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  • G ustavo Bregalda N eves K heyder Loyola

    DIREITO PREVIDENCIRIO

    neunsosCOMENTADAS

    ...EDITORA l& R ID E E L

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  • SOBRE OS AUTORES

    G U S T A V O B R E G A L D A N E V E S

    Doutor em Direito do Estado.

    Mestre em Direito Pblico.

    Professor de Cursos Preparatrios para Carreiras Jurdicas e OAB.

    Aprovado em mais de 30 Concursos Pblicos.

    Ex-Juiz Estadual em So Paulo.

    Ex-Procurador Federal.

    Ex-Advogado do BNDES.

    Juiz Federal em So Paulo.

    K H E Y D E R LO YO LA

    Mestre em Direito pela FADUSP.

    Ps-graduado pela UFMG.

    Professor de cursos preparatrios para carreiras jurdicas, OAB e graduao.

    Advogado.

  • DIREITOPREVIDENCIRIO

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  • DIREITO PREVIDENCIRIO

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  • E X P E D I E N T E

    P r e s id e n t e e e d it o r

    D ir e t o r a e d it o r ia l

    E d it o r a a s s is t e n t e

    E q u ip e t c n ic a

    P r o j e t o G r f ic o

    D ia g r a m a o

    P r o d u o G r f ic a

    I m p r e s s o

    Ita lo Am adioK atia F. A m adioA n a Paula A lexandreB ianca ConfortiF lav ia G. Falco de O liveiraM arce lla P m ela d a C o sta SilvaS erg io A. PereiraP ro jeto e Im agemH elio Ram osR R Donnelley

    D ados In ternacionais de C a ta logao na Publicao (CIP) (C m ara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Neves. Gustavo BregaldaDireito previdencirio para concursos / Gustavo Bregalda Neves e

    Kheyder Loyola. - 1. ed. - So Paulo : Rideel, 2012.

    Bibliografia.ISBN 978-85*339-2051-4

    1. Direito previdencirio 2. Direito previdencirio - Concursos - Brasil I. Loyola, Kheyder. II. Ttulo.

    11 -14379 CDU-34:368(81 )(079.1)

    n d ices para c a t lo g o s is tem tico :1. Brasil: Concursos pblicos : Direito previdencirio 34:368(81 )(079.1)2. Brasil: Direito previdencirio : Concursos pblicos 34:368(81 )(079.1)

    Edio Atualizada at 16-12-2011

    Copyright - Todos os direitos reservados

    EDITORARIDEEL

    Av. Casa Verde, 455 - Casa Verde CEP 02519-000 - So Paulo - SP

    e-mail: [email protected] www.editorarideel.com.br www.juridicorideel.com.br

    P ro ib id a q u a lq u e r re p ro d u o , m e c n ic a ou e le tr n ica , to ta l o u p a rc ia l, sem p r v ia p e rm is s o p o r e s c r ito d o ed ito r.

    3 5 7 9 8 6 4 2 0 31 2

    'VM.If*'rC K O M A A ftU M *

    mailto:[email protected]://www.editorarideel.com.brhttp://www.juridicorideel.com.br

  • Dedicamos esta obra a todos os alunos, bacharis e concursandos que nos fazem continuar nesta trajetria,

    sempre na busca constante do aperfeioamento.

    Desejamos fora, persistncia e muitos estudos.

    Os A u to r e s

  • Sumrio

    C aptu lo 1 - S n tese H is t r ic a ............................................................................................. 1

    C a p tu lo 2 -S e g u r id a d e S o c ia l.......................................................................................... 7

    2.1 Introduo..................................................................................................................... 92.1.1 Sade.................................................................................................................. 102.1.2 Previdncia Social.............................................................................................112.1.3 Assistncia Social.............................................................................................122.1.4 Principais diferenas entre os institutos integrantes da

    Seguridade Social................................................. .............. ............................132.1.5 Organizao da Seguridade Social..................................................................14

    2.2 Princpios da Seguridade S oc ia l.........................................................................162.2.1 Princpios constitucionais gerais....................................................................... 172.2.2 Princpios constitucionais prprios da Seguridade Social.............................. 172.2.3 Princpios constitucionais especficos.............................................................. 23

    2.3 Financiamento para a Seguridade S o c ia l........................................................242.3.1 Forma indireta.....................................................................................................252.3.2 Forma direta........................................................................................................252.3.3 Natureza jurdica.................................................................................................262.3.4 Contribuies para a Seguridade Social..........................................................332.3.5 Competncia para instituir novas contribuies............................................. 352.3.6 Competncia ex officio da Justia do Trabalho para cobrana de

    contribuies previdencirias.......................................................................... 362.3.7 Regime jurdico das contribuies sociais..................................................... 36

    2.4 Prescrio e decadncia ..................................................................................... 372.4.1 Decadncia....................................................................................................... 372.4.2 Prescrio............................................................. .......... ,...........,.... .............38

    2.5 Remisso e an istia ..................................................................................................39

    C aptu lo 3 - Leg is lao P re v id e n c i r ia .......................................................................41

    3.1 Fontes do Direito P revidencirio.........................................................................43

    3.2 Aplicao das normas p rev idenc i rias ............................................................ 453.2.1 Vigncia................................................. ......................... .................................. 453.2.2 Interpretao e hermenutica......................................................................... 463.2.3 Questo da analogia............................................................. ....... ........... ........47

    C aptu lo 4 - Da P re v id nc ia S o c ia l............................................................................... 49

    4.1 Regimes previdenci rios...................................................................................... 514.1.1 Regime Geral de Previdncia Social - R6PS................................................. 51

  • Direito Previdencirio para Concursos

    4.1.2 Regime Prprio dos Servidores Pblicos - RPPS.............................................514.1.3 Regime de Previdncia Complementar...........................................................524.1.4 Regime prprio dos M ilitares........................................................................... 52

    4.2 Beneficirios do Regime Geral de Previdncia Social - RGPS......................53

    4.3 Segurados obriga trios..........................................................................................544.3.1 Empregado(art. 11,1, a. da Lei nQ 8.213/1991 earts. 22e3 daCLT)......... 544.3.2 Empregado domstico (art. 11, II, da Lei n2 8.213/1991)..............................564.3.3 Contribuinte individual (art. 11. V, da Lei nc 8.213/1991).............................. 564.3.4 Trabalhador avulso (art. 11. VI. da Lei n* 8.213/1991)................................... 574.3.5 Segurado especial............................................................... .............................57

    4.4 Segurado facu lta tivo ...............................................................................................59

    4.5 Servidor pblico vinculado ao RPPS...................................................................60

    4.6 Dependentes................................................................................... .........................604.6.1 Dependentes de 1a classe................................................................................. 604.6.2 Dependentes de 2a classe................................................................................. 624.6.3 Dependentes de 3a classe................................................................ *........... 62

    4.7 Aquisio, manuteno e perda da qualidade de segurado ........................634.7.1 Aquisio da qualidade de segurado........................... ................................... 644.7.2 Manuteno e perda da qualidade de segurado.............................................65

    4.8 Perda da condio de dependente .................................................................... 67

    4.9 C arncia.....................................................................................................................684.9.1 Aposentadoria por invalidez e auxlio-doena................................................. 684.9.2 Aposentadoria por idade, por tempo de contribuio e especial...................694.9.3 Salrio-maternidade..........................................................................................694.9.4 Aposentadoria por idade do empregado rural (art. 3a da Lei

    nM 1.718/2008)..................................................................................................704.9.5 Benefcios que independem de carncia (art. 26 da Lei n2 8.213/1991)...... 704.9.6 Incio do cmputo da carncia........................................................................... 71

    C aptu lo 5 - F inanc iam ento da P re v id n c ia S o c ia l ................................................75

    5.1 In troduo.................................................................................... .............................77

    5.2 Sujeito ativo de relao jurdica de co tizao ................................................. 77

    5.3 Sujeito passivo da relao jurdica de co tizao ............................................78

    5.4 A imunidade das contribuies de Seguridade S oc ia l................................. 78

    C aptu lo 6 - C o n trib u i o do S egurado ........................................................................83

    6.1 In troduo................................................................................................................. 85

  • 6.2 Clculo do va lor dos benefc ios.............................................................................856.2.1 Salrio de benefcio................................................................................ .........856.2.2 Salrio de contribuio......................................................................................85

    6.3 Parcelas que no integram o salrio de con tribu io .................................... 90

    6.4 Apurao da contribuio de v ida ........................................................................936.4.1 Breve noo................................................................................. ....................936.4.2 Empregado (inclusive o domstico e o trabalhador avulso)............................946.4.3 Contribuinte individual e contribuinte facultativo........................................... 946.4.4 Segurado especial (art. 25 da Lei n- 8.212/1991)............................................ 96

    6.5 Procedimento fisca l para constitu io do crdito previdencirio ................976.5.1 Exame da contabilidade..................................................................................... 976.5.2 Aferio indireta................................................................................................ 98

    C aptu lo 7 - C on tribu io de Empresa e do Em pregador D o m s tic o ................ 101

    7.1 Hiptese de in c idn c ia ..........................................................................................103

    7.2 Base de clculo e alquotas..................................................................................104

    7.3 Contribuies especiais com alquotas diferenciadas e substitutivasda contribuio pa trona l....................................................................................... 1057.3.1 Contribuio empresarial da associao desportiva que mantm equipe

    de futebol profissional (art. 22, ^ e 11. da Lei na 8.212/1991).................1067.3.2 Contribuio do produtor rural pessoa fsica (art. 25 da Lei

    n2 8.212/1991)...................................................................................................1077.3.3 Contribuio do produtor rural pessoa jurdica (art. 22-A da

    Lei n"- 8.212/1991)............................................................................................ 108

    7.4 Contribuio da m icroem presa........................................................................... 108

    7.5 Contribuio dos empregadores dom sticos..................................................109

    C ap tu lo 8 -R e s p o n s a b ilid a d e S o lid r ia .................................................................... 111

    8.1 Introduo......................................................................... ................... ................... 113

    8.2 Hipteses de eliso da responsabilidade so lid ria ........................................114

    8.3 Responsabilidade da Adm inistrao Pb lica .................................................. 114

    8.4 Hipteses de supresso da responsabilidade so lid ria ............................... 115

    C a p tu lo 9 - D o Regim e G eral da P re v id n c ia S o c ia l...........................................117

    9.1 Regras constituc iona is ..........................................................................................1199.1.1 Vedao de adoo de critrios diferenciados...............................................1209.1.2 Vedao de concesso de benefcios inferiores ao salrio mnimo............ 1209.1.3 Correo de todos os salrios de contribuio..............................................120

  • Direito Previdencirio para Concursos

    9.1.4 Preservao do valor real dos benefcios (art. 201, 42, da CF).................1209.1.5 Gratificao natalina para aposentados e pensionistas.............................. 1219.1.6 Sistema de incluso previdenciria para trabalhadores de baixa renda.... 1219.1.7 Contagem recproca para fins de aposentadoria (art. 201. 92. da CF).......1219.1.8 Conselho Nacional de Previdncia Social - CNPS.......................................122

    C aptu lo 1 0 - B e ne fc ios do Regime Geral da P re v id nc ia S o c ia l................... 125

    10.1 In troduo............................................................................................................. 127

    10.2 Clculo das p res taes..................................................................................... 12710.2.1 Clculo das prestaes do art. 2 0 .1, da Lei n2 8.213/1991 ........12810.2.2 Clculo das prestaes do art. 20. II. da Lei nfl 8.213/1991........ 130

    C aptu lo 11 - P restaes S o c ia is em E s p c ie .......................................................... 131

    11.1 Benefcios devidos aos segurados..................................................................13311.1.1 Aposentadoria por invalidez (arts. 42 a 47 da Lei n 8.213/1991

    e 43 a 50 do Dec. n 3.048/1999)..............................................................13311.1.2 Aposentadoria por idade............................................................................13611.1.3 Aposentadoria por tempo de contribuio (arts. 201, 7C. I, da CF.

    55 e 56 da Lei n2 8.213/1991, e 56 a 63 do Dec. n 3.048/1999).......... 13911.1.4 Aposentadoria especial.......................................... .................................14411.1.5 Auxlio-doena..........................................................................................14811.1.6 Salrio-famlia............................................................................................15111.1.7 Salrio-maternidade.................................................................................15311.1.8 Auxlio-acidente (arts. 86 da Lei n2 8.213/1991 e 104 do

    Dec. ns 3.048/1999)........................... ........................................................156

    11.2 Benefcios devidos aos dependentes dos segurados................................ 15811.2.1 Penso por morte (arts. 201.1 e V. da CF. 74 a 79 da Lei

    n2 8.213/1991 e 105 a 115 do Dec. n2 3.048/1999).................................15811.2.2 Auxlio-recluso (arts. 201, IV, da CF, 13 da EC n2 20/1998,

    80 da Lei n* 8.213/1991.22 da Lei n2 10.666/2003 e 116 a 119do Dec. n2 3.048/1999)...............................................................................160

    11.3 Acumulao de bene fc ios................................................................................161

    11.4 Pagamento dos benefcios................................................................................. 161

    11.5 Pagamento ju d ic ia l.............................................................................................. 161

    11.6 Abono anual..........................................................................................................162

    11.7 Seguro-desem prego.......................................................................................... 162

    11.8 Benefcio assistencia l........................................................................................ 16411.8.1 Lei Orgnica da Assistncia Social - LOAS (Lei n2 8.742/1993)............164

    11.9 Penso especial dos portadores deTalidom ida (Lei nfl 12.190/2010).... 166

  • C ap tu lo 12 - Dos S e rv io s da P re v id n c ia S o c ia l ..............................................167

    12.1 Do servio socia l...................................................................................................169

    12.2 Da habilitao e da reabilitao p ro fiss io na l................................................170

    C aptu lo 1 3 - D esaposen tao ...................................................................................... 173

    C aptu lo 14 - CNIS - Cadastro N a c io n a l de In fo rm aes S o c ia is ..................... 177

    C ap tu lo 15 - P re v id nc ia C om plem entar 181

    15.1 In troduo.............................................................................................................. 183

    15.2 Caractersticas e fina lidades............................................................................. 183

    15.3 Princpios................................................................................................................ 184

    15.4 S is tem a.............................................................................. - ................................ 184

    15.5 Ao do Estado.................................................................................................... 185

    15.6 Equilbrio finance iro e a tu a r ia l..........................................................................185

    15.7 Entidades fechadas ............................................................................................. 18615.7.1 Constituio.............................................................................................. 18615.7.2 Objetivo.................................................................................. ...................18715.7.3 Classificao............................................................................................. 187

    15.8 Entidades abertas (arts. 36 a 40 da LC nQ 109/2001)..................................... 18715.8.1 Obrigaes das entidades abertas..........................................................18815.8.2 Principais diferenas entre as entidades abertas e fechadas............... 189

    15.9 Natureza do contrato de previdncia com plem entar.................................189

    15.10 Concesso dos benefc ios.................................................................................189

    15.11 Do regime d isc ip lin a r............................................................... .......................... 190

    15.12 Previdncia fechada de entes p b lic o s .........................................................19015.12.1 Planos de benefcios (art. 3sda Lei n2 108/2001)................................... 19015.12.2 Reajustes..................................................................................................... 19115.12.3 Do custeio (arts. 6* e 7* da LC n2 108/2001).............................................19115.12.4 Estrutura (arts. 8fi a 23 da LC n 108/2001).............................................. 192

    C ap itu lo 16 - C rim es co n tra a S eguridade S o c ia l................................................... 193

    16.1 Noes in trodu t ria s ..........................................................................................195

    16.2 Crimes em espc ie .............................................................................................. 19516.2.1 Apropriao indbita previdenciria (art. 168-A do CP)........................ 19516.2.2 Sonegao de contribuio previdenciria (art. 337-A do CP)............... 197

  • Direito Previdencirio para Concursos

    16.2.3 Falsificao de documento pblico...........................................................19816.2.4 Insero de dados falsos em sistema de informaes............................19916.2.5 Modificao ou alterao no autorizada de sistema

    de informaes...........................................................................................199

    Captulo 17 - Recursos das Decises A d m in is tra tiv as .........................................201

    17.1 Da justificao adm in is tra tiva .......................................................................... 203

    17.2 rgos ju lgado res...............................................................................................20417.2.1 Juntas de Recurso.......................... ...........................................................20417.2.2 Cmaras de julgamento............................................................................ 20417.2.3 Conselho Pleno...........................................................................................204

    17.3 Prazo de in te rpos io .........................................................................................205

    17.4 E fe itos..................................................................................... ...............................205

    17.5 Depsito p r v io ....................................................................................................205

    Captulo 1 8 - Constituio do Crdito Previdencirio e Dvida A tiv a ............... 207

    18.1 Constituio do c r d ito ...................................................................................... 209

    18.2 Dvida ativa: inscrio e execuo ju d ic ia l...................................................210

    Captulo 19 - Questes Comentadas de Direito P revidencirio ........................ 213

    B ib liografia .......................................................................................................................... 273

  • CAPTULO

    SNTESE HISTRICA

  • Sntese Histrica

    Sempre existiu, desde os tem pos m ais rem otos, a conjugao de esforos entre os hom ens para a m elhoria ou facilitao das condies de vida de cada um dos indivduos form adores de um grupo social, porquanto con dio natural hum ana a preocupao com seu bem -estar. A preocupao com os infortnios da vida tem sido um a constante da hum anidade. Essa prem issa deve ser lixada desde j.

    No seria exagero rotular este comportamento de algo instintivo, j que at os animais tm o hbito de guardar alimentos para dias mais difceis. O que nos separa das demais espcies o grau de complexidade de nosso sistema protetivo.1

    Segundo a doutrina, os prim eiros m ecanism os de proteo articulados pelo hom em que apresentavam algum nvel de organizao, sendo as prim eiras ordenaes norm ativas a institu ir m todos de amparo, foram tra tados no Talmud, no Cdigo de H am urabi e no Cdigo de Manu. T inham natureza mutualista, de m odo que instituam o auxlio recproco dos seus m em bros.

    A mutualidade pode ser concebida como instituio que agrupa um determinado nmero de pessoas com o objetivo de se prestar ajuda mtua, em vista de eventualidade futura.2

    Nas antigas civilizaes, em especial Grcia e Roma, foram institudas associaes tam bm de carter m utualista, cuja finalidade principal estava voltada para a arrecadao de recursos com o intuito de cobrir custos com funerais de seus associados. Tais associaes foram se espalhando e se desenvolvendo no decorrer dos anos, no entanto, sem nenhum a segurana jurd ica ou tcnica para os seus associados, reflexos de um Estado liberal da poca. Com ea-se a falar em assistncia privada.

    Destaca-se, outrossim , o surgim ento de entidades civis, motivadas p o r fins religiosos e assistenciais aos m ais carentes, dentre as quais as mais destacadas foram as conhecidas Santas Casas de M isericrdia.

    Perodo relevante ocorreu no sculo XVII, no qual a Igreja Catlica da poca cum priu um papel m uito im portante, conseguindo ento convencer o Estado a intervir na criao de m ecanism os de proteo social aos carentes e indigentes. Fato m arcante que deu incio prim eira disciplina pr-jurdica de proteo social, a denom inada lei dos pobres Poor Relief Act, concebida pela Rainha Elizabeth da Inglaterra, em 1601, em que a

    1 IBRAHIM, Fbio Zambite. Curso de direito previdencirio. 3. ed. Rio de janeiro: Impetus, 2003. p. 2.

    : RUPRECHT, Alfredo J. Direito da seguridade social. Trad. Edilson A. Cunha. So Paulo: LTr, 19%. p. 29.

  • Direito Previdencirio para Concursos

    sociedade era obrigada a contribuir para o Estado, form ando com isso um a forte aliana contra a misria. Com ea-se a falar em assistncia pblica.

    M ozart Victor Russom ano traduz com propriedade este m arco im portante da interveno Estatal na proteo social:

    Essa oficializao da caridade - como foi dito, certa vez - tem importncia excepcional: colocou o Estado na posio de rgo prestador de assistncia queles que - por idade, sade e deficincia congnita ou adquirida - no tenham meios de garantir sua prpria subsistncia. A assistncia oficial c pblica, prestada atravs de rgos especiais do Estado, o marco da institucionalizao do sistema de seguros privados e do mutualismo em entidades administrativas.

    M ais tarde, precisam ente em 1883, o alem o Bismarck, conhecido com o C hanceler de Ferro, influenciado pelo am biente que havia se instalado na Europa, e aps diversos fatores, com o a Revoluo Industrial, o advento do socialism o e do m ovim ento operrio, vem a criar o que se pode chamar de prim eira m anifestao jurdica concreta sobre seguro social, a Lei do Seguro Doena, a qual adotava a tcnica do contrato de seguro. Com ea-se a falar em seguro social.

    O m odelo de Bismarck teve tim a aceitao na Europa, espalhando-se rapidam ente, nem mesmo o alem o esperava que seu modelo ganhasse ta m anhas propores, sendo a m ola propulsora da criao da Organizao Internacional do Trabalho (O IT - 1919).

    Foi neste contexto positivo, baseado no Social Security Act norte-am ericano, que o Lord W illiam Beveridge, po r designao do Parlam ento Britnico, elaborou um sistema de Seguridade Social, com o intuito de m elhorar o sistem a de proteo vigente, que veio a ser conhecido com o Relatrio Beveridge, m odelo mais apurado do que o Seguro Social de Bismarck. C om ea-se a falar em seguridade social.

    Resum indo, a histria sobre sistem a de proteo das necessidades sociais tem a seguinte ordem cronolgica: Assistncia Privada, Assistncia Pblica, Seguro social e Seguridade Social.

    J no Brasil, o texto mais im portante, que inaugurou o instituto da Previdncia Social, foi o Decreto Legislativo n 4.682, conhecido com o Lei Eloy Chaves, que determ inava a criao de Caixas de Aposentadoria e Penses para trabalhadores ferrovirios.

    Alguns doutrinadores concordam com a im portncia do referido decreto acim a, todavia apontam a existncia de algum as outras m atrias legislati

    3 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de previdncia social. Rio de Janeiro: Forense, 1978. p. 2.

  • Sntese Histrica

    vas anteriores a esta, com o a Lei n 3.724 (conhecida com o Lei cie Acidente do Trabalho), editada em 15 de janeiro de 1919, e outros decretos im periais, os quais criaram fundos especiais, m ontepios e caixas de socorro em benefcio de determ inadas categorias de em pregados pblicos.

    Entre vrios marcos para a histria dos direitos previdencirios no Brasil, os mais im portantes foram:

    l u) Em 1934, pela prim eira vez um a Constituio do Brasil fez aluso expressa aos direitos previdencirios.

    Decorrem da Constituio de 1934 dois aspectos primordiais do direito previdencirio, a saber: o modelo de custeio tripartite suportado pela Unio, pelos empregados e empregadores, alm de garantir minimamente a proteo em face da velhice, invalidez, maternidade, acidente do trabalho e m orte;1

    2-) Em 1946 apareceu pela p rim eira vez a expresso Previdncia Social desaparecendo a expresso seguro social custeio tripartite e a obrigatoriedade da instituio do seguro pelo em pregador contra acidentes do trabalho;

    3C) Em 1960 foi editada a Lei O rgnica da Previdncia Social (LOPS), Lei nu 3.807, de 26 de agosto, m om ento em que houve a unificao das legislaes dos Institutos de A posentadoria e Penses;

    4U) Em 1966 houve quase a com pleta unificao dos Institutos de Aposentadorias e Penses em um a nica A utarquia Federal, surgiu ento o Instituto Nacional de Previdncia Social (INPS). Ficaram, assim, de fora da fuso o IAPFESP, o IPASE e o SASSE;

    5U) Em 1967 foi editada a Lei n- 5.316, com a finalidade de integrar o Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT) na Previdncia Social, mas revogada posteriorm ente pela Lei nu 6.367/1976;

    6U) Em 1971, a Lei C om plem entar nu 11, de 25 de maio, instituiu o P rogram a de Assistncia do Trabalhador Rural (PRORURAL), que passou a ser adm inistrado pelo FUNRURAL;

    7-) Em 1977, o Sistema Nacional de Previdncia Social e Assistncia Social (SINPAS) foi criado. T inha a finalidade de reorganizar o sistema de proteo social, criando reas especficas de atuao. O SINPAS com posto p o r sete rgos pblicos com finalidades especficas, tendo em vista a adoo do critrio da especificidade, visando um m elhor desem penho e atingim ento de suas metas;

    4 HORVATH JNIOR, Miguel. Direito previdencirio. 7. ed. So Paulo: Quartier, 2008. p. 12.

  • Direito Previdencirio para Concursos

    8a)Foi prom ulgao da Carta M agna de 1988, texto constitucional que mais d im portncia aos direitos previdencirios, trazendo princpios, d ireitos subjetivos, estabelecendo program as e a sua form a de financiam ento. C onstituio que representa um a vitria para os cidados na esfera previdenciria.

    C om efeito, pode-se dizer que a C arta M agna de 1988 foi pioneira no cam po dos direitos sociais ao trazer o conceito de Seguridade Social, nos term os do art. 194, que dispe: A seguridade social com preende um con junto integrado de aes de iniciativa dos Poderes Pblicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos sade, previdncia e assistncia social.

    A C onstituio de 1988 instituiu a Seguridade Social no Brasil, prevendo custeio tripartite entre Unio, Estados, M unicpios e D istrito Federal;

    9t) Em 1990 ocorreu a extino do SINPAS e a criao do atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal que resultou da juno entre o INPS e o IAPAS.

  • CAPTULO

    SEGURIDADE SOCIAL

  • Seguridade Social

    2.1 IntroduoA seguridade social form ada por um binm io integrado dc aes entre

    o Poder Pblico (que tem funo de arrecadar e redistribuir os recursos) e a sociedade (contribuinte). a soma de foras entre o Estado preocupado com o bem -estar social da coletividade e a sociedade preocupada com seu bem -estar individual, de forma a dem onstrar que a solidariedade o fundam ento da seguridade social. um conjunto integrado de aes de iniciativa dos poderes pblicos (Unio, Estados e M unicpios) e da sociedade nas reas da sade, da assistncia social e da Previdncia Social, nos term os do art. 194 da CF (art. l e do Dec. n 3.048/1999).

    A seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares com contribuio de todos, incluindo parte dos beneficirios dos direitos, no sentido de estabelecer aes positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manuteno de um plano mnimo de vida.'

    im portan te entender que a Previdncia Social um instituto in tegran

    te do sistem a de seguridade social, previsto nos arts. 194 a 204 da C onsti

    tuio Federal de 1988, jun tam ente com a sade e a assistncia social. Esses

    institutos form am um sistema integrado, ou seja, toda receita arrecadada

    com as contribuies sociais (aqueles que contribuem para o Instituto Na

    cional de Seguro Social ou a Secretaria da Receita Federal) ser revertida

    em beneficio da sade, da assistncia e da previdncia, e no apenas exclu

    sivam ente da Previdncia Social.

    Seguridade social gnero, do qual so espcies Previdncia Social, sa

    de e assistncia social.

    Seguridade SocialPrevidncia Social SadeAssistncia Social

    Vale aqui d istinguir seguridade social do seguro social, sendo que a p ri

    m eira abriga qualquer pessoa indistin tam ente e o segundo abarca apenas

    aquelas que contribuem para a m anuteno do sistema de m utualism o, sen

    do este ltim o um sistema fechado.

    IBRAHIM, Fbio Zambitte. Curso... cit., 3. ed., 2003, p. 6.

  • Direito Previdencirio para Concursos

    2.1.1 SadeDe extrem a relevncia pblica, a sade colocada pelos constituciona-

    listas com o um elem ento socioideolgico fundam ental do Estado, ou seja, finalidade bsica, garantia m nim a de qualquer Estado tendente ao desenvolvimento. Tem previso norm ativa constitucional em nosso sistema nos arts. 196 a 200, e legal nas Leis n ^ 8.212/1991 (art. 2-), 8.080/1990 e no Dec. n 3.048/1999 (denom inado regulam ento da previdncia).

    O texto constitucional enuncia em seu art. 196:Art. 196. A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao.

    Este tem a tam bm expresso no art. 2* da Lei n12 8.212/1991. Assim, vemos dem onstrada a preocupao do constitu inte ptrio em agasalhar toda a sociedade de form a isonm ica quando se trata de sade, concedendo proteo a todos os cidados, independentem ente de contribuio deste. Dessa form a, m esm o a pessoa que, com provadam ente, possua meios para patrocinar seu prprio atendim ento m dico ter a rede pblica com o opo vlida.

    O utrossim , caracterstica desta im portncia social em m atria de sade est enunciada no art. 197 do texto m aior:

    Art. 197. So de relevncia pblica as aes e servios de sade, cabendo ao Poder Pblico dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentao, fiscalizao e controle, devendo sua execuo ser feita diretamente ou atravs de terceiros e, tambm, por pessoa fsica ou jurdica de direito privado.

    Veja-se que a execuo das aes e servios de sade no se encontra centralizada nas m os do Poder Pblico, pelo contrrio, o texto constitucional enfatiza a possibilidade de terceiros, pessoas fsicas ou jurdicas de d ireito privado realizarem servios de sade. Contudo, aquele reserva para si, com o no poderia ser diferente, a regulamentao, a fiscalizao e o controle.

    Nesse sentido estabelece o pargrafo nico do art. 2U, do Regulam ento da Previdncia (Dec. nu 3.048/1999):

    Art. 2* (...)Pargrafo nico. As atividades de sade so de relevncia pblica, e sua organizao obedecer aos seguintes princpios e diretrizes:I - acesso universal e igualitrio;II - provimento das aes e servios mediante rede regionalizada e hierarquizada, integrados em sistema nico;III - descentralizao, com direo nica em cada esfera de governo;

  • Seguridade Social

    IV - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas;V - participao da comunidade na gesto, fiscalizao e acompanhamento das aes e servios de sade; eVI - participao da iniciativa privada na assistncia sade, em obedincia aos preceitos constitucionais.

    O direito sade foi alado categoria de direito fundam ental pelo art. 6U da C onstituio Federal de 1988.

    O rgo dotado de com petncia Estatal com responsabilidade pela sade em nosso pas o Sistema nico de Sade - SUS (art. 198 da CF), que deve ser organizado a partir da descentralizao, com a participao de rgos federais, estaduais e m unicipais, buscando um atendim ento integral e participao da com unidade, funcionando a iniciativa privada por convenincia sua de form a com plem entar, m ediante contratos ou convnios de d ireito pblico, tendo, nestes casos, sem pre preferncia as entidades filantrpicas e as sem fins lucrativos (art. 199 da CF).

    O custeio do SUS se d m ediante recursos do oram ento da seguridade social,, da Unio, dos Estados, do D istrito Federal e dos M unicpios (contribuies sociais), alm de outras fontes.

    A Constituio, com a redao dada pela Em enda C onstitucional nL> 29/2000, determ ina que a Unio, os Estados, o D istrito Federal e os M unicpios devero aplicar, anualm ente, em aes e servios pblicos de sade, recursos m nim os derivados da aplicao de percentuais calculados sobre suas arrecadaes tributrias, alm de parcela dos valores obtidos a partir de repasses da Unio e dos Estados e dos Fundos de participao de Estados e M unicpios. Os percentuais m nim os so fixados em lei complementar.

    2.1.2 Previdncia SocialEsse instituto encontra-se positivado nos arts. 201 a 202 da atual C ar

    ta Republicana Brasileira, e tam bm nas Leis n 8.212/1991 (art. 3a) e 8.213/1991.

    Estabelece o art. 3U da Lei n 8.212/1991:Art. 3Q A Previdncia Social tem por fim assegurar aos seus beneficirios meios indispensveis de manuteno, por motivo de incapacidade, idade avanada, tempo de servio, desemprego involuntrio, encargos de famlia e recluso ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

    O sistema previdencirio tem regime geral de carter contributivo (no existe benefcio sem contribuio) efiliao obrigatria, seu principal objetivo assegurar aos seus beneficirios meios indispensveis de manuteno, por motivo de incapacidade, idade avanada, desemprego involuntrio, encargos

  • Direito Previdencirio para Concursos

    de famlia e recluso ou m orte daqueles de quem dependiam econom icam ente, infortnios estes elencados no art. 2 0 1 ,1 a V, da atual Carta Poltica.

    Trata-se de um seguro social com pulsrio, em inentem ente contributi- vo, m antido com recursos dos trabalhadores e de toda a sociedade - busca propiciar meios indispensveis subsistncia dos segurados e seus dependentes quando no podem obt-los ou no socialm ente desejvel que eles sejam auferidos por meio do trabalho p o r m otivo de m aternidade, velhice, invalidez, m orte, etc.6

    um a espcie de seguro sui generis, na m edida em que as pessoas contribuem obrigatoriam ente para o alcance de um a garantia, um a proteo na eventualidade de um infortnio, com o doenas e incapacidades para o trabalho em geral.

    Vale enaltecer o trabalho com as palavras de M ozart V ictor Russomano: Previdncia Social o sentimento universal de solidariedade entre os homens, ante as pungentes aflies de alguns e generosa sensibilidade de muitos.7

    Por fim, vale dizer que os benefcios institudos pela Previdncia Social so averiguados e concedidos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), entidade autrquica federal com com petncia Estatal.

    2.1.3 Assistncia SocialO terceiro subinstituto com ponente d a seguridade social a assistncia

    social disciplinada nos arts. 203 e 204 da CF e no art. 4U da Lei na 8.212/1991. Tema tam bm disciplinado por legislao prpria com a denom inao de Lei O rgnica da Assistncia Social - LOAS, de nc 8.742/1993.

    O art. 4 da Lei n 8.212/1991 dispe que:Art. 4- A Assistncia Social a poltica social que prov o atendimento das necessidades bsicas, traduzidas em proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia, velhice e pessoa portadora de deficincia, independentemente de contribuio Seguridade Social.Pargrafo nico. A organizao da Assistncia Social obedecer s seguintes diretrizes:a) descentralizao poltico-administrativa;b) participao da populao na formulao e controle das aes em todos os nveis.

    h VELLOSO, Andrei Pitten; ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JNIOR, Jos Paulo. Comentrios Lei do Custeio da Seguridade Social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 4 1 - 42.RUSSOMANO, Mozart Victor. Op. cit., p. 2.

  • Seguridade Social

    A assistncia social ser prestada gratuitam ente a quem dela necessitar. Tem carter universal e independente de contribuio direta do beneficirio, p o r isso se assemelha ao instituto da sade.

    D e acordo com a Lei nu 8.742/1993, a assistncia social direito do cidado e dever do Estado, Poltica de Seguridade Social no contributiva, que prov os m nim os sociais, realizada p o r meio de um conjunto integrado de aes de iniciativa pblica e da sociedade para garantir o atendim ento s necessidades bsicas.

    Seus objetivos principais esto agrupados nos incs. I a V do art. 203 da C arta Poltica, visando sem pre o auxlio do hipossuficiente, aquelas pessoas com total desprezo social. Nas palavras de A ndrei Pitten Velloso, Daniel M achado da Rocha e Jos Paulo Baltazar Jnior:

    Trata-se de amparo destinado queles que esto excludos da rbita protetiva da Previdncia Social, socorrendo-se o indivduo e as famlias que esto incapacitadas de prover, com as prprias foras, as necessidades bsicas, razo pela qual o Estado chamado para suprir aquilo que for absolutamente indispensvel para fazer cessar o atual estado de necessidade dos assistidos.

    Alm de prestar auxlio famlia e m aternidade e conceder benefcios eventuais, a seguridade social tam bm concede o beneficio de prestao continuada (BPC), destinado s famlias, bem com o ao idoso ou ao deficiente, incapazes de prover a sua m anuteno, com renda per capita no superio r a 1/4 do salrio m nim o vigente (Lei nfl 8.742/1993).

    O BPC operacionalizado pelo INSS, sob coordenao e avaliao da Secretaria de Estado de Assistncia Social, no entanto, o deferim ento e os valores dos benefcios sero regulam entados pelos Conselhos de Assistncia Social dos Estados, D istrito Federal e M unicpios, que, po r sua vez, seguem os prazos e critrios do Conselho N acional de Assistncia Social.

    2.1.4 Principais diferenas entre os institutos integrantes da Seguridade Social

    Tem regime geral de carter contributivo (no existe benefcio sem con- Previdncia tribuio) e filiao obrigatria, seu principal objetivo assegurar aos

    Social seus beneficirios meios indispensveis de manuteno, por motivo deincapacidade, idade avanada, desemprego involuntrio, encargos de famlia e recluso ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. infortnios estes elencados no art. 201,1 a V. da atual Carta Poltica.

    * VELLOSO, Andrei Pitten; ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JNIOR, Jos Paulo. Op. cit., p. 44.

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    SadeA sade tida como um elemento socioideolgico fundamental do Estado. finalidade bsica, garantia mnima de qualquer Estado tendente ao desenvolvimento. Tem previso normativa constitucional em nosso sistema nos arts. 196 a 200 e nas Leis n^ 8.212/1991 (art. 2-) e 8.080/1990.

    AssistnciaSocial

    Tem carter universal e independente de contribuio, por isso se assemelha ao instituto da sade. Seus objetivos principais esto agrupados nos incs. I a V do art. 203 da Carta Poltica, visando sempre o auxlio do hipossuficiente, aquelas pessoas com total desprezo social.

    2.1.5 Organizao da Seguridade SocialA Seguridade Social engloba um conceito amplo, abrangente, universal,

    destinado a todos que dela necessitem desde que haja previso na lei sobre determ inado evento a ser coberto. , na verdade, o gnero do qual so espcies a Previdncia Social, a Sade e a Assistncia Social (art. 5a da Lei nc 8.212/1991). Previdncia Social

    A Previdncia Social est vinculada diretam ente ao M inistrio da Previdncia Social e tem atuao por in term dio de um rgo da adm inistrao pertencente Unio, o Instituto N acional do Seguro Social - INSS, o qual foi criado pelo Decreto n 99.350/1990 com base na Lei n- 8.029/1990. Tem com o misso fundam ental adm inistrar o Regime Geral da Previdncia Social. D entre as suas atribuies as principais so:

    a) conceder os direitos previdencirios aos beneficirios;b) cobrar e fiscalizar as contribuies sociais devidas pelas em presas e

    pelos trabalhadores;c) criar, processar e atualizar os cadastros de contribuintes e os ca

    dastros de contribuintes e beneficirios, contando, para isso, com o auxlio da DATAPREV (Em presa de Tecnologia e Inform aes da Previdncia Social).

    SadeO segm ento da sade atribuio do M inistrio da Sade, um pouco

    mais com plexa, tem suas funes distribudas, cabendo Unio centralizar e coordenar os program as e d istribuir os recursos, ficando a execuo dos servios a cargo dos Estados e M unicpios, que atuam sem pre articulada- m ente com o SUS (Lei n 8.080/1990).

    Tam bm na rea da sade tem os as agncias reguladoras, a prim eira a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - AN VIS A (Lei ny 9.782/1999), com o in tu ito de prom over a proteo da sade da populao por in term dio d o controle sanitrio da produo e da comercializao de produtos e servios subm etidos vigilncia sanitria, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insum os e das tecnologias a eles relacionados. Sem contar

  • Seguridade Social

    o controle de portos aeroportos e fronteiras e a interlocuo junto ao M inistrio das Relaes Exteriores e instituies estrangeiras para tratar de assuntos internacionais na rea de vigilncia sanitria.9

    A segunda agncia reguladora que opera no segm ento da sade no Brasil a Agncia Nacional de Sade Suplem entar - ANS (Lei n- 9.961/2000), a qual tem a misso institucional de prom over a defesa do interesse pblico na assistncia suplem entar sade, tendo por obrigao regular as operadoras setoriais, inclusive quanto s suas relaes com prestadores e consum idores, contribuindo, para isso, no desenvolvim ento das aes de sade no Pas.10 Assistncia Social

    A Assistncia Social est sob a responsabilidade do M inistrio do Desenvolvim ento Social e C om bate Fome. A distribuio de funes sem elhante ao instituto da sade, relem brando que cabe Unio coordenar os program as e distribuir os recursos, enquanto que a execuo dos servios d istribuda aos Estados e M unicpios. C onselhos Setoriais

    C ada subrea da Seguridade Social possui um Conselho Nacional e Conselhos Estaduais e M unicipais. Para ns, vale citar, por condizer d iretam ente com a m atria e por ser o rgo de cpula da Previdncia Social, o Conselho Nacional de Previdncia Social - CNPS, criado pela Lei n 8.213/1991.

    O aludido conselho um rgo colegiado, com posto por 15 m em bros, nom eados pelo Presidente da Repblica, sendo seis m em bros do governo e nove da sociedade civil. Dos nove m em bros da sociedade civil, trs so representantes dos aposentados e pensionistas, os outros trs devem ser representantes dos trabalhadores em atividade e, por fim, mais trs devem ser representantes dos empregadores.

    D entre as funes do CNPS, as principais so:a) estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decises polticas aplicveis

    Previdncia Social;b) controlar e executar program as no cam po da Previdncia Social;

    c) encam inhar propostas oram entrias ao Poder Executivo.

    de extrem a im portncia salientar que, em 2003, po r fora do Decreto n u 4.874, o qual alterou o Regulam ento da Previdncia Social (Dec. n 3.048/1999), foram criados os Conselhos de Previdncia Social - CPS,

    v Disponvel em: .10 Disponvel em: .

    http://www.anvisa.gov.brhttp://www.ans.gov.br

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    unidade*s descentralizadas do Conselho Nacional de Previdncia Social - CNPS.

    So canais de dilogo social que funcionam no m bito das Gerncias Executivas e das Superintendncias do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. Tm por objetivo, assim com o o CNPS, apresentar propostas para m elhorar a gesto e a poltica previdencirias. So tam bm instncias colegiadas com carter consultivo de assessoram ento, podendo encam inhar propostas para serem deliberadas no m bito do CNPS.

    O s conselhos buscam am pliar o dilogo entre o superin tendente/gerente executivo do INSS e a sociedade, perm itindo que as necessidades especficas de cada localidade, no que diz respeito ao debate de polticas pblicas e de legislao previdencirias, sejam atendidas de m odo mais eficiente.

    Os CPS so com postos por dez conselheiros, sendo dois representantes dos trabalhadores, dois dos em pregadores, dois dos aposentados e pensionistas e quatro do Governo, os quais se renem ao m enos um a vez por bim estre. Cada representante tem com o principal atribuio identificar caractersticas da Previdncia que possam ser aperfeioadas; fazer propostas para m elhorar a gesto do sistema previdencirio; facilitar o desenvolvim ento e a solidificao da gesto dem ocrtica e prxim a dos cidados, alm de exercer o controle social sobre a adm inistrao pblica.11

    im portante salientar, ainda, que o artigo que trata do Conselho N acional da Seguridade Social (art. 6L da Lei nc 8.212/1991) foi revogado pela M edida Provisria nc 2.216-37/2001, levando, portanto, extino do referido rgo.

    2.2 Princpios da Seguridade SocialPrincpios so disposies fundam entais de um sistema, sua prpria ter

    m inologia esclarecedora, pois princpio vem de incio, de comeo ou do que seja mais im portante, principal ou regra fundam ental.

    Segundo J.J. Canotilho, citado por M iguel Horvath Jnior, princpiosso normas que exigem a realizao de algo, da melhor forma possvel, de acordo com as possibilidades fticas e jurdicas. Os princpios no probem, permitem ou exigem algo em termos de tudo ou nada; impem a otimizao de um direito ou de um bem jurdico, tendo em conta a reserva do possvel, ftica ou jurdica.12

    O fato que s podem os conhecer as diretrizes, os valores e o objeto de um sistem a jurd ico pelo conhecim ento de seus princpios.

    " Disponvel em: .12 Op. cit., p. 74.

    http://www.previdencia.gov.br

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    O s princpios da Seguridade Social podem ser divididos em: princpios constitucionais gerais, princpios constitucionais prprios e princpios constitucionais especficos.

    2.2.1 Princpios constitucionais geraisD eterm inados princpios de Direito, apesar de no serem especifica

    m ente do Direito da Seguridade Social, sero a ela aplicveis. Assim, destacarem os apenas os principais, a saber:

    1. Princpio da dignidade da pessoa hum ana (art. l y, III, da CF);

    2. Princpio da igualdade (art. 5C, caput, da CF);

    3. Princpio da legalidade (art. 5U> II, da CF);

    4. Princpio da liberdade (art. 5-, caput, da CF);

    5. Princpio do contraditrio e ampla defesa (art. 5C, LV, da CF);

    6. Princpio do direito adquirido (art. 5C> XXXVI, da CF).

    2.2.2 Princpios constitucionais prprios da Seguridade SocialOs princpios especficos da seguridade social encontram -se em sua

    m aioria disciplinados no art. 194 da atual C arta Poltica. So, na verdade, os objetivos constitucionais da Seguridade Social. Traduzem as norm as elem entares da seguridade, as quais direcionam toda a atividade legislativa e interpretativa da seguridade social. So eles:

    A) Princpio da universalidade de cobertura e do atendimento (art. 194, pargrafo nico, I, da CF)A universalidade da cobertura (aspecto objetivo) significa que a Seguri

    dade deve contem plar todas as contingncias sociais que geram necessidade de proteo social das pessoas, tais como: m aternidade, velhice, doena, acidente, invalidez, recluso e m orte. As prestaes previdencirias devem abranger o m aior nm ero possvel de situaes geradoras de necessidades sociais, dentro da realidade econm ico-financeira do Kstado.

    J a universalidade do atendim ento (aspecto subjetivo) significa que todas as pessoas sero indistintam ente acolhidas pela Seguridade Social. Assim, quando o princpio assegura universalidade de atendim ento no significa dizer que qualquer pessoa tenha direito aos benefcios previdencirios, j que a Previdncia Social tem carter contributivo, ou seja, som ente aqueles que contribuem para o sistema que tero direito aos benefcios. A tendidos os requisitos legais, qualquer pessoa pode filiar-se ao sistema previdencirio.

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    C om efeito, o princpio da universalidade de cobertura e do a tendim ento estabelece que qualquer pessoa pode participar da proteo social patrocinada pelo Estado.

    Referido princpio ir adquirir algumas tonalidades especficas na previdncia, na assistncia e na sade. Q uando se cogita da Previdncia Social, espcie notoriam ente contributiva do gnero seguridade social, no se prescinde da necessria participao econmica do segurado, sem a qual o sistema no seria vivel, razo pela qual estamos frente a um a universalidade mitigada. De outro giro, a universalidade da Previdncia Social, quanto ao acesso, no significa, obrigatoriamente, a concesso de um direito igual, para todos os trabalhadores, de receber benefcios exatam ente nas mesmas condies. Em bora as prestaes, via de regra, sejam estabelecidas para o atendim ento do m esm o grupo de riscos sociais, o valor dos benefcios depender - do tipo de sistema de financiamento e do m todo de clculo estabelecido - em m aior ou m enor grau, de aportes vertidos pelos segurados, o que corresponde, no nosso caso, a um a proporcionalidade em relao ao salrio de contribuio dos diferentes segurados. J no que diz respeito assistncia social, como esta tcnica concebida para am parar aqueles que no tm capacidade contributiva, sua linha de atuao voltada, prioritariam ente para as famlias que enfrentam o grau mximo de indigncia. Por isso, alguns dos seus program as podem no atender famlias que, com provadam ente, atravessam srias dificuldades econmicas. De maneira geral, os cadastros que perm item o acesso para os programas governamentais vedam a incluso de famlias que tenham renda mensal superior a meio salrio m nim o per capita. Por sua vez, o benefcio assistencial (art. 203 da CF) ainda mais rigoroso, rejeitando a habilitao de famlias com renda superior do salrio m nim o per capita."

    B) Princpio da uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios s populaes urbanas e rurais (art. 194, pargrafo nico, II, da CF)O princpio da uniform idade e equivalncia dos benefcios e servios s

    populaes urbanas e rurais visa equiparar o trabalhador urbano ao rural, tra tando as duas classes de form a isonm ica quando o assunto concesso de benefcios, sem pre na m edida de suas desigualdades.

    Significa dizer que as mesmas contingncias (m orte, velhice, m aternidade...) sero cobertas tanto para os trabalhadores urbanos com o para os ru rais e que as prestaes securitrias devem ser idnticas para trabalhadores rurais ou urbanos, no sendo lcita a criao de benefcios diferenciados.

    13 VELLOSO, Andrei Pitten; ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JNIOR, Jos Paulo. Op. cit., p. 28-29.

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    Im porta salientar que este princpio da seguridade social coaduna-se com o disposto no art. 7 da CF, que garante direitos sociais idnticos aos trabalhadores urbanos e rurais.

    A uniformidade significa ter acesso s mesm as protees ou prestaes, j a equivalncia refere-se igualdade de valores na apurao do benefcio.

    Aplica-se a esta regra o princpio geral da isonomia. A igualdade m aterial determ ina alguma parcela de diferenciao entre estes segurados, sendo que a prpria C onstituio assim procede, ao prever contribuies diferenciadas para o pequeno produtor rural (art. 195, 8). Dessa forma, algum as distines no custeio e nos benefcios en tre urbanos e rurais so possveis, desde que sejam justificveis perante a isonom ia material, e igualmente razoveis, sem nenhum a espcie de privilgio para qualquer dos lados."

    Nas palavras de Luiz Cludio Flores da C unhaa isonomia um princpio que comporta mtodo de correo de desigualdades, e no quis o legislador constituinte, com isto, dizer que os trabalhadores rurais e urbanos deveriam ser tratados de forma absolutamente igual, quando diferentes so os meios em que vivem, os salrios, as condies de educao e justia social, bem como de fiscalizao das normas trabalhistas e previdencirias.15

    C) Princpio da seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios (art. 194, pargrafo nico, III, da CF)O legislador deve abarcar, pr-definir um rol de prestaes, de eventos

    sociais no qual ele pretende proteger, fazendo isso ele delim ita a rea de proteo social no sistema da seguridade social, isso se cham a seletividade. O legislador infraconstitucional faz esta escolha dentro de limites traados pela C onstituio Federal, em seu art. 201.

    Em outras palavras, seletividade significa que as prestaes sejam fornecidas apenas a quem realm ente necessitar, desde que se encontrem nas situaes que a lei definiu.

    J a distributividade seria o quanto cada cidado necessita receber para ter um a vida digna, justa, o sistema objetiva partilhar a renda principalm ente para aqueles mais carentes.

    A regra da distributividade autoriza a escolha de prestaes que, sendo direito comum a todas as pessoas, contemplam de modo mais abrangente os que demonstrem possuir maiores necessidades.16

    14 IBRAHIM, Fbio Zambitte. Curso... cit., 3. ed., 2003, p. 43.15 CARDONE, Marly A. Previdncia, assistncia e sade: o no trabalho na Consti

    tuio de 1988. So Paulo: LTr, 1990. p. 30.,h HORVATH JNIOR, Miguel. Op. cit., p. 88.

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    D) Princpio da irredutibilidade do valor dos benefcios (art. 194, pargrafo nico, IV, da CF)A irredutibilidade de salrios condio para o desenvolvim ento eco

    nm ico social, garantia do poder aquisitivo, sendo aplicado com enorm e im portncia tam bm para os benefcios de Seguridade Social.

    O art. 201, 4, da CF, com plem enta este princpio assegurando-se o reajustam ento dos benefcios para preservar-lhe, em carter perm anente, o valor real, conform e critrios a serem definidos em lei.

    im portante salientar que, segundo a Constituio Federal, vedada a vinculao ao salrio m nim o para qualquer efeito. A Constituio desvinculou a previdncia do salrio m nim o. A Lei nfl 8.212/1991 no vincula o valor dos benefcios ao valor do salrio m nim o. A nica coincidncia que o valor pago a ttulo de previdncia no pode ser inferior a um salrio m nim o (teto m nim o).

    O reajustam ento do benefcio previdencirio feito pelo seu valor nom inal, po r meio do INPC, por fora da Lei r\- 6.708/1979.

    Pergunta: Pode haver benefcio com valor inferior a um salrio m nim o?

    Resposta: Sim, penso por morte, por exemplo, quando dividida pela m etade entre esposa e companheira, desde que o m orto recebesse benefcio com valor de um salrio m nim o ou j preenchesse os requisitos para receb-lo.

    E) Princpio da equidade na forma de participao no custeio (art. 194, pargrafo nico, V, da CF)Este princpio um desdobram ento do princpio da igualdade, que esta

    belece que deve-se tratar igualm ente os iguais e desigualm ente os desiguais. Para a seguridade social, significa dizer que quem tem m aior capacidade

    contributiva ir contribuir com mais, e quem tem m enor capacidade, contribuir com menos. O sistema de participao no custeio tem que ser o mais justo possvel. A contribuio feita de acordo com a capacidade econm ica de cada um dos contribuintes, em presa e trabalhador.

    Trata-se de princpio dirigido, precipuam ente, ao legislador ordinrio no m om ento da edificao do sistema contributivo destinado ao financiam ento da seguridade social. A seguridade social est legitim ada na ideia de que, alm dos direitos e liberdades, os indivduos tam bm tm deveres para com a com unidade na qual esto inseridos, e um desses deveres consiste em pagar os tributos a fim de que o Estado possa im plem entar as polticas sociais necessrias para a concretizao do bem com um .

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    F) Princpio da diversidade da base de financiamento (art. 194, pargrafo nico, VI, da CF)Estabelece a CF, em seu art. 195, que a Seguridade Social ser financiada

    por toda a sociedade, de form a direta e indireta, nos term os da lei, m ediante recursos provenientes dos oram entos da Unio, Estados, D istrito Federal e M unicpios, da empresa incidente sobre a folha, a receita, o lucro, a rem unerao paga ao trabalhador e sobre a receita de concursos de prognsticos, visando assegurar os direitos relativos sade, previdncia e assistncia social (art. 195 da CF). A Constituio prev diversas bases de sustentao do sistem a de seguridade social, com a finalidade de propiciar segurana e estabilidade.

    C om o se v, a base de financiam ento da Seguridade Social deve ser o m ais variada possvel, de m odo que oscilaes setoriais no venham a com prom eter a arrecadao de contribuies. Diversas fontes propiciam m aior segurana ao sistema, o qual no estaria sujeito a grandes flutuaes de arrecadao, em virtude de algum problem a em contribuio especfica.

    As receitas dos Estados, D istrito Federal e M unicpios destinadas Seguridade Social constaro dos respectivos oram entos, no integrando o oram ento da Unio.

    Alm disso, o art. 195, 4, estabelece que lei da Unio poder institu ir ou tras fontes destinadas a garantir a m anuteno ou expanso da Seguridade Social desde que sejam no cum ulativas e tenham fato gerador e base de clculo diferente das contribuies sociais existentes.

    Em sntese, o objetivo aqui d im inu ir o risco financeiro do sistema pro- tetivo. Q uanto m aior o nm ero de fontes de recursos, m enor ser o risco de a Seguridade Social sofrer perdas financeiras.

    G) Princpio do carter democrtico e descentralizado da administrao (art. 194, pargrafo nico, VII, da CF)Esse princpio traduz-se na ideia de que a adm inistrao da Seguridade

    Social perm ite a participao no apenas do Poder Pblico, mas tam bm da sociedade, m ediante gesto quatripartite (trabalhadores, em presrios e aposentados).

    O art. 10 da CF garante aos trabalhadores e em pregadores participao nos colegiados dos rgos pblicos em que haja discusso ou deliberao sobre questes profissionais ou previdencirias.

    Cabe sociedade civil organizada participar da gesto da Seguridade Social indicando os representantes dos trabalhadores, dos em pregadores e dos apoentados.

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    Para Miguel H orvath Jnior, a dem ocracia na gesto significa efetiva participao dos trabalhadores, em pregadores, aposentados e tam bm do G overno na adm inistrao dos assuntos relativos Seguridade Social de m aneira equivalente, ou seja, a com posio dos rgos deve se dar de form a igual en tre todos os m em bros. Assim, qualquer dispositivo que disponha sobre a forma de com posio dos rgos colegiados, de m odo a conferir un ia m aior participao dos m em bros do Governo, est afrontando o carter dem ocrtico da gesto. A descentralizao da gesto encontra-se em consonncia com a finalidade da Seguridade Social de proporcionar o atendim ento das necessidades bsicas dos indivduos relacionadas com a sade* a Previdncia Social e a assistncia social. No teria sentido o constituinte prestigiar valores to im portantes, com o sade, Previdncia Social e assistncia social, e deix-los sobrestados na burocracia da A dm inistrao Pblica. Com eleito, torna-se necessrio que a atividade adm inistrativa se desloque do Estado para outra pessoa jurd ica, que, no caso da Previdncia Social, o Instituto Nacional do Seguro Social, com a finalidade de atender as expectativas dos interessados beneficirios.57

    H) Princpio da preexistncia ou precedncia de custeio (art. 195, 52, da CF)

    O princpio da precedncia do custeio em relao ao benefcio ou servio surge com a EC n12 11/1965, ao acrescentar o 2C ao art. 157 da C onstituio de 1946, com a seguinte redao:

    nenhuma prestao de servio de carter assistencial ou de benefcio compreendido na Previdncia Social poder ser criada, majora- da ou estendida sem a correspondente fonte de custeio total.

    N ota-se que o dispositivo constitucional mencionava no s benefcio da Previdncia Social, mas tam bm servio de carter assistencial. Assim, m esm o na assistncia social, para a prestao de um servio havia a necessidade da precedncia do custeio.

    Este princpio visa o equilbrio atuarial e financeiro do sistema securi- trio. A criao do benefcio, ou m esm o a m era extenso de prestao j existente, som ente ser feita com a previso da receita necessria.

    A com petncia para a Unio institu ir contribuies sociais decorre do enunciado norm ativo contido no art. 149 da Constituio. Os Estados e M unicpios apenas podem criar contribuies destinadas ao financiam ento dos seus regimes prprios de previdncia.

    17 Op. cit., p. 96-97.

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    Im portante salientar que as receitas da Seguridade Social constituem oram ento prprio, restando im pedida sua aplicao em finalidade diversa (art. 195 da CF).

    2.2.3 Princpios constitucionais especficos

    A) Solidariedade (tambm chamada de trplice aliana)A solidariedade tem sua origem na assistncia social e, mais do que um

    princpio, um a caracterstica da pessoa hum ana que se apresenta em todos os povos e tem pos passados e atuais. Surgiu com a unio de certos grupos, interessados no bem -estar social e principalm ente preocupados com o tem po em que no pudessem trabalhar. Pensando nesse tem po futuro, estas pessoas se uniram criando um fundo com um . Esse fundo com um era e form ado pelo desconto do salrio, que visa cobrir as aposentadorias.

    Assim, a m aioria ajudaria a m inoria. Essa a ideia de solidariedade, vrias pessoas de um determ inado grupo econom izando para garantir benefcios a pessoas necessitadas. O art. 3U da CF traz com o um de seus objetivos a construo de um a sociedade solidria e, com o consequncia desse preceito, temos que cada pessoa contribura para a Seguridade Social den tro da sua possibilidade.

    Verifica-se a solidariedade na Seguridade Social quando vrias pessoas econom izam em conjunto para assegurar benefcios que necessitarem. As contingncias so distribudas igualm ente a todas as pessoas do grupo. Q uando um a pessoa atingida pela contingncia, todas as outras con tinuam contribuindo para a cobertura do benefcio necessitado.

    B) Preexistncia do custeio em relao ao benefcio a exigncia de que, para qualquer criao, majorao ou extenso de

    benefcios deve corresponder um a fonte de custeio total. Exige-se que, para qualquer despesa, deva haver receita prvia, evitando-se um dficit na Seguridade Social. A criao, majorao ou extenso dos benefcios exige do legislador ordinrio um a nova fonte de custeio, que dever ser total e nunca parcial.

    Quadro sintico

    1. D ignidade da pessoa hum ana;

    PrincpiosConstitucionaisGerais

    2. Igualdade;3. Legalidade;4. Liberdade;5. C ontraditrio e Ampla Defesa

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    1. Universalidade da cobertura e do atendim ento;

    2. U niform idade e equivalncia dos benefcios eservios s populaes urbanas e rurais;

    Princpios 3. Seletividade e distributividade na prestao dos

    Constitucionais servios e benefcios;

    prprios da 4. Irredutibilidade do valor dos benefcios;Seguridade 5. Equidade na forma de participao e custeio;Social 6. Diversidade da base de financiam ento;

    7. Carter descentralizado e dem ocrtico da Administrao;

    8. Preexistncia de custeio.

    Princpios 1. Solidariedade;C onstitucionais 2. Preexistncia do custeio em relao ao beneEspecficos fcio.

    2.3 Financiamento para a Seguridade SocialSegundo com ando constitucional, a Seguridade Social, principal instru

    m ento de prom oo da proteo social, ser financiada por toda a sociedade (governo, em presas e trabalhadores), de form a direta e indireta, nos term os do art. 195 da CF, m ediante recursos provenientes da Unio, dos Estados, do D istrito Federal, dos M unicpios e de contribuies sociais (art. 10 da Lei nu 8.212/1991). Isso ocorreu com o advento da EC n 20/1998.

    O financiam ento da Seguridade Social fundam enta-se, basicamente, no princpio da solidariedade,

    aqui traduzido pela exigncia de uma participao engajada e cor- responsvel de toda sociedade, manifestada pela vontade geral que se materializa na lei - e, por isso, torna-se obrigatria, e no apenas tica - com o objetivo de auferir recursos, em um montante significativo, que permita a esta sociedade destinar importncias em dinheiro necessrias para a sobrevivncia em padres mnimos de dignidade, daqueles que no esto trabalhando por terem sido atingidos por um evento indesejado, ou quando a realizao de trabalho no for socialmente recomendvel.18

    Com efeito, a Seguridade Social no ser financiada, mas haver custeio. No se trata de financiam ento, com o se fosse um em prstim o bancrio, em

    18 VELLOSO, Andrei Pitten; ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JNIOR, Jos Paulo. Op. cit., p. 50.

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    que haveria necessidade de devolver o valor com juros e correo m onetria. Trata-se de custeio, o que feito por meio de contribuio social, a reforar o seu carter contributivo.

    De acordo com a Constituio, o sistem a de custeio da Seguridade Social adotado no Brasil m isto (pilares m ltiplos de proteo), porquanto de form a direta o custeio arrecadado por meio de contribuies sociais pagas por seus filiados (segurados e beneficirios), enquanto que, na form a indireta, pelos recursos percebidos de tributos, im postos, das pessoas ju rdicas de direito pblico de existncia necessria (ex.: DPVAT).

    C om o se v, as contribuies sociais no so a nica fonte de custeio da Seguridade Social. Os recursos necessrios ao seu financiam ento viro de todos os entes federativos.

    2.3.1 Forma indiretaA Seguridade Social financiada pelo oram ento fiscal da Unio, Esta

    dos, D istrito Federal e M unicpios, todavia, de m aneira oblqua, quem realm ente sustenta os cofres Pblicos o povo, com efeito, de form a indireta a sociedade tam bm banca essa prestao social.

    C abe s leis oram entrias dos respectivos entes polticos a fixao do m ontante a ser contribudo. A Lei de D iretrizes O ram entrias - LDO da Unio indicar as metas a serem seguidas e as prioridades para a gesto da Seguridade Social, ficando a cargo da Lei O ram entria Anual - LOA, sem pre p o r meio de proposta feita pelos rgos responsveis pela sade, previdncia e assistncia social, o respectivo percentual deste m ontante. Existem tam bm leis oram entrias nos Estados, D istrito Federal e M unicpios, as quais disporo sobre o m ontante dos recursos rea da sade nunca m enos do que ficou estabelecido no art. 77 do ADCT, norm a que prevalece diante da om isso legislativa com plem entar prevista no art. 198 da CF.

    2.3.2 Forma diretaA segunda forma de custear a Seguridade Social feita de m aneira d i

    reta, sem pre por meio de pagam ento das cham adas contribuies para a Seguridade Social.

    O ente poltico com petente, segundo o art. 149 da CF, para institu-las a Unio (com petncia legislativa), entretanto , o 1- dispe que:

    Art. 149. (...) Ia Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, do regime previdencirio de que trata o art. 40, cuja alquota no ser inferior da contribuio dos servidores titulares de cargos efetivos da Unio.

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    O u seja, a com petncia daquela relativa.Vale ressaltar que existem quatro tipos diferentes de contribuies de

    com petncia da Unio, duas de m bito social: as contribuies sociais gerais (art. 149 da CF) e as contribuies sociais dedicadas ao financiam ento da Seguridade Social (art. 195 da CF); e outras duas: um a de interveno no dom nio econmico, e a ltim a, de interesse de categorias profissionais ou econm icas.

    2.3.3 Natureza jurdicaA dou trina vem debatendo m uito acerca da natureza jurdica das con

    tribuies sociais. Vrias teorias foram criadas para solucionar o assunto, a saber: Teoria do Prmio do Seguro (a natureza jurd ica da contribuio para a Seguridade Social eqivale ao prm io de seguro pago pelo pactuan- te beneficirio s com panhias seguradoras); Teoria do Salrio Diferido (a natureza jurdica da contribuio seria considerada um salrio diferido direcionando-se a pecnia, igualmente, Seguridade Social, o que proveria, futuram ente, o trabalhador dentro das hipteses legais de adm issibilidade, a exem plo de sua vindoura aposentadoria); Teoria do Salrio Social (a contribuio social diz respeito ao salrio percebido pelo em pregado, que seria devido pela sociedade ao trabalhador); Teoria do Salrio Atual; Teoria Fiscal (a contribuio social se caracteriza com o um a obrigao tributria por ser um valor obrigatrio adim plido ao Estado visando capitalizao de num errio para sustentar a Seguridade Social); Teoria Parafiscal (atribui a natureza tributria da contribuio social, mas com a caracterstica de estar destinada a algo preestabelecido) e Teoria da Exao Sui Generis (afasta a conexo da Seguridade Social com o D ireito Tributrio, o que im plica, desde j, dizer que no seria contribuio social nem tributo, dentro de suas espcies, e tam pouco contribuio parafiscal).

    N o entanto, todas as teorias sofrem crticas, por isso devem os ficar com a ideia de que as contribuies sociais so um a das espcies do gnero tributo (entendim ento, hoje, pacfico).

    Nesse sentido o entendim ento do C olendo Supremo Tribunal Federal, seno vejamos:

    Ao Declaratria de Constitucionalidade. Processo objetivo de controle normativo abstrato. A necessria existncia de controvrsia judicial como pressuposto de admissibilidade da Ao Declaratria de Constitucionalidade. Ao conhecida.- O ajuizamento da ao declaratria de constitucionalidade, que faz instaurar processo objetivo de controle normativo abstrato, supe a existncia de efetiva controvrsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal.

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    - Sem a observncia desse pressuposto de admissibilidade, torna-se invivel a instaurao do processo de fiscalizao normativa in abs- tractOy pois a inexistncia de pronunciamentos judiciais antagnicos culminaria por converter, a ao declaratria de constitucionalida- de, em um inadmissvel instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a prpria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal.- O Supremo Tribunal Federal firmou orientao que exige a comprovao liminar, pelo autor da ao declaratria de constitucionali- dade, da ocorrncia, em propores relevantes, de dissdio judicial, cuja existncia - precisamente em funo do antagonismo inter- pretativo que dele resulta - faa instaurar, ante a elevada incidncia de decises que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurana jurdica, capaz de gerar um cenrio de perplexidade social e de provocar grave incerteza quanto validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal.Ao Declaratria de Constitucionalidade. Outorga de medida cautelar com efeito vinculante. Possibilidade.- O Supremo Tribunal Federal dispe de competncia para exercer, em sede de ao declaratria de constitucionalidade, o poder geral de cautela de que se acham investidos todos os rgos judicirios, independentemente de expressa previso constitucional. A prtica da jurisdio cautelar, nesse contexto, acha-se essencialmente vocacionada a conferir tutela efetiva e garantia plena ao resultado que dever emanar da deciso final a ser proferida no processo objetivo de controle abstrato. Precedente.- O provimento cautelar deferido, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de ao declaratria de constitucionalidade, alm de produzir eficcia erga omnesy reveste-se de efeito vinculante, relativamente ao Poder Executivo e aos demais rgos do Poder Judicirio. Precedente.- A eficcia vinculante, que qualifica tal deciso - precisamente por derivar do vnculo subordinante que lhe inerente - , legitima o uso da reclamao, se e quando a integridade e a autoridade desse julgamento forem desrespeitadas.Reserva constitucional de lei complementar. Incidncia nos casos taxativamente indicados na Constituio. Contribuio de Seguridade Social devida por servidores pblicos federais em atividade. Instituio mediante lei ordinria. Possibilidade.

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    - No se presume a necessidade de edio de lei complementar, pois esta somente exigvel nos casos expressamente previstos na Constituio. Doutrina. Precedentes.- O ordenamento constitucional brasileiro - ressalvada a hiptese prevista 110 art. 195 $ 412, da Constituio - no submeteu, ao domnio normativo da lei complementar, a instituio e a majorao das contribuies sociais a que se refere o art. 195 da Carta Poltica.- Tratando-se de contribuio incidente sobre servidores pblicos federais em atividade - a cujo respeito existe expressa previso inscrita 110 art. 40, caput, e 12, c/c o art. 195, II, da Constituio, na redao dada pela EC 20/98 - revela-se legtima a disciplinao do tema mediante simples lei ordinria. Precedente: ADI n 2.010-MC/ DF, Rei. Min. Celso de Mello.- As contribuies de seguridade social - inclusive aquelas que incidem sobre os servidores pblicos federais em atividade - , embora sujeitas, como qualquer tributo, s normas gerais estabelecidas na lei complementar a que se refere o art. 146, III, da Constituio, no dependem, para o especfico efeito de sua instituio, da edio de nova lei complementar, eis que, precisamente por no se qualificarem como impostos, torna-se inexigvel, quanto a elas, a utilizao dessa espcie normativa para os fins a que alude o art. 146, III, a, segunda parte, da Carta Poltica, vale dizer, para a definio dos respectivos fatos geradores, bases de clculo e contribuintes. Precedente: R T I143/313-314.A Constituio da Repblica no admite a instituio da contribuio de Seguridade Social sobre inativos e pensionistas da Unio.- A Lei nu 9.783/99, ao dispor sobre a contribuio de seguridade social relativamente a pensionistas e a servidores inativos da Unio, regulou, indevidamente, matria no autorizada pelo texto da Carta Poltica, eis que, no obstante as substanciais modificaes introduzidas pela EC n- 20/98 no regime de previdncia dos servidores pblicos, o Congresso Nacional absteve-se, conscientemente, no contexto da reforma do modelo previdencirio, de fixar a necessria matriz constitucional, cuja instituio se revelava indispensvel para legitimar, em bases vlidas, a criao e a incidncia dessa exao tributria sobre o valor das aposentadorias e das penses.- O regime de previdncia de carter contributivo, a que se refere o art. 40, caputy da Constituio, na redao dada pela EC n 20/98, foi institudo, unicamente, em relao Aos servidores titulares de cargos efetivos... inexistindo, desse modo, qualquer possibilidade jurdico-constitucional de se atribuir, a inativos e a pensionistas

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    da Unio, a condio de contribuintes da exao prevista na Lei n 9.783/99. Interpretao do art. 40, 8U e 12, c/c o art. 195, II, da Constituio, todos com a redao que lhes deu a EC nc 20/98. Precedente: ADI nfl 2.010-MC/DF, Rei. Min. Celso de Mello.O regime contributivo , por essncia, um regime de carter em inentemente retributivo. A questo do equilbrio atuarial (CF, art. 195, 5U). Contribuio de seguridade social sobre penses e proventos: ausncia de causa suficiente.- Sem causa suficiente, no se justifica a instituio (ou a majorao) da contribuio de seguridade social, pois, no regime de previdncia de carter contributivo, deve haver, necessariamente, correlao entre custo e benefcio.- A existncia de estrita vinculao causal entre contribuio e benefcio pe em evidncia a correo da frmula segundo a qual no pode haver contribuio sem benefcio, nem benefcio sem contribuio. Doutrina. Precedente do STF.A contribuio de seguridade social dos servidores pblicos em atividade constitui modalidade de tributo vinculado.- A contribuio de seguridade social, devida por servidores pblicos em atividade, configura modalidade de contribuio social, qualificando-se como espcie tributria de carter vinculado, constitucionalmente destinada ao custeio e ao financiamento do regime de previdncia dos servidores pblicos titulares de cargo efetivo. Precedentes.A garantia da irredutibilidade da remunerao no oponvel instituio/majorao da contribuio de seguridade social relativamente aos servidores em atividade.- A contribuio de seguridade social, como qualquer outro tributo, passvel de majorao, desde que o aumento dessa exao tributria observe padres de razoabilidade e seja estabelecido em bases moderadas. No assiste ao contribuinte o direito de opor, ao Poder Pblico, pretenso que vise a obstar o aumento dos tributos - a cujo conceito se subsumem as contribuies de seguridade social (RTJ 143/684 - RTJ 149/654) desde que respeitadas, pelo Estado, as diretrizes constitucionais que regem, formal e materialmente, o exerccio da competncia impositiva.- Assiste, ao contribuinte, quando transgredidas as limitaes constitucionais ao poder de tributar, o direito de contestar, judicialmente, a tributao que tenha sentido discriminatrio ou que revele carter confiscatrio.- A garantia constitucional da irredutibilidade da remunerao devida aos servidores pblicos em atividade no se reveste de car

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    ter absoluto. Expe-se, por isso mesmo, s derrogaes institudas pela prpria Constituio da Repblica, que prev, relativamente ao subsdio e aos vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos pblicos (CF, art. 37, XV), a incidncia de tributos, legitimando-se, desse modo, quanto aos servidores pblicos ativos, a exigibilidade da contribuio de seguridade social, mesmo porque, em tema de tributao, h que se ter presente o que dispe o art. 150, II, da Carta Poltica. Precedentes: 7783/74 - RTJ 109/244 - RTJ 147/921,925 - ADIN nc 2.010-MC/DF, Rei. Min. Celso de Mello.Contribuio de seguridade social. Servidores em atividade. Estrutura progressiva das alquotas: a progressividade em matria tributria supe expressa autorizao constitucional. Relevo jurdico da tese.- Relevo jurdico da tese segundo a qual o legislador comum, fora das hipteses taxativamente indicadas no texto da Carta Poltica, no pode valer-se da progressividade na definio das alquotas pertinentes contribuio de seguridade social devida por servidores pblicos em atividade.- Tratando-se de matria sujeita a estrita previso constitucional - CF, art. 153, 2, I; art. 153, 4U; art. 156, l ; art. 182, 4, II; art. 195, 92 (contribuio social devida pelo empregador) - ine- xiste espao de liberdade decisria para o Congresso Nacional, em tema de progressividade tributria, instituir alquotas progressivas em situaes no autorizadas pelo texto da Constituio. Inaplicabi- lidade, aos servidores estatais, da norm a inscrita no art. 195, 9, da Constituio, introduzida pela EC na 20/98.- A inovao do quadro normativo resultante da promulgao da EC n 20/98 - que introduziu, na Carta Poltica, a regra consubstanciada no art. 195, 9U (contribuio patronal) - parece tornar insuscetvel de invocao o precedente firmado na ADIN n2 790/ DF (RTJ 147/921).A tributao confiscatria vedada pela Constituio da Repblica.- A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal entende cabvel, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de a Corte examinar se determinado tributo ofende, ou no, o princpio constitucional da no confiscatoriedade, consagrado no art. 150, IV, da Constituio. Precedente: ADIN nu> 2.010-MC/DF, Rei. Min. Celso de Mello.- A proibio constitucional do confisco em matria tributria nada mais representa seno a interdio, pela Carta Poltica, de qualquer pretenso governamental que possa conduzir, no campo da fiscali- dade, injusta apropriao estatal, no todo ou em parte, do patrim nio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributria, o exerccio do direito a

  • Seguridade Social

    uma existncia digna, ou a prtica de atividade profissional lcita ou, ainda, a regular satisfao de suas necessidades vitais (educao, sade e habitao, por exemplo).- A identificao do efeito confiscatrio deve ser feita em funo da totalidade da carga tributria, mediante verificao da capacidade de que dispe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) - para suportar e sofrer a incidncia de todos os tributos que ele dever pagar, dentro de determinado perodo, mesma pessoa poltica que os houver institudo (a Unio Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferio do grau de insuportabi- lidade econmico-financeira, observncia, pelo legislador, de padres de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Pblico.- Resulta configurado o carter confiscatrio de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo - resultante das mltiplas incidncias tributrias estabelecidas pela mesma entidade estatal - afetar, substancialmente, de maneira irrazovel, o patrimnio e/ou os rendimentos do contribuinte.- O Poder Pblico, especialmente em sede de tributao (as contribuies de seguridade social revestem-se de carter tributrio), no pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princpio da razoabilidade.A contribuio de seguridade social possui destinao constitucional especfica.- A contribuio de seguridade social no s se qualifica como modalidade autnoma de tributo {RTJ 143/684), como tambm representa espcie tributria essencialmente vinculada ao financiamento da seguridade social, em funo de especfica destinao constitucional.- A vigncia temporria das alquotas progressivas (art. 2U da Lei n 9.783/99), alm de no implicar concesso adicional de outras vantagens, benefcios ou servios - rompendo, em consequncia, a necessria vinculao causal que deve existir entre contribuies e benefcios {RTJ 147/921) - constitui expressiva evidncia de que se buscou, unicamente, com a arrecadao desse plus, o aumento da receita da Unio, em ordem a viabilizar o pagamento de encargos (despesas de pessoal) cuja satisfao deve resultar, ordinariamente, da arrecadao de impostos. Precedente: ADIN n- 2.010-MC/DF, Rei. Min. Celso de Mello (ADC-MC n 8/DF, Rei. Min. Celso de Mello, D) de 4-4-2003, p. 38, Ement. vol. 2105-01, p. I).

    Por consequncia disso, no se enquadra dentro das quatro espcies contidas na C onstituio Federal (im posto, taxa, contribuio de m elhoria e em prstim o com pulsrio). Logo, seria um a quinta espcie de tributo.

  • Direito Previdencirio para Concursos

    A opo se faz, pois a doutrina m ajoritria, seguindo a jurisprudncia do STF (RR nc 138.284/CE), tam bm entende desta forma, os principais argum entos so:

    1. A intrnseca relao entre o instituto das contribuies sociais e o d ireito tributrio (aplicao dos arts. 144, 113, 119, 121, todos do CTN, s contribuies sociais).

    2. O texto constitucional atual concretizou a natureza tributria das contribuies sociais ao instituir sua posio no captulo sobre o Sistema Tributrio Nacional.

    3. O art. 149 da CF dispe que as contribuies sociais s podem ser exigidas m ediante lei com plem entar, respeitando-se os princpios da irre- troatividade da lei e da anterioridade. Ainda, o aludido art. 149 exige a observncia do inc. III do art. 146 da Carta M agna (exigncia de ob servncia da lei com plem entar para a fixao do fato gerador, base de clculo e contribuinte).

    4. Total compatibilidade com o conceito de tributo expresso no art. 3 do C TN .Tal concluso decorre, basicamente, do enquadramento desta contribuio no conceito de tributo e do regime atribudo s contribuies so