembro de 1985, que “Dispõe sobre a aposentadoria do funcionário policial, nos termos do art. 103, da Constituição Federal, para regulamentar a aposentadoria da mulher servidora policial. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp144.htm>. Acesso em: 04 out. 2016.

______. Superior Tribunal de Justiça – STJ. Recurso Representativo de Controvérsia nº 1192556/PE. Relator Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Sessão, julgado em 25 ago. 2010. Disponível em < http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?processo=1192556&&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em: 09 maio 2017.

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______. Supremo Tribunal Federal – STF. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 609043 AgR/PR. Relator: Ministro Luiz Fux, Primeira Turma,

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